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REBELIÕES DA SENZALA DE CLÓVIS MOURA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DA LUTA DE CLASSES NO BRASIL GABRIEL DOS SANTOS ROCHA * RESUMO Este artigo analisa o primeiro livro do historiador e sociólogo Clóvis Moura, Rebeliões da Senzala (1959) com o objetivo de destacar alguns elementos relevantes para compreendermos as interpretações do autor sobre o processo histórico brasileiro no período escravista, e suas contribuições para a historiografia econômica e social. Moura foi pioneiro em interpretar o Brasil Colonial e Imperial a partir das lutas dos escravizados contra a opressão senhorial, e a atribuir significado político às rebeliões negras daquele período. O autor considerou que os conflitos entre escravizados e escravocratas não foram episódicos, ao contrário, foram sistemáticos e constantes, expressões do antagonismo entre estas duas classes fundamentais do sistema escravista. Em suas análises relacionou a dimensão social das insurreições negras com as estruturas materiais do sistema escravista. Para Moura, os quilombos, as insurreições e diferentes expressões da rebeldia negra devem ser levados em consideração para melhor compreendermos a estrutura e a dinâmica das relações de produção escravistas, e sua formação social correspondente. Com Rebeliões da Senzala, Clóvis Moura inaugurou uma nova abordagem sobre a história da luta de classes no Brasil. I. O escravismo na perspectiva histórica do antagonismo de classes A produção intelectual de Clóvis Moura no campo das ciências humanas nos apresenta um projeto de interpretação e análise do capitalismo no Brasil buscando compreendê-lo desde seus antecedentes, o escravismo colonial, à sociedade contemporânea, periférica no sistema capitalista mundial, em condição de semicolônia das potências ocidentais do hemisfério norte (FARIAS, 2019). Sua análise privilegia às diferentes manifestações de luta de classes desde o escravismo ao regime assalariado. * Universidade de São Paulo. Graduado em História, mestre em História Social, doutorando em História Econômica.

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REBELIÕES DA SENZALA DE CLÓVIS MOURA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

DA LUTA DE CLASSES NO BRASIL

GABRIEL DOS SANTOS ROCHA*

RESUMO

Este artigo analisa o primeiro livro do historiador e sociólogo Clóvis Moura, Rebeliões

da Senzala (1959) com o objetivo de destacar alguns elementos relevantes para

compreendermos as interpretações do autor sobre o processo histórico brasileiro no período

escravista, e suas contribuições para a historiografia econômica e social. Moura foi pioneiro em

interpretar o Brasil Colonial e Imperial a partir das lutas dos escravizados contra a opressão

senhorial, e a atribuir significado político às rebeliões negras daquele período. O autor

considerou que os conflitos entre escravizados e escravocratas não foram episódicos, ao

contrário, foram sistemáticos e constantes, expressões do antagonismo entre estas duas classes

fundamentais do sistema escravista. Em suas análises relacionou a dimensão social das

insurreições negras com as estruturas materiais do sistema escravista. Para Moura, os

quilombos, as insurreições e diferentes expressões da rebeldia negra devem ser levados em

consideração para melhor compreendermos a estrutura e a dinâmica das relações de produção

escravistas, e sua formação social correspondente. Com Rebeliões da Senzala, Clóvis Moura

inaugurou uma nova abordagem sobre a história da luta de classes no Brasil.

I. O escravismo na perspectiva histórica do antagonismo de classes

A produção intelectual de Clóvis Moura no campo das ciências humanas nos apresenta

um projeto de interpretação e análise do capitalismo no Brasil buscando compreendê-lo desde

seus antecedentes, o escravismo colonial, à sociedade contemporânea, periférica no sistema

capitalista mundial, em condição de semicolônia das potências ocidentais do hemisfério norte

(FARIAS, 2019). Sua análise privilegia às diferentes manifestações de luta de classes desde o

escravismo ao regime assalariado.

* Universidade de São Paulo. Graduado em História, mestre em História Social, doutorando em História Econômica.

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A história de toda a sociedade até nossos dias é a história da luta de classes.

Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e oficial, em suma

opressores e oprimidos sempre estiveram em constante oposição; empenhados numa

luta sem trégua, ora velada, ora aberta, luta que a cada etapa conduziu a uma

transformação revolucionária de toda a sociedade ou ao aniquilamento das duas

classes em confronto (MARX, 2001: P.23-24).

Embora Moura tenha se notabilizado com seus estudos sobre escravidão, mais

especificamente sobre as insurreições dos escravizados, sua obra tem uma abrangência temática

que perpassa a literatura, a crítica literária, a imprensa, as religiões, a questão agrária, a questão

militar, estudos teóricos sobre história e sociologia.

