PROJETO DE PESQUISA (Robert Capa)-Versão CNPq
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PROJETO DE PESQUISA
ROBERT CAPA, FOTOJORNALISMO
E A MORTE DE UM MILICIANO: UMA ABORDAGEM PRAGMTICA SOBRE A AUTENTICIDADE DE UM
CONE DA FOTOGRAFIA
Prof. Dr. Jorge Ventura de Morais (UFPE) (Coordenador)1
Prof. Dr. Paulo Marcondes Ferreira Soares (UFPE)2
Profa. Dra. Rosane Alencar (UFPE)3
Palavras-Chave: Sociologia da Prova, Debates Pblicos, Pragmatismo, Reflexividade, Fotografia.
1. Introduo
A guerra tem ferido as sensibilidades modernas. Mais especificamente, tem
ferido as sensibilidades artsticas modernas. Para isto basta lembrar a srie de Goya
intitulada Desastres da Guerra. Contemporaneamente, com o advento da fotografia4,
as guerras e conflitos tem sido objeto de filmes, de pinturas e da fotografia,
particularmente daquilo que se convencionou chamar de fotojornalismo.
Nesta ltima rea, cabe lembrar, entre outros, aquele que considerado como
uma espcie de criador do fotojornalismo: Robert Capa. Ele fotografou diversas guerras,
comeando pela Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra na
Indochina etc.
Vrias de suas fotos se tornaram icnicas (Alexander, 2008a e 2008b), embora
uma particularmente tenha se tornado cone inconteste: A Morte de um Miliciano.
Esta foto, que est seguramente entre as fotos mais famosas do mundo, mostra,
1 Com expertise em teoria sociolgica e sociologia da arte contribuir principalmente a partir dos debates
sobre sociologia pragmtica e do debate pblico. 2 Com expertise em sociologia da arte, especificamente no campo plstico, contribuir com a discusso
com base em uma sociologia da imagem. 3 Com expertise em metodologias qualitativas, contribuir com a anlise fina da trajetria dos argumentos
apresentados nos corpora. 4 No nos cabe aqui entrar na discusso sobre o estatuto artstico da fotografia (Martins, 2008).
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supostamente, o exato momento da morte de um combatente de esquerda e tem sido
interpretada, em seu sentido mais geral, como mostrando o absurdo da guerra.
No entanto, ao lado deste aspecto de iconicidade, tem havido, em anos recentes,
uma forte polmica acerca da autenticidade desta foto. Por um lado, alguns acadmicos,
ensastas e jornalistas comearam a levantar dvidas acerca de se aquele evento
fotografado por Capa teria realmente acontecido ou se a foto teria sido encenada.
Por outro lado, os defensores de Capa argumentam, obviamente, que realmente o
fotgrafo teria, pelo seu engajamento no front de guerra, tido uma oportunidade
excepcional e a foto seria a expresso real da realidade, que a crueza da guerra.
Dado que uma sociologia pragmtica no pretende ser uma sociologia crtica, mas
uma sociologia da crtica, podemos desde logo afastar um problema sociolgico menor:
no nos cabe dizer quem est certo ou errado neste debate. Assim, nosso problema de
pesquisa se coloca da seguinte forma: pretendemos analisar os argumentos de cada uma
das partes envolvidas no debate no sentido de tornar suas teses em caixas-pretas
(Latour, 2000), isto , como verses definitivas. Neste sentido, para isto, teremos de
seguir no simplesmente os argumentos verbais, mas tambm a qualidade destes
argumentos (morais, estticos, polticos etc), os atores alistados para reforar os
argumentos (experts, cientistas, fotgrafos, historiadores etc), bem como objetos
(mquinas fotogrficas, instrumentos topogrficos, satlites etc) e a prpria cincia
(topografia, cartografia, geografia, histria etc). Dessa forma, nosso foco est na
representatividade do argumento em termos de legitimidade dentro do debate em
anlise. Na perspectiva sociolgica proposta aqui, argumentos so tratados como
unidades elementares de significao que permitem anlises comparativas de material
complexo e heterogneo (Chateauraynaud, 2007, p.3).
