Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Educação, Tecnologia e ... · A sociedade moderna e...
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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Educação, Tecnologia e Educação Curso de Comunicação Social - Jornalismo
Trabalho de Conclusão de Curso
AS IMAGENS E O IMAGINÁRIO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: UMA BREVE REFLEXÃO A PARTIR DO
FILME O QUARTO DE JACK
Autor: Luísa Ágnes
Orientador: Me. Leandro Bessa
Brasília - DF
2017
LUÍSA ÁGNES DE SOUZA PESSOA
AS IMAGENS E O IMAGINÁRIO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: UMA
BREVE REFLEXÃO A PARTIR DO FILME O QUARTO DE JACK.
Artigo apresentado ao curso de graduação em
Comunicação Social da Universidade Católica
de Brasília como requisito parcial para obtenção
do Título de Bacharel em Jornalismo.
Orientador: Me. Leandro de Bessa Oliveira
Brasília
2017
O artigo de autoria de Luísa Ágnes de Souza Pessoa intitulado AS IMAGENS E O
IMAGINÁRIO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: UMA BREVE REFLEXÃO A
PARTIR DO FILME O QUARTO DE JACK apresentado como requisito parcial para
obtenção do Título de Bacharel em Comunicação Social com habilitação Jornalismo da
Universidade Católica de Brasília, em 19 de junho de 2017, defendido e aprovado pela banca
avaliadora abaixo assinada:
_________________________________________________
Professor Me. Leandro de Bessa Oliveira
Orientador
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, Jornalismo (UCB)
_________________________________________________
Professora Dra. Florence Marie Dravet
Curso de Comunicação, Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, Jornalismo (UCB)
_________________________________________________
Professor Me. Alex Vidigal Rodrigues de Sousa
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, Jornalismo (UCB)
Brasília
2017
Dedico este trabalho, primeiramente, à minha
família, pelo incentivo que sempre tive em
minha vida acadêmica que fez toda a diferença
para alcançar este título. Mas principalmente aos
meus avós, Ivanda e David, por sempre estarem
presentes tendo investido e possibilitado a
realização desse sonho. Também a todos os
professores maravilhosos que compartilharam
seus saberes e me inspiraram no decorrer do
curso.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao orientador deste trabalho, o professor Leandro Bessa, que
aceitou o desafio mesmo sem me conhecer, quando ainda não sabia bem que rumo seguir com
de minha banca avaliadora, composta por Alex Vidigal e Florence Dravet, por todas as
contribuições que deram e pela confiança. Sem cada um de vocês essa realização não seria
possível.
AS IMAGENS E O IMAGINÁRIO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: UMA
BREVE REFLEXÃO A PARTIR DO FILME O QUARTO DE JACK.
LUÍSA ÁGNES DE SOUZA PESSOA
RESUMO
O presente artigo propõe uma análise de conteúdo a partir do olhar do personagem
Jack do filme O quarto de Jack, de suas falas e observações, buscando identificar: o papel das
imagens em seu processo de descoberta e o que ele considera realidade, o processo de
aceitação e reconhecimento do menino e a relação de aprendizado por meio de processos
miméticos entre ele e a mãe, no intuito de fazer uma referência em como se dão as relações
sociais mediadas por imagem na sociedade contemporânea. Para sustentar esses conceitos, o
corpo teórico escolhido é composto pelos estudiosos Gilbert Durand, Michel Maffesoli, Edgar
Morin e Christoph Wulf, com abordagens tangenciais aos conceitos de representação,
simbólico, imaginário, imaginação e realidade. Desse modo, a reflexão deste trabalho se
concentra em identificar como o imaginário se projeta por meio das imagens e da imaginação
e como isso influencia nas relações sociais.
PALAVRAS CHAVE: O quarto de Jack. Imaginário. Imagem. Imaginação. Representação.
INTRODUÇÃO
O imaginário se vê presente na cultura, de forma individual ou, principalmente
coletiva. Nele se encontram registradas as experiências e os sonhos dos indivíduos, pois é a
osmose dos mundos interno e externo. Através da atividade inerente ao ser humano de criar
imagens mentais, ele se projeta e “ganha vida” por meio da ciência, da arte, da literatura e dos
meios de comunicação. Assim, todo pensamento humano é uma representação do imaginário,
pois tudo que é apresentado a um indivíduo é de alguma forma representado, para isso as
imagens atuam de maneira incisiva na sociedade contemporânea.
Com o desenvolvimento tecnológico, o compartilhamento de imagens tomou novas
proporções espalhando-se nas mais diversas plataformas. Por isso, somos bombardeados
diariamente com informações imagéticas advindas da comunicação de massa, da arte e,
principalmente, da internet. É a sociedade da técnica na qual tudo se transforma em
representação. Estes símbolos pululam de tal modo que compreender como eles se dão e
como se relacionam com o imaginário coletivo, tornou-se uma tarefa complexa.
A sociedade moderna e contemporânea é mediada por imagens que foram
impulsionadas pela comunicação de massa. Estas, por sua vez, trazem representações do
imaginário coletivo que aparece na cultura de massa, de forma inconsciente, através da
estetização e de processos miméticos. Portanto, o conteúdo das imagens não corresponde
necessariamente à realidade. Essa representa o imaginário dos indivíduos por meio da
imaginação e traz uma aparência do real como simulação técnica.
Dessa maneira, como objeto de estudo, trago o longa metragem O quarto de Jack, por
sua potência narrativa em tratar do imaginário, da imaginação e a presença de símbolos como
representação aparente da realidade e como este influencia no discurso de Jack ao longo da
película. O quarto é a única realidade que o menino conhece. O único contato que possui com
o mundo exterior acontece através da claraboia no teto do galpão onde permanece trancado e,
principalmente, um velho aparelho de televisão. Devido a isso, ao longo da trama percebe-se
como o garoto faz comparações do que seria o “mundo”, como ele o chama, com as imagens
que vê na televisão.
A partir dessas observações, este trabalho pretende identificar como as imagens sendo
representação do imaginário contribuem para a construção da realidade e influenciam na
sociedade contemporânea em paralelo com o objeto a ser analisado, o filme O quarto de Jack.
Com base nessa reflexão, visa-se verificar se as imagens correspondem à realidade ou se são
apenas aparência do real.
A metodologia a ser utilizada é análise de conteúdo, no caso, das falas de Jack no
decorrer do filme e de cenas, a partir de revisão bibliográfica apoiada no corpo teórico de
estudos sobre o imaginário, a imaginação, o simbólico, a realidade e a representação
sustentado pelos autores Gilbert Durand (1979), Michel Maffesoli (2001), Edgar Morin
(2014) e Christoph Wulf (2013).
