REVISTA DO HISTORIADOR 145

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História da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo página 3 Revitalizar o Ipiranga é resgatar e difundir a história do Brasil página 11 Cadeira 35 página 12 Machado de Assis nas Alterosas página 18 ANO XX • Nº 142 • SET/OUT DE 2008 ANO XXI • Nº 145 • MAR/ABR DE 2009 Os Irmãos Saccoman e a indústria cerâmica em São Paulo

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Arte e diagramação do conteúdo. Circulação bimestral.

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História da Santa Casa de Misericórdia de São Paulopágina 3

Revitalizar o Ipiranga é resgatar e difundir a história do Brasilpágina 11

Cadeira 35página 12

Machado de Assis nas Alterosaspágina 18

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Os Irmãos Saccoman e a indústria cerâmica

em São Paulo

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Editor Responsável

Luiz Gonzaga Bertelli, MTb: 10.170

Conselho Editorial

Luiz Gonzaga BertelliRuy Martins Altenfelder Silva Ana Maria de Almeida Camargo

Arte da capa

André Brazão

Produção Editorial e Gráfica

PIC Comunicação e MarketingRenato Avanzi, MTb: 14.832,Fabiana Rosa, Flávia Santana e André Brazão (Arte)www.piccomunicacao.com.br

Uma publicação bimestral editada pela Academia Paulista de História, fundada em 18 de dezembro de 1972.

Diretoria 2007-2009:

Presidente:Luiz Gonzaga Bertelli

Vice-Presidente:Ruy Martins Altenfelder Silva

Secretária-Geral:Yvonne Capuano

Tesoureiro:Antonio Penteado Mendonça

1ª Secretária:Ana Maria de Almeida Camargo

As matérias assinadas não são de responsabilidade da Academia.

Academia Paulista de HistóriaRua Tabapuã, 540 - 11º andar São Paulo/SP - 04533-001(11) 3040-9952 - fax: [email protected]

Logo que chegaram da França, em 1886, os irmãos Saccoman demonstra-ram seu espírito empreendedor. Quando se instalaram na capital paulista, percebe-ram o mercado promissor aqui existente

e começaram a produzir materiais à base de argila, tornando-se pioneiros no campo da indústria cerâmica. A qualidade dos produtos levou os Saccoman a ganhar rapidamente a preferência dos paulistas e se transformar em referência neste setor. Desse modo, é justo o resgate da história dos irmãos que tanto colaboraram para a evolução do segmento da cerâmica no Brasil e para o crescimento de São Paulo.

São Paulo, um baú inesgotável de histórias

A história da criação e expansão da Santa Casa de Miseri-córdia de São Paulo também está presente nesta edição, as-sim como o artigo de Arnaldo Niskier, intitulado “Machado de Assis nas Alterosas”.

Além disso, abordamos a importância do Dia Internacional da Mulher, lembrando o sentido desta data e levantando uma grave questão enfrentada atualmente por muitas mulheres brasileiras: o desaparecimento de seus filhos e paren-tes; e tratamos da necessidade de revitalização do bairro do Ipiranga, pela sua importância histórica e cultural. Enfim, uma variedade de assuntos para o leitor apreciar e viajar no tempo.

Boa leitura! Luiz Gonzaga BertelliPresidente

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RReconhecida pela sua inteligência e pelos sofrimentos que carregou ao longo da vida, dona Leonor Teles, esposa do rei português dom Fernando, destacava-se pelos seus atos de bondade, dentre os quais, sem dúvida, a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, em 15 de agosto de 1498, é a princi-pal iniciativa.

Compromissos assumidos. Tão logo foi criada, a instituição se expandiu em Portugal e nas colônias, inclusive no Brasil, conser-vando os valores humanitários e missões estabelecidos no “Compromisso das Santas Casas”, documento pelo qual os membros da irmandade se comprometiam, do ponto de vista espiritual, a: ensinar os simples, dar bom conselho, corrigir com caridade os que erram, consolar os que sofrem, perdoar os que nos ofendem, sofrer as injúrias com paciência, rezar a Deus pelos vivos e mor-tos. No âmbito temporal (ou corporal), eles se responsabilizavam por: remir cativos e visitar os presos, curar e assistir os doentes, vestir os nus, dar de comer a quem tem fome,

História da SantaCasa de Misericórdia

de São Paulode São Paulo

Vista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,

em 1930.

A criação do hospital que preservava os va-

lores e as missões provenientes de Portugal.

Conselho Editorial da APH

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chefe guaianás Tibiriçá, que saiu do combate gravemente ferido e veio a falecer no Natal. Anchieta ainda conta, no relatório, que Tibi-riçá foi velado na capela da vila e enterrado na Igreja com a “cera” da Confraria.

A Confraria. Essa “cera” eram as velas e a confraria que Anchieta menciona é a da Mi-sericórdia, única confraria que os portugueses levavam para os locais que colonizavam. Por isso, muitos historiadores partilham dessa crença de que a Santa Casa já existia em São Paulo, em 1562.

Na virada do século XVI ao XVII, é pos-sível encontrar documentos, na forma de recibos, de doações dadas para compensar as obras realizadas pela Misericórdia de São Paulo no atendimento a doentes, que com-provam a teoria dos historiadores de que a instituição já existia no município.

Naquela época, a Santa Casa de Misericór-dia de São Paulo fi cava, provavelmente, no Pátio do Colégio, ao lado da capela. Com o progresso da vila e crescimento populacio-nal, estabeleceu-se em um terreno próximo, no local que até hoje recebe a denominação de “Largo da Misericórdia”.

No início do século XIX, a Santa Casa deslocou-se para o bairro da Liberdade, em terreno localizado na atual Rua da Glória, onde hoje funciona o Colégio São José, ad-ministrado pela Irmandade.