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2. Justificativa da Importncia do Estudo
As polmicas em torno do estatuto de verdade do fotojornalismo, bem como do
documentrio, fazem parte da prpria histria dessas modalidades de produo de
imagens e sua vinculao com a matria documental e factual. Um ponto central dessas
polmicas diz respeito ao que realidade ou fico, ao que fato ou ideologia,
informao precisa ou plasticidade, tica ou esttica. Tanto o fotojornalismo quanto o
documentrio tendem a ter o seu registro imagtico diretamente vinculado prova
factual, como um documento verdade, revelador do acontecimento tal qual. No se pode
esquecer, contudo, que um registro fotogrfico ou flmico, identificado como o
documento de um acontecimento determinado, no se d sem que o fotgrafo ou
documentarista estabelea uma dada descontextualizao ou recorte desse
acontecimento face ao que se poderia caracterizar como fato real. Concorre para isso um
conjunto de fatores culturais, ideolgicos, tico-estticos e polticos, explcitos ou
difusos, com os quais esse fotgrafo ou documentarista encontra-se comprometido.
Quer dizer, a imagem sempre fruto de uma interpretao, seja no ato de sua produo
(o corte, a angulao e outros meios de manipulao dados pelo fotgrafo ou
cinegrafista), seja no da sua fruio (os padres ou convenes que condicionam os
modos de ver do pblico). Isso para no falar do fato de que o prprio dispositivo
fotogrfico ou flmico, a cmera, impe limites construo de uma imagem. Como
bem sintetiza Becker (2009):
Representaes no tm significados fixos, cujas ramificaes complementares os analistas possam depois interpretar. Elas vivem em
contextos sociais e so verdade e fico, documento ou construo
imaginativa, dependendo do que os usurios finais fazem delas. Esse
experimento mostra como a mesma imagem pode ter significados muito
diferentes, de acordo com seu uso em contextos distintos por diferentes
tipos de pessoas (p. 200).
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Dessa forma, possvel, a partir dos ensinamentos de Becker e de
Chateauraynaud, relevar o fato de que o presente projeto de pesquisa poder trazer
contribuies mais amplas terica e metodologicamente para uma sociologia do
debate pblico e do estatuto da fotografia e da imagem como objeto de estudo e fonte de
dados. Isto porque nosso estudo abordar problemas recorrentes em termos terico-
metodolgicos acerca da relao entre dado emprico e realidade.
3. Problematizao
Robert Capa no nasceu Robert Capa! Ele nasceu Endre Friedmann na Hungria.
Muito jovem, teve problemas com o governo autoritrio de seu pas, o que o obrigou a
viver na Alemanha. L, ele comeou a trabalhar em uma agncia fotogrfica como
tcnico. Quando Leon Trotsky, em 1932, j em desgraa no cenrio poltico da Unio
Sovitica, realizou uma palestra na Dinamarca, Capa foi designado para acompanhar o
evento. Foi a que ele cometeu suas primeiras fotografias, mesmo sem muita
experincia.
Com a asceno dos nazistas ao poder, Friedmann se refugiou na Frana, onde
criou o personagem e nome a partir de qual se tornaria famoso: Robert Capa. Foi com
esta identidade que Capa rumou para a Espanha para fotografar a guerra civil neste pas.
Cheio de simpatias pelas foras republicanas assim como diversos intelectuais e
artistas daquela poca , Capa comeou a fotografar a guerra na frente de batalha
registrando-a de dentro de tneis, trincheiras, cidades etc.
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Figura 1. Robert Capa: Morte de um Miliciano (Copyright de Cornell Capa/Magnum Photos)
Foi assim ou, pelo menos, assim se acreditou durante certo tempo que ele
tirou a foto que o imortalizou para sempre entre os maiores fotgrafos do sculo XX e
como criador do fotojornalismo de guerra.