1. RELAÇÕES SOCIAIS MEDIADAS POR IMAGEM
1.1 O IMAGINÁRIO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: A VIDA MEDIADA
POR IMAGENS
O desenvolvimento tecnológico, principalmente após o advento da fotografia e depois,
com o desenvolvimento do cinema, da comunicação de massa e, mais tarde, com a internet
que dispõe de tudo isso a qualquer momento, as imagens passam a estar espalhadas por todos
os lugares. A imagem sempre foi uma forma de comunicação, expressão do saber, registro e
perpetuação do pensamento. Ela é expressão do imaginário, representa e projeta o que está
escondido na psique humana. “Cada vez mais se torna visível o ‘caráter intermediário’ das
imagens. Elas ilustram o mundo, e com isso, situam o homem”. (WULF, 2012, p. 35)
O imaginário humano, em maior parte da história, foi fortemente relacionado a
crenças religiosas, porém a partir da industrialização esse ponto de vista passa a sofrer
alterações. Conforme defende Morin (2002), o mundo imaginário não é mais apenas
consumido sob forma de ritos, de cultos, de mitos religiosos, mas passa também a ser
apreendido sob forma de espetáculos, de relações estéticas.
Maffesoli defende dois tipos de imaginário: o individual, relacionado à identificação,
apropriação e distorção da realidade; e, principalmente, o coletivo, que se daria por contágio.
Para ele, o imaginário ultrapassa o indivíduo e determina a existência de um conjunto de
imagens. Percebe-se que o teórico não conceitua imaginário. Ele o relaciona com a cultura e
comenta que “o imaginário estabelece um vínculo. É cimento social. Logo, se o imaginário
liga, une numa mesma atmosfera, não pode ser individual”. (2001, p. 76)
Fica claro que o imaginário é algo que ultrapassa o indivíduo, que impregna o coletivo
ou, ao menos parte do coletivo. Para ele, quando se examina a situação de quem fala assim,
vê-se que o “seu” imaginário corresponde ao imaginário de um grupo no qual se encontra
inserido. Dessa maneira, o imaginário está presente na cultura, entretanto nas sociedades
moderna e contemporânea ele transcende a outro patamar, pois “(...) a cultura de massa
extravasa o imaginário e ganha a informação” (Idem, 2002, p. 98) sendo mediado pelos meios
de comunicação de massa.
(...) uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens
que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as
emoções. Esta penetração se efetua segundo trocas mentais de projeção e de
identificação polarizadas nos símbolos, mitos e imagens da cultura como nas
personalidades míticas ou reais que encarnam os valores (os ancestrais, os heróis, os
deuses). Uma cultura fornece pontos de apoio imaginários à vida prática, pontos de
apoio práticos à vida imaginária; ela alimenta o ser semi-real, semi-imaginário, que
cada um secreta no interior de si (sua alma), o ser semi-real que cada um secreta no
exterior de si e no qual se envolve (sua personalidade). (MORIN, 2002, p.15)
Durand (1979) entende por imaginário um acervo de imagens da humanidade, é onde
estas são produzidas pelo homem. Para ele, há uma relação entre o objetivo e o subjetivo, e a
consciência da morte estimula, como fonte de libertação e angústia, a superar a certeza do
inevitável. Essa seria uma forma de eufemizar esses sentimentos pela percepção de
temporalidade e finitude que a morte traz. Esta estaria associada à capacidade de imaginar e
produzir imagens. “A imaginação simbólica é dinamicamente negação vital, negação do nada
da morte e do tempo”. (1979, p. 119)
O imaginário é dinâmico, pode-se dizer que seja uma matriz das expressões humanas.
Em todo pensamento há um sentido próprio, pois todo pensamento humano é uma
representação do imaginário. É um movimento contínuo de criação e recriação de sentidos
que é expresso através do símbolo, este que é uma forma de mediador que visa o equilíbrio.
Assim, o imaginário não pode se dissociar da ‘natureza humana’ - do homem
material. Ele faz parte do homem, uma parte integrante e vital. Ele contribui para a
sua formação prática. Ele constitui um verdadeiro arcabouço de projeções-
identificações a partir do qual, ao mesmo tempo em que se mascara, o homem se
conhece e se constrói. O homem não existe totalmente mas essa semiexistência é sua
existência. (MORIN, 2014, p. 247)
Tal como reflete Durand sobre a imaginação simbólica: “quando o significado não de
modo algum é apresentável, quando o signo não pode se referir já a uma coisa sensível mas
apenas a um sentido” (1979, p. 12 - 13). Desse modo, o imaginário é um mundo de símbolos e
é meio condutor de conhecimento humano.
A imaginação simbólica constitui a própria atividade dialética do espírito, visto que a
nível do ‘sentido próprio’, da imagem, cópia da sensação, ao nível de simples palavra
do dicionário, ele traça sempre o ‘sentido figurado’, a criação perceptiva, a poesia da
frase que no seio da limitação nega essa mesma limitação. ( 1979, p. 117)
O imaginário é o local onde estão presentes as experiências do indivíduo, pois é a
osmose dos mundos interno e externo, do real e do irreal. A cultura é composta por
imaginários. Essa, segundo Morin (2002), oferece pontos de apoio à vida prática. Através da
imagem ele se projeta pela capacidade do homem de produzir imagens. Dessa forma, a
imagem é mediadora e representa um imaginário por meio da imaginação, pois a imagem
encanta por direcionar curiosidade ao reflexo da realidade. “Elas expressam o desejo
impotente de expressar o inexpressável”. (MORIN, 2014, p. 33)
No decorrer da história da humanidade, o imaginário foi representado, principalmente
através da arte. A partir do século XX, da época moderna à contemporânea, ele passou a ser
representado pelos meios de comunicação de massa. Assim, o imaginário ultrapassa a cultura
e ganha a informação. Tal qual delineado por Malena Contrera (2010) em sua obra
Mediosfera que afirma vivermos novas formas de encantamento geradas a partir da
aniquilação do mundo, tal qual concebido até meados do século XX. (p. 23).
