Projeto de Levantamento e Resgate Da Área de Influência Direta Do Poliduto Urucu-coari, Am

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  cientia Consultoria Científica Rua Henrique Botticini, 150 - São Paulo (SP) - CE P: 05587-020 - Tel/Fax: (011) 816-4389 - E-mail: [email protected]  1  PROJETO DE LEVANTAMENTO E RESGATE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DO POLIDUTO URUCU-COARI, AM RELATÓRIO FINAL DO SUB-PROJETO DE LEVANTAMENTO ARQUEOLÓGICO CONTRATO Nº 131.2.007.97-8 SÃO PAULO, ABRIL  /1998

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Este relatório encerra as atividades do Sub-Projeto deLevantamento Arqueológico da Área de Influência Direta do PolidutoUrucu-Coari, AM.Com exceção de algumas referências escritas relativas à regiãode Coari e ao Rio Solimões, e a alguns sítios levantados pelo arqueólogoFernando Luiz Tavares Marques para o RIMA do empreendimento,nenhum conhecimento arqueológico ou etnohistórico havia sobre o RioUrucu anteriormente às necessidades impostas pela implantação, naregião, do Poliduto Urucu-Coari, pela Petrobrás.

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    PROJETO DE LEVANTAMENTO E RESGATE DA REA DE INFLUNCIA DIRETA DO

    POLIDUTO URUCU-COARI, AM

    RELATRIO FINAL DO SUB-PROJETO DE LEVANTAMENTO ARQUEOLGICO

    CONTRATO N 131.2.007.97-8

    SO PAULO, ABRIL/1998

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    N D I C E

    Pg. Introduo 03 Metodologia 05 Campo 05 Laboratrio 27 O Contexto Ambiental 49 Meio Fsico e Bitico 49 Etnoecologia da Regio 60 As Ocorrncias Arqueolgicas 74 Ocorrncias arqueolgicas encontradas na pista 74 Ocorrncias arqueolgicas encontradas em clareiras 95 Ocorrncias arqueolgicas encontradas no Polo Arara (Porto Urucu), no Canteiro de Obras da Techint (Lago de Coari) e no Porto Terminal do Rio Solimes 105 Ocorrncias arqueolgicas encontradas fora da rea

    de Influncia Direta do Poliduto 108 Avaliao dos Resultados 144 Stios Selecionados para Resgate 149 Referncias Bibliogrficas 156 Equipe Tcnica 160

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    I N T R O D U O

    Solange Bezerra Caldarelli

    Este relatrio encerra as atividades do Sub-Projeto de

    Levantamento Arqueolgico da rea de Influncia Direta do Poliduto Urucu-Coari, AM.

    Com exceo de algumas referncias escritas relativas regio de Coari e ao Rio Solimes, e a alguns stios levantados pelo arquelogo Fernando Luiz Tavares Marques para o RIMA do empreendimento, nenhum conhecimento arqueolgico ou etnohistrico havia sobre o Rio Urucu anteriormente s necessidades impostas pela implantao, na regio, do Poliduto Urucu-Coari, pela Petrobrs.

    Esta quase que total ausncia de informaes influiu decisivamente no desenho da pesquisa arqueolgica. Desde o incio, as preocupaes que nortearam o levantamento foram:

    a) identificar e ordenar em categorias claras as ocorrncias arqueolgicas associadas ao Rio Urucu, aos lagos de Coari, Urucu e Aru e ao Rio Solimes que pudessem ser colocadas em risco com a implantao do poliduto e das infra-estruturas de apoio aos trabalhos de engenharia;

    b) conhecer o ambiente de implantao dessas ocorrncias, em termos do potencial de seu aproveitamento por populaes indgenas;

    c) criar um quadro referencial da arqueologia associada ao Rio Urucu e sua confluncia com o Rio Solimes e com s lagos de Coari, Urucu e Aru, com dados suficientes para a seleo dos stios arqueolgicos a serem objeto de resgate na etapa seguinte;

    d) selecionar, com base em critrios estabelecidos a partir da anlise dos dados obtidos, os stios arqueolgicos a serem resgatados durante a execuo do Sub-Projeto de Resgate Arqueolgico;

    e) verificar as hipteses cientficas formuladas pelo arquelogo Eduardo Ges Neves no RIMA do empreendimento.

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    No caso do ltimo item atrs mencionado, foi convidado o prprio autor das hipteses para avaliar as previses feitas no RIMA, em face dos registros do levantamento arqueolgico realizado.

    Os resultados alcanados nesta primeira fase do projeto, relativa ao levantamento arqueolgico da rea de estudo, so apresentados a seguir.

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    METODOLOGIA

    I - CAMPO

    Maria do Carmo Mattos Monteiro dos Santos

    1. Pressupostos O Poliduto Urucu-Coari, abrangendo uma rea extensa em ambiente

    florestado, apresenta uma problemtica especfica a ser considerada na definio da metodologia de levantamento arqueolgico.

    Se considerarmos que o levantamento arqueolgico consiste numa escolha de tcnicas/procedimentos para a descoberta de stios que tenham a melhor relao custo-benefcio em funo das caractersticas ambientais e arqueolgicas de uma determinada rea de estudo (Schiffer et al., 1978), a metodologia de levantamento adotada neste empreendimento reflete inicialmente a preocupao em abordar uma extensa rea de floresta equatorial cuja realidade arqueolgica praticamente desconhecida.

    Neste sentido, da mesma forma que nos levantamentos arqueolgicos adotados em projetos cientficos com enfoque regional, aqui a metodologia busca abranger toda a diversidade de recursos arqueolgicos existentes na rea de estudo, para que seja possvel delinear um quadro que represente as diferentes formas de ocupao do territrio desenvolvidas por diferentes grupos humanos, concomitantes ou cronologicamente distintos. A reconstituio de padres regionais de assentamento passa necessariamente pela possibilidade de deteco de stios arqueolgicos de todos os tamanhos e tipos, ocorrendo em todas as situaes topogrficas.

    A definio do tipo de ocorrncia arqueolgica a ser reconhecida e registrada durante os trabalhos de levantamento arqueolgico influi diretamente nos resultados. Quanto mais abrangente esta definio, maior a possibilidade de registro e posterior anlise das ocorrncias. Assim, qualquer locus espacial que exiba evidncia de comportamento cultural pretrito pode ser considerado stio arqueolgico e registrado enquanto tal, independente de rea mnima de disperso, quantidade mnima de vestgios, idade, etc. Isto porque o registro de pequenos stios e tens isolados dentro de um corpo de dados regionais pode fazer emergir padres significativos (Klinger, 1976:55). Este fato reveste-se de especial importncia quando se trata de levantamentos desenvolvidos no

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    mbito da Gesto de Recursos Culturais (Cultural Research Management), quando existe a possibilidade de destruio iminente dos recursos arqueolgicos e a necessidade de informar sobre a totalidade da base de recursos e no sobre uma parte dela arbitrariamente definida. (Klinger, 1976:55).

    A estratgia adotada para desenvolver o levantamento arqueolgico reflete alguns parmetros escolhidos, que interferem diretamente nos resultados (Schiffer & Gumerman 1977:184-187): * cobertura - locais dentro da rea de estudo onde sero aplicados os

    procedimentos de levantamento arqueolgico, que pode ser total ou utilizar mtodos de amostragem (aleatria, sistemtica ou estratificada);

    * intensidade - grau de esforo dispendido no levantamento das reas a serem cobertas (homem-dia/Km2) incluindo a opo pela investigao de sub-superfcie. Fatores como capacitao profissional da equipe, espaamento entre os membros da equipe, cobertura vegetal, topografia, logstica, acessibilidade, natureza das informaes a serem coletadas tambm influem na intensidade;

    * visibilidade - interferncia de fatores como cobertura vegetal, processos de sedimentao e de eroso, re-ocupao da rea etc, na possibilidade de observao do solo;

    * acessibilidade - limitaes no acesso de reas a serem cobertas quer por fatores topogrficos ou de vegetao.

    A cobertura total de uma rea inviabilizada geralmente por problemas de acessibilidade e de visibilidade e, freqentemente, pelas restries de cronograma e/ou de recursos. Neste sentido, os procedimentos de amostragem passam a ter papel fundamental no levantamento arqueolgico. A amostragem probabilstica surge como importante recurso para alcanar o objetivo de obter uma cobertura representativa (Redman 1987:250-51), selecionando uma parte do total disponvel. Assim, principalmente enquanto tcnica exploratria, este recurso fora a observao mesmo nos locais onde no se espera obter resultados, eliminando o risco de vis amostral.

    quando da distribuio das unidades amostrais que feita a opo pelo tipo de amostragem probabilstica que se pretende adotar: amostragem randmica simples, amostragem estratificada simples (por zonas naturais, por exemplo), amostragem sistemtica (espaamento regular), ou amostragem sistemtica estratificada (combina os elementos principais das duas anteriores). Estes quatro tipos de amostragem foram testados por Stephen Plog (1976), que concluiu que a amostragem sistemtica e a sistemtica estratificada so as mais eficientes na deteco de stios.

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    Aps a identificao do stio arqueolgico, vrios dados so coletados para sua contextualizao, visando montar uma base de dados que permita avaliar a significncia de cada ocorrncia, orientando, assim, a escolha da amostra de stios que sero objeto de trabalhos intensivos. As informaes a serem recuperadas referem-se implantao do stio na paisagem, delimitao da rea de disperso dos vestgios, profundidade e espessura do depsito arqueolgico, ao contedo cultural, ao estado de conservao, e situao em relao ao empreendimento.