Novas instalações. Em 1880, as instala-ções do hospital se tornaram pequenas em razão do crescimento da cidade e do número de necessitados de saúde. Por esse motivo,

dar de beber a quem tem sede, dar pousada aos peregrinos pobres e sepultar os mortos.

A primeira Miseri-córdia brasileira foi criada em 1543 por José Adorno e Brás Cubas na Capitania de São Vicente (Santos), e a segunda, em 1551, foi

fundada na Capitania de Vitória (Espírito Santo) pelo jesuíta José de Anchieta.

A Santa Casa em São Paulo. Em relató-rio de 1584, Anchieta afi rma que em todas as capitanias havia casas de Misericórdia. Embora São Paulo não fosse uma capita-nia, em outros registros foram encontrados sinais da existência de Santas Casas de Mi-sericórdia na cidade.

Em outro documento de Anchieta, por exemplo, datado de 16 de abril de 1563, o jesuíta afi rma que, nos dias 9 e 10 de junho de 1562, a vila foi atacada por índios hos-tis, mas foi vitoriosamente defendida pelo

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Bandeira da Irmandade da Santa Casa de Misericódia de São Paulo.

Hall de entrada da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

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sua administração optou pela construção de uma nova sede em um terreno doado, situa-do no “Morro dos Ingleses”, bairro da Bela Vista.

A pedra fundamental do novo hospital foi lançada pelo imperador dom Pedro II. No en-tanto, por conta da proximidade de um mata-douro, o local foi considerado inapropriado e o projeto, já em andamento, foi abandonado. Posteriormente, a Irmandade conseguiu um novo terreno, também por doação, nos altos da Chácara do Arouche, e as obras de cons-trução do hospital começaram.

Os recursos. Como era carente de re-cursos, a Santa Casa não tinha capital sufi ciente para seguir o cronograma das obras, fazendo com que seu provedor na época, monsenhor João Jacinto Augusto Gonçalves, esmolasse de porta em porta para levantar os recursos que faltavam

para terminar a construção do hospital. Dedicado, o provedor levantou os fundos necessários e o novo prédio foi inaugura-do em 1884.

A expansão. A partir desse período, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo passou por inúmeras mudanças, sendo con-siderada, atualmente, um dos complexos hospitalares mais importantes do país, com sete hospitais, um laboratório de especiali-dades, três policlínicas, um centro de saúde-escola e uma unidade de ensino profi ssiona-lizante na área de enfermagem e radiologia. A instituição ainda é mantenedora da Facul-dade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, entidade de ensino que também possui, assim como a própria Santa Casa de Misericórdia da capital, muitas histórias interessantes a serem contadas.

Sala de cirurgia. Santa Casa de Misericódia de São Paulo, primeira metade do século XX.

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tubos, manilhas, além de tradicionais uten-sílios de uso doméstico, como vasos, potes e moringas.

O pioneirismo. A primeira grande em-presa destinada à produção cerâmica em São Paulo data de 1893, graças à visão empreendedora de três irmãos franceses que aqui chegaram antes mesmo de pro-clamada a República. Vindos de Mar-selha em 1886, Antoine, Henri e Ernest Saccoman logo perceberam que a cidade lhes oferecia um mercado promissor. Co-meçaram por instalar, no bairro da Água Branca, uma modesta ofi cina de telhas de terracota, especialidade de seus ancestrais. A busca da matéria-prima ideal para a fa-bricação das telhas levou-os a transferir a ofi cina para Osasco, mas os resultados permaneciam insatisfatórios. Finalmente encontraram, no chamado Moinho Velho, no bairro do Ipiranga, a argila apropriada.

Na opinião dos irmãos Saccoman, as jazidas encontradas no Moinho Velho eram de excelente padrão e plasticidade,

OS IRMÃOS SACCOMAN E A INDÚSTRIA CERÂMICA EM SÃO PAULO

luiZ GonZaGa BerTelli

Presidente e titular da cadeira n° 21 da Academia Paulista de História - APH

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AA pujança do café, a partir do último quartel do século XIX, trouxe para São Paulo uma série de modifi cações que iriam transformar, de modo indelével, sua fi sionomia. É nesse contexto que se pode localizar o aparecimento da cerâmica como atividade industrial, acompanhan-do o ritmo de desenvolvimento econômi-co da então província: aumento popula-cional, ampliação do mercado interno e processo acelerado de urbanização.

Origem das cerâmicas. As referências mais antigas sobre o assunto, divulgadas

nos almanaques publicados durante o período monárquico, mencionam a existência de simples olarias, que não haviam alcançado ainda o nível de ver-dadeiras indústrias cerâmicas. Eram pequenos estabelecimen-tos que, aproveitando a pre-sença abundante da argila em determinadas áreas, produziam artesanalmente telhas, tijolos,

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considerando-as superiores às de Marse-lha. Transferiram a oficina para a região e passaram a funcionar num galpão ad-quirido nas imediações. Com o tempo, compraram os terrenos do Moinho Velho e constituíram a firma Estabelecimento Cerâmico Saccoman-Frères. Ao lado da represa construíram também uma chácara, cuja sede ficou conhecida como “casteli-nho”. A casa era, por si só, um mostruário dos produtos fabricados, com suas telhas planas e balcões ornamentados de peças de terracota.

O bairro do Sacomã. O bairro, que ficaria mais tarde conhecido pelo nome aportuguesado da firma – Sacomã –, era então bastante ermo. Destacava-se na paisagem o imenso edifício do Museu do Ipiranga, inaugurado em setembro de 1895. Havia também, nas proximidades, dois estabelecimentos concorrentes: o dos Irmãos Falchi e a Cerâmica Vila Prudente. No mais, a região era habitada por chacareiros e pequenos criadores de gado. Só em 1909 é que a linha Fábrica de bonde elétrico chegaria ao Sacomã, pela Rua Silva Bueno, fazendo o trans-porte de operários.

