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Energia Solar NESTA EDIÇÃO ::: Cenários no Brasil e no mundo rumo à competitividade da energia solar Entrevista com Sérgio Rezende Copa Verde em 2014 ano 2 > # 9 > 2012 > www.renergybrasil.com.br ISSN 2178-5732 9 7 7 2 1 7 8 5 7 3 0 0 6 0 9

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Revista Renergy Brasil #9

Transcript of Renergy #9

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Energia SolarN E S T A E D I Ç Ã O : : : C e n á r i o s n o B r a s i l e n o m u n d o

r u m o à c o m p e t i t i v i d a d e d a e n e r g i a s o l a r • E n t r e v i s t a

c o m S é r g i o R e z e n d e • C o p a V e r d e e m 2 0 1 4

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JUN • 2012EXPO 19 • 20 • 21

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O maior evento de energias renováveisda América Latina, não para de crescere agora ganhou um novo espaço:Centro de Eventos do CearáThe largest renewable energy event inLatin America continues to grow and now hasgained a new space: Events Center in Ceará

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Sua máquinas e equipamentosexpostos em uma das melhores

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Uma área com mais 7.000m² e 14m de altura para exposiçõesUma área com mais 7.000m² e 14m de altura para exposições

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Over 7000m² exhibition area with 14m ceiling heightsUma área com mais 7.000m² e 14m de altura para exposições

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Private parking for over 3,200 carsEstacionamento privativo para 3,2 mil vagas

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Food court, convenience stores, space for leisure and entertainmentPraça de conveniência, espaço para lazer e entretenimentosFood court, convenience stores, space for leisure and entertainmentPraça de conveniência, espaço para lazer e entretenimentos

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índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdoLocalize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

O pesquisador e ex-ministro da Ciência e Tecnologia defende o incentivo à ciência no Brasil por meio de políticas governamentais. Ele avalia ainda a possibilidade de mais hidrelétricas na Amazônia e investimentos em energia nuclear

O pesquisador e ex-ministro da Ciência e Tecnologia defende o incentivo à ciência no Brasil por meio de políticas governamentais. Ele avalia ainda a possibilidade de mais hidrelétricas na Amazônia e investimentos em energia nuclear

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SÉRGIO REZENDE

“entrevista

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78Dicas para reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos da construção civil 86

Guia prático de como limpar a casa sem usar produtos tóximos 87

Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 88

Os ilustradores do Baião Ilustrado inspiram-se na seção “O Último Apaga a Luz” 90

Cidades ganham projetos verdes para melhorar a qualidade de vida 8

Exposições proporcionam interação com o público acerca de temas ambientais 18

Um super ônibus promete revolucionar sistema público com velocidade e conforto 22

Évora, em Portugal, é rica em história e novas tecnologias da sustentabilidade 26

A preocupação da jovem Gabrielle Brandão com a ecologia

Reportagem analisa os novos rumos da energia solar no Brasil e no mundo

Com estádios sustentáveis, na construção e operação, Brasil será o país pioneiro com uma Copa Verde

Microgeração é tendência na energia elétrica e Aneel está ordenando a criação desse mercado 42

Mercado de energia eólica cresce e demanda por profi ssionais de várias categorias 54

Sistema de energia pré-paga permite que o consumidor tenha uma melhor gestão do consumo 62

Nova tecnologia de geração de energia pelas ondas promete impactos mínimos à vida marinha 74

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editorial

“O Brasil já teve um avanço significativo em biomassa e eólica”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao afirmar que

agora o foco deve ser em energia solar e na proveniente dos oceanos. A declaração, dada no início de março, aponta quatro fontes de energia que viraram assunto central em matérias de capa da Renergy. Nesta edição, voltamos o olhar para a energia gerada pela luz do sol, que foi tema de re-portagem na segunda edição da revista. Neste intervalo de tempo, podemos dizer que o setor avançou em atração de investimentos para movimentar a cadeia desde a geração até o fornecimento de insumos tecnológicos, mas foi um pequeno passo frente ao potencial do sol no País e na comparação com outros países, e ainda falta regulação do setor. No entanto, já podemos dizer que o gigante despertou

O Brasil é o quinto país que mais investe em energias limpas no mun-do. No último ano, foram aplicados US$ 7 bilhões. No ranking, a China (maior emissora de gases de efeito estufa no mundo) ficou em primeiro lugar seguido de outros países, como Alema-nha e Estados Unidos, se-gundo um relatório divulga-do recentemente pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Apesar da boa classifica-ção, ainda é preciso muito empenho para explorar todo o potencial de energias reno-váveis que possuímos. Espe-

cialistas apontam que as energias eólica e solar estão sendo atualmente deixadas em segundo plano porque o País está mais preocupado com o setor de biocombustíveis e hidrelétricas, onde os investimentos são maiores.

Pesquisas mostram que os investimentos em energias limpas não cresce-ram somente no Brasil, mas também em todo o mundo, com um aumento de mais de 539% em seis anos. E para impulsionar este cenário no País, educação e inovação ainda deixam a desejar. O ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, cita o exemplo da Coreia, que saiu na frente e hoje é lição para os brasileiros. Ele concedeu entrevista exclusiva sobre os caminhos para o desenvolvimento do conhecimento, o que serve de base para alavancar a geração de energias renováveis.

Em busca do sol

Energias eólica e solar estão sendo atualmente deixadas em segundo plano porque o País está mais preocupado com o setor de biocombustíveis e hidrelétricas, onde os investimentos são maiores.

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ÇÃOCarol de [email protected]ÇÃOSílvio Mauro, Carlos Henrique Camelo e Camila [email protected] GRÁFICOGil DicelliEDITORAÇÃO ELETRÔNICAGerardo JúniorEstalo! Comunicação + DesignREVISÃOEleuda de CarvalhoCONSULTA TÉCNICAGustavo [email protected] NESTA EDIÇÃORodrigo Miguez, Ivonice Campos, João de Deus Fernandes, Gabriela Romero, Judith Fernandes, Rômulo Alexandre Soares, Tadeu Dote Sá, Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião - Baião Ilustrado (ilustração)DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3033 [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701sala 808 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELCarol de CastroMTB-CE 1718 JPCAPAMax UchôaEstalo! Comunicação + DesignOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

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construir

Arquitetura verdeJá imaginou um telhado ou paredes cobertos por plantas? Os ecotelhados, também conhecidos como telhados verdes ou cobertura viva, e os jardins verticais são tendências da arquitetura contemporânea

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Se o terreno do imóvel não comporta um jardim e se a

“horta de vasinhos” não é mais suficiente para as receitas culiná-rias da casa, os arquitetos apon-tam uma solução simples para trazer a natureza para perto da família. A novidade consiste na utilização de plantas, geralmente rasteiras, na parte superior da edi-ficação (lajes e coberturas), for-mando um “jardim suspenso”. De fácil manutenção, pode ser insta-lado em casas, prédios, grandes empresas e até indústrias. Além de deixar o imóvel mais bonito, com mais cor e vida, o telhado verde traz uma série de ganhos.

Segundo o arquiteto paisa-gístico Salomão Nogueira, todo ambiente, em princípio, pode re-ceber elementos vegetais. “Tudo depende de qual planta, espaço e como instalar, do substrato mais adequado, da necessidade de água e do nível de incidência solar”, afirma. “A natureza dá de pre-sente várias soluções”, completa.

Uma das vantagens de apostar na natureza é que a vegetação tem propriedades ambientais, como retenção de umidade e armaze-namento de CO², logo, atenua

as ilhas de calor no meio urbano, tornando o clima mais agradável. A cobertura viva proporciona conforto térmico (no inverno e no verão) e melhoramento acús-tico para ambientes internos.

A medida permite ainda uma melhor utilização da laje supe-rior. O que antes era telha, com a cobertura viva pode ser o novo local de convivência da família, com espaço para horta, jardim e até campo de futebol. Isso mes-mo, dependendo do tamanho do imóvel, a pelada com os amigos pode ser no teto de casa! O ar-quiteto Salomão Nogueira, que já instalou jardins e projetou até um gramado de futebol junto à pisci-na de uma cobertura, garante a viabilidade. “O gramado na laje não é nada faraônico. Se a ideia for bem elaborada”, ressalva.

Ao optar por um telhado ver-de, a família contribui para o bem estar da cidade. Além de colabo-rar para o aumento da biodiver-sidade nos grandes centros, os ecotelhados também amortecem as chuvas, diminuindo a quan-tidade e a velocidade das águas liberadas nas calçadas, medida que ajuda a reduzir as enchentes.

Outra vantagem é a possibilidade de criar uma reserva de água da chuva para o reaproveitamento.

Antes de sair plantando sa-mambaias no teto, são necessá-rios alguns cuidados para que a tentativa de convívio com a natureza não termine em pre-juízo e desgaste do imóvel. A instalação da cobertura viva, por mais simples que possa pa-recer, exige uma série de me-didas técnicas e deve ser feita por uma empresa especializada.

Primeiro, é necessário avaliar se a estrutura da obra compor-ta o peso que será acrescentado lá em cima. Depois da certeza de que o imóvel pode receber o telhado verde, é feita uma veda-ção adequada, para que não haja nenhum tipo de vazamento e ocasione infiltração nos cômo-dos de baixo. Também devem ser analisados fatores como a inclinação do telhado, estru-tura de suporte da cobertura, sistema de irrigação e as plan-tas adequadas para a aplicação.

Outro ponto que merece muita atenção é a escolha das plantas. Geralmente, as mais utilizadas são aquelas adequadas

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ao ambiente, que aceitem sol. Também é preferível escolher espécies que não necessitem de poda constante, que não pre-cisem ser regadas diariamente e que peçam pouca adubação.

A empresa gaúcha Ecotelha-dos utiliza duas tecnologias de instalação de coberturas vivas. A instalação in loco possui camadas de impermeabilização da laje, drenagem e captação da água, manta geotêxtil, camada de esta-bilização das raízes, colméia com substrato, camada de cobertura com substrato e plantas forragei-ras. Já na instalação Mmodular, os componentes instalados em módulos, mediante estruturas especiais, possibilitam a criação de um colchão de ar entre as placas de plantio e a laje imper-meabilizada. Nesse sistema, os módulos podem ser retirados para manutenção e substituição.

Segundo o engenheiro agrô-nomo, diretor da Ecotelhado e presidente da Associação Te-lhado Verde Brasil, João Ma-nuel Feijó, qualquer laje im-permeabilizada pode receber cobertura viva e a manutenção é igual à de um jardim comum

e os custos são similares aos de um telhado convencional. “Há seis anos desenvolvemos o módulo do ecotelhado, que se mostrou muito prático”, diz.

De acordo com a empresa, a demanda por jardins verticais foi a que mais cresceu no primeiro semestre deste ano. A solução já ocupa o segundo lugar, com 30% da comercialização de seus pro-dutos, e só perde para os telhados verdes, que ocupam a primeira posição com 60%. Os principais consumidores da tecnologia são as construtoras e paisagistas.

O aumento pela procura é devido ao fator de inovação que é atribuído aos jardins verticais – também conhecidos como jar-dins de parede. O sistema é divi-dido em quatro modalidades: pa-rede verde exterior, parede verde interior, brise vegetal e o lança-mento jardim de parede cangu-ru. Este último é composto por módulos de floreiras, produzidos com plástico reciclado, colocados uma sobre a outra. Utiliza o siste-ma hidropônico em que as plan-tas são mantidas sem o substrato de terra, mas com cinasita, água e nutrientes. Também pode ser

instalado em qualquer ambien-te e requer cuidados mínimos.

As paredes verdes externas são utilizadas em fachadas e tem plantas escolhidas de acordo com a quantidade de luz, devi-do ao ambiente. Estes sistemas protegem contra a acumulação de energia solar e propiciam um maior conforto térmico. Além de economizar cerca de 30% de energia, pois reduzem a necessidade do uso de ar con-dicionado. Já as internas tem estrutura semelhante e são mui-to difundidas em paineis no in-terior de prédios, purificando e embelezando as instalações.

A moda parece ter chegado para ficar. Em países europeus, como Alemanha, Suíça e Áustria, o uso de cobertura viva se tornou obrigatório em telhados que pos-suem uma inclinação favorável. Há ainda leis que obrigam uma parte das novas edificações a te-rem ecotelhados. A prefeitura de São Paulo também possui uma biocobertura, sendo o maior telhado verde da capital paulis-ta. A Rede Globo, por exemplo, utiliza uma parede verde em sua sede no Rio de Janeiro.

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acampar

Casa na árvore portátilCasa na árvore, barraca de acampamento, na praia, selva ou no meio da neve, uma nova solução resolve a hospedagem para aventureiros, viajantes ou simplesmente uma opção para diversão no quintal da casa.

A Tentsile é uma combinação de rede com uma espécie

de tenda que se adapta a qual-quer tipo de ambiente. A equipe de design responsável pelo projeto criou uma habitação feita de poliéster resistente à água que funciona como uma pirâmide invertida.

Pode ser montada em 30 mi-nutos, é portátil e deixa o usuário distante do chão. Ela fica suspen-sa por cabos em três de suas ex-tremidades, que podem ser pre-sos no solo ou também podem ser pendurados em árvores. A estrutura é indicada para acam-par, pois protege de alagamentos

e ataques de animais terrestres. São três formatos, que variam de acordo com a capacidade: para duas, quatro ou até oito pessoas.

Para sabermais sobre

http://www.tentsile.com/

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descartar

Na composição das lâmpa-das fl uorescentes, há uma

pequena quantidade de mercú-rio, que não chega a representar riscos relevantes às pessoas mas que, por se tratar de metal pesado e tóxico, pede coleta e destinação adequadas. O intuito é evitar um grande volume de lâmpadas num mesmo local, como pode aconte-cer num aterro sanitário.

A partir do segundo semestre de 2012, a coleta, descontami-nação e reciclagem de lâmpadas fl uorescentes serão obrigatórias no Brasil. É o que prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada pelo Con-gresso Nacional. Segundo a lei, os fabricantes, importadores, dis-tribuidores, comerciantes e cida-dãos terão responsabilidade com-partilhada na correta destinação dos produtos adquiridos.

Mas enquanto as autoridades brasileiras discutem o modelo a ser adotado no País para a des-tinação adequada das lâmpadas fl uorescentes tubulares e com-pactas, algumas empresas tem apresentado iniciativas para mudar essa realidade. É o caso da Avant, sediada em São Paulo, que desde março deste ano é res-

ponsável pela coleta e reciclagem dos seus produtos em pontos de venda espalhados pelo País.

Na primeira etapa do pro-jeto, estão sendo contempladas as cidades que já contam com legislação municipal que obrigam o recolhimento das lâmpadas ou pilhas. Mas a intenção é que, ao longo do tempo, o programa seja estendido também a outros municípios brasileiros. “Damos um passo importante ao colabo-rar para que parte das lâmpadas fl uorescentes e pilhas alcalinas da Avant utilizadas no Brasil tenham destinação adequada, evitando riscos de contaminação ao meio ambiente”, ressalta Gil-berto Grosso, diretor Comercial da empresa.

A Avant envia para as lojas revendedoras as urnas com espaços específi cos para acon-dicionamento de lâmpadas e pilhas usadas da sua marca. Já os representantes da Avant emba-lam os produtos coletados em embalagens originais de papelão e enviam para a matriz, em São Paulo, acomodados, de prefe-rência, num contêiner metálico ou caixa de papelão, reduzindo o risco de quebra. Da matriz, as

lâmpadas seguem para desconta-minação e reciclagem.

No processo de descontami-nação e reciclagem, as peças são desembaladas, contadas e arma-zenadas em pallets especiais. Em seguida, são quebradas e através de sistema de exaustão forçada é feita a captura do mercúrio. Também há a separação dos com-ponentes metálicos. Todos os materiais passam, então, por um processo de destilação a vácuo,

O destino das lâmpadasMesmo em tempos de reciclagem, ainda é difí cil dar destino às lâmpadas. Depois de usadas, elas acabam no lixo comum e podem gerar problemas ambientais e de saúde pública

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garantindo a total remoção do mercúrio.

Depois de totalmente descon-taminado, o vidro pode ser utili-zado na fabricação de novas lâm-padas ou na produção de esmalte para vitrifi cação de lajotas cerâ-micas. O alumínio é refundido como metal secundário e o mer-cúrio recuperado é reutilizado por fabricantes de lâmpadas e outras indústrias.

Aproximadamente 80 mi-lhões de lâmpadas são substi-tuídos anualmente no Brasil e menos de 10% dos municípios brasileiros possuem aterros com licença para depósito de lixo tóxico, como lâmpadas velhas.

Entre as principais difi culdades para a reciclagem desse material estão a coleta e o transporte – já que o produto se quebra facil-mente – e a existência de subs-tâncias tóxicas.

Outros exemplosTambém paulista, a Ativa Reci-

clagem é especializada em reci-clagem de lâmpadas. A empresa utiliza um processo de reciclagem a seco, capturando o mercúrio durante a destruição da lâmpada. Após a desmanufatura e trata-mento, o vidro, metais, fósforo e mercúrio são preferencialmente reaproveitados em sua cadeia pro-dutiva de origem. Outra empresa

de descontaminação e recicla-gem de lâmpadas fl uorescentes é a Apliquim Brasil Recicle, que possui tecnologia avançada para recuperação de mercúrio.

O tratamento por sopro, desen-volvido pela empresa Tramppo, de São Paulo, mantém a integridade do tubo de vidro e permite a sepa-ração completa de seus compo-nentes. O pó contendo mercúrio, por exemplo, é removido por jato de ar para reutilização em outras atividades industriais. O lixo é transformado novamente em matéria prima. Com a aprovação da nova lei, a empresa está cons-truindo mais uma unidade indus-trial para triplicar a produção.

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plantar

Cidades mudamde corMarcadas por tons de cinza do concreto e da poluição, algumas cidades ganham projetos verdes para melhorar a qualidade de vida

Ambientes urbanos são ca-racterizados por serem ca-

óticos, marcados pelo stress pro-movido também pelo excesso de elementos artificiais como o concreto e ausência de elemen-tos naturais como a vegetação. O crescimento urbano acelerado aliado à falta de planejamen-to em relação a este processo provocou uma grande redução na qualidade ambiental das ci-

dades, afetando diretamente a qualidade de vida da população urbana. Diante desses efeitos e para melhorar o ambiente ou apenas dar um outro visual a construções e até cidades intei-ras, projetos arquitetônicos e ur-banos apostam no verde.

O escritório Studio Invisi-ble projetou um gigante jardim suspenso em Beirute, capital do Líbano, que prevê a simples

instalação de árvores no topo de todos os edifícios da cidade. Cada árvore ficaria presa por fios de aço que impediriam aciden-tes durante fortes ventanias. Se-gundo os arquitetos, espécies de pequeno porte, como a amoreira branca e a oliveira, se adaptariam bem ao clima mediterrâneo.

A cidade já foi uma das mais belas e desenvolvidas do mundo, quando na década de 1970 uma

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guerra civil modificou boa par-te de sua fisionomia. Em 2006, o bombardeio de Israel abalou novamente suas estruturas. O projeto deu um novo fôlego à região, que vem se tornando uma cidade de contrastes, com prédios modernos e construções antigas. Não fosse o fato de quase não haver áreas verdes públicas, a cidade seria realmente bela.

O jardim suspenso chamado de Beirut Wonder Forest me-lhoraria os níveis de oxigênio, a camada de árvores forneceria sombra e, consequentemente, amenizaria o clima, que por sua vez levaria a um menor nível de consumo de energia nos prédios. Com organização e uma boa es-colha de árvores e plantas, estes jardins poderiam ainda evoluir para um tipo de agricultura ur-bana, gerando uma produção pequena, mas valiosa. Na práti-ca, os arquitetos idealizadores do projeto esperam a criação de um decreto municipal que exija que cada edifício cultive um jardim no terraço. O município ofere-ceria redução de impostos ou benefícios para os edifícios que mantenham saudável o jardim.

A ideia de reservar o terra-ço dos prédios para o cultivo de plantas também soluciona um

outro importante problema nos centros urbanos: a falta de espaço disponível para áreas verdes. O designer turco Hakan Gürsu in-tegrou jardinagem e reciclagem para a criação de um jardim ver-tical com garrafas PET, que per-mite o cultivo de plantas e flores em tubos feitos a partir de garra-fas PET recicladas em um espaço físico mínimo. A alternativa prá-tica e eficiente tem formato de tubo, ocupa pouco espaço e tem capacidade para produzir em torno de 75% mais do que um jardim horizontal, consideran-do o mesmo diâmetro. O jardim vertical possui ainda um sistema hidráulico que reutiliza a água da chuva e molha as plantas. A invenção ganhou o International Design Awards em 2010.

Já o designer francês Edouard François, conhecido por incor-porar a vegetação à arquitetura, projetou o Tour de Nantes Vege-tale, um edifício que tem a natu-reza como principal atração. Em formato orgânico, o edifício tem a fachada coberta por plantas de espécies adaptadas para crescer em rochas. O projeto idealizado para a cidade francesa de Nan-tes prevê que a vegetação cresça dentro de tubos de aço inoxidável instalados nas varandas dos apar-

tamentos. Visto de longe, o pré-dio assemelha-se a uma monta-nha de verde no meio da cidade. Outra ideia semelhante venceu um concurso de projetos de ar-quitetura em Taichung, Taiwan, para ocupar uma área que antes situava o aeroporto local, que mudou de endereço. O Bionich Arc, torre de 119 m, com orça-mento equivalente a R$85 mi-lhões, terá emissão zero de carbo-no, jardins suspensos integrados em toda fachada e irá produzir a própria energia a partir de fontes alternativas como solar e eólica.

