Radio Em Rede - Ganhos e Perdas
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1Estação Científica - Juiz de Fora, nº 11, janeiro – junho / 2014
Rádio em Rede: ganhos e perdas, um estudo de caso da Rádio Globo Juiz de Fora 1
Wildemar Teodoro de Aquino2 Vagner Luiz Tolendato Oliveira3
RESUMO
Este trabalho apresenta uma análise do recurso utilizado por emissoras de rádio
denominado sistema de rede. Através de entrevistas com profissionais da área,
ouvintes e especialistas, enumera as principais características desta modalidade. O
estudo foi focado nos programas da Rádio Globo Brasil, em especial as emissoras
do Rio de Janeiro e Juiz de Fora, procurando mostrar benefícios, qualidades e
dificuldades enfrentadas por esta dinâmica.
PALAVRAS-CHAVE: Rádio em Rede; Comunicação; Reportagem; Rádio Globo.
INTRODUÇÃO
A proposta deste trabalho consiste em analisar o sistema de rádio em
rede, através da relação entre as rádios Globo Juiz de Fora e do Rio de Janeiro. A
escolha do tema se deu pela sua relevância e por se tratar de uma discussão atual.
Juiz de Fora conta com emissoras em rede nos mais diversos segmentos. Não se
pode negar que o mercado de trabalho, na cidade, é influenciado por estes sistemas
em cadeia. Sendo assim, optou-se pela Rádio Globo, por ser a emissora com a
maior parte da programação em rede, e também porque a Rádio Globo Juiz de Fora
foi a primeira afiliada do Sistema Globo de Rádio (SGR).
O estudo irá aprofundar sobre o funcionamento das emissoras em cadeia,
diretamente relacionado ao crescimento do mercado radiofônico no Brasil. Além de
analisar questões econômicas e a necessidade de abrangência e prestação de
serviço voltada para a comunidade local.
Será abordado, também, o surgimento da Rádio Globo, relacionando sua
trajetória com a cobertura de fatos importantes no cenário nacional. O trabalho trata,
1 Artigo produzido com resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade Estácio de Sáde Juiz de Fora.2Graduado em Comunicação Social na Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora. Email:
[email protected] Graduado em Comunicação Social na Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora. Email:[email protected]
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ainda, da mudança da Rádio Juiz de Fora para afiliada do Sistema Globo de Rádio,
tornando-se Rádio Globo Juiz de Fora.
Com a discussão, pretendemos fomentar a discussão sobre quais os
principais ganhos e perdas de um sistema de rádios em rede, com foco na cidade de
Juiz de Fora.
RÁDIOS EM REDE
Como acontece com as emissoras de TV4, as redes de rádio estão se
tornando cada vez mais frequentes no interior do país. Peruzzo (2005) destaca que,
no Brasil, o desenvolvimento das comunicações, principalmente através de grandes
redes de televisão, acabou priorizando a centralização da produção de mensagensnos grandes centros urbanos, de onde passam a ser disseminadas por todo o país.
Neste sistema, a emissora, denominada cabeça de rede, gera a maioria
do conteúdo, e as afiliadas são responsáveis por pequenas inserções durante os
comerciais locais e também por programas em horários pré-estabelecidos durante a
programação diária destas emissoras. Na explicação de Comassetto, a “mesma
programação produzida por uma única emissora, denominada cabeça-de-rede, é
transmitida por dezenas e até centenas de outras” (2005, p. 1). Ainda segundo Comassetto (2005), cerca de 30% do mercado radiofônico
brasileiro já opera por este sistema e, ao que tudo indica, estes números devem
continuar se acentuando, não só no Brasil, mas também em outros países, fazendo
com que pequenas emissoras de cidades do interior, ou até mesmo de grandes
cidades, tornem-se afiliadas de rádios de grandes empresas de comunicação,
formando uma rede de rádio. As primeiras cadeias remontam às origens do veículo,
em meados dos anos 1920. Conforme Nogueira, “em 1923, por sua vez, é feita aprimeira transmissão de rádio em cadeia no mundo, envolvendo a WEAF5 e a
WNAC6” (2013, p. 15).
