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A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS
RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES
Janeiro Fevereiro
Março 2011
Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº33 www.scmsines.org
Com o objectivo de preservar e
divulgar a história da Misericórdia
de Sines, os 495 anos da Instituição
foram comemorados com a inau-
guração da Galeria de Provedores,
no passado dia 22 de Fevereiro. A
Galeria funciona na sede da Miseri-
córdia, junto à Provedoria, e expõe
a informação que se conhece sobre
os Provedores que passaram pela
Misericórdia de Sines, datando de
1747 a referência mais antiga. A
pesquisa efectuada para dar forma
à Galeria de Provedores possibili-
tou a descoberta de 22 Provedores,
embora nem todos com registos
fotográficos. Assim, compõem a
Galeria 16 fotografias de Provedo-
res que exerceram funções desde
1920.
Para além dos familiares de Prove-
dores e convidados estiveram pre-
sentes o Governador Civil de Setú-
bal, representantes da União das
Misericórdias Portuguesas e dos
Municípios de Sines e Santiago do
Cacém. Os Órgãos Sociais da Insti-
tuição também marcaram presen-
ça, assim como familiares e amigos
dos Provedores, representantes de
outras Misericórdias, entidades,
organizações e beneméritos que
têm ajudado a Santa Casa da Mise-
ricórdia de Sines.
Inicialmente a inauguração consis-
tiu numa revelação simbólica das
fotografias dos antigos Provedores
da Santa Casa da Misericórdia de
Sines, à qual se seguiu a entrega de
Medalhas de Mérito aos Provedo-
res homenageados ou seus familia-
res.
(Continua na página 3)
Manuel de Lemos e Luís Venturinha a inaugurar a Galeria de Provedores
DESTAQUES
À Conversa com… À Conversa com… António RodriguesAntónio Rodrigues Página 10
Entrevista com o ProvedorEntrevista com o Provedor
Luis VenturinhaLuis Venturinha Página 5
No dia 22 de Fevereiro, seis funcio-
nárias foram homenageadas por
mais de 25 anos de trabalho na
Misericórdia de Sines.
Página 13
Mais de 25 Anos a trabalhar na Mais de 25 Anos a trabalhar na Mais de 25 Anos a trabalhar na
MisericórdiaMisericórdiaMisericórdia
A SCMS comemora 495 anos, uma idade centenária, encontrando-se no limiar de
se tornar quinhentista. Esta longevidade testemunha, assim, a capacidade e tena-
cidade de dirigentes e colaboradores em sobreviver a todas as dificuldades, sem-
pre com o objectivo de minimizar o sofrimento da população mais débil e caren-
ciada.
Nesta caminhada constante, será justo realçar o papel dos muitos Provedores,
que por esta e outras Misericórdias passaram, empenhados na mesma missão:
ajudar o próximo e contribuir para a continuação do Compromisso das 14 obras
da Irmandade das Misericórdias.
Por isso mesmo, decidiu a Mesa Administrativa da Santa Casa reabilitar a parte da história a que conseguiu ter
acesso até à presente data, e dar a conhecer os rostos de todos aqueles que nos foi possível encontrar, através
da Galeria de Provedores.
Fazemo-lo, não por uma questão de exibicionismo, mas sim para realçar as suas virtudes e fazer deles um
exemplo a seguir. Para que os seus feitos se tornem num motivo de orgulho para os seus sucessores, e desper-
tem, naqueles que agora têm oportunidade de os conhecer, a vontade de seguir estes exemplos e abraçar as
mais nobres causas humanistas e solidárias.
Um grande Bem-haja para todos.
ED
ITO
RIA
L
Luís Maria Venturinha de Vilhena
Provedor da Misericórdia de Sines
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Avenida 25 de Abril, n.º 2 – Apartado 333
7520-107 SINES Site: www.scmsines.org E-mail: [email protected]
Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469
E-mail: [email protected]
Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00
Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário) Tel. 269630460 | Fax. 269630469
E-mail: [email protected]
Horário de Atendimento: 9h00-13h00 | 14h00-17h00
Infantário “Capuchinho Vermelho” Tel. 269630466 | Telm. 967825287
E-mail: [email protected]
Horário de Funcionamento: 09h00-19h00
Agência Funerária Tel. 269635800 | Fax. 269862293 | Telm. 965420782 / 968575761
E-mail: [email protected]
Horário de Funcionamento: 09h00-13h00 | 14h00-18h00
Informações Úteis Ficha Técnica
Propriedade e Edição
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES
Periodicidade Trimestral
Número 33
Edição Janeiro | Fevereiro | Março 2011
Director Luís Maria Venturinha de Vilhena
Coordenação Carla Fidalgo
Redacção Rita Camacho
Revisão de Texto José Mouro
Fotografia Fotosines, Miguel Santos, Ricardo Batista, Rita Camacho, Sofia Fernandes
Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho
Impressão Santa Casa da Misericórdia de Sines
Tiragem 100 exemplares
Depósito legal 325965/11
Distribuição Gratuita
RENASCER b o l e t i m i n f o r m a t i v o
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RENASCER
bo l e t im i n f o rma t i v o
A MISERICÓRDIA DE SINES COMPLETOU 495 ANOS (continuação)
Francisco Pacheco, filho de Vicente Maria do Ó, provedor da SCMS entre 1976 e 1991, esteve pre-sente na inauguração da Galeria de Provedores e demonstrou um enorme orgulho em ter um fami-liar ligado à Misericórdia de Sines. «Do ponto de vista pessoal sinto-me muito orgulhoso com esta homenagem, porque se trata do meu pai. Enquanto esteve entre nós, ele foi um homem muito dedicado à vida comunitária. Tinha um enorme coração, portan-to, desse ponto de vista, sinto uma enorme grati-dão enquanto filho, e acho que é justo e louvá-vel que a SCMS faça este tipo de homenagens. Por outro lado, defendo que a história nos ensina a agir no presente em função do futuro e a história que a Santa Casa vive, revive
e mostra a toda a gente, também é a nossa histó-ria. A realidade desta ins-tituição determina que ela hoje em dia tenha um papel muito importante em Sines. O que hoje foi aqui falado fez-me ter a noção que as pessoas estão cada vez mais isola-das, cada vez há mais
idosos e haverá maior dependência sobre todos os pontos de vista. No futuro a importância de Instituições como esta
será maior e haverá necessidade de responder a mais desafios. O passa-do da nossa Santa Casa, a sua história, o seu tra-balho presente e os desa-fios fazem com que eu, enquanto sineense, sinta orgulho, satisfação e con-fiança na Instituição e no trabalho que ela certa-
mente desenvolverá no futuro.»