Dvidas sobre a foto sempre existiram, mas corriam atravs de cochichos. No
entanto, de tempos para c, tem havido vrias vozes que contestam que ela tenha sido
tirada no calor da batalha, que ela seja um retrato real da guerra. Em vez disso, apostam
que ela foi encenada.
Como bem afirma Martins (2012):
O mesmo, e ao inverso, se observa em relao ao autntico. Assim como a fotografia confere autenticidade ao que autenticidade no tem, pode tirar
autenticidade do que autntico, simplesmente porque fotografia.
Portanto, impregnada das incertezas prprias do polissmico. o caso da
clebre fotografia da morte do miliciano, na Guerra Civil espanhola, feita
[por] Robert Capa, em 1936. Ele fazia uma sequncia de fotos dos
milicianos que acompanhava quando, no exato momento de clicar, o
miliciano no qual focava sua objetiva foi atingido por um tiro fatal. Embora
a morte tenha sido comprovada, ocorrida naquele dia e instante, a foto de
Capa continua cercada de debate e incerteza por conta do que prprio da
fotografia e no do fato.
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Para isto, vrios meios tm sido utilizados. Houve ateno para o fato de que no
teria havido batalha naquele dia naquela localidade. Chamou-se ateno tambm para a
posio do rifle e do corpo, inclusive com a utilizao da foto seguinte, na sequncia,
cuja posio do corpo cado no seria condizente com a posio em que o miliciano foi
atingido pelo tiro. Argumentou-se tambm acerca do fato de que no h sangue na
camisa do morto, investigou-se qual teria sido a arma usada, a cmera utilizada por
Robert Capa etc.
Sua [da fotografia] definio borrada empresta autenticidade a uma foto que parece ter sido tirada na pressa em meio a um grande perigo... O claro
brilhante da testa do homem, a sombra escura no topo de sua cabea e o
ngulo de sua face jogada para trs, aparentemente por uma bala que o
atingiu, confere um poder extraordinrio imagem, sugerindo que o
fotgrafo capturou o exato momento no qual a bala passou atravs de sua
cabea... Apesar disto, a imagem profundamente ambgua. igualmente
possvel que a bala passando atravs da cabea do soldado seja meramente a
sombra do seu bon borrado no movimento; que a marca branca na sua testa seja meramente sua orelha capturando a luz. A profunda ambivalncia
da fotografia, e a constante oscilao de quem a v entre o que mostrado e
o que parece ser mostrado, assegura um constante fascnio imagem (Brothers, 1997, p. 179. Traduzimos).
J entre aqueles que defendiam a foto como tendo sido capturada por Capa em
um momento supremo da brutalidade da guerra, procurou-se, primeiro, descobrir a
identidade do miliciano identificado por Federico Borrell Garca , o que foi
confirmado por familiares como tendo sido morto no dia em que a foto fora tirada. Foi
tambm argumentado que no tinha havido realmente uma batalha, mas tiroteios
espaados e que em uma destas ocasies ocorreu a fatalidade com Borrell Garca (Cf.
Martins, 2008, p.22 (nota 27)).
Que houve encontro com vtimas entre republicanos e franquistas em Cerro Muriano, a 5 de setembro de 1936, est documentalmente atestado; que
Capa e sua noiva Gerda Taro estiveram presentes conta com testemunhos
confiveis. Jorge Lewinski, em 1978, chegou a aventar ter havido pose at
mesmo com auxlio das tropas de Franco, o que contraria tudo o que se
conhece do padro ideolgico e dos explcitos compromissos polticos do
fotgrafo e tornaria um escrnio a reiterada republicao da imagem... Por
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certo, poderia sempre tratar-se de um escorrego. Contudo, Mario Brotns
Jord (originrio de Alcoy e que esteve presente no local fatdico como
miliciano, aos 14 anos) pesquisou arquivos em Salamanca e Madri e chegou
concluso de que, no dia e no lugar em pauta, houvera apenas um
incidente, que acarretou uma nica morte: a do miliciano de Alcoy, Federico
Borrell Garca, de 24 anos. Everisto, irmo mais novo de Federico, tambm
envolvido com a milcia, confirmou os dados, o local e a morte (que no
chegou a presenciar, mas de que tinha pormenores por testemunho de
companheiros). Alm disto, fotografias de famlia confirmaram a identidade
do miliciano tombado (Meneses, 2003, p. 136).
