Principais Regras Litúrgicas Desobedecidas No Brasil

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Principais regras litúrgicas desobedecidas no Brasil Uso de ministros extraordinários da Comunhão Eucarística (MECE’s) O sacerdote celebrante é quem deve distribuir a Comunhão. Se o número de pessoas for muito grande, outros sacerdotes que estejam presentes à Missa, sem a celebrar, podem ser convocados para auxiliar na distribuição da Comunhão aos fiéis, ou os próprios diáconos que estejam servindo à Missa. Os sacerdotes e os diáconos são, pois, os ministros ordinários. Não os havendo, o celebrante pode contar com ministros extraordinários, chamando os acólitos que o estejam auxiliando – sejam instituídos para esse ministério, sejam temporários (servos) para aquela Missa em especial. Não havendo nem diácono, nem acólito instituído, nem servo, o padre pode chamar os fiéis, sejam religiosos ou leigos, que estejam na Missa. É recomendável, aliás, que esses fiéis já tenham recebido o devido treinamento doutrinário e litúrgico, tendo sido instituídos como ministros extraordinários da Comunhão Eucarística, pelo Bispo local. Na falta desses fiéis já instituídos como ministros extraordinários, outros podem ser chamados, e que, no momento apropriado da Missa, receberão uma bênção prevista no Missal Romano. Os fiéis, sejam eles religiosos ou leigos, que estão autorizados como ministros extraordinários da Eucaristia podem distribuir a Comunhão apenas quando não há sacerdotes, diáconos ou acólitos, quando o sacerdote está impedido por motivo de doença ou idade avançada, ou quando o número de fiéis indo receber a Comunhão é tão grande que tornaria a celebração da Missa excessivamente longa. Por conseguinte, uma atitude repreensível é aquela dos sacerdotes que, embora presentes na celebração, recusam-se a distribuir a Comunhão, deixando essa tarefa aos leigos.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 10)

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Principais regras litrgicas desobedecidas no Brasil

Principais regras litrgicas desobedecidas no Brasil

Uso de ministros extraordinrios da Comunho Eucarstica (MECEs)

O sacerdote celebrante quem deve distribuir a Comunho. Se o nmero de pessoas for muito grande, outros sacerdotes que estejam presentes Missa, sem a celebrar, podem ser convocados para auxiliar na distribuio da Comunho aos fiis, ou os prprios diconos que estejam servindo Missa. Os sacerdotes e os diconos so, pois, os ministros ordinrios. No os havendo, o celebrante pode contar com ministros extraordinrios, chamando os aclitos que o estejam auxiliando sejam institudos para esse ministrio, sejam temporrios (servos) para aquela Missa em especial. No havendo nem dicono, nem aclito institudo, nem servo, o padre pode chamar os fiis, sejam religiosos ou leigos, que estejam na Missa. recomendvel, alis, que esses fiis j tenham recebido o devido treinamento doutrinrio e litrgico, tendo sido institudos como ministros extraordinrios da Comunho Eucarstica, pelo Bispo local. Na falta desses fiis j institudos como ministros extraordinrios, outros podem ser chamados, e que, no momento apropriado da Missa, recebero uma bno prevista no Missal Romano.

Os fiis, sejam eles religiosos ou leigos, que esto autorizados como ministros extraordinrios da Eucaristia podem distribuir a Comunho apenas quando no h sacerdotes, diconos ou aclitos, quando o sacerdote est impedido por motivo de doena ou idade avanada, ou quando o nmero de fiis indo receber a Comunho to grande que tornaria a celebrao da Missa excessivamente longa. Por conseguinte, uma atitude repreensvel aquela dos sacerdotes que, embora presentes na celebrao, recusam-se a distribuir a Comunho, deixando essa tarefa aos leigos. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Inestimabile Donum, 10)

Em sentido estrito, os ministros extraordinrios da Comunho Eucarstica (MECEs) so fiis, quer leigos quer religiosos, que, depois de devida instruo, so institudos pelo Bispo atravs de um mandato para auxiliar o sacerdote a distribuir a Sagrada Comunho, quando necessrio, e nas condies impostas pela lei litrgica. No devem estar no presbitrio junto com o sacerdote, pois no so concelebrantes nem tm a funo de ajudar como aclitos ou servos, subindo ao altar somente se for preciso e na hora de distribuir a Comunho, i.e., depois dos ministros comungarem.

O termo, utilizado em seu sentido lato, aponta para todos os que no podem, ordinariamente, distribuir a Eucaristia, mas o fazem pelas necessidades, e observando as leis litrgicas: aclitos, servos, MECE's, demais fiis leigos ou religiosos (ministros ocasionais da Comunho Eucarstica).

... nas celebraes litrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua funo, faa tudo e s aquilo que, pela natureza da coisa ou pelas normas litrgicas lhe compete. (Conclio Ecumnico Vaticano II, Constituio Sacrosanctum Concilium, 28)

Os ministros extraordinrios, como seu prprio nome j faz entender, podem ser usados em situaes muito especiais apenas. A lei litrgica que disciplina essas situaes bastante clara:

Artigo 8O ministro extraordinrio da Sagrada ComunhoOs fiis no-ordenados, j h tempos, vm colaborando com os ministros sagrados, em diversos mbitos da pastoral, para que o dom inefvel da Eucaristia seja cada vez mais profundamente conhecido e para que se participe da sua eficcia salvfica com uma intensidade cada vez maior.Trata-se de um servio litrgico que responde a necessidades objetivas dos fiis, destinado sobretudo aos enfermos e s assemblias litrgicas nas quais so particularmente numerosos os fiis que desejam receber a sagrada comunho. 1. A disciplina cannica sobre o ministro extraordinrio da sagrada comunho deve, porm, ser corretamente aplicada para no gerar confuso. Ela estabelece que ministros ordinrios da sagrada comunho so o Bispo, o presbtero e o dicono, enquanto ministro extraordinrio o aclito institudo ou o fiel para tanto deputado conforme a norma do cn. 230, 3.Um fiel no-ordenado, se o sugerirem motivos de real necessidade, pode ser deputado pelo Bispo diocesano, com o apropriado rito litrgico de bno, na qualidade de ministro extraordinrio, para distribuir a Sagrada comunho tambm fora da celebrao eucarstica, ad actum vel ad tempus, ou de maneira estvel. Em casos excepcionais e imprevistos, a autorizao pode ser concedida ad actum pelo sacerdote que preside a celebrao eucarstica. 2. Para que o ministro extraordinrio, durante a celebrao eucarstica, possa distribuir a sagrada comunho, necessrio ou que no estejam presentes ministros ordinrios ou que estes, embora presentes, estejam realmente impedidos. Pode igualmente desempenhar o mesmo encargo quando, por causa da participao particularmente numerosa dos fiis que desejam receber a Santa Comunho, a celebrao eucarstica prolongar-se-ia excessivamente por causa da insuficincia de ministros ordinrios. Este encargo supletivo e extraordinrio e deve ser exercido segundo a norma do direito. Para este fim oportuno que o Bispo diocesano emane normas particulares que, em ntima harmonia com a legislao universal da Igreja, regulamentem o exerccio de tal encargo. Deve-se prover, entre outras coisas, que o fiel deputado para esse encargo seja devidamente instrudo sobre a doutrina eucarstica, sobre a ndole do seu servio, sobre as rubricas que deve observar para a devida reverncia a to augusto Sacramento e sobre a disciplina que regulamenta a admisso comunho.Para no gerar confuso, devem-se evitar e remover algumas prticas que h algum tempo foram introduzidas em algumas Igrejas particulares, como por exemplo: o comungar pelas prprias mos, como se fossem concelebrantes;(...) o uso habitual de ministros extraordinrios nas Santas Missas, estendendo arbitrariamente o conceito de numerosa participao.(...)So revogadas as leis particulares e os costumes vigentes, que sejam contrrios a estas normas, como igualmente quaisquer eventuais faculdades concedidas ad experimentum pela Santa S ou por qualquer outra autoridade a ela subalterna.

