Revista CREA Bahia Edição 47

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CREA REVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA v. 14, n. 47, Primeiro trimestre de 2015 ISSN 1679-2866 Prêmio vai estimular a inovação na Bahia Jovens baianos são finalistas em competição internacional de robótica

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Jovens baianos são finalistas em competição internacional de robótica

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CREAREVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DA BAHIA

v. 14, n. 47,Primeiro trimestre

de 2015

ISSN 1679-2866

Prêmio vai estimular a inovação na Bahia

Jovens baianos são finalistas em competiçãointernacional de robótica

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EDITORIALCompromisso de trabalho

Esta edição da revista do Crea-BA é muito especial, pois traz algumas

propostas da nova gestão, que pretende fazer mudanças significativas

no atual modelo do Conselho para aproximá-lo mais dos profissionais

e, ao mesmo tempo, destacar o nosso papel em defesa da sociedade.

O leitor vai ter a oportunidade de conhecer, em reportagem, as prin-

cipais propostas da atual gestão para o triênio 2015-2017, bem como

os desafios que iremos enfrentar. A solenidade de posse, prestigiada

pelo vice-governador do Estado, João Leão, e diversos presidentes

de Creas de outros estados, mostra a importância do Conselho e só

aumenta a nossa responsabilidade.

A revista traz ainda uma reportagem sobre a presença cada vez maior

da mulher no mercado de engenharia. Com depoimentos de profissio-

nais conceituadas no mercado, a matéria mostra como as mulheres

venceram preconceitos e conquistaram espaço em grandes empre-

sas. O aumento no número de registros no Crea-BA, de 300% em 15

anos, demonstra como esse avanço é irreversível. Mas a reportagem

não deixa de abordar a questão do assédio no trabalho e a luta das

mulheres por uma maior valorização profissional.

Esta edição inaugura uma nova seção: Compartilhando Conhecimento,

que traz novidades de publicações da área técnica. O ensino de robótica

na Bahia também é tema de reportagem. O destaque são os jovens

talentosos da Unifacs que conseguiram classificar um protótipo para

uma competição internacional na Espanha. A matéria conta como está

o ensino desse curso tanto na área técnica, como nas universidades.

Boa leitura!

Marco AmigoEng, Mecânico, presidente do Crea-BA

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CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 3

PRESIDENTEEng. Mec. Marco Antônio Amigo

DIRETORIA 20151º. Vice-Presidente: Eng. Agrim. Juci Conceição Pita

2º. Vice-Presidente: Eng. Químico Paulo Gilberto Silva1º. Diretora Administrativa: Geóloga Marjorie Cseko Nolasco

2º. Diretor Administrativo: Eng. Agrôn. Nilton Sampaio Freire de Melo1º. Diretor Financeiro: Eng. de Seg. do Trabalho

Rodrigo Lobo Braga de Morais2ª. Diretor Financeiro: Eng. Civil Ronald José Souza da Silva

3º. Diretor Financeiro: Eng. de Produção Roberto de Carvalho

CONSELHO EDITORIAL Silvana PalmeiraArival Guimarães

Roberto Costa Flávio Vieira

Eduardo SousaAlessandro José

Rodrigo Lobo José HumbertoSilvana Marília

Marjorie NolascoHerbert Oliveira

Eduardo Rode

Assessora de Comunicação Daniela Biscarde

ElaboraçãoTriciclo Comunicação

Jornalistas Adelmo Borges e Fred Burgos

Apoio: Ascom Crea-BA

Foto de capa:Edson Ruiz

Fotos:COOFIAV - Cooperativa de Trabalho de Profissionais

de Fotografia, Imagem e Audiovisual da Bahia

Projeto gráfico e diagramaçãoAutor Visual / Pery Barreto

ImpressãoGráfica Ediouro

Tiragem 45 mil exemplares

Nosso endereçoAv. Professor Aloisio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas

CEP 40243-620 – Salvador/BahiaTels (71) 3453-8989 Telecrea (71) 3453-8990

E-mail: [email protected]

As opiniões emitidas nas matérias e artigossão de total responsabilidade de seus autores.

Revista CREA-BA/Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia. Nº 47 (Primeiro trimestre de 2015). Salvador: CREA-BA, 2006 - ISSN 1679-2866

Trimestral

1.Engenharia. I. Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

CDU 72:63 (813.8)CDD 720

ISSN 1679-2866v. 14, n. 47, de 2015Revista trimestral

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44Empresa baiana

cria software de gestão inovador

12Balanço e perspectivasPresidente do Crea-BA aborda desafios da nova gestão

18Ciência e tecnologiaBoas ideias que facilitam a vida

22Agricultura familiar em altaProdução para a merenda escolar da rede pública

26Ensino de robóticaJovens baianos participam de competição na Espanha

32Zezéu Ribeiro

Confira homenagem a ex-conselheiro do Crea-BA

33Livros técnicos

Acompanhe as novidades editoriais

34Engenharia de tráfego

Diretor da Transalvador fala sobre o metrô

Foto: Edson Ruiz

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ESPAÇO DO LEITOR

FALE CONOSCOEnvie sua mensagem com nome completo, e-mail e telefone para os endereços eletrônicos: [email protected] e [email protected]. Lembramos que as mensagens poderão ser resumidas ou adaptadas ao espaço da revista. Siga o Crea-BA nas redes sociais www.facebook.com/creabahia e Twitter: @CreaBahia. Para anunciar, ligue para (71) 8748-4682. Edição online no site: www.creaba.org.brMande sua sugestão de pauta pelo WhatsApp (71) 9956-0558

Dúvida sobre o registro no CreaGostaria de saber que tipo de empresa precisa ter o registro no Crea?

Carlos Damasceno, Salvador

Segundo a Lei Federal nº 5.194/66 e a Resolução nº 336/89 do Confea, o registro no Crea é obrigatório a todas as firmas, sociedades, associações, cooperativas, enfim, pessoas jurídicas que se constituam para prestar ou executar serviços e/ou obras ou que exerça qualquer atividade ligada ao exercício profissional da Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia, Meteorologia e outras áreas tecnológicas fiscalizadas pelo Sistema Confea/Crea.

Assessoria Técnica do Crea-BA

Duplicidade de pagamentoMeu Crea de origem é de outro estado, mas tenho registro na Bahia. Tenho que pagar anuidade nos dois estados?

Luiz da Conceição, Feira de SantanaNão. A anuidade deverá ser recolhida no estado em que estiver residindo/atuando. Cabe ao Crea desse estado informar ao seu CREA de origem o pagamento efetuado.

Assessoria Técnica do Crea-BA

Sugestão de reportagemVisando à necessidade de valorização e reconhecimento de que o mercado de trabalho necessita dos profissionais de nível técnico e superior para construções, solicito à Revista do Crea um noticiário falando do trabalho dos agrimensores. Estão colocando em evidência os engenheiros e esquecendo de nós. Possuo registro no Crea-BA e título profissional de Técnico em Agrimensura.

João Paulo Dantas, profissional da área de Agrimensura

A edição de número 45 da Revista do Crea-BA trouxe como profissão de destaque a Engenharia de Agrimensura, tendo como fonte principal Juci Pita, Engenheiro Agrimensor e conselheiro do Crea-BA. A edição pode ser conferida no site do Conselho (www.creaba.org.br). Mas nada impede que futuramente façamos uma reportagem especificamente com os técnicos em Agrimensura, desde que a pauta seja aprovada pelo Conselho Editorial da revista.

Coordenação de Comunicação do Crea-BA

ERRATAS - O leitor Francisco José Vieira Medrado, engenheiro civil, chama a atenção para uma informação na reportagem “Gás natural amplia participação na matriz energética” na última edição da revista do Crea-BA. Na página 8, é dito que a capacidade de processamento do Terminal de Regaseificação de GNL (Gás Natural Liquefeito) da Petrobras em Madre de Deus é de 7 milhões de m3/dia. O correto é 14 milhões de m3/dia; informação confirmada pela Bahiagás.

O mesmo leitor observa também que na página 24 da mesma revista, o engenheiro Catão Francisco Ribeiro informa que os navios mais altos que sairão do estaleiro da Petrobras de Madre de Deus têm 115 metros. O leitor esclarece que a Petrobras não possui estaleiro em Madre de Deus, mas um Terminal Marítimo (Temadre) com cinco píers de atracação.

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#A MULHER NA ENGENHARIA

Márcia Nori, engenheira de Alimentos, vice-presidente do Senge/BA

Situações de assédio moral são mais recorrentes

do que se imagina

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MERCADO

AVANÇOS E DESAFIOSno mercado de trabalho

As mulheres conseguiram, nos últimos anos, aumentar a presença na área técnica, mas ainda lutam contra o assédio sexual e buscam uma maior valorização profissional.

Há muito tempo a mulher deixou de ser vista como sexo frágil e tem, cada vez mais, conquistado espaços antes restritos aos homens. Na engenharia e áreas técnicas, por exemplo, o sistema Crea-BA tinha, há 15 anos, cerca de 4 mil mulheres registradas e hoje esse núme-ro quase que quadruplicou, chegando a 15.329 profissionais. Mas ainda existem problemas, como os salários inferio-res aos dos homens e o assédio sexual no trabalho.

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que 52% das mulheres economicamente ativas já fo-ram assediadas sexualmente. No Brasil, pesquisa realizada em 2013 como parte da campanha “Chega de Fiu Fiu” revelou que 83% das mulheres entrevistadas não acham que cantada é algo legal. Das 7.762 mulheres ouvidas, 98% rece-beram cantada na rua, 80% em espaços públicos como parques e shoppings,

64% em transportes públicos e 33% no trabalho.

Para a engenheira de alimentos e vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge/BA), Márcia Nori, o assédio moral e sexu-al são atos cruéis e desumanos que caracterizam uma atitude violenta e sem ética nas relações de trabalho. Ela diz que a conduta abusiva pode se dar por palavras, gestos e demais compor-tamentos que podem causar danos à personalidade, dignidade ou à integri-dade física e psíquica de uma pessoa. Os “alvos-preferenciais”, segundo ela, são as consideradas minorias sociais: mu-lheres, homossexuais, negros, pessoas com deficiência, de crença religiosa ou etnias diferentes. “Situações de assédio moral são mais recorrentes do que se imagina”, afirma.

Nesse sentido, o Coletivo de Mulheres da Fisenge (Federação Interestadual de

Sindicatos de Engenheiros) a do Senge já fizeram duas campanhas abordando o tema do assédio moral no trabalho. “Essas situações são mais recorrentes do que se imagina, a começar pelos salários inferiores aos dos homens, mesmo exercendo a mesma função e com igual qualificação”, destaca a enge-nheira, acrescentando a restrição com grávidas, mulheres que têm filhos e que são casadas.

“Existem ainda limitações ao uso de sanitário e revistas vexatórias no tra-balho”, diz Márcia, destacando que esta última foi tema do projeto de lei de au-toria da deputada federal Alice Portugal, aprovado no Senado Federal, em março deste ano. “Inexiste um conceito legal sobre o tema, por isso é essencial que as entidades sindicais abordem, sempre que possível, o assédio moral. Todo dia é dia de luta por direitos das mulheres profissionais.”

Os sindicatos podem servir como uma excelente escola de

negociações para que os obstáculos da vida profissional sejam mais

facilmente enfrentadosMárcia Nori, Engenheira de alimentos e vice-presidente do

Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge/BA)

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2010

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4.364registros

8.051registros

12.708registros

15.329registros

Diferença era de 24,7%

Os registros anuais no Sistema Confea/Crea cresceram 333% nos últimos dez anos. Em 2014, já havia 109.353 engenheiras com o registro profissional no Brasil.

Mulheres ocupadas com

os serviços domésticos diminuiu.

2003

16,7%

2011

14,5%

Diferença caiu para 19,1%

Em 2010, 63%de todos os títulos

acadêmicos de nível superior concedidos no Brasil foram recebidos

por mulheres.

62,3% 37,7% 59,6% 40,4%

20112003

Em 15 anos, CREA-BA quase quadruplicou o

número de engenheiras registradas.

O percentual de mulheres com carteira

assinada no setor privado também subiu

nos últimos anos, reduzindo a diferença

em relação aos homens.

#A MULHER NA ENGENHARIA

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8.051registros

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15.329registros

Diferença era de 24,7%

Os registros anuais no Sistema Confea/Crea cresceram 333% nos últimos dez anos. Em 2014, já havia 109.353 engenheiras com o registro profissional no Brasil.

Mulheres ocupadas com

os serviços domésticos diminuiu.

2003

16,7%

2011

14,5%

Diferença caiu para 19,1%

Em 2010, 63%de todos os títulos

acadêmicos de nível superior concedidos no Brasil foram recebidos

por mulheres.

62,3% 37,7% 59,6% 40,4%

20112003

Em 15 anos, CREA-BA quase quadruplicou o

número de engenheiras registradas.

O percentual de mulheres com carteira

assinada no setor privado também subiu

nos últimos anos, reduzindo a diferença

em relação aos homens.

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MERCADO

Presença feminina na engenhariaMesmo com esses problemas, a

mulher não deixou de avançar profissionalmente. Para a vice-

-presidente do Senge/BA, apesar da predominância ainda ser masculina, é notório o aumento da presença femini-na na área de engenharia. Professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), ela destaca que, pelo menos na instituição, a relação entre os gêneros é equilibrada.

Márcia pontua que não existem carac-terísticas diferenciadas para o exercício da engenharia. Para ela, a diferença está no perfil individual desenvolvido pelos profissionais ao longo de sua carreira ou de seu curso de graduação. “A en-genharia é uma profissão que requer, além dos conhecimentos técnicos es-pecíficos, uma visão de planejamento, gestão, controle e inovação. Ou seja, a garantia da ocupação dos espaços pelas engenheiras no mercado de trabalho está relacionada às pessoas prepara-das para tomada de decisões técnicas rápidas e precisas.”

Sobre a presença da mulher nos car-gos de liderança das empresas, Márcia

lembra que algumas pesquisas revelam que as mulheres possuem alguns anos a mais de estudo do que os homens, indicando que tecnicamente estão mais bem preparadas para atuar no mercado de trabalho. Mas, mesmo assim, existem dificuldades para essas profissionais terem ascensão nas empresas.

Márcia cita uma pesquisa, feita em de-zembro de 2014, e publicada pelo site da revista Exame com 28 mil líderes, de 3 mil empresas, em 36 países. Segundo o estudo, as mulheres em cargos de che-fia são minoria em todas as áreas das companhias. No mundo, elas ocupam apenas 13% da alta liderança. No Brasil, não chegam a 10%. Quando alcançam o topo, grande parte dessas profissionais ocupa cargos considerados de apoio, como recursos humanos, comunica-ção, jurídico e contabilidade. “Acredito que o preconceito é agravado pela falta de uma cultura de compartilhamento das tarefas domésticas e familiares, de forma equitativa, entre o casal. Por esse motivo, a maternidade, em muitos casos, se mostra uma ameaça à carreira profissional da mulher.”

