Psicolinguística: algumas teorias sobre a aquisição da linguagem

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Especialização em Neuropedagogia Psicolinguística Prof.: Msc. Wagner da Matta Pereira

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Esta aula foi ministrada num curso de Psicolinguística e apresenta diversas teorias que explicam a aquisicao da linguagem do social ao biológico, sem contudo privilegiar um ou outro..

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Especialização em Neuropedagogia

Psicolinguística

Prof.: Msc. Wagner da Matta Pereira

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Fundamentos da Psicolinguística;Apresentação das principais teorias sobre a aquisição da linguagem;Comparação e análise entre os modelos behavioristas e cognitivistas;Considerações acerca da Psicologia da Linguagem para a compreensão dos processos psicológicos (pensamento e linguagem) e sua interface com a linguística;Analise e discussão das relações entre linguagem e subjetividade proposta pela Psicanálise freudiana e lacaniana. Os processos de socialização através da linguagem;

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Discuta

1. A LINGUAGEM É INATA OU APRENDIDA?

2. O QUE É LINGUA?

3. O QUE É FALA?

4. QUAL O OBJETIVO DA LINGUAGEM?

5. PENSAMENTO E LINGUAGEM É A MESMA COISA? QUEM VEM PRIMEIRO?

6. PENSAM DE MANEIRA DIFERENTE AS PESSOAS QUE FALAM LÍINGUAS DIFERENTES?

7. A COMUNICAÇÃO É EMINENTEMENTE HUMNA? E A LINGUAGEM?

8. COMO AS CRIANÇAS ADQUIREM A LINGUAGEM?

9. UMA PESSOA QUE PERDE A CAPACIDADE DE FALAR, DEIXA DE PENSAR?

10. TODAS AS LÍNGUAS SÃO: ARBITRÁRIAS, CONVENCIONAIS E CONSTITUTIVAS DO

SUJEITO: EXPLIQUE.

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PSICOLINGUISTICA

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

NEUROCIÊNCIA

LINGUISTICA

PSICOLOGIA COGNITIVA

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A Psicolinguística é uma área de estudos interdisciplinar entre a Lingüística, a Psicologia e demais ciências, que busca explicar como o ser humano adquire, utiliza, desenvolve e aprende a linguagem.

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COMPREENSÃO DA LINGUAGEM

PRODUÇÃO

AQUISIÇÃO

PRINCIPAIS PROCESSOS DISCUTIDOS PELA PSICOLINGUISTICA

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A NATUREZA DA LINGUAGEM

COMPREENSÃO: que processos mentais capacitam as pessoas a compreender o que as outras pessoas falam?

AQUISIÇÃO: como as crianças desenvolvem ambas as habilidades de compreensão e fala?

PRODUÇÃO: que processos mentais capacitam as pessoas a falar o que falam?

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SURGIMENTO

Anos 50, Universidade Cornell, seminário entre linguistas e psicólogos, com o objetivo de realizar síntese entre as pesquisas realizadas no campo da compreensão e da expressão verbal.

Psicologia da Aprendizagem – estudos na área da Psicologia Cognitiva

Lingüística – explicar a linguagem cientificamente: sistemas;

Teoria da Informação) – esquemas de comunicação

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Teoria da Informação

Nessa perspectiva, a Psicolingüística se encarregaria de estudar os processos de codificação e decodificação, levando em conta as características próprias dos sujeitos que trocam mensagens.

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TRÊS PRINCIPAIS ÁREAS DE ESTUDO, ALÉM DA PSICOLOGIA, CONTRIBUÍRAM PARA A COMPREENSÃO DA PSICOLINGUÍSTICA:

A Lingüística - estudo da estrutura, da formação e alteração da linguagem oral, escrita e simbólica;

A Neurolinguística – a relação entre o cérebro e a produção da linguagem;

A Sociolinguística – objetiva a relação entre o comportamento social e a formação e aprendizagem linguagem.

