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1Professora Licenciada em Geografia, integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, SEED – PR.

2Orientador PDE Professor Dr. da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

AQUECIMENTO GLOBAL: CHARGES E IMAGENS COMO RECURSOS

DIDÁTICOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Ligia Maria Pereira Mendes1

Orientador: Prof. Dr. Jorge Ramon Montenegro Gomez2

RESUMO: O presente artigo apresenta os resultados obtidos a partir da realização de um Projeto de

Intervenção Pedagógica desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Sabendo-se das correntes teóricas e científicas sobre o aquecimento global entende-se a necessidade de debates sobre as mudanças climáticas e de seus enormes impactos relacionados às atividades humanas no ambiente. Para sua aplicação foi elaborada uma unidade didática com o objetivo de promover a reflexão e o entendimento sobre aquecimento global com uso de charges e imagens. O desenvolvimento do tema foi mostrado a partir de uma variedade de atividades realizadas com a produção didático-pedagógica, as quais abordaram várias formas de ensino e metodologias diversificadas através do uso de charges e imagens. Neste contexto foi relevante estabelecer relações com a realidade, buscando sua análise global e local, enfatizando a percepção das questões em relação às mudanças climáticas e dos problemas ao seu entorno. O artigo descreve e analisa como podemos valorizar e aproveitar outras potencialidades além da escrita, estabelecendo uma relação entre o conhecimento científico e a realidade dos alunos, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem de forma dinâmica, atrativa e lúdica. Diante do exposto, o projeto contribuiu para mostrar a importância dos cuidados que devemos ter com o meio ambiente, bem como a exploração dos recursos naturais, tendo como aspecto relevante à sensibilização das questões relacionadas ao aquecimento global.

Palavras-chave: Aquecimento Global; Efeito Estufa; Mudanças Climáticas; Charges; Imagens.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo relatar o desenvolvimento e os resultados da

implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e as atividades

desenvolvidas durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

O aquecimento global, bem como as mudanças climáticas que estão

ocorrendo são um dos temas mais discutidos no meio científico, tornando-se um

grande desafio para a humanidade. Sua análise depende de muitos dados, pois

segundo os cientistas, nosso planeta gradativamente vem aumentando sua

temperatura.

A polêmica envolvendo o aquecimento global e o efeito estufa foi levantada a

partir de pesquisas que registram variações de temperatura na superfície terrestre,

oscilando entre períodos de resfriamento e aquecimento. Nas últimas décadas a

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temperatura aumentou, e este aumento está sendo atribuído a intensificação do

efeito estufa.

O efeito estufa é um mecanismo natural que mantém a superfície e a

atmosfera aquecidas pelo sol, neste caso a presença de seus gases é necessária

para que a temperatura do nosso planeta seja habitável, caso não fosse esse fato,

as temperaturas seriam negativas. No entanto, a ruptura deste ciclo natural ao longo

dos últimos anos tem contribuído para que a temperatura aumente em excesso.

Para Kolbert (2008, p. 73), “a ideia de que a vida na Terra muda de acordo

com o clima é aceita há muito tempo – na verdade, essa noção existe praticamente

desde que se descobriu que o clima poderia sofrer alterações”.

Diversos são os fatores associados a essa questão, além do efeito natural, o

principal está relacionado à ação antrópica, com atividades geradoras do aumento

de gases do efeito estufa como, por exemplo, a emissão desenfreada de CO2 para a

atmosfera em quantidade excessiva, queimadas, e derrubadas de

florestas causando um efeito global, neste sentido, cientistas afirmam ser o principal

vilão preponderante das interferências climáticas, além disso, alegam que nenhum

lugar está imune às mudanças climáticas e seus impactos não são apenas

ambientais, mas também sociais e econômicos.

Para os cientistas céticos, o gás carbônico não é o vilão das mudanças

climáticas globais, eles apontam que o aquecimento, dentre outros fatores, seria

causado pela radiação solar, que varia em períodos de atividade máxima e mínima

se alternando pelo menos a cada 50 anos, essa oscilação de energia emitida é que

aqueceria ou esfriaria o planeta Terra.

Não adianta querer simplificar e levar para o simplismo coisas que são muito complexas. Temos de aprender a traduzir a complexidade para toda a população e explicar o que é possível afirmar e o que não é possível afirmar. (Nobre, Reid e Veiga, 2012, p.32).

As mudanças causadas pelo aquecimento global geram incertezas quanto ao

futuro do planeta, seus sinais parecem óbvios, neste contexto, o maior desafio não

se restringe somente aos países que mais poluem, mas ao planeta todo, a partir

deste entendimento, o fenômeno do aquecimento global passou a ser um dos

assuntos mais abordados relacionados às questões ambientais, uma vez que o

homem é o principal agente pela construção e reconstrução do espaço geográfico.

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As reflexões acerca do tema permitem ir de encontro ao objetivo das

Diretrizes Curriculares Educacionais (DCEs), que para a geografia fundamentam-se

numa abordagem teórica e metodológica da qual procura estabelecer relações

principalmente através de práticas pedagógicas com diferentes metodologias,

facilitando assim o processo de ensino aprendizagem aliando-se com os conteúdos

estruturantes que englobam a Dimensão política, socioambiental, econômica e

cultural e demográfica do espaço geográfico.

Em função desses elementos e através da linha de pesquisa “Tecnologias e

suas Linguagens no Ensino da Geografia” oportunizou-se desenvolver o tema

“Aquecimento Global: Charges e Imagens como Recursos Didáticos no Processo de

Ensino-Aprendizagem”. Foi importante conhecer como os alunos estão

compreendendo o assunto, bem como a sua problemática, possíveis causas e

soluções. A pesquisa teve como público-alvo os alunos do 1º ano do Ensino Médio,

sendo uma turma do período manhã e uma do período noite, do Colégio Estadual

Protásio de Carvalho.

