PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA … · espectador, a nossa história pessoal, a...

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ANO III N O 22 SETEMBRO / 2008 Impresso Impresso Impresso Impresso Impresso Especial Especial Especial Especial Especial 580/2004-DR/GT UFG CORREIOS PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Língua Portuguesa em debate Professores da UFG discutem as mudanças na ortografia da língua portuguesa, a relação dos falantes com a língua, o medo da escrita, a formação universitária e a prática da leitura. Págs. 6 e 7

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ANO III NO 22 SETEMBRO / 2008

ImpressoImpressoImpressoImpressoImpressoEspecialEspecialEspecialEspecialEspecial

580/2004-DR/GTUFG

CORREIOS

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Língua Portuguesa em debateProfessores da UFG discutem as mudanças na ortografia da língua portuguesa, a

relação dos falantes com a língua, o medo da escrita, a formaçãouniversitária e a prática da leitura. Págs. 6 e 7

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PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ANO III – NO 22 – SETEMBRO 2008

ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus SamambaiaC.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 – Fax: (62) 3521-1169www.ufg.br – [email protected] – www.ascom.ufg.br

ReitoriaReitor: Edward Madureira Brasil; Vice-reitor: BeneditoFerreira Marques; Pró-reitora de Graduação: SandramaraMatias Chaves; Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação:Divina das Dores de Paula Cardoso; Pró-reitor de Exten-são e Cultura: Anselmo Pessoa Neto; Pró-reitor de Admi-nistração e Finanças: Orlando Afonso Valle do Amaral;Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e RecursosHumanos: Jeblin Antônio Abraão; Pró-reitor de Assuntosda Comunidade Universitária: Ernando Melo Filizzola.

Jornal UFGAssessor de imprensa e editor-geral: Magno Medeiros;Editora executiva: Silvana Coleta Santos Pereira; Editoraassistente: Silvânia de Cássia Lima; Conselho Editorial:Angelita Pereira, Goiamérico Felício Santos, Maria das

OPINIÃO Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

CÂMPUS EM FOCO

Graças Castro, Silvana Coleta Santos Pereira,Venerando Ribeiro de Campos, Mercês PietschCunha Mendonça; Suplentes: Valéria MariaSoledade de Almeida e Ellen Synthia Fernandesde Oliveira; Revisão: Ana Paula Ribeiro e MariaJosé Soares; Projeto gráfico e editoraçãoeletrônica: Cleomar Gomes Nogueira; Fotografia:Carlos Siqueira; Equipe administrativa: AmáliaMagalhães e Leny Borges. Bolsistas: Allan KardecBraga (design gráfico); Vinícius Batista (fotografia)e Ana Paula Vieira, Gisele Pimenta, LutianePortílho, e Rodrigo Vilela (Jornalismo).

Impressão: Centro Editorial e Gráfico da UFG(Cegraf)

ERRATA – As fotos veiculadas na página 11 da edição nº21, do mês de agosto, do JornalUFG, não são de divulgação. Os créditos são de Silvana Silva Santos.

O reitor da UFG, pro-fessor Edward MadureiraBrasil, nomeou na quinta-feira, dia 18 de setembro, acomissão que irá revitali-zar o mural do antigo pré-dio da Reitoria da UFG, si-tuado na Praça Universitá-ria. A obra, do artistaD.J.Oliveira, foi realizadanos anos 60 e está bastantecastigada pela ação dotempo. Fazem parte dacomissão o professor daFaculdade de Artes Visu-ais (FAV) da UFG, JoséCésar Teatini, a profes-sora da FAV, Edna de Je-sus Goya, a restauradorada UFG, Mônica Lima deCarvalho, a superinten-dente regional do Iphan,

As professoras da Faculdade de Comu-nicação e Biblioteconomia (Facomb) da UFGLílian Bento e Ana Rita Vidica, respectiva-mente dos cursos de Jornalismo e Publi-cidade e Propaganda, ganharam prêmio noI Concurso Internacional sobre Periodismoy Gênero da Universidade Nacional de LaPlata com a reportagem "O perigoso conví-vio entre prostituição e violência". LílianBento foi a responsável pelo texto e AnaRita pelas fotos. As professoras ainda apre-sentaram o projeto no III Colóquio Brasil -Bolívia, que ocorreu entre os dias 3 e 10de setembro.

O professor de cine-ma da Universidade deSão Paulo (USP), IsmailXavier, ministrou a pa-lestra "Cinema: revelaçãoe engano", no dia 16 desetembro, no Cine UFG,na Faculdade de Letras.O local estava lotado porestudantes e professores,que ouviram Ismail Xavi-er explicar o cinema pormeio de duas tendênciasque, ao longo da história,regeram a crítica cinema-tográfica: a primeira comuma postura de elogio (re-velação) e a segunda comum olhar de desconfian-ça (engano). O professorabordou o tema do eventoquestionando se o cine-ma é esclarecimento oumitificação.

Ismail Xavier discute cinema na universidade

Professoras da Facomb ganham prêmio internacional

UFG revitaliza mural do antigo prédio da Reitoria

Salma Saddi, os representantesda Secretaria Municipal de Cul-tura de Goiânia e da Agepel, res-pectivamente Antônio Rodrigues

da Mata e Leonam Fleury, eos artistas plásticos JoséAmaury Menezes, Siron Fran-co e Alexandre Liah.

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EDITORIAL

ANSELMO PESSOANETO*

A UFG, assim como todas as Instituições Federais de EnsinoSuperior, experimenta um ritmo de crescimento que, no calor dahora, ainda é difícil avaliar em todas as suas dimensões. Masacho que já podemos considerá-lo entre os de maior significadona ainda recente história da UFG.

As ações de Extensão e Cultura têm crescido em igual pro-porção, tanto do ponto de vista da construção de novos equipa-mentos culturais, como de um forte incremento de sua interaçãocom a sociedade.

O respeito e a credibilidade que a UFG goza entre pratica-mente todos os goianos a tem colocado como parceira dos maisvariados segmentos e instituições. Do pequeno produtor culturalou comunidade isolada com algum tipo de carência, até os maisaltos órgãos e instituições dos governos e da sociedade civil, tan-to em nível municipal e estadual quanto federal.

Foi nesse clima de inaugurações e expansão que, no dia 29de agosto de 2008, o Cine UFG abriu suas portas para o início desessões regulares de filmes de boa qualidade. Serão, em caráterexperimental, duas sessões por dia, a primeira com início às 12:00horas e a segunda com início às 18:00 horas.

Para celebrar a abertura do Cine UFG e, a meu ver, a impor-tância do cinema na formação de todos nós, na ocasião eu disseque: " impressão, o efeito que um bom filme provoca em nós mes-mos, é duradouro. O bom filme, aquele que cabe no critério decada um do que seja um bom filme, de alguma forma alarga a nos-sa visão de mundo. Mas para que determinado filme, seja ele qualfor, provoque reações, diferenciadas que sejam, em um e em ou-tro, muitas coisas concorrem: o nosso dia, a nossa história deespectador, a nossa história pessoal, a nossa companhia, o baru-lho crítico gerado em torno do filme e a sala na qual assistimos aexibição.

Quem dera o longo tempo decorrido entre o início do projetode construir uma sala de cinema na UFG, quase oito anos, e a suainauguração possa provocar nos professores, técnicos e estudan-tes da UFG e na comunidade em geral o mesmo efeito duradouroque o bom filme provoca no espectador anônimo.

De minha parte, foram quase oito anos de envolvimento vis-ceral com a sala, mas eu fui movido a cinema e a amizades que ocinema me proporcionou. A universidade, como ambiente e espa-ço de formação de indivíduos e como fator de transformação soci-al, não poderia prescindir de um instrumento tão precioso quantouma sala de cinema. O Cine UFG está começando suas atividadesporque a sua construção era uma necessidade, e a sua construçãosó foi possível porque a idéia de uma sala de cinema na UFG erajusta, era boa, era fértil e angariou simpatias e parcerias. Masesta sala revelará a sua importância a partir de agora, com o seupleno funcionamento.

Agradeço a todos os que, de alguma forma foram parceiros,aos que abraçaram a idéia de uma sala de cinema na UFG e afizeram, generosamente, vingar".

Logo depois, no dia 16 de setembro de 2008, trouxemos, parauma conferência, o professor Ismail Xavier, da USP. Considero quea medida do acerto e da importância do Cine UFG deu a sua primeirademonstração naquela oportunidade. A casa, lotada de estudantes eprofessores, assistiu atentamente a um mestre, de reconhecida com-petência, discorrer por quase duas horas sobre a sétima arte.

De propósito, para acentuar a importância que acho que tem,quis me alongar sobre o Cine UFG. Seria o caso de começar a falaragora da qualidade que a Revista UFG vem, a cada número, adquirin-do, do conceito e da reputação que já goza no mundo acadêmico e nacomunidade em geral. Ou, por exemplo, para citar um caso, da con-solidação da Banda Pequi. Ou ainda, do maior evento científico cul-tural patrocinado pela própria UFG: o V Congresso de Pesquisa,Ensino e Extensão (Conpeex). Mas o Jornal UFG, como tem feito atéaqui, saberá registrar os momentos do nosso crescimento.

*Professor Anselmo Pessoa NetoPró-Reitor de Extensão e Cultura

Extensão eCultura no ritmoda expansão

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3MEMÓRIA Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Entrevista: Gabriel Rorizpor Maria Glória e LutianePortílho

raduado em Juiz deFora, o engenheiroGabriel Roriz foi o pri-

meiro diretor da Faculdade deEngenharia, após a incorpo-ração da Escola de Engenha-ria do Brasil Central à Uni-versidade Federal de Goiás.De uma lista tríplice, seunome foi escolhido por una-nimidade para dirigir a uni-dade. Muito crítico, ele con-sidera péssimo o início desua atuação como professor."Eu sempre achei que o pro-fessor deveria ter umas tan-tas qualidades que eu não ti-nha. Nunca pensara em serprofessor, muito menos dire-tor". Mas Gabriel Roriz foidecisivo na consolidação daFaculdade de Engenharia, emmeio a pressões, interessespolíticos e o golpe militar.

Como surgiu a Escola deEngenharia do Brasil Cen-tral?

Gabriel Roriz – Em umjantar do Clube de Engenha-ria, no Dia do engenheiro, 11de dezembro, em 1954, foicriada a Escola de Engenha-ria do Brasil Central. Nessaocasião, foi feita a distribui-ção das cadeiras, hoje cha-madas disciplinas. Foram es-colhidos os professores doprimeiro ao quinto ano e de-signados os engenheiros OttoNascimento e Manoel De-móstenes, respectivamente,diretor e vice-diretor. Depoisde uma batalha, o Ministé-rio da Educação concedeuuma autorização precáriapara o funcionamento, e sóposteriormente passou a serdefinitiva. Nessa época, aescola conseguiu duas outrês salas emprestadas doLyceu e começou a funcionarlá. Eu não estava presente nojantar, portanto não fui con-templado com nenhuma dis-ciplina.

Como foram os primeirostempos de funcionamentoda escola?

Gabriel Roriz – O pré-dio em que funciona hoje o

Firmeza depropósitosdeterminacriação daEscola de

Engenharia

Hospital das Clínicas foiconstruído com verba federale o estado não teve condiçõesfinanceiras para equipar econtratar pessoal. Então, aEscola de Engenharia come-çou a trabalhar naquele es-paço. Na época da constru-ção de Brasília havia muitaschances para os engenheirose lá foram trabalhar o dire-tor e o vice-diretor da esco-la. Nessa ocasião, a escolaestava com uma licença pro-visória que corria o risco deser cassada, então um grupode alunos e professores meprocurou para assumir a ca-deira do Manoel Demóste-nes. Eu falei que não, queestava afastado desse ramoe não estava em condições deaceitar. Porém, foi uma pres-são muito grande, continua-ram me procurando, até queresolvi aceitar, em caráterprovisório, e avisei para queeles continuassem procuran-do outro.

Era consenso entre osprofessores a integraçãoda escola à UniversidadeFederal de Goiás? Comofoi o primeiro ano da uni-dade incorporada à uni-versidade?

Gabriel Roriz – Era con-senso, desde que fosse à Fe-deral. Nós tínhamos um re-gimento interno cheio dedefeitos e o primeiro traba-lho foi revê-lo. Para isso, fi-zemos uma série de reuni-ões. Em um dado momento,escutei um grupo de alunoscomentando que um profes-sor foi dar aula sem prepa-rá-la e não conseguiu resol-ver o exercício que propôs;deixou para a próxima aula,mas também não conse-guiu. Quando escutei isso,fiquei apavorado e penseiem que tipo de engenheirosestaríamos formando. To-dos nós éramos engenhei-ros com alguma atividadena cidade. Mas esse fatomostrava que não estáva-

mos preparados para ser pro-fessores. Estávamos impro-visando e o curso sofria mui-to com isso.

Que providência foi toma-da em relação a isso?

Gabriel Roriz – O pro-fessor Oliveira Júnior, o ide-alizador e criador do Institu-to Tecnológico de Aeronáuti-ca (ITA), veio a Goiânia comopresidente da Comissão Su-pervisora do Plano dos Ins-titutos (Cosup), que viajavapelo Brasil defendendo aidéia da criação dos institu-tos básicos. O curso de En-genharia, por exemplo, temduas partes bem diferentes.No primeiro e segundo ano,há muita Matemática e Físi-ca. A proposta dos institutosbásicos previa professoresespecializados nessas maté-rias, com tempo integral ededicação exclusiva. Eu tinhaadorado as idéias desse pro-fessor, mas não sabia comocolocá-las em prática. Ele meapresentou ao professor Pau-lus Pompéia, que era chefedo Departamento de Física doITA. Peguei o carro e fui atélá, por conta própria, pro-curá-lo. Pedi que ele indicas-se os futuros diretores, umpara Matemática e um paraFísica. Foram indicados o pro-fessor Leônidas Hegemberg,para estruturar e organizar oInstituto de Matemática, e oprofessor João Martins, res-ponsável pelo Instituto de Fí-sica. Pedi que eles me man-dassem uma proposta com ascondições em que eles sedisporiam a trabalhar conos-co. Depois de muito esperar,sem conseguir telefonar, en-viei o então vice-diretor, pro-fessor Marcelo da CunhaMoraes, a São José dos Cam-pos, para resolver esse pro-blema. A essa altura, fiqueisabendo que as propostasque esperávamos há tantotempo já tinham chegado,mas os funcionários coloca-ram em uma pasta errada e

por isso não encontramos.Havia pessoas contra a cri-ação dos institutos?