4 Emissoras de Televisão como a Rede Globo, Record, Bandeirantes, SBT, entre outras, tambémfuncionam em um sistema de cadeia. O conteúdo nacional é produzido pelas “cabeças de rede” etransmitidos pelas afiliadas, que fica por conta, apenas, da produção. Veiculando o conteúdo emhorários pré-definidos pela rede.
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WEAF: foi uma emissora de rádio de Nova Iorque pertencente à Telephone and TelegraphCompany .6 WNAC: foi uma emissora de rádio de Boston
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TRANSFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS E ECONOMIA FORTALECEM REDE
Com o advento das novas tecnologias, equipamentos mais eficientes
foram produzidos, o que proporcionou o crescimento deste segmento radiofônico.
A partir da proliferação dos satélites, com o estabelecimento danova ordem econômica deflagrada com o recente processo deglobalização que, de fato, tem estimulado a constituição deredes dedicadas à veiculação de uma mesma programação.(COMASSETTO, 2005, p.1)
Segundo Barbeiro e Lima (2003), a formação das redes de rádio é fruto
da virada do século, e a adaptação dessas empresas às novas regras da economiade mercado é, em alguns casos, questão de sobrevivência. Avallone
(apud COMASSETTO, 2005, p.2) destaca que a redução de investimento é o maior
estímulo aos proprietários do rádio, mesmo de empresas diferentes, que
gradativamente vão se afiliando nas redes constituídas.
Nos Estados Unidos, onde desde o início do rádio impera a leido comércio e da propriedade, o processo é intensificado,
sobretudo, a partir de 1996, quando a lei das telecomunicaçõesaboliu as regras que limitavam a 20 AMs e 20 FMs o númerode emissoras por parte das companhias e indivíduos. Oresultado foi uma onda de compras e fusões, que acabaria porresultar no “agrupamento de estações em pequenas ou médiascadeias, que, com o tempo, seriam absorvidas porconglomerados multimídia” (FRANQUET apud COMASSETTO,2005, p.2).
O fator econômico tem grande influência na formação das redes. Muitas
vezes, emissoras de pequeno porte, como as do interior, afiliam-se a grandesemissoras, para que, com pouco investimento, tenham uma programação de maior
qualidade, até mesmo com poucos funcionários.
Primeiro, pelo fato de ampliarem seu raio de ação, estendendoa um público muito maior o recado de seus anunciantes.Segundo, pelas facilidades operacionais, visto que uma mesmaprogramação produzida por uma única emissora, denominadacabeça-de-rede, é transmitida por dezenas e até centenas deoutras. A redução de investimento é o maior estímulo aosproprietários do rádio, mesmo de empresas diferentes, que
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gradativamente vão se afiliando às redes constituídas.(COMASSETTO, 2005, p.2).
Além de corte nos investimentos, as pequenas rádios unem-se às
grandes geradoras para aumento nos lucros publicitários, já que estarão vinculadosa uma marca de renome nacional, e, em alguns casos, mundial. Outra possibilidade
de vínculo é através da veiculação de programas em horários específicos, por
exemplo, o Programa Momento de Fé, com Padre Marcelo Rossi, da Rádio Globo
Brasil, transmitido pelas emissoras que compõem a rede Globo e por outras
emissoras com permissão apenas de retransmissão deste horário. Para Pinto
(2010), grupos maiores absorvem veículos menores ou os tornam dependentes de
seus produtos. Hoje, dois terços dos conteúdos culturais de massa disponíveis aindasão produzidos por duas dezenas de conglomerados.
Porém, com essas cadeias de rádios nacionais, as emissoras locais
podem perder sua identidade. O conteúdo local pode ser prejudicado, já que a
maior parte da transmissão não privilegia o conteúdo local.
PROGRAMAÇÃO LOCAL x UNIVERSO EM REDE
Castells (apud COMASSETTO, 2005, p.4) afirma que o espaço de fluxos
não permeia toda a esfera da experiência humana na sociedade em rede. Ainda
para o autor, a grande maioria das pessoas nas sociedades tradicionais, bem como
nas desenvolvidas, vive em determinados lugares e, portanto, percebe seu espaço
com base no lugar. Ou seja, as pessoas pertencem a determinado ambiente, moram
em uma cidade, têm seu círculo de convivência e tendem a se preocupar mais com
informação do espaço em que fazem parte, mesmo com a amplitude de conteúdo
veiculado por um sistema em rede.
