Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução...

118
Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros urbanos Catarina Viana de Araújo Lúcio Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadores Professora Doutora Maria Cristina de Oliveira Matos Silva Professor Doutor Vitor Faria e Sousa Júri Presidente: Professor Doutor Augusto Martins Gomes Orientador: Professora Doutora Maria Cristina de Oliveira Matos Silva Vogal: Professora Doutora Inês Osório de Castro Meireles Outubro de 2015

Transcript of Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução...

Page 1: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

Redução potencial de consumo de água potável por

reutilização da água da chuva em centros urbanos

Catarina Viana de Araújo Lúcio

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores

Professora Doutora Maria Cristina de Oliveira Matos Silva

Professor Doutor Vitor Faria e Sousa

Júri

Presidente: Professor Doutor Augusto Martins Gomes

Orientador: Professora Doutora Maria Cristina de Oliveira Matos Silva

Vogal: Professora Doutora Inês Osório de Castro Meireles

Outubro de 2015

Page 2: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros
Page 3: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

i

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma forma me ajudaram a tornar este trabalho

possível e que me apoiaram durante a sua realização.

Primeiro, queria agradecer à Professora Cristina Matos Silva e ao Professor Vitor Faria e Sousa pela

orientação, disponibilidade e conselhos dados que permitiram a elaboração desta dissertação pelo

melhor caminho.

À Professora Ana Paula Falcão um agradecimento especial por todo o apoio dado, nomeadamente

com o programa ArcGis, e por toda a disponibilidade e atenção, que permitiu enriquecer este

trabalho.

À Câmara Municipal de Lisboa, em especial à Engª. Rita dos Santos Lucas por toda a atenção e

disponibilidade oferecida, assim como à Engª. Luísa Magalhães de Almeida por todo o

esclarecimento referente à Matriz de Lisboa.

Por fim, mas não menos importante, aos meus pais, à Maria, à minha família e todos os meus amigos

que me apoiaram durante este processo, que me souberam sempre dar o incentivo certo quando

precisava e estiveram sempre dispostos a ouvir as minhas preocupações.

Page 4: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

ii

Page 5: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

iii

Resumo

A água é um recurso em risco de se tornar escasso, assim, alternativas ao uso de água potável vão

sendo mais importantes, podendo passar pela utilização de sistemas de aproveitamento de água

pluvial (SAAP).

Esta dissertação avalia a redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da

chuva, e para suportar esta avaliação a uma escala urbana propõe-se uma metodologia de análise

envolvendo consumos de água, malha urbana e regime de precipitação. Inicialmente procedeu-se à

quantificação dos consumos de água e dos usos não potáveis. Numa habitação, consideraram-se

máquinas de lavar roupa e descargas de autoclismo, e ao nível da cidade, lavagens de arruamentos

e regas de jardins. A segunda caracterização foi efetuada através de dados disponibilizados pela

Câmara Municipal de Lisboa e nos Censos. Na caracterização do regime de precipitação

consideraram-se os dados disponíveis no SNIRH e no IPMA.

A avaliação do potencial dos SAAP foi realizada ao nível da cidade e ao nível particular dos edifícios.

No primeiro caso, os dados de precipitação são anuais e, concluiu-se que, quase sempre, a água

recolhida é suficiente para os usos habitacionais pretendidos, havendo ainda água disponível para

usos exteriores. No segundo, os dados são diários e, o valor máximo de poupança de água não

potável foi 86%.

O presente estudo aplicou-se a Lisboa, contudo, a metodologia desenvolvida poderá ser aplicada a

outras cidades/zonas. Uma vez que o desempenho dos SAAP depende em muito do regime de

precipitação, é necessário um estudo para a zona em análise.

Palavras-chave

Sistemas de aproveitamento de água pluvial, consumos de água, usos não potáveis, regime de

precipitação, Lisboa

Page 6: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

iv

Page 7: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

v

Abstract

Water is a resource at risk of becoming scarce, so alternatives to the use of potable water are

becoming more important, and one of these measures may include rainwater harvesting systems

(RWHS).

This thesis evaluates the potential reduction in potable water consumption by reusing rainwater, and

to support this evaluation in an urban scale, the proposed analysis methodology involves water

consumption, urban area and precipitation regime. Firstly, it was done the water consumption

measurement and its non-potable uses. In a house, washing machines and toilet flushing were

considered, while street washing and gardening were considered when looking at the city level.

Information given by Câmara Municipal de Lisboa and available in Censos was used to characterize

the urban area. For the precipitation regime characterization, the information used was available

through SNIRH and IPMA.

The RWHS potential evaluation was made at the city and building levels. In the first analysis, it was

used annual precipitation data and the conclusion was that, almost every time, the collected water is

enough for the housing uses, and there is still remaining water for the outside ones. In the second

one, the data was daily, and the maximum value of savings was 86% in comparison with the non-

potable consumption.

This study was made in Lisbon, although, the developed methodology can be used in other

cities/areas. As these systems are highly dependent on the precipitation regime, a study in the area

where the RWHS is to be implemented should be done.

Key-words

Rainwater harvesting systems, water consumption, non-potable uses, precipitation regime, Lisbon

Page 8: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

vi

Page 9: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

vii

Índice 1. Introdução ....................................................................................................................................... 1

1.1. Enquadramento ...................................................................................................................... 1

1.2. Objetivos ................................................................................................................................. 2

1.3. Organização ........................................................................................................................... 3

2. Estado de Arte ................................................................................................................................ 5

2.1. Caracterização do Clima no Mundo e em Portugal ................................................................ 5

2.2. Consumo de Água .................................................................................................................. 9

2.2.1. Distribuição e Evolução do Consumo ............................................................................. 9

2.2.2. Caracterização do Consumo ........................................................................................ 11

2.3. Reutilização de Águas Pluviais ............................................................................................. 15

2.3.1. Descrição de um Sistema de Aproveitamento de Água Pluvial .................................... 16

2.3.2. Usos Não Potáveis e respetivos Potenciais de Poupança............................................ 18

2.3.3. Vantagens e Desvantagens .......................................................................................... 21

3. Metodologia para Avaliação .......................................................................................................... 23

3.1. Consumos de Água .............................................................................................................. 23

3.2. Malha Urbana ....................................................................................................................... 25

3.3. Regime de Precipitação ........................................................................................................ 25

3.4. Aplicação à Cidade de Lisboa .............................................................................................. 26

4. Dados de Base para Lisboa .......................................................................................................... 31

4.1. Caracterização dos Consumos de Água em Lisboa ............................................................. 31

4.1.1. Consumo de Água nas Habitações .............................................................................. 31

4.1.2. Consumos de Água da Câmara Municipal de Lisboa ................................................... 34

4.2. Caracterização da Malha Urbana ......................................................................................... 37

4.2.1. Caracterização do Edificado ......................................................................................... 37

4.2.2. Caracterização dos Residentes .................................................................................... 40

4.3. Caracterização do Regime de Precipitação .......................................................................... 41

5. Avaliação do Potencial em Lisboa................................................................................................. 49

5.1. Análise à Escala da Cidade .................................................................................................. 49

5.1.1. Variabilidade Temporal da Precipitação ....................................................................... 49

5.1.2. Variabilidade Espacial da Precipitação ......................................................................... 52

5.1.3. Variabilidade de Consumo ............................................................................................ 54

Page 10: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

viii

5.1.4. Valores Reais de Aproveitamento ................................................................................ 55

5.2. Análise à Escala do Edifício ................................................................................................. 60

5.2.1. Zona A .......................................................................................................................... 62

5.2.2. Zona B .......................................................................................................................... 63

5.2.3. Zona C .......................................................................................................................... 63

5.2.4. Zona D .......................................................................................................................... 64

5.2.5. Zona E.1 ....................................................................................................................... 65

5.2.6. Zona E.2 ....................................................................................................................... 66

5.2.7. Zona F .......................................................................................................................... 66

5.2.8. Estimativa do Grau de Poupança Não Potável de cada Zona ...................................... 67

6. Conclusões ................................................................................................................................... 71

Referências bibliográficas .................................................................................................................... 73

Anexo 1 – Tabela utilizada na 1ª fase do estudo do consumo de água em habitações ..................... A.1

Anexo 2 – Precipitação anual obtida pelo ArcGis para cada uma das zonas e em Lisboa ................ A.3

Anexo 3 – Valores calculados de precipitação anual no centróide de cada uma das zonas .............. A.5

Anexo 4 – Valores obtidos para os índices de precipitação anual para cada zona ............................ A.7

Anexo 5 – Resultados da análise da influência temporal da precipitação no aproveitamento ......... A.15

Anexo 6 – Resultados da análise da influência espacial da precipitação no aproveitamento .......... A.17

Anexo 7 – Resultados da análise da influência da variação de consumo (percentil 25) no

aproveitamento ................................................................................................................................. A.19

Anexo 8 – Resultados da análise da influência da variação de consumo (percentil 75) no

aproveitamento ................................................................................................................................. A.21

Anexo 9 – Valores reais de aproveitamento, para cada uma das zonas .......................................... A.23

Anexo 10 – Valores reais de aproveitamento da CML, para cada uma das zonas .......................... A.25

Page 11: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

ix

Lista de Figuras

Figura 1.1 – Escassez de água no mundo (adaptado de [3]). ................................................................ 1

Figura 2.1 – Distribuição espacial da classificação Köppen-Geiger (retirado de [11]). ........................... 6

Figura 2.2 – Classificação Köppen-Geiger na Europa (retirado de [12]). ............................................... 6

Figura 2.3 – Gráfico pluviométrico para a cidade de Lisboa (adaptado de [14]). ................................... 7

Figura 2.4 – Evaporação e escoamento por região (adaptado de [4]). .................................................. 8

Figura 2.5 – Identificação das regiões críticas na Europa (retirado de [17])........................................... 9

Figura 2.6 – Distribuição de água na Terra. ........................................................................................... 9

Figura 2.7 – Evolução populacional de 1950 a 2015 e estimativa até 2050 [2]. ................................... 10

Figura 2.8 – Consumo diário de água per capita [20] [1] [21] [22] [23] [24] [25] [18] [26]. .................... 12

Figura 2.9 – Consumo diário de água per capita no Brasil [5] [6] [7]. ................................................... 13

Figura 2.10 – Distribuição do consumo de água por setores [29]. ....................................................... 15

Figura 2.11 – Representação esquemática de um SAAP (adaptado de [8]). ....................................... 16

Figura 2.12 – Disponibilidade de água estimada na zona nordeste do Brasil (adaptado de [5]). ......... 21

Figura 2.13 – Disponibilidade de água estimada na zona sudeste do Brasil (adaptado de [5]). .......... 21

Figura 3.1 – Fluxograma da metodologia desenvolvida. ...................................................................... 23

Figura 3.2 – Localização das estações meteorológicas Transtejo e Sacavém de Cima. ..................... 28

Figura 3.3 – Localização dos pontos P173, P174, P175, P185 e P186. .............................................. 29

Figura 3.4 – Representação da precipitação anual na estação de Sacavém de Cima, considerando os

dados reais (SNIRH) e os do ArcGis. ................................................................................................... 30

Figura 4.1 – Resultados da campanha de medição do consumo médio diário per capita por

equipamento. ........................................................................................................................................ 31

Figura 4.2 – Resultados da campanha de medição da quantidade diária de consumo potável e não

potável, per capita. ............................................................................................................................... 32

Figura 4.3 – Resultados da campanha de medição do consumo diário per capita em 13 casas

familiares. ............................................................................................................................................. 32

Figura 4.4 – Resultados da campanha de medição do consumo diário per capita em 2 casas de

estudantes. ........................................................................................................................................... 33

Figura 4.5 – Consumo diário per capita................................................................................................ 33

Figura 4.6 – Desagregação dos consumos de água potável no concelho de Lisboa (adaptado de [25]).

............................................................................................................................................................. 34

Figura 4.7 – Desagregação do consumo não doméstico de água potável no concelho de Lisboa

(adaptado de [25]). ............................................................................................................................... 35

Figura 4.8 – Desagregação do consumo de água potável da CML (adaptado de [25]). ...................... 35

Figura 4.9 – Evolução da ART reutilizada pela CML, de 2009 a 2014 (adaptado de [25]). .................. 36

Figura 4.10 – Distribuição dos consumos em regas de espaços verdes e lavagens de arruamentos, no

ano de 2014. ........................................................................................................................................ 36

Figura 4.11 – Definição das zonas da cidade de Lisboa. ..................................................................... 37

Page 12: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

x

Figura 4.12 – Caracterização das diferentes zonas da cidade de Lisboa de acordo com o número de

pisos. .................................................................................................................................................... 38

Figura 4.13 – Representação do edificado na cidade de Lisboa. ......................................................... 39

Figura 4.14 – Representação espacial ao nível da cidade da dimensão média familiar. ..................... 41

Figura 4.15 – Quantificação da precipitação anual nos pontos P173, P174, P175, P185 e P186. ...... 42

Figura 4.16 – Distribuição da precipitação ao longo do ano dos pontos P173, P174, P175, P185 e

P186. .................................................................................................................................................... 42

Figura 4.17 – Distribuição da precipitação ao longo do ano nas diferentes zonas da cidade. ............. 45

Figura 5.1 – Fluxograma da avaliação do potencial. ............................................................................ 49

Figura 5.2 – Aproveitamento residencial nas diferentes zonas da cidade de Lisboa. .......................... 51

Figura 5.3 – Aproveitamento residencial considerando as diferentes zonas ou a cidade de Lisboa. ... 53

Figura 5.4 – Aproveitamento residencial real nas diferentes zonas da cidade de Lisboa. ................... 56

Figura 5.5 – Aproveitamento urbano real por parte da CML nas diferentes zonas da cidade de Lisboa.

............................................................................................................................................................. 58

Figura 5.6 – Aproveitamento residencial real nas diferentes zonas da cidade de Lisboa, considerando

a precipitação média. ........................................................................................................................... 59

Figura 5.7 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona A. ... 62

Figura 5.8 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona B. ... 63

Figura 5.9 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona C. ... 64

Figura 5.10 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona D. . 64

Figura 5.11 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona E.1.

............................................................................................................................................................. 65

Figura 5.12 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona E.2.

............................................................................................................................................................. 66

Figura 5.13 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona F. .. 67

Figura 5.14 – Grau de poupança não potável obtido em cada uma das zonas, tendo por base os

edifícios tipo. ........................................................................................................................................ 68

Page 13: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

xi

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Precipitação, evaporação e escoamento por região (adaptado de [4]). ............................ 7

Tabela 2.2 – Volume de água na Terra .................................................................................................. 9

Tabela 2.3 – Classificação da disponibilidade de água da UNEP [4]. .................................................. 11

Tabela 2.4 – Desagregação do consumo doméstico de água potável no concelho de Lisboa, 2014

(adaptado de [25]). ............................................................................................................................... 14

Tabela 2.5 – Desagregação do consumo doméstico de água potável em Inglaterra e Gales .............. 14

Tabela 2.6 – Desagregação do consumo doméstico de água potável nos Estados Unidos ................ 14

Tabela 2.7 – Estimativas de CE em função do material de recolha (adaptado de [34]). ...................... 18

Tabela 2.8 – Síntese das poupanças obtidas em diversos estudos. .................................................... 20

Tabela 3.1 – Quadro utilizado no estudo de consumo em habitações. ................................................ 24

Tabela 3.2 – Coordenadas das estações meteorológicas Transtejo e Sacavém de Cima. .................. 27

Tabela 3.3 – Coordenadas dos pontos P173, P174, P175, P185 e P186. ........................................... 28

Tabela 4.1 – Evolução dos dados de ART reutilizada pela CML, de 2009 a 2014 (adaptado de[25]).. 36

Tabela 4.2 – Distribuição dos consumos em regas de espaços verdes e lavagens de arruamentos, no

ano de 2014. ........................................................................................................................................ 36

Tabela 4.3 – Constituição das seis zonas de Lisboa. ........................................................................... 37

Tabela 4.4 – Caracterização das diferentes zonas da cidade de Lisboa de acordo com o número de

pisos. .................................................................................................................................................... 39

Tabela 4.5 – Quantificação da área total e de edifícios, por zona e em Lisboa. .................................. 40

Tabela 4.6 – Quantificação da área total e de edifícios nas zonas E.1 e E.2. ...................................... 40

Tabela 4.7 – Número de residentes por zona. ..................................................................................... 40

Tabela 4.8 – Valores característicos do índice RR (mm). .................................................................... 43

Tabela 4.9 – Valores característicos do índice RR1 (dias). .................................................................. 44

Tabela 4.10 – Valores característicos do índice CWD (dias). .............................................................. 44

Tabela 4.11 – Valores característicos do índice PRCPTOT (mm). ...................................................... 44

Tabela 4.12 – Valores característicos do índice CDD (dias). ............................................................... 45

Tabela 4.13 – Valores característicos do índice RR (mm). .................................................................. 46

Tabela 4.14 – Valores característicos do índice RR1 (dias). ................................................................ 46

Tabela 4.15 – Valores característicos do índice CWD (dias). .............................................................. 46

Tabela 4.16 – Valores característicos do índice PRCPTOT (mm). ...................................................... 47

Tabela 4.17 – Valores característicos do índice CDD (dias). ............................................................... 47

Tabela 5.1 – Área de edificado e consumo médio anual por zona considerando o consumo médio

diário..................................................................................................................................................... 50

Tabela 5.2 – Área de edificado e consumo anual por zona considerando o consumo médio diário do

percentil 25. .......................................................................................................................................... 54

Tabela 5.3 – Área de edificado e consumo anual por zona considerando o consumo médio diário do

percentil 75. .......................................................................................................................................... 55

Tabela 5.4 – Valores de variação no aproveitamento, tendo por base o consumo médio diário.......... 55

Page 14: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

xii

Tabela 5.5 – Distribuição dos consumos da CML por cada zona. ........................................................ 57

Tabela 5.6 – Percentagem de edifícios com 1 a 7 ou mais pisos, por zona. ........................................ 60

Tabela 5.7 – Área de cobertura e número de residentes nos edifícios tipo com maior

representatividade por zona. ................................................................................................................ 60

Tabela 5.8 – Consumos observados nos edifícios de cada uma das zonas. ....................................... 61

Tabela 5.9 – Quadro-resumo do grau de poupança não potável obtido. ............................................. 68

Page 15: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

xiii

Lista de Acrónimos

SAAP – Sistemas de Aproveitamento de Água Pluvial

UNEP – United Nations Environment Programme

UNDP – United Nations Development Programme

WHO – World Health Organization

UNICEF – United Nations Children’s Fund

FF – First flush

PEAD – Polietileno de Alta Densidade

CE – Coeficiente de escoamento

SNIRH – Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

CML – Câmara Municipal de Lisboa

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais

CIUL – Centro de Informação Urbana de Lisboa

IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera

ART – Água Residual Tratada

ETCCDI – Expert Team on Climate Change Detection and Indices

RR – Precipitação total anual (Precipitation sum)

RR1 – Número de dias húmidos (Wet days)

CWD – Número máximo consecutivo de dias húmidos (Maximum number of consecutive wet days)

PRCPTOT – Precipitação total anual em dias húmidos (Total precipitation in wet days)

CDD – Número máximo consecutivo de dias secos (Maximum number of consecutive dry days)

CV – Coeficiente de variação

AR – Aproveitamento residencial

AP – Água pluvial disponível

AU – Aproveitamento urbano

Page 16: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

xiv

Page 17: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

1

1. Introdução

1.1. Enquadramento

A água é um elemento utilizado pelas povoações desde o seu início, para fins tão diversos como a

satisfação de necessidades fisiológicas, a confeção de alimentos ou a rega para as colheitas. Os

antigos, por necessidade, utilizavam a água da chuva para usos que lhes pareciam serem

adequados, uma vez que por vezes a disponibilidade de água nas regiões onde se encontravam não

era a que necessitavam. Com o desenvolvimento das sociedades e da tecnologia, o acesso a água

foi sendo cada vez mais fácil, e inclusivamente banalizado, nas comunidades mais desenvolvidas.

Contudo, face às limitações relativamente às fontes disponíveis, acrescidas do facto de a população

estar a crescer a um ritmo muito elevado, a água está-se a tornar num bem escasso [1] [2]. Como

consequência, algumas zonas do mundo enfrentam problemas de escassez de água, conforme se

pode observar na Figura 1.1.

Figura 1.1 – Escassez de água no mundo (adaptado de [3]).

O norte de África, por exemplo, sofre de escassez física de água, isto é, o consumo dos recursos de

água já alcançou, ou está prestes a alcançar, o limite sustentável, ou seja, a taxa de consumo é

superior à de reposição natural do recurso. Por outro lado, existem zonas com escassez económica

de água, ou seja, embora tenham disponibilidade de água no local, os acessos à mesma estão

limitados devido à inexistência ou inadequabilidade de meios.

O desenvolvimento sustentável assenta sobre três pilares fundamentais, designadamente a

sociedade, a economia e o ambiente; sendo que este último fornece os recursos físicos dos quais a

Page 18: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

2

humanidade depende. Neste âmbito, a escassez de recursos, nomeadamente a água, tem

preocupado bastante diversas organizações e, como consequência, nos últimos anos realizaram-se

várias conferências e reuniões abordando este tema. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente Humano, que teve lugar em Estocolmo no ano de 1972, foi a primeira conferência

internacional sobre o ambiente, unindo diversas nações para debaterem um problema comum a

todas. Desde então, têm-se feito grandes esforços para se colocar o ambiente na agenda a vários

níveis, desde internacional a local, e têm vindo a ser implementadas inúmeras medidas em várias

vertentes/sectores. Contudo, alguns dos problemas ainda existem, sendo necessário perpetuar esta

preocupação com o meio ambiente, desenvolvendo e implementando medidas complementares ou

adicionais [4].

Perante esta situação, alternativas para o uso de água potável como a reutilização de água da chuva

vão sendo tidas em consideração de forma mais frequente por parte de todas as partes envolvidas

(decisores, promotores, fabricantes, investigadores, utilizadores, entre outros), sendo que em alguns

países já existem diversos estudos sobre o potencial de poupança com a utilização de sistemas de

aproveitamento de água pluvial (SAAP). Por exemplo, o Brasil é um país que tem investido em

diversos estudos, tanto ao nível das regiões como dos estados, de forma a analisar o potencial de

poupança de água potável [5] [6] [7]. Estudos semelhantes foram realizados em vários outros países,

mas aplicados a empreendimentos ou edifícios [8]. Contudo, na pesquisa efetuada não foram

encontrados estudos integrados que analisem as poupanças que poderão ser alcançadas ao nível da

cidade e tendo em conta a escala do edifício.

Em Portugal, a aplicação de SAAP não se encontra muito divulgada, assim como também não

existem muitos estudos sobre o potencial de poupança com utilização de água da chuva, em ambas

as escalas referidas anteriormente.

Deve-se ter em atenção que o desempenho destes sistemas depende de diversos fatores como o

regime de precipitação, os consumos registados, a área disponível de superfície de recolha, que

geralmente são telhados, e por fim, a capacidade de armazenamento de água pluvial.

Com este trabalho pretende-se analisar a reutilização de água da chuva em centros urbanos,

reduzindo assim o consumo de água potável. A metodologia proposta foi aplicada tanto ao nível da

cidade de Lisboa como a uma escala mais reduzida, ou seja, aplicada em determinados edifícios

residenciais tipo.

1.2. Objetivos

Esta dissertação propõe uma metodologia para avaliação do potencial de redução de consumo de

água potável num determinado centro urbano através da reutilização de água pluvial e aplica a

metodologia à cidade de Lisboa.

Page 19: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

3

A metodologia proposta inclui:

identificar padrão de consumo total e não potável em habitações através de inquéritos à

população;

identificar padrão de consumo total e não potável ao nível urbano por parte da câmara

através da consulta de informação disponibilizada;

efetuar um levantamento da área de superfície de recolha de água pluvial;

caracterizar o centro urbano em zonas tipo com edifícios representativos;

caracterizar o regime de precipitação e analisar a variabilidade espacial e temporal do

mesmo;

avaliar o potencial de redução de consumo de água potável, através da substituição do

consumo nos usos não potáveis com água da chuva;

comparar resultados de análises à escala urbana e á escala do edifício.

1.3. Organização

O presente documento encontra-se dividido em seis capítulos. Neste primeiro capítulo, é feita uma

breve introdução e enquadramento do tema, quais os objetivos a que se propõe e a forma como se

encontra organizado o trabalho. De seguida, no capítulo “Estado de Arte” é realizada uma revisão

bibliográfica sobre o clima no mundo e em Portugal; os consumos de água, nomeadamente, a sua

distribuição e evolução, bem como a sua caracterização; e por fim, aborda-se a reutilização de águas

pluviais, descrevendo um SAAP, quais os usos compatíveis e as vantagens e desvantagens

associadas. No terceiro capítulo é introduzida a metodologia utilizada para determinar os níveis de

poupança que poderão ser alcançados com reutilização da água da chuva, que poderá ser aplicada a

qualquer cidade. No quarto capítulo, são apresentados os dados referentes à cidade de Lisboa, uma

vez que é sobre a qual recai o estudo efetuado. No quinto capítulo é realizada a avaliação do

potencial, em Lisboa, sendo primeiro aplicado à escala da cidade e de seguida, à escala do edifício,

analisando-se os resultados obtidos. Por fim, no sexto e último capítulo, sintetizam-se as conclusões

retiradas do estudo e propõe-se algumas medidas complementares de poupança de água potável.

Page 20: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

4

Page 21: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

5

2. Estado de Arte

2.1. Caracterização do Clima no Mundo e em Portugal

Em 1900, Wladimir Köppen apresenta a primeira classificação quantitativa climática para todo o

mundo. Tendo tido formação em fisiologia botânica, percebeu que as plantas eram um indicador do

clima da região em que se situavam, distinguindo-as em cinco grupos: plantas da zona equatorial (A),

da zona árida (B), da zona temperada (C), da zona de neve (D) e da zona polar (E). Em 1954 e 1961,

Rudolf Geiger apresentou atualizações do mapa, passando assim a denominar-se classificação

Köppen-Geiger [9].

