Revista Bancári@s - Abril

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DIA DO TRABALHADOR Por que é tão difícil ter um ambiente humanizado no trabalho? MEMÓRIAS DA LUTA Sindicato comemora 67 anos WORKAHOLIC Quando o trabalho adoece SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE CURITIBA E REGIÃO • ABRIL DE 2009 • Nº 35 • ANO VlI ISSN 1981-0237 5

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Revista editada pelo Sindicato dos Bancários e Curitiba e região.

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DIA DO TRABALHADORPor que é tão difícil ter um ambiente humanizado no trabalho?

MEMÓRIAS DA LUTASindicato comemora 67 anos

WORKAHOLICQuando o trabalho adoece

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE CURITIBA E REGIÃO • ABRIL DE 2009 • Nº 35 • ANO VlI

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PresidênciaOtávio Dias – Bradesco([email protected])

Secretaria GeralCarlos Alberto Kanak - HSBC([email protected])

Secretaria de FinançasAntonio Luiz Fermino - Caixa ([email protected])

Secretaria de Organização e Suporte AdministrativoMarco Aurélio Vargas Cruz – HSBC([email protected])

Secretaria de Imprensa e ComunicaçãoSonia Regina Sperandio Boz - Caixa([email protected])

Secretaria de Formação Sindical Marcio Mauri Kieller Gonçalves – Itaú([email protected])

Secretaria de Igualdade e da DiversidadeDenívia Lima Barreto – HSBC([email protected])

Secretaria de Assuntos Jurídicos Coletivos e Individuais

Secretaria de Saúde e Condições de TrabalhoAdemir Vidolin - Bradesco([email protected])

Secretaria de Políticas Sindicais e Movimentos SociaisAndré Castelo Branco Machado - Banco do Brasil([email protected])

Secretaria de Cultura Herman Felix da Silva - Caixa([email protected])

Secretaria de Mobilização e Organização da BaseJúnior César Dias - Unibanco([email protected])

Secretaria de Assuntos de PolíticasSociais e estudos Sócio-EconômicosPablo Sérgio Mereles Ruiz Diaz - Banco do Brasil([email protected])

Secretaria de Assuntos das Demais Categorias do Ramo FinanceiroMargarete Segalla Mendes - HSBC([email protected])

Marisa Stedile – Itaú([email protected])

DIRETORIA GERAL

CONSELHO FISCAL

Rua Vicente Machado, 18 - 8º andar, CEP 80420-010 • Fone (41) 3015-0523 Presidente: Otávio Dias ([email protected]) Secretária de Imprensa: Sonia Boz ([email protected]) Jornalista Responsável: Patrícia Meyer (5291/PR) Colaboração: Fábio Souza e Renata Ortega • Diagramação: Mainardes.com Impressão: Maxigráfica • Tiragem: 7.500 mil • ISSN 1981-0237

As matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores.

DIRETORIA EXECUTIVA

Alessandro Greco Garcia - Banco do Brasil

Ana Luiza Smolka - Banco do Brasil

Ana Maria Marques - Itaú

Anselmo Vitelbe Farias - Unibanco

Audrea Louback - HSBC

Carl Friedrich Netto - Banco do Brasil

Carla Francielle Faust - HSBC

Claudi Ayres Naizer

Edson Correia Capinski - HSBC

Edna do Rocio Andreiu - HSBC

Elize Maria Brasil - HSBC

Erie Éden Zimmermann - Caixa

Eustáquio Moreira dos Santos - Itaú

Genésio Cardoso - Caixa

Genivaldo Aparecido Moreira - HSBC

Hamilton Heffo - HSBC

Ilze Maria Grossl - HSBC

Jefferson Tramontini - Caixa

João Batista Melo Cavalcante - Caixa

Jorge Antonio de Lima - HSBC

José Carlos Vieira de Jesus - HSBC

José Florêncio Ferreira Bambil – Banco do Brasil

Karin Tavares - Santander

Karla Cristiane Huning - Bradesco

Kelson Morais Matos - Bradesco

Leonardo André de Araújo - Caixa

Lílian de Cássia Graboski – ABN/Real

Luceli Paranhos Santana - Itaú

Maeve Luciane Vicari - Bank Boston

Salete Aparecida Santos Mendonça Teixeira - Caixa

Sidney Sato - Itaú

Ubiratan Pedroso - HSBC

Valdir Lau da Silva - HSBC

Vanderleia de Paula - HSBC

- HSBC

FILIADO À

Efetivos

Luiz Augusto Bortoletto - HSBC

Ivanício Luiz de Almeida - Itaú

Denise Ponestke de Araújo - Caixa

Suplentes

Deonísio Schimidt - HSBC

Tania Dalmau Leyva - Banco do Brasil

Bras Heleison Pens - Itaú

Secretário de Esportes e LazerSelio de Souza Germano – Itaú([email protected])

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Revista Bancári@s:Edição 35Abril de 2009Capa: Arnaldo Luiz da CruzImpressão: Maxigráfica

ISSN 1981-0237

ÍNDICE

Dia do Trabalhador

Vida Sindical

5

12

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16

17

Jurídico

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20

Qualidade de vida

Aconteceu 23Espaço do Leitor e Recomendamos

Memórias da Luta

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Bancos

Formação

Opinião

22

Cidadania

14

Cultura

Bancários não tolerarão demissões decorrentes de fusões. Eventos da Caixa e BB debatem demandas dos trabalhadores. Enquanto Bradesco é um dos piores para se trabalhar, no HSBC impera clima de instabilidade

Curitiba participa de ato contra crise e programa de TV avalia seus impactos em busca de alternativas. Petroleiros fazem greve por melhores condições de trabalho

A economista Denise Gentil dialoga sobre o sistema previdenciário e a reforma tributária do Governo Lula

Bancos não se dão conta de que a produtividade no ambiente profissional está diretamente relacionada ao bem-estar do trabalhador

Ciente da importância da prática esportiva, Sindicato promove atividade de cicloturismo

Cooperativismo como alternativa de crédito

Rotina exaustiva e pressões psicológicas contribuempara o adoecimento do trabalhador

Assessoria esclarece dúvidas jurídicas. Saiba mais sobre benefício acidentário e direitos ao plano de saúde

Conheça a cantora e compositora paranaense Rosy Greca

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O 2º Congresso da Contraf/CUT, realizado nos dias 14 a 16 de abril, elegeu a nova diretoria da confederação. Na presidência, Carlos Cordeiro, bancário do Itaú. O Paraná estará representado pelo ex-banestadense Roberto Von Der Osten, secretário de finanças da entidade.

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A Direção

Pela união dos trabalhadoresA edição 35 da revista Bancári@s

registra alguns acontecimentos históricos para a categoria bancária e lança importantes desafios para o futuro. Buscando dar passos firmes, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região está divulgando amplamente uma campanha de incentivo à sindicalização.

Em uma análise ingênua, parece que a entidade pretende simplesmen-te aumentar sua receita, assegurando a saúde financeira que lhe é caracte-rística desde 2002. Mas não. A campanha de sindicalização mostra aos bancários todos os benefícios que eles podem usufruir através das sedes e dos serviços prestados pela entidade. Muitos ainda desconhecem estas vantagens. A mais recente delas você conhece neste exato momento, em que recebeu a revista em sua residência. Mais do que isso, a campanha é necessária para consci-entizar politicamente os trabalhado-res bancários de que a união é a única maneira de garantir a vigência da mais

completa Convenção Coletiva do Trabalho dentre todas as categorias profissionais. Cada um dos direitos presentes na Convenção é resultante da organização e da mobilização dos trabalhadores, por isso, o lema “Nenhum herói lutou sozinho. Junte-se a nós. Sindicalize-se! ”.

Voltando-se agora para a história, o lançamento da campanha de sindicaliza-ção ocorreu no dia 30 de março, quando esta entidade comemorou 67 anos de lutas. Inicia-se em 2009 uma contagem regressiva para as sete décadas de existência do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, que será marcada por um resgate histórico que irá resultar na produção de um livro e de um DVD.

Importantes eventos também são temas das reportagens nesta edição, entre eles, o Encontro Regional e os congres-sos nacionais dos trabalhadores da Caixa e do Banco do Brasil; o seminário “Mulher, Gênero e Previdência”; e o 2º Congresso da Contraf/CUT. A nova gestão da Confederação, encabeçada por Carlos Cordeiro, pretende manter a A

grande conquista da unificação da categoria. A principal bandeira da nova gestão é a regulamentação do sistema fi- nanceiro (artigo192).

Houve também grande movimenta-ção sindical neste período, retratada na editoria Aconteceu, e não podemos esquecer da comemoração do Dia do Trabalhador. Um primeiro de maio que se dá em meio as conseqüências da crise financeira. Crise que tenta penalizar os trabalhadores, com a flexibilização de direitos, demissões e redução dos índices de aumento salarial. O movimento sindical bancário não será tolerante e permanecerá lutando, com toda sua força, junto às demais categorias, pela redução dos juros, por mais contrata-ções, pela redução da jornada sem redução de salários e pela ampliação dos direitos trabalhistas.

A tônica do cenário político é a unidade. É a união o eixo da campanha de sindicalização desta entidade, da nova gestão da Contraf/CUT e do 1º de maio. Portanto, bancários, junte-se a nós.

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EMPREGO

Trabalhadores do Itaú Unibanco lutam para que a história não se repita e a concentração no setor bancário não se converta em mais demissões

A promessa do $etúbal

As negociações entre trabalhado-res bancários e o Itaú Unibanco não poderiam ser mais objetivas quando se trata de defesa do emprego. Os trabalhadores são taxativos, não toleram demissões. O banco embro-ma e não apresenta um documento que oficialize a promessa do seu presidente, Roberto Setúbal, realizada em entrevista coletiva em novembro do ano passado, de que não haverá fechamento de agências e demissões.