Preocupado com a falta de es-paço para a fauna e flora, o arqui-teto alemão Koen Olthuis bolou uma solução curiosa: o edifício “Sea Tree”, uma estrutura de 30 metros de altura projetada para cidades próximas ao mar ou rios, como Londres e Nova York, que se comporta como o ecossistema de uma árvore, servindo de abri-go para os bichos, inclusive os que vivem no mar. A ideia é que a árvore do mar seja construída a partir de tecnologias offsho-re bastante semelhantes ao das plataformas de petróleo em mar aberto e que as companhias pe-trolíferas façam doações de ár-vores desse tipo para as cidades onde atuam.

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negociar

Sustentabilidadevaloriza marcaEspecialista diz que a adoção de práticas sustentáveis proporciona a uma empresa economia de custos, aumento de receita e melhoria do valor de sua marca corporativa. No Brasil, pesquisa constata que entre 61% e 80% dos proprietários de pequenas empresas já adotaram alguma prática sustentável

Está ficando ultrapassada a ideia de que sustentabilidade

era apenas coisa de ambientalista. É cada vez mais crescente entre os homens de negócios a certeza de que é necessária a adoção de práticas sustentáveis, seja apenas para atender ao público consumi-dor que está cada vez mais atento e exigente quanto a isto ou por-que os empresários já começam a perceber as vantagens de tais iniciativas para suas empresas. O principal nome do marketing mundial, Philip Kotler, em seu mais recente livro, Marketing 3.0, diz que a adoção de práticas sus-tentáveis irá proporcionar a uma empresa a economia de custos, aumento da receita e valorização de sua marca corporativa.

No Brasil, uma pesquisa re-alizada pelo Sebrae constatou que entre 61% e 80% dos pro-prietários de pequenas empre-sas já adotaram alguma prática sustentável, como o controle de consumo de energia, água e pa-pel, coleta seletiva, tratamento de resíduos tóxicos, entre outras. A pesquisa foi realizada em um

universo de 3.058 empresários de todo o País, nos segmentos de comércio e serviços (83%), in-dústria e construção civil (12%) e agronegócios (5%).

Assim como Kotler, a maioria destes empresários acredita que a preocupação com o meio ambien-

te representa uma oportunidade de ganhos. Para 79% dos pes-quisados, as empresas que estão atentas às questões ambientais podem atrair mais clientes, uma vez que os consumidores estão mais seletivos e exigentes em ter produtos e serviços sustentáveis.

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Já 69% disseram que a adoção de práticas sustentáveis transmite uma boa imagem aos clientes.

Talvez por conta disso, 72% dos empreendedores disseram que a preocupação com o meio ambiente tem um alto grau de importância. Apenas 17% decla-raram que a preocupação deve ser média e 6% disseram que deve ser baixa. Outros 5% não soube-ram responder.

Exemplo que vem de cimaMas não são apenas as peque-

nas empresas que estão atentas a estas práticas. Grandes empresas como a C&A e o Walmart já de-ram passos em prol da sustenta-bilidade ambiental. Há dois anos, a empresa líder do mercado vare-jista de moda brasileiro instalou a sua primeira loja ecoeficiente no País. Inaugurada em 2009 no Centro de Porto Alegre, a loja Eco C&A adota conceitos de sus-tentabilidade com o objetivo de racionalizar o consumo de água, de energia e de emissão de C0². As iniciativas incluem iluminação inteligente, uso de paineis solares,

equipamentos eletrônicos de bai-xo consumo, chuveiros e torneiras de baixa vazão, instalação de bici-cletários, entre outras medidas.

A unidade ainda dispõe de um espaço do cliente, onde pode ser adquirida uma coleção de roupas sustentáveis e também possui um espaço para coleta de celulares, pi-lhas e baterias. A loja brasileira é a segunda com este conceito aberta pela C&A no mundo. A primeira foi inaugurada em 2008, em Mainz, na Alemanha.

Outro gigante que vem se ren-dendo à importância da sustenta-bilidade é o Walmart. As unidades brasileiras da gigante do varejo estão colocando em prática um grande programa de sustentabi-lidade que inclui, entre outras iniciativas, medidas que buscam a redução do consumo de energia

e de emissão de gases nocivos à camada de ozônio, diminuição da destinação de lixo a aterros sa-nitários, instalação de estações de reciclagem, estímulo à redução do uso de sacolas plásticas e aumento da oferta de produtos sustentáveis em suas unidades.

A exemplo da C&A, a Walmart também possui lojas ecoeficien-tes. Desde 2008, já foram abertas 24 unidades da rede que, desde o projeto, passando pela constru-ção, até o mobiliário, foram pensa-das como um ponto de venda que prima pelo consumo consciente e pelo respeito ao meio ambiente. Iniciativas como estas mostram que tanto as pequenas quanto as grandes empresas pode contri-buir para a preservação do meio ambiente e ainda lucrar muito com isso.

Para sabermais sobre

http://www.infomoney.com.br/empreendedor/noticia/2302567http://www.cea.com.br/site/loja-eco-ceahttp://www.walmartbrasil.com.br/sustentabilidade/home/

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Arte emeio ambienteExposições e mostras de arte proporcionam interação com o público através do pensamento crítico acerca de temas ambientais

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Envolver o espectador e convocá-lo a refletir sobre o

ambiente em que está inserido é o objetivo de diversas manifesta-ções artísticas contemporâneas. Em Berlim, na Alemanha, por exemplo, uma instalação artística com esse propósito, que analisa e discute o cotidiano da interação entre três aspectos em relação à sustentabilidade (ambiente, so-ciedade e economia), está aberta ao público.

A Level Green utiliza várias dimensões da sustentabilidade através da arquitetura para exibir por 100 m², em seis áreas temáti-cas e com 25 exposições artísticas distintas, para proporcionar vi-sões positivas sobre os conceitos e, ao mesmo tempo, envolver o público com os aspectos críticos e desafios futuros. “A premissa é que o desenvolvimento susten-tável só é possível através de co-nexões e implantação simultânea de objetivos ambientais, econô-micos e sociais”, explica Maria Schneider, diretora de criação da Autostadt, onde está insta-lada a Level Green. O visitante pode acessar a complexidade do tema através de exemplos do dia a dia dispostos de forma estética e intelectualmente atraentes. A

interatividade dá o tom do pro-jeto arquitetônico. O espectador apropria-se do espaço expositivo não mais como uma casca, mas juntamente com o conteúdo, que torna possível a descoberta e a experimentação da exposição, ressalta Schneider, promovendo uma experiência individual.

Também na Alemanha, uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Museu da Universidade de Heidelberg inaugurou no início de fevereiro a exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny (Natureza Brasileira – Mistério e Destino), que aborda a biodiversidade brasileira. A mostra tem como referência principal a Flora Brasi-liensis, obra do botânico alemão Carl Philipp von Martius (1794 – 1868), que mesmo 171 anos após ter seu primeiro volume pu-blicado permanece como o mais completo levantamento da flora brasileira.

Reproduções de imagens, ilustrações e textos explicativos compõem os 37 painéis que for-mam a exposição já apresentada com sucesso no Museu do Jardim Botânico de Berlim, em 2008, na Haus der Wissenschaft, em Bre-

men, em 2009, na Universidade de Leipzig e no Woodrow Wilson Center (Washington), em 2011.

O diretor do museu alemão, Matthias Untermann, ressalta o caráter particular da iniciativa. “Embora seja uma exposição iti-nerante que tem sido apresenta-da em outros locais da Alemanha, em Heidelberg ela ganhou um aspecto especial. Foi agregada a apresentação de alguns volumes originais do Flora Brasiliensis, fazendo uma ponte com a histó-ria”. Para o diretor do Jardim Bo-tânico de Berlim, Marcos Koch, a diversidade biológica é um tema central no Brasil e Alemanha, no primeiro, pelas perdas de biodi-versidade com a destruição de ecossistemas, e no segundo, pelo papel fundamental desempenha-do pela biodiversidade brasileira no funcionamento do ecossiste-ma global.

Já no Brasil, três exposições no Paraná e em São Paulo estão integrando arte e meio ambiente. “Arte e Meio Ambiente: rompen-do fronteiras” reúne no Palácio do Horto, em São Paulo, obras de artistas brasileiros e italianos que, atualmente, pertencem ao Acer-vo do Palácio, da Casa Civil. Re-tratada em gravuras, aquarelas,

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esculturas e painéis de Alfredo Volpi, Elisei Visconti, Brecheret, Ernesto Di Fiore, Marian Bono-mi, João Barbosa Rodrigues, Mar-garet Mee, dentre outros, está a biodiversidade dos dois países e também outros temas, como mú-sica, literatura e costumes.

Também em São Paulo, luga-res e comunidades ameaçadas pelo aquecimento global e ação do homem estão em mostra no Museu da Casa Brasileira. Con-cluído no final de 2011, o projeto ambientalista do fotógrafo Érico Hiller pode ser conferido em 45 imagens inéditas da exposição “Ameaçados – Lugares em risco no século 21”. O fotógrafo reali-zou uma expedição e clicou lu-gares e comunidades ameaçadas pelo aquecimento global e ação

do Homem, como na Etiópia, Tanzânia, Groelândia, Ilhas Mal-divas e Brasil. O projeto também virou livro. Com 268 páginas, a seleção integral das imagens con-cretiza o objetivo do autor, que é “lançar um alerta fotográfico ao que estamos fazendo com o nosso planeta. Muitas imagens familiares podem se transformar em meras lembranças no espa-ço de apenas algumas décadas. Portanto, o ‘Ameaçados’ ganha a importância de um inventário do

que poderá ser destruído, infeliz-mente, na nossa geração”, explica o fotógrafo.

Ao longo de 2011, Hiller per-correu mais de 200 mil km usan-do diversos tipos de meios de transporte, como avião, helicóp-tero, canoa e até um submarino. Tirou mais de 75 mil fotos, mo-rou um mês com as tribos etíopes que vivem às margens do Rio Omo e escalou o Monte Kiliman-jaro, o ponto mais alto da África (cerca de 6 mil metros).

Para sabermais sobre

Level Green: http://www.autostadt.deBrazilian Nature: http://fwd4.me/0v6vLugares em risco no século 21: www.ericohiller.com.br-

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transportar

Pneus verdesAlém de motor flex com-

bustível, os carros podem ser mais verdes com o uso de pneus ecológicos. Os fabricantes estão apostando em um produto ambientalmente correto, que ajuda a diminuir as emissões de dióxido de carbono (CO²) e de qualidade. A opção surgiu a partir da preocupação com as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o aquecimento global, além do “aperto” na legislação, restrin-gindo a poluição de caminhões e carros.

A maioria destes pneus faz um contato mais leve com a estrada, reduzindo a quantidade de resis-

tência e, portanto, necessitando de menos gasolina para impulsio-nar o veículo. No entanto, com menor resistência pode vir uma menor eficiência nos freios.

A Continental, uma fabricante de pneus alemã, produz um dos melhores do mercado para redu-zir o impacto sobre o ambiente. O pneu reduz o consumo de com-bustível e emissões de CO², e foi criado para sedãs, minivans, cupês e veículos crossover.

Marcas como a Michelin tam-bém atuam na fabricação de pro-dutos ecologicamente saudáveis.

A Bridgestone desenvolveu um conceito de pneu não-pneu-

mático, ou seja, sem ar. Eles têm um impacto menor sobre o meio ambiente em relação aos modelos convencionais utilizados atual-mente, pois possuem uma estru-tura única de raios capaz de supor-tar o peso de um veículo, não havendo necessidade de encher os pneus periodicamente com ar. Isto significa que os pneus exigem menos manutenção, além da preo-cupação com furos ser totalmente eliminada. Os raios dentro do pneu são feitos a partir de resinas termoplásticas reutilizáveis, jun-tamente com a borracha utilizada na parte da banda de rodagem, ambos 100% recicláveis.

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inovar

Transporte coletivo rápido e confortável como um trem,

com a flexibilidade de rotas e a conveniência de um carro. Pode parecer um sonho para muitas pessoas que necessitam do trans-porte público todos os dias, mas já existe um projeto com essas características com a previsão de estar nas ruas em cinco anos. O SuperBus é um incrível veículo elétrico com dois pares de rodas traseiras, que pode chegar à velo-cidade de 250km/h, com direito a cilindros hidráulicos que dimi-

nuem a distância entre a carro-ceria e o asfalto para sete centí-metros, aumentando a aderência.

O objetivo do veículo é ser uma opção mais sustentável de trans-porte coletivo, projetado para ci-dades. O designer do audacioso projeto, Wubbo Ockels, ex-astro-nauta que trabalhou em parceria com Antonia Terzi, afirma que, apesar da alta velocidade, o Su-perBus foi pensado para ir além das autopistas, mas é impossível não questionar como ele fará cur-vas dentro de uma grande metró-

pole com seus quinze metros de comprimento. As grandes Las Ve-gas, Dubai e Abu Dhabi já se mos-traram interessadas no veículo.

Não apenas para revolucionar a maneira como as pessoas se locomovem, mas a designer Antonia Terzi propõe, com o novo veículo, uma nova forma de relação entre a população e o transporte público. “O transporte público deve ser empolgante. As pessoas devem dizer: ‘Ok, eu tenho um carro, mas hoje eu prefiro usar o SuperBus”

Transporte sustentávelUm super ônibus promete revolucionar o sistema de transporte público de grandes cidades aliando alta velocidade e conforto

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pedalar

Adesigner norte-americana Colleen Jordan criou

pequenos vasos portáteis que podem ser acoplados às bici-cletas.

Apelidado de plantador, a criação é feita em nylon. O seu formato é parcialmente arre-dondado, o que permite ser encaixado no quadro da bike. Há várias opções de cores para

que o usuário tenha a chance de enfeitar a bicicleta da maneira que preferir.

Os pequenos vasos medem 5,75 centímetros de altura; 3,5 centímetros de largura e 1,5 de profundidade. O conteúdo plan-tado fica a escolha de quem o usar, mas a sugestão é que sejam plantas pequenas.

Além da opção para bike,

Colleen também adaptou os vasi-nhos para colares. Eles funcionam como pingentes e podem ser carregados para todos os lugares.

Os pequenos plantadores estão disponíveis na internet, através do site de compras Etsy, por US$ 45 e US$ 40, respectivamente. Além disso, a designer se coloca a dispo-sição para esclarecer dúvidas e indicar os melhores plantios.

Vasos de plantaspara bikesPara os ciclistas de grandes cidades, em meio ao asfalto e concreto dos prédios, uma ideia busca dar um toque da natureza na hora das pedaladas. Eles podem acoplar os vasos de planta em suas bicicletas D

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explorar

Rumo ao ponto mais profundo da Terra

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Uma produção da National Geographic promete explo-

rar o ponto mais profundo da Terra, no oceano Pacífico. Para o explorador James Cameron, o desejo de mergulhar fundo é motivado pela força que guia as descobertas da ciência. Mais conhecido pelos filmes Titanic e Avatar, o cineasta planeja mer-gulhar na trincheira de Mariana, onde se alcança a profundidade de 10.924 metros abaixo do nível do mar, em um submarino cons-truído para esta aventura. Came-ron é um ávido explorador com 72 submersões, incluindo 33 até

o Titanic.Na expedição Deepsea Chal-

lenge (Desafio no Mar profundo, em tradução livre), Cameron irá pilotar o submarino em uma cabine tão pequena que não terá espaço para esticar os braços. Ele será o único ocupante da máquina de 7 metros. À medida que ele manobra no oceano, explorando um terreno novo e cheio de animais estranhos, estará filmando um documen-tário e coletando amostras para pesquisa inédita. A equipe é composta pelo piloto Ron Allum e um time de engenheiros, cien-

tistas, professores e jornalistas. Após anos de preparação, Came-ron vai continuar o trabalho de Don Walsh e Jacques Piccard, os primeiros homens a mergu-lhar na trincheira de Mariana, nos anos 60. A diferença é que, desta vez, a expedição fará fotos e coletará amostras do local onde não chegam raios solares. As pes-quisas podem ajudar a entender terremotos que causam tsuna-mis devastadores e como a fauna sobrevive nestas condições, o que pode levar a resultados na biotecnologia e a descobrir como a vida começa.

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R E F E R Ê NC I A V E R D E

cidade renovável

História e modernidade emharmonia

Évora faz parte do Patrimônio Mundial e, também, do Projeto InovCity, que avalia os benefí cios das redes inteligentes. Em meio a riquezas históricas, a cidade portuguesa conta ainda com sistema de iluminação pública e de semáforos com a tecnologia LED

{ por Carlos Henrique Camelo

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Capital do Alto Alentejo, em Portugal, Évora é um exemplo

de cidade onde a história e a moder-nidade caminham em harmonia. Distante 135 quilômetros de Lis-boa, a cidade foi fundada durante o Império Romano e chegou a ser morada dos reis de Portugal, duran-te o período das Grandes Navega-ções, sendo um dos principais cen-tros artísticos e culturais do reino. O resultado de todos estes séculos de história foi a constituição de um conjunto arquitetônico de monu-mentos e construções que rendeu a Évora o título de Patrimônio Mun-dial, dado pela Unesco em 1986.

Mas não é apenas por seu pa-trimônio histórico que a cidade merece o reconhecimento mun-dial. Évora foi a cidade portugue-sa escolhida para testar o Projeto InovCity, da empresa Energias de Portugal (EDP). O projeto, lançado ofi cialmente em abril de 2010, foi escolhido dentre mais de 200 pela Comissão Europeia e pela Euroe-letric, que é a associação europeia de empresas do setor, como piloto para avaliar os benefícios das redes

inteligentes (Smart Grid) em suas várias vertentes. A EDP confi a tan-to no sucesso do seu projeto que acredita que, até 2020, 80% das redes europeias de distribuição elé-trica sejam constituídas por redes inteligentes.

Para avaliar estes benefícios, a capital alentejana recebeu a ins-talação de mais de 30 mil Energy Box, que é um aparelho que permi-te a ligação da casa do consumidor à rede elétrica. De acordo com a EDP, o Energy Box faz muito mais do que simplesmente medir o con-sumo. Ele permite ao consumidor o acesso, através do computador ou do smartphone, a informações detalhadas sobre este consumo, possibilitando saber as horas do dia em que mais se consome e aquelas em que pode-se usar eletricidade a um preço mais favorável, de modo a programar os eletrodomésticos para funcionarem nesses períodos. Essas informações possibilitam ao consumidor corrigir hábitos menos corretos de consumo, aumentando a efi ciência energética e, simulta-neamente, gerando uma economia

Évora

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cidade renovável

R E F E R Ê NC I A V E R D E

na fatura mensal.Os benefícios apontados no

projeto não se resumem apenas ao controle dos gastos, mas também à eficiência no processo de distri-buição e manutenção da rede. Por meio dos Energy Boxes, a empresa distribuidora poderá detectar com maior rapidez as interrupções no fornecimento de energia e atuar de forma mais ágil, e às vezes sem a necessidade de enviar equipes téc-nicas até o local do problema.

A cidade portuguesa também passou por um conjunto de mu-danças no que se refere ao seu sistema de iluminação pública. As luminárias tradicionais foram subs-tituídas por outras de LED, o que possibilitará uma redução de cer-ca de 40% a 50% no consumo de eletricidade. O sistema de controle implantado também é responsável pela regulação da iluminação em função das necessidades de uso e das condições naturais de lumino-sidade. Ao entardecer, por exem-plo, a iluminação pública é ativada e vai aumentando progressivamen-te a sua intensidade à medida que a luz solar vai diminuindo.

Os semáforos também passa-ram a utilizar a tecnologia LED, que além de permitir uma redução no consumo de energia possibilita

um ganho para a segurança dos motoristas, pois o seu feixe lumi-noso é superior ao dos semáforos tradicionais, o que permite que seja visto em piores condições atmosfé-ricas. Também representam uma economia significativa nos custos de manutenção dos equipamentos, se pensarmos que a vida útil de um LED pode chegar a 100.000 horas ou aproximadamente 11 anos de utilização contínua. Some-se a isso o fato de que, diferente do que ocorre com os semáforos que uti-lizam lâmpadas incandescentes, quando um LED se estraga, não significa que o equipamento fique danificado.

Produção de energia e mobilidade

A rede inteligente instalada em Évora também permite aos con-sumidores a possibilidade de se tornarem produtores de energia. Através da instalação de paineis solares fotovoltaicos ou pequenas turbinas eólicas em casa, o consu-

midor pode produzir energia para atender suas necessidades e até mesmo vender à rede, gerando a diminuição dos custos e a redução dos impactos ambientais.