    Probabilidade de deteco de stios

    De uma maneira geral, tanto no que se refere a stios arqueolgicos superficiais quanto aos enterrados, pode-se dizer que a probabilidade de deteco de um stio reduz-se na medida em que diminui a densidade de vestgios ou aumenta a sua concentrao (Zeidler 1995:11). Desta maneira, os stios com maior probabilidade de serem detectados so aqueles que apresentam maior densidade e menor concentrao de vestgios, ou melhor as ocupaes de mdia a longa durao, enquanto os stios efmeros (acampamentos de curta durao) ou pequenos tm pouca probabilidade de serem detectados. Assim sendo, os levantamentos arqueolgicos tendem a detectar mais facilmente ocupaes de grupos sedentrios e, com maior dificuldade, ocupaes de grupos menores com maior mobilidade.

    Esta limitao torna-se mais preocupante quando trata-se do levantamento de uma rea com baixa visibilidade do solo, onde os procedimentos de amostragem de sub-superfcie tm que ser obrigatoriamente utilizados. Isto porque a probabilidade de deteco de um stio depende da probabilidade de uma sondagem interceptar um stio (interseo) e da probabilidade desta sondagem detectar artefatos, mesmo quando atinge uma camada arqueolgica (produtividade) (Nance & Ball 1986: 459).

    A baixa visibilidade da superfcie e as limitaes de acesso constituem os dois problemas bsicos a serem solucionados em levantamentos arqueolgicos desenvolvidos em ambientes florestados. No caso especfico da Amaznia, deve-se somar as restrices de logstica para conduzir trabalhos de campo numa extensa rea com ausncia de recursos de infraestrutura, o que dificulta o transporte e a mobilidade dentro da rea de estudo.

    A visibilidade da superfcie constitui o problema mais significativo a ser equacionado pelo levantamento arqueolgico em rea de floresta tropical mida. A densa cobertura vegetal e alguns processos deposicionais impedem a visibilidade do solo, limitando tanto a deteco de stios atravs dos trabalhos de vistoria de superfcie, quanto a delimitao da rea de disperso dos vestgios.

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    Nos casos onde a visibilidade menor que 25%, recomenda-se que o caminhamento com vistoria de superfcie seja substitudo por mtodos de investigao de sub-superfcie (Zeidler 1995:18). Visando a superao das restries de visibilidade da superfcie, podem ser utilizadas tcnicas para a deteco de stios em sub-superfcie e em profundidade, que vo desde sondagens, tradagens, shovel test pits at mtodos geofsicos - ssmicos, eltricos e magnticos (Lightfoot 1986). preciso ressaltar que a remoo da vegetao, mesmo quando realizada apenas para permitir a locao do ponto a ser inspecionado (como a abertura de picadas), envolve alto investimento em tempo e recursos.

    No caso do poliduto, o desmatamento permitiu (com algumas ressalvas discutidas mais abaixo) a visibilidade da superfcie na faixa de servido, nas clareiras e nas estradas de acesso. O problema da visibilidade de superfcie coloca-se nas reas limtrofes s reas abertas, principalmente no momento da delimitao das reas de disperso dos vestgios.

    Quanto delimitao da rea de disperso dos vestgios, nos casos onde ocorre boa visibilidade do solo a distribuio superficial dos vestgios permite estimar as dimenses do stio. Entretanto, em locais onde a observao do solo dificultada pela cobertura vegetal, outras estratgias precisam ser empregadas na delimitao do stio, como a exposta por Chartkoff (1978), que traz resultados confiveis com baixo investimento em tempo e esforo. Consiste na execuo de transects (radiais ou paralelos), a partir do artefato encontrado, sobre os quais se aplica a vistoria de superfcie e mtodos de investigao de sub-superfcie, buscando definir os limites do stio. Baseia-se no conceito de que existe um declnio na freqncia de distribuio horizontal dos artefatos a partir do centro de atividade.

    No que se refere ao levantamento do Poliduto Urucu-Coari, o problema da acessibilidade foi superado, uma vez que o desmatamento da faixa de servido e das clareiras permitiu o acesso s reas a serem prospectadas.

    Os trabalhos de campo foram possveis, j que havia toda uma logstica montada para o desenvolvimento da obra do poliduto, incluindo alojamento, transporte, alimentao, mo-de-obra, equipamento, etc. Levantamento arqueolgico da AID do Poliduto Urucu-Coari

    O levantamento arqueolgico do Poliduto Urucu-Coari/AM teve como principal objetivo direcionar o resgate amostral dos stios arqueolgicos1 possivelmente presentes na rea de influncia direta do 1 CALDARELLI, S. B. Projeto de Levantamento e Resgate Arqueolgico da rea de Influncia Direta do Poliduto Porto Urucu/Coari, AM. SCIENTIA Consultoria

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    empreendimento. Da mesma forma que nos projetos cientficos de abordagem regional (Redman, 1979:148), as informaes recuperadas a partir dos stios individualmente, relativas localizao, implantao, dimenso do stio, contedo cultural, entre outras, permitiro a seleo da amostra de stios a ser submetida a trabalho intensivo; neste caso, dos stios que sero objeto de resgate.

    Considerou-se rea de influncia direta a faixa de servido e as clareiras de servio do poliduto, desde a Estao Polo Arara (municpio de Urucu) at o Terminal do Solimes (municpio de Coari), numa extenso de 272Km.

    A metodologia de levantamento foi definida visando a cobertura de 25% da extenso total da faixa de servido e da vala (calculada sobre 240km, pois no trecho inicial as obras j tinham sido concludas quando se iniciou o levantamento arqueolgico) e prospeco em todas as clareiras e respectivas estradas de acesso.

    Para o levantamento arqueolgico da faixa de servido e da vala, empregou-se a amostragem sistemtica, sendo definidas 6 unidades de 10Km de extenso, com espaamento regular ao longo do eixo do poliduto. Nestas unidades, foram empregados diferentes procedimentos de investigao, visando a deteco de stios arqueolgicos superficiais e enterrados.

    A prospeco intensiva foi realizada em todas as clareiras, num total de 17, envolvendo tambm procedimentos de investigao que permitem a localizao de stios superficiais e enterrados.

    Os procedimentos empregados no levantamento foram realizados por equipes compostas de dois pesquisadores, auxiliados por dois ajudantes, envolvendo: * caminhamento com vistoria de superfcie, realizados tanto na faixa de

    servido (foto 1) quanto nas reas abertas das clareiras (foto 2)e nas estradas de servio;

    * caminhamento dentro da vala, com vistoria de perfil (foto 3); * tradagem executada com cavadeira manual boca-de-lobo, com

    profundidade de 1m e dimetro mdio de 25cm, com vistoria do solo por esquadrinhamento com colher de pedreiro, realizada no fundo da vala a cada 100m (foto 4), e nas reas de mata limtrofes s clareiras (foto 5);

    * raspagem com enxada para reavivamento de perfil para vistoria dos cortes eventualmente existentes nas laterais da pista e nos limites das clareiras (foto 6);

    * mapeamento (foto 7) e coleta dos vestgios arqueolgicos encontrados; Cientfica, 1997: 3.

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    * descrio ambiental dos locais onde se encontram os stios arqueolgicos; * delimitao aproximadada da rea de disperso dos vestgios arqueolgicos

    e/ou coleta de amostra de cultura material atravs de procedimentos de sub-superfcie como tradagem e sondagem de 1m2 (foto 8).

    A localizao das clareiras e os trechos de pista e de vala investigados ao longo dos 272Km do poliduto podem ser observados no Mapa de Localizao de Clareiras, Trechos de Pista e Vala Pesquisados.

    Os primeiros 50Km do poliduto j encontravam-se em fase de fechamento de vala por ocasio do incio dos trabalhos de levantamento arqueolgico, sendo que apenas 10Km foram objeto de vistoria de superfcie.

    Os 222Km restantes foram objeto de investigao sistemtica de pista e de vala (de acordo com os procedimentos descritos acima), sendo que o percentual efetivamente amostrado foi superior aos 25% propostos inicialmente, a saber: * vistoria de superfcie da faixa de servido: 60,5%, num total de 134,5Km. * vistoria de perfil de vala com tradagem: 27%, num total de 60Km. 1. Levantamento da Faixa de Servido

    Os procedimentos de levantamento na faixa de servido incluiram o caminhamento com vistoria de superfcie da pista, a vistoria de perfil da vala e a tradagem no fundo da vala.

    A faixa de servido do Poliduto possui em mdia 20m de largura, sendo que nas duas laterais existe uma faixa de 2,5m de largura, onde feito somente o corte da vegetao (no h destocamento). Nos 15 metros centrais -denominados pista- feita a remoo da vegetao e da camada superficial do solo, sendo a vala do duto aberta entre 2,5 e 3,0m do limite desta pista (no sentido crescente da quilometragem, partindo de Urucu em direo a Coari) (foto 9).

    1.1. Caminhamento com vistoria de superfcie da pista

    A possibilidade de deteco de stios arqueolgicos durante a vistoria de superfcie da pista do poliduto est diretamente relacionada com o grau de visibilidade do solo. Esta visibilidade funo tanto da remoo da cobertura vegetal, quanto da intensidade de remoo da camada de solo pelas mquinas durante os trabalhos de desmatamento e/ou terraplanagem.

    A visibilidade do solo na pista resultante dos trabalhos de desmatamento de 100%, o que permite a localizao de vestgios de cultura

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    material e de solos resultantes de ocupao humana, com colorao diferenciada (terras pretas) (foto 10). Esta visibilidade diminuda nos momentos de chuva, quando a camada superficial revolvida, devido grande circulao de veculos e mquinas.

    Esta visibilidade fica prejudicada tambm no limite da faixa de servido, onde feito o bota-fora do desmatamento e da limpeza de pista. Neste local, depositado o solo e a vegetao removidos durante estes trabalhos, resultando num acmulo de solo, folhas, razes e troncos, que dificultam a visualizao de vestgios de cultura material (foto 11).

    A visibilidade do solo resultante da remoo de camada de solo durante os trabalhos de desmatamento e de terraplanagem varivel tanto de uma lateral a outra da pista, quanto ao longo do eixo do poliduto, e coloca problemas distintos para os stios arqueolgicos superficiais e para os stios arqueolgicos enterrados.