Luís Pidwell também
marcou presença na ceri-
mónia em representação
do seu pai, Luís Pidwell,
provedor da SCMS entre
1955 e 1958, e da sua
mãe, Maria Amélia Bravo
da Costa, provedora
entre 1959 e 1963.
«Sinto-me muito orgulho-
so com esta homenagem.
Só tenho pena que os
meus pais não a tenham
presenciado. É uma
homenagem muito justa,
não só a eles, como a
todos os outros que vive-
ram apaixonadamente a
função. Eu era muito
jovem na época em que
os meus pais foram pro-
vedores, mas lembro-me
bem da ocupação que o
desempenho do cargo
lhes dava. Eram muito
dedicados, envolviam-se
pessoalmente e nesse
tempo a dimensão da Ins-
tituição era outra. As aju-
das oficiais eram míni-
Homenagem orgulha familiares e amigos
Durante a tarde, as
comemorações prosse-
guiram com uma festa
em que participaram
todas as valências da Ins-
tituição: Lares, Centro de
D i a , I n f a n t á r i o
“Capuchinho Vermelho”,
Lar de Rapazes “A Ânco-
ra”, Centros de Apoio
“Porto d’Abrigo” e “Mãe
Sol”.
Utentes, funcionários,
familiares e amigos da
Instituição, assistiram a
momentos musicais, dan-
ça, teatro e a declama-
ções de poesia. Assisti-
ram também a uma
actuação do Coro da San-
ta Casa da Misericórdia
de Sines e uma homena-
gem a seis funcionárias
por mais de 25 anos de
trabalho na Instituição.
Actuação do Grupo Coral da SCMS
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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
D. Bia e Francisco Pacheco, esposa e filho do antigo Provedor Vicente do Ó
mas e tudo se fazia com
base nas dádivas pes-
soais e no empenhamen-
to das pessoas em encon-
trarem ideias que pudes-
sem gerar alguns rendi-
mentos, como, por exem-
plo, os cortejos de oferen-
das. Nesse tempo tudo
era fruto de um enorme
esforço. E, apesar do pou-
co que conheço, acho que
a SCMS tem desenvolvido
nestes últimos anos um
trabalho notável. Obvia-
mente que hoje os recur-
sos são outros, mas con-
sidero que mesmo assim
não devem ser os sufi-
cientes. Portanto, tudo o
que tem sido feito, é pro-
va da competência e da
dedicação das pessoas
que estão à frente da
SCMS. As pessoas não
mudaram. Quem se dis-
ponibilizou há 40 ou 50
anos atrás, a fazer o que
fez, é acompanhado por
aqueles que na actualida-
de fazem o mesmo e
todos estão de parabéns.
É muito louvável que
dediquem ou tenham
dedicado as suas vidas a
esta actividade.»
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RENASCER
bo l e t im i n f o rma t i v o
WORKSHOPS “ANOMALIA ZERO”
As diversas valências da Santa Casa da Misericórdia de Sines funcio-nam como resposta a diferentes problemas sociais, distintos uns dos outros. Faz parte do trabalho da Instituição, entre outros, o apoio à Terceira Idade, a crianças (Infantário), a jovens mães soltei-ras, a crianças em risco, e a mulhe-res vítimas de violência doméstica. Para que esse apoio seja possível, estão em funcionamento diário serviços de psicologia, animação sociocultural, sociologia, acção social, reabilitação e saúde. Em virtude desta diversidade de áreas e actividades, a actual Mesa Administrativa da Misericórdia de Sines pôs em prática, desde Março de 2010, uma medida que implica a realização de um Workshop por mês, onde cada uma das valências
apresenta a sua realidade às res-tantes. O objectivo é proporcionar, dentro da Instituição, um espaço de escla-recimento e de debate que fomen-te a cooperação e interacção entre todos os colaboradores. Só assim se conseguirá chegar à fase de “anomalia zero” na Misericórdia de Sines. Em 2011 realizaram-se, até ao momento, quatro workshops. Dia 20 de Janeiro a Mesa Administrati-va apresentou o Relatório de Con-tas de 2010 e fez o balanço de um ano de actividade. Dia 10 de Feve-reiro foi a vez do Salão Social, sen-do que esteve em análise a histó-ria, a caracterização e as activida-des deste espaço, assim como as causas e as soluções dos proble-mas registados no dia-a-dia. Dia 24
de Fevereiro foi abordada a área da reabilitação. Foi apresentada informação sobre o trabalho que é feito pelas técnicas de reabilitação psico-motora e sobre os métodos utilizados. Realizou-se no dia 24 de Março o workshop sobre o Infantário “Capuchinho Vermelho”, em que foram abordados temas relaciona-dos com a missão, estratégia e objectivos desta valência. Além disso, os presentes tiveram oportu-nidade de participar em algumas actividades que habitualmente são feitas com as crianças do Infantá-rio. A 28 de Abril, pelas 16:00 horas, caberá ao Departamento Financei-ro a organização do workshop. Dia 26 de Maio, à mesma hora será a vez da Animação Sociocultural.
