Revista Babel n.º 0

20
LAURO QUADROS MILTON JUNG A voz da Rádio Guaíba Entusiasmo é a receita do sucesso babel OS CAMINHOS DO ETERNO REPÓRTER REVISTA LABORATORIAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL/ULBRA-CANOAS/RS-AGOSTO/2006-ANO1-N°0 PÁGINA 4 PÁGINA 14 CLIPAGEM Tecnologia dá outro sentido ao monitoramento da informação PÁGINA 13 Documentário da Ulbra registra vida e obra de Flávio Alcaraz Gomes PÁGINA CENTRAL ULBRA TV O surgimento da emissora e a experiência com profissionais jovens PÁGINA 19 LEONARDO LENSKIJ LEONARDO LENSKIJ ARQUIVO BABEL ARQUIVO BABEL BIANCA BARBOSA babel

description

Revista laboratorial do curso de Comunicação Social/ULBRA-Canoas/RS - Ano 1 - N° 0. Elaborada pelos alunos da disciplina de Produção Jornalística II em 2006/1: Alexandre Ernst, Bianca Barbosa, Bruno Pinto Carreira, Candice C. Feio, Clarisse Passos Pantoja, Cristina Monteiro Duarte, Felipe Torresini Escobar, José Antônio Soares Martins Filho e Tiago Dimer. Fotografia: Leonardo Lenskij. Revisão: Astomiro Romais. Impressão: Zero Hora. Diretor da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Gustavo Assed Coordenador do curso de Comunicação Social Sérgio Roberto Lima Lorenz (RPMT/RS 9250) Coordenador da Agência Experimental de Comunicação Integrada Luiz Artur Ferraretto (RPMT/RS 6252) Professora responsável Rosane Torres (RPMT/RS 5141) Projeto Gráfico Jorge Gallina (RPMT/RS 4043).

Transcript of Revista Babel n.º 0

Page 1: Revista Babel n.º 0

LAURO QUADROS MILTON JUNG

A voz daRádioGuaíba

Entusiasmoé a receitado sucessobabel

OS CAMINHOS DOETERNO REPÓRTER

REVISTA LABORATORIAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL/ULBRA-CANOAS/RS-AGOSTO/2006-ANO1-N°0

PÁGINA 4 PÁGINA 14

CLIPAGEM

Tecnologia dáoutro sentido aomonitoramentoda informaçãoPÁGINA 13

Documentário da Ulbra registra vida e obra de Flávio Alcaraz Gomes

PÁGINA CENTRAL

ULBRA TV

O surgimentoda emissora e aexperiência comprofissionais jovensPÁGINA 19

LEONARDO LENSKIJ

LEONARDO LENSKIJARQUIVO BABEL

ARQUIVO BABELBIANCA BARBOSA

babel

Page 2: Revista Babel n.º 0

2 - REVISTA BABEL

Reitor Ruben Eugen Becker Vice-reitor Lean-dro Eugênio Becker Pró-reitor de Administra-ção Pedro Menegat Pró-reitor de Graduaçãoda Unidade Canoas Nestor Luiz João Beck Pró-reitor de Graduação das Unidades ExternasOsmar Rufatto Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Edmundo Kanan Marques CapelãoGeral Pastor Gerhard Grasel Ouvidoria GeralEurilda Dias Roman Diretora da Assessoria deComunicação Social Sirlei Dias Gomes Coor-denador de Imprensa Luiz Figueredo Diretorda área de Ciências Humanas e Sociais Apli-cadas Gustavo Assed Coordenador do curso deComunicação Social Sérgio Roberto LimaLorenz (RPMT/RS 9250) Coordenador daAgência Experimental de Comunicação Inte-grada Luiz Artur Ferraretto (RPMT/RS 6252)Professora responsável Rosane Torres (RPMT/RS 5141) Projeto Gráfico Jorge Gallina (RPMT/RS 4043).

Revista laboratorial do curso de ComunicaçãoSocial/ULBRA-Canoas/RS - Ano 1 - N° 0. Ela-borada pelos alunos da disciplina de Produ-ção Jornalística II em 2006/1: AlexandreErnst, Bianca Barbosa, Bruno Pinto Carreira,Candice C. Feio, Clarisse Passos Pantoja,Cristina Monteiro Duarte, Felipe TorresiniEscobar, José Antônio Soares Martins Filho eTiago Dimer. Fotografia: Leonardo Lenskij. Re-visão: Astomiro Romais. Impressão: Zero Hora

EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL

Váriasvozes

dacomunicação

A torre de Babel bíblica queria tocar o céucom as mãos. Um falar único, então,multiplicou-se. Trouxe várias vozes,idiomas, divergentes em seu conjunto, mastodos, de cada um dos seus pontos de vista,comunicando tudo. Traduzir as váriasvozes da Comunicação Social, neste iníciode século, é o objetivo desta outra Babel,revista que se pretende especializada. Semser sisuda, sem ser chata. Produzida poralunos com apoio de professores. Sem seracadêmica, sem ser hermética. É umaforma de experimentar, de fazer revista, notexto, no visual, aprendendo como se dá oprocesso de produção. E aprendendo com ostemas abordados, todos estes próximos, deinteresse.

E a quem falam as vozes de Babel? Avocê, aluno ou professor de ComunicaçãoSocial, desta e de outras universidades. Avocê, profissional dos jornais, estações derádio, emissoras de TV, portais da Web,agências, assessorias... A todos vocês, porquea idéia é, todo semestre, distribuiramplamente a revista. Em cada palavra, oleitor vai tomar contato, assim, não só como detalhamento de um assunto, aparticularidade de uma opinião, asconvergências e divergências do mercado decomunicação. Indo além de umareportagem específica, vai sentir o trabalhodos alunos de Jornalismo da UniversidadeLuterana do Brasil, resultado do esforçoconjugado de um grupo de professores e deseus estudantes.

Babel não chega com um discurso único.Não pretende tocar o céu com as mãos, masquer olhar, lá de cima, uma estrutura devárias vozes e diversos falares. E do topo, solforte sobre a cabeça, ajudar a compreendero conjunto, sem esquecer dos pequenosdetalhes. Longe e perto. Vozes diversas.Babel, revista de comunicação.

Page 3: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 3

índiceíndice

ENTREVISTA

Mercado detrabalhoClóvis Rossialerta osestudantesde Jornalismo

9

BLOG

A nova maniados internautasTodos têm umespaço na“www” paracontar suashistórias 7

RÁDIO GAÚCHA

CorrespondenteIpirangaAndré Machadoavalia amudançade formato

17

EDITORIALRevista reflete o trabalho dos alunos de Jornalismo 2

OPINIÕESDiário Gaúcho, um novo jeito de fazer jornalismo popular 8Publicitário que não é criativo pode ser substituído por máquinas 16O profissional de Relações Públicas deve estar em sintonia como mercado 18

QUALQUER NOTÍCIA BOA...Aniversário do Jornal O Sul e, no mercado editorial, doislançamentos que os estudantes não devem deixar de ler 12

20

LAZER

Série daUlbra TVHistóriasvoltadas parao públicojovem fazemsucesso

FOTOS LEONARDO LENSKIJ

ARQUIVO BABEL

Page 4: Revista Babel n.º 0

PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL

4 - REVISTA BABEL

Babel: Para ser um bom jornalista...Lauro Quadros: É preciso ser honesto no que tuestás passando, apresentar os fatos e não a ver-são dos fatos, por mais que ela seduza. Ser hones-to é ser isento, imparcial.