    Nos locais onde a remoo de solo pequena, existe grande possibilidade de localizao de stios superficiais; j nos locais onde a remoo de solo atinge camadas mais profundas, existe a possibilidade de localizao de stios enterrados. Entretanto, a movimentao de solo tambm pode soterrar stios arqueolgicos, impedindo a sua localizao atravs da vistoria de superfcie, ou ainda destru-los.

    No que se refere variao da visibilidade de uma lateral outra da pista resultante da remoo de solo constatou-se que a alterao da superfcie original do solo no homognea porque o movimento do trator durante o desmatamento de uma lateral para a outra, removendo uma camada de solo crescente. Alm disso, a faixa direita da pista, que preparada por trabalhos de terraplanagem para a circulao de veculos, apresenta tanto um aumento no grau de interveno em camadas mais profundas do solo (atingindo at 50cm) quanto o aterro de reas baixas prximas a igaraps. Assim, a possibilidade de deteco de stios superficiais decresce no sentido do movimento do trator no desmatamento, enquanto a possibilidade de deteco de stios enterrados aumenta no mesmo sentido.

    O solo removido na escavao da vala forma uma grande leira no limite da faixa de servido. Neste local, a vistoria de superfcie anteriormente abertura da vala permite a localizao de stios superficiais, pois apenas uma fina camada da superfcie original do solo removida (foto 12).

    A variao da visibilidade ao longo do eixo do poliduto, resultante da remoo de solo, est relacionada com os trabalhos de terraplanagem necessrios para a circulao de veculos. A instalao do poliduto no demanda terraplanagem, pois acompanha a topografia local, seguindo um eixo que acompanha o rio Urucu e intercepta diversas drenagens. Entretanto, as

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    reas baixas onde esto presentes igaraps passam por trabalhos de terraplanagem (aterros e construo de pontes), visando permitir a circulao de veculos e mquinas (fotos 13 e 14). Nestas reas, nas proximidades dos igaraps, a visibilidade fica muito prejudicada, o que implica na impossibilidade de localizao de stios atravs do procedimento de vistoria de superfcie.

    Os trabalhos de vistoria de superfcie da faixa de servido demonstram que a visibilidade da superfcie de 100%, se consideramos que a vegetao foi completamente removida. No entanto, a movimentao de solo (remoo e aterro) pode tanto evidenciar stios arqueolgicos como destru-los ou ainda soterr-los.

    1.2. Vistoria de perfil da vala

    A vala escavada para a colocao do duto situa-se entre 2,5 e 3,0m do limite esquerdo da pista, alcanando uma profundidade mdia de 1,5m. Nas reas prximas s drenagens, esta profundidade aumenta em funo da necessidade de atingir solo mais estvel abaixo do solo mole, caracterstico dos aluvies (podendo alcanar 2,5m de profundidade) (foto 15).

    O caminhamento no interior da vala, com a observao de sua parede, permite a deteco de stios enterrados tanto pela presena de vestgios de cultura material como pela presena de horizontes de solo antrpico (terra preta) (foto 16). Esta observao possvel ao longo de todo o eixo do poliduto, no havendo nenhum tipo de interferncia que reduza a visibilidade do perfil. Justamente por isso, constitui o procedimento mais eficiente na deteco de stios enterrados.

    Alm disso, a vistoria de uma trincheira de 270Km contitui oportunidade nica de localizao de stios arqueolgicos, se considerarmos a) o custo/tempo necessrio realizao de uma pesquisa envolvendo mtodos de subsuperfcie (tradagem, shovel-test, poos-teste, etc.) e a questionvel produtividade destes mtodos de investigao de subsuperfcie; b) a possibilidade de desenvolvimento de uma pesquisa como esta em ambiente inspito como o da Amaznia.

    1.3. Tradagem no fundo da vala O objetivo da realizao de tradagens no fundo da vala do poliduto

    foi a deteco de stios enterrados em profundidades maiores que 1,5m (profundidade mdia da vala escavada). As tradagens, realizadas a cada 100m, complementam a investigao de profundidade e esclarecem a problemtica da estratigrafia, com a definio do limite de nveis estreis (fotos 17 e 18).

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    2. Prospeco Intensiva nas Clareiras de Servio Os procedimentos de levantamento das clareiras incluram o

    caminhamento com vistoria de superfcie da rea desmatada da clareira, a vistoria dos perfis de cortes possivelmente realizados durante os trabalhos de terraplanagem das clareiras, e tradagens na rea de mata limtrofe s clareiras.

    2.1. Vistoria de superfcie na rea desmatada A possibilidade de deteco de stios arqueolgicos nas clareiras,

    atravs do procedimento de vistoria de superfcie, assim como no caso da faixa de servido, est diretamente relacionada com o grau de visibilidade do solo, decorrente do dematamento e da terraplanagem.

    A visibilidade do solo resultante do desmatamento total; entretanto, as reas das clareiras esto muito alteradas por trabalhos de terraplanagem e pela circulao de veculos (foto 19). Desta forma, a possibilidade de deteco de stios nas clareiras, atravs do procedimento de vistoria de superfcie, muito pequena, exceo feita aos stios que apresentam alta densidade de vestgios de cultura material e/ou horizonte de solo antrpico bem diferenciado.

    2.2. Vistoria de perfil de cortes A deteco de stios enterrados possvel a partir da vistoria de

    perfil, nos casos em que os trabalhos de terraplanagem produziram cortes no limite da rea da clareira (foto 20). Nestes casos, a visibilidade do perfil pode ser aumentada com a raspagem superficial da parede do corte, permitindo a visualizao de vestgios de cultura material e de horizontes de solo antrpico.

    2.3. Tradagens na rea de mata limtrofe A prospeco intensiva das clareiras incluiu tambm um

    procedimento de investigao de sub-superfcie, com a realizao de tradagens na rea de mata limtrofe s clareiras. Uma vez que o solo original havia sido removido na rea desmatada, este procedimento objetivou a deteco de stios superficiais e enterrados na rea limtrofe clareira, onde o solo original ainda se encontrava preservado.

    Aps a abertura de picadas paa a marcao de pontos de vistoria, a deteco de stios superficiais possvel com a limpeza da vegetao superficial, a qual permite a visibilidade do solo, em uma rea de aproximadamente 1m de dimetro em torno do ponto de tradagem.

    A deteco de stios enterrados possvel com a realizao de tradagem com cavadeira manual boca-de-lobo, atingindo 1m de profundidade (foto 21). Como tcnica de investigao subsuperficial, as

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    cavadeiras manuais, assim como os trados mecnicos, so ferramentas bastante teis para levantamentos arqueolgicos de reas a serem afetadas por grandes empreendimentos, devido rapidez de seu uso. Alm disso, a tcnica, por ferir apenas uma pequena superfcie, limita o grau de perturbao do solo quando se est apenas procurando reconhecer reas que possuam depsitos culturais, nas quais, posteriormente, far-se-o as escavaes arqueolgicas tradicionais (Stein, 1991; Center for American Archaeology, 1992). 3. Levantamento das Estradas de Acesso

    A prospeco das estradas de acesso das clareiras pista do poliduto baseou-se no caminhamento com vistoria de superfcie.

    Em relao possibilidade de deteco de stios utilizando-se o procedimento de vistoria de superfcie, coloca-se aqui a mesma problemtica discutida para a faixa de servido, com relao visibilidade do solo resultante primeiramente do desmatamento e posteriormente da remoo de camada de solo.

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    15

    1 - Vistoria de superfcie da pista - Km 269

    2 - Vistoria de superfcie - Clareira 02

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    16

    3 - Caminhamento na vala

    4 - Tradagem na vala, entre os Km 240,5 e 237

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    17

    5 - Tradagem em rea florestada limtrofe Clareira 02

    6 - Limpeza de corte de estrada, para vistoria de perfil

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    7 - Mapeamento com GPS no Stio AM-UC-18

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    19

    8 - Sondagem no Stio AM-UC17

    9 - Faixa de servido do duto, com a vala aberta e dutos ainda no instalados

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    10 - Visibilidade da superfcie no Km 136

    11 - Bota-fora do desmatamento, impedindo a visualizao da superfcie -

    Stio AM-UC-07

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    12 - Visibilidade do solo anteriormente abertura da vala

    13 - M visibilidade do solo, nas imediaes de igaraps

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    14 - M visibilidade do solo, nas imediaes de igaraps - Km 20

    15 - Vistoria de perfil de vala

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    23

    16 - Caminhamento na vala

    17 - Tradagem na vala, entre kms 242,5 e 237

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    18 - Tradagem no fundo da vala e exame dos sedimentos retirados

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    19 - Alterao da superfcie do solo por terraplenagem - Clareira 01

    20 - Vistoria de perfil de corte na Clareira 03

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    21 - Tradagem em rea de mata limtrofe Clareira 03

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    II - LABORATRIO

    Paulo Jobim de Campos Mello

    Em laboratrio, os fragmentos cermicos coletados durante as etapas de campo passaram por uma srie de estgios, a exemplo do que ocorreu com o material coletado no Stio Travessia (Caldarelli, 1997), sendo que o primeiro passo foi sua limpeza e identificao.

    Quanto limpeza, todos os fragmentos coletados foram lavados cuidadosamente, para no apagar os possveis vestgios de pintura, decorao que comumente ocorre no material cermico proveniente da Amaznia.

    Aps a limpeza, todos os cacos receberam a sigla do stio e um nmero, que indica sua provenincia no espao interno ao stio e, no caso de fragmentos provindos de sondagem, tambm o nvel em que se deu a coleta (foram dispensados os fragmentos que apresentaram medidas inferiores a 2 cm).

    Aps a fase de limpeza e identificao, que se entrou na anlise propriamente dita do material, tendo sido considerados vrios atributos, a saber: tipo e espessura do antiplstico, tipo de queima, ocorrncia de tratamento de superfcie, tipo de decorao, tcnica de manufatura e outras evidncias (fragmentos com marcas de reutilizao, fusos, apliques, asas, flanges, etc).

