Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

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BACALHAU de PARIS ACADEMIA EDIÇÃO N.º 3 - 1º SEMESTRE 2016 45 ENTREVISTA: NOVO CÔNSUL DE PORTUGAL EM PARIS 18 CONGRESSO DE ESTREMOZ: COMECE A PREPARAR A SUA DESLOCAÇÃO 32 SOLIDARIEDADE: ASSOCIAÇÃO LEQUE Compadres na tomada de posse do Presidente da República 48

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Revista semestral da Academia do Bacalhau de Paris. Edição n.º3 - Maio 2016

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BACALHAU de PARISACADEMIA

EDIÇÃO N.º 3 - 1º SEMESTRE 2016

45ENTREVISTA:

NOVO CÔNSUL DE PORTUGAL EM PARIS

18CONGRESSO DE ESTREMOZ:

COMECE A PREPARAR A SUA DESLOCAÇÃO

32SOLIDARIEDADE:

ASSOCIAÇÃO LEQUE

Compadres na tomada de posse do Presidente da República 48

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HINO DAS ACADEMIAS DO BACALHAUREFRÃO

Caminhamos confiantesSomos todos tripulantesDa mesma nauQue é vista com simpatiaE se chama AcademiaDo BacalhauVamos compadres, comadresQ'esta nossa AcademiaJá tem raízesLevamos a nau ao portoPara dar algum confortoAos infelizes

VERSO1

Temos por símbolo o badaloQue toca repenicandoQuando alguém quiser falarPõe-se o badalo a tocarFicando o resto calado

Pode entrar em contato com a Academia do Bacalhau de Paris aqui:

9, rue Saint-Florentin, 75008 Paris

www.bacalhau.fr

(0033) 7 81 19 57 10

www.facebook.com/academiabacalhauparis

Twitter: @abacalhauparis

CONTATOS

Também temos a gravataC'um bacalhau estampadoSe és amigo de verdadeE quiseres ser compadreCom ela és condecorado REPETE O REFRÃO 

VERSO 2

E quando nos reunimosNum jantar de amizadeTomamos a ocasiãoDe fazer algum tostãoPara dar a caridadeE a meio do repastoVai acima e vai abaixoÉ um acto bem distintoBrindamos com vinho tintoO gavião de penacho REPETE O REFRÃO

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ÍNDICE

14

18

48

57

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05. Editorial

06. Histórico Academia do Bacalhau de Paris08. Jantares14. Memórias 16. Apadrinhamentos

18. Congressos26. Academias Afilhadas 28. Outras Academias

Associação Leque .32E3M .36

Force du Coeur .38Roupa Sem Fronteiras .40

Como são escolhidos os apoios? .41

42. Depoimentos de compadres45. Entrevista António Albuquerque Moniz48. Compadres na tomada de posse

Página Histórica .52Luís Represas .55

Nicolau Breyner .57Mónica Cunha .59

Filme “Volta à Terra” .62Breves .63

ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

ACADEMIAS DO BACALHAU

SOLIDARIEDADE

COMPADRES E COMADRES

RECEITA

CULTURA

63. Os cinco séculos de pesca à la Morue dos Franceses64. Receita66. Passatempos64

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5ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

ntre amigos, no seio português, numa confraternização sincera, a Academia do Bacalhau de Paris permite aos seus compadres sentirem-se em casa. Mas o nosso objetivo agora vai mais além: dar uma casa física à casa emocional que é a ABP. Adquirir um espaço que possa servir de base à nossa associação e que nos permita crescer e expandir a nossa ação.Este é um desejo da ABP já há alguns anos. Surgido durante a presidência do compadre António Fernandes, este projeto tem-se mantido presente no espírito de todos mas de uma forma relativamente adormecida. Temos tentado caminhar no sentido da sua realização, nomeadamente com a angariação dos fundos necessários. No entanto, necessidades mais prementes e pedidos de ajuda irrecusáveis têm atrasado a realização deste projeto.Mas em 2016 a Academia do Bacalhau de Paris fará deste o seu objetivo principal. É tempo de dar à nossa associação o seu merecido espaço. A ABP está a crescer e o impacto das suas ações é cada vez mais significativo. Um bom exemplo disso é a cobertura que a RTP Internacional fez da iniciativa Roupas Sem Fronteiras, em dezembro passado. Também no Congresso de Durban recebemos palavras de admiração de elogio por parte de muitos dos nossos compadres, que admiram a pujança e dinamismo da ABP. Somos uma das Academias mais significativas dentro do nosso movimento e queremos manter-nos como uma referência para as demais, nunca perdendo o caráter inovador. Em 2015 lançamos o projeto da revista, que se tem revelado um sucesso, ou não fosse esta a terceira edição. 2016 será o ano da nossa sede.Mas para termos uma sede precisamos do

apoio de todos. E este apoio pode surgir sob as mais diversas formas. A mais evidente será a contribuição monetária. É verdade que é necessária e bem-vinda, mas não é a única forma de apoiar. Precisamos também de compadres e comadres que estejam dispostos a dar do seu tempo e contribuir com o seu trabalho, seja numa vertente administrativa ou de organização e cuidado do espaço que será a sede. E precisamos também de ideias que mantenham viva a nossa casa.A ideia da sede não é apenas ter um espaço a que possamos chamar de nosso mas sim de que este seja um espaço vivo e que contribua para o crescimento do nosso movimento. Queremos também que a sede da ABP seja autossuficiente (e, quem sabe, geradora de receitas) e não algo que contribua para aumentar as despesas da associação. Para isso, teremos que usar este espaço de forma inteligente e criar nele condições que permitam a sua subsistência.Fazer da nossa sede um local de divulgação da cultura portuguesa, nomeadamente através de exposições, ter um restaurante ou um café português, alugar o espaço para a realização de eventos – estas são algumas das vertentes que poderemos explorar. Mas queremos mais. Queremos ideias e soluções, queremos a participação de todos os compadres e comadres na construção deste projeto. Ainda que possa parecer algo ousado, este projeto é também algo possível. Com o contributo de todos, alcançaremos tudo aquilo a que nos propusermos. Podemos contar consigo?

Um Gavião de Penacho,Carlos Ferreira

Uma casa para a ABPCARLOS FERREIRA

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PRESIDENTE DA ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

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6 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

No dia 10 de Novembro 2015 fez, precisamente, 24 anos que,  por minha iniciativa (e não por iniciativa do Dr. Santos Teixeira, como por equívoco disse o meu querido Amigo Rogério Vieira na primeira edição desta revista), se organizou um convívio de amigos com o objetivo de comemorar o São Martinho. Para ser plenamente rigoroso, a ideia partiu de mim e do Dr. Pedro Cudell, na altura diretor-geral do BES em França, um “bon vivant et bon gourmet”.No entanto, quero salientar que não tive pessoalmente qualquer iniciativa ou influência na criação da Academia, pois o objetivo do convívio/petisco era meramente passar um momento agradável entre amigos que cultivavam a amizade e a boa gastronomia.No conjunto de pessoas que o amigo e compadre Rogério Vieira indicou na primeira edição como tendo participado no petisco, faltam pelo menos duas: o Dr. Damião Medeiros, bom açoriano de S. Miguel, e na altura diretor-geral adjunto do BPA, e o Dr. Pedro Cudell. No decorrer do petisco, o Dr. Santos Teixeira, recentemente regressado de Portugal, onde tinha dirigido e conduzido a privatização da companhia de seguros Império, fez uma pequena intervenção, mais ou menos nos

termos seguintes : “Durante os 3 anos em que fui presidente da Império em Portugal, desloquei-me várias vezes a Moçambique e à Africa do Sul e, numa dessas viagens, participei num jantar de uma Academia do Bacalhau, que é um conjunto de amigos que se junta regularmente à volta de um jantar de bacalhau, com o objetivo de recolher fundos para ações de solidariedade. Vamos, também nós, criar uma Academia em Paris e o Sr. Pereira (compadre José Pereira – primeiro presidente da ABP) é imediatamente nomeado presidente”.Também não atribuo qualquer mérito na criação da Academia ao meu Amigo Dr. Santos Teixeira: foi uma mera intervenção ocasional, de circunstância - penso que terá participado somente num outro jantar no Restaurante La Safranée sur Mer.A totalidade do mérito deve ser atribuída às pessoas que deram corpo à iniciativa: desde o nosso querido e saudoso amigo e compadre José Pereira até ao atual Presidente Carlos Ferreira, sem esquecer todos os outros que ao longo do tempo foram profissionalizando e desenvolvendo a Academia, sendo considerada hoje como uma referência a nível mundial.A

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OUm outro ponto de vista

POR VITALINO D’ASCENSÃO

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8 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

JANTARES

Rio Sena acolhe gala de Natal da ABPO barco “Le Paris” foi o local escolhido para a gala de Natal da Academia do Bacalhau de Paris, a 12 de dezembro de 2015. A bordo, cerca de 200 compadres e comadres percorreram o rio Sena na capital francesa, celebrando o final de mais um ano de amizade, solidariedade e portugalidade.Numa noite elegante e distinta, a animação esteve a cargo do conceituado artista português Luís Represas, que abrilhantou a soirée com temas bem conhecidos do público, como “125 Azul”.O evento começou com um minuto de silêncio em memória das vítimas dos atentados de Paris do dia 13 de novembro, bem como de Ilda Vieira e Milú Gama, esposas do compadre Rogério Vieira e do cantor Tony Gama, recentemente falecidas.Ricardo José e Chantal da Costa foram apresentados durante o evento como dois potenciais compadres da ABP, tendo agora que fazer o habitual percurso de assiduidade nos eventos para se tornarem compadres efetivos. Os seus padrinhos serão, respetivamente, Armindo Gameiro e Fernando Lopes. A noite contou com a presença de personalidades como Carlos Gonçalves e Paulo Pisco, deputados eleitos pela emigração, e António Moniz, o novo Cônsul Geral de Portugal em Paris. O Presidente da ABP, Carlos Ferreira, aproveitou o evento para agradecer aos patrocinadores que ajudaram a torna-lo possível: Fidelidade, Império e Caixa Geral de Depósitos. Deixou ainda uma palavra de agradecimento a Gomes de Sá, diretor da Lusopress, por ter apoiado a ABP com 800€.

A noite foi também de celebração pelo final da iniciativa Roupa Sem Fronteiras 2015. A campanha, que está no seu terceiro ano consecutivo, visa angariar roupas, sapatos e brinquedos que são depois distribuídas a pessoas em necessidade em Portugal e em França. Nesta edição, a novidade foi a parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Paris para a angariação de alimentos também.“Este é o tipo de campanha em que toda a gente pode participar. Todos nós temos roupas em casa que já não usamos”, explicou ao Lusojornal Fernando Lopes, vice-Presidente da ABP. E com isto em consideração, Durval Marques, fundador e Presidente Honorário da Academia do Bacalhau, declarou que vai propor que a iniciativa passe a ser comum a todas as Academias.

Roupa Sem Fronteiras 2015

Nota: Pode ler mais sobre a iniciativa Roupa Sem Fronteiras na secção “Solidariedade” desta revista.

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9ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

No primeiro jantar do ano, cantam-se as Janeiras. É tradição da Academia do Bacalhau de Paris e este ano não foi exceção. No dia 15, o local escolhido foi o restaurante “A Ponte”, em Suresnes (92), e aí se reuniram 84 compadres que ouviram cantigas tradicionais entoadas pelo grupo “Cantar os Reis”.Com o valor da solidariedade sempre presente, o grupo de compadres e comadres procedeu à realização de uma tômbola, onde foi sorteado um cabaz oferecido pela Pastelaria Canelas e duas garrafas de vinho do Porto Vintage, oferecidas pelo compadre Valdemar Francisco, responsável pelo movimento Les Amis du Plateau. Os 1000€ angariados com a tômbola, assim como o lucro do jantar, reverteram para este projeto que visa evocar e preservar o início da emigração portuguesa em Champigny-sur-Marne. Outro movimento associativo evocado durante o jantar foi a Associação Alma. Jovem associação encabeçada pela comadre Elisabeth Oliveira, destina-se às porteiras de Paris. Na altura da primeira vaga de emigração nos anos 60, foi esta profissão que permitiu à maioria dos nossos compatriotas sobreviverem, pois não requeria habilitações nem o domínio da língua francesa. Quarenta anos mais tarde, continua a ser ocupada por mais de 60% dos portugueses em França e, apesar do contexto social ter evoluído, os direitos e deveres destas pessoas estagnaram. A ALMA tem como objectivo principal criar e editar um guia de direitos e deveres, oferecer apoio jurídico e psicológico, bem como aulas de francês e, num futuro próximo, organizar eventos de solidariedade.Presente no jantar esteve também o Presidente da Academia do Bacalhau do Ribatejo, Pedroso Leal, que realçou a importância da ABP na génese da tertúlia do Ribatejo, e que lembrou a importância deste movimento e dos seus três pilares: amizade, portugalidade e solidariedade.Sempre em expansão, a Academia do Bacalhau de Paris passou a contar, neste jantar, com mais um compadre oficial: o jornalista Ricardo José, apadrinhado por Armindo Gameiro.

ABP canta as Janeiras n’A Ponte

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10 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Na quinta-feira, 18 de fevereiro, a Academia do Bacalhau de Paris realizou o seu primeiro jantar inteiramente patrocinado por uma empresa, no caso, a Império. A seguradora assumiu os custos do jantar e do aluguer da sala, permitindo que a Academia guardasse todos os fundos angariados, podendo destiná-los depois a ações solidárias.A ideia do patrocínio dos jantares da ABP por parte de empresas surgiu através do diretor-geral da Império em França e também compadre da Academia, Vitalino d’Ascensão. A ABP está agora aberta a que outras empresas e entidades sigam o caminho aberto pela Império.A noite deveria ter sido também ocasião para a realização de uma Assembleia-Geral Ordinária (AGO) onde se realizassem as eleições para o Conselho Fiscal da Academia. Eleito anualmente, este órgão conta com três membros (presidente, vice-presidente e secretário), e este ano houve apenas uma lista a candidatar-se, encabeçada pelo compadre Luís Rocha, que atualmente já exerce as funções de presidente do Conselho Fiscal.No entanto, os estatutos da Academia exigem a presença de um quorum de 50% dos membros com a quota em dia. A ABP tem atualmente 192 compadres e comadres, dos quais 114 têm as quotas a dia. Mas o intenso tráfego parisiense nessa noite, assim como impedimentos pessoais e profissionais, impediram muitos compadres

de estar presentes às 19h00, hora a que se iniciou a AGO. Foi então agendada uma nova AGO noutro dia, para se proceder às eleições.Os compadres acabaram por conseguir chegar ao local – as instalações da Império em Paris – mas apenas a tempo para o jantar, que estava programado para as 20h30. Durante o evento, Carlos Ferreira, presidente da ABP, agradeceu à Império, na pessoa do seu diretor-geral, pela generosa iniciativa de patrocínio do evento. Vitalino d’Ascensão aproveitou para fazer uma apresentação do grupo Império aos presentes.O jantar contou também com uma palestra sobre economia que pôs em evidência as vantagens de parcerias entre Portugal e França. A palestra foi dada por Hubert Rodarie, economista, presidente de várias empresas e diretor geral delegado da SMA, grupo a que pertence a Império França.No jantar marcaram presença também Patrick Bernasconi, presidente do CESE (Conselho Económico, Social e Ambiental), Jean-Philippe Diehl, presidente do Banque BCP, e António Albuquerque Moniz, Cônsul-Geral de Portugal em Paris.Esquecidos os sobressaltos iniciais da noite, o evento terminou com uma atuação de fadistas, que fecharam o jantar com chave de ouro.