Gabriel Roriz – Haviauma sabotagem e ela temuma explicação. Os professo-res que davam aula, antes dacriação dos institutos, ti-nham o seu ganha-pão comas empresas de construção ea escola era um bico, queseria perdido com a criaçãodos institutos básicos. Ape-sar da reação, o professorMarcelo já estava voltandocom as propostas. Do ITA,veio o professor de Física,João Martins. Porém, a tur-ma "do contra", fez pressãocontra ele, em defesa doschamados "pratas-da-casa",até ele ir embora. Com difi-culdade, devido à desistên-cia do professor de Matemá-tica, tive a idéia de criar umInstituto de Matemática eFísica, aprovado pelo reitor.Na reunião do Conse lhoUniversitário, indicaram oOtto Nascimento para dire-tor da escola. Fui ao conse-lho e falei: "Não tenho nadacontra o Otto, ele é um gran-de engenheiro, mas é umempresário e não é isso quenós queremos. Queremosum educador, um homemque se dedique o dia todo àescola, e aos interesses docurso". Houve um movimen-to para apoiar o Otto Nasci-mento, que nos acusava decomunistas, já que ele eraanti-comunista. Nessa épo-ca, pedi que a votação paradiretor fosse suspensa poralguns dias e propus que umprofessor nosso, Cris Keller,fosse ao Rio de Janeiro paraum congresso sobre o ensi-no de Matemática e Fsica. Delá, ele trouxe algumas con-clusões, que eu li na reuniãodo conselho. Parece que veiosob medida.

O Conselho aceitou a cria-ção do instituto e as pro-postas vindas do Rio?

Gabriel Roriz – O nomedo Otto foi afastado, mas nãotinha outro para colocar nolugar. Novamente fui ao ITA,conversar com o então chefedo Departamento de Física.E le ind icou o pro fessorWillie Maurer, então diretorda Escola de Filosofia daUniversidade Mackenzie.Ele falou que a nossa idéiaera muito interessante, masdefendia a idéia primitiva deque a Faculdade de Filosofiaé a alma mater da universi-dade, de onde deveriam par-tir as idéias de funcionamen-to dos cursos. Conseguiconvencê-lo a vir a Goiânia,sem compromisso. Aqui tive-mos uma reunião com o gru-po que apoiava a criação doinstituto, trocamos idéias eele mostrou interesse. Eudisse então para ele voltar,conversar com esposa e ami-gos e nos enviar uma propos-ta. Ele foi hospitalizado logoque voltou de Goiânia, masdepois recebi seu telegra-

ma, dizendo que se nós ain-da t ivéssemos interesse,ele estava às ordens. Con-firmei na mesma hora.

Com a vinda desse profes-sor, consolidou-se o Ins-tituto de Matemática e Fí-sica?

Gabriel Roriz – Já tí-nhamos a idéia do institu-to único, daí ele veio. A tur-ma “do contra” não desistia,continuava batalhando parasabotar. No conselho, con-seguimos permissão paraque ele part ic ipasse dasreuniões, embora sem direi-to a voto, mas com direito àpalavra para expor algumasidéias. No fim, foi criado oInstituto de Matemática eFísica, com intensa partici-pação dos estudantes nasdiscussões. Começou a fun-cionar em março de 64, omês em que estourou a re-volução e entrou o governomilitar. Nessa ocasião, oprofessor já tinha viajadopara São Paulo, Rio Claro,de onde trouxe um grupo dematemáticos e físicos. Masfoi só um mês de funciona-mento, porque veio a revo-lução. Então, a Rei tor iacriou uma comissão de in-quérito para apurar essahis tór ia de comunismo.Quando convocado a compa-recer a uma reunião, fiz umoficio para a comissão, per-guntando que finalidade elatinha, se era para apurar ca-sos de subversão e de cor-rupção na universidade, e seeu iria na qualidade de réuou testemunha. Fui comotestemunha, e me fizeramperguntas durante um dia in-teiro. Logo em seguida, meuvice-diretor foi preso suma-riamente, considerado comu-nista, e uma portaria do rei-tor me demitiu da Escola deEngenharia. Fiz outro oficio,respondendo que eu haviasido nomeado por decreto dopresidente da República eque, de acordo com a lei, sóa autoridade que admite écompetente para demitir, en-tão continuei como diretor daescola. Depois indicaram ummilitar, o major HumbertoCrispim, para fazer parte des-sa comissão. Ele pediu per-missão para me fazer algu-mas perguntas, mas quandocomeçou, vi que aquilo nãopartia dele. Questionei e en-tão eles confessaram queeram perguntas dos meus ad-versários. Então, eles enga-vetaram o processo.

O senhor permaneceu atéquando na direção?

Gabriel Roriz – Naque-la época o mandato era detrês anos, mas eu coloqueimeu cargo à disposição an-tes disso. Por volta de 1964,1965, quando Colemar foiafastado do cargo de reitor,veio outro, que, por sinal,era colega do irmão dele.Enfim, foi uma batalha mui-to grande.

Vin

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atista e Carlos S

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4 EVENTOS Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Lutiane Portilho

s 134 novos servi-dores da Universi-dade Federal de

Goiás (UFG), aprovados noúltimo concurso público(Edital nº. 041/2008), to-maram posse no dia 22 deagosto, às 14 h, no salãonobre da Faculdade de Di-reito. Participaram damesa diretiva o reitor daUFG, Edward MadureiraBrasil , a pró-reitora deGraduação, SandramaraMatias Chaves, a pró-rei-tora de Pesquisa e Pós-Gra-duação, Divina das Dores,o pró-reitor de Desenvolvi-mento Institucional e Re-cursos Humanos, JeblinAntônio Abraão, o diretordo Departamento de Pesso-al, Winston Garcia, a coor-denadora do Sint-UFG, Fá-tima dos Reis e a diretorado Departamento de De-senvolvimento de Recur-sos Humanos, Maria Amé-lia Simarro.

Novos servidores da universidade tomam posse

Na solenidade, os apro-vados foram informados emque unidade seriam lotadose ouviram o termo de possesimbólica, lido por WinstonGarcia. O reitor parabeni-zou os servidores e afirmouque a universidade vive ummomento muito especial decrescimento, em virtude da

oferta de novos cursos nopróximo vestibular e dasobras e reformas em anda-mento na UFG. O reitor lem-brou que o grande proble-ma das universidades fe-derais tem sido a reposi-ção de pessoal e que, du-rante sua gestão, mais de850 servidores adquirirão

o direito de aposentadoria.Edward Madureira assegu-rou que a universidadeestará à disposição, sem-pre que for necessário eque todos terão muito tra-balho. "A universidade éum espaço que abriga umainfinidade de atividades.Então, devem assumir a

UFG como parte da vida devocês", afirmou o reitor.

Giselle Dias GalindoPecin faz parte do quadro denovos servidores da univer-sidade e foi aprovada para ocargo de assistente em ad-ministração. Ela já prestououtros concursos, como o doConselho Regional de Medi-cina Veterinária (CRMV),onde trabalhou por dois anose, segundo ela, lá conseguiuexperiência na área admi-nistrativa para prestar oconcurso da UFG. Gisellenão achou a prova difícil, esim, inteligente, pois exi-giu do candidato tanto co-nhecimentos básicos, comoespecíficos. A estudantetrabalhará no Instituto dePatologia Tropical e SaúdePública e tem boas expec-tativas para o início desuas atividades. "Gosto doambiente da UFG. Estudona universidade e achoque trabalhar aqui será tãobom quanto estudar", de-clarou Giselle.

O Instituto de EstudosSocioambientais (Iesa) daUFG realizará, entre 15 e 18de outubro, o I CongressoGoiano de Educação Ambien-tal (I Congea). Com a ambi-ção de discutir as questões

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Integração de eventos pretende articular Educação Ambientalambientais frente aos desa-fios globais e locais, fomen-tar os espaços coletivos dearticulação e proporcionar aunificação de agendas, açõese projetos na área ambien-tal, o evento pretende arti-

cular as entidades e as pes-soas envolvidas na constru-ção de uma Educação Ambi-ental, por meio da integraçãode vários eventos, antes re-alizados separadamente. Aabertura do congresso será

realizada no dia 15 de outu-bro, às 19h. Confira a progra-mação completa do I Congeano site www.iesa.ufg.br/con-gea. O evento é uma realiza-ção da UFG e do governo es-tadual por meio de suas se-

cretarias do Meio ambiente,da Educação e da Agricultu-ra, em parceria com o Ibama,Amma (Agência Municipal doMeio ambiente), Sesc – Goi-ás e outras entidades da so-ciedade civil.

Vinícius Batista

A quinta edição do ci-clo de conferências "A im-prensa discute a impren-sa", cujo tema em debatefoi Jornalismo e interessepúblico: uma imprensa li-vre e verdadeira, foi reali-zada dia 20 de agosto, noauditório da Imprensa Na-cional, em Brasília (DF). Oevento faz parte das ati-vidades de comemoraçãodos 200 anos de impren-sa no Brasil, e tem o ob-jetivo de, a cada mês, re-fletir sobre um tema re-lacionado com a ativida-de jornalística no país.

A mesa de debates foicomposta por seis profissi-onais: a professora e coor-denadora do curso de Jorna-lismo da UFG, Ana Caroli-na Rocha Pessoa Temer, ahistoriadora portuguesa,Maria Beatriz Nizza da Sil-va, especialista em estu-dos do período joanino eautora do livro A Gazeta doRio de Janeiro (1808-1822): cultura e sociedade,

Profissionais de comunicação debatem jornalismo e interesse público

os jornalistas Alberto Di-nes, produtor e apresenta-dor do programa Observa-tório da Imprensa da TVBrasil, Alon Feuerwerker,editor de política do CorreioBraziliense, o professor ejornalista Paulo Paniago, doCentro Universitário deBrasília (UniCeub) e o dire-tor geral da Imprensa Naci-onal, Fernando Tolentino,que mediou o debate.

Os debatedores aborda-

ram desde a criação, pelopríncipe regente, da Im-pressão Régia, que deu iní-cio às atividades de impren-sa no Brasil, passando pe-las diferentes visões sobreem que consiste o chama-do "interesse público", astransformações sofridaspelo processo jornalístico,em razão das mudanças decomportamento dos novosjornalistas e da evoluçãotecnológica.

A historiadora e pa-lestrante do dia, MariaBeatr i z N izza , f ez umasíntese a respe i to dasprincipais característicasdo conteúdo da Gazeta doRio de Janeiro, o primei-ro jornal impresso no Bra-sil, e destacou sua impor-tância como fonte de in-formações sobre a corteportuguesa, os aspectosculturais e econômicos eas principais transforma-

ções ocorridas na socie-dade colonial à época.

Alberto Dines fez umacrítica à tendência da im-prensa atual de caracteri-zar-se como uma indús-tria, enfatizando o dever doprofissional como umprestador de serviço à so-ciedade. Depois, mostrou-se indignado com a mídiaem geral pela pouca aten-ção e comemoração do bi-centenário de criação daimprensa no Brasil, atri-buindo essa omissão à in-dústria jornalística.

A coordenadora do cur-so de jornalismo da UFG,Ana Carolina, falou sobre ofim do idealismo dos novosprofissionais, induzido pelasincoerências das empre-sas, e questionou as pers-pectivas de formação debons jornalistas.

O público, compostopor estudantes, professo-res, profissionais e inte-ressados no jornalismo,participou dos debates, pro-pondo perguntas aos inte-grantes da mesa.

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O reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, afirmou que os contratados terão muito trabalho eespera que todos assumam a universidade como parte das suas vidas

Os debatedores abordaram desde a criação da Imprensa Régia até as transformaçõesdo processo jornalístico na atualidade

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5INSTITUCIONAL Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Ana Paula Vieira

m parceria com o Mi-nistério da Educação(MEC), a UFG promo-

veu, entre os dias 20 e 22 deagosto, a II Reunião Técnicado Reuni – "Infra-Estruturapara a reestruturação e ex-pansão das universidades fe-derais", no Hotel San Mari-no, em Goiânia. Reitores,vice-reitores, pró-reitores deplanejamento e diretores dosdepartamentos de gestão doespaço físico de diversas Ins-tituições Federais de EnsinoSuperior (Ifes) participaramdo encontro, além de muitosarquitetos e engenheiros dasinstituições, preocupados embuscar experiências e solu-ções eficazes para a expan-são física que as Ifes expe-rimentam com o advento doPrograma de Apoio a Planosde Reestruturação e Expan-são das Universidades Fede-rais, o Reuni.

Na solenidade de aber-tura, o Secretário de Educa-ção Superior (Sesu/MEC),Ronaldo Mota, traçou um bre-ve panorama em relação aoprograma de expansão. Se-gundo ele, em 2005, o siste-ma federal de ensino superi-or ofereceu 115 mil vagas degraduação na modalidadepresencial.Para 2009 estãoprevistas 190 mil vagas pre-senciais, mais 40 mil na mo-dalidade a distância, pormeio da Universidade Abertado Brasil (UAB). Nessa ex-pansão acadêmica está im-plícita a preocupação com aestrutura física, em foco noevento, que, de acordo comRonaldo Mota, proporciona aoportunidade de cada univer-sidade se repensar e realizarinovações. "Limitações exis-tem, mas podem ser supera-das quanto mais forem com-partilhados os problemas esuas soluções. Não se tratade homogeneizar as univer-sidades, cada uma tem suaidentidade. Estamos cons-truindo uma UniversidadeFederal do Brasil, com uni-dades autônomas", afirmou osecretário.