Babel: Como o senhor reage diante de prêmios ehomenagens?LQ: Olha, eu sou um pouco refratário, resisto umpouco a essas coisas, não é por falsa modéstia, eusempre digo. Eu não sou um caçador de prêmios. Seeles acontecem, bom, que bom, não posso dizer tam-bém que não quero ser homenageado. Não é isso.

Babel: Gremista ou Colorado?LQ: Eu sou Lauro Quadros Futebol Clube.

Babel: Já foi tendencioso no ar?LQ: Não. Estou tão acostumado, há meio sécu-lo praticamente fazendo o que eu faço, que apessoa fica anestesiada. Encaro a coisa profis-sionalmente. E tenho quatro filhos e quatronetos que torcem para Grêmio, Internacional eaté um neto que mora em Buenos Aires e torcepara o Boca Juniors.

Babel: Qual sua lembrança mais remota?

“ AS LIÇÕES DE LAURO

BIANCA BARBOSA

Page 5: Revista Babel n.º 0

Uma paixãoque não se acaba

REVISTA BABEL - 5

A vocação artística de Lauro José Quadros foidescoberta ainda quando garoto, fascinado pela fi-gura da mãe, que declamava e escrevia poesias. Nocolégio, embora não fosse um aluno nota 10, comoadmite hoje, era com prazer que participava doGrêmio Literário do Rosário.

Nascido em Porto Alegre e criado à beira daLagoa dos Quadros, em Osório – a qual levou onome por causa de sua família – o apresentadorLauro Quadros, 66 anos, ainda conserva o espíritojovem e a boa forma.

– Caminho demais, todos os dias, só se chovereu não caminho.

Além de considerar a saúde um bem fundamen-tal, ele não dispensa uma boa música, um bom fil-me (de preferência musical) e uma boa viagem (depreferência para a França). Aliás, visitar a França éum destino anual religioso.

– Há 17 anos, todos os anos eu vou para a Fran-

LQ: Quando meus pais “esqueceram” de mimdentro de um barco na hora de fazer umabaldeação na Lagoa dos Quadros. Eu tinhaquatro anos e hoje, com 66, ainda não esque-ci. Marcou muito. Foi uma tragédia na minhavida.

Babel: Um ídolo da adolescência...LQ: Um cara chamado Karl May. Ele escreviahistórias que se passavam no Oriente Médio.Contam que ele era um cara preso, um alemão,que nunca tinha saído da prisão e lá escrevia oslivros. Como se tivesse vivido as situações.

Babel: A palavra mais bonita...LQ: Felicidade é uma palavra muito gostosa....e a mais feia...Burrice.

Babel: Um hábito arraigado.LQ: Sou cinéfilo. Assisto a filmes compulsivamente. Ofilme precisa ser muito ruim para eu não querer ver. Osfilmes da minha predileção eu vejo todos. Uma comédiaromântica é bom, musicais eu adorava, agora são ra-ros... os filmes de drama, históricos... Eu gosto muito deHistória, eu gosto também de ler sobre História. Então,não abro mão do cinema. Mas a minha paixão é viajar,

Décadas depois da estréia emrádio, Lauro Quadros mantém o mesmo

entusiasmo pelo que faz

BIANCA BARBOSA

ça. Eu tenho uma paixão pelo país. É um vício caroe eu me dou esse prazer. O ano passado eu traí aFrança, fui para a Itália, mas foi só uma vez tam-bém, porque já estou voltando para lá.

De todas as paixões de sua vida, definitiva-mente o rádio é a mais antiga. Aos 19 anos ele jáera locutor comercial e plantonista de estúdio naRádio Gaúcha.

– Eu me senti vocacionado para trabalhar emrádio. Não pensava em jornal, muito menos emTV (1959, imagina né?), eu pensava: pô, esse troçoaí é comigo... e foi, e deu certo.

Tanto deu certo que se tornou um sucesso poucotempo depois de começar a trabalhar. Depois desua primeira experiência na Gaúcha e após terpassado pela Difusora, Lauro cobriria sua primeiraCopa do Mundo, em 62, no Chile, pela Rádio Guaíba– a, então, líder na programação esportiva. Há 21anos no mesmo horário na Gaúcha, hoje o

Page 6: Revista Babel n.º 0

6 - REVISTA BABEL

primeira coisa na minha vida... Eu não jogo namega-sena, raramente jogo, mas se um dia euganhar, aí nós vamos viajar por dois meses e ficarum mês aqui, por causa dos netos e tal. Vou ter 90anos, vou viajar em grupo, mas vou estar viajando.

Babel: Um desafio...LQ: Fui convidado para ser presidente do ConselhoAdministrativo do Instituto do Câncer Infantil há 14anos. Foi convite de um médico, Algemir Brunetto,para que eu pudesse participar desse movimento,hoje vitorioso, em prol das crianças com câncer. Foium desafio bacana, foi a melhor coisa que aconte-ceu recentemente na minha vida.

Babel: Um talento que o senhor gostaria deter.LQ: Ser um grande músico. Se eu pudessetocar bem piano... Porque antes do cinema,junto com as viagens, eu sou apaixonado pormúsica, principalmente norte-americana. Esou metido a cantor também. Sou grandeouvinte de música, colecionador.

Babel: Uma saudade...LQ: A minha mãe. Ela morreu faz cinco anos,com 90 anos, morreu legal. Mas ela podia ter200 anos e eu ia sentir da mesma maneira,então já faz cinco anos e não adianta...

jornalista está satisfeito com a própria trajetória. – As pessoas dizem que eu correspondo, entãoeu acho que está bem.

Autodidata, sem nunca ter cursado umafaculdade, ressalta que para ser um bom jornalistaé preciso conhecer todos os assuntos.

– Assim como o médico atua como clínico geral,o jornalista também. O que vier no Polêmica,(programa que apresenta todas as manhãs na emissora)seja assunto de política, economia, compor-tamento ou medicina, eu tenho que estar prepara-do para mediar o programa tendo conhecimento,mesmo que superficial, destes assuntos todos.Então, por isso que eu digo que o jornalista temque ser generalista. Qual o segredo, então, se apessoa nem faculdade fez? Ser obsessivo ecompulsivo em matéria de leitura, acompanharas coisas. Não adianta também ter feito uma

faculdade e ser um sujeito que não acompanhanada. Mas eu sempre digo: que bom que aspessoas possam fazer um curso superior, quepena que eu não fiz um.