No que tange ao tema pelo qual ganhou notoriedade, destaca-se a originalidade e o

pioneirismo de Clóvis Moura na centralidade colocada nas contradições entre escravizado e

escravocrata para entender o processo histórico brasileiro nos períodos colonial e imperial. O

autor atribuiu sentido político às insurreições negras daquele período identificando-as como

expressões da luta de classes. Ou seja, para Clóvis Moura a história do trabalho e da luta de

classes no Brasil não se inicia com a chegada de imigrantes europeus no final do século XIX,

início do XX e as primeiras greves operárias. Inicia-se no sistema escravista com o antagonismo

entre a classe proprietária e a classe despossuída e escravizada, desde o Brasil Colônia.

Neste sentido Rebeliões da Senzala é emblemático. Primeiro livro do autor, publicado

em 1959, inaugurou uma interpretação original sobre nossa história na perspectiva da luta de

classes na qual o escravizado – sobretudo aquele que se rebelava contra a escravidão – é

considerado sujeito histórico e agente dinamizador que contribuiu para o solapamento das bases

econômicas daquela sociedade, criando, assim, as premissas para a projeção de um novo

regime:

O dinamismo da sociedade brasileira, visto do ângulo de devir, teve a grande

contribuição do quilombola, dos escravos que se marginalizavam do processo

produtivo e se incorporavam às forças negativas do sistema. Desta forma, o escravo

fugido ou ativamente rebelde desempenhava um papel que lhe escapava

completamente, mas que funcionava como fator de dinamização da sociedade. As

formas ‘extralegais’ ou ‘patológicas’ de comportamento do escravo, segundo a

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sociologia acadêmica, serviram para impulsionar a sociedade brasileira em direção

a um estágio superior de organização do trabalho. O quilombola era o elemento que,

como sujeito do próprio regime escravocrata, negava-o materialmente e socialmente,

solapando o tipo de trabalho que existia e dinamizava a estratificação social existente

(MOURA, 2014: P.397-398).

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II. Relações sociais de produção e rebeldia: uma análise marxista da agência histórica do

escravizado

Até a publicação de Rebeliões da Senzala os estudos sobre escravidão no Brasil tinham

sido produzidos em geral: 1) na perspectiva eugenista de Nina Rodrigues, Sílvio Romero,

Oliveira Vianna; 2) na chave culturalista de Gilberto Freyre e Arthur Ramos. Os primeiros

buscavam explicações para os fatos históricos na biologia, na pseudociência evolucionista,

hierarquizavam os grupos humanos nas supostas raças superiores (europeias), e raças inferiores

(negros, indígenas, mestiços e asiáticos). Os segundos voltavam-se para aspectos culturais,

“folclóricos”, “exóticos”, atribuídos ao negro e vistos como supostas reminiscências africanas

na cultura brasileira; buscavam explicações para os fatos históricos nos processos de

assimilação e aculturação dos africanos em contato com as culturas europeias. Sobre este

contexto Moura nos mostra que:

O problema dos escravos negros ainda era considerado, na época em que iniciamos

nossas pesquisas em arquivos e outras fontes, um tema esporádico, secundário e,

quando muito, manifestações de movimentos antiaculturativos. Tirava-se, com isto, o

conteúdo que produzia o dinamismo interno desses movimentos, elidia-se a

contradição fundamental que os produzia – a luta de classes no sistema escravista –

para reduzi-los a um mero jogo de choques entre padrões, traços e complexos

culturais que os negros trouxeram da África e os da cultura ocidental que os recebeu.

Esta posição teórica e sua continuação metodológica levavam a que sempre se

procurasse uma interpretação culturalista para o conflito social que se desenvolvia

em consequência das contradições do sistema escravista que se formava no Brasil. O

modo de produção escravista, gerador de contradições, era substituído pela visão

harmônica dessa estrutura e os movimentos antiaculturativos representavam apenas

uma rejeição por parte do negro dos padrões culturais do senhor e não uma

decorrência da sua situação de escravo; da sua posição de homem desumanizado,

transformado em simples coisa (MOURA, 2014: P.34).