Luís Pidwell na Inauguração da Galeria de Provedores
ENTREVISTA COM O PROVEDOR LUÍS VENTURINHA Luís Venturinha de Vilhena
nasceu em Sines há 67
anos. Gestor de profissão,
está ligado à Misericórdia
de Sines desde 1997, ten-
do assumido a função de
Provedor em 6 de Janeiro
de 2010. Um ano depois,
Luís Venturinha faz-nos um
balanço da actividade
desenvolvida na Instituição
e explica-nos como é ser
Provedor da Misericórdia.
Renascer - Que balanço
faz deste primeiro ano
como Provedor da SCMS?
Luís Venturinha - O balan-
ço que faço fica aquém
daquilo que desejaria. O
dia-a-dia exigia que se
tivesse feito mais coisas,
embora as condicionantes
com que vivemos também
não ajudem. Foram feitas
coisas positivas, nomeada-
mente ao nível do melho-
ramento de infra-
estruturas e serviços. Criá-
mos um novo espaço para
a lavandaria, contratámos
uma empresa externa, que
cumpre todos os requisitos
em termos de HCCP, para
confecção da alimentação,
alterámos o tipo de fraldas
usadas pelos utentes, con-
tribuindo para o seu maior
conforto, e, ao nível da
saúde, reforçámos o corpo
técnico, sem esquecer as
áreas da psicologia e da
fisioterapia. A nossa preo-
cupação principal são as
pessoas, que merecem que
tenhamos atenção com
elas e que consigamos
diminuir o seu mal-estar.
Tudo o que fizermos para
isso não tem preço, mas há
sempre uma parte compli-
cada, os custos, aos quais
não podemos fugir.
R - E quais foram as maio-
res dificuldades sentidas?
LV - Não considero que
tenham sido propriamente
dificuldades, mas em ter-
mos dos colaboradores da
Instituição, quando iniciá-
mos funções, notou-se,
sobretudo da parte de
quem cá está há mais
anos, alguma estranheza
face às alterações que
implantámos. São pessoas
com hábitos de muitos
anos e com alguns vícios,
que mostraram alguma
reserva em alterar as roti-
nas e em acreditar que as
mudanças seriam benéfi-
cas. Mas paralelamente a
essa estranheza inicial,
senti também que havia
muita vontade e expectati-
va em melhorar o que
estava menos bem.
R - Quem circula pela
Misericórdia de Sines
apercebe-se de algumas
obras que estão a decorrer
presentemente. Fale-nos
um pouco dessas obras.
LV – Gostaria de começar
por referir uma obra que,
apesar de estar terminada,
foi feita há relativamente
pouco tempo: a mudança
da lavandaria para outro
espaço. Adaptámos uma
garagem para que passasse
a funcionar lá o serviço de
lavandaria e rouparia.
Anteriormente a lavanda-
ria funcionava num rés-do-
chão e depois os 450 a 500
kg de roupa lavada diaria-
mente eram transferidos
para um sótão, o que não
era muito prático. Resol-
veu-se essa situação e
actualmente também já
não há cruzamento entre a
roupa suja e a roupa lava-
da, cumprindo-se assim as
regras de higiene. Aprovei-
tando esta obra, eliminá-
mos, junto à nova lavanda-
ria, um muro que existia e
que dificultava a entrada
no pátio da Santa Casa. Se
houvesse um sinistro era
muito difícil um carro de
grandes dimensões aceder
ao edifício através do
pátio. Retirámos também
algumas árvores para facili-
tar a circulação e está em
fase de projecto a defini-
ção de estacionamento e
de circulação única. Outra
obra que está em fase de
conclusão está relacionada
com as saídas de emergên-
cia. Como a maior parte
dos nossos utentes são
pessoas com dificuldades
de movimentação é funda-
mental a criação do máxi-
mo de portas de emergên-
cia. As obras de ampliação
da cozinha principal da Ins-
tituição também já estão
em andamento. Por isso,
fizeram-se algumas altera-
ções na cozinha do Lar
Anexo I uma vez que,
enquanto a cozinha princi-
pal estiver em obras é nes-
te espaço que serão con-
feccionadas as refeições.
Depois, a cozinha do Anexo
I servirá como copa para os
pequenos-almoços e lan-
ches e já cumprirá, por
exemplo, os requisitos em
termos do não cruzamento
entre louça suja e limpa.
R - Como é que se sente
no papel de Provedor da
SCMS?
LV – O que mais estranho é
o facto de me chamarem
Provedor pois sempre esti-
5
RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
Luís Venturinha, é Provedor da SCMS desde 06 de Janeiro de 2010
ve habituado a que me
chamassem Venturinha. Ao
início pensava que não era
comigo quando ouvia
alguém chamar
“Provedor”. O cargo de
chefia em si não é muito
diferente do que desempe-
nhei ao longo de 40 anos
na minha vida profissional.
Deixei de estar no coman-
do de uma empresa que
trabalha com ferro, e pas-
sei a estar à frente de uma
Instituição que lida com
pessoas. Em termos práti-
cos sinto-me normal no
papel de Provedor, mas, é
claro que sinto o peso da
responsabilidade porque
trabalhamos diariamente
com pessoas carenciadas.