O Sumo Pontfice, no dia 13 de Agosto de 1997, aprovou em forma especfica a presente Instruo, ordenando a sua promulgao. (Cria Romana, Instruo Acerca de Algumas Questes Sobre a Colaborao dos Fiis Leigos no Sagrado Ministrio dos Sacerdotes)

Dessa forma, o sacerdote celebrante quem deve distribuir a Sagrada Comunho. Necessitando de ajuda, em face de sua pouca sade ou do nmero excessivo de comungantes, quem o deve auxiliar so outros sacerdotes presentes, ainda que no concelebrantes, e diconos que estejam servindo Missa. So esses os ministros ordinrios. Necessitando, alm desses, de mais ministros para a distribuio da Comunho Eucarstica, ou no havendo ministros ordinrios, chame o sacerdote celebrante ministros extraordinrios: aclitos; servos; fiis leigos ou religiosos institudos pelo Bispo MECE's (ministros extraordinrios da Comunho Eucarstica) ; ou fiis leigos ou religiosos que, estando presentes Missa, se destaquem por sua piedade e conhecimentos litrgicos e doutrinrios, recebendo estes a bno prpria ministros ocasionais da Comunho Eucarstica.

Somente por verdadeira necessidade se recorra ao auxilio de ministros extraordinrios, na celebrao da Liturgia. Porque isto no est previsto para assegurar uma plena participao aos leigos, mas sim que, por sua natureza, ou suplementao e provisoriedade. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instruo Redemptionis Sacramentum, 151)Se habitualmente h nmero suficiente de ministros sagrados tambm para a distribuio da sagrada Comunho, no se podem designar ministros extraordinrios da sagrada Comunho. Em tais circunstncias, os que tm sido designados para este ministrio, no o exeram. Reprove-se o costume daqueles sacerdotes que, a pesar de estar presentes na celebrao, abstm-se de distribuir a Comunho, delegando esta tarefa a leigos. O ministro extraordinrio da sagrada Comunho poder administrar a Comunho somente na ausncia do sacerdote ou dicono, quando o sacerdote est impedido por enfermidade, idade avanada, ou por outra verdadeira causa, ou quando to grande o nmero dos fiis que se renem Comunho, que a celebrao da Missa se prolongaria demasiado. (...) O Bispo diocesano examine de novo a praxe nesta matria durante os ltimos anos e, se for conveniente, corrija-a ou a determine com maior clareza. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instruo Redemptionis Sacramentum, 157-158, 160)Devem os MECEs comungar das mos do sacerdote, receber as partculas dele, nem sequer abrir o tabernculo ou dele retirar Jesus Eucarstico. Sua funo distribuir a Eucaristia, e no auxiliar o sacerdote no altar. No participem, ento, da Missa, junto com o padre, e sim, com os fiis, fora do presbitrio. Esperem sua hora aps a comunho do sacerdote. No devem, outrossim, participar da procisso de entrada.

Para auxiliar o padre, basta o dicono, o aclito ou outro servo.

Os vasos sagrados so purificados pelo Sacerdote ou pelo Dicono ou pelo aclito institudo depois da Comunho ou da Missa, na medida do possvel junto credncia. A purificao do clice feita com gua, ou com gua e vinho, a serem consumidos por aquele que purifica o clice. A patena seja limpa normalmente com o sanguinho. Cuide-se que o Sangue de Cristo que eventualmente sobrar aps a distribuio da Comunho seja tomado logo integralmente ao altar. (Instruo Geral do Missal Romano, 279)

Exclui-se, vemos, a possibilidade, infelizmente disseminada, de que os ministros extraordinrios da Comunho Eucarstica possam purificar os vasos usados na Missa.

As leituras das passagens do Evangelho esto reservadas para o ministro ordenado, nomeadamente o dicono ou o sacerdote. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Inestimabile Donum, 2)

O Evangelho, como toda a Escritura, contm a Palavra de Deus, o Verbo de Deus, o prprio Cristo, Deus feito homem. Mais ainda do que outros trechos da Bblia, o Evangelho a narrao das palavras e dos feitos de Jesus, Nosso Senhor. Eis a razo de que quem o proclame deva ser um ministro a Ele unido sacramentalmente pela Ordem: Cristo quem proclama o Evangelho atravs do padre ou do dicono; Cristo quem proclama Sua prpria vida e Suas prprias palavras, mediante os ministros ordenados. Essa uma das razes pelas quais s o sacerdote ou, melhor ainda, se houver, o dicono pela tradio litrgica presente em todos os ritos nos quais a Missa celebrada , que podem proclamar o Evangelho. A outra a prpria norma, qual somos obrigados, pelo direito, a aceitar. Nunca, durante a Missa, um fiel, leigo ou religioso, ainda que seja ministro extraordinrio da Eucaristia ou aclito institudo, deve proclamar o Evangelho! Tampouco, pode ser proclamado o Evangelho de forma dialogada, com papis a desempenhar, exceto quando se tratar da Paixo do Senhor no Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa.

Viso teolgica da Missa e conseqncias prticas

Sobre a Missa, a lei da Igreja clara em defini-la:

Cn. 897 Augustssimo sacramento a santssima Eucaristia, na qual se contm, se oferece e se recebe o prprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O sacrifcio eucarstico, memorial da morte e ressurreio do Senhor, em que se perpetua pelos sculos o Sacrifcio da cruz, o pice e a fonte de todo o culto e da vida crist, por ele significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construo do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas obras de apostolado da Igreja se relacionam intimamente com a santssima Eucaristia e a ela se ordenam. (Cdigo de Direito Cannico)

Por ter o homem pecado em Ado e Eva, a conscincia do erro que o afastou de Deus foi passada de gerao a gerao por toda a humanidade. O homem sabe que, no fundo, est afastado da divindade e que precisa fazer algo para suprir a lacuna entre eles. A prpria Lei Natural, inscrita no corao de todas as pessoas, e que no foi afetada pelo pecado original praticado por nossos primeiros pais, afirma a necessidade de ser construda uma ponte entre Deus e o homem. preciso, sabe o homem, um meio de unir o divino ao humano, de recuperar a amizade entre os dois!

Nesse sentido, procurou o homem oferecer sacrifcios que o unisse novamente a Deus. Muitas vezes, cego pelo pecado que lhe confundiu a razo, ofereceu sacrifcios totalmente contrrios vontade do Criador, como holocaustos humanos. Entretanto, no podemos deixar de ver nessa atitude ilcita e totalmente imoral um desejo humano de reconciliar-se com Deus ou, ao menos, aplacar a (justa) ira divina em virtude de seus pecados.

Para preparar a vinda de Cristo, o Pai formou, em determinado momento da Histria, um povo, e o elegeu. Esse povo, Israel, foi iniciado em Abrao, e consolidou-se nos patriarcas, Isaac e Jac, com seus filhos, fundadores das doze tribos da nova nao, libertada, anos mais tarde, do jugo dos senhores egpcios que a escravizavam. Moiss, o lder dessa libertao, prefigurava o prprio Jesus, preparando-O!

J na primeira fase de Israel enquanto nao ofereciam-se sacrifcios pelos pecados, procurando agradar a Deus. Ele mesmo os exigia, j ensinando o povo que a ponte precisava ser reconstruda, e o pecado desfeito!

Mais tarde, com Moiss, um rito foi institudo pelo prprio Deus, de forma a incutir ainda mais na mente dos israelitas toda a pedagogia do sacrifcio, e os preparando para o sacrifcio definitivo oferecido por Cristo, sculos depois. O cordeiro sacrificado no rito mosaico simbolizava, antecipadamente, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O ritual da primeira ceia mosaica (cf. Ex 12,1-8.11-14) j se mostra um grandioso smbolo da Paixo do Salvador. Sacrifica-se um cordeiro macho e sem defeito, no lugar dos pecados do povo de Israel; Cristo, mais tarde, ser identificado por So Joo Batista como o Cordeiro de Deus (Jo 1,29), o Agnus Dei, e morrer, tambm sem defeito (ou seja, sem pecado, puro, santo, agradvel ao Pai) pelas faltas do Novo Israel, a Igreja de Deus, santa e catlica. O sangue do cordeiro untado nas casas os assinalaria perante o anjo da morte como os escolhidos para a vida; o Sangue de Nosso Senhor e Salvador, derramado na Cruz e aspergido em ns pela f e pelos sacramentos, nos assinala como os eleitos para a vida eterna. A Pscoa judaica foi dada como instituio perptua; essa perpetuidade foi dada por excelncia quando Cristo morreu e instituiu a Eucaristia como Nova Pscoa, sinal vivo e presente de Sua Morte e Ressurreio, como um holocausto permanente, conforme j previra o profeta Daniel (cf. Dn 8,11;9,27).