Fevereiro: 1º jantar 100% patrocinado

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11ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

“Les Jardins de Montesson” patrocinou jantar de marçoMarcelo Rebelo de Sousa tomou posse como Presidente da República Portuguesa a 9 de março de 2016. A cerimónia decorreu no Palácio da Ajuda, em Lisboa, e contou com cerca de 30 portugueses residentes no estrangeiro, 90% dos quais são compadres da Academia do Bacalhau. Empresários e homens empenhados na vida da comunidade, conquistaram assim um lugar na cerimónia de empossamento do 20º Presidente da história do nosso país. Marcelo Rebelo de Sousa anunciou mesmo, a 7 de março, que estará em Paris, junto da comunidade, nas celebrações do Dia de Portugal, a 10 de junho. Um facto que muito orgulha a Academia do Bacalhau de Paris e que Carlos Ferreira, presidente da mesma, fez questão de salientar no jantar da ABP que teve lugar no dia seguinte.Este jantar foi o segundo jantar da Academia do Bacalhau de Paris patrocinado por uma

empresa, desta vez pelo restaurante Les Jardins de Montesson (78), que acolheu o evento. Raúl e Noémia Nora, proprietários do estabelecimento, ofereceram o jantar aos cerca de 80 compadres presentes.A ideia dos jantares patrocinados veio de Vitalino d’Ascensão, compadre e diretor-geral da Império em França. Foi, aliás, esta a empresa que assumiu o primeiro dos jantares patrocinados da ABP, em fevereiro deste ano. O objetivo é ajudar a ABP na angariação de fundos, para que estes possam depois ser destinados às ações da Academia, nomeadamente às suas ações solidárias.Certo é já também o patrocínio do jantar de setembro, em que a ABP comemorará 19 anos. A Fidelidade foi a empresa que se disponibilizou para patrocinar este evento. Segundo os diretores das empresas que têm patrocinado os jantares, este apoio

à ABP advém do fato da mesma mostrar rigor e profissionalismo nas suas ações, especialmente desde o Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, realizado em Paris, em 2010. O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido desde essa altura tem sido feito, principalmente, pelas pessoas a que Durval Marques, fundador das Academias do Bacalhau, chamou de “núcleo duro”, um grupo de compadres que tem inovado e feito a Academia de Paris ser uma referência no mundo associativo.No jantar de 10 de março foram anunciados os próximo apadrinhamentos, que terão lugar na próxima tertúlia: Aires de Abreu (por David Monteiro), Noémia Nora (por António Fernandes) e o Cônsul Geral de Portugal em Paris, António Albuquerque Moniz (por Carlos Ferreira).

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13ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

7 compadres apadrinhados no Festival de Gastronomia

Como já é habitual, a Academia do Bacalhau de Paris realizou um jantar enquadrado no Festival de Gastronomia Portuguesa organizado pela Rádio Alfa. A quinta-feira, 14 de abril, foi a data escolhida para o evento, ao qual compareceram 215 pessoas, que encheram a sala Vasco da Gama, em Valenton, Créteil.Entre os convidados contaram-se personalidades como Jean Arthuis, eurodeputado, atual presidente da comissão de orçamentos do Parlamento Europeu e antigo ministro da Economia e Finanças de Jacques Chirac, José Manuel Fernandes, eurodeputado português, António Albuquerque Moniz, Cônsul Geral de Portugal em Paris, e Paulo Pisco, deputado do PS, que se fez acompanhar por Carla Martins, autora portuguesa.O jantar foi ocasião de alargar a família da ABP, que passou a contar com sete novos compadres e comadres, nomeadamente:

António Albuquerque Moniz (apadrinhado por Carlos Ferreira), Luís Filipe Reis (Mário de Sousa), Mélissa Dias (Clotilde Lopes), Aires Mendes de Abreu (David Monteiro), Noémia Nora (António Fernandes), Armanda Manso (Joaquim Sousa), Fernando Silva (Irene de Oliveira) e Alice Ramos Silva (António Manso). Foram ainda apresentados Lídia Sales, Raúl da Nora e Anabela da Cunha para serem apadrinhados futuramente.

Para ajudar à angariação de fundos, foram vendidas rifas e sorteados três prémios: um presunto, uma caixa de vinhos e uma máquina de café, todos oferecidos pela Lusopress. Os contributos chegaram também por parte de alguns compadres, nomeadamente de José Dias, que ofereceu os vinhos, de Antónia e Carlos Gonçalves, que ofereceram o vinho do Porto, e de Aires de Abreu, que ofereceu a atuação da noite.A noite foi animada por Toni do Porto, que cantou um eclético reportório que incluiu fados e música tradicional portuguesa. A noite terminou com pé de dança de alguns compadres.O Festival de Gastronomia Portuguesa realiza-se desde 2003 e este ano decorreu de 8 a 17 de abril, tendo contado com dois restaurantes vindos expressamente de Portugal: O Torres e Tentações da Montanha.

Esteve presente Jean Arthuis, eurodeputado e antigo ministro da economia de Jacques Chirac.

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14 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

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Gala no Museu Nacional da História da Emigração

“Pour une vie meilleure” (Por uma vida melhor) era o título da exposição patente à data no Museu Nacional da História da Emigração, em Paris. Uma colação de 50 fotografias de Gérald Bloncourt, o fotógrafo haitiano que retratou, melhor que ninguém, a emigração portuguesa para França nas décadas de 50, 60 e 70 do século XX.Retratos a preto e branco que mostram as condições de vida que muitos dos nossos compatriotas enfrentaram no bidonville de Champigny ou nos campos de l’Abbé Pierre, em Noisy-le-Grand, por exemplo. As fotografias mostravam também o percurso entre o Portugal salazarista e a França que prometia uma vida melhor: um percurso duro em comboios que ligavam Lisboa a Hendaye e Hendaye a Paris. Um percurso que, muitas vezes, era feito a salto, em condições desumanas.

Foram estas condições e os rostos daqueles que as sofreram que estiveram em exposição no Museu Nacional da História da Emigração, entre 14 de maio e 31 de julho de 2013. Este foi o pretexto perfeito para a Academia do Bacalhau de Paris organizar aí a sua gala anual, que teve lugar dia 1 de junho, e contou com cerca de 150 pessoas.O facto de a gala se realizar a 1 de junho, Dia Mundial da Criança, levou a que a convidada de honra da noite fosse a Fundação do Gil, representada pela sua diretora à época, Margarida Pinto Correia. Esta associação tem por objetivo apoiar e acompanhar crianças que, por motivos variados, não podem voltar a integrar as suas casas e famílias após internamentos hospitalares.

“Eu acredito que na diáspora portuguesa haja esta capacidade de paixão” Margarida Pinto Correia

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15ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

A Academia do Bacalhau de Paris decidiu apoiar a Fundação do Gil, atribuindo um cheque de 7.500€. Margarida Pinto Correia explicou, em entrevista, que é fulcral a obtenção de apoios como este para que o projeto possa, não só manter-se, mas também crescer. “Estamos a tentar mostrar à diáspora portuguesa aquilo que estamos a fazer pelas crianças em Portugal. Existem milhares de crianças retidas nos hospitais porque não têm condições sociais para sair, para serem reintegradas na sua família.

É preciso fazer essa ponte, que é o que nós fazemos através de vários projetos e estamos a divulgar o máximo possível. Eu acredito que na diáspora portuguesa haja esta capacidade de paixão que é: ‘eu fui criança e não tive tudo, eu quero ajudar uma criança que está lá no meu país e que não está a ter tudo”, disse.Este foi o primeiro jantar de gala sob a presidência de Carlos Ferreira, que explicou em entrevista que “a vinda da Margarida corresponde a um pedido que ela nos fez por intermédio do Consulado e, como temos uma vertente que visa ajudar os mais

A ABP apoiou a Fundação do Gil, atribuindo um cheque de 7.500€

necessitados, quer sejam crianças ou idosos, tomámos a decisão de estender o nosso apoio às crianças em Portugal”.No evento estiveram presentes personalidades como o fotógrafo Gérald Bloncourt, o deputado Carlos Gonçalves, o antigo Ministro da Cultura e presidente da Cité de l’Histoire de l’Immigration, Jacques Toubon, ou o embaixador de Portugal em França, José Filipe Moraes Cabral. Este último disse da ocasião que “é mais uma iniciativa magnífica no seio da comunidade portuguesa, à altura das expectativas que o associativismo português em França tem criado. É extremamente significativo que neste dia mundial da criança a Academia do Bacalhau de Paris homenageie uma fundação com tanto mérito como é a Fundação do Gil”.

A convidada de honra da noite foi a Fundação do Gil

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16 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

APADRINHAMENTOS

“Tenho acompanhado de perto, graças à minha profissão (jornalista),o trabalho realizado pela Academia do Bacalhau de Paris (ABP) e constato a evolução positiva desta associação criada em 1998.Recordo perfeitamente os primeiros passos dados por um grupo de pessoas, “os amigos do bacalhau”, que organizavam genuínas tertúlias à volta do “fiel amigo”.Passados estes anos, dou os parabéns à ABP por apoiar os mais necessitados e ter evoluído, destacando, nomeadamente, a abertura ao mundo feminino…as comadres, com a sua grande sensibilidade, têm ajudado indiscutivelmente na construção e solidificação dos valores fundamentais das Academias do Bacalhau que são a Amizade, a Solidariedade e a Portugalidade.Hoje sou também compadre porque após ter divulgado vários eventos realizados pela ABP, senti que também poderia ajudar, estando integrado de pleno direito nesta instituição, um barco navegando até aos portos, onde a solidariedade é mais necessária… e aquela que eu chamo de passagem para a outra margem deve-se também ao compadre Armindo Gameiro que teve a iniciativa de apadrinhar a minha subida a bordo do barco da amizade e da solidariedade, a ABP. Os meus agradecimentos com um Gavião de Penacho.”

Ricardo José15 / 01 / 2016Padrinho: Armindo Gameiro

Fernando da Silva14 / 04 / 2016Madrinha: Irene de Oliveira

Luís Filipe Reis14 / 04 / 2016Padrinho: Mário de Sousa

Foi para mim uma honra ser aceite e apadrinhado na Academia do Bacalhau e estar inserido numa grande família que tem o dom de fazer o bem, e onde eu me identifico.Muito obrigado a todas as comadres e compadres, é um prazer estar convosco.

Mélissa Dias14 / 04 / 2016Madrinha: Clotilde Lopes

É com orgulho e prazer que venho juntar-me a vós. É para mim uma honra ter como madrinha a Clotilde. Já há alguns anos que tenho acompanhado o meu pai na Academia e, inclusivamente, participei em dois Congressos e revejo-me totalmente nos valores da Academia do Bacalhau. Tenho orgulho em ter-me tornado comadre na Academia no mesmo lugar em que o meu pai se tornou compadre, na Sala Vasco da Gama. Muito obrigada a todos e felicidades para as comadres e comadres da Academia do Bacalhau de Paris.

António Albuquerque Moniz14 / 04 / 2016Padrinho: Carlos Ferreira

É com muita honra que integro a ABP. Antes de mais, os meus agradecimentos a Armanda e António Manso, bem como a Irene de Oliveira. Espero ser um afilhado digno. Com simplicidade e humildade farei tudo no limite dos meus possíveis para ajudar os mais necessitados. Um Gavião de Penacho!

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17ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Alice Ramos Silva14 / 04 / 2016Padrinho: António Manso

Faz mais ou menos cinco anos que pela primeira vez fui convidada pelos nossos amigos Armanda e António Manso para ir ao jantar da Academia do Bacalhau de Paris. Aceitei o convite, um pouco receosa, porque não sabia como poderia ser aceite nesta grande família.Vivemos e convivemos certos eventos e fui gostando. Um dos que me marcou profundamente foi a solidariedade que tiveram na noite dedicada ao falecido Tiago Sobreira, um momento de grande emoção e um momento que me deu mais interesse para continuar. Um certo dia, foi-me feito o convite para ser afilhada e entrar na grande família da Portugalidade. Ser comadre dá possibilidade de melhor compreender e colaborar com homens, mulheres, crianças e tantos outros que precisam de nós. Compreendi, através destes amigos, a verdadeira importância de ajudar aqueles que precisam da nossa escuta e do nosso carinho. Como é bom dar a mão ao próximo! Para que servia a solidariedade e a portugalidade se no nosso coração não existissem sentimentos.Agradeço ao meu padrinho António Manso por me ter feito o convite. Agradeço também à Irene Oliveira e marido, sem os quais nada teria sido feito. Assim como a vocês, compadres e comadres, por me terem aceitado nesta família. Prometo-vos estar presente, dentro das minhas possibilidades e disponibilidades, para ajudar os mais necessitados. O meu objetivo nesta grande família é não vos dececionar.Com um gavião de penacho.

Aires Mendes de Abreu17 / 04 / 2016Padrinho: David Monteiro

É com muito orgulho que sou compadre oficial da ABP. Gosto de participar nas ações de caridade e de solidariedade da Academia. Gosto de saber que existem Academias no mundo inteiro cujos compadres são portugueses, homens e mulheres de valor que sabem dar a mão e ajudar qualquer um.Queria dizer “obrigado” ao David Monteiro por ser o meu padrinho, até porque foi ele que me convidou para ir a um jantar da ABP. Agora, sou eu que convenço, amigos, para assistir aos jantares e  eventos da ABP. Eu diria que Academia é o espelho da grande amizade do povo português.

Armanda Manso14 / 04 / 2016Padrinho: Joaquim Sousa

Faz muitos anos que caminhamos confiantes, somos todos tripulantes da mesma nau, para ajudarmos à caridade. Como sempre disse, uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável, ajudando os mais necessitados. Bravo é quem não sente medo, é quem o vence e nós temos vencido em promover a coragem onde há medo, promovemos a esperança onde há desespero, somos felizes quando vivemos momentos únicos, quando vemos os olhos tristes rirem de alegria pela mão que lhes foi estendida. É esse o exemplo da nossa Academia.É com muito empenho que agradeço ao meu estimado padrinho e compadre Joaquim de Sousa, presidente da Santa Casa da Misericórdia de Paris pela sua coragem. Não é a ausência do medo mas o triunfo sobre ele. Homem corajoso, aceitei o seu convite e agradeço as nobres palavras que me dirigiu e gostaria de lhe dizer que tentarei fazer e oferecer o melhor de mim mesma para com a nossa Academia.Depois de longos anos em que acompanhei o meu marido no início da Academia, principalmente nos anos em que as mulheres só eram convidadas para os jantares de gala, uma vez por ano.Pouco a pouco, a nossa Academia foi crescendo, vivemos momentos de grande emoção, mas também de tristeza, é um complemento das nossas vidas.Hoje tudo mudou, mudou o Homem, mudaram os tempos, continuamos com novos rumos, é esse o caminho dos tripulantes espalhando a caridade, a fraternidade, a portugalidade. É por essa razão que e sinto orgulhosa por ser um novo membro desta Academia. Não poderei esquecer que ao longo destes anos vivi momentos e participei em muitos eventos, tanto em França como em Portugal, onde cada gesto de todos os compadres foram tesouros que guardei no meu coração. Assim como tive muitas deceções, mas só assim podemos crescer, de mãos dadas, e tentar compreender o que amanhã poderá ser feito com melhores

objetivos para os mais necessitados: é o que considero a união da portugalidade.

Noémia Morais da Nora17 / 04 / 2016Padrinho: António Fernandes

Em  2003,  com o meu  marido  Raul Da Nora, abrimos o restaurante português “Les Jardins de Montesson”. Quando o senhor António Fernandes era presidente da Academia,  deu-me a conhecer a associação num jantar  no  meu  restaurante. Ao longo dos anos tenho participado em vários  convívios,  contribuindo para as  ações humanitárias. Hoje, com mais notoriedade, desejo participar ativamente na  divulgação dos  valores  fundamentais da  academia: amizade, portugalidade e solidariedade. 

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18 ACADEMIAS DO BACALHAU

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Congresso 2016Conheça a Academia anfitriã

Em 2016 será a vez de Estremoz se tornar a cidade anfitriã de mais um Congresso das Academias do Bacalhau. Nas próximas páginas, conheça esta bela cidade alentejana e, quem sabe, desperte em si o desejo de a visitar ao vivo aquando do próximo Congresso. Descubra também a história da Academia do Bacalhau de Estremoz e conheça as atividades e projetos da Academia anfitriã.

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19ACADEMIAS DO BACALHAU

história da Academia do Bacalhau de Estremoz começa em 1999, quando José Manuel Silva Pinto, então compadre da Academia do Bacalhau de Lisboa, convidou alguns amigos de Estremoz a estarem presentes num jantar-tertúlia da Academia da capital. O que este grupo de amigos viu agradou-lhe de tal forma que, imediatamente, começou a pensar na criação de uma Academia em Estremoz. “Naturalmente ficámos fascinados com os princípios e objetivos e começamos a congeminar a ideia de fazer uma Academia em Estremoz”, conta Francisco Ramos, atual presidente da AB Estremoz.

Depois de cumpridas as formalidades exigidas, foi proposta a abertura desta nova Academia no Congresso das Academias do Bacalhau no Algarve, por parte do compadre Eduardo Almeida Nunes, à época presidente da Academia de Lisboa, a madrinha da nova tertúlia. Estávamos no ano 2000 e a oficialização não se fez esperar: aconteceu a 8 de setembro, embora a inauguração tenha acontecido apenas a 25 de novembro, num evento que contou com mais de duzentas pessoas, incluindo compadres e comadres de diversas Academias. Desde então, e até ao presente, a Academia do Bacalhau de Estremoz tem mantido regularmente o seu percurso dentro do espírito e dos princípios estabelecidos no movimento das Academias, a saber, amizade, portugalidade e solidariedade.“Temos ajudado muitas instituições de solidariedade da região e não só”, conta Francisco Ramos. “Bombeiros, Cercis, lares

de idosos ou de crianças, situações pontuais de pessoas com carências como cadeiras de rodas, roupas ou alimentos. Temos também colaborado com instituições culturais e com iniciativas de Academias irmãs, sempre que é pedida a nossa colaboração”.