Um breve panorama histórico demonstra que o impacto mais direto para os trabalhadores bancários que atuam em empresas resultantes de fusões ou aquisições, como o caso do Itaú Unibanco, é o desemprego. Inicia-se em setores “comuns”, especialmente administrativos, e se estende para as demais áreas. No Paraná isso ficou evidente quando o mesmo Itaú adquiriu o Banestado, em mais uma triste história de privatização em nosso país. Dos mais de 8,4 mil bancários que existiam no Banestado em março de 2000, hoje existem apenas pouco mais de 3,8 mil no Itaú. Também é improvável que o banco mantenha todas as agências em bairros ou cidades em que existam unidades muito próximas com as bandeiras Itaú e Unibanco. Isso não é interessante ou lucrativo para a empresa, o que significa que neste caso, não importam os clientes ou os trabalhadores. Afinal, o foco é sempre a lucratividade.

Apesar deste cenário de descrença, a mobilização dos trabalhadores já trouxe os primeiros resultados. Das 15 reivindi-cações entregues ao banco, todas relacionadas à manutenção do emprego, cinco foram ao menos parcialmente acatadas. Dentre elas, a implementação de um centro de realocação, uma reformulação do já existente Programa

de Oportunidade de Carreira (POC) do Itaú, suspensão das contrata-ções e da renovação dos estágios.

A suspensão das contratações pretende que o banco privilegie os trabalhadores que já fazem parte da rede, até mesmo os trabalhadores que atuavam nas financeiras Taií, fechadas pelo Itaú no mês de abril.

Mais trabalhadores nas agên-cias – O movimento sindical bancário está pressionando o banco para que aumente o número de trabalhadores nas agências, beneficiando não apenas os clientes, mas garantindo o emprego de mais bancários do Itaú Unibanco. A empresa prometeu que o programa Faça Sua Carreira na Rede irá preparar os bancários que atuavam em áreas administrativas para atuar no atendira-

mento ao público. Os representan-tes dos trabalhadores sugeriram ao banco a criação de dois novos cargos por agência, um de assistente de gerente e outro de gerente pessoa física. O objetivo é reduzir o número de contas correntes sob responsabilidade do gerente, o que reduziria a pressão por resultados e aumentaria as vagas.

Sindicato não tolerará demis-sões É evidente que o Itaú Unibanco não tem motivos para demitir. Com a fusão, foi criado o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul. Portanto, trata-se de uma empresa forte, com saúde financeira e milhões de clientes em todo o Brasil. Para manter a instituição financeira com estas caracte-rísticas, será necessária até mesmo a contratação de mais funcionários.

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Representantes de bancos públicos se mostram otimistas em tempo de crise

ENCONTRO REGIONAL

Mais de 140 participantes debateram o papel dos bancos públicos federais

No dia 16 de março, o Sindicato promoveu o Encontro Regional dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. O evento, que reuniu bancários, representantes destas duas instituições financeiras, seus fundos de pensão e de seus trabalhadores, sindicalistas e demais interessados, foi uma oportunidade para por em discussão o papel dos bancos públicos federais diante da crise econômica mundial que afeta diretamente o Brasil e refletir sobre possíveis maneiras de superá-la. “Este se tornou um momento emblemático para fazermos um debate correto sobre o sistema financeiro, não só por causa da crise, mas por estarmos vivenciando o ano que antecede as discussões sobre a escolha do governo central do país”, sintetizou o presidente da FETEC-CUT-PR, Roberto Von Der Osten.

O Encontro se estendeu ao longo de todo o dia e foi uma importante oportuni-dade para que os participantes obtivessem informações sobre os temas discutidos, presenciassem o debate entre os represen

tantes das empresas e dos trabalha-dores, antecipando assuntos que seriam tratados nos congressos nacionais dos bancários e que certamente serão incluídos na minuta de reivindicações durante a campanha salarial.

Previ e Funcef – O diretor eleito de Seguridade da Previ, José Ricardo Sasseron, iniciou sua apresentação afirmando que a crise econômica gerou sim um impacto na instituição, assim como no mundo todo. “Com a queda da Bolsa de Valores, fomos diretamente afetados já que 66% dos nossos fundos estão aplicados em ações”, explicou. No entanto, Sasseron frisou que, como resultado dos trabalhos realizado nos últimos anos, a Previ continua sendo um fundo de pensão estável e seguro, diferentemente do período FHC.

O diretor também falou sobre a Resolução CGPC 26 – que prevê a devolução de dinheiro ao patrocinador em caso de superávit –, se posicionado contrário a ela. “Apesar de o Banco do

Brasil ter computado o valor em seu balanço anual, a Previ não tomou nenhuma decisão a respeito e nenhum centavo foi encaminhado para o banco”, garantiu. Para finalizar, ele apresentou alguns dados do balanço anual do fundo de pensão e acrescentou que as aquisi-ções realizadas pelo BB, como o Besc e a Nossa Caixa, em nada afetarão os planos previdenciários dos trabalhadores.

Carlos Alberto Caser, diretor de Benefícios da Funcef, começou ressaltando que tanto a Funcef quanto a Previ apresentam o melhor nível de governança em fundos de pensão do Brasil, o que resultou numa melhor performance no atual cenário. “Apesar do déficit causado pela crise econômica, em nenhum momento passou pelas nossas cabeças suspender o pagamento dos fundos de pensão”, garantiu Caser. Em 2008, a Fundação saldou e regulari-zou o plano previdenciário anterior e criou o Novo Plano.

Após a exposição dos dois direto-res, os dirigentes sindicais e trabalhado-

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sO presidente do Sindicato, Otávio Dias, realizou a abertura do

evento e coordenou as mesas do Encontro

res bancários presentes colocaram em debate várias questões polêmicas, tais como o papel político dos fundos de pensão em defender os direitos dos trabalhadores, as maneiras como as campanhas de adesão aos planos poderiam obter melhores resultados, entre outros. “Nosso papel, como representantes dessas instituições, é preservar os direitos trabalhistas, respeitar os sindicatos e respeitar o meio ambiente e a sociedade”, concluiu José Ricardo Sasseron.

Caixa Econômica Federal – A vice-presidente de TI da CEF, Clarice Copetti, abriu os debates da tarde traçando um perfil dos principais clientes e da infra-estrutura da institui-ção. Ela também apresentou alguns dados relativos ao balanço anual de 2008, com destaque para o crescimento das carteiras de crédito e a redução na taxa de juros. “Durante o ano passado, a taxa de juro para crédito pessoal da Caixa se manteve estável em 4,49% ao mês, de março a dezembro, com uma leve queda em janeiro de 2009. Já nos bancos privados, como o Itaú, nesse mesmo período, a taxa variou de 6,12% para 7,09%”, comparou.

Clarice ressaltou a importância do fortalecimento da atuação da instituição como banco público e agente indutor do desenvolvimento econômico e social do país. “A Caixa é uma instituição estratégica para o Estado brasileiro”, concluiu a vice-presidente.

Já o coordenador da comissão de empregados da CEF, Jair Pedro Ferreira, iniciou sua apresentação frisando que os dados positivos apresentado por Copetti eram resultados, sobretudo, dos esforços empreendidos por cada trabalhador bancário da instituição. Apesar da recorrente postura ruim que os negociadores do banco têm adotado nas mesas de negociação, Jair não deixou de apresentar as expectativas para o 25° Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef). “Já que estamos vivenciando um ano de debates, esperamos que todas as reivindicações dos bancários da Caixa possam ser contempladas, principal-mente, os problemas dos programas de carreira e o comissionamento”, disse.

Crise econômica mundial – Incumbido de retratar o cenário atual, o professor e economista da UFAL Cícero Carvalho afirmou que a crise que marcou o ano de 2008 é a mais forte desde 1929, e se caracteriza por ser um abalo financeiro sistêmico e mundial. “O resultado imediato foi a redução das riquezas, o crédito caro e escasso, a desvalorização cambial e a desaceleração nos países emergentes”, constatou. Carvalho também fez uma pequena cronologia da crise, dividindo-a em quatro fases principais: a primeira, que a

vai de 2001 a 2006 e se caracteriza pela formação da “bolha imobiliária”, com abundância de crédito e elevação gradual das taxas de juros; a segunda, em 2007, marcada pela crise do crédito imobiliário e pelas primeiras perdas e falências; a terceira, de setembro de 2007 a setembro de 2008, quando a crise financeira se torna internacional; e, por fim, a quarta fase, a partir de outubro de 2008, que se caracte-riza como uma crise econômica global, com recessão das economias avançadas e desaceleração das emergentes.

O professor finalizou sua exposição

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O economista Cícero Carvalho fala sobre a crise internacional

justificando porque, em sua opinião, o Brasil está tão bem diante da crise. Segundo ele, o país mantém, atualmente, uma menor vulnerabilidade externa, com crescimento econômico, diversidade de relações comerciais e rentabilidade do setor privado, além do fortalecimento do mercado de consumo e da recuperação do salário mínimo “São por todos esses fatores que a economia brasileira vive hoje um cenário de certezas, enquanto o restante do mundo se deteriora. Estamos em uma situação financeira muito mais amena que a média internacional”, concluiu.

Banco do Brasil – O diretor de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, Antonio Sérgio Riede, iniciou citando a emblemática frase: “Ser neoliberal é nunca ter que pedir perdão”, para contextualizar sua dura crítica aos neoliberais. Segundo ele, quando o Brasil começou a diversificar seus parceiros comerciais para além dos Estados Unidos, o governo foi rechaçado. No entanto, foi essa atitude do passado que permitiu um melhor posicionamento nacional em momentos cr í t icos. Defendendo o BB, Riede também aprovei-tou a oportunidade para criticar a imprensa nacional que, segundo ele, tem falado o que bem entende sobre o atual cenário e o

posicionamento dos bancos públicos.

