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R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O
P R O F I S S I O N A L I
ANDREIA FILIPA LOPES NOGUEIRA
LICENCIATURA EM FARMÁCIA - 1º CICLO
janeiro|2014
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
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LICENCIATURA EM FARMÁCIA - 1º CICLO
4º ANO / 1º SEMESTRE
RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I
ESTÁGIO EM FARMÁCIA HOSPITALAR
ANDREIA FILIPA LOPES NOGUEIR A
SUPERVISOR: Sandra Ventura
ORIENTADOR: Anabela Andrade
janeiro|2014
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
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SIGLAS
AO – Assistente Operacional
AT – Assistente Técnico
CHTV – Centro Hospitalar Tondela – Viseu, E.P.E.
DCI – Denominação Comum Internacional
FDS – Fast Dispensing System
FEFO – First Expired, First Out
FHNM – Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos
HUC – Hospitais da Universidade de Coimbra
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, IP
IVG – Interrupção Voluntária da Gravidez
RAM – Reações Adversas a Medicamentos
SF – Serviços Farmacêuticos
SGICM – Sistema de Gestão Integrada do Circuito do Medicamento
SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade
SNS – Serviço Nacional de Saúde
TF – Técnico de Farmácia
UCIC – Unidade de Cuidados Intensivos Coronários
UCIP – Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes
UCPC – Unidade Centralizada da Preparação de Citotóxicos
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer ao Centro Hospitalar Tondela – Viseu, E.P.E., por me ter permitido a
realização deste estágio nas suas instalações. Perante o apoio que me foi prestado, agradeço
a todos os presentes nos Serviços Farmacêuticos pela paciência e esforço que demonstraram
durante a minha aprendizagem, em especial à minha orientadora de estágio, Anabela
Andrade, que apesar de todas as suas funções e responsabilidades, sempre me disponibilizou
a atenção necessária e me esclareceu qualquer dúvida que surgira, não esquecendo todos os
restantes elementos presentes na farmácia que sempre me permitiram, com empenho e
dedicação, acompanhar e realizar todas as funções que me competiam em cada setor da
Farmácia Hospitalar com um notável sentido de profissionalismo, nomeadamente
Farmacêuticos, Assistentes Operacionais e Assistentes Técnicos. Agradeço também à
Diretora do curso de Licenciatura em Farmácia, Fátima Roque, e à professora Sandra
Ventura pelas informações cedidas para o melhor funcionamento do estágio.
A todos o meu Obrigado.
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PENSAMENTO
“Não é sem fundamento o facto de as pessoas perguntarem umas às outras, antes de qualquer
coisa, pelo estado de saúde e desejarem mutuamente o bem-estar. Pois realmente a saúde é,
de longe, o elemento principal para a felicidade humana. Por conta disso, resulta que a
maior de todas as tolices é sacrificá-la, seja pelo que for: ganho, promoção, erudição, fama,
sem falar da volúpia e dos gozos fugazes. Na verdade, deve-se pospor tudo à saúde.”
Arthur Schopenhauer
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RESUMO
O presente relatório de estágio relata a experiência vivenciada nos Serviços
Farmacêuticos do Centro Hospitalar Tondela – Viseu, E.P.E., no qual foi possível constatar
que a nossa futura profissão é hoje penhor de muitos dos sucessos que o nosso sistema de
saúde apresenta. Assim, o mesmo encontra-se organizado em três partes, designadamente:
Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Na parte introdutória são citadas as atividades
planeadas para o decorrer do estágio e a metodologia utilizada na realização do mesmo. No
desenvolvimento é descrito de forma sucinta as atividades nas quais tive oportunidade de
participar ativamente e de observar, começando por uma breve caraterização da organização e
modo de funcionamento do Centro Hospitalar Tondela – Viseu, E.P.E. A reflexão crítica e a
conclusão refletem a importância deste estágio, focando os aspetos positivos, bem como os
aspetos negativos e dificuldades sentidas na consecução do mesmo.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8
1 – CENTRO HOSPITALAR TONDELA – VISEU, E.P.E. .............................................. 10
1.1 – SERVIÇOS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES .................................................... 11
1.1.1 – Instalações e horário de funcionamento ................................................................... 12
1.1.2 – Sistemas de informação na gestão hospitalar........................................................... 13
2 – CIRCUITO DO MEDICAMENTO ................................................................................ 14
2.1 – SELEÇÃO E AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS ..................................................... 14
2.2 – RECEÇÃO DE MEDICAMENTOS ............................................................................... 16
2.2.1 – Emissão de rótulos identificativos ............................................................................. 18
2.2.2 – Controlo do prazo de validade dos medicamentos .................................................. 18
2.3 – ARMAZENAMENTO .................................................................................................... 19
2.4 – DISTRIBUIÇÃO ............................................................................................................. 22
2.4.1 – Distribuição individual diária em dose unitária ...................................................... 23
2.4.2 – Distribuição tradicional ............................................................................................. 27
2.5 – FARMACOTECNIA ....................................................................................................... 31
2.5.1 – Preparação de fórmulas magistrais .......................................................................... 32
2.5.2 – Preparações estéreis ................................................................................................... 35
2.5.3 – Produtos Citotóxicos .................................................................................................. 36
2.5.4 – Reembalagem .............................................................................................................. 40
REFLEXÃO CRÍTICA .......................................................................................................... 42
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 43
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 44
ANEXOS ................................................................................................................................. 45
ANEXO I – Fatura .................................................................................................................... 46
ANEXO II – Nota de Encomenda ............................................................................................ 47
ANEXO III – Registo de Receção de Matérias-Primas ........................................................... 48
ANEXO IV – Reposição de Mínimos (KARDEX®
) ................................................................ 49
ANEXO V – Produtos Externos (KARDEX®) ........................................................................ 50
ANEXO VI – Listagem de Incidências de Pedido (KARDEX®) ............................................. 51
ANEXO VII – Listagem de Inventário (FDS®) ....................................................................... 52
ANEXO VIII – Fita (FDS®) ..................................................................................................... 53
ANEXO IX – Prescrição de Antimicrobianos .......................................................................... 54
ANEXO X – Mapa de Alterações ............................................................................................ 55
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ANEXO XI – Satisfação de Pedido de armazém avançado ..................................................... 57
ANEXO XII – Prescrição Manual ............................................................................................ 58
ANEXO XIII – Listagem de Picking para Aviamento ............................................................. 59
ANEXO XIV – Justificação de Receituário de Medicamentos Extra-Formulário ................... 60
ANEXO XV – Comunicação aos Serviços .............................................................................. 61
ANEXO XVI – Ficha de Controlo de Medicamentos Estupefacientes .................................... 62
ANEXO XVII – Satisfação de Pedido de Medicamentos Estupefacientes .............................. 64
ANEXO XVIII – Ficha de Preparação do Medicamento Manipulado ..................................... 65
ANEXO XIX – Boletim de Análise ......................................................................................... 67
ANEXO XX – Registo de Lotes de Medicamentos Manipulados ........................................... 68
ANEXO XXI – Etiquetas para Medicamentos Citotóxicos Manipulados ............................... 69
ANEXO XXII – Registo Diário de Consumos (UCPC) .......................................................... 70
ANEXO XXIII – Registo de Lotes e Validades dos Solventes/Soluções de Diluição dos
Medicamentos Citotóxicos Manipulados ................................................................................. 71
ANEXO XXIV – Registo de Volumes Não Utilizados ............................................................ 72
ANEXO XXV – Registo de Reembalagem de Soluções Desinfetantes ................................... 73
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INTRODUÇÃO
O presente relatório de estágio insere-se no âmbito da unidade curricular de Estágio
Profissional I, inserida no 1º semestre do 4º ano do plano de estudos do Curso de Farmácia –
1º Ciclo, da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda. O estágio foi
realizado nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar Tondela – Viseu, E.P.E., no
período de 21 de outubro de 2013 a 17 de janeiro de 2014, com uma carga horária de 490
horas repartidas por onze semanas.
A coordenação e supervisão estiveram a cargo da docente Sandra Ventura, enquanto a
orientação no local de estágio esteve a cargo da Técnica Principal de Farmácia, Anabela
Andrade.
De acordo com Nérici (1987), o estágio é um procedimento didático que tem por finalidade colocar o
educando em contacto direto com uma atividade real da sociedade, para aquisição de experiência
autêntica, e ao mesmo tempo para comprovar conhecimentos e aptidões para o exercício de uma
profissão. Além disso, este constitui uma forma de aprendizagem e preparação para o correto processo de
planeamento, organização e racionalização dos recursos disponíveis a fim de alcançar os objetivos da
instituição, contribuindo para a qualidade dos serviços prestados. [1]
O perfil do Técnico de Farmácia pressupõe a existência de um profissional
competente, ativo, consciente e responsável. Enquadra-se assim, como um elemento fulcral no
desenvolvimento das atividades de um Serviço Farmacêutico, tendo como funções intervir em
todas as fases do circuito do medicamento, informar e aconselhar sobre o modo de utilização
dos medicamentos, bem como a prestação de cuidados em farmácia.
O estágio profissional é uma unidade curricular imprescindível para inserção na
atividade profissional, quer pela aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do
percurso académico, quer pela familiarização com as tarefas diárias do Técnico de Farmácia e
pelo trabalho de equipa. Tem como intuito compreender a realidade relativa ao funcionamento
de cada Serviço Farmacêutico, favorecendo, em contexto real, a integração das aprendizagens
que vão sendo desenvolvidas ao longo do curso e autonomia no desempenho das diferentes
funções do Técnico de Farmácia, de modo que o perfil do estudante vá ao encontro das
competências necessárias no âmbito da sua formação; assim como, preparar o estudante para
dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a socialização e integração profissional.
As atividades planeadas para realizar no decorrer do estágio foram, designadamente:
conceber, planear, organizar, aplicar e avaliar todas as fases do circuito do medicamento e
produtos de saúde, assegurando a sua qualidade, num espaço de intervenção próprio e
autónomo; rececionar medicamentos e produtos de saúde, procedendo ao armazenamento
segundo normas que promovam a qualidade e segurança; proceder à correta dispensa de
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medicamentos e outros produtos de saúde, por serviço clínico ou para cada doente com base
no sistema informático; perceber o funcionamento dos automatismos de auxílio à dose
unitária; observar a manipulação de técnicas asséticas, nomeadamente citotóxicos, e
compreender a sua utilização; aplicar as técnicas necessárias à produção de medicamentos e
outros produtos à escala magistral de forma a garantir a proteção e segurança do profissional,
do produto final, bem como do ambiente.
A metodologia utilizada na realização do presente relatório de estágio é descritiva,
baseando-se essencialmente nos conhecimentos adquiridos durante o estágio e nos três anos
de formação no curso de Farmácia – 1º Ciclo.
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1 – CENTRO HOSPITALAR TONDELA – VISEU, E.P.E.
Com abertura no dia 14 de julho de 1997, o Hospital de São Teotónio tem como
finalidade a prestação de cuidados de saúde à população, designadamente aos beneficiários do
Serviço Nacional de Saúde (SNS) e aos beneficiários dos subsistemas de saúde, ou de
entidades externas que com ele contratualizem a prestação de cuidados de saúde, e a todos os
cidadãos em geral; e desenvolver atividades de investigação, formação e ensino, sendo a sua
participação na formação de profissionais de saúde dependente da respetiva capacidade
formativa. [2]
No final de 2004, em virtude do novo regime jurídico de Gestão Hospitalar, passou a
ter a designação de Hospital de Viseu, E.P.E. e em 2005 passou a ser Hospital Central.