Quanto aos pares marxistas de Clóvis Moura, estes quando abordavam o passado

escravista pouco davam atenção para a agência do escravizado, o qual era visto apenas em sua

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dimensão de mercadoria e capital fixo, ignorando que era também sujeito produtivo1; e as

insurreições negras daquele período eram vistas como movimentos episódicos, esporádicos e

pré-políticos. Moura não apenas demonstra que tais lutas eram constantes e sistemáticas, como

atribui significado político a elas. Mais do que um trabalho sobre escravidão, Rebeliões da

Senzala é “um clássico sobre a luta de classes no Brasil como demonstra José Carlos Ruy:

Clóvis Moura extraiu dos arquivos públicos, principalmente o da Bahia, a

documentação reveladora de que, como em todas as nações, aqui também houve luta

de classes sob o escravismo, e ela abrangeu todo aquele longo período histórico, em

todo o território nacional.

(...) A premissa teórica marxista fundamental que orientou toda a obra de Clóvis

Moura é a de que, como em todas as sociedades divididas em classes, na sociedade

escravista existiu luta de classes. Ele a investigou para compreender as lutas do

presente e forjar os instrumentos conceituais que permitam, aos oprimidos de todos

os matizes, lutar pela igualdade entre os homens e por uma forma superior de

organização da sociedade (RUY, 2014: PP.24, 28).

As fugas, sabotagens, insurreições, formação de quilombos, guerrilhas e outras

expressões de rebeldia e insubordinação dos negros não eram fatos episódicos, ao contrário,

constituem a dinâmica da própria ordem escravocrata. O movimento dialético no qual se

construiu, se desenvolveu, se desgastou e ruiu o escravismo tem em seu epicentro a contradição

entre senhor e escravizado. Moura nos mostra que para além de revoltas pontuais, as rebeliões

negras sinalizavam a possibilidade projetos políticos alternativos (OLIVEIRA, 2014: P.18). O

antropólogo Kabengele Munanga considera que Rebeliões da Senzala:

Foi a primeira obra da historiografia brasileira a tratar da questão das rebeliões

negras de maneira sistemática, mostrando com fatos históricos o alastramento desse

fenômeno em todo o território brasileiro. Na esteira desta nascerão mais tarde outros

estudos como o Palmares – A guerra dos escravos, de Décio Freitas (1971) e o

Rebelião Escrava no Brasil – A História do Levante dos Malês em 1835, de João José

Reis (1986). Ele foi sem dúvida o pioneiro e o primeiro a desmistificar a ideia do

1 O escravizado não vende sua força de trabalho, ele próprio é submetido a condição de mercadoria. Porém, é ele também o produtor de mercadorias no sistema escravista, logo, é sujeito da produção. Ver Jacob Gorerender, O Escravismo Colonial.

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negro submisso que não se importava com sua situação de cativo, e a colocar em

pauta a questão de sua participação no processo abolicionista e libertário,

habilitando-o como sujeito de sua história e da história do Brasil e tirando-o da

posição de mero objeto de pesquisa acadêmica (MUNANGA, 2014: P. 14).

Ao dar centralidade para a rebeldia dos escravizados e a ela atribuir significado político,

Clóvis Moura também foi pioneiro em mostrar o negro escravizado como agente social e

protagonista na luta por emancipação2. Em sua obra o negro é visto como importante agente no

processo de transformação social e na própria superação do sistema escravista, como nos mostra

Augusto Buonicore:

Rebeliões da Senzala rompeu com o paradigma predominante, que subestimava o

papel dos negros escravizados no processo de construção da nação brasileira e da

sua própria libertação. Os escravos não eram – como em geral se afirmava – uma

massa passiva sobre a qual os verdadeiros atores interpretavam o drama histórico.

Durante todo o período colonial e imperial eles protestaram e lutaram por sua

liberdade e dignidade. As revoltas e os quilombos não foram algo excepcional,

exceções que confirmavam a regra. Constituíram-se como uma maneira de ser dos

trabalhadores numa sociedade assentada na mais brutal forma de exploração: a

escravidão. Mais de um século antes dois grandes intelectuais revolucionários

alemães haviam afirmado que “a luta de classes era o motor da história”. No Brasil

as coisas não podiam ser diferentes (BUONICORE, 2014: P.23).

Rebeliões da Senzala também é pioneiro em tratar a questão da desumanização e da

humanização do ser escravizado, tema um tanto controverso em décadas posteriores, sobretudo

nos anos 1980 e 1990 quando historiadores daquela geração, dedicados aos estudos do

cotidiano, passaram a se contrapor à historiografia e a sociologia marxista. Tais pesquisadores

geralmente acusavam os marxistas de tratarem o escravizado como coisa e não como sujeito, e

de ignorarem o papel dos negros como agentes sociais no período escravista. Tal apontamento

faz sentido para alguns estudos, da década de 1950 e 1960, daquela que ficou conhecida com

2 O sociólogo Fábio Nogueira de Oliveira (2009) define Clóvis Moura como um intelectual da práxis negra.

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Escola Paulista de Sociologia3, os quais enfatizaram sobretudo a questão da violência e da

alienação – ou coisificação, termo usado na época – como mecanismos de sujeição dos cativos.

