REFORMA RELIGIOSA (Europa – século XVI) · REFORMA RELIGIOSA (Europa – século XVI) Crise da...
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Crise da Igreja• Os membros da alta hierarquia do clero viviam
luxuosamente, totalmente alheios ao povo.• Venda de: cargos da Igreja; “dispensas”
(isenções de algumas regras da Igreja ou de votos feitos anteriormente); objetos religiosos; indulgências (perdão).
• Século XIV: John Wycliffe, professor de teologia, criticou os abusos da Igreja e trabalhou na tradução da Bíblia para o inglês.
• Erasmo de Rotterdam, humanista católico, criticava dentro da própria igreja os abusos:
“Alguns desses reverendos mostram, contudo, o hábito de penitência, mas evitam que se veja a finíssima camisa que trazem por baixo; outros, ao contrário, trazem externamente a camisa, e a roupa de lã sobre a pele. Os mais ridículos, a meu ver, são os que se horrorizam ao verem dinheiro, como se tratasse de uma serpente,
mas não dispensam o vinho nem as mulheres. Não podeis, enfim, imaginar quanto se
esforçam por se distinguirem em tudo uns dos outros. Imitar Jesus Cristo? É o último dos seus pensamentos”. ROTERDAM, Erasmo.
Elogio da Loucura. 1509
“Durante muito tempo, acreditou-se que a Reforma havia ocorrido por causa dos
‘abusos’ que naquele momento se produziam no interior da Igreja. (...)
Atualmente se considera insuficiente a explicação moral da Reforma, que procura
dar conta de um fenômeno essencialmente religioso. (...)
(...) a investigação histórica atual se orienta decididamente, no que se refere à Reforma,
para o estudo das doutrinas e de suas relações com a mentalidade dos homens do século XVI. A causa principal da Reforma foi,
em resumo, esta: numa época agitada, na qual o individualismo realizava grandes
progressos os fiéis sentiram a necessidade de uma teologia mais sólida e mais viva que
aquela que lhes ensinava – ou não lhes ensinava – um clero geralmente pouco
instruído (...). (Jean Delumeau)
A Reforma na Alemanha e as Teorias de Lutero
• O homem se justifica somente pela fé;• Só existem dois sacramentos: o Batismo e
a Eucaristia (negação da transubstanciação);
• Bíblia: única fonte de verdade divina;• Sacerdócio universal.• Fim do celibato e o uso do latim nos cultos
religiosos.
• Em 1517 Lutero publicou as “95 teses”. Nesse documento Lutero expunha sua doutrina e opunha-se à venda de indulgências e ao poder irrestrito do papa.
• Em 1520 foi excomungado pelo papa Leão X.• O Sacro Império Romano Germânico ficou
dividido em duas áreas religiosas: ao norte o luteranismo e ao sul, onde a influência do imperador era maior, prevaleceu o catolicismo. Isso fez com que a Igreja perdesse grande parte de suas terras e os tributos que recebia.
• “21. Erram, pois, os pregadores das indulgências que dizem que, pelas indulgências do papa, o homem fica livre do toda a pena e fica salvo.
• 27. Pregam doutrina puramente humana os que dizem que “logo que o dinheiro cai na caixa a alma se liberta (do Purgatório).
• 28. É certo que, desde que a moeda cai na caixa, o ganho e a cupidez podem ser aumentados; mas a intercessão da Igreja só depende da vontade de Deus.
• 32. Serão condenados para toda a eternidade, com os seus mestres, aqueles que crêem estar seguros da sua salvação por cartas de indulgências.
• 36. Qualquer cristão, verdadeiramente arrependido, tem plena remissão da pena e da falta; ela é-lhe devida mesmo sem cartas de indulgências.
• 43. É preciso ensinar aos cristãos que aquele que dá aos pobres, ou empresta a quem está necessitado, faz melhor do que se comprasse indulgências.” Martinho Lutero, 95 teses.
