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JULIANA SILVEIRA MACIEL PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM DENTES PERMANENTES NA FAIXA ETÁRIA DE 6 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE NIOAQUE/MS. CAMPO GRANDE 2011

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JULIANA SILVEIRA MACIEL

PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM DENTES PERMANENTES NA FAIXA

ETÁRIA DE 6 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE NIOAQUE/MS.

CAMPO GRANDE

2011

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JULIANA SILVEIRA MACIEL

PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM DENTES PERMANENTES NA FAIXA

ETÁRIA DE 6 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE NIOAQUE/MS.

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito para conclusão do curso de Pós-Graduação (nível de especialização) em Atenção Básica em Saúde da Família. Tutor de Formação: Edílson José Zafalon

CAMPO GRANDE

2011

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JULIANA SILVEIRA MACIEL

PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM DENTES PERMANENTES NA FAIXA

ETÁRIA DE 6 A 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE NIOAQUE/MS.

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação (nível de especialização) em Atenção Básica em Saúde da Família.

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________________ Tutor de Formação Edílson José Zafalon

_________________________________________________ Tutora Especialista Maisse Fernandes de Oliveira Rotta

___________________________________________________ Orientadora de Aprendizagem Jacinta de Fátima Franco Machado

Campo Grande, ____ de ________________ de ______.

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Ao meu noivo pela sua compreensão e incentivo

para a realização deste trabalho, cuja frase o

identifica: “A autoconfiança é o primeiro

requisito para grandes realizações”.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, nosso Pai Eterno de amor e bondade, que nos ampara e ilumina.

Aos meus pais, que sempre me aconselham a lutar e seguir o caminho certo,

com amor e carinho.

Ao Professor Orientador, Edilson José Zafalon, que me ensinou a ver o que é

realmente o PSF, pelo seu apoio.

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RESUMO

Na maioria dos municípios brasileiros, a saúde bucal constitui ainda um grande desafio aos princípios do Sistema Único de Saúde. Dentro desse contexto, a cárie dentária ainda se configura em um dos principais problemas a serem equacionados. Apesar da importante redução nos níveis de cárie, é fundamental que esta doença continue sendo monitorada para acompanhar as tendências de sua evolução, assim como a avaliação de seus impactos. Este estudo tem como objetivo verificar a prevalência da doença cárie dentária em escolares, na faixa etária dos 6 aos 12 anos de idade, na cidade de Nioaque (MS), comparando os resultados coletados no âmbito regional e nacional e relacionando à meta proposta pela Organização Mundial de Saúde. Os valores obtidos para o CPO-D foram de 0,24 na idade de 6 anos, de 0,86 na idade de 7 anos, 0,96 na idade de 8 anos, de 0,97 na idade de 9 anos, de 1,1 na idade de 10 anos, de 1,07 na idade 11 anos e de 1,66 na idade de 12 anos. Foi possível observar que o índice CPO-D da cidade de Nioaque - MS se apresenta aquém das metas da OMS e os seus objetivos não foram alcançados. Em comparação aos resultados do âmbito nacional e regional, pôde-se observar que houve uma expressiva redução da prevalência de cárie em crianças de idade escolar, e os fatores apontados como prováveis responsáveis pelo declínio da cárie são a fluoretação das águas de abastecimento público no município e os programas preventivos. Palavras-chaves: Saúde Pública, Saúde Bucal, Programa de Saúde da Família.

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ABSTRACT

Oral health, in most cities is still a major challenge to the principles of the Unified Health System. Within this context, tooth decay is still configured in one of the major oral health problems to be solved. Despite the significant reduction in levels of caries, it is essential that this disease continues to be monitored to follow the trends of its evolution, as well as evolution of their impacts. This study aimed to determine the prevalence of dental caries in children aged 6 to 12 years of age in the city of Nioaque (MS) compared with the results colleted at the regional and national level and relate to the goal propused by the World Health Organization. Values of DMFT were 0,24 at the age of 6 years, 0,86 at the age 7 years, 0,96 at the age 8, from 0,97 at the age of 9 years, of 1,1 at the age of 10 years, from 1,07 at the age 11 years and 1,66 at the age of 12 years. It was observed that the DMFT index Nioaque City – MS presents itself short of the WHO and its objectives were not achieved. Compared to the results of national and regional levels, we observed that there was as significant reduction of caries prevalence in children of school age and the factors identified as likely responsible for the decrease in dental caries are the fluoridation of public water supplies in the country and the programs preventive. Key words: Public Health, Oral Health Program, Family Health.

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LISTA DE ABREVIATURAS

OMS Organização Mundial da Saúde

SUS Sistema Único de Saúde.

PSF Programa de Saúde da Família

DMFT Decayed/Missing/Filled Teeth - Indicador do perfil da saúde bucal, denominado em inglês

CPO-D Indicador do perfil da saúde bucal em português

CPO-D Dentes cariados, perdidos e obturados (dentes permanentes)

ceo-d Dentes cariados, extraídos e obturados (dentes decíduos)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................09

2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................11

3 OBJETIVO.........................................................................................................27

4 METODOLOGIA................................................................................................28

5 RESULTADOS..................................................................................................29

6 DISCUSSÃO.....................................................................................................30

7 CONCLUSÃO...................................................................................................33

REFERENCIAS...................................................................................................34

ANEXO 1.............................................................................................................37

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1 INTRODUÇÃO

Na maioria dos municípios brasileiros, a saúde bucal constitui ainda um

grande desafio aos princípios do Sistema Único de Saúde, principalmente no que se

refere à universalização e à equidade do atendimento. Dentro desse contexto, a

cárie dentária ainda se configura em um dos principais problemas a serem

equacionados. Entretanto, reduções significativas têm sido encontradas na

prevalência e na severidade da cárie dentária (GOMES et al., 2004).

