Diário da Terra: O que Você Fez pelo Planeta Hoje?

Graziela Fioreze, Lucas Souza, Victoria Pagnozzi

Orientadora: Katia Brembatti

RESUMO

Com o objetivo de disseminar informações sobre assuntos relevantes no meio socioambiental, foi

criado o projeto "O que você fez pelo planeta hoje?", para o Grupo Positivo. A proposta foi

desenvolvida como um espaço para divulgar ações sustentáveis de pessoas que zelam pelo futuro do

planeta. Trata-se de uma espécie de rede social em meio digital, que agrega histórias enviadas pelo

público e combina informações jornalísticas (na aba “Diário da Terra”) e dados institucionais (na aba

“o que nós fazemos”).

INTRODUÇÃO

O site www.oquevocefezpeloplanetahoje.com.br reúne histórias de pessoas que tomam

atitudes para melhorar o mundo em que vivemos. A proposta original partiu do cartunista Ziraldo e

foi abraçada pelo Grupo Positivo, conglomerado que concentra empresas como a Positivo

Informática e a Universidade Positivo. No mesmo espaço, no caso, o site, são apresentadas histórias

enviadas por pessoas ditas comuns, que agem para mudar a realidade do ambiente em que vivem.

Também coexistem textos jornalísticos com abordagens sobre práticas ambientais mais responsáveis

e, numa aba em separado, o material sobre as ações socioambientais do Grupo Positivo – dentro do

formato institucional clássico.

A produção do material foi realizada por Graziela Fioreze, Guilherme Nunes, Lucas Souza e

Victoria Pagnozzi, quatro estudantes de Jornalismo da Universidade Positivo (Curitiba, Paraná),

orientados pela professora Katia Brembatti. Foram elaborados 157 textos jornalísticos, para dar

visibilidade a ações individuais ou comunitárias de relevância ambiental e social, como forma de

incentivar outras ações em prol da convivência em um planeta mais humano e saudável.

Nesse sentido, é importante destacar que os meios de comunicação exercem a função

educativa de alertar e buscar a atenção da população em relação a eventos e ocorrências presentes na

sociedade, como é o caso da temática ambiental. A mídia é capaz de limitar ou expandir um assunto,

a partir de sua cobertura, comenta o doutor em educação Claudio Schubert, em artigo apresentado no

Intercom Sul em 2008: O alcance do espaço público é, em muito, determinado pelos parâmetros que a mídia impõe. O que ela maximiza torna-se importante, o que é minimizado, consequentemente, é irrelevante. (...) Isso significa que aquilo que é invisível para os olhos dos meios de comunicação de massa não faz parte do espaço público brasileiro e, consequentemente, não

existe como realidade social. Desse modo, aquilo que o sujeito vê, ele identifica como sendo a realidade. Esta mesma “realidade” é percebida por grande percentual da população brasileira e assim se constrói o espaço público, que nem sempre se orienta pelos critérios de cidadania e preocupação com as questões ecológicas. (SCHUBERT, 2008 p. 4)

FIGURA 1: Reprodução da imagem de apresentação do site.

O autor não descarta os agentes comunicacionais que funcionam como meio de canal de

discussão e enriquecimento mútuo de saber quando diz que “o conteúdo programático veiculado pela

mídia, onde a ênfase valorativa é até contraditória num mesmo complexo de comunicação, por

exemplo, pode fornecer pistas e abrir espaços que possibilitem aos destinatários formular uma visão

crítica argumentativa” (SCHUBERT, 2008 p. 8).

Esse viés da mídia foi abordado por um dos autores deste projeto, em artigo apresentado ao

Intercom Júnior no ano passado. SOUZA (2014) reforça que é preciso tornar uma problemática,

como a questão ambiental, visível e palpável aos grupos dentro da sociedade. É pela atenção dada ao

tema e na sua abordagem que os públicos conseguem vislumbrar a potência de ações individuais, que

por muitos são vistas como atitudes completamente necessárias, porém, fracas singularmente. E que

na verdade, é a junção de várias destas forças nos diferentes pilares da sustentabilidade que servem

como base para a construção dessa visão crítica, argumentativa e representativa em larga escala de

tempo e espaço geográfico. Um exemplo desse tipo de atuação midiática é o projeto “O que você fez

pelo planeta hoje?”.

OBJETIVO

- Divulgar iniciativas que mostrem atitudes práticas e efetivas em prol do planeta.

- Revelar que ações locais podem ter grande impacto na formação da consciência para o uso racional

dos recursos e também gerar efeitos positivos em cadeia, criando multiplicadores.

