Projeto de Pesquisa Ago2011 - Sidney Lucena (1)
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1
Projeto de Pesquisa
Gerenciamento de Redes Virtualizadas Baseadas na
Arquitetura RouteFlow
Sidney Cunha de Lucena
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Av. Pasteur, 458 – Urca
22290-240 – Rio de Janeiro, RJ
Agosto de 2011
Resumo. Este projeto de pesquisa tem foco na área de gerenciamento e
operação de redes virtualizadas, com especial ênfase no gerenciamento do
protocolo BGP, usado no estabelecimento de roteamento externo (com a
Internet), e na detecção de anomalias relacionadas ao BGP que surgem com
este novo cenário. No caso, tem-se como alvo as redes definidas por software
(SDN), em especial aquelas que usam a tecnologia OpenFlow. No contexto
das SDNs, o projeto tem como meta principal explorar as novas possibilidades
que surgem em termos de roteamento BGP, como, por exemplo, o controle
centralizado das políticas de roteamento com sistemas autônomos vizinhos, e
incorporar, às práticas tradicionais de gerenciamento de redes, métodos
avançados para a detecção de comportamentos anômalos na utilização de
uma infraestrutura de rede virtualizada, em especial aquelas que possam
afetar o comportamento do BGP. Dentre as possíveis soluções para o
estabelecimento de SDNs OpenFlow, o projeto tem como foco a solução
RouteFlow, um projeto nacional, de código aberto, desenvolvido pela
Fundação CPqD que conta com o reconhecimento de grupos e instituições
internacionais, onde pode ser destacado o grupo que mantém e desenvolve a
tecnologia OpenFlow.
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1. Introdução
Este projeto de pesquisa tem foco na área de gerenciamento e operação de redes
virtualizadas baseadas na arquitetura RouteFlow. Entende-se por rede virtualizada toda
e qualquer rede sobreposta a uma infraestrutura de rede física, onde os enlaces lógicos
entre os elementos de comutação ou roteamento da rede virtualizada representam uma
abstração das possíveis conexões entre os nós de comutação ou roteamento da rede
física, sendo que as topologias derivadas possuem seu próprio plano de controle
[Chowdhury 2010, Fernandes 2010]. Entende-se por plano de controle a porção da rede
que abriga os softwares responsáveis por ditar o comportamento da rede, o que se dá a
partir da troca de mensagens entre os mesmos. Tais planos de controle podem residir
nos equipamentos da rede física (p/ex., roteadores) usados para o plano de dados (troca
de informações entre usuários), e assim depender das funcionalidades existentes nestes
equipamentos, ou residirem em sistemas de controle externos à rede física, seguindo o
conceito de redes definidas por software, ou software defined networks (SDN)
[Sherwood 2010].
Dentre as possíveis soluções para o estabelecimento de SDNs, o projeto tem
como foco a solução RouteFlow [RouteFlow 2011], que é baseada na tecnologia
OpenFlow [OpenFlow 2011], largamente adotada pela comunidade científica que
investiga este novo paradigma de redes. A solução RouteFlow é um projeto nacional, de
código aberto, desenvolvido pela Fundação CPqD que conta com o reconhecimento de
grupos e instituições internacionais, onde pode ser destacado o grupo que mantém e
desenvolve a tecnologia OpenFlow, localizado na Universidade de Stanford. Portanto, o
presente projeto almeja colaborar com o avanço da tecnologia nacional em redes
virtualizadas baseadas em OpenFlow. Vale destacar que o proponente possui trabalhos
em cooperação com o grupo da Fundação CPqD que desenvolve e mantém o RouteFlow
[Corrêa 2011, Nascimento 2011(1), Nascimento 2011(2)] e que a solução OpenFlow faz
parte do contexto do projeto FIBRE, de cooperação Brasil-Europa, que objetiva a
construção de um testbed a nível nacional utilizando virtualização de redes.
É relevante também destacar que o projeto proposto se enquadra na linha de
pesquisa de Distribuição e Redes do Programa de Pós-Graduação em Informática
(PPGI) da UNIRIO, no qual sou professor, tendo também potencial para atrair interesse
dos alunos de graduação do Bacharelado de Sistemas de Informação da UNIRIO, onde
ministro disciplinas ligadas a Redes de Computadores. Este projeto conta também com
a colaboração de docentes e pesquisadores de outras instituições de renome, conforme
descrito na Seção 8.