Não se pode precisar o momento exato em que as chamadas telhas “coloniais”, moldadas artesanalmente sobre as pernas

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Antoine Saccoman.

Ernest Saccoman.

Henri Saccoman.

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dos escravos e por isso mesmo irregulares e de difícil fi xação, cederam lugar para as “francesas”, até então importadas e muito mais caras. O fato é que os produtos da iniciativa dos irmãos Saccoman foram pouco a pouco ganhando a preferência dos paulistas. A consagração defi nitiva ocorreu quando seus tijolos e telhas foram escolhidos para compor o monumental edifício da Estação da Luz, inaugurado em 1901, que se tornou verdadeiro sím-bolo do progresso da cidade.

Mudanças na cerâmica. Quando An-toine Saccoman faleceu, em 1921, a fa-mília resolveu vender a fábrica e regres-sar ao país de origem. A cerâmica passou mais tarde a ser dirigida por Américo

Paschoalino Samarone, antigo funcionário que foi galgando postos dentro da empre-sa até chegar a sócio majoritário.

O bairro e o tempo. Quase nada restou da presença dos irmãos Saccoman na pai-sagem do bairro. O poço do qual se reti-rava a argila transformou-se numa grande lagoa que, tendo sido cenário de várias mortes por afogamento, foi aterrada em 1960. O “castelinho”, por sua vez, foi demo-lido em 1968. A área ocupada pela fábrica, modifi cada para a construção da Via Anchie-ta, cedeu lugar à favela de Heliópolis.

Quantas outras histórias, como a dos ir-mãos Saccoman, sobreviverão à voragem do tempo?

Paschoalino Samarone, antigo funcionário que foi galgando postos dentro da empre-sa até chegar a sócio majoritário.

da presença dos irmãos Saccoman na pai-sagem do bairro. O poço do qual se reti-rava a argila transformou-se numa grande lagoa que, tendo sido cenário de várias mortes por afogamento, foi aterrada em 1960. O “castelinho”, por sua vez, foi demo-lido em 1968. A área ocupada pela fábrica, modifi cada para a construção da Via Anchie-ta, cedeu lugar à favela de Heliópolis.

mãos Saccoman, sobreviverão à voragem

BIBLIOGRAFIA

BELLINGIERI, Julio Cesar. A indústria cerâmica em São Paulo e a “invenção” do fi ltro de água: um estudo sobre a Cerâmica Lamparelli – Jaboticabal (1920-1947). Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica, Caxambu (MG), 2003.

IRMÃOS Antoine, Henri e Ernest Sacoman. In: - KORYBUT-WORONIECKI, Jan (Org.). Êles construiram a grandeza de São Paulo (in memoriam). São Paulo: Sociedade Brasileira de Expansão Comercial, 1954. p. 37-38.

MARCOVITCH, Jacques. Pioneiros & empreendedores: a saga do desenvolvimento no Brasil. São Paulo: Edusp / Saraiva, 2005.

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Fachada da Estação da Luz, em São Paulo/SP, cons-truída com os tijolos da Olaria dos irmãos Saccoman.

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4º Prêmio LiterárioJosé Celestino Bourroul

“O melhor livro sobre São Paulo”

Promoção

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1. O concurso é destinado a todos os escritores.

2. Não poderão participar acadêmicos integrantes da APH.

3. A inscrição é isenta de qualquer taxa.

4. O participante deve enviar um exemplar do livro publicado em 2008 e, em folha à parte, as seguintes informações: nome completo, idade, endereço e telefone, acompanhada de foto colorida, no formato usado em passaporte.

5. Os livros serão enviados para a Academia Paulista de História – APH, à Rua Tabapuã, 540, 11º andar, Itaim Bibi – São Paulo/SP – CEP: 04533-001, até o fi nal do mês de setembro de 2009. No envelope deverá constar a indicação: “4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul - 2009”.

6. O autor do melhor trabalho receberá em sessão solene, além de medalha e diploma, a premiação em dinheiro no valor de R$ 10.000,00.

7. Os livros enviados não serão devolvidos.

8. A escolha do trabalho será efetuada por uma comissão julgadora, constituída por integrantes da Academia Paulista de História – APH e por historiadores designados pela instituição.

9. A entrega do prêmio ocorrerá no fi nal do ano de 2009, em solenidade cujo local, dia e horário serão amplamente divulgados.

A Academia Paulista de História - APH promove o “4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul”,

concedido ao melhor livro publicado sobre a história de São Paulo no ano de 2008.

Regulamento

Promoção

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TTodo o conhecimento que adquirimos nos livros de história sobre a Independência do Brasil pode ser observado, ao vivo, no bairro do Ipiranga. Mas não é apenas a memória viva deste acontecimento que se pode encon-trar na região. O Museu Paulista, ou Museu do Ipiranga, possui mais de 125 mil objetos e documentos que contam a formação da sociedade brasileira nos séculos dezenove e vinte, além de inúmeras peças que resgatam a história de São Paulo.

Concentração histórica. O complexo que integra o museu mantém acesa a memória histórica do país e do mundo. O prédio de arquitetura neoclássica renascentista é um dos mais antigos da capital, construído entre os anos de 1885 e 1890. Os jardins do Parque da Independência são uma réplica dos jardins do Palácio de Versailles. O bosque, que fi ca atrás do museu, possui inúmeras espécies nativas da fauna e fl ora nacionais.

Toda essa riqueza histórica não pode fi car restrita aos moradores do bairro ou a jovens

estudantes que visitam o local. Por isso, a revitalização do Ipiranga é tão importan-te. É fundamental promover o desenvol-vimento local, por meio do investimento no setor comercial da região, para atrair novos visitantes.

A revitalização. De acordo com a coor-denadora do curso de Economia do Turismo da Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP, professora Peggy Beçak, apesar do problema da falta de recursos, é possível re-correr às Parcerias Público-Privadas (PPPs) para viabilizar as transforma-ções necessárias na região.

