Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos
-
Upload
domenicosturiale -
Category
Education
-
view
136 -
download
5
Transcript of Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos
![Page 1: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/1.jpg)
Aula de literatura 2º bimestre
Português – Prof. Domênico
![Page 2: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/2.jpg)
Gêneros literários
Padrões de composição literária utilizados para dar forma à imaginação
![Page 3: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/3.jpg)
Gênero épico
Padrão de composição literária caracterizado por uma narrativa longa em versos e em estilo solene protagonizada
por um herói
![Page 4: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/4.jpg)
Partes de uma epopeia
Proposição (tema / herói)
Invocação (musa inspiradora)
Narração
Conclusão
![Page 5: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/5.jpg)
Século XVIII
Epopeia Romance
Herói épico Herói moderno (anti-herói)
![Page 6: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/6.jpg)
Herói épico Herói moderno
Representa um grupo. É apenas um indivíduo que representa a si mesmo.
Recebe ajuda do alto. Muitas vezes, desvincula-se de um plano sobrenatural.
Tem origem nobre. É um cidadão comum.
Possui características extraordinárias.
Tem características ordinárias.
Enfrenta obstáculos incomuns. Enfrenta problemas do dia a dia.
![Page 7: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/7.jpg)
Gênero lírico
Padrão de composição literária em que um eu lírico, poético ou poemático manifesta
seu mundo interior.
![Page 8: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/8.jpg)
Elementos do poema
Ritmo
Metro
Estrofe
Som (rima)
![Page 9: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/9.jpg)
Ritmo
Sucessão alternada de sílabas tônicas e átonas
![Page 10: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/10.jpg)
Metro
Medida do verso
![Page 11: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/11.jpg)
Número de sílabas Nome do verso
1 Monossílabo
2 Dissílabo
3 Trissílabo
4 Tetrassílabo
5 Pentassílabo (redondilha menor)
6 Hexassílabo
7 Heptassílabo (redondilha maior)
8 Octossílabo
9 Eneassílabo
10 Decassílabo (medida nova)
11 Hendecassílabo
12 Dodecassílabo (alexandrino)
![Page 12: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/12.jpg)
VERSOS MONOSSILÁBICOS
![Page 13: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/13.jpg)
VogarRolarOardolarnaflorháporA
mor(Martins Fontes, “Soneto monossilábico”)
![Page 14: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/14.jpg)
VERSOS DISSILÁBICOS
![Page 15: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/15.jpg)
EstrelasSingelasLuzeiros Fagueiros
(Fagundes Varela, in “Cantos religiosos”)
![Page 16: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/16.jpg)
VERSOS TRISSILÁBICOS
![Page 17: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/17.jpg)
Vem a auroraPressurosaCor de rosa,Que se coraDe carmim;A seus raiosAs estrelas,
Que eram belas,Têm desmaios,
Já por fim.(Gonçalves Dias, in “A tempestade”)
![Page 18: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/18.jpg)
VERSOS TETRASSILÁBICOS
![Page 19: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/19.jpg)
O inverno bradaForçando as portas...
Oh! que revoadaDe folhas mortasO vento espalha
(Alphonsus de Guimaraens)
![Page 20: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/20.jpg)
VERSOS PENTASSILÁBICOS
![Page 21: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/21.jpg)
Não chores, que a vidaÉ luta renhida:Viver é lutar.
(Gonçalves Dias)
![Page 22: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/22.jpg)
VERSOS HEXASSILÁBICOS
![Page 23: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/23.jpg)
Ó sono! ó noivo pálidoDas noites perfumosas,
Que um chão de nebulosasTrilhas pela amplidão!
(Castro Alves)
![Page 24: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/24.jpg)
VERSOS HEPTASSILÁBICOS
![Page 25: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/25.jpg)
Pedir beijo é uma toliceQue não merece perdão.
É como pedir a frutaQue caia na nossa mão.