    O antiplstico a matria introduzida na argila para neutralizar sua excessiva plasticidade, permitindo, assim, condies tcnicas propcias a uma boa secagem e queima. Pode ser substncia orgnica (fibras vegetais, conchas modas, etc.) ou inorgnica (minerais ou rochas, cacos cermicos triturados, etc.) (CHMYZ, 1976). Os tipos de antiplstico registrados no material coletado no Stio Travessia foram: mineral; cariap; carvo; cauixi e vrias combinaes entre esses tipos citados.

    A espessura do antiplstico foi medida somente em relao aos minerais (j existentes na argila ou colocados como antiplstico), sendo classificado como fino quando seu tamanho no ultrapassava 2 mm e grosso quando superava este valor.

    A queima foi analisada atravs da pasta (mistura da argila e antiplstico), levando em considerao sua resistncia, colorao e homogeneidade. No material estudado, foram definidos cinco tipos, onde aqueles definidos como a e e apresentaram pasta homognea, compacta, resistente e impermevel, com uma colorao tambm homognea. A

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    diferena deles est na cor, o a foi do amarelo ao alaranjado e o tipo e variou do cinza escuro ao preto.

    A queima tipo b apresentou uma pasta pouco resistente e impermevel em relao s demais, mas com colorao tambm homognea, que variou da cor cinza ao pardo.

    As queimas c e d apresentaram pasta mais frivel, permevel, com fissuras e camadas de cores distintas. O tipo c apresentou ncleo escuro e camada interna e externa clara; e o tipo d caracterizou-se por uma faixa escura na parte externa e mais clara na interna, ou vice-versa.

    Quanto ao tratamento de superfcie, observou-se se as peas estavam alisadas, polidas ou erodidas, definindo-se sua face de ocorrncia (interna ou externa), bem como se apresentavam engobo (aplicao de uma camada de argila, com ou sem pigmentos, antes da queima, na superfcie do vasilhame).

    A decorao foi analisada de acordo com a Terminologia Arqueolgica Brasileira para a Cermica (CHMYZ, 1976), tendo sido identificados vrios tipos, a saber: escovado; inciso (formando padro ou no); exciso; acanalado (formando padro ou no); ponteado, modelado e recortado, sendo que esses tipos aparecem isoladamente ou em combinao figuras 1 a 3).

    Tambm foi registrada a tcnica de manufatura, seja roletada, modelada ou no identificada.

    Para a reconstituio das formas dos vasos, seguiu-se as propostas de Shepard (1985). Assim, primeiramente os vasos foram divididos entre abertos (maior dimetro est na boca) e fechados (maior dimetro est abaixo da boca). Depois, foi utilizado o contorno: simples (vasilha apresentando contorno suave, sem mudana brusca de direo), infletido (presena de um ponto de inflexo, fazendo com que o contorno do vaso passe de cncavo para convexo, ou vice-versa), e complexo (presena de pelo menos dois pontos de inflexo, ou dois pontos angulares, ou um de cada).

    Ressalte-se que nem todas as bordas permitiram a reconstruo das respectivas vasilhas, devido a seu mau estado de conservao ou tamanho reduzido.

    A partir das 88 vasilhas que puderam ter sua forma reconstituda, foram definidos 12 tipos: Aberto Simples 1 (as1), Aberto Simples 2 (as2), Aberto Simples 3 (as3), Aberto Simples 4 (as4) (a diferena entre eles est na proporo largura/altura, sendo que no primeiro essa relao vai at 1:2; no segundo at 1:5; no terceiro, at 1:10; e no ltimo >1:10); Aberto Infletido 1 (ai1); Aberto Infletido 2 (ai2) (sendo que a diferena tambm se encontra na relao altura/largura); Fechada Simples 1 (fs1); Fechada Simples 2 (fs2) (enquanto os primeiros apresentam 6angulo da parede menor que 60 0, os

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    ltimos apresentam ngulos maiores ou iguais a esse valor); Fechado Independente 1 (sendo que este se sub-divide em a e b - fi1a e fi1b); Fechado Independente 2 (fi2) (sendo que nos primeiros os gargalos so menores que 4,0 cm, e o sub-tipo a apresenta a borda extrovertida, enquanto o b, introvertida); e, por fim, o fechado complexo (fcx) (figuras 4 a 15).

    No material analisado, apareceram 4 do tipo as1 (4,54%), 29 do as2 (32,96%), 4 do as3 (4,54%), 5 do as4 (5,68%), 10 do ai1 (11,37%); 6 do ai2 (6,82%); 3 do fs1 (3,41%); 5 do fs2 (5,68%); 2 do fi1a (2,27%); 15 do fi1b (17,05%); 3 do fi2 (3,41%) e 2 do fcx (2,27%)

    Forma dos vasos

    %

    05

    101520253035

    as1 as2 as3 as4 ai1 ai2 fs1 fs2 fi1a fi1b fi2 fcx

    As bases foram classificadas quanto sua forma (plana, cncava e convexa), alm de terem sido medidos, sempre que possvel, seu dimetro e a inclinao da parede (figura 16).

    Aps a reconstituio da forma das vasilhas, fez-se o clculo de seu volume. O mtodo utilizado foi o da soma dos cilindros, onde cada vasilha foi dividida horizontalmente, numa srie de cilindros iguais e distanciados por intervalos constantes, iniciando da abertura da boca at sua base. O volume de cada um destes pequenos cilindros foi calculado (r2h) e, posteriormente, somado, dando uma estimativa do volume total de cada vasilha (RICE,1987). Em relao ao volume, as vasilhas foram divididas em 8 categorias (em litros), a saber: 1) at 1,0 ; 2) de 1,1 a 2,0 ; 3) de 2,1 a 5,0 ; 4) de 5,1 a 10,0 ; 5) de 10,1 a 20,0 ; 6) de 20,1 a 50,0 ; 7) de 50,1 a 100,0 ; e 8) acima de 100,0.

    Dos 88 vasos que tiveram sua forma reconstituda, 17 (19,32) apresentaram volume at 1,0 litro; 22 (25,00%) de 1,1 a 2,0; 16 (18,18%) de 2,1 a 5,0; 3 (3,42%) de 5,1 a 10,0; 5 (5,68%) de 10,1 a 20,0; 7 (7,95) de 20,1 a 50,0; 11 (12,50%) de 50,1 a 100,0; e 7 (7,95%) acima de 100,0.

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    30

    Volume dos vasos (l)

    %

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    v1 v2 v5 v10 v20 v50 v100 v>100

    Podemos notar, pelo grfico acima, que a distribuio dos volumes apresenta dois conjuntos (o primeiro indo at 5,0 litros, e o segundo acima desse valor), que podem estar relacionados funo desempenhada por eles (o primeiro para cozinhar e/ou servir alimentos, e o segundo para estocagem e/ou preparao de algum alimento especial - de alguma festa ou ritual, por exemplo).

    Se obervarmos o volume apenas dos vasos abertos (simples ou infletidos) temos o seguinte grfico:

    Volume dos vasos abertos

    %

    05

    101520253035

    v1 v2 v5 v10 v20 v50 v100 v>100

    onde podemos observar, novamente, a formao de dois conjuntos distintos.

    O mesmo acontece para os fechados:

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    Volume dos vasos fechados

    %

    0

    10

    20

    30

    40

    v1 v2 v5 v10 v20 v50 v100 v>100

    e para os fechados independentes (aqui tambm includo os complexos):

    Volume dos vasos fechados independentes

    %

    01020304050

    v1 v2 v5 v10 v20 v50 v100 v>100

    Se compararmos os volumes existentes nos diferentes conjuntos, podemos perceber que os abertos apresentam a maior quantidade de vasos pequenos, enquanto os fechados, tanto simples como independente, apresentam grande quantidade de vasos grandes.

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    Volume dos vasos

    %

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    v1 v2 v5 v10 v20 v50 v100 v>100

    abertofechadofec.ind.

    Todos os dados da anlise foram passados para uma planilha, a

    partir da qual foi montado um banco de dados (utilizando o programa dBase), para elaborao das anlises quantitativas.

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    FIGURA 16

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    O CONTEXTO AMBIENTAL

    Ernesto Camelo de Castro Jlio Czar Rubin de Rubin

    Eliane Lopes

    A arqueologia moderna prima por tentar compreender todo o contexto em que ocorrem evidncias de culturas j extintas. Para isso, ela se utiliza da interao com as cincias ambientais, formando equipes multidisciplinares na investigao desse contexto. A anlise aqui apresentada composta por uma leitura direcionada e interpretao das informaes contidas no EIA, no RadamBrasil e por observaes realizadas pela equipe de levantamento arqueolgico nas etapas de campo. Por fim, uma reviso bibliogrfica do conhecimento etnoecolgico Amaznico, e principalmente da Regio de Coari, completam o background ambiental necessrio para esta contextualizao.

    MEIO FSICO E BITICO

    Como estratgia para melhor compreenso do meio fsico, o traado do poliduto pode ser subdividido em trs reas, utilizando-se basicamente o substrato geolgico e as caractersticas geomorfolgicas para esta diviso. A primeira, com 83,8 Km, vai de Porto Urucu at a confluncia do Igarap

    Cujubim com o rio Urucu. onde, segundo o mapa geolgico do EIA/Rima, o poliduto interceptar apenas rochas da Formao Solimes;

    A segunda, com 127,5 Km, vai da confluncia do Igarap Cujubim/rio Urucu at Martelo, onde o traado do poliduto encontra-se predominantemente no limite dos aluvies recentes com a Formao Solimes. Nesta rea, existem 5 trechos onde o traado incidir sobre a Formao Solimes.

