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Infantrio da Falfosa
Projecto Pedaggico da sala dos Limoeiros
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Centro de Bem-Estar Infantil da Falfosa
C.A.S.C.D. Faro
Projecto Pedaggico da Sala dos Limoeiros
Educadora
Dora
Ano Lectivo 2007 / 2008
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CRECHE
Gosto da Creche
Porque c posso brincar
Fazer lindas construes
Depois tudo desmanchar
Ouvir histrias e canes
Depois ser eu a contar...
Correr, saltar e jogar
Conversar e partilhar...
Gosto da Creche
Porque c posso pintar
Das cores que me apetecer
Posso cortar e colar
Fazer prendas para oferecer
Dar passeios, fazer rodas
E danar at querer
Ensaiar quando h festas
Para correr tudo bem...
Nesse dia sou artista
Para o pai e para a me...
Gosto da Creche...
difcil de entender?
Tenho c os meus amigos,
Muitas coisas para fazer.
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NDICE
INTRODUO..................................................................... 4
1. FUNDAMENTAO TERICA........................................... 7- Objectivos Gerais- Objectivos Especficos rea de Formao Pessoal e Social rea de Expresso e Comunicao rea de Conhecimento do Mundo
2. CARACTERIZAO DA SALA........................................... 14- Planta da Sala- Organizao do ambiente fsico
- Os recursos materiais- Organizao do tempo- Rotina diria
3. CARACTERIZAO DO GRUPO........................................ 22- Listagem- Caracterizao- Aniversrios
4. CARACTERSTICAS DA FAIXA ETRIA............................ 24
5. PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES.................................... 26- As cores- Os animais- A alimentao- O corpo humano- Sade e higiene- O vesturio- As profisses
6. ESTRATGIAS/ACTIVIDADES......................................... 28
7. RECURSOS..................................................................... 29- Recursos Humanos- Recursos Materiais- Recursos Fsicos
8. CONCLUSO 30
9. BIBLIOGRAFIA 31
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INTRODUO
... o educador o construtor, o gestor do currculo
no mbito do projecto educativo... deve construir essecurrculo com a equipa pedaggica, escutando os saberes
das crianas e suas famlias, os desejos da comunidade... .
Teresa Vasconcelos
O termo projecto , actualmente, muito utilizado no quotidiano
para designar intenes individuais ou colectivas, falamos de
projectos de frias, de projectos de sociedade, de projectos de lei,
entre outros, falamos tambm de projectos pedaggicos.
A palavra projecto, entre os vrios significados, que pode
apresentar denomina, geralmente, uma previso de algo que se
pretende realizar num espao de tempo. Ao elabor-lo devemos ter
em conta os seus intervenientes, a forma como esto organizados, as
estratgias de aco a desenvolver, os recursos disponveis e osnecessrios e atender realizao das actividades de acordo com a
calendarizao do projecto.
O projecto pedaggico deve espelhar a importncia que o acto
de reflectir, pesquisar e elaborar um plano de trabalho tem na
educao dos mais novos. Por norma o projecto pedaggico deve
surgir da iniciativa e curiosidade das crianas contudo, tendo em
conta variantes como a faixa etria do grupo (2 anos e meio/ 3anos),cabe ao educador estabelecer e delimitar as estratgias/actividades
que iro ao encontro dos interesses e necessidades do mesmo. Para o
desenvolvimento global da criana situada num contexto social, toda
a aco pedaggica deve exercer uma funo estrutural e construtiva
funcionando como produto e agente de transformao do meio.
neste meio do qual a criana faz parte que ela ter que se
encontrar e descobrir a sua forma de expresso e realizao.
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fundamental consciencializar a criana para o meio, para os outros e
para o que a rodeia, sendo esta uma tarefa difcil se atendermos s
caractersticas psicolgicas das crianas desta faixa etria. No
entanto, cada criana est a iniciar o seu processo de aprendizagem,que se ir prolongar pela vida fora e, cada uma avana e progride
num ritmo muito prprio e seu.
O educador deve ter a sensibilidade necessria para acolher e
valorizar tudo aquilo de que a criana portadora, e compreender
que a partir das crianas, das suas perguntas, observaes,
silncios, alegrias e tristezas que deve centrar o seu trabalho e as
suas actividades. Este tipo de atitude exige uma certa flexibilidade eabertura, pois envolve uma procura do mundo da criana, dos seus
interesses e vivncias, e uma criatividade constante. Este o esprito
e atitude que penso estar subjacente prtica pedaggica de
qualquer contexto educativo.