Porém, tal apontamento se torna problemático quando tomado de maneira generalizada

para o marxismo e para todos aqueles que utilizam as ideias de Marx como aporte teórico. Aliás

é comum tal apontamento ser acompanhado de um discurso no qual o marxismo é tratado como

uma teoria eurocêntrica, limitada para a compreensão dos problemas brasileiros (como se o

Brasil estivesse fora do mundo capitalista), ideológico, reducionista, economicista,

“ultrapassado” etc.. Enfim, o que poderia ser uma crítica aos limites das análises de alguns

autores se tornou uma busca de invalidação generalizada da cientificidade do marxismo e de

seus teóricos. Talvez até tenha se tornado um instrumento de disputa por espaço e visibilidade

no campo de estudos sobre o tema da escravidão. É comum uma escola que se apresenta como

nova, afirmar-se através da negação de sua antecessora.

Tais posicionamentos ignoram ou ofuscam as contribuições e o pioneirismo da

produção de Clóvis Moura para a historiografia. O alinhamento do autor com o marxismo e sua

militância comunista frequentemente foram usados como premissas para a invalidação da

cientificidade de seus estudos.

Sem desconsiderar o fato da alienação social4, Moura defendeu que o negro escravizado

afirmava sua humanidade ao lutar contra as estruturas opressivas e desumanizadoras da

escravidão. A rebeldia do escravizado contra os mecanismos que buscavam sua alienação social

– ou coisificação –, sua insubordinação, era uma expressão de sua humanidade. O conjunto de

lutas dos negros contra os escravocratas, nas mais variadas dimensões, constituem um processo

de constante afirmação de humanidade, de luta pela superação da condição reificada de

escravizado. Moura foi pioneiro em afirmar a agência histórica do escravizado, e o fez na

3 Os autores mais conhecidos desta “escola” são: Florestan Fernandes, Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. 4 O termo recorrentemente aparece na literatura sobre o tema como “cosificação”. Historiadores marxistas como Clóvis Moura, Emília Viotti da Costa e Jacob Gorender abordam a “coisificação” ou “alienação” do ponto de vista social, e não subjetivo. Do ponto de vista subjetivo, generalizar o fato da alienação para toda a população escravizada é um erro, já superado na historiografia. No entanto, algum historiador ou cientista social discordaria que a condição de bem semovente caracteriza uma forma de alienação social?

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mesma medida em que analisava a própria estrutura e a dinâmica das relações de produção do

sistema escravista.

III. Tornando-se um clássico por caminhos sinuosos

Antes de ganhar reconhecimento e se tornar um clássico sobre a luta de classes no Brasil,

Rebeliões da Senzala enfrentou dificuldades para vir a público. Moura iniciou seu projeto de

pesquisa para o livro na segunda metade dos anos 1940. Naquela ocasião o autor estava na casa

dos 20 anos, vivia na cidade de Juazeiro, interior da Bahia, iniciava sua militância no PCB

mantendo contato com os comunistas de Salvador (cidade onde havia morado). Também

trocava correspondência com intelectuais que produziam no campo das ciências humanas como

Donald Pierson, Emílio Willems, Arthur Ramos, Édison Carneiro. Foi neste contexto que

Moura entrou em contato com seu correligionário de São Paulo, mais velho, experiente e

prestigiado, Caio Prado Jr.; em um primeiro momento se apresentando, falando sobre seu plano

de estudos e solicitando sugestões para a efetuação de seu projeto.

Caio Prado Jr. enviou uma carta em resposta a Clóvis Moura datada de 8 de março de

1949, em tom cordial, onde diz estar providenciando a remessa de um exemplar de Quilombo

dos Palmares de Édison Carneiro – também militante do PCB – e prometendo enviar

posteriormente uma segunda edição de seu História Econômica do Brasil logo que fosse

publicada. Prado comentou a proposta do jovem Moura de escrever sobre as rebeliões de

escravizados, porém, o aconselhando buscar outro tema de estudo:

Não pretendo com isso desanimá-lo. Mas pelo contrário, sentido pela sua carta uma

grande ânsia de criação e produção intelectual, contribuir para que não se perca e

desoriente essa sua qualidade. Ao propor-se um assunto para estudo, um intelectual

não deve ir buscá-lo no seu íntimo, trabalhar como que de dentro para fora. O

caminho a seguir é o inverso: é procurar inspiração no mundo ou no meio que o

rodeia. Vejamos o caso concreto do assunto que V. escolheu: as revoltas de escravos

no Brasil. V. vive numa região onde a escravidão nunca teve grande papel.

