PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO … · do modo como se desenvolvem as relações...
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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ESTADO DO PARANÁ
SUELI MARIA BARAZZETTI
Associativismo e Educação na Busca de Soluções Para a Diminuição do Êxodo Rural em
Corumbataí do Sul
UNIDADE DIDÁTICA
CORUMBATAÍ DO SUL 2011
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ESTADO
DO PARANÁ
SUELI MARIA BARAZZETTI
ASSOCIATIVISMO E EDUCAÇÃO NA BUSCA DE SOLUÇÕES PARA A DIMINUIÇÃO DO ÊXODO RURAL EM
CORUMBATAÍ DO SUL
Material Didático apresentado à Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão e à Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED) para o Programa de Formação Continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) sob a orientação do Prof. Dr. Marcos Clair Bovo.
CORUMBATAÍ DO SUL
2011
Título: Associativismo e Educação na Busca de Soluções Para a Diminuição do Êxodo Rural em Corumbataí do Sul
Autora Sueli Maria Barazzetti
Escola de Atuação Colégio Estadual Corumbataí do Sul – Ensino Fundamental
e Médio
Município da escola Corumbataí do Sul
Núcleo Regional de Educação
Campo Mourão
Orientador Marcos Clair Bovo
Instituição de Ensino Superior
Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão
Disciplina/Área Geografia
Produção Didático-pedagógica
Unidade Didática
Público Alvo
Alunos do 2º Ano do Ensino Médio
Localização
Colégio Estadual Corumbataí do Sul – Ensino Fundamental e Médio
Rua Tocantins, número 104.
Apresentação:
O material tem como objetivo geral estudar a migração rural urbana no município de Corumbataí do Sul analisando as transformações decorrentes da modernização da agricultura. Esse processo privilegiou os grandes produtores e os produtos voltados para o mercado externo. Para o agricultor familiar o resultado dessa política foi extremamente negativo, pois não receberam benefícios como crédito rural, garantia de preço mínimo e seguro da produção. Esse cenário ocasionou um grande desestímulo e uma grande
evasão da população rural. Corumbataí do Sul viu sua população diminuir consideravelmente nas últimas décadas, o que tem provocado inúmeros problemas. A pesquisa visa demonstrar para os educandos a importância da diversificação agrícola e do uso de técnicas mais aprimoradas para aumentar o nível de produtividade e rentabilidade, que podem ser alcançados, por meio do associativismo, para geração de empregos incentivando a permanência do homem no campo. Adotará como metodologia a aplicabilidade do projeto por meio da utilização de vídeos, textos, mapas, tabelas, gráficos relacionados às características socioeconômicas do município, coleta e levantamento de dados no IBGE referente à população urbana e rural, e o uso de fotografias antigas e recentes de espaços públicos da cidade para análise e interpretação das transformações ocorridas nessas paisagens.
Palavras-chave Modernização da agricultura; associativismo; educação;
diversificação agrícola.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................6
MIGRAÇÃO RURAL URBANA ..................................................................9
MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA .................................................................10
CORUMBATAÍ DO SUL ............................................................................14
ASSOCIATIVISMO ....................................................................................24
REFERÊNCIAS .........................................................................................31
ANEXO ......................................................................................................33
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INTRODUÇÃO
Ao ocupar o espaço natural, por meio de seu trabalho, o homem o transforma
sempre movido pela necessidade de uma produção que lhe permita condições de
sobreviver. Essa apropriação produz alterações no meio ambiente, mudanças
sociais e culturais que acabam gerando inúmeros conflitos a partir da criação de
espaços desiguais.
A Geografia tem o papel fundamental de possibilitar ao aluno a compreensão
do modo como se desenvolvem as relações capitalistas para que ele perceba que é
agente da construção do espaço e que pode interferir na realidade mais próxima e
na mais distante. De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia
para Educação Básica (2008) contextualizar o conteúdo é mais do que relacioná-lo à
realidade vivida do aluno, é, principalmente, situá-lo historicamente e nas relações
políticas, sociais, econômicas, culturais, em manifestações espaciais concretas, nas
diversas escalas geográficas.
Esse material tem como tema o espaço rural e a modernização da agricultura
e busca promover reflexões para que os alunos do segundo ano do Ensino Médio
possam fazer contribuições, com o devido suporte teórico, na tentativa de encontrar
soluções para melhorar a realidade local.
É importante que o aluno compreenda que a modernização agrícola provocou
inúmeras transformações, que atingiram toda a sociedade brasileira, com impactos
positivos para alguns segmentos, mas, que acabaram gerando sérios problemas
principalmente para os setores menos capitalizados da agricultura.
Para atingir tal compreensão é necessário estudar a migração rural urbana no
município de Corumbataí do Sul, analisando as transformações decorrentes da
modernização da agricultura, as dificuldades do pequeno agricultor em produzir a
partir desse processo, investigar como o agricultor avalia a sua situação atual quanto
a permanecer no seu estabelecimento agrícola, diante da nova realidade, advinda da
criação da associação de produtores rurais e como a mesma pode contribuir para
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melhorar a produtividade, diversificar a produção e apoiar os produtores no momento
da comercialização dos produtos.
A abordagem metodológica se baseia no conhecimento prévio do aluno para
relacioná-lo ao conhecimento científico no sentido de superar o senso comum. O
ponto de partida será o relato das experiências dos alunos relacionadas com o
assunto estudado, nenhum conceito deve vir pronto. Os conhecimentos
apresentados pelo professor são reelaborados pelos alunos a partir do confronto
com a realidade conhecida. Por meio de várias situações problemas o aluno será
levado a questionamentos e ao levantamento das possíveis soluções.