Há sete anos, a Academia de Estremoz criou também um prémio para o aluno do 12º ano com melhor classificação nas disciplinas de Português e História na Escola Secundária Rainha Santa Isabel de

Estremoz. Este prémio é entregue todos os anos por ocasião da festa de aniversário da Academia. Na altura do aniversário, é também organizado sempre um espetáculo cultural e um jantar que habitualmente contam com a presença de compadres de outras Academias – um gesto recíproco, visto que a Academia de Estremoz tem estado presente na inauguração de todas as Academias de Portugal desde 2000. Os compadres e comadres da AB de Estremoz têm também marcado presença em diversos congressos, nomeadamente no Funchal, Toronto, Paris e Recife. Este ano é a vez de Estremoz ser o centro do mundo…das Academias!

A oficialização aconteceu a 8 de setembro de 2000

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20 ACADEMIAS DO BACALHAU

No Alentejo, a 50kms da fronteira com Espanha, numa colina protegida pela Serra d’Ossa, encontra-se a bela cidade de Estremoz. Com cerca de 7 mil habitantes, é sede de um município que alberga 14 mil pessoas divididas por nove freguesias.

A sua história remonta ao ano de 1258, quando D. Afonso III lhe concedeu um foral. A sua localização, tão próxima do país vizinho, conferiu-lhe um estatuto importante na recuperação da independência de Portugal, com duas batalhas importantes a terem lugar na zona de Estremoz: a do Ameixial (1663) e a dos Montes Claros (1665). A sua localização na fronteira contribuiu também para que fossem erigidas dois conjuntos de muralhas em seu redor: o primeiro data do séc. XIII e

Mármore de Estremoz

O produto mais emblemático de Estremoz é o seu mármore. Inserida numa região extremamente fecunda desde material, a cidade tem estabelecido o seu nome pelo mundo fora graças ao mármore de extrema qualidade e que tem sido usado desde a Antiguidade como matéria-prima para obras de escultura e arquitetura. Ainda no tempo do Império Romano, o mármore de

circunda o castelo; o segundo, numa posição mais exterior, foi construído durante a Guerra da Restauração. Estremoz foi elevada ao estatuto de cidade em 1926 e hoje é evidente a distinção entre a zona antiga e a zona nova da cidade. O centro, junto ao castelo, mostra a herança dos povos que ali viveram, denotando influências megalíticas, romanas, visigóticas e árabes. Por seu lado, a zona mais recente da cidade espalha-se por uma área mais plana e organizada, com ruas amplas, avenidas e praças. Situada no Alentejo, a gastronomia

estremocense enquadra-se na da região em que se insere. Predominam as carnes de porco e de borrego, as sopas tradicionais, o queijo de ovelha e os enchidos. Para sobremesa, a doçaria conventual é a mais característica da região, fazendo uso das gemas de ovos, gila e amêndoas.De entre os produtos tradicionais que movimentam a economia de Estremoz contam-se o azeite, o vinho, a ameixa, os enchidos, os queijos e o artesanato.

Estremoz: cidade de fronteira

Estremoz foi elevada ao estatuto de cidade em 1926 e hoje é evidente a distinção entre a zona antiga e a zona nova da cidade.

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22 ACADEMIAS DO BACALHAU

Na região

- Antas da Serra d’Ossa- Castelo de Evoramonte- Castelo de Alandroal

O que visitar?Numa visita a Estremoz vale a pena não só visitar a cidade mas também a região envolvente. Deixamos-lhe uma lista de pontos de interesse turístico.

Em Estremoz

- Castelo de Estremoz- Capela da Rainha Santa Isabel- Igreja de São Francisco- Centro de Ciência Viva- Pelourinho de Estremoz- Porta de Santarém, - Porta de Santa Catarina - Porta dos Currais- Museu Rural

Estremoz terá sido usado na construção do Circo Romano de Mérida, em atual território espanhol. Este material, de cor branca, foi também usado na construção de obras emblemáticas do património português como o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha ou o Mosteiro de Alcobaça. Durante o tempo dos Descobrimentos, o mármore de Estremoz chegou ainda mais longe, tendo sido exportado para o Brasil, África e Índia.Portugal é o segundo maior exportador de mármore do mundo, sendo ultrapassado apenas por Itália. De entre as cerca de 370 toneladas produzidas anualmente, cerca de 85% provêm da região de Estremoz.

Eventos anuais

- FIAPE (abr / maio) – feira que reúne centenas de expositores com produtos regionais, artesanato e pecuária- EncontrArtes (out / nov) – Ponto de encontro de artistas da região- Cozinha dos Ganhões (nov) – evento de gastronomia e animação cultural

Congresso 2016: Programa Provisório

Estremoz, Portugal 9 a 11 de setembro de 2016

Sexta-feira, 9 de setembro

A partir das 15h Chegada dos compadres vindos de todo o mundo.Check-in no hotel

19h00 Cocktail de boas vindas

20h00 Jantar

Após o Jantar Habitual reunião dos presidentes para acertar alguns pontos de trabalho do Congresso.

Sábado, 10 de setembro

9h Abertura dos trabalhos do CongressoPartida para o passeio das comadres e compadres que não queiram participar nos trabalhos

13h Almoço seguido de surpresa

20h Jantar de gala com espetáculo

Domingo, 11 de setembro

9h Visita aos monumentos da cidade e a várias adegas, com provas de vinhos

13h Almoço de encerramento do Congresso

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24 ACADEMIAS DO BACALHAU

Programa do Congresso de 2010

Sexta-feira, 8 de outubro

19h00 Boas-vindas no melhor e maior barco de Paris chamado “Le Paquebot”, seguindo-se um jantar e uma viagem única no rio Sena com a vista dos principais monumentos da cidade de Paris e acompanhamento musical.

Sábado, 9 de outubro

08h30 Assembleia Geral na sala George V: Secção de trabalho das 08h30 às 17h00 com pausa para café e pastéis de nata por volta das 10h30, seguido de um almoço por volta das 13h00 para os participantes da Assembleia Geral. 08h30 Para os que não participam na Assembleia Geral: Passeio ao Museu do Louvre, seguido de um almoço.

20h00 Jantar de GALA na prestigiosa sala WAGRAM de Paris, perto dos Champs Elysées e a 150m do tão conhecido e simbólico Arco do Triunfo. O jantar foi acompanhado de um ambiente musical : o Tenor Giovanni D’Amore e arranjos especiais do Maestro Stefano Nanni.

Domingo, 10 de outubro

12h30 Receção nos salões Latecoere, sítio escolhido em colaboração com os serviços da Embaixada de Portugal em Paris, com intervenção de altas entidades da comunidade portuguesa. 

Segunda-feira, 11 de outubro

Passeio turístico previsto em opção.

Memórias: Congresso de Paris, 2010

A cidade-luz foi o palco do 39º Congresso das Academias do Bacalhau. De 8 a 11 de outubro de 2010, mais de 600 compadres oriundos de todo o mundo estiveram na capital francesa para celebrar o espírito de amizade, solidariedade e portugalidade que os une. Mas antes do fim-de-semana de convívio, houve muito trabalho a preparar o evento.Sob a presidência de David Monteiro, os compadres de Paris começaram a preparar o Congresso. No entanto, alguns meses antes da data prevista, ainda havia muito que fazer. Foi então que um grupo de compadres – aqueles a que, mais tarde, Durval Marques viria a chamar o “núcleo duro” da Academia de Paris, começou a desenvolver o projeto mais afincadamente.

A preparação deste Congresso implicou uma pessoa a trabalhar diariamente durante nove meses. Christelle Rebelo, atual secretária oficial da ABP, foi a pessoa que mais se empenhou na organização do evento, tendo estado encarregue da maior parte dos pedidos e negociações.A ajudar esteve o tal “núcleo duro”, composto pelos compadres António Fernandes, Carlos Ferreira, Afonso Galvão,

Victor Gil, Carlos e Antónia Gonçalves, Manuel Soares, Filipe Alves, Luís Rocha, Manuel Moreira e José Vasques. Todas as terças-feiras, os compadres reuniam-se em casa de Carlos Ferreira para debater e organizar o que havia a fazer. A comadre Lucie, esposa de Carlos Ferreira, cozinhava para todos e foi à volta da mesa – de jantar e de trabalho – que estes compadres foram aprofundando a amizade que os une.Inclusivamente, Carlos Ferreira e António Fernandes empenharam-se tanto na atração de compadres ao evento que chegaram a deslocar-se a outras Academias para promover o Congresso. Visitaram a Madeira, Lisboa, Porto, Long Island e Newark (EUA).No final, o resultado esteve à vista de todos. Um Congresso que atraiu mais de 600 pessoas e que foi considerado por todos um sucesso. Durval Marques, fundador das Academias e presidente honorário de todas elas, reconheceu o excelente trabalho e, desde então, tem mantido uma forte ligação com a Academia de Paris.Hoje, seis anos após o Congresso de Paris, Christelle Rebelo e Carlos Ferreira confessam as dificuldades que enfrentaram na época: a falta de experiência e de meios e a falta de mobilização das pessoas, o que levou a que houvesse poucas pessoas a trabalhar. Para o futuro, deixam o conselho a outras Academias que acatem uma decisão tomada no Congresso de Paris mas que não tem sido posta em prática: a que a Academia que organiza o Congresso em cada ano tenha o apoio da Academia que organizou o evento no ano anterior.

Um Congresso que atraiu mais de 600 pessoas e foi considerado por todos um sucesso.

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HALL D'EXPOSITION 5000 m² - 1 Avenue de la Trentaine 77500 CHELLES

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26 ACADEMIAS DO BACALHAU

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Academia do Bacalhau de RouenA história continua….

A Academia festeja em junho de 2016 o seu 3° Aniversário. Nesta edição vamos fazer uma retrospetiva de algumas das nossas tertúlias, sendo a continuação do artigo da 2ª edição desta revista da Academia do Bacalhau de Paris. 1. Jantar de gala. O fado não faltou ao encontro, na voz de Manuela Machado, acompanhada pelo músico Jorge Lomba, vindos do nosso belo Portugal.

2. Vários eventos realizados em restaurantes portugueses em Rouen. 3. Há magia nos nossos jantares. Agradecemos o belo momento de magia proporcionado por Míckaël Cabral! (garantimos que tudo volta a aparecer…sem queixas registadas até ao momento!)

4. Temos a honra de ter connosco convidados excecionais como é o caso do compadre e amigo Albino Miranda, Presidente da AB do Minho. Agradecemos a sua presença pelo carinho e boa disposição que o caracterizam, pelo facto de nos presentear com a sua bela voz quando canta a “Cinderela” de Carlos Paião e de não perder o “Norte”, para além de nos oferecer os belíssimos e carismáticos Galos de Barcelos  e uma escultura da sua autoria para a nossa academia. Obrigado compadre!!!

5. Realizámos em maio um fim de semana de convívio em Portugal, com visitas e um belo jantar na Quinta da Pacheca, na nossa bela encosta do Douro, inesquecível !!!Realizámos também uma viagem a bordo do veleiro Santa Maria Manuela, Aveiro/Porto e Porto/Aveiro, com uma noite de gala a bordo no cais de Vila Nova de Gaia, onde a noite nada fica a dever ao dia, magnifico!!! E tivemos a honra de ter connosco o compadre fundador do movimento das academias, Durval Marques e o Sr.Presidente da Cámara do Porto, Rui Moreira.

6. Foi num ambiente acolhedor que se realizou o evento especial férias, em agosto 2014, onde a música e a gastronomia portuguesa estiveram bem presentes. Tivemos a companhia das nossas comadres, compadres e amigos. Especiais? Todos!Quem não faltou também foi a lua, que deu um brilho especial à nossa inesquecível noite. Em 2016 queremos repetir… não prometemos mas vamos tentar. Para isso contamos com todos, brinde-nos com a sua presença!!! 7. Agradecemos, como sempre, a dedicação, o carinho e a presença de todos nos nossos eventos. Obrigado também à Academia de Paris por nos permitir partilhar na sua revista um pouquinho da Academia de Rouen . Até breve!

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27ACADEMIAS DO BACALHAU

Joaquim Monteiro : novo Presidente da Academiade Rouen

A 16 de janeiro de 2016, a Academia do Bacalhau de Rouen realizou as suas primeiras eleições para os corpos gerentes. O compadre Joaquim Monteiro, que acompanhou a criação e desenvolvimento da Academia de Rouen, foi eleito Presidente por unanimidade. O seu mandato estender-se-á durante os anos de 2016 e 2017. Joaquim Monteiro sucede assim a José Stuart, que exercia o cargo desde a oficialização da Academia do Bacalhau de Rouen, em 2013. O novo presidente já exercia muitas vezes funções de representatividade da tertúlia de Rouen, nomeadamente em deslocações a Paris.Após a eleição, Joaquim Monteiro felicitou o compadre José Stuart pelo desempenho durante o seu mandato e assegurou que vai dar continuidade aos trabalhos já iniciados, assim como dar vida a novos projetos, sempre dentro dos pilares fundamentais das Academias do Bacalhau.A Assembleia-Geral teve lugar no restaurante La Bertelière, em Rouen, tendo os compadres sido acolhidos pelo gerente português, Aníbal Silva. Após as eleições, realizou-se um jantar-convívio.

Lyon: Academia festeja 10 anos

Foi a 23 de junho de 2006 que a Academia do Bacalhau de Lyon foi oficializada, tendo como madrinha a tertúlia de Paris. 2016 marca, por isso, o 10º aniversário daquela que foi a 43ª Academia do Bacalhau no mundo. Nos seus dez anos de história, a Academia do Bacalhau de Lyon tem tido jantares e reuniões regulares e tem-se apoiado nos três pilares que estão na base de todas as Academias. Em termos de solidariedade, a sua ação tem abrangido diversas pessoas e entidades, com u destaque especial no apoio a famílias necessitadas que precisam de intervenções médicas especializadas no estrangeiro.Para assinalar os dez anos de existência, a AB Lyon organizará um jantar de gala em outubro ou novembro, com a data exata ainda por confirmar.“Fica, desde já, o convite aos compadres e comadres de todas as Academias do Bacalhau para virem festejar connosco este 10º aniversário”, convida José Luís Proença, presidente desta Academia. “Aproveitamos aqui para agradecer também a todos os compadres, comadres e amigos da Academia do Bacalhau de Lyon que pela sua participação e/ou contribuição ativa permitiram e continuarão a permitir a nossa participação em ações de solidariedade”. Para ficar a par da data do jantar de comemoração dos dez anos da Academia do Bacalhau de Lyon, pode consultar o website desta tertúlia em www.academiabacalhaulyon.fr.

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28 ACADEMIAS DO BACALHAU

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A 2 de junho de 2003, na cidade de Valência, no estado venezuelano de Carabobo, realizou-se a primeira tertúlia da Academia do Bacalhau daquela localidade, realizada no Restaurante Club Campestre Manongo. A iniciativa de organização desta tertúlia foi dos compadres José António Pereira da Maia, Pedro Matias, João Paulo da Veracruz, João Pedro, David Malta e Mário Simões Papel. O primeiro evento da Academia do Bacalhau de Valência contou com a presença do presidente da tertúlia de Maracay, cidade que fica a cerca de 50kms de distância. Vários compadres de Maracay deslocaram-se também a Valência para este primeiro jantar. No total, o evento contou com a presença de 115 pessoas. Muitos dos agora compadres contribuíram para a realização deste primeiro jantar, oferecendo produtos alimentares – naturalmente, não faltou o bacalhau.Após os primeiros tempos de existência, a Academia do Bacalhau de Valência prosseguiu para o processo de oficialização. Esta foi uma iniciativa do compadre Brás de Jesus dos Santos, que, no Congresso de 2004 no Estoril, apresentou a Academia de Valência e conseguiu a sua aprovação apenas com um ano de existência. O evento de oficialização só viria a acontecer a 2 de outubro de 2005, no Grande Salão Carabobo do Hotel Intercontinental de Tacarigua, em Valência, perante cerca de 200 convidados, entre os quais se contavam compadres e comadres de Academias venezuelanas mas também de outros países. Diversas personalidades

Academia de Valência, Venezuela

marcaram presença na oficialização, nomeadamente o então presidente da Academia-Mãe, o Cônsul Geral de Portugal naquela região, Rui Monteiro, o Alcaide da cidade de Valência, Francisco Cabrera Santos, e o presidente honorário das Academias do Bacalhau, Durval Marques. Na oficialização, Giorgio Pagan, presidente da Academia-Mãe, entregou a bandeira e o badalo ao presidente da Academia de Valência, Brás de Jesus dos Santos. Com a oficialização, esta passou a ser 45ª Academia do Bacalhau no mundo. Após o ato oficial de oficialização, a festa prosseguiu com a atuação de grupos musicais, nomeadamente o Grupo Musical Aries, o Rancho Folclórico Saudades da Casa Portuguesa Venezuelana, o Grupo Carayaca de Empresas Polar e um trio de violinistas.

