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Impresso: início, meio e fim?
Murilo de Jesus Santana1
A revolução digital e os desafios da comunicação, livro do escritor brasileiro
Sérgio Augusto Soares Mattos (ed. UFRB; 2013; 208 páginas), apresenta uma análise
apurada sobre a Era Digital e os novos desafios enfrentados pelas mídias tradicionais.
Tais desafios gravitam em torno do processo de produção e distribuição dos conteúdos,
tendo vista que com a revolução digital, em troca da rapidez (do furo jornalístico), da
variedade e do volume das “notícias”, a prática reflexiva tornou-se secundaria ou
inexistente do contexto midiático.
Nessa perspectiva, o autor estabelece, logo no primeiro capítulo – O jornalismo
impresso na era digital – uma constatação relevante sobre o impacto das tecnologias
digitais, resultando na transformação do jornalismo e no papel do jornalista. Mattos
(2013, p.15) relata também, sobre a necessidade de uma mudança na formação
profissional para que possa atuar com ética e responsabilidade dentro de uma sociedade
democrática e cada vez mais participativa. Além desta abordagem, o autor expõe ao longo
desse capítulo, uma averiguação curiosa e instigadora sobre o apogeu tecnológico e
declínio do jornal impresso desde meados do século XX.
Mesmo com o avanço tecnológico, a última década do século XX foi marcada por
uma positiva mudança na mídia nacional. Uma vez que jornais, revistas, emissoras de
rádio e televisão se modernizaram, tanto no aspecto tecnológico quanto no editorial. A
exemplo disto, são os investimentos feitos por empresas de comunicação no parque
gráfico do grupo Folha, inaugurado em 1995, em Tamboré, São Paulo, no qual se investiu
um total de 120 milhões de dólares. Assim, são notáveis as tentativas das mídias
tradicionais em persistir na “luta” à favor de uma comunicação de qualidade em que o
conteúdo seja consistente e ao mesmo tempo atrativo.
Embora tivesse havido todo esse investimento nas mídias tradicionais, o grupo
Folha inaugurou no ano seguinte, o provedor de acesso à internet UOL (Universo Online),
admitindo assim, a potencial força expressiva que a internet viria à ter e poderia,
1 Estudante do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(UFRB). E-mail: [email protected].
verdadeiramente, modificar os comportamentos já sedimentados pelas mídias
tradicionais, tanto no âmbito jornalístico, como no social.
Segundo as verificações de Mattos (2013, p.19) no fim do século XX, as empresas
de comunicação tiveram prejuízos e o novo século começou registrando uma queda na
circulação da mídia impressa. Embora o dano, no fim da década de 1990 e oscilação para
menor ao longo dos primeiros três anos da primeira década de 2000, em 2011, o impresso
alcançou uma posição considerável com a venda de 8 milhões e 651 mil exemplares.
Ainda que seja possível constatar o aumento na venda de exemplares, uma questão
ainda paira sobre as redações e os demais veículos de comunicação, o impresso vai
acabar? Esta indagação tonifica-se à cada tempo diante da acessibilidade e
democratização da notícia. Jornalistas experientes admitiram que o jornal poderia deixar
de circular na sua versão impressa. É o que aconteceu com o Jornal do Brasil que no dia
31 de agosto de 2010, passou a ser lido apenas na versão eletrônica.
A partir das verificações de Mattos, relata-se que a tecnologia digital contribuiu
diretamente para que a informação pudesse ter uma disseminação em larga escala, com
precisão, além da diminuição dos custos e a facilidade no armazenamento dos dados.
Deste modo, infere-se que para o jornal impresso não se esvair a curto prazo, ele deve,
aos poucos, adaptar-se às tendências atuais, vinculando outras mídias à sua identidade,
consolidando assim, a forma autêntica do fazer jornalismo.