É uma situação que me
sensibiliza e gostaria de
fazer o máximo por elas.
Se eu conseguir transfor-
mar um esgar de dor num
sorriso, para mim já é uma
grande vitória.
R – Quanto tomou posse
como Provedor tinha
consciência da dificuldade
que é gerir uma Institui-
ção desta natureza?
LV — Tinha, sabia que não
ia ser fácil. Quando che-
guei à Misericórdia, esta
família já estava constituí-
da e eu fui o “intruso”. Evi-
dentemente que se trata
de um grande desafio e se
assim não fosse também
não me dava estimulo e eu
não estaria aqui. Estou a
ver o que posso fazer para
o bem das pessoas. Não
sei se vou conseguir, há
dias com mais ânimo e
outros com menos, mas
acredito nas minhas capa-
cidades.
R - Que projectos tem a
Misericórdia previstos
para o futuro?
LV – Temos um projecto
que é a construção de um
novo lar. Candidatámo-nos
a um financiamento que
para já não foi aprovado,
mas não vamos desistir
desse projecto. Esse novo
lar vinha substituir os edifí-
cios em fim de vida que
temos. É um projecto que
não se colocará de lado
porque já está a pensar no
futuro e não no presente.
Obviamente representará
um endividamento grande.
É uma situação que me
constrange porque não
gostaria de deixar uma
dívida aos meus sucesso-
res, mas também não há
outra forma de fazer as
coisas. Paralelamente a
esse equipamento gosta-
ríamos de construir um
equipamento de cuidados
continuados. Este projecto
vem do meu antecessor, já
foi inclusivamente solicita-
do um terreno à Câmara
para podermos mandar
fazer o projecto, embora
ainda nada esteja definido.
Outra situação seria tam-
bém a construção de um
novo Infantário uma vez
que o “Capuchinho Verme-
lho”, em comparação com
outros infantários, se
encontra numa situação de
desvantagem. Tem um
espaço ao ar livre muito
bom, mas também é um
edifício em fim de vida.
R – Tendo em conta o tipo
de trabalho feito pela
Misericórdia e uma vez
que se trata de uma Insti-
tuição única em Sines, que
mensagem gostaria de
deixar aos utentes e cola-
boradores da Misericórdia
e aos Sineenses em geral?
LV – Os desejos são muitos
e por vezes é difícil expres-
sá-los. O que posso dizer
aos utentes é que enquan-
to aqui estiver vou apostar
no seu conforto, no seu
menor sofrimento, numa
melhor alimentação e em
mais saúde. Em relação
aos colaboradores gostaria
de lhes agradecer o traba-
lho que fazem, porque sem
eles seria difícil fazer este
trabalho social. Embora
estejam aqui algumas pes-
soas pelo emprego, sei que
muitas estão também por-
que é isto que gostam de
fazer. Relativamente à
população em geral, acho
que deveria existir por par-
te de todos uma maior
compreensão e valorização
do trabalho da SCMS. Não
devemos pensar que só os
outros é que vão usufruir
dos serviços da Misericór-
dia, qualquer um de nós
pode necessitar deles.
Gostaria que tivéssemos
mais associados porque a
Misericórdia em si é defici-
tária, ou seja, temos mais
despesas do que receitas.
Se não fossem os benemé-
ritos que vão fazendo com
que consigamos ultrapas-
sar as falhas orçamentais,
teríamos de restringir mui-
to as nossas actividades.
Gostaria que as pessoas e
as empresas de Sines per-
cebessem que hoje em dia
os idosos são cada vez
mais, vive-se até mais tar-
de, com carências de toda
a ordem, e seria óptimo
que pudéssemos sentir um
apoio diferente, para
podermos fazer um traba-
lho melhor.
6
RENASCER
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A lavandaria no novo espaço
RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
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BREVES
Desde Novembro de 2010 que a SCMS
efectua uma troca de serviços com o
Centro de Formação Profissional de San-
tiago do Cacém. Esta parceria ocorre no
âmbito de um curso de Cabeleireiro para
Senhoras e o objectivo é que as utentes
da SCMS se desloquem quinzenalmente
a Vila Nova de Santo André e sirvam
de modelo para os formandos. Ao
mesmo tempo beneficiam de cortes
de cabelo e outros penteados de for-
ma gratuita, renovam o seu visual e
aumentam a sua auto-estima.
PA RCE RI A COM O CE NTR O D E F ORM AÇ ÃO D E SAN TI AGO
VOLUNTARI ADO
Está em desenvolvimento na SCMS
um projecto na área do voluntaria-
do. O objectivo é angariar o máxi-
mo de pessoas interessadas em
realizar voluntariado que possam
contribuir para uma melhoria da
qualidade dos serviços prestados
pela Instituição. Todos os interes-
sados em desenvolver um trabalho
de voluntariado na SCMS, devem
dirigir-se à Secretaria da Instituição
e preencher uma ficha de inscrição
disponível para o efeito.
D I A D E SÃO VALE NTI M
No dia 14 de Fevereiro, Dia dos
Namorados, alguns casais que
vivem nos lares da SCMS comemo-
raram a data com um lanche conví-
vio realizado fora da Instituição.
O Grupo Coral da SCMS, fun-
dado em 1992, voltou à acti-
vidade regular no final de
2010. Sob orientação de Eva
Zambujo, actual psicóloga
estagiária da Misericórdia, o
Grupo já fez três actuações:
Festa de Natal, Aniversário da
Misericórdia e Dia Internacio-
nal da Mulher. Os cerca de 20
elementos que compõem o Grupo
Coral da SCMS ensaiam semanal-
mente às sextas-feiras, pelas 16
horas, no Lar Prats. Os ensaios são
abertos a todos os utentes que quei-
ram assistir. Os colaboradores da Ins-
tituição que gostem de cantar serão
bem-vindos caso se queiram juntar
ao nosso Grupo Coral.
