Revista Adventist World - Abril 2008

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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Abril 2008 12 Minhas Pedras do Jordão 27 Jesus e o Sábado 11 Reduzindo o Risco de um Ataque Cardíaco Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia de uma Sonho Mãe Realização do

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Revista Adventist World

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Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

Abr i l 2008

12 Minhas Pedras do Jordão

27 Jesus e o Sábado

11 Reduzindo o Risco de um Ataque Cardíaco

Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

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A I G R E J A E M A Ç Ã O

Editorial ....................... 3

Notícias do Mundo 3 Imagens e Notícias

Janela 7 Cuba por Dentro

Visão Mundial 8 Novos Ares Ecumênicos

S A Ú D E

Reduzindo o Risco de um Ataque Cardíaco ..................... 11Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

Lutando Contra a Violência .................. 26Por Angel Manuel Rodríguez

E S T U D O B Í B L I C O

Jesus e o Sábado ......... 27Por Mark A. Finley

I N T E R C Â M B I O M U N D I A L

29 Cartas30 O Lugar de Oração31 Intercâmbio de Idéias

O Lugar das Pessoas ........................ 32

A R T I G O D E C A P A

Realização do Sonho de uma MãePor Samuel Neves ........................................................................ 16O caminho de cada cristão é singular. Só uma coisa nos é comum: Jesus caminhando ao nosso lado.

D E V O C I O N A L

Minhas Pedras do Jordão Por Stephen Dunbar ................ 12O que podemos aprender de nosso encontro com Cristo?

V I D A A D V E N T I S T A

Fé a Toda Prova no País do Tsunami Por Caroline V. Katemba Tobing ................................................. 14Um dos desastres naturais mais devastadores desta década não conseguiu desanimá-los no cumprimento da missão.

C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

Vida, Morte e Ressurreição de Cristo Por Elias B. de Souza ................................................................... 20Nossa principal esperança está fundamentada no maior evento da história.

E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

Mensagen Para Nosso Tempo Por Ellen G. White ........... 22Onde está ancorada a sua esperança?

H E R A N Ç A A D V E N T I S T A

A Última Moeda Por Arthur W. Spalding ............................. 24Foram todos os nossos pioneiros heróis da fé? Ou apenas aparentavam ser?

Capa: Quando se formou pelo Newbold College, em 2004, Samuel Neves era a própria realização do sonho e res-posta às orações de sua mãe. Hoje, vive cada dia com a certeza de que nasceu por um milagre e foi especial-mente separado para Deus.

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 4, nº 4, Abril 2008.

Tradução: Sonete Magalhães Costa

www.portuguese.adventistworld.org

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Multidão Incontável “Creio que não teremos um bom público hoje”, diz o pre-

sidente da Associação, enquanto esperamos o início do culto. “Geralmente, a essa altura, temos mais gente no auditório. Acho que o motivo é uma das alternativas abaixo” – e ele esco-lhe pelo menos uma delas:

“O tempo está tão ruim hoje;”“Há outro grande evento, e muitos de nossos membros estão

participando;”“Os jovens estão tendo um concerto/filme/representação/

treinamento;”“Não tivemos tempo para divulgar este culto.”Eu sorri, pois já estive na mesma situação e conheço todo

tipo de explicações embaraçosas, ou seja, a razão pela qual o público que esperávamos não apareceu. Mas o presidente não sabe, ou não terei tempo para lhe dizer, que isso realmente não importa: público expressivo, todos os assentos ocupados, hinos cantados com entusiasmo ou murmurados por uns poucos fiéis.

Isso é um culto, não um evento político, não um evento para ser medido pelos costumeiros instrumentos humanos:

números, volume e amplitude. Em uma hora de culto, os fiéis comparecem para manter diálogo com seu Senhor, o que, muitas vezes, é mais prejudicado do que facilitado quando milhares estão reunidos. Na hora do culto, não nos atrevemos a interagir com a Palavra do Senhor, de maneira pessoal e un-gida pelo Espírito, em virtude da segurança de que nos imbuí-mos ao participar de eventos grandes ou populares.

O Cristo a quem adoramos promete estar presente não importa se haja apenas dois ou três reunidos em Seu nome. Embora tenha pregado a milhares de pessoas e tenha Se compadecido de grandes multidões, Jesus sempre mostrou preferência por encontros pequenos e particulares. Ele não Se envergonha de pequenos públicos, e Seu poder não se limita a uma escala de valores baseada em números. Seu amor é tão terno, Sua graça é tão maravilhosa quando dez ou vinte apren-dem sobre ela, como quando estádios inteiros cantam em Seu louvor.

Se você adora a Deus na companhia de poucas pessoas, à semelhança de milhares de adventistas ao redor do mundo, alegre-se e pare de justificar-se. Você já tem todo o público que precisa.

“E será que, antes que clamem, Eu responderei; estando eles ainda falando, Eu os ouvirei” (Is 65:24).

— Bill Knott

Editorial

A Igreja em Ação

■ Manter as finanças da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial em ordem é prioridade máxima para os funcionários do Departamento de Audi-toria da Associação Geral (DAAG). Mais de 400 pessoas, incluindo auditores, suas famílias e convidados especiais compa-receram ao recente encontro educacio-nal, em Chiang Mai, Tailândia, um local, segundo os organizadores, que se orgu-lha de oferecer acomodação de primeira classe, com excelentes instalações para eventos, por um preço extraordinaria-mente razoável.

O encontro foi importante, segundo o vice-presidente geral da igreja mun-

dial, Lowell Cooper, pois foi a “primeira vez” que um grande número dos mem-bros da comissão do DAAG teve a opor-tunidade de se reunir, com a presença de muitos auditores da igreja. Por causa do crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia em todos os países, os auditores do DAAG estão presentes em cada uma das 13 regiões mundiais da denominação.

“O seminário propiciou uma oportunidade única para convivência e crescimento profissional à equipe mundial de auditoria”, disse Cooper. “Foi enfatizado que o DAAG é também um ministério da igreja.”

ANFITRIÃO DO ENCONTRO: Paul Douglas, diretor do Departamento de Auditoria da Associação Geral, fala no segundo encontro internacional do DAAG em Chiang Mai, Tailândia.

Auditores da Igreja Reúnem-se na Tailândia

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Paul Douglas, recentemente eleito diretor do DAAG, expressou seu reco-nhecimento às esposas e filhos que, a cada dia, fazem sacrifício significativo para apoiar o ministério para o qual cada um dos auditores foi chamado. Também agradeceu a contribuição de Eric Korff, que acaba de se aposentar do cargo de diretor do DAAG, e desafiou cada auditor a abraçar o tema do encon-tro: “Servindo com Excelência!” Douglas afirmou que cada auditor deve abraçar o compromisso global do DAAG de servir com eficiência, desenvolvendo sua apti-dão com a atitude certa.

O encontro, que durou uma sema-na, foi idealizado para proporcionar alimento espiritual, desenvolvimento profissional, bem como interação social entre colegas de todo o mundo. Para alimentá-los espiritualmente, Robert J. Kloosterhuis, ex-vice-presidente da igreja mundial, compartilhou men-sagens espirituais adaptadas para os participantes da área de negócios. Para o desenvolvimento profissional, foram apresentadas 32 horas de educação con-tínua direcionada para a compreensão e aplicação da ética, atualizações de nor-mas de auditoria, revisões das Normas e Metodologia de Auditoria do DAAG, questões relacionadas com fraude, dicas e ferramentas para falar em público, habilidades essenciais para liderança e excelência no serviço.

Em reconhecimento pelo trabalho dedicado dos auditores, foi oferecido um banquete, durante o qual se desta-cou a estabilidade de serviço individual dos auditores, a qual varia entre 5 e 25 anos. Lowell Cooper, Robert Lemon, tesoureiro da Associação Geral, bem como Jack Krogstad, presidente da comissão administrativa do DAAG, prestaram homenagem especial aos que se distinguiram nessa área e agradece-ram o excelente serviço e sacrifício que fizeram, tanto para Deus como para os adventistas do sétimo dia.

“Estou muito agradecido pela opor-tunidade oferecida de crescermos tanto

profissional como pessoalmente, para servirmos nossos clientes”, disse Norbert Zens, diretor associado do DAAG na região euro-africana, após o encontro. Foi complementado por Kim Tae-Sung, diretor associado do DAAG, sediado na Coréia: “Foi maravilhoso conversar com nossos colegas de todas as partes do mundo, compreendendo que somos um em Cristo e que somos todos filhos de Deus.”

Organizado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em 1977, o DAAG realiza auditorias financeiras estrutu-ralmente independentes, revisa ope-rações de crédito e cumprimento das praxes em mais de 2.500 organizações denominacionais ao redor do mundo, com uma base de ativos estimados em vinte bilhões de dólares americanos. Com uma equipe de aproximadamente duzentos profissionais altamente quali-ficados, operando em quarenta países, o DAAG se propõe a oferecer auditoria da melhor qualidade pelo melhor valor econômico. —Reportagem do DAAG, com equipe da AW

Pastor Paulsen Incentiva Jovens a Envolver-se nas Igrejas Locais■ O envolvimento na congregação local é a melhor maneira de impactar a comunidade global dos adventistas do sétimo dia, disse o Pr. Jan Paulsen, presidente da igreja mundial a dois gru-pos de jovens reunidos para o primeiro programa Let’s Talk (Vamos Conversar), transmitido da Ásia. Incentivando a par-ticipação, tanto nas atividades da igreja como na espiritualidade pessoal, Paul-sen respondeu às perguntas de jovens profissionais da região leste da Ásia.

A pergunta: “O que fazer para que o Adventismo, uma religião com raízes predominantemente ocidentais, seja re-levante na Ásia?”, surgiu logo no início do programa transmitido, ao vivo, no dia 10 de fevereiro, da cidade de Hong Kong. O grupo presente incluía jovens da China (continente), Hong Kong e Taiwan.

“Você não pode tirar as pessoas da [sua] cultura”, disse Paulsen, que usava na ocasião uma roupa típica chinesa para ocasiões formais. “A igreja precisa encontrar meios significativos para al-cançar as pessoas na sua própria cultura. Os valores ensinados por Deus devem ter significado em qualquer ambiente cultural.”

Os participantes, tanto do programa transmitido de Hong Kong, como do programa similar realizado em Mani-la, nas Filipinas, no dia 7 de fevereiro, inquiriram Paulsen sobre casamento, divórcio e a realidade do solteiro.

Paulsen, citando seus 52 anos de casado, enfatizou a importância de esco-lher, com sabedoria, o companheiro da vida e de participar de aconselhamentos pré-nupciais. Uma vez que o casamento é um “compromisso, não uma experi-ência”, Paulsen disse que a alternativa de “morar junto” não é aceitável como desculpa para diminuir os índices de divórcio.

Paulsen prosseguiu com o tema sobre compromisso, agora em relação à lealdade a Deus, respondendo a várias perguntas sobre a observância do sá-bado, para o grupo de Manila. Quando um estudante de Mianmar disse que alguns exames, em escolas públicas, são aplicados somente aos sábados, Paulsen mencionou o trabalho desenvolvido pelo Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da igreja contra a discriminação religiosa.

Outro estudante perguntou se é er-rado dar uma “escorregada” na guarda

Jovens, vindos do Camboja até Ban-gladesh, reúnem-se em Manila, nas Filipinas, para o primeiro programa Let’s Talk realizado na região leste da Ásia, no dia 7 de fevereiro.

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do sábado para conseguir um favor de um professor ou um chefe. “Não faze-mos concessões em relação ao sábado, por nada”, disse Paulsen.

Quando os jovens confiam em Deus, podem também confiar em seu “julgamento correto e bons propósitos”, salientou Paulsen durante os dois pro-gramas. “Veja, você sabe o que é certo”, disse ele em resposta a uma pergunta sobre música, filmes e outras escolhas na área de entretenimento. Foi quando compartilhou como ele próprio escolhe as músicas para o seu iPod: “Essa música é respeitável? Comunica uma mensagem de Deus? Pode ser usada para unir uma comunidade de crentes?” Se não, melhor não “batizá-la”, disse ele.

Várias perguntas giraram em torno das atividades apropriadas para os ad-ventistas. Será que deveríamos apoiar algum político ou concorrer a algum cargo eletivo? Devemos nos associar a outras denominações? E praticar espor-tes? O “sim” do pastor Paulsen a cada pergunta foi seguido da advertência de que nada pode interferir no nosso compromisso com Cristo. Se, algum dia, você concorrer a uma eleição, “não confunda o programa de trabalho do Estado com a missão da igreja”.

“Saiba quem você é e não compro-meta sua identidade”, disse Paulsen, aconselhando os jovens a não se isola-rem na comunidade adventista. “Cristo disse: ‘Vamos ao encontro das pessoas.’ Não fique isolado! Vá com convicção, com a certeza de quem você é e do bem que pode oferecer”, disse.

Quando um participante do Cam-boja, cuja família morreu no genocídio de Pol Pot, perguntou se Deus vai levar para o Céu as pessoas que não tiveram a oportunidade de aceitar a Jesus, Paul-sen assegurou que a “generosidade” de Deus vai muito além da compreensão humana. “Você pode se alegrar porque Deus mesmo responderá a todas as suas dúvidas.”—por Elizabeth Lechleitner, Rede Adventista de Notícias, com a equipe da AR.

Enquanto o Quênia se digladia com a violência resul-tante da disputa pela reeleição do presidente Mwai

Kibari, um líder adventista do sétimo dia diz que os mais de 600 mil membros que formam a forte comunidade adventista naquele país são politizados e bem posiciona-dos para influenciar os esforços de reconciliação.

Geoffrey Mbwana, líder da Igreja Adventista na Áfri-ca Centro-Oriental, cuja sede está localizada em Nairóbi, falou recentemente à Rede Adventista de Notícias sobre a campanha da igreja no Quênia visando a recrutar pastores e líderes adventistas para pregar sobre perdão e respeito pela vida, tanto do púlpito como nas mesas de negocia-ção. “Somente quando os adventistas são fiéis aos valores cristãos, acima da lealdade tribal”, diz ele, “a igreja pode evitar situação semelhante à violência tribal de 1994 e os assassinatos em massa na vizinha Ruanda.”

A despeito dos desafios em relação à segurança, Mbwana diz que os adventis-tas estão ajudando as pessoas atingidas. Os membros das igrejas estão organizan-do cultos, aos sábados, nos campos de refugiados e distribuindo alimentos, roupas e outros suprimentos básicos para os desabrigados.