O restante deste documento está organizado da seguinte forma: a Seção 2
apresenta uma fundamentação teórica sobre redes virtualizadas e software defined
networks (SDN), com especial destaque para o projeto RouteFlow, sobre qual tem
havido contribuições relevantes oriundas de uma dissertação de mestrado sendo
orientada pelo proponente [Corrêa 2011, RouteFlow 2011]; a Seção 3 traz a qualificação
do problema a ser abordado, apresentando justificativas e sua relevância; a Seção 4
apresenta os objetivos e metas a serem alcançados; a Seção 5 traz a metodologia a ser
empregada durante o projeto; a Seção 6 apresenta o cronograma de execução e as
principais contribuições científicas e tecnológicas da proposta; a Seção 7 traz as
referências bibliográficas; e o Anexo I apresenta a equipe atual do projeto, a qual
pretende-se que seja acrescida de um bolsista de iniciação científica.
3
2. Redes Virtualizadas e Software Defined Networks (SDN)
A virtualização de sistemas é uma técnica que permite que um nó computacional
execute múltiplos processos oferecendo a cada um deles a ilusão de estar executando
sobre recursos dedicados. Inicialmente um mecanismo de isolamento, ela passou a
representar um fator de uso eficiente da crescente capacidade computacional disponível
[Egi 2007] e a integrar arquiteturas onde elementos comuns a um conjunto de processos
virtualizados possuem apenas uma cópia em execução, acessada de forma
compartilhada [Bhatia 2008].
O conceito de compartilhamento de recursos físicos foi estendido do âmbito de
nós individuais para os demais elementos de uma rede de computadores, dando origem
ao paradigma de virtualização de redes [Chowdhury 2010]. Em um processo paralelo
àquele descrito para a virtualização tradicional, a aplicação da virtualização de redes
passou a permitir que os componentes de uma rede física particionassem sua capacidade
de maneira a realizar simultaneamente múltiplas funções, estabelecendo infraestruturas
lógicas distintas e mutuamente isoladas. Ou seja, assim como a virtualização de
sistemas provê o compartilhamento dos recursos de um nó computacional por múltiplos
sistemas, a virtualização de redes provê um método para que múltiplas arquiteturas de
rede heterogêneas compartilhem o mesmo substrato físico - neste caso, componentes de
uma rede como roteadores, comutadores etc.
Assim como no caso da virtualização de sistemas, a virtualização de redes
também permitiu que as arquiteturas de redes se tornassem mais eficientes. Funções que
tradicionalmente eram gerenciadas de forma distribuída passaram a ser projetadas para
uma execução e administração centralizadas. É o caso do encaminhamento de tráfego
IP: podem ser encontradas arquiteturas do estado-da-arte [Bolla 2009, Nascimento
2010] em que decisões de roteamento, originalmente tomadas de forma local por nós
especializados, são encaminhadas por comutadores a um sistema controlador, que
executa em memória uma versão virtualizada da rede e dos respectivos elementos
roteadores, deriva decisões da base de informações de roteamento construída pela
execução desta rede virtual e as transmite aos comutadores, que reagem de acordo. Esta
abordagem é também chamada de Rede Definida por Software, ou Software Defined
Network (SDN).
2.1. OpenFlow e as Redes Programáticas
As redes definidas por software, ou redes programáticas, são baseadas na
separação entre o plano de controle, responsável pelos protocolos e pelas tomadas de
decisão que resultam na confecção das tabelas de encaminhamento, e o plano de dados,
também chamado plano de encaminhamento, que cuida da comutação e repasse dos
pacotes de rede. Nos equipamentos de redes legadas, o plano de controle é executado no
próprio equipamento, a partir dos protocolos implementados no sistema operacional
(SO) do mesmo, impedindo qualquer tomada de decisão que não tenha sido prevista
nestes protocolos. Para que seja possível “quebrar” esta restrição, faz-se necessária uma
forma de permitir que o equipamento encaminhe os pacotes a partir de protocolos
implementados externamente, de maneira que o plano de controle seja independente
4
daquele pré-configurado e não se limite aos protocolos implementados pelo fabricante.
