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E d i o E s p e c i a lCopa do Mundo 2014
E d i o E s p e c i a lCopa do Mundo 2014
ARQUITETURA AOARQUITETURA AO&Uma publicao do Centro Brasileiro da Construo em Ao Edio Especial Janeiro 2010
-
Rica
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Junq
ueir
a
A expectAtivA dA confirmAo do Brasil para sede da Copa do Mundo de Futebol
de 2014 deu lugar preocupao de como atender a todas as exigncias que um even-
to deste porte demanda. Ainda no possvel mensurar investimentos e nmeros de
obras que sero erguidas ou reformuladas em funo do mundial. Mas certo que
o Pas ampliar bastante sua capacidade em termos de aeroportos, hotis, estradas,
anis virios, estaes e linhas de trens e metr, entre outras obras.
Esta edio Especial Copa 2014 da revista Arquitetura & Ao rene obras brasileiras
e internacionais que so parmetros em velocidade construtiva, segurana, sustentabi-
lidade, flexibilidade e, acima de tudo, boa arquitetura. Em comum, os empreendimen-
tos elencados em Obras de Referncia trazem o uso do ao como escolha de grandes
arquitetos e incorporadores, que contam aqui o muito que ganharam com a opo pelo
material em tipologias distintas como estdios, estacionamentos, centros comerciais e
tambm pontes.
De fato o Brasil precisa estar pronto para receber o volume de turistas e toda a
ateno a que estar exposto calcula-se que para cada espectador dentro do estdio,
outros 10 mil estaro assistindo s transmisses dos jogos. Todos querem ver o Pas
brilhar nas telas de TV, computadores, jornais, revistas e celulares do mundo inteiro.
Mas tambm entendemos que, encerrado o evento histrico e de grande potencial de
negcios, todo o fruto da mobilizao construtiva seja, ento, usufrudo pelas cidades
e pela populao que nelas permanecer.
Esse nmero especial rene entrevistas com arquitetos brasileiros que sabem
estar diante de uma oportunidade nica para a transformao do Pas. Em seus
depoimentos, eles contam como possvel construir eficientemente, de maneira
sustentvel, inteligente e econmica, e recomendam o ao como uma escolha inevi-
tvel para as grandes obras que devem funcionar pontualmente e tambm perdurar,
integrando-se paisagem e realidade brasileiras.
Boa leitura.
O CBCA
O CentrO BrasileirO da COnstruO em aO (CBCa) tem como mis-
so promover e ampliar a participao da construo em aco no mer-
cado nacional, realizando aes para sua divulgao e apoiando o de-
senvolvimento tecnolgico. O escopo de atuao do CBCa, cujo gestor
o instituto ao Brasil (iaBr), estende-se por diversas reas.
as parcerias mantidas com organizaes similares permitem a troca
de informaes e o alinhamento de estratgias em prol da constru-
o em ao. nas universidades, oferece bolsas de estudo e incentiva
as pesquisas para o aprofundamento da produo cientfica sobre o
tema. desde 2008, passou a promover concurso para estudantes de
arquitetura e a turma vencedora representa o Brasil na verso inter-
nacional do concurso organizado pelo instituto latino-americano de
Ferro e ao (ilaFa). Por meio de cursos especializados, presenciais e
a distncia, promove a qualificao da mo-de-obra.
O CBCa edita livros e manuais tcnicos orientados pela demanda de
informao das novas tecnologias, com as quais o mercado depara-
se diariamente. tambm publica a revista Arquitetura & Ao,
divulgando as melhores obras e profissionais do Pas.
no campo da qualidade do ao, implementa aes, como o
plano de atualizao constante da normalizao tcnica,
a avaliao e aes institucionais que visam o combate
no conformidade intencional dos produtos em todo o ter-
ritrio nacional.
editorial
do pas do futebolOs gols
Com o objetivo de divulgar suas ativida-
des, o CBCa mantm parcerias com enti-
dades e universidades para a promoo
de congressos, seminrios e eventos.
sua principal ferramenta de comunica-
o, porm, o site www.cbca-iabr.org.br,
que rene informaes e conhecimento
especializado sobre a construo em
ao no Brasil e no mundo.
O CBCa junta-se aos esforos de organi-
zaes nacionais que congregam repre-
sentantes da indstria local, entidades
e profissionais ligados construo em
ao, contribuindo decisivamente para a
modernizao do ambiente construdo.
-
sumrio 26. Estdios: o novo futebol. 34. Aeroportos: braos abertos para o mundo. 40. Hotis: mais leitos, mais rapidez. 48. Hospitais: silncio e segurana. 56. Estaes: ordenao do fluxo e da paisagem. 62. Mobilirio urbano: a transformao da cidade. 70. Pontes e passarelas: transpondo limites. 78. Estacionamentos: o desafio de otimizar espaos. 84. Infraestrutura: o ao que est na base. 90. Centros comerciais: a flexibilidade dos layouts.
04. Os arquitetos do GMP e Siegbert Zanettini falam sobre construir em ao. 10. Nmeros da cadeia produtiva mostram que ela est pronta para a Copa.13. Em Ensaio, arquitetos propem projetos que perduram para alm de 2014.22. Sustentabilidade: ao, o caminho lgico.
Arquitetura & AoEdio Especial Copa do Mundo 2014Janeiro 2010
Imagem do projeto para o Mineiro (BH), dos escritrios Gerkan, Marg & Partners (GMP) e Gustavo Penna
Arquitetos & Associados
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26.
62.
34.
70.
40.
78.
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90.
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4 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 5
Hubert NieNHoff
entrevista
O VOn Gerkan, MarG Und Partners (GMP) O escritriO qUe Vai PrOjetar O nOVO estdiO ViValdO liMa, eM ManaUs (aM), Para a cOPa de 2014, taMbM faz Parte da eqUiPe resPOnsVel Pelas refOrMas dO MaGalhes PintO, eM belO hOrizOnte (MG), e dO Man Garrincha, eM braslia (df), alM de ser cOnsUltOr Para a refOrMa dO MOrUMbi, eM sO PaUlO (sP). VOlkwin MarG, ceO, UM dOs fUndadOres, hUbert nienhOff, UM dOs sciO-diretOres e ralf aMann, rePresentante nO brasil dO escritriO qUe se tOrnOU referncia nO desenhO de arenas esPOrtiVas nO MUndO. criadOres de estdiOs Para a cOPa da frica dO sUl, Para as OliMPadas de PeqUiM (china), alM dO estdiO OlMPicO de berliM (aleManha), eles cOncederaM a seGUin-te entreVista ArquiteturA & Ao especiAl copA 2014
Arquitetura & Ao Os Srs. falam na importncia de utilizar materiais
existentes no Pas para a construo dos estdios para a Copa. Neste
sentido, qual o potencial do ao brasileiro para os estdios de 2014?
GMP Aqui, vemos um grande potencial, especialmente para o ao de
alta qualidade. O uso deste material em projetos da GMP marca regis-
trada, pois os assuntos de sustentabilidade, funcionalidade, economia
e engenhosidade da forma encontram-se em primeiro plano. Por suas
caractersticas especficas, o ao como material de construo tem um
papel especial: o material ideal devido sua alta eficincia, ao seu
baixo peso quando comparado com a sua capacidade estrutural, sua
reciclagem simples e sua alta capacidade de carga, especialmente em
construes vencendo grandes vos. O ao imprescindvel.
Por conta da Copa de 2014, os estdios existentes iro precisar de cober-
turas modernas, o que s possvel com o uso do ao. O fato que se
apresenta um grande impulso ao desenvolvimento da competncia
nacional no que se refere construo em ao.
AA Quais os destaques do ao nos estdios que o GMP projetou ou
reformou recentemente? Como pretende tratar os estdios brasilei-
ros para 2014?
GMP Achamos essencial desenvolver, para cada lugar, solues
especficas dentro do contexto local, sua histria e paisagem. Assim,
tambm o ao utilizado de maneira bem diferente dos estdios do
GMP em Colnia, Berlim, Frankfurt ou na frica do Sul: em Berlim, a
construo em balano, coberta por camada dupla em dilogo com o
monumento histrico; em Frankfurt, em forma do princpio da roda
de bicicleta otimizada com a cobertura retrtil interna; em Colnia,
usando o princpio de construo da ponte j existente no parque de
esportes; na Cidade do Cabo, como cobertura pnsil dentro do contexto
da silhueta poderosa da Montanha da Mesa; em Porto Elisabeth, como
cobertura em balano em dilogo material entre as reas cobertas
por metal e por membranas; ou em Durban, como uma construo de
cobertura sustentada por um arco monumental marcando a paisagem.
Em primeiro plano est sempre a busca da forma especfica, particular.
Assim, tambm os projetos do GMP para os estdios da Copa no Brasil
mostram abordagens bem diversas. O estdio de Manaus foi inspirado
O ao uma marca nos projetos em que sustentabilidade, funcionalidade e economia esto em primeiro plano
rALf AMANN
VoLkwiN MArg
imprescindvelO ao
o estdio governador Magalhes Pinto, o Mineiro, em belo Horizonte (Mg), que ser reformado em parceria com gustavo Penna Arquiteto & Associados
GMP/
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6 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 7
no vocabulrio formal da Amaznia. Em Belo Horizonte, a interveno
reservada em relao ao monumento histrico do estdio do Mineiro
existente estava em primeiro plano.
No caso do Vivaldo, por exemplo, o ao utilizado como material
altamente efetivo e esteticamente marcante para a fachada e para a
construo da cobertura, acrescentados por membrana. O foco o uso
das tecnologias e competncias locais. As possibilidades mltiplas com
perfis tubulares soldados nos permitem uma liberdade de criao na
formulao da geometria da cobertura.
AA Os Srs. citam a valorizao das cidades aproveitando os est-
dios novos para a realizao de intervenes sociais. Olhando para
as grandes cidades brasileiras, em particular as cidades-sede, quais
as principais deficincias estruturais que as arenas de 2014 podem
ajudar a solucionar?
GMP O impacto positivo a longo prazo para as cidades-sede da Copa
no limitam-se s construes de cada um dos estdios, mas s medi-
das gerais da Copa: a melhora nos sistemas de transporte, da infraes-
trutura tcnica e de turismo, como tambm o ps-uso pblico das ins-
talaes de esporte e de treinamento. Tambm no se deve subestimar
os fatores suaves, psicolgicos: por meio de tal evento, o pas anfitrio
coloca-se no centro dos interesses globais e pode apresentar-se como
atrao turstica, alm de tornar-se um centro de investimentos econ-
micos atraente. Um fenmeno que pde ser observado na Alemanha
em 2006 e tambm atualmente na frica do Sul.