Doravante, entende-se que o imaginário está diretamente relacionado à cultura, pois é
por meio desta que o homem se situa no mundo. A partir do que Morin (2002) chama de
projeção-identificação, o ser humano projeta modelos de cultura através de libertação psíquica
e o equilíbrio entre realismo e idealização. Ele também defende em sua obra Cultura de
Massa no Século XX que “a cultura de massa desenvolve seus campos comuns imaginários no
espaço” (p. 85)
Cultura de massa é uma cultura: ela constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens
concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de
identificações específicas. Ela se acrescenta à cultura nacional, à cultura humanista, à
cultura religiosa, e entra em concorrência com estas culturas. ( MORIN, 2002, p.16)
Na contemporaneidade, a subjetividade passa desapercebida da explosão de
informação imagética vivida neste século. A imagem sobrepõe a experiência real das ações e
atividades representadas por ela, porém ao mesmo tempo representa esta realidade por meio
de processos miméticos. A interpretação está relacionada com a experiência de cada
indivíduo. “Desde o século XIII, as artes e a consciência já não se propõem a conduzir a um
sentido, mas sim copiar a natureza” (DURAND, 1979, p.35). A cultura de massa é marcada
por um forte campo estético e imagético. “É através dos espetáculos que seus conteúdos
imaginários se manifestam. Em outras palavras, é por meio do estético que se estabelece a
relação de consumo e imaginário”. (Idem, 2002, p.77)
Christoph Wulf (2013) defende que os indivíduos possuem um mundo imagético
interior que seria condicionado pelo imaginário coletivo e sua cultura em adição à
singularidade da história pessoal de cada indivíduo, ou seja, por mais que o indivíduo esteja
condicionado pelo imaginário coletivo, ele o interpreta singularmente em observância de sua
história pessoal.
Essa interpretação provoca um processo de identificação de ideias entre indivíduos,
consequentemente, de imaginários através da projeção de imagens. “A projeção é um
processo universal e multiforme. Nossas necessidades, aspirações, desejos, obsessões e
temores se projetam não apenas no vazio, em sonhos e imaginação, mas em todas as coisas e
em todos os seres.” (MORIN, 2014, p. 109)
O mero compartilhamento de atividades corriqueiras do cotidiano como, por exemplo,
uma xícara de café, quando expresso numa foto bem produzida no Instagram, passa a refletir
um estilo de vida, um modo de ser daquele grupo. Isso não cabe de forma generalizada, pois
cada indivíduo interpreta à sua maneira. Dessa forma, a imagem como símbolo tem o poder
de expressar o imaginário de um grupo ou indivíduo. “O imaginário é dominado pela ideia de
fazer parte de algo. Partilha-se de uma filosofia de vida, uma linguagem, uma atmosfera, uma
ideia de mundo, uma visão das coisas, na encruzilhada do racional e não-racional”.
(MAFFESOLI, 2001, p.80)
O mundo é dominado pelas aparências promovidas pelos conteúdos imagéticos
dissipados e absorvidos pela cultura de massa. Utilizando-se do poder da imagem como
simulação técnica, termo designado por Wulf (2013), a qual é portadora de sentido, ícone
representativo simbólico que retrata o ausente e possui influência na sociedade, também pode
ser perigosa. A imagem vende estilos de vida e deixa de corresponder com a realidade,
conduz ao mundo das aparências e arrebata o espectador pelo fascínio. Não se trata de uma
cópia do real, mas de uma representação sendo produzida tendo a si só como referência, como
já dito, sem corresponder com a realidade.
As imagens são disseminadas na velocidade da luz. Um mundo de aparências e
fascinação passa a existir, dissolvendo seus vínculos com a ‘realidade’. O mundo de
aparências se espalha e tende a esvaziar os outros ‘mundos’ de seu conteúdo real.
(WULF, 2013, p. 34)
Para Wulf (2013), torna-se difícil distinguir entre vida, arte, fantasia e realidade, os
campos se confundem, pois a vida torna-se modelo, a protoimagem do mundo das aparências
e vice-versa. Para o teórico, “Tais imagens despertam desejo, elas o fascinam e prendem,
reduzindo limites e diferenças. Ao mesmo tempo elas escapam o desejo; ainda que presentes
elas se referem e apontam ao ausente”. (WULF, 2013, p. 34)
O autor defende que processos miméticos levam à produção de imagens sempre novas
e tende a estetizar os âmbitos da vida. Destarte, esse mundo da aparência e fascinação acaba
por se desprender da realidade. Após um tempo, as imagens que são produzidas passam a ter
referência em si mesmas e já não correspondem a nenhuma realidade.
Já Malena Contrera (2010), traz no conceito de mediosfera a força do caráter imaginal
que as representações humanas sobre o mundo possuem e afirma que produzimos os sistemas
ideológicos que passam então a nos produzir. (p. 21) As imagens podem ser perigosas, pois
arrebatam o observador pelo fascínio e temor de tal forma que podem ser tornar uma ameaça.
Dessa forma, entende-se que:
O imaginário revela os aspectos profundos da realidade, desafiando qualquer outro
meio de conhecimento. As imagens, os símbolos e mitos não são apenas criações
aleatórias da psique. (...) Ele é meio condutor de conhecimento humano, formado por
símbolos, sonhos, ideias, mitos enfim, pelas modalidades de sonhos produzidos pelas culturas, que se tornaram indispensáveis para a nossa vida social. (CASTRO, 2012, p.
14)
1.2 IMAGEM COMO REPRESENTAÇÃO DO IMAGINÁRIO E APARÊNCIA DO
REAL: ESTETIZAÇÃO DA VIDA
A imagem em si porta uma representação de um objeto ou situação real. Sua origem é
tecnológica e seu teor estético foi fortemente elevado após o século XX. Desse modo, ela
reflete a aparência da realidade. Kamper (2012) afirma que “as imagens não podem se
confundir com seus objetos”. (p. 25). Para ele, “o pensamento nasce da mesma fonte que
produz as imagens e apresenta, portanto, grandes semelhanças com estas últimas”. (p. 25)
Para Wulf, numa relação mimética:
os mundos imagéticos assim produzidos agem sobre a vida e levam à sua estetização.
A diferenciação entre vida e arte, fantasia e realidade torna-se impossível. Os dois
âmbitos se equiparam. A vida passa a ser modelo do mundo da aparência, e este
modelo da vida. (WULF, 2012, p. 39)
Ainda sobre essa complicada relação entre imagem, representação e real Gustavo de
Castro (2012) afirma que toda imagem conduz o homem para outra esfera e “esta posição
movediça entre uma ordem mágica de presença absoluta, na qual a imagem é idêntica ao que
ela representa, e uma ordem de representações que tende à negação, em que, na melhor das
hipóteses, se encontrará a semelhança - um carimbo, um espelho, uma alegoria…”. (p. 18)
Para ampliarmos a reflexão, podemos recorrer a problemática levantada pelo pintor
Francês René Magritte em sua obra Ceci ne c'est pas une pipe (Figura 1). No quadro, o
desenho do cachimbo é a representação de um cachimbo em si. Ao ver a imagem, percebe-se
que se trata de um cachimbo. Porém a frase, em um primeiro instante, confunde. Afinal, por
que afirmar que isto não é um cachimbo? Porque o desenho é apenas a representação do
objeto. “O objetivo não é representar verdadeiramente ou similarmente, mas a aparência
daquilo que aparece”. (WULF, 2013, p. 47) Similarmente ao exemplo apresentado no tópico
anterior sobre o compartilhamento da foto xícara de café.