Para alm do que foi referido, considero que o educador deve
possuir algumas caractersticas como: ser sereno, alegre, organizado
e criativo, ser afectuoso, inteligente, curioso, expectante e activo,
confiante... .
Tendo em conta a idade das crianas e o contexto em que esto
inseridas (creche) de extrema importncia criar laos com cada
uma delas, pois s uma ateno individualizada e uma relao
prxima com a educadora possibilita que as crianas estabeleam
uma relao entre si, se escutem umas s outras e se vejam como
pessoas com os mesmos direitos e deveres. (in Projecto Alccer,
p.74)
Tambm as rotinas so momentos privilegiados que devem ser
flexveis e individualizados, baseados nas necessidades das crianas,
relativizando-se a importncia das actividades. Os tempos de
cuidados (alimentao, higiene...) emergem como momentos
privilegiados de relao e de afecto, momentos de trocas intensas e
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de aprendizagem, em que a independncia e autonomia se podem
exercer.
O trabalho com as famlias outro dos aspectos fundamentais
para este contexto educativo, uma vez que, quanto mais pequena acriana maior a necessidade de estabelecer relaes ntimas com as
famlias de modo a contribuir para o bem-estar e desenvolvimento
saudvel da criana.
O educador deve dar a conhecer o trabalho desenvolvido na
sala, os seus planos e ideias, deve-se mostrar interessado no bem-
estar da criana e criar uma relao de confiana e cooperao com
as famlias.Em suma, posso concluir que o trabalho do educador,
sobretudo na creche, complexo e desafiante e termino com uma
citao que traduz em traos gerais o seu perfil: O educador deve ser
algum que permite o desenvolvimento de relaes de confiana e de
prazer atravs da ateno, gestos, palavras e atitudes. Deve ser
algum que estabelea limites claros e seguros que permitam
criana sentir-se protegida de decises e escolhas para as quais ela
ainda no tem suficiente maturidade, mas que ao mesmo tempo
permitam o desenvolvimento da autonomia e autoconfiana sempre
que possvel. Deve ser algum verbalmente estimulante, com
capacidade de empatia e de responsividade, promovendo a
linguagem da criana atravs de interaces recprocas e o seu
desenvolvimento socioemocional. (in Crianas, Famlias e Creches,
uma abordagem ecolgica da adaptao do beb creche, p.198)
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1.FUNDAMENTAO TERICA
Ao elaborar este projecto pedaggico da Sala dos Limoeiros,
para o presente ano lectivo terei que ter em linha de conta o nvel dedesenvolvimento do grupo em geral e de cada criana em particular,
bem como o envolvimento das famlias e o interesse das crianas.
Tendo em conta a faixa etria do grupo procurei elaborar um
plano de actividades que contemple o tempo de concentrao, a
necessidade de movimento, de experimentao e a realizao de
actividades simples e ldicas. A actividade ldica faz parte da vida,
tal como dormir, comer, rir e chorar. Brincar um fim em si prprio e
no apenas um meio para se atingir qualquer outro objectivo. Brinca-
se porque se brinca! Brinca-se a vida toda!
No Princpio VII da Declarao dos Direitos da Criana,
aprovada pela Assembleia Geral das Naes Unidas, em 1959, pode
ler-se: A criana deve desfrutar plenamente de jogos e
recriaes.... A actividade ldica, muito associada ao prazer,
tranquilidade, criatividade e descoberta, para alm dos elementos
de partilha de aprendizagem democrtica, de exerccio de tolerncia,
cada vez mais um bem necessrio para enfrentar as dificuldades e
as contrariedades do dia-a-dia, para alm de que, quando brinca, a
criana aprende e comea a formar-se o seu carcter.
Segundo Gabriel DAnnunzio, devemos colocar nas mos das
crianas todos os objectos necessrios para activar o seudesenvolvimento intelectual e emocional. Uma actividade ldica
fisicamente equilibrada e variada, estimulante e desafiante, deve
constituir um repto imaginao, criatividade e explorao dos
limites do corpo e da mente, um hino esttica e defesa.
a brincar que as crianas crescem, exprimem sentimentos e
resolvem conflitos. O jogo acompanha a criana desde o seu
nascimento, desde o simples observar e ouvir, ao aprender a levar os
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brinquedos boca, apalp-los, bater-lhes e dar-lhes a volta, tudo
um jogo.