No que diz respeito aos salários, Márcia afirma que essa questão ainda é um problema. “É comum as mulheres ganharem 30% a menos do que os homens, ocupando os mesmos car-gos.” A engenheira de alimentos acredita que as mulheres têm os rendimentos reduzidos diante da baixa credibilidade de sua capaci-dade de gerenciar as atividades profissionais e pessoais. “Por isso, enfrentam o desafio de desenvolver práticas de negociação que for-cem as empresas a valorizarem seu perfil de profissional responsável.”

Por fim, Márcia destaca que, apesar dos direitos já conquistados que garantem participação das mulheres na vida pública, ainda há muito a se fazer para que as profissionais possam exercer plenamente sua profissão sem abrir mão dos momentos com amigos e familiares. “No âmbito da engenharia, ainda precisamos desmistificar a participação das mulheres, por exemplo, nos sindicatos, que podem servir como uma excelente escola de negociações para que os obstáculos da vida profissional sejam mais facilmente enfrentados.”

Discriminação veladaAs empresas de engenharia, cada vez mais têm absorvido a mão de obra feminina, como observa a engenheira civil Clarice Romariz, que atua no grupo Odebrecht há 15 anos. Segundo ela, a empresa tem procurado sempre inserir novas profis-sionais nos quadros e esse assunto é conversado com frequência com a equipe do RH. “As mulheres que entram na empresa ainda têm barreiras por conta de um universo masculino, mas também percebo uma atenção especial em apoiá--las em seu crescimento. No meu caso, sempre tive acompanhamento e apoio ao longo de minha carreira.”

Mas, mesmo com esses resultados, ela acredita que dentro das empresas ainda existe discriminação. “Assim como o racismo no Brasil, esse preconceito é velado. Escondido em brincadeiras, conversas reservadas ou um excesso de proteção ou cavalheirismo.”

Sobre o es-tereótipo do sexo frágil, Clarice diz que conhece homens detalhistas e mulheres fortes. “O que eu acho que favorece no mercado é a diversidade em geral, pessoas com pontos de vis-ta e histórias de vida diferentes que conseguirão ter juntas uma visão mais ampla das possíveis soluções aos de-safios encontrados.”

Clarice RomarizEngenheira Civil

Grupo Odebrecht

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#A MULHER NA ENGENHARIA

Mudanças expressivas na área técnicaA engenheira de alimentos e professora universitária Silvana Palmeira também vê avanços da mulher no mercado de trabalho. Ela diz que, a depender da modalidade, a mudança é expressi-va. “Em áreas onde quase não havia engenheiras, começa a ser notada a sua presença.” No ramo de engenharia de alimentos, segundo ela, a situação quase que se inverte, pois há muitas profissionais nesse ramo.

Silvana, que é do Conselho Fiscal do Senge/BA, diretora da Fisenge e co-ordenadora da Câmara de Engenharia

Química do Crea-BA, acredita que as mulheres têm algumas características que favorecem o trabalho na engenha-ria, como, por exemplo, capacidade de execução de multitarefas e de negocia-ção, “além de uma percepção diferencia-da a partir de outros ângulos”.

A engenheira só lamenta que ainda exista preconceito contra a engenheira. “As estatísticas demonstram que, mes-mo tendo mais anos de escolaridade, as mulheres ainda recebem menores salários que seus colegas.”

Sobre a participação feminina nas en-tidades de classe, Silvana destaca que atualmente existe até um incentivo para a atuação na política, nas enti-dades de classe e outros organismos. “No entanto, o que se observa, é que a

mulher não tem ocupado esses espaços, como se espera. A questão exige uma análise mais aprofundada das causas. A título de discussão, pode ser con-siderada a questão da jornada dupla, quiçá tripla das mulheres, uma vez que mesmo tendo sua atividade profissio-nal, estas ainda assumem grande parte da responsabilidade na educação dos filhos, cuidado com familiares doen-tes, algumas tarefas domésticas, entre outras atribuições.”

Silvana considera importante que a questão continue sendo debatida, até mesmo para que as mulheres pos-sam se conscientizar da realidade “e possam aspirar e lutar por uma socie-dade mais justa e mais igualitária na questão do gênero.”

Menos serviços domésticosDe acordo com o IBGE, de 2003

para 2011 caiu o percentual de mulheres ocupadas nos serviços

domésticos, de 16,7% para 14,5%, uma redução de 2,2%. Parece pouco, mas é uma prova de que a mulher está assu-mindo tarefas fora de casa.

Outro dado relevante diz respeito ao ensino. Em 2010, 63% de todos os títulos acadêmicos de nível superior concedidos no Brasil foram recebidos por mulheres.

O percentual de mulheres com carteira

assinada também subiu nos últimos anos. Em 2003, por exemplo, a proporção de homens com carteira assinada no setor privado era de 62,3%, enquanto a das mulheres era de 37,7%, uma diferença de 24,7%. Em 2011, essas proporções foram de 59,6% e de 40,4%, fazendo com que essa diferença diminuísse para 19,1%. O maior crescimento de participação feminina foi observado no emprego sem carteira no setor privado: diferença de 26,9% em 2003 (63,5% homens e 36,5% mulheres) e de 19,1% em 2011 (59,5% homens e 40,5% mulheres).

Outro dado relevante dessa pesquisa é que o rendimento médio do trabalho das mulheres em 2011 foi R$ 1.343,81, 72,3% do que recebiam os homens (R$ 1.857,63). Esses valores indicam uma evolução no rendimento em relação ao ano de 2003, quando a remuneração média das mulheres foi de R$ 1.076,04. Entre 2003 e 2011, o rendimento do trabalho das mulheres aumentou 24,9%, enquanto que o dos homens apresentou aumento de 22,3%.

Em áreas onde quase não havia engenheiras, começa a ser notada a sua presença

Silvana Palmeira, engenheira de alimentose professora universitária

Foto: João Alvarez

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PREVENÇÃO DE ACIDENTES SE FAZ COM GESTÃO.E GESTÃO SE FAZ COM ESPECIALISTA.

28 DE ABRILDIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA ÀS VÍTIMAS DE ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO

A Associação Baiana de Engenharia de Segurança (ABESE) existe há 35 anos representando e integrando os profissionais do setor. A entidade capacita e desenvolve a categoria, oferecendo suporte e conteúdo técnico, além de valorizar e defender a profissão.

Apoio: Realização:

Page 12: Revista CREA Bahia Edição 47

CREA-BA APOSTAno maior reconhecimento social dos profissionais registrados

Em solenidade de posse realizada no auditório do Sistema FIEB (Federação das Indústrias do Estado da Bahia), representantes da classe política, profissional e empresarial, de Creas de vários estados, do Confea e de instituições de ensino deram uma ampla demonstração de apoio ao presidente reeleito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

da Bahia (Crea-BA), o engenheiro mecânico Marco Antonio Amigo, para o triênio de 2015-2017. Em entrevista para esta revista, Marco Amigo conta quais serão as prioridades para o triênio.

#GESTÃO DO CREA-BA

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O engenheiro mecânico Marco Antonio Amigo tomou posse na Fieb para o triênio de 2015-2017

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 201512

Page 13: Revista CREA Bahia Edição 47

GESTÃO

Queremos contribuir com a sociedade, magnificar a

importância do profissional da área tecnológica

Com a população profissional atendida pelo Crea crescendo anualmente a uma taxa de cerca de 8%, o desafio da atual gestão é a ampliação da qualidade dos serviços, com a manutenção dos mes-mos valores hoje praticados. “Por um lado, a situação econômica não está boa, por outro, a população quer cada vez mais e melhores serviços por um custo igual ou menor. Todos querem. Eu também. Então, o desafio é, juntamente com os demais conselhos regionais, a simplificação dos processos com a re-dução de custos, de forma que a gente consiga melhor atender os profissionais pelos mesmos valores cobrados hoje”, avalia o presidente do Crea-BA, Marco Antônio Amigo.

Ele observa que, no orçamento do Conselho, a parte gerenciável repre-senta cerca de 25% do total. São verbas carimbadas: luz, aluguel, folha de pa-gamento etc. “Se conseguirmos maior eficiência nos gastos e reduzirmos esse

custeio, logicamente vamos passar a ter mais dinheiro para investir: isso é, como as pessoas sempre falam, fazer o dinhei-ro render”, observa Amigo. Portanto, no seu entender, é preciso reduzir os cus-tos, por meio de uma alocação comum de serviços entre conselhos, garantindo a unicidade nacional. Em outros termos, o mesmo sistema a ser usado na Bahia deve ser o adotado em todo o Brasil, ga-rantindo redução de custos em escala.

Na perspectiva de Amigo, como não se pode reduzir os valores dos servi-ços, já que são definidos pelo Conselho Federal, o que se pode garantir local-mente é aumentar o leque de serviços embutidos no mesmo custo. E aí passa a desempenhar um papel importante, por exemplo, o trabalho de educação continuada desenvolvido pelo Crea. Mesmo sem ser uma obrigação legal, esses cursos passaram a ser uma exi-gência dos profissionais. “Reduzir o valor deles ou mesmo oferecê-los gratuita-mente, em parceria com instituições de ensino, pode, por exemplo, ser uma forma de agregar valor aos serviços que disponibilizamos”, afirma.

Sedes própriasEm outra frente, iniciada na gestão passada, continua neste novo triênio o propósito de garantir instalações mo-dernas, móveis e computadores novos, melhores condições de trabalho e, por-tanto, um atendimento ainda melhor aos profissionais. A ideia é continuar o processo de construção de sedes pró-prias de inspetorias, com o objetivo de propiciar não apenas um benefício para os profissionais registrados, mas para a sociedade em geral. “Primeiro, estamos

trabalhando com as prefeituras para conseguir terrenos e com o Conselho Federal para conseguir recursos ne-cessários à construção. Segundo, não se trata de uma vantagem específica para o Crea e seus profissionais. Hoje, buscamos construir um equipamento que possa servir à sociedade local”, ob-serva Amigo.

No seu entender, se o Crea monta uma inspetoria com auditório e salas de reu-nião, todas as organizações da região beneficiam-se com isso. E o Conselho e seus profissionais ganham em imagem. “Através do contato continuado, a so-ciedade percebe o valor da instituição e dos profissionais da área tecnológica”, aposta. Por outro lado, ele esclarece que não há perspectiva de criação de novas inspetorias. “Não existe forma de uma organização que tem uma arrecadação anual inferior a R$ 30 milhões ter mais de 26 escritórios no interior do estado. O custo operacional é astronômico. Uma inspetoria custa, em média, R$ 250 mil/ano”, avalia.

O trabalho de reestruturação do Conselho empreendido pela atual di-retoria tem como meta a descentra-lização da gestão. A ideia é criar cinco gerências regionais, além da Região Metropolitana de Salvador. As cinco gerências estarão localizadas nas regi-ões de Feira de Santana, Norte, Oeste, Extremo Sul e Sudoeste do estado. “A partir da assinatura de um termo de compromisso e de responsabilidade com o gestor local, a intenção é dar independência e ganhar velocidade na atuação”, informa Amigo. Em cada uma das regionais, existirão unidades móveis que vão dar suporte não só às atividades

Marco Amigo, presidente do Crea-BA

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 13

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Aproximação com a sociedadeNo mês de maio, entra em operação o escritório do Crea no SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão), no Shopping Barra, reduzindo, assim, a necessidade de deslocamento de profissionais para a sede. Essa é uma iniciativa que será replicada em vários SACs pelo estado, o que vai retirar das inspetorias o papel mais cartorial que elas têm hoje, de registro de pessoas e emissão e entrega de documentos. “O novo papel é de aproximação com a sociedade como um todo. Não vamos deixar de dar suporte aos profissionais, mas o significado disso no conjunto das atividades será menor”, afirma Amigo.

Nesse novo modelo, além de dar suporte à fiscalização e prestar atendimento administrativo aos profissionais, as inspetorias passarão a ter como foco principal aproximar a sociedade do Conselho, para afixar a marca Crea no imaginário local, como uma instituição que trabalha para o conjunto das pessoas.

Outra iniciativa importante do Crea-BA para a ampliação do reconhecimento social dos profissionais da área tecnológica é o Escritório de Engenharia Pública, cujo objetivo será atender à população de baixa renda, que passará a ter acompanha-mento na construção de suas residências. O Crea ainda vai definir as regiões a serem trabalhadas, já que não dá para abarcar todo o território baiano. Em seguida, serão captados recursos federais e estaduais, feitos convênios com prefeituras e articulação com universidades, para contar com estudantes e professores, visando servir à comunidade. Conversações estão ocorrendo com as prefeituras de Salvador e Barreiras.

“Queremos contribuir com a sociedade, magnificar a importância do profissional da área tecnológica e garantir que o Estado passe a contratar profissionais que o ajudem a dar suporte à sociedade. Existem centenas de municípios que não têm sequer um único engenheiro. Como falar de saneamento se nem engenheiro tem? Como falar de moradias de qualidade e seguras? Além disso, não há respaldo social para cobrar por isso. Na medida em que há o reconhecimento social da importân-cia do profissional, a própria sociedade vai exigir a presença desses especialistas”, finaliza Marco Amigo.

de fiscalização como também de apoio aos profissionais. Cada re-gional poderá ter cin-co unidades, podendo chegar até a mais, nos casos em que se faça necessário.

Modelo de gestãoEm busca de um modelo de gestão que atenda, de forma ainda mais efetiva e eficaz, às demandas dos seus profissionais registrados, o Crea-BA contratou, em janeiro, consultoria para sua adequação à modelagem de melhoria do serviço público proposta pelo governo federal, a partir do preconizado pelo Gespública – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, desenvolvido no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Outra meta da atual gestão é a am-pliação de parcerias com instituições das três esferas federativas – muni-cípios, o Estado e a União.

“O Crea tem cerca de 50 fiscais para atuar num território do tamanho da França. Não temos um fiscal por munícipio. Mas essa é uma caracte-rística do serviço público brasileiro. A Secretaria do Meio Ambiente do Estado tem também só cerca de 50 fiscais. Então, não temos que somar nossas fraquezas. Temos que associar nossas características em direção ao cumprimento dos nossos compro-missos institucionais. Se somarmos, como nesse caso citado, teremos 100 fiscais, não apenas 50. Com os ins-trumentos certos, podemos melhorar nossos serviços e atender também melhor os nossos parceiros e pro-fissionais. No final, quem ganha é a sociedade, diz o presidente do Crea-BA, Marco Antonio Amigo.