Com a revitalização dos imó-veis, melhoria da infra-estrutura e organização de eventos cultu-rais no local, as pessoas come-çarão a aparecer naturalmente. Assim, a história e memória do país concentradas no bairro do Ipiranga podem ser preservadas e difundidas.

Ruy Martins Altenfelder SilvaVice-Presidente e titular da cadeira n°01 da Academia Paulista de História – APH

Revitalizar o Ipiranga é resgatar e difundir a história do Brasil

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CComemoro com o número 35 desta ca-deira os 46 anos de convivência com o seu destino.

Seu patrono Antônio de Godói nasceu em Pindamonhangaba, cidade fundada por meu 10º avô materno, o capitão An-tônio Bicudo Leme, cognominado o “Via Sacra”. Foi redator-secretário do Cor-

reio Paulistano, jornal onde iniciei, em 1945, vida literária. Em sua carreira de delegado, foi encarregado pelo dr. Mar-tiniano de Carvalho, pai de meu amigo Cássio da Costa Carvalho, que era chefe de Polícia no governo Campos Sales, de iniciar a caça ao Dioguinho, bandoleiro que assolava a Mojiana com seus crimes; esse mesmo Dioguinho que vinha tentan-do matar meu avô Francisco Bomfim, a mando de fazendeiros inimigos.

O refúgio. Em sua fuga, per-seguido por soldados chefiados pelo tenente-coronel França Pinto, Dioguinho e seu irmão Joãozinho refugiam-se na mar-gem do Moji-Guaçu, junto à Fazenda Santa Eudóxia, onde nasceu Alfredo Ellis Júnior, um dos responsáveis por minha eleição para esta Casa.

Antônio de Godói, sob o pseudônimo de Silvestre da Mata, escreveria um livro sobre o Dioguinho.

Na Rua Antônio de Godói dirigi durante três anos o Conselho Estadual de Cultura.

Estudando no Colégio Osvaldo Cruz fui colega da futura escritora Julieta de Godói Ladeira, bisneta de Antônio de Godói.

Estranhos fios vão tecendo a história da cadeira que ocupo.

A carreira. O primeiro ocupante da Cadeira 35 e um dos fundadores da Aca-demia Paulista de Letras, foi José Vicente de Azevedo Sobrinho, ao qual também me ligo por ser hoje o decano deste sodalício.

Monsenhor Manfredo Leite, seu com-panheiro na fundação de nossa Academia, casou meus pais e me batizou na Igreja da Consolação, em frente da Rua Rego Frei-tas, onde passaria a infância em casa dos avós Sebastião e Zilota.

Rego Freitas, antepassado da embaixa-dora Marina do Rego Freitas de Toledo, do desembargador Rui de Freitas Camar-go, e de Maria Rego Freitas Brasileiro, esposa de Francisco Brasileiro, todos ir-manados à minha mocidade. Rego Freitas, pai de Bento Freitas, da família do general Arouche, ruas que predestinadamente me

Paulo Bomfim

Titular da cadeira nº 29 da Academia Paulista de História – APH

e da cadeira n°35 da Academia Paulista de Letras – APL

CADEIRA 35

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conduziam ao largo da chácara de seus antepassados.

A família do autor de Vigília de armas, Contos, Fantasias e Efemérides da Acade-

mia Brasileira de Letras sempre foi ligada à minha família.

Lembranças. Tive o prazer de votar um dia em Vicente de Paula Vicente de Azevedo para este silogeu. Vicente “bis”, como era conhecido por sua geração, foi o grande ami-go de Guilherme de Almeida, meu padrinho literário, prefaciador do Antonio Triste, meu livro de estréia publicado em 1947.

A cadeira 35 foi ocupada a seguir por Veiga Miranda, a quem estou ligado também por outro fi o invisível.

Veiga Miranda, um civil a

exercer o cargo de ministro da Marinha, es-creveu alguns de seus livros numa chácara que possuía em Vila Bomfi m, cidade funda-da por meu avô paterno Francisco Bomfi m, a mesma pessoa que fora jurada de morte pelo Dioguinho, que foi perseguido e morto por ordem de meu patrono Antônio de Go-dói. Em São Paulo, o autor da biografi a de Álvares de Azevedo morou na Rua Mara-nhão, próximo à casa de meu bisavô Carlos Batista de Magalhães.

Herança. De Plínio Airosa, meu anteces-sor nesta cadeira, herdei muito de seu amor a São Paulo. Caminhei por seus livros como que compelido por uma atávica pai-xão guaianá. Sua vida, sua simplicidade e sua cultura são exercício permanente da arte de amar São Paulo.

Rezando paulistanismo pela cartilha tupi, em cada canto da toponímia de nossa ter-ra e dos velhos costumes de nossa gente, reencontro sempre a fi gura marcante de Plínio Airosa.

Neste Arouche onde 40 cadeiras formam o círculo mágico de um Largo, contemplo minha j o v e m Academia coroar-se de dez décadas de luz.

Igreja Nossa Senhora da Consolação, em São Paulo/SP.

reencontro sempre a fi gura marcante de Plínio Airosa.

Neste Arouche onde 40 cadeiras formam o círculo mágico de um Largo, contemplo minha j o v e m Academia coroar-se de dez décadas de luz.

Fantasias e Efemérides da Acade-

mia Brasileira de Letras sempre foi ligada à minha família.

Lembranças. Tive o prazer de votar um dia em Vicente de Paula Vicente de Azevedo para este silogeu. Vicente “bis”, como era conhecido por sua geração, foi o grande ami-go de Guilherme de Almeida, meu padrinho literário, prefaciador do Antonio Triste, meu livro de estréia publicado em 1947.

A cadeira 35 foi ocupada a seguir por Veiga Miranda, a quem estou ligado também por outro fi o invisível.