Com mais de cem anos, esta classificação ainda é amplamente utilizada, uma vez que se baseia

numa relação empírica entre o clima e a vegetação natural. Para definir as fronteiras entre os

diferentes climas, Wladimir Köppen usou dados de precipitação e de temperatura. Cada tipo é

caracterizado por três letras, em que a primeira se baseia na precipitação média anual e nas

temperaturas médias mensais dos meses mais quentes e mais frios (A-E), a segunda considera a

precipitação total dos meses mais secos e com maior pluviosidade (s, w, f, m, W, S, T, F) e, por fim, a

última tem em conta critérios de temperatura (a-d, h, k). Desta forma, é possível identificar 30 tipos

distintos de clima, que se apresentam de seguida [10]:

3 climas tropicais (Af, Am, Aw),

4 climas áridos (BWh, BWk, BSh, BSk),

9 climas temperados (Csa, Csb, Csc, Cfa, Cfb, Cfc, Cwa, Cwb, Cwc),

12 climas frios (Dsa, Dsb, Dsc, Dsd, Dfa, Dfb, Dfc, Dfd, Dwa, Dwb, Dwc, Dwd),

2 climas polares (ET, EF).

A distribuição espacial da classificação Köppen-Geiger pelo mundo encontra-se na Figura 2.1.

Relativamente aos cinco principais grupos (A, B, C, D, E), estima-se que correspondam a 19,4%,

28,4%, 14,6%, 22,1% e 15,5% da superfície da Terra, respetivamente [11].

Reduzindo a escala, e considerando apenas a Europa, Figura 2.2, é possível observar que apenas

quatro dos cinco principais tipos de climas existem neste continente. O clima com maior

representatividade em termos de área é o clima frio, D, correspondendo a 44,4%, seguindo-se o clima

árido, B, com 36,3%, depois o clima temperado, C, com 17,0% e por fim, o clima polar, E, com 2,3%

[12].

Page 22: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

6

Figura 2.1 – Distribuição espacial da classificação Köppen-Geiger (retirado de [11]).

Figura 2.2 – Classificação Köppen-Geiger na Europa (retirado de [12]).

Em Portugal Continental é possível identificar dois tipos de climas da classificação Köppen-Geiger,

Csa e Csb, correspondentes a climas mediterrâneos. Sendo ambos clima temperado, caracterizam-

se por verões quentes e invernos chuvosos, nos quais ocorrem a maior parte dos eventos de

precipitação ao longo do ano. Descreve-se o clima mediterrâneo interior, Csa, como tendo um Verão

nitidamente quente e seco. Relativamente à precipitação, o mês mais chuvoso de Inverno tem cerca

de três vezes mais precipitação que o mês de Verão mais seco, que apresenta precipitação inferior a

40 mm. O clima mediterrâneo costeiro, Csb, difere apenas por apresentar um Verão quente mas

Page 23: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

7

suave [13]. Lisboa apresenta assim dois períodos distintos, um Verão quente e seco e um Inverno frio

e húmido, característico do clima Csa. Na Figura 2.3 encontra-se um gráfico pluviométrico que

representa a distribuição anual dos fenómenos de precipitação na cidade de Lisboa, tendo por base o

período de 1981 a 2010. Com base na informação disponibilizada, observa-se que os meses com

maior precipitação correspondem a Novembro e Dezembro, com cerca de 128 mm e 127 mm,

respetivamente, enquanto que os meses com menores valores são Julho e Agosto, na ordem dos 5

mm. Por fim, a precipitação média anual na cidade é de 774 mm, em que mais de 75 a 90% ocorre no

período de Outubro a Maio [14] [15].

Figura 2.3 – Gráfico pluviométrico para a cidade de Lisboa (adaptado de [14]).

De todo o fenómeno de precipitação mundial, cerca de 80%, que corresponde a cerca de 458 000

km3/ano, cai nos oceanos, e os restantes 20%, 119 000 km

3/ano, no solo. Mas de toda a quantidade

que incide sobre o solo, parte evapora-se, cerca de 72 000 km3/ano, e o restante é o que origina o

escoamento e a recarga das águas subterrâneas, aproximadamente 47 000 km3/ano [4]. Conforme se

pode observar na Tabela 2.1 e na Figura 2.4, mais de metade do escoamento ocorre na Ásia e na

América do Sul.

Tabela 2.1 – Precipitação, evaporação e escoamento por região (adaptado de [4]).

Precipitação (km

3/ano)

Evaporação (km

3/ano)

Escoamento (km

3/ano)

Europa 8 290 5 320 2 970

Ásia 32 200 18 100 14 100

África 22 300 17 700 4 600

América do Norte 18 300 10 100 8 180

América do Sul 28 400 16 200 12 200

Austrália/Oceânia 7 080 4 570 2 510

Antártida 2 310 2 310 0

0

20

40

60

80

100

120

140

Pre

cip

itaç

ão

to

tal m

édia

(m

m)

Meses

Page 24: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

8

Figura 2.4 – Evaporação e escoamento por região (adaptado de [4]).

Ao longo dos tempos têm-se verificado mudanças na frequência de cheias e secas, por todo o

mundo. Mais recentemente têm-se reunido evidências a favor da ocorrência de alterações climáticas,

com consequências em termos do regime de precipitação. O aumento da intensidade assim como da

variabilidade dos eventos de precipitação espera-se que aumente o risco de fenómenos de cheias e

secas em muitas áreas do mundo. As secas têm associadas consequências como a degradação do

ecossistema e dos recursos de água, bem como o aumento do risco de incêndios [15]. Devido ao

aumento do nível do mar, as áreas de salinização de água subterrânea e dos estuários irão crescer,

provocando a diminuição da disponibilidade de água doce para os humanos, e ecossistemas, nas

áreas costeiras. Cerca de 20% da população mundial vive em bacias hidrográficas que,

possivelmente, serão afetadas pelo aumento do perigo de cheias provocado pelo aquecimento global,

por volta de 2080 [16]. Estes são alguns exemplos das consequências que poderão surgir devido às

alterações climáticas.

Um estudo desenvolvido ao nível da Europa, de forma a avaliar o impacto destas alterações, definiu

“regiões críticas” como as áreas em que os fenómenos de cheias ou secas que atualmente ocorrem

com uma intensidade de eventos de 100 anos, poderão em 2070 ocorrer a cada 50 anos, ou com

maior frequência [17]. Como se pode observar na Figura 2.5, Portugal encontra-se numa situação

que necessita de grande atenção, uma vez que terá zonas onde irão aumentar a ocorrência tanto de

cheias como de secas, devido à variabilidade sazonal de precipitação e temperatura.

Como tendências futuras, espera-se que no norte da Europa a precipitação média aumente, assim

como a sua variabilidade, sugerindo o aumento de frequência de cheias. Nas regiões sul, o cenário

oposto poderá ocorrer, uma vez que haverá menos precipitação, e consequentemente, maiores

períodos de seca, e mais evaporação, provocando uma maior frequência de secas [17].

5 320

18 100 17 700 10 100

16 200

4 570 2 310

2 970

14 100

4 600

8 180

12 200

2 510

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

35 000

Vo

lum

e d

e ág

ua

(km

3/a

no

)

Evaporação Escoamento

Page 25: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

9

Figura 2.5 – Identificação das regiões críticas na Europa (retirado de [17]).

2.2. Consumo de Água

2.2.1. Distribuição e Evolução do Consumo

A água é um recurso do qual todos os Homens dependem e embora se encontre em todo o lado, nem

toda a água disponível é própria para consumo. O volume de água no planeta corresponde a

aproximadamente 1 400 milhões km3, mas apenas 2,5% se encontra na forma de água doce [4].

Conforme se pode observar na Tabela 2.2 e na Figura 2.6, a maior parte desta água encontra-se em

glaciares ou água subterrânea, ficando assim uma pequena porção disponível para consumo

humano.

Tabela 2.2 – Volume de água na Terra

(adaptado de [4]).

Volume (1 000 km

3)

%

Oceanos 1 338 000 96,54

Outra água salina 12 870 0,93

Água doce 35 029 2,53

Água superficial/ outra água doce

435 0,03

Água subterrânea

10 530 0,76

Glaciares e calotes polares

24 064 1,74

Figura 2.6 – Distribuição de água na Terra.

96,54% 0,93% 0,03%

0,76%

1,74%

2,53%

Page 26: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

10

No último século tem-se assistido a um aumento do consumo de água, devido a três fatores

principais: i) o aumento populacional; ii) o desenvolvimento industrial; e iii) a expansão da agricultura

irrigada. Espera-se que em 2020 o consumo de água aumente 40%, em relação ao início do século, e

que também seja necessário mais 17% de água para produção de comida, de forma a produzir-se o

necessário para a população existente. Tal pode-se avistar como um objetivo difícil, uma vez que a

população está a crescer a um ritmo superior ao da produção de comida, como se verificou na

década de 1985-95, em muitos países, nomeadamente em África [4].

As Nações Unidas dispõem de dados da população mundial desde 1950 até à atualidade, 2015,

sendo os valores referentes à data 1 de Julho de cada ano, e permitem também fazer uma estimativa

até 2050. Conforme se pode observar na Figura 2.7, a população tem crescido a um ritmo muito

elevado, estimando-se que em 2050 habitem mais de 9 000 milhões de pessoas no mundo [2].

Figura 2.7 – Evolução populacional de 1950 a 2015 e estimativa até 2050 [2].

No período de 1950 a 2015, a população cresceu 191,1%, o que equivaleu a um aumento

populacional de 4 824 milhões de pessoas. Entre 2015 e 2050, estima-se que o crescimento seja

menor, 32,3%, passando a existir mais 2 376 milhões de pessoas. Numa escala mais reduzida,

considerando apenas o intervalo de 2015 e 2016, a população aumentará 83 milhões de pessoas,

equivalendo a uma taxa de 1,1%.

Atualmente vivem cerca de 7 300 milhões de pessoas no mundo, e embora a taxa de crescimento

anual tenha vindo a diminuir, a população continua a crescer bastante, afetando em muito os

recursos da Terra [2]. No que concerne aos recursos hídricos, cerca de um terço da população vive

em países que sofrem de stress de água moderado a alto, e para analisar este problema nas

diferentes regiões, a United Nations Environment Programme (UNEP) definiu cinco classes de acordo

com a disponibilidade de água, como se observa na Tabela 2.3.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0

1 000

2 000

3 000

4 000

5 000

6 000

7 000

8 000

9 000

10 000

1950

1954

1958

1962

1966

1970

1974

1978

1982

1986

1990

1994

1998

2002

2006

2010

2014

2018

2022

2026

2030

2034

2038

2042

2046

2050

Taxa

de

cres

cim

ento

(%

)

Po

pu

laçã

o m

un

dia

l (m

ilhõ

es)

Ano

População observada População estimada Taxa de crescimento

Page 27: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

11

Tabela 2.3 – Classificação da disponibilidade de água da UNEP [4].

Disponibilidade (m

3 per capita/ano)

Classificação

< 1 000 Catastroficamente baixa

1 000 a 2 000 Muito baixa

2 000 a 5 000 Baixa

5 000 a 10 000 Média

10 000 a 20 000 Alta

> 20 000 Muito alta

Apresentam-se de seguida dois exemplos de países que representam situações extremas em termos

de disponibilidade hídrica, que permitem constatar os efeitos dos fatores referidos anteriormente,

designadamente o Brasil e a Jordânia. O Brasil é um dos países com maiores recursos hídricos,

sendo que a água potável totaliza 11% da disponível na Terra. Desta forma, seria de esperar que

fosse um país que não apresentasse problemas de disponibilidade de água. De facto, em 1900, a

disponibilidade de água no país era superior a 328 000 m3 per capita/ano, traduzindo-se numa

disponibilidade muito alta em todas as regiões. Cem anos depois, a disponibilidade decresceu para

33 000 m3 per capita/ano, o que equivale a uma redução de 90%, mantendo-se ainda muito alta,

contudo esta situação já não se observava em todas as regiões. Nas zonas nordeste e sudeste do

Brasil, a disponibilidade era muito inferior à média mundial de 7 000 m3 per capita/ano, podendo ser

classificadas como tendo uma baixa disponibilidade de água, e para 2050 estima-se que estas duas

regiões apresentem disponibilidades inferiores a 2 000 m3 per capita/ano, ou seja, terão

disponibilidade de água muito baixa [5]. A Jordânia, por seu lado, é um país com escassos recursos

hídricos. Caracterizando-se por apresentar um clima árido a semiárido, a Jordânia é um dos 10

países com maior stress de água, lidando com este problema desde cerca dos anos 60. Em 2008, a

sua disponibilidade de água rondava os 170 m3 per capita/ano, prevendo-se que em 2025 reduza

para valores inferiores a 91 m3 per capita/ano. Desta forma, de acordo com a UNEP, a situação deste

país é catastroficamente baixa [18].

Estes são apenas alguns dos muitos exemplos que existem no mundo, e perante esta situação, ou

seja, a quantidade de água disponível a diminuir e a população a continuar a crescer, a necessidade

de se encontrarem meios alternativos para fornecer água para todos é um assunto de elevada

importância. Para além da preocupação da falta de água a certas populações, também se pretende

que este problema seja solucionado de forma sustentável [19].

2.2.2. Caracterização do Consumo

O consumo diário per capita não é semelhante em todo o mundo, assistindo-se a grandes

discrepâncias entre habitantes de diferentes países, e por vezes, dentro do mesmo país, variando

com a região em que se encontram. Os países desenvolvidos, regra geral, apresentam consumos

superiores, e isso deve-se principalmente a duas razões. Por um lado, as infraestruturas de

Page 28: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

12

saneamento básico e distribuição de água encontram-se amplamente consolidadas e servem a

totalidade ou perto da totalidade da população há vários anos. Por outro lado, e em grande medida

potenciado pela facilidade de acesso a este bem, as infraestruturas e os hábitos de utilização

evoluíram ou estão a evoluir no sentido de maiores consumos e para um maior leque de utilizações.

Através de diversos estudos analisados e por consulta do Human Development Report 2006 da

United Nations Development Programme (UNDP) [20] foi possível recolher informação relativa ao

consumo diário de água per capita em diversos países, e algumas cidades, que se encontra

sintetizada na Figura 2.8 e na Figura 2.9.

Figura 2.8 – Consumo diário de água per capita [20] [1] [21] [22] [23] [24] [25] [18] [26].

Conforme se pode observar pela Figura 2.8, os países mais desenvolvidos apresentam os maiores

consumos. Nos Estados Unidos, o consumo médio diário por pessoa corresponde a 575 L/hab.dia,

sendo que em Phoenix, por exemplo, o consumo excede os 1 000 L/hab.dia. No extremo oposto,

encontra-se Moçambique, que dispõe de apenas 4 L diários para cada pessoa. Perante situações

semelhantes às de Moçambique, Angola, Namíbia [26] e Quénia, organizações como a World Health

Organization (WHO) e a United Nations Children’s Fund (UNICEF), definiram como quantidade

mínima de água disponível por pessoa 50 L, considerando que apenas assim as pessoas conseguem

assegurar as suas necessidades mínimas de água. A Formosa, embora seja um país em

desenvolvimento, apresenta elevados valores de consumo diário, 250 L/hab.dia. Tal deve-se ao facto

do padrão de vida das populações ter melhorado bastante, nomeadamente nas zonas urbanas; o

preço da água ser reduzido; e as dificuldades de acesso a água potável no passado, o que fez com

que as pessoas usufruam ao máximo desse bem que atualmente dispõem [1].

Os estudos efetuados na Suécia e na Austrália focaram cidades específicas, Norrköping e Melbourne,

respetivamente, sendo os consumos diários de água apresentados associados às mesmas [21] [22].

Para Inglaterra e Gales, o valor de 150 L/hab.dia é um valor médio para as duas regiões do Reino

Unido [23]. No caso do estudo realizado na Alemanha, foi apresentado um intervalo de consumo, 140

575

385 375 320

287 250 210 194 185 150

145 142

141,2

228

71,4 46 39 15 4

0

100

200

300

400

500

600

Co

nsu

mo

diá

rio

de

águ

a p

er c

ap

ita

(L

/hab

.dia

)

Page 29: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

13

a 145 L/hab.dia, de forma a tentar mostrar da melhor forma a realidade do país, tendo-se optado por

apresentar o maior valor [24].

Apresentar valores médios de consumo para a totalidade de um país não permite ter em

consideração a sua variabilidade. Na Jordânia, por exemplo, o consumo médio é de 141,2 L/hab.dia,

porém existem zonas com consumos muito superiores, 228 L/hab.dia, e outras com valores muito

inferiores, 71,4 L/hab.dia [18].

No Brasil existem diversos estudos que permitem analisar o consumo diário em diversas regiões,

assim como em algumas cidades. Como podemos observar na Figura 2.9, as cinco regiões do país

(Norte, Nordeste, Central-Oeste, Sudeste e Sul) apresentam valores entre 88 e 159 L/hab.dia.

Contudo, com estudos mais específicos, considerando apenas a região Sudeste e analisando os

quatro estados, conclui-se que a gama de valores apresenta alguma variação [5] [6] [7]. Assim, de

forma a obter-se resultados mais fiéis à realidade devem-se fazer análises o mais específicas

possível, evitando à escala do país, uma vez que tende a disfarçar elevadas diferenças.

Figura 2.9 – Consumo diário de água per capita no Brasil [5] [6] [7].

No início do ano de 2015 foi lançado um relatório referente aos fluxos de água na cidade de Lisboa

no ano de 2014. Tendo em conta a quantidade de água utilizada em consumo doméstico e o número

de habitantes da cidade, determinou-se que o consumo diário de água corresponde a 142 L/hab.dia

[25]. Em 2004 tinha sido lançado um relatório semelhante, que apresentava 152 L/hab.dia, tendo-se

verificado assim uma redução no consumo de água doméstico, podendo dever-se a uma maior

consciencialização, por parte das pessoas, da escassez deste recurso [27].

Com base num estudo realizado em 2005 [25], definiu-se a quantidade de água associada a cada tipo

de utilização, que se encontra na Tabela 2.4. Conforme se pode observar, a maior parte da água

utilizada em casa destina-se a duches e descargas de autoclismo, perfazendo 71% do consumo total.

88 97 120

159 150 162 166

217

117 118

0

50

100

150

200

250

Co

nsu

mo

de

águ

a d

iári

o p

er c

ap

ita

(L

/hab

.dia

)

Page 30: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

14

Tabela 2.4 – Desagregação do consumo doméstico de água potável no concelho de Lisboa, 2014 (adaptado de [25]).

Distribuição dentro do domicílio Consumo (103 m3) %

Duches 13 000 49

Autoclismo 5 800 22

Torneira da casa de banho 2 200 8

Máquina de lavar roupa 1 600 6

Lavar a loiça à mão 1 500 6

Torneira da cozinha 1 400 5

Outras torneiras e dispositivos 1 000 4

Total 26 500 100 Nota: As “Outras torneiras e dispositivos” incluem banhos de imersão, lavar roupa à mão, máquina de lavar loiça

e outras torneiras.

Um estudo semelhante foi realizado em Inglaterra e Gales, encontrando-se sintetizado na Tabela 2.5

[23]. Embora as designações utilizadas na desagregação dos consumos não sejam as mesmas que

as apresentadas na Tabela 2.4, é possível realizar comparações. A descarga de autoclismo é

semelhante, havendo uma diferença de apenas 4%. Relativamente à máquina de lavar roupa, o valor

estimado em Inglaterra e Gales corresponde ao dobro do observado em Lisboa. Conclui-se que a

maior parte do consumo numa habitação destina-se a descargas de autoclismo e limpeza pessoal, ou

seja, consumos na casa de banho. Na Tabela 2.6 apresenta-se a desagregação dos consumos numa

habitação nos Estados Unidos. Mais uma vez, o consumo observado na descarga de autoclismo é

muito semelhante, cerca de 27%. As máquinas de lavar roupa apresentam um consumo muito

elevado (21,7%), seguindo-se o duche com 16,8%.

Tabela 2.5 – Desagregação do consumo doméstico de água potável em Inglaterra e Gales

(adaptado de [23]).

Distribuição dentro do domicílio %

Autoclismo 26

Limpeza pessoal 35

Máquina de lavar roupa 12

Lavar a louça 9

Uso exterior e lavagem do carro 7

Usos variados 11

Tabela 2.6 – Desagregação do consumo doméstico de água potável nos Estados Unidos

(adaptado de [28]).

Distribuição dentro do domicílio %

Autoclismo 26,7

Duche 16,8

Torneiras 15,7

Máquina de lavar roupa 21,7

Perdas 13,7

Outros 5,3

Para além do consumo doméstico, os gastos associados à indústria e agricultura também são

importantes. No mundo, o consumo doméstico representa apenas 12% da totalidade, estando 18% e

71% associado à indústria e agricultura, respetivamente. Reunindo informação referente a diferentes

países foi possível concluir que a agricultura, em muitos países, representa mais de metade do

consumo de água total, conforme se pode observar pela Figura 2.10. Contudo, países como a Suécia

e o Reino Unido, apresentam valores reduzidos associados a este setor, e tal pode-se dever ao facto

de apresentarem um clima com bastante precipitação, sendo assim necessário menores gastos em

regas dos campos de agricultura. A Jordânia, por ser um país pouco desenvolvido e industrializado,

Page 31: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

15

apresenta poucos consumos de água com o setor da indústria. Em Portugal, da totalidade dos

consumos, a agricultura representa quase 75% e o doméstico apenas 8%.

Um correto conhecimento dos consumos associados a cada setor, assim como a desagregação do

consumo doméstico, é importante para um bom planeamento e dimensionamento das redes de

distribuição de água.

Figura 2.10 – Distribuição do consumo de água por setores [29].

2.3. Reutilização de Águas Pluviais

Perante uma situação em que a população mundial continua a crescer, a disponibilidade de água

tende a diminuir e as alterações climáticas a que se tem assistido, é necessário ter em consideração

soluções alternativas, uma vez que a água se está a transformar num bem escasso. Assim, a

reutilização de água da chuva através de SAAP deve ser incluída na gestão do ciclo urbano da água,

uma vez que pode levar a elevadas poupanças de água, substituindo a utilização de água potável em

usos que não têm requisitos de potabilidade.

Uma região de elevada precipitação anual não é obrigatoriamente mais adequada para a reutilização

de água da chuva comparativamente a regiões com precipitação anual inferior, sendo necessário

também ter em consideração a população e o respetivo padrão de consumo. Por exemplo, na

Formosa por ano chovem 2 510 mm, traduzindo-se em 4 300 m3/ano.pessoa, enquanto no Japão a

precipitação média é de apenas 1 714 mm anuais, mas que correspondem a 5 241 m3/ano.pessoa

Page 32: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

16

[1]. Assim, embora o Japão disponha de menos precipitação anual, espera-se que possa apresentar

maiores níveis de poupança.

A recolha de água da chuva é um método utilizado em alguns países há já muitos anos. Na Jordânia,

sistemas de recolha de água da chuva são utilizados desde 850 A.C. e a água recolhida era

aproveitada tanto para usos domésticos como para irrigação [18]. Desde o fim da década de 70, têm

também surgido no Quénia diversos projetos neste âmbito [30].

2.3.1. Descrição de um Sistema de Aproveitamento de Água Pluvial

Um SAAP inclui três elementos básicos: i) uma superfície de recolha; ii) um sistema de transporte e

iii) um sistema de armazenamento e distribuição. Num SAAP moderno a superfície de recolha,

geralmente, é constituída pelo telhado, e a sua configuração e material por que é composto

influenciam a qualidade e quantidade de água recolhida. De seguida, sendo encaminhada por

tubagens, que constituem o sistema de transporte, a água recolhida é tratada. A solução de

tratamento mais usual é composta por um dispositivo de first flush (FF), que desvia a primeira porção

da água pluvial que tende a transportar os poluentes e contaminantes que se acumulam na superfície

de recolha, frequentemente complementada por um filtro. Após ser tratada, a água é armazenada

num tanque, que pode ser elevado ou subterrâneo, a partir do qual é transportada para os destinos

finais de uso, através do sistema de distribuição. Dependendo da localização dos aparelhos que vão

ser servidos pela água recolhida, poderá ser necessário a colocação de uma bomba, para garantir a

pressão necessária [31]. Na Figura 2.11 encontra-se uma representação esquemática de um SAAP,

considerando que o tanque se encontra subterrâneo.

Figura 2.11 – Representação esquemática de um SAAP (adaptado de [8]).

Page 33: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

17

Dada a aleatoriedade dos fenómenos pluviométricos, torna-se impossível garantir que o

abastecimento seja totalmente assegurado por água da chuva. Como tal, deve-se assegurar a

existência de uma fonte de água alternativa que garanta o abastecimento sempre que a quantidade

de água pluvial no tanque não seja suficiente para satisfazer as necessidades de consumos

existentes.

Geralmente, o tanque é de PEAD (Polietileno de Alta Densidade), sendo os tamanhos mais comuns

de 0,5 m3 a 75 m

3 [32], ou de betão, em que o tamanho será de acordo com as necessidades do

cliente. Apesar de existir uma grande variedade de opções para o material em que será feito o

tanque, estes dois são os mais usuais por reunirem uma boa relação de fiabilidade, custo e

disponibilidade [31]. O tamanho do tanque depende de muitos fatores, como a precipitação e o

consumo de água, e assim a capacidade ideal deve ser otimizada para cada caso. Desta forma, há

quem defina que iterando em intervalos de 1 000 L, se a poupança não aumentar mais de 0,5%, esse

tamanho é o ideal, uma vez que o aumento do tamanho do tanque já não compensa o que se poupa

[6].

Na Figura 2.11 encontra-se a representação do tanque ao nível subterrâneo, contudo este também

pode ser elevado. Nos tanques que se encontram à superfície a instalação é mais barata e a

manutenção mais fácil. Se em vez de ao nível térreo, for elevado não necessita de sistema de

bombagem. Em contrapartida, ocupam espaço que poderia ser útil para outros fins, têm maior risco

de aparecimento e crescimento de algas devido à exposição solar e também da água congelar nas

tubagens provocando danos nas mesmas. Mais uma vez, se for elevado, há ainda o peso provocado

sobre a estrutura. Por outro lado, os tanques subterrâneos encontram-se mais protegidos das

condições climáticas. Contudo, requerem sistema de bombagem para transportar a água aos fins

destinados com a pressão necessária, a instalação é mais cara devido às escavações necessárias,

não são tão acessíveis para inspeção e manutenção e, por fim, pode haver o risco de contaminação

por águas subterrâneas. Este elemento é o mais dispendioso de todo o sistema [18] [23] [31].