Cada objecto, com a sua prpria textura, cores, forma e
tamanho, d criana uma valiosissma informao. Para alm de adivertir, o jogo estimula o seu crescimento integral, levando-a a
descobrir o que a rodeia, e ensinando-a a relacionar-se com os
outros. Muito antes de surgirem os amigos, as crianas j brincaram
muito, com o pai, com a me e, tambm, sozinhas.
Uma criana que no saiba ou no consiga brincar sozinha,
necessitando de constante ateno de uma pessoa, ter grandes
dificuldades em se adaptar, mais tarde, a um grupo de brincadeirascom outras crianas. Por volta dos 2 anos idade esta at qual a
criana se limitava a ficar sentada ao lado das outras, aceitando mais
ou menos pacificamente a sua companhia - , comea a demonstrar
uma maior capacidade de brincar com as outras de uma forma mais
activa e participante.
As crianas necessitam de brincar, quase tanto como de comer:
o brinquedo o seu alimento espiritual. Atravs do brincar, a criana
aprende a conhecer-se a si prpria e a compreender os outros. A
brincadeira infantil uma espcie de miniatura, da vida futura em
comunidade, com todas as suas esperanas, as suas alegrias, as suas
frustraes. Atravs do jogo, a criana conhece as suas possibilidades
reais, as suas limitaes, o seu grau de altrusmo e a sua capacidade
de aco individual ou de equipa. Acima de tudo, aprende a
desenvolver estratgias para contornar obstculos e
superar/ultrapassar dificuldades, aprendizagens estas que sero
tomadas com exemplo ao longo da vida.
Segundo Winnicott, o acto de brincar desenvolve-se numa rea
intermdia entre o mundo real e imaginrio, num estado de suprema
concentrao entre o sonho e a realidade.
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Reportando-me ao ttulo do projecto - Crescer a brincar -
procurei abordar diversas temticas que possibilitem criana
explorar e desenvolver as suas capacidades (fsicas, psicolgicas,
intelectuais...). Na realizao e escolha dos temas a abordar tive emconta que necessrio desenvolver actividades que permitam a
explorao dos sentidos, dos objectos e dos materiais de forma a
fomentar o desenvolvimento e autonomia da criana.
Mais importante do que transmitir conhecimentos e noes
possibilitar criana a explorao e participao activas em
actividades simples e adequadas sua faixa etria e com recurso
ludicidade. Crescer a brincar significa dar criana a oportunidadede experimentar novas situaes e vivncias, retirando destas as
suas prprias concluses. Assim, a creche um espao onde se
aprende brincando, explorando, questionando..., e onde os princpios
da aco pedaggica no se baseiam em ministrar conhecimentos,
mas sim num proporcionar de situaes diversificadas em que a
criana aprenda ou se enriquea de um modo natural e que da lhe
venha o gosto e a curiosidade por saber mais, por partilhar as suas
experincias, partir para outras situaes.
Cabe ao educador encontrar e apresentar actividades
diversificadas e simples que despertem na criana o interesse em
aprender mais sobre o que a rodeia e encontrar respostas para as
suas inmeras perguntas e incertezas. Ao analisar o plano anual
pode-se constatar que o mesmo aborda vrias temticas tais como:
as cores, os animais, a alimentao, o corpo humano, a sade e
higiene, o vesturio e as profisses, entre outras que sero
desenvolvidas durante o ano lectivo. O contacto com estas reas do
saber ser acompanhado e ilustrado por actividades orientadas para
o desenvolvimento da criana, tendo por base uma componente
prtica, simples e ldica.
Em suma, Crescer a brincar um projecto que assenta na
transmisso de conhecimentos e saberes atravs daquilo que as
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crianas mais gostam de fazer que brincar, tendo porm em conta
que as brincadeiras so escolhidas, orientadas e realizadas com a
finalidade de favorecer o crescimento global e harmonioso de cada
criana em termos pessoais e sociais.