A tecnologia OpenFlow, proposta por [Mckeown 2008], permite o advento de redes
programáticas uma vez que estabelece uma interface de comunicação entre o plano de
encaminhamento, que reside nos equipamentos de rede, sejam eles switches ou
roteadores, e o plano de controle, que no caso das redes programáticas fica externo ao
equipamento de rede, abrigado numa máquina física ou virtual.
É possível também estabelecer esta comunicação através de APIs desenvolvidas
pelos fabricantes, quando esta de fato houver. Entretanto, numa rede que seja multi-
vendor, isto obrigaria a implementação de um plano de controle que tenha que entender
as diferentes APIs dos diferentes fabricantes. E mesmo no caso de se optar pelo uso de
protocolos padronizados de gerenciamento para se estabelecer uma comunicação entre
os planos, como o SNMP, ainda assim haveria uma limitação nas possíveis ações a
serem desempenhadas pelo plano de controle, já que estas, mais uma vez, precisariam
ser previstas pelo SO do equipamento. Já no caso do OpenFlow, este se apresenta como
uma proposta de padrão de interface entre plano de controle e plano de dados, com
bastante flexibilidade para ser possível a instalação de regras de encaminhamento
baseadas em diversos parâmetros de protocolos de camadas distintas, como ethernet, IP,
MPLS, TCP e UDP.
A Figura 1, extraída de [Mckeown 2008] mostra o escopo de um switch usando
OpenFlow. A tabela de fluxos mostrada é controlada externamente a partir de um
controlador, que se comunica com o switch via protocolo OpenFlow sobre um canal
SSL. Cada entrada na tabela de fluxos contém três campos: (i) um cabeçalho definindo
um determinado fluxo, (ii) uma ação associada a este fluxo e (iii) estatísticas de número
de pacotes, bytes e timestamps. As possíveis ações na tabela de fluxo são simples: (i)
encaminhar os pacotes do respectivo fluxo para uma dada interface de saída, (ii)
encapsular e encaminhar os pacotes do fluxo para o controlador, geralmente usado para
o primeiro de um novo fluxo, para o qual uma nova entrada na tabela de fluxo deve ser
adicionada, e (iii) descartar os pacotes do fluxo. Os campos do cabeçalho da versão 1.1
do OpenFlow, que definem um fluxo, são os seguintes: interface de entrada, metadado
(contendo descrição livre do fluxo), MAC de origem, MAC de destino, Ether Type,
VLAN Id, VLAN priority, label MPLS, classe de tráfego MPLS, IPv4 de origem, IPv4
de destino, campo Protocol do IPv4 ou opcode do ARP, IPv4 TOS, porta de origem ou
tipo ICMP, porta de destino ou código ICMP. Diversas implementações de switches
OpenFlow utilizam placas NetFPGA [NetFPGA 2011], que possui programabilidade e
quatro interfaces de rede Gigabit Ethernet.
2.2. Arquitetura RouteFlow
Um exemplo da abordagem SDN usando OpenFlow é a arquitetura RouteFlow,
um projeto capitaneado pela Fundação CPqD que conta com a colaboração da Unicamp
e da Unirio. Esta arquitetura se propõe a fornecer uma plataforma de virtualização de
redes que possa interoperar com redes legadas. A Figura 2 traz um esquema de uso desta
arquitetura, na qual é possível observar um plano de controle virtualizado rodando num
servidor físico (RouteFlow Server), onde máquinas virtuais (MVs) representando cada
um dos elementos físicos da rede interagem entre si, tal qual ocorreria numa rede física
comum. Nesta arquitetura, os switches físicos da rede não necessitam de nenhuma
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inteligência, basta que eles tenham suporte a OpenFlow, de maneira que as tabelas de
encaminhamento computadas no plano virtual possam ser instanciadas nos switches da
rede física.