Rede Adventista de Notícias: O atual ministro da Educação do Quênia, Sam Ongeri, é adventista do sétimo dia, assim como vários juízes e figuras impor-tantes da nação. Podem os adventistas usar seu cargo público de maneira a influenciar as opiniões em direção à reconciliação? Geoffrey Mbwana: Sim. O professor Ongeri estava entre os quatro líderes apontados recentemente pelo presidente Kibaki, para representar seu partido nas negociações com Kofi Annan. Lembro-me muito bem da primeira reunião, a qual, por sinal, foi televisionada. Annan estava pronto para começar, quando o Prof. Ongeri solicitou educadamente que iniciassem as negociações com uma prece. Então, foi solicitado que ele fizesse a oração, o que certamente foi uma contribuição muito positiva.

Não há envolvimento político, ou seja, perigo de que a fidelidade política possa eclipsar a lealdade cristã?Temos gente em ambos os lados [da disputa política]. Você sabe, eles são nacio-nalistas e participam na vida política do país. Temos membros adventistas no parlamento. O Prof. Ongeri foi nomeado pelo presidente Kibaki. Nossos mem-bros são ativos no cenário político da nação. O que acontece com a população em geral, afeta nosso povo. Esperamos que eles continuem a compreender que a vida é mais importante do que facções políticas e o lado para o qual pendemos. Estamos pedindo ao nosso povo para mostrar que faz diferença tornar-se cris-tão (adventista) em momentos como esse.

LEVANDO PAZ: O pas-tor Geoffrey Mbwana, presidente da igreja adventista na região África Centro-Oriental, diz que os membros podem ajudar a levar a paz ao Quênia.

Por Elizabeth Lechleitner, diretora assistente da Rede Adventista de Notícias

Mais de 600 mil quenianos são membros da igreja.

A D V E N T I S TA S PA R T I C I PA M N A

Recuperação do Quênia,

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Diz Líder Regional da Igreja

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O que dizer da comunidade adventista como um todo? Está a população adventista do Quênia polarizada em relação ao conflito? Existe a possibilidade de o país tornar-se como Ru-anda, com adventistas lutando contra adventistas?No momento, acho que não é esse o caso. Mesmo assim, se as questões em jogo não forem corrigidas e sanadas, infelizmente terão potencial para se transformar em um grande problema. Mas estamos visitando as congregações. Tivemos várias reu-niões com os pastores de diferentes regiões, incluindo as áreas mais violentas. Pregamos a irmandade e a reconciliação, o amor e o respeito pela vida do outro, o perdão e a paz.

Até que ponto a população adventista do Quênia foi atingida pela violência? Até agora, não temos notícia de que nenhum adventista per-deu a vida. É um tanto difícil conseguir informação. Por isso, não podemos afirmar com certeza. Entretanto, em termos da infra-estrutura da igreja, uma guarita de segurança noturna (na Universidade do Oriente Africano, em Baraton) quase foi queimada, casas de alguns professores da universidade foram destruídas e uma de nossas escolas foi quase totalmente quei-mada. Os membros de nossa igreja têm sido muito mais afeta-dos pela violência. Muitos deles ficaram desabrigados e estão em campos de refugiados. Em Eldoret, na região oeste do Quênia, em um dos campos de refugiados, quase 300 membros da igreja adventista reúnem-se para o culto, a cada sábado, e há muitos outros adventistas em diferentes campos, que temos visitado de tempos em tempos.

Existe algum modo de convencer os adventistas de etnias opostas a perdoar uns aos outros, nesse clima de tanta riva-lidade étnica?Basicamente, apelamos para suas convicções espirituais, por-que todos nós temos o mesmo sangue por meio de Jesus Cris-to. Temos diferenças étnicas, mas elas não são importantes. O que importa é que fazemos parte da mesma família. Jesus valorizou de tal modo a vida que deu Seu próprio sangue para que tenhamos vida. Portanto, em vez de derramar o sangue de alguém, devemos estar ao seu lado para apoiar. Esse é o espí-rito de Jesus Cristo. Estamos tentando guiá-los para além dos seus sentimentos étnicos, ou seja, abraçar os poderosos valores cristãos e viver de acordo com tais padrões.

Ideologicamente, soa bem. Mas como vocês traduzem esses conselhos em resultados concretos? Umas das coisas que ministramos às pessoas de diferentes gru-pos éticos, em muitos campos de refugiados, é a necessidade de alcançar o outro lado com atos de bondade, porque temos gente de ambos os lados dessas facções étnicas que estão sendo afetadas negativamente e, no momento, precisam de ajuda. Te-mos, portanto, encorajado nossas igrejas a oferecer ajuda, sem

preconceito, a ministrar a todos os grupos de pessoas e mostrar-lhes amor e bondade. Essa mensagem é bem recebida. Além disso, muitas igrejas prestam serviço voluntário, como aconse-lhamento para crianças e para os desabrigados. Alguns volun-tários de nossas igrejas cuidam das crianças órfãs nos campos, e todas as nossas igrejas, até agora, estão ativas coletando alimen-tos, roupas e fazendo as entregas – alguns, por meio da ADRA, e outros diretamente nos campos de refugiados. Não são apenas uma ou duas pessoas trabalhando. Cada pastor e líder de igreja tem se esforçado para pregar a reconciliação, tentando sanar qualquer problema local que possa surgir.

Qual é a reação a esses esforços?Em lugares onde já atuamos, as pessoas responderam positiva-mente. Estou falando sobre os adventistas, naturalmente. Todas as vezes que falamos com eles, disseram: “Essa é a mensagem de que estávamos precisando.” Em alguns desses lugares remotos e perigosos, os adventistas nos disseram: “Não imaginávamos que o senhor viria tão longe, arriscando a vida por nós.” Ficaram felizes e animados em ver seus líderes e ouvir a mensagem deles.

O senhor acha que essa mensagem está influenciando esfe-ras além da comunidade adventista?Acredito que sim. Manifestamos o desejo de nos reunir com os líderes de cada lado da disputa política, embora não tenhamos ainda condições para tal. Apesar de os resultados não serem tão expressivos, uma vez que não podemos ir a certos lugares por questão de segurança – cremos que tem causado um im-pacto positivo e pode contribuir na restauração das feridas e caminhar na direção da reconciliação. Ontem fui convidado para falar em uma reunião interdenominacional, a qual seria televisionada, mas, por alguma razão, foi adiada. Esse, porém, é o tipo de evento do qual estávamos ansiosos para participar. Em nossas igrejas, já vemos pessoas se reunindo e dizendo: “Sim, precisamos amar uns aos outros; precisamos esquecer essas diferenças.”

Os membros de nossa igreja, ao redor do mundo, estão pre-ocupados com a situação do Quênia. Há alguma coisa mais que o senhor gostaria que soubessem?Agradeço muito aos membros da igreja em Nairóbi e em todo o país, bem como aos adventistas de todo o mundo por do-arem tempo e recursos para ajudar as pessoas que precisam de ajuda agora. Agradeço aos nossos jovens que trabalham voluntariamente para a ADRA na distribuição de roupas e alimentos, pois nossa maior necessidade é desse espírito cris-tão. Temos recebido grande apoio dos adventistas, ao redor do mundo, na forma de conselhos e orações. E quando estávamos evacuando nossos funcionários da universidade e do nosso hospital, recebemos muito apoio da Associação Geral. Os líde-res estiveram conosco diariamente.

A Igreja em Ação

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J A N E L A

Cento e cinqüenta quilômetros é a distância que sepa-ra Cuba dos Estados Unidos, na costa do estado da Flórida. Sendo o único país comunista no hemisfério

ocidental, Cuba tem tido relações tumultuosas com os Estados Unidos desde os anos 60. Cerca de 11 milhões de pessoas vi-vem nesse país caribenho, constituído por um arquipélago. Já foi considerado como o destino mais popular para o período de férias, mas o país tem sido reprimido econômica e social-mente nos últimos 50 anos.

Cristóvão Colombo, durante sua famosa exploração do “Novo Mundo”, conquistou Cuba para a Espanha, em 1492. Ao longo dos séculos seguintes, muitos escravos africanos fo-ram levados para Cuba para trabalhar nas plantações de café e cana-de-açúcar. Navios espanhóis, vindos da América Central e do Sul, aportaram em Cuba, em seu caminho para a Europa, fazendo da cidade de Havana um importante porto para o Império Espanhol.

Embora brevemente ocupada pelos britânicos, a ilha permaneceu como uma colônia espanhola até 1868, quando declarou sua independência. Enquanto a maioria das outras colônias do “Novo Mundo” procurou e conseguiu sua inde-pendência muito mais cedo, Cuba permaneceu leal, talvez por causa do valor de suas exportações para a Europa e sua preo-cupação com a influência dos Estados Unidos na região.

A Espanha continuou a controlar Cuba até 1895, quando uma revolução liderada por José Julián Martí,com intervenção dos Estados Unidos,resultou no estabelecimento da República de Cuba.

Até o presente governo tomar posse em 1959, Cuba era o

maior produ-tor de açúcar do mundo. Mas diversos embargos comerciais, desde a metade do século vinte, têm limi-tado a economia de Cuba. A expor-tação de tabaco e açúcar continua muito importante para a economia da nação.

O Adventismo em CubaA visita a Cuba, de W. A. Spicer, secretário da Comissão de

Missões da Associação Geral, no inverno de 1902, e os artigos subseqüentes da Review and Herald (Revista Adventista), impul-sionaram os primeiros missionários adventistas a começar com a colportagem e o trabalho médico missionário no outono de 1903.

Alguns anos depois, a igreja adventista organizou, oficial-mente, a Missão Cubana. Em 1905, a primeira congregação foi organizada num subúrbio próximo a Havana.

Os primeiros cubanos a se tornarem adventistas do sétimo dia foram Pedro Cruz e Manuel Ávila. Cruz conheceu missio-nários adventistas, leu sua literatura e convidou seu amigo Ávila para acompanhá-lo às reuniões. Os dois foram batizados em 18 de maio de 1907. Naquele ano, mais oito pessoas foram batizadas.

Em 1935, o programa de rádio La Voz del Atalaya começou a ser transmitido fora de Havana, com Miguel Vasquez como locutor. Em 1942, o departamento de rádio da Associação Geral nomeou Bráulio Pérez Marcio, que começou a preparar e gravar programas em espanhol, transmitidos pela estação de rádio CMQ, por todo o Caribe. Apesar de essas transmissões de rádio não haverem continuado, uma escola bíblica por cor-respondência funciona até hoje.

A Igreja Adventista teve 40 escolas primárias na ilha, até todas as escolas particulares serem banidas em 1961. O Semi-nário Adventista Cubano ainda funciona, mas as matrículas diminuíram significativamente desde o início dos anos 60.

Em 1994, aproximadamente 11 mil adventistas viviam em Cuba. Apenas seis anos depois, a igreja havia dobrado esse número, chegando a 23 mil membros.

Hoje, a Igreja Adventista em Cuba continua a crescer, com expansão das ins-talações de muitas congregações.

Para saber mais sobre a Igreja Adventista em Cuba, assista ao DVD da Missão Adventista, deste trimestre, ou visite www.Adventist-Mission.org.

Por Hans Olson, do escritório da missão adventista

Por DentroCuba

CUBACapital HavanaIdioma oficial EspanholReligiões Cristianismo (Catolicismo Romano

e Protestantismo), Judeus, Santería (prática sincretista afro-cubana)

População 11.2 milhõesMembros adventistas 26.000Adventistas per capta 1 para 430

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V I S Ã O M U N D I A L

Novos ares sopram em terrenos cristãos, com a capacidade de

transformar o movimento ecumênico. Qual deve ser a posição dos adventistas do sétimo dia em relação ao assunto, considerando seu profundo interesse na evolução dos eventos finais?

Nos dias 6 a 9 de novembro de 2007, líderes cristãos representando mais de 70 nações reuniram-se em Limuru, no Quênia. Esse grupo, extremamente diverso, unido sob a chancela do Fó-rum Cristão Global (FCG), participou de uma reunião sem precedentes, nos tempos modernos. Pela primeira vez, pentecostais e evangélicos reuniram-se com católicos, protestantes e represen-tantes das igrejas instituídas da África. Muitos dos presentes aclamaram a reu-nião como histórica. Certamente foi um evento único, até o momento.

O encontro em Limuru ocorreu na noite do sexagésimo aniversário do Concílio Mundial das Igrejas (CMI). Muitas mudanças aconteceram no mun-do cristão desde 1948, quando o CMI foi criado com a esperança de uni-los:

■ O centro de gravidade mudou-se para o sul. A Europa e os Estados Unidos não definem mais o ritmo dos aconte-cimenros. O cristianismo cresce rapi-damentos na África e na Ásia, mas está estagnado na região onde nasceu. Hoje em dia, estima-se que a região sul do globo tenha quatro vezes o número de cristãos que há no norte (ou Ocidente). O número de missionários que traba-lham no Sul já ultrapassa o número de seu equivalente, no Ocidente.

Indo pouco além dos números, porém, deve-se notar uma mudança ainda mais importante. O cristianismo

do “Sul” é mais conservador do que a maioria das igrejas que constituem a representatividade principal do CMI. Atribui mais autoridade às Escrituras; tem uma compreensão mais holística do mundo natural e sobrenatural e dá um valor mais destacado ao Espírito Santo, tanto na doutrina como na experiência pessoal.

■ O Movimento Evangélico, sem levar em conta as correntes denomina-cionais, tem se tornado uma força global. Evangélicos, independentemente de denominação, estão unidos na crença da confiabilidade da Bíblia, da obra expiatória de Cristo por Sua morte na cruz, da necessidade da conversão, do evangelismo e da segunda vinda de Cristo. A Aliança Evangélica Mundial conta com 420 milhões de cristãos em sua congregação.

■ Os pentecostais estão crescendo em ritmo ainda mais frenético. Em sua manifestação moderna, o movimento começou como um fenômeno cristão marginalizado na Los Angeles de 1904. Iniciado como um movimento de rea-vivamento, que atraía os mais pobres e desprezados pela sociedade, a denomi-nação pentecostal espalhou-se por todo o mundo. Sem estrutura organizacional, centraliza-se na congregação, enfatizan-do a experiência pessoal com o Espírito Santo. Por ser difícil encontrar uma definição clara do que constitui um pen-

tecostal, as estimativas da força mundial desse movimento variam amplamente; no entanto, observadores em geral con-cordam que os pentecostais carismáticos já chegam a mais de 500 milhões ao re-dor do mundo.

■ No continente africano o cristianis-mo se expandiu. Muitas igrejas nativas têm se levantado em torno de figuras carismáticas. Algumas dessas igrejas, geralmente conhecidas como Igrejas Africanas Instituídas, têm congregações que vão além das fronteiras nacio-nais, chegando até mesmo à Europa e América. Oferecendo uma religião de celebração, eles usam os símbolos, a música e a dança que refletem a cultura africana. Provavelmente, 100 milhões de cristãos pertencem às Igrejas Africanas Instituídas.