- Apresentar os compromissos do Grupo Positivo com causas socioambientais, reforçando a

identidade do Grupo como um ente engajado.

- Criar um veículo próprio de comunicação que permitisse a divulgação direta de dados que,

associados à imagem do Grupo, destacassem a preocupação socioambiental do conglomerado

empresarial.

JUSTIFICATIVA

Ao seguir o princípio da comunicação – colocar em comum –, o projeto é um canal que

permite tornar públicas histórias que merecem ser contadas. Além de ser um instrumento de

promoção social, o site é uma fonte de aprendizagem para os acadêmicos, que se especializam em

uma das áreas que mais cresce no mercado jornalístico: a comunicação ambiental. Como pano de

fundo – mas não menos relevante – o site agrega valor à imagem da instituição. E, como conceitua

LANZARINI (2005), o “agir de forma socialmente responsável”, que contribui para a imagem

institucional, trata-se de um grande diferencial de mercado.

É uma decisão institucional importante e sensata destinar esforços a um projeto que extrapole

os interesses comerciais, internos e diretos. Ao se propor a abordar uma temática universal, como o

meio ambiente, o Grupo Positivo, por meio do site, chama a atenção do público para atitudes que

precisam ser tomadas, tanto em escala local como mundial. “O que você fez pelo planeta hoje?”, foi

a pergunta que serviu de provocação para a criação de um projeto em comunicação institucional. A

quebra do senso comum e a necessidade em mostrar que meio ambiente e ecologia são muito mais

do que o “separe o seu lixo” são os principais objetivos da produção de conteúdo.

Por meio do projeto, a empresa convida os seus consumidores, colaboradores, professores,

alunos, fornecedores, parceiros e a comunidade em geral, a compartilharem informações e

experiências individuais de colaboração com a sociedade e o meio ambiente.

A responsabilidade social exercida pelo veículo de comunicação estabelece não só um canal

de relacionamento por meio do site institucional, mas oferece possibilidades de interação e

convergência por diferentes meios. É que além do site, foi elaborado um quadro periódico no

telejornal laboratorial da Universidade Positivo; foram elaborados textos para o jornal-laboratório

impresso e também foi desenvolvida uma fanpage no Facebook, voltada ao público em geral. Assim,

“O que você fez pelo planeta hoje?” exerce um papel que contribui para o desenvolvimento social,

uma vez que estimula a criação de discussões ambientais dentro de grupos da comunidade (BUENO,

2003).

MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

O portal e, mais especificamente a seção “Diário da Terra”, foi gerenciado pelos estudantes

do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, que ficaram responsáveis, sob a orientação da

professora, por toda a produção de conteúdo com participação em todas as etapas: elaboração de

pautas, apuração e produção dos textos, produção e gravação do material audiovisual, até a

divulgação, edição da coordenação, tanto no site quanto no Facebook e no telejornal laboratório do

curso.

Durante o desenvolvimento do projeto, percebeu-se a necessidade de tornar os conteúdos

produzidos mais atrativos e elegíveis aos mecanismos de busca, como o Google por exemplo. Atrelar

a produção das pautas para o Diário da Terra com as técnicas de SEO (Search Engine Optimization)

para a construção dos textos parte de uma demanda préexistente na busca de assuntos ambientais na

web.

Os mecanismos de busca funcionam como um funil de tudo o que é pesquisado na internet. O

Google, por exemplo, vasculha toda a informação contida nos sites hospedados nos servidores da

internet e, dentro de suas lógicas e regras, determina a relevância de cada site em relação à pesquisa

feita pelo usuário (ALVAREZ, 2011).

Para isso foram feitas pesquisas com as principais palavras-chave ambientais buscadas pelos

usuários na internet. Um dos exemplos é a matéria “Aprenda a calcular sua conta de água”, para qual

foi realizada uma pesquisa prévia utilizando a ferramenta de planejamento de palavras-chave Google

Adwords. O termo “cálculo de consumo de água” apresentou, em média, 720 pesquisas mensais na

plataforma. Trabalhando esta palavrachave no título, no texto e na URL da matéria, conseguiu-se

impactar – até o primeiro trimestre de 2015 -, 5.142 pessoas, em 12.394 visualizações de página e

com uma taxa de rejeição de apenas 5,81%.