Quando Cristo veio ao mundo, antes de oferecer-Se em sacrifcio na Sexta-feira Santa, celebrou uma ceia com Seus Apstolos, na noite anterior. Essa ceia foi uma antecipao mstica e real do sacrifcio oferecido no dia seguinte.

Na ltima Ceia, Jesus antecipou Seu sacrifcio, instituindo-o como perptuo atravs do oferecimento de Seu Corpo e Seu Sangue. O mesmo Corpo morto na Cruz e o mesmo Sangue derramado foram distribudos aos Seus Apstolos, numa verdadeira antecipao do sacrifcio.

Alm de antecipar o sacrifcio, vimos, Jesus Cristo tornou-o perptuo, quando mandou: fazei isto em memria de mim. (Lc 22,19)

Assim, os Apstolos e seus sucessores devem obedecer ao mandamento de Jesus e fazer o que Ele ordenou: realizar o sacrifcio! Se o sacrifcio pde ser antecipado, pode tambm, por ter-se tornado perptuo, ser oferecido continuamente. No se trata de um novo sacrifcio, eis que o de Cristo foi definitivo e suficiente, mas do mesmo novamente tornado presente pelos Apstolos, seus sucessores e os colaboradores destes.

O sacrifcio de Jesus Cristo foi oferecido na Cruz, e tornado novamente presente em cada Missa celebrada. Missa, portanto, um dos nomes que ns damos ao sacrifcio da Cruz tornado novamente presente diante de ns.

A Santa Missa o mesmo, nico e suficiente sacrifcio de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvrio, pelo perdo de nossos pecados, tornado real e novamente presente, ainda que de outro modo, incruento, no altar da igreja pelas mos do sacerdote validamente ordenado.

Mesmo, nico e suficiente: a Missa no um novo sacrifcio para saldar nossa dvida para com Deus. Oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvrio: a Missa o mesmo sacrifcio da Cruz, no um outro. Pelo perdo de nossos pecados: como a Cruz foi a causa de nosso perdo, merecendo-nos a graa de Deus, assim tambm a Missa. Tornado real e novamente presente: a mesma Cruz tornada presente diante de ns, pois para Deus no h limite de espao ou tempo. Ainda que de outro modo, incruento: na Cruz, Cristo derramou Seu Preciosssimo Sangue; na Santa Missa, a Cruz tornada novamente presente, mas de outro modo, sem derramamento de Sangue no , repetimos, uma nova morte de Cristo, mas a mesma e nica, porm de modo incruento. No altar da igreja: todo sacrifcio precisa de um altar; a Cruz foi o altar onde Cristo ofereceu o sacrifcio de Seu Corpo Santssimo; na Missa no h uma Cruz fsica onde Cristo deva morrer, mas um altar onde celebrado o sacrifcio e os dons so oferecidos. Pelas mos do sacerdote: num sacrifcio, alm do altar, preciso uma vtima e um sacerdote, i.e., um sacrificador; quando o altar foi a Cruz, Jesus Cristo foi a Vtima, mas tambm o Sacerdote, pois ningum O matou, antes Ele mesmo Se entregou morte por ns; na Santa Missa, se o altar o da igreja, e a vtima Cristo, eis que o sacrifcio o mesmo, tambm h identidade quanto ao sacerdote, o sacrificador. Validamente ordenado: Jesus mandou que os Apstolos realizassem o sacrifcio feito na Cruz e antecipado na ltima Ceia, e eles passaram o mandato a seus sucessores e aos colaboradores destes; os sucessores dos Apstolos so os Bispos, e os colaboradores os padres, unidos a Cristo pelo sacramento da Ordem.

Este aspecto de caridade universal do sacramento eucarstico est fundado nas prprias palavras do Salvador. Ao institu-lo, no Se limitou a dizer 'isto o meu corpo', 'isto o meu sangue', mas acrescenta: 'entregue por vs (...) derramado por vs' (Lc 22, 19-20). No se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber era o seu corpo e o seu sangue, mas exprimiu tambm o seu valor sacrifical, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifcio, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvao de todos. 'A Missa , ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrifical em que se perpetua o sacrifcio da cruz e o banquete sagrado da comunho do corpo e sangue do Senhor'.

A Igreja vive continuamente do sacrifcio redentor, e tem acesso a ele no s atravs duma lembrana cheia de f, mas tambm com um contacto atual, porque este sacrifcio volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mo do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliao obtida de uma vez para sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito, 'o sacrifcio de Cristo e o sacrifcio da Eucaristia so um nico sacrifcio'. J o afirmava em palavras expressivas S. Joo Crisstomo: 'Ns oferecemos sempre o mesmo Cordeiro, e no um hoje e amanh outro, mas sempre o mesmo. Por este motivo, o sacrifcio sempre um s. [...] Tambm agora estamos a oferecer a mesma vtima que ento foi oferecida e que jamais se exaurir'.A Missa torna presente o sacrifcio da cruz; no mais um, nem o multiplica. O que se repete a celebrao memorial, a 'exposio memorial' (memorialis demonstratio), de modo que o nico e definitivo sacrifcio redentor de Cristo se atualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrifical do mistrio eucarstico no pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referncia apenas indireta ao sacrifcio do Calvrio. (Sua Santidade, o Papa Joo Paulo II. Encclica Ecclesia de Eucharistia, 12)

O augusto sacrifcio do altar no , pois, uma pura e simples comemorao da paixo e morte de Jesus Cristo, mas um verdadeiro e prprio sacrifcio, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vtima agradabilssima. 'Uma... e idntica a vtima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministrio dos sacerdotes, se ofereceu ento sobre a cruz; diferente apenas, o modo de fazer a oferta.' (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encclica Mediator Dei, 61)

O sacerdote que celebra o Santo Sacrifcio da Missa deve participar como sacrificador. E nessa funo ministerial, a mais sagrada e a mais excelsa que possa existir, o sacerdote deve ter conscincia de que faz as vezes de Jesus Cristo, Nosso Senhor; melhor, o prprio Salvador age atravs do padre. Portanto, deve o celebrante estar revestido das disposies prprias do Corao de Cristo, e unir-se a Ele mediante uma sincera devoo e uma piedade verdadeira e desinteressada. Deve desejar, de toda a sua alma, emprestar seus gestos e sua fala a Jesus para que assim, agindo in Persona Christi, melhor celebre to santos mistrios. nesse sentido que h uma orao no Ordinrio na Missa em rito romano que o sacerdote reza durante o Ofertrio, silenciosamente, e que resume bem essa inteno do celebrante de estar arrependido de seus pecados e de oferecer um sacrifcio agradvel a Deus: De corao contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vs; e seja o nosso sacrifcio de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus. (Missal Romano; Ordinrio da Missa; Preparao das Oferendas)

O fiel, por sua vez, participa da Santa Missa assistindo-a com toda a vontade de unir-se aos sentimentos de Cristo. Se no pode, como o padre, ser o prprio Jesus oferecendo-Se na Cruz, deve, ento, assistir o maravilhoso espetculo do sacrifcio de um Deus-homem que morre por nossos pecados com a disposio de alma de quem aspira imitar aqueles santos que estiveram aos ps do Calvrio. A Cruz torna-se presente na Missa, e porquanto naquela estavam presentes a Santssima Virgem e o discpulo amado, So Joo, o Apstolo e Evangelista, quando estamos assistindo o Santo Sacrifcio devemos ter as mesmas atitudes de ambos. Certamente, no estavam Nossa Senhora nem So Joo batendo palmas: sua alegria pela salvao que se operava era interna, e se misturava com uma viva dor pelos pecados da humanidade, cometidos de tal forma que fizeram Deus sofrer e derramar Seu Sangue por ns. Imitando os sentimentos e atitudes de So Joo e da Virgem Maria aos ps da Cruz, estamos participando da Missa de um modo santo e salutar.

Praticamente, isso consiste em ficar atento em cada detalhe, acompanhar as oraes do sacerdote com o corao ao menos pois que nem sempre, pela diferente cultura teolgica de cada um do povo, podemos entender perfeitamente as precises litrgicas , e cumprir os ritos prescritos pela sabedoria multissecular da Santa Igreja. Mais do que tudo deve o fiel oferecer durante a Missa todo o seu ser para que, unido a Cristo, seja tambm ofertado ao Pai na hora do sacrifcio.