    A terceira, com 78,7 Km, vai de Martelo at o Porto Travessia. Neste trecho, o poliduto intercepta rochas da Formao Solimes, onde, na sua poro mediana, a tubulao ir transpor o Lago Aru (largura de aproximadamente 220m).

    Geologia

    Com base na bibliografia disponvel, o traado do Poliduto Urucu-Coari, que ter uma extenso de 290 Km, est sendo aberto predominantemente

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    sobre rochas da Formao Solimes, segmento de 230 Km, sendo os demais 60 Km sobre aluvies atuais (clculo obtido em mapa com escala 1:250.000). Neves (1996), utilizando-se de imagens de satlite e de acordo com as caractersticas geomorfolgicas, dividiu a rea de estudo em trs subreas, sendo a subrea 1 Chapada Solimes (70Km), subrea 2 trecho do cruzamento do rio Urucu Chapada (90Km) e subrea 3 cruzamento do rio Urucu (100Km). Em contrapartida, neste texto utilizou-se a geologia como critrio para o estabelecimento das trs reas acima citadas, onde esto caracterizadas as formas geomorfolgicas citadas por Neves (1996), pedologia e vegetao, por acreditar-se que desta forma torna-se mais fcil a compreenso da regio de estudo, como um todo, uma vez que se trabalha com quatro variveis, alm de utilizar os critrios empregados por aquele pesquisador.

    Formao Solimes

    A Formao Solimes foi definida por Caputo, Rodrigues e Vasconcelos (1971) (In DelArco et al., 1978), depositando-se do Plioceno Mdio ao Pleistoceno Superior, em um ambiente fluvial, fcies de plancie de inundao. Em termos litolgicos, esta Formao constituda em sua maioria por arenitos de cores variadas (vermelho, amarelo, marrom e cinza-esverdeado), podendo ser macios ou acamadados, geralmente inconsolidados, alguns com minerais feldspticos alterados para caulim e ferruginosos (limonita). Siltitos e argilitos tambm ocorrem nessa Formao, apresentando cores variegadas, predominantemente inconsolidados. Algumas lentes de argilito possuem pelotas e bolas de argila que podem atingir at 40cm de dimetro. Em termos arqueolgicos, as litologias que poderiam ser utilizadas pelas populaes pr-histricas para lascamentos restringem-se principalmente a alguns arenitos, siltitos e argilitos bem cimentados (cimento silicoso). Durante os trabalhos de escavao do stio Travessia e do levantamento bibliogrfico da geologia da rea, no foi encontrada qualquer amostra ou indicao de rocha que possua realmente boas condies de lascamento, ou seja, rocha frgil na terminologia arqueolgica. Por outro lado, os arenitos ferruginosos, cimentados por limonita, poderiam ser utilizados como afiadores e/ou alisadores, principalmente pela sua resistncia acentuada. Alguns fragmentos desta litologia foram encontrados durante as escavaes do Stio Travessia, com possveis marcas de utilizao. Arenitos com feldspatos alterados para caulim, alm de matria-prima para a

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    confeco de vasilhames cermicos, tambm poderia fornecer corante branco para pintura e/ou engobo. Argilominerais para utilizao na confeco de recipientes cermicos poderiam ser obtidos, principalmente como produto de alterao dos siltitos e argilitos desta Formao. Algumas lentes de argilominerais, associadas a arenitos, foram observadas junto ao stio Travessia, s margens do rio Solimes. Esta matria-prima no difcil de ser obtida, conforme foi observado nos trabalhos de levantamento arqueolgico. Observou-se em campo, nas etapas que estiveram presentes pesquisadores da rea de meio ambiente, a escassez de rochas aflorantes nesta regio, sendo que apenas na beira do rio Urucu foram observadas algumas lentes de argilito, extremamente alteradas e lminas limonticas, estas ltimas sendo bem evidenciadas a montante da clareira 2, e entre esta e a clareira 3 (foto 22).

    Aluvies Atuais

    Depsitos inconsolidados de sedimentos, com granulometria correspondente a argila, silte e areia predominantemente finas, com granulao decrescente da base para o topo, alguns cascalhos associados, cores variegadas e lminas limonticas localizadas. Depsito tpico de plancie fluvial, depsito de canal e transbordamento. Dos elementos que compem estes aluvies, as lminas limonticas poderiam ser utilizadas conforme citado no item anterior. Os sedimentos de dimetro areia, silte e argila, encontrados tambm nos aluvies indiferenciados, dependendo da tcnica de manufatura da cermica, poderiam fazer parte do antiplstico. Nestes aluvies, tambm poderiam ser obtidos argilominerais para confeco de recipientes cermicos, onde estes encontram-se associados com matria orgnica, apresentando uma colorao predominantemente preta e odor caracterstico. Nos trabalhos de vistoria das valas, encontrou-se, principalmente nas proximidades do rio Urucu, lentes de argilominerais a partir de 30cm de profundidade.

    Aluvies Indiferenciados ou Antigos

    Esta unidade no interceptada pelo poliduto, mas deve ser citada, j que aflora em uma rea de aproximadamente 17x0,5 Km, distante em mdia 2,6Km, junto margem direita do rio Urucu. Esta unidade formada por sedimentos tamanho areia, silte e argila, com diminuio granulomtrica para o

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    topo, alm de algumas estruturas sedimentares, como estratificao plano-paralela horizontal, podendo ocorrer tambm nveis de concentraes ferruginosas com lminas limonticas e pelotas de argila dispersas. Tpico depsito de canal e de transbordamento em terraos fluviais e paleovales.

    Em termos de potencialidade quanto utilizao pelo homem pr-histrico, esta unidade bastante reduzida, limitando-se s lminas limonticas, que, pela sua dureza elevada, poderiam ser utilizadas como afiador e/ou alisador, no se prestando para serem lascadas, e s pelotas de argila. Estas ltimas apresentam um srio inconveniente, que o fato de ocorrer de forma dispersa, no havendo, em primeira instncia, um critrio para sua explorao, que no o acaso. No stio Travessia, encontraram-se alguns fragmentos desta matria prima.

    Pedologia

    A rea 1, como definida anteriormente, dominada pelo solo Podzlico Vermelho Amarelo lico, existindo ao longo do traado do poliduto trs segmentos, totalizando 18,2 Km de extenso, onde predomina solo do tipo Laterita Hidromrfica lica, com algumas ocorrncias de solo Podzlico Vermelho Amarelo lico.

    Da confluncia do Igarap Cujubim/rio Urucu a Martelo, rea 2, ocorre quase que exclusivamente solo Podzlico Vermelho lico, sendo que nesta rea o poliduto est disposto, em grande parte de seu traado, no contato entre aquele e solos Gley Pouco Hmicos licos, Laterita Hidromfica e Solos Aluviais Eutrficos, estes ltimos principalmente junto margem do rio Urucu (foto 23).

    Na rea 3, Martelo - Porto Travessia, existe apenas uma classe de solo, Podzlico Vermelho Amarelo lico, com pequenas variaes texturais (foto 24).

    Deve-se ressaltar que, no percurso total do poliduto, h um amplo predomnio de solo Podzlico Vermelho Amarelo lico, com aproximadamente 25 Km de solo Gley Pouco Hmico lico intercalado com solo Aluvial Eutrfico e 18,2Km de Laterita Hidromfica,

    Caracterizao dos solos

    Podzlico Vermelho Amarelo lico

    Ocorre em maior proporo nos interflvios tabulares dos relevos dissecados, nas superfcies pediplanadas e colinas, onde a formao do solo

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    est ligada Formao Solimes. So solos de fertilidade muito varivel, cuja cobertura vegetal do tipo Floresta Tropical Densa, algumas vezes Floresta Tropical Aberta.

    Mesmo com problemas de fertilidade, este tipo de solo foi observado sendo utilizado, por exemplo, para plantao de banana, mandioca e milho, com tcnicas de simples manejo2. O que se aproveita com estas tcnicas mais a matria orgnica e cinzas deixadas na superfcie com o desmate e queima, do que uma fertilidade natural dos solos.

    Aluviais Eutrficos

    Estes solos originam-se da deposio de material slido transportado pelos rios; so pouco desenvolvidos e possuem fertilidade natural alta. Solos aluviais eutrficos so originados da deposio de sedimentos holocnicos, no apresentam grandes problemas de eroso e ocorrem em superfcie plana, tendo como cobertura vegetal Floresta Tropical Densa Aluvial e Floresta Tropical Aberta Aluvial. Laterita Hidromrfica lica

    Solos minerais pouco profundos, cidos, pobres em hmus, e baixa fertilidade, apresentando srios impedimentos prtica agrcola, principalmente no perodo de maior precipitao pluviomtrica, sendo originados a partir das rochas da Formao Solimes. Dominam nas depresses dos interflvios tabulares, sob uma vegetao de Floresta Aberta, Floresta Densa e contato Formaes Pioneiras/Floresta Densa.

    Gley Pouco Hmico Eutrfico

    So solos que sofrem grande influncia do lenol fretico, perodos de hidromorfismo, o que resulta no aparecimento de cores gleyzadas. Possuem fertilidade mdia e ocorrem principalmente nos terraos e plancies fluviais, resultantes da sedimentao quaternria. Geralmente, a cobertura vegetal destes

    2 Tcnica agrcola que se baseia em mtodos tradicionais, com baixo nvel de conhecimento tcnico, sem utilizao de capital, extremamente dependente do trabalho braal, podendo utilizar pequenos implementos manuais e trao animal. Nesta tcnica de manejo utilizam-se queimadas e quando a cultura anual a terra abandonada, aps algum tempo de uso, para recuperao. Esta tcnica de manejo a mais simples e talvez a mais prxima daquela utilizada pelas populaes pr-histricas.

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    solos formada por Floresta Tropical Densa aluvial e Floresta Tropical Aberta aluvial.