Atualmente foco das Neurociências

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Antes que sejam abordadas as principais teorias que se arriscam em explicar a linguagem, é necessário que se compreenda o que é a linguagem.

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O que é LINGUAGEM?

Linguagem é uma representação interna da realidade construída que utiliza um meio de comunicação compartilhado socialmente.

Sistema de signos arbitrários e compartilhado por um grupo, com o objetivo de se comunicar com os outros e que permite manipular mentalmente a realidade na ausência dela.

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A linguagem é uma faculdade humana abstrata, ou seja, a capacidade que o humano tem de comunicar-se com os semelhantes por meio de signos mediante mecanismos de natureza psico-fisiológica.

A linguagem é ao mesmo tempo física, fisiológica, psíquica e de domínio social e se configura no único modo de ser do pensamento, ou seja, sua matéria no plano do conteúdo, e realidade do pensamento (...), o próprio elemento da comunicação e sua realização no plano da expressão. ( SAUSSURE, 1975, p.81 )

O que é LINGUAGEM?

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“... Expressar seus sentimentos, explicar suas reações e compreender a dos outros, conhecer diferentes pontos de vista sobre um mesmo fato e incorporar valores e normas sociais. Aprende também a dirigir e organizar seu pensamento e a controlar sua conduta, fazendo assim uma aprendizagem cada vez mais consciente.”

Álvaro Marchesi,

Para que serve a LINGUAGEM?

A linguagem é inerentemente humana? E a comunicação?

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Teorias sobre a aquisição da linguagem

BEHAVIORISMO: tábula rasa, estímulo resposta

INATISMO: estrutura pronta, ambiente

dispara

INTERACIONISMO (construtivismo): aparelho

biológico em interação com o ambiente

SÓCIOINTERACIONISMO: interação e mediação

PSICANÁLISE: simbólico,mediador da

realidade

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Inata ou social, A linguagem é um meio organizado de combinar as palavras para fins de comunicação (STERNBERB, p. 252, 2000). Do ponto de vista psicológico, entende-se a linguagem como processo mental consciente, significativo e orientado para o social.

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SEIS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

Comunicativa - troca de informação

Simbólica - símbolo e referente

Estruturada - organização padronizada

Organizada em níveis múltiplos – morfo, fono, sin ...

Generativa – creatividade, gramática universal

Dinâmica – a linguagem evolui

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Eu sei falá mãmã.

Eu pefiru papá.

Eu tô apendeno.

COMO SE ADQUIRI A LINGUAGEM

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O FONOLÓGICO: sons da língua;

O GRAMATICAL: regras sintáticas e morfológicas

SEMÂNTICO: significado das palavras

PRAGMÁTICO: uso no contexto social

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PRÉ-VERBAL

AQUISIÇÃO DE ASPECTOS FORMAIS

AQUISIÇÃO DO SIGNIFICADO

AQUISIÇÃO DE ASPECTOS FUNCIONAIS

AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM

PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM:

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•Motivação primária para a relação interpessoal; •Sensibilidade e adaptação do adulto;•Prontoconversas e formatos;•Vocalizações e gestos dícticos; Condutas prontodeclarativas.•Bases da funcionalidade comunicativa.

•Comunicação através de palavras;•Aumenta o vocabulário rapidamente;•Combinações de palavras mais complexas e elaboradas;

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Fonologia, morfologia e sintaxe

•De 18 meses a 06 anos estritamente fonológica:

•Substituições: pela/pêra

•Assimilações:

•Papo/pato

•Simplificações:

•Pato/prato;

•Dificuldades morfológicas e sintáticas.

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•Conteúdo é a semântica;•A compreensão precede a expressão;•Nome e não;•Significados restritivos ou mais extensivos.

•Refere-se às funções comunicativas da linguagem;•Reguladora: desejos;•Declarativa: Transmitir e compartilhar a informação;•Interrogativa: Investiga sobre a realidade;

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Organização da linguagem

• A linguagem está organizada em uma hierarquia.