Atualmente muitos alunos têm dificuldades de compreender o conteúdo, pois

sentem-se desmotivados e desanimados com formas de ensino das quais não

despertam o interesse, além disso, alguns frequentam as aulas por obrigação, não

participam das atividades propostas no ambiente escolar, fator rotineiro em

diferentes níveis de ensino, sendo assim, nesta perspectiva, o papel do professor

como mediador e estimulador proporciona uma aprendizagem mais eficiente,

através do uso de charges e imagens a aula torna-se atraente e significativa, bem

como, instiga o educando a compreender o mundo em que vive, bem como suas

transformações no espaço geográfico.

Desta forma, tanto a charge quanto a imagem enriquece o conhecimento, leva

a uma sensibilização, estimula participação e análise critica dos alunos, também

promove melhor capacidade de interpretação, além de que possibilita a construção

de um conhecimento significativo. Este tipo de linguagem visual desenvolve e motiva

o interesse a discussão e reflexão, facilita o entendimento e absorção do conteúdo.

Existem diferentes formas de trabalhar o conteúdo, o educador tem uma

variedade de recursos didáticos, neste contexto, a utilização dos mesmos, é viável

na construção do conhecimento geográfico e se mostra necessária uma vez que

facilita o processo de ensino-aprendizagem.

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O presente artigo apresenta as principais ações previstas no projeto de

intervenção pedagógica e executadas na fase de implementação, neste contexto as

estratégias de ensino e os recursos didáticos utilizados no processo de ensino-

aprendizagem foram realizados através das atividades contidas na produção

didático-pedagógica, composta por uma unidade didática, da qual fez com que os

alunos através de charges e imagens pudessem analisar, comparar e identificar o

aquecimento global e as mudanças ocorridas, bem como suas consequências. Além

do mais se destaca ainda a importância do professor mediador para que tais ações

contribuam significativamente para o desenvolvimento do entendimento dos

educandos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Considerações sobre o Efeito Estufa e Aquecimento Global

Os gases do efeito estufa existem naturalmente na atmosfera, eles mantêm o

planeta mais quente, propiciam condições adequadas ao desenvolvimento de vida

na Terra. Segundo Kolbert (2008, P. 44), “caso não houvesse gases do efeito estufa

na atmosfera, a energia irradiada pela superfície da Terra seria perdida sem filtro

algum.” Sabemos que a vida na Terra acontece devido à camada de gases que nos

cercam, só que infelizmente o estilo de vida, principalmente o relacionado à

produção industrial, acabou ocasionando um desequilíbrio, gerando dióxido de

carbono, metano, dentre outros que em demasia fazem mal.

Estudos revelam que a Terra vem passando por mudanças climáticas

decorrentes do aumento da concentração de gases que provocam o efeito estufa na

atmosfera, isto se deve principalmente ao aumento das atividades relacionadas à

ação antrópica.

Bridi (2012, p. 16) afirma que “o conjunto da variabilidade natural mais o

impacto agregado da mudança climática produzem as mudanças globais e,

consequentemente, o aquecimento global que percebemos.”

Devido à ação humana, o planeta era bem diferente do que é hoje. A

crescente industrialização, práticas agrícolas associadas às queimadas e

desmatamento, uso de combustíveis fósseis, dentre outros, fizeram com que essa

modificação se tornasse mais intensa.

A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da mesma forma que períodos de intensa atividade geológica lançaram à

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superfície quantidades colossais de gases que formaram de tempos em tempos uma espécie de bolha gasosa sobre o planeta, criando um efeito estufa natural. Ocorre que, atualmente, a atividade industrial está afetando o clima terrestre na sua variação natural, o que sugere que a atividade humana é um fator determinante no aquecimento. (MARENGO, 2006, p.25).

O aquecimento global, vem se intensificando, provocando mudanças

climáticas consideráveis no planeta, com o aumento da temperatura, alguns

fenômenos do clima se tornam mais frequentes e bem rigorosos; o aumento do nível

dos oceanos, tempestades, derretimento das calotas polares, intensidade ou

escassez de chuvas, ciclones, furacões, ameaça a ecossistemas, etc.

Cabe destacar ainda a relação e a influência entre o El Niño, La Niña e o

aquecimento global, a preocupação é constante, mas é importante ressaltar que

existe a necessidade de diferenciar o aquecimento natural do provocado pela ação

antrópica.

Relatórios com informações científicas, técnicas e socioeconômicas

apresentados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),

mostram registros de alterações climáticas em nível global e destaca também seus

impactos potenciais, bem como opções para adaptação e mitigação.

Neto (2010, p. 72), diz que “o IPCC é um corpo científico, portanto as

informações que ele divulga são baseadas em evidências científicas, e refletem

pontos de vista correntes na comunidade científica.”

É um grande desafio a ciência do clima, uma vez que tornadas públicas, as

descobertas dos cientistas, devem ser desafiadas para o debate e a contradição. De

acordo com Bridi (2012, p. 66), “hoje há um movimento muito grande denunciando

os cientistas do clima, dizendo que os cientistas estão tentando assustar as

pessoas, espalhar o terror.”

A falta de plena certeza científica das projeções concernentes ao

aquecimento global e seus efeitos não deve ser usada como argumento para se

postergar a adoção de medidas preventivas que tem o objetivo de evitar ou

minimizar as causas da mudança do clima e mitigar seus efeitos negativos.

(HENRIQUES; OLIVEIRA e SILVA, 2009, p. 321).

