Relatório de estágio em Bioequivalência Farmacêutica

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INDUSTRIAL THIAGO OLIVEIRA LOPES RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO

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Relatório de Estágio Curricular Obrigatório do Curso de Química Industrial da Universidade Estadual de Goiás. Tema: Bioequivalência Farmacêutica.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

GRADUAÇÃO EM QUÍMICA INDUSTRIAL

THIAGO OLIVEIRA LOPES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO

Anápolis,

Junho de 2010

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THIAGO OLIVEIRA LOPES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO

ANÁLISE DE BIOEQUIVLÊNCIA FARMACÊUTICA

Relatório de Estágio curricular obrigatório apresentado à coordenação adjunta de estágio do curso de graduação em Química Industrial da Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual de Goiás.

Coordenadora Adjunta de Estágio: Maria Madalena de Alcântara

Área de Estágio: Laboratório de Bioequivalência Farmacêutica.

Anápolis,

Junho de 2011.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................................... II

1. INTRODUÇÃO................................................................................................1

2. DESENVOLVIMENTO....................................................................................3

2.1. ANÁLISE DE BIOEQUIVALÊNCIA...........................................................32.1.1. BIODISPONIBILIDADE.......................................................................32.1.2. Métodos Bioanalíticos.........................................................................42.1.3. Curva de Calibração...........................................................................5

2.2. PREPARO DE SOLUÇÕES......................................................................52.2.1. Solventes............................................................................................6

2.3. AFERIÇÃO E LIMPEZA DE EQUIPAMENTOS........................................72.3.1. Micropipetas e Handy-Steps...............................................................72.3.2. Ultra purificador de Água..................................................................10

2.5. EXTRAÇÃO DE FÁRMACOS EM MATRIZ BIOLÓGICA........................112.6. ANÁLISE DE CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE FÁRMACO EM LC/MS............................................................................................................12

2.6.1. Funcionamento de um HPLC............................................................122.6.2. Espectrômetro de Massas................................................................17

3. CONCLUSÃO................................................................................................20

REFERÊNCIAS.................................................................................................21

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. CURVA DE CONCENTRAÇÃO (NG/ML) X TEMPO (HORAS) DE TESTE DE BIOEQUIVALÊNCIA PARA A BIODISPONIBILIDADE DE 3 FÁRMACOS (FONTE: STADA, 2011)...............................................................................................4

FIGURA 2. ESQUEMA DE UM ESTUDO BIOANALÍTICO PARA TESTES DE BIOEQUIVALÊNCIA...........................................................................................5

FIGURA 3. MICROPIPETAS UTILIZADAS NO LABORATÓRIO ICF..................................7FIGURA 4. ESQUEMA DE UM FUNCIONAMENTO DE MICROPIPETA (FONTE: ANVISA,

2002B)...........................................................................................................8FIGURA 5. PEÇAS COMPONENTES DE UMA MICROPIPETA (A - BOTÃO; B - HANDLE; C

– PORTA-CONE; D – EJETOR DE PONTEIRAS; E - PONTEIRA; F – PORCA DE CONEXÃO; G E H – SELOS DE PISTÃO) (FONTE: ANVISA, 2002B)...................8

FIGURA 6. HANDY-STEP UTILIZADO NO LABORATÓRIO ICF.......................................9FIGURA 7. BALANÇA ANALÍTICA UTILIZADA NO LABORATÓRIO ICF............................9FIGURA 8. ULTRA-PURIFICADOR DE ÁGUA UTILIZADO NO LABORATÓRIO ICF...........10

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FIGURA 9. ESQUEMA DA EXTRAÇÃO DO FÁRMACO NIMESULIDA USANDO UM MÉTODO DE PRECIPITAÇÃO EM EPPENDORF.................................................................11

FIGURA 10. ESQUEMA DA EXTRAÇÃO DO FÁRMACO NIMESULIDA USANDO UM MÉTODO DE LÍQUIDO-LÍQUIDO EM TUBO DE ENSAIO......................................................12

FIGURA 11. FLUXOGRAMA DOS TIPOSMAIS COMUNS DE CROMATOGRAFIAS. (FONTE ARGENTON, 2010)....................................................................................14