Figura 1 - Ceci n'est pas une pipe, 1929, René Magritte.
Museu de Arte do Condado de Los Angeles. Califórnia, EUA.
“Velho hábito que não é desprovido de fundamento: pois toda função de um desenho
tão esquemático, tão escolar, quanto este é a de se fazer reconhecer, de deixar aparecer sem
equívoco nem hesitação aquilo que ele representa”. (FOUCAULT, 1988, p. 20) Portanto, ele
não é um cachimbo porque ele é apenas um desenho de um cachimbo, ou seja, representação
deste.
Para Foucault (1988), é inevitável relacionar o texto com o desenho e é impossível
definir o plano que permitiria dizer se a asserção é verdadeira, falsa, contraditória.
Simplicidade do resultado da reflexão chega a ser desconcertante pelo incômodo causado no
observador. “A redundância do caligrama repousava sobre uma relação de exclusão: em
Magritte, a distância dos dois elementos, a ausência de eletras em seu desenho, a negação
expressa no texto, manifestam afirmativamente duas posições”. (FOUCAULT, 1988, p. 28)
A forma desenhada do cachimbo expulsa todo texto explicativo ou designativo, tanto
é, reconhecível; seu esquematismo escolar diz muito explicitamente 'você vê tão bem
o cachimbo que sou, que seria ridículo para mim dispor minhas linhas de modo a lhes
fazer escrever: isto é um cachimbo. As palavras, de certo, me desenhariam menos
bem do que eu me represento'". (FOUCAULT, 1988, p. 27)
No caso da obra de Magritte, “A imagem se refere a uma ausência e a torna visível
como imagem. Uma imagem obtém o seu significado ao retratar algo ausente, algo que qua
absentia só pode estar presente como uma imagem e na imagem”. (WULF, 2013, p. 26)
A imagem representa algo real advindo do imaginário. Ela em si não pode ser
considerada real, entretanto representa uma realidade material ou imaterial (imaginário),
como acontece na arte, na literatura e na fotografia. Outro exemplo disso, advém de uma
passagem na obra infanto juvenil O pequeno príncipe, escrita por Antoine de Saint-Exupéry,
na qual o narrador personagem expõe um desenho feito em sua infância que a maioria das
pessoas identificam ser um chapéu, contudo se tratava de uma cobra que havia engolido um
elefante. Isso acontece porque cada um a interpreta de acordo com sua subjetividade e
experiência.
Morin (2002) defende que “Todo um setor de trocas entre o real e o imaginário, nas
sociedades modernas, se efetua o modo estético através das artes, dos espetáculos, dos
romances, das obras ditas de imaginação. A cultura de massa é, sem dúvida, a primeira cultura
da história mundial a ser também plenamente estética”. (2002, p. 79)
A imagem mimética, como explica Wulf (2012, p. 37), utiliza-se da estrutura da obra
de arte que são produzidas das imagens, contextos e interpretações que constituem a
complexidade da obra. Dessa forma, constitui-se uma relação mimética que faz com que a
obra de arte não possa mais ser tida com imitação ou modelo. Pois “a imitação, ou seja, uma
relação da representação ocorre muito antes entre a obra de arte e seu observador”. (2012, p.
37)
Vemos imagens como imagens e as coisas representadas nelas como representações
icônicas. Ao mesmo tempo, vemos a referência que elas fazem a um mundo fora das
imagens. O que vemos como uma imagem se refere a um exterior que está
relacionado com o que é representado. (WULF, 2013, p. 25)
Dessa maneira, o imaginário não necessariamente representa a realidade, mas aparenta
uma representação do real e assim o faz através da arte e da comunicação de massa. “A obra
de arte é meio de informação-comunicação-entendimento de realidades, porque também
omite, silencia, desinforma, complexifica o enigma do real.”(CASTRO, 2012, p. 52)
1.3 IMAGEM E IMAGINAÇÃO COMO REPRESENTAÇÃO DO IMAGINÁRIO
Gilbert Durand explica em sua obra A imaginação simbólica que “o poder da
presença inelutável do sentido que faz com que, para a consciência humana, tudo quanto lhe é
apresentado lhe seja forçosamente representado”. (1979, p. 67)
Em era de mídias digitais, o compartilhamento de imagens e representações atingem
um ápice, antes inimaginável: desde expressões, representações de estilos de vida à críticas.
Como defende Maffesoli (2001), o imaginário está fortemente relacionado ao coletivo,
depende do grupo ao qual o indivíduo se encontra inserido, mesmo que de maneira
inconsciente. Toda imagem carrega um sentido e transmite uma informação que reflete àquele
grupo. Dessa maneira, pode-se afirmar que ela pode apresentar características, inclusive
objetivas, da vida real, que “a imagem é uma presença vivida e uma ausência real, uma
presença-ausência” (MORIN, 2014, p. 41)
A técnica é um fator de estimulação imaginal [...], ainda mais nas tecnologias de
comunicação, pois o imaginário, enquanto comunhão é, sempre, comunicação.
Internet é uma tecnologia da interatividade que alimenta e é alimentada por
imaginários (MAFFESOLI, 2001. p. 80)
A partir de então podemos inferir que a cultura de massa está vinculada à técnica e à
estética. Para Maffesoli (2001), a técnica estimula a imaginação, ainda mais em era de
tecnologias da informação, pois a internet promove interatividade entre os indivíduos
quebrando as barreiras de tempo e espaço. Essa interatividade se alimenta e é alimentada por
imaginários: “O imaginário é estético, como todo imaginário, é o reino das carências e
aspirações do homem encarnadas e colocadas em situação, tratadas no âmbito de uma ficção”
(MORIN, 2014, p. 124), ou seja, as telas dos aparelhos eletrônicos que nos cercam. “O
imaginário e a técnica se apoiam mutuamente, se ajudam mutuamente”. (MORIN, 2014, p.
248)
Entretanto, outros teóricos defendem que a técnica limita a ação imaginária, como é o
caso de Malena Contrera (2010) e Dietmar Kamper (2012). Pois a técnica possibilita o
consumo de imagens pré-fabricadas, o que ocasiona em menos interpretação do conteúdo. “A
imaginação hoje é limitada pela produção de ‘textos imagéticos’ e sua transmissão. Cada vez
menos pessoas são produtoras, cada vez mais pessoas se tornam consumidoras de imagens
pré-fabricadas que praticamente não desafiam a fantasia”. (WULF, 2013, p. 37) Contudo,
neste trabalho, entende-se que a imaginação é estimulada pela técnica.
A palavra imaginação segundo o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa significa
representar no espírito. Dessa forma, compreende-se imaginação como o ato de criar imagens
mentais, muitas vezes utilizando de fantasia. As imagens apreendidas do mundo exterior são
modificadas através da imaginação.