Essas denúncias, sustentadas por cientistas que não concordam com os

relatórios do IPCC, dizem que o aquecimento ou não existe ou não é uma coisa tão

séria para nos preocuparmos.

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Para Silva (2015, p. 90), “uma das funções mais importantes do IPCC é

produzir relatórios numa média de quatro a cinco anos, e o principal tipo são os

Relatórios de Avaliação (RAs).” Já segundo Marengo (2006, p. 27), “os modelos

climáticos analisados do IPCC-TAR, mostram que o aquecimento dos últimos 100

anos não é, provavelmente, devido apenas à variabilidade interna do clima.”

2.2 Ações e Conferências sobre as Mudanças Climáticas

Para Silva (2015, p. 31), “a humanidade ainda não percebeu com clareza a

existência de uma nociva e inversa correlação entre a destruidora intervenção

humana local e seus efeitos extensivos regionais e até mundiais.”

Tem-se observado preocupação a nível mundial de autoridades e chefes de

Estados a fim de promover políticas que estimulem a busca pela chamada energia

limpa, sabe-se que as demandas de energia aumentam principalmente nos países

como a China e a Índia.

Também é importante ressaltar que os Estados Unidos, é um dos maiores

emissores de gases que prejudicam o efeito estufa, atualmente sob a liderança do

presidente Donald Trump foi anunciado a retirada dos EUA do Acordo do Clima de

Paris, sendo assim, o país deixou de ser um aliado ao combate relacionado às

mudanças climáticas, a situação tem causado preocupação entre os ativistas

ambientais, bem como lideranças do mundo todo.

A convenção sobre Mudança do Clima e o Protocolo de Kyoto, reconhecem

que o sistema climático é um recurso compartilhado. Em 1997, os países membros

firmaram o Protocolo de Kyoto no qual se propuseram a reduzir emissões de gases

do efeito estufa, com ações como a de adaptação que podem vir a serem adotadas

ao nosso modo de vida diante das transformações a fim de minimizar os impactos

do clima e o de mitigação, de reduzir as causas das mudanças climáticas.

Segundo Neto (2010, p. 68), “o Protocolo de Kyoto traz alguns mecanismos

curiosos, que permitem a um Estado implementar no exterior projetos de redução de

emissões de GEEs.”

Na convenção foram criados mecanismos de compensação, dos quais é

possível lucrar com a crise do clima, entre esses existe o mecanismo de

comercialização de direitos de emissões e também o de implementação conjunta

para os países industrializados e o mecanismo de desenvolvimento limpo, neste

sentido a ideia principal é de que países industrializados financiem os projetos em

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países que estão em desenvolvimento, gerando créditos de carbono que servirão

para ajudar esses países no cumprimento de suas obrigações, todos voltados

redução da emissão dos gases que aceleram o processo de aquecimento do

planeta, os países que hospedam esses projetos ganham em tecnologia bem como

a garantia da sustentabilidade.

Para Silva (2015, p. 161), “esses Mecanismos de Desenvolvimento Limpo são

mitigações que produzem boas expectativas, [...], e ao mesmo tempo incentivam

uma maior produção do conhecimento tecnológico e científico.”

Segundo Nobre, Reid e Veiga (2012, p. 35), “[...] os países desenvolvidos no

seu conjunto foram responsáveis por 65% das emissões históricas.” Neste caso é

importante enfatizar que eles têm responsabilidade maior em responder pelas

crescentes taxas de emissões de gases do efeito estufa.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) [Clean Development Mechanism] funciona da seguinte forma: empresas ou governos de países industrializados compram créditos de projetos que reduzem as emissões de GEE em países em desenvolvimento e promovem, ao mesmo tempo, o desenvolvimento sustentável. Essas nações podem usar esses créditos para atingir sua própria meta de redução das emissões. (HENRIQUES; OLIVEIRA e SILVA, 2009, p.173).

Contudo, estava claro que apesar de compromissos firmados, as emissões

dos Estados Unidos e do resto do mundo continuaram aumentando, até por que

controlar essas emissões geram gastos financeiros.

De acordo com Suguio (2008, p. 17), “no caso do dióxido de carbono (CO2),

grande parte (cerca de 23%) corresponde à exalação dos Estados Unidos.” Para

Kolbert (2008, p. 161), “em 2001, quando os Estados Unidos se retiraram das

negociações de Kyoto, os esforços quase foram por água abaixo. Sozinho, o país é

responsável por 34% das emissões[...].”

Segundo a explicação de Dobriansky, citado por Kolbert (2008), a atitude do

governo é a seguinte: enquanto o resto do mundo industrializado segue uma

estratégia (limitar as emissões), os Estados Unidos segue outra (não limitar as

emissões).

No entanto, é importante ressaltar que não são somente os países

desenvolvidos os responsáveis pela emissão dos gases de efeito estufa na

atmosfera. Para Marengo (2006, p. 135), “ainda que a contribuição do Brasil para a

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concentração global de gases do efeito estufa seja menor que dos países

industrializados, a contribuição devido às queimadas [...] é bastante elevada.”

É uma questão bastante relevante uma vez que devem ser levados em conta

vários aspectos, é muito complicado mudar e aceitar que, o que fazemos e o que

deixamos de fazer podem vir a afetar ou mudar o clima do mundo inteiro.

Para Henriques; Oliveira e Silva (2009, p. 206), “os resultados de estudos

monitorados pelo IPCC indicam que as mudanças climáticas vão influenciar o

mundo todo.” Silva (2015, p. 108), comenta que “o IPCC é tácito ao afirmar que os

pobres sofrerão mais, todavia alerta que as consequências das mudanças atingirão

a todos, pois não há imunidade em processos climáticos e ambientais.”