AA O fato de o ao ser 100% reciclvel o coloca, no futuro, na constru-
o de estdios e arenas esportivas?
GMP Sim, certamente! Os aspectos de sustentabilidade so pre-
sieGbert zanettini cOMPletOU, eM 2009, MeiO scUlO de arqUitetUra qUase 40 cOMO PrOfessOr da facUldade de arqUitetUra e UrbanisMO da UniVersidade de sO PaUlO (faU-UsP). aUtOr de PrOjetOs PreMiadOs e inOVadOres, ele cOMPleta UM PercUrsO de 1.200 Obras realizadas, qUe PassaM POr edifciOs cOMO Os da escOla PanaMericana de artes, eM sO PaUlO (sP), e O centrO de PesqUisa da PetrObras nO riO de janeirO (rj). a raciOnalizaO dO canteirO de Obras, O resPeitO aO aMbiente e a OtiMizaO da Vida til das cOnstrUes sO Presenas na bandeira qUe zanettini eMPUnha desde qUe se debrUOU Pela PriMeira Vez sObre UMa Prancheta. deMOrOU, Mas a arqUitetUra cOMe-a a Perceber nO aO UMa sada Para Os Grandes PrObleMas na cOnstrUO ciVil, diz O arqUitetO, qUe cOncedeU a entreVista a seGUir de seU escritriO, UM edifciO eM sO PaUlO tOtalMente MOntadO cOM estrUtUra e cOMPOnentes Pr-fabricadOs eM aO
O ao oferece aplicao eficiente para estruturas de cobertura e tambm para fachadas e construes temporrias que precisam ser montadas num perodo curto
enchidos pelo ao de forma ideal. um
material que oferece, do nosso ponto
de vista, uma aplicao eficiente para
estruturas de cobertura e outras cons-
trues de grandes vos, mas tambm
para fachadas e construes temporrias
que precisam ser montadas num pero-
do muito curto.
AA O Estdio Olmpico de Berlim e o
Ninho do Pssaro, em Beijing, tm forte
caracterizao determinada pelo ao. O
que justifica sua utilizao?
GMP Os dois projetos apresentam uma
resposta mesma demanda: fornecer
uma cobertura ao estdio que dar
construo uma identidade prpria,
reconhecimento imediato. No entan-
to, os meios de formular esta resposta
em termos de construo so diversos:
enquanto o Ninho do Pssaro apresenta
a sua arquitetura inconfundvel a partir
do posicionamento supostamente cati-
co dos seus perfis tubulares, o Olmpico
de Berlim aposta em uma arquitetu-
ra reduzida e reservada, por usar uma
estrutura esteticamente disciplinada e
organizada, que se celebra pelo meio da
luz de maneira efetiva. (M.H.V.) M
Acima, o estdio Vivaldo Lima, o Vivaldo, em Manaus, projeto em parceria com a empresa Stadia
limpa e racional
Urgente a busca pela obra
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8 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 9
Arquitetura & Ao H muitos anos o Sr. fala de como pagamos caro
no Brasil pela falta da tradio na construo com ao. O Sr. nota que
tem havido uma mudana neste cenrio com a evoluo recente da
nossa indstria?
Siegbert Zanettini - Sem dvida. Uma nova gerao de arquitetos
est fazendo obras em ao em grande qualidade, ganhando prmios,
superando uma falta de tradio por aqui da construo racional, tec-
nolgica. A juventude brasileira est se libertando do concreto. Temos
exemplos timos de uma evoluo qualitativa de design, quase tudo
em ao, de casas pequenas a edifcios. Esta gerao supera a anterior,
que por pura falta de formao, usava o ao como se fosse concreto,
misturava estas duas linguagens absolutamente diversas. Essa gera-
o de agora vai mudar isso. O Lel (Joo Filgueiras Lima) e eu que
ramos considerados outsiders quando falvamos da tecnologia do ao
h 40 anos finalmente estamos vendo a influncia do nosso discurso
se realizar. Isso timo para a arquitetura e para o Pas.
AA Isso algo que o Sr. nota dentro da universidade?
SZ Na verdade, noto mais no mundo real que dentro da universida-
de. O uso do ao ainda muito pequeno nos dados oficiais. Mas na
prtica, vejo todos usando ao. Recentemente, me chamou a ateno
as facilidades do ao que esto sendo descobertas no s pelos jovens
arquitetos de que falo, mas tambm pelo sujeito que faz obra simples,
sem projeto. aquele cara que quer fazer puxadinho, coberturinha,
a aplicaozinha da casa dele, o fechamento da sua loja. Este tipo de
No tenho razo de construir se no for para acrescentar positivamente para o homem, para o ambiente, para as prximas geraes
construo, que antes era um improvisa-
do de madeira e tijolo, comea a ser feita
em ao pela facilidade que as peas, que
hoje saem prontas das fbricas, oferecem.
AA Mas, no nesta facilidade da tec-
nologia que se encontra o ganho social
que o Sr. v no uso do ao, certo?
SZ O ganho social, trabalhista, est em
primeiro lugar no canteiro de obras. Voc
no emprega um trabalhador sem forma-
o, sem contrato, para uma obra em ao.
A obra em ao requer organizao: unifor-
me, capacete, culos, aparelho auricular,
quando o caso. Isto deveria ser a rea-
lidade de todo o trabalho na construo
civil no Pas, que ainda mais perigosa do
que deveria. Uma das razes a falta de
informao de quem trabalha comum
ver um sujeito de chinelo no meio da obra,
cheia de prego e ferro. Na obra dos Centros
de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes, nin-
gum entra na obra sem treinamento.
Treinamento para produo e treinamen-
to para a sua segurana.
AA A sustentabilidade tem se apre-
sentado como um argumento impor-
tante, atualmente, na deciso pelo ao
nas construes?
SZ H 50 anos eu digo que o ao resol-
ve melhor as grandes obras. Mas isso j
evidente para todos. As construtoras
sabem que, para erguer grandes obras
como pontes, aeroportos, estaes, o ao
a melhor escolha. Para os estdios tam-
bm uma obviedade: nada pode supe-
rar o ao para a execuo de coberturas.
Mas a questo vai alm. Temos de buscar
a obra limpa, racional, porque essa uma
busca urgente, o caminho mais lgico, o
que realmente vale a pena. No tenho
razo de construir se no for para acres-
centar positivamente para o homem,
para o ambiente, para as prximas gera-
es. O cimento altamente agressivo
ao meio, enche as cidades de caambas
cheias de entulho. Ao passo que com
o ao tiramos hoje da porta da fbrica
um edifcio todo, para apenas montar,
em silncio, sem sujeira ou desperdcio
de tempo e energia sobre o terreno que
for. No h argumento que derrube este
fato. Todos sabem que o ao 100 % reci-
clvel, mas a discusso no fica apenas
no material. Ele organizado em todas
as etapas de sua vida til na construo
e temos de observar isso tambm como
proposta de respeito ambiental.
AA A Copa do Mundo de 2014 parece
ser uma grande oportunidade para a
construo em ao.
SZ Sem dvida. Para a Copa precisare-
mos fazer muito mais do que atender s
exigncias da FIFA. A misso do profissio-
nal vai alm de fazer o estdio. Temos
exemplos de grandes erros que precisa-
mos evitar. O Estdio do Morumbi, por
A escola Panamericana de Artes, em So Paulo (SP), foi executada em ao para atender tambm natureza conceitual do espao Acima, o estdio do arquiteto durante as obras, na capital paulista: inteiro exe-cutado em estruturas pr-fabricadas. Abaixo, vista area do Cenpes: canteiro de obras limpo, organizado e silencioso
exemplo. Existe uma questo importante que o entorno, algo que
dever ser resolvido antes de qualquer interveno na arena em si.
De onde chegaro as pessoas para os jogos? Como este trnsito se
organizar? E depois dos jogos, o que ganha a capital paulista com
essas obras? A grande mobilizao dever ser primeiramente em
torno da infraestrutura das cidades-sede. Depois, preciso pensar
nos destinos das obras, como os prprios estdios que sero erguidos.
Seria uma truculncia construir 12, 15 monumentos e depois deix-los
s traas. (A.W.) M
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10 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 11
capacitao da indstria
A cAdeiA produtivA do Ao est prontA pArA As demAndAs dA copA 2014. mAs A questo vAi Alm disso: todo o setor, dA produo dis-tribuio, pAssAndo pelA formAo profissionAl, se prepArA pArA dAr mAis um sAlto nAs suAs competnciAs. quem gAnhA o pAs
Pronto para vencer
Um conjUnto de aes adotadas nas ltimas dcadas garantiu cadeia pro-
dutiva do ao um processo de amadurecimento e modernizao, assegurando ao
setor o preparo necessrio para atender demanda esperada em funo da Copa
de 2014. Pelo lado da indstria brasileira do ao, desde a concluso do processo de
privatizao em 1994 at 2004, foram investidos US$ 14 bilhes para modernizao
do parque industrial e eliminao de gargalos.
A partir de 2004, os investimentos foram direcionados para o aumento da capa-
cidade instalada, que passou de 28 milhes de toneladas para as atuais 41 milhes
de toneladas. Foram investidos neste perodo US$ 12 bilhes. A previso era investir
registrava 34 kg/hab, volume quase dez vezes inferior ao atual. O
presidente da Associao Brasileira da Construo Metlica, Jos
Eliseu Verzoni, salienta ainda que a construo civil o setor no
qual o ao apresenta o melhor potencial de crescimento.
Para atender ao mercado, a indstria produtora de ao ampliou a
oferta de produtos para a construo em ao: perfis laminados, tubos
com ou sem costura, alm de perfis soldados e perfis formados a frio.
Quanto ao envelope do edifcio, ou seja, a cobertura e o fechamento,
h oferta de vrios tipos de aos inoxidveis e de aos revestidos, tais
como galvanizados, liga alumnio-zinco e pr-pintados.
O presidente do Instituto Ao Brasil (IABr) define que o Pas
experimenta um movimento de transio da construo conven-
cional para a industrializao. Prova disso que h investimentos
crescentes em produtos industrializados, como os steel decks, pai-
outros US$ 40 bilhes at 2012. Com a
crise econmica, a partir de setembro
de 2008, esses projetos esto sendo
reavaliados. Entretanto, dois novos
projetos continuam em andamento
visando ampliar a oferta de produtos
para o mercado interno.
Seja qual for o montante, fica a cer-
teza de que capacidade produtiva est
mais do que pronta para atender s
muitas obras que invadiro as cida-
des por conta de 2014. O desafio ser
mobilizar o Pas dentro de um rigoroso
cronograma de obras. a grande opor-
tunidade de um salto de modernidade
com o maior uso do ao gerando bene-
fcios ambientais, afirma o presidente
do Instituto Ao Brasil, Flvio Roberto
Silva de Azevedo.
