Resumo - Ars Antiqua e Trovadorismo

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Centro de Estudos Musicais Tom Jobim - Diego Augusto Maria Baptista - Evandro César Ferreto - Fernando Henrique Ferreira - Ígor Oliveira - Paula A. Arraya Aviles - Simone da Silva ARS ANTIQUA .panorama histórico. .ars antiqua. .arte gótica. .organum. .instrumentos medievais. .trovadorismo.

Transcript of Resumo - Ars Antiqua e Trovadorismo

Centro de Estudos Musicais Tom Jobim- Diego Augusto Maria Baptista - Evandro Csar Ferreto - Fernando Henrique Ferreira - gor Oliveira - Paula A. Arraya Aviles - Simone da Silva

ARS ANTIQUA.panorama histrico. .ars antiqua. .arte gtica. .organum. .instrumentos medievais. .trovadorismo.

PANORAMA HISTRICOO perodo histrico ao qual pertence a Ars Antiqua conhecido como Baixa Idade Mdia, que corresponde ao perodo entre o sculo XII a meados do sculo XV, perodo bastante conturbado e de grandes transformaes como: as Cruzadas peste negra crises na Igreja Catlica crises no sistema feudal renascimento do mundo urbano revigoramento das atividades comerciais nascimento da burguesia fim do trabalho servil centralizao do poder nas mos dos monarcas

Renascimento das Cidades As cidades comearam a crescer devido ao desenvolvimento da agricultura e do comrcio, alm disso, ocorreu um fenmeno novo na idade mdia, o xodo rural. Com o comrcio ganhando fora, regies de feiras comercias se tornaram permanentes, vilas e cidades porturias foram ganhando fora. Vrias cidades nasceram em volta dos muros das propriedades feudais, visando a proteo por eles proporcionada, essas cidades foram denominados burgos (do latim burgo: fortaleza). Os que habitavam os burgos exercendo atividades comerciais, foram denominados burgueses, constituindo assim, uma nova classe social no sistema feudal. Inicialmente essas cidades eram patrocinadas pelos senhores feudais, mas devido ao crescimento do comrcio, e, conseqentemente, o fortalecimento da burguesia, as cidades passaram a lutar por sua independncia financeira. Obtida a independncia, essas cidades constituam uma hierarquia social livre, governada pelos setores mais enriquecidos do comrcio. Revigoramento das Atividades Comerciais Esse revigoramento ocorreu ao mesmo tempo em que as cidades, a produo agrcola e a manufatureira cresciam. A princpio, o comercio supria as demandas internas, entretanto o comrcio internacional era mais lucrativo e teve considervel auxlio das cruzadas. As Cruzadas

As Cruzadas foram expedies militares patrocinadas pela nobreza crist e pela Igreja Catlica visando a libertao de lugares sagrados do domnio mulumano, como Jerusalm. Os motivos das cruzadas foram: Os turcos proibiram as peregrinaes ao Santo Sepulcro, em Jerusalm, o que causou grande irritao na cristandade. Havia a necessidade poltica de auxiliar o Imprio Bizantino em sua luta contra os turcos. As Cruzadas tambm so vistas como uma "vlvula de escape" para a crise provocada pela marginalizao scio econmica. Milhares de europeus marcharam em direo "Terra Santa" obedecendo ao chamado da Igreja Catlica, mas ao mesmo tempo, movidos pelo interesse na possibilidade de saque ou de conquista de terras E por fim, as cruzadas visavam a expanso do poder da Igreja Catlica. Entre 1095 e 1221 houve setes cruzadas. As Cruzadas, no que se refere aos seus objetivos, foram um fracasso, mas apesar disso foram fundamentais para o desenvolvimento no campo dos conhecimentos cientficos e geogrficos e tcnicos. Crise do Sistema Feudal O Sistema Feudal era determinado por uma srie de padres que vinham sendo construdos desde o sculo III, eram baseados no trabalho servil nas terras dos senhores feudais, constitudos pela nobreza e pela alta hierarquia da Igreja Catlica. Com o crescimento da populao, e conseqentemente da nobreza, houve uma demanda maior de consumo, o que exigia um aumento de renda. Para obter esse aumento na renda, aumentou-se o grau de explorao da classe camponesa, o que gerou protestos, revoltas, e fugas para as cidades. Revoltas essas, que eram fortemente repreendidas. Nessa poca, houve tambm considerveis mudanas no quadro climtico, devido alta demanda de alimentos, regies florestais foram derrubadas, essas mudanas geraram chuvas torrenciais constantes, o que ocasionava uma baixa produtividade agrcola. Isso gerou um aumento nos preos dos produtos agrcolas. Os europeus passaram a conviver com a fome, os ndices de mortalidade aumentam consideravelmente e no sculo XIV a Europa teve de enfrentar a peste negra, que dizimou 1/3 da populao da poca. Outros fatos agravaram ainda mais a crise do Sistema Feudal, como a escassez de minrios para a cunhagem de moedas, o que ocasionava constante inflao, o crescimento da burguesia comercial, o fortalecimento da autoridade real - o que proporcionou uma sustentao do poder da nobreza - e finalmente, ocorreu uma crise no plano religioso da populao. Tantas desgraas afetaram profundamente a mente do homem europeu, fazendo com que o mesmo buscasse novas necessidades espirituais, uma nova concepo do homem e da religio, o que exigia da Igreja uma teologia mais dinmica, pois essa j no atingia os fiis com a mesma facilidade. Crises na Igreja Catlica