A fim de conter esses problemas, a chamada geoengenharia foi criada com

ideias polêmicas, para o enfrentamento do aquecimento global, com a pretensão de

manipular, por exemplo, a atmosfera, oceanos, solos, etc.

A grande questão é que a geoengenharia pode ter impactos ambientais, econômicos e sociais devastadores, sobretudo para os países do hemisfério Sul. Esses já são os que mais sofrem as consequências da rápida degradação ambiental. E também são os que terão menos voz nas decisões de como tais tecnologias serão implementadas. (GUAZZELLI e PEREZ (Org.), 2010, p.06).

A geoengenharia é na realidade a manipulação intencional do clima e do

ambiente terrestre, e tem como objetivo consertar nosso planeta com projetos de

certa forma, audaciosos, criando fonte de negócios. Dentre as propostas da

geoengenharia, estão o manejo da radiação solar para reduzir ou aumentar a

capacidade refletora, através de: aerossóis de enxofre na estratosfera,

branqueamento das nuvens, espelhos espaciais entre a Terra e o sol para reflexão,

guarda sóis espaciais, cobertura do deserto com painéis, cobertura do gelo no Ártico

com material isolante, dentre outros.

Bridi, (2012, p.100), relata que, “há correntes da geoengenharia que pregam

pintar todos os telhados do planeta de branco, como forma de compensar a

concentração de gases de efeito estufa”. Guazzelli e Perez (Org.) (2010) evidenciam

um modelo que continua concentrando as “soluções” em poucas mãos, com grandes

investimentos.

Para os movimentos sociais, as alternativas para as mudanças climáticas

seriam o direito da população a uma alimentação saudável, se os agricultores do

mundo todo passassem a desenvolver agricultura orgânica, bilhões de carbono

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seriam capturados, o solo iria ficar mais fértil, e se os alimentos fossem vendidos em

mercados locais, o transporte seria mínimo, bem como seus custos, embalagens,

dentre outros, significando assim uma redução de potencial das atuais emissões.

Sobre o aquecimento global há várias incertezas, principalmente no que diz

respeito aos impactos nas diferentes regiões do planeta.

Nobre, Reid e Veiga (2012, p. 26), apontam que “a maior incerteza é que não

sabemos qual será a trajetória para as emissões dos gases de efeito estufa para o

futuro, se o cenário futuro estimado tenderá ao menos pessimista ou mais otimista.”

Se isto realmente está acontecendo, independentemente dos agentes

causadores, cabe também, pensar dos gastos financeiros em decorrência do

aquecimento global, das migrações humanas provocadas por conta do mesmo, ou

seja, custos para adaptar toda essa população para outros lugares. Os países mais

pobres, subdesenvolvidos acabam se tornando extremamente vulneráveis a essa

questão, não teriam condições, ou seja, não conseguiriam enfrentar essas

mudanças. Henriques; Oliveira e Silva (2009, p. 287), afirmam que a “[...]

adaptação e redução dos efeitos das mudanças do clima dependem das condições

socioeconômicas e ambientais das nações, bem como da oferta de informação e

tecnologia”.

Neste caso, ao certo, as políticas públicas devem desenvolver projetos dos

quais ofereçam qualidade de vida as pessoas, isso faz parte do desenvolvimento, ou

seja, priorizar a chamada mitigação, intervir para reduzir os impactos, sendo assim

através dessa iniciativa se reduz riscos e principalmente, se previne tragédias.

Debater questões associadas ao âmbito do aquecimento global são

importantes no processo de ensino-aprendizagem, portanto é necessário relacionar

o conhecimento científico considerando a realidade.

2.3 Aplicabilidade de Charges e Imagens no Ensino da Geografia

O papel do professor como mediador e estimulador da aprendizagem é

fundamental. O principal recurso didático utilizado ainda é o livro didático, onde se

encontram também sugestões de outras ferramentas que podem ser utilizadas nas

aulas de geografia, mas existem recursos que estão além dos livros didáticos e

contribuem significativamente para o processo de ensino-aprendizagem.

Se você pesquisar quais características que a escola espera de um professor, vai se deparar com a seguinte concepção: ele deve ser

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articulado, provido de um bom conhecimento teórico, conhecedor de boas práticas e saber utilizar bem os recursos didáticos disponíveis.”. (LOPES, 2012, p.75).

Para Kenski (2011, p. 64), “a escola precisa assumir o papel de formar

cidadãos para a complexidade do mundo e dos desafios que ele propõe.”

Cacete; Paganelli e Pontuschka (2009, p. 264) colocam que “neste sentido, é

oportuno que o professor da disciplina saiba lidar com as diferentes linguagens

utilizadas [...] e tenha domínio das novas tecnologias para seu posterior uso com os

alunos.”

Mudanças no modo de ensinar tornam-se viáveis, o professor não deve ficar

somente preso a uma única fonte de informação, ou recurso, assim faz-se

necessário buscar novos instrumentos para a prática pedagógica.

O que se conclui é que, com o uso intensivo desses procedimentos, ainda que a sala seja o espaço de dentro físico entre alunos e professores, a aula se expande e incorpora novos ambientes e processos, por meio dos quais a interação comunicativa e a relação ensino-aprendizagem se fortalecem. (KENSKI, 2011, p.90).

Atualmente existem diferentes formas de ministrar conteúdos, levando em

conta o advento das tecnologias, e dada a relevância do assunto, objetiva-se buscar

através de recursos como charges e imagens retiradas da internet, jornais, revistas

dentre outros, formas que deixem as aulas mais atrativas, dinâmicas e lúdicas, que

aguçem um olhar reflexivo sobre o assunto bem como a compreensão da realidade,

tornando-se assim aliados no processo de ensino-aprendizagem.

