RELAÇÃO ENTRE HABITAT FÍSICO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E RIQUEZA … · Obrigada pelo exemplo e...

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DÉBORA REIS DE CARVALHO RELAÇÃO ENTRE HABITAT FÍSICO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E RIQUEZA DE ESPÉCIES DE PEIXES EM IGARAPÉS DA REGIÃO DE SANTARÉM, PARÁ. LAVRAS – MG 2011

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DÉBORA REIS DE CARVALHO

RELAÇÃO ENTRE HABITAT FÍSICO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E RIQUEZA DE

ESPÉCIES DE PEIXES EM IGARAPÉS DA REGIÃO DE SANTARÉM, PARÁ.

LAVRAS – MG

2011

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DÉBORA REIS DE CARVALHO

RELAÇÃO ENTRE HABITAT FÍSICO, USO E OCUPAÇÃO DO SOL O E RIQUEZA DE ESPÉCIES DE PEIXES EM IGARAPÉS DA REGIÃO

DE SANTARÉM, PARÁ.

Monografia apresentada ao colegiado do curso de Ciências Biológicas, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas.

Orientador

Prof. Dr. Paulo dos Santos Pompeu

Co- orientador

MSc. Cecília Gontijo Leal

LAVRAS – MG

2011

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DÉBORA REIS DE CARVALHO

RELAÇÃO ENTRE HABITAT FÍSICO, USO E OCUPAÇÃO DO SOL O E RIQUEZA DE ESPÉCIES DE PEIXES EM IGARAPÉS DA REGIÃO

DE SANTARÉM, PARÁ.

Monografia apresentada ao colegiado do curso de Ciências Biológicas, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas.

APROVADA em 01 de dezembro de 2011.

Dr. Paulo dos Santos Pompeu UFLA

Dr. Júlio Neil Cassa Louzada UFLA

MSc. Cecília Gontijo Leal UFLA

Dr. Paulo dos Santos Pompeu

Orientador

LAVRAS-MG

2011

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Dedico este trabalho aos meus pais, Benito e Norma, como forma de agradecimento por todo o carinho e dedicação. O empenho de vocês me trouxe até aqui e o amor que sinto por vocês é o meu maior incentivo para seguir em

frente

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AGRADECIMENTOS

Foram tantas as pessoas que ajudaram em minha formação, me sinto tão

grata que não sei se saberei expressar toda a minha gratidão em palavras.

Primeiramente agradeço a Deus por ser meu alicerce e por ser minha

companhia inseparável. Agradeço pelo seu amor e por sua proteção.

A Universidade Federal de Lavras, por todo o apoio durante a graduação

e por ser essa grande instituição de ensino onde terei orgulho em me formar!

Agradeço ao meu professor e orientador, Paulo Pompeu, pela dedicação

e pela oportunidade. Agradeço por confiar em mim e pelo incentivo em

continuar seguindo nessa profissão. Obrigada pelo exemplo e por tudo que

aprendi e ainda irei aprender sob sua orientação. Sua criatividade, competência,

ética e alegria em ensinar são características que terei sempre como exemplo.

Agradeço a minha querida “co-orientadora” Ciça, não consigo imaginar

o que seria de mim sem você. Obrigada pela paciência e pelos ensinamentos

(que foram muitos). Obrigada por ser mais do que uma orientadora, mas sim

uma amiga. A sua ajuda, a sua ENORME paciência e a sua dedicação em me

ensinar fizeram desse trabalho, o nosso trabalho. Obrigada por todas as

oportunidades e por todo apoio !!

Agradeço aos meus pais, Benito e Norma, pelo exemplo, pelo amor

incondicional, pela dedicação, pela educação e por sempre estarem presentes.

Agradeço pelo imenso carinho, pelo incentivo e por não me deixarem desanimar

perante os obstáculos. O amor que tenho por vocês foi e sempre será o meu guia

em todas as minhas decisões e atitudes. Agradeço as minhas irmãs, Jacqueline e

Mariana, ambas com maneiras diferentes de demonstrar seu amor e carinho.

Jacqueline pela sabedoria e pelas palavras que sempre chegavam na hora que eu

mais precisava. Mariana pela maneira tímida de demonstrar seu carinho, mas

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sempre me mostrando que além de irmãs, somos amigas. Agradeço a todos os

familiares que me encorajaram e apoiaram durante todo esse percurso.

Agradeço a todos os amigos do laboratório de ictiologia. Obrigada por

me receberem tão bem e por me mostrarem como é bom trabalhar com peixes.

Lelê, Fábio, Lud, Ciça, Miriam, Yumi, Nara, Ivo, Sarah, Rafael, Tatau, Nina,

Dani, Lucas, Marcela, Igor, Marcos e Alexandre obrigada pela convivência e por

fazerem do laboratório um ótimo ambiente de trabalho. Em especial aos pós-

graduandos Miriam, Yumi, Ciça, Fábio, Lelê e Nara. Obrigada por me ajudarem

sempre que precisei. Ao Fábio, pelo enorme aprendizado nas coletas em lagoas,

obrigada pela paciência em me ensinar tudo com tanta calma. Obrigada Miriam,

por tantas dicas e pela ajuda às vezes em pequenos detalhes, como um artigo, ou

uma tabela, mas que fizeram toda a diferença. Obrigada Yumi e Nara e Lelê

pelos conselhos!!

Não poderia deixar de agradecer minha companheira Tatau!! Obrigada

por dividir as dúvidas, os desesperos, a ansiedade (e quanta ansiedade)!!

Agradeço também a equipe aquática das coletas na Amazônia. Obrigada

pelo empenho e por cederem os dados presentes em minha monografia.