Mensurar o estado de saúde de uma população é, portanto, uma tarefa

complexa, porém necessária, para que sejam feitos diagnósticos e realizadas

intervenções, assim como, avaliado o impacto produzido nessa população. Para

medir a incidência de cárie, foi criado um método de avaliação, que é aceito por toda

a comunidade internacional, como um indicador do perfil da saúde bucal,

denominado DMFT, em inglês, ou CPO-D, em português. É um índice recomendado

pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para medir e comparar a incidência de

cárie dentária em populações, em que seu valor expressa a média de dentes

cariados, perdidos e obturados (CARVALHO; DOLIVEIRA, 2008; CYPRIANO,

SOUSA e WADA, 2005).

No Brasil, o primeiro levantamento ocorreu em 1986 pelo Ministério da Saúde

e, de lá pra cá, aconteceram mais três experiências em nível nacional (1996, 2000 e

2003) que foram consideradas cercadas de deficiência e dificuldade pela falta de

total padronização nos levantamentos de dados (CARVALHO; DOLIVEIRA, 2008).

Entretanto, nos últimos anos, tem sido observada uma redução no índice do

CPO-D em nível nacional e, principalmente, em localidades socioeconomicamente

mais desenvolvidas, provavelmente devido à expansão da fluoretação da água de

abastecimento público em algumas regiões, além da disponibilidade de dentifrícios

fluoretados no país a partir de 1989.

Durante décadas, a política de saúde bucal no Brasil foi centrada na

prestação de assistência à doença, mas ainda uma grande parcela da população

brasileira não tem acesso a cuidados odontológicos. Pela Portaria nº 1.444 de 28 de

dezembro de 2000, o Ministério da Saúde estabelece incentivo financeiro para a

reorganização da atenção à saúde bucal dos municípios (BRASIL, 2000).

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Inseriu-se assim, a Odontologia no programa e, consequentemente, a

possibilidade de ampliar e reorientar a atenção odontológica no Brasil (OLIVEIRA;

SALIBA, 2005).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A CÁRIE DENTÁRIA

A cárie dentária é uma doença infecciosa e transmissível que resulta da

colonização da superfície do esmalte por micro-organismos, especialmente os

Streptococcus mutans que, metabolizando carboidratos fermantáveis (sacarose, p.

ex.), produzem ácidos. Essa acidez localizada, provocada pela disponibilidade de

açúcar, leva à dissolução do fosfato de cálcio das camadas superficiais da estrutura

de esmalte, liberando fosfato e cálcio para o meio bucal. A partir de um determinado

momento essa perda de mineral atinge tal grau que observa-se a formação de uma

cavidade (NARVAI, 2000).

A cárie dentária é uma doença multifatorial que, para desenvolver-se,

necessita da interação em condições críticas de três fatores primários representados

pelo hospedeiro portador de dentes susceptíveis, colonização bucal por micro-

organismos cariogênicos e consumo freqüente de carboidratos fermentáveis

(CORTELLI et al., 2004).

Nos dias atuais, embora seja uma doença de alta prevalência, seu controle é

perfeitamente viável e pode-se almejar sua erradicação, se as ações corretas forem

tomadas (LAURIS, 2006).

2.2 O SUS E O PSF

Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, ficam

definidos os princípios que devem nortear o novo sistema: a universalidade, a

equidade, a descentralização, a hierarquização e a participação comunitária, por

meio de controle social, trazendo um grande desafio para a saúde bucal coletiva,

que é reformular suas práticas para responder às diretrizes do SUS (OLIVEIRA;

SALIBA, 2005).

Na maioria dos municípios brasileiros, a saúde bucal constitui ainda um

grande desafio aos princípios do Sistema Único de Saúde, principalmente no que se

refere à universalização e à equidade do atendimento (SILVA et al., 2009).

Em 1994, como estratégia de reestruturação do SUS, foi criado o Programa

de Saúde da Família (PSF), mas a Odontologia não foi incluída imediatamente

12

neste, visto que sua inclusão só ocorreu 6 anos após, motivada pela situação

caótica da saúde bucal da população brasileira, através da assinatura da Portaria

1.444 de 28/12/2000, pelo Ministro da Saúde José Serra. Essa inclusão visava ao

aumento da cobertura de atendimento odontológico no Brasil, através da

implantação de ações e serviços de saúde bucal na atenção básica. A saúde

brasileira passou por muitas mudanças. A principal foi a criação do Sistema Único de

Saúde (SUS), em 1988, com o principal objetivo de corrigir a prática “hospital-

dependente”, que tanto desagradava à população, e possibilitar um acesso mais

democrático a ações e serviços de saúde (SILVA, 2010).

2.3 SAÚDE BUCAL PARA TODOS

Quando se fala em qualidade de vida da população, a saúde bucal adquire

maior importância; assim, é essencial a busca de mecanismos que ampliem o

âmbito de suas ações e viabilizem mudanças no perfil epidemiológico brasileiro. A

luta pela saúde bucal está diretamente vinculada à melhoria de fatores

condicionantes sociais, políticos e econômicos, o que referenda a responsabilidade

e dever do Estado em sua execução (OLIVEIRA; SALIBA, 2005).