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30 ACADEMIAS DO BACALHAU

Long Island: Manuel Constantino reeleitoO compadre Manuel Constantino voltou a ser eleito para a presidência da Academia do Bacalhau de Long Island, no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. As eleições realizaram-se a 16 de janeiro de 2016 no Clube Português de Farmingville, pelas 19h00.

Depois das eleições, o presidente reeleito, escreveu no Facebook a seguinte mensagem: “Caros Compadres e Comadres, obrigado pela confiança para mais um ano na Presidência da nossa Academia do Bacalhau de Long Island. Com a Colaboração de todos vós, vamos continuar a fazer coisas bonitas em prol de quem precisa. Com um Gavião do Penacho. Compadre Manuel Constantino”.

Academia do Bacalhau de TeresopólisTeresopólis situa-se no interior do estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Aí se concentra uma considerável comunidade portuguesa, de tal forma que, a 9 de maio de 2000, foi fundada a Academia do Bacalhau dessa cidade, tendo-se tornado a 30ª no mundo.Sendo esta uma Academia ativa, todos os meses os compadres e comadres de Teresopólis organizam uma tertúlia de convívio. Veja algumas das fotografias desses eventos nesta galeria.

As eleições realizaram-se a 16 de janeiro de 2016.

A Academia de Teresopólis foi fundada no ano 2000.

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32 SOLIDARIEDADE

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Associação Leque: muitos projetos, poucos apoios

A Associação Leque veio trazer uma lufada de ar fresco a centenas de pessoas na região de Trás-os-Montes. Nascida em 2009, como consequência da tese de doutoramento de Celmira Macedo, esta associação tem como missão melhorar a qualidade de vida e o bem-estar físico e emocional de pessoas com necessidades especiais (deficiências ou incapacidades) e suas famílias. Não havia nenhum tipo de resposta nesta zona do país às necessidades desta população mas a verdade é que não faltavam pessoas a necessitar de apoio. Hoje, sete anos depois da sua fundação, a Leque faz a diferença na vida de mais de 6 mil pessoas numa área geográfica de mais de 3.000kms2 que compreendem os concelhos de Vila Flor, Torre de Moncorvo, Mogadouro, Miranda do Douro, Vimioso, Freixo de Espada à Cinta e Carrazeda de Ansiães.

A Associação Leque é a única resposta social para a deficiência na zona sul do distrito de Bragança. Uma associação mais do que necessária e com uma força e dinamismo extraordinários, comprovados pelos muitos prémios de empreendedorismo social que tem alcançado. Ainda assim, a Leque depara-se com grandes problemas de sustentabilidade, re-sultado de uma total ausência de apoios estatais. A ABP deu o seu contributo para esta causa no início de 2016.

Como ajudar a Associação Leque?

- Tornando-se associado- Fazendo donativos - Organizando eventos de solidariedade- Promovendo palestras onde a Leque possa estar presente- Sendo parceiro no projeto EKUI

O projeto "Aproximar avós e netos" combate a distância imposta pela emigração

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33SOLIDARIEDADE

Decidida a apostar na inclusão social da sua população-alvo, a Associação Leque tem desenvolvido uma série de projetos inovadores que apostam na formação para a diversidade, desde o contexto familiar à sociedade em geral. São iniciativas que se complementam e que se vão sucedendo numa tentativa – bem conseguida – de fazer a diferença na vida destas pessoas.Um dos projetos mais recentes da Associação Leque, com um cariz inovador e um impacto social extremamente positivo é a iniciativa “Aproximar Avós e Netos”. Numa região com uma das mais altas taxas de emigração do país, o objetivo deste projeto é fazer a ponte entre os avós que ficaram e os filhos e netos que partiram. Uma conversa via Skype permite a familiares que vivem longe verem-se de forma regular e matar um pouco das saudades impostas pela distância. 322 idosos fazem parte deste projeto que já estabeleceu pontes entre Trás-os-Montes e França, Espanha, Inglaterra, Canadá, Japão ou Moçambique, por exemplo. Os computadores com acesso à Internet são colocados nas Juntas de Freguesia ou, no caso dos idosos com dificuldades de locomoção, as chamadas são feitas a partir do domicílio. As reações tem sido as melhores, de um lado e do outro do ecrã.Para continuar a desenvolver este projeto, a Associação Leque procura apoios junto da comunidade emigrante, pessoas e associações que ajudem a estabelecer a ligação. “Gostaríamos que a ABP nos abrisse mais portas junto da comunidade emigrante de forma a escalar este projeto e gerar receita para apoiar mais idosos em situação de isolamento e ao mesmo tempo estreitar laços entre os avós e os emigrantes

de segundas e terceiras gerações”, sugere Celmira Macedo, presidente da Associação Leque. A concretizar-se, este seria o segundo apoio da Academia do Bacalhau de Paris à Associação Leque. No início de 2016, a ABP doou 3 mil euros, no seguimento de um pedido de apoio que chegou à direção da Academia por sugestão do deputado Paulo Pisco. Mas a Associação Leque já tinha tomado conhecimento da ação da ABP em 2011, por ocasião de uma sessão de apresentação de IPSS’s realizado no Consulado Geral de Portugal em Paris, numa iniciativa patrocinada pela Fundação EDP, que levou à capital francesa alguns dos melhores projetos sociais a ser desenvolvidos em Portugal.

Desde a sua fundação, a Associação Leque tem recebido prémios de boas práticas na área da inovação e empreendedorismo social. “O que poderia à partida ser um bom indicador, pode estar a condicionarmos em termos de sustentabilidade, pois pelo facto de sermos inovadores, desenquadramo-nos das respostas tipificadas pela Segurança Social. Ou seja, a associação tem funcionado sem quaisquer apoios do estado português”, explica Celmira Macedo. Um problema que se agrava se

considerarmos que, para sustentar o seu crescimento e capacidade de ação, a Leque tem oito funcionários que precisam de receber os seus salários. Assim, o apoio da ABP foi destinado ao pagamento de ordenados para manter a associação em funcionamento, assim como para a aquisição de material de reabilitação, necessário para o Centro de Atendimento, que disponibiliza apoio a cerca de 51 pessoas com deficiência de todo o distrito.“Se esta verba não tivesse entrado naquela altura, provavelmente o Centro teria encerrado esse mês e dezenas de crianças ficariam sem as suas prendas de natal, e dezenas de outras crianças, jovens e adultos do Centro de Atendimento, da zona sul do distrito ficariam sem o seu acompanhamento terapêutico”, reconhece a presidente da Associação Leque.E isso seria o final de um projeto que ainda vai no início e que tem tanto para dar. As ideias e iniciativas não param de surgir na associação que, apesar dos parcos recursos e total inexistência de apoio estatal, continua a fazer o melhor que pode para ajudar pessoas com dificuldades a enfrentar a vida da melhor forma.

Prova disso é um dos mais recentes projetos da associação, o EKUI. Esta é a primeira

O pedido de apoio chegou à direção da ABP através do deputado Paulo Pisco

Se a verba não tivesse entrado, provavelmente o centro teria encerrado esse mês

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Page 36: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

36 SOLIDARIEDADE

- Gabinete de Apoio à Família em Alfândega da Fé (225 beneficiários indiretos);

- Gabinete de Formação - Escola de Pais.NEE (2850 formandos/as);

- Serviço de Apoio ao Domicílio com as seguintes terapias: terapia da fala, fisioterapia, osteopatia, terapia ocupacional, reabilitação psicomotora (42 crianças/adultos de 5 concelhos limítrofes);

- Refeitório Solidário em Alfândega da Fé – Distribuição de 100 refeições/mês a famílias em situação de pobreza encoberta. Este refeitório não tem cozinha. Numa perspetiva de rentabilização de recursos a alimentação vem da cantina da Escola, com quem têm protocolo de colaboração.

- Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação para 22 Pessoas com Deficiência em Alfândega da Fé (CAARPD), que agrega um conjunto de serviços até à data inexistentes na região para esta população: terapia assistida por animais (Hipoterapia, Asinoterapia), balneoterapia, osteopatia reabilitativa, reabilitação psicomotora, fisioterapia, terapia da fala e terapia psicopedagógica. No CAARPD são ainda dinamizadas Oficinas de Cariz Funcional promotoras da Inclusão Social e Laboral dos utentes na comunidade (estética/cabeleireira, mecânica, queijaria, jardinagem/agricultura, cozinha, TIC, ciências, artes criativas, EKUI).

- O único Centro de Férias e Turismo Rural Inclusivo do país (a funcionar em regime de internato, no mês Agosto em Alfândega da Fé e Miranda do Douro).

- Projeto de Combate de Isolamento de 322 Idosos (Projeto “Aproximar avós Transmontanos de netos emigrados, através das TIC – via SKYPE”).

- Projeto EKUI (www.ekui.pt) – A Primeira linha de material lúdico didático inclusivo em Portugal (Cartões do Alfabeto com letras em Braille, Língua Gestual Portuguesa, Alfabeto Fonético e Grafia Convencional), com abrangência a 1500 crianças em idade escolar. Estamos em 32 escolas de Vila Nova de Gaia através do Projeto Gaia aprende+.

Áreas de atividade da Associação Leque

linha de material lúdico didático inclusivo em Portugal, contendo cartões do alfabeto com letras em braille, língua gestual portuguesa, alfabeto fonético e grafia convencional. O EKUI está a ser implementado em 32 escolas de Vila Nova de Gaia através do Projeto Gaia Aprende+, abrangendo 1500 crianças em idade escolar. Para além de permitir a formação de crianças numa matéria crucial, o EKUI pretende ser também uma fonte de receitas para a Associação Leque. “Estamos num período onde estamos a recolher parcerias para o impacto, ou seja recolher financiadores que apostem no projeto e nos ajudem a crescer”, diz Celmira Macedo. A Associação Leque não tem falta de ideias nem de vontade. Tem é falta de apoios e de verba para transformar em realidade os muitos projetos que tem para tornar mais fácil e feliz a vida de pessoas com necessidades especiais. Para conhecer mais sobre esta associação e descobrir como a pode apoiar, visite www.leque.pt.

O EKUI é a 1ª linha de material didático inclusivo em Portugal

Page 37: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

37SOLIDARIEDADE

E3M: uma batalha contra o alumínio

Em 1997, Suzette Fernandes ficou doente. As dores musculares intensas fizeram-na crer que tinha contraído uma gripe mas o caso não era assim tão simples. Passou três semanas internada e saiu do hospital com um diagnóstico que carregaria consigo para o resto da vida: Miofascite Macrofágica (MFM).Esta é uma doença degenerativa rara que afeta os tecidos musculares e que se manifesta através de dores musculares e articulares, fraqueza muscular, fadiga crónica, perturbações digestivas e problemas neuro-cognitivos. Os pacientes podem fazer uma vida normal nos períodos de ausência de sintomas mas, quando estes se manifestam, tornam a vida diária complicada e extremamente dolorosa.Esta condição é relativamente recente, tendo sido identificada pela primeira vez em 1993, em Bordeaux, França. É causada pela persistência dos sais de alumínio no corpo humano, sais esses que entram no corpo, sobretudo, através da vacinação. O alumínio é um adjuvante das vacinas, facilitando o efeito que estas têm no corpo humano. Na maior parte das pessoas, este é expelido do corpo naturalmente mas, quando isso não acontece, a Miofascite Macrofágica pode tornar-se uma realidade.

“As vacinas, elas são a causa da Miofascite Macrofágica”

Foi o que aconteceu a Suzette Fernandes, que teve que se adaptar a viver com a doença. Mas como é uma mulher de fé, otimista e dona de uma força imensa, decidiu, não se conformar com o diagnóstico e lutar para encontrar uma solução. Atualmente, é vice-presidente da E3M, uma associação dedicada aos pacientes desta doença.Para além do apoio aos seus membros, a E3M procura alcançar dois objetivos principais. O primeiro tem que ver com as vacinas, elas que são a causa da Miofascite Macrofágica . Até 2008, havia em França vacinas sem alumínio mas as mesmas foram retiradas do mercado. Uma das lutas da E3M é fazê-las regressar. Para isso, lutam contra a indústria farmacêutica, numa batalha de David contra Golias. Outro dos principais objetivos da associação é promover investigação médica que possa levar à cura da Miofascite Macrofágica.

Sendo uma doença rara, a investigação não é considerada uma prioridade, o que leva à falta de fundos e, consequentemente, à falta de estudos e resultados. Enquanto isso, as cerca de 300 pessoas em França que padecem da doença (este número reflete apenas as pessoas em contato com a E3M) continuam a sofrer regularmente com as consequências da doença.Em 2012, uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde por parte da associação levou a que fossem cedidos 150 mil euros para investigação. Ajudou mas não foi suficiente. Atualmente, a E3M procura fundos para fazer uma base de dados extensiva e atualizada regularmente, que permita uma melhor observação da situação dos pacientes e, consequentemente, uma melhor compreensão da mesma. São necessários 30 mil euros.Em abril de 2016, pelo sexto ano consecutivo, a associação organizou um colóquio sobre a MFM, apoiado pela companhia de seguros Fidelidade. Com mais de 100 pessoas presentes, estes colóquios pretendem ser uma forma de debater o assunto e de chamar a atenção para esta realidade, tão pouco valorizada pelas autoridades competentes. A Dra. Tânia Santiago, portuguesa, está na frente do colóquio, e tem sido uma aliada da associação nas tentativas de estudo da doença.

“É preciso falar-se disto na imprensa, é preciso que as pessoas saibam”, diz Suzette Fernandes, que luta diariamente para que a sua voz se faça ouvir. Mas não desiste. “Sou a otimista da associação, é assim que me chamam”. Se quiser saber mais sobre o que Suzette Fernandes tem para dizer, pode descobri-lo em www.vaccinssansaluminium.org.

A E3M procura fundos para fazer uma base de dados extensiva e atualizada regularmente.

São necessários 30 mil euros.

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38 SOLIDARIEDADE

É com uma inabalável fé em Deus que Maria fala do seu filho Valentim e da patologia que o acompanha desde o nascimento: Leucomalacia Periventrivular Bilateral (LPV). Esta é uma condição que resulta de um fluxo sanguíneo reduzido no cérebro, o que causa cavidades que acabam por ser preenchidas com fluído corporal. Os tecidos cerebrais e as fibras nervosas da área afetada são, por isso, comprometidos, o que se traduz em dificuldades motoras.Valentim foi um bebé prematuro, tendo nascido às 30 semanas. Depois de três meses a lutar entre a vida e a morte, no Hospital Saint-Michel, em Paris, acabou por ganhar a batalha. Mas teria que continuar a lutar o resto da vida. Com 15 anos, Valentim é totalmente dependente, necessitando dos pais para todas as tarefas diárias. Não consegue manter-se em pé, tem dificuldades nos movimentos e não sabe ler nem escrever. “Mas adora cantar e dançar”, assegura a mãe. E o Valentim prova, regularmente, que Maria tem razão.Os pais de Valentim – a mãe é portuguesa e o pai italiano, sendo que a família vive na île-de-France – tem tentado por todos os meios uma recuperação do filho, de forma a permitir-lhe ganhar alguma autonomia. No entanto, a fisioterapia necessária para este tipo de condições não se faz em todos os sítios e é extremamente dispendiosa. Sem capacidades financeiras para suportar o tratamento, os pais têm recebido ajuda de diversas fontes, nomeadamente da comunidade portuguesa em França. O apoio permitiu levar o Valentim a Cuba em 2010, para aí fazer tratamento especializado, numa deslocação que custou 23 mil euros. A mãe queria regressar a França com o

filho a andar mas as três semanas passadas no CIDA – Centro de Reestruturação Neurológica Internacional – não chegaram para alcançar esse objetivo. Ainda assim, foram extremamente importantes na condição do Valentim, que regressou com mais 8% de capacidades.