    So solos importantes durante o perodo da abaixamento das guas, sendo utilizados, pelas populaes atuais, para culturas de ciclo curto, tais como: juta, milho e mandioca, em pequena escala. Este processo de utilizao do solo pode ser semelhante ao que ocorreu com as populaes pr-histricas da regio que reconhecidamente produziam mandioca e milho, mesmo com processo de produo mais rudimentar.

    Relao do solo com a arqueologia

    Os dados apresentadas acima indicam que os melhores solos em termos de fertilidade so os Aluviais Eutrficos e Gley Pouco Hmico Eutrfico, os quais, principalmente este ltimo, pode ser utilizado durante o abaixamento das guas, explorao sazonal. A Laterita Hidromrfica lica tem restries ao uso durante os perodos de precipitao, onde, devido a suas caractersticas fsico-qumicas, h uma restrio nas atividades das razes e da fauna do solo (Leo et. al., 1978:286).

    O solo Podzlico Vermelho Amarelo lico o que existe em maior abundncia na regio do poliduto, localizando-se nas regies mais altas; portanto, podendo ser explorado o ano todo, mesmo com seus problemas de fertilidade. As caractersticas climticas e ambientais da regio amaznica determinam um padro ambiental ao qual o homem pr-histrico adaptou-se, conforme dados arqueolgicos e etnogrficos.

    Geomorfologia

    A rea de implantao do Poliduto Urucu-Coari encontra-se inserida na Unidade Morfoestrutural denominada, por Barbosa & Pinto (1973) (In Barbosa et al., 1978), como Planalto Rebaixado da Amaznia (Ocidental), subunidade Norte do Rio Purus, conforme utilizado pelo Projeto RadamBrasil. Esta unidade apresenta trs tipos de formas de relevos: de acumulao (plancie fluvial - rea aplainada resultante de acumulao fluvial, peridica ou permanentemente alagada) (foto 25); erosiva (superfcie pediplanada que corresponde s reas conservadas pela eroso, ocorrendo em trechos descontnuos no topo dos divisores de gua dos rios Tef, Coari, Urucu e Aru, sendo interpenetrada por colinas e interflvios tabulares) e de dissecao (interflvios tabulares e colinas).

    Segundo Guerra (1978) interflvios so pequenas ondulaes que separam os vales, cujas vertentes so, na maioria dos casos, de forma convexa,

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    constituindo pequenas ondulaes. Guerra (op. cit.) utiliza o termo colina para indicar pequenas elevaes do terreno, com declives suaves e no ultrapassando altitudes de 50m (foto 26). Esta forma de relevo ocorre ao longo dos rios Cuniu, Tapau, Tef, Urucu, Coari, Aru, junto a plancies fluviais. Nesta regio as colinas so definidas como relevos de topo convexo, separadas por vales em v, com diferentes ndices de dissecao. O stio Travessia, localizado s margens do rio Solimes e j resgatado, encontra-se em rea de colinas, sendo sua feio definida no relatrio final como feio colinar (Caldarelli, 1997), com base nas suas caractersticas morfolgicas. A feio em questo apresenta uma altura mdia de aproximadamente 20m em relao ao rio Solimes, com topo convexo e flancos de caimento suave para Leste e mais acentuado para Oeste. Caracterizao das formas geomorfolgicas

    Na rea 1, como definida no item 2 deste captulo, que envolve o intervalo do Porto Urucu at a Confluncia do Igarap Cujubim/rio Urucu, predominam as superfcies de aplainamento elaborado com processos de pediplanao, esculpidas em litologias pr-cambrianas e pliopleistocnicas (36%), juntamente com as feies em colinas de topo convexo, separadas por vales em V, com nvel de dissecao muito fraca (33%). Ocorrem tambm interflvios tabulares separados por vales em V ou de fundo plano, com ndice de dissecao muito fraca (24%). Pouco significativas so as ocorrncias de terraos fluviais (5%) e menos ainda as plancies fluviais (2%).

    Nesta regio, a paisagem predominante traduzida por uma floresta de rvores emergentes, na sua maioria agrupada floresta de palmeiras, com distribuio restrita s reas dos interflvios tabulares. Esta fisionomia intercalada, ao longo de todo seu percurso, com uma formao de rvores emergentes nas encostas das colinas e grupamentos de palmeiras nos vales. Nas reas planas da bacia do rio Urucu, que esto expostas a inundaes estacionais, ocorre a Floresta de Igaps. Esta floresta marginal ou igap rica em espcies de rvores, porm em menor nmero do que em terra firme. Estas reas so de suma importncia para a fauna aqutica, uma vez que a maioria de seus frutos serve de alimento para os peixes e os bosques inundveis tambm servem de refgio e rea de descanso para a ictiofauna.

    Na rea 2, que envolve o intervalo da Confluncia do Igarap Cujubim/Rio Urucu at o Povoado de Martelo, h um predomnio de plancies fluviais (62%), que so reas aplainadas resultantes de acumulao fluvial, peridica, ou permanentemente alagadas, geralmente comportando diques ou processos de colmatagem. Existem ocorrncias tambm de reas de colinas

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    com topos convexos (9%) e interflvios tabulares (5%), sendo os 24% restantes reas de contato entre estas formas de relevo e as plancies fluviais.

    Por ter sido plotado nesta rea de contato geomorfolgico, o poliduto corta, aqui, principalmente uma Floresta Mista Ciliar Estacional Inundvel, com poucos trechos onde aparecem Florestas de rvores Emergentes, caractersticas das reas dos interflvios tabulares.

    Na rea 3, que vai de Martelo ao Porto Travessia, o relevo se divide entre interflvios tabulares de topo aplainado (52%), separados por vales em V ou localmente por vales de fundo plano, com ndices de dissecao muito fraca; e colinas de topos convexos (48%), tambm separadas por vales em V, com nvel de dissecao muito fraca. Nas reas de acumulao, as plancies aluviais e os terraos ocupam faixas prximas ao rio Urucu e seus afluentes. Nas proximidades do lago Coari, situam-se as reas de formaes pioneiras. A floresta densa constitui a paisagem dominante, surgindo nos interflvios tabulares conservados e nos dissecados em colinas. A floresta aberta prevalece nas plancies e terraos assim como nos vales e encostas das superfcies dos relevos tabulares e dissecados. A poro inicial (prxima ao Igarap da Tapera) e final (prximo ao rio Solimes) desta rea ocupada por aluvies sujeitos s inundaes peridicas. Nos terraos, o revestimento vegetal caracterizado pela floresta densa com alguns indivduos emergentes e pela floresta aberta com domnio de palmeiras. A vegetao predominante nessa rea a floresta de rvores emergentes, que ocorre nos interflvios dissecados em colinas e florestas de palmeiras nos vales (foto 27). Nas margens dos rios Aru e Urucu, predominam reas de tenso ecolgica. Estes enclaves agrupam-se no prolongamento do rio Urucu, com a predominncia da formao pioneira arbrea com palmeiras nas reas inundadas periodicamente. Entremeados com esta fisionomia, existem grupamentos de florestas de rvores emergentes e de palmeiras (foto 28).

    A rea do Porto Travessia uma regio de vrzea alta, colinas e plat, em parte coberto por pastagem (Brachiaria humidicola), onde ocorrem, tambm, algumas rvores adultas e jovens de castanha-do-par (Bertholletia excelsa), pau-pombo (Tapirira guyanensis), tucum (Astrocaryum tucuma) e aa (Euterpe precatoria). Os terrenos contguos e acima do ponto do terminal apresentam cobertura vegetal de regenerao (capoeira) sobre um pasto abandonado.

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    Vegetao

    A caracterizao atual da vegetao do traado do Poliduto UrucuCoari, baseada principalmente no Projeto RadamBrasil e no EIA/Rima, evidencia a abertura de uma rea onde ocorrem Floresta Aberta e principalmente Floresta Densa. reas de Formaes Pioneiras ocorrem na regio, mas no foram significativamente cortadas pelo empreendimento. Floresta Densa

    A Floresta Densa reflete a conjugao de fatores climticos extremamente favorveis ao desenvolvimento de atividades biolgicas; abundncia de luminosidade, gua e calor, gerando uma alta produo primria responsvel pelo aparecimento de um elevado nmero de espcies. Esta fisionomia, que dominante na rea do poliduto, reveste as mais variadas formas de relevo da Amaznia, pertencentes a diferentes pocas geolgicas, abrangendo as estruturas geomorfolgicas dos interflvios tabulares, relevos dissecados e superfcies pediplanadas.

    Esta floresta caracteriza-se por apresentar dossel fechado, compacto, com altura entre 25 e 35m, do qual sobressaem as rvores emergentes atingindo at 40m, sendo comuns as Sapotaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, alm das Leguminosae e Vochysiaceae. A luz solar raramente atinge o solo, tornando o sub-bosque, de modo geral, limpo e sombrio, onde proliferam as espcies herbceas pertencentes s famlias das Maranthaceae, Musaceae e Zingiberaceae.

    A heterogeneidade florstica da Floresta Densa Tropical contrasta com sua homogeneidade fisionmica, que alterada apenas em funo do seu posicionamento topogrfico e das grandes variaes de ordem litolgicas e climticas. Estas variaes produzem na regio fisionomias de Floresta Aluvial e Floresta de Terras Baixas.

    O EIA classifica a Floresta Densa Aluvial como Floresta Mista Ciliar, que pode ser de Igap ou de Vrzea, dependendo do tipo de gua que recobre a plancie de inundao no perodo das cheias. Portanto, a formao observada nas reas de sedimentao Quaternria, com influncia aluvial. Nesse tipo fisionmico, a sumama (Ceiba pentadra L Gaertn) a representante mais expressiva, vivendo ao lado de abundantes palmeiras, como o aa (Euterpe spp.)e o buriti (Maurita flexuosa). Em campo, a sumama foi mais observada nas vrzeas do Solimes do que nos igaps do Lago de Coari e do Rio Urucu.