Segundo o presidente, ainda no
possvel detalhar previses da deman-
da em funo da Copa de 2014. O certo
que o evento pode mudar a cultu-
ra na construo civil e impulsionar a
aplicao de sistemas industrializados
em ao no Pas. No Brasil, o consumo
per capita de produtos siderrgicos
hoje se mantm na faixa dos 100 kg/
hab. Em 2008, houve um aumento de
7,6%, passando para 127 kg/hab. Apesar
do aumento, o indicador fica muito
abaixo do registrado em pases como
Mxico (148 kg/hab) e China (332 kg/
hab). Cerca de um tero da produo
de ao no Brasil exportada porque o
mercado interno hoje no a absorve.
O consumo per capita de ao refle-
te o nvel de investimento e infraes-
trutura de um pas, destaca Azevedo,
citando a China como comparativo. Em
1980, quando o Brasil consumiu 100 kg/
hab de produtos siderrgicos, a China
Capacidade instalada da indstria do ao no Brasil
(toneladas de ao em milhes)
Consumo per capita de ao em 1980 e 2008:
(kg de produtos de ao por habitante)
Brasil 100 127
Mxico 120 148
China 34 332
Chile 56,4 153
Espanha 202 404
1980 2008
40
35
30
2002 2004 2006 2008
41.462
37.074
34.02233.388
Robe
rto
Inab
a
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12 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 13
Ideias em aodita Monteiro. Ele afirma, inclusive,
que o trabalho com ao atualmente
apoiado no uso de computadores e a
adaptao rpida dos fornecedores
de software foi determinante para a
absoro dos novos conceitos.
Tecnicamente, no existe restrio
ao uso do ao, assegura Monteiro, para
quem o desafio incorporar o uso das
estruturas em ao rotina da constru-
o civil. Ele acredita que o salto a ser
dado com a Copa de 2014 traz a vanta-
gem do aumento da escala, com conse-
qente queda dos preos. As estrutu-
ras em ao tm tudo para se tornarem
ainda mais competitivas.
Para disseminar conhecimen-
to sobre o uso do material, o Centro
Brasileiro da Construo em Ao
(CBCA), entidade que tem o Instituto
Ao Brasil como gestor, dedicou aten-
o especial identificao das neces-
sidades de material tcnico. Diversos
manuais de construo em ao foram
lanados, alm da promoo de cursos
on line, como Introduo ao Uso do Ao
na Construo e Sistemas Estruturais
em Ao na Arquitetura, voltados para
arquitetos, engenheiros e estudantes
que desejam conhecer mais sobre essa
tcnica de construo que tem cresci-
do nos ltimos anos no Pas.
Pelo lado dos distribuidores tam-
bm no existem gargalos, informa o
presidente do Instituto Nacional dos
Distribuidores de Ao (Inda), Carlos Lou-
reiro. Historicamente entre 30% e 40%
da demanda por ao atendida pelos
distribuidores, responsveis por colocar
o produto mais perto do mercado. O
setor est pronto para atender ao cresci-
mento da demanda, assegura. (m.m.) M
nis pr-fabricados para fechamento, drywall, shafts, tubulaes
flexveis de polietileno e de CPVC. Alm disso, novas tecnologias
e sistemas construtivos esto se multiplicando nos canteiros de
obras, como os componentes com pilar misto e light steel framing.
Avano profissional
A capacitao tambm pode ser notada na formao dos engenhei-
ros e arquitetos. A cultura da estrutura metlica relativamente
nova no Brasil e os profissionais esto incorporando estes conceitos
ao seu dia a dia, explica o presidente da Associao Brasileira de
Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), Marcos Monteiro. Ele
conta que a reviso da norma tcnica ABNT NBR 8800, que trata de
projetos e execuo de estrutura em ao, foi um grande passo para
harmonizar os conceitos e torn-los mais amigveis aos projetis-
tas, historicamente acostumados com o concreto. A nova verso
entrou em vigor em setembro de 2008. A partir da, o corpo tc-
nico ficou muito mais confortvel para trabalhar com o ao, acre-
Consumo por setores consumidores finais (2008):
AprovAdAs pArA receber os jogos dA copA de 2014, As cidAdes-sede tm pelA frente Alguns desAfios cruciAis pArA estArem de fAto AptAs A Acolher As pArtidAs e os torcedores pArA os jogos. A reformA dos estdios, A criAo de leitos e estAcionAmentos AindA insu-ficientes em muitAs dAs sedes , Alm de todA A A orgAnizAo dA circulAo viriA so Algu-mAs questes pArA As quAis o pAs ter de se prepArAr em breve. convidAdos pelA revis-tA, Arquitetos com A trAjetriA pontuAdA por projetos premiA-dos e que fAzem uso expressivo e importAnte do Ao em suAs obrAs propem, Aqui, solues pArA Alguns destes gArgAlos de um ponto de vistA ideAl nenhum deles concorre A pro-jeto Algum pArA 2014. o Arqui-teto siegbert zAnettini e os escritrios AndrAde morettin, fgmf e unA contribuem com leiturAs ArquitetnicAs de solues em Ao que, Alm de resolverem A questo pontuAl do evento, podem ser incor-porAdAs pelA cidAde e suAs demAndAs cotidiAnAs. (a.W.)
ensaio
33,4%
25,5%
20,9%
5,9%
5,8%
3,6%4,9%
Construo civil: 33,4%Automotivo: 25,5%Bens de capital: 20,9%Utilidades domsticas e comerciais: 5,9%
Tubos com costura pequeno dimetro: 5,8%Embalagens: 3,6%Outros: 4,9%
FGM
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14 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 15
AndrAde Morettin Arquitetoshotis provisrios
A proposta do escritrio Andrade Morettin tambm trans-cende o evento e apresenta uma soluo que permanece na cidade-sede aps o final dos jogos. seguindo uma expe-rincia de habitao popular que lhes valeu o Living steel de 2007, os arquitetos do escritrio propuseram a criao de edifcios com estruturas em ao espetados no solo como palafitas, possveis de serem erguidos sobre solos pouco resistentes carga, como so os de muitas das cidades litorneas e porturias, que apresentam deficit de leitos para receber os turistas da Copa. A ideia que estes hotis provisrios possam depois servir como moradia, diz vinicius Andrade, que assina com Marcelo Morettin a proposta. Alm de rpida, a construo flexvel, podendo ter apartamentos adaptados para a ocasio. A estrutura permite tambm um superaproveitamento da ventilao, importante para as temperaturas altas, sobretudo das cidades-sede localizadas nas regies norte e nordeste dois dos maiores deficits habitacionais do pas.
scios h 12 Anos, mArcelo morettin e vinicius AndrAde so Autores de obrAs leves, bAseAdAs no mximo uso dA pr--fAbricAo disponvel no pAs. nomes frequentes nAs listAs de vencedores de concursos e prmios dentro e forA do pAs, gAnhArAm, em 2007, o living steel por umA soluo de hAbi-tAo sustentvel em Ao no recife
ensaio
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16 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 17
ZAnettini ArquiteturA
edifCio-gArAgeM
o arquiteto siegbert Zanettini resolve com sua proposta uma pauta ainda em aberto nas discusses em torno do grande evento espor-tivo: estacionamentos, onde e como constru-los. tratando-se dos estdios j existentes e sem garagens adequadas nas proximida-des como o caso do Morumbi, em so paulo, descarta-se a pri-meira hiptese, subterrnea. para estdios em reas adensadas, dificilmente se conseguiria um quarteiro inteiro, diz o arquiteto. A soluo de Zanettini foi a diviso do edifcio garagem em dois quarteires, ligados por passarelas que tambm so as rampas de acesso e circulao dos carros. Com estruturas pr-fabricadas e nossa indstria est prontssima para isto possvel montar este estacionamento em menos de trs meses e depois remov-lo intei-ro sem grande transtorno, podendo aproveitar a estrutura para um outro local, afirma o autor da proposta que sugere a mesma solu-o para ligar os edifcios do hospital das Clnicas em so paulo.
siegbert zAnettini professor dA fAu-usp. homenAgeAdo pelA 6 bienAl internAcionAl de ArquiteturA (biA), em que foi representAdo por sAlA especiAl, completA 50 Anos de cArreirA com obrAs premiAdAs e projetos em AndAmento que trAduzem umA preocupAo imperAtivA pelA rAcionAlizAo dos cAnteiros de obrAs no pAs. conhecido por suA defesA do uso do Ao nAs construes, ele hoje se dedicA A projetos de grAnde AlcAnce dentro dos conceitos de sustentAbilidAde
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18 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 19
unA Arquitetos
estAo de pAssAgeiros
A partir da percepo de que a mobilidade urbana uma das principais questes das grandes metrpo-les nos dias atuais e um dos maiores gargalos das cidades brasileiras , os arquitetos do una propuse-ram a construo de estaes para servir o conjunto integrado de trens e metrs das cidades. A maior transformao das grandes cidades como so paulo (sp) deve passar pela questo do transporte em massa, diz fernando vigas, um dos autores da proposta. o grupo partiu do cenrio paulistano para propor o abrigo em ao, que deve ao mesmo tempo proteger com conforto os passageiros e servir de passagem para os pedestres. podemos imaginar esta estao para a linha f de trens da Companhia paulista de trens Metropolitanos (CptM), que cruza municpios importantes da grande so paulo ao mesmo tempo em que se avizinha em parte de sua extenso do parque ecolgico do tiet. Assim, a estao serviria tambm como uma passagem segura e gratuita para quem quisesse atravessar para o parque. A estrutura metlica da proposta seria organizada pelos prticos, que deixariam a estao livre de pilares e manteriam coberto tam-bm o mezanino, nivelado com a rua.