Atualmente a UFG tem14 mil estudantes de gradu-

Experiências compartilhadasfavorecem expansão das Ifes

A preocupação comobras de infra-estrutura queacompanham ocrescimentoacadêmico provocadopelo Reuni foi o focodo evento, que contoucom a participação derepresentantes dediversasuniversidadesbrasileiras

ação e 2 mil estudantes depós-graduação. No primeiroano de aplicação do Reuni, aexpansão significará mais1.200 vagas, em 25 novoscursos. Esse número devedobrar ao final do programa,que compreende um prazo decinco anos. O reitor da UFG,Edward Madureira Brasil, afir-mou estar diante de um mo-mento ímpar da educação bra-sileira: "Precisamos aumentarnosso poder de negociação einterlocução com o MEC, paracriarmos um ambiente colabo-rativo, pois esse é um desafiogigantesco".

Quanto aos recursosenvolvidos no Reuni, o secre-tário executivo do MEC, JoséHenrique Paim, tranqüilizou:"O ministro da Educação,Fernando Haddad, pediu quedeixasse claro aqui que nãofaltarão recursos, energia eapoio para atingir as metas doReuni". De acordo com JoséHenrique, o volume de recur-sos referente à etapa de 2009do Reuni, está garantido.

Banco de projetos – Os re-latos de experiências de al-gumas Ifes mostraram preo-cupações comuns, como osprazos exíguos para elabora-ção dos projetos, má quali-dade e estrutura das empre-sas de engenharia que dis-putam as licitações e redu-zido corpo técnico das uni-versidades. Sendo assim, umdos objetivos práticos doevento foi a construção deum banco de projetos quepossa ser compartilhado en-tre as Ifes, iniciativa quecriou visível polêmica entreos participantes. O coorde-nador da mesa referente ao

tema, integrante do GrupoAssessor do Reuni, RicardoSiloto, afirmou que se develevantar os prós e os contrasda questão. "Internamente,cada instituição tem uma di-versidade muito grande dedemandas, porém, tem umasignificativa similaridade en-tre elas. Há que se respeitaros contextos locais, mas mui-tas informações podem sercompartilhadas", defendeu.

Para introduzir a dis-cussão do tema, o represen-tante do Instituto de Arqui-tetos do Brasil (IAB), Lucia-no Caixeta, proferiu uma pa-lestra em que defendeu quea criação do banco de proje-tos deve ser bem discutida."Um projeto de arquiteturatem de retratar a cultura e atecnologia de um povo em de-terminado momento. Ele émuito específico e tem de serbem elaborado; temos de en-tender diferenças climáticase geológicas de cada câmpus.Não tenho resposta imedia-ta para as universidades,mas podemos achar um ca-minho", afirmou Luciano. Oconsultor do Programa dasNações Unidas para o Desen-volvimento (Pnud/Sesu/MEC), Rodrigo Ramalho Fi-lho, alertou: "O banco de pro-jetos não é impositivo, é umasolução pensada. A idéia é,dentro desse panorama na-cional, encontrar soluçõescomuns".

A idéia do banco deprojetos foi aprovada, apesarde algumas pendências ope-racionais a serem estudadasnos próximos dias por umgrupo de representantes daUFG, da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ),

da Universidade Federal doAlagoas (Ufal) e da Universi-dade de Brasília (UnB), jun-tamente com o MEC. Aindafoi pensada a elaboração deum manual de procedimen-tos em que as instituiçõesapresentem suas experiênci-as bem-sucedidas na elabo-ração de projetos, na fiscali-zação e gestão de obras e nacontratação de serviços, que,segundo a diretora da rede dedesenvolvimento de I fes,Maria Ieda Costa Diniz, de-vem servir como referênciapara as universidades supe-rarem dificuldades relaciona-das à infra-estrutura.

Para o diretor do Cen-tro de Gestão do Espaço Fí-sico (Cegef) da UFG, MarcoAntônio de Oliveira, a coope-ração técnica entre as insti-tuições é muito importante,necessária e viável. "Em casode laboratórios, por exem-plo, mesmo que não apro-veitemos o projeto todo, atroca de informações é im-portante, assim podemosadaptar projetos e aprovei-tar algumas soluções". Mar-co Antônio ressalta aindaque não se trata da simplesreplicação, mas de um co-nhecimento de outras rea-lidades e o aproveitamentodo que for possível.

O pró-reitor de Admi-nistração e Finanças da UFG,Orlando Afonso Valle do Ama-ral, explicou que esse bancode projetos deve ser dispo-nibilizado no Sistema Inte-grado de Planejamento, Or-çamento e Finanças (Simec).Segundo ele, o compartilha-mento das experiências re-latadas na reunião técnicaapontou soluções criativas,

como o edital apresentadopelo diretor do Cegef/UFG,sobre licitação no modelo "re-gistro de preços", para con-tratação de serviços de arqui-tetura e engenharia. "Váriasuniversidades se interessa-ram, pela possibilidade maisrápida de contratação de ser-viços", argumentou Orlando.

Despertou também ointeresse do pró-reitor o en-tendimento do representan-te da Caixa Econômica Fede-ral de que as construções nasIfes têm algumas especifici-dades. Segundo Orlando, osvalores do Sinape, seguidoscomo referência de preçospela UFG por obrigação doTribunal de Contas da União(TCU), não podem ser a últi-ma palavra como preços paraas obras, por não contempla-rem alguns detalhes carac-terísticos das universidades."Foram vislumbradas diver-sas saídas, que certamenteserão úteis", analisou Orlan-do Valle.

Reuni na UFG – De acordocom Orlando Valle, os recur-sos referentes à execução doReuni na UFG em 2008 jáestão na universidade. Cer-ca de R$ 2 milhões, destina-dos à compra de equipamen-tos, já estão sendo empe-nhados. Porém, a elaboraçãode projetos é uma etapa de-morada. "Em primeiro lugar,a definição do que construiré dialogada com as unidades.Depois, a contratação de pro-jetos de arquitetura, enge-nharia e os complementares,referentes às redes hidráu-lica e elétrica, por exemplo,e ainda a fase das licitações,demandam muito tempo",explicou o pró-reitor.

Conforme explica Or-lando Valle, os recursos des-tinados pelo Reuni para de-terminado ano de exercícionão podem ser transferidospara o próximo, daí a preo-cupação dos dirigentes dasIfes com os prazos estabele-cidos. Ele garante que a si-tuação da UFG é tranqüila.As obras previstas para esteano, um segundo prédio nosmoldes do Centro de Aulas ea Casa do Estudante, ambosno Câmpus Samambaia, e acontinuação do Centro deAulas do câmpus I, com aconstrução de quatro pavi-mentos de salas de aula, jáestão em l icitação. Para2009, o problema dos prazosserá amenizado porque oMEC permitirá a transferên-cia de valores de um ano parao outro. Na UFG, algumasdas obras previstas para opróximo ano são as constru-ções dos prédios do Institu-to de Matemática e Estatís-tica (IME), de Informática,Letras, auditórios e outrobloco de salas de aula.

Fotos: C

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Reitores,vice-reitores,pró-reitores deplanejamento ediretores dosdepartamentos degestão do espaçofísico, além dearquitetos eengenheiros dediversas Ifesparciparam doencontro

II REUNIÃO TÉCNICA DO REUNI

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6 MESA-REDONDA Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

A quem interessa a refor-ma da ortografia da LínguaPortuguesa? Por que essa re-forma?

Sebastião – A reforma temuma série de questões pontu-ais. Primeiro, interessa, sim,que a escrita seja menos caóti-ca que a língua falada. Essa re-forma – e acordo, porque não ésó uma reforma, mas um acor-do entre muitas lateralidades –tem uma perspectiva mais polí-tica do que tiveram as anterio-res, justamente porque visa fa-cilitar a circulação de veículosescritos, entre as nações de lín-gua portuguesa. O princípiopositivo é esse. Há o princípionegativo, da coerção que essesmecanismos vão exercer quan-do se colocar a questão da in-fluência cultural do Brasil e dePortugal sobre os outros paísesde língua portuguesa. Isso vaiprovocar uma interferência mai-or desses países. É por isso acrítica das minorias de línguaportuguesa [ao acordo], porqueinteressa aos países economi-camente dominantes. Então, aquem interessa? Interessa, porexemplo, ao industrial brasilei-ro que tem interesse no merca-do de língua portuguesa nospaíses africanos.

Tânia – E o segundo do-mínio, dentro do lingüístico,seria o da escrita sobre a orali-dade. Mais uma vez, a normati-zação escrita conduz à oralida-de ou se sobrepõe a ela.

Kátia – Essa reforma ser-ve para mostrar como a línguaou a forma escrita da língua éuma construção elaborada. Nãoé algo inerente à língua. Depen-de de certas condições para queeu use ou não. Como as novastecnologias, em que o uso é dife-rente, mas adequado àquele lu-gar e ao tipo de relação estabele-cido nele. Por exemplo, com ainternet, as pessoas questionamse isso vai modificar a língua. Ouso acaba sendo imposto pela ve-locidade e rapidez dessas novastecnologias, mas não significaque se vá usar aquele jeito emtodos os lugares. Na internet,

aquela é a melhor forma encon-trada, o que não significa quese vá fazer isso em um artigo,por exemplo.

Tânia – Se pensarmos emhistória da escrita, a históriada norma ortográfica é muitonova. Então, casos como "liqui-dificador" em vez de "liqüidifi-cador", sustentados pela escri-ta, de repente serão mais livrese a variação vai aumentar epode haver uma mudança lin-güística. Mas são casos bempontuais.

Sebastião – Eu não acre-dito em uma interferência nafala. É lógico que existe a possi-bilidade de, a longo prazo, umamudança dessa natureza ser as-similada pela fala. Então, nós va-mos passar a falar "linguiça".

Tânia – Não, "linguiça"não creio. Mas as variações fi-cam mais livres.

Sebastião – É! Ficam maislivres, mas, o vocabulário por-tuguês, por exemplo, mesmoque eles deixem de colocar os"c", ou fique alguma coisa que

eles não permitam, isso não in-terfere no processo de desenvol-vimento da língua. Ela vai con-tinuar sendo independente. Areforma é um mecanismo secun-dário, que tem uma finalidade po-lítica. Em última instância, es-tamos vendo uma ação política,uma tentativa de coibir o avançode outros conglomerados nacio-nais, uma resistência lingüísti-ca. Pensando positivamente, asnações de língua portuguesa es-tão se juntando para se defen-der, mas, no final da história,isso tem pouco efeito, porque avontade que predomina é a von-tade cultural e ela é coletiva einstitui-se pelos mecanismos detroca de informação. Isso nin-guém pode controlar.

O senhor falou que a re-forma interessa à indústria.Qual indústria?

Sebastião – O comérciointernacional. Quando o Brasilpropôs essa reforma, pensavaem uma afinidade comercialentre as nações de língua por-tuguesa, para que se pudessefazer comércio internacional emcomunidades de língua portu-guesa sem usar o inglês ou ou-

tras línguas. A primeira inten-ção foi essa, começou com oscongressos de nações de línguaportuguesa. Eu digo que inte-ressa à indústria brasileira,porque, dos países de línguaportuguesa, a nação economi-camente dominante é o Brasil.

Vânia – Na verdade, po-demos pensar que há uma in-fluência econômica forte, o Bra-sil como um país em ascensãoeconômica. E isso vai se refle-tir em vários aspectos da vidasocial. Recentemente, no con-gresso da Associação Nacionalde Pós-Graduação em Letras eLingüística, a orientação foi queos projetos se voltem para amacroestrutura, que não sejamtão verticalizados, e sim proje-tos para diminuir o analfabetis-mo, olhar a sociedade como umtodo. Creio que medidas comoessa vêm implementar a visãodo fortalecimento do Brasil, in-clusive a partir dos usos da lín-gua, nesse caso, via escrita.

A propósito da relaçãodos falantes com a língua, porque as pessoas têm tanto medoda língua portuguesa? É omedo de errar? Mas parece queo medo de errar é maior aoescrever do que ao falar.

Vânia – Essa visão de quea escrita representa a língua deuma sociedade é muito forte-mente veiculada na escola. Nos-sa formação escolar em línguaportuguesa é voltada para a es-crita, a modalidade oral é dei-xada em segundo plano. Issotem um reflexo tão forte, que osalunos chegam aqui achandoque a sua língua é a que estána gramática normativa, a quelhes foi ensinada nos compên-dios de gramática. Então, nóspassamos o curso inteiro ensi-nando as condições sociohis-tórico-ideológicas que dizem res-peito ao uso da língua, que afala e a escrita são modalida-des de uma língua, que a escri-ta é uma tentativa de represen-tação dessa fala, que identificaum povo, que identifica umahistória, sua origem, seus con-tatos. É ideologicamente muitoforte essa visão de que a línguaescrita é a nossa língua e que,por isso mesmo, todos têm aobrigação de "saber escrever" eo cidadão que não domina essaescrita tem uma competêncialingüística inferior.

Kátia – Há o problema daidentidade também, a constru-ção da identidade do sujeito.Existe o medo de ser identifi-cado com uma modalidade quenão é bem vista, que não é acei-ta. Isso está ligado a uma con-cepção de linguagem como ex-pressão do pensamento. Ao es-crever, estou expressando umpensamento e se não domino anorma padrão, meu pensamen-to é torto, é errado. Daí, essemedo de ser identificado comoquem não domina, que é anal-fabeto, ou que não é capaz deproduzir um texto. Talvez o pro-blema esteja no ensino, quan-do o professor não mostra aspossibilidades das vozes pre-sentes no texto, porque o queimporta são as vozes que ele mo-biliza, do narrador, do locutor,do personagem. Se o narradorfor um caipira, vai ficar incoe-rente se o autor usar uma lin-guagem toda rebuscada, dentroda norma padrão. Acho que fal-ta esse exercício, de saber quenós como sujeitos falantes, nãofalamos como um indivíduo decarne e osso, mas assumindocertos papéis e certas posições.E que as circunstâncias é quenos obrigam a usar certa moda-lidade ou outra.