A EDP também instalou na ci-dade portuguesa pontos para a re-alização de operações de carga e de descarga dos veículos elétricos. Os donos dos veículos também podem receber energia da rede elétrica quando a mesma está disponível e a um preço mais baixo. Da mes-ma forma, os proprietários podem restituir energia elétrica à rede e receber por isso, tendo a possibili-dade de vender esta energia princi-palmente nos horários em que ela é mais necessária e consequente-mente mais cara.

Ao mesmo tempo em que lucra com o consumo de energia para abastecer estes veículos elétricos, a Energia de Portugal está contri-buindo para a redução da emissão de CO² e do consumo de combus-tíveis fósseis. Uma equação onde as duas partes acabam ganhando.

Para sabermais sobre

http://www.inovcity.pt/pt/Pages/homepage.aspxhttp://www2.cm-evora.pt/guiaturistico/results_curiosidades.asp

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A jovem Gabrielle Brandão começou a se preocupar com a saúde do planeta aos cinco anos. E desde então começou uma trajetória invejável de defesa do meio ambiente. Hoje, aos 14, já tem um instituto que leva seu nome

Consciência ambientalnão tem idade

rg verde

{ por Sílvio Mauro

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Osenso comum geralmente cria (pré)conceitos a partir de alguns

referenciais. Em muitos casos, o que se pensa sobre uma pessoa a partir desses referenciais faz uma imagem que não condiz muito com a sua indi-vidualidade. Tome-se, por exemplo, a idade e o ambiente como parâmetros. Uma adolescente moradora da cidade de São Paulo ocupa boa parte do seu tempo com a escola, os ídolos das ban-das preferidas e as paqueras, certo? Há, no entanto, quem subverta esses padrões do que se tem por “normal”. É o caso de Gabrielle Brandão, uma pes-soa para quem o uso do senso comum para a definição da personalidade se-ria, no mínimo, limitado.

Em 2008, com 10 anos de idade, Gabrielle apresentava um programa infantil, o Net Kids, em um site de TV pela internet, quando a preocupação com o meio ambiente, que já existia na sua vida desde os cinco anos, ao ver uma matéria sobre o aquecimen-to global, falou mais alto e a fez tomar uma decisão radical. A partir daquele momento, ela deixaria de apresentar “bobeiras” no programa, segundo sua

própria definição, e usaria o espaço para “salvar o planeta”.

O Net Kids, então, passou a se cha-mar Net Kids Super Ecológico e foi apresentado por ela durante dois anos. Embora não esteja mais no ar, é possível ver trechos do programa no Youtube ou no site do Instituto Ambiental Gabriel-le Brandão (IAGB), que ela criou em setembro de 2009 para, com os bene-fícios de uma ONG, angariar fundos para vários projetos. Apesar dos poucos recursos tecnológicos dos vídeos, cha-ma a atenção neles a forte presença de uma menina desenvolta que não deixa dúvidas sobre o que quer: divulgar a mensagem da necessidade urgente de preservar o meio ambiente enquanto ainda há tempo.

No site do IAGB (www.gabriel-lebrandao.com.br), há a transcrição de algumas entrevistas que Gabrielle concedeu depois da repercussão do seu trabalho. Em uma delas, a jovem come-ça colocando o entrevistador em uma discreta saia justa, perguntando por que a empresa que ele representa usa mui-to papel na impressão de notas fiscais. No melhor estilo “pense globalmente,

aja localmente”, um dos mantras dos ambientalistas, ela, segundo a mesma entrevista, pressiona os membros da família, em casa, a não gastar muita água durante o banho.

Além do endereço do instituto na internet, é possível se informar das no-tícias sobre as atividades de Gabrielle no Facebook (para achar, basta digitar “Instituto Ambiental Gabrielle Bran-dão” na busca da rede social). Cerca de 1.300 pessoas assinaram para receber as atualizações da página. À disposição dos interessados, muitas fotos de paisa-gens da natureza.

Nos vídeos de entrevistas e palestras em que a jovem aparece como protago-nista, pode-se perceber um misto de informalidade e visão desconcertante-mente simples das soluções para os pro-blemas ambientais do mundo (em um deles, Gabrielle pergunta: se nesse mo-mento todos sabem que estão aconte-cendo queimadas e desmatamentos na Amazônia, por que o Exército não vai lá e impede que eles aconteçam?). Eles evidenciam a visão bem prática do que uma menina, auxiliada apenas pela fa-mília e alguns amigos e colaboradores,

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P E R F I L

rg verde

pode fazer para proteger a natureza.Esse pragmatismo se evidencia, por

exemplo, no principal foco dos proje-tos de Gabrielle. “Prefiro passar minha mensagem para as crianças pequenas, pois elas, além de mais interessadas, tem mais facilidade em aprender”, diz a ambientalista, lembrando ainda: “Não é nada fácil lutar contra uma ‘cultura de destruição por dinheiro fácil’. Os adultos, já com essa cultura encravada, não aceitam bem essa coisa de parar de desmatar ou de matar os animais indiscriminadamente”. Em um dos ví-deos disponíveis no site do IAGB, ela demonstra, mais uma vez, sua visão bastante prática do trabalho ambiental. A jovem lê um e-mail em que alguém a aconselha a parar com as suas ativi-dades porque existiriam pessoas mais qualificadas para isso. “Acho que a pessoa não precisa ser qualificada para cuidar do meio ambiente”, responde ela, sem se abalar com a tentativa (frus-

trada) de desestímulo.Como prova de sua crença no es-

forço próprio para a concretização de sonhos, a despeito de quaisquer limitações ou dificuldades, Gabrielle se dedica ao mais importante projeto do IAGB. Trata-se do Centro Ibiquá de Cultura Indígena (Cici). Em um terreno de 160 mil metros quadrados (m²) no interior de São Paulo, o insti-tuto pretende construir um complexo educativo ambiental onde os que traba-lharão são integrantes da tribo indígena Guarani Nhandevá. O projeto prevê o reflorestamento de boa parte da área com vegetação da Mata Atlântica e a construção de museu, oficinas de mú-sica, dança, artesanato e culinária, uma horta medicinal, uma casa de saúde e uma biblioteca. De acordo com infor-mações do site do IAGB, o projeto con-ta com apoio de uma arquiteta, uma an-tropóloga, uma bióloga e uma geógrafa.

Além do Cici, Gabrielle também ar-

ranja tempo para várias outras ativida-des. Seu currículo inclui a composição de 12 músicas, a participação em uma peça teatral educativa direcionada para estudantes de baixa renda, dois monó-logos e o projeto de um programa te-levisivo para TV aberta com interação de escolas. Para o futuro, a meta da ambientalista é fazer uma faculdade de Biologia e continuar os estudos de artes cênicas.

Pelo que se observa no site do IAGB, todo o trabalho de Gabrielle Brandão e seus colaboradores é feito com limita-ções (principalmente orçamentárias), o que mostra que o caminho a ser tri-lhado é um tanto árduo. Apesar da am-bição de “salvar o planeta” da jovem am-bientalista, no entanto, ela demonstra a intenção de fazer tudo isso de forma despretensiosa, sem buscar o impossí-vel. “Sou uma de vocês, mais um ser hu-mano a passar aqui pela Terra. Procuro fazer o mais simples”, resume.

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capaE N E R G I A S O L A R

{ Por Juliana Bomfim

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r e n e rg y. ano 2 > # 9 > 2011 { 3 5 }

NOVOS

Dono de uma das maiores reservas de quartzo do mundo e de uma incidência solar de mais de 2.000 horas por ano na maior parte do território nacional, o Brasil tem um grande futuro no mercado de energia solar nos próximos anos. O cenário hoje, para desenvolvimento desta matriz no País, é de debate sobre sua regulação, de incentivo a pesquisas e investimentos milionários

RUMOS

{ por Rodrigo Miguez, Ivonice Campos e João de Deus Fernandes

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{ 3 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 9 > 2011

capa

AAgência Internacional de Energia (AIE) projeta para

2050 que a energia solar irá re-presentar 20% da eletricidade gerada no mundo. No Brasil, se-gundo dados da Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel), temos cerca de 30 megawatts (MW) de sistemas fotovoltaicos isolados instalados em casas, con-domínios, shoppings e pequenos estabelecimentos, porém, o maior desafio do setor é fazer sistemas conectados à rede, com geração de energia distribuída para todos.

Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar a média anual de irradiação global em nosso País apresenta boa uniformidade, com médias anuais relativamente al-tas, mesmo sendo identificadas especificidades climáticas carac-terísticas em diversas regiões. O valor máximo de irradiação global

– 6,5kWh/m² - ocorre no norte do estado da Bahia, próximo à fronteira com o estado do Piauí, área de clima semi-árido com bai-xa precipitação pluviométrica ao longo do ano (aproximadamente 300mm/ano) e a média anual de cobertura de nuvens que é a mais baixa do Brasil. Já o menor valor de irradiação solar global – 4,25kWh/m² – ocorre no litoral norte de Santa Catarina, caracte-rizado pela ocorrência de preci-pitação pluviométrica bem distri-buída ao longo do ano. Por outro lado, os valores de irradiação solar global em qualquer região do terri-tório brasileiro (4200-6700 kWh/m²) são superiores aos da maioria dos países da União Européia, como Alemanha (900-1250 kWh/m²), França (900-1650kWh/m²) e Espanha (1200-1850 kWh/m²), onde projetos para aproveita-

mento de recursos solares, alguns contando com fortes incentivos governamentais amplamente dis-seminados.

No Brasil, as estimativas de valor para a energia solar FV gi-ram em torno de R$ 300 a R$ 500 por MWh, não sendo ainda atrativas para participar de leilões de fontes alternativas. Aí reside o grande desafio para os próximos anos, consolidar a implantação da indústria nacional solar visando assegurar ganhos de escala e de produtividade, capazes de permi-tir a competição ampla entre as alternativas energéticas, pois em termos de comparação, a geração eólica ofertada em larga escala nos leilões já está no patamar de R$ 100 por MWh, equivalente às hidrelétricas e superando em competitividade as usinas a gás natural, bioenergia e PCHs.

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Resto do mundo 12% Itália 28%

Alemanha 25% EUA 10% China 8% Japão 4% França 4%

Autrália 2% Reino Unido 2% India 2%

Canadá 2%

Fonte: IMS Research: http://bit.ly/ypCS3H

10 Principais Mercados Solar Fotovoltaíco

Tendências do Mercado Solar Global

Tendências dos Segmentos do Mercado Solar Mundial

Tendências do Mercado Solar Fotovoltaico Norte Americano

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16.629

2011

17.238

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19.245

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2014

28.763

2015

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Resto do mundo

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comércioComércio de médio porte

Grande consumidor

utility-scale

Rede elétrica

Mercado

Concessionária compra a produção e entrega do consumidor

Geração

10+ MW 5-10+ MW 1-5 MW 0-2 MW

Transmissão

Chão Chão Chão e telhado

Subestação Distribuição Consumo

Consumidor usa a sua produção

Fonte: Fonte: EPIA market data & Recurrent Energy consensus

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Segundo o professor Roberto Schaeffer, da Coppe/UFRJ (Co-ordenação de Programas de Pós--Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro), a projeção da participação de energia solar na matriz ener-gética brasileira em 2040 é da ordem de 17.000 MW, somando todos os tipos de captação solar.

Para o diretor do grupo seto-rial fotovoltaico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que conta com a participação de mais de 100 empresas, Leônidas Andrade, é preciso que haja uma demanda garantida para que as empresas do setor tenham confiança para investir no mercado solar.

Uma das propostas para gerar

demanda por energia solar parte da Empresa de Pesquisa Ener-gética (EPE), que deve enviar ao Ministério de Minas e Energia (MME) um estudo com propos-tas para alavancar o desenvolvi-mento da fonte no País – tanto na área de geração distribuída, com pequenos painéis em residências e indústrias, quanto em usinas de maior porte.

O material aponta simulações de quais incentivos poderiam ser dados à fonte para que ela ganhe competitividade e possa participar de leilões de energia. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, já admitiu que pode ser realizado um certame para a contratação de usinas fotovoltai-cas “em quantidade pequena, só

para criar uma massa crítica do setor no País”.

O MME deve tomar a deci-são de realizar ou não os leilões. Outro ponto a ser analisado pelo governo é a criação de outros in-centivos para a fonte, como redu-ção de impostos e financiamentos diferenciados.

Tolmasquim já disse que tam-bém há propostas para tornar mais atrativa para consumidores a instalação de painéis solares em residências, casas e comércios. A microgeração está em estudo na Aneel, e propõe uma troca entre cliente e distribuidora. A energia produzida pelas placas seria des-contada da fatura final do consu-midor, em igual proporção e sem remuneração em dinheiro.

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Evolução dos Preços dos Módulos Solares

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Fonte: Goldman Sachs Research estimates

Estimativas de custo do kWh

592 R$/MWh

395 R$/MWh

Preço turn-key

Fator de Capacidade (%)Custo do MWh, em Euros em função do fator de capacidade

e do custo do kW turn-key para uma TIR de 8%

3000 Euros/kW(7.500 R$/kW)

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2000 Euros/kW(5.000 R$/kW)

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Atualmente no Brasil, exis-tem, em operação, apenas 65 sistemas conectados à rede, com uma potência instalada de menos de dois MW. Esse número foi al-cançado graças à inauguração, em 2011, da Usina Solar de Tauá, da empresa MPX, pertencente ao grupo EBX do empresário Eike Batista. Com potencial inicial instalado de 1 MW, o empreendi-mento tem previsão para chegar aos 50 MW, porém, irá avançar aos poucos, para 2 MW no pró-ximo ano. Segundo a empresa, Tauá já possui autorização da Aneel e licença da Superinten-dência Estadual de Meio Am-biente do Ceará (Semace) para expandir a geração de energia para até 5 MW.

A MPX investiu cerca de R$ 10 milhões na primeira fase da usina, com tecnologia da Kyo-

cera Solar, que contou também com a chancela do Banco Inte-ramericano de Desenvolvimento (BID), que aportou R$ 1,2 mi-lhão no empreendimento, que é a primeira usina solar em escala comercial do Brasil ligada ao Sis-tema Interligado Nacional (SIN). A empresa firmou uma parceria com a GE, importante player no mercado mundial de energia so-lar, para garantir o fornecimen-to de equipamentos e com isso, avançar na ampliação da capaci-dade instalada da usina. A empre-sa também entrou com pedido, junto à Semace, de licença para ampliação da capacidade usina solar de Tauá para 50 MW. De acordo com a MPX, apesar do iní-cio de licenciamento, a expansão depende da implantação de um mecanismo de contratação que viabilize o investimento no pro-

jeto. A usina solar gerou 808,369 MWh durante os nove primeiros meses em operação.

A Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu pro-jetos inovadores para aproveita-mento de energia solar, traduzin-do-os em propostas competitivas e competentes, como por exem-plo os aeroportos solares.

Seguindo os passos de outras iniciativas pontuais do uso da energia solar fotovoltaica, a Usina Termelétrica Norte Fluminense, localizada no município de Ma-caé, no Estado do Rio de Janeiro, investiu na colocação de 1.800 módulos, com potência instala-da de 320 kWp, equivalente ao abastecimento de 500 residên-cias. Criado em 2010, o projeto do “telhado solar” da empresa visa o fornecimento de energia para todo o consumo interno da usina. Com a economia energéti-ca, a usina coloca a disposição do mercado consumidor o gás não utilizado.

Indústria nacionalPara suprir a necessidade de

produtos para a fabricação das placas solares, algumas empresas já estão trabalhando para produ-zir e atender ao mercado, como a Rima Industrial. Fundada em 1952, a empresa é líder mundial na produção de Silício metálico, Ferro-ligas e Magnésio metálico, com 60 mil toneladas por ano, instalada em Minas Gerais. Todos os produtos são obtidos a partir de insumos energéticos 100% re-nováveis, garantindo um balanço

Projetos em andamento no setor privado

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favorável de carbono, com captu-ra e armazenamento de CO2 em todos os processos.

A empresa foi a primeira do mundo a fazer o chamado silício verde, a partir de eucalipto re-florestado. Além de ampliar sua produção atual de Silício Grau Metalúrgico, a empresa pretende verticalizar o processo, objetivan-do agregar valor e ampliar merca-do para seus produtos. Para isso está desenvolvendo um projeto para implantação de uma planta piloto para pesquisa e desenvol-vimento da rota térmica de pro-dução de silício grau solar, bem como estudando possibilidades de implantação de projetos que englobem toda a cadeia produti-va do setor fotovoltaico. A inten-ção do grupo é ser uma empresa 100% verticalizada, desde a ex-tração do quartzo, até o produto final, a energia elétrica fotovol-taica.

A Tecnometal, empresa de so-luções em engenharia, criou uma divisão de energia solar. Sua atua-ção consiste em produzir lâminas de silício, células, módulos, kits e sistemas fotovoltaicos completos, É um projeto indutor de deman-da, do olho no potencial brasilei-ro. O País detém 90% das jazidas conhecidas de silício, economica-mente viáveis, do mundo.

No mundoAs centrais termoelétricas

a energia solar se expandiram significativamente nos últimos anos no mundo, alcançando a capacidade instalada de aproxi-madamente 940 MW. A Espanha e os Estados Unidos possuem respectivamente 51,3% e 46% do total instalado em operação.

A Espanha está na vanguarda dos novos investimentos em usinas termoelétricas solares com 28 novas centrais em construção, que terão capacidade instalada de 1.743MW, correspondentes a 92,5% dos novos empreendi-mentos.

Assim, como as usinas foto-voltaicas, o desafio da energia solar térmica em larga escala está em chegar a um custo de pro-dução competitivo, em relação às outras fontes. Atualmente, o preço médio por megawatt-hora gerado em uma usina termoelé-trica solar é de R$ 290, compa-rado com a média de R$ 120 por MWh nas centrais termoelétricas convencionais.

Diferentemente das centrais solares com painéis fotovoltai-cos que utilizam a luz do sol para produzir diretamente energia elétrica, as usinas termoelétricas solares utilizam o calor dos raios solares, refletidos por painéis pa-rabólicos e concentrados em um ponto específico, para aquecer um fluido, geralmente sal lique-feito, que permanece estocado em reservatórios a alta tempera-tura. Quando há demanda por energia, o fluido é conduzido até um trocador de calor que gera vapor d’água a alta pressão que move uma turbina, produzindo energia elétrica. O fluido é rea-proveitado e, ao longo do dia, o conjunto de espelhos se movi-menta para manter o melhor ân-gulo de captação da luz e do calor do sol.

As usinas termoelétricas so-lares podem utilizar diferentes tecnologias para concentrar o calor do sol, sendo os painéis pa-rabólicos os mais utilizados nas

centrais solares em operação no mundo correspondendo a 95% da capacidade instalada total. Ou-tras tecnologias usadas são torres solares, painéis Fresnel e discos parabólicos.

Em julho de 2009, um con-sórcio de 13 empresas multina-cionais, dentre as quais Deuts-che Bank, Siemens, EON, RWE, Abengoa Solar e MAN Solar Mil-lennium, assinaram uma carta de intenções para criar um projeto ambicioso de energia solar de-nominado Desertec. Esse projeto prevê a construção de um com-plexo de usinas termoelétricas solares que utilizarão a tecnologia de painéis parabólicos no norte da África, no Deserto do Saara, e no Oriente Médio. O projeto esti-mado em US$ 555 bilhões prevê linhas de transmissão, sendo que a energia produzida nos

empreendimentos será capaz de fornecer aproximadamente 15% da eletricidade consumida na Europa, além de dois terços da necessidade do norte da Áfri-ca e do Oriente Médio. A capa-cidade instalada das usinas sola-res poderá totalizar até 100.000 MW em 2050.

Em dezembro do ano passa-do, o grupo Neonergia formali-zou, por meio de convênio com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) da Aero-náutica, a instalação de um sis-tema de energia solar na ilha de Fernando de Noronha, em Per-nambuco. O investimento será de 5 milhões de Reais e as placas fotovoltaicas terão a capacidade de gerar 400 kWp (kilowatt--pico), com expectativa de 600 MWh de geração anual, cerca de 6% do consumo da ilha.

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A Carta do Sol iniciativa do Governo do RJ congrega esforços do Fórum Nacional dos secretá-rios estaduais para assuntos de energia em prol do desenvolvi-mento de energia solar, tendo es-tabelecido diretrizes para orientar o mercado.

Por sua vez, a Empresa de Pes-quisa Energética (EPE) informou que encaminhou ao Ministério de Minas e Energia os estudos acerca da viabilidade de implantação da

energia solar na matriz energética nacional.

O Congresso Nacional tem promovido eventos e audiências públicas para ampliar o debate sobre as políticas de desenvolvi-mento do setor de energias reno-váveis no Brasil. Destacam-se na tramitação 2012 os projetos como o REINFA e da energia solar para geração distribuída.

Nos estádios da Copa do Mun-do de Futebol 2014 estão previstas

as instalações de sistemas solares fotovoltaicos, que ampliam as perspectivas de segurança ener-gética e asseguram ganhos de sustentabilidade para a edificação, traduzida pela certificação LEED.

A Eletrosul publicou no dia 17 de fevereiro deste ano, no Diário Oficial da União, o novo edital de concorrência internacional para contratação da empresa ou consórcio de empresas, que irão implantar o maior projeto brasi-

Iniciativas governamentais

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leiro de geração de energia solar fotovoltaica integrado à edifica-ção – o Megawatt Solar. Trata-se de grande oportunidade que está inspirando outras empresas e go-vernos estaduais na execução de propostas de investimentos em energia solar fotovoltaica.

