Rabiscos&Afins #4

54
rabiscos&afins #4

description

Quarto volume da revista Rabiscos&Afins com contos, ilustrações, fotografias, poemas, quadrinhos, artigos, arte, ...

Transcript of Rabiscos&Afins #4

Page 1: Rabiscos&Afins #4

rabiscos&afins#4

Page 2: Rabiscos&Afins #4

No quarto núme-ro da revista quis tentar mudar um pouco sua cara, mantendo o que gostamos visual-mente e buscando sempre melhorar. A foto dessa capa é de Edson Coelho e, belíssima, cer-tamente é perfeita para abrir caminho para as colabora-ções dos demais amigos que par-ticipam dessa edi-ção.

Rafael L.

editorial

Page 3: Rabiscos&Afins #4

�(e)histórias

Page 4: Rabiscos&Afins #4

Golpes truculentos de tacape e porradões nos córneos são algu-mas das armas de LAROM para defender os bons valores da so-ciedade contra vermes de todo tipo. E nesta tarefa nem seu ar-quiinimigo PÓS-MODERNINHO poderá impedir o justiçamento moral daqueles que merecem!

Episódio e hoje: Larom e a direita primitiva.

Noite de confraternização na Barra da Tijuca. De frente para o mar, um empresário recebe seus fornecedores e colaboradores em seu gigantesco apartamento para pedir apoio à sua candidatura a deputado federal. De-pois de amaciar os convidados com canapés e cervejinha gelada, o milio-nário começa seu discurso:

Estamos no topo da pirâmide e no momento quem está na base é que está decidindo os rumos do país. Nós somos a elite e precisamos tomar as rédeas da política para um país me-lhor.Precisamos diminuir o tamanho des-te Estado paquiderme. Se o Estado tivesse uns duzentos administrado-res, o progresso seria muito grande. Se vocês leram a Veja dessa semana, viram que o Brasil está perdendo em competitividade.Por isso, temos é que diminuir im-postos para nossas empresas. Nossa legislação trabalhista data de 1940 e é atrasada. Na CLT, o funcionário paga do seu bolso seus benefícios e tem salários baixos. Não vale à pena esse paternalismo.Hoje o governo é tomado por sindi-catos. Isso é atrasado. Pode ter sido importante na época da Revolução Industrial, mas no mundo moderno as empresas é que são os grandes

agentes na sociedade.No mundo que vivemos, não adianta fazer reforma agrária. Uma máquina faz o trabalho de 300 homens. O que eles vão fazer? Quebrar as máqui-nas? Hoje não precisamos de mão-de-obra, precisamos de cérebros.Meu maior princípio é a honestidade. Eles me colocaram ai no meio des-sa máfia dos sanguessugas. Porque na política é assim, quando você não tem defeito, eles logo inventam um. O pior problema não é a corrupção, a corrupção vai sempre existir, mas sim a falta de rumo.Por fim, quero dizer que eu sou mui-to mais empresário do que político, e penso que mesmo que eu não fizer nada no congresso, pelo menos es-tou ocupando o lugar de um safado e impedindo que mais um corrupto entre. Eu sou o mesmo na empresa e no congresso e gostaria de contar com o apoio de vocês. Alguém gos-taria de fazer algum comentário, tirar alguma dúvida?

Prontamente, um dos fornecedores engoliu um canapé e se manifestou:

- Eu vou colo-car o adesivo com o núme-ro do senhor no ponto dos funcionários e acho que dá para fazer a c a b e -ça de m u i -t o s . Porque se fosse para vereador eu

larom

Page 5: Rabiscos&Afins #4

nem tentaria... a massa acaba vo-tando naqueles que estão mais pró-ximos. Mas pra federal ninguém tem candidato. O problema é que com o Lula eles passaram a comer mais, aí já viu... fica difícil convencer a não votar nele.