Fonemas

Morfemas

Palavras

Frases

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Numa perspectiva neurológica, o processo de aquisição da linguagem é bastante complexo e envolve uma rede de neurônios distribuída entre diferentes regiões cerebrais.

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A maior parte das atividades da linguagem ocorrem o hemisfério esquerdo (LOBO TEMPORAL) no cérebro. As palavras são compreendidas pela área de Wernicke e articuladas pela de Broca. Um conjunto de fibras do tecido nervoso, o fascículo arqueado, conecta essas duas áreas. A de Wernicke é cercada por outra parte chamada de área de Geschwind.

AFASIA: lesão de alguma região cerebral especializada nas funções linguisticas. Se dá tanto na fala oral quanto na escrita. A afasia pode ocorrer em dois lugares distintos do cérebro, podendo ser na área de broca (afasia de broca) ou na área de Wernicke (afasia de Wernicke)

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Teorias sobre a aquisição da linguagem

primeiras teorias de aquisição da linguagem:

o Behaviorismo

o Conexionismo (associonismo)

Ambas de base empirista consideram o conhecimento humano como derivado da experiência.

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Os primeiros trabalhos desenvolvidos na área datam de 1943 quando o neurofisiologista, filósofo e poeta americano Warren McCulloch, e o lógico Walter Pitts desenvolveram o primeiro modelo matemático de um neurônio.

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O cérebro é possuidor de mecanismo inato, geneticamente programado que possibilita seu funcionamento. Não existem regras inatas para o processamento da linguagem, estas são inferidas através de um processamento estatístico dos dados advindos da experiência. O cérebro e as redes neurais são os responsáveis pelo aprendizado.

A linguagem não é necessariamente manipulação de símbolos.

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O conhecimento declarativo da língua e do mundo, bem como o conhecimento procedimental das diversas habilidades, são codificados no cérebro não em forma de símbolos prontos e em lugares determinados, mas como elementos atomizados e distribuídos em pontos diferentes conectados entre si. O processamento não ocorre serialmente como na teoria da informação, mas em paralelo, isto é, diversos processos ocorrem simultaneamente (POERSCH, 2004, p. 4).

O confronto de duas grandes teorias

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. BEHAVIORISMO: Acredita que pela relação estímulo resposta éa possível explicar o funcionamento e uso da linguagem.

B.F. SKINNER 1904 — 1990

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PRESSUPOSTOS DO BEHAVIORISMO

A mente não é importante para a aquisição da linguagem; a criança é uma tabula rasa;A linguagem é aprendida através do processo de estímulo-resposta, imitação e reforço (positivo ou negativo); conhecimento, inclusive o lingüístico, provém unicamente da experiência.

Reforço positivo – incentiva o comportamentoReforço negativo - inibe

Pouco a pouco, conforme as palavras vão sendo associadas a eventos, objetos ou ações, os bebês aprendem o que elas significam (DAVIDOFF, 2001, p. 271).

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Comportamento

(resposta)

Consequência

Dizer “Oi” Ouvir um “Olá”

Aperta um botão

Chegar o elevador

Girar uma torneira

Obter água

Fazer uma pergunta

Receber uma resposta

Fazer o dever de

casa

Ser elogiado pelo

professor

Comportamento

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se uma criança usa uma palavra ligada ao sexo em nossa cultura, ela é reprovada com uma cara fechada, palavras de repreensão ou mesmo um castigo. Ela aprende três coisas: que tal palavra não pode ser dita, que se for dita será considerado uma agressão e que o sentido implícito a essa palavra, não é algo bem aceito em sua sociedade.

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Se a linguagem é herdada (nature), ou aprendida (nurture), ou aprendida e herdade ficou conhecida pela controvérsia nature-nurture e tem sido discutida por séculos. A polêmica esteve esquecida por algum tempo até que ressurgiu em 1959 quando o linguista Noam Chomsky (1928) criticou contundentemente o livro Comportamento Verbal, de B.F. Skinner.

LINGUAGEM: inata ou aprendida?