Agradeço a FURNAS e CEMIG pela concessão das bolsas de iniciação

científica. Ao CNPq , a EMBRAPA e ao “THE NATURE CONSERVANCY”

pelo apoio financeiro ao projeto “Sustentabilidade dos Usos da Terra na

Amazônia Oriental”.

Agradeço ao prof. Júlio Louzada pela disponibilidade em participar da

banca de avaliação da monografia e ajudar neste trabalho.

Obrigada a todos da turma 2007/01 pelo companheirismo, pela amizade

e por fazerem destes anos, anos inesquecíveis. Em especial a Lilian e Faela,

vocês duas estarão nas melhores lembranças. Cada uma com sua maneira

“completamente diferente” de ser fizeram de um trio uma amizade única. Foram

TANTOS momentos, tantas histórias que estarão sempre nas melhores

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lembranças de todo o período da graduação. Tenho certeza que cada uma tomará

seu rumo, mas que nossa amizade será para sempre.

Obrigada a minhas amigas de infância!! Vocês são as melhores amigas

que alguém pode escolher. Mesmo longe, sempre estiveram presentes em cada

conquista!! Obrigada por existirem!!

Agradeço a todos os professores da biologia, em especial aos da

ecologia que me cativaram e me fizeram escolher da ecologia uma profissão, o

meu futuro!! São vocês que eu vejo como referência e espero aplicar tais

ensinamentos da melhor maneira possível.

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RESUMO

As características físicas de ambientes aquáticos, que incluem a mata ciliar, as características do canal, a diversidade de microhabitats, os parâmetros físico-químicos da água, além do uso e ocupação do solo, desempenham um papel importante na determinação da estrutura de comunidades de peixes. Com objetivo de avaliar as relações entre o habitat físico, uso e ocupação do solo e

riqueza de espécies de peixes foram estudados 45 igarapés de 1ª, 2ª e 3ª ordens, da região de Santarém, Pará. Tais igarapés foram categorizados visualmente em campo como “referência”, “intermediário” ou “degradado” e tiveram um comprimento amostral de 150 metros onde foi aplicado o protocolo de avaliação de riachos e foi feita a amostragem da ictiofauna. No total, foram registradas 76 espécies de peixes, não sendo possível observar uma estabilização das curvas de acumulação de espécies para cada categoria de integridade. A riqueza em espécies de peixes não apresentou diferença entre as três categorias de integridade. A integridade dos igarapés apresentou uma relação com as variáveis de habitat físico e uso do solo sugerindo que a classificação visual feita em campo condiz com as variáveis apresentadas. As variáveis de habitat físico também foram responsáveis por um gradiente de distribuição entre as três categorias, sendo a categoria “degradado” a que mais se diferenciou. Não foi possível observar um padrão de distribuição das espécies de acordo com as variáveis do hábitat físico e das categorias de integridade. Os resultados obtidos reforçam a complexidade e a dificuldade na escolha de parâmetros que expliquem a composição de uma comunidade de peixes. A escolha de poucas variáveis do habitat físico ou até mesmo das categorias de integridade biótica podem não ser suficientes para explicar a riqueza de espécies de peixes em igarapés Amazônicos.

Palavras-chave: Categorias de integridade. Protocolos de avaliação. Ictiofauna. Impacto antrópico. Gradiente de distribuição.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 9 2 OBJETIVOS ................................................................................ 11 3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................... 11 3.1 Área de estudo ............................................................................. 11 3.2 Coleta de dados ............................................................................ 12 3.2.1 Amostragem da ictiofauna........................................................... 14 3.2.2 Caracterização do habitat físico .................................................. 15 3.3 Análise dos dados ......................................................................... 19 4 RESULTADOS ............................................................................ 20 5 DISCUSSÃO ................................................................................ 30 6 CONCLUSÃO ............................................................................. 34 REFERÊNCIAS .......................................................................... 35 ANEXOS ...................................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

Rios, lagos e inúmeros riachos de pequeno porte (também conhecidos

como igarapés) são responsáveis por formar a extensa rede de drenagem da

bacia do rio Amazonas. Entre as características mais comumente encontradas na

maioria dos riachos amazônicos estão as águas ácidas, saturadas de oxigênio e

pobres em nutrientes (MENDONÇA, 2010).

Estudos constatam que a Amazônia possui a mais rica ictiofauna de água

doce do planeta, mas seus igarapés são sistemas aquáticos com uma baixa

produção biológica (GOULDING et al.,1988). Um dos principais contribuintes

como fonte de energia para o ecossistema aquático é a floresta ripária

(BELTRÃO, 2009) o que faz com que a cadeia alimentar dos ambientes

aquáticos seja dependente do material alóctone proveniente da camada vegetal

circundante (GOULDING et al., 1988). Desta forma, as condições do habitat

físico podem ter grande influência na estrutura biótica e na organização dentro

dos sistemas aquáticos (MUGODO, 2006; ROTH 1996), podendo refletir nas

comunidades tanto de macroinvertebrados bentônicos (CALLISTO et al., 2001),

quanto de peixes (CASATTI, 2006; GORMAN & KARR, 1978).

Os corpos d’água sofrem diretamente as consequências das ações em seu

entorno, sendo suas características, os reflexos da ação do homem (CALLISTO,

2001). A pecuária tornou-se a forma mais difundida de uso do solo na Amazônia

brasileira (FEARNSIDE, 2006; VIEIRA, 2008). Mas as culturas anuais e

perenes, a extração mineral, o corte da floresta para extração de madeira e

produção de carvão se incluem nas formas mais presentes de utilização da terra,

assim como a área urbana que está em crescente expansão com o aumento

populacional (FEARNSIDE, 1983, 2006). A crescente implantação de tais

atividades pode ser a explicação do aumento contínuo do desmatamento na

Amazônia brasileira desde 1991 (FEARNSIDE, 2006). Podem-se citar também

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os projetos rodoviários planejados, tais como a reconstrução de rodovias, como

agentes do desmatamento, pois implicam na abertura de grandes áreas de

floresta (FEARNSIDE, 2006; VIEIRA, 2008).