Vânia – O mundo em quenós vivemos é governado pelaescrita, de uma maneira ou deoutra, ainda que seja de formavirtual. A modalidade que estáno Orkut, no MSN, é uma mo-dalidade que transita entre afala e a escrita, mas os códigossão da escrita. Há uma tentati-va de reproduzir, extremamen-te heterogênea, mas o imedia-tismo da língua falada é irrecu-perável pela escrita. A línguafalada é atual. Isso que estáacontecendo aqui, só vai acon-tecer aqui, mesmo que se trans-creva, já vai ser outra modali-dade de língua, outra situaçãoem que esse conteúdo vai seapresentar. Então, entendemosa necessidade do domínio datécnica da escrita, mas, em ter-mos de formação cidadã, de re-conhecimento dessa identida-de, é fundamental o aluno sa-ber o que é a fala, o que sua falarepresenta. Não só o nosso alu-no, mas todas as pessoas pre-cisam saber que a fala é o mododo homem se mostrar, o mododele se apresentar para o seusemelhante, já que é na intera-

ção que ela acontece, que elase faz e que ela muda também.

Para sintetizar, a escritatem como referência a normaculta. O medo de errar seria,então, por isso?

Vânia – É aquilo que énormatizado e está nos manu-ais, regras de bom uso da es-crita.

Sebastião – A fala, emgeral, ocorre em situações depouca repressão, de pouca co-erção do modelo, enquanto aescrita é sempre sob a coerçãodo modelo. Em geral, está mui-to ligada à escola, que é muitocoerciva no Brasil.

Kátia – A escola tem deaprender a mostrar também quehá momentos em que a escritaligada à norma padrão não ser-ve para aquele texto.

Sebastião – Na situaçãode ter de ensinar a língua, osprofessores adotam o modelotradicional que, em tese, dácerto.

Vânia – E, conseqüente-mente, o processo de ensino ésimplificado. É muito compli-cado fazer todo um processo deprodução de texto.

Kátia – Com gêneros detextos variados, de ver como osefeitos de sentido podem serconstruídos naquele determina-do gênero. A língua tem de sermobilizada, os fatos lingüísticosdevem ser mobilizados, masnem sempre da mesma forma,então não tem regra gramaticalque dê conta disso. Mesmo naescrita. É só ver um jornal, sevocê pega uma seção de artigosde opinião, por exemplo, o autorpode se livrar de certas coerçõesda gramática para produzir efei-tos, que só são bons porque fo-gem dessa coerção e funcionamnaquele momento. Está ligado aum problema político que estáacontecendo, ideológico, à críti-ca que ele quer fazer. Para o pro-fessor, é muito mais fácil ter umaverdade definitiva, como se, emtodos os lugares, a língua se ma-nifestasse da mesma forma. Ovestibular da UFG, desde 2003,propõe a redação a partir de gê-neros variados. Antes dessa pro-posta, os professores de cursi-nho tentavam adivinhar qual erao tema e aquele que adivinhas-se, no ano seguinte, sua escolaficava lotada de alunos. Vemosagora a tentativa dos professo-

Os professores VâniaCasseb Galvão, Kátia Me-nezes de Sousa, TâniaRezende Santos e Se-bastião Elias Milani, doDepartamento de Estu-dos Lin-güísticose Literá-r ios , daFaculda-de de Letras, foram osentrevistados da mesa-redonda desta edição. Areforma ortográfica daLíngua Portuguesa, a re-lação dos falantes com alíngua, o medo da escri-ta, a formação universi-tária e a questão da lei-tura foram alguns dostemas discutidos.

Por: Silvana Coleta,Silvânia Lima eLutiane Portílho

Sebastião Elias Milani

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Língua PortuguesaProfessores debatem reforma ortográfica, formação

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7MESA-REDONDA Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

res de adivinhar não mais otema, mas os gêneros que vãocair no próximo vestibular.Então, toda tentativa de fugirdos modelos, de fugir de regrasjá estabelecidas, tem uma resis-tência. É uma concepção, que

está ligada à tendência behavi-orista de querer a segurançade um modelo, o aluno quer e oprofessor propõe. Tudo o que sefala no curso, ele diz "ah, en-tão a regra é essa?". Ele já querconceituar, já quer definir, jáquer regularizar.

Tânia – Há, ainda, a faltade autonomia, de independên-cia intelectual. Parece que aescola não prepara o aluno paraser autônomo. Quando ela dáum modelo, está quase dizendoque ele não é capaz de se virarem uma situação diferente. Euquero voltar e ligar isso com aquestão do medo da língua, por-que acho que tudo resulta deuma construção sociohistórica.Um filólogo brasileiro, Glads-tone Chaves de Melo, diz que,quando a língua portuguesa veiopara o Brasil, chegou como umalíngua de cultura, de escrita li-terária, e, aqui, negros e índi-os falaram muito mal e degene-raram a língua. Então, se nosreportamos a um contexto deBrasil colonial, quem ia à es-cola? Quem lia e quem escre-via? Quem não ia, quem não liae quem não escrevia? Qual é acamada da população que, nes-te momento, não lê, não escre-ve e "fala mal" a língua de cul-tura? A partir desse momento,está-se formando no povo bra-

sileiro o medo da língua. Se eunão sei falar, eu não vou falar,vou me calar, porque eu tenhomedo. Isso me reporta à minhaclasse sociocultural. Quando eufalo, você sabe se eu sou ne-gra, índia, pobre, branca. En-tão, vão me reconhecer e eu voume esconder, vou me calar. Co-meça a nascer esse medo que obrasileiro tem da língua. Não sóna escrita. Na escrita é maisagudo, mas não só nela. Essemedo é histórico. Há uns doisanos, acompanho um discurso,alimentado na mídia, que o bra-sileiro não sabe falar, não sabeescrever, que ele não conhecesua língua, os estudantes doEnsino Médio terminam os es-tudos sem saber escrever, o de-sempenho do Brasil é o pior.Então, vemos até crianças re-produzindo esse discurso. Háum discurso construído, insti-tucionalizado, oficializado. Se

não desconstruirmos esse dis-curso, não há prática que dêconta dessa auto-estima rebai-xada, dessa insegurança, des-sa falta de autonomia.

Kátia – Nós temos um dis-curso derrotista.

Tânia – Isso! Discursoderrotista, é uma boa definição.Esse discurso alimenta a bai-xa-estima do aluno. Antes deser aluno, é um ser humano,social, cultural e histórico.

Kátia – Pensando bem, asolução é simples. Mas, talcomo há o discurso derrotista,há também os salvadores dapátria, que inventam fórmulasmirabolantes para fazer comque o menino escreva, fale bem.A solução é: ler, ler e escrever.É o que menos se faz na esco-la, que fica trabalhando comfórmulas, com regras, tentan-do prever modelos. Perda detempo, porque deveria ler. É pormeio da leitura que eu posso teracesso ao que dizer, porque eunão sou o centro do conheci-mento, não existe uma inspi-ração divina que vá me ajudar.O que eu penso, minha mente,é tudo constituído. Interação éjustamente isso, a relação en-tre os enunciados. A leitura pro-porciona o ter o que dizer. Paraeu ter o que dizer sobre algo,eu tenho de ter visto, lido, ou-vido falar sobre. Então, a leitu-ra ainda é uma das melhoresformas de assimilar as formasde dizer, as estratégias paradizer em cada lugar, e a escolaacha que perde tempo se for en-sinar a ler. E escrever, porquenão tem outra forma de apren-der se não for escrevendo. Es-crever não é só escrever, ficarpronto, avaliar, fazer uma boli-nha e colocar no lixo. O textoé para eu voltar e reformular,porque esse é o exercício daescrita. Se não ficou bom, eutenho de fazer alguma coisa,abastecer de mais conhecimen-tos, reflexões, e voltar para es-crever novamente o texto.

Mas a escola que está láfora permite essa volta, essareescrita, essa retomada?

Kátia – A escola já foi acu-sada de um excesso de disci-plinarização, que era a escola-fábrica. Hoje, temos a escola-empresa. Ela é uma empresa.O aluno, o pai e a mãe são cli-entes, porque há toda uma ofer-ta, não só de metodologias, masde um tratamento vip, com con-forto, playground, psicologia.Então, a escola é lugar paratudo, menos para o conheci-mento. Isso temos de passar aquestionar. Há empresas, in-dústrias, que oferecem serviçospara escola-empresa: materialdidático, treinamento para osprofessores, móveis, tudo nomesmo pacote.

Vânia – Na verdade, umaeducação humanista ficou paratrás, se é que se tinha isso comoum ideal, uma escola que for-ma um homem voltado para acomplexidade, para a diversi-dade. Essa fala da Kátia vem aoencontro de um anseio que aspessoas têm, mas nem perce-

bem. Só vemos as pessoas re-clamando que a mensalidadeestá muito pesada, que ensinarum filho não é fácil, que exigeum investimento altíssimo. Masaquela visão de um homem queteria de ter alguma formação na

história dele mesmo, do seulugar, saber o porquê do conhe-cimento, ficou em algum lugardo passado.

Sebastião – Estamos indopara um caminho de verdade,que não atende a realidade quea escola enfrenta. Esse é o nos-so ideal, é aquilo que tentamosfazer aqui, em condições muitoespecíficas. A escola de foraestá em um meio socioeconômi-co, que demanda dela uma res-posta a certas requisições, acertos elementos sociais que de-terminam o comportamento detudo. Então, mesmo que nósnão queiramos aceitar, ainda sequer um indivíduo que apertaparafuso, que não pode sermuito pensante, porque ele setornaria um grave problemapara a sociedade. Essa escola,que adoraríamos que existisse,seria, no final da história, umgrande problema para uma so-ciedade que é pautada pela cor-rupção de valores morais, soci-ais, de direitos humanos. Essecaminho é para onde devere-mos ir. A escola responde aesse estímulo, ao estímulo daindústria que está na esquina,do comércio que está no shop-ping. Ela responde muito maisrápido a isso do que a nós. Eeu não tenho dúvida de que umdia nós chegaremos a uma es-trutura que tenha no indivíduoque sai da escola alguém comcaracterísticas de humanidade.Na verdade, espera-se que eleseja muito mais um caixote deinformações prontas.

Tânia – Eu vejo um con-tra-senso quando você fala dademanda da indústria, do co-mércio, por esse ser não pen-sante, não preparado, porqueesses segmentos estão se quei-xando de não ter mão-de-obraqualificada, no mínimo, umapessoa que saiba redigir umacarta, que têm de buscar fora,porque ninguém sabe, que issoestá travando o desenvolvimen-to econômico do país...

Sebastião – Será que acre-ditamos nesse discurso?

Tânia – Eu acredito. Euacho que é real.

Vânia – Desenvolvimentonão é só aumento do poder decompra, ele passa por uma qua-lidade de formação básica. Oque eu vejo na nossa realidadeé que formamos o profissionale aqueles que conseguem rom-per essas barreiras vão além.

Não faltaria, na formaçãouniversitária, um pouco deformação empresarial?

Vânia – O professor empre-endedor, já que essa expressãoestá na moda, é difícil sair da-qui. É aquela história: se vocênão pode vencer o sistema, alie-se a ele. Já que o sistema estáaí, é um sistema robusto, pode-se pensar a longo prazo também,porque, de fato, o aluno não sai

preparado, ele sai para prestarum concurso, para ser emprega-do. E uma visão empreendedorae humanista faz toda a diferen-ça. Seria uma implementaçãodessa proposta que está em vi-gor atualmente. O sistema edu-

cacional é gigantesco, multifa-cetado. Acho que uma mesa-re-donda nos dá poucas condições

para refletir sobre isso, de ma-neira mais elaborada, porque otema é muito sério.

Vamos retomar a ques-tão da leitura. Por que se lêtão pouco e por que, às ve-zes, as escolas recebem leito-res e acabam transformando-os em não leitores?

Kátia – Pois é. Vemospesquisas sobre venda de livrose a estatística está sempre au-mentando. Mas ainda fica aquestão de que o aluno lê pou-co, o professor lê pouco. Outracoisa é ter autonomia como lei-tor, comprar um livro e ler, enão querer saber da crítica lite-rária ou se tinha de ler algo an-tes. Simplesmente tinha de sedescomplicar o ato da leitura,como algo simples, rotineiro,como comprar um jornal, fazeruma leitura literária. E a esco-la às vezes mata esse gosto ouacaba formando um leitor dife-rente, porque há a leitura queé estudo mesmo e há a leituradescontraída, que seria da lite-ratura. Na escola, vira objeto de

ensino, conteúdo escolar e, decerta forma, um castigo, porqueo aluno tem tarefas, tem decumprir o que for proposto. Enão é ler por ler. Teria de mu-dar toda a visão de literaturaatrelada à escola, ela deveriaestar na prática cotidiana dasfamílias.

Tânia – Mas aí voltamos aum ponto que já foi discutido:quem é que lê? Voltamos à for-

mação da sociedade caipira. Leré coisa de desocupado, de quemnão trabalha. Trabalho é servi-ço braçal, atividade intelectualnão é trabalho. Ler é para quemnão tem o que fazer, está namentalidade. Então, a famílianão vai estimular a leitura, por-que vai tirar o menino de umaatividade séria, de se susten-tar, de ser macho.