A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), que integra projetos em prol de uma ilha mais sustentável, ficará responsável pela implantação dos painéis so-lares na rede elétrica de Fernando de Noronha. Porém, o presidente da Celpe, Marcelo Corrêa, afir-mou que ainda é indispensável o uso da termelétrica de Tubarão.

Segundo a empresa, a comple-mentação da matriz energética com a fonte solar e com a imple-mentação de um programa de efi-ciência do uso da energia culmina-rá na redução de cerca de 350 mil litros de diesel por ano, gerando uma economia de R$ 1 milhão por ano na compra do combustível. A previsão de conclusão das instala-ções das placas fotovoltaicas e do

programa de eficiência é de até o final de 2012.

Criado em 1971 pelo Banco do Nordeste (BNB), o Fundo de De-senvolvimento Científico e Tec-nológico – Fundeci, já aplicou R$ 353,3 milhões, em 2.886 projetos. O fundo tem por finalidade apoiar a realização de pesquisas econô-micas e tecnológicas voltadas para o desenvolvimento agrícola e in-dustrial do Nordeste e promover a difusão de tecnologias apropriadas ao sistema produtivo da região.

Até 2011, o fundo apoiou 24 projetos de pesquisa relacionados à energia solar, com valor total apoiado de aproximadamente R$ 1,7 milhão, com destaque para pesquisas voltadas para Configu-ração Eficiente de Dessalinizador Solar Fotovoltaico; Sistema de Dessalinização via Osmose Re-versa Acionada por Painéis Foto-voltaicos sem Baterias; Sistema para controle de carga utilizando geradores eólicos e painéis foto-voltaicos; entre outros. “No mo-mento, estamos em trativas com o

Centro de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Cenea CE), para fins de levantamento de potencial e análise de viabilidade de geração de energia elétrica por microge-radores eólicos e painéis solares e sua utilização por produtores e micro produtores rurais nos Esta-dos do Rio Grande do Norte, Para-íba, Piauí e Ceará”, afirmou Allis-son Martins, gerente do Fundeci. Em 2011, o fundo aplicou recursos da ordem de R$ 20 milhões, mas há proposta para ampliar em 20% o orçamento, para chegar a operar com cerca de R$ 24 milhões já neste ano de 2012.

O Ministério de Ciência e Tec-nologia (MCT) está construindo, em Pernambuco, a fase 1 do Cen-tro Experimental de Tecnologias em Energia Solar, com investi-mentos de R$ 23 milhões. Feito em parceria com a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobras (Cepel) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro vai servir como local de testes de geração héliotérmica, através de cilindros parabólicos. A energia solar é prioritária ao País e vai ganhar cada vez mais espaço nos próximos anos, o Ministério da Ciência e Tecnologia está elabo-rando Plano de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação (PACTI) que será implantado até 2015 e tem a ener-gia solar como destaque.

O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) realizou e publicou relatório indicativo das rotas tecnológicas, as demandas para a apropriação das tecnologias existentes e as perspectivas de ino-vação tecnológica na fabricação de sistemas solares fotovoltaicos.

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Programas nacionais

O programa “Luz para Todos, do governo Federal, vem forne-cendo energia elétrica na zona rural do Brasil, por meio, da ener-gia solar. Ao final de novembro de 2011, o programa alcançou mais de 14 milhões de pessoas. So-mente a Kyocera Solar já imple-mentou mais de 40.000 sistemas solares fotovoltaicos(FV).

Criado em novembro de 2003, o programa já ultrapassou a meta inicial que era de 10 milhões de pessoas. Os recursos federais são provenientes da Conta de Desen-volvimento Energético (CDE) e da Reserva Global de Reversão (RGR), repassados por meio de subvenção (fundo perdido) e fi-nanciamento, respectivamente. Os investimentos contratados chegam a 19 bilhões de Reais. Deste total, R$ 13,8 bilhões são do Governo Federal, que já libe-rou 11 bilhões de Reais para as empresas de energia.

Para atender as comunidades que vivem isoladas, principal-mente na Amazônia, o Ministério de Minas e Energia (MME) ela-borou o Manual de Projetos Espe-ciais, que estabelece os critérios técnicos e financeiros que serão aplicados neste tipo de atendi-mento, com o uso de fontes alter-nativas de energia elétrica, tendo como principal atrativo, o repasse de 85% dos recursos, a título de subvenção econômica, por parte do governo.

Dentre as opções tecnológicas, encontram-se usinas solares foto-voltaicas e sistemas híbridos. Al-gumas comunidades isoladas da Amazônia receberam eletricidade gerada em miniusinas fotovoltai-cas e distribuídas por minirredes. O projeto é o primeiro a receber a autorização da Aneel para usar o sistema de pré-pagamento da energia, que possibilita ao mo-rador comprar um cartão de

30kWh de consumo por R$ 7,00, e também o sistema de monitora-mento e operação remota do sis-tema, por meio de uma unidade terminal remota (UTR) instalada na miniusina, que enviará os da-dos para Manaus, via internet.

O sistema já foi implantado em 12 comunidades do Amazo-nas nos municípios de Novo Ai-rão, Eirunepé, Beruri, Barcelos, Autazes e Maués, com investi-mento total de R$ 5,5 milhões e atingindo 222 residências.

O Luz para Todos também instalou sistemas de geração solar na Bahia, utilizando 1.943 placas solares de 143W, beneficiando 1.943 domicílios do agreste baia-no que estavam distantes da rede de distribuição convencional. Em São Paulo, em 30 domicílios o sis-tema de geração foi de 170W e em duas de 390W.

Outro atendimento realizado pelo Luz para Todos foi no Estado do Acre, que levou energia pelas placas solares para 103 residên-cias em 240W. Inicialmente pre-visto para ser encerrado em 2008, o projeto foi prorrogado duas vezes e agora será executado até 2014.

O programa de habitação Mi-nha Casa, Minha Vida, em Itaitin-ga, Região Metropolitana de For-taleza (RMF) avalia a instalação de sistema de energia solar. Tal proposta é analisadaspelo Minis-tério das Cidades sobre a viabili-dade de atender mais de quatro mil residências que poderão ter geração própria de energia. Para isso, o investimento é de R$ 6 mi-lhões, ou seja, R$ 1,5 mil por casa. Uma residência de baixa renda consome cerca de 120 KWh/mês.

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A relevância da energia solar para atender a indústria em geral passa pelo desafio da armazena-gem da energia solar para ser usa-da quando não tiver sol.

A tecnologia térmica solar, que gera eletricidade usando o calor do sol para ferver água, que pode ser usada para esquentar o sal, que por sua vez armazena a energia para os períodos sem sol e de alta demanda energética como o do horário de ponta, das 17 às 21horas todos os dias.

Enquanto no mundo a capaci-dade de apoio (backup) para ener-gia eólica e solar vem na forma de caros geradores movidos a gás, que ficam inertes na maior par-te do ano, mas operam quando o vento para de soprar ou o sol de brilhar, no Brasil, os reservatórios das usinas hidrelétricas podem se utilizados para armazenar energia para os períodos complementa-res às renováveis intermitentes. Para o Brasil, estuda-se ampliar o Mecanismo de Realocação de Energia, MRE, que poderá ope-rar como consórcio entre usinas hidrelétricas, eólicas e solares trazendo ganhos de eficiência na gestão da operação e manutenção das usinas em conjunto.

Nos EUA, a SolarReserve está construindo uma usina de arma-zenagem de energia no deserto de Nevada que deverá começar a fun-cionar em 2013, e a BrightSource, que projeta três usinas na Califór-nia para entrar em operação em 2016 e em 2017. Google, Chevron e Good Energies estão investindo nessa tecnologia, e as empresas NV Energy e Southern California

Edison já assinaram contratos de longo prazo para comprar ener-gia dessas usinas de armazena-gem solar, que complementam os painéis solares, que produzem energia diretamente da luz do sol.

O avanço da implantação dessa tecnologia está se tornando cada vez mais interessante na medida em que os preços dos painéis so-lares estão decrescendo e, assim, tem ampliado a atratividade para serem instalados em telhados em larga escala.

Embora nos EUA a energia solar responda por menos de 1% da energia consumida, o Depar-tamento de Energia dos EUA deu em setembro à SolarReserve um empréstimo de US$ 737 milhões para seu projeto em Nevada, para gerar 110 megawatts no horário de pico e armazenar calor para funcionar por até dez horas quan-do não houver sol direto.

As usinas SolarReserve e Bri-ghtSource vão usar milhares de espelhos do tamanho de cartazes,

operados por computador, que di-rigirão a luz do sol para uma torre que absorve calor. A SolarReserve absorve o calor em sal derretido, que pode ser usado para ferver água, gerando vapor que movi-menta uma turbina e um gerador.

O sal quente também pode ser usado para reter o calor durante muitas horas. A BrightSource aquece a água que pode ser usa-da imediatamente como vapor ou que pode ser usada a fim de aquecer o sal para estocagem. O caminho mais simples para a energia térmica solar é trans-formar o calor em eletricidade imediatamente.

O NREL - Laboratório Nacio-nal de Energia Renovável, em Golden, Colorado, estima que a estocagem poderá cortar em US$ 0,04 os custos por kilowatt/hora, um benefício considerável para uma venda em média por US$ 0,11, grande parte da economia é não precisar construir os gera-dores movidos a gás para backup.

O futuro da energia solar térmica

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Atualmente, a geração de energia renovável conta com in-centivos conforme a injeção na re-de, segundo a lei n. 9427 no artigo 26. Esses incentivos são para qua-tro fontes: CGH/PCH (Central de geração hidrelétrica/Pequena cen-tral hidrelétrica), Solar, Biomassa e Eólica. Relativamente a injeção na rede sem exceder 30.000 kWh/h, as quatro fontes incentivadas têm o direito ao desconto de 50% na TUSD/TUST, aplicável nas du-as pontas: produção e consumo. Especificamente para uma usina solar, esse desconto está em vias de passar de 50% para 80%. (Au-diência Pública n. 042/2011, já re-alizada). Esse desconto na TUSD/TUST, que vale para as 4 fontes incentivadas, foi estendido para a Co-Geração Qualificada.

Em relação a injeção na rede até 50.000 kWh/h, as quatro fon-tes incentivadas têm o direito de comercializar com consumidor ou conjunto de consumidores reu-nidos em comunhão de interesse de fato ou direito. São os chama-dos consumidores especiais com carga cuja soma não seja inferior a 500 kW, mediante sua pronta emancipação de cativos para livres, desde que atendidos por qualquer das mencionadas quatro fontes incentivadas em pelo menos 51% do fornecimento total, admitido o complemento em até 49% com outras fontes.

Para incentivo na geração dis-tribuída, a legislação vigente prevê para Geração Distribuída 2 fontes: a Hidro até 30.000 kW e a Térmica com rendimento acima de 75%.

A distribuidora poderá optar

comprar dessas fontes, desde que localizadas em sua área de con-cessão e até 10% do seu mercado, mediante simples Chamada Públi-ca e com preços até tetos sem ferir a legislação.

Recentemente, o Governo sinalizou incluir na Geração Dis-tribuída as 4 fontes incentivadas (CGH/PCH, Solar, Biomassa e Eólica), cuja regulamentação está em vias de ser aprovada e visa fa-cilitar o caminho para as cogitadas “smart grids”. (Audiência Pública

n. 042/2011, já realizada). Espera--se que a tecnologia fotovoltaica ganhe impulso nessa modalidade. Mas aí a usina NÃO será outorga-da ou modelada como gerador com autonomia para comercializar a sua energia.

O gerador seria visto como inte-grado diretamente à carga –i.e. no Consumo- e sem exceder a capa-cidade instalada de 1.000 kW. Es-taria previsto o “net metering”, em que o saldo mensal -dependendo do “quantum” gerado- pode signi-

Regulação e incentivos

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ficar exportação ou importação, respectivamente se exceder ou não a carga pura.

Se exportação, o saldo perten-ce ao Consumidor, mas não po-derá comercializá-lo e sim apenas aproveitá-lo no abatimento de medições futuras, com validade de algo como 1 ano, extinguindo--se após. Se importação, é o saldo a pagar, porém um valor a menor que o consumo com a carga pura, vez que reduzido pelo gerado.

Para incentivo da sub-rogação da CCC e exclusivo para sistemas isolados (ex. Amazônia), existe o dispositivo da sub-rogação da CCC para fontes que desloquem deriva-dos de petróleo, e que, entre outras, inclui a Solar. O incentivo nesse caso pode chegar a 3/4 do investi-mento, pagos distendidamente, e na condição desse benefício alcan-çar o Consumidor, mediante uma tarifa baixa de geração.

Em relação ao incentivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), os Produtores Indepen-dentes-PIE’s estão obrigados (ex-ceto aqueles utilizando qualquer das quatro fontes incentivadas mais Co-Geração Qualificada), a aplicar em P&D. Recentemente, a Aneel abriu a opção no P&D para aplicações em usina fotovoltaica de até 3 MW e a comercialização da sua energia. Para tanto, lançou o programa designado P&D Estra-tégico n. 13/2011 a que aderiram 18 PIE’s com suas respectivas usinas fotovoltaicas.

O programa totalizou um in-vestimento de cerca de R$ 400 milhões e 24.500 kWp (média do investimento específico em R$ 16.325 : kWp) repartido em 18 usinas de diferentes capacidades: 3 de 500 kW; 1 de 600 kW; 1 de

750 kW; 8 de 1.000 kW; 1 de 1.500 kW; 4 de 3.000 kW.

Viabilidade da energia solar no Brasil

A tecnologia fotovoltaica apre-senta alto investimento específico (da ordem de US$ 6.000 : kWp, equivalendo a R$ 10.200 : kWp), baixo rendimento (na faixa de 8% a 15%, dependendo da pureza e es-pessura do filme) e fraco fator de capacidade (entre 20% a excepcio-nalmente 30%).

O custo da geração situa-se atualmente em cerca de US$ 270 por MWh (equivalendo a R$ 460 por MWh), ainda bastante eleva-do, mas com tendência de queda, talvez não acentuada. A conjunção desses elementos não favorece a utilização comercial dessa tecno-logia, salvo se contar com forte subsídio.

A outra tecnologia solar é a ter-mosolar (seja com torre ou de dis-co parabólico), algo mais eficiente que a tecnologia fotovoltaica, mas como essa, ainda bem cara.

Embora a tecnologia termoso-lar seja promissora –por aumen-tos a) na temperatura do fluido de trabalho; b) no fator de capacidade servido pelo armazenamento tér-mico- a simplicidade da tecnologia fotovoltaica tem favorecido a sua preferência e crescente utilização.

O incentivo do desconto na TUSD/TUST por maior que seja (em vias de o desconto aumentar de 50% para 80%) é fraco perante o elevado custo de geração. Portan-to, tal desconto é de pouca valia na geração solar de qualquer tipo.

Outro incentivo, mas para Sis-temas Isolados e em que pode-se abater até 3/4 do investimento, perdeu parte da sua atratividade,

depois que ficou condicionado a reverter o benefício para o Consu-midor, mediante uma baixa tarifa de geração.

Também não deixa de ser um incentivo, optar no P&D por usina fotovoltaica, já que a sua energia poderá ser comercializada, pro-porcionando assim algum retorno a um investimento, que não fora isso e como é típico em outras aplicações, além de compulsório é a fundo perdido para o PIE.

Já o financiamento como pra-ticado por alguns programas de fomento (Nações Unidas, banco alemão KFW ou governos) prevê-em mais da metade do investimen-to a fundo perdido, o que contribui efetivamente para viabilizar a apli-cação de maior porte em geração solar de qualquer tipo.

Existe também a possibilidade de sinergias e complementações ao combinar o aproveitamento solar em sítio que já explora outra fonte, os chamados Sistemas Hí-bridos, em especial com a tecno-logia fotovoltaica.

Por outro lado, a tecnologia fotovoltaica poderá encontrar via-bilidade se aplicada diretamente junto a carga (no Consumo), qual seja, em “by-pass” à pesada cadeia G-T (Geração-Transmissão) e co-mo vem sendo demonstrado em alguns países com a utilização do “net metering” em vias de ser ado-tado no Brasil, um passo importan-te para as “smart grids”.

Ela também poderá competir com outras tecnologias “diferen-tes” e mais adequadas para atender locais bastante isolados (ex. ilhas), vez que as tecnologias comerciais usuais aí se inviabilizam pelas difi-culdades logísticas ligadas ao com-bustível e manutenção.

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Com a intenção de diversifi-car a matriz energética brasileira, a Aneel realizou chamada pública aberta para projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de gera-ção fotovoltaica, com investimen-to de R$ 395,9 milhões

Apesar de ser uma fonte abundante no País, o Brasil ain-da desperta no setor de energia solar. A inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética nacional em médio e longo prazo é uma possibilidade considerada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que realizou a chamada pública aberta “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inser-ção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira” para projetos de pesquisa e de-senvolvimento (P&D) na área de geração fotovoltaica.

Das 98 empresas que inscre-veram seus projetos, entre con-cessionárias de distribuição, gera-doras, empresas de transmissão e holdings com atuação em todos os meios do setor elétrico, 18 foram selecionadas. O investimento total previsto pelas 18 empresas para o

desenvolvimento dos projetos pi-loto é de R$ 395,9 milhões. A ge-ração energética é de 24,578 Mwp.

A intenção da Aneel é divulgar os avanços tecnológicos relaciona-dos à geração solar fotovoltaica e alavancar toda a cadeia produtiva desta fonte no país, em termos regulatórios, mercadológicos, tec-nológicos e acadêmicos.

O principal objetivo da chama-da é a proposição de arranjos téc-nicos e comerciais para projeto de geração de energia elétrica através de tecnologia solar fotovoltaica, de forma integrada e sustentável, buscando criar condições para o desenvolvimento de base tecno-lógica e infraestrutura técnica e tecnológica para inserção dessa modalidade de energia na matriz energética nacional, além do de-senvolvimento e a transferência de tecnologias importantes para o setor.

Conforme a Aneel, o projeto inclui a instalação de uma usina solar fotovoltaica, conectada dire-ta ou indiretamente por meio de unidades consumidoras à rede de distribuição e/ou transmissão de

energia elétrica, com capacidade instalada entre 0,5 MWp e 3,0 MWp. Além disso, prevê também a instalação de estação solarimé-trica com sistema de aquisição, monitoração e análise de dados capaz de fornecer informações de desempenho técnico-econômico do projeto, tais como dados de irradiância global e difusa, tempe-ratura, umidade, direção e veloci-dade do vento e pressão.

Parte dos custos da implanta-ção do programa, que terá finan-ciamento e execução por empre-sas de energia elétrica, deverá ter contrapartida de recursos finan-ceiros externos ao programa de P&D ou equivalentes. Esses valo-res, de acordo com a Aneel, pode-rão ser compensados por meio dos próprios benefícios econômicos resultantes do empreendimento.

Os resultados desse projeto podem subsidiar a inserção da geração fotovoltaica na matriz brasileira. Isso porque as análi-ses previstas incluem itens de grande complexidade, como, por exemplo, a adequação ou adapta-ção de tecnologias existentes às condições de operação de plantas solares fotovoltaicas já em uso; in-ventário de locais mais adequados à instalação de usinas; análise de custos dos componentes de uma planta de geração solar fotovol-taica e dos custos de formação de tecnologia nacional; prospecção dos mercados de consumo de energia elétrica produzida por ge-ração solar fotovoltaica até o ano de 2020, entre outros. O prazo para desenvolvimento dos 18 pro-jetos é de 36 meses.