(Soares da Cunha)
![Page 26: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/26.jpg)
Ubiquidade
Estás em tudo que penso,
Estás em quanto imagino;
Estás no horizonte imenso,
Estás no grão pequenino.
Estás na ovelha que pasce,
Estás no rio que corre:
Estás em tudo que nasce,
Estás em tudo que morre.
Em tudo estás, nem repousas,
Ó ser tão mesmo e diverso!
(Eras no início das coisas,
Serás no fim do universo).
Estás na alma e nos sentidos
Estás no espírito, estás
Na letra, e, os tempos cumpridos,
No céu, no céu estarás.
(Manuel Bandeira)
![Page 27: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/27.jpg)
VERSOS OCTOSSILÁBICOS
![Page 28: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/28.jpg)
Lembra-te bem! Azul-celesteEra essa alcova em que te amei.
O último beijo que me desteFoi nessa alcova que o tomei!
(Olavo Bilac)
![Page 29: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/29.jpg)
VERSOS ENCASSILÁBICOS
![Page 30: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/30.jpg)
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,Cai, gota a gota, do coração.
(Manuel Bandeira)
![Page 31: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/31.jpg)
VERSOS DECASSILÁBICOS
![Page 32: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/32.jpg)
CamõesOs lusíadas
Canto primeiro (Proposição)
(1) As armas e os barões assinaladosQue, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçadosMais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaramNovo reino, que tanto sublimaram;
![Page 33: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/33.jpg)
CamõesOs lusíadas
Canto primeiro (Proposição)
(2)E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatandoA Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,E aqueles que por obras valerosasSe vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.
![Page 34: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/34.jpg)
CamõesOs lusíadas
Canto primeiro (Invocação)
(4)E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipocrene.
![Page 35: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/35.jpg)
CamõesOs lusíadas
Canto primeiro (Invocação)
(5)Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;Dai-me igual canto aos feitos da famosaGente vossa, que a Marte tanto ajuda:Que se espalhe e se cante no universo,Se tão sublime preço cabe em verso.
![Page 36: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/36.jpg)
EscravaÓ meu Deus, ó meu dono, ó meu Senhor,
Eu te saúdo, olhar do meu olhar,
Fala da minha boca a palpitar,
Gesto das minhas mãos tontas de amor!
Que te seja propício o astro e a flor,
Que a teus pés se incline a Terra e o Mar,
P’los séculos dos séculos sem par,
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu Senhor!
Eu, doce e humilde escrava, te saúdo,
E, de mãos postas, em sentida prece,
Canto teus olhos de oiro e de veludo.
Ah! esse verso imenso de ansiedade,
Esse verso de amor que te fizesse
Ser eterno por toda a Eternidade!...
(Florbela Espanca)
![Page 37: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/37.jpg)
VERSOS HENDECASSILÁBICOS
![Page 38: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/38.jpg)
Alvas pétalas do lírio de tua alma...(Hermes Fontes)
![Page 39: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/39.jpg)
VERSOS DODECASSILÁBICOS
![Page 40: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/40.jpg)
No meio das tabas de amenos verdores,Cercadas de troncos – cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,Temíveis na guerra, que em densas coortesAssombram das matas a imensa extensão
São rudos, severos, sedentos de glória,Já prélios incitam, já cantam vitória,Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!(Gonçalves Dias, in “I-Juca Pirama”)
![Page 41: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/41.jpg)
Gonçalves Dias“A tempestade”
Um raioFulgura
No espaçoEsparso,De luz;
E trêmuloE puro
Se aviva,S’esquiva,
RutilaSeduz!
![Page 42: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/42.jpg)
Vem a auroraPressurosaCor de rosa,Que se coraDe carmim;A seus raiosAs estrelas,
Que eram belas,Têm desmaios,
Já por fim.
![Page 43: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/43.jpg)
O sol despontaLá no horizonte,
Doirando a fonte,E o prado e o monte
E o céu e o mar;E um manto beloDe vivas cores
Adorna as floresQue entre verdores
Se vê brilhar.
