Projeto de Pesquisa 3 - Fernando de Azevedo Lopes
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Metodologia de pesquisa 3 - Fernando de Azevedo Lopes
Apresentação do tema
Sílvio Romero é destacado por muitos analistas como um dos grandes intelectuais
brasileiros e sua obra foi objeto de muitas análises, indo da História e Literatura até a
Filosofia. Romero é comumente associado ao movimento renovador de ideias políticas e
filosóficas no Brasil, a “geração de 1870”, geração esta formada por intelectuais que se
caracterizavam pela oposição à ordem saquarema, a qual vigorou quase
ininterruptamente entre 1848 e 1878 e confrontava os três pilares da ordem imperial
conservadora: o catolicismo hierárquico, o indianismo romântico e o regime que
limitava a participação política. Romero teve sua obra, principalmente sua crítica
literária, diretamente marcada pela influência do ideário cientificista, principalmente do
evolucionismo de Herbert Spencer, e esse foi o aspecto que mais o
marcou/estigmatizou, tanto pelos seus adversários coetâneos quanto pela produção
analítica posterior sobre ele.
Visto isso, o principal objetivo desse trabalho é do compreender e explicar como a
aclimatação do cientificismo europeu por Sílvio Romero teve agência e de certa forma
contribuiu para o desenvolvimento dos estudos sobre a sociedade brasileira que se
seguiram a ele. E também tentar ver esse movimento teórico dentro de um escopo maior
de luta política e disputa por paradigmas de organização social. Outro dos objetivos
desse trabalho será o de contestar a visão corrente dentro dos estudos sobre Romero,
segundo a qual uma certa lógica de cópia / desvio das ideias marcaria a trajetória
intelectual do autor sergipano, no sentido de absorção mecânica de certos repertórios
intelectuais e também de contradições presentes na sua trajetória intelectual. Tento
compreender, ao contrário, o uso do repertório1 cientificista europeu por Romero como
forma de atuação política e intelectual no contexto nacional, e não como mero “erro de
percurso” na migração das ideias das matrizes europeias para o Brasil.
Para tal demonstração, utilizo como ferramenta empírica a análise das críticas de
Sílvio Romero à relação das oligarquias estaduais e do militarismo com o positivismo e
1 Utilizo aqui a noção de repertório intelectual proposta por Swindler(1986) e Tilly(1993), na qual os agentes fazem uso dos conceitos e teorias por meio de um critério político de triagem. Esse uso se corresponde diretamente com as circunstâncias práticas na qual os agentes estão envolvidos. Com esse movimento, entretanto, não desconsidero a tentativa de formulação teórica generalizante por parte de Sílvio Romero, como se operasse uma adoção utilitarista das ideias, mas antes uma mobilização reflexiva e com agência das ideias científicas europeias.
o uso pelo autor do evolucionismo spenceriano para tal fim. Outra das minhas hipóteses
é de que uma certa “linhagem” tipológica crítica surge com José Veríssimo, no
momento de formação da Academia Brasileira de Letras e de embate in loco com
Romero, variando intensidade e forma, e se renova na bibliografia subsequente sobre o
autor sergipano. Em outras palavras, acredito que a dinâmica própria do momento de
formação da ABL e as saídas retóricas nascidas naquele debate acabaram por
estigmatizar Sílvio Romero e essa pesquisa propõe uma breve tentativa de leitura de sua
atuação intelectual como dotada de sentido próprio, para assim perceber também como
o manejo do repertório científico do período segue um plano estratégico de agência na
realidade nacional do período.
Justificativa
A justificativa em torno da escolha da obra de Sílvio Romero como eixo
norteador da pesquisa, que de uma forma mais geral, é a tentativa de compreender os
usos feitos pelos intelectuais brasileiros da chamada “Geração de 1870” por matrizes
teóricas hegemônicas no cenário científico internacional se aloca no fato de que o autor,
entre os seus contemporâneos, foi o que levou ao extremo o projeto de unir a crítica
literária e a análise social. Nesse sentido, Romero pode ser alocado como iniciador de
uma nova forma, não disjuntiva entre texto e contexto, de se olhar para os objetos
literários e também para os fenômenos culturais, quase como uma “sequência
sociológica”, aonde, de forma crítica, vai ser retomado como projeto intelectual, entre
outros, por Antonio Candido (2000; 2006) e seus seguidores. No decorrer do texto em
tela, essa tese que apresento aqui de resgatar criticamente a contribuição de Romero
para a formação de um tipo específico de fazer sociológico poderá ser mais clarificada,
verificando e criticando certa interpretação “ossificada” sobre as obras do autor e
mostrando a vivacidade de seu projeto frente a conjuntura específica em que ele estava
inserido.