Essas mudanças permearam am-plamente o CMI. Muitos evangélicos se desencantaram por causa da mudança brusca em prol de ações políticas e so-ciais tomadas pelo CMI, na Assembléia de 1968, em Uppsala, na Suécia. Pente-costais, inicialmente desacreditados pe-las igrejas principais, tornaram-se hostis ao movimento ecumênico representado pelo CMI. Finalmente, as novas igrejas africanas e o CMI geralmente encon-tram poucos pontos em comum.

Hoje em dia, 60 anos após sua fun-dação, o CMI procura um senso de direção. Seu orçamento e pessoal foram

William G. Johnsson é assistente do presidente nas relações interdeno-minacionais para os Ad-ventistas do Sétimo Dia.

Novos

EcumêncosAres

Será que o Fórum Cristão Global unirá as igrejas?

A Igreja em Ação

Por William G. Johnsson

8 Adventist World | Abril 2008

Page 9: Revista Adventist World - Abril 2008

drasticamente reduzidos, se comparados aos de vinte anos atrás. Falhou na tentati-va de atrair grupos represen-tando números consideráveis de cristãos. Embora tenham feito esforços fervorosos, os membros de suas igrejas não conseguiram dar o passo mais elementar, que é acei-tar um ao outro à mesa de Cristo.

Com tal história pre-gressa, o conceito do Fórum Cristão Global(FCG) nasceu em 1998. Rubert van Beck, que serviu ao CMI por vários anos, mesmo apo-sentado, trabalhou os nove anos seguintes planejando e organizando a reunião que,

finalmente, foi realizada em Limuru, em novembro passado. Van Beck foi assessorado por um comitê diretivo, en-volvendo várias tradições. Mel Robeck, professor de História da Igreja no Se-minário Fuller da Califórnia, e também pentecostal, foi peça-chave, persuadindo muitos líderes pentecostais a participar do FCG.

As idéias do FCG foram, antes de tudo, testadas em reuniões regionais pelo mundo. O comitê de direção con-cluiu que a única maneira de deixar os pentecostais à vontade para participar seria assegurar-lhes que seriam, junto com os evangélicos, pelo menos 50% dos presentes. E isso ocorreu exatamente assim, em Limuru. Os pentecostais eram o grupo mais representativo e desem-penharam papel importante em sessões de plenário e grupos de debate. Os dois artigos de maior relevância apresentados em plenário vieram de acadêmicos pentecostais.

O FCG durou quatro dias em Limu-ru, a 19 km de Nairóbi, em um resort que pertence ao Concílio Nacional de Igrejas do Quênia. O CMI e seus patro-cinadores arcaram com a maior parte

Ecumêncos

Acima: UNIDOS EM ORA-ÇÃO: Cultos vibrantes e ex-celente interação pessoal foram destaque no Fórum Cristão Global em Limuru, Quênia. À direita: AMPLA REPRESENTAÇÃO: Os representantes do Fórum Cristão Global incluíam delegados do Exército da Salvação, Assembléia de Deus, Igreja Ortodoxa da América, Concílio Mundial de Igrejas, Concílio Pontífice para a Promoção da Unidade Cristã e Associação de Comunicadores Cristãos.

Desde 1948, quando o Concílio Mundial de Igrejas foi formado, grandes mudanças ocorreram no mundo cristão.

C O R T E S I A D A H U B E R T V A N B E E K, G L O B A L C H R I S T I A N F O R U M

Abril 2008 | Adventist World 9

Page 10: Revista Adventist World - Abril 2008

das despesas do evento. Muitos daqueles que compareceram tiveram as despesas pagas pelos organizadores. Três adven-tistas participaram: John Graz, Relações Públicas e Diretor de Liberdade Religio-sa da Associação Geral; John Kakembo, Diretor Ministerial da Divisão Centro-Oeste Africana, sediada em Nairóbi, e William G. Johnson, autor deste artigo.

A finalidade declarada do FCG era “criar um espaço aberto onde represen-tantes de um vasto leque de igrejas cris-tãs e organizações interdenominacionais

que confessam o Deus triúno e Jesus Cristo como perfeito em Sua divindade e humanidade, pudessem reunir-se para compartilhar o respeito mútuo e para analisar e debater, em conjunto, desafios comuns”. Ao contrário de reuniões ecu-mênicas do passado, das quais participei, no FCG, o elemento afetivo (emocional) desempenhou uma parte significativa. Os cultos de adoração, com exceção dos conduzidos pela Igreja Ortodoxa, eram bem animados. Os africanos deram um sabor todo especial ao encontro.

Para muitos, o ponto alto ocorreu no primeiro dia. Todos os participantes entraram em grupos de 30, pré-sele-cionados, e pessoa por pessoa gastou cerca de 15 minutos relatando seu tes-temunho pessoal na jornada com Jesus Cristo. O elemento comum do chamado e intervenção divina, independente da

tradição, era poderoso e emocionante. Nesses grupos, as barreiras denomina-cionais vieram abaixo, resultando num clima de boa vontade entre todos, nos dias que se seguiram.

O FCG gastou seu último dia e meio avaliando o que foi debatido e tentando determinar o padrão e direção a serem seguidos. Os participantes expressaram muita gratidão pelo evento, que foi con-siderado um avanço, e pediram para que as estruturas fossem reduzidas ao míni-mo. O FCG quer evitar tornar-se uma

nova organização, e o processo continu-ará em níveis regionais e locais. O comi-tê que planejou o FCG será reformulado e ampliado para dirigir o processo. Os desdobramentos futuros determinarão se acontecerá outra reunião global.

A maioria dos participantes em Limuru saiu entusiasmada. Todos se sentiram parte de algo especial, se não histórico. Será o FCG visto como o divisor de águas, onde o CMI e o velho ecumenismo acabaram, e onde nasceu um novo e imprevisível ecumenismo? Só o tempo dirá.

A maneira com que os adventistas deverão se relacionar com essa mudan-ça de ares deve ser determinada com cautela. Nunca fomos membros do CMI e sempre mantivemos distância da organização abraçada pelo ecumenismo. Para nós, o senso da missão para todo

o mundo, divinamente ordenada, não pode ser enfraquecido ou comprome-tido pela ligação orgânica com outras organizações cristãs.

Não somos juízes. Simplesmente colocamos o foco em nossa missão e deixamos que outros respondam ao Se-nhor pelo seu chamado.

Também desejamos a unidade de todos os crentes, conforme orou o nosso Senhor, um pouco antes de morrer na cruz. Mas unidade com base em quê? E a que preço? Para nós, a unidade cristã só pode vir por crenças compartilhadas, baseadas na Bíblia.

Nossa compreensão histórico-profé-tica faz com que desconfiemos das coli-gações cristãs. Muitas vezes, o resultado tem sido coação de consciência, e Apo-calipse 13 adverte que tal fato acontece-ria pouco antes da volta de Cristo.

Aplaudimos homens e mulheres de boa conduta em qualquer lugar. Por 80 anos, a política de trabalho da nossa igreja tem sido: “Reconhecemos as or-ganizações que exaltam a Cristo perante os homens como parte do plano divino de evangelização do mundo, e temos em alta estima homens e mulheres cristãos, de outras denominações, que estão comprometidos em ganhar almas para Cristo.” Participamos de debates teológicos com outras igrejas, procuran-do compreender e ser compreendidos. Onde seja possível, unimo-nos em movimentos como liberdade religiosa e ajuda aos necessitados, assim como El-len White fez, em seus dias, juntando-se a outras denominações na luta contra o tráfico de álcool.

Adoramos, alegremente, com outros cristãos, orando por eles e com eles, incluindo seus ministros. Nesse aspecto, os adventistas estão bem à frente das igrejas do CMI: nós abrimos a mesa do Senhor a todos os que se apresentam perante Ele, independente da denomi-nação. Esse é o tipo de ecumenismo – e apenas esse – do qual nos sentimos livres para participar.

V I S Ã O M U N D I A L

O modo como os adventistas se relacionarão com essa mudança de ares deve ser determinado com muita cautela.

A Igreja em Ação

10 Adventist World | Abril 200810 Adventist World | Abril 2008

Page 11: Revista Adventist World - Abril 2008

Minha mãe tem apenas 50 anos de ida-de e acabou de sofrer um ataque cardí-aco. Estamos preocupados porque ela parecia ser muito saudável. Meu irmão e eu temos 27 e 24 anos, respectiva-mente. Esse fato significa que corremos risco?

Essa é uma boa pergunta para você fazer ao seu médico. O British Me-

dical Journal (Jornal Médico Britânico) relatou, na edição de 8 de setembro de 2007, que a avaliação dos membros da família pode ser importante.

Um estudo realizado em 130 mil famílias com um ou mais membros por-tadores de doença cardíaca documen-tada, mostra que eles representam 70 % dos participantes do estudo com início precoce de ataques cardíacos e 80 % dos acidentes vasculares cerebrais, também prematuros. Eles representam, entretan-to, apenas 14% da população geral. Isso significa que a predisposição familiar a doenças cardíacas é um fator importan-te. As pesquisas estimam que mais de 50% dos ataques cardíacos poderiam ser evitados com tratamento apropriado.

Na primeira avaliação, seu médico pesquisará os fatores de risco. Quais são seus níveis de colesterol, peso, pressão arterial e estilo de vida; se você pratica exercício físico, quanto de gordura e que proporção de gordura saturada compõe sua dieta; se come castanhas e ácidos graxos ômega 3.

Embora sua mãe, provavelmente, esteja sendo medicada, a melhor coisa a fazer é submetê-la a um tratamento de reabilitação cardíaca. A Harvard Heart Letter recomenda que, se um paciente foi vítima de ataque cardíaco, sofreu uma angioplastia com implantação de “bypass” ou substituição de válvula, re-cebeu um transplante de coração ou so-

fre de angina estável, em qualquer desses casos, deve ser submetido à reabilitação cardíaca. Os seguros de saúde geralmen-te cobrem o custo de tal tratamento.

O estilo de vida promovido pelo Ministério de Saúde Adventista reduzi-rá, também, o risco de ataque cardíaco. Entretanto, só você pode optar pelo que é certo.

Tenho fibrose uterina. Desisti da ci-rurgia com medo de que uma histerec-tomia fosse necessária, pois quero ter filhos. Tenho 33 anos de idade. Qual seu conselho?

A fibrose são massas musculares que se desenvolvem, predominante-

mente no útero, as quais, em sua maior parte, são tumores benignos. Elas in-terferem no fluxo sanguíneo através do útero e, freqüentemente, tornam intenso o fluxo menstrual. Podem interferir na fertilidade e, eventualmente, causar in-terrupção da gravidez.

A fibrose varia no tamanho, de quase indetectável (tumores do tamanho de um amendoim), a tumores tão grandes quanto uma bola de futebol. Quando grandes, podem causar pressão e dor, assim como distensão abdominal. Téc-nicas recentes e avançadas permitem aos ginecologistas e laparoscopistas a utilização de um novo leque de possibi-lidades de abordar a fibrose.

Muitas mulheres levam a gravidez a termo, com sucesso, apesar da fibrose, embora a gravidez esteja associada ao seu rápido crescimento e à degeneração do centro da fibrose chamada “degeneração vermelha”, que pode ser muito dolorosa.

Pequenas fibroses que se projetam para o interior da cavidade uterina ou logo abaixo da superfície do endométrio (revestimento), podem, às vezes, ser re-movidas por meio do estereoscópio, que é um pequeno telescópio introduzido através da cérvix.

Quando a cirurgia tem por fim remover a fibrose por um processo chamado miomectomia, a paciente é sempre advertida de que a histerectomia pode tornar-se uma necessidade urgen-te. Isso acontece porque, em raros casos, o sangramento se torna incontrolável ou quando a fibrose é tão numerosa que resta pouco tecido para a reconstrução do útero.

Na prática, entretanto, o uso de solu-ções vasoconstritoras injetadas ao redor da fibrose, minimiza o sangramento. Ora, como as fibroses, quase sempre, são detectadas quando ainda pequenas, é muito menor o risco de a histerectomia tornar-se necessária. Talvez, com 33 anos de idade, um dos maiores perigos para ter filhos é a rápida passagem do tempo e o declínio da fertilidade.

Meu conselho é que você tente a gravidez tão logo que seja apropriada para sua situação. Problemas de fertili-dade requerem identificação urgente. Se existe a hipótese de a fibrose ser a causa da infertilidade, você deve considerar seriamente a remoção. Muitas mulheres ou seus médicos adiam, para descobrir, tarde demais, que a idade as deixou sem filhos. Recomendamos que procure um ginecologista interessado, que leve a sé-rio seu desejo de ser mãe.

Allan R. Handysides, M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor do Departamento do Ministério da Saúde da Associação Geral.

Peter N. Landless, M.B., B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., é diretor executivo do ICPA e diretor associado do Ministério da Saúde.

Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless

Ataque CardíacoReduzindo o Risco de um

S A Ú D E N O M U N D O

Abril 2008 | Adventist World 11

Page 12: Revista Adventist World - Abril 2008

Ultimamente tenho pensado no rio Jordão.

Não sobre o rio Jordão espiritual, atravessado por fiéis que viveram antes de mim e que agora esperam pela “terra pro-metida” celestial. Não tenho pensado no Jordão dos tempos modernos, com tantos problemas militares e potencial político. Nem sequer tenho meditado no grande Jordão, causador de muitos problemas de logística ao Israel do Antigo Testamento.

De fato, não tenho contemplado o Jordão literal. Na verdade, são as pedras. Aquelas pedras do Jordão.

Problemas de Segunda GeraçãoEscondida no quarto capítulo do

livro de Josué, encontra-se a história daquela linda e emocionante manhã, quando toda a segunda geração dos filhos de Israel caminhava, compassa-damente, atrás “da arca do Senhor, do Senhor de toda a Terra” (Js 3:11).

Durante 40 longos anos, aqueles filhos de escravos fugitivos começaram a perder a esperança, à medida que seus sonhos se desvaneciam. Embora, durante todo o tempo em que caminharam pelo deserto, seus sapatos e roupas não se estragaram, o cereal do café da manhã nunca tenha faltado e mananciais de águas sempre surgiram onde quer que acampassem, eles falharam em enxergar o óbvio. Apesar de possuírem mais gado e uma moeda mais

forte que a da maioria das outras nações do seu tempo e em virtude de estarem protegidos do calor diurno pela nuvem que os cobria e conduzidos pelo fogo na escuridão da noite, eles perderam seu res-peito e admiração pelos milagres do dia- a- dia. O Mar Vermelho agora era apenas uma história da experiência de seus an-tepassados, a segunda estrofe do cântico de Moisés, ou seja, uma história. Eles não participaram daquele acontecimento. Aquele incrível milagre, que para eles e para as nações vizinhas era uma prova do poder do seu Deus, transformou-se em artigo de segunda mão (veja Josué 2:10).