Com relao sequncia de fotos, procurou-se mostrar fotos anteriores no
posteriores em que Capa fotografou, de dentro da trincheira, os republicanos em
posio de combate, pelas costas. Isto mostraria porque Borrell Garca, na hora da
morte, teria sido fotografado de frente ele estaria correndo para dentro da trincheira
e no pelas costas.
E a ausncia de sangue na camisa branca do miliciano? Bom, responderam os
defensores de Capa: Borrell Garca foi atingido por um tiro de fuzil Magnum
descobriram a arma utilizada pelos franquistas e, portanto, no teria tido tempo de
sangrar no momento da foto.
No nos cabe aqui nos estendermos nos diversos argumentos e alistamentos
feitos por partidrios da autenticidade da foto e por partidrios da encenao da foto.
Vale registrar o problema sociolgico de que nos ocupamos neste projeto: que
argumentos e que alistamentos (sinais, pessoas, redes, objetos etc) tem sido
apresentados por estes dois partidos na tentativa de tornar suas verses do fato
histrico uma caixa preta? (Cf. Latour, 2000). Ou, parafraseando Chateauraynaud
(2004), que provas cada uma das partes apresenta para estabelecer sua posio como a
verdade?
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4. Quadro Terico
Independentemente do alinhamento ideolgico, acreditamos que uma das
caractersticas da sociologia, ao longo de sua histria, sua postura crtica (sociologia
crtica). Com isto queremos dizer que mesmo correntes conservadoras, na procura de
resolver problemas sociolgicos, tem apontado, em alguma medida, para uma
interpretao que seria mais correta do que outras, por parte dos atores sociais.
Somente com a etnometodologia, com seu famoso postulado da indiferena
metodolgica, que esta lgica sofreu algum tipo de contestao (Cf. Garfinkel &
Sacks, 1970). Mais recentemente, com mais fora em certas correntes da sociologia
francesa, que tem havido uma maior defesa de outra postura metodolgica, ou seja, a
de abdicar da sociologia crtica em favor de uma sociologia da crtica.
Isto significa que se tem defendido a ideia de que os sujeitos sociais no
precisam da proteo dos socilogos. E os socilogos precisam prestar mais ateno nos
argumentos dos prprios atores sociais para que possam entender melhor os argumentos
que aqueles utilizam, de forma que se possa chegar a um melhor entendimento do
problema sociolgico sob anlise.
Neste projeto, toma-se partido desta postura metodolgica: no pretendemos
formular juzo de valor acerca do debate entre estes dois partidos. Pretendemos, sim,
entender os termos dos argumentos (uma sociologia do debate pblico) que cada uma
das partes apresenta e os alistamentos feitos para provar a verdade das suas posies.
Neste sentido, procuraremos apoiar nossa anlise nas contribuies recentes de
Francis Chateauraynaud da escola sociolgica pragmtica e reflexiva (Cf.
Chateauraynaud, 2004, 2007, 2009a e 2009b, Trabal et al., 2006, entre outros).
Alexander (2006) nos mostra o seguinte: uma narrativa scio-histrica tem uma
sintonia perfeita quando texto, cenrio e audincia se fundem perfeitamente. Se no, h
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o fracasso. Por sua vez, Chateauraynaud (2007 e 2009b), ao analisar debates pblicos na
Frana, mostra que estes debates ocorrem por tensionamento entre interessados em um
problema, quando passam a ter vises diferentes e opostas sobre ele. Um exemplo seria
os embates sobre o uso ou no de energia nuclear, e o uso de tcnicas orgnicas (contra
os organismos geneticamente modificados) para a produo de alimentos.