Para Lopes (2012, p. 81) “uma aula pode se tornar maçante se não houver

variação de método, isto é fato, pois a subjetividade do método pode comprometer o

aprendizado.”

A geografia como disciplina requer o uso de muitas imagens, pois instiga o

aluno a trabalhar a sua capacidade de interpretação e assim uma melhor

compreensão das informações e a charge transmite de maneira irreverente e

divertida os acontecimentos com humor e efeito, permitindo que o conteúdo seja

compreendido de forma mais rápida, podendo ser percebido e analisado em

situações do cotidiano de forma local ou global.

Silva (2015, p. 02), comenta que “educar no contexto da mudança climática e

ambiental é desenvolver no ser humano a consciência do real valor do meio

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ambiente, e essa conscientização pode ser alcançada pelo estudo do contexto

histórico.”

Lopes (2012, p. 119) constata, “assim, um método que faça a conexão entre o

mundo-vivido e o mundo-estudado é mais eficaz e eficiente para o aprendizado.”

Desta forma, o principal é entender que os benefícios oferecidos através

desses recursos, contribuem significativamente para o educando, despertando o

interesse, desenvolvendo pensamento crítico e o conhecimento em escala local,

regional, nacional e global.

[...] há que se destacar sua potencialidade para levar o aluno a perceber, por exemplo, a geografia no cotidiano, para fazer a ponte entre seu conhecimento cotidiano e o científico, para problematizar o conteúdo escolar e partir de outras linguagens e de outras formas de expressão[...] (CAVALCANTI, 2002, p. 83).

Cavalcanti (2002) relata o quanto é importante trabalhar sobre as diferentes

formas de linguagem no ensino de geografia, partindo da linguagem verbal, uso de

figuras ilustrativas e meio de comunicação relacionando conteúdos com o

conhecimento dos alunos.

A imagem, no ensino da Geografia, geralmente é empregada como ilustração. Mesmo que os autores de um texto tenham integrado as figuras ao conteúdo, elas não são utilizadas no espaço escolar como complementação do texto ou recurso de onde é possível extrair informação e promover a articulação com o conteúdo da escrita. (CACETE; PAGANELLI e PONTUSCHKA, 2009, p.278).

As charges e imagens se articulam em linguagem verbal e não verbal, dessa

forma é uma opção viável e estratégica de comunicação e entendimento uma vez

que são ricas em intertextualidade, promovendo o que é subentendido nas mesmas.

De forma abrangente estamos nos referindo a conteúdos curriculares como pluralidade de discursos (verbais e não verbais) que se interligam na construção do conhecimento. Consideramos nessa interação as informações e os conhecimentos anteriores de alunos e professores, bem como aqueles que são elaborados durante o processo de aprendizagem. (LOPES, 2012, p.15).

Esses gêneros linguísticos apresentam inúmeros sentidos, pois são

carregados de significados, ou seja, tudo o que está explícito ou implícito, permitindo

que o aluno raciocine e perceba as contradições e possibilidades que lhe são

apresentadas através das mesmas, pois os elementos contidos oferecem uma

ligação entre a teoria e a prática, entre o conhecimento adquirido e o mundo.

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Ainda de acordo com Lopes (2012, p. 77) “este é o nosso desafio – a

transformação do conhecimento.”

Para Kenski (2011, p. 126) “a característica dessa nova forma de ensinar é a

ampliação de possibilidades de aprendizagem e envolvimento de todos os que

participam do ato de ensinar.”

Filmes, trechos de filmes, programas de reportagens e imagens em geral (fotografias, slides, charges, ilustrações) podem ser utilizados para problematização dos conteúdos da Geografia, desde que sejam explorados a luz de seus fundamentos teórico-conceituais. (PARANÁ, 2008, p.81-82).

Conforme enfatiza o PCN de Geografia, Brasil (1998, P. 142) “[...]

informações por meio de textos e imagens (fundamentais para conhecer o espaço

geográfico, as diferentes paisagens e as transformações no decorrer do tempo), [...]

favorecem a aprendizagem significativa dos conhecimentos geográficos.”

Neste caso, trabalhando charges e imagens, sejam elas estáticas ou em

movimento, podemos valorizar e aproveitar outras potencialidades além da escrita,

estabelecendo uma relação entre o conhecimento científico e a realidade dos

alunos, e principalmente mostrando as consequências das transformações no

espaço, fortalecendo assim o processo de ensino-aprendizagem.

3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O projeto foi implementado tendo como público-alvo duas turmas, sendo uma

do período manhã e outra do período da noite do 1º ano do Ensino Médio do Colégio

Estadual Protásio de Carvalho localizado na cidade de Curitiba-PR. As atividades

foram trabalhadas com o objetivo de promover a reflexão e o entendimento sobre

aquecimento global com uso de charges e imagens.

Inicialmente foi apresentado aos alunos o tema intitulado - Aquecimento

Global: Charges e Imagens como Recursos Didáticos no Processo de Ensino-

Aprendizagem, de posse da Produção Didático Pedagógica, foram propostas várias

atividades distribuídas em onze etapas, abordando várias formas de ensino e

metodologias diversificadas, com o intuito de buscarem-se múltiplos entendimentos,

uma vez que tal recurso é significativo para a construção do conhecimento.

1º etapa – Análise de Charges e Imagens

Consistiu na análise de charges e imagens, a fim de que os educandos

pudessem entender sobre as transformações climáticas em escala global e local,

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com pensamento crítico e significativo buscando múltiplos entendimentos, neste

contexto foram distribuídas três charges e três imagens impressas, onde em duplas

tiveram que analisar, comparar e identificar o aquecimento global conversando entre

si sobre as mudanças ocorridas, bem como suas consequências.