GRUPO CO RA L
CO M A MÃO N A M AS S A No dia 12 de Janeiro último, os
alunos da sala dos Vasquinhos,
do Infantário “Capuchinho Ver-
melho”, realizaram uma aula de
culinária na qual tiveram opor-
tunidade de confeccionar um
bolo de papo-seco. Com a ajuda das
educadoras e com a participação
das famílias, que contribuíram com
alguns ingredientes, as crianças pas-
saram uma tarde divertida e no final
saborearam um lanche diferente.
FOTO -REPORTAGEM 495º ANIVERSÁRIO DA M ISERICÓRDIA DE S INES
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RENASCER
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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
Decorria o ano de 1924, quando
António Rodrigues nasceu no
“Monte Marianes” em São Bartolo-
meu da Serra, concelho de Santia-
go do Cacém. No seio de uma
humilde família de agricultores,
António era o filho mais novo já
que antes de si tinham nascido
duas raparigas. «Lembro-me de os
meus pais contarem que fui um
filho desejado. Já tinham duas
filhas e faltava o rapaz, por isso
quando eu nasci ficaram por ali.»
As recordações de infância já não
estão frescas na memória de Antó-
nio Rodrigues, ainda assim, diz-nos
que foi criado com muito carinho e
explica como logo em criança lhe
arranjaram uma alcunha. «O meu
pai era conhecido como “Manuel
Passas”, porque nasceu no “Monte
Água das Passas” em Santa Marga-
rida da Serra, concelho de Grândo-
la. Quando nasci começaram a
chamar-me “Passinhas” e lá onde
morava quase ninguém me conhe-
cia por António Rodrigues, só por
“Passinhas”.» Frequentou a Escola
Primária em São Bartolomeu da
Serra e aos 12 anos terminou a 4ª
classe. «Gostei de andar na escola.
Não me lembro ao certo quantos
alunos éramos, mas éramos mui-
tos. A professora era muito discipli-
nada, e tinha de ser, porque havia
colegas muito reguilas. Eu também
era, mas acho que não era dos pio-
res.», afirma com alguma nostalgia.
António Rodrigues gostava de ter
prosseguido os estudos, mas houve
necessidade de ajudar a família e,
assim que deixou a escola, come-
çou a trabalhar na agricultura e a
guardar gado. «Ceifei trigo, ceifei
cevada, cavei milho, mas também
fazia outros trabalhos quando era
preciso. Lembro-me que uma vez a
minha mãe não pôde amassar o
pão que se fazia lá para casa, e tive
de ser eu e as minhas irmãs a fazer
esse trabalho. E o pão ficou bem
feito, todos comemos e gostámos.»
Aos 18 anos António Rodrigues
entrou numa fase diferente da sua
vida. Fez a Inspecção Militar em
Santiago do Cacém, ficou aprova-
do, e em Fevereiro de 1945 ingres-
sou no Regimento Militar de Estre-
moz. Esteve lá 18 meses, em plena
II Guerra Mundial, aprendeu muito
e tornou-se uma pessoa diferente.
«A minha especialidade lá no Regi-
mento era a de Radiotelefonista.
À CONVERSA À CONVERSA COM…COM…
António RodriguesAntónio Rodrigues
10
RENASCER
bo l e t im i n f o rma t i v o
Quando estava de serviço eu é que
ficava nas transmissões e tinha de
garantir a cobertura radiofónica no
posto de curta distância, dentro do
regimento, e no posto de longa dis-
tância, entre todos os regimentos
do país e fora do quartel. Era eu
que estabelecia as ligações quando
os outros militares e os comandan-
tes me pediam.» António Rodri-
gues reconhece que este trabalho
não era fácil e a responsabilidade
era muita. «Demorei algum tempo
a aprender a
grafia que eles
utilizavam e a
escrever com a
chave morse. Os
telegramas
eram codifica-
dos e só os
comandos os
sabiam interpre-
tar. Eu podia
estar a receber
a minha senten-
ça de morte que
nem fazia ideia.
No tempo que lá
estive apercebi-
me de algumas ameaças e ultima-
tos feitos a Portugal pelos Alemães
e Ingleses.» Apesar disso, diz que
nunca sentiu medo. «Houve situa-
ções em que, durante a noite, os
carros de combate ficavam escon-
didos em olivais fora do quartel
para, em caso de ataque, não
serem destruídos, e nessas alturas
eu tinha que ficar no regimento
para garantir as comunicações.
Mas nunca tive medo e Portugal
também não se envolveu muito na
Guerra. O que eu sentia era o peso
da responsabilidade.»
António Rodrigues, que se diz um
homem namoradeiro, esteve casa-
do durante 60 anos. Começou a
namorar com aquela que viria a ser
sua esposa antes de ir para a tropa,
e durante o tempo em que lá este-
ve, as cartas e as poucas visitas que
fazia a casa e à família, eram a úni-
ca forma de manter esta paixão.
«Naquele tempo os transportes
eram tão poucos, que num fim-de-
semana não conseguia chegar a
casa. Só podia vir a São Bartolo-
meu quando me davam licença.»
Entretanto, finalizado o período em
que esteve na tropa, voltou para
São Bartolomeu da Serra, casou,
mudou-se para o monte “Casinha
Nova” e passou a trabalhar nos
caminhos-de-ferro como auxiliar
de assentador. «Fazia pequenos
trabalhos de manutenção nas vias
dos caminhos-de-ferro. Fiz esse tra-
balho durante 9 anos, só que entre-
tanto, como não me faziam um
contrato efectivo decidi mudar de
profissão.» Assim, em meados da
década de 50, António Rodrigues
montou um negócio em Santiago
do Cacém. «Nessa altura, já tinha
um filho, decidi abrir uma taberna.