Dessa maneira poderá desenvolver o pensamento crítico, pois ele é
estimulado a pensar, a questionar, a não ter uma atitude passiva diante do que lhe é
apresentado. Segundo Pedro Demo (2008, p.92) “[...] o manejo criativo do
conhecimento está na raiz das inovações para o bem e para o mal. O que marca a
trajetória do ser humano, mais que outros fatores, é a capacidade de aprender: de
mudar as condições de vida encontradas e sua própria trajetória pessoal.”[...]
Para verificação da aprendizagem serão utilizados diversos instrumentos e
critérios que possibilitarão tanto medir os avanços e as dificuldades dos alunos,
quanto para fazer uma reflexão a respeito do trabalho pedagógico.
A avaliação será contínua e diagnóstica, procurando analisar os diferentes
ritmos de aprendizagem, acompanhando as atividades que os alunos realizam para
ajudá-los a aprender e para obter informações sobre aqueles que estão conseguindo
realizá-las e quais estão com mais dificuldades.
Serão utilizados os instrumentos, listados a seguir, observando a efetiva
participação do aluno:
Atividade de leitura: verificar se o aluno compreende as ideias presentes no
texto, se estabelece relações entre o texto, o conteúdo e sua experiência
cotidiana.
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Produção de texto: analisar se o aluno expressa suas ideias com clareza, se
é capaz de elaborar argumentos consistentes e estabelece relações com as
partes do texto.
Leitura e interpretação de fotos, imagens, gráficos, tabelas e mapas: analisar
se o aluno compreende e interpreta a linguagem utilizada e se articula o
conteúdo discutido nas aulas com o recurso audiovisual apresentado.
Pesquisas bibliográficas: identificar se o aluno realiza a contextualização do
texto com clareza, faz a problematizarão de forma clara delimitando os
principais elementos da pesquisa.
Apresentação e discussão de temas em seminários: verificar se o aluno
demonstra consistência nos argumentos, compreende o conteúdo estudado
e utiliza relatos para enriquecer a apresentação.
Trabalho em grupo: analisar se o aluno participa com o grupo, demonstra
conhecimentos dos conteúdos estudados em sala de aula e interage na
produção coletiva dos trabalhos.
Questões discursivas: verificar se o aluno compreende a questão, soluciona
adequadamente sistematizando o conhecimento.
Questões objetivas: identificar se o aluno faz a leitura compreensiva das
questões e demonstra a apropriação dos conhecimentos adquiridos. (PPP-
Projeto Político Pedagógico).
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Migração rural urbana
Inicialmente, será trabalhada a imagem denominada “A triste partida”, disponível
em: http://proportoseguro.blogspot.com/2009/09/migracao-e-imigracao.html (acesso
em 30/06/2011) por meio dos seguintes questionamentos:
Que outro título você daria para a imagem? Que elementos da imagem mais
chamam sua atenção?
As migrações ocorrem desde o início da história da humanidade. Esse
processo consiste no movimento populacional de uma localidade para outra.
Diversas razões levam as pessoas a migrar, como por exemplo, problemas
econômicos, perseguições religiosas, guerras, adversidades climáticas, etc.
No Brasil, a busca por melhores condições de vida, é um dos principais
fatores responsáveis pelas correntes migratórias, pois existem áreas mais
industrializadas e modernas que acabaram se tornando mais atrativas para a
população.
A partir de meados da década de 1960, nosso país passou por um processo
de intensa migração do campo para as cidades. Esse processo denominado êxodo
rural provocou inúmeras transformações sociais e econômicas no cenário brasileiro.
ATIVIDADE 01 Pesquise e responda:
Você conhece alguém que migrou para cidade? Por que essas pessoas migraram?
Essas pessoas têm vontade de retornar para o seu local de origem? Por quê?
Divididos em equipes, discutam sobre os dados coletados. A seguir, façam uma exposição para os colegas de sala.
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Modernização agrícola
A agricultura brasileira mudou muito nos últimos tempos, deixou de ser a única
responsável pelo desenvolvimento econômico do país e passou a depender menos
da natureza. Todo esse processo de mudanças ocorreu devido à expansão de
grandes empresas estrangeiras e nacionais, que agem em função do mercado, seja
ele interno ou externo.
Para essas empresas era necessária uma agricultura mais produtiva, por meio
de produtos químicos é possível combater pragas e corrigir solos, também é
possível através de laboratórios a criação de plantas mais resistentes e produtivas.
Os pacotes tecnológicos foram apoiados por políticas governamentais que
incentivaram a produção por meio de financiamentos, pesquisas e assistência
técnica.
ATIVIDADE 02 Responda:
Você sabe qual foi o processo responsável por essa grande migração do
campo para as cidades?Explique. Produza um texto e apresente para seus colegas.
Em seguida pesquise:
Como foi o processo de modernização da agricultura?Quais foram suas
principais características e consequências?
Fontes sugeridas:
http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-modernizacao-agricultura.htm
http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u13.jhtm
Geografia – espaço e vivência, vol. 2. Levon Boligian e Andressa
Turcatel Alves Boligian. 2010
Território e sociedade no mundo globalizado, geografia: ensino médio,
volume 2. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio
Mendonça. 2010
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Geografia geral do Brasil, volume 3, espaço geográfico e globalização:
ensino médio. Eustáquio de Sene e João Carlos Moreira. 2010
Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil, vol. 3. Lygia Terra,
Regina Araujo e Raul Borges Guimarães. 2010
Essas grandes modificações no espaço agrário acontecem principalmente
pela modernização das atividades agrícolas. Entende-se por modernização, o
processo de melhoria da agricultura pela adoção de técnicas, que permitam maior
produtividade e consuma produtos industrializados como defensivos agrícolas,
fertilizantes, tratores, colheitadeiras, etc.
A modernização da agricultura, não ocorreu de forma igualitária no Brasil, as
áreas em que a mecanização e a utilização de tecnologias químicas mais
avançaram foram as localizadas no centro-sul do país.