Como já referido, o material da superfície de recolha, assim como a sua área efetiva, afetam a

eficiência da recolha e a qualidade da água. Materiais mais suaves, limpos e impermeáveis são

preferíveis, uma vez que captam maior quantidade de água e com melhor qualidade. Assim, telhados

cobertos por telhas ou com chapas onduladas de aço macio são uma melhor opção devido ao seu

fácil uso e por fornecerem a água mais limpa. O coeficiente de escoamento, CE, é um coeficiente que

tem em consideração diversas perdas que possam ocorrer aquando da recolha de precipitação.

Essas perdas podem ser devido à textura do material, por evaporação ou absorção quando a água

alcança o telhado, perdas nas caleiras e tanques, ineficiências no processo de recolha e ainda a água

que não é aproveitada devido ao aparelho de FF [18] [31].

Diversos autores consideram um CE de 0,8 independentemente dos fatores referidos [7] [18], e a

Associação Brasileira de Normas Técnicas também recomenda o mesmo valor [31]. Na Tabela 2.7

encontram-se sintetizados diversos valores de CE em função da inclinação do telhado e do material

que o compõe [34].

Page 34: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

18

Tabela 2.7 – Estimativas de CE em função do material de recolha (adaptado de [34]).

Material CE

Telhados (em geral)

0,7 – 0,95

Telhados inclinados

Betão/asfalto 0,9

Metal 0,81 – 0,84

0,95

Alumínio 0,7

Telhados planos

Betuminoso 0,7

Gravilha 0,8 – 0,85

Cimento de regularização 0,81

Quanto à qualidade da água recolhida, esta pode deteriorar-se nos processos de recolha,

armazenamento e até uso na habitação. Numa superfície de telhas ou folhas de alumínio é possível

recolher água pouco, ou até mesmo, não poluída. Por outro lado, telhados de zinco, cobre ou com

pinturas metálicas não são recomendados devido à forte presença de metais pesados, assim, como

caleiras de bambu por causa de possíveis riscos para a saúde. O ambiente em que se pretende

instalar o SAAP também tem influência na qualidade da água recolhida. A água da chuva no seu

estado puro praticamente não apresenta impurezas, sendo a atmosfera que possui poluentes, tais

como partículas, micro-organismos, metais pesados e substâncias orgânicas, que se depositam nos

telhados e a tornam poluída quando recolhida. As áreas urbanas apresentam muito tráfego e

industrialização, e como consequência a chuva é contaminada por partículas, metais pesados e

substâncias orgânicas. Contrariamente, em zonas rurais, o ar é mais puro, assim como a chuva, à

exceção de alguns gases dissolvidos [35].

Quanto ao tratamento da água no SAAP, como já referido, devem ser instalados um aparelho de FF e

um filtro. Após um período seco, devido à deposição e acumulação de material poluente no telhado, a

quantidade inicial de um evento de precipitação deve ser rejeitada, por apresentar maiores

concentrações de carga poluente, que diminuem com a continuação da chuva. Esta contaminação é

inferior em épocas de chuva, uma vez que as áreas de recolha são lavadas mais frequentemente

pela chuva. Assim, é de notar que quanto maior o período seco antes de eventos de precipitação,

maior a probabilidade de existirem mais poluentes na FF. O filtro, por sua vez, remove parte da carga

poluente da água. Complementarmente, devem ser colocadas redes de arame para impedir a

passagem de folhas para as tubagens. De forma a minimizar a acumulação de detritos, deve ser feita

uma limpeza regular da área de recolha e antes da época de chuvas se iniciar, assim como das

caleiras para evitar que estas entupam [18] [21] [31] [36].

2.3.2. Usos Não Potáveis e respetivos Potenciais de Poupança

A aplicação mais usual de um SAAP é em utilizações que não requerem água potável. Em habitações

incluem-se descargas de autoclismo, lavagens de roupa, nomeadamente a máquina de lavar,

podendo em alguns casos servir também para regas e lavagens de pátios ou terraços e de veículos

[23]. Em instalações de maiores dimensões, como estabelecimentos comerciais ou industriais, estes

Page 35: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

19

usos, para além dos referidos para habitações, incluem equipamentos de climatização, arrefecimento

de equipamentos e sistemas de combate a incêndios[37]. A um nível urbano, as entidades

camarárias podem também ter em conta águas pluviais para lavagens de rua e rega de jardins [37].

Foram feitos diversos estudos de forma a analisar qual a quantidade de água potável utilizada nas

habitações passível de ser substituída por água da chuva. Em 1999, no Reino Unido, aferiu-se que os

consumos das descargas de autoclismo correspondiam a 30% [38]. Mais tarde, em 2010, aferiu-se

que para o mesmo uso, em Inglaterra e Gales, o consumo era de 26% e a máquina de lavar roupa e

regas de jardim correspondiam a 12% e 7%, respetivamente [23]. Na Formosa a quantidade de água

potável que pode ser substituída é 32% da totalidade, englobando usos como autoclismo, limpezas e

jardinagem [39]. Enedir Ghisi concluiu que no Brasil cerca de 50% da água consumida numa

habitação corresponde a utilizações que não necessitam de água potável, como descargas de

autoclismo, rega, limpeza do chão e lavagem de roupa e carros [5]. Outro exemplo é na Suécia, onde

os usos associados ao autoclismo, máquina de lavar roupa, lavagem de carro e limpezas

correspondem a 20%, 15% e 10% da totalidade dos consumos, respetivamente [21].

Embora os valores não sejam os mesmos em todos os casos, nem as utilizações consideradas sejam

todas as mesmas, é possível concluir que a instalação de um SAAP poderá levar a poupanças de

água potável significativas.

Regra geral, o potencial de poupança de água potável é definido como o “Volume de água

recolhido/Consumo total de água potável” e na Tabela 2.8 encontram-se sintetizados os valores

obtidos de poupança em diversos estudos analisados.

Os dois casos apresentados referentes à Austrália à primeira vista podem parecer um pouco

contraditórios. Em Hamilton ao considerar a irrigação, para além dos sistemas de aquecimento e

autoclismo, a poupança aumenta de 45% para 60%. No segundo caso, quando se tem em conta

apenas o autoclismo e a máquina de lavar roupa a poupança pode variar de 61 a 97%, mas ao

acrescentar regas diminui para menos de 25%. Tal, deve-se ao facto deste estudo ser realizado em

zonas áridas, e como tal, as necessidades de irrigação são muito elevadas.

O Brasil tem sido alvo de vários estudos e um deles foi feito ao nível das cinco regiões do país, tendo-

se estimado poupanças de 48%, no Sudeste, a 100%, no Norte. Posteriormente, uma análise apenas

na zona Sudeste do Brasil estimou a poupança média em 41%, em vez dos 48% obtidos

anteriormente. Ainda no mesmo estudo, analisando os quatro estados do Sudeste do Brasil

separadamente, as estimativas de poupança variaram entre 29 e 42%. Da mesma forma, um estudo

que incidiu apenas sobre o Estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil, estimou a poupança média

em 69% em vez dos 82% para toda a região Sul. Demonstra-se assim que o grau de detalhe da

análise tem uma influência não desprezável na estimativa do potencial de poupança decorrente da

utilização de água da chuva. Quanto maior o detalhe da análise, mais fidedignos são os resultados

obtidos. Outro exemplo é o caso da Jordânia, em que a média de poupança do país é de 7,056%,

variando entre 0,27 e 19,7%.

Page 36: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

20

Tabela 2.8 – Síntese das poupanças obtidas em diversos estudos.

País Região Cidade/Estado Poupança (%) Usos não potáveis

Alemanha [24]

30 a 60 Autoclismo, máquina de lavar

roupa e irrigação

Austrália [8]

Newcastle Hamilton

45 Sistemas de aquecimento e

autoclismo

60 Sistemas de aquecimento,

autoclismo e irrigação

Austrália [40]

Regiões áridas

61 a 97 Autoclismo e máquina de lavar

roupa

<25 Autoclismo, máquina de lavar

roupa e irrigação

Brasil [5]

Norte

100

Autoclismo, regas, lavagens de roupa, carro e limpeza do chão

Nordeste

61

Sudeste

48

Sul

82

Central-Oeste

74

Brasil [6] Sudeste

41

Minas Gerais 42

São Paulo 42

Espírito Santo 35

Rio de Janeiro 29

Brasil [7] Sul Santa Catarina 69

Jordânia [18]

7,056

Usos domésticos e exteriores Aqaba 0,27

Ajlun 19,7

Suécia [21]

Norrköping

60 Autoclismo

40 Máquina de lavar roupa

30 Autoclismo e máquina de lavar

roupa

Em diversos casos o potencial de poupança obtido foi superior às necessidades de água potável. Por

exemplo, em Norrköping, considerando apenas o autoclismo, que é 20% do total, uma poupança de

60% foi conseguida, mostrando que é possível recolher mais água do que aquela que é necessária.

Assim como em Norrköping, no Brasil o mesmo foi alcançado, obtendo-se poupanças superiores a

50%, que é a totalidade dos usos não potáveis no país. Desta forma, deve ser tido em conta a

possibilidade de utilização de águas pluviais para fins potáveis, com a salvaguarda de que necessita

de tratamento [5].

A WHO define diversos parâmetros e intervalos de valores a cumprir no que diz respeito à qualidade

da água. Na Jordânia, amostras de águas pluviais recolhidas em cisternas mostraram que os valores

obtidos nos parâmetros físicos e químicos respeitavam os standard da WHO para água própria para

consumo. Por outro lado, o mesmo não se verificou quanto à contaminação biológica [18]. Para

melhorar a qualidade da água e reduzir o risco de perigo para a saúde humana, a desinfeção solar e

Page 37: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

21

por recurso a cloro são dois exemplos de desinfeção barata para água armazenada, podendo assim

torná-la apta para consumo humano [36].

2.3.3. Vantagens e Desvantagens

A aplicação de um SAAP tem diversas vantagens associadas [5] [23] [41]:

pode reduzir a necessidade externa de água da cidade;

reduz a pressão sobre este recurso, no sentido em que se consome menos água potável;

reduz a poluição de origem não-localizada, ou seja, a poluição provocada por todo o processo

que envolva levar água a uma habitação;

o volume de escoamento urbano tratável diminui, ou seja, o caudal afluente à rede pública é

menor;

ajuda a diminuir a ocorrência de cheias, ou a atenuar os seus efeitos;

atenua as consequências das alterações climáticas;

reduz o custo associado ao consumo de água potável;

reduz a taxa a que a disponibilidade de água diminui.

Através da recolha de água da chuva, as consequências das alterações climáticas são atenuadas, no

sentido em que durante épocas de seca as necessidades de água podem ser garantidas com a

quantidade que estiver armazenada em tanques. Quanto às cheias, ao diminuir-se o escoamento

superficial é possível atenuar os seus efeitos, ou até mesmo evitar a sua ocorrência.

Quanto ao último aspeto referido nas vantagens, foi desenvolvido um estudo no Brasil que analisou,

entre outros aspetos, a disponibilidade de água com e sem SAAP [5]. Conforme se pode observar

pela Figura 2.12 e Figura 2.13, ao considerar a utilização de água da chuva, embora a disponibilidade

de água continue a reduzir, ocorre a uma taxa muito inferior do que sem SAAP.

Figura 2.12 – Disponibilidade de água estimada na zona nordeste do Brasil (adaptado de [5]).

Figura 2.13 – Disponibilidade de água estimada na zona sudeste do Brasil (adaptado de [5]).

Page 38: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

22

Relativamente às desvantagens, destacam-se o facto das poupanças financeiras serem superiores

quando a instalação de um SAAP ocorre durante a construção da habitação, uma vez que se projeta

toda a estrutura já tendo em consideração este sistema, evitando-se assim alterações nas

canalizações existentes [23]. Para além da poupança financeira, o sistema também é mais eficiente

quando aplicado de raiz [18]. Outro aspeto é a sua dependência de diversos fatores, como a

necessidade de água potável, consumo de água da chuva, área de recolha da habitação em questão

e também da precipitação diária da zona onde esta se insere [6]. Por fim, estes sistemas requerem

um controlo da qualidade da água, de forma a não pôr em causa a saúde humana e o correto

funcionamento do SAAP.

Page 39: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

23

3. Metodologia para Avaliação

No âmbito da presente dissertação, propõe-se uma metodologia de avaliação do potencial de

utilização de água da chuva à escala urbana tendo em consideração características do edificado que

envolve três componentes (Figura 3.1):

caracterização do consumo de água (capítulo 3.1);

caracterização da malha urbana (capítulo 3.2);

caracterização do regime de precipitação (capítulo 3.3).

1.

Caracterização

dos consumos

de água

A nível

residencial

Em espaços

públicos

Estudos

detalhado dos

consumos em

várias

habitações

Análise dos

registos de

consumos não

residenciais

2.

Caracterização

da malha urbana

Ao nível do

edificado

Ao nível da

ocupação

Análise dos

Censos e de

informação SIG

Análise dos

Censos e de

informação SIG

3.

Caracterização

do regime de

precipitação

Variabilidade

espacial

Variabilidade das

fontes de

informação

Análise de

diferentes pontos

Análise de

diferentes dados

Potencial de

reutilização de águas

pluviais ao nível urbano

Figura 3.1 – Fluxograma da metodologia desenvolvida.

Esta metodologia foi aplicada à cidade de Lisboa (capítulo 3.4) conforme descrito de seguida.

3.1. Consumos de Água

Um dos dados fundamentais para a determinação da viabilidade de um SAAP é o consumo de água

per capita numa habitação. Inicialmente, estudaram-se os hábitos de consumo de uma habitação

familiar tipo, de forma a determinar a percentagem de consumo de água associada a cada aparelho

que requer a utilização de água. A tabela utilizada nesta fase encontra-se no Anexo 1.

Relativamente ao seu preenchimento, solicitou-se:

que tirassem uma leitura de manhã antes de iniciarem os consumos, ao início da tarde e ao

deitar;

Page 40: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

24

que registassem as utilizações efetuadas em cada aparelho (máquina de lavar roupa,

máquina de lavar louça, lava-louça, lavatório, bidé, banheira e autoclismo) durante os

mesmos três períodos em que retiraram a leitura do contador;

o modelo da máquina de lavar roupa, que permite aferir o consumo por cada utilização da

mesma, ou opcionalmente, indicar diretamente o seu consumo;

a descarga do autoclismo, mediante medições no contador antes e depois da sua utilização;

por fim, no caso de se ter empregada doméstica, indicar o(s) dia(s) de trabalho, uma vez que

os consumos nesses dias poderão ser ligeiramente diferentes dos restantes.

Numa 2ª fase, de forma a obter valores mais representativos relativamente à percentagem de água

passível de ser substituída por água da chuva, ou seja, a água utilizada em máquinas de lavar roupa

e autoclismos, conduziu-se um estudo em diversas casas. Foi pedido que preenchessem uma tabela

semelhante à que se encontra apresentada na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Quadro utilizado no estudo de consumo em habitações.

Nome:

Morada:

Agregado familiar (Nº pessoas):

Tipologia: Dia de início:

Leitura inicial (m

3)

2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado Domingo

Leitura do contador (m3)

Horas

2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado Domingo Consumo

por utilização (l)

Modelo da máquina de lavar roupa:

Máquina de lavar roupa (utilizações)

Autoclismo (utilizações)

O preenchimento desta tabela difere da utilizada na primeira análise apenas nos seguintes aspetos:

solicitou-se que tirassem apenas uma leitura de manhã antes de iniciarem os consumos, de

forma a ser a leitura “zero”;

depois de apontada a leitura inicial, que registassem os consumos efetuados em autoclismo e

máquina de lavar roupa, até tirar a leitura do fim do dia;

após tirar a leitura do fim do dia, os consumos efetuados já seriam no dia seguinte;

a leitura do contador devia ser apontada diariamente à mesma hora, por forma a ter-se

conhecimento do consumo efetivo num intervalo de 24 horas na habitação e,

consequentemente, tendo conhecimento do agregado familiar, o consumo per capita.

Page 41: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

25

Tendo-se verificado que a descarga do autoclismo foi praticamente a mesma em todas as casas

abrangidas pelo estudo que responderam a esta questão, adotou-se este valor nos casos em que

essa informação não foi fornecida.

Embora a aplicação mais direta de um SAAP seja num edifício de habitação, também se pode

aproveitar água da chuva para fins como lavagens de rua ou regas de jardins, uma vez que

dispensam características de potabilidade. Para se obter os consumos associados a estes usos,

contactou-se a câmara municipal da cidade.

3.2. Malha Urbana

Outro aspeto importante a definir é a malha urbana, tanto o edificado presente como a sua ocupação.

Por consulta do Censos de 2011, que abrange toda a área de Portugal continental e arquipélagos dos

Açores e Madeira, foi possível obter informação relativamente aos edifícios [42]. A informação

continha o número de edifícios que existem com, por exemplo, 1 piso e 1 alojamento ou 5 pisos e 4

alojamentos. Analisou-se apenas a informação relativa ao número de pisos, começando-se por

analisar o número de edifícios com 1 até 7 ou mais pisos de cada freguesia, detetando-se algumas

similaridades entre freguesias vizinhas e optando por agrupá-las. Desta forma, foi possível definir

zonas distintas na cidade, tendo por base apenas o número de pisos.

De seguida, foi necessário recolher informação relativa ao edificado da cidade, como a área de

implantação dos edifícios. Esta informação foi inserida no programa ArcGis, sobrepondo-a com a dos

limites das freguesias, sendo assim possível determinar o centróide de cada uma das zonas assim

como o da cidade.

Após a caracterização do edificado é necessário realizar uma análise ao nível da ocupação,

nomeadamente os residentes, dos edifícios em cada uma das zonas definidas. Para tal, recorreu-se a

informação disponível no site da câmara municipal referente a cada freguesia, sendo assim possível

determinar o número de residentes por cada zona. Juntamente com esta informação também foi

possível determinar o número de famílias existentes em cada uma das regiões e, desta forma, o

número de habitantes por apartamento.

3.3. Regime de Precipitação

Para se analisar o potencial de reutilização de águas pluviais é necessário realizar um estudo ao nível

da precipitação. Neste estudo, um ano será referente a um ano hidrológico, ou seja, desde o dia 1 de

Outubro até 30 de Setembro do ano seguinte. Inicialmente, consultaram-se diversos dados, como por

exemplo do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) que abrange toda a área

de Portugal [43].

Page 42: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

26

Para fazer a análise espacial ao nível da cidade, recorreu-se a uma funcionalidade do programa

ArcGis, Geostatistical Analyst, mais concretamente à ferramenta Geostatistical Wizard – Inverse

Distance Weighting. Inserindo os dados de precipitação anual, este comando calcula a distribuição

espacial da precipitação, dando maior peso à precipitação observada num ponto mais próximo e

menos peso a um ponto que se encontre mais distante, obtendo-se assim um mapa de variabilidade

da precipitação em toda a cidade.

Numa análise mais pormenorizada, como é o caso da análise à escala dos edifícios, os dados

utilizados foram os de precipitação diária, pois não é adequado considerar uma escala com uma

dimensão tão elevada como a anual.

3.4. Aplicação à Cidade de Lisboa

Inicialmente, estudaram-se os consumos numa habitação familiar em Lisboa, durante 15 dias, de

forma a obter os consumos associados a cada utilização e respetiva percentagem do consumo total.

De seguida, conduziu-se um segundo estudo em 15 casas, também em Lisboa, por uma semana,

para se obterem valores mais representativos quanto à quantidade de água passível de ser

substituída por água da chuva. Abrangeram-se tanto casas familiares como de estudantes, não se

restringindo apenas a uma zona da cidade.

Para se obterem os consumos associados a lavagens de rua e regas, contactou-se a Câmara

Municipal de Lisboa (CML) e analisou-se a Matriz da Água de Lisboa de 2014 [25]. Constatou-se que

é utilizada água potável na sua grande maioria, mas que já se recorre à utilização de água tratada,

proveniente da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Chelas para lavagens de rua.

A água potável tem como destino lavagens manuais, ou seja, recorrendo a mangueiras, podendo

ocasionalmente também servir para encher o depósito de algumas viaturas que efetuem lavagem

mecânica, e a sua fonte é maioritariamente bocas-de-incêndio, ou bocas de rega, situadas nas

fachadas dos edifícios. Relativamente à água proveniente da ETAR, esta é destinada apenas à

lavagem mecânica dos arruamentos, ou seja, através da utilização de viaturas com depósito de água.

Relativamente à caracterização da malha urbana, consultou-se, como já referido, o Censos de 2011,

obtendo-se a informação da cidade de Lisboa relativamente ao número de pisos dos edifícios. Os

dados disponíveis encontravam-se de acordo com a antiga organização das freguesias de Lisboa, e

como tal, o estudo foi feito a esse nível. Contudo, notou-se que as freguesias que com a organização

administrativa de Lisboa, Lei 56/2012 de 8 Novembro [44], se fundiram, encontravam-se dentro da

mesma zona de edificado.

O Centro de Informação Urbana de Lisboa (CIUL) facultou informação relativa ao edificado da cidade,

que continha dados como a área de implantação dos edifícios, que se considerou a área de recolha

de água pluvial. Inseriu-se esta informação no programa ArcGis, sobrepondo-a com a relativa aos

atuais limites administrativos das freguesias de Lisboa, disponível no site da Direcção-Geral do

Page 43: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

27

Território [45], e determinou-se o centróide correspondente a cada uma das zonas definidas assim

como da cidade de Lisboa.

Para a caracterização dos residentes, consultou-se informação disponível no site da CML para cada

freguesia [44] e foi possível obter a informação relativa à população existente e, desta forma, o

número de residentes de cada uma das zonas. Com esta informação também foi possível determinar

o número de famílias existentes em cada uma das regiões. Toda esta informação tem como fonte o

Censos de 2011 [46], contudo optou-se por utilizar os dados disponíveis pela CML por apresentarem

informação mais completa, como por exemplo o número de famílias, que não estava disponibilizado

no Censos de 2011. Procedeu-se à validação dos dados comparando o valor da dimensão média

familiar para o município de Lisboa [47] com o valor obtido pelo site da CML.

O estudo realizado ao nível da precipitação incidiu sobre a cidade de Lisboa. Foram recolhidos

registos de precipitação do SNIRH, referentes à estação meteorológica de Sacavém de Cima, e da

Transtejo [48], referentes à estação meteorológica no Cais do Sodré. As coordenadas destas

estações encontram-se na Tabela 3.2 e as suas localizações na Figura 3.2. Também foram

recolhidos os dados referentes à estação no Instituto Superior Técnico e em Algés, porém optou-se

por não os utilizar por apresentarem pouca representatividade temporal e algumas falhas ao longo do

período de recolha de dados.

A estação de Sacavém de Cima apresenta dados desde o ano 1980/81 até 2001/02, e a da Transtejo,

sendo mais recente, tem dados desde 1 de Janeiro de 2010. Relativamente à segunda, foram

considerados os registos de precipitação apenas a partir de 1 de Outubro de 2010, para se analisar

anos hidrológicos completos, o que corresponde a uma amostra com 4 anos de registos (2010/11 até

2013/14).

Tabela 3.2 – Coordenadas das estações meteorológicas Transtejo e Sacavém de Cima.

Estação Latitude (N) Longitude (W)

Transtejo 38,705° 9,145°

Sacavém de Cima 38,794° 9,113°

Page 44: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

28

Figura 3.2 – Localização das estações meteorológicas Transtejo e Sacavém de Cima.

Embora estas estações se encontrem um pouco distanciadas, abrangem ainda uma grande parte da

cidade de Lisboa. Porém, os dados mais recentes da estação de Sacavém são referentes a 2001/02

e os do Cais do Sodré, embora mais atuais, não apresentam uma grande representatividade

temporal.

Os dados devem ter representatividade temporal, e para assegurar que isso se verificava,

analisaram-se os dados de um estudo disponível no Instituto Português do Mar e da Atmosfera

(IPMA) sobre a precipitação em Portugal continental com uma resolução definida por quadrículas com

aproximadamente 22 km x 22 km [15]. Estes dados apresentam uma grande representatividade

temporal, uma vez que se iniciam no ano 1950/51 até 2002/2003.

Para a cidade de Lisboa identificaram-se 5 pontos que limitam e permitem caracterizar a distribuição

espacial da precipitação na área de interesse. Os pontos utilizados foram o P173, P174, P175, P185

e P186. As suas coordenadas encontram-se na Tabela 3.3 e a sua representação na Figura 3.3.

Tabela 3.3 – Coordenadas dos pontos P173, P174, P175, P185 e P186.

Pontos Latitude (N) Longitude (W)

P173 38,8° 9,4°

P174 38,8° 9,2°

P175 38,8° 9,0°

P185 38,6° 9,2°

P186 38,6° 9,0°

Page 45: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

29

Figura 3.3 – Localização dos pontos P173, P174, P175, P185 e P186.

Existindo anos coincidentes entre estes dados e os disponíveis na estação de Sacavém de Cima,

designadamente no período de 1980/81 a 2001/02, analisou-se a correlação existente entre os

mesmos. Tendo por base a precipitação anual relacionou-se os dados de Sacavém de Cima com os

dos pontos P174 e P175, tendo em consideração as distâncias entre os pontos, obtendo-se uma

correlação de 0,87. Desta forma, utilizaram-se os dados do estudo, por apresentarem uma maior

representatividade temporal.

Para se analisar a distribuição da precipitação ao longo do ano, consideraram-se os dados diários no

intervalo dos 53 anos, a que corresponde o estudo, e caracterizou-se a variação mensal da

precipitação em torno da mediana.

No decorrer da análise espacial ao nível da cidade foi necessário decidir se se consideraria apenas a

distância, “d”, ou o quadrado da distância, “d2”. Fez-se a análise para os dois casos e recolheram-se

os dados do ponto da estação selecionada do SNIRH, Sacavém de Cima, e, posteriormente,

compararam-se com os valores obtidos no ArcGis considerando cada uma das variáveis, tendo por

base os 5 pontos referidos do estudo. Como se pode observar pela Figura 3.4, os dados obtidos no

ArcGis encontram-se muito próximos da realidade, apresentando uma correlação de 0,867 e 0,871

considerando d e d2, respetivamente.

Page 46: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

30

Figura 3.4 – Representação da precipitação anual na estação de Sacavém de Cima, considerando os dados reais (SNIRH) e os do ArcGis.