Acrescente-se a isso o fato de não encontrar a seu alcance fontes informativas

conveniente, e a conclusão se impõe: para realizar seu trabalho, V. terá que

desenvolver um esforço descomunal, e ele não alcançará com certeza o nível que V.

aspira (PRADO JÚNIOR, 1949).

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Então, Prado sugeriu que Moura fizesse um estudo sobre a população local, ribeirinha

e sertaneja de Juazeiro e proximidades:

No entanto, não faltam à sua volta assuntos de maior interesse em que não somente

V. se sentiria a vontade, como ainda estaria em condições de trazer contribuição

apreciável para as nossas letras. Sua situação é no coração de uma das mais

características regiões brasileiras, aliás duplamente interessante: como sertão e

como ribeirinha de uma das grandes artérias históricas do Brasil. (...) Basta-lhe

pegar a pena e contar com toda simplicidade o que V. observa a sua volta, e estará

fornecendo a todos quantos se interessam pelas coisas brasileiras, informações

preciosas (PRADO JÚNIOR, Idem).

Felizmente o jovem Moura, na ocasião, aspirante a historiador, não seguiu os conselhos

do notório intelectual paulista. Persistiu em seu objetivo de estudar os quilombos e insurreições

negras do período escravista. O resultado foi sua estreia no campo da historiografia com uma

obra seminal.

Em 1952, Rebeliões da Senzala estava pronto. Ao procurar uma editora para publicá-lo

Moura mais uma vez recorreu a Caio Prado Jr. No entanto, a resposta foi negativa. Em carta de

21 de julho daquele ano, o editor e proprietário da Brasiliense elogiou o estudo do jovem

pesquisador, parabenizou-o, mas alegou falta de recursos para publicação, além do investimento

em um projeto de edição das obras de Monteiro Lobato, também proprietário da editora, ao qual

estavam empenhados naquela ocasião:

O que você apresenta e traz para o melhor conhecimento de nossa história, já é muito,

e representa por certo um ponto de partida, que nos faltava, para a sistematização e

compreensão geral de um assunto de considerável importância para nossa

historiografia, que são as lutas de classe entre escravos e senhores. Aceite por isso

minhas felicitações.

Quanto à edição de seu trabalho, estamos ainda no ponto que tive ocasião de lhe

comunicar verbalmente: a Editora encontra-se com suas atividades paralisadas no

que diz respeito a obras extra-programa. Estamos concentrados exclusivamente, por

motivos de ordem comercial e financeira de que infelizmente não podemos nos

afastar, nas edições de Monteiro Lobato, e daí não podemos, tão breve, desviar

nossas atenções e recursos. A Editora teria a maior satisfação e desvanecimento em

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editar seu livro, mas para isso seria preciso que você não tivesse pressa. Não conheço

suas disposições a respeito, e deixo por isso o assunto a seu critério (PRADO

JÚNIOR, 1952).

Não sabemos qual era o nível da pressa de Clóvis Moura em publicar seu trabalho.

Sabemos que naquela ocasião o texto estava pronto, e inferimos que sua intensão era ao menos

encaminhá-lo para publicação naquele mesmo ano. Porém o livro só veio a público sete anos

depois daquela carta, em 1959, por outra editora, a Edições Zumbi. Uma pequena empresa com

poucos recursos financeiros fundada em 1957 por Elvio Eligio Romero, Maria Antonietta Dias

de Moraes e Emiliano Daspett, na cidade de São Paulo, localizada na Rua Barão de Tatuí, nº

214, Vila Buarque.

Os fundadores da Edições Zumbi eram militantes comunistas e publicavam obras que

se alinhavam aos seus posicionamentos políticos, dentre as quais Os 10 dias que abalaram o

mundo e México Rebelde de John Reed, A Locomotiva de Afonso Schmidt, Sierra Maestra de

Armando Gimenez. Segundo o historiador Gustavo Orsolon de Souza, Emiliano e Elvio eram

paraguaios e haviam lutado contra a ditadura do General Higino Morinigo em 1947. A editora

não possuía funcionários, os três sócios fundadores cuidavam de todas as funções, chegaram a

publicar 16 títulos, todos com apenas uma edição. Três anos após sua fundação a Edições Zumbi

encerrou suas atividades por problemas financeiros (SOUZA, 2013: P.72-73).