Depois desta melhoria, seria importante continuar os tratamentos, de maneira a que o progresso não se perdesse. Para isso, a família levou o Valentim a Barcelona, onde fez fisioterapia intensa que ajudou à manutenção do progresso alcançado. Esta viagem foi feita com o apoio da Academia do Bacalhau de Paris, que tomou conhecimento da situação do Valentim através do compadre Victor Gil. Desde então, Valentim fez ainda um tratamento no Porto mas a família não tem meios para continuar com a recuperação. Para assegurar uma melhoria efetiva da sua condição, seria necessário manter os tratamentos constantes, de maneira a nunca perder os progressos alcançados.Aos 15 anos, Valentim passa os dias da semana num centro especializado em Gonesse (95) e os fins-de-semana com a família e amigos. Entre os amigos da família, conta-se o cantor Toni do Porto, por quem Valentim tem um apreço especial e uma ligação que se faz através da música, uma das grandes paixões do jovem. Apesar das dificuldades, tanto a mãe, Maria, como o filho têm uma fé imensa. Com essa

força, continuam a acreditar que, um dia, Valentim vai conseguir andar. Algo que se reflete no nome da associação criada por Maria em 2009, “Force du Coeur – Liberté de Marcher”.Inicialmente criada com o objetivo de recolher fundos para ajudar à recuperação do Valentim, a Force du Coeur pretendia ser também um espaço de apoio para outras famílias que passem pelas mesmas dificuldades. Maria confessa-se esgotada pelo desgaste diário que a condição de Valentim impõe mas, mesmo assim, não deixa de querer ajudar o próximo. “A Force du Coeur não era só para ajudar o Valentim, era para ajudar outras pessoas. O desejo mantém-se”.

Force do Coeur Liberté de Marcher

Mãe e filho têm uma fé imensa.

Page 39: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

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Page 40: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

40 SOLIDARIEDADE

Começou há três anos e, desde então, só tem crescido. A campanha Roupa Sem Fronteiras, iniciada pela Academia do Bacalhau de Paris em colaboração com outras entidades – entre as quais se destaca a Caixa Geral de Depósitos – tem como objetivo recolher roupas, calçado e brinquedos e distribuí-los por pessoas em necessidade, tanto em Portugal como em França. Em dezembro de 2015, terminou a terceira edição da Roupa Sem Fronteiras que, pela primeira vez, foi realizada em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia de Paris – enquanto a ABP manteve o foco inicial da campanha, a Santa Casa recolheu e distribuiu alimentos.No total, foram angariadas mais de 160 caixas de alimentos e comida, o que equivale a um volume superior a um camião TIR. Algo que foi possível graças ao apoio das cerca de 130 pessoas que ajudaram à recolha, assim como à generosidade das centenas de pessoas que contribuíram com vestuário e alimentos.De ano para ano, as pessoas vão conhecendo melhor o projeto e as contribuições vão aumentando. Mas nem sempre foi assim. “O mais complicado foi, sem dúvida, o primeiro ano. Tivemos que dar a explicação, não só a quem nos dava a roupa mas também a quem ia recebê-la. Também é difícil encontrar pessoas para se envolverem neste projeto: somos todos voluntários e dependemos das disponibilidades dessas mesmas pessoas”, explica Fernando Lopes, vice-Presidente da Academia do Bacalhau de Paris, que esteve ativamente envolvido na organização da

campanha de 2015.Fernando Lopes explica como se procede à organização de uma iniciativa desta dimensão. “Em primeiro lugar, temos que definir o que é útil: as roupas são essenciais mas também o calçado e os brinquedos, divididos por tamanhos e idades. Uma vez definidos quais os pedidos mais importantes, temos que organizar o transporte e aí temos a sorte de um dos nossos compadres nos oferecer o transporte entre França e Portugal. Depois, temos que pensar na comunicação: realizar cartazes, comunicar com a rádio, a imprensa escrita e os meios de comunicação online, como o Facebook ou o site da Academia do Bacalhau de Paris. Uma vez estas partes realizadas, temos que envolver o máximo de comadres e compadres para ajudarem neste evento”.E depois é esperar que o público em geral aceda ao apelo e contribua com roupa, calçado, brinquedos e alimentos. “O mais eficaz é sensibilizar as pessoas que têm alguém conhecido que já passou por momentos difíceis. Isso leva-as a decidir ajudar quem mais precisa”, explica Fernando Lopes. Para além da doação de bens materiais, há quem faça donativos diretamente para a conta bancária ou quem apoie disponibilizando locais para por em marcha a campanha.Com o projeto a crescer ano após ano, Fernando Lopes lembra a sua origem e as pessoas que estiveram na génese da Roupa Sem Fronteiras, António Fernandes e Afonso Galvão, ambos compadres da Academia de Paris. “Este bebé foi crescendo e um dia poder-se-á perguntar de quem

é esta criança. Ela tem pai, tem mãe, tem padrinhos e muitos amigos. A Roupa Sem Fronteiras vai ser algo que vai envolver muita coisa no futuro próximo”.

Prova disso é que quem está por trás do projeto, trabalha e inova constantemente, sempre com o objetivo de ajudar quem mais precisa: “Já estou impaciente para a edição de 2016, tenho algumas ideias novas”, revela Fernando Lopes.

Roupa Sem Fronteiras: Os bastidores

Foram angariadas mais de 160 caixas de alimentos e comida, o que equivale a um volume superior a um camião TIR.

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41SOLIDARIEDADE

Apoios ABP: como são escolhidos

Desde a sua oficialização e, especialmente, nos últimos anos, a Academia do Bacalhau de Paris tem apoiado inúmeras causas, instituições e pessoas singulares. Nos últimos quatro anos, foram distribuídos cerca de 150 mil euros e o objetivo é continuar a exercer a vertente solidária que está na base do movimento das Academias e a ajudar quem mais precisa.Os apoios da Academia do Bacalhau podem tomar diversas formas: dinheiro, géneros (alimentos, brinquedos ou roupas, por exemplo), ou apoio na divulgação de uma causa ou evento. Regularmente, chegam à direção da ABP pedidos de ajuda, vindos tanto de França como de Portugal. São casos de pessoas que se encontram em situação de pobreza extrema ou que têm problemas de saúde que requerem um elevado esforço financeiro, instituições que necessitam de fundos para continuar a funcionar ou ainda associações que precisam de apoio na divulgação de eventos, por exemplo. Por vezes, são as próprias pessoas que necessitam de ajuda que se dirigem à ABP, outras vezes o pedido chega através de amigos ou até de compadres que conhecem uma situação que requere uma intervenção urgente.

Depois de o pedido dar entrada na ABP, o mesmo é avaliado pela Comissão de Solidariedade, constituída pelos compadres António Fernandes, Mário de Sousa e Maria Emília Pinto. Estes três compadres investigam o caso e avaliam a real necessidade das pessoas em questão. Falam com as pessoas próximas da pessoa ou instituição em dificuldade e tentam perceber qual o tipo de apoio que será mais benéfico. Após esta fase, o caso é apresentado em reunião de direção e os compadres presentes dão o seu parecer sobre o mesmo, apresentando ideias alternativas e complementares de ajuda. Se o parecer da direção for positivo, avança-se então para a efetivação do apoio, sob a forma mais

Conhece alguém a precisar de ajuda?

apropriada.Infelizmente, nem todos os pedidos que apoio que chegam à ABP se traduzem num apoio real. Os motivos podem ser os mais variados: verificação de que a pessoa ou instituição em questão não tem uma real necessidade de ajuda, o caso estar fora do âmbito da ação da ABP ou a Academia já ter demasiados pedidos em determinada altura e ter que recusar ou adiar os que são menos urgentes. Embora até aqui os casos apoiados sejam, maioritariamente, pessoas ou instituições em dificuldade, é objetivo da Academia do Bacalhau de Paris passar a apoiar também pessoas e causas que se destacam por motivos positivos, nomeadamente de mérito dentro da comunidade portuguesa em França. Alunos brilhantes, iniciativas que valorizem a cultura e a língua portuguesa ou que ponham em evidência a força e o bom nome da comunidade portuguesa.

Se necessitar de apoio numa das vertentes aqui referidas, ou se conhecer alguém ou alguma causa que precise também, convidamo-lo a entrar em contato connosco, por telefone ou email. A ABP não pode acorrer a todos os casos mas é nossa vontade apoiar as pessoas que realmente necessitam e cujas situações têm um caráter mais urgente. Por isso, se considera que conhece alguém nesta situação, não hesite em falar connosco. Juntos, trabalharemos no sentido de tornar a nossa comunidade e a sociedade em geral mais justa, igualitária e positiva.

É objetivo da ABP passar a apoiar também pessoas e causas que se destacam por motivos positivos, nomeadamente de mérito.

Page 42: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

42 COMPADRES E COMADRES

Amizade, Solidariedade e Portugalidade

São três os objetivos das Academias do Bacalhau: a Amizade, uma relação afetiva entre pessoas onde as posições social, financeira e cultural não são postas em causa; a Solidariedade, sentimento de identificação em relação ao sofrimento dos outros; e por fim a Portugalidade, onde a língua e a cultura portuguesas devem ser preservadas.Como compadre da Academia do Bacalhau de Paris, cultivo a amizade entre os compadres. É a partir da amizade que um grupo pode ser mais forte e solidário. A solidariedade tem mais força quando aliada ao altruísmo; fazer bem ao próximo sem esperar retorno de espécie alguma. Os jantares mensais proporcionam a partilha, troca de ideias e finalmente poder contribuir para melhorar a vida de alguém. Por fim, a portugalidade, demonstramo-la falando a língua, comprando produtos portugueses, investindo em Portugal, participando na vida cívica e, mesmo vivendo no estrangeiro há trinta, quarenta ou mesmo cinquenta anos continuarmos a amar Portugal.Para além das ações no âmbito da Academia do Bacalhau, tento também transportar estes valores para o meu dia-a-dia. Acredito neles enquanto valores que trazem um impacto positivo ao mundo à minha volta. Apesar de ter deixado Portugal quando

era ainda criança, o meu amor ao país que me viu nascer mantém-se forte. Enquanto empresário, tento dinamizar a economia portuguesa, investindo no país e criando postos de trabalho que, hoje em dia, são uma lufada de ar fresco no mercado laboral português. É um pequeno contributo mas uma série de pequenos contributos podem ter um impacto enorme. É importante não nos esquecermos disto nem nos desresponsabilizarmos, achando que as nossas ações pouco importam num mundo onde tanta gente opta pelo caminho mais fácil.

Tudo o que fazemos têm impacto. Por isso, deixo o apelo a todos os compadres para que façam desse impacto algo positivo e significativo. Nas ações da Academia, tal como no dia-a-dia.

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A solidariedade tem mais força quando aliada ao altruísmo.

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43COMPADRES E COMADRES

Entrevista no feminino: Nathalie Pereira-Fordelone por Susana Alexandre

Nathalie Pereira-Fordelone é adjunta do Maire de Pompone, no departamento de Seine et Marne. Lusodescendente, é uma mulher cheia de energia. Nasceu em França, terceira geração de uma família de emigrantes portugueses. É casada e tem três filhos. É uma mulher ativa e embrenhada na comunidade e, como muitas mulheres atualmente, consegue alcançar o sucesso em diversas frentes.Empresária, mãe e adjunta do Maire, Nathalie Fordelone está, sobretudo, encarregue de gerir os assuntos escolares, peri-escolares e de alojamento na sua comuna. Todos os dias, presta ajuda à comunidade portuguesa.

Relaciona-se com portugueses na sua comuna?Sim, sem dúvida. Sendo lusodescendente, os agentes da comunidade sabem que falo português e contatam-me diretamente para receber a comunidade portuguesa, angolana, brasileira e cabo-verdiana.

Como é que acompanha estas comunidades, nas suas funções de eleita?Reservo vários dias por mês às reuniões do plano social. Neste âmbito, recebo muitos portugueses que emigraram para França mas que não falam francês. Apoio-os em termos administrativos, fazendo pedidos de alojamento, de apoio social ou inscrições na escola para as crianças. Por vezes, para eles, este apoio é incomensurável.

O que a motiva a trabalhar com a nossa comunidade?A motivação é dupla. Na minha qualidade de eleita, a ajuda concreta e útil que presto é gratificante e, por outro lado, não esqueço todas as histórias que a minha família me contou, histórias de pessoas que lhes deram a mão aquando da sua chegada a França. Isso faz parte dos valores portugueses. Pelo menos, quero acreditar nisso.

Fora do âmbito do seu trabalho enquanto eleita, relaciona-se com lusodescendentes?Sim. O presidente da associação Cívica convidou-me para fazer parte do ramo Cívica Feminina, o que tem constituído um verdadeiro desafio para mim. E estou envolvida noutros projetos que hão-de desenrolar-se ao longo do tempo.

Na sua opinião, a mulher lusodescendente tem lugar nas diferentes instâncias portuguesas?A mulher lusodescendente não está suficientemente representada. Constato regularmente que a diáspora portuguesa tem dificuldades em abrir as suas instâncias à juventude e, em particular, às mulheres. Mas esta não é uma batalha em vão para muitas de nós. No meu trabalho, empenho-me todos os dias para mostrar que as nossas capacidades estão ao nível das capacidades dos homens. Tenho encontrado outras mulheres que sentem o mesmo.

Quais são os seus projetos para o futuro?Continuar a desenvolver as minhas funções de eleita e desenvolver a minha rede no plano europeu com eleitos do mundo inteiro.

O que pensa da abstenção dos nossos compatriotas aquando as últimas eleições legislativas portuguesas?Não penso que seja uma falta de patriotismo, antes pelo contrário. Para algumas pessoas, deslocar-se ao posto consular é um verdadeiro calvário. Outras queixam-se de não ter recebido os documentos a tempo. Por outro lado, nas últimas eleições municipais, a comunidade portuguesa mobilizou-se em massa. É algo sobre o qual se refletir…

Na sua opinião, há uma solução para esta situação?É necessária uma reflexão mais ampla para permitir o voto eletrónico, para instalar postos consulares em mais pontos do

território francês e para estar presente nas comunas mais importantes. Tudo isso já foi dito mas rapidamente foi esquecido.

Mas está otimista sobre o assunto?Sim. Sou otimista, faz parte da minha personalidade.

A Nathalie parece-me extremamente dinâmica. Qual é o seu segredo?Antes de mais, o apoio incondicional do meu marido. É a ele que vou buscar forças, ele acompanha-me no quotidiano, é um homem generoso e que dá muito bons conselhos. Com o apoio dele, tenho força para mover montanhas. Aprendo todos os dias com ele e nunca me aborreço.

Quer deixar uma última palavra aos leitores?Uma vez, uma mulher estendeu-me a mão e disse « tudo o que faço por ti, espero que venhas a fazer por outros ». Esta frase acompanha-me todos os dias. É fazer o bem à nossa volta. Constato que muitas associações portuguesas dedicam o seu tempo a ajudar pessoas em dificuldade. Pouco a pouco, descubro que a comunidade portuguesa é extremamente rica numa qualidade incomparável: a generosidade.  

“A comunidade portuguesa é extremamente rica numa qualidade incomparável: a generosidade”

“A diáspora portuguesa tem dificuldades em abrir as suas instâncias à juventude e, em particular, às mulheres.”

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45COMPADRES E COMADRES

Chegou a Paris a 23 de novembro, para substituir Pedro Lourtie como Cônsul-Geral de Portugal em Paris. António Albuquerque Moniz, 50 anos, é licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa e tem no currículo cargos na representação permanente na OSCE, na Embaixada de Portugal em Varsóvia e na Embaixada de Portugal em Berlim. Antes de se tornar Cônsul no maior consulado português no mundo, exercia funções de chefe de gabinete do ex-ministro Rui Machete.

Por experiência pessoal, já conhecia um pouco da realidade da comunidade portuguesa em França. Antes de assumir funções, confessou-se curioso por ver como esta tem evoluído. Agora, já com alguns meses de trabalho, qual é a apreciação que faz desta comunidade? A apreciação é muito positiva. Trata-se de uma comunidade muito dinâmica, já bem instalada e com um papel muito relevante no país onde está inserida. Por comunidade também entendo, evidentemente, os luso-descendentes. Por outro lado, existe uma nova geração de portugueses que chegaram nos últimos anos e que necessitam de apoio do Consulado.

Quais serão as linhas condutoras da sua ação enquanto Cônsul-Geral de Portugal em Paris?Com o novo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, que escolheu Paris como primeiro destino das suas visitas oficiais e aqui esteve em janeiro durante três dias muito intensos, foi possível definir estratégias e prioridades.

Tenho instruções e tenciono manter-me ativo no que respeita às várias vertentes do Consulado-Geral: dar muita atenção ao funcionamento interno do Consulado, dar também grande prioridade à representação junto das autoridades francesas, junto das nossas associações, promover e apoiar projetos nas áreas económica, cultural e social. É, para além disso, essencial coordenar as atividades do Consulado-Geral e desenvolver sinergias com as outras instituições portuguesas ou ligadas a Portugal em França.