Atualmente tem a designação de Centro Hospitalar Tondela – Viseu, E.P.E. (CHTV), com
efeito desde março de 2011, e congrega as Unidades de Tondela, Viseu e o Hospital
Psiquiátrico situado na Unidade de Abraveses. [2]
O CHTV localiza-se na zona sul da cidade de Viseu e a sua área de influência abrange
todo o distrito de Viseu e alguns concelhos fora dele, nomeadamente do distrito da Guarda,
atendendo uma população aproximada de 420.000 habitantes. [3]
Encontra-se estrategicamente situado, permitindo uma acessibilidade fácil e rápida ao
hospital, tanto para quem venha do centro como de fora da cidade. A entrada no recinto do
hospital, que é totalmente vedado, faz-se por intermédio de duas portarias: uma principal para
acesso a doentes, pessoal e visitas e uma secundária para o serviço de abastecimentos. [2]
O CHTV tem presente capacidades diferenciadas ao nível das tecnologias e dos seus
recursos humanos contando com a colaboração de cerca de 1642 profissionais. Dispõe de
aproximadamente 632 camas e conta com várias especialidades médicas e cirúrgicas, bem
como meios complementares de diagnóstico e terapêutica como suporte à prestação de
cuidados:
▪ Bloco Operatório
▪ Cardiologia
▪ Cirurgia IA
▪ Cirurgia IB
▪ Cirurgia IIA
▪ Cirurgia IIB
▪ Consultas Externas
▪ Exames Especiais
▪ Gastroenterologia/Neurologia/
Nefrologia
▪ Hemodiálise
▪ Hospital de Dia – Cirúrgico
▪ Hospital de Dia – Oncológico
▪ Imagiologia
▪ Laboratório de Análises Clínicas
▪ Medicina IA
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▪ Medicina IB
▪ Medicina IIA
▪ Medicina IIB
▪ Medicina Física e de Reabilitação
▪ Neonatologia
▪ Neurocirurgia
▪ Obstetrícia A
▪ Obstetrícia B/Ginecologia
▪ Ortopedia A
▪ Ortopedia B
▪ Ortopedia C
▪ Pediatria
▪ Pneumologia/Unidade de
Ventilação Não Invasiva
▪ Unidade de Cuidados Intensivos
Coronários (UCIC)
▪ Unidade de Cuidados Intensivos
Polivalentes (UCIP)
▪ Unidade de Endocrinologia
▪ Unidade Intermédia de Medicina
▪ Urgência Obstétrica/Ginecológica
▪ Urgência Geral
▪ Urgência Pediátrica
▪ Urologia
Os SF do CHTV complementam a maioria destas áreas, sendo por isso essenciais ao
seu bom funcionamento na prestação de cuidados de saúde aos utentes.
1.1 – SERVIÇOS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES
Os Serviços Farmacêuticos (SF) constituem departamentos com autonomia técnica, sem prejuízo de
estarem sujeitos à orientação geral dos órgãos da administração, perante os quais respondem pelos
resultados do seu exercício. Estão organizados de forma diversa nas várias instituições, enquadrados
numa estrutura complexa e em constante alteração. Da sua organização e gestão depende a prestação
correta dos cuidados farmacêuticos, imprescindíveis no ambiente hospitalar. [4]
Desta forma, os SF têm como objetivo estruturar um sistema que permita o controlo
global do medicamento no hospital, num interface que se inicia com a avaliação, seleção e
aquisição dos medicamentos e que termina com a administração ao paciente, que pode estar
internado, em cuidados de retaguarda ou em ambulatório. [5]
Independentemente da complexidade da organização da farmácia, esta detém funções
essenciais que, para serem executadas, precisa de profissionais com conhecimentos
especializados, em termos teóricos e práticos, para o bom desempenho das suas funções.
Deste modo, exercem funções nos SF do CHTV onze farmacêuticos, onze Técnicos de
Farmácia (TF), três Assistentes Técnicos (AT) e sete Assistentes Operacionais (AO).
O TF tem como principal tarefa um conjunto diversificado de atividades relacionadas
com a prevenção, diagnóstico, terapia e reabilitação pelo uso de medicamentos. Normalmente
integrado em equipas de saúde, este profissional desenvolve o seu trabalho com autonomia
técnica, variando as suas funções consoante o contexto profissional em que são exercidas.
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Dada a natureza das suas funções, é fundamental que estes profissionais trabalhem de um
modo preciso e cuidadoso, devendo ter sempre presente que o uso de medicamentos interfere
com a saúde e a vida de quem os utiliza. Devem, também, ter a capacidade para trabalhar
eficazmente em equipa, pois tal faz parte integrante do seu quotidiano. [6]
No âmbito da Farmácia Hospitalar, os TF intervêm em todas as fases do circuito do
medicamento, para que os medicamentos sejam utilizados da forma mais correta e racional
possível.
É de salientar que os SF do CHTV se encontram certificados pela NP EN ISO
9001:2008 desde novembro de 2010. As principais razões que levaram à implementação do
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) foram: a melhoria ao nível da organização; uma
abordagem mais orientada para os interesses dos clientes; melhoria dos serviços; maior
partilha de informação; desenvolvimento da cultura da qualidade e maior sistematização dos
métodos de trabalho, tendo como objetivo definir as metodologias de trabalho e assegurar as
responsabilidades, de forma sistemática e eficaz; o envolvimento de todos os colaboradores; a
satisfação dos clientes; e a melhoria da eficácia e da eficiência dos processos.
Todas as áreas dos SF do CHTV têm procedimentos operativos descritos com
incidência em aspetos de gestão técnica, de acordo com as boas práticas hospitalares.
1.1.1 – Instalações e horário de funcionamento
Os SF localizam-se no piso 1 sendo de fácil acesso quer para os fornecedores pelo
exterior, quer para os utentes do ambulatório e funcionários do hospital. Encontram-se
divididos em vários setores com a finalidade de garantir o bom funcionamento e coordenação
dos mesmos. O espaço físico dos SF do CHTV é constituído pelas seguintes áreas
diferenciadas: secretariado, ambulatório (o qual inclui uma sala de reuniões), desinfeção de
material, tratamento de água, sala dos administrativos, sala do diretor, sala dos técnicos,
sanitários/vestiários, sala da distribuição tradicional, armazém geral, material de limpeza,
laboratório de não estéreis, laboratório de estéreis, câmara de frio, armazém dos
medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, reembalagem, sala de apoio à dose unitária
(onde é feita a validação das prescrições pelos farmacêuticos), sala de lavagem, receção de
encomendas, sala de pessoal, sala de trabalho, ensaios clínicos, sala de distribuição em dose
unitária e receção.
Os diferentes setores de trabalho estão organizados de forma a permitir que os SF
tenham as condições adequadas, em termos de acesso e de localização, de circulação,
condições de segurança e higiene, de comunicação para os diferentes serviços do hospital, da
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disposição dos medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos, e condições
ambientais, no que se refere a temperatura e humidade.
Os SF encontram-se em funcionamento 24 horas por dia, sendo o seu horário normal
em dias úteis de segunda-feira a domingo, das 9 às 24 horas. A partir das 16 horas permanece
um TF e um farmacêutico até às 24 horas. Aos sábados encontram-se de serviço dois
farmacêuticos, quatro TF e dois AO, das 9 às 18 horas. Para assegurar situações urgentes,
depois do horário de funcionamento, ou seja a partir das 24 horas, um farmacêutico
permanece em regime de chamada. O mesmo acontecendo aos fins-de-semana, a partir das 18
horas.
O ambulatório encontra-se em funcionamento de segunda a sexta-feira, das 9 às 18
horas, exceto feriados.
1.1.2 – Sistemas de informação na gestão hospitalar
O sistema de informação em funcionamento no CHTV é o Sistema de Gestão
Integrada do Circuito do Medicamento (SGICM).
O SGICM tem como pilares fundamentais as seguintes caraterísticas: estar centrado no
doente, permitindo que este tenha acesso aos medicamentos de forma segura, eficaz, racional
e eficiente; integrar de modo funcional os processos de aprovisionamento, aquisição,
prescrição, interpretação/validação, preparação, distribuição e administração; possibilitar que
os principais intervenientes no plano terapêutico (médicos, farmacêuticos e enfermeiros),
embora através de acesso personalizado, trabalhem diretamente sob a mesma plataforma
tecnológica; e permitir a rastreabilidade do circuito do medicamento.
A prescrição eletrónica aumenta a segurança do doente em diversos níveis: a
informatização implica que a prescrição esteja estruturada, com o medicamento, a dosagem, a
frequência e a via de administração bem especificadas, por outro lado permite a validação
permanente da prescrição, identificando possíveis interações, sobredosagens ou eventuais
erros na seleção do medicamento. Deste modo a implementação da prescrição eletrónica em
todos os serviços permite reduzir os erros associados à terapêutica. [7]
Para aceder de forma segura a esta plataforma tecnológica, cada interveniente tem que
aceder com o seu “login” e “password”.
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2 – CIRCUITO DO MEDICAMENTO
A principal missão dos SF enquadra-se na gestão do medicamento, produtos
farmacêuticos e dispositivos médicos, ou seja, nas diferentes fases do circuito do
medicamento, consistindo no conjunto de procedimentos realizados pela farmácia, que
garantem o bom uso e dispensa dos medicamentos em perfeitas condições aos doentes do
hospital.
Existem diferenças entre o circuito do medicamento dos medicamentos de prescrição
médica normal, o circuito do medicamento dos medicamentos sujeitos a receita médica
especial, como é o caso dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, e dos
medicamentos de receita médica restrita, como é o caso dos medicamentos derivados do
plasma, das eritropoietinas, dos medicamentos em ensaios clínicos e dos medicamentos
utilizados na Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Estes medicamentos apresentam um
circuito com certas diferenças, dado exigirem um maior controlo devido às suas caraterísticas.
2.1 – SELEÇÃO E AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS
A seleção de medicamentos é um processo contínuo, multidisciplinar e participativo
com o objetivo de adquirir os medicamentos mais adequados às necessidades
farmacoterapêuticas dos doentes da responsabilidade do hospital (internamento e
ambulatório), tendo em conta a sua qualidade, segurança, eficácia, eficiência e custos.
No CHTV, a seleção e aquisição dos medicamentos são feitas tendo em conta critérios
de eficácia e segurança, custo/efetividade e potenciação do conjunto de medicamentos já
existentes, permitindo a disponibilidade dos medicamentos necessários ao diagnóstico e
tratamento dos doentes.
A seleção e aquisição dos medicamentos são efetuadas tendo por base o Formulário
Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM), sendo que todas as aquisições efetuadas
pelos SF passam pelo serviço de aprovisionamento e são aprovadas pelo Conselho de
Administração. Um FHNM é um texto orientador que traduz a escolha seletiva perante uma
larga oferta de medicamentos. A filosofia do FHNM é que este contenha os medicamentos
necessários a uma terapêutica adequada à generalidade das situações hospitalares. Não é,
contudo, um instrumento coercivo da prescrição, pois a não inclusão de determinado
medicamento é sempre passível de correção casuística pelos mecanismos conhecidos. [8]
A
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seleção de medicamentos a incluir na adenda ao FHNM tem de ser feita pela Comissão de
Farmácia e Terapêutica.
As necessidades relativas a medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos
médicos é efetuada com base em: previsões do consumo anual com base no histórico de
necessidades do hospital; stock existente; falhas de reposição por parte dos fornecedores; e
necessidades pontuais do hospital. Como auxílio na identificação das necessidades de
compras estão na sala de distribuição tradicional as agendas “armazenista local – Alliance
Healthcare” e “medicamentos em falta” para registo de faltas.
De acordo com as necessidades de medicamentos, produtos farmacêuticos e
dispositivos médicos, o diretor de serviço elabora no final de cada ano as previsões de
consumo anual para o ano seguinte. Estas previsões são analisadas e submetidas à autorização
do Conselho de Administração, após a qual é desencadeado o processo de compra e lançados
os concursos, de acordo com a legislação aplicável em vigor.
Aquando da receção de respostas ao concurso, as propostas são analisadas, tendo em
conta: preço; quantidades; interesse dos SF do tipo de fornecimento; e qualidade do
fornecedor, no que diz respeito ao seu histórico de desempenho. Depois de analisados, os
concursos são negociados e após aprovação pelo Conselho de Administração são lançados no
SGICM.
A nota de encomenda emitida é enviada pelo AT para o fornecedor por fax e é
arquivada na pasta “Notas de Encomenda” até à chegada do produto. Sempre que for
necessário saber o estado de entrega de uma encomenda efetuada utiliza-se o módulo “Registo
de Reclamação de Notas de Encomenda Pendentes” no sistema informático no setor da
receção.
Todas as faturas são confirmadas pelo TF que receciona os medicamentos, produtos
farmacêuticos ou dispositivos médicos. O visto concretiza-se através do confirmativo da
receção dos produtos, equipamentos ou da prestação do serviço.
A fatura/guia de remessa, juntamente com a nota de encomenda, é remetida para o AT
a fim de dar seguimento para a contabilidade.
Relativamente aos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, aquando da emissão
da nota de encomenda, é preenchido também o Anexo VII “Requisição de Substâncias e suas
Preparações compreendidas nas Tabelas I, II, III e IV com exceção da II-A” anexas ao
Decreto-Lei nº 15/93 de 22 de janeiro, com retificação de 20 de fevereiro, de acordo com a
legislação em vigor. O Anexo VII devidamente preenchido e cumprindo a legislação aplicável
em vigor é enviado, ambas as vias, via correio para o laboratório e via fax a acompanhar a
nota de encomenda. Estes medicamentos integram substâncias que exercem a sua ação ao
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nível do sistema nervoso central, provocando alteração (estimulação ou depressão) das suas
funções e conduzindo facilmente a tolerância, dependência física e/ou psicológica e sintomas
de privação. Para tentar evitar o seu uso ilícito e abusivo, estes medicamentos estão
abrangidos por uma legislação própria e específica, que regulamenta todos os processos,
desde a sua produção até à dispensa passando pela aquisição, prescrição e distribuição dos
mesmos.