FIGURA 12. ESQUEMA GERAL DOS PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM HPLC. (FONTE ARGENTON, 2010)....................................................................................15

FIGURA 13. ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO INTERNO DE UM HPLC (FONTE: ARGENTON, 2010)....................................................................................15

FIGURA 14. ESQUEMA DE FLUXO EM UMA COLUNA DE HPLC. (FONTE: ARGENTON, 2010)...........................................................................................................16

FIGURA 15. REPRESENTAÇÃO DE CROMATOGRAMA FICTÍCIO (FONTE: NEY ET AL., 2004)...........................................................................................................16

FIGURA 16. ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO IONIZADOR DO ESPECTRO DE MASSAS (FONTE: NASCIMENTO, 2011)......................................................18

FIGURA 17. ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DE UM ESPECTRÔMETRO DE MASSAS GENÉRICO (PIZZOLATTI, 2006)...................................................................19

FIGURA 18. ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DE UM QUADRUPOLO (FONTE: CORILO, 2011)...........................................................................................................20

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1. INTRODUÇÃO

A ação terapêutica de determinado fármaco depende de uma concentração efetiva, deste no seu local de ação, durante um período de tempo desejável. Desta forma, a disponibilidade do fármaco, a partir da forma farmacêutica, assume um papel crítico na eficácia de um medicamento, tornando-se por isso necessário estudar e elucidar o desempenho da forma farmacêutica que o contém como substância ativa. Uma vez que a concentração de um fármaco no local de ação se encontra em equilíbrio com a concentração do mesmo na corrente sanguínea, para a maioria dos fármacos a determinação das suas concentrações ao longo do tempo no sangue ou urina tornam-se medidas indiretas, mas preditivas da concentração do mesmo fármaco no seu local de ação (SCENTRYPHAR, 2011; INFARMED, 2011)

A biodisponibilidade é um termo farmacocinético que descreve a velocidade e o grau com que uma substância ativa é absorvida a partir de um medicamento e se torna disponível no local de ação. A avaliação da biodisponibilidade é realizada com base em parâmetros farmacocinéticos calculados a partir dos perfis de concentração plasmática do fármaco ao longo do tempo (SCENTRYPHAR, 2011).

Os estudos de biodisponibilidade revelam-se assim de grande utilidade na área da Farmacocinética, uma vez que permitem avaliar interações entre fármacos e determinar a influência de vários fatores fisiológicos e patológicos (idade, alimentação, doença, em particular insuficiências renal e hepática, etc.) no modo como o fármaco é absorvido pelo organismo (INFARMED, 2011; ICF 2011).

Um estudo de bioequivalência tem por objetivo comparar as biodisponibilidades de dois medicamentos considerados equivalentes farmacêuticos, o medicamento referência (medicamento com eficácia comprovada, geralmente patenteada) e o medicamento estudo (genérico, renovação de patente e outros) e que tenham sido administrados na mesma dose molar. Entende-se por equivalentes farmacêuticos os medicamentos que contêm a mesma substância ativa, na mesma dose e na mesma forma farmacêutica (SCENTRYPHAR, 2011; INFARMED, 2011).

Se nestas condições as biodisponibilidades de dois medicamentos forem consideradas similares, os seus efeitos, no que respeita à eficácia e segurança dos mesmos serão essencialmente os mesmos, os medicamentos são considerados bioequivalentes. Em resumo, a avaliação da bioequivalência é um método indireto de avaliar a eficácia e a segurança de qualquer

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medicamento, contendo a mesma substância ativa que o medicamento original (INFARMED, 2011; ICF, 2011).

Este trabalho teve como objetivo elucidar o aprendizado do acadêmico Thiago Oliveira Lopes, durante seu estágio no ICF Soluções em Pesquisas, no período de 17/01/2011 a 17/05/2011, nas seguintes situações:

Aferição de equipamentos; Preparo de soluções; Extração de Amostras Biológicas; Análise em Cromatografia Líquida/ Espectro de Massas.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. ANÁLISE DE BIOEQUIVALÊNCIA

Um estudo de análise de Bioequivalência corresponde de 3 etapas, a etapa clínica, a etapa analítica e a etapa estatística.