1.1. Objectivos Gerais
Os objectivos gerais correspondem a um conjunto de
competncias, que ao longo do ano, o educador procurar incutir nas
crianas, tais como:
Contribuir para a segurana e bem-estar da criana,nomeadamente no mbito da sade individual e colectiva;
Ajudar a criana a conhecer-se a si prpria, para melhor
conhecer as suas capacidades e superar as suas dificuldades;
Estimular o desenvolvimento global da criana, atravs da
realizao de actividades que favoream aprendizagens significativas;
Promover a autonomia, a autoconfiana e o sentido de
responsabilidade;
Desenvolver as suas capacidades de expresso e comunicao,
assim como, a imaginao criativa;
Incentivar e incutir nas crianas o esprito de
solidariedade/colaborao entre elas;
Incentivar a criana a interagir com o que a rodeia;
Contribuir para que o desenvolvimento da criana seja o mais
harmonioso possvel;
Adquirir a capacidade de confiar nos colegas e nos adultos;
Incentivar a participao das famlias no processo educativo;
Proporcionar s crianas oportunidades que facilitem o
desenvolvimento cognitivo, afectivo social e psicomotor;
Entender e respeitar as caractersticas individuais de cada
criana, assim como as suas necessidades bsicas;
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Favorecer a igualdade de oportunidades entre todas as
crianas, respeitando o seu ritmo e a sua individualidade.
1.2. Objectivos Especficos
Os objectivos especficos correspondem a um conjunto de
metas que se pretende que as crianas atinjam, mediante a
realizao de actividades planeadas ao longo do ano lectivo, de
acordo com as vrias reas do saber:
- rea de Formao Pessoal e Social - Construir e desenvolver relaes com crianas e adultos;
Respeitar os interesses individuais e colectivos;
Expressar e compreender sentimentos;
Saber ouvir;
Conhecer algumas regras de convvio social;
Compreender rotinas e hbitos;
Assimilar algumas regras da sala (ex. no podemos correr, nem
gritar dentro da sala...);
Esperar pela sua vez;
Participar nas actividades propostas;
Estimular a sensibilidade e o sentido esttico;
Proporcionar momentos de convvio e diverso;
Incentivar a criana a ser capaz de tomar decises.
- rea de Expresso e Comunicao -
Domnio da expresso motora
Movimentar-se de vrias formas locomotoras (ex. gatinhar, correr,
saltar...);
Imitar gestos e movimentos;
Experimentar e desenvolver a percusso corporal (batimentos,palmas...);
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Tocar as partes do corpo mencionadas ao longo de uma cano;
Desenvolver a motricidade fina e destreza manual.
Domnio da expresso plstica Desenhar e pintar livremente;
Fazer colagens;
Trabalhar com barro e plasticina;
Fazer carimbagem;
Explorar diversos materiais, texturas e tcnicas;
Fazer composies utilizando diferentes materiais;
Experimentar a mistura de cores; Fazer digitinta.
Domnio da expresso musical
Despertar na criana o gosto pela msica;
Acompanhar canes com gestos;
Explorar e identificar sons;
Explorar a intensidade dos sons (mais alto, mais baixo);
Cantar canes.
Domnio da matemtica
Familiarizar-se com a noo pequeno/grande;
Familiarizar-se com as noes de um e muitos;
Familiarizar-se com os conceitos de vazio/cheio;
Familiarizar-se com a numerao;
Familiarizar-se com algumas formas geomtricas.
Domnio da linguagem oral
Falar sobre experincias pessoais importantes;
Explorar o carcter ldico da linguagem, atravs de canes e
histrias;
Participar nos dilogos em grande grupo;
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Enriquecimento do vocabulrio;
Maior domnio da expresso e comunicao.
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rea de Conhecimento do Mundo - Desenvolver a capacidade de observar;
Desenvolver a curiosidade natural das crianas;
Ser capaz de cuidar da sua higiene (ir casa-de-banho, lavar as
mos e a cara...);
Colaborar na arrumao da sala;
Ser capaz de identificar e nomear diferentes partes do corpo;
Conhecer normas de higiene alimentar; Identificar e nomear as cores primrias;
Identificar e nomear as diferentes refeies;
Fortalecer normas de conduta mesa;
Conhecer algumas normas de preveno rodoviria (ex. atravessar
nas passadeiras, respeitar os semforos...);
Conhecer os 5 sentidos: paladar, olfacto, tacto, viso e audio.
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2. CARACTERIZAO DA SALA
2.1. Organizao do ambiente fsico
Necessitamos de um ambiente sadio e seguro
que encoraje interaces positivas e que desperte
nas crianas o desejo de explorar...