Sebastião – Eu acho queo brasileiro não lê pouco, elenão é ensinado a ler, é diferen-te. Avaliar o povo por essa pers-pectiva transforma-o no gran-de responsável por isso. A res-ponsabilidade está acima do lei-tor. Ele não é responsável pelabaixa leitura. É verdade quemuitos não se interessam, masa escola desestimula a leitura,porque ela tem um programa acumprir. Por outro lado, por queuma pessoa vai ficar sentadalendo um livro, se ela pode fi-car no computador e ler outrascoisas? Ou por que ler o livro,se pode ver o filme?

Tânia – Quando se dizque o brasileiro não lê, é issomesmo, não adianta querer irpor outros caminhos. É isso,principalmente a literatura con-siderada clássica.

Sebastião – Eu vejo issocomo um reflexo e um processode refração mesmo. O brasilei-ro não se interessa em ler essetipo de coisa, porque não temutilidade fora do contexto aca-dêmico. Por que meu vizinho,vendedor de seguro saúde, fi-caria lendo Camões? O negóciodele é ler manual de remédio.

Kátia – Mas aí entra a es-cola, que tem de mostrar qual éo papel da leitura literária paraum vendedor de seguro, ou umabalconista, ou um carteiro. Éuma questão de humanização. Eunão vejo a universidade só paraformar mão-de-obra. A escola temde mostrar esse papel da litera-tura fora dessa demanda tão uti-litarista. É difícil, sim, mas ain-da existe um lugar para o mági-co, para o imaginário, para a ca-pacidade de figurativizar os te-mas tão maçantes do cotidiano.E ver outras possibilidades defalar outras coisas.

Sebastião – Eu acho quea solução é essa. Para tentarmodificar, não temos outra saí-da, temos de tentar buscar essenovo indivíduo. Em termos dediscurso mais amplo, pode serque isso ocorra, sim, um dis-curso mais humano, ecológico,centrado na não-destruição, narevisão do sujeito. Mas, na nos-sa escola, precisamos ver duasrealidades, uma utópica, quebusca a modificação e uma queestá preocupada em ganhar di-nheiro, em reproduzir o proces-so, em continuar dominando omercado. Eu acho que essa es-cola ainda vai dominar pormuito tempo, porque nossa so-ciedade não está nem perto dechegar a essa outra hipótese.

Kátia – A primeira coisaque o menino tem de aprenderna escola é fazer a escolha doque ele vai ler. Porque ele temde descobrir o gênero de quegosta, o estilo de que gosta, umautor preferido e não é comimposição, mas com o experi-mento de obras, de ler aquelaque uma outra pessoa disseque é boa, funciona assim. Enão é tão difícil.

Tânia Rezende

Kátia Menezes

Vânia Casseb

universitária e prática de leitura e escrita

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Ana Flávia Alberton eAna Paula Vieira

ma das linhas depesquisa mais anti-gas do Museu Antro-

pológico (MA) da Universida-de Federal de Goiás (UFG) éa Arqueologia, que existedesde 1975, quando, em ra-zão da carência de profissi-onais da área, a UFG firmouconvênio com o Museu Pau-lista, da Universidade deSão Paulo (USP).

Em 1995, a UFG foichamada para realizar es-tudo arqueológico na áreade construção da Usina Hi-drelétrica de Serra daMesa, no município de Mi-naçu. Diante da necessi-dade de desenvolver o es-tudo da área, de 1784 km²,em três anos, foi estrutu-rado o Laboratório de Ar-queologia, com espaço paraa reserva técnica e o pro-cessamento do materialarqueológico. Entre 1995 e1998, por meio da parceriacom Furnas, o laboratórioficou instituído e funcionaaté hoje no prédio do MA,na Praça Universitária.Segundo a diretora do Mu-seu Antropológico da UFG,Nei Clara de Lima, atual-mente o laboratório temuma importância ímpar,pois o conhecimento ar-queológico contribui para oconhecimento antropológi-co e histórico das popula-ções que nos antecederame, por certo, deixaram le-gados importantes para aspopulações atuais. “Co-nhecer os modos de vidadessas populações e reco-nhecer esses legadosatravés da pesquisa ar-queológica é uma tarefaque as universidades nãopodem neglicenciar”, afir-mou a professora.

Na época, 300m² fo-ram destinados à constru-ção do laboratório, com aadaptação de outros 300m²para a reserva técnica. To-talmente informatizado, olaboratório conta com re-cursos para tratamento dedocumentos videográficos,cartográficos e fotográficos,microscópio, balança ele-trônica, balança de preci-são, mesa digitalizadora eGPS. A estrutura física per-mitiu outras parcerias e odesenvolvimento de diver-sos projetos, como o estu-do das áreas das hidrelé-

As atividadesarqueológicasdesenvolvidas pelaUFG contemplamensino, pesquisa eextensão

tricas de Canabrava, SãoSalvador, Corumbá III e IV,todas em Goiás. Essa de-manda tem origem na exi-gência da lei brasileira,que prevê a realização deestudos arqueológicos paraminimizar o impacto nasáreas em que haverá in-terferência no subsolo,pois, segundo a coordena-dora do laboratório de Ar-queologia, Dilamar Cândi-da Martins, nesses lugareshá sít ios arqueológicosimplantados.

Como a UFG tem atu-ado principalmente emáreas onde serão constru-ídas hidrelétricas, a práti-ca mais utilizada é a ar-queologia de salvamento.Porém, segundo a coorde-nadora do laboratório, nãohá grande diferença entrea arqueologia de salva-mento e a arqueologia ro-tineira, realizada na aca-demia. "Não há nenhumadiferença em termos dequalidade da pesquisa quese executa rotineiramen-te da arqueologia de salva-mento. O que vai mudar,na verdade, é o tempo e oespaço que serão definidosno contexto da obra", es-clarece Dilamar.

Experiências – Nas áreasem que são desenvolvidosos estudos arqueológicos, olaboratório busca a inclu-são de ações educativascom os moradores da re-

gião. O caso mais recentefoi durante a construção deCorumbá III, quando serealizou um curso de Edu-cação Patrimonial, comcarga-horária de 94h, vol-tado para professores dosensinos Fundamental eMédio das cem escolas darede pública de Luziânia."Pensamos como trabalhara educação patrimonial deforma tal que não fossesimplesmente o cumpri-mento da lei, mas que re-fletisse aquilo que a uni-versidade tem como papel",justificou Dilamar.

Como resultado do cur-so em Luziânia, foram pro-postos 25 projetos de educa-ção ambiental. Entre eles,a proposta de professores derealizar um trabalho com300 crianças do municípiode Maniratuba, que fica a 15km do eixo da barragem deCorumbá III. A idéia eracontar a história de Mani-ratuba por meio de um ví-deo com os seus moradores.A equipe do laboratório deArqueologia da UFG contri-buiu com o suporte técnicoe Dilamar participou da ela-boração do roteiro do vídeo,

que, em junho passado, foiexibido para a comunidadelocal, com a presença demais da metade da popula-ção. "Hoje eles querem cri-ar uma biblioteca e nós tra-balhamos para que isso seefetive e as ações tenhamcontinuidade", explicou Di-lamar.

Também há a preocu-pação do laboratório com omonitoramento de algu-mas edificações da região,recomendadas pelo Insti-tuto do Patrimônio Históri-co e Artístico Nacional(Iphan) e que ficaram fora

da área de inundação. Deacordo com Dilamar, há aintenção de restaurar umadessas construções e deci-dir com a comunidade ouso público que essa casapode ter. "Eles que vão defi-nir o que querem que fun-cione nela, nós somos so-mente o elo entre essa co-munidade e os empreende-dores, tornando viável aqui-lo que são os anseios da par-te deles", afirmou a coorde-nadora do laboratório.

Ensino e Pesquisa – O La-boratório de Arqueologia

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Ações educativas voltadas para a comunidade estão dentre as atividades do laboratório, quetambém serve de objeto de estudo acadêmico. O trabalho de campo tem trazido informações

relevantes em relação à arqueologia de Goiás com datações bastante recuadas

ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

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Laboratório deArqueologia acumula

experiências históricas

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serve ainda a diversas ati-vidades de ensino e pes-quisa na UFG. A universi-dade não oferece o curso degraduação em Arqueolo-gia, porém o curso de Ci-ências Sociais oferece asdisciplinas "Introdução àArqueologia", como núcleolivre, o que favorece a vin-da de estudantes de diver-sas áreas, e "Educação Pa-trimonial", que funcionacomo uma ação educativavoltada para a comunida-de. Como explica a profes-sora Dilamar, grande par-te da base e das experiên-cias relatadas nas aulasvem das experiências de-senvolvidas em campo pelaequipe do laboratório. A di-retora do Museu se preo-cupa com a ausência dadisciplina em caráter obri-gatório nas atuais matri-zes curriculares da UFG:“Entendo que isso terminapor não estimular estudose pesquisas nessa área deconhecimento, pelo sim-ples fato de os alunos nãoterem contato sistemáticocom a disciplina”, afirmou.

Atualmente, a equipedo laboratório é constituí-da prioritariamente deegressos de cursos da UFG,que foram estagiários du-rante a graduação e depoisse especial izaram naárea. Segundo destacouDilamar, o laboratório tam-bém serve de objeto de es-tudo acadêmico. "Todos osnossos produtos são muitobem aceitos em termos daarqueologia nacional e es-tão à disposição no acervoda biblioteca da USP, umadas universidades que ofe-rece pós-graduação em Ar-queologia, assim como nabiblioteca do MA, que tem osrelatórios de todos os traba-lhos que nós fizemos", infor-mou Dilamar. No momen-to, a equipe está investin-do na publicação de artigoscientíficos referentes aosestudos realizados.

A coordenadora do la-boratório ressaltou aindaque sempre é incluído pelomenos um estagiário nosprojetos de exploração dossítios, o que contribui paraa formação da graduaçãona UFG. Marvi FernandesRaful, aluna do 8º períododo curso de Artes Visuais,reproduz fotografias dos sí-tios e do trabalho dos ar-queólogos em campo, vi-sando a montagem de umálbum seriado para exposi-ções e esclarecimento so-bre a atuação do laborató-rio. Marvi afirma que o es-tágio é um diferencial nasua graduação. "É um de-senho mais realista, issotem me proporcionado atémaior satisfação pessoal".

Acervo – "O acervo é umpatrimônio que deve serresgatado, retirado das áre-as que serão inundadas",defende Dilamar. Além dadiretriz legal que tem queser atendida, o acervo ain-da contribui para ativida-des acadêmicas na UFG. Olaboratório propôs à Facul-dade de Artes Visuais(FAV) a montagem de umaexposição, que pudesse seritinerante, para levar a di-ferentes lugares, incluin-do onde o laboratório esti-ver trabalhando, visando aaproximação com a comu-nidade e a divulgação dotrabalho. A exposição deveocorrer ainda neste se-mestre.

De acordo com Dila-mar, as atividades de cam-po do laboratório têm tra-zido informações relevan-tes em relação à arqueolo-gia do estado, com dataçõesbastante recuadas. Entreos achados, a professoradestaca vasilhames de ce-râmica, restos esqueletaishumanos, exemplares depinturas rupestres, atéchegar às populações atu-ais, com objetos que ca-racterizam a cultura doCentro-Oeste. Na exposi-ção Lavras e Louvores,atualmente aberta noMA, há achados de 7 milanos, retirados da área daUsina Hidre lé t r ica deSerra da Mesa. "Conside-rando que o nosso climatropical torna extrema-mente difícil a conserva-ção de restos esqueletaishumanos, essa é umadata considerada recua-da", explicou Dilamar.

Atualmente estãosendo processados mate-riais datados do séculoprimeiro da nossa Era,encontrados no sudoestegoiano. Os achados são degrupos de tradição Aratu,e confirmam a existênciade aldeias com cerca de 40cabanas. Dilamar conside-ra esses exemplares rari-dades, pois só há um acha-do semelhante do Tocan-tins e outro de Santa Cruzde Goiás.

O material resgatadodurante os trabalhos decampo ganha diferentesaplicações. Além da com-posição de exposições iti-nerantes e fixas do MA,essas peças podem voltarpara a comunidade queocupa a área onde o mate-rial foi recuperado. Tal fatoocorre desde que essa co-munidade tenha um espa-ço cultural com condiçõesde manter as peças em to-tal estado de conservação.O acervo pode ser devolvi-do por completo ou em for-ma de coleções.

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10 UNIVERSIDADE Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Lutiane Portilho

onforme dados doCentro de Seleçãoda Universidade Fe-

deral de Goiás (UFG), en-tre 1998 e 2008, foramaprovadas no vestibular 14pessoas portadoras de al-guma necessidade especi-al. Foi com o objetivo deadequar o espaço físico docâmpus e melhorar as con-dições de estudo dessesalunos que a universidadefoi contemplada em doisprojetos do governo federal.

Um dos projetos é in-titulado "Criação do núcleode acessibilidade na edu-cação superior" e recebeudo Programa Incluir, doMinistério da Educação(MEC), um montante de R$120 mil. O projeto é coor-denado pela professora Dal-va Eterna Gonçalves, daPró-reitoria de Graduação(Prograd) e tem as profes-soras da Faculdade de Edu-cação, Dulce Barros de Al-meida e Maria Emília deCastro, como assessoraspedagógicas. O ProgramaIncluir visa apoiar propos-tas das Instituições Fede-rais de Ensino Superior(Ifes) que tenham comoobjetivo diminuir a discri-minação contra estudan-tes portadores de necessi-dades especiais (PNE's).

O núcleo de acessibi-lidade será um lugar comuma infra-estrutura capazde atender esses estudan-tes. A professora Dalvaconta que, para a adequa-ção desse espaço, foi ne-cessário adquirir equipa-mentos permanentes,como computadores comreprodução de voz, tecladopara computador e livrosem braile, gravador devoz, além de projetor mul-timídia e notebook. "As-sim, a universidade pode-rá auxiliar pessoas com

Núcleo garante infra-estrutura paraportadores de necessidade especial

A universidaderecebe recursos dogoverno federal paraa adequação deespaço físico e oinvestimento emoutras medidas queintegrem pessoasportadoras denecessidadesespeciais àcomunidadeacadêmica

algum tipo de deficiênciae apoiar os cursos que te-nham esses alunos, paraque eles não se sintamexcluídos", explica a coor-denadora.