Com a recente morte de Moisés (Dt 34:8), a nova geração de israelitas havia

Como filhos de gerações distantes dos

nossos pioneiros espirituais,

precisamos parar para uma avaliação.

Por Stephen Dunbar

D E V O C I O N A L

PedrasMinhas

Jordãodo

S H A R L E N E J A C K S O N / M O D I F I C A D A D I G I T A L M E N T E

Page 13: Revista Adventist World - Abril 2008

presenciado a perda de quase todos os indivíduos que “atravessaram o mar sobre terra seca”. A velha geração viu as carruagens, os cavalos e seus cavaleiros submergirem nas praias do leste do Mar Vermelho. Embora, mais tarde, tenham abertamente se rebelado contra o Deus que os libertou, a visão da destruição do exército egípcio nunca deveria ser remo-vida da tela de sua mente.

Essa, porém, era a nova geração, sem lembranças tangíveis do que seus pais haviam visto. Nenhuma roda de car-ruagem havia sido retirada das ruínas. Nenhum capacete egípcio foi colocado em um museu de vitórias. Nem mesmo algumas poucas pedras que lembrassem o Mar Vermelho.

Assim, o “poderoso braço” foi se apagando gradualmente da memória, escapando da visão.

Uma Demonstração AtualAgora, bem a tempo, Deus, mais

uma vez, revelaria Seu “braço poderoso” para uma nova geração de seguidores, que cresceu insensível aos milagres (Js. 1:10, 11; 3:5, 10). As águas do Jordão, como as do Mar Vermelho, seriam mo-vidas diante de seus olhos para abrir uma estrada seca e larga que os levaria à margem oposta do rio (Js 3:17). Esses filhos, como seus pais haviam feito, empurrariam, puxariam e carregariam todos seus pertences para o outro lado (Js. 1:11). Essa geração, como a geração anterior, emergiria na vegetação de um território desconhecido (Js 3:4).

Essa travessia, porém, seria diferente. Diferente por causa das pedras.

Aquelas pedras do Jordão seriam içadas da parte mais profunda do rio – como se tivessem sido tiradas do meio da experiência pessoal que tiveram com Deus naquele dia (Js 4:3). Para eles, cada

pedra seria um memorial do que o seu Deus havia feito, embora o significado daquelas pedras não terminasse em celebração de um acontecimento da história, mas indicaria aquilo que o seu Deus ainda faria. Ajoelhando diante do altar construído com as pedras do Jordão, a segunda geração de israelitas abriria os braços de leste a oeste, mos-trando para a terceira e quarta gerações de israelitas, os milagres do passado e as promessas para o futuro (Js 4:21-24).

Minhas Pedras do JordãoPor isso, tenho pensado nas pedras

que minha igreja deixou para mim. Nosso legado de vida saudável, nossos hospitais, escolas, instituições que cuidam dos neces-sitados – todos me lembram dos sonhos e experiências que outros tiveram, não apenas cultivando uma denominação, mas compartilhando uma mensagem singular e incrível de esperança e liberdade. Con-templo, junto com muitos outros, as pe-dras da história da nossa Igreja Adventista e imagino se é simplesmente uma história, o segundo verso do hino “Fé de Nossos Pais”. Será que vale a pena manter nossa posição em relação às profecias? E a com-preensão sobre o julgamento: deveria ser tão importante para nós? Não é a mesma coisa observar o sábado no primeiro dia da semana como no sétimo? Não deverí-amos misturar nossas doutrinas e crenças com as doutrinas e crenças de outras reli-giões em nome da tolerância?

Pergunto-me se as pedras do Jordão de nossa igreja foram cobertas por ervas daninhas e, para muitos, a visão do “braço poderoso” de Deus está esmae-cendo. Ou será que nós, como a segunda geração de israelitas, simplesmente nos tornamos insensíveis aos milagres?

Enquanto alguns escolheram aban-donar a experiência de nossos pioneiros

para derrubar os altares e cobrir as pe-dras, muitos ainda param e perguntam: “O que significam essas pedras?” Para cada pessoa a resposta é singular, embora seja a mesma. Elas testificam de nossa experiência com um Salvador que fiel-mente tem provado ser verdadeiro e cujas promessas são reais. A promessa de Deus é que, embora permaneçamos numa fé antiga, Ele fará novas coisas para e por meio de nós (Jr 31:33; Ez 20:12; At 1:8).

Tornando PessoalComo alguém que ainda procura um

significado para aquelas pedras, ajoe-lho-me com outros homens e mulheres, conselheiros da fé, que abrem os braços entre o passado e o futuro, contando-me dos muitos Jordões dos quais retiraram suas pedras.

Reconheço, porém, que a experiência deles ao atravessar seus Jordões nunca pode tomar o lugar da minha própria travessia. Foi na travessia do meu Jor-dão, pela demonstração do amor de Deus, que escolhi lembrar que desejo acreditar e que estou compelido a seguir em frente nessa fé.

Eu continuo a remover pedra após pedra de cada experiência com Cristo, de maneira que, quando outros se apro-ximam de mim e vêem meu altar, posso compartilhar com eles o significado das minhas pedras, as pedras que tirei do Jordão.

Quando escreveu esse texto, o canadense Stephen Dunbar era estudante de biologia marinha, na pós-graduação

da Universidade Central de Queensland, em Queensland, Austrália.

Enquanto alguns decidem abandonar a experiência de nossos pioneiros, muitos

ainda param e perguntam: “O que significam essas pedras?”

Abril 2008 | Adventist World 13

Page 14: Revista Adventist World - Abril 2008

Alguns meses depois de a costa asiática ser atingida pelo tsunami, professores e funcionários da Universitas Ad-vent Indonesia (Universidade Adventista da Indonésia)

em Java, visitaram, em julho de 2006, a região de Panganda-ran, Indonésia, uma das áreas mais atingidas por ondas de três metros de altura. O grupo viu o resultado da devastação e destruição e visitou muitos moradores da cidade, para ouvir suas histórias. Além de relatarem as tragédias, sofrimento e tristezas, muitos membros da igreja adventista reconheceram a proteção e o cuidado de Deus e como a mensagem do evan-gelho tem se espalhado naquela área.

MartaatmadjasO missionário voluntário Sumarsono* e Tri Murti Ningsih

“Fien” Martaatmadja chegaram a Pangandaran em março de 2004. O secretário da Associação de Java, Sutrisno Tjakrapawi-ra, fez os arranjos para que o esforço missionário do casal fos-se parte do programa Pioneiros de Missão Global, coordenado por Tjakrapawira. O alvo dos Martaatmadjas era compartilhar a mensagem de Jesus numa região sem presença adventista – objetivo não muito fácil de ser alcançado. “O primeiro passo e o mais importante [para compartilhar o evangelho] é fazer amizade com o povo e misturar-se com ele”, disse Sumarsono. “Se alguém está doente, vamos visitá-lo, levando remédio. Se não há remédio, levamos fruta, alimento e outros itens para ajudá-lo. Também oramos com as pessoas necessitadas porque cremos que há poder na oração.”

Sumarsono e Fien disseram que citam versos do Alcorão referentes ao sábado e a outras doutrinas de crenças em co-mum que encontraram. Em seguida, explicam mais profunda-mente essas crenças, baseadas nas Escrituras. Como resultado desse método simples, já no primeiro ano, dez pessoas aceita-ram a Jesus como seu Salvador.

Os novos conversos uniram-se aos Martaatmadjas em sua missão de compartilhar o evangelho e, em três anos, 80 pesso-as foram batizadas.

Não é sem sacrifício que aquela área está sendo evangeli-zada. “Todas as coisas que doamos – medicamento, alimento

e outros itens – saem do meu bolso”, explica Sumarsono. Em-bora ele e sua família se sintam felizes por doar o que podem para ganhar algumas almas para Cristo, os recursos são escas-sos. A família Martaatmadja – marido, esposa e duas filhas – vive com um salário aproximado de apenas R$ 87 por mês. Sumarsono diz que muito mais pessoas em Pangandaran estão abertas para aprender de Jesus, mas a falta de apoio financeiro retarda o trabalho.

Apesar dos desafios financeiros, os Martaatmadjas es-tão avançando em outras áreas. O casal tem feito amizade com os moradores de Karanganyar, uma vila localizada a 20 quilômetros de onde vivem. Eles falam do breve retorno de Cristo. Sumarsono e Fien viajam primeiro de ônibus, depois de barco para chegar à vila, e até agora, 70 pessoas foram batizadas ali.

Surjo e SaitiO casal recém-batizado, Surjo e Saiti, ganhava a vida ven-

dendo alimento perto da praia em Pangandaran. Eles tinham uma pequena barraca onde vendiam coco, macarrão, rujak (salada tradicional), sucos e outros itens. Sua barraca era um lugar popular, tornando-os comerciantes bem sucedidos. O fato de estarem progredindo deixou os vizinhos curiosos, os quais procuraram saber qual era o segredo do sucesso.

“Eles perguntaram quando tínhamos usado o talismã ou amuleto que estava trazendo tantas pessoas à nossa barraca”, disse Surjo. Assim, o casal convidou os vizinhos para sua pe-quena loja e revelou o “segredo”.

“Quando entraram, peguei minha pequena Bíblia, abri e li alguns versos”, explicou Surjo. “Falei a eles sobre a Bíblia, a qual contém vida em suas palavras. Disse que era esse o segre-do do sucesso da nossa barraca. A Bíblia me fortalece e ilumi-na. É Jesus Cristo que faz minha barraca prosperar.”

Após aceitar a mensagem adventista e selar seu compro-misso com Cristo, por meio do batismo, o casal começou a separar, fielmente, o dízimo do Senhor. Eles mantinham o dí-zimo separado do dinheiro da barraca. Começaram a perceber quão mais abundantemente Deus os havia abençoado depois

Os cristãos adventistas compartilham sua fé em meio a terríveis dificuldadesTsunami

Paísf é a t o da p r ova n o

doPor Caroline V.

Katemba Tobing

V I D A A D V E N T I S T A

14 Adventist World | Abril 2008

Page 15: Revista Adventist World - Abril 2008

de se tornarem dizimistas. Logo, os Surjos começaram a pensar em expandir seu negócio. Foi quando o tsunami veio.

“Quando o segurança da praia alertou a todos para abandonarem o local por causa da grande onda que estava chegando, começamos a correr”, disse Surjo. “Então nos lembramos do dinheiro que economizamos para construir uma nova barraca e a oferta que daríamos no sábado. Nós voltamos para pegá-lo.”

Mas antes que pudessem escapar novamente, a onda do tsunami os alcançou, tirando-os do chão com barraca e tudo. O casal, preso na barraca, sentia que estava sendo carregado pela onda e jogado de um lado para o outro pela força violenta da água.

“Estávamos com tanto medo!”, lembra Surjo. “Sentíamos que não iríamos resistir por muito tempo, pois as ondas

tinham tanta força que a barraca ficou rodando até ficarmos muito tontos.”

Nesses momentos de desespero, clamaram ao Senhor: “Deus, não suportaremos essa dor por muito tempo mais. Ainda queremos viver para Te servir e compartilhar o Teu evangelho com as pessoas ao nosso redor. Por favor, ajuda-nos!” eles oraram.

Imediatamente, após orarem, outra onda muito forte atin-giu a barraca e quebrou-a em duas partes. O casal foi separado um do outro. Finalmente, uma parte da estrutura, junto com Surjo, foi lançada no segundo andar de um hotel. A outra me-tade, com Saiti, aterrissou também no segundo andar, mas de outro hotel. Sua barraca estava destruída e o dinheiro perdido, mas o marido e a esposa estavam salvos.

Surjo e Saiti crêem que Deus poupou a vida deles. “Estamos vivos porque pedimos ajuda a Deus e Ele ouviu

nossa oração”, diz Surjo.

UdinsO casal Udin também se uniu à igreja adventista. Esposo e

esposa eram fervorosos em sua nova fé. O Sr. Udi, infelizmen-te, faleceu. Sua esposa, porém, com 56 anos de idade, continua comprometida no serviço do Senhor e de Sua igreja.

Para freqüentar os cultos de sábado, a Sra. Udin sai de sua casa às três horas da manhã para fazer a longa caminhada de cinco horas até Pangandaran. Ela anda cinco quilômetros para tomar o transporte público e troca de ônibus três vezes antes de chegar ao local onde os adventistas se reúnem. Ela trabalha a semana toda para ganhar apenas o suficiente para o trans-porte que a leva para encontrar-se com os crentes adventistas a cada sábado.

“Sempre levo uma lanterna comigo porque ainda está es-curo quando saio para a estrada, sozinha, de madrugada”, diz Udin. “Nunca, porém, perdi um culto aos sábados.”

Os adventistas de Pangandaran ainda não têm uma igreja para se reunir aos sábados. Às vezes, alugam uma sala de hotel e outras vezes fazem o culto na casa dos irmãos. A falta de acomodação, porém, não apaga a chama de sua fé e o zelo de contar a outros sobre o Jesus a quem amam e servem.

Apesar das tragédias, tribulações e experiências tristes, os membros da igreja na Indonésia continuam a adorar e tes-temunhar do seu Senhor. Sua missão é levar a mensagem do evangelho aos outros, para que muito mais pessoas venham a conhecer o Deus vivo.

*Após ser escrito este artigo, Sumarsono morreu tragicamente em um acidente de carro. Sua espo-sa, Fien, continua a testemunhar do Senhor em Pangandaran e espera, ansiosa, pelo dia do retorno de Jesus à Terra para se encontrar outra vez com seu querido esposo.

Caroline V. Katemba Tobing, Ph.D., é diretora do Departamento de Inglês e professora na Universidade Adventista da Indonésia, em Bandung, Java, Indonésia.

De cima para baixo: CRENTES: Sumarsono Martaat-madja e sua esposa, Fien (fileira de trás), os primeiros a chegar em Pangandaran, como missionários, em 2004. Estão acompanhados de alguns dos 80 crentes adventistas que vieram a conhecer Jesus por meio do evangelismo na área, iniciado pelos Martaatmadjas. A Sra. Udin (segunda da direita), recém-conversa, sai de casa às três horas da manhã, todo sábado, e viaja cinco horas até Pangandaran, para assistir ao culto. CASA DE REUNIÃO: Os adventistas, em Pangandaran, reúnem-se para adorar sob uma lona em frente à casa de um membro.