É HORA DE REAPRENDER

Na década de 70, ainda quando estava naGuaíba, a vida do jornalista daria um salto.Depois da Copa do Mundo e antes da voltadefinitiva à Rádio Gaúcha, seria a vez datelevisão. Por iniciativa de Carlos Bastos, doCâmera 10, Lauro se reinventaria paraenfrentar mais um desafio:

– Era uma coisa gozada porque, eutrabalhava em rádio, eu era locutor comercial,fazia futebol e tinha uma voz interessante parao rádio, digamos assim, mas eu era baixinho,feio e as pessoas me ouviam, principalmente asmulheres, e pensavam que eu era loiro, 1m90cmde altura e tudo.... no imaginário delas eu eraesse ator maravilhoso e tal. Daí, daqui a poucoeu vou para a televisão, me desnudo, né? Eunão vejo nisso maior importância, o cara serfeio ou bonito na televisão, e aí, apesar da minhaestampa não ser esteticamente de acordo comas expectativas das pessoas, eu acabei dandocerto da TV, modéstia à parte.

Lauro lembra que foi preciso fazer um“reaprendizado” para o novo veículo.

– Usei mais ou menos a característica queeu tinha no rádio: eu era descontraído, eu diziaas coisas com clareza, tinha comunicação como grande público, não era um comunicadorhermético. Então as pessoas identificaram issocomo valores positivos: descontraído e falarcom objetividade, assim eu me caracterizei.

Casado há 45 anos com Maria Helena, paide Marcelo, Carla, Carmem, e Laura, avô deVitor, Pedro, Cícero e Ernesto, Lauro demonstraclaramente seu amor pelos seus. É o legítimoapaixonado pela vida, pelas artes, pelo belo,pelo que é saudável e faz bem. Para ele, dia per-feito é na praia, com muito sol e muitascaminhadas.

”AS LIÇÕES DE LAURO

Profissionaltem que

ler muito,afirmaLauro

BIANCA BARBOSA

Page 7: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 7BLOGSBLOGSBLOGSBLOGSBLOGS

Marina Souza, 19 anos,gosta de escrever poemas.Juliana Perroni, 18, dá dicaspara ser feliz e fala de tudo umpouco. Pierre Maccaro, 21,conta as últimas do futebolmundial. Lisiane Kolbe, 17,prefere ser diferente: destaca oque não aconteceu em seu dia.Todos têm idades e caracterí-sticas diferentes, mas uma coisaem comum: eles têm blog,fazem parte da blogsfera, omundo surgido da tecnologia dainformação.

Postar a vida em algum lugarda “www” é uma febre. Nãoapenas entre adolescentes, claro. De março atéeste ano, mais de 10 milhões de blogs foramativados na Internet mundial, segundo pesquisada Technorati, principal ferramenta de acompa-nhamento do que ocorre na blogsfera. Só parase ter uma idéia do fenômeno: nesse ritmo, daquia seis meses o ciberespaço poderá somar umtotal de 80 milhões de diários virtuais.

– Postar em meu blog é o máximo. Tudopode ser assunto – explicou Juliana.

Os idiomas campeões no número de blogs aindasão o japonês, o mandarim e o inglês. Não háestatísticas sobre o número de blogs existente noBrasil, mas sabe-se que, como nosoutros países, os blogs permitemcategorias diversas, desde diáriospessoais a potenciais veículos decomunicação.

– Certo dia, minha mãe memostrou seu diário, com chavee tudo. Eu também tenho meudiário, só que tem login e senha– revelou, sorrindo, a blogueiraLisiane.

Pierre fala de seu blog comorgulho. Viciado em futebol, co-meçou a escrever pequenas críticas sobre o queocorria nos estádios brasileiros. Passou a ficarantenado nas notícias dos clubes e relata, dehora em hora, acontecimentos do mundo da

Todos diferentes,mas muito iguais

A explosão da “blogsfera” revela o mundo dos internautasque adoram relatar experiências ou criar sites temáticos

ALEXANDRE ERNST

Valem uma clicadaValem uma clicadaValem uma clicadaValem uma clicadaValem uma clicada(ou mais):(ou mais):(ou mais):(ou mais):(ou mais):Blog do Tas

Blog do Juca KfouriBlog do Sérgio Dávila

Viaje na ViagemCora Ronái

Blog do NoblatBiscoito Fino

bola – técnica usada, inclusive, por jornalistascomo Juca Kfouri, Ricardo Noblat, além dosjornais Zero Hora, Folha de São Paulo, TheNew York Times, entre outros.

– Um colega comentou comigo que nãosabia sobre a transferência de um jogador entredois times da Europa e que ficou sabendo aoler meu blog. Impossível não me orgulhar –destacou Pierre.

Para a pesquisadora Giselle Beiguelman,professora da pós-graduação em Comunicaçãoe Semiótica da PUC-SP, os blogs são a pontado iceberg da Internet no que ela é, ou seja,

“uma mídia bidirecional deprodução barata”. As pessoasnão podem ter uma estação deTV ou rádio, mas podemcolocar no ar um site, peque-nos veículos de comunicaçãocom micro-audiências, diri-gidos a públicos igualmentepequenos.

Muitos blogs brasileiros, naopinião de Giselle, trazem algu-mas sátiras sobre comunicaçãode massas, mas uma quan-

tidade incontável de ciberlixo é produzida,fazendo com que se pense que trazem, comoa Internet no seu todo, o melhor e o pior dacomunicação.

Postar avida emalgum

lugar da“www”

virou febre

LEONARDO LENSKIJ

Page 8: Revista Babel n.º 0

8 - REVISTA BABEL

Há um novo jornalismo no ar, quer dizer, no papel. É o jornalismo popular ressuscitado pelojornal Extra, no Rio, em 1997, e praticado pelo

Diário Gaúcho desde 2000, aqui no Rio Grande do Sul.Mas é uma ressurreição diferente. O corpo pode ser

igual ao do ente falecido: fotos grandes, muita cor,tipologia agressiva, páginas recortadas, textos curtos.A alma, no entanto, é outra. É melhor.

Mas nenhuma mudança é tranqüila, sabemosdisso. Ainda mais quando mexe em valores sub-jetivos, matéria-prima de significativa parte dojornalismo que praticamos, sejamos popularesou não. E o que me preocupa neste momento detransição de um tipo de jornalismo popular paraoutro é a falta de percepção de alguns profissio-nais do nosso meio para um detalhe: os jornaisque mais crescem no Brasil (em novos títulos eem circulação) pertencem ao grupo dos popula-res. Basta conferir o ranking mensal divulgadopelo Instituto Verificador de Circulação (IVC).

E crescem em cima do quê? Do jornalismo quefazem. Quando me perguntam por que o DiárioGaúcho é um sucesso, sempre respondo: porqueé um jornal que olha para as pautas com o olhar

de seu leitor, procura histórias interessantes paracontá-las e agrega utilidade à informação.