Em certas circunstâncias, como por exemplo, quando há uma situação de urgência ou
existe temporariamente um medicamento esgotado no laboratório é feito um pedido de
empréstimo aos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), sendo devolvidos
posteriormente, ou então o medicamento poderá também ser adquirido a uma Farmácia
Comunitária da cidade.
2.2 – RECEÇÃO DE MEDICAMENTOS
A receção tem como objetivo a implementação de um conjunto de procedimentos de
controlo de qualidade dos produtos que visam garantir, da forma mais segura e completa
possível, a qualidade dos produtos rececionados. Todos os medicamentos recebidos devem ser
sujeitos a um controlo apertado em termos de verificação de conformidade de acordo com a
legislação aplicável em vigor.
Diariamente os SF, via telefone, solicitam os medicamentos necessários. Os
medicamentos são entregues após solicitação, acompanhados da respetiva fatura/guia de
remessa, através da qual se confere se os medicamentos recebidos correspondem aos
solicitados.
Aquando da chegada dos medicamentos, produtos farmacêuticos ou dispositivos
médicos, o AO verifica se estes se destinam aos SF do CHTV e informa o TF da necessidade
de receção. O AO abre as caixas e agrupa as embalagens de modo a facilitar a conferência da
encomenda por parte do TF. Quando se trata de medicamentos citotóxicos o TF procede à sua
identificação com a respetiva placa.
A receção é efetuada pelo TF e implica as seguintes atividades: conferência da
fatura/guia de remessa (ANEXO I) do fornecedor (na qual deve constar o número da nota de
encomenda, a quantidade e o preço) com a respetiva nota de encomenda (ANEXO II);
verificação da Denominação Comum Internacional (DCI) do medicamento, forma
farmacêutica, lote, prazo de validade, quantidade do produto encomendada e quantidade
entregue e dosagem; verificação da existência de documentos de suporte (por exemplo,
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certificados de análise e certificados de autorização de utilização de lote, fichas de dados de
segurança de produtos); verificação visual (conformidade do medicamento), dando-se
prioridade aos medicamentos que necessitam de refrigeração, de forma que a sua estabilidade
seja assegurada, e às soluções injetáveis de grande volume, sendo estas encaminhadas para o
armazém geral; e introdução dos dados no sistema informático, juntando-se a fatura/guia de
remessa com a nota de encomenda.
A documentação é encaminhada posteriormente para o AT.
Na receção de matérias-primas, o farmacêutico avalia se o boletim de análise satisfaz
as exigências da monografia respetiva de acordo com o regime jurídico dos medicamentos
manipulados após o qual regista a receção no “Registo de Receção de Matérias-Primas”
(ANEXO III) e na listagem “Boletins de Análise”. O boletim de análise do produto é
arquivado em anexo. Até ao momento em que esta avaliação seja efetuada, a matéria-prima é
colocada em “quarentena” dentro de um tabuleiro identificado com uma placa “Matérias-
Primas em Quarentena” que se encontra na sala de reembalagem.
Aquando da receção de hemoderivados o TF entrega o certificado de autorização de
utilização de lote ao farmacêutico de modo a que este proceda à sua análise, arquivo e
emissão das respetivas etiquetas.
No caso dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, quando a aquisição é à
indústria farmacêutica, o medicamento vem acompanhado do original do Anexo VII
“Requisição de Substâncias e suas Preparações compreendidas nas Tabelas I, II, III e IV com
exceção da II-A” anexas ao Decreto-Lei nº 15/93 de 22 de janeiro, com retificação de 20 de
fevereiro, de acordo com a legislação em vigor, assinado e carimbado pela entidade
fornecedora. Quando a aquisição é ao armazenista local o medicamento vem acompanhado
por duas vias do impresso próprio do fornecedor para controlo destes medicamentos. Após
receção, estes impressos são assinados pelo diretor técnico ou farmacêutico substituto e é
enviada uma das vias para o fornecedor e a outra fica arquivada nos SF em pasta própria.
Os produtos não-conformes são registados, armazenados em local próprio na receção e
identificados como “Produto Não Conforme” até à resolução da ocorrência. Sempre que haja
necessidade de recolha de produtos procede-se de acordo com o Recall. Entende-se por Recall
a recolha de produtos de modo a garantir que o produto que possa colocar em risco a saúde é
devidamente recolhido. Os SF responsabilizam-se por recolher os produtos, sempre que
ocorra informação para recolha voluntária do produto por parte do laboratório, recolha
obrigatória por indicação da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, IP
(INFARMED), por indicação do armazenista ou por suspeita que o produto em questão possa
representar perigo para a saúde do utente (por exemplo, alteração das caraterísticas
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organoléticas, contaminação do produto). Também são recolhidos todos os medicamentos em
caso de deteção de Reações Adversas a Medicamentos (RAM) pela farmacovigilância do
CHTV, sendo alertadas as entidades oficiais através do preenchimento do modelo de
Notificação de Reações Adversas a Medicamentos, seguindo as instruções do próprio modelo.
Os pedidos consumados aos armazenistas, neste caso a Alliance Healthcare, são feitos
por telefone e aquando da sua receção, em primeiro lugar faz-se a nota de encomenda e
posteriormente dá-se entrada do medicamento no sistema informático. Quando os pedidos são
efetuados ao laboratório, emite-se a nota de encomenda, a qual é enviada por fax, ficando
também arquivada até à chegada do medicamento.
O CHTV é o responsável pelo fornecimento de medicamentos à Unidade de Tondela.
A Unidade de Tondela envia o pedido via fax, e quando o mesmo é recebido, por norma às
terças-feiras, é tratado pelo TF responsável pelo setor de receção de medicamentos. O pedido
é posteriormente arquivado, referenciando todas as quantidades pedidas e as respetivas
quantidades enviadas.
2.2.1 – Emissão de rótulos identificativos
No CHTV, esta tarefa está inerente ao TF que se encontra responsável pelo setor de
receção de medicamentos.
Os blisteres de formas farmacêuticas orais que não tenham identificação
individualizada são rotulados. O TF identifica as etiquetas com a DCI do medicamento a
rotular, dosagem, prazo de validade e número de lote. Depois imprime a quantidade
necessária e efetua o seu registo. No caso de etiquetas remanescentes, o TF procede ao seu
registo e destruição. Só depois de etiquetados é que as caixas dos medicamentos em causa
estão prontas para serem armazenadas.
É necessário também emitir rótulos de identificação de medicamentos citotóxicos com
a informação da DCI, dosagem, número de lote e prazo de validade. A identificação é
colocada junto ao produto.
2.2.2 – Controlo do prazo de validade dos medicamentos
No CHTV, esta tarefa está inerente ao TF que se encontra responsável pelo setor de
receção dos medicamentos.
Mensalmente, o TF retira uma listagem com os produtos com validade a expirar nos
três meses seguintes. Após obtenção dos dados, efetua-se contato com os fornecedores para
avaliar a possibilidade de troca ou devolução com emissão de nota de crédito. Também
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mensalmente, através do SGICM, o TF emite uma listagem e verifica todos os medicamentos
com prazo de validade expirado para posterior inutilização ou devolução ao fornecedor.
No caso dos medicamentos reembalados, quinzenalmente, o TF retira do equipamento
de reembalagem – Fast Dispensing System (FDS®) uma listagem dos produtos reembalados
de forma a verificar quais os prazos de validade que vão expirar nos três meses seguintes.
Mensalmente, através da listagem, o TF verifica todos os medicamentos com prazo de
validade expirado para posterior inutilização.
O prazo de validade das matérias-primas também é controlado. Este controlo é
efetuado mensalmente através do SGICM e é da responsabilidade do TF a identificação e
listagem de todas as matérias-primas com prazo de validade expirado para posterior
inutilização.
No caso de preparados oficinais e reembalagem de soluções desinfetantes, sempre que
for preparado um medicamento manipulado ou reembaladas soluções desinfetantes que se
destinem ao stock dos SF, é feito o seu registo. Semanalmente, o TF verifica se existe algum
medicamento manipulado para efetuar a inutilização.
Os medicamentos com prazo de validade expirado são recolhidos e colocados em local
devidamente identificado para o efeito com uma placa identificativa de “Medicamentos Fora
do Prazo de Validade” na sala de lavagem.
2.3 – ARMAZENAMENTO
A conservação correta dos medicamentos é um fator crítico para garantir a sua
qualidade, eficácia e segurança, pelo que é imprescindível a implementação de procedimentos
de trabalho que assegurem essa conservação. [9]
O armazenamento é uma atividade de importância fundamental na assistência farmacêutica hospitalar,
porque permite reduzir os custos, a manutenção do tratamento ao paciente e uma organização nas diversas
atividades da farmácia. Tem em conta alguns aspetos como a funcionalidade, de forma a facilitar o acesso
aos produtos, o aproveitamento racional do espaço físico, a manutenção das caraterísticas e qualidade dos
medicamentos e produtos farmacêuticos dentro de padrões e normas técnicas específicas, obedecendo às
condições ideais de espaço, luz, temperatura, humidade e segurança destes. As condições ambientais
adequadas são: temperatura inferior a 25ºC, proteção da luz solar direta e humidade inferior a 60%. [10]
O armazenamento não é feito aleatoriamente, devendo ter-se em atenção: a natureza
dos medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos; as condições especiais de
conservação, garantindo a manutenção das caraterísticas físico-químicas do medicamento. Os
medicamentos termolábeis como vacinas, insulinas e alguns colírios, são armazenados na
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câmara de frio e permanecem em temperaturas compreendidas entre 2-8ºC e isentos de
condensação e humidade; quanto ao prazo de validade, tem-se em conta o conceito First
Expired, First Out (FEFO), ou seja, o primeiro medicamento a expirar deve ser o primeiro a
sair, o qual constitui o modelo mais indicado e que melhor se adapta à realidade da farmácia;
e o espaço disponível. O armazenamento é feito de forma a aproveitar ao máximo o espaço
disponível da farmácia, permitindo sempre um acesso rápido e fácil do medicamento.
Quando se trata de medicamentos citotóxicos os mesmos são transportados com
segurança, num tabuleiro de inox, e armazenados num armário próprio e identificado. Sempre
que ocorra um derrame, quebra e/ou contato acidental deverão ser seguidas as regras definidas
em “Derrame/Quebra/Contato Acidental com Medicamentos Citotóxicos”.
Os medicamentos que têm indicação de conservação à temperatura e humidade
ambiente são armazenados em locais que apresentam valores de temperatura compreendidos
entre 20º C ± 5º C e humidade inferior a 60%.
Quanto aos medicamentos que necessitam de temperaturas de conservação
compreendidas entre 2ºC e 8ºC é necessário garantir que são mantidos espaços entre os
medicamentos e entre estes e as paredes, de forma a permitir a circulação adequada do frio.
As temperaturas são controladas por sondas ligadas ao sistema de emergência, e é garantido o
tempo mínimo de abertura da câmara de frio, emitindo um alarme sonoro sempre que a
temperatura varie para além do intervalo exigido. Aqui, os medicamentos estão organizados
por ordem alfabética e identificados por uma etiqueta com a DCI, dosagem, forma
farmacêutica e com o código do produto.
Os medicamentos que requerem congelação são armazenados na arca frigorífica cuja
temperatura deve estar compreendida entre -25ºC ± 5ºC.
Para os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes é garantido o correto
armazenamento com as devidas precauções de segurança. Encontram-se armazenados num
cofre destinado a este grupo de fármacos, em local individualizado com fechadura de
segurança e em prateleiras que permitem o armazenamento destes medicamentos de forma
correta (separados e rotulados). Por uma questão de segurança, no mesmo cofre encontram-se
também armazenados os medicamentos utilizados na IVG. Só o pessoal devidamente
autorizado tem conhecimento do código de abertura, assim como do local de acesso às
respetivas chaves.