fernAndo vigAs, cristiAne muniz, fAbio vAlentim e fernAndA bArbArA so scios do unA Arquitetos desde 1996 e desde l colecionAm prmios importAntes, como o dA 5 biA pelo projeto do centro universitrio mAriA AntniA, dA usp. um dos destAques dA suA produo so As propostAs ligAdAs requAlificAo urbAnA, umA dAs quAis premiAdA pelA 7 biA
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21 &ARQUITETURA AO
forte, giMeneZ & MArCondes ferrAZ Arquitetos
integrAo urbAnA de estdio
os arquitetos do fgMf partiram de uma demanda concreta para a Copa, a construo de um novo estdio em Manaus (AM), e propuseram um projeto de integrao para a regio que vai receber a nova arena. o local rene, hoje, equipamentos pblicos realizados em pocas e razes diferentes. o novo estdio e o edifcio de estacionamento sero obras para a Copa de 2014. Mas j existem no local a arena Amadeu teixeira e a vila olmpica, obras de 1998, alm de um autdromo e um sambdromo equipamentos que precisam se comunicar com as novas estruturas, observa fernando forte, um dos criadores da proposta. buscamos criar uma identidade urbana que permeasse estas construes j existentes e trouxesse reco-nhecimento imediato do cidado sobre a rea. o primeiro passo seria mudar de local o sambdromo para onde , atualmente, o pequeno autdromo. o espao residual transforma-se em um grande parque pbli-co, que integra e permeia todas as construes. o novo parque olmpico torna-se o articulador de todos os edifcios, ligados por estruturas leves em ao, que em alguns momentos funcionam como passarelas ligando ruas e, em outros, como organizadoras de espaos para atividades como concertos ou shows, ou reas livres, porm sombreadas. os banzos da estrutura so iluminados noite e o parque torna-se marco na paisagem da cidade justamente no ponto mdio da ligao norte-sul de Manaus.
fgmf siglA dA unio de fernAndo forte, loureno gimenez e rodrigo mArcondes ferrAz - tem se tornAdo refernciA frequente novA ArquiteturA brAsileirA em publicAes especiAlizAdAs no mundo inteiro. vencedores do prmio jovens Arquitetos concedido pelo instituto de Arquitetos do brAsil (iAb) em 2009, eles ApresentAm um trAbAlho mArcAdo pelo protAgonismo dos mAteriAis e pelA inventividAde nos progrAmAs construtivos
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22 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 23
sustentabilidade
A CopA do Mundo de 2014 promete ser verde, dada a preocupa-
o com a sustentabilidade ambiental do evento. Os arquitetos tm
diante de si o desafio de utilizar materiais e equipamentos ambien-
tal, econmico e socialmente adequados, tratar e destinar resduos
lquidos e slidos de forma ambientalmente correta, assim como
optar por sistemas construtivos que melhor atendam s premissas
da sustentabilidade. O evento tambm deve seguir os chamados
green goals, uma lista de metas verdes estabelecidas pela FIFA a
partir da Copa da Alemanha, em 2006.
A sustentAbilidAde est cAdA vez mAis perto do centro dAs preocupAes mundiAis e A prxi-mA copA do mundo est no foco deste debAte. A pArticipAo do Ao nAs grAndes obrAs que sero reAlizAdAs em funo do evento contribui pArA A reAlizAo dA construo AmbientAl-mente eficiente, sociAlmente corretA e economicAmente vivel
Alm do verde desperdcios e a quantidade de entu-lhos e demais resduos nos canteiros de obras.O engenheiro Fernando Orsini
Rodarte, superintendente de obras da
Construtora Andrade Gutierrez, desta-
ca que o uso do ao facilita o acom-
panhamento da obra, reduz o custo
homem/hora e desburocratiza o can-
teiro de obras, pois no h necessidade
de se montar centrais de carpintaria,
concreto e armao. Alm de se traba-
lhar em local mais limpo e organizado,
Tanta ateno com a sustentabi-
lidade abre portas para o ao, mate-
rial 100% reciclvel e o mais reciclado
no mundo. O uso do ao nas obras de
construo civil possibilita a utilizao
de estruturas mais leves, que exigem
fundaes de menor profundidade. O
ao tambm contribui para acelerar
a obra e reduz significativamente os
racionaliza-se e, muitas vezes, diminui se radicalmente o uso da
madeira. Rodarte ainda enfatiza que o uso do ao facilita o plane-
jamento da obra medida que a integrao com o fabricante ou
fornecedor da estrutura permite aos mestres-de-obras saberem
exatamente o que deve ser feito em cada etapa, acelerando a velo-
cidade construtiva e diminuindo os transtornos que, comumente,
acontecem nas obras.
O professor Francisco Ferreira Cardoso, da Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo (USP) e membro do Conselho Brasileiro
de Construo Sustentvel, destaca que a construo em ao se
consolidar ainda mais quando a construo civil brasileira for
diferente do que e adotar de fato os princpios da industrializao
e da modernizao.
Estrutura em ao com vedao em painis de vidro, perfeitamente ajustado ao relevo do morro e permevel luz solar, traduz a adaptabilidade do ao s demandas de sus-tentabilidade, preocupao cada vez maior das edificaes contemporneas
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24 &ARQUITETURA AO
O ao tem grande durabilidade e extremamente adaptvel.
Um edifcio em ao pode ser mais facilmente modificado, permi-
tindo rearranjos que se adequam s necessidades dos usurios e
prolongam sua vida til.
Os demais pases que sediaram, mais recentemente, a Copa do
Mundo e outros eventos esportivos de grande magnitude, como
as Olimpadas, substituram os sistemas construtivos tradicionais
pelo uso do ao no s nos estdios como tambm na ampliao ou
reforma de aeroportos, obras de infraestrutura e diversos tipos de
edificaes. Os cronogramas apertados dos megaeventos esportivos
requerem que os materiais usados nas obras sejam resistentes, dur-
veis e flexveis, qualidades estas plenamente atendidas pelo ao.
Sob a ptica ambiental, quanto mais for utilizado o ao nas
construes maior ser o ndice de reciclabilidade dos resduos das
estdios
aeroportos
hotis
hospitais
estaes de passageiros
mobilirio urbano
pontes e passarelas
estacionamentos
infraestrutura
centros comerciais
obras, assim como daqueles gerados ao
se findar a vida til da edificao, mui-
tos anos depois. O ao contido nas edi-
ficaes coletado e retorna s usinas
siderrgicas para ser reciclado, infini-
tamente, sem perder nenhuma de suas
qualidades. Ademais, o ao reciclado
contribui para reduzir as emisses de
CO2 do processo siderrgico, reduzindo
os impactos sobre a mudana do clima
e o consumo de recursos naturais no
renovveis. Cada tonelada de ao reci-
clada representa uma economia de
1.140 kg de minrio de ferro, 154 kg de
carvo e 18 kg de calcrio, sem perda da
qualidade, segundo o Steel Recycling
Institute, entidade americana para
reciclagem do ao.
O sculo 21 momento de mudana
de paradigma, incorporando-se defini-
tivamente o conceito da sustentabili-
dade ambiental no s nos projetos e
obras, mas tambm no nosso dia a dia.
Com vistas manuteno da qualidade
de vida no planeta, responsabilidade
de todos racionalizar o consumo de
energia e de gua, segregar e reciclar
materiais e empregar tcnicas e tec-
nologias limpas em quaisquer das
nossas atividades. As futuras geraes
agradecero. (M.M.) M
A preparao para a Copa
do Mundo de 2014 vai
estimular um crescimen-
to raramente visto na
construo civil brasilei-
ra. Neste boom de edifica-
es, algumas tipologias
se destacam pela impor-
tncia para o evento e
para o Pas. Esta edio de
Arquitetura & Ao rene
empreendimentos nessas
diferentes tipologias que,
alm de serem referncias
arquitetnicas, fazem uso
exemplar do ao
de referncia
Consumo
Descarte
Sucata
Reciclagem
Produo de bens intensivos em ao
Obras
Os benefcios do ao para a construo sustentvel
> 100% reciclvel> Racionalizao de materiais e mo-de-obra> Maior facilidade e economia de transporte> Reduo de gerao de entulho> Estmulo ao uso de mo-de-obra especializada> Maior facilidade de desmontagem e
reaproveitamento
> Promoo da segurana no canteiro de obras> Reduo do impacto na vizinhana> Maior flexibilidade> Compatibilidade com outros materiais> Alvio de carga nas fundaes
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&ARQUITETURA AO 27
Arenas do futuro Com a Copa de 2014, o Brasil dever sair da pr-histria na produo de estdios de futeBol para Chegar moderna efiCinCia das arenas multiusoDos 12 estDios pr-selecionados para a
Copa, trs so privados e nove, pblicos. Seis
passaro por grandes reformas e seis sero
reconstrudos ou construdos da estaca zero.
Apenas um tem menos de 30 anos de cons-
truo. A FIFA, entidade que comanda a Copa
do Mundo, deixou clara sua posio por sus-
tentabilidade no projeto e modernidade nas
instalaes, como condio para a realizao do
evento. Rapidez no cumprimento destas premis-
sas ser fundamental para o sucesso desta gran-
de oportunidade para o Pas.
estdios
Em 1998, em Curitiba, nascia a primeira cobertura em ao para os estdios de futebol no Brasil. Precursora, a Arena da Baixada ganhar cobertura para 100% dos assentos
Rafa
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28 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 29
Construdo s pressas para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, o Estdio Joo Havelange consumiu 2,7 mil toneladas de ao, parte na cobertura, parte nas estruturas
"Por conta da Copa de 2014, os est-
dios existentes iro precisar de cober-
turas modernas, o que s possvel
com o uso de ao", observa Ralf Amann,
scio do GMP, responsvel pelo desen-
volvimento de alguns dos principais
projetos para a Copa no Brasil (leia
entrevista exclusiva pgina 4). "O
fato que se apresenta uma grande
oportunidade ao desenvolvimento da
competncia nacional no que se refere
construo em ao", diz o arquiteto.
Dos estdios que sero reformados,
o mais moderno o Arena da Baixada,
em Curitiba, pertencente ao Clube
Atltico Paranaense e construdo em
1998, dentro do conceito de arena
multiuso. O campo de futebol divide o
espao com um centro comercial, uma
academia de ginstica e uma churras-
caria. O antigo estdio foi demolido e
o novo, erguido em 18 meses. Foram
utilizadas 3,6 mil toneladas nas estru-
turas e coberturas.
O desafio atual adequar a arena s
exigncias da FIFA, o que inclui a insta-
lao de uma nova cobertura e a amplia-
o da capacidade para 40 mil especta-
dores, alm de outras obras. Sero mais
3,4 mil toneladas de ao, sendo um tero
na cobertura. O ao ajuda na eficin-
cia da obra pela qualidade do produto
nacional e pela ampla gama de solues
criativas que o material permite, desta-
ca o engenheiro Flvio Vaz, responsvel
pelas reformas para 2014.
O Estdio Olmpico Joo Havelange,
construdo s pressas para os Jogos
Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em
2007, tambm se beneficiou da agili-
dade propiciada pelo ao: so 2,7 mil
toneladas na estrutura a cobertura
tem 35 mil m2.