De acordo com a pro-fessora Dalva, o núcleofuncionará como um espa-ço de articulação dosPNE's, de modo que os alu-nos informem suas neces-sidades, para que os cur-sos e a Prograd possam ga-rantir condições de perma-nência e aprendizagem naUFG. Outro objetivo do nú-cleo é a produção de sof-twares para criar um ban-co de dados dos estudantese, a partir desse levanta-mento, a universidade teráa possibilidade de desen-volver uma política de in-tegração desses alunos.

Outra prioridade donúcleo é o investimento nocurso de Libras e na con-tratação de intérpretes etradutores, quando for ne-cessário. A professora Dal-va explica que é necessá-rio que o projeto seja soci-alizado, envolvendo a co-munidade da UFG e, paraisso, haverá a promoção depalestras, seminários ecursos de extensão. "Nósqueremos envolver alunosde pós-graduação, professo-res da universidade compro-metidos com o tema, porquequeremos unir ensino, pes-quisa e extensão no núcleode acessibilidade", afirma acoordenadora.

Segundo a professoraDalva, o local onde funcio-nará o núcleo ainda não foidefinido, mas a expectati-va é de que os trabalhossejam iniciados até o fimdeste semestre. Há a pre-visão de que aproximada-mente 20 mil pessoas se-

rão beneficiadas com essainiciativa.

O outro projeto da UFGque recebeu uma verba deR$ 2,6 milhões do governofederal é de acessibilidadepara toda a universidade.Ele foi desenvolvido peloCentro de Gestão do Espa-ço Físico (Cegef) em parce-ria com a arquiteta LedaTeixeira Blumenschein eatende à portaria do gover-no de adequação do espaçofísico para PNE's. SegundoAna Domitila de AlmeidaMendonça, do Cegef, oprojeto privilegia a aces-s ibi l idade locomotora,"porque é uma questãoque atinge também o ido-so e outras pessoas quesão excluídas por conta debarreiras físicas".

O projeto foi apresen-tado e aprovado em 2007 ea verba foi recebida esteano. De acordo com AnaDomitila, algumas exigên-cias que estavam no planode trabalho já foram aten-didas, como, por exemplo,reformas no bloco B da En-genharia. Nessa reforma,construíram o local do ele-vador de acessibilidade,mas Ana Domitila conta

que foi difícil encontrar olugar, porque poderia com-prometer uma sala deaula. Foi necessário usaro espaço dos banheiros,mexendo em sua estrutu-ra interna. Com isso, osportadores de necessidadefísica terão um banheiroespecífico, com as dimen-sões adequadas à norma,lavatório adaptado e o vasosanitário com as barras la-terais. "Depois de uma pa-lestra que tivemos noCrea, vimos que tínhamosde levantar o lavatório,para que o estudante pu-desse encaixar suas per-nas embaixo e inclinar osespelhos para que ele ti-vesse uma visão mais am-pla", afirma.

Segundo Ana Domiti-la, todas as obras e refor-mas que estão sendo fei-tas na UFG estão de acor-do com a norma de acessi-bilidade, já que todas asunidades têm de ser ade-quadas para os PNE's. Elaconta que a idéia é de quea pessoa que é portadora denecessidade especial pos-sa ter acesso à universi-dade inteira. "Às vezes, hácaso em que não há sani-

tário em cada pavimento,mas ele terá acesso a umsanitário na parte inferiordo prédio, porque nós va-mos construir rampas",explica.

Para os campi do inte-rior ainda não existe umprojeto de reforma queatenda à exigência do go-verno federal, mas os pré-dios que estão sendo pro-jetados já são adequadosàs normas.

Beneficiado – DouglasJeremias Martins Gonçal-ves será um dos favoreci-dos com as verbas que auniversidade recebeu. Eleé aluno do 2º período deCiências Sociais e sofre dedistrofia muscular progres-siva de Duchenne, umadoença degenerativa celu-lar que enfraquece os mús-culos do corpo e, em fasemais adiantada, impede oindivíduo de andar. Eleafirma que sempre contoucom a solidariedade dosalunos e funcionários daFaculdade de Ciências Hu-manas e Filosofia (FCHF)para permanecer no curso,além da ajuda de sua mãe,que o leva e busca todos osdias no câmpus II da uni-versidade.

O estudante afirmaque a UFG precisa de pro-jetos como esses, porque,segundo ele, os obstáculossão inúmeros e a estrutu-ra da universidade paraatender essas pessoas émínima. Douglas explicaque isso é um reflexo domodo como a sociedade tra-ta o deficiente físico. "Apopulação de pessoas comalgum tipo de deficiênciano Brasil é enorme, masnem sempre temos os nos-sos direitos atendidos",alega.

Douglas explica queos PNE's precisam de maisatenção do poder público,que, na maioria das vezes,não se preocupa com asreivindicações feitas paraeles. O estudante se dizsatisfeito com as verbasrecebidas pela universida-de, pois elas podem ajudara melhorar as condições deestudo e permanência dosalunos na universidade."Se esse dinheiro for bemdistribuído e bem admi-nistrado, os deficientesfísicos, visuais e auditi-vos da UFG terão conquis-tado uma grande vitória",finaliza.

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Acessibilidade

O objetivo das ações implementadas pela UFG é garantircondições adequadas de permanência aos PNE’s

Projeto que recebeu recurso do governo federal prevê obras paraacessibilidade em toda a universidade

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11VIDA ACADÊMICA Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Ana Flávia Alberton

o dia 11 de agosto,comemorou-se oDia do advogado e do

estudante de Direito. Alémdisso, foi o primeiro dia le-tivo do segundo semestrena Universidade Federalde Goiás (UFG). Por essemotivo, a Faculdade de Di-reito escolheu a data parainaugurar as reformasefetuadas no prédio du-rante o primeiro semes-tre deste ano. O eventodeu início a uma série deatividades realizadas emcomemoração aos 110anos da criação da Facul-dade de Direito.

O andar superior,composto por diversas sa-las e pelo Salão Nobre dafaculdade, foi completa-mente reformado. Tam-bém foi inaugurada a re-forma do espaço Casa doVadinho e o painel Jardimdos girassóis, no Centro deConvivência do prédio. Opainel é uma homenagema Elizabeth Parente, poisela cultivava girassóis epregava menos concreto emais flores na faculdade.Outras pequenas modifica-ções foram feitas, como areforma do piso da frente.Os bustos que homenagei-am Ruy Barbosa, o profes-sor Paulo Torminn Borgese Clóvis Beviláqua, foramcolocados próximos à en-trada do prédio.

O diretor da Faculda-de de Direito, Eriberto Ma-rin, explicou que a refor-ma é de grande importân-cia para toda a faculdade eera uma reivindicação an-tiga. "As reformas têm oobjetivo de resgatar ainfra-estrutura da faculda-de e o benefício será daspessoas que convivem, tra-balham e estudam nesteespaço". O reitor da UFG,Edward Madureira Brasil,afirmou que a etapa deconstrução de novos espa-ços na universidade só co-meçou. "As obras fazemparte do resgate das insti-tuições brasileiras de en-sino. Nós estamos nos re-

Faculdade de Direito inaugura reformaA melhora no espaçofísico da unidade erareivindicação antiga ebeneficia diretamentealunos, professores etécnicosadministrativos

organizando e dando pas-sos firmes para esse cres-cimento. O apoio e o tra-balho em grupo são funda-mentais", explicou Edward.

O vice-reitor e profes-sor da Faculdade de Direi-to, Benedito Ferreira Mar-ques, ministrou uma aulainaugural, no Salão Nobredo prédio. Benedito tratou,em seu discurso poético eemocionado, da história daFaculdade de Direito e de-monstrou preocupaçõesacerca da formação dos pro-fissionais da área, mani-festo, de maneira geral, nobaixo índice de aprovaçãono exame da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB).O vice-reitor também des-tacou a importância de to-dos os diretores que já pas-saram pela unidade naconstrução do curso de Di-reito da UFG.

Um pouco de história – AFaculdade de Direito da

UFG foi a quinta Faculda-de de Direito a ser implan-tada no Brasil. Ela foi ins-tituída em 1898 e instala-da em 1903, com o nomede Academia de Direito deGoiás. A faculdade funcio-nou até 1909, quando foifechada provisoriamentepelo governo estadual, sen-do reaberta em 1920. Sóem 1937 ela foi transferi-da para Goiânia e foi fede-ralizada em 1959, sendoincorporada à UFG no anoseguinte.

A Faculdade de Direi-to mantém, hoje, um cur-so noturno de extensão naCidade de Goiás, por inter-médio de convênio firma-do entre a UFG e a prefei-tura do município. Sãocerca de 300 alunos degraduação. É em Goiásque também funciona aturma especial de gradu-ação para os beneficiári-os da reforma agrária e daPolítica Nacional de Agri-

cultura Familiar e Empre-endimentos Famil iaresRurais.

O presente e as perspec-tivas – Em Goiânia, no pré-dio localizado na Praça Uni-versitária, estudam, emmédia, 600 alunos de gra-duação, divididos em cin-co turmas no período ma-tutino e outras cinco nonoturno. A Faculdade deDireito oferece tambémpós-graduação. São dez cur-sos de especialização - Cri-minologia, Direito Agrário,Direito Civil, Direito Cons-titucional, Direito e Pro-cesso do Trabalho, DireitoPenal, Direito ProcessualCivil, Direito ProcessualPenal e Direito Internaci-onal -, e o mestrado, que,no momento, passa poruma reestruturação totalpor motivos operacionais.

No momento, são, apro-ximadamente, 450 alunosde pós-graduação. "Além

das especial izações jáexistentes, deve ser cria-da a especialização em Di-reito Eleitoral, em convê-nio com o Tribunal Regio-nal Eleitoral. Outras duasespecializações, CiênciasJurídicas e Direitos Cole-tivos e Difusos, estão emvias de regularização", in-formou Eriberto.

O diretor da Faculda-de de Direito explica que aunidade desenvolve diver-sos projetos de pesquisa eextensão. Na Cidade deGoiás, por exemplo, funci-ona o Balcão de Diretos,projeto de extensão queatende diversos municípi-os na área extencionistade direitos. Há também oPrograma de Direitos Hu-manos, instalado na Fa-culdade de Direito em2006 e vinculado à Pró-rei-toria de Extensão e Cultu-ra, um projeto multidisci-plinar com diversos proje-tos que envolvem o tema.

Outros projetos mere-cem destaque: o Núcleo deAssistência Jurídica Popu-lar, criado e desenvolvidopor acadêmicos da Facul-dade de Direito, e que, se-gundo Eriberto, visa de-senvolver atividades depesquisa e extensão emárea de assistência jurídi-ca popular; o Núcleo de Es-tudos e Pesquisa, que visadesenvolver a pesquisa ju-rídica; e o Grupo de Estu-dos em Direito Comparado,que tem a intenção de de-senvolver pesquisas, con-gressos e intercâmbiosem Direito Comparadocom instituições estran-geiras.

Segundo Eriberto, aimplantação do doutorado éum dos objetivos da Facul-dade de Direito. "Os proje-tos já estão sendo discuti-dos. Uma das possibilida-des seria um doutoradomultidisciplinar. Estamosanalisando a viabilidadecom a Pró-reitoria de Pes-quisa e Pós-Graduação".Outro projeto em vias deimplementação é a Ban-ca de Conciliação, vincu-lada ao Núcleo de PráticaJurídica, resultante doconvênio entre a UFG e oTribunal de Justiça, quevisa instituir uma bancade conciliação de confli-tos para atender às açõespropostas perante o 4ºJuizado Especial Cível, lo-calizado na Faculdade deDireito.

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A reforma era reivindicação antiga da unidade e beneficiará os váriosseguimentos que freqüentam o local

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12 PESQUISA Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Ana Paula Vieira

doutora em Ciências Ambientaispela Universidade Federal de Goiás(UFG), Hélida Ferreira da Cunha,

proferiu a palestra "Cupins", no dia 23 deagosto, na mostra "Darwin - descubra o ho-mem e a teoria revolucionária que mudouo mundo", promovida pelo InstitutoSangari, em parceria com a Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fa-peg), no Centro Cultural Oscar Niemeyer.Baseada em sua tese de doutorado, "Cu-pins (Isoptera), bioindicadores para con-servação do Cerrado em Goiás", Hélidafalou sobre a resistência desse tipo deinseto e defendeu que a minoria das es-pécies é praga.

Famosos "cupins de montinho", que seespalham pelos pastos característicos docerrado goiano, a espécie da ordemIsoptera é vista pela maioria como umapraga de difícil destruição. Segundo a pro-fessora Hélida, eles são insetos sociais,que se diferenciam em castas, com divi-são do trabalho e uma comunicação muitoeficiente, chamada comunicação química,que ocorre por feromônios. Os cupins ain-da constroem uma casa com sistema in-terno de controle de temperatura, umida-de e circulação de ar. "Eles são muito or-ganizados, por isso às vezes não consegui-mos vencê-los", afirmou a professora.

Praga – No mundo todo, existem cerca de2.800 espécies de cupim. No Brasil há 300espécies, das quais 150 atingem o cerra-do, e 105 delas já foram encontradas emGoiás pelo grupo de estudos da professoraHélida. O cupim é o único inseto que sealimenta de celulose, pois tem a enzimaresponsável por sua digestão, a celulase.Então, eles são conhecidos "comedores" deestruturas de madeira, livros e quaisqueroutros materiais com tal composto, o queos transforma em temíveis pragas para apopulação.