Fico assustado com a reação dos inquisidores a estaresposta. Não pelas suas expressões de cara séria, al-gumas vezes ar de deboche, mas por não perceberem asutileza da resposta: só o novo jornalismo popular devetrabalhar tendo em pauta o interesse do seu leitor?

O novo jornalismo popular, queiram ou não, é umretorno ao jornalismo de raiz.

Um jeito diferentede fazer jornalO Diário Gaúchoproduz jornalismo popularda melhor qualidade

AlexandreAlexandreAlexandreAlexandreAlexandreBach Bach Bach Bach Bach éEditor-chefedo jornalDiárioGaúcho

OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

Page 9: Revista Babel n.º 0

ENTREVISTA / CENTREVISTA / CENTREVISTA / CENTREVISTA / CENTREVISTA / CLÓVIS ROSSILÓVIS ROSSILÓVIS ROSSILÓVIS ROSSILÓVIS ROSSI

“O mercado é, sim,exigente e seletivo”

CRISTINA DUARTE

Babel: Como o senhor vê este interesse dosestudantes universitários, renovado a cadasemestre, pelo seu livro O que é Jornalismo?

Clóvis Rossi: Fico feliz e preocupado aomesmo tempo. O livro é antigo, o mundo mu-dou muito, o jornalismo também e deveriahaver algo mais atualizado a ser lido por alu-nos de jornalismo.

Babel: O senhor nunca pensou na possibi-lidade de lançar uma edição atualizada, quecontemple as novas tecnologias? Não acha ne-cessário?

Rossi: É necessário, sim, mas eu,primeiro, fiquei viciado em traba-lhar. Estou no jornalismo diário hámais de 40 anos e isso vicia. Logo,não me sobra muito tempo.

Babel: Aos 22 anos, o senhor erachefe de reportagem do jornal O Es-tado de São Paulo. Que conselhos osenhor daria para aqueles que estão começan-do e almejam uma carreira brilhante como a sua?

Rossi: É difícil dar conselhos, porque cadatem suas próprias características, anseios, vo-cação. Agradeço o “brilhante” da pergunta,mas não acho que tenha sido brilhante. Fuiesforçado. Bastante.

Jornalista com 40 anos de carreira,Clóvis Rossi é autor do livro O que éJornalismo, lançado nos anos 80, umadas obras mais lidas por estudantes, quevêem neste paulista nascido em 1943um exemplo profissional a ser seguido.No longo percurso por redações brasi-leiras e internacionais, Rossi trabalhouem três dos quatro grandes jornais dopaís – O Estado de São Paulo, Folha deSãoPaulo e Jornal do Bradil – e foi cor-respondente em Buenos Aires e Madri.Hoje, o velho repórter ostenta um dosmais caros títulos para quem fez a opçãode viver respirando notícia: é “repórterespecial” da Folha de São Paulo. Rossitambém é colunista e membro do Conse-lho Editorial do jornal. O profissional que fezincontáveis coberturas, testemunhou todas as mu-danças pelas quais a imprensa brasileira passou.

Babel: O mercado de trabalho é seletivo e exi-gente, ou complacente com os novos profissio-nais que chegam ao mercado com muita expecta-tiva e com pouca experiência?

Rossi: É tudo isso ao mesmo tempo. Sele-tivo e exigente porque as redações estão cadavez mais com menos gente, mas, ao mesmotempo, todos os chefes sabem que não po-dem esperar um Truman Capote aparecen-do atrás de cada estudante de jornalismo.

Babel: Com relação à tecnologia que avan-ça sobre o campo do jornalismo, o senhor acre-dita que o jornal impresso tem futuro?

Rossi: Não sei, francamente.

Babel: Como o senhor estávendo a explosão de blogs de jor-nalismo?

Rossi: Os blogs me dão a sen-sação de ser como as velhas deantigamente, que ficavam na ja-nela vendo o mundo passar e fa-zendo fofocas a respeito das pes-soas e fatos que viam passar. Ouseja, têm mais fofoca do que fato,

e têm uma visão curta da realidade, limita-da até onde alcança a vista do blogueiro.Nada contra. Especialmente os blogs feitospor profissionais do jornalismo com traquejoe passagem por outras mídias. Mas, no ge-ral, os blogs têm provocado mais calor doque luz.

“Não podemosesperar umCapote atrásde cadaestudante.”

LEONARDO LENSKIJ

REVISTA BABEL - 9

Page 10: Revista Babel n.º 0

10 - REVISTA BABEL

Contar a história de Flávio Alcaraz Go-mes é fácil. É só pesquisar os fatos que mar-caram o século XX, que lá estará ele, oumelhor, grande parte da história dele. Tam-bém não faltarão informações em seus seislivros e dois CDs.

Para quem quer recontar a trajetória deFlávio, o difícil mesmo é abordar o tematantas vezes visitado de uma maneira nova,torná-lo mais uma vez emocionante para oleitor e para o próprio entrevistado.

E foi este desafio que o Centro de Produ-ção Audiovisual (CPA) da ULBRA decidiu en-frentar ao produzir o documentário Itinerári-os de um Repórter, sobre a vida eobra deste profissional de 79 anos.

– Foi emocionante. Eu, minhamulher e meus filhos nos emocio-namos o tempo inteiro com odocumentário. Gostei de mimquando disse que fiz tudo à minhamaneira. Adorei, também, a trilhasonora – afirmou o jornalista.

Idealizado por Luiz Artur Fer-raretto, e produzido por alunos etécnicos do CPA, o resgate da vida e obrade Flávio faz parte do projeto de criar umacervo com documentários sobre per-

DEPOIMENTODEPOIMENTODEPOIMENTODEPOIMENTODEPOIMENTO

sonagens marcantes da História.Os vídeos Pedrinho Morreu

na Primavera e Marçal:Polícia, Povão e Revolução ,foram produzidos em 2004 ederam início ao processo dedotar a Universidade de umamemória histórica. O primeiroé uma homenagem ao ra-dialista Pedro Carneiro Pereirae conquistou prêmio no Gra-mado Cine Vídeo, de 2005. O

segundo vídeo trata da vida e obra dojornalista João Batista Marçal, que tra-balhou em diversas emissoras de rádio em

“Eu, minhamulher emeus filhosficamosemocionados.”

“EU AMO OJORNALISMO”

A trajetória deAlcaraz Gomesé assunto de

documentáriona Ulbra

Bianca Barbosa

Page 11: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 11

veu alunos da ULBRA e profissionais doCPA são 45 minutos de uma entrevista querendeu quatro horas de gravações.

– Em vídeo, esse é o depoimento maiscompleto sobre a vida de Flávio – informouFerraretto.

A primeira lição que Flávio aprendeu comos jornalistas veteranos, na época em que ain-da era um garoto, no início da década de 40,foi não revelar o tema de uma matéria antesde publicá-la. O segundo ensinamento foiamar o que faz. Hoje, com 59 anos de profis-são, ele não apenas é um ícone do jornalismobrasileiro, como continua colocando em prá-tica as lições do passado.

– Eu amo o jornalismo. No jornal, temosa resposta imediata. Colhemos o mal ou obem imediatamente, enquanto no Direito, fa-culdade em que me formei, o resultado searrasta por longos anos – comparou Flávio.

Famoso por façanhas extraordinárias,como a da Copa do Mundo de 1958, naSuécia, de onde fez a primeira transmissãocom retorno da história do Brasil, atravésdo sistema Single Side Band (SSB), o ex-periente repórter que cobriu guerras e via-jou pelo mundo, diz que muitas vezes sepergunta como aquilo foi possível. Mas nãotem uma resposta:

– Apenas fui e consegui. Assim como aderrota é órfã, a vitória tem muitos pais.

Na longa trajetória profissional, Fláviojá viu e viveu um pouco de tudo.

– Mas não tudo – brincou ele.Orgulhoso representante da velha escola

de jornalistas, tornou-se fiel a antigos hábitos.– Eu tenho uma resistência enorme a essa

geração anímica. Nunca dispensei minha má-quina de escrever e não uso celular – disse.

É bem provável que o sucesso do jorna-lista também esteja ligado a alguns atribu-tos naturais e invejáveis: memória prodigi-

osa (basta ler seus livros paracomprovar isto) e senso de hu-mor.

Com uma trajetória cheia desurpresas, sucessos, alegrias e in-fortúnios, Flávio tem grande par-te de sua história de vida registra-da em Itinerários de um Repórter.Mas esta história não acabou.Como guerrilheiro da notícia, ele

continua escrevendo a própria história, en-trevistando e mediando debates, seja na Rá-dio ou na Televisão Guaíba.

“Nuncadispenseiminhamáquina deescrever.”

LEONARDO LENZKIJ

Porto Alegre durante a ditadura.Ferraretto e seus colegas do CPA decidi-

ram transformar o projeto ematividade didática e começarama resgatar a história de vida deFlávio.

– Ele é o único jornalista dequem eu gostaria de fazer umabiografia – ressaltou Ferraretto.

A missão foi gratificante paratoda a equipe do CPA.

– Como profissional, me sen-ti realizado – afirmou Daniel Fernandes, di-retor de fotografia.

O resultado desse trabalho que envol-

Flávio AlcarazGomes se

emocionoucom o

documentário

Page 12: Revista Babel n.º 0

12 - REVISTA BABEL

Filme reacende discussãosobre jornalismo literário

QU

AL

QU

ER

NO

TÍC

IA B

OA

...

Quando escreveu A Sangue Frio,Truman Capote decretou: “Estoucriando um novo estilo que vairevolucionar o jornalismo, o não-ficção”, mais conhecido comojornalismo literário ou newjournalism. Foi a mistura dejornalismo com literatura queo tornou um dos autores maiscélebres do mundo nos anos 60.

Existem ainda outras versõessobre quem teria dado início aoJL. A mais conhecida é o relatode John Hershey sobre o queocorreu no dia 6 de agosto de1945, reconstruindo ahistória de seissobreviventes, nofamoso Hiroshima. Ouainda Lílian Ross em

Filme, relato sobre os bastidores dafilmagem de A Glória de um Covarde deJohn Huston. Quando se fala em JL

não se pode deixar de citar GayTalese, Tom Wolfe, NormanMailer e Joseph Mitchell.Embora Capote seja uma das

mais fortes referências destatendência de fazerjornalismo, apaternidade do JL écontroversa. O recentefilme Capote, que rendeuo Oscar de melhor atorpara Philip Seymour

Hoffman (foto), reacende adiscussão no meio

acadêmico sobre as origense a importância do JL.(Cristina Duarte)

Reunindo textos, entrevistas e ilustrações de no-mes famosos do jornalismo, da música e do cinemabrasileiros, foi lançado este ano o livro O Pasquim -Antologia - 1969/1971 (Editora Desiderata, R$ 69,00), oprimeiro de uma série (pode chegar a quatro edições).O livro traz o melhor dos primeiros 150 números dotablóide que tinha na irreverência sua mais eficazarma contra a ditadura. (Felipe Torresini Escobar)

Com uma tiragem diária de 60 mil exemplares – o Jornal O Sul, do grupoPampa, completou cinco anos em julho de 2006. Segundo o chefe de redação dodiário e professor da ULBRA, Elton Primaz, “o jornal ainda está em fase deconstrução e buscando sua real estabilidade”. (Clarisse Passos Pantoja)

O Sul: cinco anos de vida

Tablóide irreverente vira livro

ARQUIVO BABEL

Page 13: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 13

Uma área especí-fica da comunicaçãoestá evoluindo muitocom o avanço da tec-nologia, o monitora-mento da informa-ção. Fita-cassete, pa-pel, tesoura e cola es-tão com os dias con-tados. As empresasestão se especializan-do no segmento e in-vestindo no mundodigital para proporci-onar aos clientes umserviço rápido e com qualidade.

O monitoramento da informação – clipping,ou clipagem, como a atividade é conhecida nosmeios de comunicação – é o acompanhamentodo que a mídia está noticiando. Profissionais trei-nados para a função fazem a leitura dos jornais,a escuta dos programas de rádio e televisão,pesquisam sites de notícias e selecionam o ma-terial relacionado ao interesse do cliente.

O investimento em tecnologia, princi-palmente na digitalização de áudio e vídeo, e nacapacidade de armazenamento da informaçãotem sido um divisor de águas entre as empresascada vez mais especializadas. O crescimento naárea tem sido significativo nos últimos anos. Atéuma associação brasileira das empresas demonitoramento, comsede no Rio de Janeiro,foi criada para anali-sar e medir o mercado,além de promover atroca de experiênciasna área. A AssociaçãoBrasileira de Empresasde Monitoramento daInformação (Abemi) foicriada em 1998 e aju-da a fortalecer ummercado ainda desco-nhecido para muitoscomunicadores.

CLIPAGEMCLIPAGEMCLIPAGEMCLIPAGEMCLIPAGEM

Tecnologia decretao fim do “recorta cola”

O monitoramento da informaçãoganha agilidade e rapidez

TIAGO DIMER

– O monitoramen-to da informação éconstante. É possívelter acesso de qualquerlugar do mundo, é emtempo real e aindaconserva a memória.Clipping hoje é coisaséria – afirmou RafaelFaria, presidente daassociação.

O diretor da CWAClipping, Carlos Al-berto Cardoso, em-presa especializada

no segmento, que há 10 anos atende clientes noRio Grande do Sul e no resto do país, acreditaque o mercado gaúcho é restrito, mas confiaprincipalmente na experiência e na importân-cia do serviço para o cliente.

– Estamos conseguindo mostrar que ter a in-formação correta e com agilidade faz a diferen-ça entre vencedores e fracassados – ressaltou.

As informações são disponibilizadas pelaInternet ou enviadas por e-mail. Os jornais sãorecebidos em arquivos de imagem e impressospara comodidade e mobilidade do material. Atéum serviço de alerta pelo celular, quando a em-presa ou órgão é veiculado, é oferecido.

Mesmo com toda tecnologia exercendo umpapel fundamental para que o monitoramento

funcione, os profissi-onais que selecionamas notícias devem sertreinados e a equipevalorizada. Cardosoobservou que a CWAtrabalha com base emfundamentos da admi-nistração, que valori-zam a pessoa e o en-volvimento da equipe.Conhecer o mundo dainformação é impor-tante para estar sinto-nizado com o cliente.

Profissionaispreparados garantem

a qualidade do trabalho

Cardoso investeno segmento

há 10 anos

FOTOS LEONARDO LENZKIJ

Page 14: Revista Babel n.º 0

14 - REVISTA BABEL

“Em time queestá ganhandonão se mexe”

Dono de uma das vozes mais belasdo rádio brasileiro, Milton Ferretti Jung

faz história na Guaíba

BRUNO CARREIRA

A voz forte, típica de locutor de rádio, sem-pre chamou a atenção das pessoas. Na escolaou em casa, o garoto Milton Ferretti Jung se so-bressaiu dos demais pela entonação e pelo jeitode ler. Característica que ele explorou comopoucos, até se tornar um dos principais locuto-res da história do rádio brasileiro.

O Correspondente Portocred é a mais im-portante e mais tradicional síntese informati-va da Rádio Guaíba, casa onde Milton reinaabsoluto com sua voz inconfundível. O notici-ário editado pelo Departamento de Jornalismoda emissora, embora dê ênfase ao que ocorreno Estado e no país, não deixa de ser uma “vol-ta ao mundo em 10 minutos”.

Em toda a sua história, o Cor-respondente Portocred teve apenastrês características musicais. A atu-al – criada pelo compositor MiguelGustavo – é uma das marcas do no-ticiário mais antigo do rádio brasi-leiro.

Milton prefere usar uma velhamáxima para defender a manuten-ção de padrão do programa que co-manda:

– Em time que está ganhando não se mexe.No rádio, voz e carisma do apresentador denoticiário são muito importantes. Quem faz deconta que isso não é verdade, que siga procu-rando competir com o correspondente daGuaíba – observou ele.

Com uma disposição invejável, aos 68 anos,Milton é o locutor que está há mais tempo no arapresentando o mesmo noticiário entre todasas rádios do Estado. O patrocinador podemudar, mas a locução do correspondente de

notícias da Rádio Guaíba é feita por ele há maisde 40 anos. Considerado “o recordista dalocução”, revela que não imaginava “ficar tantotempo assim no ar” e faz questão de dizer quenão pretende parar:

– Quando a gente gosta daquilo que faz, amotivação não acaba nunca.

Em 1954, Milton fez um teste na Rádio Canoase não parou mais de trabalhar. Em 1958, come-çou sua trajetória na Rádio Guaíba como locu-tor comercial e em 1964 estreou no Correspon-dente Renner, consagrando sua voz como mar-ca registrada do noticiário, que foi ao ar pelaprimeira vez em 1957.

Ao fazer um balanço de sua tra-jetória, Milton orgulha-se em deta-lhar as atividades paralelas às locu-ções na Guaíba durante todos essesanos: participou do radioteatro daemissora – como narrador do pro-grama infantil dominical –, integroua equipe esportiva de 1961 até o iní-cio de 2003. Durante os dois últimosanos, através de um acordo feitocom a direção de esportes da

Guaíba, Milton narrava somente jogos do Grê-mio e com uma condição: só se fosse no EstádioOlímpico. Agora, o gremista de “carteirinha”não quer mais saber de narrar nenhum jogo.

– Cansei. É mais fácil ficar em casa assistin-do televisão.

O fato de ser considerado “recordista de lo-cução” também lhe rendeu várias propostas detrabalho em outras emissoras, mas a históriaconstruída na Guaíba sempre pesou mais. Ti-tular do noticiário que já foi patrocinado pelosgrupos Renner e Aplub, e hoje tem o patrocínio

PERSONAGEMPERSONAGEMPERSONAGEMPERSONAGEMPERSONAGEM

“Quando agente gostado que faz,a motivaçãonão acaba.”

Page 15: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 15

da Portocred, Milton faz a locução do progra-ma em quatro edições de segundas a sábados enos domingos e feriados em duas edições. Suarotina de trabalho obedece aos horários do no-ticiário. De manhã, após apresentar a edição das9h, ele vai tomar um cafezinho e permanece narádio, pois ao meio-dia participa do programade esportes Terceiro Tempo e logo apresenta a se-gunda edição do Correspondente, às 13h.

À tarde, ele vai para casa, onde tem ativida-des variadas, sempre realizadas ao lado damulher, Maria Helena, com quem é casado há15 anos. No final da tarde, às 17h30min, voltapara a Guaíba, e faz um comentário esportivoàs 18h30min. Encerra o dia com mais duas edi-ções do Correspondente, às 18h50min e 20h.

O noticiário é editado pelo Departamento deJornalismo da emissora. Milton não participada produção e recebe o texto alguns minutosantes de entrar no ar.

– Às vezes eu começo sem saber o que vouler.

Embora esteja há cinco décadas em ativida-de, afirma que sua motivação e orgulho em tra-

balhar é cada vez maior:– Se não tivesse motivação, não trabalharia

mais. Quando tiro férias, não consigo escutaros outros colegas. Fico louco para voltar.

Nas horas de folga, além de aproveitar a com-panhia de sua família, aproveita para ir ao su-permercado, tomar banho de piscina, ir à missa(religiosamente todos os domingos de manhã),navegar na Internet e andar de bicicleta em com-panhia de Maria Helena.

– Adoramos andar de bicicleta e o nossobairro, o Assunção, é tranqüilo para isso.

Milton tem três filhos do primeirocasamento: Jaqueline, que é professora, MiltonJúnior, que seguiu os passos do pai e éapresentador de rádio e televisão em São Paulo,e Christian, que trabalha como mestre decerimônias do Palácio Piratini.

– Nota-se que a família gosta de falar aomicrofone – ironiza Milton, orgulhoso da boaconvivência com os filhos.

Com bom humor, revela que seu “grandeprojeto para o futuro” é seguir mais 40 anos,pois seu único desafio é continuar vivendo.

ARQUIVO BABEL

Page 16: Revista Babel n.º 0

16- REVISTA BABEL

Porto Alegre. Brazil. É isto mesmo que você está lendo,Brazil com zê. Eu já explico. Estou escrevendo este artigoem junho de 2006. Mais precisamente durante o emocio-

nante jogo entre Ucrânia e Arábia Saudita válido pela Copa doMundo da Alemanha. Sem querer ser chato, tenho um certoorgulho de não conhecer um jogador da Ucrânia. Aliás, tam-bém não tenho nenhuma idéia da tabela de jogos e tampoucoda classificação da Copa do Mundo. Sinto-me um estrangeiro.