De maneira geral, durante o período de trabalho especificado anteriormente, o portal teve

62.519 usuários únicos e 118.446 visualizações de página, com uma taxa de rejeição média de 26%

em todo o período. Vale ressaltar que o desenvolvimento e implementação das técnicas de SEO

diminuiu a taxa de rejeição mensal de 83,6% para 2,76% de Setembro para Outubro de 2014, uma

queda de 66,9% no índice. Paralelamente, a inserção do portal nas redes sociais permitiu uma

interação mais direta com o público e a divulgação em formato multimídia de informações,

agregando vídeos, textos e imagens, além das produções contidas no site, em uma página do

Facebook (https://www.facebook.com/oquevocefezpeloplanetahoje). A presença do veículo de

comunicação atribui uma maior credibilidade ao projeto e aos conteúdos tratados, uma vez que

reafirmam sua presença, e a do Grupo Positivo, na web. Tendo isso, a rede social foi utilizada com o

objetivo de tornar-se mais um canal de fácil acesso e engajamento de público.

FIGURA 2: Reprodução da imagem da página no Facebook

Toda essa metodologia justifica-se pelo esforço da equipe em criar um veículo de

comunicação múltiplo em seus formatos e linguagens, atendendo assim, variadas demandas

igualmente múltiplas (BUENO, 2003), para públicos segmentados e diversos ao mesmo tempo.

DESCRIÇÃO DO PROJETO

O Diário da Terra é uma das seções do site em que se concentra as informações ambientais

com um tratamento jornalístico. De uma maneira geral, as matérias não são factuais, e esse é um dos

objetivos do trabalho: tornar o material útil para que as pessoas façam uso do conteúdo ali

distribuído, independentemente do período em que elas acessem o site. Os conteúdos tanto

jornalísticos quanto conceituais sobre os pilares da sustentabilidade (meio ambiente, sociedade e

economia), propõe-se a se tornar referência para alunos de ensino fundamental e médio em suas

pesquisas escolares.

A principal preocupação na criação dos conteúdos foi a de elaborar materiais interessantes,

tanto do ponto de vista didático, estabelecendo uma linguagem que estivesse de acordo com o

público com qual o portal se relaciona, quanto das necessidades específicas deste público. Explorar

as potencialidades do meio digital também foi um dos motivos que sustentou a produção dos

conteúdos, pensando-se em textos criativos e dinâmicos, atrelados a lógica de textos otimizados para

web, diferentemente do que é aplicado em outros produtos institucionais.

Como afirma BUENO (2003), ao passo em que a explosão informacional advinda da

popularização dos meios digitais permitiu novas possibilidades para o campo da comunicação, a

qualidade do conteúdo distribuído eletronicamente ainda é muito baixa. “É comum encontrar sites

institucionais absolutamente pobres de conteúdo, mera transcrição de folhetos impressos, sem

qualquer dinamismo, particularmente ultrapassados quanto à eficácia comunicacional” (p.58). Com

base neste contexto, pode-se afirmar que a produção dos conteúdos veiculados no site distancia-se da

ideia de mera reprodução de conteúdo, e sim de desenvolvimento estratégico pensado no público

alvo e ambiente de divulgação, que é a internet.

A seção “Diário da Terra” divide-se nas seguintes categorias: entrevistas, calendário, notas,

perfil, reportagem e séries especiais, constituindo assim, uma hierarquia lógica para a disposição das

informações. Como foco, também se pensou em uma estrutura de linguagem e de apresentação de

assuntos (pautas) que pudessem interessar aos jovens, com potencialidade transformadora de

realidades. [...] é o problema universal de todo o cidadão do novo milênio: como ter acesso às

informações sobre o mundo e como ter a possibilidade de articulá-las e organiza-lás? Como perceber

e conceber o Contexto, o Global (a relação todo/partes), o Multidimencional, o Complexo? Para

articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer os problemas do mundo, é necessária a

reforma do pensamento (Morin, 2002 p. 35).

Além da divisão de conteúdo, o “Diário da Terra” também se caracteriza pela busca de

múltiplos meios jornalísticos para a difusão do compromisso ambiental do Grupo Positivo, como a

produção para os meios audiovisual e impresso, por meio dos veículos laboratoriais do curso de

Jornalismo da Universidade Positivo. Um dos exemplos é a publicação de páginas especiais no jornal

impresso LONA (Laboratório da Notícia), edição 960, do dia 29 de outubro de 2014

(http://issuu.com/lona2012/docs/lona_960). O material produzido se refere a uma série de relatos de

pessoas que realizam pequenas ações em prol do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável

em suas comunidades.