A saúde bucal da população brasileira tem sido pouco analisada ao longo dos

anos e o conhecimento desta é de fundamental importância para a elaboração de

políticas de saúde (MARTINS et al., 2005).

A saúde bucal é um importante integrante da saúde dos indivíduos,

proporcionando uma comunicação efetiva, uma alimentação variada e, sobretudo,

aumento da qualidade de vida, autoestima e convívio social. Os levantamentos

básicos de saúde bucal fornecem uma base importante para estimar o estado atual

de saúde bucal de uma população e suas necessidades futuras aos cuidados de

saúde bucal, sendo um importante instrumento para o planejamento de ações de

promoção de saúde. Além disso, a condição de higiene bucal, e não somente a

presença da doença, pode permitir um conhecimento da população no que tange ao

controle de placa dentária e à educação em saúde (SILVA et al., 2010).

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2.4 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE SAÚDE BUCAL

Os levantamentos epidemiológicos são importantes para o conhecimento da

prevalência e tipologia das doenças bucais, podendo, a partir de dados coletados,

planejar, executar e avaliar ações de saúde. Para a realização destes

levantamentos, o estabelecimento de uniformidade metodológica de critérios e de

procedimentos facilita a viabilização de sua reprodução, validade e confiabilidade

nas mesmas condições, em qualquer situação ou lugar, por profissionais da área de

Saúde Bucal ou Saúde Coletiva. Os examinadores devem estar bem familiarizados

com os critérios de diagnóstico utilizados, além de devidamente calibrados e

treinados (OLIVEIRA et al., 1998).

No Brasil, o primeiro levantamento nacional revelou alta prevalência de cárie

em todas as idades, no ano de 1986. Entretanto, nos últimos anos, tem sido

observada uma redução no índice CPO-D em nível nacional, e principalmente em

localidades socioeconomicamente mais desenvolvidas, provavelmente devido à

expansão de fluoretação da água de abastecimento público, em algumas regiões,

além da disponibilidade de dentifrícios fluoretados no país, a partir de 1989. Na

região Centro-Oeste, o índice de cárie (CPO-D) aos 12 anos de idade foi igual a 8,5

em 1986 e 5,4 em 1993, apresentando-se acima da média do país (FREIRE et al.,

1999).

No primeiro estudo epidemiológico de saúde bucal de abrangência nacional,

realizado em 1986 pelo Ministério da Saúde, detectou-se que a cárie dentária atingiu

um índice CPO-D de 6,7 aos 12 anos de idade, sendo a prevalência superior a 90%.

Esta situação era distanciada da meta preconizada pela Organização Mundial da

Saúde (OMS) para o ano de 2000 (CPO-D aos 12 anos de idade menor ou igual a

3,0). Entretanto, um estudo mais recente (1996) apontou significativa queda da

severidade de cárie aos 12 anos no País, apresentando um CPO-D médio de 3,1 e

prevalência de 75% (TRAEBERT et al., 2001).

Quando os três levantamentos epidemiológicos brasileiros são analisados

mais detalhadamente, observa-se uma tendência à polarização na distribuição da

doença, isto é, os valores mais altos do CPO-D concentram-se em um reduzido

número de indivíduos. Em 1996, um levantamento epidemiológico de saúde bucal

(cárie dental), realizado em todas as capitais brasileiras, apontou um CPO-D médio

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de 3,06 aos 12 anos de idade, o qual estava bastante próximo da meta estabelecida

para o ano de 2000 pela OMS (CPO-D ≤ 3,0 aos 12 anos) (CARDOSO et al., 2003).

Houve uma queda expressiva na prevalência da cárie dentária, devido aos

múltiplos fatores, entre os quais se identifica a fluoretação das águas de

abastecimento público, os dentifrícios fluoretados e os programas preventivos. As

metas propostas pela OMS-FDI para o ano de 2010 foram: índice CPO-D aos 12

anos menor que 1 e 90% das crianças de 5 anos de idade livres de cárie (NARVAI,

CASTELLANOS e FRAZÃO, 2000; GOMES et al., 2004; CORTELLI et al., 2004).

No Brasil, o levantamento epidemiológico em saúde bucal, realizado pelo

Ministério da Saúde, em 1986, revelou CPOD (dentes cariados, perdidos e

obturados) de 6,65 aos 12 anos de idade; dados que, na época, colocaram o país

dentre os que apresentavam as maiores prevalências de cárie do mundo. Em 1996,

o CPOD aos 12 anos de idade passou de 6,65 para 3,06, revelando um declínio de

53,9% nos dados médios observados. Esse segundo levantamento epidemiológico,

realizado em escolares de 6 a 12 anos de idade, também demonstrou para a

dentição permanente uma correlação direta entre aumento do índice CPOD e

aumento da idade. Em relação às expectativas mundiais, a Organização Mundial da

Saúde havia estipulado como meta para o ano de 2000 um índice CPOD aos 12

anos igual a 3. Embora satisfatório nesse ano, para 2010 a Instituição preconizou

CPOD menor que 1 em crianças com idade inferior a 12 anos, estabelecendo

também como meta a ausência total de cáries em 90% das crianças entre 5 e 6 anos

de idade (NARVAI, CASTELLANOS e FRAZÃO, 2000; GOMES et al., 2004;

CORTELLI et al., 2004).