Os estudos da relação entre hábitat físico e comunidades aquáticas vêm

ganhando espaço nas últimas décadas (GORMAN & KARR, 1978; SNYDER et

al., 2003). Os efeitos das características do habitat físico vêm sendo

correlacionados principalmente com as comunidades de peixes (GORMAN &

KARR, 1978; KARR, 1981; ANGEMEIER, 1998; MENDONÇA, 2005;

FERREIRA & CASATTI, 2006; MUGODO, 2006; CASATTI, 2006, 2009) e

invertebrados bentônicos (CALLISTO, 2001).

O programa de monitoramento e avaliação ambiental (EMAP -

Environmental Monitoring and Assessment Program) permite aos pesquisadores

calcular e avaliar a utilidade de métricas que resumem os dados obtidos em

campo a partir da aplicação dos protocolos (KAUFFMAN et al., 1999). As

métricas derivadas dos dados de campo podem ser utilizadas para interpretar

padrões regionais e tendências temporais nas condições de habitat e associações

com dados biológicos (KAUFFMAN et al., 1999) como por exemplo, riqueza de

espécies de peixes ou invertebrados aquáticos. A utilidade de algumas métricas

pode variar em escala regional devido às diferenças geográficas e faunísticas,

independentemente dos tipos de degradação presentes no ambiente estudado

(ANGERMEIER & KARR, 1986).

Comunidades de peixes em pequenos riachos são bons fornecedores de

dados para examinar a influência relativa dos fatores locais e regionais sobre a

diversidade de espécies (ANGEMEIER, 1998). Características do habitat, a

influência da sazonalidade, a dinâmica das condições físico-químicas e os graus

de perturbação do ambiente, são fatores que permitem um maior entendimento

dos padrões da comunidade de peixes de riacho (GORMAN & KARR, 1978).

Desta forma, informações sobre as caracteristicas do habitat físico podem ser

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úteis para detectar diferentes padrões de distribuição das espécies, com base em

suas necessidades de habitat (GORMAN & KARR, 1978), assim como o uso do

solo que tem grande influência sobre os ecossistemas aquáticos (ALLAN, 2004).

2 OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo principal avaliar a relação entre habitat

físico, uso e ocupação do solo e riqueza de espécies de peixes em igarapés

amazônicos da região de Santarém, Pará. Desta forma, pretendeu-se responder

as seguintes perguntas:

• A integridade dos igarapés, quando avaliada visualmente, se reflete nas

variáveis de habitat físico e está relacionada com o tipo de uso do solo?

• Os gradientes sugeridos pelo habitat físico e pelo uso e ocupação do solo

são congruentes?

• Variáveis de habitat físico e da paisagem explicam a riqueza de espécies

de peixes?

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O estudo foi realizado na bacia do rio Tapajós, em uma região da

Amazônia Oriental. A bacia está localizada na Mesorregião Sudoeste Paraense,

sua extensão é de aproximadamente 221.992,977 Km2, totalizando 17,7% da

área territorial do estado do Pará. A bacia do rio Tapajós está inserida nos

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municípios de Itaituba, Rurópolis, Trairão, Aveiro, Juruti, Jacaréacanga, Novo

Progresso, Belterra e Santarém (SECTAM, 2011). O rio Tapajós, afluente da

margem direita do rio Amazonas, tem 851 Km de extensão. Sua foz, junto a

cidade de Santarém, está a cerca de 950 Km de Belém e 750 Km de Manaus

(AHIMOR, 2011).

O trabalho de campo foi realizado em 45 igarapés de 1ª, 2ª e 3ª ordens

(STRAHLER, 1957) da bacia do rio Tapajós localizados na região do município

de Santarém, Pará. Estes pontos foram selecionados de forma a contemplar a

área de estudos do projeto “Sustentabilidade dos Usos da Terra na Amazônia

Oriental” e também os diferentes usos do solo da região. Em cada igarapé, um

trecho de 150 m foi subdividido em 10 seções de 15 m, separadas por 11

transectos.

3.2 Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em julho e agosto de 2010. Em campo,

cada igarapé foi visualmente classificado como referência (Figura 1),

intermediário (Figura 2) ou degradado (Figura 3), no que se refere à sua

integridade biológica. Para tal classificação, indicativos da presença da atividade

humana e o aspecto físico de cada igarapé, foram levados em conta.

Para avaliar o uso e ocupação do solo na área de estudos, foram

utilizados mapas detalhados (GIS) consistindo em uma fusão entre imagens do

Landsat e Palsar, com uma resolução de aproximadamente 8 metros. A partir dos

mapas, foi possível estimar a porcentagem de área urbana, floresta, agricultura e

pasto na área de drenagem (delimitada a partir do modelo de relevo e

considerando toda a região a montante do ponto) de cada igarapé amostrado.

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Figura 1 Igarapé classificado como referência de acordo com sua integridade

biótica, bacia do rio Tapajós, Santarém, PA.

Figura 2 Igarapé classificado como intermediário de acordo com sua integridade

biótica, bacia do rio Tapajós, Santarém, PA.

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Figura 3 Igarapé classificado como degradado de acordo com sua integridade

biótica, bacia do rio Tapajós, Santarém, PA.

3.2.1 Amostragem da ictiofauna

Os peixes foram capturados com peneira de tela mosquiteira (80 cm de

diâmetro, 1 mm de malha) e rede de arrasto (3 m de comprimento, 5 mm de

malha). A utilização destes petrechos de pesca seguiu as características e

possibilidades de amostragem de cada igarapé. O esforço amostral foi

padronizado pelo número de pessoas e tempo de amostragem. Assim, três

pessoas coletaram durante 12 minutos por seção, totalizando 2 horas por igarapé.