Programa de TV

Em paralelo à produção escrita, foram produzidos vídeos, que originaram o quadro televisivo

"O que você fez pelo planeta hoje?", veiculado às quartas-feiras no telejornal laboratorial do curso de

jornalismo da Universidade Positivo, o Tela UN. Nos episódios divulgados, foram abordados temas

acerca da sustentabilidade e seus pilares, com foco em alternativas simples para a preservação do

meio ambiente. O primeiro episódio, mais conceitual, trata-se de uma apresentação ao quadro

(https://www.youtube.com/watch?v=l6synoN1XCQ), já o segundo exemplo trata-se de um dos

episódios que abordam um dos principais pilares da Sustentabilidade, o aspecto social

(https://www.youtube.com/watch?v=mKk2gZ8Tf60). Por fim, um terceiro exemplo, trata-se do

episódio sobre a produção de lixo (https://www.youtube.com/watch?v=sUzaHnQQMuA).

A equipe tentou produzir um programa cujo tema central é relevante, de uma maneira mais

leve e divertida, utilizando artifícios como trilha sonora, artes visuais e participação de pessoas

comuns.

A proposta do quadro era tratar de assuntos sérios de maneira clara, objetiva e divertida. Por

isso, a linguagem utilizada foi a coloquial. Com a finalidade de atrair os espectadores e facilitar a

compreensão, também foram usadas diversas animações e recursos visuais. O professor e

pesquisador Jorge Pedro de Sousa destaca que o Jornalismo Ambiental precisa ser atraente e gerar

curiosidade para cativar as pessoas.

Para que o jornalista ambiental logre influenciar a agenda dos cidadãos, é preciso que seja

contido, mas também que faça peças acessíveis, atraentes e elegantes, pois para que qualquer tema

seja incluído na lista de preocupações cidadãs, é necessário, antes de mais, que os cidadãos reparem

nas notícias, consigam acender ao seu conteúdo e, efectivamente, as consumam por inteiro. Cultivar

o interesse humano, na justa conta e medida, pode ser uma boa táctica na informação jornalística

ambiental. (SOUSA, 2008 p. 32)

A busca incessante por uma linguagem mais didática e simples ao telespectador foi o mote da

construção da narrativa. Objetivo, que na visão da equipe, foi alcançado. A cobertura ampla do tema,

utilizando como exemplos (positivos e negativos), o próprio público a qual o jornal é destinado,

aproximou as relações com quem nos assiste e serve como um agente espelhador para introdução de

novos hábitos de preservação, ou mesmo na criação de uma nova consciência a cerca da temática,

utilizando do humor, dos questionamentos e provocações feitas no final ou no começo de cada um

dos episódios veiculados.

CONSIDERAÇÕES

Os meios de comunicação são essenciais para a construção da conscientização da sociedade.

Tendo isto em vista, a discussão de temas ligados ao meio ambiente se torna de suma importância, ao

passo em que alerta as pessoas para a necessidade de um desenvolvimento em harmonia com a

sustentabilidade. Girardi, Massierer e Schwaab corroboram, ao dizerem que (...) somente com a

comunicação será possível conscientizar a população, segmentos representativos da sociedade civil e

os governos de que o atendimento às necessidades e aspirações do presente sem comprometer a

possibilidade de atendê-las no futuro é uma tarefa de toda a sociedade mundial, não só de uma

pessoa, organização e de um só país. (Girardi, Massierer e Schwaab, in CANUTO, 1996, p. 117).

Em relação às pautas desenvolvidas, histórias compartilhadas e a produção audiovisual, o “O

que você fez pelo planeta hoje?” cumpre o objetivo de abordar diferentes questões socioambientais e

de mostrar, sobretudo, que cada cidadão pode fazer muito mais do que apenas “separar o lixo”. Por

meio de dicas e informações simples, o produto institucional procurou, desde a primeira reportagem

veiculada, deixar claro aos espectadores a importância de pequenas ações individuais que, a

princípio, poderiam parecer insignificantes. Mais do que transmitir conhecimentos teóricos, foi

apresentado como as pessoas podem aplicá-lo de forma prática em suas vidas e o resultado que

podem obter, em curto e longo prazo.

Além da preocupação de desenvolver um produto de comunicação que objetiva atender todos

os agentes que influenciam na organização (consumidores, fornecedores, acionistas, etc), percebe-se

que o Grupo Positivo busca reafirmar sua imagem institucional quanto ao compromisso e

responsabilidade ambiental. E, visto que o conceito de imagem, na perspectiva organizacional, “se

amalgama com o de identidade institucional e torna-se o grande diferencial de competitividade para

as empresas” (DUARTE, 2003, p. 190), compreende-se que valores, princípios e filosofia compõem

uma relação positiva com os interesses econômicos da organização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2011. Disponível em <www.seonojornalismo.com.br>. Consultado em Abr. De 2015.

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