Na sequência para o confronto de ideias, foi realizada uma roda de conversa,

onde puderam estabelecer uma opinião a partir da visualização dos elementos

contidos nas charges e imagens, além disso, pude verificar o conhecimento prévio

dos alunos e sua interpretação diante do tema. Com a explanação oral do grande

grupo as duplas se expressaram muito pouco comparado com o momento em que

estavam trocando informações e visualizando as charges e imagens somente entre

eles.

Alguns ficaram com vergonha de expor sua opinião, mas de uma forma geral,

os educandos verbalizaram o que entenderam das charges, acharam vários

significados, interpretaram, fizeram associações e ouviram diferentes opiniões

relacionadas a atividade proposta.

2º etapa – Interpretação e Produção de Texto

Produzir textos a partir da análise de charges ou de uma imagem, de alguma

forma exerce uma função, seja para criticar, informar, etc, neste sentido, após a

entrega de uma charge e uma imagem para cada aluno, sugeriu-se a reflexão

acerca do tema, do qual redigiram dois textos de 10 a 15 linhas contemplando seu

entendimento, onde deixaram fluir a imaginação a partir do que estavam

visualizando, onde possibilitou o estímulo a geração de novas ideias.

Os alunos em silêncio ficaram observando a imagem e a charge para fazerem

seu texto, formulando conceitos com suas próprias palavras. Um dos alunos

perguntou se podia citar consequências no texto, percebi que não tiveram

dificuldades de escrita para manifestar sua opinião sobre o assunto. Realizaram de

forma não muito demorada sua atividade, alguns alunos da turma da noite, diferente

da turma da manhã, demostraram falta de interesse na produção do texto.

3º etapa – Criação de Charges

Para que o conteúdo fosse compreendido de forma mais rápida esta etapa

teve como objetivo principal a criação de charges, bem como a sua produção e

ilustração, sendo assim, os alunos se organizaram em duplas de acordo com sua

afinidade, alguns prefeririam fazer sozinhos.

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Na sequência, foi explicado que a charge possui discursos humorísticos e

também podem conter registros escritos e que poderiam colocar algum tipo de

crítica, sendo assim, aos poucos foram criando e ilustrando suas próprias charges

de maneira irreverente e divertida sobre os acontecimentos relacionados ao

aquecimento global. No decorrer da atividade alguns alegaram não saber desenhar

ou não ter ideias. “Professora eu sei como fazer, tenho a ideia, mas não sei como

desenhar”. Explanei que a charge poderia ser idealizada mesmo sem saber

desenhar e que também poderiam usar ou não palavras.

No período noturno, percebi na fase da elaboração que os desenhos tiveram

bastante simplicidade, nada muito elaborado, em uma aula muitos não terminaram,

foi necessário de mais uma para finalizar e cada dupla produziu uma charge de

forma diferente, após o término, foi feito um painel expositivo.

4º etapa – Leitura de Textos

Alguns gêneros textuais abordam relações de causa e consequência, mostram

argumentações, explicações, dentre outros, ao ler um texto, informações são dadas

ao leitor. Neste sentido, para aprofundar os conceitos foi realizada atividade de

leitura de textos que abordaram o aquecimento global como consequência da ação

natural e antrópica.

Os alunos se organizaram em grupos, foram entregues textos diferentes

aleatoriamente para que pudessem ler, aprofundar conhecimentos e responder as

questões das quais continham charges. Dentre a distribuição estavam, Texto 1: A

Convenção sobre Mudanças do Clima e o Protocolo de Kyoto, Texto 2: Pum do Boi

é Responsável pelo Efeito Estufa e Texto 3: Aquecimento Global – Fenômeno

Natural ou Interferência Antrópica?

Durante a leitura, alguns alunos perguntaram o significado de algumas palavras,

já com relação às questões estabelecidas ao texto, poucos tiveram dificuldades para

entender.

5º etapa – Apresentação de Filme e Documentário

Para sensibilizar os educandos quanto ao aquecimento global, foi apresentado

durante duas aulas o filme “O dia depois de amanhã” e na semana posterior em uma

aula o documentário intitulado “Greenpeace Brasil – mudanças do clima, mudanças

de vidas”, através desta apresentação, os alunos puderam formular e refletir sobre o

assunto, escrevendo suas observações e análises quanto ao aquecimento global,

mudanças climáticas, e ações que podem minimizar o assunto em questão.

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De uma forma geral as duas turmas não demostraram dificuldades de

entendimento, alguns relataram que já assistiram ao filme, mas que o documentário

nunca tinham visto, através desta atividade também foi possível perceber que o filme

e o documentário possibilitaram a reflexão em torno da temática apresentada.

6º etapa – Relatando Experiências – Atividade Prática

No encaminhamento referente esta etapa visando explorar o tema aquecimento

global, foi proporcionado aos alunos uma atividade prática e lúdica caracterizada de

forma coletiva, onde a interação seria de suma importância para o resultado final.

Para isso, a sala foi dividida em dois grupos, após foi entregue previamente ao

grupo 1 uma lista com materiais a serem utilizados para atividade prática intitulada -

Efeito Estufa Intensificado, e ao grupo 2 uma lista para a atividade prática chamada

de - Derretimento do Gelo e Nível do Mar, ou seja um grupo com o intuito de simular

o aumento da temperatura causado pela intensificação do efeito estufa e o outro

grupo demonstrar que o derretimento do gelo nos oceanos.