A etapa clínica compreende desde a seleção dos voluntários até a alta hospitalar e o último retorno para acompanhamento. A etapa Analítica é a etapa onde ocorre toda a análise das amostras coletadas, indicando as concentrações dos fármacos no plasma sanguíneo, possível interação da substância ativa com outras substâncias que possivelmente seriam ingeridas com o medicamento estudo e outros. Na etapa estatística é a etapa em que ocorre todo o estudo estatístico das amostras analisadas pela etapa clínica, onde os relatórios finais são confeccionados, dando um laudo, se o medicamento estudo é ou não bioequivalente ao medicamento referência (ANVISA, 2002a).

2.1.1. Biodisponibilidade

A definição de biodisponibilidade, de acordo com a entidade que a define, pode diferir quanto aos termos empregados. Assim, encontramos diferentes terminologias empregadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Food and Drug Administration (FDA), a American Pharmaceutical Association (APA), European Medicines Agency (EMEA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Porém, acreditamos que Wagner J. G. ao abordar o conceito de Biodisponibilidade em Fundamentals of Clinical Pharmakocinetics (Hamilton, Illinois, Drug Inteligence Publications – 1975) sintetiza todas as definições e nos permite considerar o parâmetro biodisponibilidade como uma propriedade específica de uma forma farmacêutica que pode ser caracterizada por duas variáveis: 1) a quantidade relativa de fármaco que atinge a circulação e 2) a velocidade com que esse processo ocorre. Essas duas variáveis estão vinculadas a área sob a curva das concentrações plasmáticas, Figura 1 (ICTQ, 2011).

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Figura 1. Curva de concentração (ng/mL) X tempo (horas) de teste de Bioequivalência para a biodisponibilidade de 3 fármacos (Fonte: STADA, 2011).

2.1.2. Métodos Bioanalíticos

Após o desenvolvimento do método analítico, ele deve ser pré-validado, antes da etapa clínica, isso assegura que o uso de voluntários humanos não será desperdiçado em um estudo que gere dados inutilizados. A pré-validação deve assegurar ao método: exatidão e precisão da quantificação de biodisponibilidade; linearidade e limites de quantificação; e seletividade ao fármaco desejado (ANVISA, 2002a).

Após a etapa clínica a análise é realizada usando Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a um Espectrômetro de Massas, porém a amostra é uma matriz biológica (plasma sanguíneo), portanto é necessária uma extração do fármaco da matriz biológica.

A extração utilizada pode ser em fase líquida ou em fase sólida. A extração em fase líquida compreende dois tipos: precipitação (realizada em eppendorf’s) ou do tipo líquida-líquida (realizada em tubos de ensaio). A extração em fase sólida é realizada em cartuchos certificados. Os solventes usados e os métodos de extração, em si, depende da seletividade do fármaco.

Após a análise das amostras o método deve ser re-validado assegurando a estabilidade do fármaco no fluido biológico quanto à temperatura e o tempo de armazenamento pós-coleta, Figura 2.

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Figura 2. Esquema de um estudo bioanalítico para testes de Bioequivalência.

2.1.3. Curva de Calibração

  A forma mais usual de se executar a calibração de um instrumento é através da curva analítica (ou curva de calibração), que consiste em preparar padrões com concentrações conhecidas do analito e um branco (amostra menos o analito) (UFF, 2011).

Um dos métodos usados na curva de calibração é a adição de padrão interno (internal standard), uma substância ausente na amostra e nas concentrações conhecidas dos padrões, ela é adicionada em quantidade constante a todas as amostras, branco e padrões. Tem a finalidade de compensar erros aleatórios e sistemáticos, efeitos de matriz e preparo de amostra (no caso do Padrão Interno ser componente majoritário). A correlação será feita entre concentração e razão do sinal de resposta do analito com sinal

de resposta do Padrão Interno ([ ]. Sanalito /SI .S . ) ( (UFF, 2011).

2.2. PREPARO DE SOLUÇÕES

O uso de substâncias químicas de elevado grau de pureza é fundamental para assegurar a qualidade dos dados analíticos. Assim como os reagentes químicos utilizados, o uso de Substâncias Químicas de Referências é fundamental para uma correta quantificação dos fármacos e/ou seus metabólitos (ANVISA, 2002a).