Volta Redonda
Um bom exemplo em construo de
arenas esportivas com ao no Brasil
o Estdio da Cidadania, em Volta
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30 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 31
O grande arco de ao substituiu a antiga fachada do mais tradicional estdio brit-nico e tornou-se um dos principais cartes-postais de Londres. Alm de vistoso, forte: sustenta metade do peso da cobertura de Wembley. Na pgina ao lado, o Estdio da Cidadania um bom exemplo da sustentabilidade do ao
Redonda (RJ), feito para receber 18 mil espectadores. A obra con-
sumiu 11 meses de trabalho, entre 2003 e 2004, e 970 toneladas
de ao (perfil soldado, tipo patinvel e lajes steel deck). O uso do
ao foi pensado desde o projeto arquitetnico porque a obra exigia
agilidade e clareza de custos. Ns pudemos mostrar e, nisso, o ao
foi fundamental que uma obra pblica bem planejada, com ora-
mento limitado, pode ser feita sem exageros, afirma Ildony Bellei,
engenheiro responsvel pelo projeto das estruturas e toda a parte
metlica do Estdio da Cidadania.
O Estdio da Cidadania foi planejado para ter um espao mul-
tiuso, para gerar atividades sociais e esportivas para a sociedade,
e receita no s durante os jogos de futebol. Sob as estruturas das
arquibancadas fica o Centro de Sade para idosos, com academia
e mdicos, uma sala de musculao, feita especificamente para a
recuperao de cardacos, e centros de ensino a distncia. Estdios
de futebol tm de ser voltados para a comunidade, avalia Bellei.
O que Volta Redonda fez no novidade no mundo moderno.
O ao tambm o personagem principal do chamado Templo
do Futebol, o estdio de Wembley, em Londres. Em 2000, 76 anos
depois de sua festiva inaugurao, o velho Wembley comeou a ser
demolido. A sociedade inglesa, embasada em valores socioecon-
Cerca de 500 cilindros se prendem
a 41 anis, que formam a estrutura,
construda no cho por mais de 200
trabalhadores. Depois de pronto, o Arco
foi erguido e afixado na face norte do
estdio, para ajudar a suportar o peso
da cobertura e o movimento de aber-
tura e fechamento do teto retrtil.
Vimos que uma cobertura retrtil,
em ao, era mais eficiente do que uma
fixa em geomembrana; ento, precis-
vamos de algo muito forte para supor-
tar o grande peso, explica Lenczer. Ele
informa que, alm do Arco, Wembley
tem mais 38 mil toneladas de ao em
suas estruturas, cobertura e reforos.
O ao foi considerado o material mais
eficiente, por uma consultoria finan-
ceira que contratamos para o projeto,
diz o arquiteto. (M.H.V.) M
micos e tambm estticos, decidiu que
a simptica fachada com as torres do
projeto de Sir Edward Watkins, de 1889,
seria trocada. A ideia era dar uma nova
feio ao principal centro esportivo de
Londres, criando um novo e impactan-
te smbolo britnico no lugar de um
tradicional carto-postal do pas.
O ao nos propiciou uma oportu-
nidade esttica, uma soluo prtica e
o melhor custo, conta Alistair Lenczer,
scio do escritrio Foster and Partners,
de Londres, que fez e executou o pro-
jeto. Ele se refere ao famoso Arco, uma
fabulosa estrutura em ao, de 1,75 mil
toneladas, 7 m de dimetro, 315 m de
comprimento, que se ergue a 133 m do
solo em seu ponto mais alto e sustenta,
com cabos de ao, metade do peso da
cobertura de 40 mil m2 de ao. E, ainda,
pode ser visto do outro lado de Londres.
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32 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 33
ESTDIO JOAQUIM AMRICO (ARENA DA BAIXADA)
> Local: Curitiba (PR)> Data de concluso: junho de 1999> rea de construo: 43.700 m> Projeto de arquitetura: Escritrio
de Arquitetura Jlio Neves> Projeto estrutural: Tesc Engenharia> Construtora: Voltoragui Engenharia> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Fem Estruturas Metlicas e Brafer
> Volume de ao: 3.600 t.> Ao empregado: ao estrutural
com LE mnimo 300 MPa e ao galvanizado (na cobertura)
> Local: Rio de Janeiro (RJ)> Data de concluso: novembro de 2006> rea de construo: 116.263,40 m> Projeto de arquitetura: arq. Carlos
Porto, Geraldo Lopes, Gilson Santos e Jos Raymundo F. Gomes
> Projeto estrutural: Alpha Engenharia de Estruturas (eng. Flvio D' Alambert) e Andrade & Rezende Engenharia de Projetos (eng. Jeferson Luiz Andrade)
> Construtora: Consrcios Racional- -Delta-Recoma e OAS-Odebrecht
> Fabricante e montagem da estrutura metlica: Indutech Industrial e Montagem e Sulmeta
> Volume de ao: 3.700 t.> Ao empregado: ASTM A36, ASTM
A572, ao estrutural com LE mnimo 300MPa e ao estrutural de maior resistncia corroso atmosfrica
ESTDIO OlMpICO JOO HAvElANgE
ESTDIO DA CIDADANIA> Local: Volta Redonda (RJ)> Data de concluso: maio de 2004> rea de construo: 13.700 m> Projeto de arquitetura: arq. Ricardo
Pires> Projeto estrutural: IHB Engenharia
e Consultoria (Ildony Bellei e Humberto Bellei)
> Construtora: IPPU> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: NSC, Soteme e Morais Lopes
> Volume de ao: 970 t.> Ao empregado: ao estrutural
de maior resistncia corroso atmosfrica
Copa de 2010O ao est sendo amplamente empregado na construo e reforma de dois dos mais importantes estdios da Copa do Mundo de 2010, que ser realizada na frica do Sul. O Green Point Stadium, localizado na Cidade do Cabo, dever receber uma das semifinais da competio, e o Soccer City, situado em Johannesburgo, est em fase final de reforma e ser o palco da partida final da competio.
A cobertura do estdio Green Point ser formada por estru-turas em ao com elementos tubulares. O anel externo de compresso, feito de 1,6 mil toneladas de ao, se ligar a um anel de trao interno por 72 cabos radiais de ao. Projetado pelo escritrio Von Gerkan, Marg und Partner (GMP), o Green Point ter capacidade para receber 68 mil espectadores.
O design do Soccer City foi inspirado no calabash, uma argila tpica da frica. O estdio original dar lugar a uma arena esportiva com capacidade para 94 mil espectadores. Est sendo construda uma nova estrutura de cobertura, for-mada por trelias de ao sustentadas por 28 suportes. Mais de 8 mil toneladas de ao estrutural devem ser usadas na refor-ma, alm das 9 mil toneladas de ao de reforo. O escritrio sul-africano Boogertman & Partners est encarregado do projeto arquitetnico de reforma e ampliao do Soccer City. Fo
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Acima, obras no Estdio Greenpoint, palco de uma das semifinais da Copa do Mundo de 2010. O anel externo sozinho leva mais de 1,6 mil toneladas de ao. Abaixo, o Soccer City, com design influenciado por uma argila africana. Trelias de ao sustentam a cobertura do estdio, reformado para o evento
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34 &ARQUITETURA AO
simples, na qual uma sequncia de
vigas treliadas planas cortam trans-
versalmente o edifcio. A estrutura da
cobertura travada por vigas longitu-
dinais e mos-francesas. A que forma o
piso do mezanino e o pavimento tcni-
co foi executada com trelias em perfis I,
assim como os pilares.
Portas de entradaOs aerOpOrtOs brasileirOs serO Os pOrtes para Os mais de 500 mil turistas estrangeirOs esperadOs para a COpa dO mundO 2014. a tarefa de COnstruir Ou ampliar Os aerOpOrtOs prximOs Ou nas prprias Cidades-sede da COpa exigir rapidez na exeCuO das Obras de COmplexOs terminais para O grande eventO espOrtivO
O Aeroporto Internacional Augusto Severo consumiu cerca de 1.200 toneladas de ao nos pilares, lajes steel deck e forro. A opo pelo material considerou fatores como rapidez construtiva, sistema mais limpo para o canteiro de obras e leveza, fator que minimizou as car-gas nas fundaes. A grande cobertura (foto ao alto) foi feita com um jogo de superfcies curvas, de modo a permitir a entrada de luz
Autor do projeto do Aeroporto Internacional Augusto Severo,
localizado em Natal (RN), uma das cidades-sede da Copa 2014, Sergio
Parada acredita que o ao seja um dos materiais mais indicados
para se cumprirem os prazos dos projetos de ampliao e constru-
o que devem ocorrer nos prximos anos. Alis, a experincia do
arquiteto com o uso do ao em obras aeroporturias lhe confere for-
tes credenciais: o aeroporto de Natal o primeiro em sua categoria
no Brasil a ter a estrutura totalmente concebida em ao.
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Nele, o material est nos pilares, lajes
steel deck, cobertura e forro. Este tipo
de arquitetura deve preocupar-se com
o usurio, favorecer a leitura do edifcio,
respeitando a escala humana e propor-
cionando deslocamentos claros, afirma
Parada. Por isso, o aeroporto de Natal
foi concebido a partir de uma estrutura
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36 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 37
No aeroporto de Fortaleza (acima e abaixo), uma malha curva cobre o vo central. As obras da construo de quatro andares foram reali-zadas em dois anos, sem impactar o edifcio vizinho, um prdio dos anos 1960
Projetado na dcada de 1930 pelos irmos Milton e
Marcelo Roberto, o Aeroporto Santos-Dumont, no Rio de
Janeiro, foi descaracterizado por reformas e adaptaes, at
que, em 1998, um incndio o destruiu quase por completo.
Recuperado com projeto do arquiteto Sergio Jardim, retomou
sua volumetria original e foi tombado pelo Instituto Estadual do
Patrimnio Artstico e Cultural (Inepac). Em 2004, o Santos-Dumont
novamente foi ampliado, e mais uma vez com projeto de Sergio
Jardim, que encontrou diversas condicionantes como desafio: alm
do tombamento, a ampliao no poderia impedir a viso da Baa da
Guanabara e deveria considerar o mnimo de intervenes no prdio
existente. Assim, a ampliao foi concebida de modo a manter as
caractersticas originais do prdio tombado.
Criou-se, ento, um bloco paralelo ao prdio existente para as
funes de embarque, ficando o prdio original com as de desem-
barque. Relacionando estes dois blocos, foi criado um bloco de
ligao, uma edificao elptica com 287,50 m de comprimento,
construda em tubos de ao e vidro, onde esto as salas de embar-
que e pontes metlicas, ou fingers, de embarque e desembarque.
Todo este conjunto precisava necessariamente de solues arqui-
tetnicas que conferissem leveza e transparncia, da a opo pelas
estruturas em ao, afirma Jardim.
