RELATO DA VISITA DE ESTUDOS - UFRN
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADASDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃOCURSO DE PEDAGOGIATURNO NOTURNO DISCIPLINA O ENSINO DA HISTÓRIA NO 1ªGRAU II
PROFESSOR JOÃO VALENÇA
RELATO DA VISITA DE ESTUDOS
DANIELLA FERREIRA BEZERRA
NATAL – RN
2011.1
INTRODUÇÃO
O presente relatório tem como escopo descrever e analisar a
atividade de campo desenvolvida na disciplina O Ensino da História no 1°grau II,
que é regida pelo docente João Maria Valença.
Conhecer a história da fundação da cidade do Natal - RN, observar
seus monumentos, valorizar e preservar o patrimônio público que em suas
diversas modalidades faz parte da garantia de perpetuação da cultura de um povo,
foi um dos principais objetivos desta aula de campo que aconteceu em um Sábado
do dia 28 de Abril de 2011. Os registros orais, escritos e fotográficos também
foram de extrema importância para o decorrer desta aula de campo.
Esta atividade nos mostrou a importância desse tipo de atividade
campo como prática de ensino dos conteúdos de História e disciplinas afins.
A nossa visita teve inicio na Praça Santa Cruz da Bica, no Baldo,
próximo ao prédio da Cosern, por volta das 08h20min da manhã.
O professor João Valença regente da disciplina O Ensino da História no
1°grau II fez as orientações da aula de campo, o mesmo teve como finalidade
principal proporcionar aos alunos um melhor conhecimento sobre assuntos
pertinentes a Praça Santa Cruz da Bica, como também: ao cruzeiro do Norte e do
Sul, a Igreja Santo Antônio do Galo, o Museu de Arte Sacra, a Praça André de
Albuquerque, o memorial Câmara Cascudo, a Igreja Matriz Nossa Senhora da
Apresentação, o Palácio Potengi, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e
a Praça das Mães.
No nosso ponto de encontro (Praça Santa Cruz da Bica) houve uma
breve contextualização histórica no qual pudemos observar as transformações e
permanências ocorridas na cidade ao longo do tempo. Neste momento foi relatado
sobre a importância do Rio Potengi para o abastecimento da cidade e que hoje
configura-se como um esgoto a céu aberto que corre abaixo do viaduto do Baldo.
Também fizeram parte do relato o fato da cruz original do marco estar
enterrada devido a depredações, assim como a existência, modificações e
funcionamento de alguns edifícios aos arredores do marco e a fundação de alguns
bairros da cidade como Alecrim, Tirol e Petrópolis.
O professor iniciou os argumentos pertinentes a aula de campo,
mostrando um disco de vinil da banda Os Incríveis, destacando do mesmo o seu
ano de fabricação e a empresa fabricante do vinil com o objetivo de fazer a
relação do mesmo com os fatos estudados em sala aula sobre a Ditadura Militar
no Brasil.
1.0 DESCRIÇÕES DA AULA DE CAMPO
1.1. Praça Santa Cruz da Bica
O docente Valença comentou sobre duas cruzes que foram cravadas
para demarcar os limites da Cidade do Natal, onde uma cruz foi fixada no extremo
norte, na ladeira que leva ao bairro da Ribeira, próximo ao prédio da Ordem dos
Advogados do Brasil, na Rua Junqueira Alves, que naquela época ficou conhecida
como Rua da Cruz. Com o passar do tempo, em março de 1888, a rua passou a
se chamar Cons. João Alfredo, permanecendo até março de 1896, quando
recebeu o nome de Junqueira Aires que a identifica hoje. A outra cruz foi plantada
no extremo sul, à margem do Rio Tiçuru, também chamado Rio da Bica, pois deu
de beber a cidade durante muitos anos. Hoje este rio é conhecido como Rio do
Baldo.
A primeira cruz foi desaparecendo com o tempo, a segunda fincada
perto do rio do Baldo, foi em seguida transferida para uma parte mais alta ficando,
com o tempo, esquecida entre as árvores de um bosque. Na segunda metade do
Século XIX, os três irmãos Trajano, Lopo e Claudino de Melo, foram à colina cortar
madeira para construção de casa, e encontraram a cruz escondida entre as
árvores. Os irmãos, em união com vários conhecidos, a retiraram do local e a
levaram para o espaço em que se encontra hoje, na Praça Santa Cruz da Bica, no
Baldo, próximo ao prédio da Cosern.