Localização do tema
1.1 – A fortuna crítica sobre Romero
Muitas das análises sobre Romero trabalham com a ideia de que o pensamento
do autor e a forma como mobilizou suas construções intelectuais seriam
“contraditórios”, desde as primeiras reações em relação à sua obra até as análises mais
recentes. Sua suposta incoerência e o ardor e ferocidade para com as querelas em que
estava envolvido com seus adversários marcaram uma tradição de análise que por muito
tempo balizou o debate sobre sua contribuição para o pensamento social brasileiro. José
Veríssimo, um dos principais adversários intelectuais de Romero2, inaugura uma
vertente interpretativa sobre a obra do autor ao se posicionar criticamente em relação à
crítica literária romeriana, tendo no trecho abaixo citado um grande exemplo desse
movimento:
[...] ele não é uma natureza complicada e difícil, antes clara, espontânea e
aberta. Mas também incoerente, impulsiva, sem medida nem comedimento.
Isso explica as suas incoerências, a sua inconstância de caráter e de espírito
[...] se não se emenda, é um candidato ao delírio de perseguição
(VERÍSSIMO, 2001, p. 244)
Nota-se claramente a desqualificação de Romero transcendendo ao arcabouço
teórico e crítico utilizado por ele e fixando-se nas suas características pessoais e
psicológicas. Artifício comum no mis-en-scéne intelectual da época, essa forma de
abordagem interpretativa se perpetuou, de formas diversas, na vasta produção
subsequente acerca do autor, indo desde Antonio Candido até obras mais recentes, as
quais serão abordadas adiante.
Sílvio Romero é considerado por Antonio Candido um dos principais nomes da
moderna crítica literária brasileira, apesar do autor salientar discrepâncias nas suas
análises e o excessivo enfoque nos fatores externos à literatura. Candido, em Método
Crítico de Sílvio Romero (1945), enfatiza as contradições romerianas, caracterizando-as
como um “ardente e por vezes desordenado movimento entre ideias resultante de um
humor instável” (Ibid.:19). Podemos notar que a interpretação de Candido lança mão de
2 Além de toda a diferença entre as propostas de crítica literária existentes entre os autores, pode-se localizar o início da polêmica e da intensa rixa entre os dois na defesa de Machado de Assis empreendida por Veríssimo mediante as críticas feitas por Romero no seu Machado de Assis: Estudo comparativo de literatura brasileira (1897). Sobre essa tríplice polêmica, ver Bariani, 2007.
certo psicologismo, como Veríssimo, ao caracterizar a lógica do movimento intelectual
de Romero. Segundo Candido, a polêmica, tão marcante na obra de Romero, teria
sofrido influência de ressentimentos e motivos pessoais, mais do que motivações
políticas e de disputa intelectual. O problema de tal análise é o fato de Candido
deslegitimar essas motivações na trajetória de Romero dentro da disputa intelectual do
período.
Por outro lado, Antonio Candido vê na obra de Romero importância devido à
forma como o último ultrapassou o formalismo da crítica literária e permitiu uma leitura
mais complexa das atividades artísticas e literárias do Brasil. Para Candido, esse
movimento em Romero deveu-se ao embasamento no naturalismo crítico, que entende
as questões culturais de forma integrada e funcional em relação a um contexto
específico (Ibid.).
Apesar desse elogio à importância da obra de Romero para a crítica literária
brasileira, Candido entende o uso do ideário cientificista como mera reprodução de suas
matrizes européias. As polêmicas em que Sílvio Romero participou são entendidas
como influenciadas pelos seus devaneios “passionais”, quase irracionais, não
obedecendo a uma lógica interna do campo3 de disputa intelectual e política do período.
Nelson Werneck Sodré, em seu livro A Ideologia do colonialismo (1984 [1956]),
trabalha com a perspectiva de que o pensamento evolucionista brasileiro,
especificamente o de Sílvio Romero, seria fruto de uma recepção acrítica e servil do
ideário da “metrópole”, reflexo da dominação colonial, enfatizando que as teorias
adotadas pelos intelectuais brasileiros do fim do século XIX seriam uma
[...] transplantação cultural, isto é, a imitação, a cópia, a adoção servil de
modelos externos, no campo político como no campo artístico [...] Os povos
subordinados não a escolhem por um ato de vontade. São naturalmente
conduzidos a recebê-la porque, ao mesmo tempo que justifica a supremacia
de nações colonizadoras, justifica, internamente a supremacia da classe ou
das classes que se beneficiam da subordinação, associando-se às forças
econômicas externas que a impõe (SODRÉ, 1984: 08).