Optou-se por considerar apenas “d”, uma vez que como não se dispõe de uma malha com muitos

pontos, não se deve dar demasiada importância à distância. Desta forma, tendo por base os dados

de precipitação de 53 anos nos pontos em redor da cidade, fez-se a análise para esse intervalo

temporal. No Anexo 2 encontram-se os valores de precipitação anual obtidos no ArcGis para cada

uma das zonas e cidade, tendo-se considerado como representativo o respetivo ponto centróide.

Relativamente à análise ao nível dos edifícios, uma vez que não seria exequível inserir os dados

diários dos pontos do estudo circundantes à cidade ao longo de 53 anos, e depois retirar a

precipitação correspondente aos centróides de cada uma das zonas, determinaram-se estes dados

recorrendo a uma fórmula de inverse distance weighting.

Tendo por base os dados anuais recolhidos na análise à escala da cidade para cada uma das zonas,

determinou-se uma expressão que tivesse em consideração os valores de precipitação nos pontos

circundantes à cidade, assim como a distância a cada um dos centróides das zonas, obtendo-se

valores de correlação de 0,9999 e 1,000 entre os valores fornecidos pelo ArcGis (já apresentados no

Anexo 2) e os calculados pela expressão, que se encontram no Anexo 3. Desta forma, calcularam-se

os valores de precipitação diária em cada um dos centróides das zonas recorrendo à expressão, uma

vez que se obtêm valores bastante próximos dos obtidos pelo ArcGis.

0

200

400

600

800

1 000

1 200

1 400

1980

/81

1981

/82

1982

/83

1983

/84

1984

/85

1985

/86

1986

/87

1987

/88

1988

/89

1989

/90

1990

/91

1991

/92

1992

/93

1993

/94

1994

/95

1995

/96

1996

/97

1997

/98

1998

/99

1999

/00

2000

/01

2001

/02

Pre

cip

itaç

ão

an

ual

(m

m)

Ano hidrológico

SNIRH

d

d2

Page 47: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

31

4. Dados de Base para Lisboa

4.1. Caracterização dos Consumos de Água em Lisboa

A caracterização dos consumos de água em Lisboa divide-se em duas categorias: ao nível da

habitação e ao nível da cidade. No capítulo 4.1.1 apresenta-se o consumo de água nas habitações,

em que os dados apresentados foram recolhidos através de campanha de medição, abrangendo

desde casas familiares a apartamentos de estudantes, por toda a cidade de Lisboa. O consumo de

água ao nível da cidade, ou seja, por parte da CML é apresentado no capítulo 4.1.2, e esta

informação foi recolhida junto da própria câmara.

4.1.1. Consumo de Água nas Habitações

O trabalho desenvolvido para a avaliação dos consumos de água nas habitações, descrito no capítulo

3.1, conduziu aos resultados apresentados na Figura 4.1, Figura 4.2, Figura 4.3, Figura 4.4 e Figura

4.5.

Com a primeira análise realizada, ou seja, considerando apenas uma habitação tipo, obtiveram-se

valores percentuais de consumo relativos em cada equipamento que requer a utilização de água. Na

Figura 4.1 apresentam-se os valores obtidos de consumo médio diário per capita por equipamento.

Figura 4.1 – Resultados da campanha de medição do consumo médio diário per capita por equipamento.

Conforme se pode observar pela Figura 4.1, a quantidade de água consumida numa habitação que

pode ser substituída por água da chuva representa 39,7% do consumo total. Comparando com os

outros valores apresentados no capítulo 2.3.2, o valor associado às descargas de autoclismo é da

mesma ordem de grandeza, ou seja, entre 20% e 30%, sendo ligeiramente superior ao apresentado

também para Lisboa em 2005, que era de 22%. Relativamente à máquina de lavar roupa, o valor

aumentou em comparação com 2005, passou de 6% para 11,7%, contudo é inferior aos

apresentados no capítulo 2.3.2. Na Figura 4.2 encontra-se sintetizada a informação relativa à

quantidade diária de consumo potável e não potável, per capita.

28,0%

11,7%

2,4% 12,3%

31,1%

12,9% 1,5%

Autoclismo

Máquina de lavar roupa

Máquina de lavar louça

Lava-louça

Chuveiro

Lavatório

Bidé

Page 48: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

32

Figura 4.2 – Resultados da campanha de medição da quantidade diária de consumo potável e não potável, per capita.

Tendo por base os valores apresentados anteriormente, realizou-se uma segunda análise,

abrangendo mais habitações, de forma a obter valores de consumo mais fidedignos. Nas 15

habitações consideradas em Lisboa obteve-se o consumo per capita ao longo da semana, sendo

assim possível adotar um valor médio diário. De seguida, apresentam-se os consumos diários totais e

não potáveis, considerando apenas casas familiares (Figura 4.3), casas de estudantes (Figura 4.4) e

tendo em conta estes dois tipos de casa em simultâneo (Figura 4.5).

Figura 4.3 – Resultados da campanha de medição do consumo diário per capita em 13 casas familiares.

Dada a irregularidade acentuada do consumo nas casas de estudantes, Figura 4.4, procedeu-se a

uma análise mais detalhada. Essa análise permitiu identificar que os valores anómalos resultavam

apenas de uma situação, que constitui claramente um outlier, e como tal, foi removido da amostra

para efeitos da análise conjunta do consumo per capita de casas familiares e de estudantes.

60,3%

28,0%

11,7%

39,7%

Consumo potável

Autoclismo

Máquina de lavarroupa

30,0% 28,6% 24,3% 28,1% 25,0% 27,7%

32,8%

28,1%

0,000

0,020

0,040

0,060

0,080

0,100

0,120

0,140

0,160

0,180

2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado Domingo MédiaDiária

Co

nsu

mo

(m

3)

Consumo diário total Consumo diário não potável

Page 49: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

33

Figura 4.4 – Resultados da campanha de medição do consumo diário per capita em 2 casas de estudantes.

Assim, na Figura 4.5 é possível observar o consumo diário per capita registado ao longo da semana e

a média diária considerada.

Figura 4.5 – Consumo diário per capita.

Após este estudo, concluiu-se que o consumo médio diário per capita corresponde a 0,146 m3, sendo

que 0,041 m3 são de utilizações em água não potável, o que corresponde a 28,4% do total. Assumiu-

se que o consumo é semelhante em toda a cidade e que não apresenta variabilidade significativa ao

longo do ano. Esta assunção é uma simplificação que pode ser significativa porque a amostra é

limitada e existe variação do consumo de água ao longo do ano e entre anos. Relativamente à

variação do consumo ao longo do ano, um estudo realizado em Mafra aferiu que nos meses de

Verão, Junho a Agosto, o consumo aumenta em média 1%, comparativamente aos consumos

24,7% 18,8%

31,7%

31,9%

38,6%

19,0%

27,6%

29,8%

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado Domingo MédiaDiária

Co

nsu

mo

(m

3)

Consumo diário total Consumo diário não potável

29,5% 28,4% 23,9% 28,8% 26,3% 27,6%

33,6%

28,4%

0,000

0,020

0,040

0,060

0,080

0,100

0,120

0,140

0,160

0,180

2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado Domingo MédiaDiária

Co

nsu

mo

(m

3)

Consumo diário total Consumo diário não potável

Page 50: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

34

observados de Dezembro a Fevereiro [49]. Comparando os dados apresentados com os resultados

disponíveis na Matriz da Água de Lisboa 2014, verifica-se que houve um ligeiro aumento do consumo

diário de água, relativamente a 2014, passando de 142 L/hab.dia para 146 L/hab.dia [25], contudo é

inferior ao observado na Matriz da Água de Lisboa 2004, que era 152 L/hab.dia [27].

4.1.2. Consumos de Água da Câmara Municipal de Lisboa

Para além dos consumos numa habitação, também se pretendeu aferir os consumos ao nível urbano,

sendo que estes valores foram recolhidos junto da entidade responsável pela sua gestão.

Consultando a Matriz da Água de Lisboa 2014 constata-se que 15% da água consumida no concelho

de Lisboa corresponde a consumos por parte da câmara municipal, conforme se pode observar na

Figura 4.6. No ano de 2014 estes consumos foram de 8 200 x 103 m

3 [25].

Figura 4.6 – Desagregação dos consumos de água potável no concelho de Lisboa (adaptado de [25]).

Excluindo o volume correspondente ao consumo doméstico, é possível concluir, pela Figura 4.7, que

a CML constitui-se como o maior consumidor não doméstico, apresentando 32% do total deste tipo

de consumo.

48%

21%

15%

11%

5% Doméstico

Comércio e Indústria

Câmara Municipal deLisboa

Estado e outrasinstituições

Outros (perdaseconómicas)

Page 51: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

35

Figura 4.7 – Desagregação do consumo não doméstico de água potável no concelho de Lisboa (adaptado de [25]).

Considerando apenas os consumos da CML (Figura 4.8), verifica-se que cerca de 75% podem ser

substituídos por água pluvial, que corresponde aos consumos com regas de jardins, 4 400 x 103 m

3, e

lavagens de ruas, 1 700 x 103 m

3.

Figura 4.8 – Desagregação do consumo de água potável da CML (adaptado de [25]).

Embora a CML apresente elevados consumos de água potável, tem vindo a investir na reutilização de

água residual tratada (ART) disponível na ETAR de Chelas, aproveitando-a, maioritariamente, para

lavagem mecânica dos arruamentos. A lavagem manual, dado a maior possibilidade de contacto com

os trabalhadores, tem como fonte as bocas-de-incêndio ou bocas de rega. Conforme se pode

observar pela Tabela 4.1 e Figura 4.9 o volume de ART reutilizada pela CML de 2009 a 2014 tem

32%

15%

9%

7%

7%

5%

5%

4%

3%

13% Câmara Municipal de Lisboa

Restauração e Hotelaria

Escritórios

Saúde (Hospitais)

Estabelecimentos e Centros Comerciais

Ensino (Escolas/Universidades)

Instituições/Organ. Públicos/Instit.MilitaresCultura, Lazer e Recreio

Consumo Habitacional

Outros

54%

21%

6%

4%

2%

2% 1%

1% 9% Jardins

Lavagens de rua

Chafarizes e bebedouros

Bombeiros

Escolas/Blocos escolares

Piscinas

Serviços administrativos

Recintos desportivos e deespectáculosOutros

Page 52: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

36

vindo a aumentar, mas representa ainda uma reduzida parcela, apenas 0,4% do consumo total em

lavagens de arruamentos e regas de espaços verdes no ano 2014.

Tabela 4.1 – Evolução dos dados de ART reutilizada pela CML, de 2009 a 2014 (adaptado de[25]).

Evolução 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Água reutilizada pela CML (m3) 2 850 7 976 13 025 14 127 24 733 23 638

Figura 4.9 – Evolução da ART reutilizada pela CML, de 2009 a 2014 (adaptado de [25]).

Assim, os consumos totais no ano de 2014 por parte da CML em lavagens de arruamentos e regas

de espaços verdes encontram-se sintetizados na Figura 4.10 e na Tabela 4.2.

Figura 4.10 – Distribuição dos consumos em regas de espaços verdes e lavagens de arruamentos, no

ano de 2014.

Tabela 4.2 – Distribuição dos consumos em regas de espaços verdes e lavagens de arruamentos, no

ano de 2014.

Consumo (m3) %

Água potável 6 100 000 99,6%

ETAR de Chelas 23 409 0,4%

ETAR de Alcântara 229 0,0%

Total 6 123 638 100%

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Vo

lum

e (m

3)

99,6%

0,4% 0,0%

Água potável ETAR de Chelas

ETAR de Alcântara

Page 53: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

37

4.2. Caracterização da Malha Urbana

4.2.1. Caracterização do Edificado

Como já referido no capítulo 3.2, dividiu-se a cidade de Lisboa em zonas, tendo como referência as

semelhanças em termos do número de pisos do edificado presente. Optou-se assim por criar seis

zonas distintas, que incluem as várias freguesias da cidade. Na Tabela 4.3 apresenta-se a

informação das freguesias que constituem cada uma das zonas e na Figura 4.11 a representação das

mesmas.

Tabela 4.3 – Constituição das seis zonas de Lisboa.

Zona A

Ajuda

Zona C

Areeiro

Alcântara Avenidas Novas

Belém São Domingos de Benfica

Campo de Ourique Zona D Alvalade

Campolide

Zona E

Benfica

Estrela Carnide

Zona B

Arroios Lumiar

Beato Marvila

Misericórdia Olivais

Penha de França Parque das Nações

Santa Maria Maior Zona F Santa Clara

Santo António

São Vicente

Figura 4.11 – Definição das zonas da cidade de Lisboa.

Tendo as zonas definidas procedeu-se à sua caracterização. Na Figura 4.12 é possível observar a

percentagem correspondente aos edifícios com 1 até 7 ou mais pisos, associada a cada zona. As

zonas A e F caracterizam-se por prédios com reduzido número de pisos, em que mais de 50% são de

1 ou 2 pisos. A zona B é um pouco semelhante às referidas anteriormente, no sentido em que

também não apresenta muitos prédios elevados, mas na sua maioria são de 3 ou 4 pisos, sendo

Page 54: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

38

possível também encontrar com alguma facilidade alguns edifícios de 5 pisos. A zona C caracteriza-

se por ser uma zona mais alta, onde cerca de metade dos edifícios apresentam 4 ou 7 ou mais pisos,

em que os últimos representam 28% da totalidade. Na zona D a maioria dos edifícios são de 3 ou 4

pisos, representando 46% da totalidade, mas os edifícios de 7 ou mais pisos também têm alguma

representatividade, 15%. Por fim, a zona E tem uma grande percentagem de edifícios de 7 ou mais

pisos, 24%, assim como de 2 pisos, 31%.

Figura 4.12 – Caracterização das diferentes zonas da cidade de Lisboa de acordo com o número de pisos.

A zona E, por abranger uma grande área da cidade e ser bastante extensa, optou-se por subdividi-la

em duas zonas, E.1 e E.2, de forma a ser possível obter valores mais representativos nos estudos em

diante, mais concretamente na caracterização dos residentes e do regime de precipitação. Desta

forma, a zona E.1 engloba Benfica, Carnide e Lumiar, enquanto que a zona E.2 inclui Olivais, Parque

das Nações e Marvila. De salientar que se considerou que estas duas zonas são idênticas

relativamente à caracterização do edificado, ou seja, o número de pisos característico é semelhante,

conforme se pode confirmar pelos valores apresentados na Tabela 4.4. A zona E.1 apresenta

maioritariamente edifícios de 2 e 7 ou mais pisos, 31% e 27% respetivamente, a par que na zona E.2

as percentagens correspondem a 30% e 20%, respetivamente.

Page 55: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

39

Tabela 4.4 – Caracterização das diferentes zonas da cidade de Lisboa de acordo com o número de pisos.

Zona 1 piso 2 pisos 3 pisos 4 pisos 5 pisos 6 pisos 7 ou mais pisos

A 30 % 23 % 17 % 14 % 8 % 3 % 5 %

B 15 % 15 % 19 % 22 % 16 % 7 % 6 %

C 9 % 7 % 9 % 19 % 17 % 11 % 28 %

D 8 % 16 % 25 % 21 % 11 % 5 % 15 %

E.1 16 % 31 % 6 % 6 % 8 % 6 % 27 %

E.2 14 % 30 % 11 % 10 % 11 % 5 % 20 %

F 35 % 24 % 8 % 10 % 7 % 4 % 12 %

Com a informação disponibilizada pelo CIUL, como referido no capítulo 3.4, foi possível inserir no

programa ArcGis a informação relativa ao edificado da cidade (Figura 4.13).

Figura 4.13 – Representação do edificado na cidade de Lisboa.

Como se pode observar pela Figura 4.13, existem freguesias que apresentam elevada densidade de

edifícios, por exemplo Misericórdia e Santa Maria Maior que se encontram representadas por “1”,

enquanto que outras, por exemplo Benfica e Alcântara, “2”, apresentam uma elevada quantidade de

espaços verdes.

Os limites das freguesias do município de Lisboa encontravam-se disponíveis no site da Direcção-

Geral do Território [45]. Inserindo essa informação no ArcGis, foi possível obter a área

correspondente a cada uma delas. Desta forma, na Tabela 4.5 apresenta-se a área de edificado

existente em cada uma das zonas e em Lisboa, a área total das mesmas, assim como a percentagem

de edificado.

Page 56: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

40

Tabela 4.5 – Quantificação da área total e de edifícios, por zona e em Lisboa.

Zona Área total (ha) Área edif (ha) % Edifícios

A 2 028 376 19%

B 1 138 426 37%

C 903 233 26%

D 534 125 23%

E 3 714 537 14%

F 336 51 15%

Lisboa 8 653 1 747 20%

Na Tabela 4.6 apresentam-se os valores de área total e do edificado nas zonas E.1 e E.2, assim

como a percentagem de edifícios presentes, mostrando mais uma vez que a caracterização do

edificado é semelhante.

Tabela 4.6 – Quantificação da área total e de edifícios nas zonas E.1 e E.2.

Zona Área total (ha) Área edif. (ha) % Edifícios

E.1 1 829 253 14%

E.2 1 885 285 15%

4.2.2. Caracterização dos Residentes

Após a caracterização do edificado, procede-se à caracterização dos residentes em cada uma das

zonas, de forma a ser possível prever as necessidades de água em cada uma das regiões definidas.

Como referido no capítulo 3.4, esta informação foi recolhida no site da CML na área destinada à

caracterização de cada freguesia da cidade. Na Tabela 4.7 apresenta-se o número de residentes por

zona, as famílias existentes, assim como a correspondente dimensão média familiar e, na Figura

4.14, a distribuição espacial da dimensão média familiar para cada zona.

Tabela 4.7 – Número de residentes por zona.

Zona Residentes Famílias Dimensão média

familiar

A 103 796 47 308 2,2

B 125 398 61 419 2,0

C 74 799 34 135 2,2

D 31 812 14 403 2,2

E.1 101 808 43 121 2,4

E.2 92 607 36 824 2,5

F 22 480 8 684 2,6

Lisboa 552 700 245 894 2,2

Page 57: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

41

Figura 4.14 – Representação espacial ao nível da cidade da dimensão média familiar.

Em Lisboa, a dimensão média familiar é 2,2, contudo, de acordo com as zonas definidas, este valor

pode variar entre 2,0 e 2,6. A zona que apresenta o valor mais reduzido (2,0) é a zona B, que inclui o

centro histórico da cidade de Lisboa, ou seja, a freguesia de Santa Maria Maior. Por ser uma zona

mais antiga, o número de pessoas numa habitação, regra geral, é mais reduzido. De seguida surgem

as zonas A, C e D, com 2,2. Na zona E.1 observa-se que a dimensão média é de 2,4, na zona E.2

corresponde a 2,5 e, por fim, na zona F é 2,6. É possível concluir que quanto mais distante do centro

da cidade, ou seja, quando as áreas em questão são mais recentes, a dimensão média familiar é

maior, conforme se pode observar pela Figura 4.14.

4.3. Caracterização do Regime de Precipitação

Como já referido no capítulo 3.3, para caracterizar a precipitação na cidade de Lisboa, foi necessário

recorrer a diversos pontos, que foram o P173, P174, P175, P185 e P186. Na Figura 4.15 encontra-se

informação relativa à precipitação anual nos pontos considerados para o estudo desde 1950/51 até

2002/03. Com base na Figura 4.15 conclui-se que a evolução temporal da precipitação anual não

mostra tendência visível no tempo. Assim, apesar dos estudos apontarem para a alteração do regime

de precipitação em Portugal devido às alterações climáticas, no âmbito do presente estudo

considerou-se que os dados disponíveis são representativos do regime de precipitação dos próximos

anos.

Page 58: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

42

Figura 4.15 – Quantificação da precipitação anual nos pontos P173, P174, P175, P185 e P186.

De forma a caracterizar a variabilidade mensal da precipitação apresenta-se a Figura 4.16, com a

distribuição para cada um dos pontos do estudo. Os valores apresentados nos cinco pontos em cada

mês aparentam ter um comportamento semelhante, em que os valores do quartil 25, quartil 75 e

mediana são similares, observando-se apenas algumas diferenças nos valores máximos registados.

Assim, para cada mês, os pontos não apresentam grandes variações entre si.

Figura 4.16 – Distribuição da precipitação ao longo do ano dos pontos P173, P174, P175, P185 e P186.

Durante os meses considerados de chuva (Outubro a Abril) a mediana para cada uma dos pontos

encontra-se entre os 50 e 100 mm de precipitação mensal. Complementarmente (Maio a Setembro) a

mediana situa-se sempre abaixo dos 50 mm, sendo que em Julho e Agosto os valores são bastante

0

200

400

600

800

1 000

1 200

1 400

1 600

Pre

cip

itaç

ão

an

ual

(m

m)

Ano hidrológico

P173

P174

P175

P185

P186

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Pre

cip

itaç

ão m

ensa

l (m

m)

Meses

P186

P185

P175

P174

P173

Page 59: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

43

reduzidos, rondando os 2 mm de precipitação mensal, podendo-se assim considerar como meses

secos.

Com base no estudo de Zhang et al. [50] calcularam-se alguns índices referentes à precipitação

anual, de forma a caracterizar a amostra. Estes índices são recomendados pela Expert Team on

Climate Change Detection and Indices (ETCCDI) [51], e apresentam-se de seguida:

a precipitação total anual – RR (mm);

o número de dias húmidos – RR1 (dias);

o número máximo consecutivo de dias húmidos – CWD (dias);

a precipitação total anual em dias húmidos – PRCPTOT (mm);

o número máximo consecutivo de dias secos – CDD (dias).

Estes índices foram calculados tendo por base os dados diários de precipitação. Para efeito do

cálculo dos índices, um dia seco é definido como aquele em que ocorre uma precipitação inferior a 1

mm (P<1 mm) e, complementarmente, num dia húmido chove uma quantidade superior ou igual a 1

mm (P≥1 mm).

De seguida, apresentam-se alguns parâmetros de estatística descritiva, como o mínimo, máximo,

média, desvio-padrão e o coeficiente de variação, para cada um dos índices indicados, em cada um

dos pontos considerados. O coeficiente de variação, CV, corresponde à razão entre o desvio-padrão

e a média, sendo assim uma medida de dispersão relativa, e quanto menor o seu valor, maior a

precisão dos dados. Por exemplo, se o CV for 0,2 significa que os desvios relativamente à média

atingem, em média, 20% do seu valor.

Na Tabela 4.8 encontram-se os valores para o índice RR e, como se pode observar, não existe

grande variação entre os pontos, cerca de 129 mm e 280 mm nos valores mínimos e máximos,

respetivamente. Quanto ao CV, em todos os pontos assume o valor de 0,3, considerando-se um valor

baixo/médio.

Tabela 4.8 – Valores característicos do índice RR (mm).

P173 P174 P175 P185 P186

Mínimo 439,0 446,9 318,2 378,2 348,8

Máximo 1 386,4 1 523,0 1 242,9 1 305,7 1 277,3

Média 787,3 800,7 669,0 706,7 680,8

Desvio-padrão 240,8 234,6 199,1 210,3 200,9

CV 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Os valores relativos ao índice RR1 encontram-se na Tabela 4.9, verificando-se que também não

existe grande variação entre os diferentes pontos, sendo que os valores mínimo e máximo têm uma

variação de 11 e 13 dias, respetivamente. Neste índice, tal como anteriormente, o CV é igual para

todos os pontos, com o valor de 0,2, o que se pode considerar baixo.

Page 60: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

44

Tabela 4.9 – Valores característicos do índice RR1 (dias).

P173 P174 P175 P185 P186

Mínimo 65 67 56 57 56

Máximo 128 126 120 122 115

Média 94 92 83 85 80

Desvio-padrão 17,6 17,2 16,7 16,6 16,6

CV 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2

De seguida, apresentam-se os resultados para o índice CWD na Tabela 4.10. Mais uma vez, a

variação entre os valores mínimo e máximo é reduzida, 2 e 5 dias, e quanto ao CV o ponto P173

toma valor 0,3 e os restantes 0,4.

Tabela 4.10 – Valores característicos do índice CWD (dias).

P173 P174 P175 P185 P186

Mínimo 6 5 4 4 4

Máximo 22 25 26 22 27

Média 11 12 11 10 10

Desvio-padrão 3,7 4,2 4,5 3,9 4,4

CV 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4

Relativamente ao índice PRCPTOT, os seus valores encontram-se sintetizados na Tabela 4.11.

Quanto à variação de valores, esta é da ordem dos 134 e 280 mm para os valores mínimo e máximo,

respetivamente. Mais uma vez, todos os pontos apresentam o mesmo valor para CV, 0,3.

Tabela 4.11 – Valores característicos do índice PRCPTOT (mm).

P173 P174 P175 P185 P186

Mínimo 417,8 433,0 299,1 356,6 332,0

Máximo 1 370,2 1 512,7 1 233,5 1 288,7 1 263,3

Média 771,0 784,1 650,5 690,4 664,7

Desvio-padrão 241,1 235,0 199,4 209,6 200,7

CV 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Por fim, quanto ao índice CDD, os seus valores característicos encontram-se na Tabela 4.12. Os

valores mínimo e máximo apresentam uma variação de 10 e 41 dias entre os diferentes pontos.

Quanto ao CV, todos os pontos tomam o valor de 0,3, à exceção do ponto P174 que dispõe de 0,4.

Page 61: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

45

Tabela 4.12 – Valores característicos do índice CDD (dias).

P173 P174 P175 P185 P186

Mínimo 29 33 34 34 39

Máximo 114 143 129 144 155

Média 61 64 75 69 75

Desvio-padrão 20,5 23,0 22,4 23,3 26,0

CV 0,3 0,4 0,3 0,3 0,3

Desta forma, pode-se concluir que os dados dos 5 pontos do estudo não são muito dispersos, uma

vez que as variações de valores observadas não são muito significativas tendo em conta a escala, e

a maior parte dos pontos apresentam valor de CV reduzido a médio.

Uma vez que se considerou a cidade de Lisboa dividida por zonas, realizou-se um estudo semelhante

ao apresentado anteriormente, para cada uma das zonas já indicadas, tendo por base os pontos

P173, P174, P175, P185 e P186. Na Figura 4.17 é possível observar a distribuição da precipitação ao

longo do ano nas sete zonas definidas em Lisboa. Conforme também se concluiu anteriormente, a

precipitação é relativamente semelhante entre as zonas, verificando-se que os valores mínimos,

máximos e mediana são praticamente os mesmos em cada mês, assim como os valores dos quartis

25 e 75. É possível concluir que, na cidade de Lisboa a variabilidade temporal é muito mais relevante

que a variabilidade espacial.