Outro fato importante a ser destacado, é o de que todas essas inovações
foram estimuladas pelo governo, por meio de empréstimos bancários e estímulo a
certas lavouras, como por exemplo, a de soja e a de cana-de-açúcar. Tal preferência
por estas culturas fez com que produtos alimentares básicos diminuíssem
consideravelmente a área plantada, provocando muitas vezes até a falta destes
produtos.
Também devemos considerar o fato de que o pequeno produtor, quando teve
acesso aos recursos disponibilizados pelo governo para modernizar sua propriedade
viu-se endividado e empobrecido.
ATIVIDADE 03 Divididos em equipes, pesquisem exemplos de transformações que
o sistema capitalista provoca na produção agropecuária,
estabelecendo uma relação entre o modo como essas atividades eram feitas
no passado e como são feitas agora.
A seguir, criem uma apresentação com slides, no laboratório de informática,
para expor aos seus colegas de sala.
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Leia o texto a seguir que mostra de forma clara e objetiva, através de um exemplo, a transformação provocada pela modernização agrícola.
_Leitura________________________________________ INDUSTRIALIZAÇÃO DO CAMPO [...] Antigamente as galinhas, e os galos também, eram criados soltos nas fazendas e sítios. Ciscavam, comiam minhocas, restos de alimentos e às vezes até mesmo um pouco de milho. Punha certa quantidade de ovos - uma ninhada de doze, quinze - e depois ia chocá-los durante semanas seguidas. Mesmo que os ovos fossem retirados, periodicamente as galinhas paravam de botar, obedecendo ao instinto biológico da procriação e punham-se em “choco”. Mas, logo se descobriu que essa parte do processo de procriação das aves podia ser feita pela incubadora (ou chocadeira) elétrica. E com maior eficiência que a própria galinha, uma vez que permitia controlar melhor a temperatura e evitar quebra dos ovos. Tornou-se necessário então fabricar uma galinha que não perdesse tempo chocando, isto é, que se limitasse a produzir ovos todo o tempo de sua vida útil. Evidentemente, uma produção assim mais intensiva não era possível ser conseguida com galinhas que ciscassem e se alimentassem à base de engolir minhocas e restos de comida. Foi preciso fabricar uma nova alimentação para essas galinhas - as rações - que possibilitassem sustentar essa postura. Além de melhor alimentação, as aves foram confinadas em pequenos cubículos metálicos, para que não desperdiçassem energia ciscando. Estava constituída uma verdadeira "fábrica avícola": de um lado entra ração, a matéria-prima; do outro saem ovos, o produto. Tudo padronizado, lado a lado umas das outras nas suas
prisões. Nessas alturas os galos que não botavam ovos e só faziam barulho e arrumavam encrenca! Claro que alguns poucos - será que privilegiados? - foram preservados para a procriação. Mas esta atividade passou a ser outro ramo distinto: a produção de ovos se separou da produção de pintinhos. E a avicultura se tornou tão especializada que a produção de matrizes – quer dizer dos pais e das mães dos pintinhos - passou a ser outro ramo também especializado. Quer dizer que: quem produz ovos, compra os pintinhos; quem produz os pintinhos, compra as matrizes. Mas, por que uma galinha que não choca presa numa gaiola, comendo ração é mais adequada ao sistema capitalista que a outra que ciscava nos terrenos das fazendas em busca de minhocas? Ora, além de produzir mais ovos que a outra em sua vida útil, a galinha que não choca dá lucros também ao produtor da ração, ao que fabrica as gaiolas, ao dono das chocadeiras elétricas, aos que vendem pintinhos, etc. Ou seja, a produção de ovos com essa “fábrica avícola” criou o mercado para a indústria de ração, de gaiolas, de chocadeiras, de pintinhos, das matrizes, Por sua vez, a indústria de ração dá lucros para o fabricante de medicamentos, ao comerciante do milho, a indústria de gaiolas, ao fabricante de arames galvanizado e chapas metálicas e assim sucessivamente. Tudo isso por que uma galinha come minhocas e a outra não? E, seria o caso perguntar, quem ganha com isso? A resposta é óbvia. Os donos das indústrias
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de ração, das gaiolas, de chocadeiras. O pequeno produtor, que cria os pintinhos e vende os ovos, esse não. Ele tem que comprar ração, gaiolas, medicamentos, pintinhos, tudo vindo de grandes companhias. Então, é lógico que se paga caro essas coisas, porque o seu poder de barganha é nulo frente a essas grandes empresas. Na hora de vender é a mesma coisa: são
grandes compradores, e há muito ovo (lembre-se que essas galinhas vivem apenas para botar ovos), então o preço é baixo, tão baixo, que ele precisa cuidar de milhares de galinhas para conseguir garantir a sua sobrevivência como pequeno produtor. [...]
Texto adaptado do livro O que é questão agrária de José Graziano da Silva. _______________________________________________________________
A mecanização é essencial a modernização, porém, ela provoca uma intensa
liberação de mão de obra no campo. Tal redução do pessoal empregado na
agropecuária vai provocar um aumento da população das cidades, que na maioria
das vezes não está estruturada para receber um grande contingente populacional,
ocasionando diversos problemas sociais. No Brasil, em meados da década de 1960,
a população urbana ultrapassa a população rural.
Com a modernização, um dos principais fatores ocorridos foi a concentração
da propriedade agrícola, trazendo como consequência o êxodo rural. Entretanto, o
processo de concentração não pode ser atribuído somente à modernização, pode ter
sido sim, uma das causas, porém, gerada por uma consequência que seria a falta de
uma política agrícola condizente com a realidade do trabalhador rural, em especial,
ao pequeno proprietário que dificilmente tem acesso ao capital.
ATIVIDADE 04 Assistam, aos seguintes vídeos, na TV pen drive:
http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=176
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http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=9160
Depois, reunidos em equipe, façam um paralelo entre o ritmo de vida do
trabalhador rural e o ritmo de vida do trabalhador urbano.