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#GESTÃO DO CREA-BA

O Crea tem cerca de 50 fiscais para atuar em um território do tamanho da França. Meta da atual gestão é aumentar esse contigente por meio de parcerias

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Personalidades na posseEstiveram presentes à posse de Marco Antonio Amigo o vice-governador da Bahia e secretário de Planejamento do estado, João Leão; o vice-presidente do Sistema FIEB e engenheiro civil, Carlos Henrique Gantois; o diretor de tecnologia da Mútua, Antônio Salvador da Rocha; o presidente do Crea-SP, Francisco Kurimori; o presidente do Crea-DF, Flávio Correia de Sousa; o presidente da Associação Baiana de Engenharia de Segurança (Abese), engenheiro de segurança Rodrigo Lobo; o vereador de Salvador e engenheiro eletricista, Leo Prates; o diretor da escola de engenharia da Unifacs, engenheiro eletricista Rafael Araújo; o engenheiro civil André Luiz Cardoso; representando os inspetores regionais do Crea-BA, o ex-coordenador do Colégio de Presidentes e ex-presidente do Crea-SE, Jorge Roberto da Silveira; e o diretor geral da Mútua BA, Joseval Carqueja, o presidente do CAU/Bahia, Guivaldo D’Alexandria,

dentre outros.

Manifestações de apoio“A experiência que Amigo adquiriu no Crea-BA e no Confea/Mútua, assim como o reconhecimento formal de sua eleição, são requisitos importantes que o ajudarão a realizar todos os projetos discutidos e propostos.” Antônio Salvador da Rocha (ex-presidente do Crea-CE e

diretor de tecnologia da Mútua)

“Tem como forte característica o planejamento. Tenho certeza que nos próximos três anos ele conseguirá implementar as ações efetivas necessárias à plena

modernização do Conselho na Bahia, com participação efetiva nos debates de questões sociais.” Francisco Kurimori (presidente do Crea-SP)

“Como representante do presidente do Confea, expresso o desejo de toda categoria de sucesso para o Crea-BA nesse triênio.

Marco Antonio Amigo tem-se mostrado muito competente e, o melhor, reconhecido por isso, haja vista a sua expressiva votação.” Jorge Roberto da Silveira (ex-presidente do Crea-SE e ex-coordenador do Colégio de Presidentes)

“Quando alguém é reeleito, e com expressiva votação, isso representa o reconhecimento público do que foi feito nos

últimos três anos. Desejo que ele realize todos os projetos em andamento e os novos. Ele sabe que pode contar com o Crea do

Distrito Federal sempre.” Flávio Correia de Sousa (presidente do Crea-DF)

Fotos: Edson Ruiz

#GESTÃO DO CREA-BA

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Posse da diretoria da Mútua BahiaDurante o evento na Federação das Indústrias do Estado da Bahia foi empossada também a diretoria da Mútua-BA, composta pelo diretor-geral, engenheiro agrimensor Joseval Carqueja; o diretor administrativo, técnico agropecuário Marcos de Souza Dantas; e o diretor financeiro, engenheiro químico Rubem

Barros de Mendonça.

Novos inspetores querem uma aproximação maior com os profissionais

“Precisamos reativar a associação de engenheiros de Juazeiro, que está quase inativa por falta de participação dos profissionais.”

Ana Virgínia de Carvalho, inspetora em Juazeiro

“É preciso uma maior aproximação com o profissional. Ele precisa saber que não está sozinho, que o Crea está a seu lado.” Sandro Augusto Vieira da Silva, inspetor em Camaçari

“Acredito que os fiscais municipais podem ajudar na fiscalização que o Crea faz na região.”

José Cândido de Santana Filho, inspetor em Ribeira do Pombal

GESTÃO

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#NOVIDADES TECNOLÓGICAS

Água do banho pode ser reaproveitadaNa atual crise hídrica que vive o país, sobretudo na Região Sudeste, várias alternativas têm sido criadas para economizar ou reaproveitar a água que chega pelas torneiras. Uma das ideias mais interessantes e simples foi concebida pelo designer Alberto Vasquez, que desenvolveu um sistema para

o reaproveitamento da água residual dos chuveiros. O equipamento, chamado de Gris, possui quatro

compartimentos interligados, capazes de armazenar a água residual dos banhos.

É uma espécie de tablado, disposto sob os pés das pessoas enquanto tomam banho. A parte central é inclinada para baixo e os compartimentos vão enchendo sucessivamente. Após o banho, o usuário pode carregar os reservatórios separadamente e

dar à água cinza diversos usos, entre eles limpar o chão e regar o jardim. A invenção é capaz de coletar até 95% da água. O projeto já saiu do papel e o equipamento deve custar

entre US$ 20 a US$ 40.

Freezer subterrâneo para latinha de cerveja não usa energia elétrica

Uma técnica antiga está fazendo o maior sucesso na Dinamarca. A empresa Mors by Hand criou uma máquina (apelidada de eCool), que é uma espécie de freezer subterrâneo que não usa energia elétrica. A refrigeração natural da terra é usada para manter as bebidas sempre frescas. O eCool possui 113 centímetros de altura, sendo a maior parte sob o solo. O freezer tem capacidade para armazenar até 24 latinhas e, uma vez instalado, ele não precisa mais ser retirado do chão. Para carregar basta inserir as latinhas, que já ficam empilhadas na posição ideal. Depois, na hora de usar, basta girar uma manivela, até que a latinha chegue à superfície. O equipamento custa US$ 349.

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Pesquisadores criam máquina de fabricar óleo de cozinha em casaJovens pesquisadores da Universidade Nacional de Cheng Kung, de Taiwan, criaram uma máquina (chamada de Daily Expeller) capaz de transformar grãos e sementes em óleo para uso culinário. O projeto é uma miniatura dos grandes maquinários usados em escala industrial e funciona à base de manivela, que o próprio usuário gira até ter pressão o suficiente para espremer e retirar o óleo dos grãos. De acordo com os criadores, é possível produzir 20 centímetros cúbicos de óleo a cada 100 gramas de nozes utilizados, por exemplo. Os ingredientes necessários para a fabricação do óleo caseiro são os grãos ou sementes e um pouco de água.

Ônibus movido a dejetos humanosOs moradores da cidade de Bristol, na Inglaterra, estão tendo a oportunidade de participar de uma experiência inusitada. Alguns ônibus que circulam na sexta cidade mais populosa do País são movidos a fezes, urina e lixo orgânico. O coletivo, chamado de Bio-Bus, possui 40 lugares e roda até 300 quilômetros com o biocombustível cheio de gás biometano. O gás é gerado por meio do tratamento de esgotos e resíduos de alimentos impróprios para consumo humano. Para que possa operar, o dióxido de carbono e outras impurezas são retiradas, a fim de que o gás fique livre de odores.

Banheiros são iluminados com urinaUm banheiro que usa a urina para gerar energia é a aposta de pesquisadores da Universidade de West England, no Reino Unido, para ajudar comunidades isoladas no continente africano. O mictório utiliza uma célula de combustível microbiana para transformar a urina em eletricidade.

A tecnologia funciona a partir da utilização de micróbios vivos, que se alimentam da urina para o seu próprio crescimento e manutenção, transformando diretamente o excremento em energia.

Um protótipo do mictório já está em fase de testes na universidade e o resultado é que a energia produzida tem sido suficiente para manter as luzes acesas sem o auxílio de tecnologias caras e complexas. A eletricidade também seria suficiente para abastecer um aparelho celular.

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Bairro gera quatro vezes mais energia do que consomeProduzir a própria energia elétrica a partir da luz solar e ainda gerar um excedente. Essa façanha foi conseguida por uma comunidade em Schlierberg, na Alemanha, que utiliza painéis fotovoltaicos nos telhados. O diferencial é que os equipamentos são projetados previamente e dispostos na direção correta.

A vila, projetada pelo arquiteto alemão Rolf Disch, consegue produzir quatro vezes a quantidade de energia que consome. São 59 residências e um grande edifício comercial, chamado Solar Ship, que criam uma região habitável com baixo impacto ambiental.

Todas as casas são de madeira e construídas apenas com materiais de construção ecológicos. Tecnologias avançadas, como o isolamento a vácuo, aumentam o desempenho térmico e as residências possuem ainda sistemas de captação de água da chuva, usada na irrigação de jardins e nas descargas de vasos sanitários.

Bambu e garrafa PET usados para construir estufa Uma estufa montada com bambu e garrafas PET no Vietnã chama a atenção pela iniciativa social e sustentável. Intitulada de Vegetable Nursery House, a unidade não só abriga as plantas, como também serve de dormitório para quem cultiva os vegetais.

As estruturas que abrigam os vegetais possuem área de 6 por 3,6 metros quadrados e, além de reaproveitarem materiais, também fazem reuso da água da chuva. O projeto também buscou criar uma alternativa de moradia básica e improvisada para sobreviventes de catástrofes e pessoas em situação de rua, com estrutura para dormitório.

As garrafas PET também ajudam no equilíbrio da temperatura e na iluminação das plantas colocadas dentro da estufa. Além disso, como o bambu e as garrafas são leves, fica fácil montar e transportar a estrutura de um lugar para outro.

#NOVIDADES TECNOLÓGICAS

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#PROFISSÕES: ENGENHEIRO AGRÔNOMO

Agricultor familiar é aquele que possui pequena propriedade, conta com mão de obra predominantemente da própria família no empreendimento, tem renda basicamente originada a partir dessa atividade, dirige o negócio com auxílio de familiares. Apesar da simplicidade da descrição, este homem do campo, fixado em modestas extensões de terra, é,

atualmente, responsável por 70% dos produtos rurais que estão nas mesas dos brasileiros, segundo dados do Ministério da Agricultura. Subsistência abre espaço para a atividade econômica que ganha força no abastecimento interno do país.

Foto: Embrapa

AGRICULTURA FAMILIARAGRICULTURA FAMILIARé responsável por 70% dos produtos rurais que vão para as mesas dos brasileiros

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Quando se trata de agricultura familiar, os números só são pequenos se falamos sobre o tamanho da propriedade rural ou sua ocupação dentro da área dedi-cada à agricultura e pecuária no país. O Censo Agropecuário Brasileiro, realizado pelo IBGE, em 2006, já mostrava que 84% dos estabelecimentos agropecuá-rios eram familiares, responsáveis, em

muitos casos, pela maior parte ou por parte significativa do abastecimento do país. E esses alimentos são os mais importantes da mesa brasileira: feijão, arroz, café, leite, bovinos, suínos, aves, trigo, milho, mandioca.

A demanda pela produção vinda dessas pequenas propriedades rurais aumen-tou com a Lei Federal 11.947/2009,

que determina que pelo menos 30% da alimentação escolar deve ter origem na agricultura familiar, e a lei estadual 20.608/2013, em fase de regulamen-tação, que amplia a mesma exigência para além das unidades escolares, abrangendo outros estabelecimentos públicos, como o sistema prisional e a rede hospitalar.

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Lorena Maria Magalhães Rocha, coordenadora adjunta da câmara especial de

agronomia do Crea-BA

ENGENHEIRO AGRÔNOMO

A agricultura familiar é um campo em expansão para os

profissionais das Ciências AgráriasLorena Maria Magalhães Rocha, coordenadora adjunta

da câmara especial de agronomia do Crea-BA

Foto: João Alvarez

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cerca de 30% atuam na agricultura familiar. “Atualmente, a agricultura fa-miliar é um campo em expansão para os profissionais das Ciências Agrárias. Com a criação e ampliação de políti-cas públicas para a área rural, como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), Pronaf, Pnae, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), dentre outros, os engenheiros agrônomos e demais profissionais ti-veram seu campo de atuação ampliado dentro da agricultura familiar, podendo escolher pelo ensino, pesquisa ou exten-são, com um vasto número de opções,” ressalta a engenheira agrônoma Lorena Maria Magalhães Rocha, coordenadora adjunta da câmara especial de agro-nomia do Crea-BA. Ela destaca ainda os novos cursos e universidades que vêm sendo criadas na Bahia, focados na agricultura familiar, e formam muitos agrônomos para a área docente.

A conselheira lembra que os engenhei-ros agrônomos têm uma ampla forma-ção, e por isso, direta ou indiretamente, o seu trabalho está ligado à agricultura familiar. Seja por meio da assistência técnica no campo, seja no laboratório, por meio do melhoramento genético que cria variedades de plantas resis-tentes à pragas e doenças, seja na docência “construindo saberes” nas escolas. “De diversas formas, inclusi-ve na recuperação ambiental, estão contribuindo para que as famílias

agrícolas aumentem sua renda e te-nham uma melhor qualidade de vida,

gerando esperança e oportunidade para todos no campo.”

O analista técnico da Câmara de Agronomia do Crea-BA, João Bosco Ramalho, – 24 anos de experiência na profissão de engenheiro agrô-

Maior campo de atuaçãoEssas informações mostram o avan-ço da agricultura familiar nos últimos anos no país, mas trazem algumas preocupações: Como apoiar esse pe-queno agricultor a ter maior produtivi-dade para atender ao mercado interno, acompanhada de uma lucratividade satisfatória? Como agregar valor a esse produto, para que fique mais atrativo aos olhos dos consumidores? Além das leis, que asseguram mercado, e dos in-centivos do governo, por meio de pro-gramas de financiamento como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar), uma figura é fundamental para apontar soluções para muitas dessas questões: a do en-genheiro agrônomo.

De acordo com informações do Crea-BA, atualmente existem cerca de 4 mil engenheiros agrônomos na Bahia. Não há dados formais, mas estima-se que

nomo e com passagem, dentre ou-tras instituições, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) – acredita que o profissional dessa área da Engenharia com Extensão Rural pode contribuir muito para melhorar a realidade nas pequenas proprieda-des, à medida em que faz convergir os conhecimentos acadêmico e ances-tral, este, empírico dos camponeses. “A introdução de inovações técnicas deve ter uma construção participativa entre as comunidades de agricultores familiares.”

Diminuição da população ruralEstar na “frente de batalha” faz do en-genho agrônomo peça importante para realizar políticas públicas voltadas ao ambiente rural. Mas, Ramalho adverte que nem sempre os governos federal e estadual priorizaram o desenvolvimen-to da agricultura familiar, o que desfa-vorecia o trabalho desse profissional na busca por resultados mais amplos e significativos. “A população rural média no Brasil, no início da década de 70, era de 60%, enquanto que hoje ela é menor do que 20%. Não foi a ausência do tra-balho dos engenheiros agrônomos que provocou o êxodo rural nesse período, mas a ausência de políticas públicas articuladas e acertadas para este se-tor. Trabalhar com o desenvolvimento rural vai além do trabalho técnico; é preciso pensar a educação, a saúde, a infraestrutura, a habitação, o crédito e as organizações familiares.”