Após apresentar alguns dados positivos do balanço do Banco do Brasil, o diretor foi sabatinado pelos sindicalistas, trabalhadores presentes e também pelo representante da comis-são de funcionário do BB Willian Mendes. Mendes fez um sintético histórico da trajetória das lutas e conquistas trabalhistas no Banco do Brasil, destacando o importante crescimento alcançado pela categoria entre 2004 e 2008. “Até 2002, a PLR, por exemplo, era irregular e nem todos recebiam. Foi só em 2003 que foram criadas regras para a participação nos lucros. Depois disso, nós ainda conse-guimos uma PLR linear”, exemplificou. Com relação ao cenário atual de negociações, ele criticou a reestrutura-ção implementada em 2007 e foi enfático ao afirmar que os representan-tes de ambos os bancos não têm mostrado interesse em discutir os planos de carreira nem os direitos dos trabalhadores bancários. Somou-se a isso a apresentação de dois vídeos que denunciaram a tomada de terra de agricultores e a venda casada realizados pelo BB.

argumentou que existem grandes diferenças de posicionamento dentro do Banco do Brasil, mas que não se deve dividi-los entre as categorias de “moci-nho” e “bandido”. “E não podemos esquecer que o BB também está sujeito às regras do mercado”, acrescentou. Quem o diga Lima Neto. O diretor afirmou ainda que não é possível reverter decisões do passado, como no caso das substituições, e que de 2003 em diante os bancários do BB fizeram parte de uma curva ascendente de direitos conquistados. “No conjunto, há alguma empresa que ofereça benefícios melho-res que os nossos?”, questionou.

Riede finalizou sua participação dizendo que os planos de carreira eram uma questão para ser discutida em mesas específicas de negociação e que as novas regras da licença-mater-nidade iriam ser noticias em breve. Por fim, ele enfatizou que o governo brasileiro precisa manter o controle do Banco do Brasil, pois, nos últimos anos a instituição tem apresentado mudan-ças significativas, ajudando no desenvolvimento do país e dos cidadãos. “Ajudar os brasileiros a crescerem, esse é o papel dos bancos públicos nacionais”, concluiu.

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Congressos nacionais definem reivindicações

Antecipados para abril, os congres-sos nacionais dos trabalhadores da Caixa e do Banco do Brasil foram um impor-tante momento de debate e de definições para a as negociações permanentes com os bancos públicos. Entretanto, os trabalhadores não estão apenas preocu-pados em resolver as suas demandas com as direções dos bancos, mas em comprometer as empresas com o desenvolvimento da sociedade brasileira e com seu papel em estimular o cresci-mento da economia.

O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, destacou, em sua intervenção perante os 366 delegados inscritos no 25° Conecef, que as institui-ções públicas têm sido fundamentais para a implementação das políticas de enfrentamento aos impactos da crise global. Percival lembrou que a Caixa é destaque no processo de expansão da oferta de crédito, enfatizando que o crédito no Brasil subiu no último ano do patamar de 35% do PIB para 45%, puxado exclusivamente por instituições

públicas no setor privado houve, inclusive, redução.

O 25° Conecef gerou uma ampla lista de reivindicações que visam atender os diferentes segmentos dentro da instituição, contemplando com melhores condições de trabalho todos os bancários da Caixa. A proposta dos empregados para um novo Plano de Cargos em Comissão (PCC), fruto das discussões do grupo de trabalho constituído para este fim, será debatida em plenária nacional específica em data a ser definida.

Os mais de 260 delegados presentes ao 20° Congresso Nacional de Funcionários do Banco do Brasil resgataram, ao debater o papel do BB como banco público, que se o anseio de privatização do governo Fernando Henrique tivesse se concretizado, o país não teria o mesmo enfrentamento à crise econômica mundial. As decisões e demandas aprovadas pelo congresso para as negociações com o banco levaram em conta, além das necessidades dos trabalhadores do BB, as demandas

– do povo brasileiro por um banco efetivamente “do” país e por isso compro-metido com a manutenção dos empregos dos trabalhadores incorporados, com um spread adequado à realidade brasileira e respeito aos direitos trabalhistas. Dentre as reivindicações dos trabalhadores no BB, destaque para o aumento da amplitude no Plano de Cargos, Comissões e Salários (PCCS) e piso do Dieese (R$ 2.005,97, valor de março/2009) para o PCCS. "É necessário mobilizar os funcionários do BB, pois só através do Plano de Cargos e Salários que podermos ter ganho real", afirma a dirigente Ana Smolka, trabalha-dora do BB que esteve presente no 20º Congresso e complementa: "Para os funcionários pós-98, é um caminho para deixar de ser refém das comissões". A luta pela isonomia total também permanece como uma das principais demandas dos funcionários do BB.

A lista completa de resoluções dos congressos, assim como os relatórios estarão disponíveis na página do Sindicato na Internet.

Resoluções do 25° Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) e 20º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizados em Brasília, fortalecem luta dos trabalhadores nos bancos públicos

Atendendo à exigência do Sindicato dos Bancários e dos concursados, o Banco do Brasil decidiu pela prorrogação do prazo de validade da seleção realizada em 2007, que foi estendido até 17 de outubro de 2011, e pôs fim ao impasse sobre novos concursos no Paraná.

A questão, que envolve mais de 2 mil aprovados não contratados, estava indefinida desde o início do ano, quando o movimento sindical começou a pressionar o banco. Além da prorroga-ção, o BB informou em nota oficial que o Setor de Pessoas tem autorização para realizar contratações. Quanto a novos concursos, em 2009, só serão realizados nas áreas onde não houver cadastro de reserva ativo, caso em que o Paraná não se encaixa.

Sindicato consegue prorrogação do concurso do BBMais uma vitória: após entrega de manifesto a Antonio Sérgio Riede, banco toma uma decisão

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Aditivo foi uma importante conquista

SANTANDER REAL

A luta dos trabalhadores do Santander Real deu alguns frutos. O aditivo assinado no dia 30 de março instituiu o centro de realocação, um novo programa de licença remunerada para aposentadoria, um programa de incentivo à aposentadoria e principalmente, criou um acordo que contempla os trabalhadores do Real, com cláusulas que vão da bolsa de estudo à estabilidade pré-aposentadoria. Mas é imprescindível ressaltar: nada disso veio de graça. Foram constantes mobilizações em todo o país que permitiram o fecha-mento de um acordo que atende minima

BRADESCO

Em pesquisa divulgada em fevereiro, o Bradesco foi considerado a marca de banco mais valiosa do país, com um valor de R$16.265 bilhões. A pesquisa do BrandFinance demonstra que o banco, que investe de forma maciça em publici-dade, só está na contramão quando o assunto é valorização dos seus funcioná-rios. Poucos bancos no cenário mundial tiveram valorização de suas marcas em 2009, mas o Bradesco foi um deles, saltando de 42º para 12º na lista das 500 marcas mais valiosas do setor.

Enquanto isso, os bancários seguem lutando por melhores condições de remuneração e trabalho como auxílio-educação, plano de cargos e salários, pela ampliação da licença-maternidade e

HSBC

Decisões geram clima de instabilidade

mente as

exigências dos trabalha-dores e contribui para a manutenção do emprego na empresa.

Uma melhor PLR Os resultados do Santander Real demonstram que o banco pode melhorar o valor da Participação nos Lucros e Resultados paga aos seus trabalhadores. O lucro do Santander cresceu, em relação ao primeiro trimestre de 2008, 7,12%, atingindo R$ 416,4 milhões. Por outro lado, a despesa com a folha de pagamen-to se mantém estável, somando pouco mais de R$ 450 milhões.

Trabalhadores exigem investimento em qualidade

permanência do plano de saúde na aposentadoria. Outra reivindicação, que é a melhoria nos valores pagos como Participação nos Lucros e Resultados, fica evidenciada diante do lucro da empresa de R$ 7,26 bilhões em 2008.

A verdadeira responsabilidade do novo presidente do conglomerado financeiro Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, é muito maior do que a recuperação da liderança no ranking nacional de bancos privados, perdida, após 47 anos, com a fusão entre Itaú e Unibanco. “O maior investimento que o Bradesco precisa fazer é no respeito aos seus funcionários”, diz Otávio Dias, presidente do Sindicato.

O ambiente de trabalho no banco inglês continua tenso. A preocupação e insatisfação dos trabalhadores com os chamados “ajustes” realizados pelo HSBC são evidentes, afinal 2009 não está se mostrando um ano fácil. Começou com as demissões, mesmo com o HSBC apresentando um resulta-do surpreendente no Brasil em relação aos demais países. O resultado do banco, conforme o balanço divulgado, informa que o ativo total do HSBC no Brasil aumentou 58% em 2008, avançando de R$ 70,75 bilhões para R$ 112,1 bilhões. Enquanto isso, na Europa, o HSBC amargou uma retração em seus ganhos da ordem de 70%, fechando 2008 com um lucro de US$ 5,728 bilhões.

Em seguida, sem qualquer aviso, o banco descontou da PLR os valores já pagos em 2008 a título de PSV/PTI, aplicando uma nova regra que só seria válida em 2010, para os valores relaciona-dos a este ano. Em paralelo, o banco está realizando mudanças internas e transfe-rências que estão acarretando em desvio de função em departamentos e agências, gerando uma grande instabilidade.