Veiga Miranda, um civil a

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Uma história repleta de lutas e conquistas

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Mundialmente, o dia 8 de março é conhe-cido como Dia Internacional da Mulher. No entanto, poucos sabem os motivos que deram origem a esta data tão comemorada pelo público feminino.

A origem da data. No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos situada em Nova York, Estados Unidos, re-alizaram uma grande greve para reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução da carga diária de trabalho para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do am-biente profissional.

A manifestação foi reprimida com vio-lência assustadora. As mulheres foram trancadas no interior da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 funcio-

nárias morreram carbonizadas em um ato de extrema falta de humanismo.

A oficialização. Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, decidiu-se que 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às tecelãs que morreram no incêndio de 1857. No entanto, somente em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Este é apenas um dos exemplos das lutas empreendidas pelas mulheres ao longo da história, evidenciando o poder feminino na conquista da igualdade de direitos e de um mundo mais justo.

Objetivo da data. Desde que foi criada, a data não tinha o objetivo apenas de co-memorar. Na maior parte dos países, são realizadas conferências, debates e reuniões com o intuito de discutir o papel da mulher na sociedade. O objetivo é tentar reduzir e, quem sabe, um dia acabar com o preconceito e a desvalorização do público feminino.

Afinal, mesmo com os avanços obtidos, elas ainda sofrem, em muitos lugares, com salários inferiores, violência masculina, jor-nada excessiva de trabalho e inúmeras outras desvantagens impostas pela sociedade. Ape-sar das conquistas já alcançadas, ainda há muito o que fazer nesse sentido.

YVONNE CAPUANOSecretária-geral e titular da cadeira n° 23 da Academia Paulista de História - APH

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NProtesto abre as comemorações do Dia Internacional da Mulher em São Paulo

No dia 2 de março de 2009, a fachada da Catedral da Sé, em São Paulo, ganhou bri-lhos e um colorido especial. Suas paredes foram tingidas de cor de rosa por um sistema de luzes para comemoração do Dia Interna-cional da Mulher.

Além da comemoração, o evento teve como principal objetivo reforçar a luta da Associação Brasileira de Busca e Defesa das Crianças Desaparecidas (ABCD), também conhecida como Mães da Sé. A iniciativa foi da Associação Paulista de Medicina (APM) e da Associação Movimento Mulheres da Verdade, que se uniram às mães da ABCD para cobrar providências das autoridades governamentais com relação aos casos de desaparecimento no país.

Segundo as Mães da Sé e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a cada ano

são registrados 200 mil novos desapare-cimentos no Brasil. Desses, cerca de 40 mil são crianças e aproximadamente 15% nunca mais retornam para suas casas. Ou seja, os números mostram a gravidade do problema e a necessidade urgente de fortalecer a luta desses familiares que buscam parentes desaparecidos.

O evento. No início do evento, mais de 100 mães e outros familiares se manifesta-ram de forma silenciosa nas escadarias da Sé, empunhando fotos de suas crianças e parentes desaparecidos. Em seguida, várias autoridades públicas fi zeram pronunciamen-tos de apoio à causa defendida pela ABCD. Após os discursos, 5.000 balões brancos foram soltos, representando os desapareci-dos. Então, todos se encaminharam para o

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Apoiadores, representantes e familiares, durante o evento.

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interior da Catedral, onde foi celebrada uma missa em homenagem a todas as mulheres que enfrentam esse drama.

A realidade. A presidente da ABCD, Iva-nise dos Santos, que também é mãe de uma menina desaparecida há 13 anos, afi rmou que o perfi l mais comum nos registros é o de menores de origem humilde, pele clara e bem afeiçoados. Ainda segundo ela, o desaparecimento ocorre de maneira similar na maioria dos casos. Geralmente, crian-ças e adolescentes desaparecem enquanto brincam nas proximidades de casa, quando fazem o percurso de ida ou volta da escola ou quando saem para fazer compras perto de onde moram.

Para Ivanise, é fundamental que se crie um cadastro ofi cial de desaparecidos no Brasil, já que as ações das autoridades brasileiras ainda são muito falhas nos casos de desa-parecimento. De acordo com a presidente das Mães da Sé, pela Lei 11.259/06, a cada novo caso registrado, a delegacia é obrigada a iniciar uma busca e acionar aeroportos, portos e terminais rodoviários; algo que ra-ramente acontece. Com o cadastro nacional,

este trabalho seria facilitado. Conforme Ivanise, apesar de o desapare-

cimento de uma pessoa não se enquadrar como crime, existem inúmeros relatos de jovens desaparecidos ligados ao tráfi co de órgãos, de pessoas, de drogas e também à adoção ilegal e à exploração sexual, tornan-do a situação ainda mais grave.

Os apoios. Emocionada durante o even-to, Ivanise agradeceu o apoio da APM e do Movimento Mulheres da Verdade à luta das Mães da Sé. Para ela, essa parceria da Associação Paulista de Medicina é muito relevante, principalmente para as mães, que passam a ter vários problemas de saúde em decorrência do sumiço dos fi lhos.

A ABCD já conquistou um grande espaço na sociedade brasileira e vem realizando um trabalho emocionante. Várias crianças já foram encontradas e encaminhadas a suas famílias. No entanto, como defende Ivanise, ainda há muito a se fazer.

A presidente da Associação Movimento Mulheres de Verdade, acadêmica Yvonne Capuano, fez questão, durante seu pro-nunciamento, de falar sobre a importância do trabalho realizado pelas Mães da Sé, bem como da necessidade de auxílio de toda a sociedade a esta causa tão grave. Juntamente com outras mulheres que in-tegram o Movimento, a acadêmica Yvonne fi cou ao lado das mães, na escadaria da Sé, empunhando fotos de desaparecidos para demonstrar seu total apoio à causa.

Acadêmica Yvonne Capuano, presidente da Associação Movimento Mulheres da Verdade, junto aos familiares do Movimento.