Figura 4.17 – Distribuição da precipitação ao longo do ano nas diferentes zonas da cidade.

De seguida, analisaram-se os valores obtidos para os índices indicados anteriormente, como RR,

RR1, CWD, PRCPTOT e CDD, para cada uma das zonas. Os valores obtidos nestes índices

encontram-se sintetizados no Anexo 4.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Pre

cip

itaç

ão

men

sal (

mm

)

Meses

Zona F

Zona E.2

Zona E.1

Zona D

Zona C

Zona B

Zona A

Page 62: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

46

Na Tabela 4.13 encontram-se os valores referentes ao índice RR, e pode-se constatar que os valores

entre as diferentes zonas são bastante semelhantes, sendo que os valores mínimo e máximo

apresentam uma variação de 28,7 mm e 55,3 mm, respetivamente, o que é bastante inferior ao

observado nos pontos da Tabela 4.8, o que seria de esperar uma vez que esses pontos abrangem

uma área muito superior à abrangida pelas zonas de Lisboa, apresentando assim maior variação nos

resultados obtidos. Quanto ao CV, todas as zonas mostraram o mesmo comportamento, ou seja, 0,3.

Tabela 4.13 – Valores característicos do índice RR (mm).

Zona A Zona B Zona C Zona D Zona E.1 Zona E.2 Zona F

Mínimo 404,9 400,1 413,1 414,5 425,2 408,3 428,8

Máximo 1 360,4 1 355,2 1 377,8 1 381,2 1 399,3 1 370,9 1 410,5

Média 735,9 731,7 742,6 743,7 752,6 738,7 756,3

Desvio-padrão 213,7 212,4 215,3 215,6 218,1 214,2 219,2

CV 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Relativamente ao índice RR1, os seus valores encontram-se sintetizados na Tabela 4.14. Mais uma

vez, não se observa grande variação entre os valores obtidos, sendo que os valores mínimo e

máximo apresentam uma variação de 2 e 3 dias, respetivamente. Quanto ao CV todas as zonas

tomam o valor 0,2.

Tabela 4.14 – Valores característicos do índice RR1 (dias).

Zona A Zona B Zona C Zona D Zona E.1 Zona E.2 Zona F

Mínimo 65 66 66 66 66 67 66

Máximo 125 126 125 125 125 124 127

Média 91 91 92 92 92 92 93

Desvio-padrão 17,7 17,7 17,7 17,8 17,8 17,6 17,8

CV 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2

De seguida, apresentam-se os valores relativos ao índice CWD (Tabela 4.15). Neste caso, o valor

máximo é o mesmo em todas as zonas, e o mínimo ou é 5 ou 6 dias, verificando-se que a amostra

apresenta uma reduzida variação, pois a média também é semelhante em todos os pontos, 13 dias, à

exceção da zona A que apresenta 12 dias. Quanto ao CV verificou-se que, mais uma vez, todas as

zonas apresentam o mesmo valor, neste caso, 0,4.

Tabela 4.15 – Valores característicos do índice CWD (dias).

Zona A Zona B Zona C Zona D Zona E.1 Zona E.2 Zona F

Mínimo 6 6 6 6 5 6 5

Máximo 27 27 27 27 27 27 27

Média 12 13 13 13 13 13 13

Desvio-padrão 5,3 5,2 5,2 5,2 5,3 5,2 5,1

CV 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4

Page 63: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

47

Os valores relativos ao índice PRCPTOT encontram-se na Tabela 4.16. Os valores mínimo e máximo

apresentam uma variação de 32,5 mm e 56,6 mm, respetivamente. Quanto ao CV, todas as zonas

apresentam 0,3.

Tabela 4.16 – Valores característicos do índice PRCPTOT (mm).

Zona A Zona B Zona C Zona D Zona E.1 Zona E.2 Zona F

Mínimo 383,4 379,0 393,5 394,9 406,4 388,9 411,5

Máximo 1 343,9 1 340,0 1 361,3 1 364,8 1 382,9 1 353,6 1 396,6

Média 715,6 711,6 722,8 723,8 732,9 718,5 736,8

Desvio-padrão 214,1 212,9 215,7 216,0 218,4 214,4 219,7

CV 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Por fim, apresentam-se os valores relativos ao índice CDD. Pela Tabela 4.17 é possível observar que

o valor mínimo observado é idêntico em todas as zonas, enquanto que o máximo ou é 143 ou 144

dias. Todas as zonas apresentam o valor de 0,3 para o CV.

Tabela 4.17 – Valores característicos do índice CDD (dias).

Zona A Zona B Zona C Zona D Zona E.1 Zona E.2 Zona F

Mínimo 33 33 33 33 33 33 33

Máximo 144 143 144 144 144 143 144

Média 69 69 69 69 68 69 67

Desvio-padrão 23,8 23,4 23,6 23,7 23,3 24,0 23,3

CV 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Assim, é possível afirmar que os valores apresentados nas diferentes zonas não são dispersos, uma

vez que as variações observadas não são muito significativas e que a maior parte das zonas

apresenta valor de CV reduzido.

Page 64: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

48

Page 65: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

49

5. Avaliação do Potencial em Lisboa

A avaliação do potencial em Lisboa divide-se em duas análises, com diferentes escalas: cidade e

edifício. Na Figura 5.1 apresenta-se uma representação esquemática do presente capítulo.

Avaliação

do potencial

Escala do

edifício

Escala da

cidade

Precip.

anual

Área total

do edificado

por zona

Na zonaHomogénea

na cidade

Consumo

per capita

Consumo

médioPercentil 25 Percentil 75

Precip.

diária

Área do

edifício em

análise

Consumo

médio diário

per capita

Figura 5.1 – Fluxograma da avaliação do potencial.

Na análise à escala da cidade, os dados de precipitação são anuais, disponíveis no Anexo 2, e

pretendeu-se analisar qual o potencial da cidade considerando a chuva anual e toda a área de

cobertura existente. Foi também estudada a variabilidade temporal da precipitação, ou seja,

consideraram-se os 53 anos de dados de precipitação e analisaram-se as diferenças nos vários anos;

a variabilidade espacial da precipitação, ou seja, considerando a precipitação homogénea em toda a

cidade ou variando com cada zona; e por fim, a variabilidade do consumo, isto é, adotar o consumo

correspondente aos percentis 25 e 75 em vez do consumo médio diário.

Na análise à escala do edifício, recorre-se a dados de precipitação diária, que foram calculados

conforme descrito no capítulo 3.3, ou seja, utilizando uma fórmula de inverse distance weighting

tendo por base os valores diários associados aos 5 pontos do estudo. Para esta análise, a área de

cobertura considerada corresponde à área de implantação de cada edifício.

5.1. Análise à Escala da Cidade

5.1.1. Variabilidade Temporal da Precipitação

Como já referido, nesta análise utilizaram-se os valores de precipitação anual para cada uma das

zonas definidas, obtidos no ArcGis. Sabendo a área total de edificado de cada zona, o número de

residentes e o consumo médio diário de água não potável per capita, 0,041 m3, (valor obtido no

capítulo 4.1.1, que se considerou uniforme em toda a cidade) calculou-se o consumo médio anual por

zona, conforme se apresenta na Tabela 5.1.

Page 66: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

50

Tabela 5.1 – Área de edificado e consumo médio anual por zona considerando o consumo médio diário.

Zona Área edificado

(m2)

Residentes Consumo médio

diário (m3)/pessoa

Consumo médio anual (m

3)/pessoa

Consumo médio anual

(m3)/zona

A 3 759 745 103 796 0,041 15,0 1 553 307

B 4 258 210 125 398 0,041 15,0 1 876 581

C 2 325 885 74 799 0,041 15,0 1 119 367

D 1 250 356 31 812 0,041 15,0 476 067

E.1 2 525 321 101 808 0,041 15,0 1 523 557

E.2 2 846 148 92 607 0,041 15,0 1 385 864

F 505 670 22 480 0,041 15,0 336 413

Consoante o ano hidrológico, a deposição e acumulação de água pluvial disponível para ser

reutilizada varia e, consequentemente, o aproveitamento obtido. Em cada ano, considerou-se o

aproveitamento residencial (AR) como o quociente entre a água pluvial disponível (AP) e o consumo

médio não potável anual da zona, equação (5.1). A água pluvial disponível determina-se multiplicando

a área de edificado (m2) pela precipitação anual na zona (mm x 10

-3).

𝐴𝑅 =𝐴𝑃 (𝑚3)

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑧𝑜𝑛𝑎⁄ (𝑚3) (5.1)

Esta análise foi feita para os 53 anos de dados disponíveis de precipitação apresentados no Anexo 2,

e na Figura 5.1 apresentam-se os histogramas do número de anos por intervalos de aproveitamento

estimados para cada zona, sendo possível observar quais as zonas com maior potencial para a

reutilização de água da chuva e a variabilidade do aproveitamento em função da variabilidade do

regime de precipitação característico da cidade de Lisboa. No Anexo 5 detalham-se os valores

parciais obtidos nesta análise.

Os intervalos de aproveitamento considerados foram semelhantes para todas as zonas para permitir

uma comparação mais direta entre as mesmas, e encontram-se de seguida:

0,51 – 0,82 2,07 – 2,38

0,82 – 1,13 2,38 – 2,69

1,13 – 1,45 2,69 – 3,01

1,45 – 1,76 3,01 – 3,32

1,76 – 2,07 3,32 – 3,63

Page 67: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

51

Figura 5.2 – Aproveitamento residencial nas diferentes zonas da cidade de Lisboa.

Conforme se pode observar pela Figura 5.2, a zona F é a que apresenta menores valores de

aproveitamento. Contudo, mesmo neste caso, a água da chuva disponível conseguiria satisfazer

todas as necessidades requeridas pelos usos não potáveis em mais de 60% dos anos e seria sempre

suficiente para suprimir mais de metade das necessidades. Em oposição, a zona D apresenta os

Page 68: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

52

maiores valores de aproveitamento, tendo-se estimado que a água da chuva disponível conseguiria

satisfazer todas as necessidades requeridas pelos usos não potáveis nos 53 anos analisados.

Nos anos em que o aproveitamento estimado é superior à unidade, seria possível a utilização dessa

água para usos extra, como por exemplo lavagens de rua ou regas de espaços verdes.

Analisando os valores apresentados no Anexo 5 conclui-se que, considerando a média dos 53 anos

obtém-se sempre um aproveitamento superior à unidade, considerando tanto cada uma das zonas de

forma independente como Lisboa na sua totalidade. No entanto, estes valores médios anuais podem

induzir a erro uma vez que existem anos em que o aproveitamento ronda os 0,7 ou 0,8.

5.1.2. Variabilidade Espacial da Precipitação

Numa segunda análise, determinou-se o aproveitamento em cada zona considerando a precipitação

em Lisboa homogénea em toda a sua área, ou seja, os valores apresentados no Anexo 2

correspondentes a Lisboa. Analisando as diferenças de aproveitamento de água considerando a

precipitação constante em toda a cidade de Lisboa ou considerando a precipitação distinta em cada

uma das zonas (ver 5.1.1) torna-se possível analisar a variabilidade espacial da precipitação e o erro

cometido por agregar a precipitação ao nível da cidade de Lisboa.

Conforme se pode observar pela Figura 5.3, as diferenças no aproveitamento de água pluvial, ao

longo dos 53 anos, são reduzidas, uma vez que as linhas representativas do aproveitamento

considerando a precipitação por cada zona ou homogénea (Lisboa) se encontram praticamente

sobrepostas, sendo o valor máximo de erro de 5,5%. Os dados obtidos nesta análise encontram-se

no Anexo 6.

Page 69: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

53

Figura 5.3 – Aproveitamento residencial considerando as diferentes zonas ou a cidade de Lisboa.

Page 70: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

54

5.1.3. Variabilidade de Consumo

Numa terceira análise, pretendeu-se estudar qual o impacto provocado no aproveitamento de água

pluvial pela variação de consumo da população, considerando que a precipitação é distinta para cada

uma das zonas, como na primeira análise.

Simulando uma situação de diminuição do consumo, tendência observada nos últimos anos em

Lisboa e expectável considerando o incremento da eficiência hídrica dos equipamentos, considerou-

se o valor do consumo médio diário correspondente ao percentil 25 do estudo de consumos

realizado, 0,035 m3

per capita. Os valores obtidos para o consumo anual por zona encontram-se na

Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Área de edificado e consumo anual por zona considerando o consumo médio diário do percentil 25.

Zona Área edificado

(m2)

Residentes Consumo médio

diário percentil 25 (m

3)/pessoa

Consumo anual

(m3)/pessoa

Consumo anual

(m3)/zona

A 3 759 745 103 796 0,035 12,7 1 316 523

B 4 258 210 125 398 0,035 12,7 1 590 517

C 2 325 885 74 799 0,035 12,7 948 732

D 1 250 356 31 812 0,035 12,7 403 495

E.1 2 525 321 101 808 0,035 12,7 1 291 307

E.2 2 846 148 92 607 0,035 12,7 1 174 604

F 505 670 22 480 0,035 12,7 285 131

Os valores de água pluvial para cada zona são semelhantes aos da primeira análise (ver 5.1.1),

variando apenas o consumo anual. Considerando que as pessoas passariam a consumir o

equivalente ao consumo médio diário no percentil 25, as diferenças no aproveitamento correspondem

a um acréscimo de 18% na poupança de água não potável. Os valores obtidos encontram-se no

Anexo 7.

Para simular uma situação de aumento do consumo, situação menos provável mas possível se as

alterações climáticas implicarem um aumento da temperatura que altere os hábitos da população,

considerou-se o consumo médio diário do percentil 75, 0,044 m3 per capita. Os valores

correspondentes do consumo anual por zona apresentam-se na Tabela 5.3.

Page 71: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

55

Tabela 5.3 – Área de edificado e consumo anual por zona considerando o consumo médio diário do percentil 75.

Zona Área edificado

(m2)

Residentes Consumo médio

diário no percentil 75 (m

3)/pessoa

Consumo anual

(m3)/pessoa

Consumo anual

(m3)/zona

A 3 759 745 103 796 0,044 15,9 1 648 841

B 4 258 210 125 398 0,044 15,9 1 991 997

C 2 325 885 74 799 0,044 15,9 1 188 212

D 1 250 356 31 812 0,044 15,9 505 346

E.1 2 525 321 101 808 0,044 15,9 1 617 261

E.2 2 846 148 92 607 0,044 15,9 1 471 099

F 505 670 22 480 0,044 15,9 357 104

Considerando estes dados de consumo, obtém-se uma redução no aproveitamento de 5,8%. Os

valores resultantes desta análise encontram-se no Anexo 8.

Assim, conclui-se que a variação de consumo terá um maior impacto no caso de a população passar

a consumir menores quantidades de água. Na Tabela 5.4 apresentam-se sintetizados os valores

obtidos de variação no aproveitamento do sistema, quando considerando o consumo médio diário no

percentil 25 ou 75, em comparação com o consumo médio diário.

Tabela 5.4 – Valores de variação no aproveitamento, tendo por base o consumo médio diário.

Variação no aproveitamento

Percentil 25 18%

Percentil 75 -5,8%

5.1.4. Valores Reais de Aproveitamento

Nas análises realizadas anteriormente considerou-se que toda a água que chove é aproveitada no

sistema. Contudo, como referido no capítulo 2.3.1, o valor real de água pluvial tem que ser afetado

por um coeficiente de escoamento, tendo-se adotado o valor de 0,8. Desta forma, o valor real de

aproveitamento calcula-se de acordo com a equação (5.2).

𝐴𝑅 =𝐴𝑃 × 0,8 (𝑚3)

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑧𝑜𝑛𝑎⁄ (𝑚3)=

𝐴𝑃𝑟𝑒𝑐𝑜𝑙ℎ𝑖𝑑𝑎 (𝑚3)

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑧𝑜𝑛𝑎⁄ (𝑚3) (5.2)

Estes valores foram calculados considerando a precipitação distinta em cada uma das zonas e um

consumo médio diário de água não potável per capita de 0,041 m3. Os valores obtidos encontram-se

no Anexo 9, e na Figura 5.4 apresentam-se os histogramas que indicam a quantidade de anos que

cada zona teve nos intervalos de aproveitamento adotados.

Page 72: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

56

Figura 5.4 – Aproveitamento residencial real nas diferentes zonas da cidade de Lisboa.

Os intervalos de aproveitamento são os mesmos que considerados na primeira análise, de forma a

possibilitar a comparação direta entre os resultados obtidos.

Page 73: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

57

Pode-se verificar que os níveis de aproveitamento são inferiores a quando não se considerou o

coeficiente de escoamento, o que seria de esperar uma vez que parte da água que incide nos

telhados não é aproveitada. Apesar desta redução, praticamente todas as zonas apresentam

bastantes anos em que o aproveitamento foi superior à unidade, mantendo-se a zona F a que

apresenta menores valores de aproveitamento, mas mesmo assim em todos os anos mais de metade

das necessidades para usos não potáveis foram satisfeitas.

Anteriormente sugeriu-se que, quando o aproveitamento fosse superior à unidade, ou seja, quando

existisse água excedente em relação às necessidades não potáveis numa habitação, essa água

fosse utilizada para regas de jardins e lavagens de arruamentos. Na Tabela 4.5 e Tabela 4.6 são

apresentados os valores referentes à área total de cada zona, assim como a área de edificado. A

diferença entre estes valores indica-nos a quantidade de área pública, que seria o espaço destinado à

quantidade de água excedente. Os valores de lavagens de rua e regas de espaços verdes são

referentes a toda a cidade (ver 4.1.2) e, de forma a obter-se o correspondente a cada uma das

regiões, determinou-se a percentagem de área pública de cada zona em relação à cidade e essa

percentagem representaria também a parcela dos consumos referidos associados a essa mesma

região, conforme se sintetiza na Tabela 5.5.

Tabela 5.5 – Distribuição dos consumos da CML por cada zona.

Zona Área total

(ha) Área edif

(ha) Área pública

(ha) % Zona

Consumo da CML (m

3)

A 2 028 376 1 652 23,9 1 459 148,5

B 1 138 426 712 10,3 629 179,7

C 903 233 670 9,7 592 354,6

D 534 125 409 5,9 361 409,1

E.1 1 829 253 1 576 22,8 1 392 411,3

E.2 1 885 285 1 600 23,2 1 413 764,6

F 336 51 285 4,1 251 732,2

Lisboa 8 653 1 747 6 906 100 6 100 000,0

De seguida, com base nos valores de aproveitamento obtidos nas habitações, determinou-se a

quantidade de água que não tinha sido utilizada e dividindo-a pelo consumo da zona obteve-se um

novo aproveitamento, aproveitamento urbano (AU) (5.3).

𝐴𝑈 =𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 𝑒𝑥𝑐𝑒𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑎𝑠 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎çõ𝑒𝑠 𝑧𝑜𝑛𝑎⁄ (𝑚3)

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝐶𝑀𝐿 𝑧𝑜𝑛𝑎⁄ (𝑚3) (5.3)

Assim, na Figura 5.5 apresentam-se os histogramas de aproveitamento referentes aos usos por parte

da CML.

Page 74: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

58

Figura 5.5 – Aproveitamento urbano real por parte da CML nas diferentes zonas da cidade de Lisboa.

Nesta análise os intervalos de aproveitamento considerados foram os seguintes:

0 – 0,44 2,18 – 2,62

0,44 – 0,87 2,62 – 3,06

Page 75: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

59

0,87 – 1,31 3,06 – 3,49

1,31 – 1,75 3,49 – 3,93

1,75 – 2,18 3,93 – 4,37

Conforme se pode observar pela Figura 5.5, ainda se observam alguns níveis de aproveitamento da

água da chuva para fins urbanos, sendo as zonas B, C e D as que apresentam valores mais

elevados. Os dados desta análise encontram-se no Anexo 10.

Uma vez que parece ser rentável utilizar água da chuva também para estes fins, propõe-se a

hipótese de também existirem áreas de recolhas em espaços verdes, em vez de limitar a recolha ao

nível dos edifícios, de modo a aumentar a quantidade de água disponível e, consequentemente, o

aproveitamento a nível urbano.

Na Figura 5.6, apresenta-se o valor de AR para cada uma das zonas definidas na cidade de Lisboa,

considerando a precipitação anual correspondente à média dos 53 anos.

Figura 5.6 – Aproveitamento residencial real nas diferentes zonas da cidade de Lisboa, considerando a precipitação média.

Deve-se ter cuidado com a utilização de valores médios porque, como se pode concluir pela Figura

5.6, neste caso apenas a zona F apresenta um aproveitamento inferior à unidade. Contudo, em todas

as zonas se observou que existem anos em que o aproveitamento era inferior à unidade, o que não é

percetível adotando a precipitação média anual dos 53 anos de que se dispõe de dados.

Page 76: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

60

5.2. Análise à Escala do Edifício

Para realizar uma análise ao nível do edifício é necessário definir em cada uma das zonas os tipos de

edifícios mais frequentes. Tendo por base a informação apresentada no capítulo 4.2.1, relativamente

à percentagem de edifícios com um determinado número de pisos, Tabela 4.4, determinou-se quais

os edifícios com maior representatividade em cada uma das zonas. Na Tabela 5.6 sintetiza-se essa

informação apresentando a sombreado os pisos com maior representatividade, ou seja, aqueles que

representam cerca de 50% da totalidade dos edifícios de cada zona.

Tabela 5.6 – Percentagem de edifícios com 1 a 7 ou mais pisos, por zona.

Zona 1 piso 2 pisos 3 pisos 4 pisos 5 pisos 6 pisos 7 ou mais pisos

A 30 % 23 % 17 % 14 % 8 % 3 % 5 %

B 15 % 15 % 19 % 22 % 16 % 7 % 6 %

C 9 % 7 % 9 % 19 % 17 % 11 % 28 %

D 8 % 16 % 25 % 21 % 11 % 5 % 15 %

E.1 16 % 31 % 6 % 6 % 8 % 6 % 27 %

E.2 14 % 30 % 11 % 10 % 11 % 5 % 20 %

F 35 % 24 % 8 % 10 % 7 % 4 % 12 %

Através de visita ao local, determinou-se, dentro dos edifícios com o número de pisos mais frequente,

qual o número de fogos por piso. A área de cobertura correspondente aos edifícios com o número de

pisos mais frequente foi retirada da informação disponibilizada pelo CIUL, já referido no capítulo 3.4,

após a sua identificação na visita às diferentes zonas. No capítulo 4.2.2 determinou-se qual a

dimensão média familiar característica em cada uma das zonas e, com esta informação, calculou-se

o número de residentes em cada edifício, como apresentado na Tabela 5.7.

Tabela 5.7 – Área de cobertura e número de residentes nos edifícios tipo com maior representatividade por zona.

Zona Área

cobertura (m

2)

Nº pisos Nº de

fogos/piso Nº de

famílias

Dimensão média da

família

Nº de residentes estimado

Nº de residentes

A 31,68 1 - 1 2,2 2,2 3

A 158,60 2 2 4 2,2 8,8 9

B 125,90 3 2 6 2,0 12 12

B 229,35 4 2 8 2,0 16 16

C 151,63 4 2 8 2,2 17,6 18

C 227,90 8 2 16 2,2 35,2 36

D 127,19 3 2 6 2,2 13,2 14

D 264,97 4 2 8 2,2 17,6 18

E.1 24,76 2 - 1 2,4 2,4 3

E.1 198,55 9 2 18 2,4 43,2 44

E.2 55,00 2 - 1 2,5 2,5 3

E.2 420,68 8 - 23 2,5 57,5 58

F 55,48 1 - 1 2,6 2,6 3

F 102,81 2 - 1 2,6 2,6 3

Nota: Os edifícios que não apresentam valor para o número de fogos/piso são vivendas onde reside apenas uma

família por cada habitação, à exceção do edifício de 8 pisos da zona E.2 que apresenta 2 fogos/piso no R/C e 3

fogos/piso nos restantes 7 pisos.

Page 77: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

61

Relativamente ao consumo de água diário, assumiu-se que é semelhante em toda a cidade de Lisboa

e constante ao longo dos vários meses, sendo o consumo médio diário per capita de 0,146 m3 e o

correspondente a consumo não potável de 0,041 m3. Desta forma, multiplicando estes valores pelo

número de residentes de cada edifício, obtiveram-se os consumos diários totais e não potáveis, que

se apresentam na Tabela 5.8.

Tabela 5.8 – Consumos observados nos edifícios de cada uma das zonas.

Zona Nº de

residentes Consumo médio

diário (m3)/edifício

Consumo médio diário não potável (m

3)/edifício

A 3 0,438 0,123

A 9 1,314 0,369

B 12 1,752 0,492

B 16 2,336 0,656

C 18 2,628 0,738

C 36 5,256 1,476

D 14 2,044 0,574

D 18 2,628 0,738

E.1 3 0,438 0,123

E.1 44 6,424 1,804

E.2 3 0,438 0,123

E.2 58 8,468 2,378

F 3 0,438 0,123

F 3 0,438 0,123

Tendo também os valores de precipitação diária para cada uma das zonas, dispõe-se de todos os

dados necessários para realizar o estudo para cada um dos edifícios apresentados, ou seja, área de

cobertura, que condiciona a disponibilidade para recolha de água pluvial, e o consumo, que depende

do número de pisos, número de fogos por piso e dimensão média familiar.

Para determinar qual o volume adequado do reservatório para a recolha de águas pluviais recorreu-

se a um programa que tem em consideração a precipitação diária no local (mm), a área de recolha

(m2), que corresponde à área da cobertura, o consumo diário do edifício (m

3/dia), o consumo diário

não potável do edifício (m3/dia) e as capacidades de tanque que se pretendem analisar (m

3).

Fornecendo estes dados, são gerados valores para diversos parâmetros, em função da capacidade

do tanque. Os parâmetros considerados relevantes, que serão analisados em cada um dos casos,

foram [52]:

Eficiência de aproveitamento total de água pluvial = 𝐴𝑃𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎

𝐴𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Eficiência de aproveitamento de água pluvial recolhida = 𝐴𝑃𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎

𝐴𝑃𝑟𝑒𝑐𝑜𝑙ℎ𝑖𝑑𝑎

Grau de poupança de água não potável = 𝐴𝑃𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑛ã𝑜 𝑝𝑜𝑡á𝑣𝑒𝑙

Grau de poupança total de água = 𝐴𝑃𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Redução mínima do caudal pluvial afluente à rede pública = min (𝐴𝑃𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎

𝐴𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙)

Page 78: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

62

Este programa considera que a quantidade inicial de precipitação, que se admitiu ser 1 mm, não é

utilizada, ou seja, existe desvio da FF. De seguida, apresentam-se as análises efetuadas para cada

uma das zonas e respetivos edifícios com maior representatividade.