3 Utilizo “campo” aqui como categoria descritiva e não da forma analítica empreendida por Pierre Bourdieu.
No mesmo diapasão do argumento de Sodré, Dante Moreira Leite em O Caráter
Nacional Brasileiro (1969) argumenta que o uso dos aspectos científicos por Romero
seria forma de dar legitimidade à sua atividade de crítico, visto o prestígio que a ciência
tomou na intelectualidade brasileira no último quartel do século XIX (Ibid.: 180) e não
mantendo um nexo com a realidade social brasileira, significando, portanto, uma
contradição argumentativa na obra do sergipano.
Já na década de 1970, Thomas Skidmore, em Preto no Branco: Raça e
nacionalidade no pensamento brasileiro (1976) também destaca as supostas
contradições no pensamento de Sílvio Romero, principalmente na questão do papel do
mestiço na construção da ideia de um novo Brasil. O historiador americano classifica
como inconsistente as posições de Romero, o qual, para Skidmore, teria ressignificado
as ideias cientificistas raciológicas, alocando o mestiço em um contraditório papel na
construção desse “novo” nacional. Essa inconsistência, segundo Skidmore, seria ainda
mais aguda tendo em vista a solução do branqueamento e a sua incompatibilidade com
as ideias matriciais europeias.
Retomando e criticando essa vertente analítica propagada pelo brasilianista,
Roberto Ventura, no seu livro Estilo Tropical: História Cultural e polêmicas literárias
no Brasil analisa essas aparentes contradições na obra de Romero como uma forma de
integração do ideário europeu no Brasil consoante à conjuntura política nacional, como
fica claro no trecho citado:
[...] os sistemas de pensamento europeus foram integrados de forma crítica e
seletiva, segundo os interesses políticos e culturais das camadas letradas,
preocupadas em articular os ideários estrangeiros à realidade local. O racismo
científico assumiu essa função interna, não coincidente com os interesses
imperialistas, e se transformou em instrumento conservador e autoritário de
definição da identidade social da classe senhorial [...] (VENTURA, 1991,
p.60)
Ventura, no fragmento acima, dialoga com a tradição interpretativa na qual
Skidmore se enquadra. Ao contrário do brasilianista, Roberto Ventura não enxerga a
adaptação do ideário europeu como cópia ou erro de percurso, ao contrário, o autor
avança em muitos aspectos no trato a geração de 1870, mas em muitos trechos de seu
livro ainda trabalha com concepções como “contraditório” e outras de fundo
psicologizante – que a meu ver nublam o viés analítico sobre Romero.
Ao relacionar o recurso à polêmica como reflexo de uma prática própria da
intelectualidade brasileira do período remanescente de certos aspectos tradicionais – a
questão da honra e da busca pela manutenção da integridade pessoal –, Ventura deixa de
considerar o projeto político específico de Romero e aponta na direção de que a forma e
o conteúdo das críticas feitas pelo autor sergipano seriam fruto de uma conjuntura
influenciada por um modus operandi tradicional.
Em trabalho recente de Alberto Luis Schneider (2005), percebe-se a
preocupação em historicizar as querelas de Romero frente aos seus adversários
intelectuais e políticos (principalmente Machado de Assis), transcendendo o “estigma
do contraditório” que marcou, durante décadas, as abordagens sobre Romero. Dessa
forma, Schneider percebe que muitos dos movimentos críticos e ataques de Sílvio
Romero à “panelinha fluminense” e ao seu “chefe” – Machado de Assis –
representavam uma tentativa de critica à posição central ocupada pelo Rio de Janeiro no
ambiente intelectual do país no momento. Além disso, Schneider destaca a disputa
empreendida por Romero em torno da definição e normatização da semântica do ofício
letrado no país: a postura “engajada” de Romero em oposição ao suposto belletrissmo
de Machado de Assis (Ibid.: 99).