Ele exemplifica: “Os programas Luz para Todos e Água para Todos (com 1 milhão de cisternas implantadas), o PAC (que propiciou a construção de estradas,

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#PROFISSÕES: ENGENHEIRO AGRÔNOMO

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João Bosco Ramalho, analista técnico da Câmara deAgronomia do Crea-BA

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adutoras, barragens, portos), a política de Territórios de Identidade na Bahia, o Pronaf, o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), o PAA (Programa Nacional de Aquisição de Alimentos), além do Bolsa Família, que permite a segurança alimentar mínima, dentre outros programas, facilitaram a vida dos agricultores e, ao mesmo tempo, criaram ferramentas para que os agrô-nomos pudessem, de fato, construir um campo melhor junto aos agricultores.”

Com a expansão da agricultura familiar, Ramalho aposta no avanço da profissão de engenheiro. “A agronomia, em um país com a dimensão do Brasil, sem-pre será uma profissão importante e dinâmica. Com os assentamentos, o Programa Nacional de Crédito Fundiário, o reconhecimento de comunidades re-manescente de quilombos, indígenas e os agricultores familiares, organizados ou não, só a Bahia tem um total de mais 665 mil estabelecimentos. Desse total, nem a metade tem assistência técnica. Então, o mercado está aí.”

Em 2010 foi editada a Lei 12.188, a Chamada Lei de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural), um serviço gratuito, direcionado aos agricultores familiares, de educação não formal e caráter continuado. “Essa lei beneficia muito os agricultores familiares e pro-

porciona mercado de trabalho para nós, profissionais,” ressaltou o engenheiro.

Diante do cenário rural mais promissor, o analista do Crea vê com otimismo o futuro da agricultura familiar no estado ou no país. “Acho que, no caminho que se trilhou nos últimos anos, podemos dizer que houve êxitos. As portas estão abertas e as possibilidades são muitas.” Mas faz um alerta: “É preciso realizar concurso público para contratação de novos técnicos, bem como absorver aqueles profissionais que efetivamente desejem contribuir com sua experiên-cia, expertise e conhecimento técnico e metodológico acumulado, na formação das novas gerações de pesquisadores e extensionistas.”

Ainda sobre a questão da produ-tividade na agricultura familiar, Ramanho faz uma observação per-tinente: “Primeiramente, é preciso

entender que o aumento da produ-tividade não é o único parâmetro de avaliação de desenvolvimento para a agricultura familiar.”

O analista explica que a agricultura familiar e a empresarial, esta denomi-nada de agronegócio, guardam suas diferenças: o conceito de desenvolvi-mento no agronegócio está relacio-nado ao aumento da produtividade, porque se trata de uma commoditie e sua produção tem foco na exportação; na agricultura familiar, o objetivo é o abastecimento interno e, então, outros valores devem ser observados, como segurança alimentar, autonomia e so-lidariedade. “Mais vale ao agricultor um modelo de produção adaptado à sua região, produção com baixo custo e que tenha uma produtividade média, mas com a certeza de que não lhe faltará o alimento na mesa.”

A população rural média no Brasil, no início da década de 70, era

de 60%, enquanto que hoje ela é menor do que 20%

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A categoria da agricultura familiar foi valorizada com um conjunto de ações com ênfase

nos aperfeiçoamentos das políticas de fomento, a exemplo

da política de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater)

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ENGENHEIRO AGRÔNOMO

O secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, Jerônimo Rodrigues, lembra que a agri-

cultura familiar é, antes de tudo, “uma forma alternativa de produção, consi-derada, também, um modo de viver”. Por isso mesmo, responde às questões sociais, culturais, com forte potencial econômico, traduzido na geração de trabalho e renda, no cuidado com a paisagem ambiental, na produção de alimentos e de matéria-prima para ou-tros setores. “Atender à demanda de abastecimento é uma tarefa natural da agricultura familiar. Não é à toa que no Brasil e na Bahia, respectivamente, a agricultura familiar é a grande res-ponsável pela produção de alimentos, a exemplo da produção do feijão com 70% e 83%; da farinha, 87% e 91%; do leite 58% e 52% e de aves 50% e 60%,” diz.

No passado, explica o secretário, a prin-cipal tarefa do Estado, era de formata-ção de políticas públicas que atendes-sem às especificidades da agricultura familiar. A primeira dificuldade era criar as condições mínimas para produzir alimentos. Posteriormente, continua, “a categoria da agricultura familiar foi valorizada com um conjunto de ações com ênfase nos aperfeiçoamentos das políticas de fomento, a exemplo da po-lítica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), da política de preços míni-mos, das sementes crioulas, do Garantia Safra, do investimento em infraestrutu-ra produtiva, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e da diversificação de suas li-nhas, dentre outras”.

Superando a etapa de produção e de beneficiamento, o desafio passou a ser o escoamento e a comercialização, algo que foi atendido, segundo Rodrigues, com a criação dos mercados institu-cionais, dos armazéns da agricultura

familiar, de provisão de infraestrutura à comercialização e de acesso aos mer-cados privados. “Há tempos que as polí-ticas públicas já vêm colaborando com a superação das dificuldades da etapa

Desafio é escoar a produção e facilitar a comercialização

de produção de alimentos e a agricul-tura familiar vem cumprindo bem sua tarefa na produção de alimentos com qualidade e respeito à sustentabilidade ambiental.”

Jerônimo Rodrigues, Secretário de Desenvolvimento Rural do Estado

Jerônimo Rodrigues, Secretário de Desenvolvimento Rural do Estado

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A POPULARIZAÇÃO DOS ROBÔSJovens baianos demonstram talento para programação e são destaque em competição internacional

#ENSINO DE ROBÓTICA NA BAHIA

Quem chega ao laboratório de mecatrônica da Unifacs se depara com as paredes decoradas com vários prêmios de inovação que a instituição ganhou da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). De 2008 a 2013, a universidade sempre foi selecionada para receber uma quantia em dinheiro e desenvolver pesquisas pelo programa Ideias Inovadoras. Este ano, os alunos terão um desafio: ganhar uma competição internacional na área de

robótica (veja mais detalhes na página ao lado).

De acordo com o físico e professor Sérgio Ricardo Xavier, coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação (mecatrônica) da Unifacs, os alunos que desejam seguir essa carreira precisam ter em mente que mate-mática e física são essenciais para um bom desempenho acadêmico. No curso de robótica, uma das disciplinas do curso, os alunos apren-dem a programar um robô e toda a mecânica envolvida para a sua fabricação. Ao final, eles precisam, em conjunto, colocar o braço mecâ-nico do laboratório para executar uma tarefa mais complexa do que simplesmente pegar um objeto. “Nosso robô já foi, por exemplo, desenhista e até barman”, lembra o professor, se referindo à programação executada por tur-mas anteriores.

Sérgio Xavier faz referência ainda a uma outra aplicação. Um aluno da Unifacs, Daniel Veiga, desenvolveu uma órtese para o irmão que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Graças ao equipamento, composto de um computador e sensores colocados na palmilha do sapato, o rapaz passou a realizar alguns movimentos que antes não conseguia. Os sensores manda-vam informações de quando a perna deveria se movimentar. “O projeto foi tão inovador, que o

estudante foi convidado, à época, para uma conferência nos Estados Unidos com a presença do ex-presidente Bill Clinton”. Hoje ele é engenheiro da Ford. A mecatrônica é o ramo da engenharia que utiliza a mecânica e a eletrônica, com auxílio de sistemas computacionais, para fabricação de produtos e controle de processos industriais e comerciais. Sérgio Xavier, mestre e doutorando em Mecatrônica pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), informa que o curso na Unifacs começou em 2006 e de lá para cresceu bastante. Hoje são 287 alunos, que aprendem eletrônica, sistemas digi-tais, programação, controle e automação.Em relação ao mercado, o professor vê uma grande expansão no ramo da domótica, que é a automação residen-cial. Hoje já é possível programar uma residência para ligar as lâmpadas e o ar-condicionado, abrir as cortinas, acio-nar o forno de micro-ondas, entre outras aplicações remotas.O professor destaca que a Unifacs tem um programa interdisciplinar denomi-nado ARHTE, cujas iniciais é uma ho-

menagem a três grandes cientistas: Arquimedes, Robert Hooke e Thomas Edison. O programa incentiva os alunos a produzirem protótipos que resolvam determinados problemas. “Um grupo de alunos desenvolveu, recentemente, uma impressora de baixo custo adap-tada para imprimir em braille que foi apresentada ao Instituto de Cegos da Bahia”, lembra o professor.

Para quem pretende estudar mecatrô-nica, o aluno Mateus Cajueiro diz como as ciências exatas influenciam o desem-penho. “É uma linguagem universal e, quando estamos estudando, o conhe-cimento prévio de física e matemática ajuda bastante a vencer os desafios.”

Outro estudante, Almir Gomes, que está no 9º semestre, lembra que é preciso muita dedicação para fazer um bom curso. Ele atualmente faz estágio na Ford e pretende se especializar futura-mente em robótica. “É um curso que vale a pena, sobretudo para quem é curioso e gosta de novos desafios.”

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TECNOLOGIA

Equipe que vai para a Europa representar o Brasil em uma

competição de robótica

Quatro estudantes da Unifacs vão participar, em maio, de uma competição internacional

de robôs em Madri, na Espanha. Eles integram a única equipe selecionada no Brasil entre 50 do mundo inteiro. Os jovens baianos vão disputar com estudantes da Espanha, Turquia, Índia, Equador e México. Batizada de Zéfiro (deus grego dos ventos), a equipe é formada por Érica Alves (estudante de Engenharia Elétrica); Diogo Vilar (Engenharia Mecânica), Rodrigo Lisboa (Engenharia Elétrica) e Anderson Cesarino (Engenharia Mecatrônica). O robô, quando ficar pronto, terá o mesmo nome da equipe.

O protótipo é um robô com a função de monitorar, em tempo real, o ambien-te, verificando a qualidade do ar, taxa de oxigênio, CO2 e outros gases. Pode ser aplicado na indústria, por exemplo, para verificar vazamento de alguma substância tóxica. Outra aplicação é no controle de doenças respiratórias.

Segundo Érica Alves, líder da equipe, a ideia de participar da competição sur-giu quando estava na aula de Sistemas de Tempo Real. Ela soube da disputa e resolveu montar uma equipe, sob a orientação do professor Sérgio Ricardo Xavier. Érica destaca que o robô pode ser usado tanto em ambientes fechados como abertos (vazamento em usina nuclear, por exemplo). A estudante diz que a expectativa é grande. “Estou confiante, mesmo sendo a primeira vez que participo de uma competição desse tipo.”

Estudantes de engenharia criam robô para monitorar o ambiente

Já Anderson Cesarino destaca a pluralidade de conhecimentos da equipe como fator decisivo para a classificação do projeto. Ele conta que o robô vai movimentar--se por meio de uma esteira e terá uma câmera na parte frontal. “Será como se o controlador estivesse dentro do robô”, explica Rodrigo Lisboa, outro integrante da equipe. Segundo ele, é um trabalho grande de pesquisa, que envolve não só ma-teriais, mas também mecanismos de funcionamento. Diogo Vilar, que já fez curso técnico em eletrônica, diz que o robô vai ter uma grande quantidade de aplicações.

Os jovens estão eufóricos, pois nunca saíram do Brasil, mas a confiança é grande. “Estamos nos dedicando muito; esse projeto é nossa prioridade no semestre”, emendou Rodrigo Lisboa.

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Sérgio Ricardo Xavier, coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação (mecatrônica) da Unifacs

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Robôs têm inúmeras aplicações

A origem da expressão rôbo vem da palavra tcheca robota, que sig-nifica trabalho forçado. Daí a ideia de que o robô imita o homem em todas as atividades, servindo como um empregado mecânico.

Vários filmes já foram feitos para mostrar essa relação entre o homem e a máquina, como “A.I. - Inteligência Artificial”, “O Exterminador do Futuro”, “O Homem Bicentenário”, “Eu, Robô”, “Gigantes de Aço” e muitos outros. O mais recente, o desenho Operação Big Hero, ganhou o Oscar de melhor animação. O enredo conta a história de um adolescente e seu robô desengonçado projetado para combater as forças do mal.

Na vida real, os robôs são utilizados para realizar diversos trabalhos inadequados ou perigosos para os seres humanos, como limpeza de lixo tóxico, busca de minas terrestres e também para desarmar bombas, entre outras utilidades. Na indústria, são programados para substituir

os seres humanos em ações repetitivas e também perigosas, como na área química, por exemplo. Nos setores de saúde e lazer eles

também são cada vez mais utilizados.

No Japão, existem muitas aplicações de robôs chamados huma-noides para realizar tarefas domésticas, como limpar e aspirar o chão, além de arrumar prateleiras.

Os drones também têm-se popularizado pelo mundo. Veículos não tripulados controlados à distância, esses robôs podem ser usados

para levar correspondência, remédios para regiões de difícil acesso e até mesmo apagar incêndios.

#ENSINO DE ROBÓTICA NA BAHIA

O mercado está pagando cerca de R$ 3,5 mil para nível técnico e o dobro

disso para nível superiorOberdan Pinheiro, professor do Senai Cimatec

Prêmio de US$ 100 milAlunos da Unifacs já participaram, em 2010, de outra com-petição internacional. Eles desenvolveram o protótipo de uma grua com contrapeso móvel, ganhando o primeiro lugar e o prêmio de US$ 100 mil.

Mais recentemente, em 2014, outra equipe da Universidade ficou entre os oito melhores na Espanha com um robô-guia. O equipamento possui sensores que servem para guiar as pessoas que estão perdidas em um local muito grande, como parques e convenções.

Segundo o diretor da Escola de Engenharia e Tecnologia da Informação da Unifacs e Conselheiro do Crea-BA, professor Rafael Araújo, a universidade que sedia a competição é re-ferência na Europa. Ele participou do evento do ano passado e diz que lá é tudo muito bem organizado.

Ele destaca a preocupação da instituição em estimular projetos interdisciplinares e lembra que a universidade vai custear não só as despesas de viagem da equipe, mas também da construção do robô.

O professor Rafael lembra que os jurados integram grandes empresas da Europa (como da multinacional Continental) acostumados com o uso intensivo de tecnologia.

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Especialização exige curso de engenhariaAlém do curso técnico, o Senai Cimatec oferece também uma especialização em Automação, Controle e Robótica, cujo pré-requisito é ter graduação em engenharia. Segundo o coordenador, professor Oberdan Pinheiro, a instituição é procurada por alunos de todo o Brasil, que disputam as 30 vagas disponíveis. “Temos até estudantes de outros estados, pois as aulas acontecem sextas e sábados de quinze em quinze dias.”