Figura 1 – Escopo de um switch OpenFlow [Mckeown 2008]
A interoperação com redes legadas se dá de forma natural, bastando que as
máquinas virtuais do plano de controle virtualizado rodem os protocolos de roteamento
da rede legada – por exemplo, BGP ou OSPF. Regras de encaminhamento na MV
relacionada com o equipamento de borda da rede usando RouteFlow direcionam os
pacotes do protocolo de roteamento para o plano de dados do equipamento de borda e,
em seguida, para a rede vizinha. A Figura 3 traz um diagrama mostrando a interação
entre os componentes da arquitetura.
Figura 2 - Exemplo da arquitetura RouteFlow [Nascimento 2011(1)]
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Este tipo de abordagem é bastante interessante no sentido de diminuir a
necessidade de equipamentos de roteamento por toda a rede, sem que isto cause uma
convergência severa de tráfego para um equipamento de roteamento central. Conforme
mostrado na arquitetura da Figura 2, existe um elemento central (RouteFlow Server)
que cuida do plano de controle de toda a rede. Porém, cada decisão de roteamento
tomada por este elemento central é “instalada” no respectivo switch, fazendo com que
as tabelas de encaminhamento destes switches estejam coerentes com o plano de
controle. Em outras palavras, embora o plano de controle seja centralizado, as ações de
encaminhamento dos dados mantêm-se distribuídas pelos switches.
2.3. Modos de Operação Suportados pela Arquitetura RouteFlow
A separação entre o plano de encaminhamento e o plano de controle permite
flexibilizar o mapeamento entre as máquinas virtuais do plano de controle virtualizado e
os switches físicos da rede. A Figura 3 mostra três modos básicos de mapeamento:
i. Mapeamento 1 : 1 (split lógico) – cada elemento físico da rede é mapeado em
uma MV do plano de controle virtualizado, tal qual no exemplo da Figura 1;
ii. Mapeamento 1 : n (multiplexação de roteadores) – cada elemento físico da rede
é mapeado por n diversas MVs do plano de controle virtualizado;
iii. Mapeamento m : 1 ou m : n (agregação de roteadores) – m elementos físicos da
rede são mapeados em uma única MV, ou em n MVs do plano de controle
virtualizado.
Figura 3 - Componentes da arquitetura RouteFlow [Nascimento 2011(1)]
7
Figura 4 – Modos de operação para diferentes cenários de virtualização
de roteadores [Nascimento 2011(1)]
O modo de multiplexação de roteadores representa a abordagem tradicional de
virtualização de redes, na qual se tem vários planos de controle virtualizados rodando
simultaneamente e instalando suas respectivas tabelas de encaminhamento no mesmo
elemento físico. O modo de agregação de roteadores pode simplificar o funcionamento
dos protocolos de roteamento ao tratar o agregado como se fosse um único roteador.
Desta maneira, o roteamento interno entre os elementos agregados é definido por
software, enquanto que o roteamento externo é definido pelo protocolo de roteamento, o
que melhora a escalabilidade do protocolo e permite um controle centralizado, o que
pode facilitar certas funções, como no caso de um balanceamento de tráfego no BGP.
3. Qualificação do Problema a ser Abordado e Justificativa
Conforme mencionado na Seção 2.3, a arquitetura RouteFlow permite um modo
de operação que agrega diversos elementos da rede física, onde uma única instância de
roteamento rodando no plano de controle é responsável por definir as tabelas de
encaminhamento de todos os switches da rede. Este modo de operação é especialmente
interessante para o BGP, onde, ao contrário do que ocorre numa rede legada, toda a
decisão de roteamento externo (entre a rede e suas redes vizinhas) é tomada de forma
centralizada.
Numa rede legada, para cada rede vizinha existe uma instância de roteamento
BGP conversando com o roteador de borda da rede vizinha. A decisão de roteamento
externo, ou seja, relacionada como encaminhamento de tráfego para fora da rede é
tomada de forma distribuída, onde cada roteador de borda da rede decide como
encaminhar o tráfego a partir das informações locais de rotas e da configuração local
das políticas de roteamento. A coerência desta decisão com a política de roteamento da
rede como um todo dependerá da troca de informação interna entre estes roteadores e de
ajustes manuais dos operadores de rede.