Comasseto (2005) considera relevante a produção local. Entretanto,
reforça “a necessidade de meios que contemplem essa realidade. E a mídia local
tem, neste sentido, papel insubstituível, mas que, mais que uma obrigação, deve ser
visto como oportunidade” (COMASSETTO, 2005. p.4). Desta forma, o autor destaca
o rádio como o meio de comunicação mais eficiente para desempenhar um trabalho
contemplando a comunicação local. O autor afirma que, especialmente o rádio, por
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suas características técnicas e estruturais, tem potencial para atuação mais
destacada nesse meio.
É acessível, identifica-se facilmente com o público e trazconsigo a experiência adquirida de uma relação histórica com olocal. Atributos não lhe faltam. Impõe-se, agora, o desafio demostrar-se hábil e criativo para sobreviver e mesmo sobressairdentro da nova realidade. (COMASSETTO, 2005. p.4)
A comunicação regional pode ficar comprometida. Em emissoras com
sistema de rede, a programação local fica restrita aos intervalos e ao pouco tempo
para programas efetivamente locais, se comparados aos horários destinados ao
conteúdo nacional. Barbeiro e Lima (2003) explicam que o jornalismo ficacomprometido nos sistemas em cadeia, pois o espaço local fica reduzido a dois ou
três programas diários e a cobertura dos breaks7 nos programas nacionais. Ainda de
acordo com os autores, há emissoras que optam pela compra de apenas alguns
programas. É uma forma de não afastar o veículo dos assuntos locais e da
prestação de serviço. Nos veículos em cadeia, o espaço destinado ao conteúdo local
pode ser bastante restrito se consideramos toda a programação diária.
A Rede Globo, por exemplo, tem duas e meia horas diárias denoticiários locais, mais umas brechas de horários opcionais emaltas horas da noite ou de madrugada, além de uns poucoshorários aos sábados e domingos. (PERUZZO, 2005. p. 71)
Neste sistema, as afiliadas deveriam seguir o mesmo padrão das
geradoras em rede, contando com emissoras bem estruturadas, com número
satisfatório de funcionários para que o conteúdo fosse produzido nos mesmos
moldes, levando em consideração a proporção. Passando a ser colaboradora darede, e não apenas uma reprodutora.
A mídia local tende a reproduzir a lógica dos grandes meios decomunicação, principalmente no que se refere ao sistema degestão e aos interesses em jogo. Porém, diferencia-se quantoao conteúdo ao prestar mais atenção às especificidades decada região, enquanto a grande mídia utiliza como um doscritérios na seleção de conteúdos, aqueles assuntos que
7 Breaks é um termo em inglês que significa intervalos comerciais.
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interessam a um maior número de pessoas possível, o que aconduz para temas de interesse nacional e internacional.(PERUZZO, 2003. p. 10)
No entanto, boa parte dos espaços destinados à programação local está
concentrada em horários de menor expressividade. Segundo Peruzzo (2005), os
horários permitidos para inserção local, excetuando os programas jornalísticos, são
os de menor audiência – tarde da noite ou de madrugada. Na Rádio Globo Juiz de
Fora, são quatro horas destinadas à programação efetivamente local, além dos
espaços durante os comerciais.
Com isso, o conteúdo local, juntamente com a produção nacional, pode
resultar em um material mais completo. Nesse sentindo, Pinto (2010) ressalta que a
sociedade da informação é formada por indivíduos em rede, vivendo em um mundo
no qual o global e o local, cada dia mais, inter-relacionam-se, gerando reflexos
variados e contando com um universo de informações quase infinito.
Os receptores de informação necessitam saber do que acontece ao redor
do seu espaço de convivência. Apesar de se interessarem, também, por assuntos
mais globais.