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. Tradição behaviorista : Acreditava-se que pela relação estímulo resposta, seria possível explicar a estrutura da linguagem.

Anos 60 - Teoria chomskiana: Gerativista - a linguagem não é um sistema de hábitos e repetições, mas norteia-se pela criatividade.

B.F. SKINNER

N. CHOMSKY

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA GGT

A linguagem é inata. O ser humano é herdeiro de uma gramática mental interna , podendo produzir e compreender frases originais com significados inéditos.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA GGT

O aspecto criativo da linguagem tem como base três princípios: Tudo que dizemos, em sua maioria, é novo, e não a repetição do que ouvimos antes;

O número de frases que se pode criar e compreender numa língua são infinitos;

O falante adapta sua linguagem de acordo com o contexto.

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PRESSUPOSTOS DA TEORIA DE CHOMPSKY

Gramática Universal: estrutura inata

Aspecto criativo: número infinito de frases

Gramaticalidade: CERTO ou ERRADO?

Competência linguistica: internalização de regras/o

que vc sabe

Performance/desempenho: adaptação/ o que se faz

com a língua

O enunciado é entendido em 2 níveis:

Estrutura superficial : nível fonológicoEstrutura profunda: significado/interpretação

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Estruturas superficiais e subjacentesDois níveis Superficial (frases precisas que expressam o

pensamento). Subjacente (atitudes e pensamentos básicos

corporificados nas palavras).

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A natureza muito especial da linguagem

• Criatividade Não é rara a necessidade de criar frases. Novas frases como nova ordem gramatical. Gírias. Neologismo.

A gíria dos anos 60, segundo Ziraldo.

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A discussão sobre a aquisição da linguagem focalizando os processos mentais já havia sido evidenciada por Ferdinand de Saussure (1857 - 1913) no livro Curso de linguísta geral (1916). A ideia só ganhou destaque anos mais tarde, com N. Chomsky. Saussure considerava a língua um sistema de signos, uma entidade bifacial que compreendia um significante e um significado definidos em termos psicológicos.

1857 - 1913

Ferdinand de Saussure

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O signo linguístico é uma realidade percebida pelos sentidos humanos, que se refere a uma realidade que não está presente. Este sinal é composto de um significante, significado e referente, entre as quais existe uma relação inseparável.

SIGNIFICADO, SIGNIFICANTE = SIGNO

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• Langue: é o sistema de uma língua, a língua como sistema de formas.Social.

• Parole: é a fala real, os atos de fala.Individual.

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O SIGNO

o signo é uma unidade psíquica, abstrata e com duas faces: o significado (conceito) e o significante (imagem acústica (memória do som na mente do falante). Estes dois elementos, o significante e o significado, estão intimamente unidos e são regidos por dois princípios: a linearidade e a arbitrariedade. A linearidade significa que o discurso se organiza em linha reta, respeitando uma ordem, pois não há como se pronunciar dois sons ao mesmo tempo. A arbitrariedade diz respeito à conexão de uma idéia a um nome.

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A ARBITRARIEDADE DO SIGNO

Assim, a idéia de mar não está ligada por relação alguma interior à seqüência de sons m-a-r que lhe serve de significante; poderia ser representada igualmente bem por outra sequência, não importa qual; como prova, temos a existência de línguas diferentes. (...) o princípio da arbitrariedade do signo não é contestado por ninguém; às vezes, porém, é mais fácil descobrir uma verdade do que assinalar o lugar que lhe cabe (SAUSUSURE, 1972,pp. 81-82):

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Princípios do signo

1. A natureza arbitrária do signo: não há nenhum elo entre o significado e o significante.

Cão coaCachorro crioCrio bopoCora lobo

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ExceçõesAs onomatopéias

Bang, clap, miar, buaá, psiu, cof, zigue-zague, chiar, bum etc.

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OUTRAS IMPORTANTES OPOSIÇÕES DA LINGUAGEM

Sincronia – funcionamento da língua em um dado período do tempo.Diacronia – estudo histórico, através do tempo.