T O D A S A S F O T O S S Ã O C O R T E S I A D E C A R O L I N E K A T E M B A T O B I N G Abril 2008 | Adventist World 15

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À direita: MUSA DE SEUS SONHOS: Samuel e Amy conheceram-se no colégio de ensino médio. Ficaram distantes um do outro quando ele

voltou para o Brasil e uniram-se pelo casamento quando ele retornou à

Inglaterra. Abaixo: Newbold College, alma máter do autor.

SA

MU

EL

N

EV

ES

Nasci por um milagre, recebi o nome

de Samuel e esta é minha história.

C O R T E S I A D A N E W B O L D C O L L E G E

Por Samuel Neves

do umaSonhoMãe

Realização do

Page 17: Revista Adventist World - Abril 2008

A R T I G O D E C A PA

Deus é semelhante a um fabri-cante de relógios. Criou o mun-do e não tem mais nenhum

relacionamento com ele.” É o que ale-gam os deístas. O deísmo defende que Deus não Se importou com Sua criação e, conseqüentemente, não tinha planos para a humanidade. Entretanto, de tem-pos em tempos, surge uma história que desafia a coincidência e revela um Deus real e presente. Meu nome é Samuel Ne-ves e esta é minha história.

Mudança de Rumo para MamãeRegina era uma fiel católica que vi-

via no sul do Brasil. Após casar-se com Nerocy, coronel aposentado, por muitos anos tentou ter um filho. Infelizmente, todos os exames médicos mostraram que a gravidez era impossível. Nesse mesmo período, Regina começou a receber estu-dos bíblicos de uma família adventista da vizinhança. Quando descobriu a história de Ana (em 1 Samuel 1 e 2), identificou-se imediatamente com ela. Daquele dia em diante, a oração de Regina passou a ser: “Meu Deus, se me deres um filho, vou me unir a esse movimento adventista e vou dedicá-lo ao Teu ministério, de todo coração, assim como fez Ana.”

A princípio, nada aconteceu. Após três semanas, porém, suas orações tor-naram-se mais freqüentes até o grande dia em que descobriu que estava grávida! Ainda seguindo o exemplo de Ana, ela daria ao seu filho o nome de Samuel, que em hebraico significa “Deus me ouviu”.

Poucos meses depois, eu nasci. Entre-tanto, nem tudo estava bem. Logo após meu nascimento, os médicos descobri-ram que uma de minhas pernas era mais curta que a outra. Isso significava que eu teria que usar aparelho ortopédico até os 19 anos de idade. Quando minha mãe soube a verdade, adiou por sete dias a cirurgia, contra a indicação médica, e foi ao melhor lugar que conhecia: sua nova família adventista do sétimo dia.

Após uma semana de jejum e oração com a igreja, mamãe levou-me para ser examinado novamente. Ela sempre me disse que esse foi um dos momentos mais terríveis de sua vida. Mais uma vez,

pontamento quase insuportável. Mi-nha mãe não pôde segurar as lágrimas quando meu pai traduziu o que um representante do Newbold dizia: eu era muito novo para estudar naquela escola e que não havia nenhuma outra escola que pudesse me aceitar. Lembro-me, claramente, como sua fé foi abalada. Por várias horas, tudo o que ouvíamos era: “Deus me disse que você estudaria na Inglaterra; Deus me disse que você estu-daria na Inglaterra; Deus me disse que você estudaria na Inglaterra.” E isso se repetiu pelos dois dias seguintes.

De Mal a PiorOs últimos três dias de nossa via-

gem transformaram-se rapidamente de felizes para tristes e, em seguida, deses-peradores. Tínhamos deixado a visita à Inglaterra como última parte de nossa viagem. Em nosso plano, Londres e o Newbold ficariam por último, pois logo após tomaríamos o navio de volta para a Bélgica e, em seguida, voaríamos para o Brasil. Visitamos todos os lugares em Londres, mas decidimos não ir ao New-bold, uma vez que ali não havia lugar para mim.

Aquela última sexta-feira amanheceu nublada. Por isso, resolvemos tomar o na-vio e partir direto para a Bélgica. Mas, de repente, meu pai mudou de idéia. Tinha o desejo inflexível de ir ao Palácio de Bu-ckingham assistir à troca da guarda às 11 horas da manhã. O problema é que outras cinco mil pessoas tiveram a mesma idéia.

Sem nenhum lugar para estacio-nar, ele me disse para descer do carro e filmar para que, pelo menos, pudesse assistir em casa. Desci e comecei a filmar enquanto ele dava voltas ao redor do palácio. Quando completou a segunda volta e eu ainda não havia terminado minha filmagem, minha mãe e irmã des-ceram para tentar me encontrar.

Grande erro! Ele disse à minha mãe que iria estacionar o carro e voltaria

Samuel Neves é pastor da Igreja Adventista Holloway, em Londres, Inglaterra.

Deus agiu. Não havia nenhuma expli-cação para o fato de eu estar completa-mente curado.

Logo após esse incidente, mamãe e papai entregaram a vida a Cristo por meio do batismo e, poucos anos mais tarde, assim como na história de Ana, Deus deu aos meus pais outra criança: minha querida irmã Sara.

Grande DesapontamentoMinha criação refletia meu chama-

do. Eu sabia, desde pequeno, que Deus havia me chamado para ser um pastor. Meus primeiros anos foram moldados para esse propósito e mamãe gastava boa parte do dia me ensinando a Bíblia e contando como Deus chamou outros para também servi-Lo. Eu sabia o que queria, e nada no mundo mudaria mi-nha convicção de me tornar um minis-tro do Altíssimo.

A adolescência chegou. Por alguma razão, meu pai se convenceu de que eu deveria ser um diplomata. Ele sempre foi uma pessoa de autoridade em nosso estado, inclusive conseguindo aposen-tar-se aos 40 anos de idade – fato, até hoje, incomum. No entanto, sempre sonhara tornar-se diplomata. Outro problema pelo fato de eu desejar ser pastor, para meu pai, era o baixo salá-rio. De algum modo, ele conseguiu me convencer de abandonar meu chamado para seguir a carreira diplomática. Na época, eu tinha 13 anos de idade.

Enquanto isso, minha mãe foi im-pressionada por Deus a enviar-me para o exterior. Ela entendeu isso como sendo sua vez de enviar Samuel a Eli e, assim, começou sua busca por internatos na Inglaterra. Ouviu sobre o Newbold Col-lege e, como era época da assembléia da Associação Geral de 1995, em Utrecht, Holanda, pensou ser uma boa oportuni-dade para conhecer o Newbold College e outras escolas. Assim, nós quatro parti-mos para o que se tornou a viagem mais incrível de nossa vida: quatro brasileiros, um carro, 21 dias e 11 países!

Nosso entusiasmo começou ao visitarmos o estande do Newbold, na Associação Geral, seguido de um desa-

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do umaSonhoMãe

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para nos encontrar. Entretanto, o único estacionamento que conhecíamos ficava do outro lado de Londres.

Esperamos a cerimônia terminar e todas as pessoas irem embora. Lá pelas duas da tarde, começamos a ficar muito preocupados, pois papai ainda não havia retornado para nos encontrar. (Naquela época, papai estava com 77 anos de ida-de e, realmente, não havia se adaptado dirigindo no lado “errado” das ruas. Di-rigir do lado esquerdo não era fácil para ele.) Pelos padrões anteriores de direção de meu pai, eu já sabia que ele nunca iria encontrar o estacionamento sozi-nho, para depois voltar e nos encontrar.

Pelas três da tarde, sugeri à minha mãe que eu pegasse um ônibus e fosse ao estacionamento ver se ele estava lá. A princípio, ela disse não! Já havia perdido o esposo e não estava disposta a autorizar seu filho, de 13 anos, a atravessar Londres com as 5 libras que tínhamos. Finalmen-te, após convencê-la, pedi algumas in-formações e tomei o ônibus certo para o shopping center, para onde meu pai havia se dirigido. Mas ele não estava lá.

Milagrosamente, consegui voltar ao Palácio de Buckingkam. Meu pai não havia retornado e minha mãe e irmã estavam chorando desesperadamente. Tentei convencê-las de que tudo daria certo – afinal, é assim que sempre acon-tece nos filmes!

Lá pelas 5 da tarde, já era hora de tomar alguma atitude. Encontramos um policial e arrisquei as palavras: “Brasil, família, perdido, pai, carro, es-tacionamento, ir, perdido, ajuda, Brasil.” O policial nos olhou friamente, como sempre, e simplesmente chamou um táxi. Eu estava super empolgado – tudo estava acontecendo, exatamente, como nos filmes!

Desespero Ainda MaiorQuando chegamos à embaixada

brasileira, havia ali apenas três pessoas. Quando lhes contamos nossa história e após pagar o táxi, um funcionário cha-mado Marcus levou-nos a todos os hos-pitais e delegacias da área e, finalmente, para um hotel perto de sua casa. Minha mãe ficou mais e mais desesperada quando não encontramos meu pai em

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De cima para baixo, em sentido horário: REUNIÃO: Em junho de 2004, nove anos após a aventura em Londres, a família Neves (irmã Sara, Samuel, Mãe e Pai) reúnem-se (fora da Torre de Londres) para relembrar como Deus os dirigiu. Papai Neves estava com 87 anos de idade. PRIMEIRO PASSO: Esse desbravador rechonchudo cresceria para realizar as aspirações de sua mãe de vê-lo como líder da igreja que ela aceitou. SEM PRESSA: Sendo a mulher de oração que é, Regina Neves, entretanto, sabia como relaxar, soltando o cabelo e usando um chapéu engraçado, numa loja de brinquedos, em Londres.

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todos os lugares possíveis.A essa altura, já havíamos perdido o

navio para a Bélgica (que já estava pago) e, conseqüentemente, nosso vôo de volta para o Brasil. Tínhamos os passapor-tes; meu pai, o dinheiro, de modo que nenhum de nós podia ir a lugar algum. Nossos cartões de crédito estavam pró-ximos do limite, e não tínhamos mais dinheiro para comprar outras quatro passagens de retorno ao Brasil. Minha mãe chorou e orou a noite toda e minha irmã e eu choramos até dormir. Nossas opções haviam se esgotado, mas feliz-mente, as de Deus, não!

vez, caímos na realidade. O estipêndio era muito caro e a única alternativa para eu estudar lá seria vender nossa casa.

Meu pai foi terminantemente contra essa idéia. Ele não queria vender a casa e não queria ficar longe de mim. (Papai e eu éramos bons amigos. Íamos juntos a todos os lugares, mesmo com meus colegas de escola. Ele não suportava nem mesmo a idéia de me perder.) Isso signi-ficava que os joelhos de minha mãe en-contrariam o chão com mais freqüência.

De repente, papai concordou com a venda da casa, mas com a condição de eu estudar para me tornar um diplomata. Concordei com ele e, embora mamãe não concordasse, ela viu nisso uma maneira de Deus trabalhar no coração do coronel. Poucas semanas mais tarde, nossa peque-na mansão se foi e eu estava matriculado como aluno da Stanborough Secondary School em Watford, Inglaterra.

Cheguei à escola no dia 28 de novembro de 1995, com a missão de aprender inglês e tornar-me um diplo-mata. Foi numa sexta-feira à noite, uns três meses mais tarde, que um amigo, Jonathan Ferreira, me disse: “Sam, não existe nada que você possa ser na vida, a não ser um pastor.”

Ele não conhecia minha história. Algo aconteceu dentro de mim, que não sei explicar, mas, desde aquela noite, nunca desisti da minha decisão de seguir o chamado para ser um ministro.

Quando terminei meus estudos na Stanborough School, voltei ao Brasil e completei a graduação em Teologia, no ano de 2004. Naquele mesmo ano, fui chamado pela Associação do Sul da Inglaterra para ser pastor em Londres. Casei-me, então, com minha namoradi-nha da adolescência, Amy, que conheci quando estudava na Stanborough Scho-ol. A Associação para a qual trabalhava patrocinou meu curso de mestrado em teologia, e hoje sou o pastor jovem da Igreja Adventista Holloway, ao norte de Londres.

Não tenho a menor idéia do que me aguarda no futuro, mas de uma coisa, pelo menos, estou certo: “Deus sabe, exatamente, para onde devo ir e como me levar até lá.”

É só isso o que realmente importa.

cou para o único lugar que tínhamos em comum: Newbold College.

Mas como iria chegar lá? Ele come-çou sua aventura pedindo a um bêbado na rua que o dirigisse até Bracknell (onde está localizado o colégio). Às 8 da manhã do dia seguinte, o impossível, mais uma vez, provou ser possível pela providência de Deus: papai chegou ao Newbold College!

Já no campus, ele se encontrou com o irmão Oliveira, um professor brasilei-ro que morava perto do colégio havia muitos anos. Papai conseguiu ligar para a companhia aérea na Bélgica e tentar

Minha mãe perdeu imediatamente o apetite, mas um raio de esperança, mais uma vez, aqueceu seu coração.

A Grande ReviravoltaNo dia seguinte, fomos tomar o café

da manhã e tentamos comer alguma coisa. Quando estávamos retornando ao nosso quarto, o telefone público do saguão do hotel começou a tocar. Ime-diatamente, minha mãe olhou para mim e disse:

– Sam, pode atender o telefone, porque é seu pai.

Eu tinha consciência da impossibi-lidade de isso acontecer, mas não pude resistir à autoridade com que minha mãe havia ordenado.

– Alô! – eu disse. – Ah... por favor... família Brasil... foi

a resposta do outro lado.Não pude resistir às lágrimas quan-

do ouvi meu pai arriscando o que sabia de inglês para tentar nos encontrar.

O seu lado da história era tão incrível quanto o nosso. Ele, finalmente, encon-trou o “abençoado” estacionamento às 7 da noite, esperando que estivéssemos lá. Ele pensou que havia dito à minha mãe e irmã para me encontrar (onde estava filmando), e que tomássemos um ônibus para encontrá-lo no tal estacionamento. Quando ele se convenceu de que não estávamos lá, sua mente de militar indi-

trocar nosso vôo. Da Bélgica ele recebeu a grande notícia de que o Consulado Brasileiro, em Londres, havia encontrado sua família e que estavam num hotel. Foi assim que sua ligação chegou até nós.

Marcus (do consulado) encontrou uma Igreja Adventista do Sétimo Dia, que enviou um membro para nos levar até o Newbold College. Entrar nos por-tões do colégio e ver o pequeno carro vermelho que meu pai alugara foi um dos melhores momentos de minha vida.