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Histórias comoventes. Além do protesto silencioso, várias mães de desaparecidos contaram suas tristes histórias para os órgãos de imprensa que realizavam a cobertura do evento. Um dos casos que chamava a aten-ção era o da dona Ana Ferreira Gonçalves, cujo fi lho, Vando Ferreira Gonçalves, está desaparecido há 25 anos. Segundo ela, o menino, hoje um homem, foi tirado de suas mãos ainda bebê, por um policial, no bairro do Pari. Ana disse que procurou pelo fi lho na delegacia da região, mas não conseguiu encontrá-lo. Ela conta que o sumiço deses-truturou toda a sua família. O marido ainda a culpa pelo desparecimento de Vando e se tornou um alcóolatra. Mas, mesmo depois de tanto tempo e de tantos problemas, Ana não desiste de reencontrar o fi lho.

Casos como estes se reproduzem nas histórias de cada uma das mães e familia-res sentados nas escadarias da Catedral. Há crianças que ainda possuem outros agravantes, como defi ciência mental, que difi cultam ainda mais o trabalho de busca e reduzem as possibilidades de serem en-contradas um dia.

Entidades parceiras. As Mães da Sé estão todo segundo domingo nas esca-darias da Catedral fazendo seu protesto silencioso e procurando sensibilizar mais pessoas para ajudarem nesta luta. Este evento do dia 2 de março, além da APM e do Movimento Mulheres da Verdade, contou com o apoio do CIEE, da OAB/SP, da Associação Comercial do Estado de São Paulo, da Associação Comercial de Pinheiros, do Clube Paineiras do Mo-rumbi e da Prefeitura de São Paulo.

Interessados em ajudar devem saber que a primeira providência a ser tomada em casos de desaparecimento é entrar em contato com o serviço de Disque-denún-cia ou mesmo com o 190.

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1788 o político e fi lósofo francês Condorcet reivindica direi-tos de participação política, emprego e educação para as mulheres.

1840 Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mu-lheres e negros dos Estados Unidos.

1859 surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.

1862 durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.

1865 na Alemanha, Louise Otto cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.

Marcos das conquistas femininas na história

1866 no Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exi-gindo o direito de voto para as mulheres inglesas.

1869 é criada, nos Estados Unidos, a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres.

1870 na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.

1874 criada, no Japão, a primeira escola normal para moças.1878 criada, na Rússia, uma Universidade Feminina.1901 o deputado francês René Viviani defende o direito de

voto das mulheres.

Ivanise dos Santos, presidente da ABCD.

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S

Machado de Assis nas Alterosasarnaldo niskier

Membro da Academia Brasileira de Letras – ABL e presidente do Conselho

do Conselho de Administração do CIEE/Rio.

Surgiu uma dúvida no plenário da Academia Brasileira de Letras sobre as viagens de Machado de Assis. Conhecido bicho do mato, a sua imaginação viajou muito mais do que o corpo. Ele mesmo,

por diversas vezes, perguntan-do onde teria ido mais longe, invariavelmente, com a ironia de sempre, respondia: “Petró-polis”.

No Rio, em companhia da sua amada Carolina, foi a Barra do Piraí, Vassouras e duas vezes a Nova Friburgo, seguramente em busca de tra-tamento. Sabe-se que nunca

foi a Itaguaí, onde se passa um dos seus mais emblemáticos contos: “O Alienista”. Ao exterior, que parecia conhecer muito bem, jamais viajou. Cedeu espaço à cria-tividade.

A dúvida acadêmica desfez-se quando se comprovou a ida do Bruxo a Minas Ge-rais, para uma tríplice parada em Juiz de Fora, Sítio e Barbacena. Andou de trem, a cavalo e de carruagem. Portanto, as re-ferências a Barbacena, no começo e no fim do clássico “Quincas Borba”, foram produto de experiências vividas.

Para chegar a essa conclusão, vali-me de experimentados pesquisadores. O primeiro deles, R. Magalhães jr., meu co-

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lega de muitos anos da Manchete. Depois, Ubiratan Machado, que fez um trabalho notável para a Academia Brasileira de Letras (Dicionário Macha-

do de Assis), e ainda Mauro Rosa, criador do Instituto Machado de Assis, de Belo Horizonte.

Em janeiro de 1890, por estrada de ferro, e na compa-nhia de alguns amigos, Machado visitou fazendas e centros pastoris. Foi recebido com relâmpagos e coriscos que o fi zeram descer correndo a ladeira em que se encontrava. Tinha horror a tempestades, que mexiam com o seu sistema nervoso. Como as descargas elétricas continuaram à noite, Machado e Carolina permaneceram no quarto de hotel, cobrindo os ouvidos diante de estampidos apavorantes.

Na manhã seguinte, de trem, foram para Sítio, cidade de clima propício aos tuberculosos, onde a hospedagem numa fazenda foi motivo de encantamento. Na mesa imensa, nenhuma mulher da família sentou, e comeu-se fartamente de tudo: assados de farofas, bolos e doces, sem es-quecer o leitão com rodelinhas de limão. Em vez de água ou vinho, copos de leite. No dia seguinte, a cavalo, viagem para Três Corações do Rio Verde, mas Macha-do detestou a aventura, em estrada empo-eirada, e voltou do meio do caminho.

Mais tarde, convidado a visitar São João Del Rei, o autor de Dom

Casmurro confessou:

“Já fui, raro e de corrida, a essa própria Minas Gerais – o bas-

tante para bendizê-la”. Em Quincas Borba, descre-veu Machado o que cer-tamente é a experiência por ele vivida: “Súbito, relampejou: as nuvens amontoavam-se depres-

sa. Relampejou mais forte e estalou um trovão. Come-

çou a chuviscar grosso, até que desabou a tempestade. Rubião, que aos

primeiros pingos deixara a igreja, foi an-dando rua abaixo, sempre seguido do cão, faminto e fi el, ambos tontos, debaixo do aguaceiro, sem destino, sem esperanças de pouso ou de comida...”