Na atividade prática cada grupo observou o experimento do outro, explicaram de

forma clara e objetiva os resultados alcançados. Os alunos do período manhã

acharam interessante fazer a atividade experimental, não imaginavam que através

de um experimento simples pudessem visualizar na prática o que acontece e quais

as consequências advindas do aquecimento global. De forma geral a maioria

participou atentamente, fizeram perguntas e demostraram muito interesse.

No período da manhã, o grupo 1 demonstrou maior interação, já o grupo 2 nem

tanto, mas a atividade como um todo demostrou aos alunos que os sinais do efeito

estufa alteram o clima do nosso planeta, assim como o derretimento do gelo. A

mesma atividade para o noturno foi organizada com algumas adaptações, e durante

a apresentação alguns ficaram alheios às informações, mas de forma geral foi bem

interessante e diferente da turma da manhã demostraram maior maturidade de

entendimento na apresentação do experimento.

7º etapa – Trabalhando com Revistas

O tema aquecimento global já saiu em diversas mídias e capas de revista, neste

contexto para reconhecer as razões e as intenções abordadas, a fim de desenvolver

a capacidade de leitura, análise, compreensão, interpretação e desenvolvimento

crítico, entreguei de forma individual, imagens de diferentes capas de revistas, e os

alunos observaram e responderam questionamentos a partir do que as imagens

evidenciavam, apontando seu ponto de vista.

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De forma geral não apresentaram dúvidas, assimilaram de forma tranquila, dois

alunos questionaram sobre uma das imagens, expliquei que deveriam expressar sua

opinião acerca das imagens das capas.

8º etapa – Integrando Informações com Infográficos

O infográfico é caracterizado por ilustração, desenho ou imagem, sua

representação visual informa o que não é bem compreendido só em um texto, sendo

assim colabora com o processo de ensino.

Nesta etapa organizei os alunos em trios e na sequência foram estimulados a

interpretar e explorar um infográfico contendo textos, imagens e ilustrações sobre o

aquecimento global, na sequencia elaboraram cinco questões referentes aos dados

e informações contidas, após foram trocadas para que outros trios respondessem as

elaboradas pelo outro trio.

As duas turmas responderam positivamente a atividade, acharam diferente,

conversaram com mais argumentos e trocaram bastante informações do que

observavam, percebi que o tema estava cada vez mais claro, interagiram com mais

facilidade. A análise do infográfico permitiu uma melhor percepção dos

acontecimentos relacionados às mudanças climáticas no decorrer dos anos.

9º etapa – Jornal Impresso

A fim de aprimorar as habilidades de leitura e escrita a partir do gênero textual

específico, neste caso a charge, foi entregue uma atividade denominada Jornal

Impresso, onde os alunos, individualmente, observaram a charge e se colocaram na

posição de leitor de um jornal, depois escreveram uma breve carta, comentando a

charge, alguns concordaram outros discordaram com a proposta do chargista.

Inicialmente observaram em silencio, em torno de cinco a seis alunos falaram

que não entenderam, foi explicado novamente, para que entendessem que nesta

atividade seria levado em consideração a capacidade de relacionar a charge ao

contexto proposto, bem como a construção do texto em si. No decorrer não

demostraram dificuldades e escreveram suas argumentações num curto espaço de

tempo, mais rápido do que o esperado.

No dia da aplicação, no período noturno, mesmo com poucos alunos na sala a

atividade foi aplicada, somente um aluno comentou não ter entendido. “Professora

como escrever e argumentar essa charge?”

O restante da turma, assim como no período da manhã fizeram com facilidade,

demostrando assimilação do conteúdo.

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10º etapa – Argumentando no Tribunal

Para exteriorizar um pensamento crítico acerca do tema desenvolvido, para esta

atividade foi criado um ambiente em sala de aula de tribunal, onde dividi a turma

entre promotores de defesa e de acusação, o juiz foi o representante de turma, em

seguida foi distribuído texto com imagens relatando a possibilidade de alteração do

clima do planeta através da geoengenharia.

Os grupos leram as propostas, depois foi dado um tempo para que pudessem

discutir buscando em si mesmos as bases de suas argumentações, e na sequência

se organizaram para a audiência. Tanto o grupo de defesa quanto de acusação

explanaram suas ideias, utilizando-se do poder de argumentação. Na turma da

manhã, alguns alunos se envolveram muito no tema, outros ficaram alheios pelo fato

de ser um grupo grande, mas a participação como um todo foi positiva.

O grupo de acusação, 14 ao total, argumentaram muito bem, discutiram bastante

no grande grupo, já o grupo de defesa 13 ao total, estavam com um pouco de

dificuldade em explanar para defender as ideias. “Nosso grupo não tem muitos

nerds, por isso é mais complicado”, mas no decorrer do tribunal começaram a

interagir mais, conseguindo mais poderes de argumentação. Durante o tribunal

algumas das alegações do grupo de acusação foram que “pulverizar a atmosfera

com enxofre causaria intoxicação”, “espelhos espaciais poderiam afetar o

ecossistema”, “telhado branco com a luz refletida causaria problemas de visão”,

“semeadura de nuvens causaria fenômenos naturais na atmosfera”.

Alguns dos argumentos do grupo de defesa foram que “seria melhor apoiar a

geoengenharia, pois diminuiria o aquecimento das geleiras”, “espelhos espaciais

diminuiriam o calor da Terra”, “telhados brancos contribuiriam para minimizar o

aquecimento”, “arvores sintéticas diminuem o CO2”, “semeadura de nuvens poderia

provocar chuvas evitando o aquecimento”. No período da noite a atividade de

tribunal foi surpreendente comparado ao período manhã, de inicio disseram que não

conseguiriam fazer o tribunal por falta de capacidade, mas após uma conversa

motivacional aceitaram realizar o tribunal e de imediato já queriam debater.