Diante deste cenário, o movimento sindical bancário está pressionando o banco visando à preservação dos empregos, além de mais transparência e respeito aos trabalhadores. “As demis-sões são injustificáveis diante do crescimento apresentado pelo banco no país”, enfatiza Carlos Kanak, dirigente no Sindicato e representante dos trabalhadores do HSBC na COE.

bancos

Entre os maiores bancos privados, Bradesco é um dos piores para se trabalhar. Mudar este paradigma e respeitar os bancários é o grande desafio da gestão de Trabuco

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no setor petroleiro

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Após o protesto nacional de 24 horas, realizado no dia 16 de março, os trabalhadores da Petrobras de todo o país fizeram uma paralisação de cinco dias, pleiteando maior participação nos lucros da empresa e melhores condições de segurança, além do pagamento de horas extras nos feriados. A greve só foi encerrada após rodadas de negociações positivas em que a Petrobras fez concessões relacionadas a todas as principais demandas do setor.

No que diz respeito a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), os petroleiros conquistaram 3,5%, acima dos patamares inicialmente oferecidos

Trabalhadores fizeram greve entre os dias 23 e 27 de março por melhores

condições de trabalho e benefícios

Programa traz informações sobre o colapso econômico e buscas alternativas para o desemprego

Crise na TV

Vai ao ar todas as quartas-feiras, a partir das 20h15, na TV Paraná Educativa, o programa Mundo do Trabalho. Com duração de 45 minutos, sua missão é mostrar ao telespectador as ações que o Governo do Estado e os trabalhadores, por meio das centrais sindicais, desenvolvem para combater a crise financeira internacional.

Semanalmente, são apresentadas notícias, dicas e entrevistas sobre empregos, at ividades s indicais, direitos trabalhistas, economia e mercado de trabalho. “Sempre trazemos convidados com visões d i ferentes, como economistas, sociólogos, sindicalistas ou políticos, para debater sobre os diversos temas atrelados à crise. O programa tem esse compromisso de manter a diversidade de vozes”, acrescenta Davi Macedo, jornalista da CUT-PR.

A iniciativa surgiu a partir da criação do Comitê em Defesa do Trabalho e Emprego, um fórum que envolve o Governo do Paraná e vários sindicatos patronais e de trabalhado-res. “O objetivo é avaliar os impactos reais da crise e, com isso, definir estratégias de ação contra suas implicações. Somente com informa-ções verdadeiras, livres de todo pessimismo ou otimismo, com debates, troca de dados e idéias poderemos vencer este momento difícil”, explica o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Nelson Garcia.

Como todas as atrações do Mundo do Trabalho são ao vivo, os telespecta-dores podem participar pelo telefone:0800-643-7555.

*Com informações da AEN.

Vida Sindical Trabalhadores não podem pagar a conta da crise

A CUT, em parceria com demais centrais sindicais e organizações sociais, realizou, no dia 30 de março, em Curitiba, uma grande mobilização em defesa dos trabalhadores e dos empregos. As manifestações, que ocorreram não só no Paraná, mas em diversos estado brasileiro como Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Pará, integraram o Ato Internacional Unificado contra a Crise.

Concentrados na Praça Santos Andrade, cerca de 300 manifestantes cobraram medidas contra a onda de demissões e as reduções de salário e de direitos trabalhistas. Em frente à Federação das Indústrias do Estado do Paraná, eles reforçaram o pedido por contrapartidas sociais dos recursos públicos. Os trabalhadores também passaram pela sede do Banco Central, onde reivindicaram a redução imediata na taxa de juros, e pela Assembléia Legislativa do Paraná, quando pressio-naram os deputados estaduais a aprovarem o reajuste do salário mínimo regional.

Além das bandeiras de lutas estaduais, o ato também relembrou a defesa da terra Palestina e protestou contra a política terrorista do Estado de Israel e pela soberania e autodetermina-ção dos povos.

Setor bancário – Em dezembro de 2008, o Sindicato já havia realizado um ato alertando que os trabalhadores não deveriam pagar pela crise. Diante da postura lamentável assumida pelo setor, os manifestantes protestaram contra as demissões, o aumento dos juros e as restrições ao acesso ao crédito.

*Com informações da CUT-PR.

(3,17% e 3,3%). A remuneração dos acionistas ficou entre 13% e 14% (historicamente, a remuneração fica entre 11% e 12%). Quanto as reivindica-ções por melhoria de condições de trabalho, ficou acordado que haverá reuniões específicas com os grupos de exploração e refino para aprimorar o treinamento das equipes.

Embora a produção e o abasteci-mento não tenham sido interrompidos a ponto de prejudicar a população, a greve obrigou a Petrobras a acionar suas equipes de contingência (formadas por técnicos e gerentes da companhia) para garantir o abastecimento do país.

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É preciso viver MAIS e BEM senão, não vale a pena viverA economista Denise Gentil, mais uma vez, defendeu que o Brasil possui o melhor sistema previdenciário do mundo e, por isso, os trabalhadores precisam preservá-lo

Contra o que é amplamente divulgado pela mídia e pelos “homens de negócio”, a economista Denise Gentil, diretora do IPEA e professora da UFRJ, foi taxativa: o sistema previdenciário do Brasil sofre inúmeros golpes exatamente porque é o melhor do mundo.

“O sistema previdenciário brasileiro é, comprovadamente, financeiramente saudável e está muito longe de ser a razão dos problemas das finanças públicas do país”, afirma Denise. “A mídia repete o contrário todos os dias, e irá repetir 'até a morte', para que a mentira da crise na previdência se torne verdade. Pois eu vou repetir que esta crise é falsa, o que é verdade, para ver se isso pega”, enfatiza.

“Nem a previdência social brasileira nem o sistema de seguridade social instituído pela Constituição Federal de 1988 são deficitários; são, ao contrário, superavitários, e esse superávit, cuja magnitude é expressiva, vem sendo sistematicamente desviado para outros usos”, explica Denise. “A maior eficiência financeira do sistema previdenciário, o que é desejável, não depende de corte de benefícios, restrições de direitos ou maior tributação. A questão fundamental para dar sustentabilidade para um sistema previden-ciário é o crescimento econômico, porque as variáveis mais importantes de sua equação financeira são o emprego formal e a renda média do mercado de trabalho”.

Denise explica que o déficit previden-ciário tão propagado é fruto de um cálculo que não se baseia nos preceitos da Constituição Federal de 1988, que dá sustentação jurídica ao sistema de seguridade social. O cálculo leva em consideração apenas a receita de contri-buição ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que incide sobre a folha de pagamento, diminuindo desta receita o valor dos benefícios pagos aos trabalhadores. O resultado dá em déficit. A economista salienta que esta fórmula se

trata de uma simplificação. Há outras fontes de receita da Previdência que não são computadas neste cálculo como, por exemplo, a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a CSLL (Contri-buição Social sobre o Lucro Líquido) e a receita de concursos de prognósticos. Entretanto, ilegalmente, o governo federal retirou valores da receita da Previdência para outros fins. A política econômica neoliberal que regeu o Brasil, especialmente na década de 90, considera os recursos das contribui-ções como externos ao orçamento da previdência e passíveis de rotulação como transferências da União, ao invés de recursos próprios. Assim, abriu-se um precedente para entender que existe déficit no orçamento da previ-dência e que é imprescindível a realização de uma reforma.

Desta forma, fica evidente que não é a previdência que causa problemas de instabilidade econômica e crise de confiança nos investidores, mas é a política econômica que atinge a previdência, a saúde pública e a assistência social , precarizando serviços essenciais à sobrevivência da classe trabalhadora. Ou seja, foi a política econômica de abertura comercial, privatizações, liberalização financeira e juros altos que tornou a economia do país mais vulnerável a ataques especulativos e consequente-mente, para assegurar a estabilidade do Real e da inflação, fez com que o governo aumentasse a carga tributária sob as contribuições sociais.

Os impostos não foram aumenta-dos sobre a renda ou sobre a proprie-dade, e sim nas contribuições sociais. Para que o aumento da carga tributária se tornasse adequado aos propósitos do governo federal, foi criada a desvinculação das receitas da União

(DRU), estabelecida através de emenda ao texto constitucional, autorizando o governo a utilizar parcela significativa dos recursos arrecadados – 20% das receitas de contribuições – de forma livre de qualquer vinculação a despesas específicas. Apenas 20% delas, entretanto, foram insuficientes. Foi desviado muito mais.

A economista salientou que para defender a seguridade é necessário que se esqueça a ideia de que ela é uma maneira de “assistir aos pobres”. “Não se trata apenas de um direito para pobres, é um direito para todos. Isto é muito mais amplo do que defesa moral ou cristã, é política econômica”.

Denise Gentil enfatizou que o governo Lula trouxe inquestionáveis avanços nas áreas sociais, com a valorização do salário mínimo e o programa bolsa-família, mas que ainda é muito pouco o que se investe em políticas sociais. Além de aumentar os gastos com assistência social, economia e saúde, Denise defende que a política econômica atual, voltada para o controle da inflação através do mecanis-mo de juros elevados, não apenas não conduzirá a esse caminho, como também impedirá qualquer projeto de desenvolvimento alternativo para o país. “A batalha pela diminuição dos juros é uma luta de classe”, afirmou.

A palestra demonstrou aos bancários que para que os brasileiros consigam viver mais e bem, é preciso que exista crescimento econômico, o que se dá com geração de empregos formais, investimento social e redução dos juros. Ao contribuir com a forma-ção dos trabalhadores, Denise compro-meteu o movimento sindical com uma agenda de lutas, que inclui uma maior pressão no governo federal, em prol do desenvolvimento do país.