No armazém geral, os medicamentos encontram-se armazenados em prateleiras e
devidamente identificados por DCI e por dosagem, independentemente da sua forma
farmacêutica. Em prateleiras separadas encontram-se as soluções desinfetantes, os
antibióticos, os antivíricos, os medicamentos derivados do plasma, o material de penso, os
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solutos de diálise peritoneal, as dietas lácteas, os contrastes para a Imagiologia, as bolsas de
nutrição e a nutrição entérica. Os medicamentos citotóxicos encontram-se armazenados num
armário específico e separado dos outros medicamentos. As soluções injetáveis de grande
volume encontram-se em espaço próprio adequado a grandes volumes. A maioria dos
inflamáveis encontra-se armazenada em local individualizado do restante armazém, fora do
espaço físico da farmácia, com sistema de exaustão de gases. No entanto, é possível
encontrar-se também alguns inflamáveis armazenados no armazém geral junto a outros
medicamentos, como forma de haver um acesso rápido e fácil do produto.
Relativamente à sala de distribuição em dose unitária, os medicamentos encontram-se
armazenados em gavetas de apoio à dose unitária por DCI, dosagem e forma farmacêutica, e
nos dois automatismos existentes na sala, KARDEX® e FDS
®, que contêm os medicamentos
já por unidose.
Na sala de distribuição tradicional, os medicamentos encontram-se armazenados por
DCI e por dosagem, independentemente da sua forma farmacêutica, em prateleiras
devidamente identificadas. Em separado, encontram-se os antibióticos, os colírios, os
medicamentos provenientes da Alliance Healthcare (medicamentos que saem pontualmente),
os medicamentos utilizados no tratamento de intoxicações e o material de penso.
Os gases medicinais em garrafa/botija e o oxigénio líquido armazenado em
reservatório, incluídos na Farmacopeia Portuguesa, são distribuídos diretamente pelos SF. Os
gases medicinais são considerados, ao abrigo do artigo 149º do Decreto-Lei nº 176/2006 de
30 de agosto, medicamentos e como tal seguem os procedimentos aplicáveis aos restantes
medicamentos. Entende-se por gases medicinais, os gases ou a mistura de gases, liquefeitos
ou não, destinados a entrar em contato direto com o organismo humano e que desenvolvam
uma atividade apropriada a um medicamento, designadamente pela sua utilização em terapias
de inalação, anestesia, diagnóstico in vivo ou para conservar ou transportar órgãos, tecidos ou
células destinados a transplantes, sempre que estejam em contato com estes. [11]
As garrafas
são armazenadas em local próprio para o efeito, e devidamente identificado, cumprindo as
regras de armazenamento.
Apenas um bom armazenamento permite a manutenção da qualidade dos
medicamentos até ao momento da dispensa. Desta forma, devem ser garantidas todas as
condições para uma correta conservação dos medicamentos, produtos farmacêuticos e
dispositivos médicos.
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2.4 – DISTRIBUIÇÃO
A distribuição é o denominador comum e a face mais visível da atividade farmacêutica
hospitalar representando um processo fundamental no circuito do medicamento. [12]
A distribuição consiste no conjunto de ações através das quais o medicamento, ou
outro produto existente nos SF, é transferido racionalmente da farmácia até ao local de
utilização, garantindo segurança, rapidez e controlo. Com metodologia e circuitos próprios
torna disponível o medicamento correto, na quantidade e qualidade certas e o cumprimento da
prescrição médica proposta, para cada doente e todos os doentes do hospital. [12]
Nos SF do CHTV existem quatro tipos de distribuição de medicamentos: distribuição
individual diária em dose unitária, distribuição tradicional, reposição de stocks por níveis e
distribuição de medicamentos a doentes em regime de ambulatório. A escolha dos tipos de
distribuição mais adequados para o hospital está relacionada com as próprias caraterísticas do
hospital, nomeadamente o número de serviços e de camas disponibilizados à população,
padronização, recursos humanos disponíveis, tipo de controlo de stocks utilizado,
caraterísticas dos medicamentos e patologia dos doentes. Durante o estágio não tive a
oportunidade de acompanhar a distribuição de medicamentos a doentes em regime de
ambulatório.
Na sala de distribuição tradicional existe um sistema de vácuo que se carateriza por
um sistema que permite o transporte de medicamentos, materiais e diversos documentos para
todo o hospital. Este funciona através da compressão do fluxo de ar criando uma pressão
negativa, que irá “aspirar” a cápsula levando-a até ao destino que foi programado. No que diz
respeito aos SF, tem como principal intuito o transporte de medicamentos para os serviços
clínicos de forma mais rápida, principalmente a medicação urgente, a medicação alterada
dispensada pelo setor de dose unitária e ainda faz chegar à farmácia, de forma mais rápida, as
prescrições médicas manuais e outros documentos.
Cada sistema de distribuição de medicamentos do CHTV obedece a regulamentação
própria quanto a instalações, equipamentos e afetação de recursos humanos diferenciados,
sendo fiável e tecnicamente aceitável a coexistência em simultâneo dos diferentes tipos de
distribuição. O tipo de distribuição é escolhido de acordo com o serviço clínico em causa e
caraterísticas funcionais, minimizando assim os custos por utente e por serviço, de acordo
com os recursos humanos e técnicos, quer dos serviços clínicos quer dos SF.
23
2.4.1 – Distribuição individual diária em dose unitária
A preparação e distribuição de medicamentos em sistema de dose unitária surgem
como um imperativo de aumentar a segurança no circuito do medicamento, conhecer melhor
o perfil farmacoterapêutico do doente, diminuir o risco de interações, racionalizar melhor a
terapêutica, os enfermeiros dedicarem mais tempo aos cuidados dos doentes e menos aos
aspetos de gestão relacionados com os medicamentos, atribuir mais corretamente os custos e
reduzir os desperdícios. [5]
Para que este sistema seja aplicado é necessário que haja uma distribuição diária de
medicamentos, em dose individual unitária, para um período de 24 horas, com exceção dos
fins-de-semana e feriados. [5]
O processo de preparação dos medicamentos a distribuir pode ser totalmente manual
ou com o apoio do KARDEX® e da FDS
®.
O KARDEX® é um sistema centralizado que exige formação específica no programa e
sistema utilizados. Este recebe a informação dos pedidos de medicamentos enviada pelo
SGICM e processa-a para dar saída das mesmas. Podem distinguir-se dois tipos de produtos
dentro do sistema KARDEX®: produtos internos e produtos externos. Um produto é definido
como interno quando a sua localização física se encontra ou é suscetível de ser armazenado
em alguma das gavetas; e um produto externo é aquele cuja localização não se encontra
dentro de nenhum grupo de gavetas do KARDEX®. Os produtos externos consideram-se
sempre como entregues ou fornecidos, limitando-se o sistema a informar da sua condição. É
necessário definir para cada um dos medicamentos um stock mínimo e um stock máximo, o
tipo de gavetas (pequena, média ou grande) e definir se determinado medicamento deve sair
como um produto interno ou como um produto externo do KARDEX®. De modo a prevenir a
rutura de stocks, o KARDEX® é reposto diariamente. O KARDEX
® fornece uma lista de
medicamentos que estão abaixo do mínimo predefinido assim como a quantidade que se
pretende que seja reposta (ANEXO IV), registando-se informaticamente a quantidade de
medicamento que vai ser introduzida no automatismo, o lote e a validade.
Não há visualização do perfil farmacoterapêutico nem do pedido total, ou seja, a
distribuição é feita sequencialmente por ordem alfabética de DCI. A sua utilização torna
possível reduzir os erros, reduzir o tempo destinado a esta tarefa, melhorar a qualidade do
trabalho e racionalizar os diversos stocks nas unidades de distribuição. Assim, no KARDEX®,
executamos o pedido do respetivo serviço clínico e damos saída do mesmo, dando assim saída
da medicação existente no stock do KARDEX®. Automaticamente é impressa uma listagem
dos produtos externos (ANEXO V) para serem dispensados para os respetivos serviços
clínicos. Sempre que determinado medicamento esteja esgotado no KARDEX®, no final da
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distribuição é impressa uma lista de incidências (ANEXO VI) de forma a repor os
medicamentos em questão.
O sistema Automed FDS® 330 é composto por duas partes: o FDS
® Server, que
processa a informação dos medicamentos e o FDS® Dispenser, que dispensa os medicamentos
embalados. Para reposição do stock é necessário efetuar uma listagem de inventário (ANEXO
VII) para preparar prévia e corretamente as formas farmacêuticas orais necessárias à
reembalagem. O inventário gerado permite identificar quais as formas farmacêuticas orais que
são necessárias preparar para posterior preparação das cassetes. O TF dá essa indicação ao
AO para que este proceda à desblisteração da respetiva medicação.
Devido à baixa dureza e tamanho de algumas formas farmacêuticas orais, a sua
desblisteração só é possível ser efetuada de forma manual, procedendo-se de igual modo no
acondicionamento.
Após a saída da fita de reembalagem deverá verificar-se: se a impressão de cada saco
corresponde ao conteúdo; se a identificação do doente está correta; e se a quantidade
corresponde ao pretendido em cada saco. A reembalagem de um serviço segue a ordem:
Serviço – Doente 1 – Medicamentos 1 – Fim – Doente 2 – Medicamentos 2 – Fim (ANEXO
VIII), e assim sucessivamente. Após esta conferência é necessário efetuar o corte da fita
correspondente a cada doente e colocá-la na respetiva gaveta da cassete do serviço clínico
respetivo.
A frequência das operações de limpeza e manutenção do sistema FDS®
irá depender
da frequência de utilização e do tipo de medicamentos dispensados, sendo a mesma feita de
acordo com as indicações dadas pelo fabricante. Comprimidos com superfícies em pó deixam
uma maior quantidade de resíduos do que medicamentos em cápsulas.
Estes automatismos vêm possibilitar uma preparação da medicação mais eficaz, com
diminuição do tempo de preparação, maior facilidade de armazenamento, dado diminuir
significativamente o espaço utilizado para o armazenamento dos medicamentos neste setor, e
uma diminuição do número de pessoas necessárias para a distribuição.
Em conjunto com estes equipamentos, também a utilização do SGICM se traduz numa
mais-valia para os SF, uma vez que permite executar uma série de tarefas informaticamente,
pelo sistema, assegurando a redução do tempo, o número de erros e os custos. Este sistema
permite o acompanhamento do perfil farmacoterapêutico do doente, sendo através dele que o
farmacêutico visualiza o que foi prescrito, podendo confirmar ou adequar a quantidade a
enviar para o doente.
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A prescrição dos medicamentos é efetuada informaticamente pelo médico e
rececionada pelo farmacêutico. Verifica-se exceção, no caso de prescrições de
antimicrobianos (ANEXO IX) em formato papel em serviços sem prescrição on-line.
O pedido de medicamentos é analisado para verificar a sua coerência e a segurança do
medicamento no que respeita às dosagens das substâncias ativas, ao perfil farmacoterapêutico
do doente e à inexistência de incompatibilidades e interações que ponham em causa a ação do
medicamento e a segurança do doente.
Após validação, são gerados os mapas gerais por serviço clínico. Estes permitem
visualizar e/ou imprimir, por serviço clínico, a lista dos medicamentos prescritos para que seja
possível reenviar a medicação para os automatismos de modo a ser possível preparar as
cassetes para cada doente para as 24 horas. Como este procedimento decorre durante um
determinado período de tempo em que vão sendo feitas alterações às prescrições de
medicamentos já rececionadas e são criadas novas prescrições, o mapa tem de ser atualizado
várias vezes.
A sala de distribuição em dose unitária tem armários que contêm a medicação que é
prescrita mais frequentemente, facilitando o acesso a esta e agilizando o processo de
preparação das cassetes. Cada serviço clínico tem as suas gavetas individuais, prévia e
devidamente identificadas pelos TF com etiquetas informáticas.
Após finalização do processo de validação, a informação resultante é processada e
enviada para os automatismos de forma a ser feita a distribuição por medicamento e
introduzida na gaveta de cada doente. No caso de volumes superiores à capacidade da gaveta,
os medicamentos serão enviados separadamente com a respetiva identificação do serviço,
número de cama, nome do doente e número de processo. Se os medicamentos exigirem
condições de refrigeração, apenas são retirados da câmara de frio no momento da entrega,
com prévia identificação do doente e indicação de medicamentos termolábeis.
Durante o dia, os médicos realizam várias alterações na prescrição, como sejam
alterações em doentes internados, altas, transferência de cama/serviço clínico ou internamento
de novos doentes. Até à hora de distribuição da medicação para o serviço clínico, verifica-se
se existem alterações ao mapa geral e efetua-se um ou mais mapas de alterações (ANEXO X).