Segundo Chateauraynaud (2004), os debates pblicos podem ser entendidos em
termos de quatro tipos de alistamentos feitos pelos atores em contenda. No processo de
validao (na expresso de William James, apud Chateauraynaud, 2004, p.7) de seus
argumentos, os atores procuram alistar sujeitos e objetos que possam corroborar seus
pontos de vista de forma a tornar sua posio uma caixa-preta, isto , algo sobre o qual
no se discute. Primeiro, os contendores procuram sinais (palavras, textos, grficos etc)
que indiquem a correo de seu argumento. Segundo, eles procuram engajar pessoas na
teia dos acontecimentos que possam dar testemunho verbal ou comportamental, dar
pistas, que apoiem seus argumentos. Terceiro, apela-se para o conhecimento fornecido
pela experincia cotidiana, a experincia fornecida pelo corpo (intuio, no caso da foto
de Capa, de que seria muito difcil, quase impossvel, algum ser fotografado naquela
situao; no caso de alimentos orgnicos, eles tornam o corpo mais saudvel etc).
Finalmente, seguindo os ensinamentos de Latour (2000), alistam-se objetos de diversos
tipos, que possam emprestar apoio tese defendida (mquinas fotogrficas, fuzis,
aparelhos de topografia, negativos fotogrficos etc).
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SINAIS REDES
PRISE5
CORPO OBJETOS
Figura 2. Fonte: adaptado de Bessy & Chateauraynaud (1995, p.243 apud Trabal et al., 2006, p.13)
Interessante pontuar que nesse modelo terico-analtico, inspirado nas bases
fenomenolgicas, tem por foco estudar como os atores engajados numa atividade
perceptual resolvem as incertezas a partir da conexo com os diversos recursos
disponveis na experincia (Cf. Trabal et al., 2006).
Com este esquema analtico, pretendemos seguir os passos dos modernos
contendores envolvidos em argumentos acerca da prtica de Robert Capa quando tirou a
foto que se tornou um cone fotogrfico do nosso tempo.
5. Objetivos
5.1 Objetivo Geral
Investigar o estatuto de ambivalncia da imagem Morte de um Miliciano, de
Robert Capa, a partir dos argumentos e dos alistamentos utilizados por defensores e
oponentes das teses, no debate pblico que se seguiu, de que a foto seria uma bem
montada encenao ou a prpria expresso da realidade.
5 Embora no possamos traduzir exatamente o significado de Prise, optamos, depois de vrias
discusses com nossos colegas Paulo Henrique Martins e Silke Weber, pelo termo apreenso, que expressa melhor a ideia original em francs.
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5.2 Objetivos Especficos
5.2.1 Analisar os alistamentos de sinais promovidos pelos dois partidos;
5.2.2 Investigar os alistamentos de pessoas em redes feitos pelos dois agrupamentos
de atores;
5.2.3 Analisar os alistamentos de experincias corporais (experincias prticas)
encaminhados por defensores e oponentes das teses da encenao ou da prpria
expresso da realidade;
5.2.4 Investigar os alistamentos de objetos que possam confirmar uma posio ou
outra na contenda.
6. Metodologia
Considerando os objetivos propostos o corpus do presente projeto ser
construdo a partir do mtodo de anlise documental de trs fontes de dados: textos
publicados em sites variados sobre a temtica; matrias de jornais publicadas na poca e
obras que tratam especificamente do debate sobre o estatuto (encenao ou cena real) da
fotografia de Robert Capa.
Uma busca preliminar revelou a existncia de mais de 100.000 pginas na
internet sobre Robert Capa (o debate pode ser encontrado, principalmente, em lngua
inglesa, embora haja alguns documentos em espanhol e outros em italiano e francs). O
termo Robert Capa, combinado com outros tais como Death of a Soldier, Spanish
Civil War, The Mexican Suitcase, mostrou a enormidade de documentos que fazem
referncia controvrsia sobre o estatuto da fotografia de Capa, bem como outros
aspectos relacionados sua vida e sua obra. Estes documentos, que se constituiro em
parte do corpus deste projeto de pesquisa, sero copiados e armazenados, a partir do
critrio de saturao, para posterior anlise (Flick, 2009b; Bryman, 2008b; Kelle, 2003).