Preparando o sol do futuro

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capa

E N E R G I A S O L A R

EMPRESA PROJETO CUSTOCAPACIDADE

INSTALADA (MWp)

Elektro Eletricidade e Serviços S/A. ELEKTRO PUCSOLAR R$ 8.253.250,00 0,500

Furnas Centrais Elétricas S/A. FURNASArranjos Técnicos e Comerciais para a Inserção para a Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira

R$ 48.224.047,14 3,000

Companhia Energética do Ceará COELCEArranjo Técnico e Comercial para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética do Estado do Ceará – Usina Castelão

R$ 12.059.720,36 1,500

Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia COELBA

Arranjos Técnicos e Comerciais para a Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira

R$ 24.509.878,72 1,000

Companhia Hidro Elétrica do SãoFrancisco CHESF

Central Fotovoltaica da Plataforma Solar de Petrolina R$ 44.552.168,00 3,000

Companhia Energética de São Paulo CESP

Desenvolvimento e instalação piloto de geração fotovoltaica para modelo estratégico de referência tecnológica, regulatória, econômica e comercial, inserindo esta energia na matriz energética nacional

R$ 9.563.923,38 0,723

Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista CTEEP

Desenvolvimento de competências e avaliação de arranjos técnicos e comerciais em geração distribuída com sistemas fotovoltaicos conectados à rede

R$ 10.003.664,00 0,600

Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S/A ELETROPAULO

ARRANJOS TÉCNICOS E COMERCIAIS PARA INSERÇÃO DA GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICA NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

R$ 23.381.047,85 1,000

Petróleo Brasileiro S/A. PETROBRÁS Estudo do Impacto da Geração Fotovoltaica Centralizada no Sistema Elétrico

R$ 21.250.000,00 1,100

Tractebel Energia S/A TRACTEBEL

Implantação de usina solar fotovoltaica (FV) de 3MWp e avaliação do desempenho técnico e econômico da geração FV em diferentes condições climáticas na matriz elétrica brasileira

R$ 60.847.400,00 3,000

Eletrosul Centrais Elétricas S/A ELETROSULAmpliação da usina Megawatt Solar com novas soluções tecnológicas e estratégias comerciais (Projeto SOL+)

R$ 2.623.002,00 1,024 1,024

CEMIG Distribuição S/A CEMIG-DProjeto estratégico: Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira

R$ 8.275.540,00 0,500 0,500

Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica CEEE-GT

Inserção da geração solar fotovoltaica urbana conectada à rede em Porto Alegre R$ 11.356.889,00 0,550

Copel Geração e Transmissão S.A. COPELGT

PE 13 - Comparação da geração de energia elétrica por fonte solar fotovoltaica e sua disponibilização na rede de distribuição sem e com acumulação em banco de bateria vanádio de ciclo ilimitado

R$ 50.592.997,02 3,000

Copel Geração e Transmissão S.A. COPELGT

Aplicação de células fotovoltaicas de fabricação nacional para geração de energia elétrica interligada a rede de distribuição no estádio Joaquim Américo do Clube Atlético Paranaense

R$ 24.617.579,48 1,000

MPX PECÉM II GERAÇÃO DE ENERGIA S.A. MPXArranjos técnicos e comerciais para inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética Brasileira

R$ 8.422.678,00 1,000

Companhia Piratininga de Força e Luz CPFL Piratininga

Inserção técnico-comercial de geração solar fotovoltaica na rede da CPFL - Diversificando a matriz energética brasileira

R$ 11.373.000,00 1,081

Celg Distribuição S.A. CELG-DArranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira

R$ 15.997.384,05 1,000

Total: 395.904.169,00

Projetos na ANEEL

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especialistaE N T R E V I S TA L E O N I DA S A N D R A D E

Solar: “há muito aser feito”

A análise sobre o desenvolvimento da geração de energia solar fotovoltaica no Brasil do diretor da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Leonidas Andrade, é que ainda há muito a ser feito. Ele defende programa de governo para a sua adoção e difusão desta matriz

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Ocaminho para alavancar a indústria solar no País passa

por leilões específicos para a fonte solar fotovoltaica. Essa é a expec-tativa do setor, de acordo com o diretor da Abinee, Leonidas An-drade. Para ele, o certame iria provocar uma reação muito posi-tiva no mercado de equipamentos e serviços fotovoltaicos no País, com potencial de atração e forta-lecimento dessa cadeia produtiva para o Brasil. “A cadeia produtiva da indústria fotovoltaica é bas-tante segmentada, tanto na área de produção de equipamentos quanto na área de serviços, tendo portanto um alto potencial de geração de emprego”. A favor do Brasil, diz ele, está sua localização no cinturão solar, ao longo da li-nha do Equador.

Renergy:: Há algum tempo, a energia eólica era tida como uma fonte alternativa. Hoje, com o barateamento dos custos e investimentos em parques, há estimativa de que em 2014 ela alcance 5% da matriz energéti-ca do Brasil. Na sua avaliação, a energia solar está seguindo o mesmo ritmo de expansão? O Brasil já despertou para essa opção?Leonidas Andrade:: É muito promissor o avanço da energia solar fotovoltaica no mundo. A capacidade instalada em 2011 foi de 27,7 Mwp (megawatt peak). No total, ela chega 67,4 GWp de acordo com a EPIA (European Photovoltaic Indus-try Association). Em 2011, a Itália desbancou a Alemanha, que mantinha há anos a lide-rança mundial no setor, e paí-ses como Estados Unidos e Chi-

na começaram a se destacar no cenário mundial. Certamente, eles estarão ocupando as pri-meiras posições em breve. No Brasil, há muito a ser feito para que a energia solar fotovoltai-ca ocupe o seu lugar na matriz energética. Apesar de ser pos-sível demonstrar, em algumas situações, que essa alternativa, gerada no ponto de consumo, já seja competitiva em relação à eletricidade entregue por al-gumas distribuidoras, ela ainda carece de apoio e de um pro-grama de governo para a sua adoção e difusão. Na Abinee, criamos, em janeiro de 2010, o grupo setorial de sistemas

fotovoltaicos com pouco mais de 20 empresas. Em aproxima-damente um ano de existência, esse grupo já congrega cerca de 120 empresas interessadas no potencial brasileiro e no desen-volvimento da cadeia da indús-tria fotovoltaica em nosso País.

R:: Em alguns países, o uso da energia solar é estimulado pelo governo, tanto em residências quanto em empresas. Isso, no

entanto, não acontece no Bra-sil. Seria possível implantar a mesma política no País?LA:: Seria fundamental que o Brasil pudesse investir no de-senvolvimento da energia solar. Programas como estes são os res-ponsáveis pelo grande desenvol-vimento da indústria fotovoltaica no mundo, assim como pela con-sistente queda nos preços, que realimenta o processo de forma virtuosa. Um maior apoio gover-namental à inserção da energia solar fotovoltaica na matriz elé-trica brasileira certamente pro-porcionaria o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local, e contribuiria também para uma queda mais acelerada dos preços. O País deveria apostar de forma mais consistente e objetiva no seu potencial solar. Estudos con-duzidos no Brasil demonstram, por exemplo, que a irradiação so-lar diária em qualquer região do Brasil, varia entre 4,1 e 6,8 kWh/m², enquanto na Alemanha o va-lor máximo é somente 3,4 kWh/m². Ou seja, o local com menor insolação no Brasil tem mais po-tencial que o de maior insolação na Alemanha, sendo este último um dos países com a maior capa-cidade instalada de energia foto-voltaica no mundo.

R:: Como diminuir os custos da energia solar no Brasil?LA:: Antes de tudo é preciso gerar a demanda por sistemas fotovoltaicos no País. Parece que estamos tentando subverter a or-dem das coisas, ou seja, parece querer-se que a indústria fotovol-taica se estabeleça no Brasil, que tenha preços competitivos, para depois se criar a demanda. Isso

Um maior apoio go-vernamental à inserção da energia solar fotovol-taica na matriz elétrica brasileira certamente proporcionaria o de-senvolvimento de uma cadeia produtiva local

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contraria qualquer pressuposto econômico ou de marketing. Te-mos que apostar em programas de governo, voltados para apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva desse setor no Brasil. Mas tomando-se o cuidado de não criar uma reserva de merca-do, pois isso em nada contribui-ria para o desenvolvimento e a competitividade da nossa indús-tria. Isso passa por uma política de incentivo ao conteúdo local sem penalizar demasiadamente as importações, necessárias para atender uma demanda crescente de um mercado em expansão.

R:: O que os fornecedores de energia solar precisam, em ter-mos de estímulos governamen-tais, para aumentar a oferta no Brasil?LA:: Se estivermos falando de empreendimentos capazes de ofertar energia solar fotovoltaica, essa oferta ainda não existe no Brasil. Com exceção do empre-endimento pioneiro de 50 MWp, em construção na pela MPX na cidade de Tauá, no estado do Ce-ará, dos quais apenas o primeiro MWp está realizado e conectado à rede, ainda não há no País centrais fotovoltaicas oferecendo energia elétrica. A expectativa é que essa demanda possa ser criada através de leilões específicos para a fonte solar fotovoltaica. Isso certamente iria provocar uma reação muito positiva no mercado de equipa-mentos e serviços fotovoltaicos no País, com potencial de atração e fortalecimento dessa cadeia pro-dutiva para o Brasil. A cadeia pro-dutiva da indústria fotovoltaica é bastante segmentada, tanto na

área de produção de equipamen-tos quanto na área de serviços, tendo portanto um alto potencial de geração de emprego. O Brasil tem um diferencial muito positivo para considerar a introdução da geração fotovoltaica na sua matriz elétrica. Fazemos parte do grupo de países localizados no cinturão solar, distribuídos ao longo da li-nha do Equador, que apresentam um excelente nível de irradiação solar sobre o seu território. Isso possibilita que projetos fotovol-taicos localizados no País tenham uma das melhores relações a nível mundial entre Wp instalado ver-sus Wh produzido. Infelizmente esse fator é anulado quando se leva em conta a alta carga tribu-tária e demais custos, que fazem com que um sistema fotovoltaico chegue ao Brasil custando apro-ximadamente 45% a mais que seu preço FOB [preço de venda da mercadoria acrescido de todas as despesas que o exportador faz até colocá-lo a bordo, ou seja, não inclui o frete]. É preciso diminuir essa relação para incentivar o desenvolvimento de projetos fo-tovoltaicos no país e desenvolver programas de incentivo para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva local.

R:: EUA e China estão entre os líderes em energia solar. O que o Brasil tem a aprender com eles?LA:: Antes de qualquer coisa, esses países desenvolveram pro-gramas governamentais de apoio ao desenvolvimento da indústria fotovoltaica. E esta aposta está se mostrando acertada, à medida que os preços da geração fotovol-

taica estão rapidamente se apro-ximando da paridade tarifária com outras fontes. Quando esta paridade for sendo conquistada, isso certamente abrirá oportuni-dades fantásticas para a econo-mia desses países. O Brasil, ao contrário, parece querer esperar pela plena paridade tarifária para considerar a energia fotovoltaica. Isso nos parece um equívoco.

R:: Quais as novidades no mer-cado brasileiro, em relação à energia solar? E no mundo?LA:: Como fatos mais relevantes no Brasil cito duas iniciativas da Aneel, que parabenizo por abri-rem oportunidades para avanços significativos da energia solar fotovoltaica no Brasil. Uma é a proposta de regulamentação da micro e mini geração distribuída (orientada através da Audiência Pública Nº 42/2011). Outra é a chamada Nº 013/2011, que gerou grande interesse entre as empre-sas de distribuição e geradoras, resultando na apresentação de 18 projetos estratégicos de desenvol-vimento da energia solar no País. No plano internacional temos o expressivo avanço da capacidade instalada em 2011, que surpreen-deu novamente, com mais de 27 GWp instalados no ano.

R:: Seria possível instalar pla-cas solares em parques eólicos?LA:: Não só é possível como de-sejável. Há estudos que mostram a complementaridade dessas duas fontes. Além disso, haveria uma otimização dos recursos de infra-estrutura, que teriam im-pacto positivo no custo da energia produzida.

L E O N I DA S A N D R A D E

especialista

E N T R E V I S TA

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e inovação a Enpecel conduz energia limpa

e renovável.

Sustentabilidade

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microgeração

Oano de 2012 deve ser um marco na distribuição ener-

gética do Brasil, sobretudo no que diz respeito à microgeração de energia com fontes renováveis. Um passo importante foi dado em outubro do ano passado, quando a Agência Nacional de Energia Elé-trica (Aneel) realizou audiência pública com propostas de regula-mentação de micro e minigeração distribuída.

O intuito é possibilitar e in-centivar a utilização de fontes renováveis, como mini turbinas eólicas e paineis fotovoltaicos. De acordo com a proposta, será

criado um sistema de compen-sação de energia que irá permitir ao microprodutor ter descontos proporcionais à sua produção. Entretanto, não haverá transação financeira. Caso o equipamento produza mais do que consumiu, o excedente pode ser acumulado e descontado nas contas de energia dos meses seguintes. Os créditos gerados tem validade de um ano.

De acordo com o relatório do diretor da Aneel Romeu Rufino, é um sistema simples de ser im-plantado pelas distribuidoras, sem ônus para o consumidor, uma vez que não há aplicação

de subsídios. “É uma ação de efi-ciência energética, pois haverá redução de consumo e do carre-gamento dos alimentadores em regiões com densidade alta de carga, com redução de perdas e, em alguns casos, postergação de investimentos na expansão do sistema de distribuição”, explica.

Serão considerados empre-endimentos de minigeração aqueles com potência entre 100 kW (quilowatts) e 1MW (megawatt) conectados dire-tamente à rede, em qualquer tensão, ou através de unidades consumidoras, podendo operar

Um novomercado

Microgeração é uma tendência na geração de energia elétrica no Brasil e a Aneel está ordenando a criação desse mercado

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em paralelo ou de forma isola-da. Já a microgeração contem-pla centrais com até 100 kW.

Para a especialista em aná-lises de viabilidade de projetos de geração, de transmissão e de avaliações da financiabilidade de projetos e empresas, Selma Ake-mi Kawana, a microgeração dis-tribuída tem como vantagens o baixo impacto ambiental, menor tempo de implantação e diver-sificação da matriz energética. “A geração descentralizada já é uma realidade em vários países, mas não havia nenhum incentivo para os consumidores brasileiros adotarem essa geração”, afirma.

De acordo com Selma, o perí-odo de retorno do investimento é, em média, de sete a dez anos, dependendo da região do País e da solução de microgeração instalada. “A tarifa do regime bonificado é válida por 15 anos e os paineis solares fotovoltaicos tem uma vida útil esperada de pelo menos 25 anos”, incentiva.

O relatório da Associação Americana de Energia Eólica (AWEA) aponta que o mercado

de geração de energia eólica por miniturbinas cresceu 26% nos Estados Unidos no ano passado, tendo agregado uma capacidade instalada de 25,6 MW no perío-do. Foram vendidas 7,8 mil uni-dades de equipamentos do tipo, somando receitas de US$139 mi-lhões para os fornecedores. Com esse desempenho, o país chegou a uma potência de 179MW em máquinas eólicas para micro-geração em funcionamento, distribuídos em 144 mil unida-des. A estimativa do relatório é de que essa indústria responda por 1,5 mil empregos no país.

Painéis fotovoltaicosA expectativa é de que a medi-

da tenha reflexo no mercado de energia solar e contribua para o aumento de instalação de paineis fotovoltaicos ligados à rede bási-ca. A energia solar tem registrado quedas expressivas de preço nos últimos anos e já é competitiva com as tarifas residenciais em mais da metade das áreas de con-cessão de distribuição de energia no Brasil. “Hoje há um maior

potencial nas residências, porque o custo da energia solar ainda é alto se comparado a outras fontes da matriz”, confirma Maurício Tolmasquim, presidente da EPE.

A Aneel pretende aumentar dos atuais 50% para 80% o des-conto na Tust e na Tusd - tarifas de transmissão e distribuição - para as plantas fotovoltaicas e termossolares de até 30MW. Essa mudança seria válida nos dez pri-meiros anos de operação, com as taxas retornando aos 50% após esse período. “A história do setor fotovoltaico começa com a regu-lamentação. Por não haver regra para conexão à rede, não se sabe o que se pode ou não fazer”, afirma Leônidas Andrade, coordenador do grupo setorial fotovoltaico da Abinee e executivo da DuPont.

Para Marco Aurélio Lenzi Castro, da Superintendência de Regulação de Serviços de Distribuição da Aneel, infor-mações provenientes de uma consulta pública apontam que o custo de geração dessa ener-gia fotovoltaica estaria entre R$ 500 e R$ 600 por Mwh.

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mercado de trabalho

Um setor ondenão faltam empregosO mercado de energia eólica cresce vertiginosamente no Brasil. E, com ele, a demanda por profissionais de várias categorias

E m 2002, de acordo com o Global Wind Energy Coun-

cil (Conselho Global de Energia Eólica), o Brasil tinha 22 MW em capacidade instalada de ge-ração de eletricidade a partir dos ventos. Em 2010, este número já tinha crescido para 931 MW. Até 2014, a Associação Brasilei-ra de Energia Eólica (Abeeólica) estima que essa fonte represente 5% da matriz energética do país. Ainda segundo a entidade, cada MW gerado demanda entre 13 e 15 novos postos de trabalho, dire-tos e indiretos.

A energia eólica, que come-çou sendo chamada de fonte

alternativa, está perdendo esse status e se consolidando como um importante componente na geração de eletricidade do Brasil. Com isso, um novo mercado está se abrindo para várias categorias profissionais, a maior parte de-las extremamente qualificadas e bem remuneradas, já que as funções demandam o domínio de tecnologias de ponta e muito conhecimento técnico.

A lista é extensa e vai de funções envolvidas na fabrica-ção dos geradores a consultorias que prestam serviço ao setor eólico, a exemplo de advogados, economistas, programadores e

engenheiros. Pedro Cavalcanti, diretor presidente da Multiem-preendimentos, fornecedora de soluções para desenvolvimento e implantação de plantas de gera-ção de energia através de fontes renováveis, cita exemplos extraí-dos da realidade da sua empresa. Há demanda por engenheiros e técnicos das áreas Elétrica, Civil e Mecânica. Uma das grandes di-ficuldades, segundo ele, é encon-trar profissionais bem treinados para montar equipamentos a 100 metros de altura e em condições adversas. E como as usinas eóli-cas tem forte apelo ecológico, já que nasceram na esteira da busca por fontes limpas e renováveis de energia, Pedro lembra que os téc-nicos de meio ambiente também são requisitados.

Essas funções citadas, no en-tanto, são apenas uma amostra da cadeia que envolve a energia eólica. “Por um lado, há o desen-volvimento e fabricação de equi-pamentos, o transporte dos com-ponentes até o parque eólico e a instalação, operação e manuten-ção. Por outro, existem as ativi-dades de desenvolvimento de projetos, avaliação de recursos para a geração de energia, busca de locais adequados, avaliação técnica e econômica de projetos,

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estudo de impactos ambientais dos parques, consultorias e pes-quisa e desenvolvimento em universidades”, ressalta Elbia Melo, presidente executiva da Abeeólica.

Ela afirma que, até 2016, há estimativa de que sejam criados cerca de 90 mil novos postos de trabalho no setor, levando em conta os parques eólicos que se encontram em construção e os contratados nos leilões rea-lizados em 2009, 2010 e 2011. “Devido a essa grande demanda por empregos, a qualificação dos profissionais torna-se um obstá-culo para o crescimento”, destaca Elbia, destacando que a principal dificuldade tem sido nos cargos que exigem mais qualificação e experiência, como os relaciona-dos com planejamento e coorde-nação. Para resolver o problema, as empresas tem apelado para a importação de profissionais, seja de fora do Brasil ou, no caso das instaladas no Ceará, de outros estados.

Esse foi o caso, por exemplo, da Aeris Energy, que produz pás para os geradores e está instalan-do uma nova unidade próxima ao Porto do Pecém, a cerca de 60 km de Fortaleza. Gilson Favara, diretor de RH da empresa, infor-ma que trouxe os profissionais de coordenação e engenharia de São Paulo, único lugar do país onde estavam disponíveis, se-gundo ele. Já as demais funções necessárias para a empresa, que

vão de engenheiros de qualidade a projetistas, desenhistas e lami-nadores, devem ser preenchidas por profissionais locais.

No caso da Multiempreendi-mentos, muitos profissionais da Europa estão tendo a chance de driblar a crise que o continente vive com a expansão da energia eólica brasileira. Pedro Caval-canti destaca que os principais países de origem dos contratados são Portugal e Espanha, nações de litoral generoso para projetos de geração de energia a partir de fontes alternativas, mas que, por conta das dificuldades financei-ras, frearam um pouco o ritmo dos projetos.

Qualificação dos trabalhadores é o grande desafio

Para a presidente da Abeeó-lica, o Brasil, se quiser fornecer mão de obra local para suprir o mercado de energia eólica evi-tando a importação de trabalha-dores, “deve investir pesadamen-te em capacitação profissional, para absorver a demanda por empregos gerada pelo rápido crescimento do setor no país”. Pedro Cavalcanti tem opinião semelhante: “Os governos preci-sam criar centros de formação”.

Atualmente, o Brasil ainda não conta com um centro de ca-pacitação específico voltado para a energia eólica. Para contratar os profissionais, as empresas usam de vários expedientes. A

Aeris, por exemplo, se valeu da experiência de Gilson Favara no setor. Graças ao seu trânsito na área – principalmente em São Paulo, onde existe outra fabri-cante de pás para geradores, hou-ve certa facilidade de montar a equipe principal da companhia. Já a Multiempreendimentos fir-mou parceria com uma empresa espanhola.

Algumas instituições de for-mação, segundo a Abeeólica, tem tido papel importante na promoção de cursos técnicos. Ela cita como exemplos o Sesi, o Senai e o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER). Também existe, desde 2010, o curso de Especiali-zação em Energia Eólica, realiza-do pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pelo Senai. Por fim, há parcerias com órgãos internacionais, como o GIZ (Gesellschaft für Interna-tionale Zusammenarbeit), Coo-peração Alemã para o Desenvol-vimento.

Para os profissionais interessa-dos em trabalhar no setor, a hora é de procurar uma das várias opções que o setor oferece e se preparar. Segundo Pedro Cavalcanti, como a demanda é alta os salários ten-dem a ser convidativos. A remu-neração média de um engenheiro sênior, informa, pode chegar a 10 mil reais por mês. E a demanda por serviço é longa. O tempo de vida útil de um parque eólico, hoje, fica em torno de 20 anos.