A principal crise na Igreja foi quando houve o Grande-Cisma, a separao da Igreja Catlica do Ocidente, com sede em Roma, com a Igreja Catlica do Oriente, com sede em Constantinopla, atual Istambul. Toda a crise comeou quando Miguel Cerulrio se tornou patriarca em Constantinopla e comeou um movimento contra as igrejas latinas em Constantinopla, devido a questes teolgicas sobre o Esprito-Santo. Em 1054 Roma ento enviou o cardeal Humberto com a finalidade de resolver a crise, que terminou com a excomunho de Cerulrio, que foi entendida como a excomunho de toda a Igreja Bizantina, Cerulrio ento excomungou o Papa Leo IX. Essa ruptura foi aprofundada devido ao saqueamento de Constantinopla durante a Quarta Cruzada (1202 1204) e o estabelecimento do Imprio Latino (Ocidental) durante alguns anos. Posteriormente houve tentativas de reunificao das duas Igrejas, mas elas se acabaram efetivamente com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, que durou por vrios sculos. As excomunhes mtuas somente foram revistas em 1965 pelo Papa Paulo VI, mas as excomunhes foram somente retiradas um ano depois, em 1966.

ARS ANTIQUAArs Antiqua o perodo na histria da msica ocidental que corresponde baixa Idade-Mdia, mais precisamente entre os anos de 1170 a 1310 - 1320, e o perodo, na msica sacra, em que se origina a polifonia, nas escolas de SaintMartial e de Notre-Dame, na Frana, se estendendo at os primrdios do moteto. Na msica secular ocorria o trovadorismo. A Ars Antiqua s vezes dividida em dois grandes perodos, o Baixo Gtico e o Alto Gtico. O Baixo Gtico compreende toda a criao musical na Escola de NotreDame at 1260, e o Alto Gtico, at 1310 -1320, convencionado como o incio da Ars Nova. Devido separao da Igreja Catlica, em 1054, h um certo enfraquecimento do poder da Igreja, o que oferece uma abertura para o surgimento da polifonia, o que conseqentemente acarretar na busca de melhores sistemas de notao. O surgimento da polifonia se d de uma maneira muito gradativa, no incio as vozes eram dobradas em oitavas, e posteriormente foi acrescentada uma terceira voz, que cantava uma 5 acima da voz mais grave. Isso ficou conhecido como organum (plural de organum: organa). Antes dos organa serem aceitos oficialmente na Igreja, eles eram uma prtica de improvisao do cantocho, que ainda era ensinado mondicamente. Foi nesse momento que ocorreu o Cisma de Igreja Catlica, pelo Papa Cerulrio, que separa a