Outro aspecto presente no trabalho de Schneider tange a certas interpretações
que dão a linha de comparação que empreendo aqui. O autor, em passagem que explica
a diferença entre as abordagens de Machado de Assis e Romero quanto à questão da
nacionalidade, deixa clara a chave de compreensão dessa diferença:
A pretensão romeriana de explicar o Brasil exibiu uma consciência
nacionalista perturbada, oscilando entre o otimismo e o pessimismo,
que observava a vida brasileira e ao mesmo tempo lia os teóricos
europeus, extraindo desses olhares respostas contraditórias. A
imaginação intelectual do século XIX penetrou fundo no universo
romeriano. Machado de Assis, ao contrário, foi menos suscetível aos
discursos hegemônicos, menos interessado nas grandes teorias
explicativas e mais disposto a flagrar a universalidade do homem nas
suas estratégias veladas, no cálculo escondido atrás da generosidade
ou da ingenuidade, no jogo das aparências, no interesse de classes
dissimulado. Sem a angústia da identidade nacional, Machado de
Assis soube falar do seu país e de seu tempo, conseguindo afirmar e
relativizar, criticar e compreender, capaz de aludir às coisas brasileiras
sem cair num discurso nacionalista ou antinacionalista (SCHNEIDER,
2005, p.117) (grifo meu).
O autor, ao fazer essa comparação, repete a longa tradição explicitada linhas
acima, vendo em Sílvio Romero uma adoção equivocada de repertórios intelectuais
externos à realidade brasileira e, por outro lado, em Machado de Assis, saltaria aos
olhos a sofisticação de sua interpretação e o refinamento de se afastar do cientificismo
tão em voga no período, o que lhe permitiria ver as nuances da realidade social
brasileira, desprendido das amarras da “angústia da identidade nacional” (Ibid.: 117).
Não nego que Machado de Assis não comungava e sempre foi um crítico do
cientificismo nas suas mais variadas vertentes e o fez com muita perspicácia no seu
tempo. Entretanto, entender a prevalência de Machado de Assis em relação a Romero
através dessa chave de leitura me parece um exercício eivado de anacronismo, posto que
essa interpretação desconsidera a realidade do momento em que os agentes estavam
inseridos, fazendo uma leitura teleológica. Ademais, entender que existem teorias ou
“doutrinas” específicas ou mais apropriadas em relação a determinado período pode ser
perigoso e não permitir enxergar a forma política em que os repertórios são
empregados.
Como nos lembra Quentin Skinner (1996), o estudo do contexto em que a obra
foi produzida não significa apenas adquirir uma informação adicional sobre uma
etiologia, mas também implica em perceber e ter maior visão interna sobre o que seu
autor queria dizer, o que ele “estava fazendo”4 quando escreveu suas obras (Ibid.: 13). A
proposta metodológica do contextualismo linguístico transcende a simples análise do
argumento do autor e possibilita dar conta das questões que Sílvio Romero lançava e
tentava responder e, em que medida, aceitava e endossava, ou contestava e repelia – ou
às vezes até ignorava – as ideias e convenções predominantes.
Após esse breve mapeamento da presença de certas continuidades de análise em
torno da obra de Romero, convém perceber a utilização do repertório teórico por ele
adotado com finalidade de ação prática frente à realidade política do país. Vale
mencionar que, para Romero, a atuação política e a prática literária caminhavam juntas
e faziam parte do mesmo movimento. Portanto, para melhor compreender a dinâmica
4 Skinner não defende que esse “fazer” seria o de adentrar a mente do autor e, em um esforço subjetivista, dar conta dos meandros de sua mente. O que ele coloca é o fato de entender a produção dos textos dentro dos seus contextos linguísticos específicos e compreender como os mesmos têm uma função estratégica e instrumental de agência na realidade (2005).
intelectual do autor se torna necessário considerar também suas análises políticas strictu
sensu.
1.2 – O “contexto”
Em sua obra Doutrina contra Doutrina (2001 [1894]), Romero elabora uma
forte crítica ao positivismo no Brasil, presente no exército e naqueles que promoveram o
golpe republicano no país. Utilizando de forma singular e progressista o evolucionismo
spenceriano como contraponto ao “atrasado positivismo com seus anacronismos,
ditaduras, seu patriarcado...” (Ibid.: 122), Romero defende que o Brasil é “fatalmente
democrático” (Ibid.: 72). Em outras palavras, para ele, a nação brasileira surge no
momento posterior ao fim das aristocracias próprias do Antigo Regime quando a
mestiçagem funcionou como um mecanismo que tornou a sociedade brasileira
“naturalmente” igualitária e aonde o governo aristocrático e autoritário de poucos não
condizeriam com os fatores do meio social brasileiro.