Depois destas palavras, escalando as vinte e quatro varandas com mãos abissais, pula na sala um aglomera-do bufante de músculos e TACAPE DA CONSCIÊNCIA, que, manejado com truculência, foi pousar com a tonela-gem de uma ambulância superfatu-rada nos córneos do parlamentar. Os convidados, assustados, puseram-se a cor- rer derrubando os milhares

de panfletos, santinhos e adesivos que lhes seriam distribuídos. Por sobre o

corpo inerte do neoliberal de discurso primitivo, o carras-co vigilante deitou uma foice, um martelo, o livro “Corone-

lismo, Enxada e Voto” e centenas de san-

guessugas fa-mintas em

sua barri-ga gor-da.

Previsi-velmen-

te, do e l e v a d o r social sur-ge um me-trossexual

mon ta -do com

uma cartola estilizada, uma cigarri-lha e uma bengala com um diaman-te incrustado:

- A vida econômica é regida por uma “ordem natural” (fez as aspas com os dedos) constituída por livres de-cisões individuais, cuja mola mestra é o mecanismo do mercado. Quanto menor a participação do Estado na economia, maior é o poder dos in-divíduos e mais rapidamente a so-ciedade pode se desenvolver e pro-gredir, para o bem dos cidadãos. De forma pobre e maniqueísta vocês da esquerda festiva culpam o neolibera-lismo e o FMI pela miséria brasileira! Viva Friedrich Hayek e Milton Fried-man! Laissez-Faire, Laissez-Passer! Eu sou o Pós Moderninho e vim para desregular e liberalizar geral!

O triturador negro agressivo saudou o opositor ideológico com um nada democrático golpe do TACAPE DA CONSCIÊNCIA, fruto de um giro má-ximo de quadril. Com o lado direito do rosto inchado, quente e pulsante, a princesa modernosa é socorrida por vários cabos eleitorais, futuros políticos profissionais, sedentos de um cargo.

Partindo para o congresso meter a porrada nos outros sanguessugas e mensaleiros, a montanha de mús-culos e hormônios mascarada segue seu rumo, gritando a plenos pulmões esta palavra de ordem:

- LAROM!

O vingador mascarado de-saparece dali e mais uma vez os valores da comuni-

dade estão salvos. Avante, LAROM o vigilante moral!

francisco cota

Page 6: Rabiscos&Afins #4

Aquilo definitivamente não acon-tecia sempre. Assim que chegou no ponto, o ônibus chegou. Subiu e teve ainda que procurar o dinheiro para pagar a passagem. Acomodou-se em um banco junto à janela, e o sono chegou logo. Mas um barulho inco-modava: a borracha que sustenta o vidro estava gasta, e este ficava trep-idando. A solução foi simples. Uma folha de propaganda recebida na rua, vendendo meninas por dez reais, foi dobrada algumas vezes e preencheu o espaço entre a borracha e o vidro. Tudo pronto. Os braços abraçados à bolsa. Dormiu.Acordou sobressaltado. Não conhe-cia o lugar por onde passava: dormiu demais. Levantou-se rapidamente e deu o sinal para descer na próxima parada. Saltou logo do carro. Quan-do percebeu onde estava, arrepen-deu-se por ter cedido ao momento de desespero. Estava em uma rua pouco movimentada e completa-mente desconhecida. Devia ter espe-rado passar por algum lugar conhe-cido para descer, ou mesmo, ir até o ponto final e retornar. Não havia mais volta. Já estava ali mesmo. Ob-servando o local percebeu um bar ai-nda aberto, mesmo sendo tão tarde. Uma solução. Perguntaria ao balconi-sta onde estava e onde poderia pegar um táxi. O bar estava vazio, então foi logo até o balcão.-Por favor, poderia me dizer...-Estou aqui – disse a mão que de re-pente segurava seu braço.Olhou para o lado. De onde surgiu aquele homem? Desvencilhou-se da mão. Era um pouco mais baixo que ele, e mais velho, e mais gordo. Pela roupa e aparência não devia ser um marginal. Um mal entendido. Tratou logo de resolvê-lo:-Desculpe senhor, mas eu...-Tudo certo agora, senhor André.