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Dia do TrabalhadorCapa

A resposta é simples: os bancos ainda não se deram conta de que a produtividade está intimamente relacionada ao bem-estar do trabalhador

É preciso definitivamente deixar de lado a ideia de que o homem trabalha somente para a obtenção do salário. Assim como o mito de que, na empresa, o trabalhador precisa negar seus sentimen-tos. Os especialistas são unânimes em afirmar que o trabalhador é um ser integrado e não apenas uma peça a mais no processo de produção, com direito a todos os sonhos de autoestima e autorrealização.

Então, o que é necessário para tornar o trabalho humano e saudável? Se é nas empresas que os trabalhadores passam a maior parte de suas vidas, natural seria que elas se transformassem em locais mais aprazíveis. Deveriam ser lugares em que se pudesse, de fato, passar algumas horas vivendo, criando e realizando suas ativida-des profissionais com satisfação e alegria.

Quatro itens podem ser considerados essenciais para se ter qualidade de vida no trabalho: remuneração justa, condições físicas e psicológicas, benefícios sociais (assistência médica, refeição e transporte) e oportunidade de crescimento e desenvol-vimento pessoal.

No entanto, a realidade dos bancos mostra que eles estão muito longe de garantir isto aos trabalhadores. “O trabalho em banco é estressante e desuma-no”, afirma a bancária E. T, que prefere ter sua identidade preservada. “Falta respeito profissional e sobram metas abusivas. A avaliação dos funcionários também não corresponde ao que o banco informa nos manuais. Os trabalhadores têm a saúde extremamente prejudicada pelo ambiente de trabalho: abafado, com refrigeração inadequada, limpeza precária, mesas inadequadas e até cadeiras quebradas. O banco também incentiva uma competição desleal e não saudável entre os funcionári-os”. Sobre o autodesenvolvimento, pessoal ou profissional, a bancária afirma que a empresa não dá espaços. “O funcionário não tem possibilidade de se aperfeiçoar,

Se é nas empresas que os trabalhadores passam a maior parte de suas vidas, natural seria que elas se transformas-sem em locais mais aprazíveis. Deveriam ser lugares em que se pudesse, de fato, passar algumas horas vivendo, criando e realizando suas atividades profissionais com satisfação e alegria.

tudo tem que ser feito fora do horário de trabalho, as leituras de todas as novidades do banco são mandadas para casa”.

O trabalho é indesejado, justamente porque na atual sociedade, com muita freqüência, ele se configura de uma forma totalmente fragmentada e sem sentido, burocratizada. É cheio de normas e rotinas, de exigências e conflitivo com a vida social e familiar. Os bancários se queixam de um dia a dia em que não conseguem vencer a fila de clientes para atender, trabalham sob pressão dos gestores e da população que

Além disso, muitos gestores deixam de fornecer os recursos necessários para a execução das tarefas, não são coeren-tes em suas expectativas ou pedem coisas impossíveis, tornando o clima interno das empresas opressivo. Outros, de perfil ambicioso, motivados pela busca de poder e status, acham difícil compreender que nem todos os trabalhadores têm os mesmos valores e anseios que eles têm. Ou seja, há bancários que se sentem plenamente satisfeitos em cumprir suas seis horas diárias e ir para casa abraçar os filhos, sem as preocupações ou até mesmo

“neuroses” de quem pretende ascender na organização à qualquer preço.

“As metas são tão duras que elas invadem toda sua vida”, relata a bancá-ria. “Nesses mais de 20 anos de trabalho, consegui realizar muitas coisas com o meu trabalho no banco, comprei uma casa, fiz faculdade. Sempre achei que se o banco estava pagando meu salário eu deveria retribuir com dedicação. Mas em paralelo eu perdi saúde. Hoje, estou em tratamento médico, gastando com remédios. E todo doente é discriminado no ambiente de trabalho. Parece que tudo o que você fez em tantos anos de dedicação é apagado”.

Queixas semelhantes as da bancária são comuns na secretaria de Saúde do Sindicato. Após dedicar toda sua vida ao banco, o trabalhador cansado e muitas vezes doente, passa a ser desprezado por não conseguir ser tão produtivo quanto antes. É visto como um “custo” para o banco e um “estorvo” para os colegas de equipe ou departamento.

É lamentável identificar que os itens necessários para que os trabalhadores tenham qualidade de vida em sua atividade profissional seguem uma receita simples e bastante conhecida, entretanto, muito pouco praticada. A exploração do trabalho a qualquer preço ainda é a tônica da sociedade capitalista. Mesmo profissionais considerados dedicados e esforçados sofrem com a pouca valorização, com salários muitas vezes achatados e com um ambiente de trabalho marcado pelo autoritarismo e pela falta de bom senso. Com um tratamento assim, como se pode falar de motivação e produtividade?

O que move mesmo o trabalhador é a possibilidade de ser substituído, sem qualquer razão plausível, do dia para a noite. Nesta hora, assegurar suas

Por que é tão difícil ter um ambiente humanizado no trabalho?

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sobrevivência da sua família são os fatores que falam mais alto. Esta é a única justificativa possível para bancários que, expostos a situações completamente adversas, se mantive-ram realizando suas atividades profissionais (confira alguns casos no quadro abaixo).

“Não podemos tolerar atitudes irresponsáveis dos bancos que possam afetar a saúde dos trabalhadores”, explica Otávio Dias, presidente do o

Sindicato dos Bancários. “A saúde é o maior patrimônio que temos e nada justifica que sejamos submetidos a condições adversas na realização de nossas atividades profissionais”. Visando lutar por mais qualidade de vida no trabalho, o movimento sindical bancário tenta, desde 2008, debater durante a campanha salarial questões como remuneração total, fim das metas abusivas e mais contratações.

Para Otávio Dias, fica evidente de

que o trabalho submetido à ditadura de princípios econômicos jamais conduzirá ao pleno desenvolvimento do trabalhador e da sociedade. “Se não houver uma preocupação com a condição humana global dentro do trabalho, gradativamente as empresas estarão fora do mercado. Está chegan-do o momento em que qualidade de vida no trabalho deixará de ser um diferencial competitivo e se tornará condição de sobrevivência”, finaliza.

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cidadania

venha participar CICLOTURISMO:desta aventura sobre duas rodas

Consciente de que as atividades esportivas, mais do que preencher o tempo de lazer, desempenham um papel fundamental na qualidade de vida, na inclusão social e na cidadania, o Sindicato está incentivando a prática de mais um esporte entre a categoria bancária, o cicloturismo. Trata-se de uma modalida-de não competitiva que tem como objetivo proporcionar aos seus partici-pantes o contato com a natureza, a integração com o meio ambiente, entre tantos outros benefícios à saúde.

Embora não seja muito difundido no Brasil, desde o seu surgimento nos anos 1970, nos Estados Unidos, o cicloturis-mo tem conquistado cada vez mais adeptos. A paixão pelas pedaladas, somada à maneira saudável, econômica, e ecológica de fazer turismo, atrai pessoas do mundo todo, além de despertar o espírito aventureiro presente em cada um. Vale lembrar que não é necessário ser um ciclista experiente para praticar o esporte. O importante é ter calma, respeitar os próprios limites e vivenciar

Sindicato promove atividade esportiva que une bem estar físico, integração com a natureza e interação familiar

ao máximo o ambiente.Segundo seus praticantes, o

c ic lotur ismo proporciona uma indescritível sensação de liberdade, além de desenvolver o equilíbrio físico e mental. O cicloturista não tem apenas um maior e constante contato com a natureza, mas também com povos e culturas diversas. Além de tudo isso, andar de bicicleta traz muitos benefícios ao corpo humano: queima calorias, contribuindo para a perda de peso, e melhora a capacidade cardiovascular e respiratória, fortale-cendo os músculos.

Para obter bons resultados, o segredo é fazer muitas paradas, comer pouco e com frequência, tirar fotos e apreciar todos os detalhes da compa-nhia dos amigos e familiares e da paisagem. Tudo isso respeitando as leis de trânsito, as leis de convivência e o meio ambiente. “Geralmente, quem procura esse novo esporte está fugindo das grandes agitações das cidades, buscando sossego e paz de to.

espírito”, afirma Selio de Souza Germano, secretário de Esporte e Lazer do Sindicato.

É por acreditar que o cicloturismo pode trazer muitos benefícios aos bancários que entidade está organizando, para o dia 16 de maio, um passeio pelo Caminho do Vinho, em São José dos Pinhais. Os ciclistas terão a oportunidade de apreciar, ao longo dos 35 quilômetros do percurso, a Colônia Mergulhão e seus arredores, composto por belas paisagens, ruínas e casas históricas. “Além do contato com a natureza, poderemos interagir com o folclore local, o artesana-to, a comida típica e a cultura italiana da região”, acrescenta Germano.

Para participar, os bancários e seus familiares só precisam de disposição, uma bicicleta, roupas adequadas para a prática do ciclismo, luvas e capacetes, e, claro, a máquina fotográfica para que todos os momentos inesquecíveis dessa aventura possam ser registrados. Não deixe de fazer sua inscrição e venha pedalar conosco!

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Cooperativismo como ALTERNATIVA DE CRÉDITO

Por Marisa Stedile, secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato e presidente da Coopcrefi

Ao longo da história, as organiza-ções de trabalhadores se preocuparam mais com a conquista de melhores salários, condições de trabalho e preços de produtos, buscando a superação da exploração capitalista. Acontece que ao sistema capitalista pouco importa se os mais pobres vivem à margem da economia e precisam de crédito ou serviços financeiros.

A própria crise financeira não colocou em cheque este sistema de concentração de renda. As medidas aplicadas para manter a estabilidade da economia não condicionaram ressalvas nem contrapartidas para a ampliação do acesso ao crédito, muito menos foram capazes de propor uma nova ordem econômica e social. Os bancos continuam concentrando suas opera-ções de crédito em um universo de clientes limitado, que ofereçam garantias para a manutenção do sistema sem grande expansão do volume do crédito. Já os clientes de baixa renda só encontram obstáculos.