Hoje, vivenciamos, pela primeira vez na história da humanidade, imagens que são
armazenadas e transmitidas num volume inimaginável. A partir disso, surgem as “memórias
imagéticas” as quais, de acordo com Wulf (2012), são ponte entre interior e exterior, ou seja,
ela transforma o mundo exterior em imagens e representação.
Segundo Wulf (2013), o termo mimesis pode ser entendido como representação e
reprodução. Entende-se como representação o ato de colocar um objeto no lugar de outro,
também como colocar-se no lugar do próximo. “É assim que um sinal previne simplesmente a
presença do objeto que representa. Deste modo, também uma palavra, uma sigla, um
algoritmo, substituem economicamente uma longa definição conceitual” (DURAND, 1979, p.
10) As imagens, seja qual for o regime que pertençam, em contato com a duração
pragmática, e com os acontecimentos, organizam-se no tempo, ou melhor, organizam
os instantes psíquicos numa ‘história. Emergem então destas estruturas discursivas do
imaginário, certos hábitos retóricos inerentes à narração. (Idem, 1979, p. 92-93)
Grupos e tribos que se utilizam de elementos imagéticos para representar seus valores,
sendo assim, atualmente, o fazem por meio das mídias sociais, e geram múltiplas
representações e perspectivas sobre os mais variados temas. Isto gera uma série de
interpretações que variam com o ponto de vista pessoal de cada um de acordo com seu
histórico e vivência. Pois “Cada sujeito está apto a ler o imaginário com certa autonomia”.
(MAFFESOLI, 2001, p. 80)
Wulf defende que graças ao processo de aprendizado mimético os imaginários
coletivos e individuais são criados. “Processos miméticos são processos ativos e criativos de
apropriação cultural, nos quais cada grupo e cada indivíduo criam a si próprios por força de
relações miméticas com o outro”. (Idem, 2013, p. 178). Esses são fundamentais na
imaginação e consistem em nossa ação de incorporar nossas impressões de mundo.
Durand explica no capítulo a hermenêutica sociológica, que passa ao estudo dos
fenômenos conscientes ao da sua infraestrutura inconsciente, que “O inconsciente que, longe
de ser ‘o inefável refúgio das particularidades individuais’, é pelo contrário o órgão da
estruturação simbólica” (1979, p.59).
Os atos representativos se valem pelo acervo do vivido realizado por meio de signos
como forma de economia de operações mentais, já que o imaginário dá-se a partir de
interpretações acerca da consciência da morte. “A consciência dispõe de vários graus de
imagem - segundo esta é uma cópia fiel da sensação ou assinala simplesmente a coisa (...)”
(DURAND, 1979, p. 10)
Para Gilbert Durand (1979), há duas maneiras de representar a consciência: a direta,
que consiste nas sensações relacionadas ao espírito, e a indireta que não pode se apresentar de
carne e osso e se relaciona à sensibilidade. Para ele “em todos esses casos de consciência
indireta, o objeto ausente é re-/a/presentado à consciência através de uma imagem, no sentido
mais lato do termo”. (1979, p. 10) Portanto, para Durand (1979, p. 92) “A imaginação revela-
se como o fator geral de equilíbrio psico-social”.
As imagens, portanto, são projeções do imaginário e promovem identificação entre
indivíduos. Há uma busca por identidade porque o ser humano é um ser social e, através da
identificação, encontra-se um certo equilíbrio entre realismo e idealização. Para isso, o
homem utiliza da imaginação e assim produz e retroalimenta o imaginário. Dessa maneira,
entende-se o imaginário como um mundo interior onde ficam armazenadas as informações
dos indivíduos, seu acervo de experiências e ideias; ele se dá de dentro para fora do ser. Já a
imaginação é o ato de criar imagens mentais, de fantasiar, acaba sendo uma forma de fuga da
realidade; ela se dá de fora para dentro, da abstração de informações do mundo exterior.
Para Morin (2002), no meio de todas as projeções funciona uma certa identificação,
pois “O imaginário é um sistema projetivo que se constituiu em universo espectral e que
permite a projeção e a identificação mágica, religiosa ou estética”. (2002, p. 81). Dessa forma,
essas projeções-identificações dizem respeito a todas as esferas do interesse humano.
2. RELAÇÕES COM O FILME
2.1 O PODER DAS IMAGENS NA PERCEPÇÃO DE MUNDO DE JACK
O longa metragem O quarto de Jack de Lenny Abrahamson baseado na obra literária
Room de Emma Donoghue, adaptada ao cinema, traz no elenco Brie Larson, Jacob Tremblay,
Joan Allen, Sean Bridgers e William H. Macy. Possui 117 minutos de duração com narrativa
focada principalmente no poder da imaginação, com reflexões sobre a realidade e a relação
maternal.
A estória consiste na narrativa da vida e relação com o mundo do jovem Jack (Jacob
Tremblay) e sua mãe Joy (Brie Larson), ou Ma, como chamada carinhosamente pela criança.
Os dois viviam num cômodo minúsculo construído num container onde eram mantidos
encarcerados pelo sequestrador de Joy, Old Nick1 (Sean Bridgers), assim o chamavam, pois
não sabiam verdadeiramente seu nome.
Jack foi fruto dos abusos ocasionados ao longo de sete anos de confinamento após a
mãe ser sequestrada aos 17 anos de idade. O Quarto é a única realidade que o menino
conhece. Os únicos contatos que possui com o mundo exterior acontece através da claraboia
no teto do galpão onde permanecem trancados e de um velho aparelho de televisão. Devido a
isso, ao longo da narrativa percebe-se como o menino faz comparações do que seria o
“mundo”, como ele chama, com as imagens que vê na televisão.
Dentro do quarto, Jack utiliza da imaginação infantil em sua vida cotidiana. Como
nasceu e cresceu ali, a única realidade que conhece são aqueles poucos metros quadrados, a
claraboia no teto, a mãe e aparelho televisor. O único outro ser humano com o qual teve
contato “indireto” foi Old Nick, o sequestrador, porém somente pelas frestas do armário onde
Joy, sua mãe, o colocava para dormir enquanto o homem aparecia à noite. Por isso, o garoto
se questiona, em dado momento da narrativa, se o homem realmente existe.
Ainda no quarto, Jack apresenta imaginação fértil e faz dos objetos seus amigos
imaginários. Wulf (2013) afirma que durante toda a duração da infância, a criança agem por
impulso de tornar-se semelhante ao mundo, para ser capaz de sobreviver nele e torná-lo
familiar, ou seja, o mundo, para a criança não está morto, mas está animado. Para uma
criança, o mundo é concebido como mágico e os objetos são experienciados como vivos.