Meu carro está estacionado aqui em frente. Sabia seu nome? A sensação de mal entendido evoluiu para receio.-Carro? Como sabem quem sou eu? Não o...-Me acompanhe senhor, tudo já está arranjado.Sentia-se curioso agora. De onde sur-giu aquele homem? Não lhe parecia estranho, mesmo com toda aquela confusão. Receio, curiosidade. Risco. A curiosidade falou mais alto.-Certo. Vamos então.Acompanhou o homem até o carro. O senhor ia abrir a porta de trás, mas ele apressou-se em sentar no banco do carona. O carro partiu. André não observava o caminho, fitava o mis-terioso senhor o tempo todo. Apar-entemente ele não mostrava-se constrangido com aquela observação insistente. Continuava o ritmo freqüente: girar o volante, pisar nos pedais, manipular o câmbio. A mão gorda possuía um anel no dedo mé-dio. Não dava para afirmar se era casa-do. Uma pista mínima de quem poderia ser. Ar-riscou:-É chato trabalhar tão tarde?-Nunca encarei isso como um tra-balho. -Certo – o que poderia ser então? Não era simplesmente um motorista? Perguntar para onde o levava desper-taria suspeitas. Tinha de ser sutil.-Qual caminho vai pegar?-Tem preferência por algum? – res-postas com perguntas são terríveis.-Não. A única solução era esperar. Mesmo porque, assim tão escuro, não perce-

mãos sujas de terra

Page 7: Rabiscos&Afins #4

bia por onde passavam. Ficar obser-vando o homem dirigir também não revelava muito.-Posso chamá-lo pelo nome?-Sim. Só João, por favor – uma infor-mação.-Bem João, chegaremos logo, não é?-Na verdade já chegamos.João desceu do carro e abriu a porta para André. Desconfiado, desceu e viu que encontravam-se em uma es-pécie de jardim. Não imaginava onde poderiam estar.-Vamos logo.André ficou boquiaberto quando aquele homem começou a despir-se na sua frente. Um pervertido! Havia caído no golpe de um velho maníaco. Reparou logo que João não possuía

nenhuma pistola, revólver ou faca. Rapidamente, pensou em correr para o carro e fu-gir. A visão daquele corpo antigo, com barriga proeminente

e pelos

brancos causava-lhe repulsa. Virou-se e foi em direção ao carro.-Comece logo. Dis-pa-se!Gelou. Ficou com

muito medo de olhar para trás. Em pânico, tirou toda a roupa. Virou-se constrangido com a mão tampando o sexo. Mas o medo passou logo que viu o velho sentado no chão, cavan-do a terra. Ficou intrigado. Não havia arma alguma.-Cave também!Sentou-se e começou a cavar a terra

também. Inexplicavelmente não con-seguia desobedecer àquela ordem. A voz de João tornou-se tão imperiosa que não podia ser ignorada. André olhava fixamente para a terra, não arriscando olhar para aquele velho estranho. Passou algum tempo revi-rando a terra. Certa hora ousou le-vantar a cabeça. Aquele homem gor-do havia cavado um buraco enorme naquele pouco tempo. Levantou e deitou-se ali dentro. Começou a co-brir-se de terra. Estava enterrando-se vivo. Quando só o rosto continu-ava descoberto falou:-Tem sorte de poder retornar tão jo-vem.E afundou a cabeça na terra. André não acreditava no que via. Estava ali, nu, presenciando um suicídio. Ficou ali, estático, observando a terra re-volvida onde jazia o velho. Um de-sespero acometeu de repente o seu peito, e correu para salvar João. Não era perversão, mas desequilíbrio, desgosto talvez. Respeito. Com-

preensão. Angústia. Cavou desesper-ado. Cavou. Cavou. Cavou. E nada. O corpo do velho não estava mais ali. Havia desaparecido, como se tivesse tornado parte da terra, misturando-se a ela. Sumiu. André respirou firme e sentou ao lado do buraco que ca-vou na expectativa de salvar João. Enfiou os dedos na terra e recomeçou a cavar, resignado. Cavar sua própria cova. Não havia opção. Já havia ido longe demais.