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fique por dentro

Apesar dos trens e ônibus elétricos já terem mostrado

a que vieram, os carros elétricos ainda são vistos como inventos do futuro - bem próximo, que se diga. Montadoras de automó-veis, como Fiat, Renault, Nissan, Audi, Honda, entre outras, já começaram a desenvolver seus modelos pensando em um mer-cado ultrapromissor que está formando suas bases. Vários governos europeus já estudam conceder incentivos para a ade-são ao carro elétrico. No Brasil, há um projeto de lei em tramita-ção no Congresso Nacional para incentivar o uso desta modali-dade de veículos, por meio da isenção de IPI por dez anos aos carros híbridos ou elétricos de fabricação nacional.

O transporte, entre os auto-móveis, é responsável por 23% das emissões de gases poluentes na atmosfera. Diminuir o uso de combustíveis fósseis é uma

tendência mundial, e como o carro elétrico resulta em impacto ambiental nulo, o seu desen-volvimento está cada vez mais rápido. Quem optar pelo carro elétrico poderá inicialmente ter um custo maior pela logística de funcionamento em relação aos veículos convencionais mas, em longo prazo, será um bom negó-cio abastecer o carro com energia na própria tomada de casa ou de postos do que usar combustí-veis fósseis a base de petróleo.

Conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), veículos elétricos são atualmente entendidos como veículos automotores que uti-lizam pelo menos um motor elétrico para acionamento das rodas. Seus diferenciais são a alta eficiência energética e o baixo ou nulo nível de emis-sões de poluentes e de ruídos.

Os veículos elétricos classifi-cam-se pela “fonte” da energia

elétrica que alimenta o motor elé-trico e pelo arranjo dos componen-tes do sistema de tração elétrica.

BateriaVeículo elétrico a bateria é

acionado por um ou mais motores elétricos cuja energia é suprida por uma ou mais baterias insta-ladas a bordo. Essas baterias são periodicamente recarregadas a partir da rede elétrica ou de outra fonte de energia elétrica externa ao veículo. Algumas configura-ções incluem extensor de auto-nomia, que possibilita estender as autonomias desses veículos para 300 ou mais quilômetros. A frenagem regenerativa, acio-nada quando o freio é pressio-nado para reduzir a velocidade, transforma a energia cinética do veículo em energia elétrica que é armazenada na bateria. A eficiência de veículos elétricos a bateria é de aproximadamente 70%, percentual igual a quase

Como funcionam oscarros elétricos

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cinco vezes a efi ciência de veí-culos convencionais (14 a 18%).

HíbridoVeículo elétrico híbrido é um

veículo acionado por um motor elétrico cuja energia é suprida por um gerador e uma bateria instalados a bordo. O termo “híbrido” se deve ao fato de que, no seu acionamento, contar com um motor de combustão interna (m.c.i.), usado nos veículos con-vencionais, alimentado por com-bustível líquido (gasolina, etanol, diesel etc.) ou gasoso (gás natu-ral veicular) e também motores elétricos que acionam as rodas. O conjunto m.c.i. + gerador de eletricidade alimenta os motores elétricos e recarrega as baterias.

Há duas confi gurações bási-cas, a em série, na qual somente os motores elétricos acionam

diretamente as rodas, e a para-lela, na qual o m.c.i. também contribui no acionamento direto das rodas, em “paralelo” com o motor elétrico, através de sis-tema de engrenagem apropriado.

O veículo elétrico híbrido é uma solução que se encontra comercialmente disponível e permite economia de combus-tível entre 10% e 50%, quando comparado com o seu equiva-lente convencional com motor de combustão interna. As emis-sões de dióxido de carbono (CO²) são reduzidas em até 50% e as emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbone-tos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx) são reduzidas em até 90%.

Célula a combustívelVeículo elétrico de célula a

combustível é um veículo em que

a energia elétrica é gerada a bordo através de processo eletroquímico em que a energia do hidrogênio (combustível) é transformada diretamente em eletricidade. A energia elétrica produzida ali-menta os motores elétricos e recar-rega as baterias. Também utiliza o sistema de frenagem regenerativa.

O veículo elétrico de célula a combustível é uma solução que deve estar, segundo especialistas do setor, disponível comercial-mente dentro de alguns anos. Persistem algumas dúvidas com relação ao desempenho ener-gético e ambiental global desta tecnologia, que tem o interesse de permitir desenvolver a utili-zação do hidrogênio como mais um vetor energético. Estima-se que provavelmente esses desem-penhos serão comparáveis aos dos veículos elétricos híbridos.

Motor Elétrico

Controlador de motorO controlador de motor é um dispositivo ou conjunto de dispositivos que serve para regular de alguma maneira pré-determinada a efi cácia de um motor elétrico. Pode incluir um meio manual ou automático para iniciar e parar o motor, a seleção para frente ou para inverter a rotação - selecionando e regulando a velocidade e regulando ou limitando o binário - e de proteção contra sobrecargas e falhas.

Carregador de bateriasO carregador de bateria converte a corrente alternada distribuída por empresas de energia elétrica para a corrente contínua necessária para recarregar a bateria. Diferentes tipos de carregadores de bateria controlam a taxa de carregamento de várias maneiras. Uma tensão constante é aplicada e a corrente fl ui para a bateria, sendo alta corrente quando a bateria está descarregada e baixa corrente quando a bateria está quase carregada.

BateriaO coração de um carro elétrico é a sua bateria. Ao contrário das baterias da maioria dos automóveis, que servem principalmente para ligar o motor e acessórios como o rádio ou o ar-condicionado, a bateria de um carro elétrico serve para tudo. De início, aciona o motor elétrico, ligando um controlador, que por sua vez envia energia para o motor elétrico. Como consequência, a bateria necessita ser potente e durar o tempo necessário para levar os condutores até onde eles precisem ir com um mínimo de recarga. Já existem baterias com autonomia de até 200Km ou um pouco mais.

Os veículos elétricos podem utilizar motores CA (corrente alternada) e CC (corrente contínua). Se for um motor CC, ele deve funcionar na faixa de 96 a 192 volts. Alguns dos motores DC (outra designação de corrente contínua) utilizados nos carros elétricos vem da indústria de empilhadeiras elétricas. Já o motor CA é provavelmente um CA trifásico, que funciona a 240 volts de corrente alternada com um conjunto de baterias de 300 volts.As instalações CC tendem a ser mais simples e menos caras. Um motor típico estará na faixa de 20 a 30 mil watts (por exemplo, um regulador de 96 volts criará um máximo de 400 ou 600 ampères). Podem operar com sobrecarga (até um fator de 10 para 1) durante curtos períodos de tempo.Os motores e os reguladores CA geralmente tem uma característica regenerativa. Durante a travagem o motor se transforma em um gerador e devolve energia para as baterias.

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fi que por dentro

A energia para o motor vem do hidrogênio gasoso, estocado em um tanque parecido como os de gás natural veicular. A diferença é que o tanque é feito de fi bra de carbono, que é mais leve e suporta cem vezes mais pressão. Como o hidrogêncio é pouco denso, é preciso botar muita pressão para fazer caber muito gás em pouco espaço.

Partes do sistema

A célula combustível é a peça que transforma o hidrogênio em energia. Ela usa um pricípio descoberto há quase 200 anos para produzir eletricidade a partir da reação química do gás hidrogênio com o oxigênio do ar. O único subproduto da reação é a água.

As moléculas de hidrogênio se dividem em íons de hidrogênio e elétrons livres. Os prótons de hidrogênio atravessam uma membrana úmida, onde se encontram com moléculas de oxigênio que foram quebradas em íons para formar água. A membrana nãi deixa os elétrons passar e os faz pegas outro caminho. É aí que se forma a corrente elétrica

Uma das peças exclusivas - e mais caras - do carro elétrica é o sistema eletrônico que controla a origem de energia. Ele decide, em cada momento, se a eletricida-de do motor deve vir das baterias, dos capacitores ou da célula combustível, de acordo com a aceleração e o tipo de movimento: partida, subida etc.

No lugar da energia liberada pela combustão da gasolina ou outro combustível, o mo-tor consome a eletricidade vinda do hidrogênio. Como não precisa das explosões, o motor não faz nenhum barulho.

A eletricidade produzida na célula pode ir direto para o motor ou recarregar duas reservas de energia do carro: baterias e ultracapacitores. As primeiras são como bate-rias de celulares e são uma carga extra para o carro subir ladeira, por exemplo. Os capacitores fazem o mesmo, sendo mais rápido em uma acelerada repentina.

Alguns carros elétricos podem recarregar as baterias na tomada de asa em até seis horas. Com as baterias 100%, a autonomia chaga a apenas 100 km. Já um tanque de hidrogênio é sufi ciente para cerca de 350 km.

Um equipamento comum nos carros elétricos é o freio regenerativo. Ele transforma a energia mecânica do movimento das rodas em eletricidade para recarregar as baterias. Se o carro descer uma serra, pode chegar lá embaixo com a bateria mais carregada que no início da viagem.

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inovar

De acordo com a projeção da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), até 2020, o consumo de energia elétrica crescerá 4,8% ao ano. Sendo assim, o gasto em residências subirá dos 107,2 GWh registrados em 2010 para 166,9 GWh.

Os modelos em teste foram desenvolvidos pelo Instituto de Tecnologia para o Desen-volvimento (Lactec), centro de excelência tecnológica com sede em Curitiba. Com o cartão, o consumidor, pessoa jurídica ou física, pode adquirir, previa-mente, determinada quantidade de energia, conforme sua neces-sidade.

O sistema informa ao consu-midor quando os créditos estão próximos a se esgotarem, o que, de acordo com a Aneel, permite que o consumidor tenha uma melhor gestão do consumo de energia elétrica, pela possibilidade de monitoramento do consumo em tempo real.

O pré-pagamento de energia já é utilizado em diversos países, como o Reino Unido, Peru, Estados Unidos, França, Austrália, África do Sul, Colômbia, Argen-tina e Moçambique. Pesquisas feitas na Colômbia e na Argentina demonstram índices de aceitação e satisfação dos consumidores superiores a 80%.

Outra opçãoO consumo consciente

também é tendência nos novos projetos da construção civil. A construtora Tecnisa ofereceu aos clientes um aparelho capaz de medir o consumo de energia elétrica em tempo real. Forne-cido pela I-House, empresa de tecnologia e automação para a casa, o Snapgrid indica quanto cada aparelho ou grupo de tomada consome. Segundo André Mioto, gerente de incorporação da Tecnisa, não houve impacto no preço do imóvel para o comprador. Mas, em duas semanas de lança-mento, 50% das 301 unidades já haviam sido vendidas.

Energia pré-paga

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personagemE N T R E V I S TA

O pesquisador e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Rezende, analisa nesta entrevista o desenvolvimento da ciência no Brasil como algo muito novo. E defende o incentivo à ciência por meio de políticas governamentais. Neste processo, compara o Brasil à Coreia. Avalia ainda a possibilidade de mais hidrelétricas na Amazônia e investimentos em energia nuclear

Por mais incentivo à ciência

{ por Sílvio Mauro

S É RG I O R E Z E N D E

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ntre 2005 e 2010, Sérgio Rezende foi ministro de Ciência e Tecno-logia, pasta importante para o desenvolvimento econômico e da educação no País. Neste período, defendeu o incentivo a energias renováveis por meio de finan-ciamento públicos e abertura de novas centros de pesquisa. Nesta entrevista, ele defende a implan-tação de novas usinas hidrelétricas no País e explica as condições para isto ocorrer na Amazônia, como também a continuidade da gera-ção de energia nuclear, duas fontes polêmicas por conta de possíveis impactos ambientais. Em relação a energia eólica, ele coloca a fonte como uma opção adicional, que não deve passar de 20% na matriz energética do País. Sobre energia solar, reconhece que ainda não é devidamente incentivada no Brasil. Ao longo de sua carreira, ocupou outros cargos na admi-nistação pública e agora, após o ministério, dedica-se a pesquisa na Universidade Federal de Pernam-buco. Quer usufruir das condições às quais contribuiu para criar.Renergy:: Com vasta extensão territorial e alto grau de inso-lação, o Brasil é tido como um país com grande potencial de geração de energia a partir de fontes limpas e renováveis. O

senhor vislumbra um cenário positivo para o país, nesse sen-tido, a médio e longo prazo?Sérgio Rezende:: O Brasil é um país privilegiado em termos de possibilidade de uso de energia a partir de fontes limpas. Em pri-meiro lugar, nós já usamos fontes que são limpas, com exceção de alguns danos que elas causam, que são as fontes hidrelétricas. Mas hoje, principalmente na Amazô-nia, é possível fazer geradores de energia hidrelétrica que não exi-

gem o alagamento de uma área tão grande quanto as que eram utilizadas antigamente, porque se faz o que se chama de geradores de fio d’água (micro usinas hidrelétri-cas). Sempre há um dano ambien-tal, só que esse dano é muito loca-lizado e o nosso território é muito grande, então o Brasil ainda tem potencial para expandir a geração de energia hidrelétrica. Sobre o nosso potencial de energia eólica, ele é muito grande e felizmente nos últimos anos o Brasil passou a valorizar essa fonte. Os leilões estão sendo feitos e estão atraindo o investimento privado. Nós temos, no Ceará e no Rio Grande do Norte, uma grande quantidade de turbinas eólicas. Temos pouco em Pernambuco, mas temos no Rio Grande do Sul onde há muito vento. Mas a energia eólica não

pode passar de 15% a 20% da força total utilizada porque ela é uma energia intermitente e muito irregular. Só pode ser usada para alimentar um sistema que a gente chama de energia de base. Sua função, é ficar, como acontece no Brasil, gerando energia para que se possa usar menos água das barragens para gerar energia hidrelétrica. As eólicas entram como fonte de energia adicional. Com relação à energia solar, que ainda não é devidamente incenti-

vada no Brasil, o problema é que ela é muito cara e ineficiente. As células fotovoltaicas ainda têm um rendimento muito baixo. O Brasil já podia estar incentivando mais, mas outros países que investem mais são mais ricos que o Brasil e têm restrição energética muito maior que a nossa, como é o caso da Alemanha. A Alemanha tem uma grande política de incentivo para as pessoas botarem painéis solares nas suas casas porque ela não pro-duz energia, tem que importar da França. Mas eu acho que o Brasil ainda está muito tímido com rela-ção aos investimentos em energia solar. Apesar dela ser ainda inefi-ciente, nós temos que fazer mais.R:: O que o senhor acha da ener-gia nuclear, que sempre é objeto de muitas polêmicas? É uma op-ção na qual o Brasil deveria in-

As eólicas entram como fonte de energia adicional. Com relação à energia solar, que ainda não é devidamente incentivada no Brasil, o problema é que ela é muito cara e ineficiente.

E N T R E V I S TA S É RG I O R E Z E N D E

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vestir ou deve ser abandonada?SR:: Ela é polêmica, mas a minha opinião é a de que o Brasil não pode dispensar essa opção por várias razões. A primeira é que nós temos minério de urânio em quantidade suficiente para abas-tecer várias usinas. E o país ainda não fez a prospecção do minério de urânio que ele pode ter em todo o seu território, porque ainda não precisou. Então, o Brasil tem a coisa mais importante da energia nuclear, que é o minério, a fonte.

Outra razão é que o país também tem a tecnologia para fazer a sepa-ração e a produção de yellow cake (pó amarelo resultante do proces-samento do urânio e que pode ser usado nas usinas de energia). Até a conversão em gás (do yellow cake, para enriquecer ainda mais o composto), a gente tem a tec-nologia. Não faz industrialmen-te, faz em laboratório, mas tem a tecnologia do enriquecimento. E as ultracentrífugas (máquinas de alta tecnologia destinadas a enri-quecer o urânio) brasileiras são de-senvolvidas aqui, em um centro da Marinha em São Paulo. O terceiro motivo é que a tecnologia nuclear é cada vez mais segura. Os lugares onde ela foi problemática no pas-sado são regiões onde existem pro-blemas geológicos. O que aconte-ceu em Fukushima, no Japão, por

exemplo, não foi causado por um problema no reator. Foi o tsunami que afetou a refrigeração. Não foi um problema nuclear. A tecno-logia nuclear, hoje, está bastante segura. Agora, acidentes acon-tecem sempre. É perfeitamente possível, por exemplo, uma barra-gem de usina hidrelétrica encher demais, transbordar e causar um acidente sério. Por fim, a energia nuclear hoje tem uma vantagem adicional que não se vislumbrava há dez ou vinte anos. É uma ener-

gia limpa no que se refere à produ-ção de gases causadores do efeito estufa. Então, eu concordo que é uma fonte polêmica, mas a minha opinião é de que o Brasil não deve abandonar essa opção.R:: Nos últimos oito anos, a produção científica no Brasil evoluiu muito, com maior nú-mero de trabalhos publicados em periódicos mundialmente reconhecidos. O senhor acre-dita que a ciência no Brasil está mais consolidada e menos de-pendente de decisões ou políti-cas governamentais?SR:: Em minha opinião, a ciência no Brasil progrediu muito nos últimos tempos, mas ela continua dependendo de políticas governa-mentais, a começar do governo federal, mas também dos gover-nos estaduais. A razão disso é que

a ciência é muito nova entre nós, ainda, nós começamos a formar doutores no Brasil somente nos anos 1970. A nossa sociedade ainda não tem uma percepção clara dos benefícios da ciência, da tecnologia nem da nossa capa-cidade de fazer isso, e os gover-nantes e políticos, de maneira geral, também não têm. Então, nós precisamos, ainda por algu-mas décadas, de um forte apoio governamental para que a ciência continue não só se expandindo,

mas melhorando a qualidade. Mas aqui eu quero fazer uma observa-ção: em qualquer lugar do mundo o governo tem um papel muito importante no apoio à ciência. E quando o governo diminui esse apoio, a atividade científica como um todo fica prejudicada. Como no Brasil a nossa tradição é muito menor nessa área, nós continua-mos dependentes. Concluindo, minha é resposta é: continua-mos dependentes de incentivos governamentais, mas o que eu espero é que o progresso obtido com o apoio do governo federal e o esforço dos estados seja tal que, quando houver limitações por parte das instituições públicas de fomento, a própria comunidade científica, os empresários e a sociedade saibam reagir para que esse apoio não diminua.