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Para uma melhor compreensão deste material, algumas definições são importantes (ANVISA, 2002a):

Padrão Primário: dicromato de potássio, carbonato de sódio e biftalato de potássio.

o Deve apresentar elevado grau de pureza, que deve ser

determinado;o Deve ser estável;

o Não deve ser higroscópico ou eflorescente;

o Deve ser de fácil obtenção e preferencialmente de baixo custo;

o Deve apresentar um peso molecular relativamente elevado.

Material de referência certificado (MRC): material com uma ou mais propriedades certificadas por procedimentos técnicos válidos, acompanhados por um certificado.

Material de referência padrão (MRP): material produzido pelo NIST. MRPs são certificados em relação a propriedades físico-químicas específicas e acompanhados de certificados que reportam os resultados e indicam o uso do material.

Padrões de referência USP (USP Reference Standards): são fármacos purificados em elevado grau de pureza, distribuídos pela USP.

Padrão de trabalho ou padrão secundário: preparado a partir da análise de um lote de material de pureza adequada contra um do padrão ou SQR certificado, utilizando metodologia oficial e mantendo o registro das análises. Quando este padrão de trabalho È utilizado na análise de uma amostra, a SQR a partir da qual ele foi preparado deve ser mencionada.

2.2.1. Solventes

Os solventes utilizados nos estudos não devem interferir nos resultados. Isto deve ser garantido pelos fornecedores através de certificados de pureza, o controle é bastante rigorosos, principalmente nos solventes cromatográficos (ANVISA, 2002b)

A água utilizada para a cromatografia líquida é ultra-pura, uma água que passa por um processo de bi-destilação, bi-deionização e desgaseficação. Tudo isso para não danificar o equipamento cromatográfico e não contaminar as amostras.

As fases móveis e os solventes de extração são, todos, preparados em padrão cromatográfico.

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2.3. AFERIÇÃO E LIMPEZA DE EQUIPAMENTOS

Diversos instrumentos utilizados na etapa analítica de um teste de Bioequivalência devem ser regularmente aferidos e limpos, detectando um defeito ou uma necessidade de calibração, devem ser enviados para manutenção ou calibração em locais licenciados pela ANVISA.

Alguns desses equipamentos são Micropipetas, Handy-Steps, Ultra-purificador de água, entre outros.

2.3.1. Micropipetas e Handy-Steps

Os volumes medidos pelas Micropipetas (Figura 3, Figura 4 e Figura 5) e pelos Handy-Steps (Figura 6) devem ser conferidos, no mínimo, uma vez por semana.

Figura 3. Micropipetas utilizadas no Laboratório ICF.

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Figura 4. Esquema de um funcionamento de Micropipeta (Fonte: ANVISA, 2002b)

Figura 5. Peças componentes de uma micropipeta (A - Botão; B - Handle; C – Porta-cone; D – Ejetor de Ponteiras; E - Ponteira; F – Porca de Conexão; G e H – Selos de Pistão) (Fonte: ANVISA, 2002b).

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Figura 6. Handy-Step utilizado no laboratório ICF.

Essa aferição é feita usando a Micropipeta e o Handy-Step no seu volume máximo e seu volume mínimo, a massa do líquido (geralmente água) é tomada por uma balança com seu certificado de calibração atualizado (Figura 7).

Figura 7. Balança Analítica utilizada no Laboratório ICF.

Toma-se a temperatura da água e com o auxilio de uma tabela padrão, usa-se a massa específica para determinar o volume da massa de água e obtém-se o erro do volume real e do volume teórico. Esse processo é realizado com 10 repetições e o desvio-padrão é calculado.

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Para que as Micropipetas e os Handy-Steps sejam aprovados, os erros e os desvios-padrões dos volumes reais não podem ser maiores do que 5% (ANVISA, 2002b).