Entende-se por mapa de alterações, um mapa composto por uma página de rosto onde se
podem analisar todas as mudanças de cama no próprio serviço clínico, entre serviços clínicos
e todos os doentes com alta. Na página ou páginas seguintes aparece toda a medicação a
dispensar para determinado doente, assim como toda a medicação que foi suspensa na
prescrição. O consumo do mapa de alterações, após o consumo do mapa geral é efetuado pelo
TF (ou pelo farmacêutico, no horário de prevenção) imediatamente antes do envio da
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medicação do doente para o respetivo serviço clínico. Se as cassetes de dose unitária ainda se
encontrarem nos SF são realizadas todo o tipo de alterações, caso as cassetes já tenham sido
enviadas para os serviços clínicos, a distribuição é individualizada e identificada para o
doente e apenas são efetuadas as alterações de adição.
De acordo com o horário de distribuição definido, o AO procede à entrega das cassetes
nos respetivos serviços clínicos. Com saída às 13h30: Pediatria, UCIC, Urgência Geral e
Urgência Pediátrica; com saída às 14 horas: Cirurgia IA/Unidade de Monitorização do Doente
Cirúrgico, Cirurgia IB, Ortopedia A, Ortopedia B, Ortopedia C, Neurocirurgia, Obstetrícia A,
Obstetrícia B/Ginecologia, Urologia/Cirurgia Vascular/Hematologia e Unidade Intermédia de
Medicina; com saída às 15 horas: Medicina IA, Medicina IB, Medicina IIA e Medicina IIB;
por último, com saída às 16 horas: Cardiologia, Cirurgia IIA, Cirurgia IIB/Unidade de
Monitorização do Doente Cirúrgico, Gastroenterologia/Nefrologia/Neurologia,
Otorrinolaringologia/Oftalmologia e Pneumologia/Unidade de Ventilação Não Invasiva. No
serviço clínico é trocada a cassete, sendo recolhida a medicação excedente na cassete do dia
anterior.
Para os serviços clínicos de UCIC, Urgência Geral, Urgência Pediátrica e Obstetrícia
A é realizada apenas distribuição individual de antibióticos.
Na distribuição individual em dose unitária são também satisfeitos os pedidos dos
armazéns avançados. Estes funcionam como armazéns de apoio nos serviços clínicos
abrangidos pela distribuição em dose unitária. Nestes serviços clínicos, o controlo dos níveis
dos medicamentos é da responsabilidade dos enfermeiros. Os serviços clínicos têm um
armazém de apoio – armazéns avançados – que por sua vez têm níveis pré-definidos de
medicamentos e outros produtos farmacêuticos. Quando os enfermeiros utilizam qualquer
medicamento do seu armazém avançado, o mesmo é debitado no sistema informático.
Automaticamente o sistema informático gera um pedido de reposição de stock nos SF,
geralmente às 11 horas de segundas, terças, quartas e sextas-feiras. Às sextas-feiras é feita a
reposição de stocks avançados de todos os serviços clínicos, às segundas e quartas-feiras os
serviços clínicos atendidos são os mesmos e às terças-feiras são atendidos os restantes
serviços clínicos. O TF imprime o pedido de reposição no sistema informático e procede à
satisfação do pedido. Toda a medicação preparada através deste tipo de distribuição é
corretamente acondicionada em sacos fechados e devidamente identificados com o serviço
clínico correspondente e com a designação “stock avançado”. Para alguns serviços clínicos
envia-se juntamente com a medicação a satisfação do pedido (ANEXO XI), como forma de
conferência por parte dos enfermeiros. A reposição é feita aquando da entrega dos
medicamentos fornecidos em dose unitária.
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Muitas vezes, quando as cassetes retornam aos SF, há medicamentos devolvidos que,
por alguma razão, não foram administrados ao doente. Desta forma, após a troca das cassetes
nos respetivos serviços clínicos, os AO regressam aos SF com as cassetes do dia anterior e
são então efetuadas todas as devoluções. Uma devolução pode ser definida como toda a
atividade de restituição aos SF dos medicamentos não utilizados pelos serviços clínicos aos
quais foram fornecidos. O TF avalia os medicamentos verificando as condições de
conservação, o prazo de validade, a quantidade e as condições de armazenamento. Através
desta avaliação decide se os medicamentos se encontram em condições, dando entrada dos
mesmos no sistema informático ou, por outro lado, não se encontram em condições e devem
ser encaminhados para o contentor amarelo.
Para fazer as devoluções são necessários dois TF, um fica no computador a dar entrada
dos medicamentos e o outro transmite as informações necessárias (serviço, número de cama,
nome do doente e medicamento devolvido) ao TF que está no computador. As devoluções
são, preferencialmente, efetuadas por doente. Feitas as devoluções arrumam-se os
medicamentos nas respetivas gavetas de apoio à dose unitária.
O registo de devoluções de medicamentos não administrados permite um controlo de
administração, a gestão de medicamentos e uma redução de custos.
2.4.2 – Distribuição tradicional
A distribuição tradicional foi o primeiro sistema de distribuição de medicamentos a ser
implementado nos SF e utiliza-se em serviços em que as suas caraterísticas particulares não
permitem o sistema de distribuição individual em dose unitária. A prescrição/requisição de
medicamentos não é feita para um doente em concreto mas sim para o total da unidade de
internamento para o período de uma semana.
Este sistema de distribuição tem inerente uma série de desvantagens, nomeadamente: a
ausência de interpretação da prescrição médica; falta de intervenção da farmácia na
terapêutica de cada doente; maior dificuldade de integração na equipa prestadora de cuidados
de saúde; risco de acumulação de medicamentos; possibilidade de erros de transcrição; menor
controlo da prescrição individual; menor controlo dos custos; menor controlo de validades;
menor controlo de stocks; e inexistência de controlo por parte da administração.
Na distribuição tradicional do CHTV, a reposição de stock dos vários serviços clínicos
é feita através de um pedido semanal. Por este sistema são transferidos para os serviços
clínicos: medicamentos de uso geral; nutrição artificial (parentérica e entérica, dietas lácteas e
suplementos alimentares); material de penso; soluções injetáveis de grande volume;
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medicamentos psicotrópicos e estupefacientes; medicamentos utilizados na IVG; e gases
medicinais.
Cada serviço clínico é atendido por um TF no dia da semana que lhe está atribuído de
acordo com a escala estabelecida no mapa semanal de atendimento da distribuição tradicional.
De acordo com o referido mapa, às segundas-feiras são atendidos: Pneumologia/Unidade de
Ventilação Não Invasiva, Exames Especiais, Otorrinolaringologia/Oftalmologia, Urgência
Pediátrica, Bloco Operatório, Hospital de Dia - Nefrologia e Consultas Externas; às terças-
feiras são atendidos: Medicina IA, Medicina IB, Medicina IIA, Medicina IIB, Hemodinâmica
e Unidade Intermédia de Medicina; às quartas-feiras são atendidos: Psiquiatria, Ortopedia A,
Ortopedia B, Ortopedia C, Cirurgia IA, Cirurgia IB e Neonatologia; às quintas-feiras são
atendidos: Pediatria, Gastroenterologia/Nefrologia/Neurologia, Neurocirurgia, Obstetrícia A,
Obstetrícia B/Ginecologia, Urologia/Cirurgia Vascular/Hematologia, UCIP, Hospital de dia -
Medicina e Hospital de Dia - Cirurgia; às sextas-feiras são atendidos: Cardiologia, Urgência
Geral; Cirurgia IIA, Cirurgia IIB, UCIC e Urgência Obstétrica; e por último, aos sábados e
domingos são apenas atendidos os pedidos urgentes.
Dentro dos serviços clínicos referidos anteriormente, as soluções injetáveis de grande
volume são atendidas na véspera do dia correspondente ao serviço e as soluções desinfetantes
são atendidas no dia correspondente ao serviço. Medicamentos psicotrópicos e
estupefacientes, urgências dos serviços clínicos e o Hospital de Dia - Medicina são atendidos
diariamente.
Os pedidos são efetuados informaticamente, no caso da Unidade de Viseu, e em papel,
para a Unidade de Tondela. Os mesmos deverão ser efetuados pelos serviços clínicos até à
véspera do dia de cedência da medicação. Sempre que se utilizem os modelos em papel
(ANEXO XII), é enviado o original à farmácia. Quando o pedido é efetuado
informaticamente, o TF imprime a respetiva listagem de picking para aviamento (ANEXO
XIII) e procede à sua preparação.
Caso seja solicitado um medicamento extra formulário ou que não se encontre no
stock deve ser acompanhado de justificação. Os medicamentos extra formulário, ou seja,
aqueles que não estão incluídos na lista compilada do FHNM, carecem assim de justificação
da terapia medicamentosa (ANEXO XIV). As justificações de medicamentos extra formulário
são sempre validadas por um farmacêutico. Em caso de dúvida quanto à sua cedência, deverá
ser pedido o parecer do diretor de serviço.
Sempre que um determinado medicamento não é fornecido ou é fornecido em
quantidades diferentes do solicitado é enviado ao serviço clínico requisitante o modelo de
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comunicação aos serviços (ANEXO XV) onde se regista o motivo e, sempre que necessário, é
comunicado via telefone.
Na preparação e cedência dos medicamentos distribuídos por distribuição tradicional,
sempre que conveniente, os medicamentos a dispensar são retirados da embalagem original e
acondicionados em sacos de plástico, devidamente identificados. Nesta identificação deverá
constar: DCI; dosagem; forma farmacêutica; quantidade; identificação quanto à proteção da
luz e/ou temperatura de conservação. Sempre que necessário, na folha de requisição regista-se
que existem medicamentos termolábeis para levantar na câmara de frio, porque estes
medicamentos só saem da câmara de frio quando vão diretamente para os respetivos serviços
clínicos. Atendido o serviço clínico, procede-se ao seu débito no sistema informático e
regista-se manualmente no documento de requisição o número de saída/débito do pedido. A
sua distribuição é posteriormente assegurada pelo AO.
As soluções desinfetantes, as soluções injetáveis de grande volume e os gases
medicinais também são enviados para os serviços clínicos através deste sistema de
distribuição, existindo também, para estes produtos, as respetivas requisições. O atendimento
das soluções injetáveis de grande volume é realizado por um TF e um AO, o das soluções
desinfetantes é feito apenas pelos AO, tendo um TF que conferir no final e o dos gases
medicinais é efetuado por qualquer um dos colaboradores dos SF.
A requisição dos gases medicinais é rececionada neste setor. A sua distribuição é
efetuada por troca de garrafa pelo AO. O consumo é efetuado pelo TF, farmacêutico ou AT. O
débito é efetuado no SGICM, quer a requisição seja em papel ou feita informaticamente. As
garrafas são transportadas, pelo AO de cada serviço, com material apropriado, a fim de os
proteger do risco de choque e quedas, de forma estável, de modo a que sejam mantidas na
vertical.
Pontualmente são efetuadas revertências de medicamentos, em que os serviços
clínicos devolvem medicamentos à farmácia. Quando são devolvidos medicamentos dentro do
prazo de validade estes são conferidos e é dada entrada dos mesmos no sistema informático.
Quando são devolvidos medicamentos com prazo de validade expirado estes são devolvidos
ao laboratório ou encaminhados para a incineração.
Neste setor também se podem ceder medicamentos ao exterior, medicamentos que um
doente necessita e não se encontrem à venda em Farmácia Comunitária. Para o utente
conseguir a venda de um medicamento da Farmácia Hospitalar necessita de três carimbos de
farmácias diferentes que indicam a rotura/quebra do stock. Autorizada a dispensa do
medicamento na Farmácia Hospitalar, o utente efetua o pagamento na tesouraria e entrega a
fatura nos SF quando for levantar o medicamento em causa.
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Reposição de stocks por níveis
Para alguns serviços clínicos a reposição de medicamentos é efetuada por níveis.
Assim, dentro do setor de distribuição tradicional, temos também a reposição de stocks por
níveis.
Foi estabelecido para cada serviço clínico, um stock fixo por medicamento/quantidade,
baseado na análise de consumo de períodos anteriores, e definida a periodicidade de
reposição. Por este sistema de distribuição são atendidos os seguintes serviços clínicos: Bloco
Operatório, Urgência Obstétrica (inclui Sala de Urgência e Sala de Partos) e as Obstetrícias A
e B. No CHTV esta reposição é feita semanalmente para os vários serviços clínicos. O TF
procede à contagem das unidades que restaram da semana anterior e repõe a quantidade que
falta de forma a completar o nível definido. Ao mesmo tempo, o TF verifica os prazos de
validade dos níveis já existentes. Após a reposição dos medicamentos, debita-se o pedido,
regista-se o número de saída do pedido e arquiva-se na respetiva pasta.