Sergio Jardim recomenda o ao como soluo construtiva para
Projetado nos anos 1930, o aeroporto Santos-Dumont passou por sucessivas reformas at que um incndio, em 1998, o destruiu quase por completo. O projeto de recuperao, de Sergio Jardim, restaurou caractersticas da arquitetura original
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38 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 39
Aeroporto InternAcIonAl Augusto severo
> Local: Natal (RN)> Data de concluso: 2000> rea de construo: 13 mil m > Projeto de arquitetura: Sergio
Parada (Sergio Parada Arquitetos Associados).
> Projeto estrutural: Paulo A. Brasil Barroso
> Construtora: Empire Tecnologia> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Cibresme> Volume de ao: 1.200 t.> Ao empregado: ao estrutural
patinvel de maior resistncia corroso atmosfrica
Aeroporto InternAcIonAl pInto MArtIns
> Local: Fortaleza (CE)> Data de concluso: 1998> rea de construo: 36 mil m> Projeto de arquitetura: Muniz
Deusdar Arquitetos (Expedito Muniz Deusdar e Luiz Muniz Deusdar).
> Projeto estrutural: Technica (Paulo Andr Brasil Barroso)
> Construtora: Construtora Queiroz Galvo
> Fabricante e montagem da estrutura metlica: Alusud e Cidresme
> Volume de ao: 40 t.> Ao empregado: ao estrutural
patinvel de maior resistncia corroso atmosfrica
Aeroporto sAntos-DuMont
> Local: Rio de Janeiro (RJ)> Data de concluso: 2007> rea de construo: 33 mil m> Projeto de arquitetura: Sergio
Jardim> Projeto estrutural: Figueiredo
Ferraz (projeto 2007)> Construtora: Consrcio Odebrecht/
Carioca/Construcap
> Fabricante e montagem da estrutura metlica: CPC Estruturas Forte Metal e Sanebras Estruturas; coberturas: Perfilor e Dnica; conectores e stud-bolts: Ciser - Crescenza
> Volume de ao: 340 t.> Ao empregado: ao estrutural
de maior resistncia corroso atmosfrica; lajes tipo steel deck; tubos estruturais em ao sem costura
Acima e abaixo, o Aeroporto de Barajas em Madri, projetado pelo escritrio de arquitetura de Richard Rogers e Estdio Lamela, une as tecnologias contemporneas de construo com o uso inventivo do ao
os projetos da Copa 2014: seguramen-
te, o ao o material mais adequado
devido s suas caractersticas de leveza
arquitetural e estrutural, alm de maior
facilidade em agregar-se a estruturas
existentes, conferindo maior velocidade
aos processos construtivos.
Outra obra em que o ao foi ele-
mento fundamental na execuo do
projeto o terminal do Aeroporto Pinto
Martins, em Fortaleza (CE), construdo
ao lado do prdio de 1966, que hoje
serve apenas para fins administrati-
vos. Dividida em quatro pisos, a cons-
truo ocorreu entre 1996 e 1998, com
projeto do escritrio Muniz Deusdar
Arquitetos Associados, e apresenta uma
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superestrutura em ao, malha curva
que cobre o vo central de 68 m. Para
a Copa 2014, o aeroporto de Fortaleza
passar por novas reformas com inves-
timentos na ordem de R$ 583,5 milhes,
se gundo a Infraero.
Aeroporto Barajas
Com projeto dos escritrios de arqui-
tetura Richard Rogers Partnership e
Estdio Lamela, o novo terminal de
passageiros do aeroporto de Madri
o maior da Europa, com seus mais de
1 milho de m2. Suas principais carac-
tersticas so os tubos de ao em base
de concreto, que, como braos abertos,
apoiam perfis de ao em forma senoi-
dal, sustentando a cobertura ondulada.
Internamente, o teto revestido em
bambu d leveza ao ambiente, amplo
e iluminado pela luz natural e por cr-
culos em ao que refletem a luz das
luminrias, reduzindo o consumo
de energia e criando maior conforto
visual. O aeroporto atende pr-requi-
sitos estabelecidos pela Aeropuertos
Espaoles y Navegacin Area (AENA),
que queria para esta obra um projeto
que se integrasse com o entorno, que
fosse ambientalmente mais correto e
que apresentasse ainda muita clarida-
de espacial e flexibilidade para receber
ampliaes previstas. (d.p.) M
-
Pronta entrega InIcIatIvas no setor hoteleIro em todo o BrasIl utIlIzam o ao como opo para agIlIzar oBras, melhorar a qualIdade dos prdIos e superar a lImItao de terrenos
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hotis
Quando viu pela primeira vez o pequeno terreno destinado para
a construo do Hotel bis Paulista, do Grupo Accord, o arquiteto
Roberto Candusso soube na hora qual sistema construtivo deveria
usar nesta obra. A localizao na Avenida Paulista, uma das vias
mais movimentadas da cidade de So Paulo (SP), limitava qualquer
possibilidade de acmulo de material. "No havia espao; nenhu-
ma outra soluo seria mais acertada do que a estrutura em ao."
Como toda a estrutura usada era pr-fabricada, a obra ficou
livre de grandes depsitos de areia, brita, cimento, madeiras e fer-
ragens no canteiro de obras. O espao, exguo, pde ser organizado
para receber as estruturas no nico horrio permitido, noite, e,
durante o dia, oferecer melhores condies de segurana para o
Fachada frontal
Ocupando uma rea de mais de 23 mil m2, o Cesar Park e Bussiness Class Guarulhos teve sua construo possibilitada pela utilizao do ao. O empreendi-mento obteve um ganho de 135 dias no cronograma inicial, tendo sido concludo em 14 meses
&ARQUITETURA AO 41 40 &ARQUITETURA AO
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42 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 43
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trabalhador. O prdio, de dez pavimen-
tos alm do um trreo e dois subsolos
, tem estruturas horizontal e vertical
em ao e lajes steel deck. Suas paredes
internas so em sistema drywall e o
fechamento lateral feito com painis
pr-fabricados de GRFC (glass reinfor-
ced fiber concrete).
Os prazos curtos so outro gran-
de motivador da opo pelo mate-
rial. O Caesar Park e Business Class
Guarulhos, tambm realizado pelo
escritrio Roberto Candusso Arquitetos
Associados, sofreu alguns atrasos no
incio da obra, comprometendo o cro-
nograma de execuo. Para que o hotel
fosse entregue dentro do prazo, sem
prejuzo obra, o diretor de projetos
da Inpar, Waltermino Jr., optou por
estruturas em ao que podem ser rapi-
damente construdas, transportadas e
montadas. No Brasil, quando houver
necessidade de preciso e velocidade
em uma obra, o ao ser sempre uma
soluo inteligente, afirma. Alm da
estrutura, o projeto foi executado com
lajes steel deck, fechamento externo
em painis pr-moldados e interno
em drywall.
A utilizao do ao trouxe um
ganho importante no tempo de execu-
o da obra: 135 dias a menos de traba-
lho, nas contas do arquiteto. O Caesar
Park e Business foi concludo em ape-
nas 14 meses, atendendo necessidade
do cliente quanto ao rpido incio das
atividades do hotel.
O Hotel bis Maring tambm foi
um projeto que exigiu agilidade. O
primeiro edifcio de mltiplos andares
do Paran executado totalmente com
estrutura em ao foi inaugurado em
2005. A deciso pelo ao foi funda-
mental para cumprir o nosso prazo,
afirma o arquiteto Waldeny Fiuza, do
escritrio Dria Lopes Fiuza Arquitetos
Associados, responsvel pelo projeto.
Conseguimos reduzir o tempo da obra
para trs meses, completa.
No terreno de pequenas dimenses
foram executados 11 pavimentos de
estrutura metlica, sendo um subso-
lo, onde est o estacionamento, e dez
andares. J as divisrias internas so
em drywall, permitindo grande flexi-
bilidade nas configuraes do espao
do hotel.
O crescente movimento de pessoas
gerado pelo Aeroporto Internacional
de So Paulo e o grande nmero de
indstrias instaladas na regio fize-
ram com que a incorporadora Setin
decidisse investir em acomodaes na
regio do aeroporto uma tendncia
mundial , em 1998. Nascia, assim, o
Mondial Airport Business Hotel, em
Acima, localizado na avenida Paulista, uma das mais movimentadas da cidade de So Paulo, a unidade bis Paulista, da rede Accord, foi construda em uma rea muito pequena. Com 8.500 m2 e dez pavimentos, alm de trreo e dois subsolos, o projeto utilizou estruturas pr-frabricadas de ao, deixando o can-teiro de obras livre de areia, brita e cimento, e oferecendo maior segurana para o trabalhador durante a construo
Primeiro edifcio de mltiplos andares construdo em ao em Maring, no Paran, o Hotel Ibis foi erguido em apenas trs meses
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44 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 45
Guarulhos (SP). Inicialmente projetado
para ser construdo em concreto, o
Mondial Airport Business Hotel previa
a construo de unidades hoteleiras,
de apartamentos (flats), escritrios, cen-
tro de convenes, restaurantes e lojas.
A deciso por um empreendimen-
to que apresentasse caractersticas
inovadoras em relao ao seu uso e
arquitetura fez com que o cliente
optasse pela construo em ao, lem-
bra Sara Gusmo Ferreira, arquiteta
da KOM Arquitetura e Planejamento,
responsvel pela coordenao do pro-
jeto junto com o escritrio norte-ame-
ricano KMD (Kaplan McLaughlin Diaz).
Todas as lajes so em steel deck e as
divisrias em drywall.