Tal passagem, descrita em A Estação, em setembro de 1891, bem antes do ro-mance que foi publicado em 1886, cer-tamente é a recordação da viagem reali-zada às Alterosas, onde conheceu as ruas íngremes e pedregosas de Barbacena, e as preciosas obras de arte da sua prin-cipal igreja.

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Camargo, que ganhou inúmeros elogios de Heloísa Barbuy em seu discurso, pela sua liderança no segmento de Arquivologia em São Paulo e no Brasil e pela qualidade dos trabalhos que desenvolveu nessa área.

Em seu pronunciamento, Barbuy se mostrou muito honrada pelo reconheci-mento dos membros da Academia, con-siderados pela professora um exemplo de generosidade e espírito aberto para o estudo da história. Além disso, lembrou da importância de seu antecessor na ca-deira n° 17, o professor Emanuel Soares da Veiga Garcia, pela sua solidez intelec-tual e relevante papel desempenhado no Departamento de História da Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas da USP.

A professora Heloísa dedicou a homena-gem recebida ao Museu Paulista – Museu do Ipiranga – onde, nos últimos 18 anos, desenvolveu suas potencialidades no campo da história.

Ao fi nal de seu discurso, a nova acadêmi-ca mencionou o trabalho signifi cativo que vem sendo realizado na Academia pelo seu atual presidente, acadêmico Luis Gonzaga Bertelli, destacando a promoção de interes-santes cursos, as publicações de obras e a valorização dos colegas, bem como elogiou o tratamento dispensado a todos por parte da equipe de colaboradores da APH.

Reconhecimento pela contribuição à história

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NNo dia 19 de fevereiro de 2009, a historia-dora Heloísa Maria Silveira Barbuy tomou posse da cadeira n° 17 da Academia Paulis-ta de História, em sessão solene realizada no Espaço Sociocultural – Teatro CIEE, em São Paulo. Além de professora e pesquisadora universitária, a nova acadêmica é curadora do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) e possui uma extensa história nesta universidade, já que é graduada na Faculdade de Direito do Largo de São Fran-cisco, mestre pela Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas e doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Em 2007, Heloísa também recebeu da APH o Prêmio José Celestino Bourroul, pela publi-cação do livro A cidade-exposição: comér-

cio e cosmopolitismo em São Paulo. A saudação da nova acadêmica foi

efetuada pela professora e 1ª secretária da APH, acadêmica Ana Maria de Almeida

Heloísa Barbuy recebe diploma de acadêmica da APH das mãos de Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente da Academia Cristã de Letras.

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Justiça – reFlexões sobre o Justo e o inJusto humano, de JosÉ renato nalini, editora canção nova, 2008, 163 Páginas.

O livro compreende aspectos conceituais e históricos até as visões atuais da justiça nas práticas sociais. Discute fundamentação do valor, as amea-ças e desafios, desde como ser justo no mundo de hoje, até o paradoxo de Agnes Heller, para quem uma sociedade totalmente justa é possível, mas indesejável. A qualidade literária do autor pode ser observada em todos os capítulos e nas considerações finais.

brasil – a histÓria contada Por Quem viu, de Jorge caldeira, editora mameluco, 2008, 656 Páginas.

O que Getúlio Vargas fez segundos antes de atirar contra o próprio coração? O que Jânio Quadros fazia enquanto tramava um golpe? Esses e muitos outros detalhes reveladores aparecem em meio aos depoimentos históricos selecionados para compor este livro, resultado de dois anos de trabalho de uma equipe de 21 pes-soas chefiada por Jorge Caldeira. A obra traz 173 depoimentos, que vão desde a chegada de Cabral até o final do século XX. São verdadeiras jóias, que revelam aspectos até então completamente desconhecidos de nossa história.

conte sua histÓria de são Paulo, de milton Jung, editora globo, 2006, 312 Páginas.

O livro reúne 110 textos, que apresentam a criatividade do cidadão e ilustram as vá-rias faces da cidade com suas belezas, seus problemas e sua diversidade. É derivado do quadro de mesmo nome veiculado no programa CBN São Paulo, rádio CBN, e é organizado pelo apresentador e jornalista Milton Jung. A obra passa por estações de trem e metrô, pelas paradas de ônibus, avenidas, ruas e vielas dessa metrópole. Mergulha em épocas românticas da cidade, resgata lembranças saudosas e emo-cionadas de pessoas que fi zeram e fazem parte da história de São Paulo.

desenhando são Paulo – maPas e literatura, 1877-1954, de maria lÚcia Perrone Passos e teresa emidio, editora imesP, 2009, 166 Páginas.

A obra traz mapas que guardam a história em que muitos têm vivido – como per-sonagens, diretores, contra-regras, executores, enfim, uma massa de construtores de um destino comum, feito a muitas mãos e múltiplas nacionalidades. Ecoando pelos mapas, plantas, croquis, a voz de escritores, cronistas e poetas se faz ouvir enquanto a cidade cresce. O livro oferece um material fotográfico e literário do período central em que se forjou a identidade dos que vivem nessa cidade

DICAS DE LEITURA DA APH

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CARTAS

ParticiPe desta Publicação, encaminhando comentários e sugestões Para: Revista da academia Paulista de HistóRia, rua tabaPuã, 540 - 11º andar - itaim bibi - são Paulo/sP - 04533-001 - Fax (11) 3040.9955.solicita-se a gentil inclusão de nome comPleto, endereço, teleFone e e-mail Para eventual contato.