Quais considera serem os maiores desafios deste cargo e como espera ultrapassá-los?Trata-se de um cargo exigente e intenso. O Consulado-Geral de Portugal em Paris é o nosso maior posto consular e a segunda maior representação portuguesa no exterior, logo a seguir à Representação Permanente junto da União Europeia (REPER), e para além de todo o trabalho de gestão interna, é essencial participar na vida associativa, contactar os nossos compatriotas de forma a melhor entender os seus problemas e dificuldades, participar em eventos de caráter económico, cultural e social. A área de jurisdição do Consulado-Geral compreende uma extensa área que é preciso acompanhar diariamente.Quem aceita ser Cônsul-Geral de Portugal em Paris tem de estar bem preparado para vir com “espirito de missão”, muitas vezes com sacrifício da família e dos amigos. Felizmente, tenho contado com um grande apoio dos funcionários do Consulado que são altamente profissionais, incluindo do novo Chanceler do Consulado, o Dr. Leonel

Rebelo; mas também dos nossos Cônsules Honorários e funcionários das “antenas” fora de Paris. E tenho contado também com um incomensurável apoio das outras instituições portuguesas (ou ligadas a Portugal) e dos membros da comunidade que têm sido incansáveis.

Existem cerca de 40 mil empresários portugueses ou de origem portuguesa em França. Muitos deles, com vontade de investir em Portugal também. Na sua posição, há algo que pretenda fazer para fomentar sinergias nesta área?A captação de IDE (Investimento Direto Estrangeiro) mantém-se como grande prioridade do Governo atual. O novo Secretário de Estado da Internacionalização do Ministério dos Negócios Estrangeiros já esteve em Paris e encontrou-se com diversas entidades, incluindo com a Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa. Como Cônsul-Geral tenho competências em matéria de diplomacia económica e, por esse motivo, tenho estado em contacto frequente com o Diretor do Centro de Negócios da AICEP em Paris, Dr. António Silva, que tem desenvolvido

António Albuquerque MonizCônsul-Geral de Portugal em Paris

ENTREVISTA

"A captação de IDE (Investimento Direto Estrangeiro) mantém-se como grande prioridade do Governo atual."

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46 COMPADRES E COMADRES

um trabalho muito meritório em França, com vista a coordenar iniciativas e dar todo o apoio, dentro das minhas atribuições de apoio à comunidade portuguesa. Para além disso, o Consulado-Geral tem tido um papel relevante ao disponibilizar as suas instalações e participar em ações com o objetivo de atrair investimento para Portugal.

Os seus predecessores, Luís Ferraz e Pedro Lourtie, apostaram bastante na promoção cultural, nomeadamente com exposições e eventos regulares no Consulado. Pretende continuar este trabalho?O trabalho que os Cônsules-Gerais anteriores desenvolveram foi muito valioso e eu tenciono dar-lhe sequência. Nos últimos três meses, após a minha chegada, já foram desenvolvidas nas instalações do Consulado algumas iniciativas na área cultural e muitas outras já estão planeadas. Tenho procurado coordenar estas iniciativas com o novo adido Cultural da Embaixada em Paris, Dr. João Pinharanda.

Qual é o seu plano de ação no que diz respeito ao ensino da língua portuguesa na região de Paris?O ensino da língua portuguesa está a ser acompanhado pela Coordenação de Ensino de Português em França, na dependência da Embaixada de Portugal em Paris e, segundo estou informado, prosseguem os contactos com as autoridades francesas de forma a definir estratégias e planos de ação futuros. Os meus contactos com a Coordenação de Ensino são frequentes tendo eu assim a possibilidade de transmitir as minhas preocupações.

Já teve oportunidade de contatar com o meio associativo português em França? Que apreciação faz do trabalho das associações existentes?Tenho tido contactos diários com o meio associativo desta área de jurisdição, designadamente com os dirigentes de várias associações. A minha avaliação é muito positiva uma vez que o papel desenvolvido por estas entidades é de grande relevância em várias vertentes: na área cultural, na área económica e social. E até na área do ensino do português. Por outro lado, as associações são também essenciais para fazer vincar os nossos interesses junto das autoridades francesas. E não tenho dúvidas nenhumas que tal está a ser feito pois também já tive vários contactos com os Presidentes das Câmaras Municipais de vários Departamentos e todos eles me falam da relevância e do contributo da comunidade portuguesa e das suas coletividades.

Cerca de três semanas depois de exercer funções, esteve presente na gala de Natal da Academia do Bacalhau de Paris. O que o fez aceitar o convite e marcar presença?Aceitei o convite com grande prazer, tal como tenho aceitado vários convites de muitas outras associações. O papel da Academia do Bacalhau é essencial pois mantém unidos vários portugueses, incluindo empresários, que são verdadeiros patriotas e que nunca esqueceram o seu país e as suas origens. Para além disso, a Academia tem tido várias iniciativas no apoio aos mais desfavorecidos, assim exprimindo a sua solidariedade para com os nossos compatriotas com dificuldades.

Qual considera ser a importância e o papel de uma associação como a Academia do Bacalhau?As funções que desempenha são muito relevantes para a comunidade portuguesa. Trata-se de uma associação com grande peso e que tem um papel muito visível junto das autoridades francesas e junto do tecido empresarial francês. Acresce, como acima referi, a sua importância na área social. Estou bem a par que muitos compadres da Academia do Bacalhau são contribuintes regulares para a Santa Casa da Misericórdia de Paris. São portugueses generosos e solidários.

Imagina-se a tornar-se compadre algum dia?Não se trata de imaginação mas de um verdadeiro desejo! Seria uma grande honra.

“As associações são essenciais para fazer vincar os nossos interesses junto das autoridades francesas.”

“Seria uma grande honra tornar-me compadre”

Existe uma nova geração de portugueses que chegaram nos últimos anos e que necessitam de apoio do Consulado.

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48 COMPADRES E COMADRES

Nove de março de 2016, 9h00 da manhã. Os convidados começam a chegar à Assembleia da República para assistir à cerimónia de tomada de posse do novo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. De entre os cerca de 500 convidados, contavam-se cerca de 30 oriundos das comunidades portuguesas no estrangeiro, nomeadamente em França – a maior parte dos quais, compadres da Academia do Bacalhau de Paris.Os convites não foram endereçados à Academia. Foram feitos de forma individual pelo Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues. “Isto mostra que a Academia do Bacalhau de Paris tem compadres distintos, o que é um orgulho para nós”, diz Carlos Ferreira, presidente da ABP. “Para quem vive no estrangeiro, como nós, receber um convite para participar numa tomada de posse no nosso país de origem é uma alegria enorme”, disse Mapril Baptista, compadre, em declarações à Lusopress.Entre os presentes no evento contavam-se personalidades como o Rei de Espanha ou o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ou o Presidente cessante, Cavaco Silva, para além de representantes de instituições relevantes da vida pública portuguesa. A cerimónia decorreu no Parlamento, que foi decorado com 2000 rosas das cores nacionais. À saída da Assembleia, o recém-empossado Presidente Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou todos os presentes, mostrando aquilo que vinha advogando em campanha: que é um Presidente da República é de todos. À tarde, o belíssimo Palácio da Ajuda foi o palco de um cocktail em que estiveram cerca de 900 convidados, e ao qual não faltaram também os compadres vindos de França.“Ele é meu amigo e do meu marido também, já o provou várias vezes. Para mim, hoje é um dia de grande emoção” disse Odete

Lopes em declarações à Lusopress. O seu marido, Armando Lopes, reforça: “Ele está muito perto de nós mas, acima de tudo, está muito perto dos emigrantes, e acho que nós também lhe devemos uma palavra de agradecimento”.Mostrando que se manterá atento aos portugueses no estrangeiro, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou já que passará o 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Paris, com a comunidade aí residente.

Compadres na tomada de posse do Presidente da República

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49COMPADRES E COMADRES

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Quem é o presidente de todos os portugueses?

Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa nasceu em Lisboa a 12 de dezembro de 1948. A 9 de março de 2016, tomou posse como Presidente da República Portuguesa mas o percurso político vinha sendo a ser construído desde muito cedo. A sua ligação com a política começou em família. O pai, Baltazar Rebelo de Sousa, foi Ministro das Corporações e do Ultramar durante o Estado Novo. O padrinho, de quem herdou o nome, era nada mais, nada menos, que Marcelo Caetano.

Tendo mostrado fortes capacidades intelectuais desde cedo, o jovem Marcelo foi o melhor aluno do Liceu Pedro Nunes e licenciou-se com média de 19 valores na Faculdade de Direito de Lisboa. Tem também um doutoramento em Ciências Jurídico-políticas pela mesma universidade. Exerceu funções como professor catedrático na Faculdade de Direito da Universidade Católica e na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Cargos que lhe valeram um dos títulos pelos quais é conhecido: Professor Marcelo.Antes da carreira como professor, foi também jornalista. Mas tem sido na política que tem vindo a desenvolver a sua atividade

mais intensa. Militante do PSD desde 1974, chegou à liderança do partido em 1996, no período do pós-cavaquismo, e aí permaneceu durante três anos. Ao longo do tempo, Marcelo Rebelo de Sousa tem somado cargos políticos diversos: foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa e presidente da Assembleia Municipal de Cascais e de Celorico de Basto. Foi também deputado à Assembleia Constituinte, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do VIII Governo Constitucional, vice-Presidente do Partido Popular Europeu entre 1997 e 1999 e membro do Conselho de Estado já há quase dez anos. Tem desenvolvido também a carreira de comentador político em vários meios de comunicação nacionais, entre os quais se destacam a TSF (Exame), a TVI (colaborando no então Jornal Nacional) e a RTP1 (As Escolhas de Marcelo). Com dois filhos e cinco netos, há muito que se divorciou da mãe dos filhos. Namora, há largos anos, com Rita Amaral Cabral, fazendo dele o primeiro Presidente da República em Portugal que não se faz acompanhar da Primeira-dama no Palácio de Belém.Personalidade sobejamente conhecida em Portugal, mesmo antes de ser Presidente da República, diz quem o conhece que é uma pessoa imprevisível mas também de grande inteligência, simpático, emotivo, divertido e um verdadeiro estratega político.

Foi o melhor aluno do liceu e licenciou-se com média de 19 valores.

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50 COMPADRES E COMADRES

Caros amigos,Estamos na reta final. As obras do monumento  que vamos fazer em Champigny-sur-Marne para homenagear Louis Talamoni e a França já começaram no início de abril. Estamos prontos para plantar as doze oliveiras que estão a chegar de Portugal e que já deram a azeitona e o azeite para as garrafas em miniatura azuis de (50ml) que encomendamos e que mandamos serigrafar para o dia da inauguração. Os livros em mármore estão a ser esculpidos perto da Figueira da Foz, assim como a rosa dos ventos e os degraus (maciços) em mármore rosa de Portugal.A inauguração terá lugar no próximo dia 11 de junho, às 11h00 e contará com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa, entre outras personalidades.

O dia vai ser animado, vai ser um verdadeiro festival. Vai contar com a atuação de 13 artistas e 3 ranchos folclóricos: Linda de Suza, Hervé Vilar, Les Forbans, Raffi, Lio, Jean Luc Lahaye, Toni do Porto, Sónia Lisboa, José Cruz, Filipe Martins, Suzete Afonso, Dan Inger e uma surpresa.A festa decorrerá todo o dia das 10h00 às 20h00, com stands de “comes e bebes” mas também outros consagrados a cultura portuguesa.Todas as imagens vão ser preservadas, assim como todas as fotos das assinaturas dos tijolos e todas as etapas desta aventura, assim como as da comemoração que vamos fazer dia 11 de novembro para a colheita da azeitona, irão servir para publicar um livro de luxo para o mês de dezembro de 2016.Poderão encomenda-lo ao preço  de 27€, assim como as t-shirts do evento ao preço de 13€, e a medalha em bronze de arte com a efígie de Louis Talamoni ao preço de 65€.O nosso email é o seguinte: [email protected]

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A inauguração acontecerá a 11 de junho e contará com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

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52 CULTURA

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PÁGINA HISTÓRICA

POR CARLOS PEREIRA

Diretor do Lusojornal

As relações entre Portugueses e Franceses são historicamente boas. Somos países amigos, aliados em causas comuns e, não fosse a louca mania do Napoleão ter tentado, por três vezes, invadir Portugal (sem sucesso!) e teria sido uma aliança perfeita.Mas como tudo começou? Começou no início, permitam-me a redundância! Começou com a fundação de Portugal, com o nosso primeiro Rei, o D. Afonso Henriques, que era filho de D. Henri de Bourgogne. Por isso, no fundo, Portugueses e Franceses, acabam por ser... primos.Vamos recuar até ao reinado de D. Afonso VI, O Bravo, que conquistou o trono de Castela ao irmão mais velho e que mandou prender o irmão mais novo, para se apoderar também do trono da Galiza, e juntou a estes o trono de Leão. Com a conquista de Toledo, tornou-se Imperador da Espanha. Não era a Espanha de hoje. Todo o sul da Espanha e o sul de Portugal estava entregue aos Mouros, era a famosa Al Andalus, que dizem que o autoproclamado Estado Islâmico quer agora voltar a reconquistar.D. Afonso VI apenas não controlava três pequenos reinados do norte: o de Navarra, o de Aragão e o da Catalunha. Tudo o resto estava com ele. Era pois um homem poderoso, que vivia rodeado por

mulheres. Desde logo a irmã, D. Urraca, uma solteirona. Dizem que nunca casou para não perder privilégios. Tinha uma influência impressionante sobre o irmão e justificava o velho ditado que diz que “por detrás de um grande homem, está uma grande mulher”. Neste caso, era D. Urraca.

Mas não foi a única mulher na vida de D. Afonso VI. Teve 6 mulheres! Com todas tentou ter o filho varão que tanto queria ter. Com Inês de Aquitaine não teve filhos. Com Ximena Moniz, uma nobre com quem nunca casou, teve D. Teresa e D. Elvira. Com D. Constance de Bourgogne teve a filha legítima mais velha, D. Urraca, que mais tarde viria a ser Rainha de Leão e Castela, e teve D. Elvira. Casou também com D. Berta de Toscana e com D. Beatriz de Aquitaine, que não lhe deram filhos. Apenas Zaida, uma muçulmana, nora de um Califa que derrotou numa batalha. Apesar de Moura, dizem que era bela. Foi capturada e deu três filhos a D.

Por detrás de um grande homem, está uma grande mulher”. Neste caso, era D. Urraca

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53CULTURA

Afonso VI, o primeiro dos quais D. Sancho, único filho varão.Com a chegada de D. Constance de Bourgogne à Corte, chegaram também dois sobrinhos desta, D. Raymond de Bourgogne e D. Henri de Bourgogne. O Imperador gostou deles. D. Raymond casou com D. Urraca, a primeira filha legítima, e D. Henri casou com D. Teresa, que embora ilegítima, era a filha preferida do Imperador.

Até aqui a história é simples de perceber! D. Afonso VI tinha o poder. Tinha tanto poder que ousou escolher o seu único filho para ser seu sucessor no trono, mesmo se este era filho de uma muçulmana (Zaida acabou por se converter e passar a chamar-se D. Isabel). Ninguém via isto com bons olhos. Mas D. Afonso VI, senhor todo-poderoso, tinha decidido. Só que D. Sancho foi assassinado na batalha de Uclés, em 1108, e D. Afonso VI voltou a ficar sem sucessor.Duas das filhas do Imperador, D. Urraca e D. Teresa, pretendiam o trono. Aliás os maridos destas, os primos D. Raymond e D. Henri, assinaram um “pacto de sucessão” para dividirem o Império do sogro entre os dois. Mas D. Raymond morreu e quando D. Henri se preparava para reinar, Afonso VI não gostou e expulsou-o da Corte.D. Afonso VI morreu em Toledo, mas ainda teve tempo de nomear a filha D. Urraca como Rainha de Leão e de Castela, deixando a D. Teresa o Condado Portucalense, que ia da atual fronteira a norte de Portugal, até Coimbra. O filho de D. Urraca, acabou por ser D. Afonso VII, rei de Leão e de Castela de 1126 a 1157.Mas no Condado Portucalense, muita coisa aconteceu.Com a morte de D. Henri de Bourgogne, Conde de Portugal, D. Afonso Henriques era ainda adolescente. A mãe, D. Teresa, teve uma breve relação com D. Bermudo de Trava, mas acabou por casá-lo com a filha mais velha, D. Urraca (outra D. Urraca!!!).D. Teresa não gostava de se ver viúva e caiu nos braços de D. Fernão Peres de Trava, irmão de D. Bermudo. Fernão Peres de Trava era casado com D. Sancha Gonçalves de Lara, mas deixou a mulher para passar a viver com D. Teresa,

com quem teve aliás duas filhas, D. Sancha e D. Teresa. D. Afonso Henriques não gostava da relação e acabou por defrontar a mãe na célebre Batalha de S. Mamede, conquistando o Condado Portucalense e autoproclamando-se Rei de Portugal (1128-1185).D. Teresa morreu na Galiza, dois anos depois, mas D. Afonso Henriques mandou transladar o corpo para a Sé de Braga, onde repousa ao lado de D. Henri que Bourgogne.