![Page 44: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/44.jpg)
Um ponto aparece,Que o dia entristece,O céu, onde cresce,De negro a tingir;Oh! vede a procelaInfrene, mas bela,No ar s’encapelaJá pronta a rugir!
![Page 45: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/45.jpg)
Não solta a voz canoraNo bosque o vate alado,
Que um canto d’inspiradoTem sempre a cada aurora;
É mudo quanto habitaDa terra n’amplidão.A coma então luzenteSe agita do arvoredo
E o vate um canto a medoDesfere lentamente,
Sentindo opresso o peitoDe tanta inspiração.
![Page 46: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/46.jpg)
Fogem do vento que rugeAs nuvens aurinevadas,
Como ovelhas assustadasDum fero lobo cerval;
Estilham-se como as velasQue no alto mar apanha,
Ardendo na usada sanha, Subitâneo vendaval.
![Page 47: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/47.jpg)
Bem como serpentes que o frioEm nós emaranha – salgadas
As ondas s’estanham, pesadasBatendo no frouxo areal.
Disseras que viras vagandoNas furnas do céu entreabertasQue mudas fuzilam, – incertas Fantasmas do gênio do mal!
![Page 48: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/48.jpg)
E no túrgido ocaso se avistaEntre a cinza que o céu apolvilha,
Um clarão momentâneo que brilha,Sem das nuvens o seio rasgar;
Logo um raio cintila e mais outro,Ainda outro veloz, fascinante,
Qual centelha que em rápido instanteSe converte d’incêndios em mar.
![Page 49: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/49.jpg)
Um som longínquo cavernoso e oco rouqueja e n’amplidão do espaço morre;
Eis outro ainda mais perto, inda mais rouco,
Que alpestres cimos mais veloz percorre,Troveja, estoura, atroa; e dentro em poucoDo Norte ao Sul – dum ponto a outro corre:
Devorador incêndio alastra os ares,Enquanto a noite pesa sobre os mares.
![Page 50: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/50.jpg)
No últimos cimos dos montes erguidosJá silva, já ruge do vento o pegão;
Estorcem-se os leques dos verdes palmares,Volteiam, rebramam, doudejam nos ares,
Até que lascados baqueiam no chão.
Remexe-se a copa dos troncos altivos,Transtorna-se, tolda, baqueia também;E o vento, que as rochas abala no cerro,
Os troncos enlaça nas asas de ferro,E atira-os raivoso dos montes além.
![Page 51: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/51.jpg)
Da nuvem densa, que no espaço ondeia,Rasga-se o negro bojo carregado,
E enquanto a luz do raio o sol roxeia,Onde parece à terra estar colado,
Da chuva, que os sentidos nos enleia,O forte peso em turbilhão mudado,
Das ruinas completa o grande estrago,Parecendo mudar a terra em lago.
![Page 52: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/52.jpg)
Inda ronca o trovão retumbante,Inda o raio fuzila no espaço,
E o corisco num rápido instanteBrilha, fulge, rutila e fugiu.
Mas se à terra desceu, mirra o tronco,Cega o triste que iroso ameaça,
E o penedo, que as nuvens devassa,Como tronco sem viço partiu.
![Page 53: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/53.jpg)
Deixando a palhoça singela,Humilde labor de pobreza,Nivela os fastígios sem dó;
E os templos e as grimpas soberbas,Palácio ou mesquita preclara,
Que a foice do tempo poupara,Em breves momentos é pó.
![Page 54: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/54.jpg)
Cresce a chuva, os rios crescemPobres regatos s’empolam,E nas turbas ondas rolamGrossos troncos a boiar!
O córrego qu’inda há poucoNo torrado leito ardia,
É já torrente braviaQue da praia arreda o mar.
![Page 55: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/55.jpg)
Mas ai do desditoso,Que viu crescer a enchente
E desce descuidosoAo vale, quando sente
Crescer dum lado e d’outroO mar da aluvião!
Os troncos arrancadosSem rumo vão boiantes;
E os tetos arrasados,Inteiros, flutuantes,
Dão antes crua morte,Que asilo e proteção!
![Page 56: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/56.jpg)
Porém no ocidenteS’ergue de repente
O arco luzente,De Deus o farol:
Sucedem-se as cores,Qu’imitam as flores,
Que lembram primoresDum novo arrebol.
![Page 57: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/57.jpg)
Nas águas pousa;E a base viva
De luz esquiva,E a curva altivaSublima ao céu;
Inda outro arqueia,Mais desbotado,Quase apagado,Como embotadoDe tênue véu.
![Page 58: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/58.jpg)
Tal a chuvaTransparece,
Quando desceE ainda vê-se
O sol luzir;Como a virgem,Que numa hora
Ri-se e cora,Depois choraE torna a rir.
![Page 59: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/59.jpg)
A folhaLuzente
Do orvalhoNitenteA gotaRetrai:Vacila,Palpita;
Mais grossa,Hesita,E tremeE cai.
![Page 60: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/60.jpg)
Estrofe
Linha (verso) ou agrupamento de linhas (versos)
![Page 61: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/61.jpg)
Número de versos Nome da estrofe
1 Monóstico
2 Dístico ou parelha
3 Terceto
4 Quarteto ou quadra
5 Quinteto ou quintilha
6 Sexteto ou sextilha
7 Sétima, septena ou septilha
8 Oitava
9 Novena ou nona
10 Décima
![Page 62: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/62.jpg)
DÍSTICO OU PARELHA
![Page 63: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/63.jpg)
Embora seja céu de estio,As estrelas morrem de frio.
(Alphonsus de Guimaraens, in “Barcarola”)
![Page 64: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/64.jpg)
Os miseráveis, os rotosSão as flores dos esgotos.
São espectros implacáveisOs rotos, os miseráveis.
São prantos negros de furnasCaladas, mudas, soturnas.
(Cruz e Sousa, in “Litania dos pobres”)
![Page 65: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/65.jpg)
TERCETO
![Page 66: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/66.jpg)
Negrinho do Pastoreio,venho acender a velinha
que palpita em teu louvor.(Augusto Meyer, in “Oração ao negrinho do
pastoreio)
![Page 67: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/67.jpg)
QUADRA OU QUARTETO
![Page 68: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/68.jpg)
Trigueirinha, – foge, foge, – Vê que eu não sou trovador,
Eu sou filósofo, – ouviste?Eu não entendo de amor.
(Junqueira Freire, in “A trigueirinha”)
![Page 69: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/69.jpg)
QUINTILHA
![Page 70: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/70.jpg)
Numa colina azul brilha um lugar calado.Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,
Com teu chapéu de palha, desabado,Tu continuas na azinhaga: ao ladoVerdeja, vicejante, a nossa vinha.
(Cesário Verde, in “De verão”)
![Page 71: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/71.jpg)
SEXTILHA
![Page 72: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/72.jpg)
Amigo! O campo é o ninho do poeta...Deus fala, quando a turba está quieta,
Às campinas em flor.– Noivo – Ele espera que os convivas
saiam...E n’alcova, onde lâmpadas desmaiam,
Então murmura – amor – (Castro Alves, in “Sub tegmine fagi”)
![Page 73: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/73.jpg)
SÉTIMA, SETENA OU SETILHA
![Page 74: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/74.jpg)
– Estavam todos dormindoEstavam todos deitados
DormindoProfundamente
Quando eu tinha seis anosNão pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci(Manuel Bandeira, in “Profundamente”)
![Page 75: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/75.jpg)
OITAVA
![Page 76: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/76.jpg)
Se eu morrer muito novo, oiçam isto:Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,De uma religião universal que só os homens
não têm.Fui feliz porque não pedi coisa alguma,
Nem procurei achar nada,Nem achei que houvesse mais explicaçãoQue a palavra explicação não ter sentido
nenhum.(Fernando Pessoa, in “Poemas inconjuntos”)
![Page 77: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/77.jpg)
NONA
![Page 78: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/78.jpg)
Quando eu nasci, raiavaO claro mês das garças forasteiras;
Abril, sorrindo em flor pelos outeiros,Nadando em luz na oscilação das ondas,
Desenrolava a primavera de ouro:E as leves garças, como folhas soltasNum leve sopro de aura dispersadas,Vinham do azul do céu turbilhonandoPousar o voo à tona das espumas...