Por isso, é tão importante que se desenvolvam formas não bancárias de acesso ao crédito, que proporcionem solidariedade e mutualismo. Cabe às organizações de classe identificar que a emancipação da classe trabalhadora passa não apenas pela organização sindical e política, mas também econômica.

Temos, no Brasil, 1.548 cooperati-vas de crédito, com um número de associados próximo a 2,8 milhões. O objetivo deste ramo é promover a poupança e financiar as necessidades de seus cooperados. No caso dos bancári-os, elas são escolhidas como uma forma alternativa de poupar, além da possibili-dade de obtenção de crédito mais barato e sem o controle e a dependência da instituição financeira com a qual possuem vínculo empregatício.

História e legalidade – Fundada

em 1902, a cooperativa de crédito mais antiga no Brasil, nasceu seis anos antes do decreto que instituiu o coope-rativismo como sistema legal no país.

A Constituição de 1988 deu maior liberdade e autonomia para o sistema cooperativo, vetando a interferência do Estado no funcionamento do setor (que ficou com o papel de incentivador do cooperativismo). Em 1995, o Banco Central (BC) publicou a resolução que permitiu a formação e o funcionamento de bancos comerciais com participação exclusivas de cooperativas de crédito. De lá para cá, o sistema cresceu tanto que dados do BC de dezembro de 2008 mostram que, se considerarmos os ativos totais do setor, as cooperativas de crédito ficam na nona colocação no ranking das 50 maiores instituições financeiras do país, com R$ 55,4 bilhões e 1.438 instituições.

Recentemente, foi aprovada a lei

que regulamenta o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo. Embora as cooperativas já obedecessem a regras do BC, faltava uma regulamentação específi-ca que garantisse a segurança jurídica necessária para seu funcionamento. Com a nova legislação, elas ficam submetidas a normas mais claras de organização, comuns aos bancos privados.

A nossa Coopcrefi – Em 2003, motivado pela preocupação de propor-cionar crédito aos seus associados, o Sindicato construiu, com base em outras experiências, um modelo de cooperativa capaz de ser implantado nos limites da legislação e com amparo da entidade sindical. Criou-se a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Trabalhadores do Sistema Financeiro de Curitiba e região (Coopcrefi).

A Coopcrefi contribui para facilitar a vida de seus cooperados, remunerando as cotas com taxas compatíveis com o mercado e concedendo empréstimos com juros menores que os praticados pelos bancos. A ela podem se associar todos os trabalhadores na ativa ou aposentados.

Para se tornar um cooperado é necessário adquirir 10 cotas iniciais, no valor de R$1 cada. Pode-se investir até, no máximo, 10 vezes o valor total de suas cotas. Para obter rendimento é necessário que o capital fique aplicado na Coopcrefi por um ano. Nada impede seu resgate.

O valor mínimo de integralização do capital é de R$10, ou seja, 10 quotas. O valor máximo é de 1/3 do capital total da Coopcrefi. O cooperado pode emprestar até cinco vezes o valor das cotas adquiridas. Atualmente, a taxa praticada é de 2,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR) e a taxa administrativa de 2%. Ou seja, o valor ficará bem abaixo dos juros cobrados pelo merca-do, que é, em média, 6% ao mês. Com isso está se consolidando a idéia de cooperativismo em nossa categoria.

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qualidade de vida

Quando trabalhar adoeceLógica destrutiva imposta pelos bancos contribui para existência de bancários “obcecados por trabalho”

“Você nunca tem tempo, você está sempre trabalhando”. Esta é uma queixa comum de amigos e familiares de indivídu-os workaholic ou 'obcecados por trabalho'. Os trabalhadores viciados nas atividades profissionais são pessoas que não conse-guem equilibrar as diferentes esferas da vida, privilegiando sempre seu desempe-nho profissional. Quando não trabalham, se sentem irritados. Constantemente acolhem novas tarefas e atribuições, pois não conseguem dizer não. Sempre vêem urgência em resolver tudo e precisam estar conectados todo o tempo com algo relacionado à sua atividade profissional.

“Infelizmente a organização gratifica

as pessoas que são workaholic”, explica a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association (ISMA-BR). “Na visão da empresa, são pessoas mais fiéis, que vestem a camisa e que estão sempre disponíveis. São comuns organizações que sedem celulares e notebooks aos seus funcionários, estimulando que a pessoa tenha livre acesso ao trabalho e não limite sua atuação profissional ao horário de expediente”.

Ana Maria explica que, quando doentes, os trabalhadores não sentem pressa de ir para casa no final do

dedicando às atividades profissio-nais um espaço que deveria ser de convívio familiar. O trabalho passa a ser sua identidade. “O sujeito idealiza que irá conseguir, através de sua profissão, um reconhecimento, uma recompensa, que lhe falta em sua vida pessoal”,

“O trabalho é uma forma de fuga. Por vezes, o traba-lhador busca sociabilidade, afeto ou se afastar de uma frustração. Ele deseja resolver por meio do trabalho proble-mas de ordem emocional”.

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psicólogo Roberto Heloani, membro fundador do site sobre assédio moral. “O trabalho é uma forma de fuga. Por vezes, o trabalhador busca sociabilidade, afeto ou se afastar de uma frustração. Ele deseja resolver por meio do trabalho problemas de ordem emocional”. Heloani explica que, como o excesso de trabalho não resolve a causa da angústia, forma-se um ciclo vicioso, fazendo com que o indivíduo trabalhe cada vez mais. “O workaholic não se percebe doente”, enfatiza.

O psicólogo destaca que no setor bancário esta questão é muito grave, especialmente porque o bancário se tornou um vendedor. “A profissão mudou muito. Antes o bancário prestava um serviço aos clientes, estabelecia um convívio e um relaciona-mento próximo, criava laços de amizade. Hoje, devido a cobrança por produtivi-dade, ele precisa bater sua meta. Isso gera culpa, pois o bancário se vê obrigado a utilizar artifícios para vender, o que muitas vezes significa enganar ou dizer meias verdades aos clientes” colocando em xeque as questões éticas. Segundo Heloani, isto é uma forma de violência psíquica. “O ambiente de trabalho do bancário está contaminado, é patológico”, diz. Ele exemplifica que o trabalhador que exerce suas atividades dentro de seu expediente, com calma e atenção, preservando seu tempo de ir ao banheiro e até mesmo de conversar com os colegas, é visto pelos outros como se

estivesse “fazendo corpo mole”. “O bancário está impotente diante do sistema, sente-se na areia movediça, se fica parado, não consegue sair e se entrega, quando se move, mais se afunda”, conclui.

O tratamento Quando o trabalhador se percebe doente, deve imediatamente contactar um especia-lista, pois o primeiro passo é tomar consciência do motivo o levou a um ritmo incessante de trabalho. “Se reconhecer como doente e aceitar sua compulsão é muito difícil”, destaca Ana Maria Rossi. Esta é uma primeira tentativa para que o trabalhador saia desta armadilha e busque a coerência interna que havia perdido. “Ao diminuir as horas trabalhadas, o indivíduo se sentirá vazio. É doloroso entrar em contato com os sentimentos que ele estava buscando a todo custo se afastar. O especialista irá ajudá-lo a substituir o ritmo frenético de trabalho por outras atividades e desta forma reestruturar sua vida”, explica Roberto Heloani. O psicólogo salienta que o Sindicato tem um papel político essencial no processo de tratamento e de prevenção a esta obsessão pelo trabalho. “A entidade sindical vê e denuncia a manipulação dos trabalhadores. Ela auxilia a desidealizar a empresa, desmistifican-do a relação entre indivíduo e trabalho, aumentando a reflexão e a lucidez dos empregados. É como uma vacina.”

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O direito ao plano de saúdeO assessor jurídico do Sindicato Diego Martins Caspary orienta sobre os direitos dos trabalhadores, demitidos ou aposentados, em relação ao plano de saúde coletivo empresarial

A Lei 9.656/98, em seu art. 30, confere ao empregado que contribuiu, total ou parcialmente, para o plano de saúde coletivo empresarial, decorrente de vínculo empregatício, no caso de rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, o direito de manter sua qualidade de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. Esse direito é extensivo ao grupo familiar inscrito quando da vigência do contrato de trabalho.

O direito do ex-empregado de se manter no plano de saúde coletivo não afasta as vantagens obtidas pelos trabalha-dores, em função de negociações coletivas de trabalho (§ 4º do art. 30 da Lei 9.656/98). Da mesma forma, nada impede que o empregador, por mera liberalidade, mantenha o empregado dispensado sem justa causa no plano de saúde coletivo, gratuitamente, por seis meses e, após esse prazo, transfira o ônus do pagamento integral ao ex-funcionário.

A empresa empregadora tem o dever de informar o empregado dispen-sado sem justa causa de que poderá continuar ou não no plano de saúde coletivo, desde que assuma o pagamen-to integral das prestações. Por sua vez, o trabalhador deve manifestar sua intenção de permanecer no plano, dentro do prazo de 30 dias após a formalização da comuni-cação da empregadora.

O período de manutenção da condição de beneficiário era inicialmente de um terço do tempo de permanência no plano, com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de 24 meses e desde que o demiti-do não consiga novo emprego. Mas, segundo a interpretação dada ao art. 30, § 5º, da Lei 9.656, pelo § 7º do art. 2º da Resolução nº 20 do CONSU, o ex-empregado pode permanecer no plano por prazo indeterminado, enquanto não conseguir novo emprego.

Falecendo o empregado, o direito de permanência é assegurado aos depen-dentes cobertos pelo plano de saúde coletivo, nas mesmas condições em que este teria direito caso estivesse vivo.