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R:: Compara-se muito o Brasil com a Coreia. Principalmente pelo fato de que aquele país asi-ático, há algumas décadas, tinha índices sociais e econômicos parecidos com os brasileiros e hoje é destaque mundial em inovação. Na sua avaliação, o que o Brasil precisa fazer para progredir nessa área?SR:: O Brasil nunca teve uma po-lítica industrial conectada, articu-lada com a ciência e a tecnologia. A Coreia teve isso e a implantou quando tinha um regime gover-namental duro, que podia impor essa articulação para o setor priva-do, que foi obrigado pelo governo a ter empresas inovadoras. Além disso, a Coreia tem um pouco mais de facilidade, a área do país intei-ro é igual à área do estado de Per-nambuco. É muito mais fácil você fazer uma coisa dessas centraliza-damente numa área pequena, do que num país continental como o Brasil. O Brasil podia fazer, mas, como eu falei, não houve articula-ção política para isso.R:: Falando de políticas públi-cas, o senhor acredita que a ci-ência pode ser um instrumento para diminuir a pobreza e a de-sigualdade?SR:: Olha, o exemplo que nós fa-lamos é o que eu cito para mostrar que a ciência é um fator de redu-ção da pobreza e da desigualdade. A Coreia. A Coreia tinha um PIB per capta pior que o do Brasil na década de 1970 e hoje ela tem um PIB per capita que é mais que o dobro do montante do Brasil. Eu costumo mostrar um gráfico, ten-do a Coreia como exemplo. Eles começaram a investir em ciên-cia e tecnologia e o resultado na diminuição da pobreza não veio

imediatamente, mas depois de 20 anos ele veio em ritmo ace-lerado. A Coreia, hoje, é um país desenvolvido. Foi se baseando na indústria de tecnologia, de valor agregado que ela fez isso, reduziu a pobreza e a desigualdade. Com essa política de investimento em ciência e inovação, as empresas vão ficando mais ricas e precisam contratar mais pessoas. Elas tam-bém pressionam para o sistema educacional melhorar porque precisam de gente com educação adequada. Com isso, as pessoas são mais bem formadas, são con-tratadas pelas indústrias. E essas indústrias exportam mais, o que traz divisas para o país. A Coreia é uma grande exportadora, sua economia depende muito mais de exportação industrial do que a do Brasil. Então, o sistema como um todo vai aprendendo que a pobre-za não é boa para um país.R:: Como o senhor avalia a políti-ca de incentivo à ciência e à tec-nologia que o Brasil tem hoje em comparação com a existente em países de tradição na área como o Japão e os Estados Unidos?SR:: Eu costumo usar mais para o Brasil o exemplo da Coreia e não o do Japão ou dos Estados Unidos porque esses dois últimos países têm uma história muito mais lon-ga nessa área. Os Estados Unidos foram descobertos e colonizados praticamente na mesma época que o Brasil, mas em 1636 eles fizeram a primeira universidade, que foi a universidade de Harvard. O Brasil só veio fazer a primeira universidade de verdade em 1934, quando criou a Universidade de São Paulo, em 1934, quase 300 anos depois. Já o Japão tem prê-mio Nobel em Física da década de

Foi se baseando na indústria de tecnologia, que a Coreia reduziu pobreza e desigualdade. Com uma política de investimento em ciência e inovação, as empresas ficam mais ricas e precisam contratar mais

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E N T R E V I S TA S É RG I O R E Z E N D E

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1930. Ele já tinha uma atividade científica estruturada e, depois de perder II Guerra Mundial, decidiu que ia usar a ciência e a tecnologia para desenvolver o país. Já tinha uma base científica. O Brasil não tinha nada até 40 anos atrás. Até 1968, as universidades brasilei-ras não tinham regime de tempo integral para os professores. Não tinha pesquisa nas universidades. O professor dava aula em faculda-de, não era nem em universidade. A maioria era escola, como as de Medicina ou de Direito. Além dis-so, ele dava aula e depois ia fazer outra coisa. As universidades bra-sileiras não tinham pesquisa até a década de 1960. A pesquisa que havia no Brasil acontecia mais em alguns centros de saúde e de agri-cultura, porque desde o começo do século XX percebeu-se que a saúde e a agricultura precisavam ter gente fazendo ciência. O Brasil começou há muito pouco tempo, então nós precisamos, ainda, de algumas gerações para que a ciên-cia e a tecnologia no país tenham resultados reconhecidos pela so-ciedade e pelos políticos e que a gente realmente se consolide. A ciência brasileira ainda não está consolidada. Está crescendo, me-lhorando de qualidade, mas ainda não está consolidada.R:: Em um balanço da sua ges-tão, o senhor considerou positi-vas as ações implementadas. E afirmou que houve uma mudan-ça no patamar de financiamen-to da ciência e de tecnologia no país. Os investimentos em educação básica, considerando apenas ensino fundamental e médio, acompanharam esse rit-mo, na sua avaliação?SR:: A educação básica, que en-

volve o ensino fundamental e o médio, ainda constitui um grande desafio para o Brasil. Eu acho que esse desafio está sendo enfrenta-do de maneira positiva, mas ainda muito lenta. É difícil a gente ter boas escolas sem professores bem remunerados. O salário do profes-sor da escola pública, principal-mente, é o calcanhar de Aquiles da educação brasileira. E a gente tem uma situação que é a seguinte: as escolas até têm um número sufi-ciente de professores, mas os salá-rios são baixos e os governos dizem que não dá pra aumentar o salário de todo mundo. Os governos esta-duais - porque no caso da educação básica a maior responsabilidade é dos governos estaduais - têm que criar coragem e definir critérios para aumentar os salários daque-les professores que sejam, de al-guma forma, avaliados e possam dar resposta às necessidades do sistema educacional. Mas é pre-ciso que eles tenham um salário melhor, porque a única maneira de você atrair os jovens que estão se formando agora para a profissão de professor é que eles vejam que vão ter um salário digno.R:: O físico Marcelo Gleiser, co-nhecido pelo esforço de divulga-ção científica no país, afirmou que se mais cientistas se enga-jarem no ensino da ciência nas escolas e na sua popularização por meio da mídia, a distância entre as descobertas da ciência e a sua compreensão pelo público não especializado diminuirá. O senhor concorda? E como tor-nar isto uma realidade na escola pública do Brasil?SR:: Eu acho que ele tem toda razão. É muito importante que cientistas, nem todos, porque

O Brasil não tinha nada até 40 anos atrás. Até 1968, as universidades brasilei-ras não tinham regime de tempo integral para os professores. Não tinha pesquisa nas universidades.

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Os cursos de licenciatura que temos hoje em muitas universidades precisam ser melhorados. Eles precisam ter cientistas dando aula.

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nem todos têm vocação pra isso, colaborem de alguma forma e um número cada vez maior. Isso pode ser, por exemplo, fazendo o que alguns fazem bem: populari-zação, ir às escolas para dar aula e formar professores. Os cursos de licenciatura que temos hoje em muitas universidades precisam ser melhorados. Eles precisam ter cientistas dando aula. Aqui na universidade de Pernambuco, na licenciatura em Física eu fui um dos professores a dar aula, nos três primeiros anos. Era um curso noturno e eu fui dar aula a noite, porque eu achava que era impor-tante. E foi muito interessante, porque eu fui preocupado como seria o nível dos estudantes e se eles iam dormir porque as aulas eram à noite. Na verdade, eu vi um interesse muito grande, porque boa parte dos alunos que estudam à noite vem de escola pública e um aluno de escola pública, quando entra numa universidade, valoriza muito. Desde que ele seja estimu-lado também. Então eu acho que o sistema universitário como um todo deve fazer um esforço maior do que o que já está fazendo para contribuir. Nós só vamos ter mais candidatos a cientistas no futuro se a gente tiver se a gente tiver uma melhoria no ensino da ciência.R:: O senhor falou das suas ati-vidades como professor. E hoje, como funciona o binômio polí-tico-pesquisador? Depois que o senhor saiu do MCT, como se-gue trabalhando?SR:: Em 40 anos aqui em Pernam-buco, eu fui chefe de departamen-to durante muito tempo. Depois coordenador financeiro, diretor de centro. No estado, eu fui diretor científico da Facepe (Fundação de

Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), depois secretário de estado, depois secre-tário da prefeitura de Olinda, pre-sidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), depois fui ministro. Dos 40 anos que estou em Pernambuco, com alguns in-tervalos, eu sempre tive atividade administrativa. Mas por razões minhas, eu nunca deixei de fazer ciência. Hoje eu não quero mais nenhum cargo administrativo. Tive até algumas ofertas, mas não quis porque eu acho que eu contri-buí para melhorar as condições da ciência na minha universidade, no meu estado e no país. E eu quero aproveitar os próximos anos de boa atividade intelectual para fa-zer ciência porque eu não fiz tanto quanto eu gostaria nesses 40 anos e quero fazer mais agora. Isso não é uma coisa muito simples, esse binômio político-pesquisador que você menciona. Eu acho que a maioria das pessoas, quando en-tra na política, acaba se desligando da ciência. Eu só voltei porque não me desliguei completamente. Eu fiquei, mesmo à distância, orien-tando estudantes. Quando eu es-tava em Brasília e vinha para cá nos fins de semana, eu ia para a universidade, então eu consegui me organizar mentalmente para separar os problemas. Para mim, os problemas administrativos e políticos estão num canto e os científicos estão em outro. Eu estou há um ano fazendo ciência intensamente, publiquei seis ar-tigos em ótimas revistas interna-cionais no ano passado e já tenho três artigos para esse ano. Como eu disse antes, agora estou querendo usufruir das condições às quais eu contribuí para criar.

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E V E N T O S D O S E T O R

Os desafios daenergia eólicaO Wind Forum Brazil, chega em sua quarta edição e consolida-se como o maior fórum de geração de energia eólica do Brasil

Depois das edições que trouxeram centenas de

executivos nacionais e inter-nacionais, o IQPC organizou o Wind Forum Brazil 2012 para discutir os principais desafios do

setor, tais como a implementação de parques eólicos e tecnologias, perspectivas de investimentos, expansão da geração de energia eólica no Brasil, gestão de riscos nas fazendas eólicas, participação

em leilões e comercialização de energia e questões regulatórias. O evento ocorreu de 7 a 9 de fevereiro deste ano no Holiday Inn do Parque Anhembi São Paulo.

A 4ª edição do tradicional fórum de geração eólica do Brasil manteve o formato com o seminário técnico focado na evolução tecnológica, cons-trução, operação e manutenção dos parques e trouxe novidades, como o workshop sobre geren-ciamento de riscos, café da manhã com grandes geradoras de energia e um painel de discussão de aero-geradores.

cobertura

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ção

A segunda edição do EnerGen LatAm cumpriu a missão de colo-car o mercado de geração de ener-gia latino-americano em contato

com a totalidade de sua matriz energética. O evento, que aconte-ceu de 30 de janeiro a 1° de feve-reiro deste ano no Rio de Janeiro, foi um encontro com o alto esca-lão da geração, engenharia e cons-trução dos mercados eólico, solar, hidrelétrico e termelétrico ao lado do governo e de líderes executivos da América Latina. Com um cará-ter único e inovador, o EnerGen LatAm 2012 permitiu ao parti-

cipante um contato específico e dedicado a vários nichos da geração energética regional, sem perder o foco nos comparativos de preço, tecnologia e investimento das demais fontes de geração de energia do continente. O evento realizou paralelamente os encon-tros Wind Energy Latin Ame-rica, Solar Energy LatAm, Hydro Energy Latin America e Thermal Energy Latin America.

Mercado de geração de energia latino-americano se reúne

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nova tecnologia

N a primavera de 2012, entre os meses de março e ju-

nho, a região de Peniche, na cos-ta de Portugal, vai ser palco de mais um projeto de geração de energia limpa. Três módulos de produção de eletricidade, cada um com capacidade de gerar 100 quilowatts (kW), começarão a funcionar usando a tecnologia WaveRoller, desenvolvida pela empresa finlandesa AW-Energy. A iniciativa, que também tem como parceiros a Bosch Rexroth, do grupo alemão Bosch, e a por-tuguesa Eneólica, usa um pro-cesso considerado de vanguarda entre as opções de geração de eletricidade: a partir do movi-mento das águas do mar.

De acordo com a AW-Energy, a tecnologia WaveRoller usa, para a produção de eletricidade, um fenômeno chamado “surge”. O nome vem de Simple Un-derwater Reneawble Generation of Energy, ou “geração simples de energia renovável embaixo d’água”. Basicamente, ela funcio-na da seguinte forma: à medida que uma onda se aproxima da linha da costa, as partículas de água começam um movimento

de rotação. Quanto mais a pro-fundidade vai diminuindo, esse movimento rotativo se torna mais elíptico. Em uma deter-minada área antes da linha de rebentação das ondas e perto do leito do mar, o movimento da água torna-se praticamente ho-rizontal, com um contínuo im-pulso para a frente e para trás. É

aproveitando esse movimento de ida e volta que as placas da tecno-logia funcionam.

O fenômeno “surge”, explica a empresa, está presente em quase todos os oceanos. No entanto, ele é mais forte e contínuo nas praias onde os períodos de dura-ção das ondas são longos (de 8 a 20 segundos) e o vento é forte

No vai e vemdas ondasNova tecnologia de geração de energia pelas ondas, desenvolvida por uma empresa da Finlândia, começa a ser testada em Portugal. A promessa é de impactos mínimos à vida marinha

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- que são, geralmente, aquelas onde há uma grande distância de oceano aberto junto à costa. Nestes locais, o fenômeno é forte mesmo em condições de calma-ria do mar. Estas linhas costeiras de condições favoráveis, informa a AW-Energy, podem ser encon-tradas em áreas como o sul da Europa e ao longo de toda a costa ocidental das Américas.

A tecnologia WaveRoller teve os primeiros protótipos concebi-dos e pedidos de patente deposi-tados em 1999. Foi desenvolvida pelo pesquisador Rauno Koivu-saari, em parceria com a Fortum, um empreendimento cujo prin-cipal objetivo é desenvolver for-mas sustentáveis de geração de energia e que atua nos países nór-dicos e na Rússia. Desde então, a WaveRoller tem evoluído através de testes realizados no European Marine Energy Centre (EMEC), na Escócia e em Portugal.

A Eneólica, outra parceira do projeto, informa que a tecnologia apresenta várias vantagens. Se-gundo a empresa, os equipamen-tos usados não alteram significa-tivamente o movimento natural da água e os impactos visuais da

tecnologia são nulos (já que as placas ficam submersas, fixadas ao leito oceânico). Além disso, os materiais são compatíveis com o ambiente marinho, não contêm nenhum composto perigoso e os movimentos das placas não interferem na atividade da vida marinha e nem produzem qual-quer ruído que possa afetar ma-míferos aquáticos como baleias e golfinhos, que se comunicam por sons.

Já a AW-Energy ressalta que um dos principais diferenciais da WaveRoller é a capacidade de ge-rar energia em um espectro mais amplo das condições das ondas, em comparação com outras solu-ções de geração de energia a par-tir do movimento das águas do mar. A empresa acrescenta ainda que, como o sistema é projetado para locais onde os períodos de duração das ondas são longos e elas são fortes, os níveis de potên-cia alcançada durante todo o ano apresentam uma variação menor do que os encontrados em dispo-sitivos off-shore ou na geração de energia eólica.

A área ideal para aproveita-mento da energia “surge” é a

partir da linha de rebentação em direção ao oceano até que a profundidade da água seja igual à metade do comprimento de onda de superfície. No caso do litoral português, a versão pré--comercial do WaveRoller, ou seja, o projeto piloto que começa a funcionar este ano, prevê a pro-dução de energia elétrica entre 15 e 30 metros de profundidade. Os locais adequados para a iniciativa foram identificados há cerca de quatro anos, ao largo da praia da Almagreira, em Peniche.

O projeto piloto do Wave-Roller é cofinanciado pela Co-missão Europeia através do 7.º Programa-Quadro, iniciativa de investimento em pesquisa e ino-vação em várias áreas entre 2007 e 2013. Além das empresas já ci-tadas, também são parceiros da iniciativa os Estaleiros Navais de Peniche, o Instituto Hidrográfi-co de Portugal e o município de Peniche. Segundo este último, a perspectiva de sucesso do proje-to já fez com que os responsáveis iniciassem o desenvolvimento de uma versão comercial de 5 me-gawatts (MW), com previsão de instalação em 2013.

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A RT I G O

Apesar de a legislação ambien-tal prever desde há várias

décadas as hipóteses de interven-ção em áreas de preservação per-manente (APP) para a geração de energia elétrica, o tema é bastante atual. Por um lado, devido à cres-cente implantação de parques eóli-cos na zona costeira do Nordeste do Brasil abrangendo, em vários casos, dunas móveis e, por outro, devido à crescente conscientização ecológica preocupando a sociedade com a proteção dos ativos ambientais que devem ser assegurados para esta e futuras gerações.

Em face dessa relativa novidade, as opiniões sobre o assunto envol-vendo a utilidade pública da geração de energia, o baixo potencial polui-dor, o impacto das eólicas sobre a paisagem natural ou sua influência sobre o turismo no litoral, estão em processo de ajustamento e não se concentram apenas sobre a legis-lação que trata da matéria, mas adquire contorno, às vezes políti-cos e econômicos, como o caso do debate em torno da priorização do setor do turismo ou da geração de energia, uma vez que este último, alegadamente, afetaria a paisagem e prejudicaria o turismo.

A intenção com este artigo é somar argumentos para o debate jurídico sobre as hipóteses de even-tual intervenção em APP para ins-talação de parques eólicos e, deste modo, contribuir para a efetiva apli-cação da legislação ambiental e seu

reconhecimento por todas as partes envolvidas no debate, seja empreen-dedores, órgão ambiental e terceiros interessados.

As APPs são reguladas pelo Código Florestal e conceituadas como espaços especialmente pro-tegidos, cobertos ou não por vegeta-ção nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e asse-gurar o bem-estar das populações humanas.

O Código Florestal e, posterior-mente, as Resoluções 302/2002 e 303/2002 emanadas do Conse-lho Nacional de Meio Ambiente (Conama) enumeraram os ambien-tes que se que caracterizam como APP, sendo alguns deles, as faixas marginais dos recursos hídricos, naturais ou artificiais, em largura variável; o topo de morros, mon-tes, montanhas e serras; encostas; restingas; dunas; mangue; os locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias; os locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas de extinção; e as praias, em locais de nidificação e reprodu-ção da fauna silvestre.

Em regra, as APPs não podem ser objeto de intervenção antró-pica, exceto para os casos de utili-dade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e moti-vados em procedimento adminis-trativo próprio, bem como os casos

de intervenção de baixo impacto ambiental.

Tais hipóteses foram tipifica-das pelo Código Florestal, ficando expresso que se entendem por utili-dade pública as atividades de segu-rança nacional e proteção sanitária, as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia e aos serviços de telecomunicações e de radiodifusão, bem como as demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conama.

Como se percebe, as obras essen-ciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de energia são consideradas como de utilidade pública e como tal foi tratada pela Constituição Federal, dentre outras atividades, como serviços públicos a serem prestados pela União ou por entidades delegadas, assim entendi-das, as concessionárias, permissio-nárias e autorizatárias.

O tratamento constitucional concedido à atividade de geração de energia decorre da relevância e essencialidade da energia elétrica para a economia. Trata-se, por um lado, de elemento necessário à vida digna dos cidadãos e que, por outro, serve de insumo essencial para toda a produção econômica do País.

A relevância da energia elétrica, enquanto elemento essencial à cole-tividade permite afirmar que efe-tivamente tudo que diga respeito à geração e à distribuição de energia

Gabriela Romero, Judith Fernandes, Rômulo Alexandre Soares e Tadeu Dote Sá

Os limites legais às intervenções em APP para implantação de centrais de geração eólica

em ação

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deve ser entendido como uma ati-vidade caracterizada como serviço público.

Este é o fundamento pelo qual a legislação prevê a possibilidade de intervenção em APP por empre-endimentos de geração de ener-gia eólica, cuja matriz energética, nos termos da Resolução Conama 279/2001, é considerada como de pequeno potencial de impacto ambiental, uma vez que não gera efluentes sólidos, líquidos ou gaso-sos, o ar que contribui para o pro-cesso sai do sistema com as mesmas características iniciais e os ruídos produzidos pelos equipamentos encontram-se dentro dos parâme-tros mundialmente estabelecidos.

O critério da competência e o procedimento de autorização para intervenção em APP estão integral-mente disciplinados na Resolução Conama 369/06 e seu licencia-mento dependerá de autorização do órgão ambiental estadual compe-tente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou munici-pal de meio ambiente.

Por sua vez, a intervenção ou supressão de vegetação em APP situada em área urbana dependerá de autorização do órgão ambien-tal municipal, desde que o muni-cípio possua Conselho de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e Plano Diretor ou Lei de Diretrizes Urbanas. No caso de municípios com menos de vinte mil habitantes, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente, fundamentada em parecer técnico.

Aspecto central à questão é o

fato de que a norma impõe que a intervenção ou supressão de vege-tação em APP somente poderá ser autorizada quando o interessado, entre outras exigências, comprovar a inexistência de alternativa téc-nica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos propostos, o atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água, a averbação da Área de Reserva Legal e a inexistência de risco de agrava-mento de processos como enchen-tes, erosão ou movimentos aciden-tais de massa rochosa.

Caberá ao órgão ambiental ava-liar o atendimento a tais aspectos e estabelecer, previamente à emissão da autorização para a intervenção ou supressão de vegetação em APP, as medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório que deverão ser adotadas pelo interes-sado. Tais medidas devem consistir na efetiva recuperação ou recom-posição de APP e deverão ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica, e prioritariamente na área de influ-ência do empreendimento, ou nas cabeceiras dos rios.

A legislação, no entanto, não define o momento em que deve ser requerida a intervenção em APP, sendo certo que desde o início do licenciamento ambiental, ainda na fase de Licença Prévia, sua utiliza-ção deverá estar expressa para que o órgão ambiental possa solicitar os estudos que entender necessários, e as condições a serem atendidas pelo empreendedor.

É relevante salientar que a Resolução Conama 369/06 disci-

plina também a obrigatoriedade do empreendedor, nas hipóteses em que o licenciamento depender de EIA/RIMA, apresentar, até 31 de março de cada ano, relatório anual detalhado, com a delimitação geor-referenciada das APP, subscrito pelo administrador principal, com comprovação do cumprimento das obrigações estabelecidas em cada licença ou autorização expedida.

Por sua vez, o órgão ambien-tal deverá cadastrar no Sistema Nacional de Informação de Meio Ambiente (Sinima) as informações sobre licenças concedidas para as obras, plano e atividades enqua-dradas como de utilidade pública, de modo a possibilitar um controle centralizado das intervenções reali-zadas nas APP.

Em síntese, uma vez que as inter-venções em APP devem ser evita-das, exige-se ao empreendedor de energia eólica demonstrar ao órgão licenciador, por um lado, o atendi-mento a todas as condicionantes impostas pela legislação e, por outro, que a implantação do empreendi-mento é inviável sem a intervenção em APP e que tal intervenção não compromete os atributos naturais da região afetada nem os recursos hídricos, a paisagem e o bem-estar das populações afetadas.

Gabriela Romero, Judith Fer-nandes e Rômulo Alexandre Soares são advogados ligados à Área de Prática Ambiental do escri-tório Albuquerque Pinto Advoga-dos. Tadeu Dote Sá é geólogo, sócio da empresa Geoconsult.

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As obras nos estádios da Copa do Mundo de 2014 no Brasil estão gerando iniciativas ambientalmente sustentáveis, como mudanças no mercado de fornecedores da construção civil para atender a uma demanda por produtos certificados e transformação do entulho de demolição em material reaproveitável. O funcionamento das arenas também terá ações verdes, como geração de energia solar e captação água da chuva, coleta seletiva, prevenção ao fumo.

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Arenas verdes

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Grandiosos eventos, como a Copa do Mundo de 2014 que aconte-

cerá no Brasil, são um grande motivo para os governos pensarem em ati-vidades sustentáveis. E com os está-dios, chamados de arenas da Copa, a questão da sustentabilidade não só na construção ou reforma como no seu funcionamento tem sido um di-ferencial.