rafael

Page 8: Rabiscos&Afins #4

�sem noção>>de esguelha Sem noção

Ela andando pela rua. E nem percebia. Ela, andando, nem percebia o olho arregalado, o dente arreganhado, o cabelo arrepiado, a boca escancarada, a bochecha estupefata, a rua atarantada, as gentes descongeladas caminhando como ela. Que nem percebia. Ela, andan-do, seguindo, não percebia que o mundo não se apercebia escangal-hado. E ela não percebia, andando, a perna esmaecida, a vida atenu-ada, o horizonte rasurado, a lua apagada. Ela andando não percebia a loucura desvairada entontecendo os limites da razão avariada. Ela an-dando seguia em frente sem notar que a vida encurtada deixava ras-tros de seu desvario envenenado. Porque ela seguia automática sem se dar conta de sua língua afiada, sua saliva ensandecida, sua roupa empestada de odor enegrecido. Ela andando pela rua nem percebia que o mundo estava mais do que desarvorado. Não notava o chão todo mijado, as pilastras todas pichadas, os canteiros surrados, as flores bem arrancadas, o lixo todo jogado, a ordem evacuada. Ela andando. Não parava. E não percebia: o caos agigantado, as nuvens acinzenta-das, o sol assassinado. Não notava a noite que se avizinhava de sua alma maculada e nem notava a alma despedaçada que escorregava pelos poros esbugalhados e se espalhava, aquela alma embotada, pelas avenidas amortecidas de paixão. Ela andando. Não notava os sons desafinados. As vozes enrouquecidas. As casas arruinadas. Os destinos despedaçados. Mãos e braços acorrentados. Fomes não sa-ciadas. Esperanças esmigalhadas. Honras espezinhadas. Ela andando apenas seguida em frente e nem percebia seu rumo desnorteado.

Page 9: Rabiscos&Afins #4

vivian pizzinga

De esguelhaNão tinha coragem de sair de casa. Morava em uma vila, numa das primeiras casas. E quem saía era sua avó, que comprava comida, que pagava contas, que ajeitava o quintal e cuidava das plantas, que dava suas caminhadas vespertinas. Mas ela não saía de casa. Apenas espreitava o mundo. Cheirava-o, e bem de longe. Não era raro ir até a janela e, numa fresta da cortina, ver o movimento de crianças que havia no pátio da vila, ver a chegada do carteiro, sempre simpático e cantarolante, observar a ida dos moradores para o trabalho e sua chegada, todos eles meio exauridos e esvaziados. Ela não saía. Mes-mo com as insistências da avó, que tentava de tudo e uma vez deu de chamar um médico para que ele a convencesse de sair. Era um médico proctologista, mas simpático, com dom de cuidar do outro, e ainda que aquela não fosse sua especialização profissional, aceitou de bom grado o que a velhinha lhe pediu e, uma vez lá chegando, nada conseguiu, nenhuma persuasão ou convencimento foi capaz de fazê-la sair de casa, nenhuma receita e nem os anos e anos de facul-dade e estudo. Porque ela - ela olhava o mundo muito de esguelha. Via televisão e sabia das coisas do mundo também por esse canal. Comia bastante, assistia novelas e telejornais e observava o movi-mento do mundo de esguelha. Assim era melhor. Assim era prudente. Não sentia falta de conhecer pessoas, de ir ao cinema e tampouco se penitenciava por nunca ter andado de roda-gigante, nem de nunca ter acampado, não tinha curiosidades maiores que não pudessem ser sanadas do seu jeito. Ela não ousaria colocar os pés para fora de casa e dar de cara com o turbilhão que o mundo é. Não ainda.