Rebeliões da Senzala foi lançado na União Brasileira de Escritores (UBE) em

dezembro de 1959. Além das dificuldades de publicação, o reconhecimento da obra também

não foi imediato, veio depois de uma década com sua segunda edição pela editora Conquista

em 1972. Em entrevista de 1995 para a revista Princípios, Clóvis Moura comentou sobre tal

repercussão tardia:

A primeira edição do livro teve pouca repercussão. Da crítica universitária não tive

uma linha. Só começou a ser citado no Brasil depois que passou a ter referência nos

Estados Unidos. Aí começaram a citar aqui. O Eugene Genovese, por exemplo, cita

meu livro em um livro dele, chamando-o de excelente. Aí todo mundo se dá conta:

“Oh, precisamos encontrar esse livro!” Aí começam a citar. O pessoal começou a

levar a sério o livro, porque no começo a regra era negar a existência da luta dos

escravos. Primeiro porque a escravidão era encarada como benigna, e segundo

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porque o negro era tido como inferior. Raça inferior que não contribuiu para o

processo civilizatório (MOURA, 1995: P.53).

A citação de Eugene Genovese à qual Moura se refere está no livro Da Rebelião à

Revolução, onde o historiador estadunidense aborda as insurreições negras e quilombos na

América Latina:

Clóvis Moura, em seu notável livro Rebeliões da Senzala, fornece uma boa análise

sobre o preço pago pelos quilombolas brasileiros, especialmente os de Palmares, por

sua consolidação socioeconômica. Bem sucedidos em cultivar a terra e organizar a

produção, para sustentar uma grande comunidade, os quilombolas perderam com

frequência sua flexibilidade militar, pois tiveram de desistir de táticas específicas

(como, por exemplo, os ataques de surpresa), a fim de defenderem suas famílias, lares

e meios de subsistência. Assim, ao mesmo tempo que um número cada vez maior de

quilombolas tornava possível uma defesa sólida contra ataques frontais, procurava

também evitar a ocorrência desses confrontos diretos. Sem uma massa expressiva de

camponeses com os quais pudessem misturar-se, à maneira da guerrilha clássica, as

oportunidades dos quilombolas se reduziam a duas possibilidades: ataques

fulminantes a partir de pequenas bases que não podiam aprovisionar-se e requeriam

periodicamente perigosos movimentos de avanço, ou adoção do padrão comum de

defesa dos redutos quilombolas. A primeira tática funcionou bem para pequenos

grupos; a segunda tornou-se indispensável para os grandes quilombos, ao mesmo

tempo que os tornava vulneráveis ao poder de fogo superior de seus inimigos

(GENOVESE, 1979: P.83).

No trecho em destaque Genovese aborda um tema importante presente também em

outros trabalhos de Moura, a questão das táticas e estratégias militares das rebeliões negras no

período escravista. O tema é basicamente onipresente em Rebeliões da Senzala, tendo também

um capítulo todo dedicado a ele.

Entre a primeira e a segunda edição do livro, Moura manteve correspondência com

intelectuais que o incentivaram a publicá-lo novamente dentre os quais Jorge Amado e Nelson

Werneck Sodré, este escreveu em carta de 17 de abril de 1962:

Em primeiro lugar, seu livro: li-o com proveito e agrado; usei-o em meus trabalhos

e, ainda recentemente, na Formação Histórica do Brasil, que a Brasiliense vai lançar

agora em maio. (...) Seu trabalho é pioneiro; considero por escrever a história das

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rebeliões brasileiras, e é uma grande história. Há quem sustente não haver, no Brasil,

tradição de luta camponesa. Tenho dúvidas. Parece-me ao contrário, que há falta de

história das lutas camponesas. Que parece a você? O seu livro está emprestado por

mim a um estudioso na matéria, como fonte indispensável no assunto. Tenho tal livro

em alta conta, portanto. Penso que merece uma reedição, com as correções de forma

a que você se refere. Se mexer também no fundo não será mau; mas não é

indispensável. Acrescente as partes que está elaborando, e fará um grande trabalho.

(...) Tenho emprestado o seu livro a várias pessoas, a estudantes de história inclusive,

e todos lhe afirmam as qualidades. E não lhe estou escrevendo isto por gentileza,

creia. Não é dos meus hábitos o elogio gratuito (SODRÉ, 1962).