So Leonardo de Porto Maurcio, ardoroso apstolo da Santa Missa, nos d seu ensino, ainda bastante atual: Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes igreja como se fsseis ao Calvrio, e de vos comportardes diante do altar como o fareis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modstia, que respeito, que recolhimento so necessrios para receber o fruto e as graas que Deus costuma conceder queles que honram, com sua piedosa atitude, mistrios to santos. (So Leonardo de Porto Maurcio. Tesouro Oculto)

O sacerdote, antes de celebrar a Santa Missa, deve dizer algumas oraes, como as previstas pela liturgia da Igreja. Elas ajudam-no a melhor se preparar para oferecer to augusto sacrifcio a Deus, Nosso Senhor. Entre elas, contam-se aquela na qual o celebrante pede a graa de bem celebrar e dispe-se a oferecer a Missa segundo o rito e a inteno da Santa Igreja. Outras, ajudam-no a dispor sua alma para penetrar no tremendo mistrio da Santa Missa.

O fiel participante da Missa convidado a tambm rezar algumas oraes, antes de comear a celebrao, preparando sua alma para receber os efeitos do sacrifcio e do sacramento.

Cn. 898 Os fiis tenham na mxima honra a santssima Eucaristia, participando ativamento do augustssimo Sacrifcio, recebendo devotssima e freqentemente esse sacramento e prestando-lhe culto com suprema adorao (...). (Cdigo de Direito Cannico)

Entrada, Sinal-da-Cruz e Saudao

O sacerdote e os ministros concelebrantes, diconos, aclitos, cerimonirios se dirigem ao presbitrio, diretamente da sacristia ou em procisso do fundo da igreja. Durante esse tempo, cantado um canto de entrada, ou a Antfona da Entrada, que, alis, pode ser simplesmente dita.

Chegando ao presbitrio, o celebrante e seus auxiliares genufletem, se houver tabernculo, ou fazem vnia ao altar, se no houver ou se aquele estiver deslocado para uma capela lateral. Aps a genuflexo ou a vnia, conforme o caso, deve o celebrante beijar o altar.

Na falta de canto de entrada, o sacerdote canta ou diz a Antfona da Entrada aps a Saudao. Nas Missas sem povo, a Antfona da Entrada dita aps o Ato Penitencial e antes do Kyrie. Do contrrio, segue diretamente para esta, aps uma breve monio introdutria Missa do dia.

Est proibido o uso de elementos, na procisso de entrada, que no apontem para a essncia do ato sagrado, i.e., para o carter sacrifical da Santa Missa, e que, por isso mesmo, no esto descritos nas rubricas. Dessa forma, os aclitos e demais ministros podem carregar, na entrada, o Missal ou o Evangelirio, o turbulo com o incenso, e a cruz processional. Outros smbolos, como cartazes explicativos, por exemplo, mesmo que tenham significado religioso, no podem ser usados: primeiro por no estarem previstos nas normas litrgicas; segundo por no apontarem para o carter sacrifical da Missa. J vi em uma procisso de entrada, ministros levando pombas na Missa de Pentecostes, e ramos de rvores em uma na qual o Evangelho do dia falava da videira que Cristo. Ora, tais so exemplos do que totalmente inadmissvel na celebrao do Santo Sacrifcio da Missa.

A Saudao dirigida pelo sacerdote. O sinal-da-cruz feito por todos os fiis, mas sua frmula dita somente pelo padre! Ele quem oferece o sacrifcio e preside os atos dos fiis; s ele essencial para que haja Missa vlida, ainda que seja preciso ao menos um assistente para que ela seja lcita, exceto por alguma razo que justifique essa ausncia. S o padre diz a frmula do sinal-da-cruz porque ele quem est se apresentando diante do santurio sagrado de Deus, Nosso Senhor. No se pode substituir a frmula prpria e tradicional por outra, ainda que pouca diferena ou com meros acrscimos quela. No se inventem musiquetas com a letra do sinal-da-cruz para uso na Missa! Os fiis, frmula do sinal-da-cruz, respondem Amm, expressando sua adeso inteno do celebrante.

Aps, o sacerdote dirige a Saudao propriamente dita, segundo uma das frmulas previstas no Missal Romano, a qual respondida apropriadamente pelos fiis, segundo as mesmas disposies das rubricas.

A Santa Missa um sacrifcio de Deus Filho a Deus Pai, na unidade de Deus Esprito Santo. Ainda que a humanidade, representada pelo povo que est na igreja, seja a beneficiria do sacrifcio, Deus o destinatrio. a Ele que a Missa dirigida, e no aos fiis, no assemblia. No est o sacerdote na Missa para dirigir um espetculo ao povo. Tampouco a Missa uma palestra do padre assemblia em orao, ou uma exposio sua acerca do mistrio da Cruz: ela o prprio mistrio da Cruz tornado novamente presente!

Dessa maneira, no conveniente que o sacerdote cumprimente os fiis, no incio da Missa, como se fosse um mestre-de-cerimnias, ou como se a eles fosse a celebrao dirigida. O padre est na Missa para oferecer um sacrifcio ao Pai: um dilogo do sacerdote com Deus, e no do primeiro com o povo. Alis, as intervenes dialogadas entre o padre e os fiis so uma motivao a estes para que, junto com o sacerdote, apresentem-se unidos a Cristo no sacrifcio oferecido ao Pai. Os plos da Missa no so o padre, de um lado, e o povo de outro, e sim esses dois padre e povo de um, e Deus de outro. Deus quem deve ser cumprimentado.

A nica saudao a prpria do incio da Missa, que serve como uma bno de Deus, atravs do sacerdote, para os fiis que a Ele vieram oferecer Seu Filho. O uso de outra saudao, como bom dia, boa tarde, alm de sua falta de senso em face do destinatrio da adorao prestada na Missa, faz com que a saudao litrgica fique sem sentido.

Ato Penitencial

Convidando os fiis a um ato de arrependimento, o sacerdote celebrante os introduz ao rito, com a frmula prevista no Missal. Aps uma breve pausa, utiliza uma das trs frmulas: a) o Confiteor; b) o Tende compaixo; c) o Kyrie. Conclui com uma absolvio, que, por ser desprovida de fora sacramental, no possui a eficcia do Sacramento da Penitncia celebrado na confisso dos pecados ao sacerdote.

Podem ser cantadas msicas de Ato Penitencial, desde que a letra utilizada seja de alguma das formas prescritas. Quaisquer outros cantos, ainda que implorem o perdo de Deus e demonstrem arrependimento dos pecados, esto excludos por no se encaixarem no ordinrio da Missa, do qual o Ato Penitencial integrante.

O Ato Penitencial omitido quando se celebra, no incio da Missa, o rito do Asperges, e tambm quando a celebrao for imediatamente precedida de um ofcio da Liturgia das Horas com carter penitencial. Nos demais casos, muito mais comuns, imprescindvel!

Quando as invocaes do Kyrie, Senhor, tende piedade de ns..., no forem utilizadas no Ato Penitencial, devem ser proferidas aps a absolvio que se segue quele. Isso significa que sempre que o Ato Penitencial consistir no Confiteor (Confesso a Deus todo-poderoso...) ou no Tende compaixo, o Kyrie feito em um ato prprio.

Depois do Ato Penitencial inicia-se sempre o Senhor, tende piedade, a no ser que j tenha sido rezado no prprio ato penitencial. Tratando-se de um canto em que os fiis aclamam o Senhor e imploram a sua misericrdia, executado normalmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo de cantores ou o cantor. (Instruo Geral do Missal Romano, 52)

possvel que o Kyrie rezado seja substitudo por uma msica que tenha as invocaes na letra.

Glria ou Hino de Louvor

O Glria deve cantado ou dito nos Domingos fora do Advento e da Quaresma, nas solenidades e nas festas. Seu texto antiqssimo no deve ser substitudo por outro (cf. Instruo Geral do Missal Romano, 53). O costume, infelizmente disseminado em muitas parquias, de substituir tal hino por um simples canto de glria encontra expressa proibio na Instruo Geral. Nem mesmo o famoso canto de glria com letra de louvor Santssima Trindade, que alguns afirmam ser suficiente, serve para ser executado nesse momento. O hino do Glria faz parte do Ordinrio da Missa, e deve ser cantado ou dito integralmente, como est no Missal!

Posies do corpo

As posies utilizadas na Missa refletem o estado que a alma do fiel deve ter no momento em que ela utilizada. Mais do que atos externos e mecnicos, elas salientam a importncia de determinadas partes da Missa e apontam ao fiel como deve se portar interiormente nelas.