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CORUMBATAÍ DO SUL
Município localizado na região Sul do Brasil, mais precisamente na
Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense, no Vale do Piquirivaí, entre os rios Ivaí e
Piquiri, – microrregião de Campo Mourão.
Fonte: IBGE - 2010
A região do atual município de Corumbataí do Sul teve início na década de
1960. (Leia o quadro).
Corumbataí do Sul – Histórico
Mais ou menos a partir de 1948, teve início à colonização do município de
Barbosa Ferraz, cuja área territorial pertencia à imobiliária Paraná Ltda. com
sede na cidade de Londrina. Mais tarde, essa área foi dividida em grandes
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partes, denominada “Glebas”.
A colonização de Barbosa Ferraz desenvolveu-se a passos largos, além
da sede do município, vários distritos foram surgindo, e entre estes, Corumbataí
do Sul.
Ainda pertencente ao município de Barbosa Ferraz, Corumbataí do Sul
iniciou sua colonização por volta de 1962, quando o senhor Nicolau Lunardelli
proprietário do imóvel denominado Corumbatay, começou a lotear as terras,
dividindo-as em grandes partes denominando-as de “Glebas” e “Seções” e
consequentemente em fazendas, sítios e chácaras. Para cá vieram mineiros,
paulistas, baianos e outros.
O loteamento ficou a cargo do senhor Biasi Hortelan responsável pelas
vendas das terras da área rural e urbana, onde hoje se localiza a cidade e sede
do município de Corumbataí do sul.
Em 13 de janeiro de 1967, através da Lei n.º 5.472, o povoado foi
elevado à categoria de Distrito Administrativo. Pela Lei n.º 8.484, de 27 de maio
de 1987, foi criado o município, sendo instalado oficialmente em 01 de janeiro de
1989. (Histórico do município de Corumbataí do Sul).
Na época, a fertilidade dos solos e a facilidade em adquirir as terras
oferecidas pela Companhia de Terras Norte do Paraná e Imobiliária Nicolau
Lunardelli atraíram inúmeras famílias que vieram dos mais diversos pontos do Brasil.
Formou-se então nessa região uma grande população. Segundo dados extra
oficiais, entre os anos de 1965 a 1970 a região de Barbosa Ferraz e Corumbataí do
Sul contava com cerca de 70.000 habitantes.
ATIVIDADE 05 O contraste entre o velho e o novo no município de Corumbataí do Sul
Por meio da observação e análise de fotos das décadas de 1970 e 1980 procure identificar a paisagem retratada e apresentar suas ideias.
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Depois, observe e analise fotos atuais, dessas mesmas paisagens e verifique:
Que elementos formavam a paisagem em cada período;
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Forme grupos e monte um quadro comparativo sobre as mudanças que
encontraram.
Desde sua origem, Corumbataí do Sul, sempre se destacou como grande
produtor de cereais, desenvolvendo assim na economia agrícola, vários produtos,
com destaque para o cultivo do café, como pode ser observado na tabela 01.
Tabela 01 – Área em hectares ocupada com a atividade agrícola em Corumbataí do Sul ANO CAFÉ MILHO ALGODÃO SOJA FEIJÃO ARROZ 1989/90 4.500 3.000 1.100 750 1.200 250 1991/92 3.000 4.500 3.200 400 600 250 1993/94 3.000 2.000 1.188 800 1.000 100 1995/96 1.800 2.500 2.000 800 800 130 FONTE: IBGE, 1996
O setor agropecuário sempre foi a principal fonte de economia do município,
além do café, a soja se destaca nas áreas de relevo mais suave. O algodão já teve
maior expressão econômica para o município, mas em virtude do esgotamento dos
solos, da disponibilidade de mão de obra e da política de preços, a área plantada é
pouca.
A cultura do milho, arroz e feijão são cultivadas para o aproveitamento interno
das propriedades, sendo comercializado apenas o excedente da produção, pois a
rentabilidade desta cultura nas pequenas propriedades é baixa.
ATIVIDADE 06 - Responda
O café é o produto agrícola mais viável para plantio em Corumbataí do Sul?
Aponte os aspectos positivos e negativos do cultivo desse produto em nossa
região?
Para chegar à resposta, pesquise sobre Corumbataí do Sul:
A localização geográfica;
O clima;
A vegetação;
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O relevo;
O tipo de solo.
Fontes sugeridas:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1
http://www.corumbataidosul.pr.gov.br/
http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=86970&btOk=ok
http://pt.wikipedia.org/wiki/Corumbata%C3%AD_do_Sul
http://www.criareplantar.com.br/agricultura/lerTexto.php?categoria=39&id=609
O café foi um dos grandes responsáveis pelo povoamento do Paraná,
principalmente na década de 1950, quando a lavoura teve a sua maior fase de
expansão no estado. Em três décadas a população paranaense aumentou
consideravelmente passando de 1.236.276 habitantes em 1940 para 6.929.868
habitantes em 1970.
Porém, a expansão da área plantada, não só no Brasil, mas em outros países
produtores, gerou excesso de oferta e consequentemente queda do preço. Além do
mais as geadas e a política do governo para introdução de culturas modernas
provocaram um declínio na lucratividade do café.
O cultivo da soja passou a ser a alternativa adotada, pois os produtores
começaram a ter financiamento público a preços acessíveis para essa cultura. Na
década de 1960 sua produção multiplicou-se por cinco. Na década seguinte, o
crescimento foi mais significativo, isso devido ao aumento da área plantada e a
utilização das novas tecnologias.
No entanto, esse acesso aos financiamentos só foi possível a uma minoria de
produtores. Os que não conseguiram se inserir na nova produção vendiam suas
propriedades e, aliado a isso, a intensa mecanização do cultivo e da colheita da soja,
provocou uma expressiva dispensa de trabalhadores que se dirigiram para cidades
de médio e grande porte do Paraná ou de outros estados, ou então migraram para
novas fronteiras agrícolas na região norte e centro-oeste do Brasil.