2.3.2. Ultra-purificador de Água

No laboratório, as várias utilizações dadas da água requerem maior ou menor grau de pureza. Esse grau de pureza é definido em função da aplicação, do método de análise, seus interferentes e sua sensibilidade e limite de detecção. Assim é que a água purificada e a sua qualidade são fatores críticos para a preparação de soluções em geral, tampões, fases móveis em cromatografia, brancos e também outros usos mais comuns, como lavagem de vidraria (enxágüe final), os quais nem por isso são menos importantes (ANVISA, 2002b).

Os contaminantes encontrados na água podem ser: compostos inorgânicos dissolvidos, compostos orgânicos dissolvidos, partículas e coloides, microrganismo e gases dissolvidos. Portanto uma água ultra-purficada deve garantir o mínimo possível desses contaminantes (ANVISA, 2002b).

O controle de qualidade da água do Ultra-Purificador (Figura 8) realizado rotineiramente no laboratório é feito apenas com o controle de resistividade e do pH da água.

Figura 8. Ultra-purificador de água utilizado no laboratório ICF.

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2.5. EXTRAÇÃO DE FÁRMACOS EM MATRIZ BIOLÓGICA

O uso de solventes padrões-internos depende de cada fármaco, sua estrutura, massa e polaridade química. Porém como o extraído é quantificado por um sistema cromatográfico acoplado a um espectrômetro de massa, deve-se obedecer ao padrão cromatográfico, tanto nos padrões internos, quanto nos solventes de extração.

Tanto as amostras quanto a curva de calibração devem ser extraídos utilizando as mesmas micropipetas, os mesmos Handy-Steps, soluções, reagentes e solventes preparados pela mesma pessoa e dos mesmos lotes, ficando atento ao período de estabilidade de cada recurso. Todo esse cuidado se deve ao fato de um teste de Bioequivalência ser um teste comparativo, portanto é imprescindível manter a estabilidade de erros durante todo o processo (ANVISA, 2002a).

Para elucidar um método de extração, os esquemas das Figuras 9 e 10, toma-se como exemplo um fármaco de Nimesulida utilizando Tolazamida como padrão interno (PINTO, 2009).

Figura 9. Esquema da extração do fármaco Nimesulida usando um método de precipitação em Eppendorf.

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Figura 10. Esquema da extração do fármaco Nimesulida usando um método de líquido-líquido em Tubo de ensaio.

2.6. ANÁLISE DE CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE FÁRMACO EM LC/MS

2.6.1. Funcionamento de um HPLC

O objetivo da cromatografia, em geral (Figura 11), é separar individualmente os diversos constituintes de uma mistura de substâncias seja para identificação, quantificação ou obtenção da substância pura para os mais

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diversos fins. Tal separação dá-se através da migração da amostra através de uma fase estacionária (geralmente sílica ou sílica combinada) por intermédio de um fluido (fase móvel). Após a introdução da amostra no sistema cromatográfico, os componentes da amostra se distribuem entre as duas fases e viajam mais lentamente que a fase móvel devido ao efeito de interação dos componentes da amostra com a fase estacionária. A força com que cada componente da amostra se interage com a fase estacionária e com a fase móvel determina a velocidade com a qual cada componente migra através do sistema, separando-os assim por tempo (tempo de retenção) (CRQ, 2011).

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Figura 11. Fluxograma dos tipos mais comuns de cromatografias. (Fonte ARGENTON, 2010).

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A cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE ou HPLC), Figuras 12 e 13, é uma das técnicas de separação, para quantificação de pequenas concentrações de substâncias, mais importantes. Esse tipo de cromatografia possui colunas, bombas de fluxo de fase móvel, fornos de colunas e detectores específicos para cada situação, um dos detectores mais comuns para análises de Bioequivalência é o Espectrômetro de massas. Um esquema da Coluna Cromatográfica de um HPLC encontra-se na Figura 14 (CRQ, 2011).

Figura 12. Esquema geral dos principais componentes de um HPLC. (Fonte ARGENTON, 2010).

Figura 13. Esquema do funcionamento interno de um HPLC (Fonte: ARGENTON, 2010).

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Figura 14. Esquema de fluxo em uma coluna de HPLC. (Fonte: ARGENTON, 2010).