O primeiro Rei de Portugal era pois filho de D. Teresa e de D. Henri de Bourgogne. Mas as relações com a França não se ficaram por ali, já que casou com D. Mafalda de Saboia e com ela teve D. Sancho, que viria a ser o segundo Rei de Portugal, também ele filho de uma Francesa.Os dois conquistaram terreno a sul, até ao Algarve, expulsando os Mouros de Portugal e definindo as fronteiras atuais do país, as mais antigas da Europa.Mas as relações entre as famílias reais de Portugal e da França foram sempre boas, até ao último Rei de D. Portugal, D. Carlos, também ele casado com uma Francesa, a Rainha D. Amélia.Hoje, somos nós que mantemos esta relação. E é curioso quando somos nós a dizer que temos dois países: Portugal e a França! É uma história que dura há quase novecentos anos. É obra...

Com a morte de D. Henri de Bourgogne, Conde de Portugal, D. Afonso Henriques era ainda adolescente

O primeiro Rei de Portugal era pois filho de D. Teresa e de D. Henri de Bourgogne

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55CULTURA

AGENDALuís Represas: 40 anos de carreira

Foi em 1976 que Luís Represas, João Gil, João Nuno Represas, Manuel Maria e Artur Costa fize-ram o projeto “Trovante” ver a luz do dia. Uma carreira de sucessos que viria a terminar em 1992. Desde então, Luís Represas tem construído uma carreira a solo que conta com uma dezena de álbuns de originais, colaborações com grandes nomes da música e digressões nacionais e internacionais. Em dezembro de 2015, aceitou atuar na gala de Natal da Academia do Bacalhau de Paris com um cachet reduzido, contribuindo com o seu trabalho para o valor da solidariedade que está na base do movimento das Academias.

Já conhecia a Academia do Bacalhau antes de ter atuado na gala de Natal?Já. A de Paris não, mas já conhecia a Academia do Bacalhau de Londres e de Maputo. Já tinha tido algum contato com a Academia do Bacalhau, com o que ela representa, com o seu trabalho. Por isso, foi um prazer redobrado estar nesse jantar.

O que pensa do movimento das Academias do Bacalhau e qual considera ser a sua importância?Fundamentalmente, é juntar as pessoas que partilham de uma mesma origem e do mesmo país adotivo e uni-las no sentido de poderem ser úteis e solidárias em relação à sociedade, ou seja, fazer com que a nossa população que está na diáspora se una em tornos de objetivos de solidariedade social. Isso é extremamente importante porque, não só une as pessoas que estão fora da sua terra natal e faz com que elas se sintam mais confortáveis na sua vida do dia-a-dia, como também as desperta para sair desse casulo onde, muitas vezes, as populações que estão fora do país, se fecham. Isto é também uma forma de as pessoas se abrirem para o mundo dando o seu contributo.

Também deu o seu contributo porque atuou com um cachet mais reduzido do que o habitual. Sendo figura pública e tendo essa oportunidade, considera responsabilidade sua dar esse lado social à sua carreira?Não é dar esse lado à minha carreira, é dá-lo à minha vida. Se fosse só num sentido de carreira, provavelmente as decisões não iriam por esse lado. Isto é a forma de dar o meu contributo, apesar de ser com o meu trabalho. Mas a minha forma de estar na vida, enquanto cidadão, faz com que eu tome estas decisões e queira estar presente, tornando possível a minha colaboração e o juntar-me a esta causa.

Qual a sua opinião sobre a gala?Estas galas são a cereja no topo do bolo. É a revelação de um trabalho que é feito ao longo do ano. Vejamos o projeto da Roupa Sem Fronteiras, por exemplo. É nestas galas que se faz uma celebração em relação a todos aqueles que, durante o ano inteiro, estiveram à disposição da Academia do Bacalhau para tornar mais suave a vida das pessoas que estão mais necessitadas. E dessas festas, obviamente, também resulta uma angariação de fundos e de vontades;

“A minha forma de estar na vida, enquanto cidadão, faz com que eu tome estas decisões e queira estar presente”

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56 CULTURA

são apresentados novos membros, novos compadres. Acaba por ser uma festa e é preciso celebrar. Quando se está o ano inteiro a trabalhar para minimizar os dramas, para que os problemas das pessoas sejam ultrapassados, é bom que se saiba também celebrar e juntarem-se todos para dizer "nós fizemos isto mas vamos fazer mais".

Encontra diferenças entre o público português em Portugal e o público português no estrangeiro?Claro que sim. O público português no estrangeiro está sempre muito sedento de ver os artistas que vêm de Portugal. Muitas vezes, esse público no estrangeiro está muito mais recetivo ou atento àquilo que aparece diariamente na televisão e não conhece tão bem - não por sua culpa mas por uma questão de pouca informação - aquilo que de outros lados se faz em Portugal. Portanto é sempre bom, cada vez que vou ao estrangeiro, tocar para a nossa diáspora, sentir com satisfação que as pessoas estão abertas, não só à música portuguesa, mas a outras coisas que só conhecem pelo nome. Por isso acho que é importante e gosto de estar próximo das nossas comunidades.

Como vê o papel dessas comunidades na promoção da cultura portuguesa?Eu acho que é fundamental. Daí achar que nós, aqui em Portugal, devíamos dar-lhes muito mais daquilo que o país está a fazer, daquilo que de mais atual está a acontecer, do que apenas deixar que as nossas comunidades sejam informadas através do pouco que lhes chega pela televisão. Acho que é nossa responsabilidade, como país de origem, informar mais as nossas comunidades de um ponto de vista cultural.

Acha que há uma falha nesse sentido, da parte de Portugal?Eu acho que há uma falha nesse sentido. Deixamos um pouco as comunidades a uma informação que, provavelmente, é a informação mais fácil, mais imediata, e não promovemos uma informação mais construtiva e mais esclarecedora.

Tem alguns planos para voltar a Paris em breve?Ainda não tenho nada na agenda mas, hoje em dia, essas coisas aparecem de uma semana para a outra. Aquilo que aconteceu na gala da Academia do Bacalhau foi um espetáculo que fiz com a minha guitarra, sozinho. Gostaria de voltar como estou mais habituado a tocar, com um formato um pouco maior.

Em que se encontra a trabalhar atualmente?Este ano faço 40 anos de música. Estamos a celebrar esses 40 anos com várias coisas:

uma delas é por o Trovante a fazer um concerto de celebração. Irei também fazer uma digressão sozinho para comemorar a ocasião.E estou também a preparar um projeto com o músico angolano Paulo Flores. Estamos a montar um espetáculo que terá uma mini digressão este ano. 

O que é que as pessoas podem esperar desse projeto?Nesse projeto vamos juntar música portuguesa e angolana. Não estou a falar do kizomba mas da música angolana mais genuína, o semba e as canções do Paulo Flores, que é um cantautor fantástico. Vamos tocar as nossas canções e buscar outras, de outros músicos e compositores que são, para nós, uma referência na música portuguesa e angolana.

Será apenas uma tournée ou haverá um disco também?Não faço a menor ideia! Ainda estamos a trabalhar nisso.

Com 40 anos de carreira, qual é o balanço que faz?O balanço é fantástico. É estar durante 40 anos a fazer aquilo que gosto, com quem gosto, como gosto e onde gosto. Não posso ser mais privilegiado do que isto. 

Sente-se realizado profissionalmente?Completamente. Eu acho que a realização é um objetivo que nunca se alcança porque estamos sempre inquietos e à procura de mais, de poder alcançar os nossos objetivos.

Espera alcança os 50 anos de carreira?Isso é uma questão de saúde, mais nada!

“Deixamos um pouco as comunidades a uma informação que, provavelmente, é a informação mais fácil”

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57CULTURA

Adeus Sr. Contente“Se depois de eu morrer, quise-rem escrever a minha biografia, / Não há nada mais simples / Tem só duas datas – a da minha nas-cença e a da minha morte. Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.” – Alberto Caeiro.

Mas nem os dias de Nicolau Breyner foram todos dele nem a sua vida se pode resumir a duas datas: 30 de julho de 1940 e 14 de março de 2016. A vida de Nicolau Breyner foi sua e foi de todos nós. E pelo meio dessas duas datas, separadas por 75 anos, couberam mil aventuras enquanto ator, realizador e produtor, que fizeram dele uma das figuras mais emblemáticas do mundo artístico português.

João Nicolau de Melo Breyner Moreira Lopes nasceu em Serpa mas acabou por se mudar para Lisboa, onde estudou canto e participou no coro da Juventude Musical Portuguesa, enquanto estudava no Liceu Camões. Depois, seguiu-se o Conservatório Nacional, primeiro no curso de Canto, depois no de Teatro. A estreia como ator deu-se pela mão de Ribeirinho, na peça Leonor Telles, no Teatro Nacional Popular. Daí, seguiu pelo teatro cómico, junto de Laura Alves, tendo sido por esta altura que começou a conquistar o grande público. Do teatro, passou à televisão e em 1975 criou o seu primeiro programa de televisão, “Nicolau no País das Maravilhas”, que contava com a imortal rábula “Senhor Feliz

e Senhor Contente”, que fazia em conjunto com o então desconhecido Herman José. Criou ainda outros programas, como “Eu Show Nico” ou “Gente Fina é Outra Coisa”.No início da década de 80, iniciou a carreira de ator, diretor de atores e foi coautor do guião da primeira telenovela portuguesa, Vila Faia. Em 1990, fundou a NBP (Nicolau Breyner Produções), a primeira produtora audiovisual portuguesa. Atualmente, a NBP chama-se Plural Entertainement e continua a liderar a produção de ficção em Portugal – Nicolau Breyner foi, assim, como que um pai para a ficção televisiva nacional.Ao longo da sua carreira, participou em diversas séries e telenovelas, nomeadamente “A Ferreirinha”, “João Semana”, “Equador”, “Morangos com Açúcar”, “Flor do Mar” ou “Jardins Proibidos”, entre muitas outras.

Deixou também a sua marca no cinema, tendo atuado em cerca de 50 produções, entre as quais “O Barão de Altamira” (1986), “Jaime” (1999), “Os Imortais” (2003), “A Bela e o Paparazzo” (2009) e “Os Gatos Não Têm Vertigens” (2014). Foi também realizador, nomeadamente de “Contrato” e “Sete Pecados Rurais”.Em 2005 foi condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito. Ao longo da sua carreira

Reações à morte de Nicolau Breyner

Marcelo Rebelo de Sousa: “Era um grande artista, grande coração e grande amigo. Teve uma vida culturalmente e humanamente muito rica.”

Herman José: “Era o ator mais brilhante da geração dele.”

Diogo Infante: “O Nico era daqueles seres que, quando entrava numa sala, a enchia, a iluminava.”

António Pedro Vasconcelos: “Há pessoas que a gente não concebe mortas.”

Simone de Oliveira: “Foi o grande estoina, no bom sentido da palavra.”

Nilton: “Sabia bem à alma falar com o Nicolau.”

recebeu também três Globos de Ouro. À data do seu falecimento, encontrava-se a gravar a novela da TVI, “A Impostora”, que ainda não estreou. Morreu em casa, aos 75 anos, vítima de um ataque cardíaco. Para trás, deixou um legado impressionante no mundo das artes e um país inteiro saudoso de um dos seus maiores artistas.

A estreia como ator deu-se pela mão de Ribeirinho, na peça Leonor Telles.

Em 1990, fundou a primeira produtora audiovisual portuguesa.

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59CULTURA

Mónica Cunha lança 1º álbum, “Cor-de-Fado”

Com uma presença em palco que emana tranquilidade e amor por aquilo que faz, Mónica Cunha tem sido presença regular em eventos e espetáculos da comunidade portuguesa em França. Há sete anos que leva o fado lisboeta, de onde é natural, à cidade-Luz, onde reside. Em dezembro de 2015, lançou o seu primeiro álbum, “Cor-de-Fado”, um trabalho que reflete o seu percurso artístico dos últimos anos. Para ouvir com atenção.

Como começou a tua incursão no universo do fado e como é que esta se foi desenvolvendo?Sempre cantei mas só despertei para o fado na adolescência. Primeiro comecei a ouvir trabalhos de fadistas das novas gerações, depois a cantar em casa e, em seguida, a frequentar casas de fado. Comecei a cantar mais seriamente logo que vim trabalhar e estudar para Paris. Conheci, por acaso, músicos de fado que me ouviram  e me convidaram a fazer um espetáculo com eles. Entendemo-nos bem, começaram a convidar-me cada vez com maior regularidade e entretanto passaram-se 7 anos de cumplicidades e de fados.

Lançaste recentemente o teu primeiro álbum, “Cor-de-fado”. Como o descreverias?É um álbum que resulta dos últimos anos de trabalho e de evolução artística, reflete isso mesmo. Por ser o primeiro, as minhas escolhas de repertório correspondem

em grande parte a fados com os quais me identifico desde o início da minha carreira. Há também dois poemas originais e o último tema é um pouco diferente, como um piscar de olhos ao que pretendo fazer a seguir.

Com quem colaboraste na realização deste álbum?Os músicos são o Filipe de Sousa e o Casimiro Silva, com quem mais tenho trabalhado nos últimos anos. A última música conta com uma participação especial porque tem vários instrumentos de percussão que foram tocados pelo Rui Fernandes (que por acaso é meu marido). Todo o trabalho de produção musical ficou a cargo do Filipe e o de produção gráfica sob a responsabilidade do Rui. É uma produção de autor, feita com muito amor por todos os envolvidos.

Estás a fazer a promoção do álbum através de concertos? Onde te poderemos ver ao vivo nos próximos meses?

O primeiro espetáculo de apresentação do álbum foi feito em Paris, no dia 30 de abril, no Théâtre de la Contrescarpe. É um teatro pelo qual me apaixonei desde o primeiro dia e onde o objetivo era a presença daqueles que têm vindo a acompanhar o meu percurso para fazermos uma grande festa do fado. Para além deste primeiro espetáculo, tenho já duas datas marcadas para o início de julho num pequeno teatro em Montmartre e também estou a preparar outros espetáculos na região parisiense e em Portugal.

"O Fado é aquilo que nem sempre acontece quando se canta mas que, quando acontece, sem saber porquê, arrepia a alma"

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60 CULTURA

Vives em Paris mas cantas fado, algo tão português. Pensas que a comunidade portuguesa em França torna isto possível ou seria exequível desenvolver uma carreira de fadista sem este suporte?Penso que não. A força da comunidade portuguesa em França é enorme, o que nos permite estabelecer uma sólida rede de contactos. Para além disso, a comunidade portuguesa é o melhor veículo de divulgação que temos e desempenha muito bem o seu papel quando leva amigos de outras nacionalidades para ouvir o fado. Só

desta forma conseguimos abranger outros públicos e contribuir através da música para o encantamento que os estrangeiros sentem por Portugal e pelo que é português.

Cantas sobretudo em França mas também em Portugal. Sentes diferença entre um público e outro?Em geral sim. O público em França é mais diversificado, há sempre quem conheça bastante, quem ouça pela primeira vez, quem fale português ou quem não compreenda uma única palavra e essa heterogeneidade faz com que sejam normalmente muito agradáveis nas apreciações que fazem. Em Portugal a pressão é maior porque em cada pessoa que nos ouve imaginamos, à partida, um conhecedor. Por outro

lado, cria-se uma proximidade quase familiar entre os fadistas, os músicos, os apresentadores e o público, porque as caras repetem-se noite após noite, anos a fio. São duas dinâmicas diferentes mas igualmente complexas e que é preciso saber gerir, adaptando a postura artística à situação.

A tua atividade principal é enquanto professora de Português. Isto influencia de alguma maneira a tua atividade de fadista? Pretendes manter as duas ou gostarias de te dedicar exclusivamente ao fado?Não sei qual das duas atividades é que influencia a outra mas acredito que há uma relação estreita entre elas. Para além da paixão pela língua que está claramente presente enquanto dou aulas mas que também se manifesta na minha escolha de poemas, há toda uma performance a desempenhar tanto numa como noutra situação. Cantar fado é para mim muito natural, faz parte da minha essência, assim como dar aulas, portanto penso que não me sentiria completa se só fizesse uma das duas coisas.

Quais são os teus projetos para os próximos tempos?Nos próximos tempos tenho alguns espetáculos de apresentação do disco a preparar e quando passar essa fase vou começar a dar corpo a ideias que estavam guardadas há algum tempo. Entretanto, continuo a viajar com o projeto SUD-EXPRESS (que integrei a convite do Filipe de Sousa, seu criador) e com o recém-criado FLAMENFADO, que é um espetáculo de fusão muito recente entre o Fado e o Flamenco.