Trabalhava lá com a minha esposa
e este foi o nosso meio de subsis-
tência durante 4 anos. Ao fim desse
tempo, já tínhamos também uma
filha, voltámos a dedicar-nos à
agricultura e à criação de gado.
Além disso, eu trabalhava, durante
o Verão, nos restaurantes da Praia
de Sines.» No tempo em que traba-
lhou na Praia de Sines, António,
além de aprender um novo ofício,
conheceu muita gente. «Naquele
tempo existiam
3 restaurantes
na Praia de
Sines e vinha cá
gente de todo o
lado e até pes-
soas importan-
tes. Lembro-me
de servir o
Ministro das
Obras Públicas
da altura, que
vinha passar
férias aqui nesta
zona. Uma vez
ofereci-lhe um
pão caseiro feito
na minha casa e orégãos para ele
levar para os Açores.» Ao fim de 6
anos, António Rodrigues voltou a
mudar de profissão, passando a
dedicar-se à construção civil.
«Trabalhei como pedreiro para a
empresa Teixeira Duarte e para
particulares durante 15 anos. Esti-
ve nas obras da Refinaria de Sines,
na Metalsines e noutros locais, que
já não recordo bem quais foram.
Este trabalho era muito duro e por
causa dele tive problemas de saú-
de.» Esta foi a última actividade
profissional de António Rodrigues,
que se reformou há já alguns anos.
11
RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
António Rodrigues com a esposa e outra participante num concurso de dança
12
RENASCER
bo l e t im i n f o rma t i v o
Presentemente António Rodrigues
vive no Lar Prats da Santa Casa da
Misericórdia de Sines. Esta é a sua
casa desde 17 de Maio de 2007 e é
aqui que ocupa o tempo de dife-
rentes maneiras. «Gosto de conver-
sar com utentes e funcionários que
não me façam sentir o peso dos
anos, gosto de escrever versos e
histórias que tenho na minha
memória e também gosto de ver
televisão, contemplar o mar e dar a
minha voltinha por aí. Outro prazer
que tenho é ir almoçar fora com a
minha família, quando é possível, e
comer uma bela espetada de porco
preto.» Quando há baile na Miseri-
córdia, António Rodrigues também
gosta de dar o seu pezinho de dan-
ça. «Há três coisas que sempre
adorei na vida: raparigas, bicicletas
e dançar. Quando há aqui um baile,
faz-me lembrar os tempos de
juventude em que não falhava um
baile. Também fiz parte de um gru-
po de idosos de São Bartolomeu
que dançava a valsa mandada, o
corridinho e outras danças. Uma
vez, eu e a minha esposa até parti-
cipámos num concurso em Santa
Cruz e ficámos em 3º lugar.»
Quando chegou à Santa Casa da
Misericórdia de Sines, há quase 4
anos atrás, António Rodrigues
movia-se numa cadeira de rodas.
«Estava nessa situação, mas como
sou daquelas pessoas que não
desiste, fui insistindo e voltei a
andar.» Hoje é um idoso completa-
mente autónomo capaz de cumprir
todas as tarefas que fazem parte
da sua rotina diária. Mais ou
menos de 15 em 15 dias, essa mes-
ma rotina é quebrada pela visita
dos familiares. «Os meus netos, o
meu filho (a minha filha infelizmen-
te já faleceu) e a minha irmã mais
velha vêm visitar-me algumas
vezes. É muito bom matar sauda-
des da família. Ainda não tenho
bisnetos, mas gostava muito de
poder brincar com eles um dia.»
Aos 86 anos, perfeitamente cons-
ciente de que a juventude já pas-
sou, António Rodrigues assume
que existe em si uma «sensação de
missão cumprida». Diz sem hesita-
ções que aproveitou a vida, e
actualmente a sua principal preo-
cupação é ser correcto com quem
se cruza diariamente e aproveitar
da melhor forma possível aquilo
que a vida tem para lhe oferecer.
António Rodrigues com o seu amigo António Guerreiro, também utente do Lar Prats
Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de
Sines na Rádio Sines
QUINTAS-FEIRAS ÀS 10:40 | SEXTAS-FEIRAS ÀS 16:35
Ludovina Ferreira, Maria
de Fátima Pereira, Anabe-
la Rosado, Odete Ramos,
Maria da Encarnação Lou-
renço e Maria Assis Lopes
têm mais de 25 anos de
trabalho na SCMS, e por
isso, foram homenagea-
das no dia 22 de Feverei-
ro, no âmbito das Come-
morações do 495º Aniver-
sário da Misericórdia.
Ludovina Ferreira traba-
lha no Infantário
“Capuchinho Vermelho”
desde Março de 1976,
ainda este funcionava nas
actuais instalações do Lar
“Anexo II”. Começou por
ser funcionária da limpe-
za, mas o carinho pelas
crianças falou mais alto
quando, anos depois, sur-
giu a possibilidade de
auxiliar uma educadora
numa das salas do infan-
tário. «Quando entrei, o
infantário tinha cerca de
20 crianças e só duas edu-
cadoras. Depois começa-
ram a ter mais meninos,
começaram a dar almo-
ços, eram necessárias
mais funcionárias para
cuidar das crianças e aju-
dar as educadoras, e aí, já
que havia essa possibili-
dade, eu pedi para mudar
de funções.» Ao longo de
35 anos como colabora-
dora da Misericórdia de
Sines, Ludovina Ferreira já
perdeu a conta aos meni-
nos e meninas de quem
cuidou. O que sabe dizer,
sem hesitações, é que
gosta muito do trabalho
que faz e cuidar dos
bebés (dos 4 até aos 18
meses) é o que mais satis-
fação lhe dá. «Já traba-
lhei com crianças de
outras idades, mas há
mais ou menos 11 anos
que estou na sala dos
bebés e gosto muito, é
como se eles fossem
todos da minha família.