(Cryer, 1996)
H diferentes factores que influenciam o modo prprio defuncionamento de um grupo, tais como as caractersticas de cada
criana, o maior ou menor nmero de crianas de cada sexo, a
diversidade de idades, a dimenso do grupo e para alm destes
factores podemos, igualmente, apontar a organizao do tempo e do
espao. Vejamos de seguida a importncia do ambiente fsico na
aprendizagem das crianas.
Os espaos de educao pr-escolar podem ser diversos, mas o
equipamento, os materiais existentes e a forma como esto dispostos
condicionam, em grande medida, o que as crianas podem fazer e
aprender. Perante este factor cabe ao educador questionar-se sobre a
funo e finalidades educativas dos materiais, de modo a planear e
fundamentar as razes dessa organizao. Deve ter em vista a
satisfao das necessidades (educativas) do grupo de acordo com os
recursos presentes na sala evitando esta reflexo espaos
estereotipados e padronizados, que no so desafiadores para as
crianas.
O processo de aprendizagem implica tambm que as crianas
compreendam como o espao est organizado e como pode ser
utilizado. O conhecimento do espao, dos materiais e das actividades
possveis tambm condio de autonomia da criana e do grupo.Assim sendo, se ao chegarem sala e encontrarem os mveis e os
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materiais arrumados de forma agradvel, bem organizados e
convidativos, as crianas sentem-se motivadas, sabem escolher o que
desejam e colaboram com a organizao geral. Por outro lado, se as
reas no estiverem bem definidas e os materiais colocados no stiocorrecto, as crianas no sabem o que podem fazer e ficam
desorientadas, incapazes de assumir a atitude de autonomia que se
deseja estimular.
Para que as actividades diversificadas aconteam num clima
harmonioso e de forma organizada desejvel que na sala se
encontrem algumas reas, isto , espaos ldicos que convidam
brincadeira livre e realizao de actividades orientadas. No casoconcreto, a Sala dos Limoeiros possui quatro reas temticas (rea
da biblioteca, rea do faz-de-conta , rea de convvio e rea da
cozinha). Na rea da biblioteca existem vrios livros espera que
as crianas se interessem por eles; na rea do faz-de-conta existem
bonecas, roupas para vestir e despir, malas, pentes, copos,...; na
rea de convvio existe um tapete onde cada criana se senta na
sua almofada afim de conversar, ouvir uma histria, ver livros ou at
mesmo brincar e na rea da cozinha existe uma frutaria, uma mesa
com bancos e alguns utenslios de cozinha.
Para alm do ambiente fsico interior (sala), tambm o exterior
funciona como espao educativo pelas potencialidades e
oportunidades educativas que pode oferecer. Funcionando como
prolongamento do espao interior o ar livre permite uma
diversificao de actividades enriquecedoras, pela utilizao como
espao com vrias caractersticas e potencialidades (as crianas
podem explorar e recriar o espao e os materiais a disponveis). Esta
finalidade educativa favorecida por dois factores: possibilita a
vivncia de situaes planeadas ou a realizao de actividades
informais esta dupla funo requer uma organizao planeada
atendendo os equipamentos/materiais a critrios de qualidade e
segurana.
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Porm, o espao educativo vai para alm do espao sala
(interior) e jardim (exterior) e aplica-se a um domnio mais alargado
o estabelecimento educativo (Instituio) onde a criana se
relaciona com outras crianas e adultos, que por sua vez englobadopelo meio social.
2.2.1. Os Recursos Materiais
Para alm da importncia da organizao (planeada e
harmoniosa) do grupo e do espao para o processo de
aprendizagem/crescimento das crianas, h tambm a primazia da
escolha dos recursos materiais.
O material didctico presente na sala deve ser variado
(possibilitar escolhas), de diferentes texturas/composies
(possibilitar o contacto com vrios materiais), adequado faixa etria
das crianas e s suas necessidades. Deste modo, o educador deve
definir prioridades na aquisio do equipamento e do material, tendo
em conta as necessidades das crianas e tambm o seu projecto
pedaggico, atendendo sempre a critrios de qualidade..
Para alm dos critrios de seleco do material mencionados
anteriormente, este deve ser tambm funcional, durvel, seguro e
com valor esttico. O aproveitamento do material de desperdcio
tambm uma possibilidade (contando com a colaborao dos pais eda comunidade). O material deve estar bem arrumado na sala, nos
locais correctos e disposio das crianas (deve existir coerncia na
disposio dos materiais na sala, por forma a garantir a sua fcil
utilizao e as necessidades do grupo).