Nesta mesma época no dia 03 de maio, alguns fiéis iniciaram um terço
ao lado da cruz em homenagem ao dia de Santa Cruz de Jesus Cristo,
mesmo sem a presença de um padre. A partir desta iniciativa a celebração passou
a atrair muitos devotos, tornando-se uma festa popular.
Várias autoridades municipais tentaram preservar este monumento, no
entanto, as intempéries do tempo e a ação de vândalos acabaram por destruir
aquela relíquia histórica, existindo nos dias de hoje, na pequena praça ali erigida,
um cruzeiro que guarda alguns fragmentos da peça original.
O professor também comentou que próximo a Praça Santa Cruz da
Bica existia um cabaré muito famoso conhecido como cabaré de Maria Boa. Maria
Boa foi cafetina, e proprietária da mais famosa casa de prostituição que Natal já
conheceu, seu estabelecimento foi durante muitos anos o refúgio dos homens da
cidade do Natal. Jovens, militares, empresários e figurões da política local,
freqüentavam o famoso cabaré.
1.2. Igreja Santo Antônio do Galo
Após deixar a Praça Santa Cruz da Bica, que foi o nosso ponto de
encontro, seguimos em direção a Igreja Santo Antônio do Galo onde passamos
pela Rua voluntários da Pátria cujo nome original era “Beco da Lama”, no caminho
o professor João Valença nos fez observar uma parte do calçamento de pedras
arrecifes, construções de casas antigas embora nenhuma apresente arquitetura
colonial e placas com padrões diferenciados representando diferentes décadas,
como a azul da década de 60, a de alumínio da década de 80 e a branca da
década de 90.
Chegando a Igreja o professor fez alguns comentários pertinentes
a mesma, destacando que ela foi construída no Estilo barroco e foi o terceiro
templo católico erguido na cidade, entre 1766 e 1799. Serviu de quartel da
Companhia de Polícia, em 1836, e sediou o Colégio Diocesano, atual Marista. Em
Fevereiro de 1948, os capuchinhos instalaram no local o Convento Santo Antonio
dos Frades Capuchinhos, sob a benção do arcebispo Dom Marcolino Dantas e
Frei Damião. Destacou também que esta Igreja é conhecida como Igreja do Galo,
por causa de um galo de metal que fica no alto de sua torre. Nste convento
pudemos visualizar alguns cômodos como o refeitório, sala de leitura, imagens,
quadros e o local onde se encontrava os restos mortais de algumas pessoas.
1.3. Museu de Arte Sacra
Após observar e ouvir os comentários pertinentes a Igreja Santo Antônio
do Galo, fomos ao Museu de Arte Sacra que fica localizado ao lado dessa Igreja.
A chegada ao museu se deu aproximadamente às 09 horas e 18 minutos.
Observamos que ele possui em seu acervo algumas pinturas, alfaias,
oratórios, ourivesaria, indumentárias, objetos de prata utilizados nos cultos
religiosos, a bíblia em latim e o altar destes. Em seu interior, também foi possível
notar a presença de inúmeras obras importantes para a memória da cidade como:
alguns quadros, entre eles: o de nossa Senhora dos Prazeres do “século XX”.
No momento tivemos uma breve explanação do guia sobre algumas
imagens que se encontravam sem mãos, sobre a representação das cores nas
vestes dos padres e sobre alguns objetos utilizados nas missas.
1.4. Igreja de Nossa Senhora da Apresentação
Logo após a visita ao Museu de Arte Sacra seguimos em direção a
Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, onde o grupo não entrou, pois a Igreja
se encontrava fechada, só passamos em frente, e o professor fez alguns
comentários sobre a mesma, ele dialogou sobre a torre da igreja que servia para a
comunicação com os navios que chegavam e a população, pois quando um navio
chegava ao porto quem estava na torre já sabia qual era o tipo de navio atracado.
A Igreja de Nossa Senhora da Apresentação também é conhecida
como Igreja Matriz ou Catedral Velha, é a mais antiga de todas. Foi fundada ainda
no final do século XX, com a chegada dos primeiros habitantes, e destruída pela
ação dos invasores holandeses, sendo posteriormente reconstruída e
sucessivamente aperfeiçoada e restaurada. O vigário da sua paróquia foi Padre
Gaspar Gonçalves da Rocha.
1.5. Praça André de Albuquerque
Aproximadamente às 09:30 da manhã chegamos ao quinto ponto da
nossa visita de estudos a Praça André de Albuquerque,onde esse nome se deve
ao revolucionário André de Albuquerque Maranhão que lutou ao lado dos
revoltosos de Pernambuco na revolução Pernambucana. André também foi um
importante senhor do engenho de Cunhaú e foi umas das principais figuras da
revolta no Rio Grande do Norte, ao lado do Miguel Joaquim de Almeida Castro,
mais conhecido como Padre Miguelinho.