Igreja de Constantinopla da Igreja de Roma. A Igreja Ortodoxa Oriental manteve a prtica do cantocho mondico. Em seguida, os compositores foram se liberando do paralelismo, utilizando tambm movimentos contrrios e oblquos, surge ento o organum livre. No incio do sculo XII surgiu um novo estilo de organum, no qual a vox organalis, a voz mais alta, se movia livremente, com notas de menor durao, sobre a vox principalis (a voz mais grave), que se entendia em notas mais longas. Esse tipo de organum ficou conhecido como organum melismtico. Os primeiros textos da ars antiqua foram encontrados na biblioteca da Igreja de Saint-Marcial, em Limoges, que ficou conhecida por abrigar a Escola de SaintMarcial. Mas o desenvolvimento dessa arte teve lugar na Catedral de Notre-dame, em Paris. Toda a obra ali desenvolvida ficou sendo conhecida como oriunda da Escola de Notre-Dame (Schola Cantorium). Desde o incio da Catedral de Notre-Dame, em 1163, Paris tornou-se um importante centro cultural onde os organa alcanaram um alto nvel de sofisticao; graas a um grupo de compositores pertencentes Escola de Notre-Dame. Mas apenas o nome de dois desses compositores chegaram ao conhecimento da histria, Lonin e Protin. O primeiro grande representante da Escola de Notre-Dame foi Lonin (Magister Lonius, c.1135 - 1201), compositor de vrios organa, era mestre da capela da igreja de Bienhereuse-Virge-Marie, que posteriormente viria a ser a Catedral de Notre-Dame. Porm, quem se tornou mais conhecido foi seu aluno, Protin (Magister Petronius c. 1160 c. 1236). Lonin usava um organum melismtico construdo da seguinte forma: um cantocho em estilo silbico, ou seja, uma nota para cada slaba, e aumentava seus valores, sendo esta a parte do tenor, acima desta ele empregava um duplum com notas mais curtas e ritmos oriundos da dana e da poesia, ele tambm inseria uma parte conhecida como clausula, de estilo descante (contrapontual). Pouco se sabe sobre Lonin, as nicas fontes de informao sobre sua vida e trabalho so os escritos de um terico ingls conhecido como Annimo IV, que no sculo XIII revisa o Magnus Liber Organi (Grande Livro de Organum), atribudo Lonin. A Protin atribuiu-se modificaes no organum. Sucessor de Lonin no coro da Catedral ele introduziu o triplum (uma terceira voz acima do duplum) e um quadriplum (uma quarta voz). Ele tambm comps clausulas. Em 1875 algumas de suas composies foram reproduzidas pelo musiclogo holands Edmond de Coussemaker em sua Arte Harmnica dos sculos XII e XIII.

ARTE GTICAIntroduo O estilo Gtico desenvolveu-se na Europa, principalmente na Frana, durante a Baixa Idade Mdia e identificado como a Arte das Catedrais. A partir do sculo XII a Frana conheceu transformaes importantes, caracterizadas pelo desenvolvimento comercial e urbano e pela centralizao poltica, elementos que marcam o incio da crise do sistema feudal. No entanto, o movimento a arraigada cultura religiosa e o movimento cruzadista preservavam o papel da Igreja na sociedade. Enquanto a Arte Romnica tem um carter religioso tomando os mosteiros como referncia, a Arte Gtica reflete o desenvolvimento das cidades. Porm deve-se entender o desenvolvimento da poca ainda preso religiosidade, que nesse perodo se transforma com a escolstica, contribuindo para o desenvolvimento racional das cincias, tendo Deus como elemento supremo. Dessa maneira percebe uma renovao das formas, caracterizada pela verticalidade e por maior exatido em seus traos, porm com o objetivo de expressar a harmonia divina. O termo Gtico foi utilizado pelos italianos renascentistas, que consideravam a Idade Mdia como a idade das trevas, poca de brbaros, e como para eles os godos eram o povo brbaro mais conhecido, utilizaram a expresso gtica para designar o que at ento chamava-se "Arte Francesa ". Arquitetura A arquitetura foi a principal expresso da Arte Gtica e propagou-se por diversas regies da Europa, principalmente com as construes de imponentes igrejas. Apoiava-se nos princpios de um forte simbolismo teolgico, fruto do mais puro pensamento escolstico: as paredes eram a base espiritual da Igreja, os pilares representavam os santos, e os arcos e os nervos eram o caminho para Deus. Alm disso, nos vitrais pintados e decorados se ensinava ao povo, por meio da mgica luminosidade de suas cores, as histrias e relatos contidos nas Sagradas Escrituras. Do ponto de vista material, a construo gtica, de modo geral, se diferenciou pela elevao e desmaterializao das paredes, assim como pela especial distribuio da luz no espao. Tudo isso foi possvel graas a duas das inovaes arquitetnicas mais importantes desse perodo: o arco em ponta, responsvel pela elevao vertical do edifcio, e a abbada cruzada, que veio permitir a cobertura de espaos quadrados, curvos ou irregulares. No entanto, ainda considera-se o arco de ogiva como a caracterstica marcante deste estilo. A primeira das catedrais construdas em estilo gtico puro foi a de Saint-Denis, em Paris, e a partir desta, dezenas de construes com as mesmas caractersticas sero erguidas em toda a Frana. A construo de uma Catedral passou a representar a grandeza da cidade, onde os recursos eram obtidos das mais variadas formas, normalmente fruto das contribuies dos fiis, tanto membros da