O Amazon Jungle Palace, em
Manaus (AM), apresenta uma aplica-
o do ao pouco comum para a tipo-
logia. Um hotel sobre balsas, locali-
O Mondial Airport Business Hotel foi inicialmente projetado para ser em concreto. A demanda do cliente por uma obra inovadora pautou a escolha pelo sistema construtivo em ao. Perto do aeroporto de Guarulhos, rene hotis, flats, escritrios, centros de convenes, restaurantes e lojas
Corte Flat e Escritrios
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A preocupao com o meio ambiente uma das premissas do projeto do Amazon Jungle Palace, que sustenta em quatro balsas no Rio Negro uma estrutura de quase 315 toneladas de ao. O hotel, que pode ser exemplo de soluo para a escassez de leitos para receber a Copa, tem sua prpria estao de tratamento de resduos
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46 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 47
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AmAzon Jungle PAlAce> Local: Manaus (AM)> Data de concluso: 2009> rea de construo: 4.100 m > Projeto, clculo e construo:
Escritrio Mario Toledo
> Fabricante e montagem da estrutura metlica: Serramazon
> Volume de ao: 315 t. (aprox)> Ao empregado: ao naval grau A
bis mAring> Local: Maring (PR)> Data de concluso: 2002> rea de construo: 5.600 m> Projeto de arquitetura: Dria Lopes
Fiuza Arquitetura> Projeto estrutural: Protec Engenharia
de Projetos (Celso Pasqual)
> Construtora: Zenith Engenharia Ltda.> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Brafer> Volume de ao: 280 t.> Ao empregado: ASTM A36
mondiAl AirPort business
> Local: Guarulhos (SP)> Data de concluso: 2002> rea de construo: 31.500 m> Projeto de arquitetura: KMD Architects,
KOM Arquitetura e Planejamento e Beatriz Ometto Moreno
> Projeto estrutural: Codeme Engenharia, Eduardo Assis Fonseca
e Lcia Fadini de Leon Tanure> Construtora: Setin> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Codeme Estruturas Metlicas
> Volume de ao: 1.600 t.> Ao empregado: ASTM A36
cAesAr PArk e business clAss guArulhos> Local: Guarulhos (SP)> Data de concluso: 2001> rea de construo: 23.100 m> Projeto de arquitetura: Roberto
Candusso Arquitetos Associados> Projeto estrutural:
Codeme Engenharia
> Construtora: Andr Luiz Denon> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Codeme Engenharia
> Volume de ao: 1.080 t.> Ao empregado: ASTM A36
bis PAulistA> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2003> rea de construo: 8.500 m> Projeto de arquitetura: Roberto
Candusso Arquitetos Associados> Projeto estrutural: Codeme
Engenharia
> Construtora: Nelsom Faverzani> Fabricante e montagem da estrutura
metlica: Codeme Engenharia> Volume de ao: 410 t.> Ao empregado: ASTM A36
zado margem esquerda do Rio Negro, no entorno da Reserva de
Desenvolvimento Sustentvel do Tup e do Parque Estadual do Rio
Negro Setor Sul. Com 4.100 m2, o hotel tem 68 apartamentos, res-
taurante, elevador, bares, auditrio, sala de eventos, salo de jogos,
piscina, solrio e rea de entretenimento. Tudo construdo sobre
quatro balsas de ao naval, em chapas de 12 mm.
Segundo o gestor comercial do hotel, Manuel Shayb, as estru-
turas, coberturas, lajes e fechamento tambm foram feitos em
chapas de ao que variam entre 4 mm e 12 mm de espessura.
O resultado um hotel integrado com o meio ambiente e uma
obra realizada de maneira limpa. Alm de ser 100% reciclvel, as
estruturas em ao podem ser reaproveitadas. E durante a obra, a utili-
zao do ao chegou a gerar 25% a menos de desperdcio de materiais.
Segundo Shayb, a estrutura em ao reduz o consumo de madeira na
obra, a poluio sonora e a emisso de material particulado.
Como estamos em uma balsa, nossa segunda preocupao,
Em Londres, o hotel da rede Travelodge foi todo construdo com contineres. A agilidade um marco nesse projeto. Em apenas 20 dias, os 86 mdulos de ao trazidos da China foram estruturados em um edifcio de 120 quartos
depois do meio ambiente, o peso.
Tivemos de buscar materiais alternati-
vos, que garantissem a mesma seguran-
a e durabilidade do ao, mas com uma
compensao de peso, explica Shayb.
Por isso, nas divisrias e nos revesti-
mentos foi usado o drywall. Alm de
proporcionar reduo de peso na cons-
truo, o material permite melhor apro-
veitamento e acabamento dos espaos,
e garante um sistema acstico e trmi-
co importante para o hotel.
Outra importante referncia para
alternativas no setor hoteleiro o hotel
construdo em contineres, em Londres.
A empresa britnica Verbus Systems
desenvolveu um projeto da rede hotelei-
ra Travelodge, especializada em constru-
o modular. Em apenas 20 dias, e quase
sem causar transtornos para a vizinhan-
a, um hotel de 120 quartos foi montado
utilizando 86 contineres. Preparadas
na China, estas peas em ao chegam
a Londres com instalaes eltricas e
hidrulicas e tm dois tamanhos: um
para quartos de casal, medindo 5 m x
3 m, e outro para quartos triplos, com
3,5 m x 6 m. At o final do ano, a empre-
sa pretende inaugurar outro hotel nes-
ses moldes, com 307 quartos, na regio
prxima do aeroporto internacional de
Heathrow, em Londres. (F.L.) M
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&ARQUITETURA AO 49
hospitais
Leve e discreto, o ao responde aos projetos hospitaLares com construes Limpas e de baixo impacto ambientaL
Pela natureza dos servios que
oferecem, hospitais exigem o mnimo
possvel de alterao em sua rotina
quando necessitam de intervenes
arquitetnicas. Poucas solues so
to apropriadas para este tipo de pro-
jeto quanto o ao: o sistema construti-
vo apresenta, em primeiro lugar, nvel tolervel de rudo e permite
um canteiro de obras mais limpo e racionalizado. A praticidade
das estruturas garante a agilidade e organizao em um ambiente
que no deve nem pode ser perturbado. Entusiasta e adepto
de primeira hora do material e grande conhecedor da tipologia,
o arquiteto Joo Filgueiras Lima, o Lel, assertivo: o futuro da
arquitetura o ao.
O ao foi a melhor soluo para vencer o grande vo que separa os prdios da uni-dade Morumbi do hospital Albert Einstein
Kahn
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silncioOperao
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50 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 51
Um dos desafios do projeto do Hospital Israelita Albert Einstein
era o de tornar mais agradvel o trnsito dos pacientes dentro e
ao redor da sua unidade no Morumbi, em So Paulo. O projeto de
ampliao do hospital previa a duplicao da rea construda, alm
do aumento do nmero de leitos (de 489 para 720) e salas de cirur-
gia (de 28 para 40), entre outros acrscimos.
Arthur Brito, arquiteto do escritrio Kahn Brasil e responsvel
pelo plano diretor de ampliao do hospital, afirma que evitar a
disperso dos pacientes era uma das propostas da reforma. Em um
hospital, as pessoas tendem a se perder. Centralizar esta circulao
de pacientes e familiares foi um de nossos objetivos, diz.
A forma encontrada para alcanar esse resultado foi hori-
zontalizar os trs prdios: as passarelas curvas em ao, um dos
A ampliao do Hospital Israelita Albert Einstein prev a duplicao da rea construda. Alm do aumento de leitos (de 489 para 720), a instituio, localizada no bairro do Morumbi, ter o nmero de salas de cirurgia aumentado
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destaques do conjunto, unem os edi-
fcios, aumentando a visibilidade do
hospital e a integrao das suas alas.
Rede Sarah
Lel o arquiteto responsvel pelas
oito unidades da Rede Sarah, locali-
zadas em diferentes cidades brasilei-
ras. Um dos grandes marcos de suas
obras a criao de solues de con-
forto ambiental. Os sistemas de circu-
lao de ar do projeto permitem at
hoje que os edifcios do Rede Sarah
mesmo os instalados nas cidades mais quentes dispensem o
uso de ar-condicionado.
Alguns anos depois da construo da sede, em 1980, Braslia
ganharia seu segundo edifcio da Rede Sarah, o Lago Norte, que
ficou pronto em 2003. Com mais espao aberto para as atividades de
reabilitao e uso intensivo do ao. O casamento do ao com a arga-
massa armada permitiu a desonerao da obra, diz Lel. A elevada
meta dessa operao nascida num canteiro de obras em Braslia foi
cumprida: nos anos seguintes, os sistemas desenvolvidos pelo arqui-
teto permitiram tratamentos gratuitos e qualificados em hospitais
onde o conforto ambiental consequncia natural do projeto.
Cuidado visual tambm foi um dos esforos do projeto do
Hospital TotalCor (antigo Santa Brbara), localizado no Jardim
-
52 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 53
Paulista, bairro nobre de So Paulo.
Segundo Clia Schahim, arquiteta res-
ponsvel pelo projeto, a encomenda
do cliente, uma empresa de planos de
sade, era um hospital que oferecesse
servios de alta complexidade aos seus
segurados em um nico endereo.
O hospital oferece ainda seis salas
de cirurgia, central de esterilizao,
consultrios e UTIs. O ao foi nova-
mente a melhor sada para suprir as
demandas do terreno de 920 m2. A
sala de cirurgia do hospital precisava
ter o p-direito maior do que as outras
e, ao mesmo tempo, um espao acima
dela no qual seria construdo o vo
tcnico. Foram usadas megatrelias de
ao, que sustentam a laje da sala de
cirurgia. Alm da economia de tempo
e dinheiro, viabilizou-se o trabalho em
um canteiro de obras mnimo, explica
o engenheiro Ernesto Tarnoczy.
H outro fator determinante para
que o projeto do TotalCor fosse bem-suce-
dido: o ao permitiu que, com altura
menor de viga, se obtivesse um edif-
cio com mais andares.
Fundao Cognacq-Jay
Ao ser convidado para assinar o proje-
to de ampliao da Fundao Cognacq-
-Jay, em Paris, o arquiteto francs Jean
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Depois de 17 anos da criao do primei-ro hospital da Rede Sarah, em rea central de Braslia, detectou-se a necessidade de se ampliar os espaos abertos da instituio, necessrios para as atividades de reabilitao. A deciso culminou no projeto do Sarah Lago Norte (na pgina ao lado), concludo em 2003, com estrutura e toda a cobertura em ao. direita, o TotalCor, que ganhou um andar gra-as a utilizao das vigas em ao. Na fachada, a opo foi pelo uso do ao inox
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54 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 55
A unio dos blocos de vidro com o ao galvanizado trouxe leveza e claridade ao interior da Fundao Cognacq-Jay, em Paris. Construda no sculo 19, a casa principal ganhou dois novos anexos, projetados pelo escritrio do arquiteto francs Jean Nouvel
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HOSPITAL SANTA BRBARA> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2006> rea de construo: 8.700 m> Projeto de arquitetura: Clia Duarte
Schahin> Projeto estrutural: Ernesto Tarnoczy
> Construtora: Omar Maksoud> Fabricante e montagem da estrutura
metlica: Avantec Engenharia> Volume de ao: 550 t.> Ao empregado: ASTM A572
REDE SARAH LAgO NORTE
> Local: Braslia (DF)> Data de concluso: 2003> rea de construo: 27.863,00 m > Projeto de arquitetura: Jos
Filgueiras Lima (Lel)> Projeto estrutural: Roberto Vitorino
> Construtora: Centro de Tecnologia da Rede Sarah
> Fabricante e montagem da estrutura metlica: Centro de Tecnologia da Rede Sarah
> Volume de ao: 1.400 t.> Ao empregado: ASTM A242
> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2009 (prdio 1)
e 2011 (prdios 2 e 3)> rea de construo: 70 mil m> Projeto de arquitetura: Kahn do
Brasil Ltda. (Arthur Brito arquiteto responsvel)
> Projeto estrutural: Escritrio Tcnico Csar Pereira Lopes
(estrutura de concreto) e Andrade e Rezende Engenharia (estrutura metlica)
> Construtora: Racional Engenharia> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Sulmeta> Volume de ao: 478 t.> Ao empregado: ASTM A572
HOSPITAL ALBERT EINSTEIN (REFORMA DO PAVILHO VICKY E JOSEPH SAFRA)
Nouvel tinha diante de si um problema: dobrar a capacidade de
atendimento de um prdio no projetado de acordo com os padres
contemporneos da construo civil. A casa de repouso parisiense
construda no sculo 19 agora formada por outros dois novos edi-
fcios anexados ao antigo, que foi completamente renovado.