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Usaremos o sistema Nexis UK6 para acesso British Library onde poderemos
consultar jornais do perodo publicados nas principais lnguas europeias (francs, ingls,
italiano, espanhol, portugus etc). Em uma primeira estimativa, teremos acesso a cerca
de 15.000 notcias sobre Robert Capa.
Tambm faremos entrevistas (nmero a ser definido posteriormente) com
especialistas nas reas de sociologia, antropologia, histria e fotografia que tenham
tratado deste debate (por exemplo, Jos de Souza Martins (USP), Ulpiano Meneses
(USP), Cynthia Young (Curadora no International Center of Photography, que
dedicado a Robert Capa), Jos Manuel Susperregui (Universidade do Pas Basco)),
como forma validar, via triangulao, os dados coletados em outras fontes.
Quanto s obras especificamente voltadas para o debate sobre o estatuto
(encenao ou cena real) da fotografia de Robert Capa, sero analisadas quatro obras. O
livro The First Casualty, de Philip Knightley, onde a tese da encenao defendida.
Neste mesmo veio, h tambm Sombra de la Fotografa, obra de Jos Manuel
Susperregui Etchebeste, em que o autor se utiliza de diversos meios (estudos
topogrficos, por exemplo) para argumentar em favor da tese da encenao.
Por outro lado, Richard Whelan, na sua biografia de Capa, sustenta tese
diametralmente oposta, ou seja, a foto de Robert Capa uma cena real capturada no
momento exato da batalha entre republicanos e fascistas.
Finalmente, duas outras obras que se referem ao trabalho de Capa e seu
significado so: The Mexican Suitcase, coleo das fotografias de Capa, a partir dos
negativos recuperados no Mxico, organizada por Cynthia Young, e Diante da Dor dos
Outros, de Susan Sontag.
6 Sistema de busca oferecido pela biblioteca da Universidade de Exeter. Tendo o coordenador deste
projeto feito l o seu ps-doutorado, esta universidade continua graciosamente a lhe permitir acesso ao
sistema.
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Com relao anlise deste corpus, nosso procedimento ser o seguinte:
primeiro, identificaremos os diversos tipos de argumentos (morais, poltico-ideolgicos,
estticos etc) que apoiam as duas teses principais. Em segundo lugar, seguindo o nosso
modelo terico, sero identificados os alistamentos feitos pelos contendores em termos
de: a) sinais (por exemplo, houve ou no batalha no dia em que foto foi tirada?); b) rede
(testemunhos); c) corpo (intuies baseadas em experincias passadas, posio do
soldado etc); e d) objetos (artefatos de medio topogrfica, negativos, fotografias,
mquinas fotogrficas, computadores etc).
Considerando a perspectiva pragmtica da anlise a ser realizada, utilizaremos o
software Prospero Programme de Sociologie Pragmatique Experimentale et Reflexive
sur Ordinateur desenvolvido por Francis Chateauraynaud e Jean Pierre Charriau
(Trabal, 2005)7. O programa foi desenvolvido com o objetivo de analisar corpora
constitudos por textos caracterizados por variaes de tipos de argumentos
apresentados dentro de contextos e temporalidades. Dessa forma, entendemos que o
Prospero se constituir numa ferramenta metodolgica importante na identificao da
diversidade de formas de discurso e pluralidade de pontos de vista ou de estilos de
argumentao presente em nosso corpus.
7 Vale ressaltar que j temos acesso a este software, que nos foi gentilmente cedido por seus criadores.
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TRABAL, Patrick et al. (2006). Dopage et temporalities. Paris, Universit Paris X.
WAGNER-PACIFICI, Robin & SCHWARTZ, Barry (1998). The ambiguous and contested meanings of the Vietnam Veterans Memorial, in P. Smith (org.), The new American cultural sociology, Cambridge, Cambridge University Press.