O governo brasileiro definiu a sus-tentabilidade como um dos pilares da Copa do Mundo. É tanto que o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES) priorizou linhas de financiamento para está-dios com certificação e até mesmos aqueles que não recorreram ao banco optaram por buscar certificação de construção sustentável.

Todas as arenas brasileiras para a Copa do Mundo adotarão um padrão mínimo para certificação de cons-trução sustentável, implementando novos materiais e práticas ecológi-cas. Diversos projetos definiram que buscarão níveis mais elevados de cer-tificação junto às entidades creden-ciadoras. Além dos benefícios am-bientais, esse processo tem resultado em redução dos custos e em experi-ência para novos empreendimentos.

A Federação Internacional de Futebol (Fifa), por exemplo, criou o Green Goal Program, com o objeti-vo de identificar possíveis impactos ambientais dos estádios na Copa do Mundo, além de exigir tecnologias renováveis. A demanda ocorreu na África do Sul, e está acontecendo no Brasil, para o mundial em 2014.

Este movimento deve colocar o Brasil na história como o primeiro país a sediar uma Copa do Mundo sustentável. Inédito, o objetivo é garantir obras de acordo com espe-cificações técnicas a favor do meio ambiente e, assim, construções eco-logicamente corretas.

Por trás deste projeto sustentável está a Green Building Council Brasil, empresa responsável por monitorar as obras da Copa, o que inclui avaliar e emitir o certificado Leed (Lideran-ça em Energia e Design Ambiental), ou “verde”, concedido a edificações ambientalmente corretas.

Para obtenção do selo verde, é necessário ao empreendimento observar alguns requisitos básicos, como adoção de materiais de baixo impacto ambiental (por exemplo, aço e alumínio em parte produzidos com matéria prima reciclada), tintas

e vernizes com compostos orgânicos voláteis, pisos drenantes, ilumina-ção eficiente, reuso da água, uso de energias limpas, entre outros. Além disso, estádios que tenham obras de demolição devem reciclar os resíduos gerados e dar destinação correta ao que não pode ser aproveitado.

O Ministério dos Esportes garante que todos os estádios da Copa terão certificação ambiental.

No Castelão, em Fortaleza (CE), por exemplo, o governo do Estado es-tuda a possibilidade de serem instala-das placas fotovoltaicas na cobertura, podendo gerar até dois megawatts de energia elétrica ou a geração de ener-gia a gás.

O Estádio Nacional de Brasília (DF), Mané Garincha, deve ter um sistema solar — e ainda vai aproveitar a água da chuva. O piso no entorno do estádio será permeável. Com re-ciclagem, reuso e coleta seletiva de resíduos, o Mané Garrincha pleiteia a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) Platinum, a maior em construções sustentáveis. Até a grama do antigo estádio foi reutilizada nos canteiros da capital federal.

Já a Arena Pantanal, em Cuiabá

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(MT), conseguiu reduzir os custos de obra e gerar valor social com a reuti-lização da água, por empregar presi-diários e implantar alternativas para evitar a poeira. Seu projeto paisagís-tico prevê ampla área arborizada e valorização de espécies regionais, como aroeiras, jatobás e os ipês. Serão em torno de 3.200 árvores, das quais 2.080 serão plantadas para recupera-ção ambiental, compreendendo uma área de 21 mil metros quadrados.

Em parceira com a Light, o go-verno do Rio de Janeiro irá instalar placas fotovoltaicas para a captação de energia solar no Maracanã, que está sendo reformado para a Copa do Mundo de 2014. O convênio “Mara-canã Solar” vai viabilizar a implanta-ção do equipamento que ficará sobre a estrutura metálica que sustentará a nova cobertura de lona tensionada, gerando energia limpa equivalente ao consumo de 240 residências e evi-tando a emissão de 2.560 toneladas de CO2 na atmosfera. Aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto foi desenvolvido pela mesma empre-sa que está projetando a nova cober-tura, a alemã SBP (Schlaich Berger-mann und Partner), e não terá custo

para o governo. Além disso, a água da chuva também será utilizada para os banheiros, que terão torneiras inteli-gentes com fechamento automático e descargas ecológicas. A Light assumi-rá o investimento para implantação e manutenção das placas

fotovoltaicas e, após a sua amor-tização, que será feita por meio da venda da energia gerada, a usina será transferida para o estado, que poderá optar por continuar vendendo esta energia ao mercado ou utilizá-la em imóveis estaduais.

Com o intuito de diminuir os im-pactos ecológicos da reforma, o está-dio do Maracanã já adotou algumas medidas como lavar as rodas de todos os caminhões que saem do canteiro. Essa é uma das práticas que evitam que a sujeira alcance a rua. A obra também tem trincheiras, que são escavações feitas com material tritu-rado dentro da própria obra, com ob-jetivo de não deixar sair sedimentos do empreendimento. Todo material de sedimentos, como terra e poeira, tem que ficar dentro da obra.

A reforma do Mineirão também busca o selo de sustentabilidade. A obra em Belo Horizonte (MG) tam-bém se preocupa em reutilizar, reci-

clar e incorporar o que não seria mais usado.

Toda terra foi reaproveitada. Uma quantidade de aproximadamente 850 mil m³ foi reutilizada em outras obras, como em loteamentos da re-gião metropolitana. O concreto foi britado e utilizado em pavimenta-ção de ruas também na cidade e em cidades do entorno. As cadeiras do estádio foram doadas para ginásios e estádios do interior do estado e a par-te metálica, sucata, foi reaproveitada através de reciclagem.

O selo Leed também exige a di-minuição do consumo de energia e o aumento da eficiência energética na edificação. No estádio mineiro, a escolha foi armazenar os recursos hídricos. A opção foi captar a água do telhado do Mineirão, enviar para um reservatório com uma capacida-de de aproximadamente seis milhões de litros, sendo capaz de atender ao período de estiagem. O custo de im-plantação dessa captação é paga pela economia de água em três anos.

Todos os projetos são coordena-dos, dentro do Governo Federal, pela Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa do Mundo de 2014.

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1 Arena Amazônia - Manaus

Com sistemas de economia de água, ventilação e refrigeração natural, utili-zação de águas de chuva, uso da luz do dia e soluções de iluminação altamen-te efi cientes, está sendo reconstruído o antigo Vivaldão. Terá resfriamento ge-otérmico com uso de bioetanol e ven-tilação natural projetados para auxiliar na redução do consumo energético.

2 Arena Castelão - Fortaleza

Uma usina de reciclagem que foi montada dentro do canteiro de obra, onde todo o concreto das demolições será usado no novo estacionamen-to. Contará com sistema efi ciente de reaproveitamento da água da chuva para a irrigação do campo e para os sanitários. A coberta do estádio será translúcida para evitar o efeito “ilha de calor”. Contará com espaços reser-vados para carona solidária, carro com combustível renovável e bicicletário para funcionários.

3 Arena das Dunas - Natal

O material de concreto resultante da demolição do atual estádio e ginásio será reaproveitado. Captação de ener-gia a partir de paineis solares e reapro-veitamento da água também estão pre-vistos. O projeto já foi registrado para obtenção do certifi cado de construção sustentável Leed.

4 Arena Pernambuco - Recife

A Arena terá assentos produzidos a partir de plástico verde, resultado de um processo a partir da desidratação do etanol proveniente da cana de açú-car, gerando uma matéria prima 100% renovável. Contará com o uso de ener-gia solar, reaproveitamento de água, soluções de ventilação e tratamento de esgoto. Também se adequa para certifi cação Leed.

5 Arena Fonte Nova - Salvador

A estrutura prevê economia de água, reuso do esgoto tratado, aproveita-mento da água da chuva, diminuição e reciclagem do lixo gerado, sustenta-bilidade energética, ventilação e ilu-minação natural. Uma das iniciativas de redução de custos é a reciclagem do concreto.

6 Estádio Nacional - Mané Garrincha- Brasília

A demolição já gerou quase 750 tone-ladas de entulho. Parte desses resíduos será reaproveitada, enquanto outra par-te é destinada à reciclagem e distribu-ída a cooperativas do DF. A doação de metal para a Central de Cooperativa de Materiais Recicláveis levantou recursos para 23 cooperativas associadas. Cerca de quatro mil pessoas fazem parte deste grupo.

7 Arena Pantanal - Cuiabá

Serão em torno de 3.200 árvores, das quais 2.080 plantadas para recupera-ção ambiental, compreendendo uma área de 21 mil metros quadrados na Arena. Na obra, existe coleta seletiva e reciclagem. O estado investe também na compensação e neutralização de ga-ses poluentes emitidos na construção.

8 Mineirão - Belo Horizonte

Reaproveitamento de entulho da obra vai para uma máquina que separa o aço e transforma o restante em brita. Contará com um reservatório para aproximadamente seis mil m³ de água de chuva. Captação de energia solar, por meio de células fotovoltaicas ins-taladas na cobertura com potência de 1 megawatt, o sufi ciente para atender a 750 residências de médio porte.

9 Arena Maracanã - Rio de Janeiro

O projeto, preparado segundo o siste-ma Leed, prevê a utilização de disposi-tivos economizadores de água e a im-plantação de um sistema de captação de água de chuva, resultando em uma economia de 50% no que se refere à irrigação do gramado. Conta também com moderno sistema de iluminação que ajudará a reduzir o consumo de energia. Serão 23.500 luminárias eco-nômicas de LED.

10 Arena Itaquera - São Paulo

O entorno do estádio terá plantio de muitas árvores, além do uso de piso drenante, para evitar problemas com o acúmulo de água. Sua fachada trans-lúcida proporcionará conforto térmi-co e menos gastos com iluminação, fazendo com que se elimine o uso da maioria das lâmpadas internas e eco-nomize com retorno do investimento em pouco tempo.

11 Arena da Baixada - Curitiba

Sistema de ar condicionado que gasta 30% menos que outros modelos con-vencionais devido ao exterior do edifí-cio ser revestido com policarbonato, o que favorece a climatização dos espa-ços internos. Terá ainda reservatórios para água da chuva e sistemas econo-mizadores nos banheiros.

12 Arena Beira-Rio - Porto Alegre

Também busca a certifi cação Leed, da-da a edifícios sustentáveis. O projeto da reforma prevê a racionalização do uso de água e de energia. A nova cober-tura permitirá a captação de energia. A grama cortada vai adubar campos de treinamento do Internacional.

Projetos para arenas verdes

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Linhas da sustentabilidade na Copa de 2014

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Certificação de construção sustentável das arenasTodas as arenas brasileiras para a Copa do Mundo FIFA 2014 terão um padrão mínimo da certificação de construção sustentável, adotando novos materiais e práticas ecológicas, visando benefícios ambientais e redução dos custos.

Copa orgânica e sustentávelIncentivo ao setor de orgânicos e produtos sustentáveis. Trata-se de um dos projetos com maior poten-cial de geração de negócios da Eco-nomia Verde, com prioridade a pro-dutos orgânicos para fornecimento às delegações, eventos e recepções ligados à Copa, hotéis e restaurantes, entre outros.

Parques da CopaO Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes de Conser-vação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério do Turismo selecionaram unidades de conservação federais

prioritárias, que receberão investi-mentos especiais para atraírem tu-ristas durante o mundial. Os parques ficam próximos às cidades-sede.

Resíduos e reciclagemA meta do projeto é erradicar os lixões das capitais e regiões metro-politanas, organizar o sistema de coleta seletiva com inclusão de ca-tadores, promover oportunidades de negócios na área de reciclagem e trabalhar com foco na minimização da geração de resíduos nos grandes eventos, como jogos e fun fests. Uma linha de financiamento do BNDES foi aberta para apoiar a estruturação

da coleta seletiva nas cidades-sede, condicionado exclusivamente à in-clusão dos catadores de materiais recicláveis.

Mudanças ClimáticasPor meio de cooperação técnica com o governo britânico, foram realizadas oficinas de trabalho e já se chegou à definição da metodologia e do termo de referência para os inventários de emissões a serem realizados em to-das as cidades-sede, com o aporte de recursos do Governo Federal.

Fonte: FIFA

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3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

Entulho da construção civilOs resíduos da construção civil vem gerando cada vez mais transtornos quanto à destinação final. A gestão dos resíduos de construção e demolição foi definida na Resolução do Conama de 2002, como sendo atribuição dos municípios a elaboração, implementação e coordenação do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil que contempla o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e a regulamentação para que as obras apresentem os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Grandes e pequenas empresas e até usuários de materiais de construção em pequenas obras caseiras podem destinar sustentavelmente os resíduos da construção civil – o conhecido entulho – e até reutilizá-los.

R E S Í D U O S S Ó L I D O SENTRE

40% E 60% DO RESíDUO

SóLIDO PRODUZIDO NO PAíS VEM DA

CONSTRUÇÃO CIVIL, SEGUNDO

LEVANTAMENTO DO MINISTÉRIO DAS

CIDADES

REDUZIRO entulho muitas vezes é gerado por deficiências no processo da cons-trução, como falhas ou omissões na elaboração dos projetos e na exe-cução, má qualidade dos materiais empregados, perdas no transporte e armazenamento, má manipulação, além da substituição de componen-tes pela reforma ou reconstrução. A melhoria no gerenciamento e con-trole de obras públicas e também trabalhos conjuntos com empresas e trabalhadores da construção civil podem contribuir para atenuar o desperdício. Outra opção seria o uso de materiais recicláveis, como EPS, o isopor reciclado e garrafas PET para produzir blocos para a construção.

REUTILIZARA quantidade de entulho gerada nas cidades é muito significativa e pode servir como indicador do desper-dício de materiais. O entulho da construção civil pode ser reciclado com instalações e equipamentos de baixo custo, apesar de existirem opções mais sofisticadas tecnolo-gicamente. Havendo condições, pode ser realizado na própria obra que gera o resíduo, eliminando os custos de transporte. Os benefícios da reciclagem do entulho vão além do meio ambiente, podem ser econômicos. Além de reduzir o uso de recursos não renováveis, pode diminuir o consumo de energia durante o processo de produção.

RECICLARGrandes pedaços de concreto po-dem ser aplicados como material de contenção para prevenção de pro-cessos erosivos na orla marítima e das correntes, ou usado em projetos como desenvolvimento de recifes artificiais. O entulho triturado pode ser utilizado em pavimentação de estradas, enchimento de fundações de construção e aterro de vias de acesso. É possível produzir agrega-dos - areia, brita e bica corrida - para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos, e uso em argamassas e concreto. Pode-se fabricar componentes de construção - blocos, briquetes, tubos para drenagem, placas.

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Como?R E D U Ç ÃO D E C O N S U M O

guia verde

Vinagre. É um ácido fraco e permite desinfetar vasos sanitários, bancadas e pias na cozinha, limpar vidros e metais, etc. Em substituição ao limpador multiuso, desinfetante e amaciante de roupas o produto também age muito bem. O vinagre também é efi ciente na remoção de manchas e para tirar cheiros de suor de roupas.

Bicarbonato de sódio. Usado em combinação com o vinagre, tem um bom poder desinfetante na limpeza de banheiros, pias e vasos de louça. Como ele é levemente abrasivo, ajuda a polir sem riscar. O bicarbonato pode ser usado para limpar o colarinho das camisas e ajuda a eliminar odores fortes das roupas, mesmo quando eles persistem após repetidas lavagens, como fumaça e cheiro de suor. Remove manchas de queimadura de panelas e odor de cinzeiros e lixeiras.

Limão. Como polidor, o limão misturado ao sal traz de volta o brilho dos utensílios de cobre, latão e luminárias. Também tira manchas de bancadas e misturado com água deixa um cheiro fresco na geladeira. O limão também funciona como agente de branqueamento. Basta colocar o suco em lençóis brancos e roupas e deixa-las secar ao sol.

Sabão neutro. Famoso pela ação de remoção de gordura, o sabão é essencial na lista de faxina ecológica, porém é importante buscar produtos com ingredientes naturais. Para obter um perfume especial, basta acrescentar óleos essenciais. Para economizar, dilua o detergente e o sabão em água. Misturado à água quente ajuda a desengordurar inclusive as difí ceis vasilhas plásticas.

Essências naturais. Os óleos essenciais naturais têm várias propriedades. Muitos, como o óleo de melaleuca e o de eucalipto, são desinfetantes. O óleo de lavanda e o de menta, além do perfume agradável, provocam sensação de bem-estar e relaxamento. O de citronela e o de cravo afastam mosquitos e moscas, mas atenção para os que são realmente 100% naturais. Os óleos essenciais são caros, mas rendem muito porque podem ser muito diluídos.

Limpar a casa sem produtos tóxicos

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Ar, água e solo são alvos constantes de poluição resultante da ação humana. Com algum esforço e criatividade é possível mudar atitudes simples, mas que afetam a saúde da família e também a do planeta. Mudar a forma de limpar a casa pode ser o início de uma tomada de consciência que irá refl etir no futuro. A água, que já é escassa, é um dos principais alvos atingidos por alguns produtos convencionais. Os níveis de fosfato presentes nos detergentes, por exemplo, apesar de controlados por lei, quando lançados em rios e lagos, difi cultam a oxigenação da água e favorecem a multiplicação de algas vermelhas, confi gurando-se como os principais responsáveis pela morte da vida aquática. Esses produtos são nocivos à pessoas alérgicas e também causam hipersensibilidade pelo cheiro forte que produzem.Veja algumas dicas de produtos naturais que podem substituir os líquidos coloridos, perfumados e poluentes.

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se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

eventoO All About Energy é o maior even-to de energias renováveis do Brasil

com a participação das grandes empresas do mundo no setor, governos, instituições públicas e privadas. A 7ª edição acontece de 19 a 21 de junho de 2012, em Fortaleza.

museuO Archeolink Prehistory Park, na Escócia, é um museu construído de maneira sustentá-

vel que se adapta perfeitamente à paisagem natural local. A cons-trução foi desenhada pelo arquiteto britânico Edward Cullinan e foi concluída em 1997. O museu reserva artefatos com mais de dez mil anos, ligados à história dos escoceses.

viajar O portal de informações e dicas de sus-tentabilidade Ecohospedagem orienta

turistas e hoteleiros. São dicas de roteiros de turismo comunitário, ecológico, cultural, rural, hotéis sustentáveis, ações socioambientais e mais. Em ecohospedagem.com

site ((o))eco é feito pela Associação O Eco, uma organi-zação brasileira sem fins lucrativos nem vinculação

com partidos políticos, empresas ou qualquer tipo de grupo de interesse. O conteúdo do site é fruto do trabalho de uma rede de jornalistas e especialistas, muitos voluntários e outros que trabalham em tempo parcial. Acesse em www.oeco.com.br

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fórumO website do Fórum de Meio Ambien-te do Setor Elétrico é um ponto de en-

contro das associações, indo dos propósitos acadêmico e de divulgação. A ideia é que os debates e conteúdos nele publicados se consolidem como uma fonte confi ável de consultas para todos os públicos interessados.

vídeoECOhabitat – Sustentabilidade em ação é um documentário com dois episódios que aborda

temas ambientais e de sustentabilidade com pessoas, pesquisa-dores e ativistas do estado de São Paulo. O programa conta com os quadros práticos “Faça você mesmo”, onde os entrevistados ensinam aos espectadores soluções sustentáveis que possam ser feitas em casa, com materiais e montagens simples. Veja mais em http://ecohabitat.tv.br/

leilão O Ministério de Minas e Energia publicou uma portaria que remarca

o leilão de energia A-3, que aconteceria em 22 de março. O certame, que já tinha até edital aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e preço-teto estabele-cido, de R$112 por MWh, vai fi car para 28 de junho.

livro Dois livros organizados por professores da Unesp abordam espécies pouco conhecidas da biodiversida-

de brasileira. O primeiro é Peixes do Cerrado - Parque Estadual da Serra Azul - Rio Araguaia - MT, de Valdener Garutti, em parceria com o profes-sor Paulo Cesar Venere, da UFMT. O segundo se chama Fauna e Flora de Fragmentos Florestais Remanescentes da Região Noroeste do Estado de São Paulo, editado por Orlando Necchi Júnior. Ambos são professores do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp.

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o último apaga a luzEntrando em Campo. Ilustração: Thyago Cabral

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YESWE DO

@Gamesa_Official

> Sim, oferecemos soluções tecnológicas globais

> Sim, oferecemos máxima fiabilidade e experiência com mais de 24.000 MW instalados e presença em 50 países

> Sim, assim como você, também queremos diminuir o Custo de Energia

> Sim, somos o melhor parceiro de serviços integrais para atender suas necessidades

SIM, NÓS REALMENTE TORNAMOSVOCÊ MELHOR

@gamesaofficial

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A Coelba, uma empresa do Grupo Neoenergia, entende bem a importância de se renovar para construir um futuro melhor. Por isso, idealizou o Pituaçu Solar, um projeto realizado com o

Governo da Bahia que está transformando Pituaçu, em Salvador, no primeiro estádio esportivo com energia solar da América Latina. Uma iniciativa que faz parte do Programa de Efi ciência Energética da Coelba, aprovado pela ANEEL, que vai gerar a redução de 100% nos custos de

energia do estádio, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da Bahia. Pituaçu Solar. Mais um compromisso da Coelba em transformar e evoluir dentro do seu próprio negócio.