Os levantamentos mais recentes com abrangência nacional foram realizados

em 1986, 1993 e 1996, e permitiram identificar uma expressiva redução da

prevalência de cárie em crianças de idade escolar (MELLO; ANTUNES, 2004).

No ano 2000, o Ministério da Saúde iniciou a discussão sobre um amplo

projeto de levantamento epidemiológico que avaliasse os principais agravos em

diferentes grupos etários e que incluísse tanto a população urbana como a rural.

Esse projeto, hoje identificado como SB Brasil (Condições de Saúde Bucal na

População Brasileira), teve início em 1999, com a criação do Subcomitê responsável

pela elaboração e execução do Projeto. Em 2001, foram realizados estudos piloto

em duas cidades dos diferentes portes populacionais: Canela, no Rio Grande do Sul,

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e Diadema, em São Paulo. A realização do levantamento envolveu a participação de

várias instituições e entidades odontológicas (BRASIL, 2004).

Três grandes levantamentos epidemiológicos nacionais foram realizados,

visando a retratar a saúde bucal da população, sendo conhecida a importância

destes estudos para a implementação de políticas assistenciais (GARCIA;

MENEZES, 2005).

Foram investigados os principais pontos dos quatro levantamentos de base

nacional, realizados em 1986, 1993, 1996 e 2003. O último foi considerado mais

abrangente, sendo investigadas várias condições, de forma inédita, com destaque

para as questões subjetivas (MARTINS et al., 2005).

A epidemiologia da cárie dentária é necessária para se estabelecer sua

prevalência, evolução ao longo do tempo, grupos sociais mais afetados e verificação

da eficácia dos métodos adotados para seu controle (LAURIS, 2006).

2.5 REDUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE CÁRIE E AÇÕES DE PREVENÇÃO

Estudos epidemiológicos têm demonstrado alteração nos padrões de cárie

nas diferentes regiões do mundo. Na maioria dos países desenvolvidos, tem havido

um declínio na prevalência e severidade da doença, provavelmente graças ao

aumento da exposição ao flúor e a modificações no padrão e na quantidade de

consumo de açúcar, associados à melhoria nas condições de vida, maior acesso aos

serviços odontológicos e ampliação das ações de promoção e educação em saúde

bucal (FREIRE et al., 1999).

A descoberta do efeito preventivo do flúor transformou, ao longo do século, no

principal agente utilizado no enfrentamento da doença em todo o mundo. Em vários

países e também no Brasil, produtos fluorados têm sido apontados como os

principais responsáveis pelo declínio observado na prevalência da cárie (NARVAI,

2000).

A maior exposição da população brasileira ao flúor da água e dos dentifrícios

fluoretados tem sido apontada como principal responsável pela redução da

prevalência de cárie. Os fatores apontados como prováveis responsáveis pelo

declínio na prevalência de cárie no Brasil são: o aumento e a universalização da

exposição das pessoas ao flúor em suas variadas formas de aplicação, com

destaque especial para a água de abastecimento e os dentifrícios fluoretados, a

16

maior ênfase nas atividades de promoção de saúde, a melhoria nas condições

globais de saúde e qualidade de vida e a mudança nos critérios de diagnóstico de

cárie. No entanto, certas comunidades brasileiras não foram beneficiadas da mesma

maneira por esse implemento na saúde bucal, pois existem determinadas

características presentes nestes locais, como ausência de fluoretação da água de

abastecimento, falta de acesso a programas preventivos e baixo nível sócio-

economico-cultural, que tornam as pessoas suscetíveis a concentrarem níveis mais

elevados da doença (CARDOSO et al., 2003).

O aumento da exposição ao flúor também é um fator de grande relevância no

controle da cárie dentária. Independente da fonte, a exposição ao flúor associada a

outras medidas preventivas podem se responsáveis por um relativo controle de

lesões cariosas. Considerando que os fatores etiológicos principais da cárie dentária

compreendem hospedeiro susceptível, microbiota cariogênica e substrato

acidogênico interagindo em condições críticas em um determinado período de tempo

(CORTELLI et al., 2004).

Por se tratar de doença disseminada na população, a estratégia de controle

da cárie mais adequada é a coletiva, e dentre as ações mais efetivas na prevenção

desta doença, destacam-se os métodos educativos que visam à adequação de

hábitos de higiene e alimentação da população. Além disso, outras ações de saúde

pública, como a fluoretação das águas de abastecimento público e controle do flúor

em dentifrícios, bebidas e alimentos agem como complemento para sua não

ocorrência (LAURIS, 2006).

O Paraná oferece acesso a, aproximadamente, 85% da população à água

fluoretada e por meio de um programa para escolares, iniciado em 1980, incentiva o

bochecho com flúor e escovação dentária semanal nas escolas, em todos os

Municípios do Estado (CARVALHO; DOLIVEIRA, 2008).

O hábito da escovação dentária é adquirido durante o processo de

socialização da criança, devendo ser ensinado nos estágios iniciais da infância, a fim

de tornar-se uma tarefa rotineira e de fácil execução (SILVA et al., 2010).