Segundo mostrado em [Zhang-Shen 2008], uma abordagem centralizada para a
tomada de decisão relativa ao roteamento externo, na qual é possível conhecer todo o
estado da rede de maneira global e atualizada, torna o funcionamento do BGP muito
mais eficiente. Além disso, fica mais fácil para os operadores verificar se as políticas de
8
roteamento estão de fato sendo corretamente empregadas ou se merecem ajustes. Face
ao exposto, [Zhang-Shen 2008] discute uma teoria sobre roteamento atômico e propõe
modificações no BGP para torná-lo atômico, ou seja, para que sua decisão seja
centralizada a partir de uma visão global da rede.
Dado que a arquitetura RouteFlow possui um modo de operação perfeitamente
aderente com a proposta de um BGP atômico, o presente projeto almeja implementar e
estudar comportamento do BGP atômico na arquitetura RouteFlow, objetivando também
uma proposta para detecção de anomalias neste novo ambiente. Este objetivo traz
alguns desafios para ser atingido, a listar: (i) a implementação do modo de agregação na
arquitetura RouteFlow, pois atualmente só há implementação no modo “um para um”;
(ii) a implementação do BGP atômico no modo de agregação do RouteFlow; (iii) um
estudo comparativo entre o funcionamento do BGP tradicional e o BGP atômico; (iv) a
caracterização do comportamento do tráfego de controle e de dados para o BGP atômico
de forma a descobrir os padrões de normalidade; e (v), a seleção e o ajuste de métodos
de detecção de anomalias para esta arquitetura usando BGP atômico.
4. Objetivos e Metas do Projeto
Os objetivos do projeto de pesquisa aqui tratado se dividem em aspectos científicos e
aspectos de formação de recursos humanos na área de redes definidas por software
(SDN) e gerenciamento de redes virtualizadas.
Com relação aos aspectos científicos do projeto, objetiva-se implementar e
estudar comportamento do BGP atômico na arquitetura RouteFlow, derivando a partir
destes estudos uma proposta para detecção de anomalias neste novo ambiente. Com
relação aos aspectos de formação, objetiva-se formar recursos humanos que estejam
capacitados a pesquisar e a realizar atividades ligadas a virtualização, SDN e
gerenciamento de redes. Estes recursos humanos deverão também estar capacitados a
usar métodos avançados para medição, extração e correlação de informações relevantes
da rede, de maneira a fornecer subsídios que apóiem uma tomada de decisão. Para se
atingir este fim, almeja-se a criação de um laboratório de pesquisa com foco em SDN,
virtualização e gerenciamento de redes, a partir do apoio financeiro pretendido para este
projeto e para o qual foram submetidas propostas para o edital APQ1 da Faperj e o
edital Universal do CNPq.
As metas do projeto estão alinhadas com os desafios listados na seção anterior e,
portanto, envolvem:
(i) Implementar o modo de agregação na arquitetura RouteFlow, pois atualmente só
há implementação no modo “um para um” (1:1);
(ii) Implementar o BGP atômico no modo de agregação do RouteFlow;
(iii) Realizar um estudo comparativo entre o funcionamento do BGP tradicional e o
BGP atômico;
(iv) Caracterizar o comportamento do tráfego de controle e de dados para o BGP
atômico de forma a descobrir os padrões de normalidade;
(v) Selecionar e ajustar métodos de detecção de anomalias para este novo ambiente
9
de roteamento.
5. Metodologia e Principais Contribuições
De maneira a atingir as metas propostas, deseja-se montar um laboratório que
emule um cenário de rede virtualizada usando a abordagem de SDN. Para tal, será
utilizada a arquitetura RouteFlow, tendo em vista que a mesma é referenciada no projeto
OpenFlow, tem bom potencial para adoção na comunidade, devido a sua característica
de interoperação com redes legadas, e por já ser de conhecimento e uso de parte da
equipe do projeto [Nascimento 2011(1), RouteFlow 2011]. Este laboratório consistirá
basicamente de duas máquinas servidoras que vão abrigar separadamente o plano de
controle, ou seja, o RouteFlow propriamente dito, e o plano de dados emulados. A
emulação deste plano de dados usará um virtualizador para gerar máquinas virtuais que
vão emular os swtiches OpenFlow. Os switches OpenFlow são emulados através do
software OpenVSwtich que estarão rodando em máquinas virtuais usando o ambiente
Linux Mininet, adequado para este tipo de experimento por ocupar poucos recursos da
máquina física.