Sintagma – combinação de formas mínimas numa unidade lingüística superior, que surge a partir da linearidade do signo.

Paradigma - banco de reservas da língua fazendo com que suas unidades se oponham, pois uma exclui a outra

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• a linguagem não é uma nomenclatura, seus conceitos não são preexistentes, mas conceitos mutáveis e contingentes que variam de um estado de uma língua para outra.

• como a relação entre significante e significado é arbitrária, não há nenhuma razão para um conceito, em vez de outro, ser ligado a determinado significante.

• o significado associado a um significante pode tomar qualquer forma.

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• Relações associativas: Paradigmáticas• Relações seqüenciais: Sintagmáticas.

Combinação: sintagma

Substituição: paradigma

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1896 -1980.

Jean Piaget

Linguagem como interação

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Toria da Epistemologia Genética

Para Piaget a linguagem não tem somente a finalidade de expressar ideias e palavras ou de comunicar o pensamento. A linguagem nasce do ato de falar sozinho, do monólogo. Tal ação prepara a criança para a linguagem social, o que ele considerada artificial.

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Períodos de desenvolvimento linguístico

0 -2 anos- a ausência da função semiótica é a principal característica deste período. A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. Linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água); possui representação mental do objeto; conduta social é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).

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Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos.

      surge a função semiótica que permite o aparecimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização. Cria imagens mentais na ausência do objeto ou da ação, é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. É o período do animismo: "o carro do papai foi dormir na garagem”. Linguagem em nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados.      

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Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos

Desejo de explicação dos fenômenos (idade dos porquês). A criança pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real; pensamento continua centrado no seu ponto de vista. Incapaz de manter conversação longa, mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro.

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Período Operatório Concreto - dos 7 anos aos 11 anos

Tende a se organizar em grupo, compreende regras, estabelece compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que no entanto possam discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum.

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Ápice do desenvolvimento da inteligência. Nível de pensamento hipotético-dedutivo (lógico-matemático); o indivíduo está apto para calcular probabilidades, libertando-se do concreto em proveito de interesses futuros: a “abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê a nível de discussão para se chegar a uma conclusão.

Período Operatório Abstrato - dos 11 anos em diante.

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Piaget dividiu a linguagem em dois grandes grupos:

a egocêntrica

a socializada.

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A linguagem egocêntrica dividida-se em três: 

A repetição (ecolalia) – repetição de silabas ou

palavras, não direcionadas a ninguém, restos do

balbucio dos bebes.

O monólogo – a criança fala em voz alta para si.

O monólogo a dois ou coletivo – conversa de

duas/ou mais crianças sem preocupação de serem

respondidas ou compreendidas

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A linguagem socializada divide-se em cinco categorias:

A informação adaptada – crianças trocam pensamentos com as outras, em busca de objetivo comum, ou seja, preocupa-se com o ponto de vistas do interlocutor.

A crítica/zombaria – trata-se da ação de uma criança sobre a outra num contexto de discussões, brigas, ou rivalidades.

As ordens, súplicas e ameaças – são tais ações de uma criança sobre a outra.

As perguntas – perguntas que uma criança faz a outra.

As respostas – respostas dadas às perguntas.

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Piaget conclui :

A criança é mais egocêntrica do que o adulto, fala muito sem se dirigir a ninguém; indica uma maior necessidade de comunicar seu pensamento.

O adulto consegue ficar mais tempo concentrado sem quebrar o silêncio.

Antes dos 7ou 8 anos a criança não possui vida social. Essa afirmação tem sido criticada há muito tempo por outros pesquisadores: L. S.Vigotsky, por exemplo.

Page 64: Psicolinguística: algumas teorias sobre a aquisição da linguagem

1896 - 1934

Lev Semenovitch Vygotsky

Page 65: Psicolinguística: algumas teorias sobre a aquisição da linguagem

Vigotsky

A aquisição da linguagem passa por três fases: a linguagem social - que possui a função de denominar e comunicar, sendo a primeira linguagem que surge; depois teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.