5.2.1. Zona A

Na zona A, identificou-se que os edifícios com maior representatividade eram os de 1 e 2 pisos. Com

os dados referentes aos edifícios e da precipitação diária na zona, calculada como indicado no

capítulo 3.3, foi possível traçar os gráficos apresentados na Figura 5.7.

Figura 5.7 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona A.

Nos edifícios de 1 piso, regra geral só habita uma família e, como tal, o tanque necessário não será

de dimensão muito elevada. Por observação, conclui-se que todos os parâmetros evoluem bastante

até aos 3 m3, a partir do qual começam a ter um crescimento mais reduzido, acabando por estabilizar

na capacidade de 7,5 m3, onde se verifica uma eficiência de aproveitamento de AP recolhida de

100%, eficiência de aproveitamento total de AP de cerca de 70% e o grau de poupança de água não

potável é de cerca de 35%. Contudo, a capacidade que melhor se adequaria seria 3 m3, uma vez que

os ganhos que se observam nos valores de eficiência e grau de poupança para tanques de 5 m3 ou

7,5 m3

não justificariam o investimento, nomeadamente nos graus de poupança que seriam inferiores

a 0,5%. Com esta capacidade, o grau de poupança de água não potável é de 34%.

Relativamente aos edifícios de 2 pisos observa-se um comportamento mais irregular que nos de 1

piso, para a mesma zona. Até cerca dos 3 m3 os parâmetros têm todos um crescimento que se pode

designar como linear, a partir do qual ainda se observa uma grande evolução, mas mais irregular,

estabilizando nos 50 m3, onde se observam os mesmos valores de eficiência que anteriormente.

Contudo, o grau de poupança de água não potável é superior, pouco mais de 50%, em vez de 35%.

O reservatório mais apropriado seria de 30 m3, porque, mais uma vez, as poupanças alcançadas com

o de 50 m3 já não compensariam o investimento que seria necessário, porque os ganhos nos graus

Page 79: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

63

de poupança correspondentes são inferiores a 0,3%. O grau de poupança de água não potável

alcançado corresponde a 53%.

5.2.2. Zona B

Para a zona B, os edifícios considerados foram de 3 e 4 pisos, encontrando-se a evolução dos

diversos parâmetros na Figura 5.8.

Figura 5.8 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona B.

No caso dos edifícios de 3 pisos, os valores dos parâmetros estabilizam quando o tanque é de 30 m3.

Nesta capacidade, a eficiência de aproveitamento de AP recolhida e total de AP é de 100% e pouco

mais de 70%, respetivamente. Quanto ao grau de poupança de água não potável, o seu valor é cerca

de 35%. Contudo, o tanque de 15 m3 parece o mais acertado para este tipo de edifício, uma vez que

o que se poupa com o de 30 m3

não compensa o aumento de volume, por exemplo o grau de

poupança de água não potável aumenta menos de 0,2% e o de poupança total de água nem alcança

0,1%. Assim, o grau de poupança de água não potável é semelhante ao alcançado na zona A nos

edifícios de 1 piso, 34%.

Para os edifícios de 4 pisos, uma situação semelhante só é alcançada com um reservatório de 50 m3.

Os níveis de eficiência obtidos são os mesmos, contudo o grau de poupança de água não potável,

em vez de 35% é 45%. Pela mesma razão que anteriormente, o volume mais apropriado é o de 30

m3, uma vez que o grau de poupança de água não potável aumenta de 44,37% para 44,78%, uma

diferença de apenas 0,41%.

5.2.3. Zona C

Os edifícios de 4 e 8 pisos foram os considerados para análise da zona C, que se encontra

sintetizada na Figura 5.9.

Page 80: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

64

Figura 5.9 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona C.

O comportamento observado nos dois tipos de edifícios é muito similar. O tanque que melhor se

adequa é o mesmo em ambos os edifícios, e é o de 15 m3. Com esta capacidade obtêm-se graus de

poupança de água não potável de 28,61% e 21,90% para os edifícios de 4 e 8 pisos, respetivamente.

Embora os parâmetros estabilizem aos 30 m3, as diferenças obtidas não compensavam o aumento de

volume.

5.2.4. Zona D

Relativamente à zona D, a evolução dos parâmetros encontra-se na Figura 5.10, sendo os edifícios

de 3 e 4 pisos os que apresentam maior representatividade.

Figura 5.10 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona D.

No primeiro tipo de edifício, até aos 3 m3, os parâmetros, nomeadamente a eficiência de

aproveitamento de AP recolhida, apresentam uma evolução bastante acentuada, estabilizando aos

Page 81: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

65

30 m3. Para este edifício, um reservatório de 15 m

3 é o mais adequado uma vez que a este nível as

poupanças já praticamente estabilizaram, não sendo rentável passar para 30 m3 para se poupar

apenas mais 0,11% de água não potável. Desta forma, o grau de poupança de água não potável

corresponde a 31%.

Quanto ao edifício de 4 pisos, a evolução é mais irregular, e um reservatório de 50 m3 aparenta ser a

escolha mais acertada, alcançando um grau de poupança de água não potável de 46%. Neste caso,

os valores estabilizam apenas na ordem dos 65 m3.

5.2.5. Zona E.1

Para a zona E.1 os edifícios com maior representatividade apresentam 2 e 9 pisos, e os valores dos

parâmetros para cada edifício encontram-se na Figura 5.11.

Figura 5.11 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona E.1.

Nos edifícios de 2 pisos, por habitarem poucas pessoas, o volume do tanque será reduzido e, como

se pode observar pela Figura 5.11, os valores estabilizam aos 5 m3, mas o volume mais acertado

para este edifício será o de 3 m3, alcançando um grau de poupança de água não potável de cerca de

30%.

Quanto ao segundo caso, já será necessário um reservatório maior, observando-se que a

estabilização que anteriormente se observou aos 5 m3, aqui ocorre apenas aos 15 m

3. Assim, como

se tem verificado em todos os casos apresentados, o volume apropriado será o anterior ao qual

ocorre a estabilização, ou seja, 7,5 m3, correspondendo um grau de poupança de água não potável

de 16%.

Page 82: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

66

5.2.6. Zona E.2

Na zona E.2 os edifícios com maior representatividade são também de 2 pisos e, em vez de 9,

apresentam 8 pisos, e a evolução dos valores dos parâmetros encontra-se na Figura 5.12.

Figura 5.12 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona E.2.

Nesta zona, o volume mais apropriado para edifícios de 2 pisos seria 7,5 m3. Verificando-se, mais

uma vez, que os valores estabilizam nos 15 m3, e que usar esta dimensão em vez da escolhida não

compensa o investimento que seria necessário. Assim, alcança-se um grau de poupança de água

não potável de 54%.

Relativamente a edifícios de 8 pisos, o tanque necessário apresenta dimensões maiores que o

observado na zona E.1 para edifícios de 9 pisos, recomendando-se 30 m3, o que permite alcançar um

grau de poupança de água não potável ligeiramente superior a 20%.

5.2.7. Zona F

Por fim, a zona F apresenta edifícios relativamente baixos, em que os que têm maior

representatividade são de 1 e 2 pisos, e a evolução dos valores para cada um dos edifícios encontra-

se na Figura 5.13.

Page 83: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

67

Figura 5.13 – Desempenho do SAAP em função do volume do tanque para os edifícios na zona F.

No primeiro caso, observa-se que a estabilização dos valores ocorre com 30 m3 e, como se tem

verificado, o volume mais adequado será o de 15 m3, uma vez que o ganho no grau de poupança de

água não potável, considerando o maior tanque em relação ao escolhido, é de apenas 0,02%. Desta

forma, o grau de poupança de água não potável correspondente ao tanque de 15 m3 é 57%.

Relativamente aos edifícios de 2 pisos, não é possível indicar uma capacidade na qual todos os

parâmetros tenham estabilizado. Assim, analisando apenas o grau de poupança de água não potável,

o volume que aparenta ser o mais adequado para este caso é o de 30 m3, sendo possível alcançar-se

um grau de poupança de água não potável na ordem dos 86%.

5.2.8. Estimativa do Grau de Poupança Não Potável de cada Zona

Na Tabela 5.9 apresentam-se os resultados obtidos na análise ao nível do edifício.

Page 84: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

68

Tabela 5.9 – Quadro-resumo do grau de poupança não potável obtido.

Zona Nº de pisos

Área de cob. (m

2)

Nº de resid.

Consumo médio diário (m

3)/edifício

Consumo médio diário não potável (m

3)/edifício

Capacidade do tanque

(m3)

Grau de poupança

não potável (%)

A 1 31,68 3 0,438 0,123 3 34

A 2 158,60 9 1,314 0,369 30 53

B 3 125,90 12 1,752 0,492 15 34

B 4 229,35 16 2,336 0,656 30 44

C 4 151,63 18 2,628 0,738 15 29

C 8 227,90 36 5,256 1,476 15 22

D 3 127,19 14 2,044 0,574 15 31

D 4 264,97 18 2,628 0,738 50 46

E.1 2 24,76 3 0,438 0,123 3 29

E.1 9 198,55 44 6,424 1,804 7,5 16

E.2 2 55,00 3 0,438 0,123 7,5 54

E.2 8 360,00 58 8,468 2,378 30 22

F 1 55,48 3 0,438 0,123 15 57

F 2 102,81 3 0,438 0,123 30 86

Tendo por base os valores apresentados na Tabela 5.9 é possível obter um grau de poupança não

potável para cada uma das zonas, que se calcula de acordo com (5.4):

𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛çã𝑜 𝑛ã𝑜 𝑝𝑜𝑡á𝑣𝑒𝑙𝑝𝑜𝑛𝑑 =∑ 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡. 𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖 × 𝐺𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑢𝑝𝑎𝑛ç𝑎 𝑛ã𝑜 𝑝𝑜𝑡á𝑣𝑒𝑙

∑ 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡. 𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖 (5.4)

A variável “Quantidade de edifíciosi” corresponde à percentagem de edifícios com 1 a 7 ou mais

pisos, de acordo com o edifício em estudo, conforme apresentado na Tabela 5.6. Aplicando esta

expressão a cada zona, obtém-se a informação apresentada na Figura 5.14. Os resultados foram

apresentados em unidades, em vez de percentagem, para facilitar a comparação com os resultados

obtidos na análise ao nível da cidade (ver Figura 5.6).

Figura 5.14 – Grau de poupança não potável obtido em cada uma das zonas, tendo por base os edifícios tipo.

Page 85: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

69

A Figura 5.14 traduz o grau de poupança de água não potável em cada zona, considerando apenas

os edifícios com maior representatividade. Estes valores correspondem a uma média ponderada dos

valores obtidos em cada edifício, e como tal, são inferiores aos máximos apresentados na Tabela 5.9.

A zona F continua a ser a que apresenta maior grau de poupança de água não potável, tomando o

valor de 0,69, em vez de 0,86.

Comparando com a Figura 5.6, que apresenta o AR para cada zona com base na precipitação média,

ou seja, considerando a média anual dos 53 anos do estudo e o consumo nesse mesmo período, os

valores são amplamente superiores. A zona D é a que apresenta maior aproveitamento (1,56), o que

equivale a dizer que é possível recolher toda a água necessária para os usos não potáveis e que

ainda existe um substancial excedente para os usos exteriores. Com esta análise ao nível dos

edifícios, a mesma zona apresenta um grau de poupança não potável de apenas 0,38, o que significa

que se consegue recolher 38% da quantidade de água necessária para satisfazer as necessidades

não potáveis. O facto de na primeira análise se terem considerado dados de precipitação totais

anuais e nesta última quantidades diárias, terá contribuído para estas diferenças. Por outro lado, no

capítulo 5.1 considerou-se a área total de edificado de cada zona assim como o consumo anual total

não potável associado. No capítulo 5.2, por ser um estudo mais pormenorizado, teve-se em conta

apenas a área de cobertura de dois edifícios tipo por cada zona e o correspondente consumo. Pode

ocorrer que no edifício habitem bastantes pessoas, mas que a sua área de implantação não aumente

na mesma proporção, o que levará a uma diminuição nas poupanças. Este aspeto não é tido em

consideração na primeira abordagem, que na prática considera um edifício médio por zona.

Page 86: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

70

Page 87: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

71

6. Conclusões

Este trabalho permitiu ter uma melhor noção sobre a problemática da disponibilidade de recursos

naturais na Terra, nomeadamente a água. Com a população a aumentar cada vez mais, e

consequentemente as necessidades de água, a sua disponibilidade vai reduzindo. Assim, a escassez

de água começa a ser um problema em diversas partes do mundo, com menores recursos hídricos,

nomeadamente, o norte de África, médio oriente ou Austrália, mas também em regiões que, apesar

da abundância de água, a sua qualidade e/ou elevada população criam situações de stress hídrico,

nomeadamente o México ou a Índia.

Perante esta situação, é fulcral procurar medidas que possam reduzir o consumo de água potável,

como a reutilização de água da chuva recorrendo a SAAP. Para além de se reduzir o consumo de

água potável, estes sistemas também podem contribuir para atenuar as cheias, ou até mesmo, em

alguns casos, mitigar a sua ocorrência. Contudo, algumas pessoas podem não estar disponíveis a

aderir a esta medida devido ao investimento inicial necessário.

O presente estudo avalia a redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água

da chuva na cidade de Lisboa, tendo-se procedido a duas análises complementares tendo em

consideração as diferenças do edificado e demográficas de diferentes zonas da cidade. A primeira

trata-se de uma avaliação do potencial teórico com base no balanço de massa entre o volume

precipitado e o volume consumido a nível anual. A segunda trata-se de uma avaliação com base na

simulação dinâmica ao nível diário do desempenho de SAAP tipo em cada zona definida.

Para tal, foi necessário determinar o padrão de consumo total e não potável em habitações, que foi

obtido através de inquéritos, tendo-se chegado à conclusão que cerca de 28% corresponde a

consumo de água que não apresenta requisitos de potabilidade. Foi também aferido, através de

informação disponibilizada, o padrão de consumo total e não potável ao nível urbano por parte da

câmara, sendo que 75% poderá ser substituído por água da chuva. Relativamente ao centro urbano,

foi possível identificar sete zonas distintas na cidade de Lisboa, tendo por base o número de pisos

dos edifícios presentes.

Tendo em consideração a variabilidade espacial da precipitação em comparação com a alternativa de

assumir um valor médio para toda a cidade de Lisboa, constata-se que as diferenças de poupança

potencial são mínimas. Ao analisar a variação de consumo, observou-se que o aproveitamento será

mais afetado se o consumo corresponder ao percentil 25, havendo um ganho de 18%, relativamente

ao cenário de consumo médio, do que no caso do percentil 75, em que se verifica uma perda de

aproveitamento de 5,8% relativamente ao cenário de consumo médio. Por fim, considerando o

coeficiente de escoamento, mesmo assim, em quase todas as zonas é possível recolher a água

necessária para os usos não potáveis e havendo ainda alguma excedente, que poderá ser utilizada

pela câmara municipal ou juntas de freguesia em lavagens de arruamentos ou regas de espaços

verdes.

Page 88: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

72

Na análise mais específica, simulando o desempenho de SAAP tipo nos edifícios com mais

representatividade de cada zona, os valores de aproveitamento foram significativamente inferiores.

Na prática, em nenhum dos casos foi possível recolher a água necessária para os consumos não

potáveis, sendo que o valor máximo obtido foi de 86% em relação ao consumo não potável, na zona

F em edifícios de 2 pisos.

O estudo permite concluir que a cidade de Lisboa apresenta um potencial apreciável de poupança de

água potável por reutilização de água da chuva. O estudo evidencia ainda as diferenças significativas

decorrentes das escalas temporais e espaciais utilizadas na avaliação no caso de um clima como o

da cidade de Lisboa, em que existem épocas marcadamente distintas em termos pluviométricos ao

longo do ano.

A metodologia desenvolvida para este estudo foi para a cidade de Lisboa, mas pode ser igualmente

aplicada a qualquer outra cidade ou região. Para além dos SAAP, outras medidas poderão ser

adotadas de forma a reduzir o consumo de água potável em usos que não mostram requisitos de

potabilidade, como por exemplo através da utilização de águas cinzentas ou de água tratada. A Junta

de Freguesia de Alcântara utiliza mensalmente 350 mil litros de água reciclada em lavagens de ruas,

o que permite poupar 8 mil euros por ano [53].

Embora a escassez de água não seja ainda um problema em Portugal, variados estudos indicam que

poderá ser um problema num futuro não muito distante [15] [17]. Assim, a implementação destas

medidas deve ser considerada tendo em atenção as variadas vantagens que lhes estão associadas,

incluindo, a preservação de um recurso do qual todos dependemos.

Desta forma, recomenda-se que sejam aplicados incentivos à reutilização de água da chuva, uma vez

que poderá levar a poupanças de água potável significativas, e também financeiras. Num trabalho

futuro poderá ser interessante realizar uma análise semelhante à apresentada nesta dissertação, mas

ao nível do quarteirão, assim como também em outros centros urbanos.

Page 89: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

73

Referências bibliográficas

[1] C. L. Cheng, “Evaluating water conservation measures for Green Building in Taiwan,” Build. Environ., vol. 38, no. 2, pp. 369–379, 2003.

[2] United Nations, “World Population Prospects: The 2015 Revision,” 2015.

[3] United Nations-Water, “World Water Development Report 4,” 2012.

[4] United Nations Environment Programme (UNEP), “Global Environment Outlook 3,” 2002.

[5] E. Ghisi, “Potential for potable water savings by using rainwater in the residential sector of Brazil,” Build. Environ., vol. 41, no. 11, pp. 1544–1550, 2006.

[6] E. Ghisi, D. L. Bressan, and M. Martini, “Rainwater tank capacity and potential for potable water savings by using rainwater in the residential sector of southeastern Brazil,” Build. Environ., vol. 42, pp. 1654–1666, 2007.

[7] E. Ghisi, A. Montibeller, and R. W. Schmidt, “Potential for potable water savings by using rainwater: An analysis over 62 cities in southern Brazil,” Build. Environ., vol. 41, pp. 204–210, 2006.

[8] P. J. Coombes, J. R. Argue, and G. Kuczera, “Figtree Place: a case study in water sensitive urban development (WSUD),” Urban Water, vol. 1, no. 1999, pp. 335–343, 2000.

[9] M. Kottek, J. Grieser, C. Beck, B. Rudolf, and F. Rubel, “World map of the Köppen-Geiger climate classification updated,” Meteorol. Zeitschrift, vol. 15, no. 3, pp. 259–263, 2006.

[10] A. Palla, I. Gnecco, L. G. Lanza, and P. La Barbera, “Performance analysis of domestic rainwater harvesting systems under various European climate zones,” Resour. Conserv. Recycl., vol. 62, pp. 71–80, 2012.

[11] D. Chen and H. W. Chen, “Using the Köppen classification to quantify climate variation and change: An example for 1901-2010,” Environ. Dev., vol. 6, no. 1, pp. 69–79, 2013.

[12] M. C. Peel, B. L. Finlayson, and T. a Mcmahon, “Updated world map of the Köppen-Geiger climate classification,” Hydrol. Earth Syst. Sci. Discuss., vol. 4, pp. pp. 439–473, 2007.

[13] The Encyclopedia of Earth, “Moist Mid-latitude Climates with Mild Winters - C Climate Type,” 2011. [Online]. Available: http://www.eoearth.org/view/article/162272/. [Accessed: 24-May-2015].

[14] Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), “Precipitação - normais climatológicas 1981-2010 (provisórias).” [Online]. Available: http://www.ipma.pt/pt/oclima/normais.clima/1981-2010/012/. [Accessed: 03-Sep-2015].

[15] M. Belo-Pereira, E. Dutra, and P. Viterbo, “Evaluation of global precipitation data sets over the Iberian Peninsula,” J. Geophys. Res., vol. 116, no. 20, pp. 1–16, 2011.

[16] Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), “Climate Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Contribution of Working Group II to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change,” 2007.

[17] B. Lehner, P. Döll, J. Alcamo, T. Henrichs, and F. Kaspar, “Estimating the impact of global change on flood and drought risks in Europe: A continental, integrated analysis,” Clim. Change, vol. 75, no. 3, pp. 273–299, 2006.

Page 90: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

74

[18] F. A. Abdulla and A. W. Al-Shareef, “Roof rainwater harvesting systems for household water supply in Jordan,” Desalination, vol. 243, no. 1–3, pp. 195–207, 2009.

[19] United Nations, “Millenium Development Goals.” [Online]. Available: http://www.un.org/millenniumgoals/environ.shtml. [Accessed: 27-Feb-2015].

[20] United Nations Development Programme (UNDP), “Human Development Report 2006,” 2006.

[21] E. L. Villarreal and A. Dixon, “Analysis of a rainwater collection system for domestic water supply in Ringdansen, Norrköping, Sweden,” Build. Environ., vol. 40, no. 9, pp. 1174–1184, 2005.

[22] M. A. Imteaz, A. Ahsan, J. Naser, and A. Rahman, “Reliability analysis of rainwater tanks in Melbourne using daily water balance model,” Resour. Conserv. Recycl., vol. 56, no. 1, pp. 80–86, 2011.

[23] Environment Agency, “Harvesting rainwater for domestic uses: an information guide,” Environ. Agency Reports, no. October, pp. 1–32, 2010.

[24] T. Herrmann and U. Schmida, “Rainwater utilisation in Germany: efficiency, dimensioning, hydraulic and environmental aspects,” Urban Water, vol. 1, no. 1999, pp. 307–316, 2000.

[25] A. M. de E.-A. de L. Lisboa E-Nova, Câmara Municipal de Lisboa, Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), and Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão (SIMTEJO), “Matriz da Água de Lisboa 2014,” 2015.

[26] M. Sturm, M. Zimmermann, K. Schütz, W. Urban, and H. Hartung, “Rainwater harvesting as an alternative water resource in rural sites in central northern Namibia,” Phys. Chem. Earth, vol. 34, no. 13–16, pp. 776–785, 2009.

[27] A. M. de E.-A. de L. Lisboa E-Nova, Câmara Municipal de Lisboa, Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), and Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão (SIMTEJO), “Matriz da Água de Lisboa 2004,” 2004.

[28] United States Environmental Protection Agency (EPA), “Indoor Water Use in the United States.” [Online]. Available: http://www.epa.gov/watersense/pubs/indoor.html. [Accessed: 30-Apr-2015].

[29] World Bank Group, “Annual freshwater withdrawals.” [Online]. Available: http://wdi.worldbank.org/table/3.5#. [Accessed: 30-Apr-2015].

[30] United Nations Environment Programme (UNEP), “Examples of Rainwater Harvesting and Utilisation Around the World.” [Online]. Available: http://www.unep.or.jp/ietc/Publications/Urban/UrbanEnv-2/9.asp. [Accessed: 30-May-2015].

[31] C. M. Silva, V. Sousa, and N. V. Carvalho, “Evaluation of rainwater harvesting in Portugal: Application to single-family residences,” Resour. Conserv. Recycl., vol. 94, pp. 21–34, 2015.

[32] Premier Tech Iberoto, “Tabela de preços,” 2014. [Online]. Available: http://www.premiertech.pt/. [Accessed: 11-Feb-2014].

[33] E. Ghisi, K. A. Cardoso, and R. F. Rupp, “Short-term versus long-term rainfall time series in the assessment of potable water savings by using rainwater in houses,” J. Environ. Manage., vol. 100, pp. 109–119, 2012.

Page 91: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

75

[34] R. Farreny, T. Morales-Pinzón, A. Guisasola, C. Tayà, J. Rieradevall, and X. Gabarrell, “Roof selection for rainwater harvesting: Quantity and quality assessments in Spain,” Water Res., vol. 45, no. 10, pp. 3245–3254, 2011.

[35] B. Helmreich and H. Horn, “Opportunities in rainwater harvesting,” Desalination, vol. 248, no. 1–3, pp. 118–124, 2009.

[36] World Health Organization (WHO), “WHO guidelines for drinking-water quality,” WHO Chron., vol. 38, no. 3, pp. 104–108, 1984.

[37] Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP), “Comissão Técnica ETA 0701. Sistemas de Aproveitamento de Águas Pluviais em Edifícios,” 2015.

[38] A. Fewkes, “The use of rainwater for WC flushing: The field testing of a collection system,” Build. Environ., vol. 34, no. 6, pp. 765–772, 1999.

[39] C. L. Cheng and M. C. Liao, “Regional rainfall level zoning for rainwater harvesting systems in northern Taiwan,” Resour. Conserv. Recycl., vol. 53, pp. 421–428, 2009.

[40] E. Hajani and A. Rahman, “Rainwater utilization from roof catchments in arid regions: A case study for Australia,” J. Arid Environ., vol. 111, pp. 35–41, Dec. 2014.

[41] R. Farreny, X. Gabarrell, and J. Rieradevall, “Cost-efficiency of rainwater harvesting strategies in dense Mediterranean neighbourhoods,” Resour. Conserv. Recycl., vol. 55, no. 7, pp. 686–694, 2011.

[42] Instituto Nacional de Estatística (INE), “2.02 - Edifícios, segundo o número de pisos, por tipo de edifício e número de alojamentos,” 2011. [Online]. Available: http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros_edif. [Accessed: 09-Nov-2014].

[43] Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), “Relatório do parâmetro Precipitação diária (mm) em SACAVÉM DE CIMA (21C/01UG),” 2003. [Online]. Available: http://www.snirh.pt/index.php?idMain=2&idItem=1. [Accessed: 08-Oct-2014].

[44] Câmara Municipal de Lisboa, “Juntas de Freguesia,” 2012. [Online]. Available: http://www.cm-lisboa.pt/municipio/juntas-de-freguesia. [Accessed: 10-Jan-2015].

[45] Direcção-Geral do Território, “CAOP2014,” 2014. [Online]. Available: http://www.dgterritorio.pt/cartografia_e_geodesia/cartografia/carta_administrativa_oficial_de_portugal__caop_/caop_em_vigor/. [Accessed: 18-Feb-2015].