Ao longo do período de execução do trabalho, projetado para dois anos, serão
elaborados relatórios técnicos e também artigos para submissão em conferências
nacionais e internacionais. As contribuições científicas decorrentes do projeto estão
alinhadas com as metas expostas e se concentram nas atividades programadas para os
dois últimos semestres, a listar:
(i) um estudo comparativo entre o padrão de comportamento e as
funcionalidades do BGP tradicional e o BGP atômico a partir da
arquitetura RouteFlow;
(ii) um estudo de métodos de detecção de anomalias para a arquitetura
RouteFlow dotada de BGP atômico.
6. Cronograma de Execução
A execução deste projeto prevê um total de dois anos, organizados da seguinte
forma:
1º semestre: Implantação do laboratório para emulação de uma SDN, usando
arquitetura RouteFlow, e implementação de diversos cenários de teste que
devem incluir o modo de agregação;
2º semestre: Implementação do BGP atômico na arquitetura RouteFlow;
3º semestre: Estudo do comportamento do protocolo BGP no modo atômico
frente a diversos cenários realistas de uso, visando a caracterização de um
padrão de comportamento;
4º semestre: Seleção e ajustes de métodos para detecção de anomalias no
plano de controle do ambiente RouteFlow usando BGP atômico.
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7. Referências Bibliográficas
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ANEXO I. Participantes do Projeto
O projeto será coordenado pelo proponente, Sidney Cunha de Lucena, doutor pela
Coppe/UFRJ, professor adjunto do Departamento de Informática Aplicada (DIA) da
UNIRIO desde Novembro de 2006, atualmente em regime de dedicação exclusiva, e
professor pleno do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) deste
departamento. No campo da pesquisa e da pós-graduação, boa parte dos docentes do
DIA mantém projetos de pesquisa financiados por órgãos de fomento como o CNPq, a
Finep e a FAPERJ, e também participam como colaboradores de programas de pós-
graduação stricto sensu de outros centros da UNIRIO e de outras instituições
congêneres, como a UFRJ, o IME e a PUC-Rio.
Internamente, no âmbito do DIA, o projeto contará também com a colaboração
da Professora Morganna Carmem Diniz e do Professor Carlos Alberto Vieira Campos,
ambos doutores pela Coppe/UFRJ e também professores plenos no PPGI. A Professora
Morganna C. Diniz milita na área de avaliação de desempenho, tanto de sistemas de
computação e comunicação quanto de aplicações P2P, e o Professor Carlos Alberto V.
Campos possui trabalhos de pesquisa na área de redes sem fio, incluindo modelagem e
simulação de diversos cenários de redes ad-hoc. Ambos os professores atuam em áreas
afins ao projeto e compartilham do interesse pela criação de um laboratório de estudos
em gerenciamento de redes virtualizadas, que é uma linha de pesquisa que tem forte
aderência com o mestrado em Sistemas de Informação.
Também fazem parte da equipe quatro alunos de mestrado do PPGI. Dois deles
cursam o segundo ano e têm previsão de defesa de dissertação para 03/2012: Carlos
Nilton Araújo Corrêa e Daniel Marques de Arêa Leão. O aluno Carlos Corrêa já teve
trabalho ligado à área de virtualização de redes aceito na SBRC e tem participado
ativamente do desenvolvimento da plataforma RouteFlow, em colaboração com a
Unicamp e a Fundação CPqD [RouteFlow 2011, Nascimento 2011(1), Corrêa 2011]. Os
outros dois alunos estão no primeiro ano de mestrado e têm previsão de defesa de
dissertação para 03/2013: Anna Graciela Furtado Cruz e Thiago Martorelli.