Os exemplares capturados em cada seção, após terem sido anestesiados em

Eugenol, foram guardados em sacos etiquetados e fixados em solução de formol

10%. Em laboratório, foram identificados taxonomicamente e, posteriormente,

conservados em álcool 70%.

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3.2.2 Caracterização do habitat físico

Os dados de habitat foram obtidos a partir da aplicação de protocolos de

avaliação de riachos de acordo com a metodologia descrita por Lazorchak et al.

(1998) como segue abaixo.

Seção transversal: cada transecto foi dividido em cinco pontos equidistantes

(margem esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e margem direita)

onde foram obtidos dados referentes às seguintes variáveis (Figura 4, ANEXO

A):

- Substrato, profundidade e imersão:

Avaliado no ponto inicial de cada seção e no quinto transecto dentro de

cada seção, recebe classificação visual (siglas) de acordo com sua classe de

tamanho: rocha (lisa e rugosa); concreto/asfalto; matacão; bloco; cascalho

(grosso e fino); areia; silte/argila/lama; argila consolidada; banco de folhas;

serrapilheira fina; algas; macrófitas; raízes finas da mata ciliar; madeira e outros.

Em seguida, a profundidade do canal (em cada um dos cinco pontos do

transecto) e a imersão do substrato em sedimento fino (menor que 2 mm)

também são avaliadas.

- Abrigo para peixes:

Esta avaliação qualitativa é feita em cada transecto considerando uma

área 5 m a montante e 5 m a jusante do mesmo. Desta forma, valores de 0 a 4

são dados de acordo com a presença ou ausência de abrigo para peixes. Sendo

atribuído o valor “0” (zero) quando não houver abrigo, “1” (< 10 %) quando

forem presentes, mas esparsos, “2” (10 – 40%) em uma quantidade moderada,

“3” (40 – 75%) grande quantidade e “4” (> 75%) em uma quantidade muito

grande. As categorias de abrigo se dividem em: algas filamentosas; plantas

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aquáticas; madeira grande ; madeira pequena ; árvores vivas ou raízes; banco de

folhas; vegetação pendurada (≤ 1m da superfície); margem escavada; e matacão.

- Zona ripária:

A caracterização qualitativa da zona ripária é feita a partir da

visualização de uma área de 10m2 em cada margem no entorno do transecto. A

zona ripária é classificada de 0 a 4 (mesmas categorias usadas para a avaliação

do obrigo para peixes) de acordo com as categorias de 0 a 4. Os extratos da

vegetação avaliados dentro da zona ripária são: dossel (> 5m de altura) dividido

em árvores grandes (> 0,30m DAP) e árvores pequenas (< 0,30m DAP); sub-

bosque (0,5 a 5m de altura) dividido em arbustos lenhosos e mudas e ervas sem

tronco lenhoso e gramíneas; e vegetação rasteira (< 0,5 m de altura) divididos

em arbustos lenhosos e mudas, ervas sem tronco lenhoso e gramíneas e solo sem

cobertura vegetal e/ou serapilheira.

- Medidas da margem:

As medidas referentes à largura molhada (também obtida no quinto

transecto), largura das barras do canal (se houver), largura do leito sazonal,

altura do leito sazonal e altura da incisão são obtidas em cada transecto. O

mesmo ocorre quando é notada a presença de margem escavada em alguma das

margens. O ângulo de ambas as margens também é mensurado com o uso do

clinômetro.

- Cobertura do dossel no canal:

As medidas da cobertura do dossel no canal são obtidas utilizando o

densiômetro. Tal medida é feita seis vezes em cada transecto: centro direita,

centro esquerda, centro montante, centro jusante, e próximo às margens direita e

esquerda.

- Influência humana:

Os diferentes tipos de influência humana são avaliados qualitativamente

em ambas as margens na mesma área onde é feita a avaliação da zona ripária. As

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categorias de influência humana muro/dique/canalização/gabião/barramento;

construções; estrada calçada ou cascalhada; rodovias/ ferrovia; canos

(captação/descarga); entulho/lixo; parque/gramado; plantação de grãos;

pastagem/campo de feno; silvicultura/desmatamento e mineração são

classificados como: “0” quando ausente; “P” quando presentes a mais de 10

metros do curso d’água, “C” quando presente a menos de 10 metros e “B”

quando presente nas margens.

Figura 4 Representação esquemática da metodologia de amostragem da seção

transversal segundo Kauffman, 1999.

Perfil longitudinal: para avaliar aspectos hidráulicos e geomorfológicos do

canal, foram feitas 10 medidas no sentido longitudinal, entre cada transecto, das

variáveis abaixo detalhadas (Figura 5, ANEXO B):

- Tipo de fluxo do canal classificado como “GL” fluxo suave, “RI”

corredeira, “RA” rápido, “CA” cascata, “FA” queda e “DR” quando o canal

estiver seco.

- Presença/ausência de sedimentos pequenos (< cascalho).

- Profundidade do talvegue (local de maior profundidade)

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- Presença de madeira dentro e sobre o canal, classificadas de acordo

com seu diâmetro e comprimento.

Figura 5 Representação esquemática da metodologia de amostragem do perfil

longitudinal segundo Kauffman, 1999.

Vazão: calculada a partir do método do “objeto flutuante”. Desta forma, três

transectos são marcados e em cada um foram medidos: largura e cinco

profundidades em pontos equidistantes de uma margem a outra. Em seguida, um

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objeto flutuação neutra é lançado na água e o tempo gasto para percorrer uma

distância (do primeiro transecto até o terceiro) é marcado. Esse processo foi

repetido três vezes, lançando o objeto na margem esquerda, no centro e na

margem direita (ANEXO C).