[46] Instituto Nacional de Estatística (INE), “Censos2011 - População residente por freguesia, CAOP 2013,” 2013. [Online]. Available: http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros. [Accessed: 12-Apr-2015].

[47] Instituto Nacional de Estatística (INE), “Dimensão média familiar segundo os Censos2011,” 2011. [Online]. Available: https://www.ine.pt/scripts/flex_definitivos/Main.html. [Accessed: 12-Apr-2015].

[48] Transtejo e Soflusa - Meteo, “Histórico Mensal/Anual,” 2015. [Online]. Available: http://meteo.transtejo.pt/historico.php?yr=2014. [Accessed: 08-Oct-2014].

[49] Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza and Veolia Água, “EcoFamílias − Água. Relatório Final Dezembro 2008- Janeiro 2010,” 2010.

Page 92: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

76

[50] X. Zhang, L. Alexander, G. C. Hegerl, P. Jones, A. K. Tank, T. C. Peterson, B. Trewin, and F. W. Zwiers, “Indices for monitoring changes in extremes based on daily temperature and precipitation data,” Wiley Interdiscip. Rev. Clim. Chang., vol. 2, no. 6, pp. 851–870, 2011.

[51] European Climate Assessment & Dataset (ECA&D), “Indices dictionary.” [Online]. Available: http://eca.knmi.nl/indicesextremes/indicesdictionary.php. [Accessed: 15-Apr-2015].

[52] M. I. B. Ponces, “Avaliação Técnico-Económica de Sistemas de Aproveitamento de Água Pluvial em Edifícios Comerciais - Casos de Estudo da Sonae Sierra,” Instituto Superior Técnico, 2015.

[53] Semanário Expresso, “Água de esgoto usada para lavar ruas,” Lisboa, 16-May-2015.

Page 93: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.1

Anexo 1 – Tabela utilizada na 1ª fase do estudo do consumo de

água em habitações

Agregado familiar: Data de início:

2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado Domingo

Leitura do contador (m

3)

Manhã

Tarde

Noite

Máquina de lavar roupa

Manhã

Tarde

Noite

Máquina de lavar louça

Manhã

Tarde

Noite

Lava-louça

Manhã

Tarde

Noite

Autoclismo

Manhã

Tarde

Noite

Chuveiro

Manhã

Tarde

Noite

Lavatório

Manhã

Tarde

Noite

Bidé

Manhã

Tarde

Noite

Modelo da máquina de lavar roupa

Modelo da máquina de lavar louça

Page 94: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.2

Page 95: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.3

Anexo 2 – Precipitação anual obtida pelo ArcGis para cada uma das

zonas e em Lisboa

A presente tabela dispõe dos valores de precipitação anual, em mm, para cada uma das zonas e em

Lisboa, desde 1950/51 até 2002/03. O “Ano médio” é a média dos 53 anos considerados.

Precipitação anual (mm)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F Lisboa

Ano médio 739,4 731,8 743,9 742,6 756,2 732,4 752,8 742,9

1950/51 676,7 672,0 676,9 676,3 681,3 672,6 679,8 676,6

1951/52 785,4 783,6 780,6 779,9 776,3 781,0 775,3 780,8

1952/53 495,5 493,6 498,3 498,3 503,1 495,2 502,4 498,0

1953/54 759,6 749,9 760,1 758,1 769,5 748,1 765,0 759,2

1954/55 632,1 627,2 630,8 629,7 633,7 625,6 631,4 630,5

1955/56 1 007,4 997,4 1 010,0 1 008,5 1 020,8 999,0 1 016,7 1 009,0

1956/57 517,8 511,4 523,0 522,5 534,3 514,7 532,1 522,2

1957/58 571,5 565,3 574,7 573,8 584,0 566,2 581,3 574,0

1958/59 916,8 908,7 917,5 915,9 926,0 907,4 922,4 916,8

1959/60 902,4 894,9 902,4 900,6 910,0 891,8 906,0 901,7

1960/61 716,8 702,4 715,7 712,6 727,5 699,0 720,7 714,6

1961/62 750,1 740,6 746,0 743,8 749,7 737,1 745,2 745,5

1962/63 965,2 951,3 965,5 962,7 978,5 948,9 972,1 964,3

1963/64 1 006,9 993,4 1 006,6 1 003,6 1 018,9 989,6 1 012,3 1 005,4

1964/65 498,2 492,3 495,2 493,6 497,2 488,8 494,1 494,8

1965/66 1 024,9 1 011,4 1 027,3 1 024,8 1 042,4 1 010,4 1 036,4 1 026,0

1966/67 500,4 498,9 497,7 497,4 495,2 498,7 494,8 497,8

1967/68 669,9 660,3 672,0 670,2 683,3 659,6 679,1 671,0

1968/69 1 142,6 1 122,2 1 138,5 1 134,0 1 152,5 1 116,1 1 143,0 1 137,0

1969/70 788,5 784,8 794,7 794,1 805,9 785,6 803,7 794,0

1970/71 631,1 628,6 639,8 640,2 652,0 633,8 651,4 639,1

1971/72 588,8 588,0 593,4 593,6 599,5 590,5 599,3 593,0

1972/73 660,9 659,9 663,3 662,8 667,8 658,6 666,5 663,0

1973/74 528,1 529,9 536,0 537,1 543,8 534,3 544,7 535,7

1974/75 485,4 482,1 493,1 493,2 504,6 486,6 503,7 492,4

1975/76 491,6 480,9 493,3 491,2 505,4 479,5 500,5 492,3

1976/77 765,2 748,5 761,4 757,4 772,9 742,1 764,9 760,1

1977/78 911,3 900,4 914,4 912,5 927,6 900,5 922,7 913,3

1978/79 1 001,5 988,5 1 006,5 1 004,5 1 023,6 990,1 1 018,1 1 005,1

1979/80 601,8 590,9 601,5 599,0 611,4 587,6 606,0 600,5

Page 96: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.4

Precipitação anual (mm)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F Lisboa

1980/81 483,2 477,5 486,3 485,3 495,1 477,8 492,4 485,6

1981/82 671,3 667,1 679,9 679,6 694,1 670,1 692,0 679,0

1982/83 409,9 400,7 415,3 413,7 430,5 400,8 426,1 414,2

1983/84 815,0 805,8 831,9 831,8 859,5 814,9 856,3 830,2

1984/85 892,5 878,8 902,7 900,4 928,1 879,7 921,4 900,9

1985/86 660,0 649,5 671,6 670,2 695,6 652,1 690,5 670,0

1986/87 658,1 653,9 670,3 670,4 688,5 659,3 686,8 669,2

1987/88 865,0 853,6 875,7 873,7 899,8 854,2 893,7 874,0

1988/89 613,5 602,4 620,9 619,0 640,6 602,7 635,3 619,5

1989/90 993,8 984,4 1 000,4 998,5 1 017,7 983,4 1 012,5 999,1

1990/91 807,2 793,5 815,5 813,2 838,9 793,6 832,6 813,8

1991/92 453,4 447,8 457,7 456,8 468,1 448,5 465,4 457,0

1992/93 610,5 601,3 616,8 615,5 632,7 602,8 628,6 615,7

1993/94 758,9 743,7 763,6 760,5 784,1 740,8 776,4 762,0

1994/95 429,1 418,7 425,8 423,1 432,1 413,4 426,8 425,1

1995/96 1 369,4 1 357,1 1 382,5 1 380,8 1 409,9 1 360,1 1 404,2 1 380,6

1996/97 799,7 798,6 807,3 807,8 817,3 802,5 817,0 806,8

1997/98 1 143,5 1 138,2 1 158,1 1 158,4 1 180,0 1 145,7 1 178,4 1 156,7

1998/99 571,2 571,3 574,8 575,1 579,1 573,0 579,2 574,6

1999/00 668,3 665,4 677,2 677,5 690,1 670,2 689,2 676,4

2000/01 1 132,5 1 126,2 1 146,1 1 145,9 1 168,2 1 131,9 1 165,7 1 144,7

2001/02 590,7 589,8 605,9 607,2 624,0 599,0 624,4 604,9

2002/03 794,6 798,9 802,6 804,0 808,4 803,0 810,2 802,5

Page 97: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.5

Anexo 3 – Valores calculados de precipitação anual no centróide de

cada uma das zonas

Esta tabela apresenta os valores que foram calculados pela fórmula de inverse distance weighting,

para verificar se a correlação obtida seria boa, para se poder determinar os valores de precipitação

diária em cada zona.

Precipitação anual calculada (mm)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1950/51 674,9 671,7 676,3 676,4 679,9 674,1 680,9

1951/52 787,5 785,2 782,7 781,3 779,7 782,2 775,4

1952/53 495,2 494,0 498,6 499,2 502,5 497,6 504,1

1953/54 756,9 750,5 759,7 759,8 767,6 755,1 768,3

1954/55 631,4 627,8 631,1 630,7 633,7 628,9 632,8

1955/56 1 008,0 1 000,4 1 012,6 1 012,8 1 022,0 1 008,0 1 022,2

1956/57 516,4 512,3 523,3 524,5 532,5 520,1 535,9

1957/58 569,7 565,8 574,6 575,3 582,1 571,4 584,3

1958/59 913,3 908,3 916,1 916,3 923,0 912,2 924,6

1959/60 898,8 894,4 900,8 900,9 906,9 897,0 907,9

1960/61 713,9 703,9 716,0 715,6 726,1 709,2 725,5

1961/62 749,8 742,4 747,6 746,4 751,1 743,4 747,9

1962/63 961,5 952,2 965,1 965,0 975,9 958,4 976,7

1963/64 1 003,0 994,1 1 005,9 1 005,8 1 016,2 999,4 1 016,6

1964/65 497,1 492,9 495,3 494,5 497,2 492,6 495,3

1965/66 1 020,5 1 011,9 1 026,3 1 026,8 1 038,7 1 019,7 1 041,2

1966/67 502,7 500,4 499,8 499,0 498,2 499,4 495,4

1967/68 666,2 660,2 670,7 671,3 680,0 666,0 682,3

1968/69 1 137,9 1 123,7 1 138,4 1 137,3 1 150,4 1 129,0 1 148,5

1969/70 785,1 784,1 792,9 794,4 801,6 790,5 806,4

1970/71 628,8 628,3 638,8 641,0 648,3 637,2 654,5

1971/72 587,1 587,4 592,3 593,5 597,0 591,6 600,5

1972/73 658,4 658,9 661,5 662,2 664,9 660,6 667,1

1973/74 526,4 529,0 534,6 536,6 540,3 534,9 546,0

1974/75 483,7 482,3 492,6 494,4 501,7 490,7 506,9

1975/76 487,4 480,8 492,0 492,4 501,8 486,7 504,0

1976/77 759,4 748,3 759,5 758,6 769,1 751,6 768,4

1977/78 909,4 902,0 915,2 915,7 926,2 909,9 927,8

1978/79 998,7 990,1 1 006,9 1 008,0 1 021,0 1 000,6 1 024,2

1979/80 598,5 591,5 600,9 600,7 609,1 595,6 609,4

Page 98: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.6

Precipitação anual calculada (mm)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 481,3 477,9 485,9 486,6 493,1 483,0 495,2

1981/82 667,7 666,5 678,1 680,2 689,1 675,5 695,5

1982/83 404,9 400,1 413,1 414,5 425,2 408,3 430,0

1983/84 810,0 805,8 830,2 834,4 852,0 825,0 864,0

1984/85 884,2 877,5 898,8 901,4 918,8 891,4 927,7

1985/86 652,4 648,0 667,8 670,8 686,5 661,9 696,2

1986/87 653,7 653,0 668,0 671,0 682,1 665,2 691,1

1987/88 857,3 852,3 871,9 874,6 890,8 865,5 899,6

1988/89 606,5 601,0 617,5 619,4 633,0 611,5 639,9

1989/90 987,8 983,5 997,5 999,1 1 011,1 992,3 1 016,8

1990/91 797,9 791,2 810,6 812,9 828,9 803,3 837,5

1991/92 450,3 447,5 456,4 457,5 464,7 453,4 468,2

1992/93 606,5 601,4 615,5 617,0 628,2 610,7 633,1

1993/94 751,4 742,9 760,5 761,7 777,0 752,7 781,9

1994/95 425,5 418,6 424,6 423,8 430,0 419,7 428,8

1995/96 1 360,4 1 355,2 1 377,8 1 381,2 1 399,3 1 370,9 1 410,5

1996/97 797,3 797,9 805,8 807,8 813,4 804,8 819,1

1997/98 1 137,5 1 136,4 1 154,6 1 158,4 1 171,6 1 151,2 1 183,1

1998/99 570,0 570,8 574,0 574,9 577,1 573,7 579,9

1999/00 665,6 665,0 675,9 678,1 685,9 674,0 692,4

2000/01 1 125,7 1 124,2 1 142,1 1 145,7 1 159,2 1 138,2 1 170,3

2001/02 587,9 589,3 604,4 608,1 618,3 603,1 628,8

2002/03 793,3 797,7 801,0 803,0 805,0 802,4 810,7

Page 99: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.7

Anexo 4 – Valores obtidos para os índices de precipitação anual

para cada zona

O primeiro índice abordado é a precipitação total anual, RR, que não se vai apresentar neste anexo

por ser igual ao Anexo 3.

De seguida, apresentam-se os valores referentes ao índice de número de dias húmidos, RR1.

RR1 (dias)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1950/51 92 93 93 93 93 92 93

1951/52 86 86 88 88 85 87 84

1952/53 67 67 67 67 67 67 67

1953/54 78 77 79 78 79 78 80

1954/55 84 83 85 85 86 84 86

1955/56 106 106 107 107 106 106 106

1956/57 74 74 73 73 72 73 73

1957/58 82 80 81 80 83 80 82

1958/59 110 111 112 112 113 111 115

1959/60 124 124 124 124 123 124 123

1960/61 113 112 114 114 116 114 115

1961/62 76 77 75 74 74 75 76

1962/63 120 120 119 119 119 119 118

1963/64 107 107 106 105 104 104 104

1964/65 65 66 66 66 66 67 66

1965/66 114 113 115 114 114 114 114

1966/67 77 77 77 76 77 76 76

1967/68 83 83 83 82 83 83 82

1968/69 124 124 125 125 125 124 125

1969/70 89 89 91 91 93 90 94

1970/71 90 92 92 93 92 94 92

1971/72 78 77 77 77 78 77 77

1972/73 89 87 88 88 88 88 88

1973/74 83 83 85 85 84 84 85

1974/75 71 71 71 70 72 71 71

1975/76 71 70 73 73 74 72 74

1976/77 105 105 106 107 112 105 112

1977/78 114 114 114 113 114 113 114

1978/79 111 111 111 111 111 111 112

1979/80 79 80 79 81 82 80 82

Page 100: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.8

RR1 (dias)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 77 77 83 83 83 82 83

1981/82 75 74 76 76 76 75 76

1982/83 67 67 69 69 70 69 70

1983/84 101 100 103 103 103 102 103

1984/85 110 110 110 110 111 110 112

1985/86 88 88 87 87 88 88 87

1986/87 81 82 81 81 83 81 84

1987/88 114 115 119 120 120 119 119

1988/89 74 74 74 74 75 74 75

1989/90 94 92 96 96 98 95 99

1990/91 102 102 103 104 104 102 103

1991/92 68 68 69 69 69 68 70

1992/93 86 85 88 87 90 86 90

1993/94 86 87 86 85 85 84 82

1994/95 73 72 73 73 72 72 75

1995/96 125 126 125 125 125 124 127

1996/97 90 93 93 93 92 92 94

1997/98 115 115 115 115 117 115 117

1998/99 71 70 71 71 70 71 70

1999/00 81 83 84 85 85 83 86

2000/01 119 118 120 120 120 118 120

2001/02 78 78 79 79 82 79 83

2002/03 101 101 100 100 99 100 98

Page 101: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.9

O próximo índice apresentado é o número máximo consecutivo de dias húmidos, CWD.

CWD (dias)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1950/51 12 12 12 12 12 12 12

1951/52 8 8 9 9 9 9 9

1952/53 9 9 9 9 9 9 9

1953/54 9 9 13 13 13 13 13

1954/55 10 10 18 18 18 10 18

1955/56 15 15 15 15 15 15 15

1956/57 6 6 6 6 6 6 6

1957/58 8 8 8 8 9 8 9

1958/59 15 16 16 16 16 16 16

1959/60 17 17 17 17 11 17 11

1960/61 27 27 27 27 27 27 27

1961/62 14 14 14 14 13 14 14

1962/63 26 26 26 26 26 26 21

1963/64 11 11 11 11 11 11 11

1964/65 7 8 7 7 7 7 7

1965/66 13 13 13 13 13 13 13

1966/67 13 13 13 13 13 13 13

1967/68 22 22 22 22 22 22 22

1968/69 14 14 14 14 14 14 14

1969/70 18 18 18 18 18 18 18

1970/71 9 9 9 9 9 9 9

1971/72 9 9 9 9 9 9 9

1972/73 12 12 12 12 12 12 12

1973/74 8 8 8 8 8 8 8

1974/75 9 9 9 9 9 9 9

1975/76 10 10 11 11 11 11 11

1976/77 16 16 16 16 16 16 16

1977/78 19 19 19 19 19 19 19

1978/79 19 19 19 19 19 19 19

1979/80 7 7 7 7 7 7 7

Page 102: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.10

CWD (dias)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 6 6 9 9 9 9 9

1981/82 6 6 6 6 6 6 6

1982/83 17 17 17 17 15 17 15

1983/84 18 18 18 18 18 18 18

1984/85 17 17 14 14 14 14 14

1985/86 12 12 12 12 12 12 12

1986/87 9 9 9 9 9 9 9

1987/88 17 17 17 17 17 17 17

1988/89 9 9 9 9 9 9 9

1989/90 11 11 11 11 11 11 11

1990/91 9 9 9 9 9 9 9

1991/92 7 7 7 7 7 7 7

1992/93 6 6 6 6 6 6 6

1993/94 13 13 13 13 13 13 13

1994/95 7 7 7 7 5 7 5

1995/96 25 25 25 25 25 25 25

1996/97 16 16 16 16 16 16 16

1997/98 13 13 13 13 13 13 13

1998/99 7 7 7 7 7 7 7

1999/00 8 11 8 12 12 8 12

2000/01 11 11 18 18 21 18 21

2001/02 8 8 8 8 8 8 8

2002/03 15 15 15 15 15 15 15

Page 103: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.11

O quarto índice apresentado foi a precipitação total anual em dias húmidos, PRCPTOT.

PRCPTOT (mm)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1950/51 645,6 643,9 648,2 648,5 652,1 645,1 653,6

1951/52 763,8 761,7 760,4 758,9 754,1 758,9 749,0

1952/53 475,6 474,7 478,9 479,5 482,6 477,9 484,3

1953/54 736,6 729,8 739,9 738,9 747,1 734,7 748,9

1954/55 615,9 611,5 616,8 616,4 620,4 613,6 619,7

1955/56 990,2 983,2 995,6 995,9 1 003,6 990,4 1 003,8

1956/57 493,8 489,6 499,5 500,7 507,9 496,2 512,5

1957/58 549,2 543,8 552,5 552,2 561,3 548,8 562,5

1958/59 889,7 885,6 893,8 893,9 901,5 888,7 905,0

1959/60 875,2 871,1 876,9 876,9 881,5 873,3 882,5

1960/61 691,1 681,1 694,3 693,9 705,8 688,0 704,6

1961/62 721,5 715,6 718,1 715,9 720,5 714,0 719,6

1962/63 943,3 934,1 945,6 945,6 956,3 939,1 956,3

1963/64 983,3 974,5 985,6 984,6 994,6 977,1 995,5

1964/65 475,5 472,7 474,7 474,0 476,5 473,3 474,8

1965/66 998,1 989,1 1 004,7 1 004,3 1 016,0 997,4 1 018,9

1966/67 481,8 479,8 478,8 476,9 476,9 477,6 473,2

1967/68 648,3 642,8 653,3 653,0 662,7 648,8 664,7

1968/69 1 119,2 1 105,3 1 120,9 1 119,8 1 132,9 1 110,5 1 131,2

1969/70 768,0 767,3 776,6 777,9 786,1 773,5 791,4

1970/71 609,1 610,4 620,4 623,5 630,0 620,7 636,2

1971/72 567,8 566,9 571,6 572,7 577,4 570,7 579,8

1972/73 642,0 640,1 644,4 645,1 648,5 643,1 651,1

1973/74 505,6 508,2 514,4 516,1 518,3 513,8 524,3

1974/75 469,4 468,5 477,4 478,2 486,7 475,9 490,8

1975/76 471,9 464,7 478,1 478,6 488,7 472,1 490,9

1976/77 731,3 721,0 731,5 731,5 746,1 723,1 745,3

1977/78 888,0 881,0 893,1 892,5 903,5 886,9 905,0

1978/79 979,4 971,1 987,0 987,9 1 000,5 980,8 1 004,5

1979/80 574,9 569,3 576,7 578,5 587,3 572,8 587,6

Page 104: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.12

PRCPTOT (mm)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 456,9 453,6 466,3 466,8 472,8 462,5 474,6

1981/82 648,7 647,0 658,7 660,6 668,4 655,5 674,4

1982/83 383,4 379,0 393,5 394,9 406,4 388,9 411,5

1983/84 789,7 785,0 810,8 814,7 831,4 804,7 842,8

1984/85 871,7 865,2 886,1 888,7 907,1 878,7 917,3

1985/86 635,3 631,2 649,5 652,5 669,2 644,7 678,1

1986/87 633,9 634,3 648,0 651,1 664,2 645,1 674,4

1987/88 830,4 826,5 850,0 853,8 870,4 843,4 878,6

1988/89 587,6 582,2 598,0 599,9 614,4 592,1 621,3

1989/90 968,7 962,6 979,8 981,3 994,9 973,8 1 001,5

1990/91 780,0 773,8 793,9 797,3 813,2 785,8 821,1

1991/92 434,5 431,9 441,5 442,6 449,7 437,5 454,7

1992/93 577,8 572,6 588,8 589,4 602,9 582,4 608,2

1993/94 728,9 721,9 738,3 738,7 753,9 728,8 756,6

1994/95 408,1 400,7 407,2 406,4 411,3 401,5 413,4

1995/96 1 343,9 1 340,0 1 361,3 1 364,8 1 382,9 1 353,6 1 396,6

1996/97 776,8 780,6 788,2 790,1 794,7 786,3 802,5

1997/98 1 120,8 1 119,8 1 137,6 1 141,3 1 156,4 1 134,2 1 167,9

1998/99 554,5 554,4 557,8 558,6 559,4 557,7 561,9

1999/00 645,5 647,2 658,4 661,6 669,1 655,7 676,5

2000/01 1 110,3 1 107,9 1 127,0 1 130,5 1 143,7 1 121,2 1 154,8

2001/02 562,6 564,0 580,0 583,8 597,1 578,8 608,9

2002/03 770,4 774,8 777,4 779,5 780,8 778,8 785,7

Page 105: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.13

Por fim, apresenta-se o número máximo consecutivo de dias secos, CDD.

CDD (dias)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1950/51 81 81 93 93 93 94 93

1951/52 58 58 58 58 58 58 58

1952/53 89 82 89 89 89 89 89

1953/54 114 114 114 114 114 113 113

1954/55 113 113 113 113 113 112 112

1955/56 46 46 46 46 46 46 46

1956/57 77 77 77 77 77 77 77

1957/58 50 50 50 50 50 50 50

1958/59 104 104 104 104 104 104 102

1959/60 76 76 76 76 76 76 76

1960/61 78 78 78 78 78 78 78

1961/62 99 99 99 99 99 99 99

1962/63 75 75 75 75 75 75 75

1963/64 45 45 45 45 45 45 45

1964/65 144 143 144 144 144 143 144

1965/66 50 50 50 50 50 50 50

1966/67 52 52 52 52 52 52 52

1967/68 71 71 71 71 71 71 71

1968/69 70 70 70 70 70 70 70

1969/70 71 71 71 71 49 71 49

1970/71 39 39 39 39 39 39 39

1971/72 60 60 60 60 60 60 60

1972/73 51 51 51 51 51 51 51

1973/74 89 89 89 89 89 89 89

1974/75 103 103 103 104 68 103 68

1975/76 65 65 65 65 65 65 65

1976/77 55 55 55 55 55 55 55

1977/78 85 85 85 85 85 85 85

1978/79 63 64 63 63 63 63 63

1979/80 44 44 44 44 44 44 44

Page 106: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.14

CDD (dias)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 75 75 75 75 75 75 75

1981/82 51 51 51 51 51 51 51

1982/83 72 72 72 72 72 72 72

1983/84 42 42 42 42 42 42 42

1984/85 87 87 87 87 87 87 87

1985/86 55 55 55 55 55 55 55

1986/87 74 74 74 74 74 74 74

1987/88 58 58 57 57 57 57 57

1988/89 95 95 95 95 95 95 95

1989/90 35 35 35 35 35 35 35

1990/91 60 89 60 60 60 89 94

1991/92 58 58 58 58 58 58 58

1992/93 36 36 36 36 36 36 36

1993/94 75 75 75 75 76 75 75

1994/95 69 69 69 69 69 69 69

1995/96 106 106 94 94 94 106 47

1996/97 44 44 44 44 44 44 44

1997/98 87 87 87 87 87 87 87

1998/99 38 60 38 38 38 38 38

1999/00 39 39 39 39 39 39 39

2000/01 33 33 33 33 33 33 33

2001/02 76 76 76 76 76 76 76

2002/03 55 55 55 55 55 55 55

Page 107: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.15

Anexo 5 – Resultados da análise da influência temporal da

precipitação no aproveitamento

Neste anexo apresentam-se os valores de aproveitamento obtidos para cada uma das zonas

definidas, ao longo dos 53 anos dos dados de precipitação, assim como a média dos anos.