Da mesma forma, é conferido ao aposentado que contribuiu para o plano de saúde coletivo empresarial, em decorrência de vínculo empregatício, pelo prazo mínimo de dez anos, o direito de manutenção como beneficiário nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral, conforme art. 31, da Lei 9.656/98.

Já ao aposentado que contribuiu para o plano de saúde por período inferior a dez anos, é assegurado o direito de manutenção como beneficiá-rio, à razão de um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o pagamento integral do convênio.

Isso quer dizer que o desemprega-do e o aposentado deverão pagar a parte que a empregadora pagava ao plano de saúde, além da contribuição que era descontada de sua remunera-ção, podendo a cobrança ser efetuada diretamente pela operadora do convênio ao beneficiário. O benefício estará sujeito às mesmas regras de reajuste ou revisão previstas no contrato principal firmado pela empregadora com a operadora de plano de saúde. Se a empresa mantém um modelo de pós-pagamento do plano de saúde de seus empregados (ativos), não pode alterar essa condição para o modelo pré-pagamento em relação aos beneficiários inativos (desempregados e aposentados).

A partir da publicação das Resoluções CONSU 20 e 21, de 07.04.99, que regulamentaram os arts. 30 e 31 da Lei 9.656/98, as empresas empregadoras passaram a ter a possibili-dade de optar entre a manutenção em

um mesmo plano, dos ativos e exonerados ou demitidos, ou em planos separados para ativos e inativos, desde que com uma única empresa operadora ou administradora.

Quanto ao cálculo do valor a ser pago pelo ex-empregado, a Resolução CONSU 21, de 07.04.1999, dispõe, diferentemente, dependendo do plano de ativos do qual este fazia parte quando era empregado, adotar o sistema de pré-pagamento ou pós-pagamento (§§ 3º e 4º, do art. 3º). Se o plano de ativos do qual o ex-empregado fazia parte adotava o sistema de pré-pagamento, ele passa a assumir integralmente o pagamento de sua participação no plano, a partir da data de seu desligamento. Já se o plano de ativos do qual o ex-empregado fazia parte adotava o sistema de pós-pagamento, este passa a assumir o pagamento de sua participação no plano, calculado pela média das doze últimas contribuições integrais, ou do número de contribuições, se menores que 12, a partir da data do seu desligamento, conforme disposto no § 4º, do art. 3º.

Em relação ao aposentado, a Resolução CONSU 20, de 07.04.1999 (§§ 3º e 4º, do art. 3º), dispõe que o cálculo do valor a ser pago pelo aposen-tado também depende do plano de ativos, do qual este fazia parte quando o contrato de trabalho estava vigente, adotar o sistema de pré-pagamento ou pós-pagamento. Se o plano de ativos do qual o aposentado é oriundo adotar sistema de pré-pagamento, ele passa a assumir integralmente o pagamento de sua participação no plano, a partir da data de seu desligamento. Já se o plano de ativos do qual o aposentado é oriundo adotar o sistema pós-pagamento, ele passa a assumir o pagamento de sua participação no plano, calculado pela média das doze últimas contribuições integrais, a partir da data de seu desliga-mento, conforme § 4º do art. 3º.

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A multi-artista paranaense Rosy Greca fez uma bela homenagem às mulheres, no dia 20 de março, em apresentação realizada no Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários. Para quem não a conhecia, foi uma agradável surpresa. O encanto de Rosy esteve presente nos 50 minutos de sua apresentação, totalmente pensada e produzida por ela, inclusive a seleção de citações, textos em prosa e trechos de poesia – ela citou, entre outros, Nelson Rodrigues, Marina Colasanti e Clarice Lispector, integrando-os tematicamente com suas canções. Além disso, no “bis”, ela lembrou algumas composições feitas para espetácu-los teatrais infantis, sua verdadeira paixão.

Para os que já eram fãs, foi a confirma-ção do talento da artista, não apenas como cantora e compositora, mas também na arte de contar histórias e de criar um ambiente muito agradável, bem humorado e acolhedor. Em “Eu, mulher”, Rosy Greca mostrou toda sua inspiração e talento. “A ideia é de manter este show e ir amadurecendo. Estamos pensando em incluir algumas fotos e realizar novas apresentações nos próximos anos”, contou Rosy em entrevista à revista Bancári@s sobre sua arte e profissão. Bancári@s: música e como ela entrou na

Por que você escolheu a sua vida?

Rosy Greca: Comecei a tocar violão aos 10 anos de idade. Ganhei o instrumento dos

A cantora e compositora Rosy Greca fala sobre arte e sua profissão“Eu, artista”

cultura

meus pais e neste tempo eu morava em Irati. Tive aulas com um senhor chamado Romeu que ensinava crianças sem cobrar. Foi interessante porque comecei a tocar e compor ao mesmo tempo. Com 14 anos, vim pra Curitiba e entrei para Academia de Música, quando comecei a estudar mais seria-mente. Depois, conheci a Fátima Ortiz e o Enéas Lour e, aos 16, comecei a fazer música para teatro e ingressei no grupo de teatro infantil deles. Também atuei em algumas peças. Participei de festivais, ganhei prêmios e entrei definitivamente na integração do teatro e música.

Por que esta integração lhe encanta?

Sou apaixonada pela palavra, que é o que une estas duas artes. A arte de interpretar um texto e de estar no palco, cantando com o violão. Amo a palavra falada, embora meu trabalho se desenvol-va especialmente na palavra cantada.

Quais suas influências?Na verdade, é muito mais

uma parceria. A Fátima Ortiz e o Enéas Lour inseriram o teatro na minha vida. Estes dois fizeram uma escola e foram seguidos por diversos profissionais de Curitiba que atuam no teatro. Com a Fátima, faz 30 anos que atuo em parceria, em que eu musico as suas peças. O teatro é meu chão, tanto quanto a

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Rosy Greca:

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música. Mas minha formação é musical. Quais os seus próximos

projetos?Sou compositora, diretora

musical, cantora e atualmente trabalho também com pedagogia musical, atuando na formação de professores. Estou escrevendo um livro com o tema “Canção para crianças como contribui-ção para educação musical”. Tenho o selo “Gente Criança”, com discos da premiada trilha da peça Menino Maluquinho e da história do Pequeno Príncipe na peça Sonho de voar. Através da Fundação Cultural, estou desenvol-vendo o projeto “Tapete Encantado”, em que conto histórias e insiro canções. Eu me dedico a composição das músicas, integrando com as histórias que são contadas de escritoras como Silvia Orthof e Adriana Falcão. A estréia está prevista para maio e o objetivo é realizar dezenas de apresenta-ções em escolas e bibliotecas. Em paralelo, estou produzindo um espetá-culo semelhante, mas destinado para adultos, nesta mesma perspectiva de relacionar literatura e música.

Quer conhecer um pouco mais sobre a artista? Está interessado nos projetos da Rosy Greca? Acesse: www.rosygreca.com.br

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Copa Bancária: futebol, diversão e qualidade de vida

Começou no sábado, dia 4 de abril, a tradicional Copa Bancária de Futebol Suíço, organizada pelo Sindicato.

Neste ano, além de promover integração, diversão e qualidade de vida, o campeonato faz uma homenagem ao aniversário da entidade, comemorado no final de março, recebendo o nome de Copa Bancária de Futebol Suíço “67 anos de luta”. As 13 equipes inscritas disputam as partidas sempre aos sábados de manhã, conforme o sorteio das chaves, nos campos ao ar livre da Sede Campestre do Sindicato.

O campeonato de futebol está sendo organizado pela Secretaria de Esportes e Lazer da entidade, sob responsabilidade do bancário Sélio de Souza Germano.

BB e CEF reúnem bancários

No dia 04 de abril foram realizados o s E n c o n t r o s E s t a d u a i s d o s Funcionários do Banco do Brasil e dos Empregados da Caixa Econômica Federal, em Curitiba. Ambas as reuniões tiveram como objetivo discutir e aprovar as propostas do Paraná a serem encaminhadas aos Congressos Nacionais.

Dentre as reivindicações enumera-das pelos trabalhadores da Caixa estão a valorização do piso salarial, uma campanha nacional pela contratação de mais empregados, as ampliações de acesso ao Novo Plano da Funcef para todos os segmentos e da licença-maternidade para 180 dias, mudanças na distribuição dos deltas, de forma que a avaliação da equipe tenha peso maior do que a do gestor, entre outras. As propostas, que foram organizadas em grandes eixos temáticos, contemplam o

papel que a Caixa deve ter na economia brasileira e as reivindicações específicas de saúde do trabalhador, condições e jornada de trabalho, isonomia e assédio moral.

Os bancários do BB também dividiram suas reivindicações em grandes eixos, que abrangem basica-mente o papel do banco na economia nacional, saúde e condições de traba-lho, profissionalização e planos de cargos, carreira e salários. Entre as principais propostas figuram a luta em defesa do emprego dos trabalhadores dos bancos incorporados, o enfrenta-mento das terceirizações, a ampliação e adequação das faixas de remuneração do PCCS, a garantia de posse dos concursados e o combate aos corres-pondentes bancários que operam em lugares sem segurança, com baixos salários e jornada excessiva de trabalho.

Encontros estaduais

nova direção Assembléia elege

A Cooperativa de Crédito Mútuo dos Traba lhadores do S i s tema Financeiro de Curitiba e região (Coop-crefi) realizou, no dia 27 de março, uma assembléia para escolher os novos membros da Diretoria e do Conselho Fiscal da entidade. A bancária Marisa Stedile foi eleita como presidente. “A cooperativa é um banco, em que os donos são os próprios trabalhadores. Com o fortalecimento da Coopcrefi podemos conceder empréstimos aos cooperados que necessitam, assim como garantir uma aplicação rentável para os demais”, afirma Marisa. Estiveram na pauta da assembléia também a reforma do Estatuto Social da cooperativa, a prestação de contas e o destino das sobras apuradas ou rateio das perdas do exercício de 2008.