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Se para a agricultura temporária, a introdução de produtos modernos foi um
fator benéfico para o desenvolvimento agrícola, o mesmo não aconteceu com o
pessoal ocupado no campo. A modernização acarretou uma alta redução de
pessoas ocupadas em serviços agrícolas.
Como consequência a população urbana paranaense ultrapassa a população
rural no final da década de 1970 e não se registrou crescimento populacional tão
significativo nas décadas seguintes.
O município de Corumbataí do Sul por se constituir na economia como
produtor de café teve seu primeiro ciclo econômico de caráter agrícola, e por estar
inserido neste contexto participou de todos os problemas relacionados ao setor,
como as oscilações do mercado e do clima, que causam um desempenho
econômico insatisfatório. Tal situação gera inúmeras dificuldades, pois, perdem-se
recursos oriundos do ICMS1, o comércio passa por períodos de estagnação e a
população em virtude da situação desfavorável acaba migrando em busca de
empregos.
Contudo, o fator mais marcante no período de modernização foi a questão da
mão de obra agrícola que tem sua repercussão até os dias atuais, como pode ser
observado na tabela abaixo.
Tabela 02 – Corumbataí do Sul: população rural e urbana - 1991/2010 ANO TOTAL RURAL URBANA 1991 6640 4886 1754 2000 4946 1998 2948 2010 4003 1875 2128 FONTE: IBGE, 2010
Como pode ser verificada, nesses últimos anos a população rural diminuiu,
isso demonstra que mesmo depois de décadas do início da agricultura moderna o
campo vem perdendo população. Esses migrantes em sua maioria tem se
direcionado para outras regiões do país, tanto para centros urbanos como para 1 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é um tributo estadual que incide sobre
a movimentação de produtos, como alimentos, eletrodomésticos, e sobre serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação.
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áreas rurais.
Verifica-se com mais ênfase a evasão da população rural, quando se constata
que na década de 1980, os municípios de Barbosa Ferraz e Corumbataí do Sul,
contavam com 60 estabelecimentos de ensino de 1º grau, localizados na zona rural.
Atualmente, em Corumbataí do Sul, todas as escolas da área rural estão
desativadas e os estudantes se deslocam para a sede do município.
Vários fatores explicam essa saída da população rural, entre eles podem-se
destacar as geadas que prejudicaram os cafezais existentes, sendo que este
representava significativo peso na economia do município. A soma desses
problemas levou os pequenos proprietários a se desfazerem de suas propriedades e
irem à busca de novos horizontes em outros estados, como Rondônia, Mato Grosso,
Minas Gerais e São Paulo. Boa parte da população jovem migrou para grandes
centros urbanos, como Curitiba, Londrina, São Paulo, etc.
Boa parte dos proprietários de médio porte investiu alto na mecanização e
outros na pecuária, atividades que requerem pouca mão de obra, dispensando
assim grande parte da população rural. Nas áreas onde apresentam pouca
declividade a máquina substituiu o homem e nas áreas acidentadas ganhou espaço
a pecuária que requer pouca mão de obra para sua execução.
Para reverter este quadro, na década de 1990, o Paraná através do Instituto
Agronômico do Paraná – IAPAR – juntamente com prefeituras municipais reiniciou o
fortalecimento da cafeicultura, utilizando um novo modelo tecnológico de produção
conhecido como sistema adensado. Os plantios adensados podem produzir mais do
dobro de sacas por hectare do que o sistema tradicional. O município de Corumbataí
do Sul adotou o novo modelo tecnológico e passou a incentivar os produtores do
café a renovar suas plantações a partir do novo sistema, mantendo um viveiro de
mudas de café.
Essa readequação das lavouras cafeeiras foi realizada com a intenção de
colaborar para o desenvolvimento e crescimento do município, porém, tal objetivo
não foi alcançado.
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ATIVIDADE 07
Após observação e análise das tabelas que mostram a evolução da
população urbana e rural no Brasil, no Paraná e em Corumbataí do
Sul, construa com os dados apresentados, diversos tipos de gráficos
utilizando a planilha Calc do BrOffice no Laboratório de Informática.
Evolução da população rural e urbana no Brasil 1950-2010 Ano População urbana População rural 1950 36,2 63,8 1960 45,1 54,9 1970 56,0 44,0 1980 67,6 32,4 1991 75,6 24,4 2000 81,2 18,7 2010 84,0 16,0
FONTE: IBGE – CENSOS 1950-2010 Paraná: população urbana e rural Ano Urbana (%) Rural (%) 1940 24,5 75,5 1950 25,0 75,0 1960 30,7 69,3 1970 36,1 63,9 1980 58,6 41,4 1991 73,3 26,7 2000 81,4 18,6 2010 85,3 14,7
FONTE: IBGE – 1940/2010 Corumbataí do Sul: população rural e urbana Ano Rural (%) Urbana (%) 1970 95 5 1980 85 15 1991 74 26 2000 40 60 2010 47 53
FONTE: IBGE – 2010 Em seguida faça uma comparação entre os gráficos para analisar se a
migração rural urbana aconteceu na mesma época nas três escalas espaciais
ou se foram diferentes. Reunidos em equipes, discutam o que cada um concluiu e elaborem um texto com as considerações a que chegaram.
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Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil o município de
Corumbataí do Sul, apresenta um IDH-M2 de 0, 678 o que o coloca, entre os 399
municípios paranaenses, na 378º posição. Observa-se então, que apresenta um
baixo nível de desenvolvimento, com sérias dificuldades nos setores sociais e
econômicos.
A grande dependência de recursos federais e estaduais, como por exemplo, o
Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que tem muitas vezes queda nos seus
repasses, por estar vinculado ao contingente populacional ou aos problemas
relacionados à economia brasileira ou até mesmo mundial, faz com que projetos
locais que poderiam melhorar as condições sociais da população se tornem inviável,
pois a arrecadação tributária municipal é insuficiente. O que garante grande parte do
funcionamento do comércio da cidade são os gastos públicos através da
transferência mensal de aposentadorias e pensões.