A linguagem é socialestreita relação entre pensamento e linguagem

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A linguagem egocêntrica progride da fala social para a fala interna, ou seja, para o processamento de perguntas e respostas dentro de nós mesmos – o que estaria bem próximo ao pensamento, representado a transição da função comunicativa para a função intelectual.

Page 67: Psicolinguística: algumas teorias sobre a aquisição da linguagem

A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com funções de comunicação e interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as idéias e planejar melhor as ações.

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Discurso interior e pensamento

É quando as palavras passam a ser pensadas, sem que necessariamente sejam faladas. É um pensamento em palavras. Já o pensamento é um plano mais profundo do discurso interior, que tem por função criar conexões e resolver problemas, o que não é, necessariamente, feito em palavras.

Page 69: Psicolinguística: algumas teorias sobre a aquisição da linguagem

o pensamento não se reflete na palavra; realiza-se nela, na medida em que é a linguagem que permite a transmissão do pensamento de uma pessoa para outra (Vygotsky, 1998). A relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo do desenvolvimento. Apesar de terem origem e se desenvolverem independentes, em determinado momento o pensamento e a linguagem se encontram e dão origem ao funcionamento psicológico complexo. A conquista da linguagem representa um marco no desenvolvimento humano.

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O pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa fala e no pensamento (Vygotsky 1998).

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Linguagem e Psicanálise

O inconsciente é estruturado como uma linguagem.Jacques Lacan

A linguagem humana e o termo entre o eu e o outro. Entre o sujeito que fala e seu ouvinte existe um anteparo , uma proteção, uma espécie de muralha que se ergue, mesmo quando há silencio. Entre dois seres humanos existe sempre a muralha da linguagem (LONGO, 2006, p.7

Page 72: Psicolinguística: algumas teorias sobre a aquisição da linguagem

Lacan, ao fazer uma releitura da obra de Freud, concebe um inconsciente estruturado pela linguagem e propõe uma supremacia do significante sobre o significado.

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Metáfora & Metonímia

Lacan, ao conceber um inconsciente estruturado pela linguagem, propõe duas leis de funcionamento para este: a metáfora e a metonímia. A metáfora seria o equivalente a condensação freudiana, e a metonímia, ao deslocamento.

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A formação de uma metáfora consiste na superposição de um significante por outro, tendo em vista algum tipo de ligação entre o que os dois termos designam

Amor é fogo que arde sem se verLuís de Camões

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A metonímia é uma figura de linguagem que consiste na substituição de um termo por outro, com o qual possua algum tipo de ligação.

Me dá uma Brahma gelada!

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A aproximação da psicanálise com a linguística parece ficar cada vez mais clara na medida em que percebemos na linguagem a possibilidade de jogar com a palavra, onde o inconsciente fala o tempo todo e o discurso é sempre o discurso do outro.

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PROBLEMAS DE LINGUAGEM:Transtornos graves Autismos e psicoses

Mutismo seletivo Ausência total e persistente em determinadas circunstâncias ou com determinadas pessoas

Disfemia Gagueira, alteração da fluidez da fala: ritmo e melodia do discurso

Dislalia Transtorno na articulação dos sons

Disglosias Alterações anatômicas ou fisiológicas dos órgãos articulatórios

Atrasos da fala Problemáticas mais globais no sistema fonológico

Disfasia Afasia congênita ou do desenvolvimento.

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DSM IV:Transtorno da linguagem expressiva

Vocabulário limitado, erros nos tempos verbais, dificuldade na memorização das palavras, dificuldade na produção de frases de extensão ou complexidades próprias do nível evolutivo do sujeito.

Transtorno misto da linguagem receptiva-expressiva

Compreender tipos particulares de palavras ou frases

Transtorno fonológico Dificuldade de articulação de alguns sons

Gagueira Alteração na fluidez

Transtornos da comunicação não específicos

Transtornos de voz

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ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM ORAL: