Resumo Nº 01 - Psicologia Da Educação 2014.1 (Leandro Maia) (Média Final 5,1)
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Universidade Federal do Rio de Janeiro / Instituto de Filosofia e Ciências SociaisLicenciatura em Ciências Sociais1º Semestre de 2014 (5º período)Psicologia da EducaçãoProfessora Celeste KelmanLeandro Maia Gonçalves – DRE: 112084003
Resumo: A Contribuição da Psicanálise à Educação
CARRARA, K. (Org.). A Contribuição da Psicanálise à Educação. Capítulo I, p. 13-46 –Elena Etsuko Shirahige e Marília Matsuko Higa. Introdução à Psicologia da Educação:seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004.
Psicanálise designa uma ciência, escola psicológica dedicada ao psiquismo que utiliza
métodos para compreender seus fenômenos, desde o surgimento da Psicologia, na Alemanha,
por volta de 1850, como ciência independente para o estudo da consciência, que pensavam ser
ligada aos sentidos. Freud foi contrário a essa ideia, sob alegação da análise da consciência ser
limitada e inadequada, pois estudar o comportamento exigia analisar o inconsciente. Ele
comparou a mente humana a um iceberg, cuja parte visível era a consciência, e a maior parte,
a submersa, o inconsciente. No inconsciente estão sentimentos e impulsos reprimidos que
influenciam pensamentos e ações do homem. Freud descobriu o nível inconsciente da
personalidade, teoria chamada de Psicologia Profunda. Ele nasceu em 6 de maio de 1856, na
Morávia, e morreu em 23 de setembro de 1939, em Londres. Formou-se em Medicina em
Viena, em 1881, saindo durante a ocupação nazista. A escassez de oportunidades acadêmicas
para judeus o forçou a exercer a profissão. Se especializou em doenças nervosas, e seu
trabalho com doentes mentais o levou a estudar a anormalidade da personalidade. Mais de 40
anos de descobertas formam o acervo da teoria psicanalítica, com parcerias que colaboraram
para moldar seu pensamento. Em Paris, participou com o psiquiatra Jean Charcot, que
utilizava a hipnose, de estudos que levaram ao primeiro postulado de sua teoria, o da natureza
psíquica da histeria. Ele concluiu que conteúdos inconscientes influenciam o comportamento.
Trabalhou com o médico vienense Breuer, que utilizava a catarse – purificação, em grego –, e
pacientes eram curados de sintomas falando de si próprios. Influenciado por Breuer,
desenvolveu o método da associação livre, no qual o paciente fala o que vem à mente, e pela
associação entre as ocorrências, destacou a importância das mesmas na primeira infância para
a formação da personalidade.
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Para Freud, a histeria se devia a conflitos sexuais, mas Breuer mantinha a visão
tradicional, e por isso se afastaram. Freud foi trabalhar sozinho, e publicou A interpretação
dos sonhos, sua primeira grande obra, em 1900. Seus estudos sobre a histeria foram
relevantes, ressaltando a importância das fantasias na vida mental dos pacientes. O
desenvolvimento da função sexual resulta em A sexualidade infantil, que chocou a sociedade
e foi pretexto para a resistência à Psicanálise.
Crítico de práticas educacionais da época, não publicou nada sobre o assunto. Seus
contemporâneos culpavam a industrialização por casos de doenças mentais, mas Freud
atribuía à moralização da sexualidade, papel da educação na época. Ele esperou em vão que
educadores buscassem na Psicanálise ações para a prevenção de neuroses.
Como método estrutural, a Psicanálise divide o sistema psíquico em id, ego e superego,
que atuam interligados, mas tem funções independentes. O id é a matriz onde ego e superego
se diferenciam, é onde está a herança psicológica, impulsos, a realidade subjetiva, é de onde
vem energia física para o funcionamento dos outros sistemas: é a parte biológica da
personalidade. O ego interliga os instintos ao ambiente, o id ao superego. O superego é o
último a se desenvolver. Censor do ego, bloqueia instintos agindo como componente social.
Freud classifica os processos mentais como inconsciente, consciente e pré-consciente,
onde o inconsciente é o lugar dos impulsos instintivos e representações reprimidas. Impulsos
não-necessários (censurados) são proibidos pela repressão ou recalque. O consciente é tudo
que conhecemos, a percepção do mundo subjetivo. O pré-consciente liga o inconsciente à
consciência, é onde estão informações ainda não conscientes pela vontade da pessoa.
Os instintos (impulso instintivo ou pulsão) detém a energia que os sistemas da
personalidade precisam para suas tarefas, e sua distribuição depende de qual sistema se
sobrepõe. O ego alerta para o perigo. A ansiedade nos protege, controlando nossos desejos.
Mecanismos de defesa do ego são inconscientes. A repressão (recalque) expulsa
impulsos “proibidos” da consciência, como o funcionário embriagado, hostil ao chefe a quem
trata bem quando sóbrio. Negação é a fuga das evidências e à angústia da realidade, como o
fumante que nega a prova dos males do fumo. Formação reativa expressa sentimentos opostos
à ansiedade; se o ego se vê sob a ameaça do ódio, este aparecerá sob o disfarce do amor, e
vice-versa. Projeção é atribuir inconscientemente aos outros seus próprios conflitos interiores,
como o marido ciumento, inconsciente dos impulsos de infidelidade. Racionalização são
explicações racionais para justificar ações de origem emocional.
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A fixação é a permanência num estágio primitivo do desenvolvimento em razão de
frustrações ou ansiedade pelo estágio seguinte. Regressão é retornar a um estágio anterior,
como a criança que volta a chupar dedo ou a urinar na roupa em seu primeiro dia de aula.
Deslocamento é transferir descarga afetiva do objeto original para um substitutivo, como o
homem bater na esposa por ser humilhado pelo patrão. Sublimação é desviar impulsos
inconscientes dos objetos primitivos para fins socialmente úteis.
Freud divide as fases do desenvolvimento da sexualidade infantil em oral, anal, fálica,
período de latência e fase genital. Ele se aprofunda no tema em A sexualidade infantil, onde
postula a existência de impulsos desde a infância, com importante papel na educação.
A fase oral dura em média o primeiro ano e meio, e a boca é a principal área da libido.
A fase anal, de mesma duração, tem o ânus como principal zona erógena. Na fase fálica, entre
três e quatro anos, esta zona está nos genitais, e o pênis é o objeto de desejo em ambos os
sexos, tendo o clitóris como correspondente. As fases não são totalmente deixadas, mas
agregam-se. São desvios da sexualidade. O complexo de Édipo surge na fase fálica. O
triângulo entre pai, mãe e filho é uma relação de amor ao progenitor do sexo oposto e ciúmes
do progenitor do mesmo sexo. O complexo de castração se dá quando, em razão de desejar a
mãe e rivalizar com o pai, o filho teme uma possível punição, como ser castrado pelo pai.
Correspondente ao complexo de castração, a menina descobre não ter pênis (a mãe não
lhe deu), gerando inveja e interesse pelo pênis paterno. O narcisismo é o comportamento de
quem ama a si mesmo, ao extremo, e seu corpo vira objeto e fonte de prazer, como no bebê.
O período de latência ocorre entre a 1ª e a 4ª série, antes da adolescência. Com certa
estabilidade das tensões individuais, se desenvolvem habilidades e valores sociais.
Sobre a fase genital, a base da personalidade forma-se no fim da fase fálica, e a
adolescência reativa impulsos sexuais adormecidos no período de latência. O adolescente
revive o período edipiano ao sentir-se atraído pelo sexo oposto, e impulsos antes voltados para
os pais, se dirigem a pessoas semelhantes a eles. A socialização e escolha profissional se
desenvolvem nessa fase. A criança narcisista se torna um adulto socializado e realista.
Freud esperava que a Psicanálise contribuísse com a educação, mas algumas autoras
defendiam que Psicanálise e Pedagogia caminhavam contrariamente. Kupfer dizia que
enquanto psicanalista Freud foi antipedagogo, mas fundamental em sua contribuição com a
teoria psicanalítica, revolucionária para a época, e que ainda hoje serve de base para
discussões e debates.
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Ideias de Freud mudaram o cenário cultural e científico, como o conceito de
transferência, relação emocional médico-paciente que varia da admiração e devoção à
inimizade e hostilidade e deriva de relações afetivo-sexuais anteriores, ocorrendo também na
relação professor-aluno. Contribuições da Psicanálise ajudaram a ver a sexualidade
relacionada às atividades prazerosas, como a amamentação, com sensações no bebê e na mãe.
Freud associou a doença nervosa à educação moral repressora. Noções de pecado e
pudor inibiriam impulsos sexuais e seu desenvolvimento, agindo como reforçador moral.
A Psicanálise contribui com a educação na busca do equilíbrio no uso da autoridade.
Suprimir impulsos parciais é inútil e pode levar à neurose, e o educador precisa utilizar essa
energia, como com o voyeur, levando-o a contemplar o mundo e guiando sua curiosidade ao
conhecimento, e não deve reprimir a criança que leva objetos à boca, mas fornecer a ela o
“alimento” pelo conhecimento e atividades artísticas. Com os aspectos perversos da
sexualidade infantil, a Psicanálise revela um mal inato do ser humano, e sugere desviá-lo para
fins úteis à sociedade, e parece propor ao educador a busca junto ao educando do equilíbrio
entre prazer individual e necessidades coletivas. Nos primeiros trabalhos, Freud considerava
secundário o papel do educador, e em 1918 colocou que a dissimulação dos adultos sobre
sexualidade levava crianças à neurose e perversão. Defendia a educação sexual e dizia que
amedrontá-las com argumentos religiosos era prejudicial. Privilegiou a educação em função
da sexualidade, e insistiu na “educação da realidade”, para o homem não permanecer na
infância. O educador precisa equilibrar permissão e proibição, sem chocar exigências sociais.
Psicopedagogia refere-se ao tratamento da aprendizagem, do ensino e suas dificuldades.
Sua origem no Brasil vem da fragmentação da educação: Pedagogia separada da Psicologia.
Surge a Sociologia e Psicologia da Educação. Seu objeto é o aluno e a aprendizagem.
A Psicanálise contribuiu com abordagens sobre problemas de aprendizagem, e os
autores Jorge Visca e Sara Pain, talvez os mais conhecidos representantes da abordagem
afetivo cognitiva, buscam na Psicanálise subsídios para compreensão de tais problemas.
Descobertas como o inconsciente e a pulsão de morte são incompatíveis com a Pedagogia,
impedindo a criação de metodologia adequada. Mas, a Psicanálise ajuda a entender as
questões do aluno no desenvolver de sua personalidade, e ao educador possibilita reavaliar
atitudes e concepção acerca da aprendizagem, lembrando-o que psicologicamente ambos tem
a mesma estrutura. O processo de aprendizagem envolve a união do desejo de ensinar do
professor com o de aprender do aluno, e a troca nessa relação é essencial.
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