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2.3. Organizao do tempo
O tempo educativo contempla de forma
equilibrada diversos ritmos e tipos de actividades,em diferentes situaes... e permite oportunidades
de aprendizagem diversificadas...
(in Orientaes curriculares para a educao
pr-escolar, pg. 40)
O tempo educativo tem, regra geral, uma distribuio flexvel,
embora corresponda a momentos que se repetem com uma certa
periodicidade. A sucesso de cada dia tem um determinado ritmo
existindo uma rotina que educativa porque intencionalmente
planeada pelo educador e conhecida pelas crianas que sabem o
que podem fazer nos vrios momentos e prever a sua sucesso. As
referncias temporais estabelecidas pela rotina transmitem segurana
criana e servem como fundamento para a compreenso do tempo,e simultaneamente, fomentam a sua autonomia e iniciativa.
A rotina diria determina o funcionamento da sala, do grupo e
dos adultos e deve estar intimamente relacionada com a organizao
do espao, pois a utilizao do tempo depende das experincias e
oportunidades educativas que se podem retirar dos espaos; a
articulao entre tempo e espao deve ser planeada pelo educador e
ter em conta as caractersticas do grupo e as necessidades dascrianas.
A rotina, segundo Zabalza, um instrumento que enquanto
estrutura organizacional pedaggica permite ao educador promover
actividades educativas diferenciadas de acordo com as experincias
que pretende promover. Uma rotina diria consistente permite
criana a realizao dos seus interesses, fazer escolhas, tomar
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decises e resolver problemas sua dimenso no contexto dos
acontecimentos que vo surgindo.
Ainda para o referido autor a rotina baseia-se na repetio de
actividades e ritmos, na organizao espacio-temporal da sala edesempenha importantes funes na configurao do contexto
educativo. Vejamos o papel importante desempenhado pelas rotinas
no quotidiano de um infantrio:
1. Marco de Referncia aps ser apreendida pela criana
proporciona-lhe grande liberdade de actuao. Prev-se que a criana
demore 2 a 3 semanas para concretizar essa estruturao mental
permitindo-lhe, posteriormente, sua interiorizao, que a criana
dedique as suas energias ao que est a fazer sem se preocupar com
o que vir; assim sendo, a rotina enquanto marca permite ao
educador introduzir qualquer temtica, mesmo que esta surjainesperadamente;
2. Segurana para as crianas mais pequenas as rotinas tm o
papel importante de lhes proporcionar segurana. Uma vez que
sabem realizar essas rotinas dirias, tero menos ansiedade e sentir-
se-o donas do seu tempo e mais seguras, pois sabem o que fazer;
3. Captao Temporal a criana aprende a existncia de fases,
o seu nome e encadeamento sequencial (o antes, o depois, o incio, o
ROTINAS
1. Marcoreferncia
2.Segurana
3.Captaotemporal
4.Captaocognitiva
5.Actividades
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2.4. Rotina Diria
8:15h Abertura da Instituio- Acolhimento
8:15h/09.30h Grande grupo
09:30h/10:00h Separao dos grupos e suplemento alimentar
(bolacha)
10:00h/10:50h Tempo de trabalho (actividades orientadas)
10:50h/11:15h Tempo de arrumar e tempo de higiene
11:15h Almoo
11:50h/12:00h Tempo de higiene e preparao do repouso
12:00h/15:00h Tempo de repouso
15:00h/15:30h Tempo de arrumar e higiene das crianas
15:30h/16:00h Lanche
16:00h/16:10h Higiene
16:10h/19:00h Brincadeira livre
19:00H Encerramento da Instituio
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3. CARACTERIZAO DO GRUPO
3.1. Caracterizao
Valncia SalaIdadedas
crianasMeninos Meninas
CrianasN.E.E.
N. decrianas
CrecheSala dosLimoeiros
2 anos emeio/3anos
4 6 ___ 10
O grupo da sala dos limoeiros assim constitudo por dez
crianas que no ano lectivo anterior frequentaram a mesma sala, o
que veio facilitar a aco pedaggica, uma vez que existe um
conhecimento/relacionamento entre os elementos do grupo. Todos os
elementos do grupo encontram-se em processo de adaptao sala,a algumas rotinas e auxiliar.