Segundo Julie Parmentier, arquiteta do escritrio Jean Nouvel,
durante a reforma no prdio principal, os residentes do Cognacq-Jay
foram deslocados para uma casa contgua fundao. Era preciso
que a rotina deles mudasse o mnimo possvel, diz Parmentier.
A fachada do Cognac-Jay, na qual blocos de vidro so fixados
em perfis galvanizados materiais onipresentes nos dois conjun-
tos novos , ecoa a afirmao de Lel sobre a essncia fluida deste
metal: a flexibilidade do ao permite ao arquiteto especular com
delicadeza. (F.a.) M
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56 &ARQUITETURA AO &ARQUITETURA AO 57
Os terminais de passageirOs sO impOrtantes pOntOs de OrdenaO dO fluxO humanO nas cidades. tendO O aO cOmO prOtagOnista em suas cOberturas e fechamentOs, eles se tOrnam permeveis paisagem e agradveis aOs usuriOs
pal, integrado estao ferroviria j
existente. Pensamos que este seria
o momento de criar um projeto mais
gentil para as pessoas, onde a rodoviria
seria mais do que uma rodoviria,
incluindo um terminal de nibus e
um terminal de trem, alm de uma
rea de comrcio, resume o arquite-
to Marcelo Ferraz, um dos scios do
escritrio Brasil Arquitetura.
O projeto, premiado pelo Instituto
de Arquitetos do Brasil de So Paulo
(IAB-SP) em 1998, esbarrou em um cro-
nograma curto. Precisava estar pron-
to em seis meses. Teramos de con-
tar com a velocidade construtiva do
ao, diz o arquiteto. E para o projeto
a opo traria uma garantia de contro-
le de qualidade milimtrico, rigoroso,
industrial.
Toda a superestrutura do Terminal
de Santo Andr metlica, empregan-
do apenas quatro tipos de perfis estru-
turais, desenvolvidos especialmente
para este projeto. As coberturas curvas
de telhas em ao abrigam espaos are-
jados, iluminados e de fcil circulao.
Os pisos so lajes feitas sobre estrutura
em ao. J a travessia entre os diferen-
tes terminais ganhou uma passarela
estruturada no material.
Premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil em 1998, o Terminal Rodovirio de Santo Andr partiu de um projeto em que o conforto dos passageiros prioritrio. Na opo pelo ao, os arquitetos encontraram a possibilidade de realizar a cons-truo em menos tempo e com maior controle de qualidade, tendo desenvolvido perfis especialmente para o projeto
O transpOrte pblicO a chave da organizao da circulao
de pessoas na cidade. Os terminais de passageiros tm o papel de
conectar fluxos que devem ser adensados durante os jogos da Copa
do Mundo de 2014. Recebendo a cada dia mais pessoas s no lti-
mo ano a cidade de So Paulo teve um aumento de 13% no nmero
de usurios de transportes urbanos , terminais de passageiros
em todo o Pas tm sido projetados, reformados ou restaurados
utilizando-se das qualidades construtivas do ao.
estaes de passageiros
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Passagem livre
O Terminal Rodovirio de Santo
Andr (SP) um dos melhores exemplos
desta utilizao. Em 1999, a Prefeitura
lanou o projeto do Eixo Tamanduate,
que pretendia redesenhar a infraes-
trutura urbana da cidade. O projeto
acabou restrito construo de um
novo terminal rodovirio intermunici-
No terminal de nibus urbanos da Lapa o partido arquitetnico
foi elaborado a partir do dilogo da construo em um contexto no
qual alguns edifcios como o mercado municipal, a estao ferro-
viria e a antiga garagem de bondes da Lapa so protagonistas. As
coberturas curvas em ao das plataformas de 110 m de comprimen-
to se sobressaem na obra e permitem o melhor aproveitamento da
iluminao natural. Os arcos em ao sustentam teras do mesmo
material, que servem de apoio para telhas do tipo sanduche.
As estaes da CPTM seguem um padro de construo muito
prximo. Normalmente, todas tm uma rea de acesso construda
inteiramente em estrutura em ao. Do outro lado, a rea de embar-
que representa um dos destaques do projeto: uma cobertura curva
em ao, material usado tambm na passarela que liga as duas reas
da estao. A Estao Santo Amaro, por exemplo, une duas linhas e
tem duas estaes ligadas: a antiga, em ao patinvel, e a nova, com
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58 &ARQUITETURA AO
uma plataforma intermediria met-
lica, que ajuda na organizao do fluxo
de passageiros estratgia que dever
ser utilizada nas ampliaes das linhas
metrovirias da capital paulista.
Uma cpula de vidro com 18 m de
dimetro e 9 m de altura cobre o corpo
principal da estao, permitindo ilu-
minao e ventilao naturais alm
de economia de 50% nos custos de
implantao e manuteno do siste-
ma de ventilao. A passarela de cir-
culao dos passageiros foi feita com
estrutura metlica modulada e lajes do
tipo steel deck.
O Expresso Tiradentes um corre-
dor exclusivo de transporte pblico da
capital paulista com 31,8 km de exten-
so. Ligando o Parque Dom Pedro II,
no centro de So Paulo, aos bairros do
Sacom e Cidade Tiradentes, o termi-
nal, inteiramente coberto, recebe 350
mil passageiros por dia. A obra faz
parte de uma nova gerao de corre-
a estrutura de concreto e a cobertura
em ao.
Amplamente usadas na construo
contempornea, as coberturas metli-
cas comearam a ser utilizadas a partir
da segunda metade do sculo 19. A pri-
meira construda na cidade de So Paulo
foi projetada pelo britnico Charles
Henry e apresentada populao em
1901 com a inaugurao da Estao da
Luz. Os elementos da estrutura met-
lica e da cobertura foram importados
da Esccia, j que naquele momento a
indstria siderrgica brasileira era ine-
xistente. Com inspirao neoclssica, a
cobertura metlica em arcos treliados
vence o vo de 39 m do terminal de pas-
sageiros. Os arcos so acompanhados
por vigas e consolos de chapas rebita-
das e acrscimos decorativos.
Entre 2002 e 2005, como parte das
comemoraes dos 450 anos da cidade
de So Paulo, a Estao da Luz foi intei-
ramente restaurada, com os aspectos
estruturais e histricos do edifcio reno-
vados e readaptados para os atuais trens
metropolitanos. Hoje, com 13,2 mil m2, a
estao recebe diariamente uma mdia
de 320 mil usurios.
Assim como no Terminal da Lapa,
a silhueta da capital paulista tambm
foi incorporada ao projeto da estao
do metr do Alto do Ipiranga. O vidro
criou uma rea translcida que permi-
te contemplar o cenrio do tradicional
bairro do Ipiranga. O projeto, que toma
como ponto de partida um grande poo
circular de 34 m de dimetro e 25 m
de profundidade, inovador ao usar
vidro, ao e cores fortes. Planejada para
atender a uma demanda diria de 40
mil passageiros, a estao apresenta
&ARQUITETURA AO 59
O Terminal de nibus Urbanos da Lapa (acima) foi pensado de modo a se relacionar visualmente com as construes do seu entorno. As coberturas curvas em ao con-tribuem com este partido, ao mesmo tempo em que permitem entrada de luz natural. J nas estaes da CPTM, como a Santo Amaro, o antigo terminal se liga ao novo
A primeira cobertura em ao da cidade de So Paulo foi construda em 1901, na Estao da Luz (acima). Os arcos treliados restaurados em 2005 vencem o vo de 39 m do terminal de passageiros. Em construes mais recentes, como a estao de metr Alto do Ipiranga (abaixo) as coberturas metlicas tambm so uma opo para acelerar o prazo de execuo da obra e incorporar a paisagem urbana ao projeto
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&ARQUITETURA AO 61
ExprEsso TiradEnTEs
> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2007> rea de construo: 2.850 m > Projeto de arquitetura: Ruy Ohtake
Arquitetura e Urbanismo Ltda.> Projeto estrutural: Limonge de
Almeida S/C
> Construtora: Consrcio Queiroz Galvo/Andrade Gutierrez
> Volume de ao: 1.100 t.> Ao empregado: ao patinvel
de maior resistncia corroso atmosfrica
TErminal rodofErrovirio dE sanTo andr
> Local: Santo Andr (SP)> Data de concluso: 1999> rea de construo: 8.653 m> Projeto de arquitetura: Brasil
Arquitetura S/C Ltda (arq. Francisco de Paiva Fanucci e arq. Marcelo Carvalho Ferraz)
> Projeto estrutural: Fabio Oyamada
> Construtora: Projeo> Fabricante e montagem da estrutura
metlica: Alusud e Metasa> Volume de ao: 210 t.> Ao empregado: ao patinvel
de maior resistncia corroso atmosfrica
TErminal da lapa
> Local: So Paulo (SP)> Data de concluso: 2003> rea de construo: 6.597,46 m> Projeto de arquitetura: Luciano
Margotto Soares, Marcelo Ursini e Srgio Salles (Ncleo de Arquitetura)
> Projeto estrutural: Jorge Hauy (Hauy & Bechara Engenheiros
Associados Ltda.)> Construtora: Paulitec> Fabricante e montagem da
estrutura metlica: Paulitec> Volume de ao: 594 t.> Ao empregado: ao patinvel
de maior resistncia corroso atmosfrica
No Expresso Tiradentes, projetado por Ruy Ohtake, 250 toneladas de ao foram aplicadas na construo da cobertura e dos fechamentos laterais, visando o maior conforto dos 350 mil passageiros que utilizam diariamente o corredor de trans-porte pblico na capital paulista
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dores de transporte coletivo, monitorados em toda a extenso, com
sinalizao e acessos seguros ampliados.
Projetado por Ruy Ohtake, o Exp