burguesia com das camadas populares; normalmente as obras duravam algumas dcadas, algumas mais de sculo. Escultura A escultura gtica desenvolveu-se paralelamente arquitetura das Igrejas e est presente nas fachadas, tmpanos e portais das catedrais, que foram o espao ideal para sua realizao. Caracterizou-se por um calculado naturalismo que, mais do que as formas da realidade, procurou expressar a beleza ideal do divino; no entanto a escultura pode ser vista como um complemento arquitetura, na medida em que a maior parte das obras foi desenvolvida separadamente e depois colocadas no interiro das Igrejas, no fazendo parte necessariamente da estrutura arquitetnica. A princpio, as esttuas eram alongadas e no possuam qualquer movimento, com um acentuado predomnio da verticalidade, o que praticamente as fazia desaparecer. A rejeio frontalidade considerado um aspecto inovador e a rotao das figuras passa a idia de movimento, quebrando o rigorismo formal. As figuras vo adquirindo naturalidade e dinamismo, as formas se tornam arredondadas, a expresso do rosto se acentua e aparecem as primeiras cenas de dilogo nos portais. Pintura A pintura teve um papel importante na arte gtica pois pretendeu transmitir no apenas as cenas tradicionais que marcam a religio, mas a leveza e a pureza da religiosidade, com o ntido objetivo de emocionar o expectador. Caracterizada pelo naturalismo e pelo simbolismo, utilizou-se principalmente de cores claras "Em estreito contato com a iconografia crist, a linguagem das cores era completamente definida: o azul, por exemplo, era a cor da Virgem Maria, e o marrom, a de So Joo Batista. A manifestao da idia de um espao sagrado e atemporal, alheio vida mundana, foi conseguida com a substituio da luz por fundos dourados. Essas tcnicas e conceitos foram aplicados tanto na pintura mural quanto no retbulo e na iluminao de livros".

OS MODOS RTMICOS

O sistema de notao rtmica que os compositores do sculo XI e XII usavam, era representado por certas combinaes de notas e grupos de notas. Por volta de 1250 estes padres j haviam sido codificados como uma srie de seis modos rtmicos, os quais correspondem aos ps mtricos da poesia francesa e latina.

Teoricamente, seguindo esse sistema, uma melodia no modo I, deveria consistir num nmero indefinido de repeties do padro , terminando cada frase com uma pausa, que substitua a segunda nota da unidade.

ORGANUM PARALELO sc. IX.

A voz principalis, que conservava o cantocho original, duplicada num intervalo inferior de quarta ou quinta, a vox organalis. As duas vozes podiam ainda ser duplicadas oitava, resultando num organum paralelo modificado a quatro vozes.

Texto: Vs sois o filho do Pai eterno. Organum livre Sc. XI. Nos dois sculos seguintes, os compositores foram dando alguns passos no sentido de liberar a voz organal de seu papel como cpia fiel da voz principal. Alm do movimento paralelo, a voz organal tambm usava o movimento contrrio, oblquo e movimento direto, seguindo a mesma direo da voz principal, mas no exatamente pelos mesmos intervalos.