WARBURTON, Nigel (1997). Authentic photographs. British Journal of Aesthetics. 37(2): 129-137.
WHELAN, Richard (1994). Robert Capa: a biography. Lincoln, University of
Nebraska Press.
YOUNG, Cynthia (2010). The Mexican suitcase. Londres, Steidl.
-
17
8. Resultados Esperados
8.1 Pelo menos duas monografias de concluso de curso;
8.2 Uma dissertao de mestrado;
8.3 Uma tese de doutorado;
8.4 Um seminrio internacional sobre Robert Capa
8.5 Um livro composto dos seguintes captulos:
8.5.1 Introduo
8.5.2 Captulo Terico e Metodolgico
8.5.3 Robert Capa, a Guerra e o Nascimento do Fotojornalismo
8.5.4 Alistando Sinais
8.5.5 Alistando Pessoas em Redes
8.5.6 Alistando Experincias Corporais
8.5.7 Alistando Objetos e Artefatos
8.5.8 Argumentando
8.5.9 Concluso
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18
9. Oramento
Produto Preo Unitrio (R$) Quantidade Total
Capital
Computador All in One Intel Core I3
4GB 1TB 23" Full HD Multi Touch
Display
3.200,00 3 9.600,00
HD Externo Disco Porttil 1TB
STAX1000600
500,00 3 1.500,00
TV LED 42" FULL HD 180 Black
Light TC-L42E5B Full HD USB
HDM
2.000,00 1 2.000,00
Estabilizador 2000VA 540,00 3 1.620,00
Antropologia e Imagem (Livro)
Editora: ZAHAR
19,90 1 19,90
Antropologia e Imagem, V.1 (Livro)
Organizador: PEIXOTO, CLARICE
EHLERS
Editora: GARAMOND
38,00 1 38,00
Antropologia e Imagem, V.2 (Livro)
Organizador: PEIXOTO, CLARICE
ELHLERS
Editora: GARAMOND
52,00 1 52,00
Diante da Dor dos Outros (Livro)
Autor: SONTAG, SUSAN
Editora: COMPANHIA DAS
LETRAS
37,50 1 37,50
Esttica da Fotografia: Perda e
Permanncia (Livro)
Autor: SOULAGES, FRANOIS
Editora: SENAC SAO PAULO
79,00 1 79,00
Fotografia: Usos e Funes no
Sculo XIX
Organizador: FABRIS,
ANNATERESA
Editora: EDUSP
60,00 1 60,00
Fotografa Como Documento Social,
La (Livro)
Autor: FREUND, GISELE
Editora: GUSTAVO GILI
61,90 1 61,90
Fotografa, Antropologa y
Colonialismo (Livro)
Autor: NARANJO, JUAN
Editora: GUSTAVO GILI
90,90 1 90,90
Fotogrfico, O (Livro)
Autor: KRAUSS, ROSALIND E.