Em homenagem a esse mártir , em 1888, a Câmara municipal de Natal
mudou o nome da artéria chamada de Rua Grande para Praça André de
Albuquerque.
Ao chegar à praça foi possível notar logo à nossa frente uma coluna de
granito (obelisco), que era o monumento aos mártires de 1817, nesse monumento
encontrava-se também: uma placa com a representação da bandeira do Rio
Grande do Norte, placas de mártires e uma placa dos 400 anos de Natal.
Da Praça André de Albuquerque foi possível observar o Instituto Histórico
e Geográfico do RN, onde não foi possível realizar qualquer tipo de estudo em
virtude do prédio encontrar-se fechado, mas foi possível realizar uma avaliação
visual da Coluna Capitolina, um monumento romano que estava ao lado daquele
local, pois ali encontrava-se envolto por grades evitando a interferência de
vândalos. Essa instituição guardiã das tradições e memórias do povo potiguar foi
fundada em março de 1902, numa sala do velho prédio do Atheneu Norte-Rio-
Grandense. A partir de outubro de 1938, o instituto ganhou prédio próprio, situado
entre a Igreja de Nossa Senhora da Apresentação e os jardins do Palácio Potengi,
na Rua da Conceição, 577.
1.6. Memorial Luis Câmara Cascudo
Logo após deixar a Praça André de Albuquerque seguimos em
direção ao Memorial Luis Câmara Cascudo famoso artista e conhecido professor,
cronista, crítico literário e folclorista. Quando chegamos ao Memorial, logo na
entrada foi possível observar uma placa que dizia: Quartel de Infantaria
divisionária, assim era possível observar que aquele recinto já pertenceu ao
Exercito. No memorial há salas que abordam aspectos estudados pelo mestre em
sua vasta obra literária, compostas por painéis com fotos e descrições que
retratam passagens marcantes na vida de Câmara Cascudo.
Uma interessante observação é que aquele local foi construído no
“século XIX”, para abrigar a delegacia Fiscal, órgão do ministério da Fazenda,
instituição que funcionou até 1955. Em janeiro de 1983, o espaço foi transformado
em Centro Cultural Câmara Cascudo e foi somente em 1987 que o mesmo
transformou-se em Memorial Câmara Cascudo. A administração do Memorial é
vinculada à Fundação José Augusto, órgão cultural do governo estadual.
1.7. Palácio Potengi
O Palácio Potengi foi o próximo local visitado pelo grupo, aonde não foi
possível visitar a parte superior do local, pois estava em reforma. Todavia o
professor ressaltou que nas salas do piso superior há um acervo de quadros com
fotos de vários interventores do Rio Grande do Norte.
A sede do governo estadual funcionou na Fortaleza dos Reis magos
(desde 1597 até o século XVII); em uma casa defronte na Praça André de
Albuquerque (de 1679 ate inicio do século XIX); no edifício que foi a Capitania dos
Portos (entre 1830 e 1862); em um prédio alugado da Rua da Conceição (de 1862
a 1869); num sobrado alugado na rua Chile ( de 1869 a 1902). Foi somente a
partir de 1902, que o Palácio do Tesouro, que se situa em frente à Praça Sete de
Setembro, passou a ser chamado de Palácio do Governo, que foi denominado
Palácio Potengi em 1954, no governo de Silvio Pedroza; Palácio da Esperança,
em 1961, no governo Aluísio Alves e Palácio da Cultura entre 1995 e 1998 no
governo Garibaldi Alves Filho.
Na esquina do Palácio Potengi, observamos o Museu Casa Café Filho,
que foi construído entre 1816 e 1820 por José Alexandre de Melo e foi à primeira
construção assobradada de propriedade particular em Natal.
O docente Valença fez alguns comentários referentes a este Museu,
destacando que o mesmo é chamado de Sobradinho e Véu de Noiva, pela forma
em declive acentuado de seu telhado. Este prédio, que hoje abriga o Museu Café
Filho, foi residência até o início deste século, passando a ser sede do Sindicato
dos Trabalhadores e da Banda de Música e Fábrica de Macarrão.
O museu tem um acervo documental e iconográfico sobre o norte-rio-
grandense Presidente Café Filho, incluindo aspectos biográficos e informações
sobre a vida política, com registro de fotos de suas viagens e de suas campanhas,
também, dispõe da biblioteca particular do ex- presidente e de parte do mobiliário
de sua residência, vinda do Rio de Janeiro.