2.6 SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA NA SAÚDE BUCAL

Em países subdesenvolvidos, não tem ocorrido redução do comprometimento

da saúde dentária, uma vez que a condição sócio-econômica da população parece

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exercer influência direta na prevalência da doença, ressaltando a necessidade de

mudanças sociais, e não apenas modificações de hábitos individuais (CORTELLI et

al., 2004).

As desigualdades sócioeconômicas resultam em efeitos sobre a saúde geral e

saúde bucal. Comunidades caracterizadas por grandes desigualdades apresentam

mais problemas de saúde bucal que aquelas nas quais as desigualdades são

menores. Indivíduos com baixa renda possuem mais problemas de saúde bucal e

usam menos os serviços odontológicos, quando comparados a indivíduos com

melhores condições econômicas pela dificuldade de acesso aos serviços públicos

(SILVA et al., 2009).

A cárie dentária é uma doença bastante prevalente, principalmente em

comunidades com carências sócioeconômicas (SANTOS, 2010).

2.7 METAS DA OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE)

Para o ano de 2010 foram divulgadas novas metas em saúde bucal relativas à

cárie dentária; entre tais metas, há duas que se referem às crianças e definem que

aos 5 anos, 90% das crianças devem estar livres de cárie e que aos 12 anos o

CPOD seja menor que 1% (NARVAI, 2002, NARVAI, CASTELLANOS e FRAZÃO,

2000; GOMES et al., 2004; CORTELLI et al., 2004).

As metas em saúde bucal para o ano de 2000 preconizam que 50% das

crianças de 5 anos de idade estariam livres de cáries; aos 12 anos de idade, CPO-D

menor e/ou igual a 3,0; aos 18 anos, 85% com todos os dentes presentes na boca;

na faixa de 35-44 anos, 75% com 20 ou mais dentes presentes na boca; e entre 65 e

74 anos, 50% com 20 ou mais dentes presentes na boca. Apesar das controversas,

existem metas em saúde bucal para o ano de 2010, dentre elas: aos 5 anos, 90%

livres de cárie; CPO-D menor que 1, aos 12 anos; aos 18 anos de idade, todos os

dentes presentes na boca; entre 35 e 44 anos, 20 ou mais dentes, em 90% da

população e, no máximo 2% de desdentados; e entre 65 e 74 anos, no máximo 5%

de desdentados (SILVA et al., 2010).

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2.8 CÁRIE DENTÁRIA NO BRASIL (1980-2003)

Foi analisada a evolução da experiência de cárie dentária entre escolares

brasileiros, no período de 1980 a 2003, além de determinar a distribuição da cárie e

o acesso dessa população ao tratamento da doença. A experiência de cárie em

dentes permanentes de escolares brasileiros foi identificada na idade índice de 12

anos, de acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os

valores de CPOD indicaram um nível alto de cárie dentária, nos anos 1980,

declinando para um nível moderado nos anos 1990. Em 2003, o valor do CPOD

ainda era moderado (2,8). Entre 1980 e 2003, o declínio nos valores do CPOD foi de

61,7%. A porcentagem de escolares com CPOD igual a zero aumentou de 3,7% em

1986, para 31,1% em 2003. Por outro lado, enquanto no segmento menos atingido

pela doença (CPOD de 1 a 3), o índice de cuidados aumentou de 26,3% em 1986,

para 34,7% em 2003, no segmento com CPOD de 4 a 5 o índice de cuidados caiu

de 50,2% em 1986, para 39,3% em 2003. No segmento com CPOD de 6 ou mais, o

índice de cuidados se manteve estável (28%). Aproximadamente 20% da população

passou a concentrar cerca de 60% da carga de doença (NARVAI et al., 2006).

2.9 DADOS DE CPO-D NO BRASIL

No ano de 1994, na cidade de Paulínia, Estado de São Paulo, realizou-se um

levantamento epidemiológico de cárie dentária com o intuito de comparar a atual

prevalência com os dados de um estudo prévio de 1980. Foram examinados 1.416

escolares de 7 a 14 anos de idade, de ambos os sexos por 10 dentistas previamente

calibrados, utilizando os índices CPOD e CPOS. Verificou-se que houve uma queda

da prevalência de cárie em 67,8% em relação aos dados de 1980. Observou-se uma

inversão dos componentes do índice CPOD: em 1980, prevalecia o componente

cariado (69,5%), enquanto que o componente obturado prevaleceu, em 1994 (79%).

Em 1994, o índice CPOD variou de 0,4 aos 7 anos de idade até o máximo de 4,3

aos 14 anos. Os componentes extraídos e a extração indicada praticamente

desapareceram, no ano de 1994 (MOREIRA, PEREIRA e OLIVEIRA, 1996).

Foi feita uma amostra constituída por 1.419 escolares de 6 a 12 anos de

idade, de ambos os sexos, que freqüentavam 25 escolas públicas na zona urbana

de 9 municípios do interior do Estado de Goiás. A percentagem de escolares livres

19

de cárie foi muito baixa em todas as idades, sendo 4,4% aos 12 anos. O índice

CPO-D variou de 0,41 aos 6 anos a 5,19 aos 12 anos. O índice ceo-d, nesta faixa

etária, variou de 4,93 a 0,29. As necessidades de tratamento superaram as

necessidades atendidas, tanto na dentição decídua quanto na permanente. A alta

prevalência de cárie em escolares do interior de Goiás sugere a necessidade de se

implantar medidas educativas e preventivas em saúde bucal que intervenham nos

reais determinantes da doença na população (FREIRE et al., 1999).