A vizinhança, o bairro, a cidade ou a região urbana aindaconstituem pontos de referência relativamente estáveis. Aspessoas, para as mais diferentes necessidades, aindadependem umas das outras; constroem vínculos e relações;compartilham valores, alegrias e dificuldades; reclamam,reivindicam e se organizam para resolver os problemas da vidadiária, e dificilmente dispensam da memória a sensação deenraizamento num lugar. (COMASSETTO, 2005. p.4)
Segundo Pinto (2010), por outro lado, há ainda o interesse mercadológico
por parte da mídia em ocupar o espaço regional. Os mass midia, por força de seus
consumidores, buscam uma nova forma de proximidade em um espaço cada vez
mais global.
Com a informação local, as pessoas se sentem mais próximas, mais
acolhidas pelo veículo. Há um sentido de pertencimento. Esta afirmação se confirma
na fala de Camponez “o local é o lugar de compromissos comunitários, que tanto
podem direcionar-se para as denominadas comunidades de lugar como para as
lógicas globais mais desterritorializadas” (apud PINTO, 2010, p.7).
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No entanto, a valorização do conteúdo local auxilia na manutenção da
cultura e dos costumes de cada região, sendo importante a conservação das ideias
de cada lugar. Em um universo tão genérico, com as novas possibilidades de
interação e com as facilidades de se conhecer tantos lugares, é importante que as
pessoas saibam de onde realmente vêm, tendo conhecimento sobre suas
particularidades. Pinto (2010) afirma que as realidades locais têm assumido
responsabilidades no desenvolvimento do território a partir dos processos de
descentralização que se desenvolveram no mundo inteiro.
Além disso, o autor destaca que o nascimento de uma crença na
homogeneização da cultura, a partir da globalização, concebe a ideia de que é na
esfera local que a cultura vai ganhar sua dimensão simbólica e material, combinando
matrizes globais, nacionais, regionais e locais. Possibilitando a aproximação com o
receptor, justamente, por ter uma comunicação mais parecida com o público.
SISTEMA GLOBO DE RÁDIO
A Rádio Globo surgiu no dia 1º de dezembro de 1944, às 21 horas,
fundada pelo jornalista Roberto Marinho (Machado, 2011). Considerada o embrião
do Sistema Globo de Rádio, a emissora foi criada para dar voz ao O Globo, levando
ao ar as notícias do jornal que o empresário e jornalista havia herdado do pai, Irineu
Marinho, e dirigiu durante sete décadas.
Gagliano Neto, após a execução do Hino Nacional, tornou-se o primeiro
locutor da Rádio Globo. Durante o lançamento oficial, ele anunciou: “Aqui fala a
Rádio Globo, diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Brasil” (ROCHA
apud MACHADO 2011). No entanto, o autor destaca que os trabalhos da Rádio
Globo começaram no dia 2 de dezembro, um dia após a cerimônia de inauguração.
O primeiro endereço da emissora foi na Rua Álvaro Alvim, 33.
Segundo Machado (2011), a emissora também oferecia entretenimento,
com um elenco de radioatores, músicos, humoristas e redatores. O jornalismo, no
entanto, deveria ter o mesmo destaque dos shows e radioteatros.
O primeiro furo de reportagem da Rádio Globo aconteceu em abril de1945, quatro meses após o início das transmissões da emissora, ao acompanhar a
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anistia de Luiz Carlos Prestes, dez anos depois de ter sido preso (ROCHA apud
MACHADO 2011). A informação foi veiculada no programa Correspondente de
Guerra, apresentado por Egydio Squeff, jornalista enviado especialmente para cobrir
a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial.
Em outubro do mesmo ano, a deposição de Getúlio Vargas foi outro momento
histórico transmitido ao vivo pela emissora, com o frenesi jornalístico exigido por seu
criador. Nesta cobertura, a emissora cria o slogan “Rádio Globo, uma emissora de O
Globo”, e, a partir daí, as grandes coberturas jornalísticas ganham um nome: O
Globo no Ar.
Em 1948, com a mesma marca, a Rádio Globo transmitiu direto da
Câmara dos Deputados os debates sobre a cassação dos mandatos dosparlamentares eleitos pelo Partido Comunista, postos na ilegalidade.