Page 10: Rabiscos&Afins #4

10

Page 11: Rabiscos&Afins #4

11poesia

Page 12: Rabiscos&Afins #4

12

Lágrimas

Choro sobre o rioe sobre o mar também choroacompanhando corrimentos.

Choro em banheiros - onde mais cho-ro.

Em quartos, pela bissetrizimposta ao sentimento,

choro em ombros,em peitos.

O suor é o pranto do corpo.Chorei por não suportar o encanta-

mento.Prantos também

são as gotas da tempestade.Aluviões, descontentamentos.

Chorei extorquido pela dor,exudado de desconsolo.

Choram Penélopes urdindo fidelidadese Ariadnes, labirintos.

Aquosos humanos somos nós.Como o planeta

envoltoem úmidoinvólucro.

lágrimas>>a resposta do sangue

Page 13: Rabiscos&Afins #4

1�

A resposta do sangue

Acreditamosque os animais nos pertenceme que ao pagar temos soberaniasobre os corpos das prostitutasou dos mendigoscujos órgãos surrupiamospara salvar este ou aquele filho.Acreditamos sermos donosda linguagem e do tempo.Modificamos a linguagem,interferimos no tempocom a objetividadede quem lambe um sorveteou sorve um prato.De onde provémtamanha prepotência?Da pele urdida em ideogramasde um DNA repulsivoou do furorde circular blindados?Mal sabe eleque a moldura que protegea gaiolaocultaumpássaroensanguentado.

tom

Page 14: Rabiscos&Afins #4

1�paula fabrício

Você foi quase nada.Por isso digo à face refletida,

que amanhã é dia de estar linda!!!Tua singela crueldade

sairá tão rápido de mim quanto você da minha vida.

Dias infernais ficarão para trásE se desfar-se-ão,

assim como meus sentimentos.Então quase será nada.

Não nasci para controlar minha alegria.Não posso ser eu submissa a esta altura.Infelizmente rompeu a sublime admiração.Não há mais o que falar,mudaram os sentimentos.Mais uma vez incontrolável,verborrágico.Agora sim,perdeste uma ótima oportunidade de calar-se.Perdeu mais uma chance de sentir,apenas sentir.Eu?Recupero-me cada vez mais veloz.Não vivo para sepultar minha alegria.

Page 15: Rabiscos&Afins #4

1�quadrinhos

Page 16: Rabiscos&Afins #4

1�pow.r.-toc.h.

Page 17: Rabiscos&Afins #4

1�

johandson

Page 18: Rabiscos&Afins #4

1�

Page 19: Rabiscos&Afins #4

1�

sill

Page 20: Rabiscos&Afins #4

20 fotografiaartes

Page 21: Rabiscos&Afins #4

21fotografiaartes

Page 22: Rabiscos&Afins #4

22a arte sou eu!

Page 23: Rabiscos&Afins #4

2�

andréia rosa xavier

Page 24: Rabiscos&Afins #4

2�2�a arte sou eu!

Page 25: Rabiscos&Afins #4

2�2�

andréia rosa xavier

Page 26: Rabiscos&Afins #4

2�a arte sou eu!

Page 27: Rabiscos&Afins #4

2�

andréia rosa xavier

Page 28: Rabiscos&Afins #4

2�distopias pós-humanas

Page 29: Rabiscos&Afins #4

2�

Prometeu de Silício

A águia de carne se foi,cansada do gosto angustiadodo meu fígado em flor.

Mas veio em seu lugaruma águia reluzente,de plástico metal epedra sílica.