    A cobertura da Floresta das Terras Baixas, que se refere s formas de Floresta de Terra Firme da regio, mais comumente associada s

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    sedimentaes tercirias. Apresenta grupamentos de rvores emergentes nas elevaes mais pronunciadas dos interflvios, como o angelim-da-mata (Hymenolobium petraeum), angelim-pedra (Dinizia excelsa), caractersticos do relevo mais dissecado, tauari (Couratari spp.), castanha-do-par (Bertholletia excelsa) ocupando de preferncia as partes mais planas do interflvio e registrando uma maior concentrao prximo cidade de Coari.

    Floresta Tropical Aberta

    A Floresta Tropical Aberta caracteriza-se fisionomicamente pela presena de grandes rvores espaadas, possibilitando a penetrao de luz at os estratos inferiores, permitindo o aparecimento de cipoal, cocal ou bambuzal nestes espaos abertos. Esta fisionomia vegetal ocorre na regio somente como Floresta Aluvial ou de Terras Baixas.

    Este tipo de Floresta Aluvial, classificada no EIA como Floresta Aberta sobre relevo baixo mal drenado, uma formao arbrea com palmeiras, ue ocupa principalmente os fundos de vale onde se encontram certos igaraps, afluentes do Rio Urucu e do Lago de Coari, bem como algumas reas da plancie de inundao deste rio. Nesses vales de fundo chato, de encharcamento constante, geralmente ocorrem concentraes de buriti (Mauritia flexuosa).

    Florestas Abertas de Terras Baixas foram observadas em campo, apresentando feies mistas de palmeiras e rvores latifoliadas, sempre verdes e bem espaadas, de altura irregular, com grupamentos principalmente de babau (Orbygnia sp.) e patau (Oenocarpus bataua), porm bastantes circunscritas e, talvez por esse motivo, no mapeadas pelo EIA.

    reas de Formaes Pioneiras

    As reas de formaes pioneiras (serais) so formaes em fase de sucesso, instaladas em ambientes de solos azonais, que se encontram ao longo dos rios, nas reas de acumulao aluvial e nas depresses dos interflvios tabulares. Em ambos os casos, a fisionomia mais freqente a arbrea.

    A principal formao deste tipo na regio, que no discriminada pelo EIA, e que tambm no cortada pelo Poliduto, tem o nome regional de Chavascal (foto 29). Apesar de no ser diretamente impactado pelo Poliduto, tem fundamental importncia no contexto regional, como ser visto mais frente, no item sobre Etnoecologia da Regio.

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    Destaque de algumas espcies vegetais da regio

    Nas comunidades acima, destacam-se como espcies vegetais at o momento reconhecidas como de grande importncia, como fonte de recursos para o homem: a castanha-do-par (Bertholletia excelsa), amplamente utilizada na alimentao; abiorana-casca-grossa (Regala guianensis); morotot (Didymopanax morototoni), que fornece uma madeira leve e macia excelente para confeccionar cabos, possuindo frutos que so avidamente consumidos pela fauna; pau-jacar (Laertia procera); sucupira-preta (Bowdichia nitida Spruce); ucuubas (Virola spp.); cardeiro (Catostema micranthum); seringueira (Hevea sp.) e cedrorana (Cedrelinga catenaeformis). Dentre as palmeiras, destacam-se: a inaj; paxiba-lisa (Iriartea exorhiza); aa; tucum (Astrocaryum tucuma); patau e buriti. O aa amplamente utilizado, produzindo o conhecido palmito; seus frutos so consumidos pela fauna e transformados no vinho de aa, que um excelente complemento alimentar. O tucum produz frutos comestveis ricos em vitamina A e tambm apreciados pelos animais. Suas folhas so utilizadas na confeco de redes e cordas, sua amndoa produz de 30 a 50% de leo branco comestvel e sua madeira empregada na construo rural.

    Certas espcies arbreas amaznicas so to amplamente utilizadas que aparentemente delas se aproveita quase tudo. Como exemplo, os buritis (Mauritia sp), que so palmeiras que indicam a presena de gua ou de solos saturados. Sua medula fornece uma fcula anloga ao sagu, a qual entra na alimentao quotidiana de grupos indgenas e caboclos. A madeira dura e pesada, podendo ser empregada em construes, principalmente em bicas e outras edificaes de contato constante com a gua. O espigue, bem como os espadices (estes antes de desabrocharem as flores) fornecem, por inciso, um lquido adocicado e de cor rsea, contendo 50% de glicose, o qual agradvel e refrescante. O broto terminal comestvel, constituindo saboroso palmito. O pecolo ou bainha das folhas serve para ripas e para a construo de jangadas. As folhas podem ser utilizadas para cobertura de ranchos, sendo que delas pode-se extrair fibras resistentes, com as quais fabricam-se esteiras, redes, e cordoalha. O fruto fornece um leo (leo de buriti), comestvel e recomendvel para envernizar. Finalmente, a polpa dos frutos oleaginosa, feculenta e adocicada, servindo para a confeco de um alimento endurecido e prprio para longas viagens, e tambm para conserva ou pasta de doce (doce de buriti). ETNOECOLOGIA DA REGIO

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    A etnoecologia investiga na cultura dos diversos grupos tnicos suas percepes das divises naturais do mundo biolgico e as relaes entre solo, planta, animal e homem dentro dessas divises. Zonas ecolgicas so como bitopos que podem conter vrias unidades de recurso. Estes bitopos no se encontram isolados, mas sim inseridos em gradientes ambientais que refletem a diversidade biolgica em relao distribuio geogrfica. Apesar de exibirem uma certa variao bitica entre si, essas zonas apresentam uma uniformidade ecolgica como um todo, que permite a localizao otimizada de recursos naturais a elas associados. A abundncia de stios arqueolgicos e testemunhos dos primeiros exploradores tm sido citadas como evidncia de que populaes densas e sedentrias existiram durante perodos pr-colombianos na Amaznia como um todo (Myers 1992; Smith 1980). Porro (1994) reporta a identificao de um largo e bastante povoado territrio indgena, em 1542, pelos pioneiros na regio do Lago de Coari. O bioma amaznico no pode ser generalizado em termos como imagem do paraso (Meggers, 1971) ou inferno verde (Goodland & Irwin, 1975), pois ele , sem dvida, um ecossistema riqussimo em zonas ecolgicas de grande complexidade biolgica, j comprovada em vrias pesquisas como as de Denevan (1984) e Moran (1981). Vrios trabalhos tambm demonstram a complexidade e sofisticao que o conhecimento indgena chega a ter desta diversidade ecolgica da floresta amaznica (Carneiro 1978, Chernela 1982, Denevan et al. 1984, Moran 1981, Parker et al. 1983, Posey 1983, Posey et al. 1984, Smole 1976, Vickers 1979). Existem evidncias de que as atividades humanas foram responsveis pela determinao de vrias fisionomias florestais amaznicas (Bale 1989). Essas evidncias quase sempre se baseiam na concentrao e dominncia de espcies reconhecidamente de grande utilidade para populaes humanas, principalmente indgenas, sem qualquer outra explicao lgica e natural para essas ocorrncias. Dentre as espcies consideradas potencialmente indicadoras de alteraes humanas pela comunidade cientfica, algumas so encontradas com alta freqncia na regio estudada. Podem ser citadas como exemplo as concentraes de palmeiras de vrias espcies, bem como os castanhais. A importncia dessas espcies como fornecedoras de alimento, artefatos e ambiente favorvel s populaes humanas, principalmente as que sobrevivem da floresta, atestada em vrios trabalhos botnicos e antropolgicos (Adams 1994, Lorenzi 1992, Bale 1989, Santos 1987, Rizzini & Mors 1976).

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    A evoluo cultural da Amaznia tem sido tema de discusses no meio cientfico, inclusive com posies s vezes opostas a respeito de mudanas no curso dessa evoluo, como avalia Carneiro (1995). Muito ainda est por ser descoberto a respeito do desenvolvimento das culturas amaznicas. Algumas teorias se baseiam na adaptao das populaes at a fenmenos fsicos da atmosfera, como as mudanas climticas da Amaznia, na explicao de descobertas arqueolgicas. Adaptaes humanas a variaes ambientais

    Pequenas variaes na severidade da estao seca ou no comeo da precipitao reduzem a florada e frutificao (Fernside 1986). Apesar dos mamferos tenderem a manter a densidade populacional em nveis sustentveis mais pelo mnimo, do que pela mdia de produtividade dos recursos mais vulnerveis, eles passam fome em anos especialmente ruins, segundo Leigh, Rang & Windsor (1982). Meggers (1995), porm, defende uma hiptese de que nesses anos de excepcional estresse os grupos caadores possuam estratgias especficas que suplantavam estas dificuldades na obteno da caa. Meggers (1995) afirma que a Amaznia um regio de instabilidade climtica bem definida, que tem-se agravado por diversas flutuaes por perodos de tempo variados, durante os ltimos 5 mil anos. Ela considera que estas variaes na precipitao exercem um efeito domin na cadeia alimentar, primeiro desregulando o ciclo reprodutivo das plantas, depois o dos herbvoros que delas dependem, dos carnvoros e, por fim, dos homens. Esta uma reviso sobre os efeitos da instabilidade climtica na biota da maior relevncia sobrevivncia humana e evidncias arqueolgicas de que perodos de aridez tiveram papel significante na histria humana. Alm de adaptaes temporais como foi acima exemplificado, adaptaes espaciais so tambm exigidas das populaes humanas, principalmente devido a presses demogrficas e demanda de recursos para sobrevivncia. Por este motivo, necessria uma compreenso do gradiente paisagstico em que se insere o estudo, para que se possa analisar eventuais questes relativas ao padro de distribuio espacial das informaes arqueolgicas obtidas. Compartimentao Paisagstica Regional

    Podemos definir basicamente dois compartimentos com maior distino na paisagem a ser afetada pela construo do Poliduto Urucu-Coari, do ponto de vista etnoecolgico. Uma regio que est mais intimamente relacionada ao Lago de Coari e ao Rio Solimes, que chamaremos de Regio