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

Ano médio 1,79 1,66 1,55 1,95 1,25 1,50 1,13

1950/51 1,64 1,52 1,41 1,78 1,13 1,38 1,02

1951/52 1,90 1,78 1,62 2,05 1,29 1,60 1,17

1952/53 1,20 1,12 1,04 1,31 0,83 1,02 0,76

1953/54 1,84 1,70 1,58 1,99 1,28 1,54 1,15

1954/55 1,53 1,42 1,31 1,65 1,05 1,28 0,95

1955/56 2,44 2,26 2,10 2,65 1,69 2,05 1,53

1956/57 1,25 1,16 1,09 1,37 0,89 1,06 0,80

1957/58 1,38 1,28 1,19 1,51 0,97 1,16 0,87

1958/59 2,22 2,06 1,91 2,41 1,53 1,86 1,39

1959/60 2,18 2,03 1,88 2,37 1,51 1,83 1,36

1960/61 1,74 1,59 1,49 1,87 1,21 1,44 1,08

1961/62 1,82 1,68 1,55 1,95 1,24 1,51 1,12

1962/63 2,34 2,16 2,01 2,53 1,62 1,95 1,46

1963/64 2,44 2,25 2,09 2,64 1,69 2,03 1,52

1964/65 1,21 1,12 1,03 1,30 0,82 1,00 0,74

1965/66 2,48 2,30 2,13 2,69 1,73 2,07 1,56

1966/67 1,21 1,13 1,03 1,31 0,82 1,02 0,74

1967/68 1,62 1,50 1,40 1,76 1,13 1,35 1,02

1968/69 2,77 2,55 2,37 2,98 1,91 2,29 1,72

1969/70 1,91 1,78 1,65 2,09 1,34 1,61 1,21

1970/71 1,53 1,43 1,33 1,68 1,08 1,30 0,98

1971/72 1,43 1,33 1,23 1,56 0,99 1,21 0,90

1972/73 1,60 1,50 1,38 1,74 1,11 1,35 1,00

1973/74 1,28 1,20 1,11 1,41 0,90 1,10 0,82

1974/75 1,17 1,09 1,02 1,30 0,84 1,00 0,76

1975/76 1,19 1,09 1,03 1,29 0,84 0,98 0,75

1976/77 1,85 1,70 1,58 1,99 1,28 1,52 1,15

1977/78 2,21 2,04 1,90 2,40 1,54 1,85 1,39

1978/79 2,42 2,24 2,09 2,64 1,70 2,03 1,53

1979/80 1,46 1,34 1,25 1,57 1,01 1,21 0,91

Page 108: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.16

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 1,17 1,08 1,01 1,27 0,82 0,98 0,74

1981/82 1,62 1,51 1,41 1,78 1,15 1,38 1,04

1982/83 0,99 0,91 0,86 1,09 0,71 0,82 0,64

1983/84 1,97 1,83 1,73 2,18 1,42 1,67 1,29

1984/85 2,16 1,99 1,88 2,36 1,54 1,81 1,39

1985/86 1,60 1,47 1,40 1,76 1,15 1,34 1,04

1986/87 1,59 1,48 1,39 1,76 1,14 1,35 1,03

1987/88 2,09 1,94 1,82 2,29 1,49 1,75 1,34

1988/89 1,48 1,37 1,29 1,63 1,06 1,24 0,95

1989/90 2,41 2,23 2,08 2,62 1,69 2,02 1,52

1990/91 1,95 1,80 1,69 2,14 1,39 1,63 1,25

1991/92 1,10 1,02 0,95 1,20 0,78 0,92 0,70

1992/93 1,48 1,36 1,28 1,62 1,05 1,24 0,94

1993/94 1,84 1,69 1,59 2,00 1,30 1,52 1,17

1994/95 1,04 0,95 0,88 1,11 0,72 0,85 0,64

1995/96 3,31 3,08 2,87 3,63 2,34 2,79 2,11

1996/97 1,94 1,81 1,68 2,12 1,35 1,65 1,23

1997/98 2,77 2,58 2,41 3,04 1,96 2,35 1,77

1998/99 1,38 1,30 1,19 1,51 0,96 1,18 0,87

1999/00 1,62 1,51 1,41 1,78 1,14 1,38 1,04

2000/01 2,74 2,56 2,38 3,01 1,94 2,32 1,75

2001/02 1,43 1,34 1,26 1,59 1,03 1,23 0,94

2002/03 1,92 1,81 1,67 2,11 1,34 1,65 1,22

Page 109: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.17

Anexo 6 – Resultados da análise da influência espacial da

precipitação no aproveitamento

Neste anexo apresentam-se os valores de aproveitamento considerando a precipitação igual em toda

a cidade de Lisboa.

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

Ano médio 1,80 1,69 1,54 1,95 1,23 1,53 1,12

1950/51 1,64 1,54 1,41 1,78 1,12 1,39 1,02

1951/52 1,89 1,77 1,62 2,05 1,29 1,60 1,17

1952/53 1,21 1,13 1,03 1,31 0,83 1,02 0,75

1953/54 1,84 1,72 1,58 1,99 1,26 1,56 1,14

1954/55 1,53 1,43 1,31 1,66 1,05 1,29 0,95

1955/56 2,44 2,29 2,10 2,65 1,67 2,07 1,52

1956/57 1,26 1,18 1,09 1,37 0,87 1,07 0,78

1957/58 1,39 1,30 1,19 1,51 0,95 1,18 0,86

1958/59 2,22 2,08 1,90 2,41 1,52 1,88 1,38

1959/60 2,18 2,05 1,87 2,37 1,49 1,85 1,36

1960/61 1,73 1,62 1,48 1,88 1,18 1,47 1,07

1961/62 1,80 1,69 1,55 1,96 1,24 1,53 1,12

1962/63 2,33 2,19 2,00 2,53 1,60 1,98 1,45

1963/64 2,43 2,28 2,09 2,64 1,67 2,06 1,51

1964/65 1,20 1,12 1,03 1,30 0,82 1,02 0,74

1965/66 2,48 2,33 2,13 2,69 1,70 2,11 1,54

1966/67 1,20 1,13 1,03 1,31 0,83 1,02 0,75

1967/68 1,62 1,52 1,39 1,76 1,11 1,38 1,01

1968/69 2,75 2,58 2,36 2,99 1,88 2,34 1,71

1969/70 1,92 1,80 1,65 2,09 1,32 1,63 1,19

1970/71 1,55 1,45 1,33 1,68 1,06 1,31 0,96

1971/72 1,44 1,35 1,23 1,56 0,98 1,22 0,89

1972/73 1,60 1,50 1,38 1,74 1,10 1,36 1,00

1973/74 1,30 1,22 1,11 1,41 0,89 1,10 0,81

1974/75 1,19 1,12 1,02 1,29 0,82 1,01 0,74

1975/76 1,19 1,12 1,02 1,29 0,82 1,01 0,74

1976/77 1,84 1,72 1,58 2,00 1,26 1,56 1,14

1977/78 2,21 2,07 1,90 2,40 1,51 1,88 1,37

1978/79 2,43 2,28 2,09 2,64 1,67 2,06 1,51

1979/80 1,45 1,36 1,25 1,58 1,00 1,23 0,90

Page 110: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.18

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 1,18 1,10 1,01 1,28 0,80 1,00 0,73

1981/82 1,64 1,54 1,41 1,78 1,13 1,39 1,02

1982/83 1,00 0,94 0,86 1,09 0,69 0,85 0,62

1983/84 2,01 1,88 1,72 2,18 1,38 1,70 1,25

1984/85 2,18 2,04 1,87 2,37 1,49 1,85 1,35

1985/86 1,62 1,52 1,39 1,76 1,11 1,38 1,01

1986/87 1,62 1,52 1,39 1,76 1,11 1,37 1,01

1987/88 2,12 1,98 1,82 2,30 1,45 1,79 1,31

1988/89 1,50 1,41 1,29 1,63 1,03 1,27 0,93

1989/90 2,42 2,27 2,08 2,62 1,66 2,05 1,50

1990/91 1,97 1,85 1,69 2,14 1,35 1,67 1,22

1991/92 1,11 1,04 0,95 1,20 0,76 0,94 0,69

1992/93 1,49 1,40 1,28 1,62 1,02 1,26 0,93

1993/94 1,84 1,73 1,58 2,00 1,26 1,56 1,15

1994/95 1,03 0,96 0,88 1,12 0,70 0,87 0,64

1995/96 3,34 3,13 2,87 3,63 2,29 2,84 2,08

1996/97 1,95 1,83 1,68 2,12 1,34 1,66 1,21

1997/98 2,80 2,62 2,40 3,04 1,92 2,38 1,74

1998/99 1,39 1,30 1,19 1,51 0,95 1,18 0,86

1999/00 1,64 1,53 1,41 1,78 1,12 1,39 1,02

2000/01 2,77 2,60 2,38 3,01 1,90 2,35 1,72

2001/02 1,46 1,37 1,26 1,59 1,00 1,24 0,91

2002/03 1,94 1,82 1,67 2,11 1,33 1,65 1,21

Page 111: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.19

Anexo 7 – Resultados da análise da influência da variação de

consumo (percentil 25) no aproveitamento

Neste anexo apresentam-se os valores de aproveitamento considerando o consumo do percentil 25.

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

Ano médio 2,11 1,96 1,82 2,30 1,48 1,77 1,34

1950/51 1,93 1,80 1,66 2,10 1,33 1,63 1,21

1951/52 2,24 2,10 1,91 2,42 1,52 1,89 1,38

1952/53 1,42 1,32 1,22 1,54 0,98 1,20 0,89

1953/54 2,17 2,01 1,86 2,35 1,50 1,81 1,36

1954/55 1,81 1,68 1,55 1,95 1,24 1,52 1,12

1955/56 2,88 2,67 2,48 3,13 2,00 2,42 1,80

1956/57 1,48 1,37 1,28 1,62 1,04 1,25 0,94

1957/58 1,63 1,51 1,41 1,78 1,14 1,37 1,03

1958/59 2,62 2,43 2,25 2,84 1,81 2,20 1,64

1959/60 2,58 2,40 2,21 2,79 1,78 2,16 1,61

1960/61 2,05 1,88 1,75 2,21 1,42 1,69 1,28

1961/62 2,14 1,98 1,83 2,30 1,47 1,79 1,32

1962/63 2,76 2,55 2,37 2,98 1,91 2,30 1,72

1963/64 2,88 2,66 2,47 3,11 1,99 2,40 1,80

1964/65 1,42 1,32 1,21 1,53 0,97 1,18 0,88

1965/66 2,93 2,71 2,52 3,18 2,04 2,45 1,84

1966/67 1,43 1,34 1,22 1,54 0,97 1,21 0,88

1967/68 1,91 1,77 1,65 2,08 1,34 1,60 1,20

1968/69 3,26 3,00 2,79 3,51 2,25 2,70 2,03

1969/70 2,25 2,10 1,95 2,46 1,58 1,90 1,43

1970/71 1,80 1,68 1,57 1,98 1,28 1,54 1,16

1971/72 1,68 1,57 1,45 1,84 1,17 1,43 1,06

1972/73 1,89 1,77 1,63 2,05 1,31 1,60 1,18

1973/74 1,51 1,42 1,31 1,66 1,06 1,29 0,97

1974/75 1,39 1,29 1,21 1,53 0,99 1,18 0,89

1975/76 1,40 1,29 1,21 1,52 0,99 1,16 0,89

1976/77 2,19 2,00 1,87 2,35 1,51 1,80 1,36

1977/78 2,60 2,41 2,24 2,83 1,81 2,18 1,64

1978/79 2,86 2,65 2,47 3,11 2,00 2,40 1,81

1979/80 1,72 1,58 1,47 1,86 1,20 1,42 1,07

Page 112: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.20

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 1,38 1,28 1,19 1,50 0,97 1,16 0,87

1981/82 1,92 1,79 1,67 2,11 1,36 1,62 1,23

1982/83 1,17 1,07 1,02 1,28 0,84 0,97 0,76

1983/84 2,33 2,16 2,04 2,58 1,68 1,97 1,52

1984/85 2,55 2,35 2,21 2,79 1,81 2,13 1,63

1985/86 1,88 1,74 1,65 2,08 1,36 1,58 1,22

1986/87 1,88 1,75 1,64 2,08 1,35 1,60 1,22

1987/88 2,47 2,29 2,15 2,71 1,76 2,07 1,58

1988/89 1,75 1,61 1,52 1,92 1,25 1,46 1,13

1989/90 2,84 2,64 2,45 3,09 1,99 2,38 1,80

1990/91 2,31 2,12 2,00 2,52 1,64 1,92 1,48

1991/92 1,29 1,20 1,12 1,42 0,92 1,09 0,83

1992/93 1,74 1,61 1,51 1,91 1,24 1,46 1,11

1993/94 2,17 1,99 1,87 2,36 1,53 1,80 1,38

1994/95 1,23 1,12 1,04 1,31 0,85 1,00 0,76

1995/96 3,91 3,63 3,39 4,28 2,76 3,30 2,49

1996/97 2,28 2,14 1,98 2,50 1,60 1,94 1,45

1997/98 3,27 3,05 2,84 3,59 2,31 2,78 2,09

1998/99 1,63 1,53 1,41 1,78 1,13 1,39 1,03

1999/00 1,91 1,78 1,66 2,10 1,35 1,62 1,22

2000/01 3,23 3,02 2,81 3,55 2,28 2,74 2,07

2001/02 1,69 1,58 1,49 1,88 1,22 1,45 1,11

2002/03 2,27 2,14 1,97 2,49 1,58 1,95 1,44

Page 113: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.21

Anexo 8 – Resultados da análise da influência da variação de

consumo (percentil 75) no aproveitamento

Neste anexo apresentam-se os valores de aproveitamento considerando o consumo do percentil 75.

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

Ano médio 1,69 1,56 1,46 1,84 1,18 1,42 1,07

1950/51 1,54 1,44 1,33 1,67 1,06 1,30 0,96

1951/52 1,79 1,68 1,53 1,93 1,21 1,51 1,10

1952/53 1,13 1,06 0,98 1,23 0,79 0,96 0,71

1953/54 1,73 1,60 1,49 1,88 1,20 1,45 1,08

1954/55 1,44 1,34 1,23 1,56 0,99 1,21 0,89

1955/56 2,30 2,13 1,98 2,50 1,59 1,93 1,44

1956/57 1,18 1,09 1,02 1,29 0,83 1,00 0,75

1957/58 1,30 1,21 1,13 1,42 0,91 1,10 0,82

1958/59 2,09 1,94 1,80 2,27 1,45 1,76 1,31

1959/60 2,06 1,91 1,77 2,23 1,42 1,73 1,28

1960/61 1,63 1,50 1,40 1,76 1,14 1,35 1,02

1961/62 1,71 1,58 1,46 1,84 1,17 1,43 1,06

1962/63 2,20 2,03 1,89 2,38 1,53 1,84 1,38

1963/64 2,30 2,12 1,97 2,48 1,59 1,91 1,43

1964/65 1,14 1,05 0,97 1,22 0,78 0,95 0,70

1965/66 2,34 2,16 2,01 2,54 1,63 1,95 1,47

1966/67 1,14 1,07 0,97 1,23 0,77 0,96 0,70

1967/68 1,53 1,41 1,32 1,66 1,07 1,28 0,96

1968/69 2,61 2,40 2,23 2,81 1,80 2,16 1,62

1969/70 1,80 1,68 1,56 1,96 1,26 1,52 1,14

1970/71 1,44 1,34 1,25 1,58 1,02 1,23 0,92

1971/72 1,34 1,26 1,16 1,47 0,94 1,14 0,85

1972/73 1,51 1,41 1,30 1,64 1,04 1,27 0,94

1973/74 1,20 1,13 1,05 1,33 0,85 1,03 0,77

1974/75 1,11 1,03 0,97 1,22 0,79 0,94 0,71

1975/76 1,12 1,03 0,97 1,22 0,79 0,93 0,71

1976/77 1,74 1,60 1,49 1,87 1,21 1,44 1,08

1977/78 2,08 1,92 1,79 2,26 1,45 1,74 1,31

1978/79 2,28 2,11 1,97 2,49 1,60 1,92 1,44

1979/80 1,37 1,26 1,18 1,48 0,95 1,14 0,86

Page 114: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.22

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 1,10 1,02 0,95 1,20 0,77 0,92 0,70

1981/82 1,53 1,43 1,33 1,68 1,08 1,30 0,98

1982/83 0,93 0,86 0,81 1,02 0,67 0,78 0,60

1983/84 1,86 1,72 1,63 2,06 1,34 1,58 1,21

1984/85 2,04 1,88 1,77 2,23 1,45 1,70 1,30

1985/86 1,50 1,39 1,31 1,66 1,09 1,26 0,98

1986/87 1,50 1,40 1,31 1,66 1,08 1,28 0,97

1987/88 1,97 1,82 1,71 2,16 1,40 1,65 1,27

1988/89 1,40 1,29 1,22 1,53 1,00 1,17 0,90

1989/90 2,27 2,10 1,96 2,47 1,59 1,90 1,43

1990/91 1,84 1,70 1,60 2,01 1,31 1,54 1,18

1991/92 1,03 0,96 0,90 1,13 0,73 0,87 0,66

1992/93 1,39 1,29 1,21 1,52 0,99 1,17 0,89

1993/94 1,73 1,59 1,49 1,88 1,22 1,43 1,10

1994/95 0,98 0,90 0,83 1,05 0,67 0,80 0,60

1995/96 3,12 2,90 2,71 3,42 2,20 2,63 1,99

1996/97 1,82 1,71 1,58 2,00 1,28 1,55 1,16

1997/98 2,61 2,43 2,27 2,87 1,84 2,22 1,67

1998/99 1,30 1,22 1,13 1,42 0,90 1,11 0,82

1999/00 1,52 1,42 1,33 1,68 1,08 1,30 0,98

2000/01 2,58 2,41 2,24 2,84 1,82 2,19 1,65

2001/02 1,35 1,26 1,19 1,50 0,97 1,16 0,88

2002/03 1,81 1,71 1,57 1,99 1,26 1,55 1,15

Page 115: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.23

Anexo 9 – Valores reais de aproveitamento, para cada uma das

zonas

Neste anexo apresentam-se os valores reais de aproveitamento, ou seja, afetados pelo coeficiente de

escoamento.

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

Ano médio 1,43 1,33 1,24 1,56 1,00 1,20 0,91

1950/51 1,31 1,22 1,13 1,42 0,90 1,10 0,82

1951/52 1,52 1,42 1,30 1,64 1,03 1,28 0,93

1952/53 0,96 0,90 0,83 1,05 0,67 0,81 0,60

1953/54 1,47 1,36 1,26 1,59 1,02 1,23 0,92

1954/55 1,22 1,14 1,05 1,32 0,84 1,03 0,76

1955/56 1,95 1,81 1,68 2,12 1,35 1,64 1,22

1956/57 1,00 0,93 0,87 1,10 0,71 0,85 0,64

1957/58 1,11 1,03 0,96 1,21 0,77 0,93 0,70

1958/59 1,78 1,65 1,53 1,92 1,23 1,49 1,11

1959/60 1,75 1,62 1,50 1,89 1,21 1,47 1,09

1960/61 1,39 1,28 1,19 1,50 0,96 1,15 0,87

1961/62 1,45 1,34 1,24 1,56 0,99 1,21 0,90

1962/63 1,87 1,73 1,60 2,02 1,30 1,56 1,17

1963/64 1,95 1,80 1,67 2,11 1,35 1,63 1,22

1964/65 0,96 0,89 0,82 1,04 0,66 0,80 0,59

1965/66 1,98 1,84 1,71 2,15 1,38 1,66 1,25

1966/67 0,97 0,91 0,83 1,05 0,66 0,82 0,60

1967/68 1,30 1,20 1,12 1,41 0,91 1,08 0,82

1968/69 2,21 2,04 1,89 2,38 1,53 1,83 1,37

1969/70 1,53 1,42 1,32 1,67 1,07 1,29 0,97

1970/71 1,22 1,14 1,06 1,35 0,86 1,04 0,78

1971/72 1,14 1,07 0,99 1,25 0,79 0,97 0,72

1972/73 1,28 1,20 1,10 1,39 0,89 1,08 0,80

1973/74 1,02 0,96 0,89 1,13 0,72 0,88 0,66

1974/75 0,94 0,88 0,82 1,04 0,67 0,80 0,61

1975/76 0,95 0,87 0,82 1,03 0,67 0,79 0,60

1976/77 1,48 1,36 1,27 1,59 1,02 1,22 0,92

1977/78 1,76 1,63 1,52 1,92 1,23 1,48 1,11

1978/79 1,94 1,79 1,67 2,11 1,36 1,63 1,22

1979/80 1,17 1,07 1,00 1,26 0,81 0,97 0,73

Page 116: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.24

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 0,94 0,87 0,81 1,02 0,66 0,78 0,59

1981/82 1,30 1,21 1,13 1,43 0,92 1,10 0,83

1982/83 0,79 0,73 0,69 0,87 0,57 0,66 0,51

1983/84 1,58 1,46 1,38 1,75 1,14 1,34 1,03

1984/85 1,73 1,60 1,50 1,89 1,23 1,45 1,11

1985/86 1,28 1,18 1,12 1,41 0,92 1,07 0,83

1986/87 1,27 1,19 1,11 1,41 0,91 1,08 0,83

1987/88 1,67 1,55 1,46 1,84 1,19 1,40 1,07

1988/89 1,19 1,09 1,03 1,30 0,85 0,99 0,76

1989/90 1,92 1,79 1,66 2,10 1,35 1,62 1,22

1990/91 1,56 1,44 1,36 1,71 1,11 1,30 1,00

1991/92 0,88 0,81 0,76 0,96 0,62 0,74 0,56

1992/93 1,18 1,09 1,03 1,29 0,84 0,99 0,76

1993/94 1,47 1,35 1,27 1,60 1,04 1,22 0,93

1994/95 0,83 0,76 0,71 0,89 0,57 0,68 0,51

1995/96 2,65 2,46 2,30 2,90 1,87 2,23 1,69

1996/97 1,55 1,45 1,34 1,70 1,08 1,32 0,98

1997/98 2,21 2,07 1,93 2,43 1,56 1,88 1,42

1998/99 1,11 1,04 0,96 1,21 0,77 0,94 0,70

1999/00 1,29 1,21 1,13 1,42 0,92 1,10 0,83

2000/01 2,19 2,04 1,91 2,41 1,55 1,86 1,40

2001/02 1,14 1,07 1,01 1,28 0,83 0,98 0,75

2002/03 1,54 1,45 1,33 1,69 1,07 1,32 0,97

Page 117: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.25

Anexo 10 – Valores reais de aproveitamento da CML, para cada

uma das zonas

Neste anexo apresentam-se os valores reais de aproveitamento associados aos consumos da CML

em lavagens de arruamentos e regas de espaços verdes.

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

Ano médio 0,46 0,98 0,45 0,74 0,00 0,20 0,00

1950/51 0,33 0,66 0,24 0,55 0,00 0,10 0,00

1951/52 0,55 1,26 0,56 0,84 0,03 0,28 0,00

1952/53 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00

1953/54 0,50 1,08 0,50 0,78 0,02 0,22 0,00

1954/55 0,24 0,41 0,09 0,43 0,00 0,03 0,00

1955/56 1,01 2,42 1,28 1,47 0,39 0,63 0,30

1956/57 0,00 0,00 0,00 0,13 0,00 0,00 0,00

1957/58 0,11 0,08 0,00 0,27 0,00 0,00 0,00

1958/59 0,83 1,94 0,99 1,22 0,25 0,48 0,15

1959/60 0,80 1,86 0,94 1,18 0,23 0,46 0,12

1960/61 0,41 0,82 0,36 0,66 0,00 0,15 0,00

1961/62 0,48 1,03 0,45 0,74 0,00 0,21 0,00

1962/63 0,93 2,17 1,14 1,35 0,33 0,55 0,23

1963/64 1,01 2,40 1,27 1,46 0,38 0,61 0,29

1964/65 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00

1965/66 1,05 2,49 1,34 1,52 0,42 0,65 0,33

1966/67 0,00 0,00 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00

1967/68 0,32 0,59 0,22 0,54 0,00 0,08 0,00

1968/69 1,29 3,09 1,69 1,82 0,58 0,82 0,50

1969/70 0,56 1,27 0,61 0,88 0,08 0,28 0,00

1970/71 0,24 0,42 0,12 0,45 0,00 0,04 0,00

1971/72 0,15 0,20 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00

1972/73 0,30 0,59 0,19 0,52 0,00 0,08 0,00

1973/74 0,02 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00

1974/75 0,00 0,00 0,00 0,05 0,00 0,00 0,00

1975/76 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,00 0,00

1976/77 0,51 1,07 0,50 0,78 0,03 0,21 0,00

1977/78 0,81 1,89 0,98 1,21 0,25 0,47 0,15

1978/79 1,00 2,37 1,27 1,46 0,39 0,61 0,30

1979/80 0,18 0,22 0,00 0,34 0,00 0,00 0,00

Page 118: Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água …€¦ · Redução potencial de consumo de água potável por reutilização da água da chuva em centros

A.26

Aproveitamento (-)

Zona Ano

A B C D E.1 E.2 F

1980/81 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00

1981/82 0,32 0,63 0,25 0,56 0,00 0,10 0,00

1982/83 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

1983/84 0,62 1,38 0,72 0,99 0,15 0,33 0,04

1984/85 0,78 1,78 0,95 1,17 0,25 0,44 0,14

1985/86 0,30 0,53 0,22 0,54 0,00 0,07 0,00

1986/87 0,29 0,56 0,22 0,54 0,00 0,08 0,00

1987/88 0,72 1,64 0,86 1,10 0,21 0,40 0,10

1988/89 0,20 0,28 0,06 0,40 0,00 0,00 0,00

1989/90 0,98 2,35 1,25 1,45 0,38 0,60 0,29

1990/91 0,60 1,31 0,67 0,93 0,12 0,30 0,00

1991/92 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

1992/93 0,19 0,27 0,05 0,39 0,00 0,00 0,00

1993/94 0,50 1,04 0,51 0,79 0,04 0,21 0,00

1994/95 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

1995/96 1,76 4,37 2,45 2,50 0,95 1,21 0,92

1996/97 0,58 1,34 0,65 0,92 0,09 0,31 0,00

1997/98 1,29 3,18 1,75 1,89 0,62 0,86 0,56

1998/99 0,11 0,11 0,00 0,27 0,00 0,00 0,00

1999/00 0,31 0,62 0,24 0,56 0,00 0,10 0,00

2000/01 1,27 3,11 1,71 1,85 0,60 0,84 0,54

2001/02 0,15 0,21 0,01 0,36 0,00 0,00 0,00

2002/03 0,57 1,34 0,63 0,91 0,08 0,31 0,00