Depois que as substâncias saem da coluna, elas vão direto para o detector. No detector elas são quantificadas e dependendo de suas concentrações, haverá um sinal característico. Portanto o cromatograma, gráfico dos resultados, será em função do sinal e do tempo (que o componente precisou para chegar ao detector, tempo de retenção), Figura 15.

Figura 15. Representação de cromatograma fictício (Fonte: NEY et al., 2004).

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2.6.2. Espectrômetro de Massas

O espectrômetro de massas é um instrumento que separa íons,

positivos ou negativos, produzidos a partir de átomos ou moléculas, quer sejam

das mais simples às mais complexas, de acordo com a razão massa/carga

(q/m).

A espectrometria de massas (“Mass Spectrometry”) é uma poderosa

ferramenta que foi usada, no princípio, na determinação de massas atômicas e,

vem sendo empregada, na atualidade, na busca de informações sobre a

estrutura de compostos orgânicos, na análise de misturas orgânicas

complexas, na análise elementar e na determinação da composição isotópica

dos elementos. Trata-se do método mais usado para essa última finalidade.

Serão abordados, neste texto, somente os espectrômetros de massas

destinados para determinação de composição isotópica de elementos leves,

chamados de baixa resolução e destinados para amostras gasosas à

temperatura ambiente (NASCIMENTO, 2011).

a. Resolução – define-se com a habilidade do aparelho para separar

feixes de íons que diferem na razão m/q , sendo dada pela razão

m/m, significando m: a massa nominal de uma feixe particular do

espectro de massas e m: a diferença nas massas ou números de

massas dos feixes de íons que resultará em um vale de 10 a 50 %

entre m e m+m.

b. Precisão – refere-se a reprodutibilidade de uma medida de

abundância ou de razão isotópica.

c. Exatidão - avalia-se por comparação com um padrão.

d. Sensibilidade – define-se como o mínimo de amostra requerida para

uma análise, com uma certa precisão.

A substância a ser analisada é introduzida na câmara de ionização do Espectrômetro de Massas onde é vaporizada e as moléculas, no estado gasoso sob baixa pressão (10-5 atm.), são bombardeadas com um feixe de elétrons de alta energia (70 eV que corresponde a aproximadamente 1600 Kcal/mol), Figura 16. No primeiro momento ocorre a emoção de um elétron da camada de valência produzindo um íon molecular carregado positivamente.

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Este íon molecular, contendo um número ímpar de elétrons é na verdade um cátion radical, Equação (1) (PIZZOLATTI, 2006).

M+e−→M++2e− (2)

Figura 16. Esquema de funcionamento do ionizador do Espectro de massas (Fonte: NASCIMENTO, 2011).

Os íons moleculares cátion radical (M+) formados inicialmente contém um excesso de energia que não é igual para todos os íons. Este excesso de energia é suficiente para produzir a quebra de ligações (a energia das ligações covalentes estão na faixa de 50 a 100 kcal/mol) resultando na fragmentação do íon molecular em partículas menores originando vários novos cátions, ânions, radicais livres e pequenas moléculas neutras, todos no estado gasoso. Os íons positivos são separados da mistura resultante com base nas suas razões massa/carga (m/z) e as suas abundâncias relativas são registras num gráfico de “intensidade X m/z”, que é o que chamamos de espectro de massas. Estamos falando aqui da ionização por impacto de elétrons, que é o modo de ionização mais comum nos espectrômetros de massas. Existem vários outros modos de ionização da molécula que não falaremos neste texto, tais como: Foto Ionização, Ionização Química, Ionização de Campo (para amostras em fase gasosa); Termospray e Eletrospray (para amostras em solução) e Desorção de Campo, Desorção de Plasma, Bombardeamento de átomo rápido (para amostras na fase sólida) entre outros (PIZZOLATTI, 2006).