Para saber mais sobre o funciona-mento e as vantagens em ser mais um dos cooperados leia o artigo da página 17.

COOPCREFI

Eventos promovidos pela FETEC-CUT-PR mobilizaram trabalhadores dos bancos públicos para discutir suas demandas

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define estratégias de luta e elege nova diretoria2° Congresso da Contraf/CUT

Definir a estratégia de lutas dos trabalhadores do ramo financeiro para o próximo período e debater o sistema financeiro nacional no contexto da crise econômica. Foram esses os objetivos principais do 2º Congresso da Confe-deração Nacional dos Tra-balhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), realizado de 14 a 16 de abril, em São Paulo.

Durante o primeiro dia do evento, que teve participação aberta a todas as centrais sindicais, ocorreu a eleição da nova diretoria da Confederação para o triênio 2009/2012. A chapa de unidade dos bancários foi eleita por unanimidade no plenário do Congresso. Encabeçada pelo bancário do Itaú Carlos Cordeiro e tendo como representante do Paraná o tambémtrabalhador do Itaú Roberto Von Der Osten (Secretaria de Finanças), a gestão é composta por 19 diretores executivos, sendo 13 do secretariado,

Assembleias definem delegados para congressos nacionais

O Sindicato dos Bancários realizou, no dia 18 de março, três assembleias extraordinárias: a primeira delas definiu os delegados represen-tantes dos trabalhadores bancários de Curitiba no 25º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) e no XX Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil; a segunda discutiu e deliberou sobre a renovação de Acordo Coletivo de Comissão de Conciliação Voluntária (CCV) do banco Itaú; e a terceira escolheu os delegados do 2º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT). Os eventos foram realizados no mês de abril.

além de suplentes. Foi eleito ainda um conselho fiscal com três titulares e

três suplentes e o conselho diretivo com 46 integrantes.

O bancário do Paraná Roberto Von Der Osten, trabalhador no Itaú, foi eleito para a Secretaria de Finanças

Bancários se reúnem em São Paulo para definir bandeiras de luta

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Temporada de verão é sucesso de público

A temporada de verão da Sede Campestre do Sindicato foi encerrada no dia 15 de março. Ao longo dos quatro meses, mais de 800 sindicalizados, familiares e convidados puderam desfru-tar das piscinas, churrasqueira e salão de festas, além da ampla área verde disponí-vel. Para Anselmo Farias, dirigente sindical e trabalhador do Unibanco, desta forma, a sede tem cumprido seu papel de ser um espaço de lazer e entretenimento, contri-buindo para a melhora da qualidade de vida dos bancários.

Em assembleia geral extraordiná-ria, realizada em 23 de março, os trabalhadores do Santander/Real aprovaram os acordos coletivos de trabalho aditivos à Convenção Coletiva de Trabalho Fenaban 2008/2009. A reunião também debateu sobre o acordo coletivo de PPR (do banco Santander/exercício 2008).

Bancários do Santander/Real aprovam Aditivo

Sindicato protesta contra demissões no Santender

No dia 18 de fevereiro, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região realizou uma paralisação no banco Santander da Marechal Deodoro, no Centro. O protesto foi em decorrência das demissões que o banco realizou em todo o país após a incorporação do banco Real. Só em janeiro, foram 400 demissões em São Paulo. O protesto também foi contra os sérios problemas relacionados ao adoecimento dos trabalhadores que vem acontecendo na capital paranaense causados pela sobrecarga de trabalho.

A sobrecarga também é causa da péssima qualidade do atendimento prestado ao correntistas do banco Santander. A empresa é um dos bancos que apresenta maior número de reclama-ções junto ao Banco Central e órgão de proteção ao consumidor.

HSBC altera as regras da PLR Se posicionando contra a alteração nas regras da participação dos lucros que

prejudicou muitos trabalhadores bancários e feriu a CCT, o Sindicato promoveu, na manhã de 02 de março, uma manifestação em frente ao centro administrativo HSBC Vila Hauer.

Para marcar o Dia Internacional de Conscientização e Combate às LER/Dort, o Sindicato, em parceria com a CUT/PR e o deputado Tadeu Veneri, realizou, em 03 de março, uma audiência pública para debater as medidas de prevenção para as doenças ocupacionais e apoiar os trabalhadores

Audiência alerta sobre perigos LER/Dort

acometidos por elas. Entre as medidas preventivas deliberadas no encontro estão a criação de um fórum permanente de discussões e de projetos de lei para melhorar a fiscali-zação dos órgãos responsáveis, além da realização de um seminário sobre saúde e da estadualização da gerência

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Recomendamos

Filme: O grande chefeGênero: ComédiaTempo de duração: 99 minutosAno de Lançamento: 2006

Livro: Chico Mendes: Crime e CastigoAutor: Zuenir VenturaGênero: BiografiaPáginas: 248Ano de Lançamento: 2003

Auxílio creche/babáGostaria de solicitar a inclusão na negociação

deste ano, com certa ênfase, a questão do auxílio creche. Ouço de muitos colegas que o valor pago não está condizente com a real necessidade. Além disso, acho que deveria ser mais amplo, devendo ser oferecido por maior tempo de vida da criança. Obrigada.

Tatiane, bancária.

Tatiane, a revisão do valor do auxílio creche e babá têm sido uma reivindicação constante do movimento sindical bancário na mesa de negociação com a Fenaban. No ano passado, conquistamos um reajuste de 8,15% no benefício, entretanto, sabemos que o valor mensal de R$ 196,18 está longe do ideal. Vale resgatar que em março de 2008, o Sindicato realizou uma breve pesquisa em dez escolas de educação infantil de Curitiba e Região. A mensalida-de média para matrícula de uma criança de três anos era de R$ 310 para meio período e de R$ 472 para período integral. Sem contar despesas com transporte, uniforme e material escolar. Valores muito superio-res aos pagos pelos bancos.

HSBC: O Lobo mauSobre o artigo na página da Internet que

aborda a questão "Quem tem medo do lobo mau", aprouve perguntar : Como o sindicato tem tratado o assunto do assédio moral nos bancos. Tem um telefone para denúncia?

Anônimo.

O Sindicato prevê ainda para este ano uma nova impressão da cartilha sobre assédio moral, com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas da categoria bancária. Apesar de não existir um telefone específi-co para denúncia, todos os canais de comunicação do Sindicato estão à disposi-ção dos trabalhadores.

O sindicato agradece os correios eletrônicos enviados. Continuem encaminhando seus comentários sobre a revista. E-mail: [email protected]

A obra é um livro-reportagem fruto do trabalho do jornalista Zuenir Ventura. Após a morte do líder seringueiro Chico Mendes, Ventura foi enviado ao Acre para produzir reportagens sobre o assassinato daquela personalidade na luta pelos trabalhadores e pelo ideal de preservação do meio ambiente. Nas mais de 240 páginas da obra, Zuenir, que conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo com suas reporta-gens publicadas sobre o crime, revela a história e o cenário da morte de Chico Mendes. Uma excelente indicação, já que em dezembro completou 20 anos do crime contra Mendes em Xapuri.

A comédia de Lars Von Trier critica a ideia de que o chefe é como um amigo do empregado. O filme desmitifica a ideologia empresarial de que a empresa é como uma família e que ao defender os interesses da empresa em detrimento da sua qualidade de vida, o funcionário está cumprindo com seu “dever”. Usando muito humor, o filme mostra que tudo não passa da velha luta de classes.

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Uma entidade coesa, que prima por seus ideais e pela coerência em sua finalidade e vocação: a defesa da categoria bancária. Este é o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região que, nos dias 27 e 30 de março, completou 67 anos de existência. Fundada em 1942, a entidade representa, atualmen-te, 17,1 mil trabalhadores bancários, na defesa da manutenção dos direitos da categoria que possui a mais comple-ta Convenção Coletiva Nacional.

As comemorações foram especial-mente preparadas para resgatar o passado, com a certeza de que só assim é possível dar passos mais firmes rumo ao futuro. No dia 27 – data em que, há 67 anos, ocorreu a assembléia de fundação do então Sindicato dos Bancários do Paraná –, foi lançada a Exposição 67 anos de lutas, com botons, camisetas e adesivos que retratam a trajetória política e as principais bandeiras do movimento sindical bancário nas últimas décadas. “Estes materiais conseguem por si só recons-truir a história do Sindicato, contar o

de histórias para contarSindicato comemora aniversário preocupado em resgatar sua história

que foi cada momento político ou cada luta travada,” explica Marisa Stedile, dirigente sindical e trabalha-dora do Itaú.

No dia 30 – quando, no passado, foi emitida a carta sindical que deter minou o reconhec imento jurídico e político da entidade –, todos os funcionários e sindicalizados foram convidados a participar de uma solenidade política, que contou com o depoimento de antigos diretores sindicais que fizeram história na entidade. Estiveram presentes o deputado federal Ângelo Vanhoni, o advogado Cláudio Ribeiro e os ex-dirigentes Roberto Von Der Osten, Wilson Previdi e Marisa Stedile.

“Hoje, um dos grandes desafios do movimento sindical bancário é a mobilização”, afirmou Cláudio Ribeiro, presidente do Sindicato na década de 60. “Não existe disputa ideológica, os jovens estão mais voltados para valores como dinheiro e poder. É difícil realizar um diálogo, uma interlocução sobre valores éticos”, disse.

67 anos

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