Com o mesmo ímpeto que a anterior,mas sem nenhum brilho devida nos olhos...

edgar franco

Page 30: Rabiscos&Afins #4

�0distopias pós-humanas

Page 31: Rabiscos&Afins #4

�1

edgar franco

Page 32: Rabiscos&Afins #4

�2cat sex

Page 33: Rabiscos&Afins #4

��

rafael lopes

Page 34: Rabiscos&Afins #4

��michel sanches

Page 35: Rabiscos&Afins #4

��

osmar shineidr>>pensamentos

Page 36: Rabiscos&Afins #4

��pensamentos de almodóvar

Page 37: Rabiscos&Afins #4

��

osmar shineidr

Page 38: Rabiscos&Afins #4

��osmar shineidr>>de almodóvar

Page 39: Rabiscos&Afins #4

��

michel sanches

Page 40: Rabiscos&Afins #4

�0

Page 41: Rabiscos&Afins #4

�1

edson coelho

Page 42: Rabiscos&Afins #4

�2

Page 43: Rabiscos&Afins #4

��

edson coelho

Page 44: Rabiscos&Afins #4

��

Page 45: Rabiscos&Afins #4

��

edson coelho

Page 46: Rabiscos&Afins #4

��bernardo costa

Page 47: Rabiscos&Afins #4

artigosopinão

vazio

Page 48: Rabiscos&Afins #4

��

I wanna be gay talese

Sessenta pessoas sonolen-tas são transportadas dia-riamente todas as manhãs pelos ônibus de integração do Metrô-Rio indo para a Barra da Tijuca. O itineran-te Siqueira Campos-Alvora-da desde antes do carnaval é operado por empresa a parte da Opportrans, con-cessionária do malha me-troviária carioca.

Alguns passageiros, di-zem, que o serviço piorou. Para outros é uma benção a primeira parada já ser em São Conrado e não mais na Lagoa. Uma pena a nova concessionária não ter pos-to aviso sobre isso. Muita

gente que descia na Lagoa acabou descendo em São Conrado. Imagine, logo na semana após o Carnaval.

Cinqüenta dos 60 passagei-ros viajam sentados. Doze deles estão lendo alguma coisa, 6 leem o que chega as suas mãos primeiro como o jornal distribuído no metrô. Dois desses doze leem li-vros de auto-ajuda. Um dos livros se chama a ‘A arte de se viver o agora’, o outro lê lentamente o início de um capítulo sobre ‘princípio da riqueza’. Provável que tente aprender algo ali.

Uma bela mulher, de seus 40 anos, em um vestido vermelho lê um organogra-

pontos urbanos

Page 49: Rabiscos&Afins #4

��

ma e abre o Valor Econômi-co logo depois. Duas outras mulheres mais jovens leem a Veja, uma lê a edição da semana que tem a entrevis-ta do Pelé, a outra lê a an-terior, também nas páginas amarelas de Jarbas Vascon-celos, quem denuncia a cor-rupção do seu próprio parti-do, o PMDB. Um homem no fundo do ônibus lê o jornal Extra.

Na rádio do ônibus, os pou-cos que prestam atenção ouvem Sultans of Swing do Dire Straits. A Avenida Nie-meyer está engarrafada. Não é um engarrafamen-to como o de São Paulo, e a vista é de frente para o

mar.

Mas há um acidente envol-vendo uma moto estilhaça-da, um corpo que voou pelo elevado e um carro com a frente totalmente amassa-da. Os policiais olham pelo elevado provavelmente pro-curando o corpo. Foi o caos da manhã de segunda-fei-ra que me transformou de novo.

Para ler: FAMA E ANONI-MATO DE GAY TALESEA PONTE, FRANK SINATRA ESTÁ RESFRIADO OU JOR-NADA DE UM SERINDIPI-TOSO

marcos rocha

Page 50: Rabiscos&Afins #4

�0

Entretenimento ou bem-estar, tanto faz

O mercado do bem-estar é o próximo trilhão. Até que algo mude repentinamente esse curso, não resta mais muita dúvida. Academias, cosméticos, meditação, tudo que possa proporcionar sentimento de estar se cui-dando no meio desse caos todo promete grande retor-no financeiro às empresas e espiritual às pessoas.