Logo minha mãe entendeu as razões por trás de tudo o que aconteceu. O irmão Oliveira, após ouvir toda nossa história, e enquanto servia um delicioso almoço em sua casa, disse: “Realmente, Sam é muito novo para o Newbold, mas há uma outra escola...” Minha mãe per-deu imediatamente o apetite, mas um raio de esperança, mais uma vez, aqueceu seu coração. Ele continuou: “... chamada Stanborough School e não é muito longe daqui. Certamente, eles podem aceitá-lo.”

O sonho estava vivo mais uma vez.

Obstáculo Final Ao voltarmos para o Brasil, nos

informamos de todos os pormenores e requisitos daquela escola e, mais uma

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Atualmente, a mídia popular e o mundo acadêmico dão atenção especial a Jesus. Filmes, documentários para televisão, revistas, artigos de jornais têm-se

tornado veículos de debate e de divulgação de assuntos rela-cionados a Jesus, como Sua paixão, Sua tumba e Sua família. Infelizmente, muitos desses esforços para compreendê-Lo foram amplamente realizados por mero interesse acadêmico ou pela curiosidade popular, sob o ponto de vista cético.

Para os adventistas do sétimo dia, porém, Jesus não é um mero objeto de pesquisa acadêmica ou de simples curiosida-de. Com efeito, Ele está no centro da mensagem adventista, com Sua obra para resgatar a criação caída. Não é de admirar que uma de nossas crenças fundamentais trate da vida, mor-te e ressurreição de Cristo.

Desfazendo o EstragoNa realidade, a vida, morte e ressurreição de Jesus são

três dimensões interligadas da obra de nosso Salvador e do plano da salvação. Ao vir a este mundo e trilhar o caminho antes trilhado por Seus antepassados, Cristo viveu uma vida de perfeita obediência à lei de Deus, demonstrando em Seus relacionamentos e atitudes para com as pessoas o perfeito e infinito amor do Pai (Hb 4:15). O Senhor desfez no deserto o que Adão e Eva haviam feito no Jardim do Éden. Apesar de ter sido tentado por Satanás, após 40 dias de jejum, Jesus permaneceu fiel e leal à Palavra de Deus (Mt 4:1-11; Mc 1:12,

13; Lc 4:1-13). Ao personificar o novo Israel, Cristo também obteve vitória, onde Israel havia falhado (note Sua resposta a Satanás, ao citar a passagem de Deuteronômio a respeito da infidelidade de Israel no deserto).

Isso não são apenas reflexões teológicas; são boas novas! A vitória de Cristo e Sua vida de perfeita obediência são cre-ditadas a favor daqueles que O aceitam como Salvador (Rm 5:19; Hb 5:6-10).

Ellen G. White afirma que “A obediência dinâmica de Cristo cobre o crente pecador com a justiça exigida pela lei.”1 Assim, a perfeita obediência oferecida por Cristo em Sua jor-nada terrestre foi tão essencial para o plano da salvação, como foi Sua morte na cruz e Sua ressurreição ao terceiro dia.

Antes e acima de tudo, Cristo é nosso Salvador (uma vez que Sua vida é imputada ao pecador pelo ato da justificação). Não devemos negligenciar o fato de que a vida de obediência de Cristo se torna um exemplo a ser seguido (veja 1Co 11:1; Ef 5:1, 2; Fp 2:5-8). Assim sendo, seguir Seu exemplo torna-se a maior evidência de nossa salvação e avanço em direção à santificação.

Significado da CruzA vida de perfeita obediência ao Pai capacitou Jesus a

oferecer-Se como o Cordeiro de Deus, sem pecado, que veio para tirar o pecado do mundo. Seu sacrifício no Calvário resultou na expiação substitutiva e reconciliação com Deus, em nosso favor (Gl 3:13; Rm 5:9). A cruz tornou-se, diante de todo o Universo, a suprema expressão da infinita sabedo-ria, amor e perdão de Deus.

Como Martinho Lutero expressou tão bem: “Ele fez de Sua justiça a minha justiça e do meu pecado o Seu pecado. Se Ele assumiu o meu pecado como sendo Seu, e este já não é mais meu, estou livre. Se Ele fez da Sua justiça a minha justiça, agora sou justo como Ele é. Meu pecado não pode

Elias Brasil de Souza é diretor do Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia do Instituto Adventista do Nordeste (IAENE), em Cachoeira, BA, Brasil.

Por Elias Brasil de SouzaCristo

vida, morte eN Ú M E R O 9

Três princípios da fé cristã

ressurreiçãode

C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

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devorá-Lo, pois é tragado pela insondável profundidade da Sua justiça, uma vez que Ele mesmo é Deus e santo para sempre.”2

A morte de Cristo na cruz é mais do que um evento histórico do passado. O que Paulo disse sobre Cristo é sig-nificativo, não do Jesus que foi crucificado, mas de Jesus, O crucificado: “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é es-cândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus” (1Co 1:23, 24).

João, o revelador, olhou “e eis que estava no meio do tro-no e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cor-deiro, como havendo sido morto” (Ap 5:6). Os persistentes efeitos da morte de Cristo na cruz não fornecem apenas acei-tação e perdão para os pecadores arrependidos, mas também afetam, positivamente, toda a raça humana. De acordo com Ellen White, “mesmo esta vida terrestre devemos à morte de Cristo. O pão que comemos é o preço de Seu corpo quebran-tado. A água que bebemos é comparada com Seu derramado sangue. Nunca alguém, seja santo ou pecador, toma seu ali-mento diário, que não seja nutrido pelo corpo e pelo sangue de Cristo. A cruz do Calvário acha-se estampada em cada pão. Reflete-se em toda fonte de água.”3

Sua Ressurreição é FundamentalTão importante e indispensável quanto possa ser a morte

de Cristo, não teria cumprido seu propósito sem o evento histórico da ressurreição.

“A ressurreição de Cristo dentre os mortos foi o selo do Pai na missão de Cristo. Foi uma expressão pública de Sua completa satisfação por Sua obra expiatória. Ele aceitou o sacrifício de Jesus em nosso favor. Foi tudo o que Deus exigia de perfeito e completo.”4 O fato de Jesus ressuscitar corpo-

ralmente dentre os mortos, não apenas legitimou e validou Sua morte, mas também justificou Suas afirmações relativas à Sua natureza e missão, enquanto esteve na Terra.

Por meio da ressurreição, Jesus venceu a morte, derrotou as forças do mal e obteve justiça por nós (Rm 4:24). Sua ressurreição tornou-se uma promessa de nossa futura imor-talidade (1Co 15), a força motriz para caminharmos “em novidade de vida” (Rm 6:4) e a prova de um futuro julga-mento (At 17:31).

A ressurreição é tão importante que o apóstolo Paulo deposita sobre ela toda a integridade da mensagem cristã ao afirmar que “se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pre-gação, e também é vã a vossa fé”(1Co 15:14). Assim, como diz Raoul Dederen: “Nossa pregação, nossa fé e nossa salva-ção não têm valor sem a ressurreição de Cristo. Nela temos a promessa da consumação do plano redentor de Deus.”5

Em resumo, a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo são três dimensões harmoniosas, interconectadas e insepa-ráveis da obra e plano de redenção de nosso Salvador, como Senhor, Redentor e Sumo Sacerdote. Ao viver uma vida per-feita, Jesus foi qualificado para ser Senhor para os crentes. Por Sua morte substitutiva na cruz, Ele cumpriu os tipos precursores do livro de Hebreus e tornou-Se nosso Redentor. Ao terceiro dia, ressuscitou dentre os mortos e ascendeu ao Céu, onde agora intercede a nosso favor, como Sumo Sacer-dote, no santuário celestial.

1 Filhos e Filhas de Deus, p. 240.2 Luther’s Works, vol. 25: Lectures on Romans, ed. Jaroslav Jan Pelikan, Hilton C. Oswald, and Helmut T. Lehmann (Saint Louis: Concordia Publishing House, 1972), 25:188.3 O Desejado de Todas as Nações, p. 660.4 Nossa Alta Vocação, p. 118.5 Handbook of Seventh-day Adventist Theology, electronic ed., Logos Library System; Commenta-ry Reference Series (Hagerstown, Md.: Review and Herald Publishing Association, 2001, © 2000), p. 186.

Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade do Pai, e em Seu sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação dos pecados

dos homens, de modo que os que aceitam essa expiação pela fé possam ter vida eterna, e toda a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Essa expiação perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a benignidade de Seu caráter; pois ela não somente condena o nosso pecado, mas também garante nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e expiatória, reconciliadora e transformadora. A ressurreição de Cristo proclama a vitória de Deus sobre as forças do mal, e assegura a vitória final sobre o pecado e a morte para os que aceitam a expiação. Ela declara a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrará todo joelho, no Céu a na Terra. (Jo 3:16; Is 53; 1Pe 2:21, 22; 1Co 15:3, 4, 20-22; 2Co 5:14, 15, 19-21; Rm 1:4; 3:25; 4:25; 8:3, 4; 1Jo 2:2; 4:10; Cl 2:15; Fp 2:6-11.)

cristoVida, Morte e Ressurreição

de

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Se há um tempo em que preci-samos de fé e esclarecimento espiritual, é agora. Os que perseveram em oração e lêem as Escrituras diariamente,

com o desejo sincero de conhecer e praticar a vontade de Deus, não serão desiludidos pelas decepções causadas por Satanás.

O Senhor ajudará aqueles que se posicionam em favor de Sua verdade. Muitos que vêem a luz não aceitarão, temendo confiar no Senhor. Jesus diz: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Ob-servai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por an-

O grande Mestre Artista provê para as maravilhas da natureza. Dá o delicado colorido às flores. Se Ele faz tanto por uma simples flor, “que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?” “Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas

coisas vos serão acrescentadas.”

O Cuidado de Deus por NósDeus amou o mundo de tal manei-

ra que deu Seu Filho unigênito para morrer e, assim, redimir o homem do poder de Satanás. Não irá Ele, então, cuidar do homem, criado à Sua ima-

Tempo Dando a Jesus nossas

melhores afeições, santas aspirações e

serviço completo.Por Ellen G. White

Mensagen ParaNosso

JO

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E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

sioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Sa-lomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles” (Mt 6:25-29).

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gem? Nosso Pai celestial não abandona os filhos que põem sua confiança nEle e descansam em Suas promessas. Ele compreende cada circunstância de nossa vida. Vê e sabe a nossa condição. Conhece todas as nossas tristezas e pesares. Conhece-nos pelo nome e sen-sibiliza-Se com nossas enfermidades. Como nós, Ele foi tentado em todos os aspectos e sabe como socorrer aos que são tentados. Jesus é nosso Ajudador e cuidará dos que nEle confiam.

Desenvolvendo Nossa Confiança

Deus nos tem confiado talentos individuais, que devemos desenvolver mediante uso. Temos muitos motivos para glorificá-Lo. Em tudo que somos, devemos demonstrar nossa lealdade para com Ele. Nosso poder não nos foi concedido simplesmente para em-pregá-lo em nosso benefício. Deve ser utilizado para determinados fins, para

se modo, entenderemos o que Ele fez por nós, sentindo alegria, bem como sincero desejo de fazer algo para mos-trar o nosso amor por Jesus. Esse tipo de procedimento pode se tornar um hábito em nossa vida. Não vamos ques-tionar ao obedecer, mas seguiremos a luz e faremos as obras de Cristo. Não avaliaremos conveniências nem vanta-gens temporais, se formos obedientes. Os que amam a Jesus amarão e obede-cerão a todos os Seus mandamentos. Examinarão profundamente a Bíblia e conhecerão toda a doutrina. Somente a verdade irá satisfazê-los, pois são repre-sentantes de Cristo na Terra.

Permanecendo FirmesCristo declarou: “Eu sou o caminho,

e a verdade, e a vida.” Seus seguidores devem permanecer o mais próximo possível dEle. Não podemos falar como Ele falou; entretanto, devemos imitá-Lo, pois Ele é nosso modelo. Não devemos

gências. A aceitação da verdade envolve cruz. Jesus, porém, deu a vida como sacrifício por nós, e não daremos a Ele todo afeto, santas aspirações e serviço completo? Devemos aceitar o jugo de Cristo, levantar o Seu fardo, mas a Ma-jestade do Céu declara que Seu jugo é suave e Seu fardo, leve. Devemos evitar o lado altruísta da religião? Devemos evitar o auto-sacrifício e hesitar em abandonar o mundo e suas atrações? Uma vez que Cristo fez tanto por nós, seremos apenas ouvintes e não prati-cantes de Suas palavras? Negaremos, por meio da indiferença e de uma vida inativa, nossa fé, tornando-nos vergo-nha para Aquele que nos chamou de irmãos?

Futuro vitoriosoNinguém entrará na Cidade San-

ta, o paraíso de Deus, a não ser como vencedor – quem se afasta do mundo, mantém-se na defesa da “fé que uma vez foi entregue aos santos”, combate o bom combate da fé, “olhando firme-mente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”. Portanto, trabalhemos desinteressada-mente como Cristo, para levar pessoas ao conhecimento da verdade. Todo coração, corpo, alma e força são neces-sários nesse trabalho, e se trabalharmos com fidelidade, independentemente dos aplausos e censuras do mundo, nós ouviremos o “bem está” da Majestade do Céu e receberemos a coroa, os lou-ros da vitória e o linho branco que re-presenta a justiça dos santos.

Esse artigo foi extraído de sua primeira edição na revista Advent Review and Sabbath Herald, hoje Adventist Review, de 25 de agosto de 1885. Os adventistas do sétimo dia crêem que Ellen G. White exerceu o dom profético bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.

TempoNosso Devemos viver para agradar

a Jesus e, assim, nossa fé e confiança nEle serão fortalecidas dia a dia.

amar a Deus, acima de tudo, e ao nosso próximo como a nós mesmos. Os prin-cípios cristãos devem ser incorporados à nossa vida e experiência. Devemos viver nossa vida hoje, pela fé no Filho de Deus. Devemos viver para agradar a Jesus e, assim, nossa fé e confiança nEle serão fortalecidas dia a dia. Des-

erguer falsas luzes, não introduzir here-sias na verdade. Cumpre-nos estar cer-tos de que cada posição que tomamos deve ser amparada pela Palavra de Deus.

Queremos a verdade completa, ima-culada e não poluída pelos costumes, opiniões e máximas do mundo. Que-remos a verdade com todas as suas exi-

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[Em Fairhaven, Massachusetts], veio morar, com menos de um ano de idade, o menino José Bates.

“Quando menido, em idade escolar”, diz Bates, “meu grande desejo era ser marinheiro.”