Assim, a posio em que mais tempo ficamos durante a Missa em p. Ficamos em p durante os Ritos Iniciais, na Seqncia, na Aclamao ao Evangelho e em sua Proclamao, na Profisso de F, na Orao Universal, e desde logo antes do Orai, irmos... durante o Ofertrio at a Epclese ou a Consagrao conforme o costume , desde a Aclamao que se segue ao Eis o Mistrio da F at a Comunho do Sacerdote, e da Orao depois da Comunho at a Despedida. Ficamos sentados durante as leituras da Liturgia da Palavra, durante a Homilia, e durante o Ofertrio. Podemos ficar sentados tambm enquanto outros fiis esto na procisso para recepo da Comunho, ou aps comungarmos, na Ao de Graas. Ficamos, por fim, ajoelhados, na Consagrao, e, onde for costume, tambm aps receber a Santa Comunho e no Ato Penitencial. costume, outrossim, que os que no podem comungar, por qualquer motivo, ajoelhem-se para fazer um ato de comunho espiritual, que, todavia, pode ser feito de p ou mesmo sentado, ainda que o recomendvel seja a primeira posio de joelhos.

A genuflexo um ato que consiste em dobrar apenas o joelho direito, encostando-no no cho e no apenas fazendo uma espcie de meia genuflexo. O sacerdote faz tal gesto logo aps a Consagrao, uma vez depois de cada espcie (portanto, temos a duas genuflexes). Tambm deve o celebrante genufletir antes de comungar (terceira genuflexo). Se houver sacrrio no presbitrio, o sacerdote e os ministros genufletem quando passarem por ele, no incio e no fim da Missa, exceto o aclito que carrega a cruz processional, mas no durante a mesma. Os fiis devem genufletir, durante e fora da Missa, sempre que passarem pelo sacrrio, exceto se caminharem processionalmente; havendo apenas o altar sem o tabernculo, faz-se a inclinao profunda vnia.

Faa-se inclinao de cabea aos nomes de Jesus, de Maria Santssima e ao nomear conjuntamente as Pessoas da Trindade.

Modo de receber a Santa Comunho Eucarstica

O fiel deve receber a Comunho com reverncia e piedade. Para isso, a prtica tradicional da Igreja a de distribuir a Eucaristia aos fiis estando eles de joelhos, e diretamente na lngua. permitido que, apesar dessa prtica ser a normativa, o fiel receba a Comunho de p, desde que, antes de o fazer, demonstre respeito pelo sacramento, inclinando-se diante da Eucaristia. Estando de p, e tendo se inclinado antes de receber a Comunho, pode comungar diretamente na lngua ou nas mos, fazendo, se esse optar por esse modo, das mos um trono. Nunca pode o fiel receber a Comunho nas mos em forma de pina!

A Igreja sempre pediu dos fiis, respeito e reverncia pela Eucaristia no momento de receb-la. No que diz respeito maneira de ir para a Comunho, o fiel pode receb-la de ambos os modos: ajoelhando-se ou ficando de p, de acordo com as normas estabelecidas pela conferncia episcopal: Quando o fiel comunga ajoelhado, nenhum outro sinal de reverncia pelo Santssimo Sacramento requerido, uma vez que ajoelhar por si s um sinal de adorao. Quando se recebe a Comunho estando em p, rigidamente recomendado que, ao vir em procisso, faa-se um sinal de reverncia antes de receber o Sacramento. Isto pode ser feito no exato momento e lugar, de forma que a ordem das pessoas que vm e voltam da Comunho no fique interrompida. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Inestimabile Donum, 11)

A Comunho de joelhos e na lngua a forma tradicional de receber a Sagrada Eucaristia. Por isso, nenhum sacerdote pode proibir o fiel de fazer uso desse direito. Tampouco pode proibir que o receba na lngua, se estiver de p, e haja indulto para que receba de p. Em casas de congregaes religiosas, capelas e circunscries eclesisticas nas quais vige a disciplina sacramental do Missal de 1962, pode o Ordinrio ou Superior determinar que a nica forma de comungar seja a tradicional, de joelhos e na lngua; em todas as outras, h liberdade para o fiel, no podendo o sacerdote negar-lhe a Comunho por este preferir ajoelhar-se ou receber na lngua. Jamais se obrigar algum fiel a adotar a prtica da comunho na mo. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Notificao de 3 de abril de 1985)

De qualquer maneira, o sacerdote ou outro ministro que distribua a Comunho Eucarstica, tenha o mximo cuidado de no perder nenhum dos fragmentos do Santssimo Corpo nem alguma gota do Preciosssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme o sbio conselho dos Padres: Se algum fragmento vieres a perder, seja para ti como se estivesses perdendo um de teus membros. (So Cirilo de Jerusalm. Catequeses Mistaggicas, 5,21: PG 33,1126)

Ofertrio

Ordinariamente, os objetos utilizados na Liturgia Eucarstica vasos sagrados, missal, dons etc devem estar no sobre o altar, mas na credncia, espcie de mesa auxiliar.

Terminada a Liturgia da Palavra, o dicono prepara o altar. (cf. IGMR, 74) Nas Missas sem dicono, qualquer ministro leigo pode preparar o altar. O aclito ou outro ministro leigo coloca sobre o altar o corporal, o purificatrio, o clice, a pala e o missal. (Instruo Geral do Missal Romano, 139)Durante o Ofertrio, os fiis so convidados a manifestar sua gratido a Deus mediante contribuies financeiras e, principalmente, pela unio de seus coraes ao de Cristo que se oferece no Sacrifcio da Missa. No se incorpore, todavia, ao rito da Missa oraes no previstas pelos livros litrgicos, como a disseminada Orao do Dizimista ou a esta assemelhadas, principalmente se substituir a Orao sobre as Oferendas, o que, neste ltimo caso, considerado abuso gravssimo!

O principal ato do Ofertrio, todavia, o agradecimento que o sacerdote faz dos dons po e vinho sobre os quais ir orar, mudando-os, na hora da Consagrao, no Corpo e no Sangue do Senhor.

Convm que a participao dos fiis se manifeste atravs da oferta do po e do vinho para a celebrao da Eucaristia, ou de outras ddivas para prover s necessidades da igreja e dos pobres. As oblaes dos fiis so recebidas pelo Sacerdote, ajudado pelo aclito ou outro ministro. O po e o vinho para a Eucaristia so levados para o celebrante, que os depe sobre o altar, enquanto as outras ddivas so colocadas em outro lugar adequado. (Instruo Geral do Missal Romano, 140)

O celebrante eleva um pouco a patena com a hstia, dizendo em silncio as palavras de agradecimento. Depois, no lado do altar, derrama o vinho no clice com um pouco de gua, falando, ainda em silncio, as palavras que o rito manda que se digam (Por esta gua...). Em seguida, retorna ao centro do altar e faz com o clice de vinho o mesmo que fez com a patena contendo o po. Afasta-se um pouco e inclina-se profundamente, rezando uma prece especfica prescrita pelo Missal: De corao contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vs; e seja o nosso sacrifcio de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus. (Missal Romano; Ordinrio da Missa; Preparao das Oferendas) Volta o sacerdote ao lado do altar, e procede ao lavabo, em que pode ser auxiliado por um aclito ou servo, pedindo a Deus a purificao de seus pecados para melhor oferecer o sacrifcio. proibido fazer o Ofertrio dos dois dons po e vinho ao mesmo tempo.

Pode haver uma procisso em que os fiis levam os dons do po e do vinho ao presbitrio. Pode, alm disso, haver um canto de ofertrio. Esse canto, opcional como dissemos, entoado durante a preparao do altar, durante a procisso das oferendas e durante o Ofertrio propriamente dito, ou somente na primeira parte, e ainda apenas na primeira e na segunda. Se, durante as oraes de agradecimento do Ofertrio Bendito sejais... , no houver canto, elas so ditas em voz alta, ocasio na qual os fiis devem responder: Bendito seja Deus para sempre.

A Orao sobre as Oferendas, como a Coleta e a Orao depois da Comunho, so parte do Prprio da Missa. Cada Missa tem a sua, e o sacerdote, depois de feito o Ofertrio, convida os fiis a se unirem a ele, em silncio, na orao. Antigamente, a Orao sobre as Oferendas era chamada Secreta.