A Reforma na Suíça e as teorias de João Calvino
• O homem nasce predestinado e se salva apenas pela fé;
• Encorajava o trabalho e o lucro como vocação dada por Deus;
• Segundo tais princípios a burguesia encontrou a ética protestante de que necessitava.
• O Calvinismo se espalhou pela França, Inglaterra, Escócia e na Holanda.
“Deus chama cada um para uma vocação particular cujo objetivo é a glorificação dele mesmo. O comerciante que busca o lucro, pelas qualidades que o sucesso econômico exige: o trabalho, a
sobriedade, a ordem, respondem também ao
chamado de Deus, santificando de seu lado o mundo pelo
esforço, e sua ação é santa.” João Calvino
A Reforma na Inglaterra e o reinado de Henrique VIII
• Pedido de anulação do casamento do rei negado pela Igreja.
• Governo de Henrique VIII: A Igreja Anglicana permaneceu idêntica à Igreja Católica, sendo diferente na autoridade máxima dos anglicanos, que passou a ser o rei e não o papa.
• Governo de Elisabeth I: anglicanismo aproxima-se dos dogmas calvinistas favorecendo o desenvolvimento da burguesia inglesa.
“O Rei é o chefe supremo da igreja da Inglaterra. (...) Nesta qualidade, o Rei tem todo o poder de examinar, reprimir, corrigir
tais erros (...), abusos, ofensas e irregularidades que sejam ou possam ser reformadas legalmente por autoridade (...) espiritual (...), a fim de conservar a paz, a unidade e a tranquilidade do Reino, não
obstante os usos, costumes e leis estrangeiras, toda a autoridade estrangeira.” Trecho do Ato de
Supremacia de 1534.
As seis esposas de Henrique VIII foram
Catarina de Aragão: princesa espanhola, casou-se em 1509, sete semana depois dele se tornar rei. Por causa de seu divórcio, em 1533, houve a Reforma Religiosa na Inglaterra.Ana Bolena: casou-se em 1534. Deu a Henrique VIII uma filha, Elizabeth,que depois seria rainha da Inglaterra. Foi acusada de infidelidade ao rei, sendo decapitada em 1536.
Jane Seymor: casou-se com Henrique VIII seis dias após a execução de Ana Bolena. Deu ao rei seu único filho, Eduardo, morrendo de uma complicação após o parto.Ana de Cléves: princesa alemã, Henrique casou-se com ela por motivos políticos, em 1540. Este casamento foi anulado pelo Parlamento 6 meses depois.Catarina Howard: inglesa, casou-se em 1541 e, um ano depois, admitiu que tinha sido infiel ao rei, sendo decapitada.Catarina Par: inglesa, antes de se casar com Henrique VIII, em 1543, já tinha se divorciado 2 vezes. Ainda era rainha quando o rei faleceu, em 1547.
A Contrarreforma Católica• Movimento de reação ao protestantismo por
parte da Igreja Católica;• Concílio de Trento (1545-1563): reafirmação
dos dogmas, proibiu-se a venda de indulgências, fundou-se seminários e exigiu-se
disciplina do clero;• Restabelecimento dos tribunais da Santa
Inquisição;• Index Librorum Prohibitorum: Livros, ou partes
de livros,cuja leitura era proibida pelos fiéis;• Criação da Companhia de Jesus em 1534
pelo padre espanhol Inácio de Loyola
“Podemos ver nas heresias dos séculos XII e XIII uma tentativa de apontar os erros e os desvios
da Igreja, com sua intervenção no poder secular à custa de sua missão espiritual. A natureza da
sociedade feudal cristã conduzia à visão da heresia como quebra da ordem divina e social. A heresia era uma falta grave, equivalente, no
plano religioso, à quebra de um juramento entre um vassalo e seu senhor, de tal modo que
infidelidade religiosa e social se confundem.” (Nachman Falbel)