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    do Lago de Coari, e outra que se encontra mais distante desses dois elementos da paisagem, que chamaremos de Regio do Rio Urucu. Esta compartimentao necessria para uma avaliao da etnoecologia da regio estudada, como veremos a seguir. Regio do Lago de Coari

    Este compartimento determinado basicamente pela existncia de um fenmeno geomorfolgico especfico e no muito comum, que determina o afogamento da foz dos rios Aru, Urucu e Coari, criando o Lago de Coari. Frechione et al. (1989) realizaram um estudo que mostra um modelo etnoecolgico do Lago Coari como micro-regio da Bacia Amaznica, como percebido por uma pessoa nascida e criada na regio. Este modelo inclui uma lista de recursos naturais sistematicamente explorados em estratgias de subsistncia integradas para diversas unidades de recurso reconhecidas por este caboclo. preciso ressaltar que a cultura cabocla tem alta influncia da cultura indgena, at porque muitas vezes dela descende diretamente, principalmente na regio amaznica, onde os ndios so as maiores fontes de tecnologias para o manejo sustentado de seus recursos naturais (Alcorn 1989, Balick & Cox 1996, Denevan et al. 1984, Moran 1981 e 1989, Parker et al. 1983, Posey 1983, Roosevelt 1989). Frechione et al. (opus cit.) demonstram que as inundaes sazonais podem ser consideradas um recurso natural importante para populaes agrcolas, assim como ainda o so para a estratgia de subsistncia de vrios grupos caboclos amazonenses. Elas enriquecem o sedimento aluvial, destroem parasitas e ervas daninhas, economizando o trabalho de limpeza e as perdas por ataques de pragas (Denevan, 1984). O Lago de Coari formado por trs rios de guas pretas, relativamente curtos, que formam o lago com 80km de comprimento por 20km de largura, que desgua no Solimes, que um rio de guas brancas. A mistura de guas brancas e guas pretas conhecida por produzir reas especialmente ricas e caracterizadas por muitas unidades de recursos. As inundaes na regio de Coari so geralmente previsveis, com o nvel mximo de inundao ocorrendo em junho. A estao chuvosa se estende de janeiro a abril. O nvel mais baixo da gua ocorre em outubro. A estao seca vai de junho a novembro. Dezembro e maio so meses de transio. A variao mdia entre os extremos de aproximadamente 10 metros. Inundaes de nveis excepcionais ocorrem em intervalos de 7 a 10 anos. Apesar de raras e randmicas, a distribuio da flora e fauna, bem como as atividades humanas so limitadas pela ocorrncia dessas inundaes destruidoras. Casas e cidades se encontram em terra firme, ou em vrzeas, mas em palafitas bem acima da mais alta marca dgua. Trilhas e estradas evitam a

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    zona de inundao. Plantaes permanentes e pomares so feitos fora do alcance das cheias. No entanto, porque os solos baixos so relativamente frteis, devido aos depsitos aluvionares, os caboclos escolhem fazer suas plantaes sazonais nessas terras baixas, para melhorar a produtividade. Segundo Francelino da Silva (in: Frechione et al. 1989), os caboclos acreditam que os desmatamentos na regio tornaram as inundaes perto de Coari mais imprevisveis, oferecendo maior risco para as plantaes. Francelino da Silva classificou 40 unidades de recurso na regio do Lago Coari, baseado na cultura cabocla e pelos caboclos denominados lugares de fartura. Com esse conhecimento, os caboclos facilitam seus esforos de subsistncia, explorando os recursos sazonais relativamente previsveis. Segundo ele, o caboclo ainda divide a floresta e as guas em nveis verticais de distribuio de recurso. Ele apresenta 5 nveis de distribuio de recursos para o ambiente terrestre e 5 para o aqutico, distribudos por faixas de amplitudes verticais nesses ambientes. A classificao cabocla das divises ecolgicas baseada no reconhecimento das relaes de importncia prtica entre solo, vegetao e animais. Portanto, as unidades de recurso so caracterizadas por elementos ambientais que se relacionam presena de recursos naturais, dos quais o caboclo depende. Dentre estes recursos, Frechione et al. (1989) classificaram 62 espcies de peixes, 38 espcies de mamferos, 92 espcies de pssaros e 31 espcies de rpteis. A importncia do nvel dgua para vrias dessas unidades que os ciclos naturais na regio do Lago de Coari esto baseados primariamente nesses nveis. Entre outras, esta variao determina o florescimento de rvores e outras plantas, e, portanto, o movimento de peixes e animais que so atrados por variedades especiais de plantas ou produtos. Este tipo de informao facilita substancialmente o esforo de subsistncia ao longo do ano, pela explorao de recursos previsivelmente sazonais nas diversas unidades de recurso. Na estao seca, os animais vm para o chavascal da floresta procura de gua, que pode ser encontrada em pequenas piscinas e esgotos de drenagem, deixados pela inundao que se retrai. Pequenas aves e mamferos tambm so atrados pela vegetao de estao seca que floresce nas praias midas que circundam o chavascal. Da mesma forma, aves pernaltas so abundantes, por causa da presena de pequenos peixes nas guas rasas. Outras aves como maaricos e gaivotas, bem como vrias espcies de tartarugas, pem seus ovos nas praias de areias brancas. Estes ovos atraem outros animais, principalmente lagartos, que se alimentam deles. Frutos, castanhas e sementes atraem outras aves e pequenos mamferos, como as pacas, que so agentes

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    disseminadores dessas plantas. Felinos e gavies vm ao chavascal para se alimentarem de pequenos mamferos, anfbios e aves. Durante a estao chuvosa, muitos desses recursos so atrativos para grandes peixes. Algumas frutas, como o arati, amadurecem no perodo da cheia, atraindo peixes e podendo ser coletadas de canoa no chavascal. Esta abundncia de recursos provocada pelo efeito de borda com a comunidade chavascal, que um ambiente de amplitude relativamente restrita, provoca uma diferenciao particular das matas que circundam o chavascal (foto 30). Vrios animais, principalmente aves que exploram o chavascal, realizam intercmbio dirio com as matas (Frechione et al. 1989). Por isso, apesar de fisionomicamente semelhantes s outras matas, estas tm particular abundncia de recursos, principalmente no que se refere caa. Regio do Rio Urucu

    Fundamentalmente, o que se observa em reas mais distantes da regio de influncia do Lago de Coari, que as interaes existentes com o grande volume de gua do lago, que so descritas acima, desaparecem. Essas interaes, muitas vezes, influenciam a prpria estrutura de recursos presentes na mata de terra firme, como foi visto no exemplo das proximidades do chavascal, no sub-item anterior. Reaparecem as caractersticas geomorforlgicas mais acentuadas de igap e terra firme, que so dominantes na Amaznia, onde o rio meandra intensamente pela larga plancie aluvionar (foto 31). Uma plancie de inundao mais ampla, recoberta por mata de igap, e com lagos fechados sazonalmente, basicamente constitudos por meandros abandonados do rio, como j foi mencionado, o padro paisagstico mais comum dos vales dos rios de menor porte da Amaznia. De forma geral, a mata de igap apresenta menor diversidade botnica, com dossel superior de menor porte do que a de terra firme, mas com adaptaes para suportar e interagir com o ambiente alagado durante determinado perodo do ano (foto 32). Por um lado, isso reduz sua diversidade de recursos vegetais, mas por outro, tende a aumentar a presena de recursos faunsticos. Alm dos recursos de caa, pesca e coleta, a agricultura realizada pelas populaes indgenas predominantemente realizada nas plancies de inundao. Ela acontece sazonalmente, aproveitando a fertilidade trazida pelas enchentes e a proximidade dos rios com maior recurso pesqueiro. O potencial agrcola e seu aproveitamento pelas populaes amaznicas tem sido estudado por antroplogos e eclogos (Adams 1994, Alcorn 1989, Bailey & Headland

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    1991, Clark & Uhl 1987, Denevan et al. 1984, Denevan 1984, Moran 1989), mas ainda muito se tem por descobrir neste campo. Avaliao Etnoecolgica

    Conclui-se, basicamente, que a regio em questo possui um alto potencial de recursos naturais de interesse para populaes humanas. Observa-se uma compartimentao da regio em duas grandes reas, que tm a distino de suas caractersticas ambientais marcadas pela proximidade do Lago de Coari, que funciona como provvel elemento determinante de diferenas culturais relativas forma de explorao dos recursos naturais regionais.

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    22 - Afloramentos de rochas da Formao Solimes - margem esquerda do

    Rio Urucu

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    23 - Solo aluvial eutrfico na plancie aluvionar do Rio Urucu

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    24 - Solo podzlico vermelho amarelo lico - Km 216,8

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    25 - Plancie fluvial do Rio Urucu

    26 - Interflvio tabular prximo Clareira 14

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    27 - Floresta de rvores emergentes nas proximidades da Clareira 14

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    28 - Vista area de Floresta de rvores emergentes e de palmeiras

    29 - Vegetao no Chavascal do Lago Urucu

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    30 - Efeito de borda com a comunidade Chavascal

    31 - Meandros do Rio Urucu na plancie aluvionar

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    32 - Mata de igap - nota-se a marca de recorrncia das cheias nos troncos

    das rvores

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    AS OCORRNCIAS ARQUEOLGICAS

    Solange Bezerra Caldarelli Paulo Jobim de Campos Mello

    Durante a execuo do Levantamento Arqueolgico na rea de Influncia Direta do Poliduto Urucu-Coari, foram descobertos 50 ocorrncias arqueolgicas, que receberam a sigla AM-UC-01 a 50 (ver Mapa de Localizao de Ocorrncias Arqueolgicas), as quais so apresentadas na seguinte ordem:

    Ocorrncias encontradas na pista, no sentido de sua localizao em relao

    ao eixo do poliduto (direo Urucu-Coari)

    Ocorrncia