Desse modo, “com ajuda de sua capacidade mimética a criança assume o significado dos
objetos, formas de representar e agir”. (Idem, 2013, p. 82)
Ao lidar com imagens, o olhar mimético desempenha um papel importante. Nesse
1 Na língua inglesa a expressão “Old Nick” é comumente utilizada para se referir ao diabo, conforme traz a
definição do Fine Dictionary: “Old Nick (Judeo-Christian and Islamic religions) chief spirit of evil and
adversary of God; tempter of mankind; master of Hell”.
olhar, como observadores, nós nos abrimos ao mundo. Ao tornar-se um com ele, nós
ampliamos nossa experiência. Nós tomamos uma imagem de um modelo do mundo e
a incorporamos em nossa imagem mental do mundo. Como nós refazemos
visualmente formas e cores, texturas e estruturas são transformadas em um mundo
interior e tornam-se parte de nosso imaginário. (WULF, 2013, p. 40)
Sua perspectiva de realidade acontece através de atos imaginais e por intermédio de
comparativos com o que vê na televisão, sua janela ao mundo exterior, como, por exemplo,
nota-se através de seu discurso. Conforme afirma o pensador Michel Maffesoli, “a existência
de um imaginário determina a existência de conjuntos de imagens. A imagem não é o suporte,
mas o resultado.” (2001, p. 76). Dessa maneira, a televisão é uma representação da realidade
que serve de parâmetro para tudo o que o menino conhece e considera real, num primeiro
momento do filme. Fantasia, imaginação e capacidade imaginativa são três definições de capacidade
humana de assimilar imagens de fora para dentro, portanto de transformar o mundo
exterior em mundo interior, assim como a capacidade de criar, manter e transformar
mundos imagéticos interiores, de origem e significado variados. (WULF, 2012, p. 31)
A fantasia possui papel fundamental no mundo de Jack, esta é importante na
complementação da percepção de mundo e, segundo Wulf (2013), vale para o contexto de
referência cultural a qual concede às coisas vistas significado e sentido. As imagens as quais
teve contato em sua vida servem de parâmetro para conhecer o novo.
FIGURA 2 - Observações de Jack dentro do Quarto
Tem o quarto, depois o Espaço Sideral com todos os planetas da televisão, depois o
céu. A planta é real, mas as árvores não. Aranhas são reais e, uma vez, um mosquito
sugou meu sangue. Esquilos e cães só existem na televisão. Menos Lucky. Ele é meu
cão que pode vir algum dia. Monstros são grandes demais para existir. E o mar… A
pessoas da televisão são achatadas e feitas de cores. Mas eu e você somos reais. Eu
não sei se o Velho Nick. Talvez metade. (O quarto de Jack, ABRAHAMSON, 2015; 10 min. 40 s)
Para Maffesoli (2001), o imaginário apresenta, de certa forma, um olhar racional,
porém está mais relacionado com o lúdico, pois há um certo envolvimento sentimental,
sensível e afetivo que acontece de forma inconsciente. “O imaginário é ao mesmo tempo
impalpável e real”. (2001, p. 77)
O imaginário ultrapassa o indivíduo e impregna o coletivo, porém Jack tem apenas a
mãe que tenta mostrar que aquela vida no cativeiro não é real. De início, o deixava acreditar
que o quarto era o mundo a fim de protegê-lo da angústia da ideia de cativeiro. Aos poucos o
menino começa a observar e absorver o que a mãe fala do que se trata de realidade, e faz
indagações, como a seguinte sobre os sonhos:
- Aonde vamos quando dormimos?
- Ficamos no quarto.
- Mas os sonhos, nós entramos na televisão para sonhar?
- Nós nunca saímos daqui. (O quarto de Jack, ABRAHAMSON, 2015; 16 min. 40 s.)
Morin (2016) defende que o imaginário é a osmose do real e do irreal, para conferir ao
imaginário as virtudes da realidade. “Todo sonho é uma realização irreal, mas que aspira à
realização prática” (2016, p. 248). Para o teórico, o imaginário se estrutura segundo
arquétipos que ordenam os sonhos, particularmente, os sonhos racionalizados que são os
temas míticos ou romanescos. (MORIN, 2002, p.26)
Para Jack, o mundo inteiro é ali, no quarto, onde conhece e domina o espaço, que ao
seu ver, até este momento, é infinito. Joy o fez acreditar nisso para protegê-lo e evitar
sofrimento no garoto. Por isso, permitia e incentivava os processos imaginativos do menino.
A imaginação dá sentido e significado e define as relações comportamentais e é o que conecta
com o mundo, como defende Gilbert Durand (1995).
Segundo Wulf (2013), processos miméticos são inerentes à imaginação, desse modo,
na infância já acontecem processos miméticos que permitem incorporar os mundos externo,
interno e social. “Nas imagens é manifesta a capacidade imaginativa, e em suas figurações a
diversidade cultural. (...) Magia, representação e simulação manifestam-se em imagens,
transformam seu caráter e a qualidade da fantasia que nelas se articula”. (WULF, 2012, p. 43)
Atos imaginativos são presentes nas ações do garoto em inspiração às imagens do
televisor, como o cachorro imaginário Luke, o qual ele pede autorização à mãe para criá-lo no
quarto e recebe uma veemente negação apoiada pelo argumento de que não há espaço para
criar um animal no cômodo e diz ao filho que o cão não é real e deixa o garoto desolado, pois
ele ainda não compreende a situação, porque não conhece outros lugares além dali.
Em uma entrevista, Maffesoli explana que o imaginário segundo Durand, em sua obra
As estruturas antropológicas do imaginário:
(...) é a relação entre as intimações objetivas e a subjetividade. As intimações
objetivas são os limites que a sociedade impõem a cada ser. Relação, portanto, entre
as coerções sociais e a subjetividade. Nisso entra, ao mesmo tempo, algo sólido a vida
com suas diversas modulações, e alguma coisa que ultrapassa essa solidez. Há sempre
um vaivém entre as intimações objetivas e a subjetividade. Uma abre brecha para outra.” (MAFFESOLI, 2001, p. 80)
Desse modo, pode-se observar que a forma em que Jack percebe o mundo é resultado
do imaginário através da imaginação e fantasia infantil, abstração das imagens transmitidas
pelo televisor e de processos miméticos entre ele e a mãe.
2.2 A REALIDADE NA PERSPECTIVA DE JACK
Para entender como se dá esse fenômeno e como Jack entende o que é realidade, a
análise será dividida em três momentos do filme. O primeiro se enquadra quando ainda se
encontram em cativeiro; o segundo no período pós-fuga; e o terceiro nas constatações finais
do garoto, já no fim do longa-metragem.