No dia definido para a distribuição são repostos em cada serviço clínico os níveis de
stock. Os AO levam a medicação da Urgência Obstétrica e das Obstetrícias A e B até aos
respetivos serviços clínicos e o carro do Bloco Operatório é trocado nos SF, nos dias
correspondentes. A Urgência Obstétrica e o Bloco Operatório são repostos às segundas-feiras
e as Obstetrícias A e B são repostas às quintas-feiras.
Distribuição de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes e medicamentos utilizados
na IVG
Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são medicamentos que podem
causar habituação psicológica ou física atuando no sistema nervoso central, apresentando
desta forma um sistema de distribuição bem mais controlado do que os restantes
medicamentos.
A sua distribuição é feita aos serviços de internamento mediante o sistema de
reposição de stock. Deve existir um controlo rigoroso de forma a permitir a correta utilização
da terapêutica e a minimizar a possibilidade de uso indevido, devendo ser cumpridos os
procedimentos legais no que respeita à dispensa destes medicamentos.
Cada serviço clínico tem um stock em quantidade e qualidade, previamente definido.
O seu levantamento é efetuado presencialmente nos SF pelo enfermeiro, mediante a
apresentação do destacável da ficha de controlo de cada medicamento devidamente
preenchido para reposição do respetivo stock. Este destacável corresponde ao cabeçalho com
a mesma numeração que se encontra em arquivo na sala do cofre nos SF. Como forma de
diferenciação, para medicamentos psicotrópicos existe uma ficha de controlo cor-de-rosa e
31
para medicamentos estupefacientes existe uma ficha de controlo azul (ANEXO XVI). Assim,
é restituído o stock pretendido, ficando registado no cabeçalho já agrafado ao destacável, o
número de saída informática da requisição correspondente (ANEXO XVII). É também
elaborada uma nova ficha de controlo, sendo o destacável enviado para os respetivos registos
no serviço clínico e o cabeçalho fica arquivado nos SF. Na ficha de controlo de stock por
medicamento, existente no cofre, é registada a saída, por lote, tendo em conta o prazo de
validade do medicamento, bem como o número informático atribuído à requisição do serviço
clínico. O TF cede então o medicamento e entrega a ficha de controlo ao enfermeiro para este
assinar. Por último, as fichas de controlo e as respetivas requisições são arquivadas.
Trimestralmente é enviado ao INFARMED o movimento de medicamentos psicotrópicos e
estupefacientes.
No cofre encontra-se ainda armazenado o medicamento utilizado na IVG,
Mifepristona 200 mg comprimidos, para o qual é também necessário haver um controlo
rigoroso quanto à sua cedência. Assim sendo, segue o mesmo regime de dispensa dos
medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, sendo a sua ficha específica de cor branca.
Nesta ficha o nome do utente é identificado somente com as iniciais de cada nome,
salvaguardando a sua identidade.
2.5 – FARMACOTECNIA
Nem sempre a indústria farmacêutica consegue dar resposta à necessidade de
adaptação da terapêutica farmacológica, resultante de uma prestação de cuidados
farmacêuticos cada vez mais dirigidos ao doente, pelo que a Farmácia Hospitalar, no
cumprimento da sua missão, terá a necessidade de integrar uma área onde se fazem
preparações farmacêuticas que são utilizadas no tratamento de doentes específicos e
preparações em escala alargada, por lotes, preparadas com antecedência e destinadas a
potenciais doentes, nomeadamente em situações onde não há disponibilidade por parte do
mercado fornecedor. A área destinada a este processo de produção e controlo terá de ter em
conta o tipo e o nível de exigência das preparações farmacêuticas e o local onde essa
preparação será realizada.
Desta forma, a farmacotecnia consiste num setor de manipulação e preparação de
formas farmacêuticas, envolvendo procedimentos estéreis e não estéreis, sempre com um
elevado nível de segurança, qualidade e eficácia. As operações de manipulação, conservação,
rotulagem e controlo de formas farmacêuticas deverão efetuar-se num espaço adequado,
32
concebido para estes fins e localizado no interior dos SF, ou seja, no laboratório, sendo a sua
área suficiente para evitar riscos de contaminação durante as operações de preparação.
A existência do setor de farmacotecnia nos hospitais do SNS permite assegurar e
garantir em linhas gerais uma: maior qualidade e segurança na prestação de medicamentos a
administrar aos doentes; resposta às necessidades específicas de determinados doentes,
colmatando situações onde não existe disponibilidade por parte do mercado fornecedor;
redução significativa do desperdício relacionado com a preparação de medicamentos; e uma
gestão mais racional de recursos. [13]
Com o intuito de melhorar a qualidade dos medicamentos preparados nas farmácias
portuguesas e para uma padronização e uniformização a nível nacional, existe o Formulário
Galénico Português – formulário adequado às necessidades da terapêutica contemporânea.
Neste setor dos SF são elaboradas preparações de fórmulas magistrais, preparações
estéreis, que incluem a manipulação de medicamentos citotóxicos, e a reembalagem de
medicamentos em doses individuais. A preparação das fórmulas magistrais e das fórmulas
estéreis, com exceção da preparação de medicamentos citotóxicos, cabe ao TF que se encontra
definido no setor de distribuição tradicional. A manipulação de medicamentos citotóxicos
compete a dois TF, sendo estes rotativos no final de cada mês, independentemente do setor
onde se encontram colocados.
2.5.1 – Preparação de fórmulas magistrais
Uma das funções do TF passa pela preparação de medicamentos, obedecendo a
regulamentação de preparação e dispensa de medicamentos manipulados, aprovada no
Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de abril.
De acordo com o referido decreto, um medicamento manipulado consiste em
“qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a
responsabilidade de um farmacêutico”. Uma fórmula magistral consiste num “medicamento
preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares segundo a
receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina”. Um preparado
oficinal é “qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais de uma
farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos
hospitalares, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia
ou serviço”. [14]
Desde que sejam observadas as boas práticas na sua preparação, seguindo os requisitos
aprovados pelo INFARMED, os medicamentos manipulados são igualmente eficazes, de
qualidade e seguros.
33
A preparação de medicamentos manipulados ocorre na sequência de uma prescrição
médica (podendo ser considerada urgente ou calendarizável) ou na sequência de um pedido
por um serviço clínico, conseguindo personalizar a terapêutica de doentes específicos ou
suprimir algumas falhas a nível industrial.
Os pedidos chegam dos serviços clínicos por requisições ao setor da distribuição
tradicional.
A farmacotecnia de formulações não estéreis é praticada num espaço distinto. O
laboratório é um local de trabalho com potenciais riscos de acidente, dado que se manipulam
substâncias com perigosidade considerável que, se indevidamente utilizadas, podem causar
danos graves de grandes repercussões. Existem regras básicas, que se impõem a quem
trabalha neste meio, nomeadamente o uso de equipamentos de proteção individual.
A Portaria nº 594/2004, de 2 de junho, aprova as boas práticas a observar na
preparação de medicamentos manipulados em Farmácia Hospitalar. Segundo o referido
decreto: as operações de preparação, acondicionamento, rotulagem e controlo deverão
efetuar-se num espaço adequado, concebido para estes fins e localizado no interior da
farmácia ou do serviço farmacêutico hospitalar, o laboratório; a área do laboratório deverá ser
suficiente para se evitar riscos de contaminação durante as operações de preparação; o
laboratório deverá ser convenientemente iluminado e ventilado, com temperatura e humidade
adequadas e as respetivas superfícies deverão ser de fácil limpeza; os equipamentos deverão
ser facilmente laváveis e desinfetáveis e, se necessário, esterilizáveis. As superfícies que
contatam com os produtos não devem afetar a qualidade dos mesmos; os materiais e os
equipamentos devem manter-se limpos e em bom estado de funcionamento, dedicando-se
uma atenção especial às superfícies que contatam com os produtos, a fim de evitar
contaminações cruzadas; os aparelhos de medida deverão ser controlados e calibrados
periodicamente, a fim de assegurar a exatidão das medidas; e as instalações e os equipamentos
deverão adequar-se às formas farmacêuticas, à natureza dos produtos e à dimensão dos lotes
preparados. [15]
O pedido da medicação é rececionado pelo farmacêutico ou pelo TF, informaticamente
ou em papel. O original da prescrição em papel ou a impressão da prescrição informática são
arquivadas em pasta própria para o efeito, que se encontra no laboratório. Após ser
rececionado, o pedido é analisado de forma a verificar a sua coerência e segurança do
medicamento. Em caso de dúvida, é contatado o prescritor.
Com base na requisição e na respetiva ficha técnica do medicamento manipulado são
registados os dados necessários na ficha de preparação do medicamento manipulado (ANEXO
XVIII), efetuando-se todos os cálculos necessários.
34
Antes de iniciar a preparação do medicamento manipulado, o farmacêutico ou TF
deverá assegurar que: são respeitadas as condições ambientais eventualmente exigidas pela
natureza do medicamento a preparar; estão disponíveis todas as matérias-primas, corretamente
rotuladas e dentro do prazo de validade em vigor, bem como os equipamentos necessários à
preparação; estão disponíveis os documentos necessários para a preparação do medicamento;
estão disponíveis os materiais de embalagem destinados ao acondicionamento do
medicamento preparado, os quais não devem ser com ele incompatíveis nem alterar a sua
qualidade; o armazenamento de matérias-primas e de materiais de embalagem nos
medicamentos manipulados seja realizado de modo a utilizar primeiro aqueles cuja validade
expira primeiro, e em condições adequadas para a sua correta conservação.
As matérias-primas a utilizar na preparação de medicamentos manipulados devem
satisfazer as exigências da monografia respetiva de acordo com o regime jurídico dos
medicamentos manipulados, devendo ser adquiridas a fornecedores devidamente autorizados
pelo INFARMED. Acompanhando as matérias-primas deve ser exigido um boletim de análise
(ANEXO XIX), o qual deverá incluir a indicação do número do lote da matéria-prima a que
se refere. [15]
Os materiais de embalagem são selecionados tendo em conta as condições de
conservação exigidas pelo medicamento em causa, nomeadamente no que respeita à sua
estanquicidade e proteção da luz.
Aquando da preparação de um medicamento manipulado é necessário efetuar a
atribuição de um lote ao medicamento. É da responsabilidade do manipulador, farmacêutico
ou TF, a atribuição do lote e o seu respetivo registo (ANEXO XX). A denominação dos lotes
dos medicamentos manipulados é alfanumérica. O primeiro dígito do lote corresponde a uma
letra do alfabeto e esta é introduzida sequencialmente, diariamente. Os seis dígitos seguintes
são numéricos e correspondem ao dia da preparação do medicamento manipulado seguindo a
ordem: ano, mês e dia.
Nesta área tive a oportunidade de observar uma série de preparações de medicamentos,
designadamente:
▪ Fixador de biópsias ósseas: utilizado como conservante de peças anatómicas,
nomeadamente ósseas;
▪ Gel de metilcelulose a 1%: destinado unicamente à preparação de veículos para
soluções e suspensões orais;
▪ Nistatina composta (colutório): utilizada no tratamento de mucosites orais em doentes
imunodeprimidos (por exemplo, doentes oncológicos sujeitos a quimioradioterapia);
35
▪ Solução aquosa de ácido acético a 4% (m/V): utilizada no tratamento tópico de otites
externas. Colposcopia;
▪ Solução aquosa de ácido cítrico a 25% (m/V): usado para ajustar o pH, podendo
também ser utilizado como agente sequestrante ou como antioxidante sinérgico;
▪ Solução de lugol: tratamento pré-operatório do hipertiroidismo. Antissético externo;
▪ Solução oral de citrato de cafeína a 10 mg/mL: apneia do recém-nascido;
▪ Suspensão oral de dapsona a 0,2% (m/V): tratamento de dermatite herpetiforme, da
lepra e profilaxia da pneumonia Pneumocystis carinii. A sua toma concomitante com
medicamentos e alimentos alcalinos deve ser evitada;
▪ Xarope comum.
Para além da observação das preparações referidas, tive também a oportunidade de
preparar papéis medicamentosos e de participar em algumas preparações de nistatina
composta, sempre com o supervisionamento e ajuda de um TF.
2.5.2 – Preparações estéreis
As preparações são realizadas em câmara de fluxo de ar laminar horizontal
assegurando que se cumpre a técnica assética, nomeadamente: a superfície da câmara de fluxo
de ar laminar deve ser desinfetada com álcool a 70º bem como todas as embalagens a utilizar
antes do início da manipulação; o manipulador deverá equipar-se com vestuário adequado ou
seja bata, luvas, touca e máscara. Todas as pesagens e medições de volumes são conferidas
por um farmacêutico.