Segundo Oberdan, a área experimenta um crescimento constante e ainda tem muito a se desenvolver no Brasil. Para ele, a automação abre novas frentes de trabalho em progra-

mação, manutenção e elaboração de projetos, ao mesmo tempo em que diminui o risco de acidentes entre os trabalhadores, pois serviços que eram executados pelo

homem passam a ser realizados pela máquina. O professor informa que, com a automação cada vez maior das fábricas, algumas delas, como a fabricante de veículos Toyota, por exemplo, já produz sem iluminação na planta.

Sobre o salário médio para quem atua na área, o professor estima que o mer-cado esteja pagando cerca de R$ 3,5 mil para nível técnico e o dobro disso para nível superior. “A Bahia tem pouca mão de obra especializada em robótica, o que favorece quem está pretendendo seguir carreira nessa área.”

TECNOLOGIA

Quem entra nos imensos prédios do Senai Cimatec, na Avenida Orlando Gomes, em Salvador, constata de imediato que a instituição é jovem. São alunos e

professores cheios de energia e vontade de aprender, pesqui-sar e ensinar. A professora Talitha Evangelista, 25 anos, é um exemplo. Formada no próprio Senai Cimatec como Tecnóloga em Mecatrônica Industrial, ela já trabalhou na indústria como programadora de robôs e hoje faz Engenharia Mecânica em uma faculdade particular. Depois, pretende fazer mestrado na própria instituição que leciona.

Apensar da pouca idade, ela leciona no curso técnico em mecatrônica na disciplina de robótica, cuja carga horária é de 90 horas. Talitha explica que quem quiser fazer somen-te robótica, a instituição tem um curso de aprendizagem profissional de 40 horas. “Mas existem pré-requisitos, como ter conhecimento de lógica de programação e eletrotécnica básica”, lembra a professora.

Segundo ela, o grande destaque do curso do Senai Cimatec é a prática. “O aluno sai preparado para entrar no mercado, pois aqui temos os mesmos robôs das indústrias”, afirma ela, acrescentando que são 60 horas de aulas práticas. O curso de mecatrônica é oferecido nos três turnos e hoje envolve mais de 200 alunos.

Talitha explica que no curso de robótica industrial o aluno aprende a programar um robô e “ensiná-lo” a executar tarefas.

Com o auxílio de um joystick, o estudante comanda a máquina para que ela realize determinada tarefa.

O aluno do curso faz uma prova teórica e outra prática no final, quando ele terá que mostrar que sabe programar o robô. Mas antes dessa final, tem outras 15 práticas mais simples para os alunos irem se familiarizando com o equipamento.

Para o estudante Andrey de Santana Carvalho, 20 anos, o curso de mecatrônica industrial propicia uma vivência com situações reais de uma empresa. Ele está concluindo o cur-so de dois anos no Senai Cimatec e pretende trabalhar na indústria, ao mesmo tempo em que vai estudar para entrar no curso de engenharia elétrica.

Senai Cimatec valoriza as aulas práticas

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Professora Talitha Evangelistaorienta alunos

Oberdan Pinheiro, coordenador e professor CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 29

Page 30: Revista CREA Bahia Edição 47

Por ser um curso multidisciplinar por natureza,

é importante a troca de informações entre alunos de

diferentes formações

Centro de Capacitação Tecnológica na Ufba dá suporte para pesquisas em robótica A Universidade Federal da Bahia (Ufba)

não tem graduação em robótica, mas os alunos do curso de Engenharia de

Controle e Automação de Processos e de Engenharia Elétrica acabam tendo contato com esse universo devido à natureza multidis-ciplinar dos cursos, que envolve conhecimentos de matemática, física e computação, bem como técnicas de outras engenharias. Conforme explica o professor Leizer Schnitman, coordena-dor do Centro de Capacitação Tecnológica em Automação Industrial (CTAI), a Universidade possui Mestrado e Doutorado em Mecatrônica, que, entre outros temas, também desenvolvem pesquisas na área de robótica.

O Mestrado (criado em 2003), possui cerca de 70 alunos e o Doutorado (que começou em 2012), cerca de 30. “O CTAI foi criado para dar suporte aos programas de pós-gradua-ção em engenharia da Ufba, especialmente Mecatrônica”, destaca o professor.

A unidade é um centro de excelência dentro da Escola Politécnica da Ufba e recebe incentivos de empresas como a Rockwell Automation do Brasil e estatais, como a Petrobras, que investiu em um laboratório de elevação artificial (LEA) com três colunas de produção que simulam poços com diferentes métodos de elevação, aplicáveis a poços on-shore (para exploração

Leizer Schnitman,professor

de petróleo em terra) e off-shore (no mar). A sala de controle do LEA é um dos espaços do CTAI e, de lá, é feito todo o monitoramento do processo, reproduzindo fielmente um ambiente industrial no processo de elevação de petróleo. O professor explica que todos os alunos do Mestrado em Mecatrônica, logo em seu ingresso, precisam vencer um desafio: construir e fazer funcionar um protótipo qualquer, como, por exemplo, uma impressora 3D, um braço mecânico, um plotter, entre outros. “Por ser um curso multidisciplinar por natureza, é importante a troca de informações entre alunos de diferentes formações, pois isso estimula a troca de experiências e é bom para o aprendizado”, diz Leizer.

Um desses estudantes, Rafael Perrone, lembra o professor, desenvolveu um trabalho bem interessante motivado por aplicações em um robô industrial com controle servo-visual. A técnica seria utilizada, por exemplo, para melhorar o desempenho na função de apertar parafuso ou executar soldas. Quando ficasse velho e per-desse a precisão, o robô poderia “enxergar”, por meio de uma câmera, o parafuso ou o ponto desejado para a ação e corrigir o movimento para não errar o alvo. O experimento não foi feito conforme o projeto por dificuldades operacionais, mas o estudante o adaptou para um drone, veículo leve não tripulado, com o mesmo princípio, só que usando o controle visual para seguir e manter uma distância constante de um determinado objeto/pessoa.

Já o estudante Galdir Reges desenvolveu soluções para reconhecimento de pa-drões de cartas dinamométrica, com resultados significativamente melhores dos que os encontrados na literatura ou na indústria. “Essas iniciativas mostram que temos bons trabalhos de pesquisa na Ufba”, completa o professor.

O CTAI, por meio de recursos aprovados em projetos com a Fapesb, está em processo de aquisição de dois robôs industriais e, como ocorre com toda a infraestrutura do centro, os alunos podem desenvolver projetos com eles. Os laboratórios do CTAI são dedicados ao ensino, pesquisa, desenvolvimento e execução de projetos e são abertos à interação com a comunidade acadêmica e empresas que queiram desenvolver pesquisas.

#ENSINO DE ROBÓTICA NA BAHIA

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 201530

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O defensor das moradias popularesEx-conselheiro do Crea-BA, Zezéu Ribeiro deixou um legado de projetos voltados para a área social

Graças à Lei 11.888, de 2008, o Crea-BA passou a atuar em parceria com os municípios visan-do à implantação dos escritórios públicos de engenharia para as famílias com menor poder aquisitivo. De acordo com o presidente do Crea-BA, Marco Amigo, a Bahia perde um homem íntegro e participativo. “Ele vai fazer falta”, disse. Zezéu foi conselheiro da instituição no período de 1975 a 1977, sempre lutando pela valorização profissional e membro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Como legislador, esteve na defesa dos temas relacionados à melhoria da vida da população, atuando em projetos de lei relacionados ao desen-volvimento urbano. Algumas vezes como autor e outras como relator, alguns projetos se destacam, como a já citada Lei da Assistência Técnica, o Estatuto das Cidades e o Estatuto das Metrópoles.

Foi também relator da PEC 150/2003, que vincula 2% das receitas da União e 1% das receitas dos estados e municípios para a produção de moradias sociais, aprovado por unanimidade na Comissão Especial que tratou do tema. Foi também autor da Emenda 14 à MP 387/2007, convertida na Lei 11.578/2007, que permite a aplicação pelas entidades da sociedade de repasses dos recursos do Fundo de Moradia (FNHIS).

APOIO DO CONFEA

Zezéu discursou na solenidade de posse do presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), José Tadeu da Silva, em 2012, no auditório Petrônio Portela, do Senado Federal. Lembrou, na oportunidade, que o projeto de sua au-toria que garante assistência técnica gratuita para moradias populares contou com o apoio decisivo do Confea. “Foi um produto construído por muitas mãos”, disse Zezéu, lembrando que envolveu a área técnica e os movimentos sociais.

Preocupado também com o trabalhador, Zezéu era contra a terceirização, acredi-tando que essa prática configura uma “precarização das condições de trabalho”. Dizia que a finalidade da empresa deve ser cumprida por funcionários próprios, cabendo a ela apenas terceirizar serviços auxiliares. Em uma fábrica, por exemplo, apenas serviços de limpeza, vigilância e similares podem ser terceirizados, pois não constituem o objetivo final da companhia.

MANDATOS LEGISLATIVOS

Formado em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), tinha pós-graduação em Gestão Ambiental foi militante do PT e presidente do partido na Bahia (1995-1999), além de integrar o Diretório Nacional. Em Salvador, exerceu o mandato de vereador em três legislaturas. Elegeu-se deputado federal em 2002 e foi presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano. Reeleito deputado federal em 2006 e 2010, licenciou-se do mandato em 2011 para assumir a Secretaria de Planejamento da Bahia.

Também em 2011, tornou-se presidente do Conselho Nacional de Secretários de Planejamento (Conseplan). Em março de 2012, reassumiu seu mandato na Câmara dos Deputados. Em 2014, renunciou ao mandato de deputado para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia.

Autor da Lei 11.888, que assegura o direito das famílias de baixa renda à as-sistência técnica pública e gratuita para projetos e construção de habitação de interesse social, José Eduardo Vieira Ribeiro, o Zezéu, teve um importante papel como legislador e defensor de causas populares. Falecido no dia 25 de fe-vereiro, em São Paulo, aos 66 anos, vítima de uma hemorragia digestiva, Zezéu

deixou sua contribuição também na política, exercendo vários mandatos legislativos.

#HOMENAGEM

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 201532

Page 33: Revista CREA Bahia Edição 47

#COMPARTILHANDO CONHECIMENTO

TECNOLOGIAS ADAPTADAS PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL DO SEMIÁRIDO

BRASILEIRO

A crise hídrica enfrentada pelo

Brasil tem gerado uma série de estudos visando um melhor aproveitamento da água. No semiárido

a situação não é muito diferente e

diversos centros de pesquisa e estudiosos

se debruçam sobre essa questão. O

livro “Tecnologias Adaptadas para o Desenvolvimento

Sustentável do Semiárido Brasileiro” está nesse contexto e visa disponibilizar

um conjunto de tecnologias apropriadas e

validadas para a região.

O livro possui 27 capítulos de pesquisadores,

professores e alunos que realizam trabalhos

significativos em pesquisas voltadas

ao desenvolvimento da região semiárida

brasileira. “Destilador solar associado a fogão ecológico

para fornecimento de água potável” é um dos artigos do livro, que tem

outros igualmente interessantes.

Organizadores: Dermeval Araújo Furtado, José

Geraldo de Vasconcelos Baracuhy, Paulo Roberto Megna Francisco, Silvana Fernandes Neto e Verneck

Abrantes de Sousa.

Editora Epgraf, 2014, 309 páginas

MANUAL DE PROJETOS –

INFRAESTRUTURA E ENGENHARIA

É um livro voltado para engenheiros,

arquitetos, administradores,

advogados, integrantes de

equipes de projetos e líderes empresariais

envolvidos em projetos de

infraestrutura e de engenharia nos setores público e privado no Brasil.

O livro apresenta uma ordem sequencial

de desenvolvimento dos projetos de infraestrutura e

engenharia. Mas os capítulos podem ser lidos de forma

independente, permitindo ao leitor

focar nos tópicos que mais lhe interessam.

Autores: Álvaro Camargo e Julio Schwartz

Editora: Edição do Autor, 2014, 492 páginas

PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS COM O MS-PROJECT 2013 – AVANÇADO

O livro tem como objetivo apresentar aos profissionais envolvidos

em construções tópicos avançados de planejamento e controle, como o

desenvolvimento de projetos repetitivos

sequenciais, técnicas avançadas

de atualização de cronogramas,

análise de desvios em cronogramas, consolidação de

projetos, análise do valor agregado e

realização de auditorias, entre outros.

O livro apresenta também os

fundamentos da Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e

como criá-la, o WBS Chart Pro, bem como

montar uma pasta de planejamento da construção de

um edifício vertical. Complementarmente,

o livro apresenta exemplos de

planejamento de condomínios residenciais e de

pavimentação de ruas.

O autor tem 20 livros publicados

sobre planejamento e controle de obras e gerenciamento de projetos, vários dos quais adotados pelo

ensino acadêmico. Ele é engenheiro civil de formação e bacharel em Administração de Empresas com

pós-graduação em Construções

Industriais.

Autor: Rosaldo de Jesus Nocêra

Editora: RJN, 436 páginas, 2014

COMO AUDITAR UM SISTEMA DE GESTÃO

INTEGRADO (SGI)

O livro é fruto de diversos anos de

experiência prática do autor no tema.

Corresponde a uma compilação aprimorada do

material que ele utilizou em cursos

de formação, de auditor interno em

várias organizações, em disciplinas

ministradas em cursos de graduação, e de pós-graduação em instituições de

ensino superior. A meta principal

da obra é orientar os profissionais a

realizarem auditoria de forma prática e objetiva. O autor é engenheiro de

produção, analista de qualidade,

produtividade e meio ambiente, além de

professor universitário com pós-graduação

em Gestão Ambiental e Direito Ambiental.

Autor: João Batista Oliveira

Editora: EGBA, 2014, 100 páginas

DOMINANDO O RAIO

Imagine uma fonte de energia limpa,

ecológica, renovável e que, literalmente, cai do céu. Você já

pensou em dominar o raio? Por meio de

uma historia de ficção de aventura, o autor

sugere aos leitores que pensem na utilização

de raio como fonte de energia limpa e ilimitada. Baseado

em fatos verídicos e em dados técnicos

fundamentados em sua profissão

de engenheiro eletricista, o autor propõe a ideia da

utilização da energia dos raios, da mesma

forma como Júlio Verne fez com tantas

invenções no passado. Segundo o autor,

mesmo parecendo loucura, pois o raio é uma das maiores forças da natureza,

a captação dos raios não é impossível.

Segundo ele, é uma energia totalmente

limpa, renovável, ecologicamente

correta e ofertada gratuitamente pela

natureza.