Dos anos 60 para cá, o mercado em voga foi o au-tomobilístico. O trilhão se-guinte foi o da informática. Até bem pouco tempo atrás estive em uma palestra de um suco chamado Mona-vie. O produto, que é feito à base de frutas que com-batem o radical livre, já foi considerado pelo dono da emissora de TV ABC como ‘the next best thing’. O suco é extraído PRINCIPALMEN-TE do nosso açaí, além de mais 20 frutas. É interes-sante lembrar que o açaí foi patenteado por empresas estrangeiras do Japão e dos EUA. É triste também ver

que o Brasil não tem uma política de vigilância nesse sentido. E às vezes parece desconhecer tudo o que acontece no mundo.

A fabricante de video-games Nintendo lançou em 2008 o Nintendo Wii. Hoje, o Wii é o car-ro chefe da companhia e deve ter alcançado em março 50 milhões de consoles vendidos. O sucesso do produto se deve a uma nova in-teração na jogabilidade dos games. O controle vem acompanhado de uma espécie de con-trole remoto que capta os movimentos do jo-gador em três dimen-sões.

Isso significa que no jogo do Star Wars você tem uma espa-da sabre-de-luz nas mãos, no jogo de tênis você tem uma raquete, no de lutas você tem uma espa-da e assim por dian-te. O branding do Nintendo Wii está

consumo

Page 51: Rabiscos&Afins #4

�1

no fato que qualquer adul-to pode jogar e terminar ganhando com um sorriso no rosto (Como eu ganhei de você todas diversas ve-zes né, Lucas?). Para mui-tos, um nicho de mercado foi (re) aberto no momento oportuno, com um retor-no veloz. Tanto que outras empresas estão começando a se aventurar mais nes-se aspecto tátil dos games que convenhamos, já existe desde o velho Master Sys-tem.

Parece dois mercados que estão destinados a parar de namorar como sempre fize-ram e se casarem de vez. Além de serem dois merca-dos com um alcance ainda difícil de vislumbrar hoje. Confesso que sôo muito mais com o Wii do Lucas do que com a monótona estei-ra da academia. E ainda me di-virto! As idéias são muitas, o mercado é am-plo e a demanda do consumidor para as empre-sas brincarem

mais com os sentidos fora visão e audição é latente. No caso do Wii, a sensa-ção tátil. Emergencial, di-ria Martin Linstrom no livro BrandSense. O sucesso do Wii mostra também que não é a potência do videogame o mais importante, mas sim a jogabilidade. A sensação tátil e visceral foi a grande guinada. A empresa, que de boba não tem nada, rejei-ta o termo ‘revolução’. São suficientemente espertos e grandes no mercado para saberem que a revolução sensorial apenas começou. Assim como o promissora união entre entretenimento e bem-estar.

Para ler: BRANDSENSE DE MARTIN LINDSTROM

marcos rocha

Page 52: Rabiscos&Afins #4

�2

COLABORADORES DESSA EDIÇÃO:

Francisco Cotahttp://www.larom.blogger.com.br/

Vivian Pizzingahttp://vaganoite.blogspot.com/

Tom http://paredesteto.blogspot.com/

Paula Fabrí[email protected]

Johandsonhttp://www.johandsonrezende.blogspot.com/

Sillhttp://www.myspace.com/sillcordelcomix

Andréia Rosa [email protected]

Edgar Franco http://www.ritualart.net

Michel [email protected]

Osmar Shineidrhttp://www.flickr.com/photos/whereohwhere/

Edson Coelho http://www.flickr.com/photos/eddy_v32006/

Bernardo [email protected]

Marcos [email protected]

CONTATO COM O EDITOR:Rafael Lopes

[email protected]

Page 53: Rabiscos&Afins #4

��

CONTATO COM O EDITOR:Rafael Lopes

[email protected]

Page 54: Rabiscos&Afins #4

março200