O retorno da turma toda com relação à atividade proposta foi surpreendente,

acharam as ideias mirabolantes e interessantes, o grupo de defesa estavam com 11

alunos, o e de acusação com 8. Alguns dos comentários da acusação foram

incríveis, dentre eles de que as “ideias são inviáveis, poderiam destruir o planeta”,

“quem iria arcar com os custos da geoengenharia, a população?”, “o que dá o direito

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a uma pessoa ou grupo de pessoas a brincar de ser Deus e mudar o clima?”. Dentre

vários argumentos utilizados na defesa, destacaram que “a geoengenharia é

totalmente cabível para quem pensa alto” e que a acusação estaria equivocada.

Após o tribunal, foi dado o veredito aos culpados, no decorrer a turma elegeu

sanções que foram transcritas para o caderno.

11º etapa – Elaborando Folder

A última atividade da produção didático-pedagógica a ser aplicada, foi proposto

um concurso aos alunos para elaborarem e ilustrarem um folder usando charges ou

imagens com a finalidade de alertar quais são as prováveis causas do aquecimento

global e os impactos para a vida dos seres vivos e para o meio ambiente. Também

elencaram cinco ações que poderiam contribuir para minimizá-los.

Os alunos já tinham algumas ideias prévias quanto às ações, não demonstraram

nenhum tipo de dificuldade, tiveram um bom entendimento e criatividade para

realizar essa atividade, a maioria iniciou o trabalho escrevendo as ações, depois

fizeram o desenho. Percebi que os alunos optaram por demonstrar mais as ações no

desenho, como placas solares, energia eólica, preservação da natureza, etc.

A atividade foi individual, dois alunos ao todo não quiseram fazer a capa

alegando que não sabiam desenhar, optaram por fazer uma escrita na capa. Ao final

foi realizado um concurso para eleger o folder que melhor representou o tema, o

folder escolhido foi copiado e distribuído em toda a escola para conscientização dos

demais alunos.

Como resultado desta implementação pude perceber que os alunos

demonstraram um pouco de dificuldade, principalmente com a produção das suas

próprias charges ou imagens, mas na continuidade das atividades propostas,

percebi interesse dos educandos e no decorrer das aulas conseguiram desenvolver

sua própria interpretação, e como consequências acabaram contemplando sua

capacidade crítica e interpretativa.

Mediei discussões e realizei intervenções no decorrer do processo com a

intenção de contribuir para o aprofundamento das questões relacionadas ao

conteúdo bem como tirei dúvidas. Durante a implementação do projeto, os alunos

perceberam o aquecimento global como consequência da ação natural e antrópica,

puderam a partir da análise das charges e imagens refletir e entender quanto às

mudanças climáticas que estão acontecendo em escala local e global, bem como

elencar ações a fim de minimizar os impactos decorrentes do aquecimento.

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Ressalta-se ainda que, apesar da experiência ter sido realizada em uma

turma de ensino médio, as aplicações das atividades de uma forma geral foram

muito importantes e tiveram o intuito de colaborar com o processo de ensino-

aprendizagem, pois através das mesmas foi possível trabalhar o conteúdo de forma

atraente, saindo da proposta tradicional promovendo assim resultados satisfatórios.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de promover a reflexão e o

entendimento sobre o aquecimento global com o uso de charges e imagens, de uma

forma geral as estratégias e ações realizadas na implementação permitiram expandir

conhecimentos, através deste estudo foram observados resultados relevantes,

percebi diferentes opiniões nas atividades realizadas, todos participaram das

discussões e se envolveram efetivamente, neste sentido acabaram superando

expectativas, bem como puderam expor suas ideias de forma critica e construtiva.

Também foi possível verificar que alguns alunos apresentaram dificuldades,

no entanto o papel da professora como mediadora e estimuladora da aprendizagem

foram fundamentais para que os estudantes entendessem os encaminhamentos

utilizados. A intervenção foi necessária para dar suporte aos educandos a fim de

ampliar seu senso crítico, neste sentido, após este estímulo, foi percebido uma

aprendizagem mais significativa em todas as etapas da aprendizagem com

contribuições positivas, destacando a capacidade de análise e interpretação das

charges e imagens que no decorrer das atividades sensibilizaram os educandos

quanto ao aquecimento global.

As atividades propostas oportunizaram aos alunos o entendimento de

maneira lúdica e irreverente, dessa forma verificou-se uma melhor compreensão

resultando na reflexão e sensibilização em relação ao tema proposto, bem como

práticas a fim de minimizar a problemática. As atividades envolveram os alunos,

proporcionando também melhoria da qualidade de ensino através de recursos dos

quais promoveram resultados satisfatórios.

Dessa forma, a proposta utilizando charges e imagens no ensino de geografia

contribuíram para estimular a capacidade de interpretação e compreensão dos

acontecimentos, permitindo que o conteúdo fosse assimilado, desenvolvendo

habilidades antes desconhecidas.

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Conclui-se que estes recursos utilizados no processo de ensino foram muito

significativos, e que é possível utilizá-los para qualquer conteúdo, neste sentido o

projeto de implementação, bem como a aplicabilidade da produção-didático

pedagógica contribuíram para valorizar e aproveitar outras potencialidades dos

alunos, pois além da escrita, eles conseguiram estabelecer relação entre o

conhecimento científico e a sua realidade, entendendo as consequências das

transformações no espaço.

Enfatiza-se que o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

possibilita aos professores da rede pública de ensino a oportunidade a pesquisa

oportunizando o aprofundamento dos conhecimentos de forma a beneficiar os

educandos fortalecendo assim de o processo de ensino-aprendizagem.

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