Chama o sacerdote o povo com as palavras habituais: Orai, irmos e irms... A assemblia, ao ouvir esse convite, levanta-se e responde: Receba o Senhor por tuas mos... Em seguida, o celebrante reza a orao, ao final da qual todos respondem com o amm costumeiro. O aclito pode segurar o missal para auxiliar o padre na leitura da prece. Repetimos que no possvel substituir essa orao por qualquer outra, nem pela chamada do Dizimista.

Orao Eucarstica

Cn. 907 Na celebrao eucarstica, no lcito aos diconos e leigos proferir as oraes, especialmente a orao eucarstica, ou executar as aes prprias do sacerdote. (Cdigo de Direito Cannico)Por sua vez, uma instruo da Cria Romana explicita o assunto, ao disciplinar: Est reservado ao sacerdote, em virtude de sua ordenao, proclamar a Orao Eucarstica, a qual por sua prpria natureza o ponto alto de toda a celebrao. , portanto, um abuso que algumas partes da Orao Eucarstica sejam ditas pelo dicono, por um ministro subordinado ou pelos fiis. Por outro lado isso no significa que a assemblia permanece passiva e inerte. Ela se une ao sacerdote atravs do silncio e demonstra a sua participao nos vrios momentos de interveno providenciados para o curso da Orao Eucarstica: as respostas no dilogo Prefcio, o Sanctus, a aclamao depois da Consagrao, e o Amm final depois do Per Ipsum. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Inestimabile Donum, 4)A proclamao da Orao Eucarstica, que por sua natureza, pois o cume de toda a celebrao, prpria e exclusiva do sacerdote, em virtude de sua mesma ordenao. Por tanto, um abuso fazer que algumas partes da Orao Eucarstica sejam pronunciadas pelo dicono, por um ministro leigo, ou ainda por um s ou por todos os fiis juntos. A Orao Eucarstica, portanto, deve ser pronunciada em sua totalidade, to somente pelo Sacerdote. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Redemptionis Sacramentum, 52)

A Orao Eucarstica contm a Consagrao, i.e., o prprio sacrifcio, e tambm outras partes que, por sua essncia, conferem os motivos pelos quais oferecemos o mesmo sacrifcio. O que, por isso, no ato sacrifical a Consagrao , ou a preparao para ele ou a explicitao das razes pelas quais oferecemos aquele. Portanto, como sacrifcio ou parte essencialmente anexa, deve ser feita a Orao Eucarstica pela pessoa investida na dignidade sacerdotal, dotada, pelo sacramento da Ordem, da virtude do sacerdcio de Cristo. Por conseguinte, os leigos no podem dizer nenhuma parte da Orao Eucarstica, somente as respostas prprias que sejam prescritas pelo Missal. O celebrante que oferece aos leigos, ou a clrigos desprovidos da dignidade sacerdotal, que digam a Orao Eucarstica, est ignorando sua posio no Corpo de Cristo, est desprezando o carter sacrificador que foi impresso em sua alma quando do recebimento do sacramento da Ordem. Por mais que digam o contrrio, h sim diferena entre o leigo e o padre, entre o sacerdcio hierrquico deste e o sacerdcio comum daquele, e diferena de essncia, no apenas de grau.

A Orao Eucarstica no pode ser interrompida, nem mesmo para explicaes pretensamente catequticas: a melhor catequese a liturgia bem celebrada! O Presidente (n.a.: da celebrao) no intervenha durante a Orao Eucarstica. (Instruo Geral do Missal Romano, 31) Por isso, exclui-se tambm qualquer instruo no meio da Orao Eucarstica, ainda que de poucas palavras.

A Missa sacrifcio, j sabemos. O ato prprio em que Cristo, a Vtima, sacrificado, se d na Consagrao do po e do vinho, que suas substncias mudam-se no Seu Corpo e Sangue. Todavia, se a Consagrao o sacrifcio em si, h um momento em que ele oferecido ao Pai. Depois de sacrificar a vtima, devemos oferec-la ao destinatrio. Na Santa Missa, o oferecimento do sacrifcio ao Pai ocorre quando o sacerdote diz o Per Ipsum, o Por Cristo. Pela letra do texto, vemos que se trata de um oferecimento mesmo do Cristo sacrificado durante a Consagrao. Ora, tal oferecimento ato propriamente sacerdotal, e, como tal, feito por Jesus Cristo, nico e Sumo-Sacerdote. E o modo como Jesus Sacerdote age na Missa atravs dos que a Ele se unem pelo sacramento da Ordem, os padres, em virtude do qual passam esses ltimos a desempenhar sua ao sacerdotal que brota de Cristo. No h sentido nos leigos rezarem tal orao. como se os leigos pudessem consagrar. No se trata de simples proibio, ainda que tambm o seja, mas de uma afirmao da esterilidade dessa orao ser recitada por quem no goza do sacerdcio hierrquico da Igreja.

O Per Ipsum (por Cristo, com Cristo, em Cristo) por si mesmo reservado somente ao sacerdote. Este Amm final deveria ser enfatizado sendo feito cantado, desde que ele o mais importante de toda a Missa. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Inestimabile Donum, 4)No fim da Orao Eucarstica, o Sacerdote, tomando a patena com a hstia e o clice ou elevando ambos juntos, profere sozinho a doxologia Por Cristo. Ao trmino, o povo aclama Amm. Em seguida, o Sacerdote depe a patena e o clice sobre o corporal. (Instruo Geral do Missal Romano, 151)A doxologia final da Orao Eucarstica proferida somente pelo Sacerdote celebrante principal, junto com os demais concelebrantes, no, porm, pelos fiis. (Instruo Geral do Missal Romano, 236)

Quanto a estender a mo para o altar, como que para se unir ao sacerdote, outro ato que, alm de no ser previsto pelas normas litrgicas o que mostra sua proibio tcita, segundo o costume de interpretao da liturgia , demonstra-se estril, desprovido de qualquer sentido. Unir-se ao sacerdote para que? Para oferecer tambm o sacrifcio? Com que autoridade? A do Batismo, que confere aos fiis um sacerdcio comum, no suficiente, necessitando-se da autoridade do sacerdcio hierrquico conferido pela Ordem. Se no se pode falar a orao, tampouco fazer outro gesto com o mesmo objetivo.

O documento da Igreja que acompanha cada edio oficial do Missal em rito romano claro ao explicar o modo de escolha da Orao Eucarstica:

A escolha entre as vrias Oraes eucarsticas, que se encontram no Ordinrio da Missa, segue, oportunamente, as seguintes normas:a) A Orao eucarstica I, ou Cnon romano, que sempre pode ser usada, proclamada mais oportunamente, nos dias em que a Orao eucarstica tem o Em comunho prprio ou nas Missas enriquecidas com o Recebei, Pai, prprio, como tambm nas celebraes dos Apstolos e dos Santos mencionados na mesma Orao; tambm nos domingos, a no ser que por motivos pastorais se prefira a Terceira Orao eucarstica.b) A orao eucarstica II, por suas caractersticas particulares, mais apropriadamente usada nos dias de semana ou em circunstncias especiais. Embora tenha Prefcio prprio, pode igualmente ser usada com outros prefcios, sobretudo aqueles que de maneira sucinta apresentem o mistrio da salvao, por exemplo, os prefcios comuns. Quando se celebra a Missa por um fiel defunto, pode-se usar a frmula prpria proposta no respectivo lugar, a saber antes do Lembrai-vos tambm.c) A Orao eucarstica III pode ser dita com qualquer Prefcio. D-se preferncia a ela nos domingos e festas. Se, contudo, esta Prece for usada nas Missas pelo fiis defuntos, pode-se tomar a frmula especial pelo falecido, no devido lugar, ou seja, aps as palavras: Reuni em vs, Pai de misericrdia todos os vossos filhos e filhas dispersos pelo mundo inteiro.d) A Orao eucarstica IV possui um Prefcio imutvel e apresenta um resumo mais completo da histria da salvao. Pode ser usada quando a Missa no possui Prefcio prprio, bem como nos domingos do Tempo comum. No se pode inserir nesta Orao, devido sua estrutura, uma frmula especial por um fiel defunto. (Instruo Geral do Missal Romano, 365)

Alm dessas preces universais, existem outras para circunstncias especiais, compostas por diferentes conferncias episcopais e aprovadas pela Santa S. Cada uma delas seja usada conforme a necessidade (v.g., para crianas, para celebraes que enfatizem a reconciliao etc).