“O primeiro suporte de realidade são as formas, ditas reais, ainda que apenas aparentes
e que precisamente, porque fiéis às aparências, dão a impressão de realidade”. (MORIN,
2014, p. 144) A mãe, o televisor e o quarto, é tudo o que Jack tem até os cincos anos preso em
cativeiro. Tudo o que a mãe fala de lugares ou objetos ele assimila diretamente à televisão,
como no seguinte diálogo:
- Rato é meu amigo. Você o espatifou até a morte.
- Não espatifei. Ele está na boa.
- Está me enganando?
- Não, Jack, eu juro. Ele está seguro em casa no quintal com a mãe.
- Que quintal? Rato mora num quintal na televisão? (O quarto de Jack,
ABRAHAMSON, 2015; 14 min.)
Dessa maneira, observa-se que para ele, neste momento, o real está vinculado à
representação do que é projetado na televisão. Por isso ele imagina, conversa com os objetos,
tem um cão imaginário etc. Para Durand, isso se define como “reação defensiva da natureza
contra a representação, pela inteligência, da inevitabilidade da morte” (1979, p. 121).
Enquanto para Maffesoli a realidade é a mescla do real com o imaginário; para Wulf a
imaginação produz mundos imaginários, confirma a existência de um mundo real, a fim de
criar fantasias, também transforma e reinterpreta a realidade.
Morin (2014, p. 41) aborda que os primitivos e as crianças, de início, não tem
consciência da ausência do objeto, e creem na realidade de seus sonhos tanto quanto na sua
vigília. O autor diz que a criança dá vida a tudo o que se movimenta e alma a tudo o que tem
vida. ( 2014, p. 158)
Edgar Morin ainda relaciona em sua obra O cinema ou o homem imaginário: o cinema
e o imaginário, e afirma que “ filme é a representação e ao mesmo tempo significado” (2014,
p. 240). Pode-se relacionar com a situação de Jack com a tv, nesse primeiro momento, como
observado no diálogo acima. Ainda para Morin “o imaginário mistura na mesma osmose o
real e o irreal, o fato e a necessidade, não apenas para atribuir à realidade aos encantos do
imaginário, mas também para conferir ao imaginário as virtudes da realidade”. (2014, p. 248)
Ao ser informado sobre a existência do mundo, no primeiro momento, Jack ficou
relutante e não aceitou que aquilo fosse verdade. Porém, ainda dentro do cativeiro, após um
tempo começa a fazer questionamentos a Ma (Joy) sobre o que é real e o que não é, e a fazer
assimilações, sempre em comparativo com as imagens apreendidas pelo televisor.
As condições culturais do início da vida são impressas nos cérebros e corpos das
crianças. (...) Inicialmente, as ações miméticas dos bebês e crianças não permitem
uma separação de sujeito e objeto - isso ocorre somente depois em um estágio
posterior de desenvolvimento. (WULF, 2013, p. 52)
Após a aparente aceitação de Jack sobre a existência do mundo, Joy arma a fuga na
qual finge o falecimento do menino e o enrola em um tapete. Nesta ocasião, o garoto enxerga
as diferentes formas através da fresta do tapete. Este foi o primeiro contato de Jack com o
mundo exterior, o qual ele não aceitava a existência do mundo exterior como sua mãe lhe
disse. Entretanto, inicialmente será relutante, pois “não existe corte entre o racional e o
imaginário, uma vez que o racionalismo não é mais que uma estrutura polarizante entre
muitas outras, própria do campo das imagens”. (DURAND, 1979, p. 91)
Figura 3 - Primeiros momentos fora do Quarto: descobertas
Estou no mundo há 37 horas. Já vi panquecas, escadas pássaros, janelas, centenas de
carros, nuvens, polícia e médicos. E vovó e vovô. Mãe disse que eles não moram mais
juntos na casa da rede. Vovó mora lá com o amigo Leo, e vovô mora longe. Vi pessoas
de diferentes rostos, tamanhos e cheiros falando ao mesmo tempo. O mundo é como todos os planetas da televisão ao mesmo tempo. Então eu não sei o que ver e ouvir. Há
portas e mais portas. Atrás de cada porta, há um novo dentro e um novo fora. E as
coisas não param de acontecer. Não para nunca! O mundo está sempre mudando de
claridade e calor. Há germes invisíveis flutuando por toda parte. Quando eu era
pequeno, só conhecia coisas pequenas. Agora que fiz cinco anos, eu sei de tudo. (O
quarto de Jack, ABRAHAMSON, 2015; 1h 07min.)
Após a fuga, Jack e a mãe vão morar com a avó e seu marido, Leo, na casa onde Joy
foi criada. Deste momento em diante, o menino inicia assimilações com o mundo, conhece as
pessoas, inclusive tem o primeiro contato com um cachorro de carne e osso. Por intermédio
das observações e ensinamentos dos adultos, o menino começa a enxergar que a vida que
vivia com a mãe no quarto não correspondia mais. Inclusive, há um momento simbólico
quando retornam ao quarto nas cenas finais do filme, e o menino percebe quão pequeno era o
cômodo e afirma que “o quarto não parece o quarto com a porta aberta” e se despede dele e de
todos os objetos que ainda permaneciam ali.
Dessa maneira, no início do filme o garoto não sabia distinguir a diferença entre
desenhos animados e pessoas que aparecem no televisor. Eram, além da mãe, sua janela para
o mundo exterior, mesmo que ainda não soubesse. Pelo que assistia na televisão o menino
fazia comparações e projetava o que acreditava ser real ou não. A partir das experiências que
teve no mundo exterior isso começa a mudar. No discurso a seguir, já ao fim da narrativa,
Jack faz observações sobre o que descobriu do mundo. Apesar da relutância inicial, adaptou-
se e aceitou a realidade, permitindo-se experimentar o novo e descobrir o que realmente gosta,
como relata.