Autor: Silvino Bastos

Editora: Via Litterarum, 2010, 223 páginas

RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO:

OPORTUNIDADES AGROINDUSTRIAIS E

ECONÔMICAS

Outro livro sobre a questão do semiárido, buscando mostrar que

essa região pode ser produtiva. O livro traz

várias alternativas e possibilidades

agroindustriais, que vão desde o algodão colorido, até a bucha

vegetal, passando pelas mais diversas

forrageiras até chegar no pinhão

manso. A publicação contextualiza, em dois momentos

dentro do livro, como o homem do campo pode conseguir de

maneira sustentável formas para trabalhar espécies e tecnologias

adaptadas às condições desse bioma. O uso de espécies nativas

da caatinga para a recuperação de áreas degradas e contenção

dos espaços com tendências à

desertificação são outros artigos que compõem a obra.

Organizadores: Frederico Campos Pereira,

Dermeval de Araújo Furtado, Anny Kelly

Vasconcelos de Oliveira Lima, Maristela de Fátima

Simplício de Santana, Daniel Duarte Pereira e Ricardo Pereira Veras.

Editora Epgraf, 2011, 209 páginas

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 33

Page 34: Revista CREA Bahia Edição 47

#ENTREVISTA

“PRECISAMOS PROMOVERuma mudança de cultura que valorize o pedestre”

Muitos acham que passeio é uma

continuidade da área de estacionamento

dos carros

Marcelo CorreaDiretor da Transalvador

Formado em Engenharia Civil e mestre em Engenharia de

Transporte pela Universidade de Brasília

Responsável por organizar o trânsito da terceira maior cidade do Brasil, o diretor da Transalvador Marcelo Correa sabe o tamanho da responsabilidade que tem pela frente. Formado em Engenharia

Civil e mestre em Engenharia de Transporte pela Universidade de Brasília, ele conta, em entrevista exclusiva, que os desafios são grandes, mas o maior deles não se refere ao trânsito e sim a uma

mudança de cultura da sociedade, que precisa estabelecer um outro tipo de relação com o espaço público. Na visão de Marcelo, quando a pessoa está na rua, ela deixa o espaço vivo, por isso é preciso valorizar o pedestre, garantindo sua circulação na cidade. Na entrevista ele também fala das novidades que estão previstas para o trânsito de Salvador e sobre o trabalho de engenharia de tráfego que sua equipe executa.

Foto: Adelmo Borges

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 201534

Page 35: Revista CREA Bahia Edição 47

PING-PONG

Qual o principal desafio de um enge-nheiro de tráfego em uma cidade como Salvador?

Não só em Salvador, mas em qual-quer cidade de médio e grande porte no Brasil, o grande desafio é garantir a circulação, o movimento. A nossa frota de automóveis cresceu enormemente nos últimos anos. Por exemplo, quando comecei na Transalvador há 15 anos, a capital tinha cerca de 250 mil veículos, hoje chega perto de 1 milhão e o sis-tema viário é quase o mesmo. Nosso desafio, portanto, é fazer a cidade ter mobilidade, mesmo com tantos veículos nas ruas.

Qual a avaliação que faz das mudanças na região do Iguatemi?

É bom esclarecer que, mesmo com a mudança no nome do shopping, ofi-cialmente aquela zona comercial con-tinua sendo denominada de Iguatemi. Naquela região foi feito um trabalho de engenharia de tráfego minucioso, visando melhorar a fluidez do trânsito. A Transalvador gastou em torno de 7 milhões de reais, entre obras e inves-

timentos em semaforização. Foram fei-tos pequenos alargamentos de vias, fechamento de retornos, construção de novos acessos, relocamento de redes elétricas e de telecomunicações. Além disso, novos tempos semafóricos foram criados para fazer com que a avenida trabalhasse de forma integrada e seus tempos otimizados, de acordo com o volume de tráfego existente.

Em um tipo de intervenção desse porte, quantas pessoas se envolvem no trabalho?

Primeiro alguns profissionais fizeram a contagem volumétrica de veículos nas principais vias da região. Essa contagem serviu para que fizéssemos a progra-mação dos semáforos. Posteriormente, executamos um trabalho de topografia, levantando o cadastro de toda a área. Finalmente, contamos com o trabalho dos técnicos e engenheiros de tráfego, que fizeram a elaboração dos projetos geométricos e programação semafó-rica. Cerca de 25 pessoas deram esse aporte, sendo que cinco engenheiros monitoraram todo o serviço.

E o metrô na Paralela, qual o impacto que a engenharia de trânsito está pre-vendo para a cidade?

A Transalvador tem tido conversas quase semanais com o pessoal da CCR Metrô Bahia, concessionária respon-sável pela construção e operação do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas. Participam também representantes das secretarias de Mobilidade e de Obras, visando pla-nejar as intervenções no trânsito que terão que acontecer devido à instalação do canteiro de obras das novas linhas do metrô. Algumas intervenções na região do Iguatemi, que é o coração da cidade, já começaram. O metrô vai ter uma ligação do Acesso Norte com a região do Iguatemi, que por sua vez vai abrigar uma estação para metrô e outra para BRT (cuja sigla em inglês significa Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus). Esses equipamentos serão construídos próximos à atual estação de ônibus do Iguatemi, perto da Rodoviária. A tendência é de que aquela estação, que fica no meio das duas vias exclusi-vas, se torne uma central administrativa

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#ENTREVISTA

do metrô. Será construída também uma estação em frente ao Detran, o que vai exigir grandes mudanças no tráfego daquela região. Estamos estudando formas de minimizar o impacto dessa obra no trânsito.

A implementação da quinta faixa na Avenida Paralela exigiu muitos estudos técnicos?

Foi um trabalho de engenharia de pro-jetos. A Transalvador, juntamente com uma equipe de consultores, fez uma série de análises sobre a geometria da via, a fim de avaliar se seria possível implantar uma quinta faixa sem alar-gamento físico da via. Fizemos então a mudança e conseguimos obter os resultados esperados, colocando aquela avenida próxima de sua capacidade

máxima. Melhoramos a fluidez, com um acréscimo de 20% no número de veícu-los/hora. Em 2014, inclusive, o número de acidentes na Paralela diminuiu.

A Transalvador utiliza softwares para esse trabalho de engenharia de tráfego?

Trabalhamos muito com as plantas bai-xas das regiões que vamos fazer alguma intervenção, mas também simulamos algumas situações por meio de software. Devido ao grande volume de trabalho, nem sempre conseguimos simular todas as situações, apenas as mais importantes. Boa parte das interven-ções no Iguatemi, por exemplo, foram simuladas. Por meio de um programa de computador projetamos como vai ficar a circulação, mas vale ressaltar que nem

sempre essa reprodução vai acontecer na prática, por isso vale muito a experi-ência e a capacidade técnica da equipe para antecipar possíveis problemas.

E as intervenções no centro da cidade, qual sua avaliação?

As intervenções mais importantes nes-sa área da cidade ainda nem começa-ram. Será criado um corredor de trans-porte chamado de Lapa-LIP (Ligação Iguatemi-Paralela), que vai interligar vários locais, entre eles o Terminal da França. Será feita uma melhoria na via exclusiva da Vasco da Gama, fazendo com que ela tenha sua geometria me-lhorada. No final da Vasco da Gama, esse corredor vai chegar até o Iguatemi pela Lucaia. Estamos trabalhando na conclusão desses projetos.

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Por meio de um programa de computador projetamos como

vai ficar a circulação de veículos

De onde vêm os recursos para os in-vestimentos no trânsito?

No começo de 2013, a Transalvador estava quase falida, devendo a mui-tos prestadores de serviço. Hoje todos os débitos foram pagos e já podemos contratar empresas nas áreas de sema-forização, confecção de placas, pintura de faixas e outros. Estamos agora exe-cutando diversas obras viárias, como a intervenção no Iguatemi, na Magalhães Neto e uma avenida em Cajazeiras. Esta última vai custar cerca de R$ 10 milhões.

Esses recursos são oriundos das multas e dos serviços públicos que prestamos, como os estacionamentos. Vale esclare-cer que as multas que cabem ao muni-cípio são vinculadas à circulação, como excesso de velocidade, estacionar em

cima do passeio ou em local irregular. Já o Detran arrecada as multas referentes a licenciamento e IPVA vencido.

Qual a grande mudança que o trânsito de Salvador vai sofrer nos próximos anos?

A grande mudança não será uma obra viária, mas de conceito. Temos uma so-ciedade que valoriza em excesso o direi-to de circulação do automóvel. Muitos acham que passeio é uma continuidade da área de estacionamento dos carros. Temos combatido radicalmente essa prática na cidade e vamos aumentar ainda mais a fiscalização. Passeio é para o pedestre. As mudanças que promove-mos na Barra é um exemplo disso. Lá tivemos a preocupação de valorizar a presença das pessoas nas vias, aumen-tando os passeios e diminuindo as áreas para veículos motorizados, além de di-minuir a velocidade permitida para os automóveis. É uma mudança de cultura,

de valorização dos pedestres. Vai ter ainda a segunda etapa da obra, que vai do Barra Center até o Clube Espanhol. Posteriormente terá a etapa de Ondina e depois Rio Vermelho. Nesses locais, as áreas destinas aos pedestres serão am-pliadas. Não se pode admitir que uma pessoa que queira fazer seu cooper, sua corrida, tenha que dividir espaço com os carros. Quando a pessoa está na rua, ela deixa o espaço vivo. Por isso acredito que essa valorização do pedestre seja a mais importante mudança viária da atual administração.

Fora isso, temos dois sistemas de trans-porte que começam a ser construídos na cidade, a linha dois do metrô, até o Iguatemi, uma obra já em andamento. Esperamos que, depois de concluída, muitas pessoas deixem seus carros em casa. E tem também o corredor Lapa-LIP, que deve começar a ser executado em 2016.

Próximas etapas do metrôDe acordo com informações da CCR Metrô Bahia, o sistema metroviário de Salvador e Lauro de Freitas vai operar com duas linhas, com um total de 32 km de extensão e 19 estações.

A Linha 1 do metrô de Salvador, com as estações Lapa, Campo da Pólvora, Brotas e Acesso Norte, foi inaugurada em junho de 2014. Em 25 de agosto, entrou em operação a Estação Retiro.

A Linha 2, que será construída, terá 19,4 km de via e 11 estações. O término da obra está previsto para abril de 2017. O primeiro trecho dessa linha, que vai da estação Acesso Norte, passando pela estação Detran e chegando à estação Rodoviária, com 2,2 km, deve ser entregue ainda em 2015. O segundo trecho da mesma linha, inclui quatro novas estações: Pernambués, Imbuí, CAB e Pituaçu.

O projeto prevê ainda a expansão da Linha 1, de Pirajá até Cajazeiras/Águas Claras e, da Linha 2, da Estação Aeroporto até o município de Lauro de Freitas.

Informações: CCR Metrô Bahia

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 37

Page 38: Revista CREA Bahia Edição 47

Alguns empresários contratam prestadoras de serviços e não se preocupam em conferir se os profissionais que vão executar o serviço estão registrados no Crea. Esta é uma das mais comuns irregularidades encontradas pelos fiscais do órgão em Camaçari, cuja jurisdição

inclui ainda os municípios de Dias D’Ávila, Mata de São João e São Sebastião do Passé.

Como a inspetoria está em Camaçari, visitas às empresas do Polo Industrial do município fazem parte da rotina dos fis-cais. Maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul, o polo tem empresas das áreas químicas, petroquímicas e de outros ramos de atividade como indús-tria automotiva, de celulose, metalurgia, têxtil, fertilizantes, bebidas e serviços.

Uma dessas inspeções, no mês de feve-reiro, foi a uma empresa de transportes do município. O gerente, Aparecido de Paula, disse que gostou da visita, pois

foi orientado sobre a necessidade de só contratar empresas e profissionais regularizados no Crea. “Sobretudo agora, que pretendemos obter a certificação ISO 14.000, é importante conhecer a legislação para poder cumpri-la.”

Antônio Castelar explica que a Inspetoria solicita às empresas, via ofício, a rela-ção de profissionais e companhias de engenharia que prestam serviço. De posse dessa lista, é possível verificar no sistema do Crea, antes da visita in loco, se existe alguma irregularidade. Mesmo que exista, a empresa (ou pessoa fí-sica) tem um prazo de dez dias úteis para se defender.

O Crea-BA tem convênio (de nº 079/2013) de mútua cooperação com a Prefeitura Municipal de Camaçari, que visa a realiza-ção de permuta de dados com o objetivo de prevenir e evitar o exercício irregular das profissões ligadas às engenharias.

APROXIMAÇÃO NECESSÁRIAInspetoria de Camaçari busca maior interação com os profissionais da região

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#UMA INSPETORIA PERTO DE VOCÊ

“Nós fazemos um trabalho de educação e prevenção, orientando os empresários para que eles cumpram a legislação e só contratem empresas registradas”, destaca o fiscal Antônio Castelar, que atua em Camaçari juntamente com os fiscais Marcos Xavier e Jorge Raimundo Conceição.

A Inspetoria de Camaçari, que obedece ao novo padrão visual do Conselho, tem como Inspetor-chefe Sandro Augusto e as colaboradoras Daniela Silva e Ione Ferreira, que atuam no atendimento.

As empresas do Polo Industrial de Camaçari fazem parte da rotina dos fiscais

CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 201538

Page 39: Revista CREA Bahia Edição 47

INSPETORIA DE CAMAÇARI

O fiscal Marcos Xavier lembra que as ações não são apenas nas indústrias, mas também em obras civis. “O Crea não pode embargar uma obra irregular, mas se identificarmos uma situação de risco, podemos acionar outros órgãos que têm essa prerrogativa, como o Ministério Público”, diz Xavier.

Trabalho de educaçãoPara o Inspetor-chefe Sandro Augusto, o desafio é modificar a visão dos profis-sionais em relação ao papel do Crea, pois muitos têm a imagem apenas de fiscali-zação e punição.

Como é professor de uma instituição de ensino em Camaçari, Sandro acredita que esse conhecimento dos técnicos que atuam nas empresas da cidade é importante para levar esses esclareci-mentos. Ele destaca que, nos últimos dez anos, pelo menos 1.300 profissio-nais que estão hoje no mercado foram seus alunos. “O objetivo é trazer esse contingente de profissionais formados pelas escolas anteriormente e os estu-

dantes atuais para perto do Conselho, mostrando que existimos para valorizar e fortalecer a profissão.”

Entre os objetivos do Inspetor está o de levar o Crea para as escolas técnicas e universidades para explicar a função do Conselho. “Essa maior consciência dos profissionais só vai fortalecer o nosso papel”, acredita.