Dados físico-químicos da água: Os valores de potencial hidrogeniônico (pH),

condutividade (µS/cm), oxigênio dissolvido (mg/l) e total (%) e temperatura

(°C) foram obtidos através de aparelhos eletrônicos portáteis.

3.3 Análise dos dados

A partir dos dados de habitat físico, foram calculadas diversas métricas

segundo Kauffman (1999). As métricas avaliadas nas análises estatísticas

descritas a seguir foram: presença de impacto antrópico; porcentagem de

substrato fino; presença de abrigo para peixes, assim como as categorias de

abrigo; porcentagem da cobertura do canal obtida pelo densiômentro; zona

ripária (porcentagem de dossel, sub-bosque e vegetação rasteira); volume de

madeira no canal; parâmetros físico-químicos da água (condutividade, nitrato,

fosfato, temperatura); vazão; profundidade média; largura molhada média; e

porcentagem de cada categoria de substrato.

A matriz de correlação de Pearson foi utilizada como análise

exploratória para avaliar as correlações entre a riqueza e as variáveis utilizadas.

As diferenças entre as variáveis de habitat físico e uso do solo e as categorias de

integridade foram testadas por meio de análise de variância (ANOVA), pelo

programa Statistica 6.0 (STATSOFT, 2001). Para testar a hipótese nula de

igualdade de variância o teste F de Levene. Para os dados não normais, foi

utilizado o teste de Kruskal-Wallis.

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Foi gerada uma curva de acumulação de espécies em função do aumento

do esforço amostral pelo programa EstimateS, sendo o gráfico com a riqueza

observada em igarapés referência, intermediários e degradados gerado no

programa Statistica 6.0 (STATSOFT, 2001).

A distribuição das categorias de integridade biótica de acordo com as

variáveis do habitat físico foi obtida a partir da análise dos componentes

principais (PCA), que permite avaliar diversas variáveis simultaneamente. Em

seguida, foi aplicada uma análise da função discriminante (DFA) passo-a-passo

Backward. Este método é utilizado para determinar quais variáveis discriminam

entre dois ou mais grupos. Ambas as análises foram realizadas pelo programa

Statistica 6.0 (STATSOFT, 2001).

Modelos para tentar explicar as diferenças entre a composição de

espécies da comunidade de peixes e as variáveis do habitat físico e de uso do

solo foram gerados pelo modelo linear sobre matriz de distância (DistLM) pelo

programa Primer 6 & Permanova + (ANDERSON, 2008). Para avaliar cada

grupo de variáveis (parâmetros físico-químicos da água; uso do solo; morfologia

do canal; cobertura vegetal; habitat físico) separadamente foi utilizado o método

Best, e para avaliar todos os grupos em conjunto foi utilizado o método Step

Wise (ANDERSON, 2001, 2004, 2008).

Pelo programa Primer 6.0 & Permanova +, foi utilizado o

escalonamento multidimensional não métrico (NMDS) com índice de distância

de Bray-Curtis para ordenar as variáveis em função da composição em espécies.

4 RESULTADOS

As variáveis que sugerem uma diferença significativa entre as categorias

de integridade foram: presença de impacto (F(2,42) = 10,104; p = 0,01),

porcentagem de substrato fino (F(2,42) = 3,55; p = 0,03), volume de madeira

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(F(2,42) = 9,015; p = 0,01), cobertura do canal (F(2,42) = 30,416; p = 0,01) e

integridade do dossel na zona ripária (F(2,42) = 19,749; p = 0,01) (Figura 6).

Um maior impacto foi observado em igarapés degradados, seguidos por igarapés

intermediários e referência. A porcentagem de substrato fino também foi maior

em igarapés degradados, seguidos por igarapés referência e intermediários. Já a

cobertura vegetal (cobertura do canal e zona ripária) e o volume de madeira

acompanharam o gradiente de integridade.

Não houve diferença significativa entre as categorias de integridade

tanto para a riqueza de espécies (avaliada nas três ordens separadamente e

também em conjunto) quanto para os valores de fosfato (Figura 6). Outras

variáveis (condutividade, nitrato, vazão, largura molhada, profundidade,

categorias de substrato e abrigo) não apresentaram diferença entre as categorias

de integridade.

REF INT DEG0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Riq

ueza

(1°

ord

em)

REF INT DEG2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Riq

ueza

(2°

ord

em)

INT DEG0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Riq

ueza

(3°

ord

em)

REF INT DEG0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Riq

ueza

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Figura 6 Boxplot categorias de Integridade x variáveis do habitat físico dos igarapés Amazônicos, Santarém-PA. Média = ; Desvio padrão = □; Máximo e mínimo = I.

Das variáveis de uso do solo, área urbana (F(2,42) = 6,483; p = 0,01),

floresta (F(2,42) = 3,668; p = 0,03) e pasto (F(2,42) = 7,366; p = 0,01) foram

diferentes entre as categorias de integridade (Figura 7). A presença de

REF INT DEG

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

Fos

fato

REF INT DEG0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

%Im

pact

o

REF INT DEG0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

% S

ubst

rato

fino

REF INT DEG

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

Mad

eira

REF INT DEG0

20

40

60

80

100

120

Cob

ertu

ra d

o ca

nal

REF INT DEG0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Dos

sel (

zona

rip

ária

)

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agricultura (F(2,42) = 0,023; p = 0,97) não se mostrou diferente entre as três

categorias.