A Rádio Globo também participou da cobertura da Copa do Mundo de
1950, em que o Brasil perdeu para o Uruguai dentro do Maracanã. A partir dos anos
1960, o noticiário de hora em hora passa a se chamar O Globo no Ar, com a vinheta
característica, estando no ar até hoje. Em 1957, a Rádio Globo fez a cobertura do
primeiro sequestro no Brasil, fato que entrou para história da emissora.
Sistema Globo de Rádio... Duas são as linhas básicas deprogramação: a de serviço, em que se alternam a informação,esporte e música, sob o comando de comunicadores locais, e amusical, com músicas e informação (...). Na área comercial,apesar de não existir um esquema unificado, cada praçaprocura vender as demais e atende aos interessados naprogramação em toda a rede, o que pode ser realizado emuma só operação financeira. (ORTRIWANO 1985. p.32).
Machado (2011) destaca que a emissora também é pioneira na produçãode programas de variedades, focados na figura de animadores de estúdio, que
vieram a ser chamados de comunicadores.
Em 1º de maio de 1952, nasceu a Rádio Nacional, adquirida em 1965
pelas Organizações Globo, que passaria a se chamar Rádio Globo de São Paulo no
final de 1977. Em 2001, formou-se a rede Rádio Globo Brasil, com a transmissão
conjunta, Rio e São Paulo, de diferentes programas da emissora. Em 2002, foi
reinaugurada a Rádio Globo Minas, que já tinha ido ao ar em 1980.
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DE RÁDIO JUIZ DE FORA A RÁDIO GLOBO JUIZ DE FORA
A história da Rádio Globo Juiz de Fora começou em 1993, quando o
empresário Josino Aragão conseguiu, com o Governo Federal, uma concessão
pública para o funcionamento de uma rádio AM na cidade. Os trabalhos para
montagem desta emissora tiveram início em 1994. Em 1995, estava no ar a Rádio
Juiz de Fora, localizada na Rua Oscar Vidal, 416 – Centro.
Jovino Quintella, na época diretor do Sistema Regional de Comunicação
(SIRCOM), empresa responsável pela emissora, afirma que, em apenas um ano, já
era líder de audiência na cidade. A emissora funcionava 24 horas, com uma
programação variada: do musical sertanejo às transmissões de futebol. Na época,
as rádios correntes, Solar, Capital e Manchester, transmitiam as partidas de futebol
através do sistema de narração off-tube, em que os profissionais ficavam no
estúdio, na sede da emissora de rádio, e, com o auxílio de uma TV, narravam o jogo.
Porém, a Juiz de Fora tinha uma equipe esportiva que ia até os estádios e
acompanhava todas as partidas. Eles iam ao Rio de Janeiro para cobrir o
Campeonato Carioca, e também acompanhavam o Tupi8. Além disso, ele ressalta
que o programa de variedades, que ia ao ar todas as manhãs, tinha grande sucesso
e alcançava a grande maioria do público. A unidade móvel, denominada Comando
910, também se destacava na prestação de serviços à comunidade juiz-forana.
Com a grande visibilidade conquistada pela Rádio Juiz de Fora,
representantes do Sistema Globo de Rádio (SGR) procuram o empresário Josino
Aragão, em 2002, apresentando o projeto de afiliação à Rádio Globo Brasil. Em 2 de
maio do mesmo ano, a Rádio Juiz de Fora passou oficialmente a integrar, como
primeira afiliada, a Rádio Globo Brasil. Surge, assim, a atual Rádio Globo Juiz de
Fora. Segundo Jovino, optou-se pela afiliação para consolidar a então Rádio Juiz deFora no primeiro lugar nas pesquisas. As vantagens financeiras foram decisivas
nesta afiliação.
CONCLUSÃO
8 Tupi é um time de futebol, em atividade, de Juiz de Fora, Minas Gerais. Foi fundado em 26 de maiode 1912.
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Ao final desta pesquisa, chega-se à conclusão de que não só a
programação jornalística, mas toda produção local, fica defasada com o pouco
espaço destinado a ela quando são formadas redes de rádio. É de grande
importância a valorização da comunicação local. Em contrapartida, as cabeças de
rede geram um noticiário mais amplo, abrangendo todo o país, o que permite, a
essas pequenas emissoras, noticiar temas relevantes nacionalmente.