. João Café Filho foi um Norte- Rio-Grandense que teve uma projeção
nacional quando assumiu a presidência da Republica em agosto de 1954 ate
novembro de 1955, por ocasião do suicido de Getúlio Vargas.
1.8. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Em nosso penúltimo local de visita, passamos em frente à Igreja Nossa
Senhora do Rosário dos Pretos, pode-se notar que é uma igreja pequena e
simples. Ela esta situada no Largo do Rosário, s/n cidade Alta, com vista para o
Rio Potengi e para a Pedra do Rosário (local onde se encontrou a imagem da
Santa Padroeira da cidade). Esta Igreja, também é o mais antigo templo católico
de Natal capital do Rio Grande do Norte, depois da Igreja Matriz. Sua construção
foi concluída em 1774 e sua inauguração foi em Julho deste mesmo ano.
O professor fez alguns comentários em relação à história desta Igreja,
destacando que ela foi construída pelos negros escravos, devotos de Nossa
Senhora do Rosário, pois não era permitido que os negros frequentassem a
mesma Igreja dos brancos. Este espaço religioso permitiu e incentivou os
escravos a organizarem as suas irmandades religiosas se colocando sob a
proteção de nossa senhora do Rosário.
O docente também fez alguns comentários sobre à casa da Viúva
Machado que fica próxima a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Ele
argumentou que surgiu um boato na cidade onde diziam que ela oferecia doces às
crianças e depois, arrancava os seus fígados para comer. Até hoje a história da
Casa da Viúva Machado é comentada nacionalmente como uma lenda urbana.
Atualmente, filhos e sobrinhos residem e cuidam da mansão, mas não dão
declarações sobre o caso. Maria Amélia Machado ( a viúva Machado) faleceu
faltando apenas 11 dias para completar seus 100 anos de vida.
1.9. Praça das Mães
A Praça das Mães Martha Salem que fica localizada em um Logradouro
localizado entre a avenida Câmara Cascudo e a rua Padre João Manoel, no Largo
Junqueira Aires, no bairro da Ribeira, foi o nosso ultimo ponto visitado. A praça
possui um grande painel assinado pelo artista potiguar Dorian Gray . Ao
chegar a este local, pode-se perceber que todos estavam visivelmente esgotados,
porém satisfeitos com os resultados obtidos através da aula de campo..
2.0. Avaliação
No sistema educacional existem diversos caminhos alternativos para
se construir o conhecimento. Acreditamos que a aula de campo é um desses
caminhos, pois, foi através dela que nós, docentes da disciplina O Ensino da
História no 1° grau II, conseguimos visualizar a teoria dentro da prática, e ainda,
dentro do nosso dia-a-dia. A interdisciplinaridade foi vista por todos que
participaram desta aula, no momento em que mediante a nossa reflexão sobre o
objeto indicado pelo professor, percebemos que existem diversos fatos históricos
importantes na nossa cidade (Natal-RN), que não são valorizados e percebidos no
nosso cotidiano. Desta forma, achamos que a aula de campo tornou-se um
atrativo integrador do conhecimento.
Além disso, a vivência promovida na aula nos fez compreender
que a atividade realizada em campo constitui-se como atividade de grande
relevância para a formação docente na medida em que fornece subsídios para
uma aula de campo, proporciona conhecimentos históricos a respeito da cidade e
sua fundação, permite observação a cerca das transformações e permanências
ocorridas na cidade, configura-se como uma aula motivadora ao fugir da aula
tradicional e dos livros, e reflete a adoção uma nova postura em relação ao
patrimônio histórico da cidade e a própria cidade após a vivência.
A percepção dos alunos para o mundo não depende apenas da teoria,
mas da relação dialética entre teoria e prática, por esse motivo avaliamos a aula
de campo como uma forma existencial de trazer a realidade para o aluno,
facilitando a visualização e assimilação de conceitos expostos de forma didática.
REFERÊNCIAS
AYRTON, José. In Da brejeira ao rabo de palha. Cooperativa dos Jornalistas de Natal Ltda. Natal 1986.
FEITOSA, L. Despertando a curiosidade do aluno através da problematização e projetos de aprendizagem. [s.d.]. Artigo (Mestranda, especialista em Educação). Universidade de Alcalá. Disponível em <http://www.webartigos.com/articles/30942/1/Despertando-a-curiosidade-do-aluno-atraves-da-problematizacao-e-projetos-de-aprendizagem/pagina1.html>. Acesso em: 06 junho de 2011.
MEMÓRIA viva. Disponível em:
<http://www.memoriaviva.com.br/drummond/verso.htm> Acesso em: 07 Junho de
2011.
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