Evite-se, por isso, cair no uso de apenas uma das oraes, valorizando, sobretudo, o Cnon Romano, presente j na forma tradicional da Missa, dita tridentina, e preservada na reforma de Paulo VI.

Durante a Consagrao, obrigatrio o silncio! Infelizmente popularizou-se, especialmente por grupos de msica ligados espiritualidade da Renovao Carismtica Catlica, o costume de entoar cantos de louvor ao Santssimo Sacramento aps ou durante a Consagrao. Isso est terminantemente proibido! Nem mesmo acompanhamento instrumental permitido. silncio absoluto! Conferir Instruo Geral do Missal Romano, 32.

Pai Nosso

No se deve inventar letra ou orao alguma para substituir o Pai Nosso. Reze-se o Pai Nosso com o texto liturgicamente previsto, sem acrscimos ou omisses. Quando for cantado, tambm no permitido acrescentar nem omitir nada do texto aprovado nem o tristemente disseminado Pai Nosso que estais nos cus, Pai Nosso que estais aqui. A orao do Pai Nosso deve ser feita tal qual est no Missal, e no com uma letra diferente, ainda que s ligeiramente alterada.

S o sacerdote levanta as mos, pois est rezando em nome da comunidade. Dispensvel, pois, que os fiis as levantem. No h, entretanto, proibio expressa para isso, e muitos liturgistas experientes e bastante ortodoxos, como o Mons. Peter Elliott, consultor do Vaticano e autor de Cerimonies of the Modern Roman Rite (em espanhol, Guia Pratica de la Liturgia) e de Liturgical Question Box, no se posicionam contrrios a que os fiis tambm levantem as mos. Como a questo controvertida, somos da opinio de que, como tudo o que dispensvel em liturgia e que no esteja prescrito deve ser evitado, os fiis no as levantem.

No se pode, outrossim, dar as mos durante o Pai Nosso, como costume, infelizmente, em muitas parquias. Alm de no estar previsto no Missal, no h sentido algum em dar as mos, eis que no aponta para o ato sacrifical, alm de conferir um certo ar esotrico incompatvel com a F catlica. A origem da orao de mos dadas est nas devoes particulares, prprias de alguns movimentos, e, em si, lcita. Ocorre que a liturgia, por seu carter pblico, no ocasio propcia para que sejam utilizados elementos da piedade individual.

Rito da Paz

O Rito da Paz inicia-se logo aps o Embolismo do Pai Nosso. Tendo os fiis respondido Vosso o Reino..., o sacerdote celebrante reza: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apstolos: Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. No olheis os nossos pecados, mas a f que anima a vossa Igreja; dai-lhe, segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vs, que sois Deus, com o Pai e o Esprito Santo. (Missal Romano; Ordinrio da Missa; Orao da Paz) Essa orao, ao contrrio do que acontece em algumas parquias, dita somente pelo padre. Os fiis permanecem em silncio, anuindo ao desejo do sacerdote com seu Amm.

Feita prece, o celebrante, se for conveniente por condies de tempo, lugar e evento particularmente festejado , pode exortar a todos que se sadem transmitindo a paz do Senhor aos que esto participando da Missa. Usa, ento, alguma das frmulas de exortao ou alguma semelhante.

Cuide-se que o Rito da Paz no se torne desorganizado, com pessoas saindo de seus lugares e dando Santa Missa um aspecto pouco piedoso. A balbrdia e a baguna no devem ser parte da Celebrao Eucarstica. Qualquer disperso pode perturbar a devida devoo, que se requer para a frutuosa participao no sacramento a receber.

por esse motivo que as rubricas no prescrevem nenhum canto especfico para esse momento, nem prevem que possa ser entoada uma msica, como essas costumeiras que vemos por a, cantadas como se fossem cantos de paz. No h, liturgicamente falando, canto de paz, como no existe canto de glria.

Claro que, em situaes bem especficas e havendo justo motivo, a saudao do Rito da Paz pode ser acompanhada por algum canto, mesmo que no esteja previsto, desde que no favorea a disperso da comunidade e uma certa excitao dos fiis. Tal canto seja prudentemente escolhido e favorea a ato celebrado. Lembremos: s em ocasies isoladas! No se faa do canto de paz uma regra na Missa da parquia.

Avisos

H uma orao que, como o nome diz, no Orao depois dos Avisos, mas Orao depois da Comunho. Deve, portanto, ser feita logo aps a Ao de Graas, momento no qual o fiel deve deleitar-se da presena de Cristo em sua alma.

Os avisos e comunicaes, se necessrios, podem ser dados, pelo padre, durante a homilia, ou, por qualquer pessoa, aps a Orao depois da Comunho. Em algumas igrejas, os avisos so dados, erroneamente, antes dessa orao, o que est errado, visto que seu nome Orao depois da Comunho, e no Orao depois dos Avisos.

Paramentos

O Cnon 929 do Cdigo de Direito Cannico prescreve que se utilizem, obrigatoriamente, os paramentos descritos nas regras litrgicas. Na Missa, os paramentos utilizados pelo padre, so a alva, o amito, a estola, o cngulo, a casula e o manpulo; o Bispo, alm desses, utiliza a cruz peitoral e a mitra, alm de ter nas mos o bculo; o dicono usa alva, amito, estola, cngulo e dalmtica; o aclito, se estiver de batina, usa a sobrepeliz por cima, e, sem ela, apenas alva e cngulo. Os ministros ordenados coloquem a alva, que consiste em uma veste branca que reveste o corpo inteiro, e, se necessrio, o amito, pano quadrado utilizado para cobrir as partes da roupa no-litrgica que estiver por baixo da alva. Depois, devem vestir a estola (ao longo do corpo para os sacerdotes; transversa para os diconos), com a cor respectiva do tempo ou da festa. Segurando a estola para mant-la junto ao corpo, deve estar o cngulo, a no ser que a forma da alva dite o contrrio quando, por exemplo, j houver uma espcie de cngulo costurado quela. Por cima de tudo, deve estar a casula, com a cor correspondente, e que pode ser de duas formas, gtica e romana. O manpulo um pano que fica no punho do sacerdote, e tem a cor da casula e da estola; um paramento optativo depois da reforma do Vaticano II. O dicono, ao invs da casula, usa a dalmtica, que deve ter a cor do tempo ou da festa tambm.

Ao contrrio do que pensam alguns, a casula obrigatria! No bastam alva e estola! A casula a veste prpria do sacerdote, e simboliza a Cruz, a dignidade prpria do padre! Quem a aboliu de seus cultos foram os protestantes mais exaltados, para negarem o carter sacrifical da Missa. Se a Santa Missa a Cruz tornada presente, mesmo invisvel, a casula a torna visvel, por seu simbolismo. A casula remete ao sacrifcio!

Entretanto, quando a Missa for celebrada fora do recinto sagrado, i.e., em local que no seja uma igreja ou oratrio, h um indulto em alguns pases no Brasil, inclusive, por determinao da CNBB, decidida em sua 11a Assemblia Geral, e aprovada pela Santa S em 31 de maio de 1971 , para que se possa utilizar uma veste que seja um misto de alva e casula: a tnica. Ao invs de alva, amito, estola, cngulo e casula, pode ser usada, nesses casos, tnica e estola. Mesmo assim, uma opo que deve ser evitada na maioria dos casos, servindo apenas para quando houver dificuldade de conseguir as vestes apropriadas, quer pela distncia do local, quer por outros fatores pastorais.

Outrossim, quando a Missa for concelebrada por mais de um sacerdote, a obrigao de usar a casula s do celebrante principal, ou presidente. Os demais celebrantes no necessitam utilizar a casula, embora seja vivamente recomendvel que o faam, se possvel at com um feitio de casula diferente para o presidente da Santa Missa (uma sugesto que o sacerdote principal utilize paramentos romanos e os demais gticos, ou o contrrio).

O calor, contudo, no justifica o abandono da casula: usem casulas de tecido mais leve!

Em outros ritos litrgicos, a norma que, se estiver o ministro (Bispo, padre ou dicono) vestindo batina, coloque a sobrepeliz por cima, com a estola e o pluvial, e no estando com aquela, utilize alva, cngulo, estola e, se achar conveniente, pluvial capa magna; os aclitos vistam-se como de costume.