Porém, Hélida apontou que os cupinstambém se alimentam de raízes, sementes egramíneas. Sendo assim, como explica o pro-fessor da Escola de Agronomia (EA) da UFG,Paulo Marçal Fernandes, os cupins contribu-em para o equilíbrio da natureza. "Eles inici-am processo de mineralização da matéria or-gânica vegetal, que depois será aproveitada,aumentando a fertilidade do solo". Além disso,Paulo Marçal lembra que os cupins estão nabase da cadeia alimentar e por isso constitu-em um grupo muito importante.

Conforme a professora Hélida, na Améri-ca do Sul há 77 espécies de cupins que sãopragas. Dessas, 44 são pragas de construção,53 de agricultura e 15 atacam ambos os seto-

Cupins dividemopiniõesPesquisadores discutemse os insetos sãopragas ou não

res. Hélidadefende os cu-

pins, afirmandoque, dessas es-

pécies, apenas 18causam prejuízos

econômicos. PauloMarçal segue a mes-

ma linha de raciocínio: "Acredito que cerca de90% das espécies de cupim têm apenas papelbenéfico. Menos de 10% deles, em algum mo-mento, podem se comportar como praga".

O professor Paulo cita o caso dos cupinsde montinho, que, segundo ele, não danificamo capim ou causam qualquer problema para apastagem, além de ocuparem uma área insig-nificante. "É uma praga estética, trata-se maisde impressão visual do que de algum dano", ex-plica. Há mais de 15 anos ele faz um monito-ramento de cupins em lavouras de cana-de-açúcar em Goiás e disse estar chegando à con-clusão de que eles não são pragas: "Em algunscasos, já ultrapassamos uma economia de 2

milhões de dólares em cupinicidas;na maior parte das plantações jánão o usamos mais".

O professor da Escola de Enge-nharia Civil (EEC) da UFG, MagidKhouri, adverte que, na constru-ção civil, os cupins atacam a ma-deira de móveis, portais eassoalhos e causam prejuízos.De acordo com ele, uma cons-trução toda pode ser prejudica-da com o enfraquecimento dealguns elementos estruturais,e que suportam peso, feitos demadeira. Porém, Magid lembraque os cupins são rapidamen-te identificados e pode-se atu-ar no controle deles, por meioda prevenção e do monitora-mento. "Geralmente quemtrabalha nessaárea

já desenvolve a observação. Sea gente percebe algum resíduo

granulado, sabemos que é cupim",afirma Magid.

De acordo com o professor, algu-mas barreiras químicas ou físicas podem

evitar os ataques dos cupins. Por exemplo, ouso de uma canaleta de areia em volta daconstrução, o que dificulta o acesso dos in-setos; ou a pulverização das madeiras usa-das na obra com uma solução de óleo diesele óleo queimado, que, segundo Magid, é omeio mais simples e mais barato, e protegeprincipalmente as partes da madeira quetêm mais celulose.

Na construção civil, sem os devidos cui-dados, os cupins podem ser pragas. Uma pes-quisa citada pelo professor Magid mostrou que,de 1973 a 1997, o prejuízo estimado nas edifi-cações de São Paulo, causados por cupins, éde 3,5 bilhões de dólares. De acordo com ele,um dos fatores que limita o uso da madeira éa sua baixa durabilidade natural, relacionadaà celulose.

Pragas ou não, conforme a professoraHélida, os cupins despertam a curiosidade po-pular, e existem alguns "mitos" sobre os inse-tos. "Eles não atacam apenas construções ve-lhas, não têm madeira preferida e não comemconcreto, portanto, não derrubam prédios, comodizem por aí", alertou Hélida.

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13INTERIOR Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Rodrigo Vilela

inema fora do circui-to comercial, show deMPB, bossa nova e

samba. Essas foram algu-mas das atividades cultu-rais diferenciadas que mar-caram o Univercidarte rea-lizado em setembro noCâmpus de Jataí da Uni-versidade Federal de Goi-ás (UFG). Os dias 6 e 7 reu-niram estudantes, servi-dores e a comunidade paraum momento de culturaeclética.

O Univercidarte inte-gra o projeto Todos os Sons,que visa difundir em Jataígêneros musicais diferen-ciados que não fazem par-te do cotidiano local. Masartistas da região tambémtêm espaço nos eventos,com o intuito de divulgarseus trabalhos. "Com esteprojeto queremos possibi-

Rodrigo Vilela

F u n c i o n a n d ocomo porta de entradapara as demandas dosdiversos setores da so-ciedade do Câmpus deCatalão da Universi-dade Federal de Goiás(UFG) a Coordenaçãode Extensão e Cultu-ra procura abrir espa-ços para ouvir os di-versos grupos sociais.Ao longo dos anos, ocontato de um consi-derável número deprofessores do câmpuscom pequenos produ-tores rurais, famíliasde assentados, osatingidos pelas barra-gens, de grupos cultu-rais como os membrosda Irmandade de Nos-sa Senhora do Rosá-rio, os membros dasFolias de Reis, dentreoutros grupos, favore-ceu diversas iniciati-vas acadêmicas e sociais.

Professores de diver-sas partes do Brasil privi-legiam a produção do co-

O Câmpus da UFGem Jataí realizouevento cultural paraa comunidade

litar uma visão mais ricae múltipla da cultura a nos-sos alunos e à comunida-de", comenta o organizadordo evento, o professor Alí-pio Rodrigues.

Alípio ex-plica que o pro-jeto tem o obje-tivo de levaroutras possibi-lidades cultu-rais ao muni-cípio. "Estamosacostumados apensar em Ja-taí como a cida-de do som ser-tanejo, masaqui existempessoas queapreciam ou-tros ritmos,outra cultura, que tambémdevem ser prestigiados",destaca o professor.

O evento começoucom os filmes premiadoseste ano no Festival Inter-nacional de Cinema e Ví-deo Ambiental (Fica), como“Delta, o jogo sujo do petró-leo” e “Subpapéis”, amboscom temáticas que discu-

tem meio ambiente e rea-lidade social. Dando conti-nuidade à programação, oevento Noite Ilustrada co-meçou com um show demágica de Mr. Adam e, emseguida, Grace Carvalho eBanda deram um show debossa nova, samba e cho-rinho. Para fechar a noite,a dupla Bira e Marcelo

mostrou seu repertório emMPB. Quem passou pelaNoite Ilustrada tambémteve a oportunidade deapreciar o trabalho do fotó-grafo Izaltino Guimarães(Tininho). No domingo,bandas de rock locais ani-maram o evento.

A próxima edição seráno mês de outubro, com

Catalão incentiva parcerias com a comunidadeO EXPRESSIVO NÚMERO DE AÇÕES DE EXTENSÃO GARANTE PROXIMIDADE COM A SOCIEDADE

mais filmes do Fica e atra-ções musicais. Desta vez oshow musical será deAfonso Gadelha, que inte-grou, como percussionista,o grupo de Sivuca e am-pliou o seu leque de par-ceiros musicais, entre osquais se destacam o pró-prio Sivuca, Glorinha Ga-delha, Paulinho Tapajós,Cacaso e Pepeu Gomes.Muitas de suas composi-ções foram gravadas porartistas conhecidos da mú-sica popular brasileira,como Pepeu Gomes, Ame-linha, Quarteto em Cy,Terezinha de Jesus, Sivu-ca, Maria Creuza, Joana,Elba Ramalho.

mas de divulgação doconhecimento, cami-nhem junto com as di-versas ações de exten-são. Os profissionaissão auxil iados emseus propósitos de in-teração com os diver-sos segmentos da so-ciedade.

O expressivo nú-mero de ações de ex-tensão registradas, e aamplitude de proposi-ções e enfoques, refor-çam a certeza de quea indivisibilidade dostrês fundamentos, en-sino, pesquisa e exten-são, que sustentam aprodução do conheci-mento, defendida desdeos anos de 1950, é defundamental importân-cia para o processo deformação dos alunos,para a verificação res-ponsável dos elementosque compõem as basesda produção do conhe-

cimento, além de auxiliar asociedade na busca de so-luções para as várias de-mandas sociais.

nhecimento com a intera-ção e a análise da utiliza-ção social das formulaçõesteóricas, das discussões e

dos debates propiciadospelo espaço acadêmico. ACoordenação de Extensãoe Cultura trabalha para

que os diversos seminári-os, exposições, semanasacadêmicas, colóquios ci-entíficos, dentre outras for-

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Estudantes, professores e servidores movimentaram a universidade durante o evento

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Univercidarte movimenta Jataí

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14 INTERCÂMBIO Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

p r o f e s s o r aGlenda Conway,da University of

Montevallo, no Alaba-ma, esteve na UFG, noperíodo de 5 a 22 deagosto participando deatividades do programaCapes/Fipse, coorde-nado pelo professorFrancisco José Qua-resma de Figueiredo,

Professora do Alabama ministra curso na UFGda Faculdade de Le-tras da UFG. A pro-fessora ministrou ocurso Improving Stu-dents' Writing Attitu-des para os graduan-dos de Letras, alémdo Analyzing TextsRhetorically para osmestrandos e douto-randos em Letras eLingüística da UFG.

Em evento realizado na manhã do dia 27de agosto, no auditório da Faculdade de Ciên-cias Humanas e Filosofia (FCHF), a diretora derelações internacionais da Association of Uni-versities and Colleges of Canadá (AUCC), PariJohnston, falou a alunos e professores sobreas possibilidades de estudos no Canadá. Elaexplicou e falou sobre as bolsas de estudos, asparcerias entre as universidades canadensese outras instituições de ensino, os cursos maisprocurados e a experiência dos estudantes queparticipam desses intercâmbios. O evento foipromovido pela Coordenadoria de Assuntos In-ternacionais (CAI) e pela Associação Brasilei-ra de Estudos Canadenses (Abecan), com apoioda Embaixada do Canadá.

Oportunidades deestudo no Canadá

Nos dias 1 e 2 desetembro foi realizadoo Colóquio Geopoéticadas Alteridades, noauditório da Faculdadede Letras. A represen-tatividade das popula-ções autóctones/indí-genas e imigrantes foium dos assuntos emdebate, feito por críti-

Evento discute questão dos indígenas e imigrantes

Professora leitora de espanhol chega à universidadeA professora Vic-

toria Palma Ehrichschegou no dia 4 deagosto à universidade,como resultado de ummemorando de enten-dimento entre a UFGe a Agência Espanho-la de Cooperação In-ternacional para o De-senvolvimento (AE-CID), da Embaixada daEspanha. Ela desenvol-verá atividades acadê-micas na Faculdade deLetras e prestará as-

A professora ad-junta da Escola deAgronomia e Enge-nharia de Alimentos(EA/UFG), Larissa Le-andro Pires, partici-pou do 9° CongressoInternacional de Pato-logia Vegetal, que ti-nha como tema "Ali-mento saudável e se-

UFG em congresso na Itáliaguro para todos", rea-lizado entre os dias 24e 29 de agosto, na ci-dade de Torino, na Itá-lia. Seu artigo intitu-lado "Armazenamentode sementes de feijãorevestidas com polí-meros e tratadas comfungicidas" foi apre-sentado em inglês.

Já está bem consolidado o Programa de Intercâmbio Acadêmico Internacional (PIAI),que abriga vários projetosde intercâmbio, aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEC) em 2007. No segundosemestre de 2008, 47 alunos de diversos cursos seguiram para instituições estrangeiras para realizar

graduação sanduíche, a maioria deles com apoio financeiro.

Intercâmbio em alta

cos canadenses de ci-nema, professores ealunos da universida-de, com exibição de fil-mes resultantes dosprojetos relacionadosaos temas. O eventofoi uma promoção daCoordenadoria de As-suntos Internacionais(CAI) e da Associação

Brasileira de EstudosCanadenses (Abecan).

O debate contoucom a presença dos pro-fessores AlecsandroRatts e Maria LuizaMendonça, da UFG, amestranda Ceiça Fer-reira e dos críticos ca-nadenses Allan Ryan eMichel Coulombe.

Ryan é professor daArleton University,Ottawa, onde ministracursos sobre estudosautóctones, antropolo-gia e história da arte.Coulombe é historia-dor, crít ico de cine-ma, roteirista e cola-borador de diversasrevistas.

UFG. Na ocasião, foipromovido evento quecontou com as pales-tras “Las culturas de lalengua española y sudifusión en el mundo”,proferida pela profes-sora Victoria e "A ofer-ta formativa da coope-ração espanhola noBrasil: programas debolsas para estudan-tes e pesquisadoresem todas as áreas",proferida pela asses-sora Virginia.

sistência a interessa-dos em estudos e pes-quisas na Espanha. Nodia 18 de agosto, a pro-fessora foi recebida

pela assessora de coo-peração educativa ecultural da Embaixadada Espanha, VirginiaMartinez Curtis, na

CURSOHistória (1)Comunicação Social (2) Ciências Econômicas (1)Comunicação Social (2)Letras (1)Design de Moda (1) e Design Gráfico (01)Engenharia de Alimentos (2)Agronomia (01)

Agronomia (3) e Ciências Econômicas (1)Engenharia de Alimentos (01)Engenharia Civil (01)Ciências Econômicas (01)Medicina (01), História (01)e Letras (01)Letras (01) e Comunicação Social (01)Medicina Veterinária (01)Engenharia da Computação (01)Química (01)Ciências Biológicas (01)História (01), Direito (03), Comunicação Social (01) e Medicina (01)Comunicação Social (04), Agronomia (05), Engenharia da Computação(01), Medicina Veterinária (02) e Ciências Biológicas (01)

INSTITUIÇÃO DE INTERCÂMBIOKatholische Universitat Eichstatt Ingolstadt - AlemanhaUniversité de Liège - BélgicaUniversidad de Valladolid - EspanhaGadsden State Community College - EUAUniversity of Montevallo - EUAÉcole Superieure d ´Agriculture d´Angers - FrançaÉcole d´Ingénieurs de PurpanEcole d'Ingénieurs en Alimentation, Agriculture, Environnement etDéveloppement RuralInstitut Superieur d´Agriculture de Lille - FrançaInstitut National des Sciences Appliquées de Toulouse - FrançaUniversité d´Órleans - FrançaUniversidade de Lisboa - PortugalUniversidade do Minho - PortugalUniversidade Técnica de Lisboa - PortugalUniversidade do Porto - PortugalUniversidade Trás-os Montes e Alto-Douro - PortugalUniversidade do Algarve - PortugalUniversidade de Coimbra - PortugalInstituto Politécnico de Bragança - Portugal

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A visitante foi recebida pelo reitor da UFG, EdwardMadureira, pela pró-reitora de Graduação, Sandramara

Matias e pelo professor Francisco Quaresma daFaculdade de Letras

Victoria Palma proferiu palestra sobre a língua espanhola

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15UNIVERSIDADE Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Katiéllen Bonfanti

A partir do setembro,todo o café consumido naUniversidade Federal de Goi-ás será processado em suasdependências. A novidade sedeve à implantação, pela Es-cola de Agronomia e Enge-nharia de Alimentos (EA), doLaboratório de Torrefação deCafé, que passa a ser o res-ponsável pelo processamen-to da matéria-prima. O obje-tivo é melhorar a qualidadeda bebida servida no câmpuse contribuir para a pesquisae extensão.