4. CARACTERSTICAS DA FAIXA ETRIA
essencial conhecer as caractersticas prprias das crianas
desta faixa etria (2 anos e meio/3 anos) para que se possa ir ao
encontro das suas necessidades.
Segundo o psiclogo suo Jean Piaget o desenvolvimento
mental da criana divide-se em quatro estdios: sensrio-motor (0
aos 2 anos), pr-operacional (2 aos 6 anos), fase das operaes
concretas (7 aos 11 anos) e a fase das operaes formais (acima dos
12 anos). Assim, o grupo da Sala dos Limoeiros encontra-se no
estdio pr-operacional. Desde o incio desta etapa a criana j faz
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uso da capacidade simblica, no dependendo somente das
sensaes. Embora no seja capaz de fazer operaes lgicas e de se
situar no tempo, ela j relaciona significantes e significados: a
linguagem ser a habilidade que mais se vai desenvolver.So caractersticas principais desta fase: egocentrismo (a
criana no se consegue colocar no lugar do outro), centralizao do
interesse (a sua ateno fixa-se num s assunto de cada vez),
incapacidade de perceber as relaes de causa e efeito (ela no
consegue associar transformaes, fixando-se nos seus estados
separados), desequilbrio emocional (a sua estrutura psicolgica no
acompanha a grande quantidade de estmulos do meio ambiente e acriana defende-se por meio de crises de choro, etc.),
irreversibilidade de pensamento (ela incapaz de raciocinar em ida
e volta) e raciocnio transdutvel (parte do particular para chegar ao
particular).
Ao nvel do desenvolvimento fsico, a criana possui uma
intensa necessidade de explorao sensorial e motora. Imita
facilmente os movimentos que observa nos outros, desembaraada
e revela espontaneidade. O senso de equilbrio desenvolve-se. Aos 3
anos, a criana pode andar de triciclo, jogar bola, correr, virar-se,
saltar. capaz de executar jogos de encaixe, construir torres, fazer
rasgagem e manipular massas plsticas. Os lpis atraem-na: rabisca
em todos os sentidos. Esta experincia livre permite a descoberta das
possibilidades dos materiais e das mos.
Quanto ao desenvolvimento social visvel que a criana
realiza mais contactos sociais e passa menos tempo em jogos
solitrios. J no indiferente presena do companheiro. Consegue
explicar-se e contar o que est a fazer. O interesse em conversar j
caracteriza uma tomada de conscincia do companheiro, do
outro.... Mas a colaborao pequena, pois a criana ainda no
ultrapassou a fase egocntrica. H na verdade uma
pseudocolaborao, evidenciada pela diluio da ateno em
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actividades paralelas e simultneas. Apesar disso, a criana comea a
aceitar brincadeiras que envolvem pequenos grupos. Estes
relacionamentos com outras crianas permite-lhe a descoberta de si
prpria e a sensao de se sentir uma entre muitas. a fase em quesurge o esprito de competio.
Relativamente ao desenvolvimento intelectual, a criana
percebe claramente a existncia da realidade exterior independente
dela. A sua atitude mais realista e objectiva. Revela grande
interesse pelo mundo que a rodeia, quer saber o como e o porqu
das coisas e por isso est sempre a perguntar.
O vocabulrio muito abundante e a comunicao verbalaprimora-se bastante. A palavra eu uma das mais frequentes nas
suas longas conversas.
As tarefas j so desempenhadas com mais ateno e cuidado.
O pensamento nesta fase mais consecutivo e combinatrio do que
sinttico. capaz de contar histrias entremeando fico e realidade;
gosta de usar a fantasia, inventando pretextos com muita facilidade.
5. PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES
O plano anual apresentado no tem uma ordem especfica para
ser abordado, uma vez que os temas enunciados sero explorados de
acordo com os interesses das crianas; nem datas definidas, dadoque ao longo do ano lectivo sero enquadrados e explorados outros
temas (ex. Dias Festivos, Estaes do Ano...).
No exterior da sala ir ser colocada semanalmente a
planificao pedaggica que inclui as diversas estratgias/actividades
a abordar em cada tema.