Fazendo uma análise da população segundo a faixa etária (dados do
IPARDES3), entre os anos de 2007 e 2010, observa-se que os jovens são os que
mais migraram, confirmando que a procura por empregos remunerados
mensalmente, em cidades que apresentam um maior dinamismo econômico,
continua sendo o fator de expulsão dessa população que está em busca de
aumentar seu poder aquisitivo.
Como então, melhorar as condições de vida da população? Aumentar a renda
per capita sem depender somente de programas do governo federal, como bolsa
família? Aumentar a oferta de empregos? Melhorar a qualificação dos profissionais?
Têm-se vários questionamentos, algumas soluções que parecem óbvias, mas
na prática, as dificuldades são grandes e muitas vezes aparentes.
2 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – visa representar a complexidade das
condições de vida dos municípios, tomando-se como base as dimensões renda, longevidade e
educação. 3 Disponível em: http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=86970&btOk=ok
Acesso em: 4 junho de 2011
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Associativismo
Corumbataí do Sul por ser um município eminentemente agrícola, procurou
desenvolver ações que melhorassem as condições de vida da população,
fortalecendo sua vocação, com a formação de uma associação de produtores rurais,
que visa geração de emprego, renda e diversificação da produção.
ATIVIDADE 08 Você certamente já ouviu falar em associativismo. Como você
definiria essa palavra?Que objetivos uma associação procura
alcançar?
Após responder essas questões, pesquise sobre o assunto nos seguintes endereços:
http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/cooperativismo
http://www.brasilcooperativo.coop.br/site/cooperativismo/index.asp
http://www.agricultura.gov.br/cooperativismo-associativismo
Agora responda as seguintes questões:
1. Onde surgiu o associativismo?
2. Quais são seus princípios?
3. Como foi o desenvolvimento do associativismo no Brasil?
4. Você acredita que a participação em uma associação pode melhorar o
desempenho dos agricultores? Justifique.
Na década de 1990, os pequenos produtores rurais de Corumbataí do Sul
vinham sofrendo um contínuo processo de descapitalização devido às geadas e a
falta de um suporte econômico. Diante dessas dificuldades, surge então, a iniciativa
da criação de uma associação, denominada APROCOR (Associação dos Produtores
de Corumbataí do Sul), para a comercialização do café na busca de melhores
preços. Dessa forma, podia-se negociar a venda sem a interferência de
intermediários e conseguir uma elevação do preço do produto, além de maior acesso
a bens e serviços para a modernização da base produtiva.
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Porém, as dificuldades com a cultura do café, que no ano de 1999 sofreu com
chuva de granizo e no ano 2000 com uma forte geada, levaram a associação a
procurar uma nova solução para seus problemas.
A cultura do maracujá foi à alternativa encontrada, pois ela se adapta ao clima
e ao relevo da região, tem rápido retorno de investimento podendo assim ser um
complemento da renda familiar aumentando o poder aquisitivo da população local e,
consequentemente, para a melhoria das condições de vida, além de ajudar na
diversificação da produção. Outro aspecto a ser considerado, é o de que o município
de Corumbataí do Sul é formado em sua maioria por pequenas propriedades, e a
cultura do maracujá gera emprego não só ao chefe da família, mas também às
crianças, jovens, mulheres e idosos.
Com a divulgação de índices positivos em relação à cultura do maracujá mais
produtores passaram ao plantio e comercialização da fruta no município e também
houve a adesão de produtores de municípios vizinhos. Atualmente participam da
associação 400 produtores, sendo que 150 pertencem ao município de Corumbataí
do Sul e os outros 250 estão distribuídos entre os municípios de Godoy Moreira,
Barbosa Ferraz, Fênix, Iretama, Peabiru, Quinta do Sol e Nova Tebas.
Como pode ser observado na tabela 03, o café era a cultura permanente
predominante no município, porém, outras culturas permanentes estão ganhando
destaque devido ao maior incentivo a fruticultura.
Tabela 03 – Área em hectares de lavouras permanentes colhida no município de Corumbataí do Sul, 1996-2010.
ANO *CAFÉ **LARANJA **MARACUJÁ **UVA **CAQUI **FIGO 1996 2.159 0 0 1 0 0
2006 2.100 40 90 2 1 4 2010 2.100 90 150 10 5 4 *Dados obtidos no IPARDES **Dados obtidos na APROCOR
Em 17 de julho de 2009 é fundada a COAPROCOR (Cooperativa
Agroindustrial de Produtores de Corumbataí do Sul e Região), através desse
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procedimento pode-se industrializar a produção e fazer a comercialização dos
produtos, bem como conseguir crédito em instituições financeiras.
Além do aumento da área dedicada à fruticultura, destinada a venda in natura
para a indústria e centrais de abastecimento, busca-se ainda agregar valor a cultura
do maracujá, já que esta representa a maior área plantada, com a utilização da
semente para fabricação de cosméticos, além da venda da folha do maracujá para a
indústria farmacêutica e recentemente a fabricação de suco. Outra cultura que vem
ganhando destaque é a da uva com um aumento considerável da área plantada. A
safra 2010/2011 foi industrializada e engarrafada, dessa maneira toda produção foi
aproveitada e o preço final pago ao produtor praticamente dobrou.
Assim, a APROCOR procura realizar o desenvolvimento local com a união dos
produtores objetivando a comercialização em conjunto dos seus produtos,
diversificando e melhorando a sua produção, aumentando a renda familiar, e com
um potencial de maior crescimento para que possa mudar de forma significativa a
realidade.