Na Exposio e Bno do Santssimo Sacramento, a regra diferente: durante a exposio, por cima do conjunto de alva, cngulo e estola, sem batina, ou de batina, sobrepeliz e estola, o sacerdote ou dicono que expuser o Santssimo pode usar pluvial; durante a bno, se ela for solene, i.e., com a Hstia consagrada no ostensrio, deve usar o pluvial, e se for simples, com a Hstia consagrada no cibrio, seu uso optativo; em qualquer das bnos, solene ou simples, deve ser usado o vu umeral por cima das outras vestes. Em algumas igrejas, os sacerdotes utilizam apenas o umeral, esquecendo o pluvial capa magna , ou o contrrio. Isso est errado!

Pode a estola ser colocada por cima da casula? No! A estola deve ser corretamente colocada sobre a alva e sob a casula, pois esta, como smbolo da caridade de Cristo alm de o ser da Cruz , deve cobrir o sacerdote, como Seu amor nos reveste totalmente. Alm disso, as rubricas dispem que seja assim.

possvel que o celebrante oferea a Santa Missa trajando a estola somente por cima da batina ou do hbito religioso, sem usar alva? Outro costume que est tristemente generalizado. A batina a veste cotidiana do sacerdote diocesano e de certas ordens e congregaes religiosas jesutas, legionrios de Cristo etc. O hbito, por sua vez, o equivalente da batina para os religiosos sacerdotes ou no da maioria das ordens e congregaes. Assim, h o hbito dos beneditinos, o dos dominicanos, o dos cistercienses, o dos redentoristas, o dos franciscanos, o dos capuchinhos, o dos carmelitas, o dos carmelitas descalos, o dos servitas, o dos agostinianos, o dos trapistas, e assim por diante. A funo do hbito ou da batina servir de vestimenta diria, e no de paramento propriamente litrgico: no para o uso nas cerimnias da Igreja, e sim para o trajar do dia-a-dia, podendo, alis, ser substitudo por camisa clerical com colarinho romano, estilo clergymen.

Em vista disso, se um sacerdote celebrar a Missa com a batina ou hbito como se fossem substitutos da alva, estar equivocado. J vi um sacerdote carmelita celebrar a Santa Missa sem alva, usando a estola e a casula diretamente sobre o hbito de sua ordem. Outra vez, vi um padre capuchinho celebrar da mesma forma, com a agravante de estar, inclusive, sem a casula: e ainda justificou o uso do hbito pelo fato de ser frade! Ora, nada mais errneo! Seu hbito para o uso cotidiano; na Missa, deve, por cima do hbito ou, no calor, no lugar dele , vestir a alva, e s depois a estola e a casula.

Nem mesmo os sacerdotes de ordens e congregaes que tenham hbito branco, ou diocesanos que tenham sua batina nessa cor, podem presumir que sua veste em vista de ser a mesma cor da alva substitua a alva. No h privilgio algum vigente, nem poderia haver!

Est reprovado o uso de celebrar, ou at concelebrar, s com a estola em cima da cgula monstica (nota do autor: i.e., hbito religioso), em cima da batina ou do traje civil. (Sagrada Congregao para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Instruo Liturgicae Instaurationes, 8 c)Como devem estar trajados os clrigos que, assistindo a Santa Missa, no a estejam celebrando? Se estiverem assistindo a Missa sem serem oficialmente convidados, da mesma maneira que simples fiis, basta que estejam com seu traje comum: batina, hbito do instituto religioso, camisa com colarinho romano clergyman. Do contrrio, se lhes for concedido um lugar de destaque, por alguma razo especial qualquer, por cima da batina devem usar sobrepeliz e, se quiserem, tambm barrete. Sendo Bispos, devem estar com o traje talar apropriado por cima da sobrepeliz. Os cardeais tm a batina e o traje talar vermelhos, como os Bispos e Monsenhores os tm de tom violceo ou batina preta com traje talar violceo.

Os clrigos que, estando presentes, desempenharem alguma funo litrgica, sem celebrarem, como no caso de ordenaes ou de auxlio na distribuio da Sagrada Comunho, devem, por cima da sobrepeliz, trajar a estola com a cor respectiva.

Presbitrio

No presbitrio, lugar sagrado por excelncia, evitem os fiis o trnsito regular. Se necessrio passar por ele faam a devida reverncia ao altar, e, se houver tabernculo, genuflexo, sempre!

Durante a Santa Missa, ficam no presbitrio somente o sacerdote, o dicono e os aclitos. Os ministros extraordinrios da Comunho Eucarstica s se aproximem do presbitrio quando necessrio nas ocasies permitidas e rarssimas, conforme j dissemos , e somente depois de o sacerdote ter comungado, se ele os chamar. Fiquem, portanto na nave da igreja, junto com os demais fiis. Os leitores e comentaristas tambm fiquem na nave, e s se aproximem do presbitrio no momento de executar suas funes.

Apresentaes artsticas e Santa Missa

Mesmo que, em algumas ocasies especiais, tenha presenciado apresentaes artsticas durante a Santa Missa, como uma pea de teatro encenada no Natal, isso no est correto. A Missa um ato real em que Cristo Se oferece por ns em sacrifcio ao Pai. a Cruz tornada presente. Por isso, no h lugar para eventos que no apontem para essa realidade: uma encenao, por exemplo, passaria a idia de tudo mero smbolo, quando, na verdade, os smbolos da Missa indicam e refletem algo vivo, o sacrifcio de Cristo.

As regras litrgicas, por essa razo, no permitem que a Santa Missa seja interrompida. Se um coral deseja se apresentar, ou um grupo de atores quer representar o Evangelho, faa-se fora da Missa, antes ou depois dela. E, para que se utilize o recinto da igreja, cuide-se que o presbitrio no seja usado como palco, respeitando o santurio, e tambm seja o proco ou reitor extremamente zeloso de que no se faa algazarra no recinto sagrado.

Material dos vasos sagrados

Os vasos sagrados sejam feitos de metal nobre. Se forem de metal oxidvel ou menos nobre do que o ouro, sejam normalmente dourados por dentro. (Instruo Geral do Missal Romano, 328)

Est excluda, portanto, a utilizao de vasos comuns, que possam ser facilmente confundidos com os de uso profano. Vidro e cristal esto proibidos. Nem a norma abaixo, que permite a confeco de vasos de outros materiais, pode ser invocada, pelos motivos que exporemos a seguir.

A juzo da Conferncia dos Bispos, com aprovao da S Apostlica, os vasos sagrados podem ser feitos tambm de outros materiais slidos e considerados nobres em cada regio; por exemplo, o bano e outras madeiras mais duras, contanto que convenham ao uso sagrado. Neste caso, prefiram-se sempre materiais que no se quebrem nem se alterem facilmente. Isso vale para todos os vasos destinados a receber as hstias, como patena, cibrio, tea, ostensrio e outros do gnero. (Instruo Geral do Missal Romano, 329)

Vidro, cermica e cristal se quebram... E mais: no so considerados nobres como o ouro no Ocidente.

Latim na liturgia

A lngua oficial para a celebrao da Santa Missa e de todos os atos litrgicos, no rito romano, em ambas as formas, tradicional (tridentina) e moderna (renovada), o latim. O Conclio Vaticano II, ao contrrio do que muitos pensam, no aboliu o uso do idioma latino, antes o incentivou. Salvo o direito particular, seja conservado o uso da Lngua Latina nos Ritos latinos. (Conclio Ecumnico Vaticano II. Constituio Sacrosanctum Concilium, 36, 1)

H, isso sim, uma permisso para que a Missa seja oferecida em vernculo, i.e., nas lnguas nacionais dos vrios pases. Pode-se, alm disso, dizer determinadas partes da Missa em latim e outras em vernculo.

Portanto, a regra que a Santa Missa, em rito romano, deva ser celebrada em latim, permitindo-se que seja oferecida em vernculo. Para tal, as conferncias episcopais devem traduzir os textos litrgicos do latim ao idioma ptrio e submeter essas verses para aprovao da Santa S Romana. Interessante celebrar ocasionalmente a Missa em latim na Diocese. Falamos da Missa Nova mesmo, do rito romano moderno, reformado por Paulo VI. Tambm a Missa chamada Tridentina, o rito romano tradicional, anterior ao Vaticano II, para cuja celebrao o Papa Joo Paulo II deu indulto mediante o Motu Proprio Ecclesia Dei, poderia ser oferecida, se conveniente e houver procura. Mas a Missa Nova em latim j um grande bem.