Ao fazer a crítica do autoritarismo em que o positivismo se apresenta no Brasil,
Romero utiliza o liberalismo de inspiração spenceriana de forma a defender a
democracia, a chamar a atenção para a exploração capitalista dos operários (Ibid.: 90),
chegando mesmo a flertar com o movimento socialista e a tecer elogios a obra de Marx
e Engels (Ibid.: 85). Esse processo de afastamento e antagonismo em relação ao
positivismo e adesão ao evolucionismo de Herbert Spencer5 atinge o seu auge na
trajetória de Romero no início do período republicano e salienta que uma das
motivações foi o cenário político em que se configurou a república brasileira nos seus
primeiros anos. O repertório intelectual se apresenta, para ele, como forma de interagir e
reagir à estrutura política nacional.
Durante o fim do século XIX e a primeira do século XX, os grupos oligárquicos
davam suporte à ordem política nacional. As oligarquias estaduais eram os principais
atores políticos dos primórdios da República, tendo o governo federal que negociar e
tecer acordos com eles para se manter a governabilidade6. Romero em As oligarquias e
5 Sílvio Romero se dizia um “spenceriano crítico”, já que não comungava totalmente com a ideia monogenista contida na doutrina, ou seja, a de que a” raça” humana teria uma origem única e tenderia a um caminho evolutivo comum. Esse fato tem relação íntima com a sua primeira interpretação da questão da mestiçagem, aonde via nela uma saída positiva para a questão da identidade nacional brasileira, mesmo se pesando a ideia da “degenerescência” do mestiço.(1969).6 O período que vai de 1889 até 1930, comumente chamado de Primeira República, ou pejorativamente de “RepúblicaVelha” não foi um período de homogeneidade política, muito pelo contrário. Entretanto, a influência das elites regionais sempre foram um forte fator no jogo político
sua classificação, discurso transformado em artigo que data de 31 de maio de 1908
sintetiza o que pensa sobre as oligarquias e o seu legado negativo:
O Brasil de hoje, como foi organizado, por certos ‘fantasistas’ sem
cultura real, sem plasticidade orgânica de talentos e de doutrinas,
confundidores famosos de frases com idéias, e como tem andado ao
sabor e sob o tacão de criminosos exploradores, é uma desarticulada
ditadura, de joelhos perante o exército, repartida em vinte oligarquias
fechadas, feudos escusos, pertencentes a vinte bandos de vicários
(ROMERO, 1910, p.407)
Dois dos principais grupos da renovação intelectual do Brasil, as elites regionais,
antes de 1880 marginalizadas, mas agora com poder e influência nos seus estados foram
os federalistas de São Paulo e os do Rio Grande do Sul (ALONSO, 2002: 156-157). Em
comum, eles nutriam a filiação ideológica com o positivismo de Augusto Comte e a
descentralização política como bandeira. Romero foi um crítico desses últimos,
exemplificado pelas rusgas com Pinheiro Machado7 e Julio de Castilhos8 e o grupo
gaúcho que eles eram representantes, controvérsia essa que fica evidente em um
fragmento de sua obra O castilhismo no Rio Grande do Sul:
A maior anomalia da República Brasileira é a existência em seu seio,
existência tolerada pela fraqueza do governo federal, da organização
de um dos Estados da União inteiramente fora dos moldes de todos os
outros, moldes prescritos pela carta de 24 de fevereiro [...] É a
organização castilhista do Rio Grande do Sul, fonte inesgotável de
males que têm açoitado aquela rica região e aquele nobre povo
(ROMERO, 1912: 01).
Republicano, mesmo nos períodos aonde ocorreram tentativas de centralização política (Governo Floriano Peixoto). As críticas de Sílvio Romero mantém relações com o período florianista, mas também continua tendo como alvo os agentes oligárquicos que deram base aos governos de Prudente de Moraes e Campos Salles, aonde, na expressão de Renato Lessa (2001), foi possível “rotinizar” a política oligárquica num cenário político mais harmônico, com vistas ao desenvolvimento e expansão do mercado primário-exportador.7 Um dos principais nomes da oligarquia gaúcha, Pinheiro Machado foi eleito senador e deputado federal pelo Estado do RS.8 Político do PRP formado pela faculdade de Direito de São Paulo, por duas vezes foi eleito governador do Rio Grande do Sul. Fortemente influenciado pela doutrina positivista de Augusto Comte, redigiu a constituição do Estado do Rio Grande do Sul praticamente sozinho, constituição de viés nitidamente positivista e autoritário. Os castilhistas assumiram o poder logo que a República foi instaurada no Brasil. Sobre o tema, ver COSTA e PADUIM, 2006.