Organum melismtico Sc. XII.

Um novo estilo de organum surge no sculo XII. O cantocho, que agora orresponde voz mais grave, se estica por notas de maior valor permitindo que a voz mais aguda se mova livremente com notas de menor valor. A voz principalis, agora mais grave, passa a ser chamada de tenor, que vem do Latim tenere (manter), e a oz superior cantando vrias notas numa nica slaba, recebe o nome de melisma.

Outro exemplo:

Organum de Notre Dame

Mais tarde, ainda no sculo XII, por volta de 1150, foi construda em Paris, a Escola de Notre Dame, onde um grupo de estudiosos se reuniu a fim de aprimorar ainda mais as formas polifnicas. Apenas o nome de dois desses compositores chegaram at ns: Lonin e Protin. Organum duplum (Lonin)

O Mestre de coro da catedral de Notre Dame, Lonin, usava um cantocho de estilo silbico, ou seja, uma nota para cada slaba, e aumentava o valor dessas notas de tal forma que elas talvez fossem tocadas ao invs de cantadas. Acima desta linha considerada tenor, um solista canta frases melismticas sem texto, conhecida como duplum.

Lonin tambm inseria em seus organa, uma parte conhecida como clausula, onde o estilo contrapontual descante era utilizado. Num determinado trecho do canto o tenor que se estendia por longas notas, agora cantava em andamento mais rpido, dentro do mesmo ritmo da voz superior.

Organum triplum (Protin)

Protin, que foi aluno e sucessor de Lonin, revisou grande nmero de organa anteriores a fim de torn-los ainda mais modernos. A um organum duplum ele poderia criar uma terceira voz (triplum), e at uma quarta voz (quadruplum).

Conductus O termo vem do latim e significa guia; conduto. Designava inicialmente a composio executada nas procisses e nos momentos em que o padre caminhava pela igreja (donde a idia de conduzir). Essa funo para o conductus a chave para a compreenso das suas caractersticas - da mesma forma como na marcha, os acentos, andamentos e compassos podem ser explicados pela sua funo de marcar os movimentos de grupos humanos. As vozes se relacionam, no conductus, quase sempre notacontra-nota, ao contrrio das clausulas, o que servia para reforar a idia de procisso. A regularidade outra constante no conductus. O fato de seus versos serem medidos teve conseqncias significativas no plano musical. Repare neste conductus a igualdade no tamanho das frases, todas de dois compassos, separadas por uma pausa de semnima.

OBS: Evidente que o que temos aqui uma transcrio moderna do que, se supe, era executado. Elementos como barra de compasso so bem mais recentes e so usados aqui para facilitar a compreenso.

Os conductus so composies atemticas - no temos a nenhum desenvolvimento sistemtico de uma idia meldica, mas, no entanto, h repeties de pequenas frases, inclusive em vozes diferentes, o que confirma a preocupao consciente do problema da unidade que a polifonia (cada vez mais complexa) criava. A tradio de se tomar uma melodia do cantocho para estruturar a pea tambm largada. Isto importante por que enquanto um cantus firmus percorria toda uma composio, a unidade desta estava garantida. Mas a ausncia dele fez com que os compositores procurassem outras sadas - a est o incio do processo que dar origem ao desenvolvimento meldico. Moteto Surgido a partir do sculo XII, o moteto um gnero polifnico que utiliza textos em vrias lnguas. Dessa caracterstica vem a origem do termo, mot, que em francs significa palavra, e seu apogeu ser no sculo XVI no uso do contraponto modal. Na Escola de Notre-Dame, o moteto era feito a partir de uma clausula em que se mudava o texto da voz superior (duplum) para um texto diferente daquele executado pelo cantus firmus. Acima do duplum, foi acrescentada um terceira voz, o triplum, em um ritmo mais rpido.