Foi estudada a evolução da prevalência de cárie em dentes permanentes da

população infantil do Município de São Paulo, SP, no período de 1970-1996, com

base no levantamento epidemiológico, em escolares das redes públicas de ensino.

Foram examinados 2.491 escolares de 103 unidades das redes de ensino público e

privado. Foi observada uma situação de prevalência “muito alta’ de cárie dentária,

nos anos 60 e 70, a população de referência evoluiu na idade índice de 12 anos,

para um quadro de “baixa” prevalência. Entre 1986 e 1996, o declínio na cárie

dentária aos 12 anos de idade, foi de 68,2% entre os escolares do Município de São

Paulo. O primeiro estudo científico sobre a situação de cárie dentária em escolares

de São Paulo foi publicado em 1970, quando foi encontrado o valor de 6,91 para o

índice CPO-D na idade índice de 12 anos. Em 1983, um outro levantamento foi feito

pela Secretaria Municipal de Educação, entre escolares da rede municipal de

ensino, quando o valor detectado foi de 7,53. Em 1986, foi realizado outro

levantamento, sob supervisão do Ministério da Saúde, quando o valor foi de 6,47. A

cárie dentária apresentava uma prevalência muito alta; desde então, foi verificada a

tendência de declínio com o CPO atingindo o valor de 2,06 aos 12 anos de idade.

No período 1986-1996, esse declínio foi expressivo: 68,2%. Tendo em vista as

metas da OMS-FDI para o ano de 2000, destaca-se que 73,7% da população

registraram, aos 12 anos, valores menores ou iguais a 3 para o índice CPO. Foi

admitida a validade do índice CPO como instrumento adequado para estimar a

prevalência de cárie, ainda que algumas mudanças nos critérios, utilizados nos

diferentes estudos, possam implicar diferenças nos resultados. Não se conhece a

relevância dessas diferenças, pois não se dispõe de pesquisas brasileiras sobre o

assunto. Tampouco, tem sido relatadas pesquisas dirigidas ao desenvolvimento de

fatores de correção para tais diferenças, de modo a permitir comparações entre os

valores. Admite-se que são válidos e confiáveis os valores obtidos em cada um dos

levantamentos, independente das características dos seus planos amostrais, e que,

20

tais valores refletem a situação da cárie nos períodos mencionados. Importa

salientar que nos anos 70 e início dos 80, era maior a prevalência da doença entre

escolares, as técnicas de exame epidemiológico preconizavam a utilização vigorosa

da sonda exploradora em fóssulas, fissuras e espaços proximais. Tal recomendação

foi abandonada a partir do final dos anos 80 (NARVAI, CASTELLANOS e FRAZÃO,

2000).

Foi investigada a prevalência e a severidade da cárie dentária e as

necessidades de tratamento em escolares de 6 e 12 anos de idade, comparando-se

os alunos de escolas públicas com os de privadas. Foi estudada a população de

escolares do município de Blumenau, SC, a partir de uma amostra de 1.473

escolares, representativa de quatro estratos: escolares de 6 anos de escolas

públicas, de 6 anos de escolas privadas, de 12 anos de escolas pública e de 12

anos de escolas privadas. A prevalência de cárie da dentição decídua, em escolares

de 6 anos, foi de 60,9% em escolas públicas e de 34,9% em escolas privadas. O

índice CEO-D, aos 6 anos de idade, foi de 2,98 em escolas públicas, 1,32 em

privadas e 2,42 na população estudada (média ponderada entre .escolares da rede

pública e privada). Já aos 12 anos de idade, em escolas públicas, o componente do

índice CPO-D com maior peso foi o restaurado (O): 64,3%. Na idade da 12 anos, em

escolas públicas, pôde-se constatar que 53% não apresentaram qualquer

necessidade de tratamento. A prevalência de cárie na dentição permanente, em

escolares de 12 anos, foi de 54,7% e o índice CPO-D foi de 1,46 para as escolas

públicas. A baixa taxa de resposta em escolas privadas, referente ao estrato de 12

anos de idade, inviabilizou o relato dos resultados para este estrato (TRAEBERT et

al., 2001).

Foi realizado um estudo para conhecer a prevalência e severidade da cárie

dental e a necessidade de tratamento odontológico na população escolar de 6 a 12

anos de idade, em dois pequenos municípios brasileiros, São João do Sul (n= 803) e

de Treviso (n= 382), ambos situados em Santa Catarina. As prevalências de cáries

encontradas foram 62,1% em São João do Sul e 63,6% em Treviso. Os índices

CPO-Ds foram de 1,91 para São João do Sul e de 1,84 para Treviso. Em ambos os

municípios a principal necessidade foi de tratamento simples, principalmente o

restaurador (TRAEBERT et al., 2002).

Foi realizado um estudo que apresenta dados de cárie dentária e fluorose em

sete municípios representativos da região de Sorocaba, São Paulo, Brasil, que

21

possuem ou não flúor nas águas de abastecimento público. Obteve-se o resultado

de 37,6% de crianças livres de cárie, aos 5 anos (ceod=0) e o índice ceod foi de 3,1.