ATIVIDADE 09
Após o estabelecimento de um roteiro e a definição das formas de registro como, por exemplo, fotografias e anotações no caderno, será
realizada uma visita a Associação dos Produtores Rurais de Corumbataí do
Sul (APROCOR) com o objetivo de conhecer:
Como é seu funcionamento;
Como é feita a entrega, classificação e comercialização dos produtos;
Qual é o processo utilizado para fabricação dos sucos de maracujá e
uva;
As ações que desenvolve e as que ainda pretende alcançar.
OBS: Nesse momento, os alunos receberão um questionário (anexo) para
ser feito com associados da APROCOR, objetivando estabelecer relações com
as migrações do campo para a cidade e de avaliar o posicionamento dos
agricultores em relação ao trabalho da associação.
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O associativismo surge da necessidade da superação de problemas, para
fortalecer relações e melhorar a vida de pessoas que tem objetivos comuns. Através
das associações podem-se somar serviços, atividades e conhecimentos para obter
uma série de vantagens, como, por exemplo, defender os interesses dos associados
no momento da compra de matéria-prima, no momento da comercialização da
produção garantindo preços mais justos, facilitar a divulgação e distribuição dos
produtos, conhecer por meio de cursos ou de profissionais habilitados novas formas
de ampliar s fontes de receita.
Por meio do associativismo os objetivos podem ser atingidos com maior
rapidez, pois os associados trocam informações, os problemas e as experiências
são compartilhados, a procura pelas soluções não precisa ser feita por um único
individuo, mas por uma equipe. Pode haver também crescimento pessoal já que é
imprescindível uma mudança comportamental para trabalhar em conjunto e
conseguir bons resultados.
_Leitura________________________________________ Nos textos, a seguir, exemplos de experiências cooperativistas espalhadas pelo Brasil, que estão obtendo resultados significativos para suas comunidades. Lugar de mulher é na cooperativa Uma iniciativa pioneira do Coopergênero foi desenvolvida na região Noroeste do Rio Grande do Sul, entre 2004 e 2005, pela Cooperativa Agro-Pecuária Alto Uruguai (Cotrimaio). Aproximadamente 600 esposas e filhas de cooperados participaram do Projeto de Desenvolvimento e Capacitação da Mulher Agricultora para a Gestão da Propriedade e o Cooperativismo, financiado pelo MAPA e pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, da Presidência da República. Há quase 30 anos a Cotrimaio vinha promovendo cursos voltados para as
mulheres, iniciando por temas como culinária e artesanato e passando para assuntos mais abrangentes, entre eles auto-estima e medicina alternativa. Mas, entrando no século 21, as mulheres queriam saber mais também sobre questões ligadas à cidadania e à administração das propriedades rurais de suas famílias, o que motivou uma capacitação diferente. Com essa demanda e com o apoio do governo federal, a Cotrimaio formou turmas em 13 municípios da região, reunindo mulheres com diferentes níveis de escolaridade, mas com o mesmo objetivo: aprender mais sobre o mundo à sua volta. As aulas foram divididas nos módulos
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Fundamentos; Economia e Gestão da Propriedade; Participação e Cidadania. Essa diversidade proporcionou uma qualificação mais completa às participantes. Normalmente, os programas de capacitação são pontuais e não dão a lógica do sistema. Além de aprenderem teoria, as alunas visitaram indústrias da região e o porto marítimo da cidade de Rio Grande, onde puderam verificar como são levados para o exterior os produtos que saem das lavouras. A maioria viu o mar de perto pela primeira vez. Tantos ensinamentos estimularam as mulheres a serem mais pró-ativas. Estima-se um aumento de 400% na
participação delas em assembléias e reuniões de núcleos da cooperativa. Nas atividades, como normalmente encaram os problemas de uma forma diferente, as mulheres elevam o nível das discussões na entidade.
Cooperativas contribuem para colocar a cachaça, bebida típica nacional, na formalidade e agregar qualidade ao produto Pelo mundo, a cachaça é conhecida como um produto típico brasileiro. No Brasil, por trás do aspecto cultural, milhares de pequenos produtores ganham a vida com a fabricação e com a comercialização dessa bebida. Só em Minas Gerais, maior fabricante do País de cachaça artesanal, cerca de 8.500 mil alambiques dão origem a quase 250 milhões de litros por ano. E o setor só não movimenta ainda mais a economia do Estado porque faz parte da lista negra da informalidade. No ano de 2000, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) mineiro diagnosticou a amarga realidade:
95% dos produtores de cachaça de alambique atuavam informalmente. Desde 2002, a Instrução Normativa 56, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) permite que os produtores de cachaça se agrupem em associações ou cooperativas, ganhando força e legalidade. Hoje, oito cooperativas, somando 700 associados, estão ligadas à Cooperativa Central dos Produtores de Cachaça de Alambique de Minas Gerais (Coocen-MG) e já existem outras formalizadas pelo País. Com a organização do setor, é possível promover treinamentos e cursos que aprimoram técnicas e tecnologias de produção. O cooperativismo é uma solução para que os pequenos produtores possam ganhar em qualidade e volume para exportação.
Criar mecanismos para proporcionar o crescimento de regiões Nordeste e Norte é um desafio do cooperativismo no Brasil Somando um pouco de capital de cada associado e usando a criatividade, a Cooperativa dos Curtidores de Ribeira de Cabaceiras (Arteza) conseguiu comprar equipamentos modernos e enfrentar as adversidades da seca, em busca do sustento de dezenas de famílias. A Arteza é considerada exemplo para o
cooperativismo da região Nordeste do País, onde o setor ainda precisa de impulso para crescer. Os 50 cooperados de produção curtem, por mês, 2 mil peles de ovinos e de caprinos, animais que são a base da economia da cidade de Cabaceiras, na Paraíba. O processo é feito com um produto vegetal (um tanino extraído da casca de angico) e, portanto, sem prejuízos ao meio ambiente. Do couro são fabricados, em máquinas importadas, chapéus, calçados, bolsas e até bijuterias,
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com design moderno e diferenciado.