De fato, em 1807, com quinze anos de idade, zarpou, em sua primeira via-gem à Inglaterra. Na viagem, ele caiu no mar e, ao lado do navio, nadava sereno, ignorando o tubarão que os seguira por dias. [...] Dois anos depois, ele viajou capturado por piratas dinamarqueses. [...] Ao escapar da prisão, chegou à In-glaterra, e por cinco anos serviu como prisioneiro em navios de combate do Rei George, na Guerra de 1812.

Mais tarde, tornou-se capitão e che-gou a ser sócio de navios, e assim cons-truiu sua modesta fortuna de doze mil dólares, para, em seguida, aposentar-se. Converteu-se na solidão, a bordo de seu navio e, depois de abandonar seus maus hábitos de beber, fumar e blasfemar, ele se tornou um modelo de reforma da saúde para um povo e uma causa, embo-ra não soubesse disso ainda.

Foi no ano de 1828 que José Bates voltou para casa e deixou o mar, retornando de uma viagem à América do Sul, após vinte e um anos, desde o momento em que navegou pela primeira vez como grumete. Prudence, sua esposa, era fiel e devotada, uma típica esposa de capitão-de- mar, esperando seu retorno de longas viagens, e em seu caso, feliz, mas nunca desapontada, na esperança de vê-lo outra vez. Ela colocara uma Bíblia no baú do navio, junto com outros livros devocionais que o levaram ao seu Salvador. Quando aportou em terra firme, antes de sua última viagem, uniu-se à igreja dela e foi batizado. Seu pai, já idoso e triste, observou que ele já havia sido batizado em sua própria igreja – a congregacional – quando era bebê.

Mas disse José: “A Bíblia diz: ‘Creia e seja batizado’, e na época eu era muito novo para crer.”

Em 1831, ele ajudou a construir a casa de reuniões cristãs, pela qual manteve seu interesse até que uma rápida sucessão de eventos mudou seus planos, quando a mensagem do Se-gundo Advento o alcançou, em 1839.

Ficamos ao lado de sua antiga casa em Fairhaven, refle-tindo sobre o passado. Naquele dia de verão de 1846, ima-ginamos o capitão Bates sentado perto de sua escrivaninha, começando a escrever seu “livro” (um panfleto de 48 páginas) The Seventh-day Sabbath a Perpetual Sign (O Sábado do Séti-

mo Dia, um Sinal Perpétuo), quando foi interrompido por sua esposa pedindo que trouxesse farinha suficiente para termi-nar o que estava preparando. Ele tinha somente uma moeda no bolso, a única que sobrara de sua fortuna.

– José – disse a esposa, vindo da cozinha. – Não tenho farinha suficiente para terminar o pão.

– Não tem? E quanto de farinha precisa?– Ah! Dois quilos – ela disse.– Tudo bem! Em seguida, levantou-se e saiu; comprou os dois quilos

de farinha de trigo, voltou e deixou o pacote sobre a mesa da cozinha, enquanto a esposa se ausentara por algum tempo. Mas imediatamente ela estava, mais uma vez, à sua porta, suspeitando de algo que, esperava, não fosse verdade.

– José, de onde veio essa farinha de trigo?– Comprei. Não é quanto você queria?– Sim, mas você, capitão José Bates, um homem que na-

vegou com cargas no valor de milhares de dólares, sai para trazer apenas dois quilos de farinha de trigo?

– Querida, para comprar esses dois quilos de farinha, gas-tei o último dinheiro que tinha.

Sim, era verdade! Prudence Bates era uma esposa de-votada. Ela havia concordado que seu esposo gastasse seu

Uma história da vida de José Bates, o mais antigo dos três fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Querida, para comprar esses dois quilos de farinha,

gastei o último dinheiro que tinha.

H E R A N Ç A A D V E N T I S T A

A

MoedaÚltima

Por Arthur W. Spalding

Querida, para comprar esses dois quilos de farinha,

gastei o último dinheiro que tinha.

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Page 25: Revista Adventist World - Abril 2008

dinheiro na causa da Segunda Vinda de Cristo, pois estava ao seu lado nessa crença. Entretanto, ao perceber que sua fortu-na minguava, temia perguntar quanto ainda possuíam. Mas agora ela sabia. Além disso, já havia quatro anos que ela não compartilhava a nova verdade do sábado com ele. Durante aquele período, ele costumava levá-la à sua igreja cristã, aos domingos, voltar para casa e, após o culto, retornar para bus-cá-la. Em 1850, ela o acompanhou, aceitando a mensagem do terceiro anjo e, por vinte anos, até sua morte, foi uma fiel guardadora do sábado e cristã devotada.

Mas, então, seu avental voou para seus olhos, enquanto as lágrimas rolavam e ela, soluçando, perguntava:

– O que vamos fazer agora?– Vou escrever um livro sobre o sábado e distribuir em

todos os lugares, para levar a verdade ao povo – disse ele.– Sim, mas de que vamos viver?– Ah, o Senhor proverá.– Sim, o Senhor proverá! É isso o que você sempre diz. –

E saiu, entre soluços e lágrimas.José trocou suas lides de esposo para as de apóstolo, e

começou a escrever. Após meia hora, ele sentiu-se impres-sionado a ir ao correio em busca de uma carta que continha dinheiro. Ele foi, encontrou a carta com uma nota de dez dólares, vinda de um senhor que dizia ter sido impressionado de que o José Bates estava precisando de dinheiro. Com essa quantia de dinheiro, comprou um bom suprimento para sua casa, e pediu que o entregassem à esposa, para surpreendê-la. Quando ele retornou para casa, ela estava muito admirada e ansiosa por saber de onde havia vindo tudo aquilo.

– Oh! – disse ele. – O Senhor enviou.– O que você quer dizer com “O Senhor enviou”?– Querida – disse ele. – Leia essa carta e verá como o

Senhor provê.Prudence Bates leu e teve outra crise de choro. Dessa vez,

porém, por um motivo diferente. E a mensagem do sábado foi adiante, por todo o mundo.

Hoje, 600 mil crentes, em todo o mundo, são resultado par-cial daquela mensagem. José Bates gastou sua última moeda como um ato de fé de que ele era um servo de Jehovah-jirah, o Senhor que proveria. E ele não creu em vão.

Arthur W. Spalding (1877-1953) foi educador, autor e editor adventista, muito admirado. Essa história foi extraída do livro Footprints of the Pioneers (Nas Pegadas dos Pioneiros), publicado em 1947, após ele ter visitado os

principais lugares da história adventista na Nova Inglaterra. De um princípio tão humilde, a 600 mil crentes referidos por Spal-ding, a igreja chegou a mais de 15 milhões de membros hoje.

Querida, para comprar esses dois quilos de farinha,

gastei o último dinheiro que tinha.

F O T O S E M O E D A C O R T E S I A D O E L L E N G . W H I T E E S T A T E . M O E D A P O D E N Ã O C O R R E S P O N D E R À M O E D A R E F E R I D A P O R J O S É B A T E S .

MoedaÚltima

Querida, para comprar esses dois quilos de farinha,

gastei o último dinheiro que tinha.

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P E R G U N TA : Ao ler Mateus 5:39: “A qual-quer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra”, perguntei a mim mesmo: Será que devo agir desse modo?

Tenho uma pergunta para você: Por que não? A ordem é incomum, radicalmente diferente daquilo que espera-mos. Vai contra a natureza daquilo que consideramos

ser valioso e não aprovado pela sabedoria popular. Estamos sempre preocupados com van-tagens pessoais e a aplicação de uma retribuição legalmen-te adequada. Aqui Jesus nos surpreende com o inespera-do, o antinatural. Analisemos a passagem em seu contexto cultural.

1. Problema da Violência: Mateus 5:38-43 faz parte de um longo discurso que aborda o comportamento esperado por parte dos que pertencem ao reino de Deus (Mt 5:1-7 e 29). Essa peça literária, singu-lar, começa com uma antítese: “Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, vol-ta-lhe também a outra” (Mt 5:38,39). Jesus está Se referindo à lei de retaliação no Antigo Testamento (Êx 21:24; Lv 24:20; Dt 19:21). A intenção dessa lei era impor limites ao desejo hu-mano de revanche, introduzindo o princípio de equivalência; o castigo deveria ser proporcional ao crime. Não era permi-tido a ninguém matar uma família inteira pelo fato de que alguém da família matou um de seus membros.

Jesus elevou a lei a um nível mais alto, revelando seu pro-pósito final, ou seja, eliminar a violência. A eliminação da vio-lência na sociedade começa com os seguidores de Cristo. Ele radicalizou Sua oposição à violência, dizendo: “não resistais ao perverso”. O verbo “resistir” significa “colocar-se contra” ou “opor-se”, de modo confrontador. Quando cristãos se tornam o objeto de ação do mal, espera-se que não reajam de igual modo. Esse é um tipo de resistência passiva; resistir ao mal sem retaliação.

2. Oposição à Violência: Jesus, então, passou a ilustrar o que estava querendo dizer. Ele deu três exemplos. Atente para o primeiro: “a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.” A referência do ato de afronta é a um murro de mão fechada, não apenas uma agressão física. Em

alguns casos, oferecer a outra face pode ser um ato desafia-dor, provocador de mais violência. Nossa resposta natural ao insulto ou a um ataque é a retaliação. Jesus disse que devería-mos oferecer a outra face. Isso significa que os cristãos deve-riam abandonar seu direito à retaliação, ou seja, a violência freada pela renúncia ao direito legal de “revidar”. A violência tem de acabar e temos um papel a desempenhar na realiza-ção desse objetivo. A segunda ilustração é: caso uma pessoa não consiga pagar um débito, é requerido que entregue sua túnica. A lei permitia que tomasse a túnica como penhor pela

dívida (Êx 22:26, 27). Mas esse não parece ser o caso aqui. O indivíduo é objeto de abuso social – quais são as opções? Jesus diz: “Entregue, inclusive, sua roupa íntima!” A idéia é não haver retaliação sob nenhuma circunstância, mesmo que isso signifique profunda humilhação.

A terceira ilustração é extraída do serviço militar. Os soldados romanos força-vam ocasionalmente civis a executarem certas tarefas (Mt 27:32). A reação natural do judeu seria resistir ao opres-sor, mas Jesus ordenou a Seus seguidores a fazer o inimagi-nável: Vá com ele não apenas a exigência de uma milha,

mas duas milhas; para usar a situação como oportunidade de serviço, não de retaliação.

3. Atitude Proativa: O terceiro exemplo é muito positivo, inferindo que devemos evitar nos tornar objetos de violência, agindo pacificamente. Devemos fazer tudo que pudermos para dar aos necessitados e emprestar aos que talvez não consigam pagar de volta (Mt 5:42). Essas são algumas das maneiras de vencer a violência na sociedade e na nossa vida. É assim que o amor age.

Isso significa que não apenas devemos evitar situações de violência, mas fugir delas. Jesus não quer que nos tornemos vítimas por pensarmos assim. Por exemplo, se seu cônjuge é agressivo, você tem que continuar nessa situação, tem que “oferecer a outra face”. O ciclo de violência pode ser quebrado se não houver retaliação, por servir aos outros e fugindo de um ambiente violento.

Seja proativo. Ofereça a outra face.

Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.

ViolênciaLutando

Por Angel Manuel Rodríguez

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

Contra a

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Page 27: Revista Adventist World - Abril 2008

Algumas pessoas acreditam que Jesus veio para abolir o sábado. O oposto é verdade. Jesus não veio para acabar com a lei, veio para cumpri-la (veja Mt 5:17). Cumprir significa dar sentido. Jesus não veio para abolir o sábado. Ele veio dar-lhe sentido. Os líderes judeus de Seu tempo impuseram restrições desnecessárias sobre o sábado, que se tornou um fardo; o sábado era, freqüentemente, um jugo, uma prisão.

Jesus veio para livrar o sábado das práticas absurdas, para que pudesse brilhar com toda a sua beleza. Ele revelou em Sua vida e ensinamentos que o sábado é um presente de amor. Na lição de hoje, examinaremos o sábado por uma nova perspectiva, e descobri-remos o precioso presente de amor oferecido por Cristo.

1. Qual era a prática comum de Jesus no sábado? Leia o texto abaixo e escreva a resposta, com suas próprias palavras, no espaço em branco.“Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o Seu costume, e levantou- Se para ler”(Lc 4:16).

A prática de Jesus-Seu costume era, a cada sábado, ir adorar o Seu Pai celestial. O sába-do é, antes de tudo, um dia de adoração e louvor. O sábado é uma celebração do Deus de bondade, misericórdia e amor. É um lembrete semanal do Seu amor por nós.

2. Por que os fariseus criticavam os discípulos de Jesus por suas práticas ao guardarem o sábado? Circule a resposta no texto abaixo.“Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os Seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-Lhe: Eis que os Teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado” (Mt 12:1, 2).

3. Como Jesus respondeu às críticas dos fariseus? Leia o texto e escreva a resposta com suas palavras.“Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do homem é senhor do sábado” (Mt 12:7, 8).

Essa experiência revela, claramente, que o objetivo do Senhor do sábado, Jesus, é satisfazer as necessidades de Seu povo. O sábado não é um dia de prisão, mas um dia de misericórdia e compaixão.

Por Mark A. Finley

e oJesus

Sábado

E S T U D O B Í B L I C O

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Page 28: Revista Adventist World - Abril 2008

4. Os fariseus também condenaram Jesus por curar, no sábado, o homem que tinha a mão mirrada. O que Jesus respondeu a eles?“Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mt 12:12).

5. Que princípio você pode descobrir em sua própria vida, baseado nesse texto? Escreva o que você pensa.

6. Que conselho deu Jesus aos discípulos, em relação ao sábado, no sermão sobre o fim dos tempos, em Mateus 24?“Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado; porque nesse tempo haverá grande tribulação”(Mt 24:20, 21).

Jesus instruiu Seus discípulos a orarem para que sua fuga da destruição de Jerusalém, comandada por Tito,

general romano em 70 d.C., não acontecesse no sábado. Por quê?

Servimos a um Senhor amoroso e compassivo. Ele deseja que cada sábado seja um dia de adoração, louvor e comunhão. O sábado é um dia de misericórdia e atos de bondade.

7. Como a morte de Jesus testifica da importância do sábado bíblico?“Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento” (Lc 23:56).

Os seguidores de Jesus, mais próximos, no

de acordo com o

A cruz fala de descanso, não de trabalho. Ela fala de deixarmos nossos fardos, não de carregá-los. Aqueles que seguiam Jesus mais de perto, descansaram no sábado como um exemplo de seu descanso no amor de Jesus.

8. Qual é o convite de Jesus a cada um de nós? Circule as duas palavras-chave, no texto abaixo.“Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (Mt ll:28).