Romero, ao atacar o grupo castilhista, o fazia nas bases teóricas que informam a
conduta do grupo – o positivismo – demonstrando que a ideia de filiação ao seu tutor e
mestre Tobias Barreto, fortemente influenciado pelo comtismo, deve ser relativizada e
as suas supostas “contradições” e mudanças de rumo intelectual e ideológico serviam a
um propósito maior, o de instrumento na luta política levada a cabo por ele (Ibid.).
O positivismo, para Romero, teria tomado forma no Brasil – principalmente com
o advento da República – como uma seita, um emaranhado de fanáticos (Ibid.: 116),
servindo ao sectarismo dos militares e às configurações oligárquicas regionais. Para o
autor, o militarismo, com a influência da doutrina positiva de Augusto Comte, teria
deixado de ser uma instituição neutra e passando a agir ativamente na política brasileira,
fato esse que seria um equívoco causador de imensos males para o país.
Conclui-se que, para Romero, a questão do combate doutrinário contra o
positivismo não se apresentava como mera disputa entre ideias, mas sim tinha tamanha
importância porque implicava em questões práticas da vida política e social do país.
Para o autor, o combate aos desmandos do militarismo no período pós-golpe
republicano e à crítica ao autoritarismo e ao regionalismo oligárquico passavam
majoritariamente pela crítica ao suporte filosófico que os sustentava. Segundo ele:
A república do positivismo têm de república apenas o nome: está para
o verdadeiro ideal republicano como o governo autocrático do Czar
está, na ordem da realeza, para a monarquia constitucional da
Inglaterra. Nem mais, nem menos. É o que é fácil de verificar,
chamando a depor as bases de uma constituição política ditatorial
federativa para a República brasileira, publicadas pelo apostolado
central. (Ibid)
Para Romero, o atraso, tanto social, quanto intelectual caminhavam juntos, e o
combate precisava ser nessas duas frentes. Penso que para entender sua atuação de
forma mais completa e dar conta dos aspectos mais imbricados e complexos precisa-se
também realizar esse duplo movimento de análise, não priorizando um aspecto em
detrimento de outro. De certa forma, a crítica ao institucionalismo presente no
positivismo, ou seja, a que a mudança e\ou reforma das instituições ou “ideologias”
pudessem, por si só, transformar a realidade é o norteador dessas críticas. Questão
parecida é retomada, anos mais tarde, por Oliveira Vianna ([1949]1999) e na sua
construção do binômio analítico “idealismo utópico” versus “idealismo orgânico”. Para
os dois autores, a sociedade é vista como uma realidade substantiva que antecede lógica
e antologicamente a política. Parte dessa crítica vai se fazer presente também na sua
disputa em torno dos paradigmas fundadores da crítica literária brasileira a que retomo
agora na discussão sobre a formação da Academia Brasileira de Letras.
1.3 – A formação da ABL e as disputas de Sílvio Romero
O processo de diferenciação em relação à intelectualidade da capital é muito
presente na trajetória de Romero, desde seus primeiros escritos, para o qual o ambiente
intelectual fluminense do período e sua homogeneização representavam um fato
desestimulante para a individualidade e a crítica renovadora (ROMERO apud MATOS,
1994: 24). Essa busca pela novidade é justificada com base na necessidade de se criar
um sistema de pensamento organizado, lógico e unitário, que possa dar conta das
realidades do Brasil em todos os seus primas. Tal movimento político e intelectual
serviu também a tentativa de conquista de um novo espaço para o tipo de homem de
letras que Romero representava.
A criação da Academia Brasileira de Letras (1897) como forma de
especialização do ofício literário9 pode nos trazer informações e dados sobre as disputas
entre a significação do papel do homem de letras no final do século XIX. Machado de
Assis, ao contrário de Romero, pregava o distanciamento e a independência do literato
frente às questões do seu tempo. Em um trecho de seu discurso de abertura da
Academia, ele diz:
Nascida entre graves cuidados de ordem pública, a Academia
Brasileira de Letras tem que ser o que são as instituições análogas:
uma torre de marfim onde se acolhem espíritos literários, com a única
preocupação literária, e de onde estendendo os olhos para todos os
lados, vejam claro e quieto. Homens daqui podem escrever páginas de
história, mas a história se faz lá fora (ASSIS apud SEVCENKO,
1983: 83).