Elogios à estruturaO atendimento na Inspetoria é elogiado por quem procura o serviço. É o caso do jovem Santos Oliveira Neto, 32 anos, téc-nico em inspeção de equipamentos. Ele foi à inspetoria para retirar a sua carteira para exercício profissional e diz que gostou do atendimento. “Foi tudo bem rápido e eficiente”, garante.

Outro que ficou satisfeito com a estru-tura da Inspetoria foi o engenheiro civil Wagner José Lins de Santana. Ele presta serviço a empresas de Camaçari e conta que, quando precisou do Crea, foi bem atendido. “Além do serviço ser ágil, depois da reforma as instalações ficaram ainda melhores”, afirma.

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NÚMERO DE PROFISSIONAIS REGISTRADOS DA REGIÃO DE CAMAÇARI: 3.792

NÚMERO DE EMPRESAS CADASTRADAS: 396

TOTAL DE ATENDIMENTOS PRESENCIAIS NO MÊS DE JANEIRO: 821

ABRANGÊNCIA: Abrantes, Açu da Torre, Amado Bahia, Areias, Arembepe, Barra do Jacuípe, Buris de Abrantes, Candeias, Canto do Sol,Caroba, Catu de Abrantes , Cinco Rios, Dias D’ávila, Guagirus, Guarajuba, Ilha de Bom Jesus dos Passos, Ilha de Maré (Salvador),Ilha dos Frades, Itacimirim, Jacuípe, Jauá, Lamarão do Passe, Madeira, Madre de Deus, Mata de São João, Mataripe, Menino Jesus, Monte Gordo, Parafuso, Passagem dos Teixeiras, Passé, Porto Sauípe, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé e Simões Filho.

ENDEREÇO: Av. Radial A, nº 67, Centro, Edifício Empresarial Pacific Center, salas Q e R, 1º andar. CEP: 42.807-000. Tel.: 71 3621-1456 / 3040-5871. E-mail: [email protected]

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O técnico Santos Oliveira Neto foi à inspetoria de Camaçari e gostou do atendimento

Page 40: Revista CREA Bahia Edição 47

#MAIS INCENTIVO PARA A INOVAÇÃO

É por esta razão que, no final de fe-vereiro deste ano, foi promulgada pelo Congresso Nacional, a Emenda Constitucional n.85/2015, que insere no texto da Constituição Brasileira a obrigatoriedade para estados e mu-nicípios, além da própria União, de fo-mentar o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. Para tan-to, poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, mediante contrapartida financeira ou não financeira. De modo concreto, o que se criou foi uma maneira de dar maior segurança financeira para as empresas investirem em inovação.

Na esfera do governo estadual, o secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação, Manoel Gomes de Mendonça Neto, revela que a Fapesb (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia), órgão ligado à Secti (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação), tem um recurso anual de R$ 100 milhões destinados a fomentar a inovação, que é associado a outras fontes de fomento, como CNPq, Finep, somando um total de R$ 150 milhões por ano. “Mas esse montante não retrata tudo o que é investido em inovação. Há investimentos acontecendo em outras áreas no estado”, ressalta.

Inovando a gestão públicaNa Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), está sendo estruturado o projeto de informatização da sua rede – do posto de saúde ao gabinete do secretário, pas-sando por toda a rede própria e conveniada –, com várias dimensões de inovação que consumirão, ao longo de dois anos, R$ 100 milhões em investimentos. Com a iniciativa, a Sesab modernizará todos os processos de gestão nas unidades de saúde, o que eliminará, por exemplo, prontuários físicos e processos manuais de faturamento e recebimento. O objetivo é tornar, futuramente, a gestão da secre-taria e das unidades de saúde 100% online.

Foto: Edson Ruiz

EMENDA CONSTITUCIONALapoia a pesquisa e a capacitação científica e tecnológica

Imagine a vida no futuro. Assim como o celular evoluiu, nada mais em seu mundo terá apenas uma função única e básica. A pia da sua casa não será somente o local onde se lava a louça – terá um componente para dizer o quanto você está gastando de água. Importante, nesses tempos de escassez. O ventilador, além de te dar conforto nos dias quentes, vai lançar um alerta se o consumo

de energia ultrapassar o aceitável. A inteligência, incorporada aos itens citados ou a outros que usamos em nosso dia a dia, certamente é (ou será) resultado de um investimento em inovação. E todas essas ideias podem virar realidade onde há incentivo para inovar.

Ramiro Oliveira, gerente Documental da Egba

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INOVAÇÃO

E para incentivar o desenvolvimento de ações relacionadas à criatividade, pro-dutividade, eficiência, economicidade e melhora da qualidade do serviço públi-co, será criado um Prêmio de Inovação na área de Saúde, visando premiar as melhores iniciativas.

Na área administrativa o governo es-tadual também está buscando inovar. Com 186 mil servidores ativos, a má-quina pública tem o histórico de todos eles, onde constam suas informações cadastrais, de matrícula, cursos reali-zados ao longo da carreira, atestados de exames periódicos, promoções etc. Tudo registrado em prontuários de papel, guardados em pastas, em es-tantes, em diversos pontos do estado, ou em informação publicada no Diário Oficial do Estado.

Para proporcionar as condições necessá-rias de acessar de forma rápida e segura, foi elaborado o Projeto RH-Bahia, uma inovação da Secretaria da Administração do Estado da Bahia (Saeb), junto à Companhia de Processamento de Dados da Bahia (Prodeb), na área de Gestão da Informação. Dentro dele, foi criado o pro-jeto Histórico Funcional, que está sendo executado pela Gerência Documental

da Empresa Gráfica da Bahia (Egba), desde maio de 2014, com previsão de conclusão até maio de 2016.

O projeto Histórico Funcional, que ab-sorve um total de R$ 15,3 milhões de investimento da Saeb, tem o objetivo de levantar todas as informações vei-culadas no Diário Oficial do Estado e em prontuários dos últimos 33 anos, rela-cionadas com cada um dos servidores do Estado na ativa. À Egba cabe, além de fazer esse levantamento, digitar, verificar e lançar as informações em um banco de dados que será entregue à secretaria. “É um projeto novo, que vai permitir o mapeamento em segun-dos da vida funcional das pessoas que atuam no Estado. Vai ser bom para o funcionário, que terá a segurança da informação acessada de forma rápida, e para órgãos, empresas, autarquias e outras instituições públicas da admi-nistração direta e indireta, que poderão melhorar os processos de gestão das carreiras”, diz Ramiro Oliveira, gerente Documental da Egba.

O Parque Tecnológico da Bahia, centro de convergência do sistema estadual de inovação, onde atuam juntos po-der público, comunidade acadêmica e

setor empresarial, tem hoje perto de 40 empresas, das quais 20 são novas empresas nascentes de cunho tecnoló-gico (startups). “O Parque Tecnológico tem contribuído em duas dimensões principais: a criação no estado de um sistema no qual as pessoas que lidam com inovação podem interagir e a ge-ração de emprego e receita, para que haja um modo contínuo de inovação, com criação de novas empresas,” disse o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado.

No parque está instalado o Tecnocentro, prédio projetado para abrigar empre-sas de Tecnologias da Comunicação e Informação, voltado a desenvol-ver pesquisa em bioinformática, biosensores e desenvolvimento de softwares, além de área para fomentar exclusivamente empreendimentos inovadores por meio da incubadora de empresas. Há ainda previsão de instalação de novos prédios no local para abrigar instituições com perfil tecnológico, a exemplo do Instituto Federal da Bahia (Ifba) e da Ufba. “Nossa perspectiva é que em dois, três anos nós tenhamos quatro a cinco prédios na região”, destacou.

Foto: Edson Ruiz

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CREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 41O Tecnocentro foi projetado para abrigar empresas de Tecnologias da Comunicação e Informação voltadas para o desenvolvimento de pesquisas

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#MAIS INCENTIVO PARA A INOVAÇÃO

O lançamento aconteceu no dia 20 de março, na Escola Politécnica da Ufba, com a participação do chefe de gabinete do Crea-BA, engenheiro químico Herbert Oliveira; da diretora da Escola Politécnica da Ufba, Tatiane Dumet; do professor e membro da ABL, Guilherme Raddel;

Contribuir para a formação de profissionais inovadores oriundos dos cursos superiores da área tecnológica do Estado da Bahia. Este é um dos objetivos do Prêmio Arlindo Fragoso de Tecnologia e Inovação – Edição 2015, uma iniciativa do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) e o Instituto Politécnico da Bahia (IPB), com o apoio o apoio da Secretaria

de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), Sebrae e Senai.

do presidente do IPB, professor Caiuby Alves; do historiador e membro da Academia de Letras da Bahia, Francisco Senna, entre outras autoridades.

Na oportunidade, o chefe de gabine-te do Crea-BA apresentou o prêmio e Guilherme Raddel abordou o legado do engenheiro Arlindo Fragoso, res-ponsável por obras importantes na cidade, como como a Avenida Sete de Setembro, a modernização da Cidade Baixa e a ampliação do Porto de Salvador, entre outras.

Crea-BA e Instituto Politécnico lançam prêmio de inovaçãoObjetivo é estimular a busca por novos conhecimentos entre os estudantes de cursos superiores

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Fotos: Sergio Isensee

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CRONOGRAMA DO CONCURSOPeríodo de inscrições23/03/15 a 30/05/15

Pré-seleção 1 a 30/06/15

Divulgação dos 20 projetos melhor classificados – 6/07/15.

Dia do Desafio do Empreendedorismo para os alunos e professores orientadores das 20 equi-pes melhor classificadas e apresentações de institui-ções envolvidas com a dis-seminação do espírito em-preendedor – 6 a 16/07/15 (data será divulgada oportunamente).

Entrega da documentação complementar dos projetos pré-selecionados 16/07 a 28/08/15

Seleção intermediária – 08/09 a 23/10/15

Divulgação dos 10 trabalhos melhor classificados – 30/10/15

Entrega da documentação definitiva para a seleção final – 2 a 13/11/15

Produção dos vídeos dos 10 trabalhos melhor classi-ficados –16/11 a 4/12/15

Seleção final 16/11 a 4/12/15

Divulgação dos trabalhos premiados e entrega da premiação – 11/12/15 (Dia do Engenheiro)

COMO PARTICIPARTodos os membros da equipe proponente deverão preencher a Ficha de Inscrição disponível no website do Crea (http://www.creaba.org.br/PremioArlindoFragoso_2015), imprimi-la, assiná-la e enviá-la, juntamente com os demais documentos exigidos e descritos no site. As dúvidas a respeito do edital e da participação no prêmio deverão ser encaminhadas para o endereço de e-mail [email protected].

INOVAÇÃO

A divulgação do prêmio está sendo feita também nas instituições de ensino da Bahia pelo Crea-BA, que já promoveu palestras na Unijorge, Uneb, Senai-Cimatec e UCSal. A intenção é continuar esse trabalho até o final do ano, quando serão entregues os prêmios aos melhores trabalhos.

De acordo com as regras do edital, as propostas a serem apresentadas deverão conter “pelo menos uma ideia, produto, serviço, processo, método ou sistema que seja novo ou substancialmente melhorado em relação aos demais já existentes no mercado”.

Os temas que podem ser inscritos no prêmio: energia, saneamento básico, construção civil, segurança pública, mobilidade urbana, produção agrícola e produção mineral.

A participação no concurso deverá ser em equi-pes de até três alunos de curso superior da área tecnológica, sendo possível a participação de, no máximo, mais dois alunos de cursos de outras áreas de conhecimento, sendo obrigatória a inscrição conjunta de um orientador professor pertencente ao quadro de uma Instituição de Ensino Superior pública ou privada da Bahia.

Os alunos dos dez projetos classificados para a seleção final receberão o Certificado de Atividades Acadêmicas Relevantes emitido pelo Programa Crea Jr. BA e o professor receberá o Certificado de Orientação.

Como forma de garantir a materialização dos projetos selecionados, para cada equipe pre-miada será disponibilizada:

a) Consultoria específica para a proteção da propriedade industrial;

b) Coaching nas áreas de gestão, inovação e em-preendedorismo, para viabilização do negócio decorrente do projeto;

c) Apoio financeiro para viabilização das ativi-dades iniciais do projeto, nos valores a seguir, conforme a sua colocação:

• 1º colocado – R$ 10 mil;

• 2º colocado – R$ 5 mil;

• 3º colocado – R$ 3 mil.

Mais informações, no site do Crea-BA:

http://www.creaba.org.brCREA, Salvador, BA, v.14, n.47, primeiro trimestre de 2015 43

Fotos: Sergio Isensee

Caiuby Alves,presidente do IPB

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#MAIS INCENTIVO PARA A INOVAÇÃO

O apoio do Parque Tecnológico foi fundamental para a criação e lançamento de um produto

inovador, muito interessante para o micro e pequeno empresário. Trata-se do aplicativo batizado de Meu Soft MEI, da microempresa Dossiê Digital, um laboratório de tecnologia dedicado a criar inovações para seus clientes. O MEI (Micro Empreendedor Individual) é o primeiro produto criado pela em-presa que a própria está colocando à venda no mercado. “Conseguimos dois financiamentos, da Fapesb e da Finep. Podemos dizer que encontramos um ambiente propício para a inovação,” revela Sebastião Cartaxo, 60 anos, de-senvolvedor da área de Tecnologia da Informação da Dossiê Digital.

O aplicativo, que consumiu mais de R$ 1,5 milhão, em recursos próprios e de financiamentos, foi criado basicamente para ajudar pequenos prestadores de serviço, como carpinteiros, pintores, vidraceiros e outros, a fazerem uma gestão eficiente do negócio. “O objeti-

vo é levar ao pequeno empreendedor o que as grandes empresas já usam para organizar seus negócios. É fácil de usar e tem um custo baixo – R$ 49, a anuidade.” Permitir gerar o Imposto de Renda da empresa, na avaliação de Cartaxo, é o que atrai mais os clientes do MEI, embora agregue outros módulos de organização do trabalho.

Outro atrativo do produto é a integração com o WhatsApp, o que permite ao pres-tador de serviço montar o orçamento e enviá-lo pelo celular, bem como receber a sua aprovação, ainda estando fora do

seu escritório. Depois, basta acessar o micro para checar a organização do negócio. E tudo que é realizado, fica dis-ponível aos sócios, simultaneamente.

A Dossiê Digital integra o parque desde maio de 2013. No momento, está em fase de teste do produto com 90 pes-soas de estabelecimentos no bairro de Mussurunga e mais de 800 pessoas que já baixaram o aplicativo a partir do smartphone. “É um começo promissor”, destaca Cartaxo. É possível encontrar o MEI no site meusoft.com.br e, pelo smartphone,  no Google Play.