O acondicionamento e a rotulagem dos medicamentos preparados são executados pelo
TF de acordo com as regras definidas na ficha de preparação do medicamento manipulado e
supervisionado pelo farmacêutico. A embalagem e a rotulagem do produto final deverá
permitir a sua correta identificação, contendo: nome da preparação; quantidade preparada;
serviço clínico requisitante; data de preparação; hora da preparação; prazo de utilização;
conservação; e lote.
Todo o material em contato com produtos químicos e fármacos rejeitados são
colocados num saco vermelho, com exceção dos materiais cortantes e perfurantes, que são
acondicionados em recipientes ou contentores próprios. O TF procede à sua recolha e
colocam-nos em contentores de maior dimensão destinados a este tipo de resíduos. Os
restantes materiais/resíduos são acondicionados em saco transparente.
A preparação é dada como terminada após o controlo de qualidade efetuado pelo
farmacêutico, o qual procede a todas as verificações necessárias para garantir a qualidade
final do medicamento manipulado, incluindo, no mínimo, a verificação das caraterísticas
36
organoléticas. O mesmo regista os resultados destas verificações na respetiva ficha de
preparação do medicamento manipulado.
Após a preparação do medicamento manipulado é contatado o serviço clínico
requisitante para que este proceda ao levantamento do medicamento. O registo do consumo
do respetivo medicamento é efetuado através do programa SGICM ao serviço clínico
requisitante, pelo farmacêutico ou TF.
A monitorização microbiológica é realizada todas as segundas-feiras de cada mês. O
farmacêutico identifica as placas do meio de cultura com o local da colheita em que foi
efetuada, entregando-as aos TF. O controlo microbiológico compreende o controlo da
superfície da câmara de fluxo de ar laminar horizontal, no qual se usam placas de contato no
início e no fim de cada sessão de trabalho em locais aleatórios. O farmacêutico procede à
identificação e acondicionamento de todas as placas e envia-as ao laboratório de
microbiologia. Cabe aos TF a responsabilidade de efetuar todas as colheitas.
Nesta área tive a oportunidade de observar a preparação de uma solução de cefuroxima
intracamerular 10 mg/mL, a qual é preparada com o intuito de prevenção de endoftalmite pós-
cirúrgica na cirurgia da catarata. O solvente utilizado na sua preparação foi o cloreto de sódio
a 0,9%. É acondicionada no próprio frasco da cefuroxima, que por sua vez é acondicionado
em saco preto.
2.5.3 – Produtos Citotóxicos
A prescrição é rececionada pelo farmacêutico, informaticamente ou em papel, através
do modelo próprio “Folha de Terapêutica/Hospital de Dia”. As prescrições devem estar
corretamente preenchidas, e não rasuradas ou ilegíveis. As mesmas só são consideradas
válidas quando assinadas pelo médico e identificadas pelo seu número mecanográfico.
Embora os tratamentos já se encontrem marcados com antecedência, a preparação dos
medicamentos citotóxicos injetáveis é confirmada pelo serviço clínico no próprio dia,
podendo também surgir novas prescrições.
Após receção, o farmacêutico analisa a requisição de forma a verificar a sua coerência
e segurança do medicamento no que respeita às dosagens das substâncias ativas e à
inexistência de incompatibilidades e interações que ponham em causa a ação do medicamento
e a segurança do doente. Em caso de dúvida, é contatado o prescritor. O farmacêutico efetua
todos os cálculos necessários e posteriormente são elaborados os rótulos de identificação para
cada tratamento, onde consta: nome do doente; serviço clínico; data da administração;
medicamento; dose total; volume correspondente; solução e volume de diluição; volume final;
e número mecanográfico do farmacêutico responsável. É a partir de fotocópias destes rótulos
37
(ANEXO XXI) que os TF preparam os tabuleiros da medicação. É sempre registado o lote e o
prazo de validade de cada medicamento utilizado por doente.
Antes do início da preparação, o TF: retira do stock o número de embalagens de
medicamentos citotóxicos necessários para os tratamentos das prescrições validadas; coloca
as embalagens necessárias de cada medicamento para o total de preparações diárias num
tabuleiro de inox; retira os medicamentos das embalagens; coloca os frascos/ampolas de cada
medicamento num tabuleiro de inox, separando por princípio ativo e procedendo ao seu
registo na folha de “Registo Diário de Consumos” (ANEXO XXII); coloca os solventes de
reconstituição, as soluções injetáveis de diluição e os sistemas de administração a utilizar,
procedendo sempre ao seu registo na folha de “Registo de Lotes e Validades dos
Solventes/Soluções de Diluição dos Medicamentos Citotóxicos Manipulados” (ANEXO
XXIII); faz uma primeira descontaminação com um pulverizador de álcool a 70º; coloca todo
o material descontaminado dentro do transfer. É obrigatório que a janela do tranfer apenas
seja aberta de um lado quando o outro se encontra fechado. Posteriormente, os TF
(manipulador e ajudante) equipam-se e entram na sala branca.
Tal como os medicamentos citotóxicos, os frascos das soluções injetáveis e o restante
material que entra na sala branca é descontaminado primeiramente à entrada no transfer e
posteriormente no momento da utilização para a preparação. Já no interior da sala branca, o
TF liga a câmara, volta a pulverizar o material e os medicamentos citotóxicos e efetua a
limpeza da câmara de fluxo de ar laminar vertical com compressas e álcool a 70º. Enquanto
aguardam alguns minutos dando tempo para estabilizar o fluxo de ar da câmara, dispõem na
bancada todo o material necessário à manipulação. Após isto calçam o segundo par de luvas,
sendo que o TF manipulador o faz já sentado frente à câmara. As luvas são colocadas por
cima dos punhos da bata para que nenhuma área da pele entre os punhos e a manga fique
descoberta.
A câmara de fluxo de ar laminar vertical onde é feita a manipulação dos medicamentos
citotóxicos é de classe II e tipo B2, através da qual o ar expulso (100%) sai para o exterior
misturando-se com a atmosfera. Nas câmaras de fluxo de ar laminar vertical é criada uma
barreira entre o operador e a área de trabalho. Esta barreira é constituída por um fluxo no qual
todo o ar localizado num espaço definido é deslocado a uma velocidade definida através de
linhas paralelas e orientadas, linhas de fluxo com o mínimo de turbulência. É necessário que a
velocidade do fluxo de ar se situe entre 0,35 e 0,55 m/segundo para que seja considerado
laminar, e só desta forma é que ocorre a expulsão dos agentes contaminantes da área
protegida. O teto é constituído por filtros dotados de elevado poder de retenção de partículas
(filtros absolutos) e a superfície de trabalho destas câmaras é constituída por uma espécie de
38
grelha, que permite a passagem e a recuperação do fluxo de ar, depois de filtrado por pré-
filtros.
À medida que vai efetuando a manipulação, o TF manipulador coloca as preparações
prontas no lado direito da câmara. Desta forma, o TF ajudante transfere o medicamento
manipulado da câmara para a bancada, procede à sua rotulagem e acondiciona-o dentro do
respetivo saco protetor, previamente rotulado pelo farmacêutico. Toda a medicação é rotulada
com um rótulo no saco/seringa e outro no saco protetor exterior.
Preferencialmente, a preparação começa pelos anticorpos monoclonais dando também
prioridade aos tratamentos com tempo de administração mais longo. Sempre que se troca de
medicamento, a bancada de trabalho é limpa com uma compressa limpa embebida em álcool a
70º.
Após validação pelo farmacêutico as preparações são seladas e colocadas dentro do
carro de transporte, devidamente identificado com o símbolo de citotóxico. O farmacêutico
contata o serviço clínico requisitante para que este proceda ao levantamento do medicamento.
O AO do respetivo serviço clínico recebe o carro, assina o protocolo de entrega que consiste
na cópia das etiquetas de identificação das preparações de cada doente e transporta o carro até
ao serviço clínico.
Todo o material utilizado e em contato com os medicamentos citotóxicos é
acondicionado num contentor rígido amarelo que é colocado no interior da câmara, do lado
direito. Todos os materiais ou resíduos não citotóxicos (por exemplo, os invólucros dos sacos)
são acondicionados em saco transparente. No final da sessão de trabalho, os TF removem os
contentores com material contaminado e os sacos com material não contaminado
transportando-os para a antecâmara. Já na antecâmara, é fechado o saco que contém o
material de vestuário utilizado. Os resíduos citotóxicos são recolhidos em saco vermelho,
acondicionados em contentor com tampa laranja e encaminhados para o circuito de
incineração.
No caso de ocorrer um derrame, queda ou contato acidental com o medicamento
manipulado, é seguido um conjunto de regras, como já referido anteriormente neste relatório.
Define-se derrame como todo o processo de manipulação que origine uma ou várias das
seguintes situações: gotejamento a partir do frasco/ampola dos medicamentos para a
superfície de trabalho da câmara; formação de aerossóis durante a sessão de trabalho com
atingimento cutâneo ou até mesmo ocular; e quebra ou rotura de frascos ou sacos contendo
soluções de citotóxicos que possam atingir as superfícies do circuito de transporte. Estas
situações podem ser resolvidas por recurso a um kit de derrame situado junto do armário de
armazenamento de medicamentos citotóxicos, ou dentro da sala de preparação de citotóxicos,
39
cujo conteúdo é: pares de luvas de látex, mais um par suplente de borracha; uma bata de
proteção (tamanho L); uma máscara respiratória; um par de protetores de calçado; uma pinça;
sacos de plástico (sem rótulo); um pano de algodão; panos; uma pá; um fio para selar;
sinalética de emergência; sacos de plástico (com rótulo) designados para a colocação do lixo
citotóxico destinado à incineração a 1100ºC; um contentor para material destinado à
incineração; uma fita avisadora autocolante de área perigosa; uns óculos de proteção; pó
Green Z™; oito panos Power-Sorb; um manual com as informações de manuseamento; e
instruções de uso. O kit de derrame deverá encontrar-se armazenado sob determinadas
condições, nomeadamente entre 15-25ºC interiores, e destina-se a uso único.
No final da sessão de trabalho é registado o número total de preparações efetuadas, o
registo de volumes não utilizados (ANEXO XXIV) e o tempo de exposição dos TF.
O controlo microbiológico da câmara de fluxo de ar laminar vertical compreende:
controlo do ar, controlo de superfícies e controlo do pessoal. A monitorização microbiológica
é realizada na primeira semana de cada mês, às segundas-feiras, no interior e no exterior da
câmara. Nas restantes segundas-feiras é efetuado apenas o controlo microbiológico das placas
correspondentes à monitorização do interior da câmara. O farmacêutico identifica as placas do
meio de cultura com o local da colheita em que foi efetuada, entregando-as aos TF. No
controlo do ar usam-se placas de sedimentação (gelose-sangue), no controlo das superfícies
usam-se placas de contato no início e no fim da sessão de trabalho e no controlo do pessoal
usam-se também placas de contato. No início e no fim da sessão de trabalho, os TF
(manipulador e ajudante) fazem uma colheita tocando com as extremidades das pontas das
luvas no meio de cultura definido, para cada uma das mãos. No fim dessa sessão de trabalho,
o TF manipulador efetua uma colheita por contato de uma das mangas da bata, na zona acima
da luva. O farmacêutico procede à identificação e acondicionamento de todas as placas e
envia ao laboratório de microbiologia. Cabe aos TF a responsabilidade de efetuar todas as
colheitas.
Compete também ao TF o registo de toda a medicação citotóxica utilizada em folha
resumo de consumos e o respetivo débito informático. Quinzenalmente, o TF procede à
verificação das faltas de material clínico e diariamente de medicamentos.
Os TF têm uma escala rotativa mensal de serviço à Unidade Centralizada da
Preparação de Citotóxicos (UCPC). Todos os TF envolvidos na área dos medicamentos
citotóxicos são sujeitos a exames médicos periódicos, da responsabilidade do serviço de saúde
ocupacional, pois além do risco de contaminação do produto pelo manipulador, há também o
risco de contaminação do manipulador pelo produto.
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Nesta área tive a oportunidade de observar, do lado exterior, todas as preparações
realizadas no período de uma semana, assim como fazer uma simulação da técnica assética.
2.5.4 – Reembalagem
O objetivo principal da reembalagem é o de permitir aos SF disporem do
medicamento, na dosagem prescrita, de forma individualizada, permitindo assim, reduzir o
tempo de enfermagem dedicado à preparação da medicação a administrar, reduzir os riscos de
contaminação do medicamento, reduzir os erros de administração e uma maior economia.