Sodré utilizou a primeira edição do livro de Moura em seu Formação Histórica do

Brasil, como afirmou nesta carta. No capítulo “Independência”, no tópico “Declínio Colonial”,

o autor expõe as contradições internas do Brasil Colônia, dentre as quais, o antagonismo entre

senhores e escravizados, chamando a atenção para poucos estudos até então produzidos sobre

um tema de grande relevância. No final do trecho que segue, Sodré faz referência em “nota de

fim” ao Rebeliões da Senzala de Clóvis Moura, e ao Quilombo dos Palmares de Édison

Carneiro:

Outra contradição antiga foi a que se levantou entre escravos e senhores de escravos:

a história corrente tem omitido de forma sistemática os traços dessa contradição. Nos

quatro séculos em que durou o trabalho escravo, entretanto foram importantes os

acontecimentos que a assinalaram. Nos três primeiros, de que nos ocupamos agora,

sucederam-se os motins da escravaria, as resistências, as fugas, os atentados, as

violências particularmente caracterizados nos episódios dos quilombos. Ocultar uma

contradição dessa natureza e dessa importância corresponde a desfigurar a história:

só a sonegação reiterada vem afastando da atenção dos estudiosos um problema tão

profundo (SODRÉ, 1979: P.162).

Posteriormente, quando Rebeliões da Senzala estava em sua segunda edição Sodré o

inseriu em sua antologia O que se deve ler para conhecer o Brasil, no capítulo intitulado

“Tráfico Negreiro e Trabalho Escravo”, uma lista de 15 obras sobre o assunto, na qual também

estão Capitalismo e Escravidão de Eric Williams e Palmares - A Guerra dos Escravos de Décio

Freitas. Sodré escreveu:

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Os que acreditam que a vigência do escravismo brasileiro foi tranquila, entre os quais

se destacam aqueles que acreditam ter sido a escravidão mansa, estão apenas

embalados pelas ilusões de uma historiografia viciada na repetição, fornecedora de

imagem deformada da realidade histórica. O escravismo brasileiro, como, de resto,

todo o escravismo, o antigo e o moderno, foi turbulento na sua crueldade inata,

sanguinolento, marcado por rebeliões as mais variadas. A investigação desse quadro

que tanto contrasta com aquele fornecido pela historiografia oficial, está apenas no

início. Entre as obras pioneiras, no assunto, a de Clóvis Moura se destaca,

particularmente nesta reedição ampliada [2ªedição], em que coloca em novos termos

as lutas dos escravos (SODRÉ, 1997: P.79).

Em Rebeliões da Senzala, Moura tem como objeto as insurreições negras para

compreender a formação econômica e social do Brasil escravista. Para além de ser um livro

sobre escravidão, ou sobre as relações entre negros e brancos, é um livro sobre a luta de classes

no Brasil com contribuições de grande importância para a história econômica e social.

Quanto a isso vale destacarmos o fato de Michel Löwy em sua antologia O marxismo

na América Latina: uma antologia de 1909 aos dias atuais, ter inserido o livro de Moura no

capítulo sete, intitulado “A História Econômica e Social Marxista”. Trata-se de um excerto

sobre o quilombo dos Palmares que, acertadamente, não está em um capítulo específico sobre

escravidão ou relações raciais5. Uma demonstração de que os temas abordados por Clóvis

Moura são pertinentes à história econômica e social marxista em geral.

Moura trata as relações sociais escravista sem perder de vista a escravidão como modo

de produção. Faz o mesmo ao tratar o tema do racismo no pós-escravidão. Não desvincula a

ideologia racista dos fatores econômicos: as bases materiais que produzem o racismo ao mesmo

tempo que são por ele reproduzidas. Na república, a população negra passou a ser o setor mais

explorado e precarizado no processo de acumulação e reprodução do capital, além de ser

majoritariamente o setor que compõe a população desempregada.

5 Além de Moura, estão na referida seção Caio Prado Jr., C.R.L. James, Sergio Bagú, Marcelo Segall, Milcíades

Peña e Rodney Arismendi. Michel Löwy (org.), O marxismo na América Latina.

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Conclusões

Os temas tratados em Rebeliões da Senzala foram ampliados e aprofundados na vasta

produção de Clóvis Moura ao longo das quatro décadas que sucederam sua primeira publicação.

Foram mais de 20 livros nas áreas de história, sociologia e literatura, e uma ampla quantidade

de artigos em revistas, jornais e periódicos científicos. As análises sobre o escravismo, as

rebeliões negras, e a questão racial no pós-abolição reaparecerão em trabalhos posteriores

como: Negro: de bom escravo a mau cidadão? (1977), Brasil: raízes do protesto negro (1983),

Sociologia do Negro Brasileiro (1988), As Injustiças de Clio: o negro na historiografia

brasileira (1989), História do Negro Brasileiro (1989), Dialética Radical do Brasil Negro

(1994), Quilombos: resistência ao escravismo (1993), Os Quilombos na Dinâmica Social do

Brasil (2001), Dicionário da Escravidão Negra no Brasil (póstumo, 2004).