9 Sobre a Academia Brasileira de Letras e a tentativa de Machado de Assis de criação de um ambiente mais livre e autônomo para os homens de letras no Brasil, ver MISKOLCI, 2006.
Romero, ao contrário, defendia que o homem de letras deveria ser atuante, quase
um “militante” em torno das questões caras à realidade social e cultural do país, tendo
ele mesmo defendido esse tipo de “fazer literário” dentro da Academia. Com efeito, é
possível compreender como esse embate de ideias e práticas também era uma busca por
um status quo dentro da instituição recém-fundada, e também uma forma de defender o
emblema da tradição intelectual do Recife e do Nordeste (principalmente da
proeminência de Tobias Barreto enquanto intelectual maior), em detrimento da
intelectualidade da capital federal (ROMERO, 1897).
Convém lembrar que a polêmica que deu origem às críticas de Veríssimo a
Romero tinha como cenário os primeiros anos de formação da ABL. Nesta conjuntura,
antigas questões referentes à crítica literária e ao caráter nacional retornaram ao centro
dos debates e reavivaram antigas polêmicas. Como exemplo, podemos citar o seguinte
ataque de Veríssimo a Romero:
Eis a que chegou nas mãos incapazes do Sr. Sílvio Romero a “crítica
cientificista” como ele próprio chama a sua: à rebusca de
coincidências de opiniões, de plágios e reminiscências com cujo
achado impavam de gozo críticos das velhas escolas que o Sr. Sílvio
Romero veio justamente suplantar e destruir. Não pode haver mais
estupenda revelação de incapacidade critica. Igual só aquela de
confrontar os versos patuscos e quejandas chulices de Tobias Barreto
com o fino e percuciente humorismo de Machado de Assis
(VERÍSSIMO, 2006: 267).
No trecho acima transcrito, pode-se notar claramente como a questão da
proeminência ou não da intelectualidade pernambucana em relação à da capital
fluminense é matéria de embate, o que fica evidente também na sua frase: “A
urbanidade é também uma qualidade literária!” (Ibid.: 273). José Veríssimo condensa,
assim, o argumento em torno do qual constrói sua crítica em torno da obra de Sílvio
Romero. Ele “acusou o golpe”, respondendo e construindo boa parte de sua crítica de
forma reativa, num movimento de acusação e defesa de argumento. Pode-se notar, nesta
conjuntura, o nascimento da representação de Sílvio Romero como uma personagem
“difícil” no ambiente intelectual do Rio de Janeiro. A figura de polemista fervoroso e
dono de uma retórica agressiva, com uma personalidade egocêntrica dada com muita
frequência as autocitações (Ibid.: 241).
Essa polêmica, que tem como pano de fundo a crítica feita por Romero a
Machado de Assis e a sua posição enquanto maior intelectual do país naquele período,
definiu parte da forma como o esforço empreendido por Romero em torno das
semânticas do ofício letrado no país não podem ser dissociadas da forma como o autor
foi recebido e interpretado pelo pensamento social brasileiro durante boa parte do século
XX. É importante notar que o mesmo projeto nacional defendido por ele em relação a
política do país e a crítica às oligarquias estaduais estão diretamente ligadas ao seu
esforço de construir uma crítica literária científica e em sintonia com o Brasil “real”.
Metodologia
A relevância do posicionamento analítico apresentado neste esboço de projeto
está no fato de trazer à tona conflitos dentro de campos vistos pela literatura como
homogêneos, e de salientar que as ideias “científicas” de Romero estavam trabalhando a
favor de uma luta política, de disputa de paradigmas de organização social. Sua obra
sempre foi encarada por ele como forma de ação na realidade, por mais que,
influenciado pelas ideias cientificistas, acreditasse que o que estava realizando era
descobrir a lógica natural existente na realidade.