Figura 7 Boxplot das categorias de integridade x categorias de uso do solo encontrados na região próxima aos igarapés amostrados em Santarém-PA. Média = Desvio padrão = □; Máximo e mínimo = I

Um total de 76 espécies de peixes foi coletado nos 45 igarapés

amostrados. A curva de acumulação de espécies demonstrou que os igarapés não

apresentaram uma tendência à estabilização, principalmente a curva dos igarapés

degradados (Figura 8). Das variáveis correlacionadas com a riqueza,

condutividade (-0,37), vazão (0,37), profundidade (0,55), largura molhada

(0,46), madeira pequena como forma de abrigo (0,40) e porcentagem de madeira

como substrato (0,30) foram significativas.

REF INT DEG-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

Áre

a ur

bana

REF INT DEG0

20

40

60

80

100

120

Flo

rest

a

REF INT DEG-10

0

10

20

30

40

50

60

Pas

to

REF INT DEG-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

Agr

icul

tura

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Figura 8 Riqueza de espécies de peixes observada (OBS) em igarapés referência, intermediários e degradados da região de Santarém, PA.

O primeiro e o segundo eixos da PCA foram responsáveis por 39,75%

da variância dos dados de habitat físico. As contribuições das variáveis aos eixos

desta análise mostram que o primeiro eixo foi influenciado negativamente pela

cobertura vegetal (dossel da margem e do canal e dossel da zona ripária) e pelo

volume de madeira, mas foi positivamente influenciado pela temperatura. O

segundo eixo, responsável por 14% da distribuição, teve maior contribuição

negativa da zona ripária (sub-bosque e rasteira) e foi positivamente influenciado

principalmente pela largura molhada e pela vazão (Tabela 1).

Igarapés

Riq

ueza

obs

erva

da

ReferênciaIntermediárioDegradado

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 230

10

20

30

40

50

60

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Tabela 1 Contribuição das variáveis aos dois primeiros componentes do PCA para igarapés amazônicos da região de Santarém, PA. Variáveis que mais influenciaram (positivamente ou negativamente) estão em negrito. Valores menores que 0,3 estão demonstrados como + ou - de acordo com a sua influência nos eixos da PCA.

Variáveis Eixos

PC1 .PC2 % Impacto 0,53 0,3 % Substrato Fino + + % Dossel canal (densiômetro) -0,83 -0,35 % Dossel margem (densiômetro) -0,86 - Dossel (Zona ripária) -0,81 - Sub-Bosque (Zona ripária) 0,36 -0,69 Rasteira (Zona ripária) 0,4 -0,64 Condutividade + + Nitrato + - Fosfato + -0,34 Volume madeira -0,7 + Vazão - 0,56 Temperatura 0,6 + Profundidade - 0,37 Largura molhada -0,4 0,57 Abrigo total -0,52 -

Autovalor 4,12 2,24

% Explicação 25,75 14 Explicação Acumulada 25,75 39,75

A distribuição das categorias de integridade biótica nos dois primeiros

eixos da PCA mostra que estas apresentam um gradiente de integridade, sendo

evidente a sobreposição dos igarapés intermediários com os demais (Figura 9).

A análise da função discriminante sugeriu que pelo menos uma das categorias é

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diferente das demais (Wilk’s λ=0,381; F (2,42) = 34,02; p = 0,01). Desta forma as

categorias referência e intermediário não diferiram, já a categoria degradado foi

diferente quando comparada as outras duas. A análise também sugere a

porcentagem de dossel das margens como a única variável importante para a

separação das categorias.

Figura 9 Gradiente de hábitat físico obtido através da análise dos componentes principais para igarapés amazônicos da região de Santarém, PA, classificados nas categorias de integridade. Referência, intermediário e degradado.

O modelo sugerido pelo DistLM para os parâmetros físico-químicos da

água considera as variáveis condutividade, fosfato e temperatura, as melhores

para explicar a composição da comunidade de peixes. Ainda assim, este modelo

seria capaz de explicar 3,8% da variação dos dados (Tabela 2). Para os demais

grupos de variáveis, uso do solo, morfologia do canal, cobertura vegetal e

PC1: 25,75%

PC

2: 1

4,00

%

ReferênciaDegradadoIntermediário

-4 -2 0 2 4 6 8-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

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habitat-físico nenhuma variável foi excluída dos modelos gerados. Nestes casos,

a explicação acumulada de cada modelo foi de 3,6%, 6,5%, 4,0% e 6,2%

respectivamente.

Tabela 2 DistLM dos grupos dos parâmetros físico-químicos da água, uso do solo, morfologia do canal, cobertura vegetal e habitat físico analisados separadamente.

Parâmetros físico-químicos da água

Variável p R2 Correlação dbRDA1

1 Condutividade 0,133 0,031 0,623 2 Fosfato 0,214 0,028 -0,343 3 Nitrato 0,491 0,022

4 Temperatura 0,021 0,033 -0,703 Modelo

Variáveis: 1,2 e 4 R2= 0,103 R2 ajustado= 0,0379 dbRDA1

Eixo 1: %variação= 56,52 % da variação de espécies = 5,85 Uso do solo

Variável p R2 Correlação dbRDA1

1 Agricultura 0.109 0.032 -0.608 2 Área Urbana 0.015 0.047 -0.654 3 Floresta 0.343 0.024 0.250 4 Pasto 0.188 0.028 -0.374 Modelo