Figura 4 - Aceitação do mundo
Aos quatro anos, eu nem sabia que o mundo existia. Agora eu e Mãe vamos viver nele
para todo o sempre até morrer. Esta é a rua de uma cidade num país chamado Estados
Unidos. A Terra é um planeta azul e verde que está sempre girando. Eu só não sei
como não caímos. E tem o Espaço Sideral. Ninguém sabe onde é o céu. Mãe e eu
decidimos que, por não saber o que gostamos, vamos experimentar tudo. Há tantas
coisas aqui. Às vezes assusta, mas tudo bem, porque ainda somos só eu e você. (O
quarto de Jack, ABRAHAMSON, 2015; 1h 47min)
3.3 PROCESSO MIMÉTICO ENTRE MÃE E FILHO
De forma inconsciente, a mãe Joy transmitiu ao filho valores e costumes de sua cultura
e do que viveu através de seus ensinamentos e atitudes. Logo no início do filme, acontece o
aniversário de cinco anos de Jack, com um bolo de aniversário que é um elemento simbólico
para essa data comemorativa, sendo assim, mesmo sem saber, o insere num imaginário
coletivo e social. Ou seja, nesse momento, o menino sofre de uma relação mimética por meio
de um ritual e, entre a mãe e ele, em todos os momentos de sua vida até então, o menino
abstrai de um imaginário coletivo inconscientemente: “Rituais são encenações e
representações de relações sociais. (...) Rituais criam sentimento; eles são expressivos e
demonstrativos e produzem ordenações (...)”. (WULF, 2013, p. 15)
No ‘adaptar-se e tornar-se similar’ a situações experimentadas anteriormente a
mundos que ostentam as marcas da cultura da qual eles fazem parte, os sujeitos
adquirem as competências necessárias de se comportar apropriadamente em certas
situações. (...) Nesse processo, o mundo dado entrelaça-se com a experiência
individual daquele que com ele forma a relação mimética. (WULF, 2013, p. 59)
Conforme Christoph Wulf (2013) traça reflexões acerca do caráter performativo de
rituais, nota-se semelhança com o ritual do aniversário, mesmo que Jack não saiba, o integra a
um grupo social. O seu caráter performativo se adapta a demanda real da comunidade, no
caso Jack e a mãe, e transmitem valores culturais tradicionais e costumes sociais. O autor
afirma que “os rituais são janelas dentro uma sociedade que facilitam o entendimento de sua
própria identidade cultural e suas dinâmicas de transformação.” ( 2013, p. 159)
Wulf defende que os processos miméticos são de extrema importância na infância e
que é através deles que se apreende a cultura. “Em processos miméticos as crianças aprendem
a sentir, expressar e modificar seus sentimentos” (Idem, 2013, p. 14) A criança constrói
semelhanças entre si e o mundo exterior e experimenta o mundo mimeticamente.
Essas práticas se realizam por meio de representações miméticas, caracterizadas como
processo de imitação criativa que necessariamente se baseiam em modelos que por meio delas
as pessoas interiorizam imagens e esquemas de rituais e práticas sociais, pois os “Rituais e
outras cerimônias sociais levam consigo abordagens miméticas”. (Idem, 2013, p. 160). Esses
processos são de extrema importância para transmissão de práticas do patrimônio cultural
intangível, incluído práticas educativas. Assim, surge um saber prático relacionado ao corpo.
Para Wulf (2013), os processos miméticos requerem de uma configuração individual
dos indivíduos, sendo assim os processos miméticos variam com os diferentes
condicionamentos. Para o teórico, na infância já acontecem processos miméticos, que
permitem incorporar os mundos externo, interno e social. Desde a infância o homem tende a
imitar.
Os processos miméticos são formados por elementos racionais, mas todavia não são
restritos a esses; nesse tipo de processo o homem sai de si mesmo, torna- se vizinho
ao mundo, assemelha-se a esse, tem a possibilidade de transportar o mundo exterior ao mundo interior e ao mesmo tempo de exprimir esse mundo interior ao seu exterior.
Processos miméticos levam a aproximação com os objetos e com o outro e são
condições essenciais para o aprendizado. (WULF, 2013, p. 77 - 78)
Em sua abordagem, Wulf (2013) afirma que “No centro da atividade mimética está a
referência ao outro, que para a criança não é incorporada, mas a qual deve assemelhar-se (...).
O encontro mimético com o mundo ocorre por meio de todos os sentidos, que se desdobram
de sua sensibilidade no curso de todo esse processo”. (p. 83)
O aprendizado mimético envolve o corpo e os sentidos. Os gestos podem ser lidos e
interpretados quando tomam forma mimética. “A mimesis desempenha um papel importante
na recepção, reprodução e modificação do conteúdo corporal e simbólico dos gestos”.
(WULF, 2013, p. 134)
A relação entre Joy e Jack dentro do quarto se resume a adaptações de uma vida
cotidiana “normal’. Por meio de uma rotina modificada e adaptada do que seria fora do
quarto. “Como indivíduos adquirem gestos em processos miméticos eles são introduzidos em
tradições culturais da imagem e do corpo que eles modificam e adaptam para se adequar às
condições existentes”. (WULF, 2013, p. 126)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando-se em consideração os aspectos apresentados, nota-se a partir desta pesquisa
que as imagens são mediadoras na sociedade contemporânea, são projeções do imaginário e
promovem identificação entre indivíduos. O ser humano, por ser um animal social, busca
identificação com outros, assim encontra-se um certo equilíbrio entre realismo e idealização.
Para isso, o homem utiliza da imaginação e desta forma externa o imaginário. Destarte,
entende-se o imaginário como um mundo interior, acervo de experiências e ideias de grupos e
indivíduos. Já a imaginação é o ato de criar imagens mentais, de fantasiar, sendo também uma
forma de fuga da realidade; ela se dá a partir da abstração de informações do mundo exterior.
O intuito deste artigo foi de traçar relações entre o longa O quarto de Jack com a
situação de representação vivida na sociedade contemporânea permeada pelo
compartilhamento de imagens e produção de sentido a partir delas. Poderia, inclusive, ter-se
discutido a metáfora do aprisionamento despertada pelo filme, mas optou-se por lançar um
olhar para ação criativa e criadora da imaginação/fantasia (mundo exterior) e do imaginário
(mundo interior). A partir daí, nota-se que a imaginação é inerente ao ser humano e através
dela pode-se produzir e reproduzir imaginários.
Diante dos argumentos expostos, pôde-se observar que a maneira como Jack
experimenta o mundo possui estreitas semelhanças com esse fenômeno social-cultural-
psíquico: imagens são representações do imaginário que são aparências do real e são
produzidas por meio da imaginação e de processos miméticos. Por fim, nesta sociedade em
que vivenciamos uma era de hiper-compartilhamento de imagens e acesso à informação,
buscou-se, aqui, apurar o debate acerca dos arroubos advindos destes fatos e as diversas
relações com as nossas subjetividades.
THE IMAGES AND THE IMAGINARY IN THE CONTEMPORARY SOCIETY: A
BRIEF REFLECTION UPON THE MOVIE ROOM
ABSTRACT
The current article discusses Jack's view in the movie "Room" through the analysis of
his speech and perception of reality, identifying: the images role in his process of discovery
and what he considers to be reality, the process of the boy's acceptance and recognizement,
the relationship of learning by mimetic processes between him and his mother, making a
comparison concerning how people stablish social interactions through images in the
contemporary society. To support the analysis the authors chosen are Gilbert Durand, Michel
Maffesoli, Edgar Morin e Christoph Wulf, using tangential approaches of the concepts of
representation, symbolic, imaginary and real. Hence, the reflection upon this paper
concentrates in identifying how the imaginary projects itself through the images and the
imagination and how it influences on social interaction.
KEYWORDS: Room. Image. Imaginary. Imagination. Representation.
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