Clóvis Moura atribuiu significado político à rebeldia dos negros escravizados. O autor

considera o quilombo e outras manifestações de insubordinação como fatos constantes da

escravidão, e não episódios isolados. Deste modo o antagonismo entre escravista e escravizado

é entendido, em sua obra, como elemento inerente àquele modo de produção; fator dinamizador

interno que junto aos fatores externos – de ordem econômica – levaram o sistema escravista ao

esgotamento, impondo sua superação pelo trabalho assalariado.

Sua produção intelectual é marcada pela contraposição a explicações culturalistas e que

tendem a essencialismos étnicos. Em seus estudos sobre o escravismo, ao tratar temas que

tangem a subjetividade, como os padrões de comportamento dos escravizados ou da classe

senhorial, o autor busca explicações nas próprias condições materiais, sociais econômicas das

quais derivam as relações entre ambas as classes. Moura não se limita a determinismos

econômicos, porém, não desvincula os fatos da formação social e das relações de produção que

os possibilitam. Compreende as tensões entre senhor e escravizado como expressões da luta de

classes, contradições entre opressor e oprimido, explorador e explorado; e não como choques

entre culturas diferentes.

Amparado no materialismo histórico, Moura fez uma revisão crítica das ciências

humanas (MESQUITA, 2002). Se contrapôs às ideias eugenistas de Euclides da Cunha, Nina

Rodrigues, Oliveira Vianna, e ao culturalismo de Gilberto Freyre e Arthur Ramos. Criticou

também os limites de seus pares marxistas no que tange a pouca atenção – e em alguns casos a

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ausência – dada ao problema racial em seus trabalhos. Nos debates em torno da historiografia

da escravidão, Moura também se contrapôs ao antimarxismo de autores que consideravam as

análises sistêmicas e econômicas (sobre o modo de produção), e a apreensão da luta de classes,

como ultrapassadas ou limitadas.

O autor considera que a sucessão do escravismo para o trabalho assalariado no Brasil

resultou em uma economia de capitalismo dependente, que manteve o país subordinado aos

interesses econômicos e geopolíticos das potências do capitalismo mundial. No âmbito

nacional, no pós-abolição, o trabalhador negro outrora escravizado foi colocado às margens das

relações de produção, situado nas esferas mais precarizadas e exploradas do mercado de

trabalho, ou entre a maioria da população subempregada ou desempregada; e nos mostra como

a questão racial vincula-se à formação e à dinâmica das classes sociais no passado e no presente.

(...) segundo pensamos, a sua relevância numérica, o seu tempo de duração e forma

como a escravidão foi abolida no Brasil foram os que determinaram a emergência do

modelo de capitalismo dependente em que vivemos até hoje; estrangularam a

possibilidade da formação de uma burguesia nacional nos moldes clássicos;

permitiram a penetração do capital monopolista nos ramos mais dinâmicos e

estrategicamente relevantes de nossa economia e reelaboraram uma ideologia reflexa

das relações de produção escravistas: o racismo (MOURA, 2014: P.42).

Moura como intérprete do Brasil abordou nossa formação histórico-social por uma

perspectiva marxista na qual considera a questão racial como elemento fundamental na

compreensão da gênese e da dinâmica do capitalismo: as relações sociais de produção e a

estratificação social são historicamente marcadas pelo racismo, logo, um projeto de

transformação radical da sociedade – uma revolução brasileira e socialista – deve aliar

antirracismo e anticapitalismo em uma mesma luta. O autor observou a realidade como síntese

de múltiplas determinações históricas, em seu pensamento a categoria marxista de totalidade é

fundamental na apreensão das relações entre racismo e capitalismo.

A obra e de Clóvis Moura, por um lado, nos possibilita compreender a pertinência do

pensamento marxista nos estudos sobre o escravismo, e as relações raciais no pós-abolição: nos

permite entender como o marxismo pode contribuir na análise do problema racial e na práxis

política antirracismo. Por outro lado, ao inserir a questão racial na luta de classes, Moura

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contribui para a efetivação do marxismo enquanto ciência que busca apreender o movimento

do real em sua totalidade.

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FONTES

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Correspondência recebida.

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Correspondência recebida.

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