Variáveis: 1,2,3 e 4 R2= 0,124 R2 ajustado= 0,036 dbRDA1

Eixo 1: %variação= 48,36 % da variação de espécies = 6 Morfologia do canal

Variável p R2 Correlação dbRDA1

1 Profundidade 0,002 0,063 -0,829 2 Largura molhada 0,001 0,058 -0,553 3 Vazão 0,067 0,028 -0,082 Modelo

Variáveis: 1,2 e 3 R2= 0,128 R2 ajustado= 0,065 dbRDA1

Eixo 1: %variação= 64,44 % da variação de espécies = 8,3

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Cobertura vegetal

Variável p R2 Correlação dbRDA1

1 Cobertura (canal) 0,318 0,024 0,476 2 Cobertura (margem) 0,513 0,021 -0,543 3 Dossel (zona ripária) 0,275 0,026 0,573 4 Sub-bosque (zona riparia) 0,218 0,028 0,072 5 Rasteira (zona ripária) 0,602 0,019 0,161 Modelo

Variáveis: 1,2,3,4 e 5 R2= 0,148 R2 ajustado= 0,039 dbRDA1 Eixo 1: %variação= 37,94 % da variação de espécies = 5,65

Habitat Físico

Variável p R2 Correlação dbRDA1

1 Raiz 0,006 0,046 0,234 2 Planta aquática 0,097 0,032 0,419 3 Substrato fino 0,152 0,031 0,449 4 Abrigo total 0,019 0,041 0,641 5 Impacto total 0,138 0,029 0,323 6 Volume de madeira 0,107 0,032 -0,228 Modelo

Variáveis: 1,2,3,4,5 e 6 R2= 0,190 R2 ajustado= 0,062 dbRDA1

Eixo 1: %variação= 33,95 % da variação de espécies = 6,46

Quando testadas em conjunto, das 22 variáveis 15 foram selecionadas

pelo modelo, totalizando um percentual de cerca de 20% de explicação

acumulada (R2 ajustado = 0,22) (Tabela 3).

Tabela 3 DistLM dos grupos dos parâmetros físico-químicos da água, uso do solo, morfologia do canal, cobertura vegetal e habitat físico analisados em conjunto.

Todas variáveis Variáveis

selecionadas p R2 adj. Prop. Acum. correlação dbRDA1

1 Profundidade 0,002 0,041 0,063 0,063 -0,541

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Na análise de similaridade dos pontos, obtida pelo NMDS (estresse =

0,2), a composição das espécies não apresentou um padrão de distribuição

congruente quando categorizados de acordo com a integridade biótica dos

igarapés (Figura 10).

2 Volume de madeira 0,025 0,060 0,039 0,103 0,199 3 Largura Molhada 0,011 0,082 0,041 0,144 -0,406 4 Raiz 0,016 0,102 0,039 0,183 -0,212 5Área urbana 0,03 0,120 0,036 0,220 -0,135 6 Vazão 0,019 0,137 0,034 0,254 0,163 7 Condutividade 0,014 0,158 0,038 0,292 0,198 8 Substrato fino 0,077 0,170 0,028 0,321 -0,228 9 Temperatura 0,172 0,178 0,024 0,346 -0,044 10 Floresta 0,198 0,184 0,023 0,369 0,271 11 Nitrato 0,256 0,188 0,022 0,391 -0,131 12 Cobertura margem 0,223 0,195 0,022 0,414 -0,117 13 Cobertura canal 0,143 0,205 0,025 0,440 0,020 14 Abrigo total 0,186 0,214 0,024 0,464 -0,359 15 Fosfato 0,388 0,215 0,019 0,483 0,293

Modelo Variáveis: 1 a 15 R2= 0,483 R2 ajustado = 0,215

dbRDA Eixo 1: % variação = 24,3 % da variação de espécies = 11,74

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Figura 10 Padrão de similaridade da composição espécies de peixes sugerido pelo NMDS para igarapés amazônicos da região de Santarém, PA, categorizados em termos da sua integridade biótica.

5 DISCUSSÃO

O hábitat físico pode ser considerado um dos principais fatores

responsáveis pela abundância e diversidade da biota aquática (GORMAN &

KARR, 1978). Entre as variáveis do habitat físico que apresentaram uma

correlação com a integridade dos igarapés, a variável impacto antrópico mostrou

um padrão esperado de maior presença em igarapés degradados, fato que

NMDS1

NM

DS

2

ReferênciaIntermediárioDegradado

-2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

-1.77

-1.31

-0.91

-0.68

-0.44

-0.17

0.07

0.34

0.68

0.91

1.17

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confirma a classificação em campo. O mesmo aconteceu com a cobertura do

canal e dossel que declinou com o aumento da degradação do ambiente.

Em algumas áreas agrícolas e urbanas, as fontes de madeira e a

capacidade de retenção dos riachos são alteradas por diferentes práticas, como

pastagens, uso do solo, desmatamento ou remoção da mata ciliar, dragagem e

canalização (JOHNSON et al., 2006). No presente estudo foi notável uma maior

presença de madeira em igarapés referência, o que pode ser explicado pela

presença de zona ripária. Os resíduos lenhosos de diferentes tamanhos

depositados pela zona ripária podem aumentar a capacidade de retenção de

matéria orgânica e influenciar o fluxo do canal, além de servir como habitat,

substrato e alimento para invertebrados e insetos aquáticos (GREGORY, 1991).

A pequena variação no substrato fino nas três categorias de integridade pode ser

explicada pela uniformidade do substrato dos 45 igarapés amostrados na

Amazônia.

As categorias de uso do solo também apresentaram uma distribuição

esperada, sendo área urbana praticamente inexistente em igarapés referência. A

presença de pastagens também foi maior em igarapés degradados. As pastagens,

do ponto de vista químico, podem não oferecer tantos danos aos ambientes

aquáticos uma vez que não necessitam de adubação ou aplicação de pesticidas

em comparação a áreas agrícolas (FERREIRA & CASATTI, 2006). Por outro

lado, podem contribuir seriamente para o assoreamento dos cursos d’água por

levar a uma desestabilização e erosão das margens (WATERS, 1995). O uso do

solo para a prática de agricultura foi praticamente igual em todas as categorias

de integridade. Essa pode ser a explicação para o fosfato também não apresentar

uma variação significativa entre as categorias de integridade, uma vez que a

maior lixiviação de produtos químicos em áreas agrícolas está relacionada com a

presença de fosfato em ambientes aquáticos. O padrão da distribuição da

presença de floresta foi crescente a partir de igarapés considerados como

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referência. Em áreas florestadas, uma maior diversidade de espécies pode ser

esperada devido a uma maior diversidade de micro habitats associados com a

vegetação marginal (GREGORY et al., 1991).