De acordo com o coorde-nador do laboratório, profes-sor Robson Maia Geraldine,o equipamento adquirido pelauniversidade para o proces-samento do grão, que é co-nhecido como mini indústriade café, contribui tanto paraa qualidade da bebida, que émuito superior ao que se temhoje, quanto para atividadesde ensino, pesquisa e exten-são. A idéia é ter um café dequalidade muito superior,com preço no mínimo equi-valente, senão mais barato,do que o adquirido hoje pelauniversidade.

UFG adquiremini indústria de café

O novo equipamento dolaboratório de torrefação éconsiderado ecológico, poisnão libera qualquer tipo deodor para o ambiente. Toda afumaça gerada pelo processode torrefação é queimada e osseus resíduos, retidos. O in-vestimento total foi de 130 milreais, considerado baixo secomparado aos benefícios queo laboratório espera obter e àcapacidade do equipamento,que processa de 150 a 180 qui-los de matéria-prima por dia.Em um tempo entre oito e dezminutos é possível processarcinco quilos de café. A mini in-dústria segue o processo: tor-refação, resfriamento (em queocorre a liberação de CO2),moagem e envasamento.

A aquisição da mini in-dústria tornou-se possívelcom a parceria entre a Reito-ria e a Escola de Agronomia eEngenharia de Alimentos, emque a primeira entrou com osrecursos financeiros e a se-gunda com o espaço físico e aequipe responsável. Estaequipe participará, em MinasGerais, de um processo detreinamento para avaliação daqualidade da bebida do café.Ao retornar a Goiânia, essa

equipe repassará a tecnologiaadquirida para as pessoas res-ponsáveis pelo preparo da be-bida na UFG.

Pesquisa e extensão – O pro-fessor Robson Maia informaque os alunos de mestrado emEngenharia de Alimentos se-rão envolvidos no projeto paraa realização de pesquisas so-bre café. “A idéia é conduzirpesquisa relacionada comesse equipamento, aproveitaressa estrutura que é única.”,diz o professor.

O laboratório tambémpoderá contribuir para valori-zar a produção de café dosagricultores de Goiás, e tra-

zer melhorias para a qualida-de da bebida por meio da ex-tensão. Uma das idéias é cri-ar novos produtos, como, porexemplo, sachês de café. Oprojeto já foi cadastrado naPró-reitoria de Extensão eCultura (Proec) e aguardaaprovação. No entanto, jáexistem alunos pesquisandoo grão e o seu processamen-to. De acordo com o professor,os alunos, tanto de graduaçãoquanto de pós-graduação, po-derão usufruir diretamente doequipamento por meio de pro-jetos de conclusão de curso,orientações de estágio, e, pro-vavelmente, também dos pro-gramas Pibic/Pivic.

Goiás e o café – Deacordo com Robson, o esta-do de Goiás já teve uma ca-racterística produtora decafé. No entanto, atualmen-te as questões climáticas emesmo de logística não favo-recem a produção em grandeescala no estado. Por essemotivo, o café adquirido aprincípio virá do estado deMinas Gerais.

A universidade já come-çou o processo de negociaçãocom bons fornecedores mi-neiros de café proveniente docerrado, que é de ótima qua-lidade. A idéia é começar ofornecimento em parceriacom uma grande cooperativade produtores mineiros. Apartir daí, conhecer e usu-fruir da experiência mineira,transferindo tecnologia paraprodutores de Goiás.

Um dos objetivos do pro-jeto é incentivar a ampliaçãodo conhecimento em torrefa-ção de café no estado de Goi-ás com relação à qualidade,novos produtos e valorizaçãoda matéria-prima produzidano estado. Dessa forma, serápossível contribuir com o pro-cesso de redução da área deprodução de café.

Professor Robson Maia junto à mini indústria de torrefação

as enfermarias e am-bulatórios na área depediatria do Hospital

das Clínicas da UFG não é sóchoro de crianças doentes esofridas que se ouve. Há sor-risos e até risadas dos pe-quenos e de seus acompa-nhantes, motivados pela ani-mação e brincadeiras dos in-tegrantes do projeto de ex-tensão Pronto Sorriso, quehoje oferece também umadisciplina de núcleo livre.

Criado há 10 anos pelosacadêmicos da Faculdade deMedicina da UFG, esse pro-jeto é desenvolvido por umaequipe multidisciplinar deestudantes e profissionaisdas áreas de saúde e de edu-cação, todos voluntários, quelevam alegria às crianças emtratamento médico dentro dosambientes hospitalares. Soba coordenação da gastropedi-atra e professora Fátima Ma-ria Lindoso da Silva Lima,chefe do Departamento dePediatria e Puericultura daFM, o Pronto Sorriso temeste ano 180 alunos, dividi-dos em dois módulos.

Cada módulo de 90 alu-nos desenvolve um programade atividades com um ano deduração. O primeiro cuida da

Doutores-palhaços alegram crianças no HC

formação e preparação dospersonagens, quando os alu-nos moldam seu papel e suaatuação em oficinas de artescênicas, de malabarismo, decontador de história, de ex-pressão corporal etc. No se-gundo módulo, com igual nú-mero de participantes, osacadêmicos põem em práti-

ca a sua performance, comapresentações sistemáticasna pediatria do HC/UFG,especialmente no Pronto-Socorro Infantil do Serviçode Urgências Pediátricas (Se-rupe), Ambulatório, Materni-dade, Clínica Pediátrica e Or-topedia.

O Pronto Sorriso da Fa-

culdade de Medici-na da UFG surgiuinspirado no traba-lho realizado pelosDoutores da Alegriade São Paulo e nasidéias do norte-americano Dr. Pa-tch Adams. Seu ob-jetivo é minimizar ador e o desconfortodo tratamento hos-pitalar e ao mesmotempo facilitar umarecuperação maisrápida para a crian-ça internada. Osdoutores-palhaços,como são chama-dos, com suas en-cenações e brinca-deiras, ajudam aromper o medo, aansiedade, a inse-gurança e a triste-za que o ambientehospitalar provoca

na criança, e assim colabo-ram para que a dor seja su-portada com menos estressee o tratamento bem aceito.

Sempre em dupla, essesdoutores-palhaços conse-guem ainda que as criançastenham uma melhor relaçãocom os profissionais que asassistem, eliminando o pre-

conceito e às vezes até o pa-vor que os "jalecos brancos"despertam nos pequenos pa-cientes. A resposta tem sidotão positiva, que as criançasesperam com ansiedade ealegria a visita da equipe doPronto Sorriso.

Além de romper os me-dos ou fobias das crianças emrelação ao ambiente hospita-lar, o trabalho dos doutores-palhaços tem também umafunção educativa. Os estu-dantes são treinados em ar-tes cênicas e outras ativida-des similares por profissionaisda área, com financiamento doPrograma Nacional de Reori-entação da Formação Profis-sional em Saúde (Pró-Saúde).

Segundo a coordenado-ra, professora Fátima Lindo-so, a trupe do Pronto Sorrisoatua no dia-a-dia do HC. Po-rém, eventualmente, quandosolicitada, apresenta-se tam-bém em eventos científicos eparticipa de campanhas edu-cativas, sempre com o obje-tivo de mostrar a filosofia doprojeto, que se baseia em umtrabalho lúdico permeadopelo teatro, a mímica e asartes circenses. (Colabora-ção: Maria da Graça SilvaGonçalves).

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Integrantes do Pronto Sorriso em atividade: festa de integraçãocom internos do hospital

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16 Goiânia, setembro de 2008Jornal UFG

Agnes Arato eRodrigo Vilela

Instituto de Ciênci-as Biológicas da Uni-versidade Federal de

Goiás abriga um tesouroinestimável: o Herbário daUFG. Com mais de cem milplantas armazenadas, oherbário nasceu graças aotrabalho pioneiro de cata-logação coordenado peloprofessor emérito da UFGJosé Ângelo Rizzo. Foi poriniciativa do professor Rizzoque Goiás tornou-se o se-gundo estado no Brasil a fa-zer esse tipo de levanta-mento, em meados da déca-da de 1960, precedido so-mente por Santa Catarina.O Herbário, juntamentecom a Reserva Biológica Pro-fessor José Ângelo Rizzo, naSerra Dourada, e com o Bos-que Saint-Hilaire, no Câm-pus Samambaia, formamhoje a Unidade de Conser-vação da UFG. Criada em1999 pelo Conselho Uni-versitário da instituição evinculada à Pró-reitoria dePesquisa e Pós-Graduação(PRPPG), favorece a reali-zação de pesquisas tanto daUFG como de outras insti-tuições, nacionais e inter-nacionais.

Herbário – Desde 1968, oHerbário da UFG tem sidoimportante fonte de dadospara pesquisas científi-cas de âmbito estadual,nacional e internacional.As cerca de cem mil plan-tas identificadas, fotogra-fadas e catalogadas de-ram origem à publicaçãodo catálogo Flora dos Es-tados de Goiás e Tocan-tins, subdividido nas cole-ções "Fanerógamas"(plantas mais complexas,que possuem sementes,como a araucária, a man-gueira e a bananeira) e"Criptógamas" (plantasmenos complexas, quenão possuem sementes,como algas, avencas e sa-mambaias), utilizadas nomundo todo. De acordocom o último relatório ela-borado pela unidade, a equi-pe mantenedora atendeuinúmeras solicitações dedados para trabalhos relaci-onados a dissertações de

A Unidade deConservação da UFGmantém ao alcancede estudantes epesquisadores dadosimportantes sobre oCerrado

mestrado e teses de dou-torado. "O herbário contri-bui diretamente com a co-munidade na identificaçãode plantas tóxicas e de in-teresse medicinal, e comindicações de espéciespara arborização", comple-ta o professor Rizzo. O her-

bário está registrado noIndex Herbariorum, cadas-tro mundial mantido pelaAssociação Internacionalpara a Taxonomia Vegetal,sediada na Holanda.

Esse rico acervo deinformações ficou aindamais acessível com a in-

formatização do herbário,iniciada em 2007, com re-cursos provenientes doConselho Nacional de De-senvolvimento Científico eTecnológico, o CNPq. A in-formatização do espaçoestá calcada no programaBrahms, usado na maioriados herbários do país. Pa-ralelamente à sua própriainformatização, o HerbárioUFG lançou, em conjuntocom a Universidade deBrasília (UnB), o projetoFlorescer, que visa à infor-matização e integração detodos os herbários da re-gião Centro-Oeste. Termi-nado o trabalho, o acessode pesquisadores e insti-tuições do mundo todo aoextenso banco de dadosserá facilitado, já que pormeio da página do projeto(www.florescer.unb.br) es-tará disponível, ao alcan-

ce de um clique, todo oacervo dos herbários inte-grados.

Reserva biológica – A Re-serva Biológica, criada em1969 no município de Mos-sâmedes, localizado a147km de Goiânia, é basepara que pesquisadoresnacionais e estrangeirosrealizem suas pesquisassobre a flora do Cerrado. Asequipes de pesquisa queutilizam a reserva para de-senvolver seus trabalhoscontam com uma sede do-tada de energia elétrica,sistema próprio de capta-ção de água, laboratórios ealojamentos. Segundo da-dos do professor Rizzo, em2007, cerca de 1.300 pes-soas foram autorizadas autilizar a reserva para re-alização de trabalhos cien-tíficos ou para visitação.Diversos trabalhos e dis-sertações de mestrado es-tão sendo desenvolvidosatualmente na reserva.

Bosque – Localizado naárea do Câmpus II da UFG,com área de aproximada-mente 20 hectares, o Bos-que Auguste Saint-Hilaireé uma das últimas áreascom a vegetação primitivado município de Goiânia.Segundo o professor Ânge-lo Rizzo, é um remanes-cente de floresta semide-cídua do Cerrado, formaçãovegetal que tem como ca-racterística principal aperda das folhas durante aestação seca. O bosquetem trilhas ecológicas e émuito utilizado pelos alu-nos de graduação da UFGe de outras universidades.Escolas da rede públicatambém costumam visitaro bosque, pelo projeto "Aescola vai ao bosque", de-senvolvido pela Unidade deConservação, que oferecevisitas orientadas a tur-mas de ensino fundamen-tal e médio.

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1 – Tibouchina papyrus (Pohl) To-ledo (Pau-papel) Árvore símbo-lo do Estado de Goiás por for-ça de Decreto Estadual, ocor-rente na Reserva Biológica daSerra Dourada.

2 – Trabalho de informatização doHerbário.

3 – Aspidosperma macrocarponMart. Guatambu-do-cerrado.

4 – Eugenia involucrata DC.Pitanga-do-cerrado.

5 – Professor José Ângelo Rizzo mos-tra um exemplar de Coctaceaeconservado em meio líquido.

6 – Conservação de algas