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A Figura 17 mostra uma visão simplificada de um Espectrômetro de Massas que está constituído por vários componentes: a) sistema de transferência da amostra a pressão atmosférica para a câmara de ionização que está sob alto vácuo (10-4 a 10-8 torr); b) câmara de ionização com uma fonte de íons que converte moléculas neutras em íons na fase gasosa; c) um sistema de aceleração de partículas e focalização; d) analisador de massas que separa a analisa as massas das espécies iônicas conectado a um sistema de alto vácuo que remove as partículas neutras e radicalares. A trajetória dos íons é controlada por um campo elétrico ou magnético variável; e) coletor-detetor de íons que mede a amplifica a corrente iônica gerada pelos íons-massa resolvidos; e) sistema de registro, armazenamento e tratamento de dados; f) sistema de alto vácuo que mantém os componentes do espectrômetro de massas a uma baixa pressão na faixa de 10-4 a 10-8 torr (PIZZOLATTI, 2006).

Figura 17. Esquema do Funcionamento de um Espectrômetro de massas genérico (PIZZOLATTI, 2006).

Atualmente existe magnetos de quadrupolos (Figura 18) e Espectro de massas com até 3 quadrupolos em seqüência, aumentando ainda mais a precisão e a seletividade de determinado analito (CORILO, 2011).

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Figura 18. Esquema do funcionamento de um Quadrupolo (Fonte: CORILO, 2011).

3. CONCLUSÃO

Com a quantidade de medicamentos genéricos que tem sido desenvolvido e com a possibilidade de alguns medicamentos similares se tornarem genéricos, os testes de Bioequivalência se tornaram de extrema importância, uma vez que:

Um medicamento genérico ter a biodisponibilidade equivalente ao medicamento referência garante uma qualidade ao consumidor, igual ao medicamento referência, por um preço menor.

O órgão fiscalizador, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ter um padrão de biodisponibilidade do medicamento estudo no organismo, podendo ou não aprovar o medicamento, se julga-lo apto ao consumo.

Sendo o teste realizado em um laboratório terceirizado, licenciado pela ANVISA, há uma maior garantia de imparcialidade do estudo.

As boas práticas laboratoriais garante uma melhor qualidade no estudo, uma vez que diminui a interferência de contaminantes.

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REFERÊNCIAS

ANVISA; Manual de Boas Práticas em Biodisponibilidade e Bioequivalência; Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Volume 1; Brasília; 2002a.

ANVISA; Manual de Boas Práticas em Biodisponibilidade e Bioequivalência; Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Volume 2; Brasília; 2002b.

ARGENTON, A.; Conceitos fundamentais de Cromatografia a líquido de Alto Desempenho (HPLC); CRQ IV Região, 2010.

CORILO, Y.; Analisadores de Massa; DISPONÍVEL EM: http://www.espectrometriademassas.com.br; ACESSADO EM : 18/06/11.

ICF; DIPONÍVEL EM: http://www.icflab.com.br; ACESSADO EM: 18/06/11.

ICTQ; DISPONÍVEL EM: http://www.ictq.com.br; ACESSADO EM 18/06/11.

INFARMED; DISPONÍVEL EM: http://www.infarmed.pt; ACESSSADO EM: 18/06/11.

NASCIMENTO, H; Técnicas de Ionização; DISPONÍVEL EM: http://www.espectrometriademassas.com.br; ACESSADO EM : 18/06/11.

NEY, J.; TORRES, A.; TRUNGO,N.; ANÁLISE DE ÁCIDOS GRAXOS NÃO-ESTERIFICADOS DE PLASMA HUMANO POR CROMATOGRAFIA GASOSA CAPILAR COM INJEÇÃO SEM DIVISÃO DE FLUXO; Quim. Nova, Vol. 27, No. 4, 561-566, 2004.

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PINTO, M.; DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO PARA QUANTIFICAÇÃO DE NIMESULIDA NO PLASMA HUMANO UTILIZANDO CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA; Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde da Universidade São Francisco.; Bragança Paulista, São Paulo; 2009.

PIZZOLATTI, M.; Textos curriculares de Análise Orgânica - ESPECTROMETRIA DE MASSAS; Departamento de Química –UFSC; 2006.

SCENTRYPHAR; DISPONÍVEL EM: http://www.scentryphar.com; ACESSOADO EM: 18/06/11.

STADA; DISPONÍVEL EM: http://www.stada.es; ACESSADO EM: 18/06/11.

UFF; DISPONÍVEL EM: http://www.uff.br; ACESSADO EM: 18/06/11

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