(Vicente de Carvalho, in “Palavras ao mar”)
![Page 79: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/79.jpg)
DÉCIMA
![Page 80: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/80.jpg)
Também eu ergo às vezesImprecações, clamores e blasfêmias
Contra essa mão desconhecida e vagaQue traçou o meu destino... Crime absurdo
O crime de nascer! Foi o meu crime.E eu expio-o vivendo, devorado
Por esta angústia do meu sonho inútil.Maldita a vida que promete e falta,
Que mostra o céu prendendo-nos à terra,E, dando as asas, não permite o voo!
(Vicente de Carvalho, in “Palavras ao mar”)
![Page 81: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/81.jpg)
Rimas finais
Identidade ou semelhança de sons no final dos versos
![Page 82: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/82.jpg)
Rimas paralelas(emparelhadas ou geminadas)
AABB
Pode em redor de ti, tudo se aniquilar:– Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,Porque a vida perpétua arde em tuas
entranhas!(Olavo Bilac, in “A alvorada do amor”)
![Page 83: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/83.jpg)
Rimas intercaladas(interpoladas, opostas ou contrapostas)
A - - A
Eu me lembro! eu me lembro! – Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramiaE, erguendo o dorso altivo, sacudiaA branca espuma para o céu sereno.
(Casimiro de Abreu, in “Deus”)
![Page 84: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/84.jpg)
Rimas alternadas(cruzadas, entrecruzadas ou entrelaçadas)
ABAB
Filhos do Novo Mundo! ergamos nós um grito
Que abafe dos canhões o horríssono rugir,Em frente do oceano! em frente do
infinito!Em nome do progresso! em nome do
porvir.(Castro Alves, in “No meeting do comité du
pain”)
![Page 85: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/85.jpg)
Rimas pobres
Entre as ruinas de um convento,De uma coluna quebrada
Sobre os destroços, ao ventoVive uma flor isolada
(Alberto de Oliveira, in “Flor santa”)
![Page 86: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/86.jpg)
Rimas ricas
O coração que bate neste peitoE que bate por ti unicamente,
O coração, outrora independente,Hoje humilde, cativo e satisfeito.
(Luís Guimarães, Jr. in “O coração que bate...”)
![Page 87: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/87.jpg)
Rimas consoantes
Casos de amor! tenho os ouvidos cheiosDe ouvi-los relatar em prosa e em versos:
Juras, ingratidões, ciúmes, anseios,Almas traidoras, corações perversos.
(Bastos Tigre, in “Amores alheios”)
![Page 88: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/88.jpg)
Rimas toantes
Em cima daquele morropassa boi, passa boiada;
também passa uma meninade cabelo encacheado.
![Page 89: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/89.jpg)
Rimas toantes
“Na encruzilhada da vidaMuitas vidas vi passar...”
Disse-me o poeta, naquelaNoite clara, ao pé do mar.
E nas mãos magras e longasOs dedos punha a contar:
“Uma sombra, duas sombras...Mas passaram sem parar.”
(Olegário Mariano, in “Romance ao pé do mar”)
![Page 90: Revisão 2o bimestre 2012 primeiros anos](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062320/55b1e4f4bb61eb50788b47be/html5/thumbnails/90.jpg)
Rimas toantes
O cristal do Tejo AnardaEm ditosa barca sulca;
Qual perla, Anarda se alinda,Qual concha, a barca se encurva.(Botelho de Oliveira, in “Romance I”)