O divino convite de nosso Senhor é ir a Jesus, descansar e adorar. NEle encontramos descanso para os anseios mais profundos de nosso coração. Para Jesus, o sábado era um dia de descanso no cuidado e misericórdia do Pai, um dia para testemunhar do miraculoso poder restaurador de Deus. Era um dia para refletir a Palavra e as obras de Deus.

É Seu desejo que, a cada sábado, sintamos Seu amor, vivamos em Sua graça e descansemos no Seu cuidado.

Ainda não esgotamos o assunto sobre o sábado. No próximo mês, examinaremos

como os discípulos de Jesus observavam o sábado.

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C A R T A S

Uma Criança os GuiaráMeu comentário é sobre a matéria de capa: “Uma Criança os Guiará” (dezembro de 2008). Além de ser uma história linda e comovente, por se

tratar de crianças muito bem educadas, penso que ela vai muito além. A men-sagem da matéria, de certa forma, me fez refletir na responsabilidade que o Senhor nos delega.

Pensando em como Deus capacitou Dailyn e Kevin, percebi o quanto estou aquém de meu dever para com a obra maravilhosa que o Senhor me deu. Apesar de ser adventista desde criança e cantar sempre na igreja, depois de ler o artigo me senti impelido a pregar o evangelho a outras pessoas através do trabalho missionário.

Já formei uma dupla missionária. Espero em Deus que Ele me capacite e, através do Espírito Santo, consiga almas para o Senhor.

Que Deus continue abençoando cada dia mais a vida da família Patiño!

Obrigado à revista pela grande ini-ciativa.

Zierley RojardItamaraju, Bahia, Brasil

Estou impressionado com o artigo de capa, escrito por Wilona Karimabadi, “Uma Criança os Guiará” e “Discipula-do Infantil: Ensinando e Capacitando Pequenos Discípulos para Jesus”. São muito inspiradores e educativos.

Admiro o ministério de Karimaba-di, através da revista Kids View. Que as bênçãos de Deus estejam sobre ela, sua família e seu ministério!

Shelvan ArunanOhio, Estados Unidos

Kata RangosoNa seção Notícias do Mundo da Adventist World (janeiro de 2008, p. 3), Melody Tan e Nathan Brown declararam que “Lawrence Tanabose é o primeiro ilhéu do Pacífico a tornar-se um admi-nistrador da Igreja Adventista do Sétimo Dia no sul do Pacífico” (p. 4).

Será que o povo daquela região já se esqueceu da maravilhosa contribuição de Kata Rangoso, presidente da Missão Ocidental das Ilhas Salomão, no período de 1953 a 1957? Se a resposta for positi-va, então, a Adventist World deveria pu-blicar um artigo, tão logo seja possível, sobre a sua surpreendente vida.

Brian E. StrayerMichigan, Estados Unidos

Amor em Todas as Direções Escrevo sobre a coluna Perguntas Bíbli-cas (janeiro de 2008), “Amor em Todas as Direções”, por Angel Manuel Rodrí-guez. Apreciei a explanação detalhada do simbolismo bíblico associado aos quatro pontos cardeais.

Para mim, durante toda a vida, as quatro direções estavam associadas a ex-periências pessoais. O leste: tocando ao piano o hino “De joelhos, partamos pão juntos ... quando caio de joelhos com meu rosto em direção ao sol nascente...” Sempre apreciei um lindo nascer de sol.

O oeste: o pôr-do-sol que me dá a meteorologia do dia seguinte e a direção de onde vem o sereno.

O sul: de onde sopram os ventos quentes e de onde vêm as violentas tem-pestades que temos que enfrentar escon-didos no porão.

O norte: é minha direção preferi-da. Quando era escoteiro, usei minha bússola para ganhar uma medalha de honra em orientação. Foi ali que apren-di sobre o magnetismo do Pólo Norte, girando a bússola para o norte. É nessa direção que posso olhar, à noite, para o lado norte da Constelação de Ório, de onde nosso Salvador virá e dará um fim ao “conflito cósmico entre o bem e o mal”.

Richard CookOregon, Estados Unidos

Outra Forma de Vitamina B12

Na seção Saúde Mundial da Adventist World de dezembro de 2007, mencio-namos a forma injetável, de aplicação mensal, da vitamina B12. Fomos lembra-dos por um de nossos leitores médicos que existe disponível uma forma sublin-gual (para ser absorvida em baixo da língua) de vitamina B12. Essa forma evita tanto as injeções como as dificuldades de absorção intestinal das pessoas com anemia perniciosa. É uma boa opção de terapia de manutenção, onde há dispo-nibilidade desse medicamento.

Drs. Allan R. Handysides e Peter N. Landless Associação Geral, Silver Spring, Maryland, Estados Unidos

Intercâmbio Mundial

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Page 30: Revista Adventist World - Abril 2008

Intercâmbio MundialC A R T A S

Estamos Combatendo o Bom Combate?O artigo “Estamos Combatendo o Bom Combate?”, escrito por Ramani Kurian, na edição de outubro de 2007, revela que “bons adventistas” aceitaram a fé sem pensar nessas palavras duas vezes. O jargão é familiar e bem aceito. Ele fala ao coração daqueles que desejam “fazer as coisas certas” para serem salvos. Levan-to, porém, a bandeira vermelha.

O artigo começa assim: “Qual é o propósito dessa luta? Vivemos em um mundo em que o grande conflito entre o bem e o mal continua. Somos protago-nistas dessa batalha, e ninguém está fora dela. [...] Estamos do lado de Jesus ou de Lúcifer? [...] Veja as qualidades dos jus-tos…” Isso soa muito adventista, até que somos lembrados sobre o que realmente é o grande conflito e nosso papel especí-fico nesse drama.

Um lembrete: Essa luta é entre o dra-gão e Miguel (Ap 12:7) e teve início “no Céu”. Essa batalha começou antes até de a Terra e seus habitantes terem sido criados, e não terminará até a Terra ser destruída.

Nosso comportamento ou escolhas não afetam o resultado dessa guerra. Nossa luta é apenas a boa batalha da fé em relação à nossa salvação (2Tm 4:7), não é o grande conflito. É pela graça que somos salvos pela fé. É mais difícil crer nas palavras de Jesus em João 3:16 do que acreditar que temos o poder de afetar nossa própria salvação, com Jesus fazendo a diferença onde não podemos. Essa é uma crença popular adventista que necessita de fé verdadeira para acei-tá-la. Nesse contexto, pergunto: Estamos combatendo o bom combate?

Lucy CisnerosOhio, Estados Unidos

Tenho Sido AbençoadaSaudações em nosso Senhor Jesus Cris-to. Estou escrevendo apenas para elogiar o trabalho que estão fazendo para nosso Senhor.

Aprecio muito a revista Adventist World. Tenho de admitir que Deus me tem abençoado através de Sua Palavra, e estou sendo inspirada pelas histórias de mudança de vida, de outras pessoas, publicadas nessa revista. Oro para que Deus continue dirigindo sua trajetória.

Margaret MukwembaChomba, Zâmbia

Por favor, orem por minha mãe, que foi acometida de câncer e está piorando a cada dia. Recebi uma cópia dessa revista e achei muito interessante. Prossigam nesse bom trabalho. Estou orando por vocês.

Chadd, Estados Unidos

Pretendo fazer o curso de Direito, no próximo ano, para am-pliar minha carreira profissional, servir melhor às pessoas e, mais importante, para a glória de Deus. Por favor, orem para que o Senhor providencie os recursos: físicos, mentais, finan-ceiros e, acima de tudo, espirituais. Orem, também, por uma promoção no meu trabalho.

Peter, Filipinas

Quero ser fiel ao evangelismo e cursar um mestrado em teolo-gia. Por favor, orem para que eu consiga uma bolsa de estudos.

Mosisa, Etiópia

Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.

Sofro com uma dor constante, há 71 anos, e agora tive a oportunidade de receber um tratamento que pode me ajudar. Orem para que esse tratamento seja eficaz.

Robert, Estados Unidos

Por favor, orem por minha filha que pretende se casar. Orem para que ela conheça e faça a vontade de Deus, de maneira que nada seja feito fora da vontade dEle.

Anyieni, via e-mail

Orem para que eu consiga o dinheiro de que preciso para ter-minar o último semestre de minha faculdade e que, neste ano, permaneça ativamente envolvido no ministério, crescendo em minha vida espiritual.

Lloyd, Zimbábue Unida

Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive.Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Inter-câmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.

O L U G A R D E O R A Ç Ã O

Intercâmbio Mundial

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Page 31: Revista Adventist World - Abril 2008

I N T E R C Â M B I O D E I D É I A S

O distrito de Merrywood é uma pequena comunidade rural, no oeste da Jamaica, no Caribe. No início dos anos 70, quando a maioria de seus habitantes fre-

qüentava a igreja, havia apenas uma família adventista do sétimo dia. Como filha de pais presbiterianos, fiéis, era-me permitido ir à igreja com essa família pelo fato de termos desenvolvido grande amizade. Assim, por cerca de cinco anos, eu freqüenta-va a igreja, tanto aos sábados como aos domingos, mas sempre aguardava o sábado com mais interesse.

Com onze anos de idade, decidi ir à igreja apenas aos sábados. Após orar por minha decisão, falei desse meu desejo com o pastor da igreja adventista, que provi-denciou um encontro com meus pais. Após ouvirem calmamente o pastor, para meu espanto e alegria, minha mãe respondeu: “Se esta é a decisão da Tessa, creio que ela compreende o que está fazendo e não vou impedi-la.” Meu pai também concordou. Assim, fui batizada na igreja adventista do sétimo dia.

Após meu batismo, passei a fazer parte do Clube de Desbravadores, entrei num coral de adultos e também participei ativamente na Escola Sabatina e no Departa-mento de Jovens. Um ano mais tarde, minha mãe e meu irmão mais velho foram batizados na igreja. Embora meu pai permanecesse na sua fé presbiteriana, apoiava e até visitava nossa igreja quando eu participava de programas especiais.

As provações vieram ao meu encontro quando, de repente, aos 15 anos de idade e cursando o ensino médio, me confrontei com exames obrigatórios de laboratório de Física, aos sábados. Essas provas eram necessárias para passar no exame de nível ordinário, de Física. A princípio, fiquei apavorada. Quando se converteu, minha mãe compreendia minha situação, mas agora duvidava do apoio de meu pai. Nada deveria comprometer minha educação. Àquela altura, entretanto, eu sabia que não deveria haver concessão em relação a Deus e à Sua lei (Êx 20).

Depois de ler 1 Pedro 5:7, invoquei o Senhor, com oração sincera, colocando toda minha ansiedade em Suas mãos. Sem dizer aos meus pais, informei ao profes-sor de Física que não iria às aulas aos sábados, por causa de minha fé. Disse a ele, também, que o Deus a quem obedecia garantiria meu sucesso. Nos meses seguintes, concentrei minhas energias estudando todos os procedimentos de um laboratório de Física e, sem realizar nenhuma das experiências, sentei-me para o exame, nove meses mais tarde. Durante a prova, meu professor estava visivelmente ansioso por minha causa e parecia estar confuso com minha tranqüilidade. Três meses depois, chegou o veredicto: fui aprovada! Eu estava mais feliz pela providência de Deus do que pelo fato de ter passado.

Mais de duas décadas se passaram e continuo a tirar forças dessa experiência. Quando as tormentas da vida me assolam, à semelhança de Jó, olho para “os dias do meu vigor” (Jó 29:4), quando Deus me dirigiu, com Sua luz, através da escuridão. Ele diz: “Mas Eu me lembrarei da aliança que fiz contigo nos dias da tua mocidade e estabelecerei contigo uma aliança eterna” (Ez 16:60).

— Tessa Fennell-Swaby escreve do Brooklyn, Nova Iorque, Estados Unidos.

Neste mês, uma leitora nos conta como sua fé foi

fortalecida durante um período de dificuldade.

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FéFundamento

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EditorAdventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.

Editor AdministrativoBill Knott

Editor AssociadoClaude Richli

Gerente Internacional de PublicaçãoChun, Pyung Duk

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Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

E-mail: [email protected]: www.adventistworld.org

A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

Adventist World é uma revista mensal editada simultanea-mente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.

Vol. 4, No. 4

“Eis que cedo venho…”Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

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Abril 2008 | Adventist World 31

Page 32: Revista Adventist World - Abril 2008

O Lugar Das

PESS AS

RESPOSTA: Em um dos estados do nordeste da Índia, o lago Loktak é o maior lago de água doce do país. Os anéis de grama verde são pantanosos e flutuam no lago. Ali, as pessoas aproveitam para pescar.

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“A juventude adventista não se recusa a ouvir a Palavra de Deus. Ela é contra pregadores desinteressantes, desanimados, que pregam mensagens sem vida.”— Baraka Muganda, durante o II Congresso Mundial de Jovens e Serviço Comunitário

em Taipé, Taiwan, em 5 de janeiro de 2008.

Meu nome é Desne Louw. Sou uma jovem de 21 anos e trabalho na Holan-da como au pair (trabalho remunera-do e estudo fora de seu país) por um ano. Pertenço à Igreja Adventista do Sétimo Dia de Square Hill Park em

Kimberley, África do Sul. Agora que estou na Holanda, freqüento uma igreja

em Haarlem.Lembro-me de meu primeiro sábado aqui na igreja

de Haarlem, como se fosse ontem. Eu me sentei, olhan-do para tantos rostos amáveis e felizes. Comecei a chorar porque não estava na igreja de minha cidade natal. Quando os membros da igreja souberam que eu era da África do Sul, esforçaram-se ao máximo para ser amigá-veis. A maioria dos membros me convidou para ir à sua casa, oferecendo ajuda ou simplesmente o seu tempo para conversar comigo. Não tem sido fácil estar tão

Q U E L U G A R É E S S E ?

longe de casa. Quando cheguei, eu não tinha ninguém para conversar, não tinha amigos; só Deus. Mas Ele fez coisas maravilhosas por mim. Comecei a fazer amizades no grupo jovem de Haarlem. Uma dessas amizades é a de Sabina Clark. Deus a colocou em minha vida num momento de necessidade. Ela viu que meu hinário era em inglês e, a partir desse ponto, nos tornamos boas amigas. Almoçamos juntas aos sábados e dialogamos sobre a bondade de Deus.

Já faz alguns meses que comecei a freqüentar a igreja de Haarlem, e sinto que conheci uma nova família. A igreja é uma família querida, sempre unida. Eles con-tinuam se esforçando para me fazer sentir em casa. Encontrei uma igreja onde posso conversar sobre qual-quer coisa. Deus me guiou até essa congregação e me fez lembrar que é muito importante dar o primeiro passo e envolver-me com a igreja. Quando voltar para casa, levarei essas importantes lições comigo.

C O N H E Ç A S E U V I Z I N H O