Agora, um correspondente.Nesta semana de quatro dias úteis, tenho cinco

reuniões agendadas, uma campanha para aprovar,quatro monografias para corrigir, três viagens, sen-do uma delas para São Paulo, para acompanhar asfotos de outra campanha que entra no ar na próximasemana. Quem mandou estudar?

Sobre o mercado de trabalho tenho dois conse-lhos simples. O primeiro deles é você parar comtudo - inclusive de ler este artigo - e ir jogar bola.Sim, jogar bola. Treine bastante, arrume um bomempresário que você poderá inclusive jogar umaCopa do Mundo. Na pior das hipóteses, pela sele-ção da Tunísia.

Caso você faça parte do outro time como eu, oconselho é fazer o óbvio. Você deve estar se per-guntando, como assim fazer o óbvio se sou um pu-blicitário e publicitários devem ser é criativos? Pois

bem, ser criativo é pré-requisito para qualquer profissão.Quem não é criativo, pode ser substituído por máquinas quecustam bem menos e não erram. Isto é óbvio. Para se darbem nesta profissão você deve equilibrar os três principaisfatores: trabalho, talento e sorte. Quando um deles se so-bressai, compensa o outro. Outra dica óbvia. Tanto quantoser jogador de futebol no Brasil.

Anote aí: trabalho,talento e sorteO publicitário deveequilibrar estes três fatorespara ter sucesso na profissão

Marcelo Aimi Marcelo Aimi Marcelo Aimi Marcelo Aimi Marcelo Aimi épublicitário, diretorde criação daAgência Soul eprofessor

OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

Page 17: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 17RÁDIORÁDIORÁDIORÁDIORÁDIO

No ar há cerca de cinco décadas, o Corres-pondente Ipiranga está de roupa nova. Asíntese noticiosa que já foi CorrespondenteGBOEX (de 1966 e 1978), CorrespondenteMaisonave (de 1978 a 1985), CorrespondenteStrassburger/Rádio Gaúcha (de 1985 a 1988), eAlfred/Rádio Gaúcha (de 1988 a 1991), ganhouum estilo mais moderno, leve e novas vozes.

O programa, tradicionalmente apresentadona voz do locutor José Aldair, tem agora umtom mais descontraído e coloquial com AndréMachado. Segundo o novo apresentador, aprioridade deixou de ser a voz:

– Começamos a priorizar a maneira comoa informação é dada.

O noticiário conta agora com pelo menosquatro vozes: na abertura, na apresentação,nos comerciais e na previsão do tempo, alémda freqüente participação de repórteres. Antesdividido em dois blocos, o noticiário passou ater um terceiro. Ao invés de uma manchete,agora são três destaques na abertura. Aschamadas de notícias para o próximo bloco:“Veja ainda nesta edição”, é inspirada nosmodelos usados em telejornais.

A mudança partiu, segundo Machado, danecessidade de ampliar a faixa etária deouvintes que escutam o rádio AM.

– Ele passa, sobretudo, por um processo deenvelhecimento e o nosso objetivo comoprofissional é fazer com que esse meio viva pormuito tempo, que o rádio não termine nunca,então o meio não pode ir desaparecendo juntocom os seus ouvintes.

De acordo com Machado, a aceitação dopúblico ao novo modelo foi superior a 95%:

– Se algumas pessoas deixaram de ouvir –e eu acredito que sim, algumas pessoas devemter deixado de ouvir porque não gostam doformato, não gostam do apresentador – muitaspassaram a ouvir, o que é o mais importantepara a gente, ou seja, garantir essa renovaçãodo público da rádio.

Para muitos ouvintes, no entanto, aadaptação ao novo formato consolidou-se demaneira positiva.

Velho correspondenteganha “roupa nova”

Rádio Gaúcha inova e faz sucesso ao mudaro formato do tradicional noticiário Ipiranga

CANDICE FEIO

– Houve um fenômeno muito interessanteno que diz respeito ao Ipiranga. Eu tenhoviajado muito para fazer o noticiário nointerior e o que eu mais ouço nessas idas éisso: “No começo eu não gostei, achei estranho,hoje eu não consigo me lembrar de como eraantes e sou fã do formato atual”.

Machado afirma, ainda, que a decisão deinovar o noticiário não partiu do intuito deaumentar a audiência.

– O que buscávamos, sim, era um novoproduto. Mostrar que o rádio está vivo, estáse transformando. A idéia foi essa e diferenciouo nosso noticiário do noticiário da RádioGuaíba. Hoje são dois noticiários diferentes,são sínteses que têm uma proposta inicial queé semelhante: trazer os principais acon-tecimentos das últimas horas, mas que têmduas maneiras diferentes de levar essa notíciaao ar. Na verdade, são apenas duas ediçõespor dia que são efetivamente concorrentes: das18h50min e 20h, que estão no ar no mesmohorário.

O Correspondente Ipiranga vai ao ar,ainda, diariamente às 9h e às 12h50min.

Aceitaçãodo novo

modelo foimuito

boa, dizMachado

LEONARDO LENZKIJ

Page 18: Revista Babel n.º 0

18- REVISTA BABEL

Um dos principais desafios do profissional de Relações Públi-cas, hoje, é compreender o mercado. As organizações estão vol-tadas à gestão e às estratégias que contribuam para atingir me-lhores resultados e competitividade. É neste cenário que o pro-fissional de comunicação, e em especial o de RP, precisa estaratento e alinhado para contribuir e agregar os diferenciais desuas expertises em busca destes desafios. Precisa estar com ofoco no negócio.

Vale destacar que esta é uma área com oportunida-des crescentes. Existem correntes, inclusive, que de-fendem que o curso de RP deveria estar ligado à áreade administração e não à de comunicação. Não de-fendo essa posição, mas é preciso entender que gran-de parte do mercado profissional destinado ao RPpassa por essa área. É preciso reconhecer e avaliaras reais potencialidades desta profissão, muitas ve-zes desvalorizada.Embora estejamos no campo da comunicação, há muitoespaço para atuar em consonância com a área da gestãoempresarial. Por isso, é necessário esse repensar no sen-tido da modernização da profissão. Identificar o cenárioatual da comunicação e da administração, para avaliarcomo deve ser, efetivamente, o seu envolvimento paraatender as necessidades das organizações. O profissio-nal precisa estar aberto ao conhecimento, em sintoniacom as necessidades do mercado. Por isso, mesmo atu-ando no campo da comunicação, precisa conhecer a ad-

ministração e seus conceitos, processos e ferramentas que estão sendoimplantados nas organizações. Assim, poderá interpretar de formaadequada os conceitos do setor e utilizar estas informações comoferramentas estratégicas em sua rotina de trabalho. No entanto, écada profissional, com sua atitude empreendedora e pró-ativa, quedeve identificar estas oportunidades e se mobilizar para conquistarseu espaço no mercado.