O que é, para ti, o fado? O Fado é aquilo que nem sempre acontece quando se canta mas que, quando acontece, sem saber porquê, arrepia a alma. “A comunidade portuguesa

é o melhor veículo de divulgação que temos”

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62 CULTURA

Realizador de “Volta à Terra” visitou Paris

João Pedro Plácido, realizador do filme português “Volta à Terra”, visitou a sede da Cap Magellan em Porte de Vanves, 14e, no dia 24 de março, quinta-feira. Esta foi uma oportunidade para os presentes de, após assistirem à longa-metragem de forma exclusiva, poderem conhecer pessoalmente o realizador, trocar opiniões e colocar as mais variadas questões.“Volta à Terra” conta a história de uma comunidade em extinção: camponeses que praticam uma agricultura de subsistência numa aldeia das montanhas do norte de Portugal, esvaziada pela emigração. Entre a evocação do passado e um futuro incerto, os espetadores são convidados a seguir os 49 habitantes de Uz pelas quatro estações do ano. Entre os habitantes, encontram-se António, antigo emigrante que realizou o sonho de regressar ao país e prepara a festa da aldeia para o verão, e Daniel, um jovem pastor que sonha com o amor ao anoitecer.O realizador, que também tem raízes na aldeia, confessou desde logo estar admirado com a projeção internacional do seu trabalho pois “nunca pensei que o filme pudesse estrear comercialmente em

JOÃO PEDRO PLÁCIDO

França”. No entanto, a sua intenção agora é que “ o público que vai assistir também consiga sentir o amor que aquelas pessoas têm pela terra, pelos animais e pelos outros”, disse durante a apresentação na Cap Magellan. De facto, para João Pedro Plácido, o filme é, essencialmente, uma forma de expressar a sua gratidão e respeito pela aldeia.  No final, João Pedro Plácido ressaltou a importância de ouvir a opinião dos membros da Cap Magella ali presentes e, na mensagem que deixou no mural de visitas da associação, agradeceu o convite: “obrigado Cap Magellan por viajarem comigo na bela conversa em que demos a “Volta à Terra”. Uz à Paris”.O filme estreou em França a 30 de março. João Pedro Plácido nasceu em Lisboa, em 1979, e começou a filmar e realizar videoclips aos 19 anos. Estudou cinema em Lisboa e em Babelsberg e tem trabalhado um pouco por todo o mundo, primeiro como assistente de imagem e depois como diretor de fotografia. “Volta à Terra” é o seu primeiro filme.

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63CULTURA

BREVES

OBRA DE BLONCOURT É PONTO DE PARTIDA PARA LIVRO HISTÓRICO“Gérald Bloncourt – o olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores” é o título do mais recente livro do historiador português Daniel Bastos, editado em dezembro de 2015. A obra foi concebida a partir do espólio do fotógrafo Gérald Bloncourt, que fotografou de forma ímpar a comunidade portuguesa aquando dos seus primeiros anos de emigração para França. A obra reúne imagens emblemáticas que o fotógrafo haitiano captou sobre a vida dos emigrantes portugueses nos bidonville, assim como memórias e testemunhos vitais para a compreensão do movimento de emigração português para França. O livro está publicado numa edição bilingue, em português e francês (traduzida pelo professor Paulo Teixeira) e conta com o prefácio do filósofo português Eduardo Lourenço e com o posfácio de Maria da Conceição Tina, a célebre “menina da boneca”, retratada numa das mais conhecidas fotografias de Bloncourt. Segundo Eduardo Lourenço, a obra retrata a história dos portugueses que ““subiram do lugar sem luz como hoje milhares de outros emigrantes atravessam os vários Mediterrânios da vida para o tombadilho onde o ar do largo lhes restitui ao mesmo tempo a esperança e a dignidade”.

CINEMA PORTUGUÊS:ESTREIAS EM 2016Eis alguns dos filmes portugueses que estreiam em 2016:

Jogo de Damas – um encontro de amigas, provocado por uma ocasião fúnebre, vai motivar grandes revelações. Um filme que conta com um elenco de luxo, no feminino: Rita Blanco, Ana Padrão, Maria João Luís, Ana Nave e Fátima Belo.

John From – a mais recente obra do realizador João Nicolau procura retratar a lógica e as metamorfoses da paixão juvenil. Rita, uma jovem portuguesa, tem 15 anos e o verão à sua frente. Mas a sua vida está prestes a mudar quando toma contato com a exposição que um novo vizinho apresenta no centro comunitário do bairro. Este é o ponto de partida para uma viagem entre Portugal e o Médio Oriente.

O Amor é Lindo… Porque Sim! – Nesta comédia de Vicente Alves do Ó, uma jovem portuguesa é deixada pelo namorado no seu aniversário e perde o emprego, tudo no mesmo dia. Este é o ponto de partida para uma viragem na sua vida e o início de uma série de peripécias cómicas que têm Lisboa como pano de fundo.

A Canção de Lisboa (2016) – Remake da popular comédia de 1933. Desta vez, realizada por Pedro Varela e com um elenco que conta com caras bem conhecidas da comédia portuguesa. A história mantém-se: um estudante de medicina sobrevive em Lisboa às custas das mesadas das tias que vivem em Trás-os-Montes e o consideram um aluno exemplar quando, na verdade, ele prefere a noite boémia da capital ao invés dos bancos da universidade.

LUÍSA SOBRAL GRAVA NOVO DISCOA cantora e compositora portuguesa Luísa Sobral encontra-se a gravar o quarto álbum de originais, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O álbum será editado este ano e está a ser produzido por Joe Henry, vencedor de três Grammys e que já trabalhou com nomes como Elvis Costello, Beck e Emmylou Harris, entre outros.A gravação do álbum decorre no mítico United Recording Studios, por onde já passaram bandas como U2, Radiohead ou Red Hot Chili Peppers. Este trabalho sucede a “Lu-Pu-I-Pi-Sa-Pa”, o álbum lançado em 2014 e que teve as crianças como público-alvo, sendo também o primeiro em que Luísa Sobral cantou em português. Antes disso, houve “There’s a Flower in My Bedroom” (2013) e o disco de estreia, “The Cherry on My Cake” (2011). Luísa Sobral começou a carreira artística com apenas 16 anos, tendo-se destacado no programa Ídolos, da SIC. Depois disso, estudou música no Berklee College of Music, nos Estados Unidos. A dar cartas no jazz nacional e internacional, Luísa Sobral é um nome para reter e uma voz para ouvir com atenção.

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64 RECEITA

chamados “Merutiers” (Bacalhoeiros) mas quase todos os testemunhos falam de uma vida muito mais perto da escravidão e da miséria que qualquer outra em França. Em França podia-se embarcar como “mousse” (ajudante) a partir dos 8 anos de idade. Em 1732, por falta de voluntários, começaram  a forçar os órfãos dos hospitais a partir em campanha. Foi preciso esperar por 1874 para que uma nova lei proibisse o embarque antes dos 12 anos.Se tivermos em conta que nesta época havia também Bacalhoeiros Portugueses na Terra Nova, e que as condições climatéricas eram idênticas para todos - águas frias de 3 a 5 graus, ventos e tempestades ciclónicas, nevoeiro cerrado - podemos então por a questão: Quais eram as diferenças importantes de meios entre as duas frotas?

Imaginemos o mapa da região:

Contrariamente a Portugal, França possuía 800kms de costa de Norte a Oeste da Terra Nova, chamada a "French Shore”, com instalações cujo pessoal vinha diretamente do país para as operações de salagem e seca do bacalhau, o que permitia depois vender o pescado diretamente aos negociantes de vários países.

Os Cinco Séculos de Pesca à La Morue dos Franceses

"O que é seu, ao seu dono”, diz o ditado popular. Então, se assim é, devemos prestar homenagem a França pelos cinco séculos de pesca à la morue, na Terra Nova e Islândia.Desde as primeiras campanhas, em 1500, dos Bascos, Bretões e Normandos, começou a grande epopeia das pescas na Terra Nova e Islândia para os Europeus. Em 1578, dos 350 barcos na campanha,150 eram Franceses. Se me permito falar da frota pesqueira de França na Terra Nova, é unicamente para que possamos prestar-lhes homenagem e agradecer o seu contributo na assistência médica à frota portuguesa e para melhor compreendermos o heroísmo dos nossos pescadores que, com meios muito inferiores aos dos franceses, ajudaram à introdução do bacalhau na nossa alimentação, matando a fome à população e contribuindo para a melhoria da economia do nosso país. É nosso dever de memória, como portugueses, sabermos o que sofreram os pescadores franceses, apesar de melhor equipados e assistidos no mar, para que possamos compreender o comportamento heroico, corajoso e destemido dos portugueses durante as campanhas da pesca ao bacalhau.Existem poucos escritos da época, derivado ao analfabetismo das tripulações dos

Assistência médica durante a campanha e na viagem ida e volta (6 meses):

Temos que considerar que, durante muitos anos, não houve qualquer tipo de assistência médica às  frotas bacalhoeiras da parte de qualquer dos países presentes. A situação era tanto mais grave pelo facto de que a inspeção médica antes do embarque não era obrigatória, o que provocava situações de morte quando a doença se declarava durante a campanha.Se juntarmos às doenças, os acidentes, os ferimentos a bordo, os naufrágios e a pirataria muito ativa na zona, podemos considerar que os que escaparam a toda esta vida de miséria são verdadeiros heróis, aquem devemos de  testemunhar a nossa gratidão, particularmente aos franceses que durante muitos anos aceitaram prestar-nos assistência médica. Só em 1896, 400 anos depois do início das campanhas, é que França construiu o primeiro barco de assistência técnica e médica, “Le Saint Pierre”. O primeiro navio de assistência médica português só aparece em 1927, quando o governo decidiu apoderar-se de um barco alemão fundeado no porto de Lisboa e o tranformou em navio de assistência técnica e médica, a que deu o nome de Gil Eanes.Este esteve ao serviço até 1955, data em que foi substituído por um novo navio hospital construido em Viana do Castelo e que guardou o mesmo nome. Para termos uma ideia, na campanha francesa de 1964, foram feitos no navio hospital 1228 pensos, dadas 1600 injeções, arrancados 500 dentes e fizeram-se algumas amputacões de dedos das mãos.

Equipas e equipamentos dos “Merutiers”

Os armadores franceses contratavam dois oficiais por cada barco: um comandava a rota e os marinheiros e o outro os pescadores e as pescas. Nas “Doris” (tipo de lancha) que pescava até 5 a 10kms à volta do Barco fundeado, a equipa era composta por dois pescadores, enquanto as portuguesas tinham apenas um pescador. Imaginemos o sofrimento, o perigo de ter de remar com a Doris cheia de peixe até chegar ao barco, sobretudo quando havia nevoeiro ou o mar estava agitado.

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65RECEITA

Lombos de Bacalhau Confitado à Catarina Cavaco 

O bacalhau confitado cozido no azeite é muito pouco proposto nas ementas dos restaurantes, certamente devido ao seu custo e ao tempo de preparação. É uma das raras receitas que respeita perfeitamente as regras para se cozer bacalhau, ou seja, nunca se deve deixar ferver a água ou o azeite, para evitar brutalizar a sua textura, os seus filamentos e veios, onde se encontra grande parte dos sabores e aromas naturais mas que a violência da fervura faz dissipar

800g de lombo alto de bacalhau demolhado1 litro de azeite virgem 2 dentes de alho 1 kg de espinafres frescos 1 alho-porro 16 batatas pequenas 2 cenouras 1 ramo de salsa Sal e pimenta 

Receita para 4 pessoas:

Preparação:Descasque as cenouras e o alho-porro e corte em bocados de 5 centímetros. Coloque-os numa caçarola, ponha os lombos por cima das cenouras e do alho-porro, cubra de azeite e junte um dente de alho. Tape a caçarola e leve ao lume brando sem deixar ferver o azeite (não deve ultrapassar os 85 a 90 graus).

Saltear os espinafres, frescos ou congelados, num pouco de azeite e alho picado. Oleie um tabuleiro e ponha as batatas com a pele, sal e pimenta, a assar no forno. Em função da temperatura do azeite, são necessários, no mínimo, 40 minutos. Pode verificar espetando um palito nos alimentos. Se não houver resistência, quer dizer que estão prontos. Também pode esperar até que o bacalhau fique lascado, o que permite ver que está bom.

Esta receita que hoje vos apresento é uma criação inspirada na que a Catarina Cavaco "de Alhandra" prepara para os seus convivas.

em grande parte.O que significa confitar? Para além de uma forma elegante de dizer "cozer", é uma técnica ancestral para a confeção de certos alimentos, que consiste em cozer lentamente num elemento gorduroso ou doce, carne, peixe, frutas ou legumes, permitindo a infusão completa de todos os componentes da receita, transmitindo-lhes os múltiplos aromas e uma textura tenra, perfumada e saborosa.

RECEITA

São necessários, no mínimo, 40 minutos.

Confitar é uma técnica ancestral para a confeção de certos alimentos.

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66 PASSATEMPOS

Editora: Academia do Bacalhau de Paris 9, Rue Saint-Florentin 75008 Paris

Tel: 07 81 19 57 10Mail: [email protected]

Coordenação editorial: Diana BernardoRedação: Diana Bernardo 

Colaboradores: António Albuquerque Moniz, Susana Alexandre, Mapril Baptista, Vitalino d’Ascensão, Mélissa Dias, Carlos Ferreira, Victor Ferreira, Luís Filipe Reis, Valdemar Francisco, Ricardo José, Alfredo Lima, Amanda Manso, Aires Mendes de Abreu, Noémia da Nora, Carlos Pereira, Alice Ramos Silva, Fernando Silva, Glória Silva (Academia do Bacalhau de Rouen).

A direção editorial desta revista agradece a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram na realização deste terceiro número. Seja através de textos, fotografias ou envio de informação, a vossa ajuda foi essencial para a criação desta revista. Agradecemos também a todas as empresas que apoiaram este projeto através da inserção de conteúdos publicitários e que permitiram a via-bilidade económica deste projeto da Academia do Bacalhau de Paris.

Outras colaborações: Academia do Bacalhau da Costa do Estoril, Academia do Bacalhau de Estremoz, Câmara Municipal de Estremoz, Mónica Cunha, Suzette Fernandes, Fernando Lopes, Lusopress, Celmira Macedo (Asso-ciação Leque), José Luís Proença (Academia do Bacalhau de Lyon), Luís Represas, Maria Valentim.

Produção gráfica e paginação: Killbeek - www.killbeek.com

Impressão e encadernação: Lisgráfica – Im-pressão e Artes Gráficas, S.A.Periodicidade: SemestralTiragem: 5 mil exemplares Propriedade: Academia do Bacalhau de Paris

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

FICHA TÉCNICA AGRADECIMENTO

PASSATEMPOS SABIA QUE...?

ADIVINHASO que é que anda com os pés na cabeça?R: Piolho

Cinco macacos de imitação estavam sentados num muro. Um deles pulou. Quantos ficaram?R: Nenhum. Todos eram macacos de imitação.

O que é, o que é, que tem rabo de porco, mas não é porco. Pé de porco mas não é porco. Costela de porco, mas não é porco?R: Porca.

Por que os peixes gostam tanto de comer?R: Porque estão sempre com água na boca.

Por que o passarinho não bate no elefante?R: Porque ele tem pena.

Qual o animal que anda com patas? R: O pato.

1. A palavra “bacalhau” vem do latim “baccalaureu”

2. O bacalhau não é uma espécie de peixe mas sim o resultado da salga do peixe, sendo que este pode pertencer a quatro espécies: Gadus Morhua (o mais comum), Saithe, Ling ou Zarbo

3. A cidade de Aalesund, na Noruega, vive quase exclusivamente da pesca do bacalhau

4. 100g de bacalhau contêm 38g de proteína, 1g de lípidos, 60mg de cálcio, 1,6mg de ferro e 40g de água, para além de vitaminas do complexo B

5. Além da carne, o bacalhau fornece o famoso óleo de fígado que, antigamente, era dado às crianças para ajudar a prevenir o raquitismo

6. O bacalhau vive em cardumes muito numerosos, por vezes formados por milhares de indivíduos

7. O bacalhau é um peixe de crescimento rápido e vida longa. Pode viver mais de 20 anos e pesar entre 30 e 90kgs

8. No entanto, devido à pesca tão intensa, poucos indivíduos da espécie atingem o desenvolvimento máximo

9. O bacalhau é um animal extremamente fértil: uma fêmea de bom porte pode produzir nove milhões de óvulos

10. “Já se calculou que, se nenhum acidente impedisse a incubação dos ovos de bacalhau e se cada ovo atingisse a maturidade, só seriam precisos três anos para encher o mar. Assim, seria possível atravessar o Atlântico a pé, caminhando sobre o dorso dos bacalhaus” - Alexandre Dumas in “Le Grand Dictionnaire de Cuisine” (1873).

Page 67: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº3

TAUX DE RENDEMENT NET EN 2015*Les rendements passés ne préjugent pas des rendements futurs.

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Pode entrar em contato com a Academia do Bacalhau de Paris através de:

9, rue Saint-Florentin, 75008 ParisTelemóvel: (+33) 7 81 19 57 10Email: [email protected]/academiabacalhauparis

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