Aos 12 anos, 32,3% dos escolares tinham CPO-D =0 e o índice CPO-D foi de 2,6,

sendo a região considerada de baixa prevalência de cárie. Nos municípios com água

fluoretada, a proporção de crianças livres de cárie, aos 12 anos, foi maior (p=0,019)

e o índice ceod foi menor (p= 0,001). A prevalência de fluorose nas crianças

examinadas foi de 12,7%, estando dentro dos limites aceitáveis, segundo o índice de

fluorose dentária da comunidade (CYPRIANO et al., 2003).

Foi avaliada a distribuição da cárie em uma população de 437 crianças, com

idades entre 6 e 12 anos, residentes em uma cidade sem sistema de fluoretação da

água de abastecimento e sem programa odontológico preventivo, podendo, com

isso, orientar futuras ações de saúde com melhor desempenho no que diz respeito à

relação custo-efetividade. Foi realizado exame clínico em todas as crianças para

avaliação dos índices CPO-S e ceo-s, o que representa o número de superfícies

dentárias cariadas, perdidas, restauradas ou com extração indicada. A análise de

freqüência acumulada da doença em relação à frequência acumulada da população

mostrou que 37% das crianças concentravam 70% da doença, com um ceo-s +

CPO-S médio de 28,6. Essa distribuição evidencia o fenômeno da polarização, no

qual uma pequena parcela da população concentra a maior parte da doença e das

necessidades de tratamento (CARDOSO et al., 2003).

No ano de 2000, realizou-se um levantamento epidemiológico em Paulínia,

São Paulo, Brasil, com o objetivo de verificar a prevalência dos problemas de saúde

bucal, utilizando-se o índice CPO-D e os critérios de diagnóstico da Organização

Mundial da Saúde. A amostra foi probabilística e totalizou 1.151 indivíduos, nas

diferentes faixas etárias. Em crianças de 5 anos de idade, o índice ceod foi de 1,90,

com 54,2% de crianças sem experiência de cárie. Aos 12 anos o CPOD foi de 1,0,

com 46,4% de crianças livres de cárie. A prevalência de fluorose nos escolares foi

de 30,5%, e a maioria dessas crianças apresentou fluorose muito leve (22,9%). A

prevalência de opacidades e hipoplasias foi de 9,1%. Entre os adultos examinados,

o índice de cuidados foi de 55,4 e em média 21,3 dentes apresentaram experiência

de cárie. Nos idosos o CPOD foi ainda mais elevado (29,50), sendo composto

predominantemente por dentes extraídos (93,0 %) (GOMES et al., 2004).

Foi mensurada a prevalência de cárie dentária em escolares residentes na

área rural de Itapetininga, São Paulo, Brasil. Uma única dentista efetuou o exame

22

bucal de 291 crianças, de 5 a 12 anos em escolas rurais, seguindo os critérios da

Organização Mundial da Saúde. Características sócioeconômicas e hábitos das

crianças foram informados pelos pais ou responsáveis. Dados secundários relativos

aos escolares da área urbana foram utilizados para análise comparativa. Os índices

de cárie observados foram: ceo-d (5 anos) de 2,63 e CPO-D (12 anos) de 2,45. O

componente cariado correspondeu a 85,6% do ceo-d e 34,2% do CPO-D, indicando

a menor utilização de serviços odontológicos pelas crianças com cáries na dentição

decídua. A baixa incorporação no tratamento odontológico restaurador, nas crianças

de cinco anos de idade, é indicativo da falta de conhecimento dos pais sobre a

importância da dentição decídua. A prevalência de cárie foi mais elevada na área

rural que na área urbana de Itapetininga (MELLO; ANTUNES, 2004).

Foi avaliado o risco de cárie em escolares de nível sócioeconômico baixo e

com acesso limitado a serviços odontológicos. Neste estudo foram incluídas 211

crianças de 6 a 11 anos de idade. Deve-se salientar que 185 crianças realizavam a

escovação sem supervisão dos pais ou responsáveis, e 31 crianças usavam a

mesma escova dentária com outro membro da família. Algumas crianças escovavam

os dentes uma única vez ao dia e apenas 7 crianças não possuíam escova dentária

e não realizavam a escovação. O valor médio do índice CPOD para a população

estudada foi de 5,1 e os valores médios para as crianças de 6 anos foi de 4,66; para

as crianças de 7 anos foi de 5,56; para as crianças de 8 anos foi de 5,73; para as

crianças de 9anos foi de 5,2; para as crianças de 10 anos foi de 4,42; e para as

crianças de 11 anos de idade foi de 4,37. De acordo com os dados microbiológicos,

165 crianças apresentaram baixo risco de cárie (CPOD = 4,9) e 46 risco

intermediário (CPOD = 6) (CORTELLI et al., 2004).

Na região Centro-Oeste, o índice de cárie (CPO-D), aos 12 anos de idade, foi

igual a 8,5 em 1986 (Ministério da Saúde, 1988) e 5,4 em 1993, apresentando-se

acima da média do País (OLIVEIRA; SALIBA, 2005).

A polarização da doença cárie tem sido observada em muitos países, onde se

verifica que o declínio da experiência de cárie é desigual e mais evidente nos grupos

privilegiados da sociedade. A Organização Mundial de Saúde previa como meta

para o ano de 2000 uma prevalência de 50% de crianças livres de cárie na faixa

etária de 5-6 anos de idade. A implemantação de programas de atenção precoce é

uma alternativa viável já que seus resultados positivos, em relação à redução da

23

cárie dentária, vêm sendo claramente demonstrados na literatura (GARCIA;

MENEZES, 2005).