TROVADORISMO

Movimento potico-musical iniciado na Frana. Ocorreu na msica secular (msica profana, ou seja, sem carter religioso.) Ao sul do rio Loire surgem, por volta de 1100, os Trovadores (Troubadours, Descobridores, cujo idioma era Langue doc), e ao norte, por volta de 1150, surgem os Troveiros (Trouvres, Inventores, cujo idioma era Langue doil). Tanto os Trovadores como os Troveiros no se restringiam a uma s classe social, podiam ser tanto da classe baixa como da classe alta, burgueses ou reis. Eram em geral pessoas cultas, que escreviam poemas sobre amor platnico, as Cruzadas, stiras polticas ou religiosas, e s vezes as musicavam, ou deixavam esse papel para os menestris. Geralmente a preocupao com o texto era maior do que a preocupao com a msica, o que deixava o poema mais complexo do que a melodia. Suas melodias tinham a tonalidade bem clara, mas o ritmo vinha provavelmente do ritmo natural

das palavras. A estrutura das canes vinha das formas da dana, principalmente Virelay (ABbaA), Rondeau (ABaAabAB), e Ballade (AaBC). Suas canes eram basicamente silbicas, com um ou outro melisma. Havia espao para o improviso nas mudanas de estrofes. Normalmente eram baseados em melodias e modos gregorianos (principalmente o primeiro e o stimo, e seus plagais). Algumas das notas eram acidentadas, o que aproximava os modos dos atuais modos maior e menor. Os trovadores escreviam principalmente sobre amor, s vezes de forma sensual, outras de forma mstica. Possivelmente a natureza do amor em questo era uma mulher real, casada com outro homem, que era descrita como sendo to perfeita e pura que iria contra a sua natureza corresponder ao amor do admirador. Suas composies eram mais livres do que as dos troveiros, tanto rtmica quanto melodicamente. At hoje, foram encontradas cerca de 350 melodias e 2600 letras. Os troveiros usavam frases mais simples e curtas, fceis de decorar, de tal forma que suas melodias eram mais lineares e simples do que as dos trovadores. A partir do sc. XIII comearam a escrever cantigas de natureza religiosa. At hoje foram encontradas cerca de 4000 melodias e 2000 letras. Inspirados pelos trovadores, surgem na Alemanha os minnesinger, que cantavam sobre o amor de forma mais abstrata.

INSTRUMENTOS MEDIEVAIS

Galub e tamboril: flauta de duas faces, tocada por uma s pessoa. Charamela: instrumento de sopro e palheta dupla, de grande sonoridade, um dos antepassados do obo. Corneto: feito de marfim ou madeira e guarnecido de couro; possua bocal parecido com o do trompete, mas com orifcios para os dedos, como os da flauta. rgo: alm do rgo de igreja, havia o rgo porttil pea pequena, de poucas notas -, que podia ser carregado com facilidade. Carrilho: conjunto de sinos graduados de acordo com o tamanho e a altura dos sons, para ser tocado com martelos de metal. Ctola ou ciste: instrumento com quatro cordas de arame que eram tangidas com os dedos Harpa: menor em tamanho do que a harpa moderna, e com muito menos cordas.

Viela: ligeiramente maior que as violas modernas, possua um cavalete um tanto achatado que permitia que uma corda fosse tocada ao mesmo tempo em que a outra. Rebec: instrumento em forma de pra, geralmente de trs cordas friccionadas com arco.

BIBLIOGRAFIA BENNETT, Roy - Uma Breve Histria da Msica

MORAES, Jos Geraldo. Caminho das Civilizaes. So Paulo, Atual.1994

GROUT, Donald J. e PALISCA, Claude V. Histria da Msica Ocidental

PALISCA, Claude V. Norton Anthology of Western Music. Volume I; Yale University. 2001 4a edio ALPSINA, P & SES, F., La Msica e su Evolucion histria de la msica com propoestas didcticas y 49 audiciones, Barcelona, ed. Gro, 2000. GOLDAR, A. & ALFYA, J., Histria Universal de la Msica, Madrid, ed. Taurus, 1986. PIRENNE, H., As Cidades da Idade Mdia, Lisboa, ed. Europa-Amrica, 1964. RAYNO, H., Histria Social da Msica da Idade Mdia Beethoven, Rio de Janeiro, ed. Guanabara, 1981.

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