A partir da análise feita pelo PCA pôde-se notar que as categorias de

integridade estão distribuídas em um gradiente, sendo as variáveis do habitat

físico e os parâmetros físico-químicos da água responsáveis por essa

distribuição. No trabalho realizado por McCormick et al., (2001) as correlações

mais fortes entre as métricas do Índice de Integridade Biótica (IBI) e as variáveis

ambientais foram com as variáveis que descreviam as dimensões físicas ou

características geomorfológicas do canal (dados do talvegue, profundidade,

largura molhada, sinuosidade, declividade e complexidade do hábitat).

A classificação em categorias pode não ser tão boa pelo fato da

integridade ser um gradiente e não uma classificação discreta. A análise da

função discriminante sugeriu uma igualdade entre as categorias referência e

intermediário enfatizando a dificuldade em categorizar a integridade física que

ocorre em gradiente. A diferenciação entre igarapés referência e intermediários

se torna mais difícil, pois estes são mais heterogêneos, o que dificulta sua

classificação. Fato que não ocorre em igarapés degradados que por possuírem

características de habitat mais homogêneas, se distinguem mais facilmente dos

demais.

No presente trabalho os igarapés degradados foram mais fáceis de

categorizar em comparação às outras categorias, possivelmente devido ao fato

da maior presença de impacto antrópico e uma menor integridade da cobertura

vegetal, características essas que são facilmente visualizadas em campo.

A maior heterogeneidade de habitats disponíveis em um ambiente

possivelmente influencia a alta diversidade de espécies e a eqüitabilidade

(FERREIRA & CASATTI, 2006). No presente trabalho, usando as variáveis do

habitat físico e dados físico-químicos da água não foi possível sugerir um padrão

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da distribuição da riqueza de espécies. Através do NMDS também ficou

evidenciado que não houve um padrão congruente entre as categorias de

integridade e a distribuição de espécies.

Pela análise estatística gerada pelo DistLM um grande número de

variáveis foram selecionadas para explicar a composição da ictiofauna. Uma

outra característica observada neste trabalho com igarapés amazônicos, foi a não

congruência entre a similaridade dos pontos em termos da composição de

espécies de peixes e o habitat físico. Fato que vem a reforçar a ideia de que uma

única variável não é capaz de explicar a distribuição da ictiofauna.

Alguns trabalhos mostraram que a riqueza e composição de espécies de

peixes são relacionadas à diversidade de habitats. Anjos e Zuanon (2007)

constataram uma menor riqueza de espécies em locais com substratos

notavelmente homogêneos. Hughes (2002) em seu trabalho em estuários

também salientou que habitats mais homogêneos e com ausência de plantas

aquáticas ou macroalgas apresentaram uma menor qualidade de habitat e uma

comunidade de peixes bastante uniforme. Ferreira e Casatti (2006) notaram uma

baixa riqueza de espécies em locais com características físicas associadas à

baixa integridade biótica. A estabilidade do substrato, elevada turbidez e

profundidade e a ausência de vegetação ripária foram as principais

características físicas responsáveis pela baixa integridade (FERREIRA E

CASATTI, 2006). No mesmo trabalho, os córregos com maior integridade

biótica foram àqueles mais heterogêneos e com grande variedade de micro

habitats e substratos, ficando evidente que a integridade biótica do córrego em

estudo sofre notável influência da estrutura do hábitat (FERREIRA E CASSATI,

2006).

Os resultados obtidos através deste trabalho reforçam a complexidade e a

dificuldade na escolha de parâmetros que expliquem a distribuição de uma

comunidade de peixes. A escolha de poucas variáveis do habitat físico ou até

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mesmo das categorias de integridade biótica podem não ser suficientes para

explicar a riqueza de espécies de peixes em igarapés Amazônicos.

6 CONCLUSÃO

Na busca por um padrão que explique a riqueza em espécies de peixes

em igarapés Amazônicos ficou claro a complexidade em se relacionar tal riqueza

com o habitat físico e o uso do solo. Vários são os fatores que contribuem para a

composição da ictiofauna em igarapés amazônicos e a utilização das categorias

de integridade para tal explicação mostrou-se não ser a melhor escolha.

A integridade dos igarapés apresentou uma relação com as variáveis de

habitat físico e uso do solo sugerindo que a classificação visual feita em campo

condiz com as variáveis apresentadas. As variáveis de habitat físico também

foram responsáveis por um gradiente de distribuição entre as três categorias,

sendo a categoria degradado a que mais se diferenciou.

A composição em espécies de peixes de acordo com as variáveis do

hábitat físico e das categorias de integridade sugeridos pela análise de

agrupamentos não evidenciou um padrão de distribuição e congruência. Pôde-se

observar que poucas variáveis não conseguem explicar a riqueza em espécies de

peixes em igarapés amazônicos e que para tal explicação é necessário um grande

número de variáveis de habitat físico e uso do solo analisadas em conjunto.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

ANEXO A Modelo do protocolo de avaliação de riachos: seção transversal.

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ANEXO B Modelo do protocolo de avaliação de riachos: perfil longitudinal.

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ANEXO C Modelo do protocolo de avaliação de riachos: descarga do riacho.