Gente jovem reunida Nas vizinhanças do Bairro Jardim Santa Marta, em Carapó, no Mato Grosso do Sul, não há quem não conheça a turma de crianças que atua unida para melhorar a própria escola. Em todo evento das redondezas, lá estão eles, devidamente uniformizados, recolhendo o lixo seco, material que mais tarde será transformado em recursos para a Escola Municipal Cândido Lemes dos Santos. O valor arrecadado já permitiu a compra de uma cama elástica, de uma mesa de pingue-pongue, de brinquedos e de jogos pedagógicos, que divertem o recreio da garotada.
Apesar da pouca idade (são alunos de 1ª a 8ª série de Ensino Fundamental), eles estão conhecendo os resultados do trabalho em cooperação. Os jovens integram uma cooperativa mirim, a Coopercicla, criada em 2001 (antes com o nome de Cooperlatas) para atuar como uma cooperativa de trabalho. A motivação para atuar em equipe contribui para reduzir os problemas de relacionamento e estimula a preocupação com o ambiente e com os colegas. A mudança de comportamento é um dos principais objetivos do estímulo à consciência cooperativa desde a infância.
Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ac000001.pdf __________________________________________________________________________
O associativismo aliado a diversificação agrícola são elementos importantes
para o desenvolvimento das potencialidades locais, porém, para a permanência do
jovem em cidades com desempenho econômico sofrível e consequentemente pouca
oferta de empregos isso não basta. Devem existir outros estímulos, especialmente a
essa faixa etária, para que não abandonem o campo, como por exemplo, espaços
adequados para prática de esportes e programas de inclusão digital para gerar
qualificação.
Atualmente vivemos num mundo globalizado que exige cada vez mais do
trabalhador, novas profissões são criadas, outras desaparecem e são substituídas
por tecnologias que surgem a cada dia. São novos desafios que precisam ser
enfrentados, a busca pela qualificação é incessante e a responsabilidade da
educação de boa qualidade é imprescindível. O acesso ao conhecimento adquirido
pela humanidade ao longo das gerações pode proporcionar uma boa formação,
porém, todos os envolvidos nesse processo devem agir com responsabilidade.
ATIVIDADE 10 Para refletir:
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Você já pensou por que está estudando? Quais são seus objetivos?Que
perspectivas têm em relação ao seu futuro? Quem são os responsáveis por uma educação de boa qualidade?
Para alcançar uma boa formação é importante que o poder público ofereça
uma educação de qualidade, que a família acompanhe, esteja presente na vida
escolar da criança e do adolescente, que os professores estudem, discutam novas
metodologias de trabalho e recursos que estimulem a aprendizagem e que,
principalmente, dêem sentido a esse conhecimento.
Porém, é essencial que o aluno reflita e perceba que grande parte da
responsabilidade nesse processo de formação vem do seu desejo, da sua
motivação, do seu interesse em agir para alcançar o conhecimento. Melhorar a
atenção e a concentração, buscar na leitura informação e conhecimento, reunir
valores que promovam a harmonia podem ser caminhos para alcançar os benefícios
que uma educação de boa qualidade pode trazer.
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REFERÊNCIAS BOLIGIAN, Levon; BOLIGIAN, Andressa Turcatel Alves. Geografia – espaço e vivência, vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2010.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; SCHAFFER, Neiva
Otero, KAERCHER, Nestor André. Geografia em Sala de Aula, Práticas e Reflexões. Porto Alegre: AGB, 2003.
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EMBRAPA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja Região Central do Brasil 2004.
Disponível em: http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/SojanoBrasil.htm. Acesso
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http://www.ipardes.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=5 Acesso em
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LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado, geografia: ensino médio, volume 2. São
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MOREIRA, Igor A. G. O espaço geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São
Paulo: Editora Ática, 1991.
MOTERANI, Carlos Marcos Rubim. Histórico do Município de Corumbataí do Sul.
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OLIVEIRA, Dennison de. Urbanização e industrialização no Paraná. Curitiba:
SEED, 2001. (Coleção história do Paraná; textos introdutórios).
32
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação.
Diretrizes Curriculares de Geografia para a Educação Básica. Curitiba, 2008.
PPP. Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Corumbataí do Sul. 2010.
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RUA, João et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro, Acess, 2005.
SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral do Brasil, volume 3:espaço geográfico e globalização: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2010.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil, vol. 3. São Paulo: Moderna, 2010.
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ANEXO QUESTIONÁRIO
Este questionário, será aplicado aos associados da APROCOR (Associação dos Produtores Rurais de Corumbataí do Sul) como elemento de estudo, durante a Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) pela professora Sueli Maria Barazzetti. 1. Identificação: Nome: _______________________________________________Idade: ____ Nível de escolaridade: ___________________________ 2. Mora na sua propriedade? ____________________ 3. Tem alguém de sua família que mudou para cidade?Para onde foi? _______________________________________________________________ 4. Tempo de atividade agrícola: _____________________ 5. Número de hectares que explora: __________________ 6. Atividade principal de exploração: __________________ 7. Outras atividades agropecuárias: _______________________________________ 8. Teve alguma formação profissional através da associação? ( ) Sim ( ) Não 8.1 Se respondeu não, por quê? Teve oportunidade, mas não quis ( ) Nunca teve oportunidade ( ) Não acha importante Outra ( ) Qual ____________________ 9. Qual é a atividade agrícola que atribui maior importância, atualmente, em Corumbataí do Sul? ___________________________________________________________________ 10. Considera que as atividades agrícolas que hoje se pratica são as possíveis ou há alternativas? ___________________________________________________________________ 11. Quais as vantagens que considera terem vindo da APROCOR? ___________________________________________________________________ 12. Acredita que o associativismo pode trazer vantagens? Quais? ___________________________________________________________________