Precisam de mais atenção
do que as crianças mais
velhas, mas gosto de cui-
dar deles e principalmen-
te das gracinhas que
fazem.» As suas tarefas
diárias passam por dar-
lhes comida, mudar as
fraldas, brincar com eles
e, claro, dar-lhes
“colinho”. Enquanto
puder, e apesar de às
vezes a saúde já não ser
de ferro, Ludovina quer
ficar mais uns anos no
“Capuchinho Vermelho”,
porque afinal este foi o
único local de trabalho
que conheceu em toda a
sua vida.
Maria de Fátima Pereira
foi admitida como funcio-
nária da Misericórdia de
Sines no dia 01 de Junho
de 1979. Recorda-se per-
feitamente desse primei-
ro dia e afirma, de forma
divertida, que foi uma
“seca”. «O Senhor com
quem eu fiquei de me
encontrar estava atrasa-
do e eu esperei toda a
manhã por ele. Depois,
quando ele chegou, falá-
mos sobre as minhas fun-
ções. Comecei por ser
cobradora de quotas.»
Mas, em quase 32 anos
Maria de Fátima , homenageada por 32 anos de serviço na SCMS
Ludovina Ferreira no Infantário
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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
MAIS DE 25 ANOS A TRABALHAR NA MISERICÓRDIA
como colaboradora da
Misericórdia, outras fun-
ções se seguiram. Maria
de Fátima passou tam-
bém pela secretaria, pela
costura e quando era
necessário passava a fer-
ro, foi ajudante de lar e
trabalhou nas limpezas.
Actualmente acumula as
funções de encarregada-
geral do Lar “Anexo I”, é
responsável por duas das
cozinhas da Misericórdia
e ainda trabalha na Agên-
cia Funerária da Institui-
ção. Para Maria de Fáti-
ma, trabalhar na SCMS
tem aspectos positivos e
negativos como qualquer
outro trabalho. «Gosto de
trabalhar na Santa Casa.
Não são só coisas positi-
vas, há também as nega-
tivas, mas temos de as
saber encarar. Quanto
mais não seja as coisas
negativas quebram a
monotonia porque senão
isto era tudo muito cal-
mo.»
Odete Ramos começou a
trabalhar na SCMS decor-
ria o ano de 1982. «Entrei
para cá porque tinha
experiência como cozi-
nheira. Comecei por tra-
balhar na cozinha do
Infantário. Era muito
engraçado e diferente de
tudo o que já tinha feito,
porque a comida para as
crianças exigia uma pre-
paração diferente: arran-
jar o peixe, passar a sopa,
cozer a fruta e cortá-la
em pequenos pedaços.»
Cerca de três anos
depois, Odete Ramos pas-
sou para a despensa e
mais tarde para a cozinha
do Lar Prats, onde ainda
se encontra presente-
mente, apesar de estar
em situação de baixa
médica há três meses.
«Quando comecei a tra-
balhar no refeitório do
Lar Prats fazíamos só um
tacho de comida para os
utentes e um outro mais
pequeno para os funcio-
nários. Estive na costura,
passei pelo sector dos
medicamentos, pela cozi-
nha e quando era neces-
sário acompanhava os
doentes ao médico.
Depois as coisas evoluí-
ram, o Lar foi arranjado,
os utentes passaram a ter
mais regalias e melhores
condições e começou-se
com o Centro de Dia.
Actualmente confecciona-
mos cerca de 370 refei-
ções para o lar e para o
apoio domiciliário.» Em
quase 30 anos como fun-
cionária da Misericórdia,
Odete Ramos reconhece
que fez boas amizades.
«As coisas hoje em dia
estão diferentes, mas
quando comecei a traba-
lhar cá éramos pratica-
mente uma família. Éra-
mos poucos funcionários
e poucos utentes, tínha-
mos tempo, por exemplo,
para ir às camaratas con-
versar com os idosos.
Sabíamos o nome deles e
tínhamos mais tempo
para lhes dar atenção.
Mas, posso dizer que gos-
to muito de cá trabalhar.
Além disso, trabalha cá a
minha filha, a minha irmã
já cá trabalhou e a minha
mãe, até falecer, foi uten-
te desta Misericórdia. É
como se esta fosse a
minha segunda casa.»
Anabela Rosado comple-
ta 31 anos como funcio-
nária da Misericórdia de
Sines no próximo dia 2 de
Maio. Foi contratada em
1980 para trabalhar na
secretaria, quando esta
ainda funcionava no anti-
go hospital (actual Centro
Cultural Emmerico
Nunes). O primeiro dia
ficou-lhe na memória:
«Primeiro falei com o Pro-
vedor da altura, o Senhor
Vicente Maria do Ó, dirigi
-me ao local de trabalho
e esperei pelo Senhor
João, que eu pensava ser
uma pessoa com alguma
idade. Depois de esperar
algum tempo e de já ter
visto a pessoa em ques-
tão passar, é que percebi
que se tratava de alguém
da minha idade (com cer-
ca de 23 anos). Ele apre-
sentou-se, era o único
que trabalhava na secre-
taria, e pelo monte de
papéis percebi que havia
muito a fazer.» Nos pri-
meiros anos Anabela tra-
balhou praticamente sozi-
nha. Toda a documenta-
ção em papel da SCMS
passava por ela e à medi-
da que o tempo passou e
que a Misericórdia foi
alargando o número de
serviços e utentes, foram
necessários mais recur-
sos. «Entretanto a secre-
taria passou para o pri-
meiro andar do edifício
14
Odete Ramos (terceira a contar da esquerda) com as suas colegas da cozinha.