No entanto, a rádio voltada para a comunidade fica mais próxima do
ouvinte, cria uma identidade local. As informações locais deveriam receber a
importância necessária, mas não é o que acontece.
Durante a elaboração deste trabalho, percebeu-se a diferença entre a
infraestrutura de uma emissora “matriz” da rede e uma afiliada, o que interfere
diretamente no resultado final do trabalho destes veículos.
Com as rádios em cadeia, a marca da rede é valorizada. Entretanto, com
este estudo foi possível concluir que o nome Globo é levado para todos os lugares
onde se tem a afiliada fazendo com que ele se fortaleça, independentemente da
qualidade das afiliadas. Acredita-se que a marca Globo tem tradição e, valendo-se
disto, a afiliada pode trabalhar no limite, de forma decadente, contando com o fato
de que a matriz ajudará a manter certa estabilidade e credibilidade também para a
afiliada, principalmente, em se tratando do departamento comercial.
. Muitos profissionais, dos que compõem o quadro de funcionários da
emissora, destacaram a falta de tempo no ar com conteúdo local para dar espaço
aos conteúdos de redes, problema este identificado durante a produção dessa
pesquisa. Com isso, a veiculação dos comerciais em rede mostra ser prioridade, em
detrimento do conteúdo jornalístico.
Ao chegar ao final deste trabalho, destacamos que as rádios do interior
que estão em rede não se preocupam em contratar maior número de profissionaisqualificados, prejudicando a programação e enfraquecendo o mercado de trabalho.
A contratação de funcionários sem formação acadêmica, sem preparo necessário
para desempenhar funções importantes para o bom andamento da rádio, é um
problema detectado por este estudo. Os interesses pessoais dos gestores das
emissoras ainda falam alto, refletindo diretamente nos conteúdos produzidos. Dessa
forma, o interesse do ouvinte em escutar a programação local fica comprometido.
Não há homogeneidade entre a emissora principal e as afiliadas. Oconteúdo produzido pela emissora juiz-forana não tem, na grande maioria das
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vezes, a mesma qualidade da cabeça de rede. Isso é resultado dos problemas
enfrentados pelos profissionais que trabalham nestas emissoras, inclusive pelo
quadro de pessoal reduzido. Foi possível observar dificuldades na produção de
conteúdo.
Entretanto, como a rádio faz parte de um sistema em rede, a emissora
local faz coberturas que não seriam possíveis se não estivessem em cadeia. Por
exemplo, a final do Campeonato Brasileiro e até mesmo Jogos Olímpicos e Copa do
Mundo. São grandes eventos que certamente não seriam noticiados com a mesma
abrangência se a rádio fosse exclusivamente local.
Dentro da programação diária, de hora em hora, vai ao ar o informativo “O
Globo no Ar”. São aproximadamente cinco minutos com as notícias mais importantes
do Brasil e do mundo, deixando o ouvinte da rádio do “interior” informado com um
jornal global.
Portanto, observa-se que a rádio em rede tem viabilidade. No entanto, é
necessário que não seja apenas uma contenção de gastos, mas que seja feita com
responsabilidade. Deve-se manter um quadro de profissionais em número suficiente,
sem que haja uma sobrecarga de trabalho e defasagem nos salários. É importante
garantir qualidade na infraestrutura, para que os profissionais desenvolvam o
mesmo modelo de serviço da cabeça de rede, inclusive orientados pelos
responsáveis pela emissora.
RADIO NETWORK: Gains and losses, a case study: Radio Globo Juiz de Fora
ABSTRACT:
This Study presents an analysis of the resource used by radio stations called
networking. Through interviews with professionals, experts and listeners, lists themain characteristics of this modality. The study was focused on Radio Globo Brazil,
especially the stations of Rio de Janeiro and Juiz de Fora, trying to show benefits,
qualities and challenges faced by this dynamic programs.
Keywords: Radio Network, Communication, Reporting, Radio Globo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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