Agradeço o recebimento dos dois exemplares da Revista do Historiador n° 143, de novembro/dezembro de 2008, com a matéria “Um Século sem Machado de Assis”, sobre o Seminário do Patrono desta Academia Brasileira de Letras em 29 de setembro do ano passado. Na oportunidade, parabenizo pelo padrão cultural da Revista do Historiador e das ma-térias nela publicadas, agradecendo o cuidadoso aproveitamento do artigo do nosso confrade Arnaldo Niskier sobre “Machado de Assis e a Educação (Parte I)”.Cícero SandroniPresidente da Academia Brasileira de Letras - Rio de Janeiro/RJ

Lamentavelmente não pude comparecer na Cerimônia de Posse da Heloísa Silveira Barbuy, realizada no dia 19 do corrente, às 19 h.Peço-lhe fazer o favor de transmitir à nova Acadêmica minha satisfação pela justa escolha da mesma para fazer parte desse silogeu.Queira aceitar meu abraço poético.Silva BarretoSão Paulo/SP

Foi com enorme satisfação que recebemos a Revista do Historiador contendo toda a história do Hospital Santa Catarina, esta que, por sua vez, completou 103 anos de exis-tência para a assistência de seus pacientes no último dia 6 de fevereiro.Fabio Tadeo TeixeiraDiretor Executivo do Hospital Santa Catarina - São Paulo/SP

Parabéns

Meus cumprimentos pela qualidade de impressão e conteúdo da revista da Academia Paulista de História. Pretendo um dia produzir algo semelhante na Academia a qual presido.

Parabéns.Ney PradoPresidente da Academia Internacional de Direito e Economia

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ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIAMembros Titulares - Diretoria 2007 a 2009

Acadêmico Cadeira Patrono AntecessorAdilson Cezar 33 Afonso Antônio de Freitas José Augusto Vaz ValenteAldo Janotti 18 Américo Brasiliense Antunes de Moura (fundador)Alzira Lobo de Arruda Campos 39 Alexandre de Melo Morais Ernâni da Silva BrunoAntonio Fernando Costella 14 João Pandiá Calógeras Celso Maria de Mello PupoCélio Salomão Debes 4 João Capistrano de Abreu (fundador)Douglas Michalany (Presidente Emérito) 13 José Francisco da Rocha Pombo Pedro Ferraz do AmaralDuilio Battistoni Filho 3 Washington Luís Pereira de Sousa Antônio Barreto do AmaralErwin Theodor Rosenthal 27 Aurélio Porto José Ferreira CarratoGuido Arturo Palomba 9 Frei Vicente do Salvador Raul de Andrada e SilvaHeloisa Maria Silveira Barbuy 17 Tobias Monteiro Emmanuel Soares da Veiga GarciaHernâni Donato 12 Manuel Eufrásio de Azevedo Marques Áureo de Almeida CamargoHeródoto de Souza Barbeiro 19 Fernão Cardim Délio Freire dos SantosIsrael Dias Novaes 20 José Feliciano Fernandes Pinheiro Paulo Pereira dos ReisIves Gandra da Silva Martins 16 Afonso d’Escragnolle Taunay Eduardo d’Oliveira FrançaJesus Machado Tambellini 31 Gabriel Soares de Sousa José Roberto do Amaral LapaJoão Monteiro de Barros Filho 22 Barão do Rio Branco Hélio DamanteJosé Renato Nalini 37 Alexandre Rodrigues Ferreira José Geraldo EvangelistaJosé Sebastião Witter 2 Júlio Meilli Álvaro da Veiga CoimbraManoel Rodrigues Ferreira 5 Pedro Taques de Almeida Pais Leme (fundador)Manuel Nunes Dias 34 Jaime Cortesão (fundador)Maria Beatriz Nizza da Silva 25 João Ribeiro Jorge Bertolaso StellaMaria Lúcia de Souza Rangel Ricci 10 Manuel de Oliveira Lima Arrisson de Sousa FerrazMauro Chaves 32 Euclides da Cunha José Celestino BourroulMyriam Ellis 36 Basílio de Magalhães (fundadora)Nelly Martins Ferreira Candeias 30 Brasílio Machado Isaac GrinbergPaulo Bomfim 29 Pedro de Magalhães Gandavo José de Melo PimentaPaulo Nathanael Pereira de Souza 8 João Antônio Andreoni Alice Piffer CanabravaRoberto Machado Carvalho 6 João Francisco Lisboa Pedro Brasil BandecchiSamuel Pfromm Netto 7 Alexandre de Gusmão Péricles Eugênio da Silva RamosShozo Motoyama 15 Serafim Leite Divaldo Gaspar de FreitasWálter Fanganiello Maierovitch 28 Teodoro Fernandes Sampaio Emeric Lévay(vago) 26 Diogo de Vasconcelos José Affonso de Moraes Passos(vago) 35 José de Alcântara Machado Miguel Reale(vago) 38 Francisco José de Oliveira Viana Odilon Nogueira de Mattos(vago) 40 Antônio de Toledo Piza José Gonçalves Salvador

Presidente:Luiz Gonzaga Bertelli (cad. 21)Patrono: Rafael Maria Galante

Antecessor: Pe. Hélio Abranches Viotti

Vice-Presidente:Ruy Martins Altenfelder Silva (cad. 1)Patrono: Francisco Adolfo de VarnhagenAntecessor: José da Veiga Oliveira

Tesoureiro:Antonio Penteado Mendonça (cad. 11)Patrono: Frei Gaspar da Madre de DeusAntecessor: Duílio Crispim Farina

1ª SecretáriaAna Maria de Almeida Camargo (cad. 24)Patrono: Simão de VasconcelosAntecessor: Álvaro do Amaral

Secretária-Geral:Yvonne Capuano (cad. 23)Patrono: Júlio de Mesquita Filho

Antecessor: Heliodoro Tenório da Rocha Marques

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comuns, um pode ser o complemento do outro.

É para isso que o CIEE (instituição filantrópica e de assistência social) trabalha, há mais de 45 anos: integrar empresas e estudantes e ajudá-los a crescer.

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