Desafios do profissionalde Relações Públicas

É fundamental estar aberto aoconhecimento e em sintonia com asnecessidades do mercado

Luiz IldebrandoLuiz IldebrandoLuiz IldebrandoLuiz IldebrandoLuiz IldebrandoPierry Pierry Pierry Pierry Pierry é formadoem RelaçõesPúblicas ecoordenadorexecutivo doProgramaGaúcho daQualidade eProdutividade

OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO

Page 19: Revista Babel n.º 0

REVISTA BABEL - 19TELEVISÃOTELEVISÃOTELEVISÃOTELEVISÃOTELEVISÃO

Babel: A emissora tem um slogan “UlbraTV, você vê diferente”. O que a diferencia?

Mário Pool: O nosso conceito é de TV edu-cativa que tem de gerir seu sustento, buscar aforma de como produzir e ter autonomia em suagrade de programação. Temos de fazer televisãoque seja competitiva e que consiga encontrar seuespaço no mercado enquanto produto eatratividade. Então o ser diferente do slogan érenovar o formato de TV educativa.

Babel: E como o telespectador percebe isto?Pool: Ser diferente não significa produzir

programas diferentes. Com 30 títulos no ar,buscamos o diferencial nas séries antigas comoMcGyver, Chaves, Os Três Patetas, na seção de fil-mes originais com legenda nas ma-drugadas e nos domingos. Outra ca-racterística dos nossos programasé o formato de 20 minutos, porqueas pessoas não têm muito tempopara assistir televisão. Os 18 títu-los produzidos aqui têm uma lin-guagem voltada ao público jovem.

Babel: Qual o ponto forte da pro-gramação?

Pool: Eu diria que nesse momento é o pacotede séries e filmes que está nos trazendo proxi-midade com o público. Porque fazer nome deprogramas produzidos por nós é uma questãode construir o hábito no telespectador de assis-tir ao canal. No canal aberto, estamos concor-rendo com outras 14 ou 15 emissoras e dentro

O desafio éfazer diferente

CRISTINA DUARTE

Os alunos da Universidade Luterana doBrasil (ULBRA) estão acompanhando umaexperiência rica na área da comunicação: onascimento de um canal de televisão. AULBRA TV, um dos mais novosempreendimentos da Universidade teve oseu transmissor ligado em 24 de novembrode 2004. Hoje, a emissora oferece 24 horasde variada programação diária – canal 48UHF, e 21 na NET, ou por antenaparabólica digital. Para o diretor daULBRA TV, Mário Pool, dar chance aosrecém-formados de participar desteprocesso é compensador:

da Net são mais de cem canais disputando au-diência. Sabemos que as pessoas estão sintoni-zando por causa dos filmes.

Babel: E para o futuro, quais são os projetosda emissora?

Pool: É a formação da rede da ULBRA TVpara fechar o Estado. A meta até o final do ano étermos pelos menos quatro ou cinco re-transmissores funcionando.

Babel: No canal aberto?Pool: Sim. As retransmissoras são um fator

estratégico importante para expandir o sinal eampliar a fronteira da Grande Porto Alegre.Hoje atingimos 3,5 milhões de pessoas, quere-

mos chegar até a fronteira, no oestedo Estado e até o litoral.

Babel: A TV abre espaço paraos jovens profissionais. Como étrabalhar com recém-formados?

Pool: É uma experiência boa.Quando decidimos que o canal iater um segmento de público jo-vem, que buscávamos uma mis-

tura da MTV, ESPN e Canal Futura, descobri-mos que só conseguiríamos isso com uma equi-pe jovem. Noventa por cento dos nossos jor-nalistas, assessores de redação, produtores,ficam na faixa dos 20 aos 30 anos. A TV temesta cara porque é feita em cima dos concei-tos, idéias, conhecimentos e vivência do gru-po jovem que está aqui.

“Experiênciacom osjovenstem sidomuito boa.”

LEONARDO LENZKIJ

Page 20: Revista Babel n.º 0

LAZERLAZERLAZERLAZERLAZER

Um grupo de amigos fala sobre o cotidiano,caminha pelo Bom Fim e pela Cidade Baixa e,muitas vezes, discute sobre o nada. Com exce-ção dos conhecidos bairros da Capital, parecea sinopse de um episódio da série americanaFriends. Guardadas as proporções, pode até ser.Com o plus de se ouvir muito “tu”, “bah” euma boa dose do bom e velho sotaque porto-alegrense.

A identificação do público com essas con-versas cantadas e cheias de interjeições doscinco personagens da série POARS pode ser aexplicação para o sucesso repentino desta queé a primeira empreitada da Ulbra TV (canal48 UHF e 21 da NET) em teledramaturgia. Compouco tempo no ar e com uma dose de impro-viso típica de curtas universitários, a série acu-mula comunidades de fãs no Orkut e se tornouassunto obrigatório nas festas e shows de rockde Porto Alegre.

Os acordes de bandas gaúchas como Car-tolas e Cachorro Grande embalam os episódi-os diários de 15 minutos, que também contamcom a presença de figuras ilustres da cena ro-

Friends porto-alegrenseSérie da Ulbra TV desperta

interesse da gurizada da Capital

ALEXANDRE ERNST

queira do Estado. King Jim, dos Garotos daRua, e Zé do Bêlo foram alguns dos que já fize-ram uma ponta ao lado do elenco fixo, com-posto por Luiza Pacheco ( Julia), ManuMenezes (Laura), Bruno Bazzo (Beto) e Mar-cos Kligman (Sheila), além de Pedro Maron,que interpreta ele mesmo e que é um dosroteiristas da série, ao lado de Thiago Lázeri.

– Falamos de uma forma que não soa for-çado e é completamente inspirada no nossocotidiano – afirma Maron.

Maron e Lázeri, os dois idealizadores da sé-rie, se conheceram em um chat. No verão de2006, resolveram fazer um programa de tele-visão. Em um dia, escreveram, gravaram e edi-taram, e no outro estavam batendo na portado canal comunitário PoaTV (canal 6 da NET).O episódio único foi ao ar e despertou o inte-resse dos produtores da Ulbra TV, que elege-ram o projeto para iniciar os trabalhos de seuNúcleo de Teledramaturgia, coordenado porCésar Figueiredo. A equipe da série é formadapor cerca de 20 profissionais e cada episódiotem um orçamento em torno de R$ 1 mil.

O Núcleo de Teledrama-turgia da Ulbra TV (NTU),apresenta o primeiro seriadoda emissora, POARS. A série éexibida de segunda a sexta-feira, às 22h15min, com rea-presentação no dia seguinte,

às 13h15min. Aos sábados, osepisódios que foram ao ar duran-te a semana são reprisados às 20h.

O núcleo surgiu com a pro-posta de abrir espaço para incen-tivar a produção dateledramaturgia local.

Neste desafio, o projetoPOARS é o pioneiro. A sériemostra a história do cotidianode cinco jovens que vivem nacidade de Porto Alegre. Emuma linguagem descontraídae irreverente.

Ligado na programação do POARS

LEONARDO LENZKIJ