Com vistas a auxiliar a análise da trajetória política de Sílvio Romero torna-se
necessário retomar as reflexões de Bourdieu acerca das ilusões biográficas, que nos
indica que é necessário reconstituir o campo de ação do indivíduo estudado,
contextualizando-o em relação aos aspectos da sociedade que está inserido. Quando se
pensa numa trajetória, não se deve imaginá-la como um todo coerente e racionalmente
traçado, como se os sujeitos históricos obedecessem a um caminho pré-estabelecido
(BOURDIEU, 2005). Tratando-se da análise da obra e posicionamento político de
Silvio Romero, torna-se vital para o bom andamento da análise utilizar esses
apontamentos, pois em Romero, talvez mais explicitamente do que ocorre com todos os
literatos do período, sua vida e obra apresentam um aspecto nitidamente relacional. Essa
abordagem auxilia no entendimento da lógica social que o autor está inserido, sua
relação com os outros intelectuais do Recife e do resto do Brasil, podendo nos oferecer
uma eficaz resposta à questão da suposta falta de coerência em suas obras e atitudes,
escapando do cerne desse pensamento: a linearidade e coerência das trajetórias
intelectuais que enquadram os fatos que escapam a esse modelo como apenas
incoerências e “vulgarizações” de ideias (Ibid.).
Por outro lado, o uso do contextualismo linguístico como aporte metodológico
para a pesquisa permite a fuga em relação ao perigoso mecanismo de interpretar a
trajetória intelectual e política de Sílvio Romero sob o prisma das classificações feitas
por seus adversários, nublando os confrontos e estratégias intrínsecas a um ambiente
marcadamente conflituoso e em formação. Essa matriz teórico-metodológica auxilia a
crítica da repercussão e da forma como a obra romeriana foi absorvida e analisada pelos
estudiosos do pensamento social brasileiro. Na sua grande maioria, esses trabalhos
muitas das vezes “importam” acriticamente categorias classificatórias próprias de um
cenário bem específico de disputas e alocam o autor em uma “jaula” hermenêutica: o
uso do ideário cientificista aparece nessas análises como mera reprodução de suas
matrizes europeias e as polêmicas em que Sílvio Romero participou são entendidas
como influenciadas pelos seus devaneios “passionais”, quase irracionais, não
obedecendo a uma lógica interna.
O esforço empreendido, de análise da produção crítica sobre Sílvio Romero
numa perspectiva de média duração10, teve o intuito de perceber e salientar
permanências interpretativas que estigmatizam o autor e elucidar um outro caminho
possível para o entendimento do seu esforço intelectual. Perceber essa dinâmica, sem
desmerecer as contribuições heurísticas das obras analisadas e criticadas, permite
transcender o lugar-comum em que se situou por muito tempo a fortuna sobre Romero e
tentar compreendê-lo em seu esforço maior de confrontação política e estratégia de
inserção num ambiente intelectual não muito receptivo a ele.
Os questionamentos levantados por este projeto colocam a necessidade de se
fazer uma análise abrangente da obra de Sílvio Romero, tanto seus textos de crítica
quanto os de motivações políticas mais claras. A conjunção e não fragmentação de sua
obra permite uma visão mais completa do seu movimento intelectual.11 A análise da
bibliografia sobre Sílvio Romero leva em conta as escolhas teóricas já detalhadas nesse
projeto, e, juntamente com aporte teórico-metodológico mencionado, busca traçar um
painel da trajetória intelectual do autor e sua disputa dupla – e relacional – em torno das
10 Utilizo aqui a noção de Braudel(1992) de “média duração” ou duração cíclica e conjuntural dos fênomenos humanos na História. Para o autor, esse seria o tempo dos processos econômicos e sociais, que extrapolariam o espontaneismo dos fenômenos de curta duração (o acontecimento) mas também não teriam a perenidade dos processos de longa duração ( os fenômenos ligados aos processos geológicos e da interação do meio com o homem em sociedade).11 Em linhas gerais, a produção analítica sobre Romero tendeu a uma segmentação de sua produção, dividindo-a entre uma parte essencialmente de análise literária e outra de discussão política e de conjuntura. Acredito que a visão em conjunto de sua obra propicie ganhos heurísticos úteis e acaba por se encontrar com a própria ideia do autor sobre sua produção intelectual.
críticas às formas de fazer política e paradigmas intelectuais. Visto isso, procuro, com
base nos cruzamentos de dados fornecidos por fontes documentais (obras, discursos e
defesas de posições dos autores), montar um painel dessa disputa.
Além disso, num plano mais geral, demonstra-se útil esse movimento de análise
como forma de pensar as trajetórias e produções intelectuais chamadas clássicas, dentro
do campo de estudo do pensamento social brasileiro, dentro de uma dinâmica menos
“desencarnada” (FEVBRE apud CHARTIER, 1990: 70) e mais atenta aos processos
constituintes da produção intelectual e de formação dos repertórios intelectuais. As
ideias não se localizam nem se produzem no vácuo e o uso que os intelectuais fazem
delas respondem reflexivamente a conjunturas político-sociais específicas.
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