RENASCER
bo l e t im i n f o rma t i v o
do Lar Prats e mais tarde
para um edifício contíguo
que era da Docapesca.
Passámos a ser mais fun-
cionárias e o trabalho
também aumentou subs-
tancialmente.» Actual-
mente trabalham 7 pes-
soas na secretaria da
SCMS e Anabela Rosado
desempenha as funções
de Chefe da Secretaria.
Três décadas de serviço
são, obrigatoriamente,
sinónimo de muita dedi-
cação. «São muitos anos
a trabalhar no mesmo
sítio, com muita gente,
com diferentes direcções
e diferentes formas de
pensar e de agir. Há
momentos bons e menos
bons, mas a minha princi-
pal preocupação tem sido
fazer tudo com profissio-
nalismo e dedicação, ensi-
nando o que sei a quem
chega de novo. Acho isso
importante porque mui-
tas vezes é necessário que
uns colegas substituam
outros.» Já não faz parte
dos seus planos uma
mudança em termos pro-
fissionais, embora confes-
se que gostava de ter
seguido outro caminho.
«Quis ser enfermeira. Ain-
da estudei para isso e
tinha vocação, mas não
me adaptei a alguns
aspectos da profissão.
Além de trabalhar na
Misericórdia de Sines, tra-
balhei também na Miseri-
córdia de Serpa e na
Câmara Municipal de Ser-
pa.»
Maria da Encarnação
Lourenço começou a tra-
balhar na SCMS em Maio
de 1984, como ajudante
de lar, e descreve que
nessa altura encontrou na
Instituição um ambiente
familiar. «Eram poucos
funcionários e poucos
utentes. O trabalho que
se fazia era muito pareci-
do com o trabalho
doméstico, com a diferen-
ça que tínhamos de tratar
de pessoas idosas, e algu-
mas delas doentes. Do
nosso trabalho diário
fazia parte levantar e ves-
tir os idosos, dar-lhes as
refeições, fazer as camas,
assim como todas as lim-
pezas necessárias. Era
como fazer as tarefas em
nossa casa, só que com
mais pessoas para cui-
dar.» Maria da Encarna-
ção também passou por
outras funções. «Durante
muito tempo acompanhei
um doente que tinha de
fazer hemodiálise.» Pre-
sentemente Maria da
Encarnação é empregada
da limpeza no Lar “Anexo
I”, um trabalho duro, difi-
cultado por alguns pro-
blemas de saúde. Ainda
assim, os momentos difí-
ceis não apagam as boas
recordações. «É um tra-
balho muito desgastante,
mas também temos mui-
tas histórias alegres e
muitas recordações boas
dos utentes. Por vezes
custa muito quando eles
partem, mas temos de ser
positivos e pensar que o
dia de amanhã será
melhor.»
Anabela Rosado a ser homenageada pelos 31 anos de serviço na SCMS
Maria da Encarnação homenageada por 27 anos de serviço na SCMS
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RENASCER bo l e t im i n f o rma t i v o
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RENASCER
bo l e t im i n f o rma t i v o
Maria Assis Lopes entrou
para a Misericórdia de
Sines em 06 de Setembro
de 1976 e reformou-se no
final de 2010, tendo tra-
balhado sempre na lavan-
daria. Apesar de no pri-
meiro dia ter sentido von-
tade de desistir, trabalhou
na Instituição durante 34
anos. «A empregada da
lavandaria tinha-se des-
pedido e eu, quando che-
guei cá, vi tanta roupa
para lavar à mão que
pensei em ir-me embora.
Mas como vinha de Ango-
la, tinha três filhos para
criar e não tinha outro
trabalho, teve de ser.»
Nos primeiros anos,
Maria Assis afirma que o
trabalho era muito duro.
«Só ao fim de 2 anos de
cá trabalhar é que com-
praram a primeira máqui-
na de lavar. Antes lavava-
se tudo à mão em dois
tanques grandes que exis-
tiam. Eram só 19 idosos,
mas era muita roupa para
lavar. Depois passámos a
ter mais utentes e as fun-
cionárias também foram
aumentando. Quando
juntaram a lavandaria
com a rouparia chegámos
a ser 10 empregadas.»
Maria Assis gostava do
trabalho que fazia e ago-
ra, que ainda se está a
habituar à condição de
reformada, confessa que
sente algumas saudades.
«Agora que estou refor-
mada há pouco tempo,
sinto falta de ter uma
ocupação diária. E gostei
muito dos anos em que
trabalhei na SCMS. Gosta-
va do trabalho que fazia,
dava-me bem com os ido-
sos e com todas as cole-
gas, por isso, posso dizer
que só tenho boas recor-
dações.»
Maria Assis Lopes na Lavandaria
Somos a mais antiga Associação sem fins lucrativos a prestar serviços de Segurança,
Higiene e Saúde no Trabalho, em Portugal. Desde 2003, prestamos à SCMS, na moda-
lidade de serviços externos, os serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, e
mais recentemente os serviços de Higiene e Segurança Alimentar. Congratulamo-nos
por dar o nosso contributo em prol dos objectivos da SCMS, na política de melhoria
contínua dos seus compromissos sociais.
CEMETRA Centro de Medicina do Trabalho da
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