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Crescer a brincar
- As cores
Nomear e distinguir as diferentes cores
- Os animais
Animais de diferentes habitates e sua alimentao
- A alimentao Alimentos que fazem parte da roda dos alimentos
Alimentos que devemos comer mais e que devemos comer menos
- O corpo humano
Conhecer algumas normas de preveno rodoviria para a
segurana do seu corpo
Conhecer os 5 sentidos: paladar, olfacto, tacto, viso e audio
- Sade e higiene
Normas de higiene do corpo
- O vesturio
As texturas dos tecidos
Nomear as diversas peas de vesturio e separ-las de acordo com
as estaes do ano
- As profisses
Algumas profisses e suas funes
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6. ESTRATGIAS/ACTIVIDADES
Conversas espontneas
Conversas temticas
Canes
Histrias
Poemas
Jogo simblico
Dramatizaes
Movimentos corporais
Jogos de encaixe
Puzzles
Modelagem
Rasgagem
Colagem
Desenho
Pintura
Digitinta
Observao da Natureza
Actividades de culinria
Registos Exposio de trabalhos
(...)
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7.RECURSOS
7.1. Recursos Humanos 12 Crianas 1 Educadora (Dora Martins)* 1 Auxiliar de aco educativa (Vera Costa)* Pais/avs Adultos e crianas que frequentam a Instituio
7.2. Recursos Materiais Material didctico Material pedaggico Material de desperdcio
7.3. Recursos Fsicos Sala (espao interior) Espao exterior (jardim e rea envolvente) Estabelecimento/Instituio (salo, refeitrio..., todos os
espaos onde as crianas convivem)
* Nota: Os horrios dos Agentes de Aco Educativa encontram-se
afixados mensalmente no placar ao p da porta da secretaria, no
incio do corredor que d acesso s salas (lado esquerdo).
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8. CONCLUSOA sociedade, tal qual a conheceu, sofreu vrias transformaes
(sociais, econmicas,...) desde a Revoluo Industrial; duas das mais
importantes foram a entrada da mulher no mercado de trabalho e a
reduo do ncleo familiar. Estes dois factores prolongaram-se no
tempo e aliados a uma srie de outros que persistem na sociedade
moderna (ritmo de vida acelerado, procura desenfreada de conforto,
encarecimento do nvel de vida,...) conferem ao espao Infantrio
cada vez mais importncia.
De facto, os infantrios so o local privilegiado para satisfazer os
cuidados necessrios a um bom desenvolvimento fsico, afectivo e
intelectual das crianas que o frequentam. Assim sendo, devem ser
vistos como centros de difuso e apoio educativos, onde as crianas
recebem a ateno necessria ao seu desenvolvimento.
Entre a Instituio e a famlia deve existir uma relao de
cooperao e envolvimento para em conjunto ajudarem a crescer a
criana harmoniosa e globalmente. Este crescimento alcanado
atravs do esforo entre famlia e o pessoal (educadora, auxiliar...)
da Instituio, mas igualmente atravs do contacto com materiais e
equipamentos seleccionados e orientados para responder s suasnecessidades.
Deste modo, os infantrios so locais onde os pais podem deixar
os seus filhos durante parte do dia, partilhando as suas
responsabilidades e cuidados com o pessoal da Instituio. De
antemo fica a certeza que o pessoal tudo far para que a criana
tenha tudo aquilo que necessita para crescer: carinho, ateno,
tempo para brincar, interaco com outros adultos e crianas,... . Aconcluir espero que o meu projecto e trabalho sejam um reflexo de
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tudo aquilo que referi e conto com o apoio da famlia para que juntos
ajudemos as crianas a Crescer a Brincar.
9. BIBLIOGRAFIA
FIGUEIREDO, Manuel, - Um novo olhar sobre as rotinas, Bolade Neve, coleco inovao, Lisboa, 2004;
FIGUEIREDO, Manuel, - Projecto Curricular no Jardim deInfncia, Bola de Neve, coleco Pr, Lisboa, 2001;
MINISTRIO DA EDUCAO,- Orientaes Curriculares para aEducao pr-escolar, Lisboa, 1997;
MINISTRIO DA EDUCAO, - Qualidade e Projecto naEducao pr-escolar, Lisboa, 1998;
PORTUGAL, Gabriela, - Crianas, Famlias e Creches - uma Abordagem Ecolgica da Adaptao do Beb Creche, Porto
Editora, 1998;
REVISTA, Educadores de Infncia, n. 28, Ediba, 2005.