Externamente, o projeto contará com colaboradores de outras instituições de
ensino superior, que são listados a seguir: (i) o Professor Magnos Martinello, doutor
pelo LAAS (França) e professor adjunto da UFES, tem trabalhos ligados a metrologia
de redes e confiabilidade de sistemas, colabora com o serviço de monitoramento fim-a-
fim da Rede Ipê (o MonIPÊ), atualmente é coordenador administrativo do Ponto de
Presença da RNP no Estado do Espírito Santo, o PoP-ES, e integrante do projeto ReVir
(CTIC/RNP), ligado a redes virtualizadas; (ii) o Professor César Marcondes, doutor pela
UCLA e professor adjunto da UFSCar, possui trabalhos de pesquisa na área de
metrologia de redes e controle de congestionamento, atualmente investiga SDN e
OpenFlow com participação em dois projetos financiados ligados a virtualização de
redes e SDN, o ReVir e o FIBRE, este último em cooperação com o CPqD, a RNP e a
União Européia; (iii) o Professor Pedro Torres, mestre pela UFPR e professor assistente
da UFPR, tem extensa experiência com administração de redes, colaborou com o grupo
de trabalho da RNP para monitoração de tráfego baseado em SGSD (Sistema
Gerenciador de Stream de Dados) e atualmente é o coordenador técnico do Ponto de
Presença da RNP no Estado do Paraná, o PoP-PR.
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O projeto contará também com colaboradores externos ligados a centros de
pesquisa e redes acadêmicas. Dois colaboradores são da Fundação CPqD: Marcos
Rogério Salvador, doutor pela Universidade de Twente (Holanda) e atualmente gerente
de evolução tecnológica de redes convergentes do CPqD, e Christian Esteve
Rothenberg, doutor pela Unicamp e atualmente pesquisador do CPqD, ambos
participantes dos projetos ReVir e FIBRE e coordenadores do projeto RouteFlow
[RouteFlow 2011]. Por fim, Alex Soares de Moura, mestre pela Unirio e atualmente
gerente de P&D de redes para experimentação (testbeds) da RNP, é também um dos
coordenadores do projeto de serviço experimental de aprovisionamento de circuitos
dinâmicos da RNP [Machado 2011].
Vale ressaltar também que o proponente deste projeto possui larga experiência
prática na área de roteamento e gerenciamento de redes, tendo em vista que no período
de 2001 a 2008 o mesmo integrou a equipe de engenharia e operação da RNP (Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa), que administra a Rede Ipê, backbone acadêmico
nacional que provê conexão Internet para instituições ligadas ao MEC e MCT, dentre
outras, e que promove projetos que estimulam a criação de aplicações avançadas que
façam uso inovador da rede. Atualmente, o proponente participa de um grupo de
trabalho ligado à RNP que tem o objetivo de implementar um serviço experimental de
circuitos dinâmicos na Rede Ipê, o SE-Cipó [Machado 2011], sendo que, para tal,
pretende-se que seja criada uma rede virtualizada de maneira a manter um isolamento
entre a rede experimental virtualizada (Rede Cipó) e a rede de produção. Dentre as
atividades do autor do projeto que estão relacionadas com os objetivos descritos,
destacam-se:
i. Ensino das disciplinas de Redes de Computadores, Tópicos Avançados em
Redes de Computadores e de Tópicos Especiais em Distribuição e Redes nos
cursos de graduação e mestrado em Sistemas de Informação da UNIRIO;
ii. Orientação de projetos de conclusão de curso de graduação, trabalhos de
iniciação científica e dissertações de mestrado;
iii. Participação em projeto financiado pela RNP visando um serviço experimental
de aprovisionamento dinâmico de circuitos no backbone acadêmico nacional
(rede Ipê), chamado SE-Cipó [Machado 2011];
iv. Participação no projeto de software livre na área de SDN chamado RouteFlow
[RouteFlow 2011], ligado à iniciativa OpenFlow [OpenFlow 2011], apoiada pela
Open Networking Foundation [ONF 2011];
v. Publicação de artigos em congressos nacionais e internacionais nas áreas de
detecção de anomalias, metrologia de redes, virtualização de redes e redes
definidas por software [Lucena 2010, Oliveira 2011, Corrêa 2011, Nascimento
2011(1) e Nascimento 2011(2)].