Além disso, também garante a identificação do medicamento reembalado e assegura que o
medicamento reembalado possa ser utilizado com segurança, rapidez e comodidade.
É necessário para o funcionamento do circuito de dose unitária ter algumas formas
farmacêuticas orais reembaladas para determinadas situações, como por exemplo: dispensa de
alterações; doses não disponíveis (fracionamento ou multiplicação de doses); e medicamentos
reembalados de forma inapropriada destinados à dose unitária.
Nos SF do CHTV existem quatro formas de reembalagem de medicamentos,
nomeadamente: reembalagem diária para atendimento dos serviços clínicos com distribuição
em dose unitária, efetuada na FDS®; reembalagem de necessidades pontuais e formas
farmacêuticas fracionadas, efetuada na FDS®; reembalagem manual de formas farmacêuticas
sólidas; e reembalagem de soluções desinfetantes.
No caso da reembalagem no tabuleiro da FDS®, entre cada princípio ativo, é
assegurada a limpeza do tabuleiro com uma compressa embebida em álcool a 70º.
Na identificação do medicamento reembalado deve constar: DCI, dosagem, lote de
fabrico, prazo de validade e símbolo de segurança se aplicável, de acordo com a embalagem
original.
Na reembalagem diária para atendimento dos serviços clínicos com distribuição em
dose unitária, quando o farmacêutico envia os mapas gerais para a preparação dos
medicamentos com distribuição individual diária em dose unitária, gera-se na FDS®
uma
“ordem de reembalagem”. A reembalagem de necessidades pontuais e formas farmacêuticas
fracionadas é necessária para medicamentos em dose unitária, quando não são fornecidos com
o acondicionamento adequado às necessidades dos serviços clínicos, e para formas
farmacêuticas em doses não disponíveis, de modo a adequar as doses aos medicamentos
validados.
Os medicamentos desblisterados (inteiros ou fracionados) são reembalados pelo TF no
tabuleiro da FDS® e o seu registo fica inserido informaticamente. O TF atribui um lote a cada
reembalamento efetuado. O lote é alfanumérico e possui oito dígitos. O primeiro dígito do
41
lote corresponde ao R de “reembalagem” e o segundo dígito a uma letra do alfabeto que é
introduzida sequencialmente, diariamente. Os seis dígitos seguintes são numéricos e
correspondem ao próprio dia seguindo a ordem: ano, mês e dia. Estes medicamentos são
acondicionados em local próprio na sala de distribuição em dose unitária.
Pontualmente é necessário efetuar reembalagem de medicamentos, inteiros ou
fracionados, que não tenham sido assegurados pelos pontos definidos anteriormente. O TF ou
farmacêutico procede à higienização das mãos, calça as luvas de látex e acondiciona o
medicamento num saco da FDS®, sendo selado por termocolagem.
Pontualmente é também necessário efetuar a reembalagem de soluções desinfetantes
para satisfazer as exigências do volume requisitado pelos serviços clínicos. O TF ou
farmacêutico atribui um lote a cada reembalamento efetuado. O primeiro dígito corresponde
ao RL de “reembalagem de líquidos”, o segundo dígito a uma letra do alfabeto sequencial,
seguindo-se a ordem: ano, mês e dia. Depois de efetuado o seu registo (ANEXO XXV), o TF
ou farmacêutico procede à higienização das mãos, calça as luvas de látex e acondiciona a
solução desinfetante no recipiente adequado às exigências de conservação e volume
requerido.
A reembalagem na FDS® em relação à reembalagem manual permite obter uma
elevada quantidade de comprimidos reembalados num curto espaço de tempo e de forma mais
segura.
A reembalagem é efetuada racionalmente tendo em conta a alteração do prazo de
validade dos medicamentos. O prazo de validade dos medicamentos reembalados deve ser
calculado como 25% do prazo de validade original até um máximo de seis meses.
42
REFLEXÃO CRÍTICA
O estágio profissional I nos SF do CHTV foi o segundo contato com a realidade das
funções desenvolvidas pelo TF em ambiente hospitalar, constituindo uma importante
ferramenta de aprendizagem quer pessoal, quer profissional. Conheci uma realidade diferente
da experiência anterior. As dificuldades iniciais, sentidas por qualquer estagiário na adaptação
a um novo local, como sejam a metodologia das tarefas a desenvolver e a própria organização
dos SF, foram ultrapassadas com o decorrer do estágio em cada setor mas também com a
ajuda prestada pelos TF, integrando-me desta forma no seio da equipa de trabalho.
De um modo geral, considero ter realizado um bom trabalho, superando os objetivos
formulados inicialmente, adaptando-me ao dia-a-dia do TF e criando laços com toda a equipa
dos SF, contribuindo para uma rápida adaptação. Toda a equipa se mostrou bastante solicita
às minhas dúvidas e questões quando estas surgiam.
Durante o estágio demonstrei capacidade científica e técnica na realização de
atividades subjacentes à profissão do TF, no enquadramento das várias áreas de intervenção
profissional, apliquei princípios éticos e deontológicos subjacentes à profissão, desenvolvi e
avaliei planos de intervenção adequadamente integrados numa equipa multidisciplinar e
respondi aos desafios profissionais com inovação, criatividade e flexibilidade.
É interessante constatar que se no início a autonomia e independência para realizar
estas tarefas é limitada, no final do estágio o à vontade e confiança no desenvolvimento do
nosso trabalho é maior. Penso que este é um dos principais aspetos positivos.
A tarefa inerente ao TF em Farmácia Hospitalar que mais gostei de realizar foi a
distribuição tradicional. Também gostei e considerei bastante importante a observação da
preparação de medicamentos citotóxicos, uma vez que não tive essa oportunidade no meu
anterior estágio em Farmácia Hospitalar. Verifiquei que a profissão abrange uma pluralidade
de funções, procedimentos e conhecimentos, que torna o exercício destes profissionais
imprescindível no uso correto do medicamento e, principalmente, no bem-estar do doente.
Como referido anteriormente neste relatório, é possível encontrar-se alguns
inflamáveis armazenados no armazém geral junto a outros medicamentos, como forma de
haver um acesso rápido e fácil do produto. Na minha opinião constitui um aspeto negativo,
pois caso deflagre algum incêndio, o mesmo se poderá rapidamente alastrar ao hospital. Outra
questão a ter em conta é o facto de a terapêutica não ser conferida após preparação. Ou seja,
não há uma dupla verificação antes da saída dos medicamentos dos SF para os serviços
clínicos. Pois, embora os TF sejam auxiliados por sistemas semiautomáticos, os erros podem
ocorrer e seria uma mais-valia existir um controlo mais consumado.
43
CONCLUSÃO
Numa Farmácia Hospitalar, o TF tem como principal foco de atividade o medicamento
exercendo tarefas de retaguarda no que respeita à prestação de cuidados de saúde ao utente.
Não deixa de exercer uma função importante, nomeadamente ao nível da gestão e circuito do
medicamento. A vocação, a responsabilidade e a capacidade de educar os cidadãos são
requisitos cada vez mais exigidos ao TF, pois as suas funções de esclarecimento e formação
dos utilizadores de medicamentos têm vindo a ganhar maior importância.
Este estágio permitiu uma consolidação, interiorização e aprendizagem de conceitos.
Além dos conhecimentos científicos e técnicos que me foram proporcionados, foi também
cultivado o espírito de trabalho em equipa e desenvolvimento deste para atingir novas metas
com melhores resultados. O profissional de saúde, neste caso o TF, é um profissional
multifacetado, com capacidade de intervenção em várias áreas o que por si só faz de si tão
imprescindível.
A aquisição de conhecimentos foi um não parar ao longo dos dias de estágio,
permitindo assim uma melhor compreensão do exercício do TF. Foi imprescindível na
aquisição de competências que serão úteis no desempenho da nossa futura profissão. Os SF
têm uma participação importante na elaboração de uma política de uso racional de
medicamentos, visando melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia e reduzir os custos
para o estabelecimento, já que a polimedicação além de incrementar os custos com cuidados
ao doente, ocasiona um aumento da morbilidade e da mortalidade. Como o doente é o real
beneficiário das ações, a sua assistência deve ser um complexo de atitudes, comportamentos,
compromissos, valores éticos, funções, conhecimentos e responsabilidades.
A nossa profissão, desempenhada com rigor e seriedade, é de extrema importância
para a sociedade, mas a constante procura de aprender e saber mais deve ser sempre um
objetivo a seguir. Pois, independentemente do contexto em que exercem a sua atividade, estes
profissionais devem ter a preocupação constante de atualizarem os seus conhecimentos
técnico-científicos ao longo de toda a sua carreira profissional.
Em jeito de conclusão, considero que o estágio profissional I foi muito positivo,
revelando-se um desafio gratificante e enriquecedor.
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BIBLIOGRAFIA
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[2] Ministério da Saúde (2013). Hospital de São Teotónio – Viseu. Acedido em 5 de
novembro de 2013: Http://www.hstviseu.min-saude.pt/
[3] Ministério da Saúde (2013). Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E. Acedido em 5 de
novembro de 2013: Http://www.portaldasaude.pt/portal
[4] Decreto-Lei n.º 44 204, Regulamento geral da Farmácia Hospitalar, de 2 de fevereiro de
1962
[5] Ministério da Saúde (2005). Manual da Farmácia Hospitalar. INFARMED
[6] Associação Portuguesa de Licenciados em Farmácia (2013). O Profissional de Farmácia.
Acedido em 7 de novembro de 2013: Http://www.aplf.pt
[7] Ministério da Saúde (2008). Relatório do 1º questionário nacional do programa do
medicamento hospitalar. Acedido em 28 de janeiro de 2014, em Administração Central do
Sistema de Saúde: http://www.acss.min-saude.pt/
[8] INFARMED. Apresentação/Prefácio. Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos.
Acedido em 18 de dezembro de 2013: Http://www.infarmed.pt/
[9] Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (2009). Orientações para o
armazenamento de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos. Cuidados
Continuados, Saúde e Apoio Social
[10] Neri, E. D. R. (2007). Farmácia Hospitalar. S. Paulo: Farmácia Universitária
[11] Decreto-Lei nº 176/2006, Estatuto do Medicamento, de 30 de agosto
[12] Ministério da Saúde (2007). Boas Práticas na Área do Medicamento Hospitalar.
Acedido em 25 de novembro de 2013, em Administração Central do Sistema de Saúde:
http://www.acss.min-saude.pt/
[13] Ministério da Saúde (2007). Programa do Medicamento Hospitalar. Março de 2007
[14] Decreto-Lei nº 95/2004, Regula a prescrição e a preparação de medicamentos
manipulados, de 22 de abril
[15] Portaria nº 594/2004, Aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos
manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, de 2 de junho
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ANEXOS
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ANEXO I – Fatura
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ANEXO II – Nota de Encomenda
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ANEXO III – Registo de Receção de Matérias-Primas
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ANEXO IV – Reposição de Mínimos (KARDEX®
)
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ANEXO V – Produtos Externos (KARDEX®)
51
ANEXO VI – Listagem de Incidências de Pedido (KARDEX®)
52
ANEXO VII – Listagem de Inventário (FDS®)
53
ANEXO VIII – Fita (FDS®)
54
ANEXO IX – Prescrição de Antimicrobianos
55
ANEXO X – Mapa de Alterações
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57
ANEXO XI – Satisfação de Pedido de armazém avançado
58
ANEXO XII – Prescrição Manual
59
ANEXO XIII – Listagem de Picking para Aviamento
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ANEXO XIV – Justificação de Receituário de Medicamentos Extra-Formulário
61
ANEXO XV – Comunicação aos Serviços
62
ANEXO XVI – Ficha de Controlo de Medicamentos Estupefacientes
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64
ANEXO XVII – Satisfação de Pedido de Medicamentos Estupefacientes
65
ANEXO XVIII – Ficha de Preparação do Medicamento Manipulado
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67
ANEXO XIX – Boletim de Análise
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ANEXO XX – Registo de Lotes de Medicamentos Manipulados
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ANEXO XXI – Etiquetas para Medicamentos Citotóxicos Manipulados
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ANEXO XXII – Registo Diário de Consumos (UCPC)
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ANEXO XXIII – Registo de Lotes e Validades dos Solventes/Soluções de Diluição dos
Medicamentos Citotóxicos Manipulados
72
ANEXO XXIV – Registo de Volumes Não Utilizados
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ANEXO XXV – Registo de Reembalagem de Soluções Desinfetantes