Editora: GUSTAVO GILI GG
87,30 1 87,30
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19
Imagem e Conhecimento (Livro)
Organizadores: FABRIS,
ANNATERESA&KERN, MARIA
LUCIA BASTOS
Editora: EDUSP
80,00 1 80,00
Photography: A Cultural History
(Livro)
Autor: MARIEN, MARY WARNER
Editora: LAURENCE KING
131,40 1 131,40
Photography and Culture (Livro)
Autor: KUBICKI, KATHY, PHU,
THY&WILLIAMS, VAL
Editora: PALGRAVE USA
104,00 1 104,00
Photography and its Critics (Livro)
Autor: MARIEN, MARY WARNER
Editora: CAMBRIDGE - USA
92,50 1 92,50
War and Photography (Livro)
Autor: BROTHERS, CAROLINE
Editora: TAYLOR & FRANCIS
USA
124,40 1 124,40
Que Vemos, O Que Nos Olha, O
(Livro)
Autor: DIDI-HUBERMAN,
GEORGES
Editora: EDITORA 34
42,00 1 42,00
Images in Spite of All (Livro)
Autor: DIDI-HUBERMAN,
GEORGES
Editora: CHICAGO UNIVERSITY
P
69,50 1 69,50
Cuando las Imagenes Toman
Posicin (Livro)
Autor: DIDI-HUBERMAN,
GEORGES
Editora: ANTONIO MACHADO
96,10 1 96,10
Confronting Images (Livro)
Autor: DIDI-HUBERMAN,
GEORGES
Editora: PENNSYLVANIA
UNIVERS
121,50 1 121,50
Prospero (Livro)
Autor: CHATEAURAYNAUD,
FRANCIS
Editora: CNRS EDITIONS
132,40 1 132,40
Researching The Visual (Livro)
Autor: EMMISON, MICHAEL&
SMITH, PHILIP
Editora: SAGE-USA
218,70 1 218,70
-
20
Sociologia da Fotografia e da
Imagem (Livro)
Autor: MARTINS, JOSE DE
SOUZA
Editora: CONTEXTO
37,00 1 37,00
Robert Capa (Livro)
Autor: LEBRUN, BERNARD&
LEFEBVRE, MICHEL
Editora: HARRY N ABRAMS INC
115,70 1 115,70
Robert Capa (Livro)
Texto/Notas: WHELAN, RICHARD
Editora: PHAIDON PRESS
130,10 1 130,10
Robert Capa at Work (Livro)
Autor: HARTSHORN, WILLIS&
WHELAN, RICHARD
Editora: STEIDL - USA
138,80 1 138,80
Robert Capa (Livro)
Autor: WHELAN, RICHARD
Editora: ACTAR
192,80 1 192,80
Mexican Suitcase, The (Livro)
Autor: YOUNG, CYNTHIA
Editora: DAP-DISTRIBUTED ART
693,70 1 693,70
Faire Voir: L'Art a L'Epreuve de Ses
Mediations (Livro)
Autor: HEINICH, NATHALIE
Editora: IMPRESSIONS
NOUVELLE
81,80 1 81,80
Triple Jeu de L'Art Contemporain,
Le (Livro)
Autor: HEINICH, NATHALIE
Editora: MINUIT
82,50 1 82,50
Ce Que LArt Fait a la Sociologie (Livro)
Autor: HEINICH, NATHALIE
Editora: MINUIT
44,80 1 44,80
First Casualty, The (Livro)
Autor: KNIGHTLEY, PHILLIP
Editora: JOHNS HOPKINS
UNIVER
92,50 1 92,50
Advances in Visual Methodology
(Livro)
Organizador: PINK, SARAH
Editora: SAGE-USA
150,30 1 150,30
Camera as Historian, The (Livro)
Autor: EDWARDS, ELIZABETH
Editora: DUKE UNIVERSITY
PRES
104,00 1 104,00
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21
Cruel Radiance: Photography and
Political Violence, The (Livro)
Autor: LINFIELD, SUSIE
Editora: CHICAGO UNIVERSITY
P
57,90 1 57,90
Photographers Eye, The (Livro) Autor: EVANS, WALKER et al.
Editora: MOMA
78,50 1 78,50
Picturing Atrocity (Livro)
Autor: VARIOS AUTORES
Editora: CHICAGO UNIVERSITY
P
86,80 1 86,80
Civil Contract of Photography, The
(Livro)
Autor: AZOULAY, ARIELLA
Editora: MIT PRESS
106,80 1 106,80
Classic Essays on Photography
(Livro)
Autor: TRACHTENBERG, ALAN
Editora: INDEPENDENT
PUBLISHE
54,80 1 54,80
Photography Reader, The (Livro)
Autor: WELLS, LIZ
Idioma: INGLES
Editora: TAYLOR & FRANCIS
USA
136,60 1 138,60
Subtotal ------- ------- 18.846,40
Custeio
Papel Inkjet A4 75G (500) 13,00 50 650,00
Toner para impressora 200,00 10 2.000,00
DVD-R 1,4GB Mini Pack C/ 25 30,00 5 150,00
Subtotal -------- ------- 2.800,00
Total Geral --------- ------- 21.646,40