Empresa baiana cria software que facilita a gestão

Sebastião Cartaxo, desenvolvedor da área de Tecnologia da Informação da Dossiê Digital

O objetivo é levar ao pequeno empreendedor o que as

grandes empresas já usam para organizar seus negócios

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Flávio Marinho, gerente da Incubadora e Aceleradora do Senai-BA e coordenador do laboratório.

Laboratório aberto segue o conceito do “faça você mesmo”Na iniciativa privada, o Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-BA) é destaque

entre as instituições baianas na promo-ção da inovação e uma das mais recen-tes ações, nesse sentido, foi a adesão ao conceito do Laboratório Aberto, iniciati-va inserida no Programa SibratecShop, ferramenta do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Além de abrir as portas para mais pes-soas testarem suas ideias, promoven-do o surgimento de novos produtos, o laboratório, em si, já é uma inovação.

Com previsão ser inaugurado no Senai Bahia em maio, o Laboratório Aberto abriga no momento cinco projetos em fase piloto. Até a inauguração, deve ha-ver o dobro de projetos atuando no local. Trata-se de um espaço aberto ao público,

onde os interessados – qualquer um com capacidade de manusear os equipamen-tos para seu invento – poderão utilizar o serviço para desenvolvimento de suas ideias, seguindo o conceito “faça você mesmo”. O sistema também estimula a interação entre os usuários, para que possam trabalhar em soluções conjun-tas, fortalecendo as bases tecnológicas e visando fomentar o empreendedorismo baseado em inovação.

Uma vocação nata do espaço é servir à prototipagem (fabricação de protóti-pos), atrativo a empreendedores, pes-soas com hobby, artistas, etc. “Nossa intenção é que os inventores liberem suas garagens, ‘quartinhos’ de casa e usem os nossos equipamentos, que são de primeira linha”, diz Flávio Marinho, gerente da Incubadora e Aceleradora do Senai-BA e coordenador do laboratório.

É bastante simples participar da inicia-tiva: o interessado só precisa fazer uma matrícula e pagar um valor mensal, que é simbólico. Depois disso, o associado é avaliado pelas suas habilidades de usar os equipamentos que precisa. Mas o Senai-BA oferece capacitações para quem ne-cessita adquirir essas habilidades.

Marinho explica que o usuário do labo-ratório não precisa necessariamente empreender após as fases de testes do seu produto. No entanto, se essa for sua intenção, é apresentado a modelos de negócio e há uma integração com o Programa SibratecShop, do qual o Senai e o Sebrae são parceiros. “Embora não haja restrição para a absorção de pro-jetos, nossa expectativa é fomentar o empreendedorismo tecnológico”, diz Marinho. Por enquanto não há defini-ção do valor máximo de cada projeto.

INOVAÇÃO

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Em meio a esses sinais, especialistas do setor têm-se dividido entre aqueles que acham que o melhor caminho seria uma redução voluntária da ordem de 5% no consumo de energia para evitar, no futuro, repetição do que ocorreu em 2001, e aqueles que acham que não há ainda grandes riscos de racionamento, já que as termoelétricas construídas, após a crise energética do começo des-te século, garantem o atendimento à demanda nacional.

No entender da ex-conselheira do Crea-BA e professora do curso de engenharia de energias da Universidade de Brasília

(UNB), engenheira eletricista Cristina Silveira, não há ainda uma grande preo-cupação com o racionamento. “Nem de longe, vivemos o ambiente de deses-pero de 2001, quando o país foi pego desprevenido sem nenhuma alterna-tiva”, avalia. Para o professor e presi-dente do Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro eletricista Caiuby Alves da Costa, como o Brasil investiu muito em termoelétricas de 2001 para cá, sua disponibilidade energética é grande. “Além disso, no ritmo de crescimento vivido hoje pelo país, o risco é muito pequeno”, observa.

#CRISE HÍDRICA E ABASTECIMENTO Foto: Manu Dias Gov-BA

SINAL DE ALERTARisco de racionamento energético divide opiniões

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João Suassuna, pesquisador titular da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife

Com os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste – responsáveis pela geração de 70% da energia consumida no país –, com 23,91% da sua capacidade máxima, em março deste ano, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o sinal de alerta em direção a um eventual racionamento continua aceso. No mesmo mês, a vazão do lago de Sobradinho completou

dois anos com 1.100 m3/s, abaixo do mínimo de 1.300 m3/s, e o governo federal planeja reduzir para 1.000 m3/s.

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Para o pesquisador titular da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, João Suassuna, a eminência de crise ener-gética no país repete o padrão de fal-ta de planejamento no setor. No seu entender, a insistência em se manter uma matriz de geração de energia prio-ritariamente hidroelétrica – cerca de 80% da energia gerada no país vêm de hidroelétricas – levará o país ocasional-mente à crise a partir do descompas-so nas chuvas, como os registrados de 2013 para cá. “É preciso que haja uma ampliação da nossa matriz energética, com a entrada de outras fontes e for-mas de energia, incluindo as energias limpas, a exemplo da eólica, solar e da biomassa”, observa Suassuna.

Professor Caiuby avalia que a energia fotovoltaica será “sempre algo apenas complementar”, enquanto a energia eólica poderá se tornar uma alterna-tiva concreta. “Porém, há muito chão pela frente. Hoje, existe uma série de impedimentos legais, ambientais e de ausência de efetivo planejamento que ajudam a postergar a entrada em cena dessas soluções”, afirma. Muitos dos parques eólicos instalados no país ainda não estão contribuindo para o sistema elétrico brasileiro.

Um exemplo é o parque da Renova Energia, espalhado pelos municípios baianos de Caitité, Guanambi e Igaporã, considerado um dos maiores comple-xos eólicos da América Latina. Pronto desde julho de 2012, estima-se que sua energia poderia abastecer uma cidade com 3 milhões de habitantes. Até hoje nenhuma residência baiana foi benefi-ciada por ele. As linhas de transmissão responsáveis por levar sua energia até o consumidor final ainda não foram construídas. “Há muita pesquisa, mui-to projeto, mas interligado mesmo ao sistema só as termoelétricas”, observa professora Cristina Silveira.

Por outro lado, como o nível dos reserva-tórios está baixo, o sistema elétrico tem operado no limite, forçando o governo a usar com mais frequência as terme-létricas, que costumam ser acionadas apenas sazonalmente, por serem mais caras e poluentes. O peso da geração

ABASTECIMENTO

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Atérmica no setor elétrico praticamente quadruplicou em dois anos. Em 2011, as terme-létricas geraram 4,5% da energia consumida no país, e em 2013, 16,3%. Em dezembro de 2014, período em que a demanda aumentou devido ao início do verão e à estiagem prolongada, a cifra chegou a 30,13%.  

Antes tida como “energia de suporte”, está se tornando uma energia de base, por razão da queda dos reservatórios em decorrência das mudanças climáticas, uso do solo e mau planejamento da matriz. E isso está pesando no bolso do consumidor. Segundo dados do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), o custo da energia proveniente das usinas hidrelétricas e eólicas é de cerca de R$ 100 por megawatt-hora (MWh), enquanto, nas termelétricas, o valor ultrapassa os R$ 800 por MWh.

Se isso se prolongar, haverá a adição de mais um aspecto negativo ao já pesado Custo Brasil. “Como a energia das termoelétricas tem um custo mais alto, as empresas intensi-vas em energia elétrica (fabricantes de alumínio, cobre etc.) perderão a competitividade caso a tarifa ultrapasse determinado patamar”, avalia professor Caiuby.

Segundo João Suassuna, no caso específico do Nordeste, o rio São Francisco é respon-sável por mais de 95% da energia que é gerada na região. Gera anualmente cerca de 50 milhões de MWh. Com essas características e com o crescimento atual da demanda elétrica estimada em 6% ao ano, bem acima da média nacional, prevê-se para o setor elétrico a necessidade de dobrar a geração de energia no Nordeste para satisfazer a demanda da região. “Ou seja, em 2017, teremos que produzir, necessariamente, cerca de 100 milhões de MWh”, conclui.

Bahia não corre risco de ficar sem águaEnquanto São Paulo enfrenta o racionamento de água, na Bahia, a falta de chuvas ainda não chegou a afetar o abastecimento humano, nem há, no horizonte, risco iminente de enfrentar uma situação de crise hídrica equivalente à que vem ocorrendo no Sudeste do país. As principais barragens utilizadas pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) estão em nível satisfatório para o período. A avaliação é do presidente da com-panhia, o engenheiro civil Abelardo de Oliveira Filho, especialista em engenharia sanitária.

Segundo ele, os principais reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Salvador estão com nível dentro do previsto para esta época do ano. A barragem Joanes I está com 99% de sua capacidade máxima de acumulação; Joanes II está com 71%; Santa Helena está com 90%; Ipitanga I está com 83%; Ipitanga II tem 56%; enquanto Pedra do Cavalo está com 69% da capacidade total. “Em todo o estado, o quadro geral das principais barragens usadas pela Embasa, no momento, é de tranquilidade, embora existam situações localizadas que exigem maior atenção”, avalia Abelardo.

Dos 364 municípios baianos onde a Embasa atua, apenas Caetité encontra-se em situ-ação de racionamento, em razão da redução da disponibilidade de água nos mananciais locais. Como medida emergencial, a Embasa passou a captar água a partir de poços e o abastecimento atende, hoje, a 71% da demanda, através de calendário de distribuição divulgado na região. A solução definitiva ocorrerá com a entrada em operação da segunda etapa da adutora do Algodão, que abastecerá o município com água do Rio São Francisco. A obra está com 83,9% da sua estrutura prevista montada.

Barragem de Pedras Altas

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Page 48: Revista CREA Bahia Edição 47

#INSPETORIAS DO CREA-BA

ALAGOINHAS

Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping – Centro. CEP: 48030-03075 [email protected](a): Eng. Agrônomo Luiz Cláudio Ramos Cardoso

BARREIRAS

Rua Maria Mendes Ferreira, nº21, Sandra Regina. CEP: 47.802-02277 3611-2720/[email protected](a): Eng. Agrônomo Nailton Sousa Almeida

BOM JESUS DA LAPA

Rua Flamengo, nº 300 – Amaralina77 [email protected] (a): Eng. Civil Fábio Lúcio Lustosa de Almeida

BRUMADO

Praça Coronel Zeca Leite, 460, Centro.77 [email protected]: Eng. Civil André Luís Dias Cardoso

CAMAÇARI

Av. Radial A, nº 67,Centro, Edfício Empresarial Pacific Center, salas Q e R, 1º andar. CEP: 42.807-00071 3621-1456 / [email protected](a): Analista de Sistemas e Eletrotécnico Sandro Augusto Vieira da Silva

CRUZ DAS ALMAS

Rua J. B. da Fonseca, nº 137, Centro.75 [email protected](a): Eng. Civil Luís Carlos Mendes Santos

EUNÁPOLIS

Rua Castro Alves, 374, Sala 02 e 03. CEP: 45820-35073 [email protected](a): Eng. Civil Ezequiel Eliahu Mizrahi

FEIRA DE SANTANA

Rua Prof. Geminiano Costa, 198, Centro. CEP: 44001-12075 [email protected](a): Eng. Civil Diógenes Oliveira Senna

GUANAMBI

Av. Presidente Castelo Branco, 495 – Aeroporto Velho. CEP: [email protected](a): Eng. Agrimensor Wellington Donato de Carvalho

ILHÉUS

Rua Conselheiro Dantas, 81 - Centro. CEP: 45653-36073 [email protected](a): Eng. Civil Gilvam Coelho Porto Júnior

IRECÊ

Avenida Tertuliano Cambuí, n° 350, Centro. CEP: 44.900-00074 3641-3708/[email protected](a): Eng. Agrônomo Marcelo Dourado Loula

ITABERABA

Praça Flávio Silvany , 130, sala 15, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas - Centro. CEP: 46880-00075 [email protected](a): Eng. Civil Vanderlino de Oliveira Moura Júnior

ITABUNA

Rua Nações Unidas, 625, Térreo. CEP: 45600-67373 3211-9343 Fax: [email protected](a): Eng. Civil Manoel Ramos Filho

JACOBINA

Rua Duque de Caxias, 400A – Estação. CEP: 44.700-000Tel: (74) [email protected](a): Eng. Agrônomo Ernani Macedo Pedreira

JEQUIÉ

Rua Frederico Costa, 61 - Centro.CEP: 4520363073 [email protected](a): Eng. Civil Deusdete Souza Brito

JUAZEIRO

Rua XV de Novembro, 56 - Centro.CEP: 48.905-09074 3611-3303/[email protected](a): Eng. Agrônomo Luciano César Dias Miranda

LAURO DE FREITAS

Av. Brigadeiro Mário Epighaus, 78, Ed. Busines Center, sala 115 - Condomínio Porto 3 - Centro71 [email protected](a): Téc. em Seg. do Trabalho Frederico Luís Almeida de Souza

LUIS EDUARDO MAGALHÃES

Av. JK, nº 1973, Qd. 91, Lote 1, Salas 1 e 3 - Centro. CEP: 47850-00077 [email protected](a): Eng. Agrônomo Paulo Roberto Gouveia

PAULO AFONSO

Rua Carlos Berenhauser, 322 Térreo, Alves de Souza. CEP: 48608-08075 [email protected]: Eng. Civil Sérgio Paulo Brandão Pinheiro Júnior

RIBEIRA DO POMBAL

Av. Dep. Antônio Brito, 132 - Centro. CEP: 48.400-000

75 [email protected](a): Eng. Civil Jone Souza Santos

SANTA MARIA DA VITÓRIA

Rua 06 de outubro, S/Nº, Centro.CEP: 47.640-00077 3483-109077 [email protected](a): Eng. Civil José Oliveira Silva

SANTO ANTÔNIO DE JESUS

Av. Roberto Santos, 88, Ed. Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104. CEP: 44570-00075 3631-440475 [email protected](a): Eng. Eletricista Leonel Pereira dos Reis Neto

SEABRA

Rua Jacob Guanaes, 565. CEP: 46900-00075 [email protected](a): Eng. Civil Francisco Antonio Brito Santana

TEIXEIRA DE FREITAS

Av. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Centro.Edificio Esmeralda - Salas 203, 204 e 205. CEP: 45995-00673 3291-3647/[email protected](a): Eng. Eletricista Agnaldo Conceição Gomes Alves

VALENÇA

Rua Dr. Heitor Guedes de Melo, nº 111, Ed. Argeu Farias Passos, Centro. CEP: 45400-00075 [email protected]: Engª Sanitarista e Ambiental Márcia Cristina Alves do Lago

VITÓRIA DA CONQUISTA

Avenida Otávio Santos, 722 – Recreio. CEP: 45.020-75077 3422-156977 [email protected](a): Eng. Civil Alexandre José Pedral Sampaio

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