No período compreendido entre os anos de 1998 e 2001, realizaram-se

levantamentos epidemiológicos em saúde bucal em 30 municípios localizados na

região de Campinas, Estado de São Paulo. Os municípios foram divididos de acordo

com a escala de severidade que sugere o índice CPOD aos 12 anos, utilizado como

um indicador do estado de saúde entre diferentes populações. Tal escala indica uma

prevalência muito baixa, quando o CPOD varia de 0 a 1,1; baixa prevalência,

quando a variação é de 1,2 a 2,6; prevalência moderada, quando o intervalo é de 2,7

a 4,4; prevalência alta, quando varia de 4,5 a 6,5; e muito alta, quando o CPOD é

igual ou maior que 6,6. Considerando a média CPOD, em cada localidade,

obtiveram-se três grupos de prevalência (baixa, moderada e alta); um município foi

considerado de prevalência muito baixa (n= 125), 13 municípios foram classificados

como sendo de baixa prevalência de cárie, totalizando 1.141 exames bucais. Foram

considerados como moderada prevalência de cárie, 14 municípios (n=1.018) e dois

municípios foram classificados como alta prevalência de cárie (n= 188). Nenhum

município apresentou CPOD ≥6,6 e assim não se obteve amostra para a prevalência

muito alta. Excluíram-se os escolares do município de prevalência muito baixa, pois

o tamanho da amostra não foi suficiente para as amostras. Foram selecionados

dados epidemiológicos de 2.378 escolares de 12 anos de idade, verificando-se o

CPOD em cada localidade, para os quais foram estimados os índices simplificados.

A correlação entre o índice CPOD e os índices simplificados variou de 0,82 a 0,95

(p<0,05). Não foram observadas diferenças significantes (p>0,05) entre as médias

do índice CPOD com o índice simplificado “CPO em 2 hemiarcos” nas prevalências

estudadas, o que não ocorreu com o “CPO em 6 dentes”. A proporção de dentes

cariados, perdidos e obturados também foi semelhante entre o “CPO em 2

hemiarcos” e o CPOD (p>0,05) (CYPRIANO et al., 2005).

A experiência de cárie de pré-escolares da rede pública foi comparada à

privada da cidade do Recife-PE. Foram examinados 2.651 pré-escolares, sendo

1.338 pertencentes à rede pública e 1.313 à rede privada de ensino. Foi observado

um aumento do índice de cárie com a idade e as crianças de 3 a 5 anos, inseridas

na rede pública, foram aquelas que demonstraram um maior comprometimento da

saúde bucal, considerado o ceod (p < 0,0001). A maior prevalência de cárie foi em

pré-escolares da rede pública, em especial na idade de 5 anos (59,92%). Foi

24

observado um maior percentual de crianças acometidas por cárie nas escolas

públicas, e nas instituições particulares registrou-se um baixo índice de ceod,

provavelmente pelo maior acesso desta população a cuidados precoces. Este fato

reflete a polarização da doença cárie, ou seja, uma concentração maior da doença e

das necessidades de tratamento em uma parcela da população. A experiência de

cárie em pré-escolares está condicionada ao fator idade e nível socioeconômico,

numa relação em que maior a idade e pior o nível socioeconômico, maior a

prevalência de cárie (GARCIA; MENEZES, 2005).

Foi analisada a evolução da experiência de cárie dentária entre escolares

brasileiros, no período de 1980 a 2003, e determinada a distribuição de cárie e o

acesso dessa população ao tratamento da doença. Foi empregado o índice de

dentes permanentes cariados, perdidos e restaurados (CPOD). Os valores de CPOD

indicaram um nível alto de cárie dentária nos anos 1980, declinando para um nível

moderado nos anos 1990. Em 2003, o valor do CPOD ainda era moderado (2,8)

(Figura 2). Entre 1980 e 2003, o declínio de valores do CPOD foi de 61,7%. A

percentagem em escolares com CPOD igual a zero aumentou de 3,7% em 1986,

para 31,1% em 2003. Por outro lado, enquanto no segmento menos atingido pela

doença (CPOD de 1 a 3), o índice de cuidados aumentou de 26,3% em 1986, para

34,7% em 2003. No segmento com CPOD de 4 a 5 anos, o índice de cuidados caiu

de 50,2% em 1986, para 39, 3% em 2003. No segmento com CPOD de 6 ou mais, o

índice de cuidados se manteve estável (28,0%). Aproximadamente 20% da

população passou a concentrar cerca de 60% da carga de doença. Um declínio

relevante do CPOD foi observado no período do estudo, sendo a hipótese

explicativa mais plausível a elevação no acesso à água e ao creme dental fluorados

e às mudanças nos programas de saúde bucal coletiva (NARVAI et al., 2006).

Foram avaliadas as diferenças na experiência de cárie em escolares de 4 a

14 anos de idade, no meio urbano e meio rural da cidade de Igaratinga, Minas

Gerais. Foram examinadas 744 escolares, sendo que a análise dos dados permitiu

observar a relação estatisticamente significativa do índice de cárie dentária nas

diferentes regiões (rural e urbana). Observou-se que o ceo-d e o CPO-D menos

elevados eram na área urbana, que possuía água fluoretada. O ceo-d e o CPO-D

médios foram de 1,13 e 0,8 respectivamente para a área urbana. Para a área rural a

média do ceo-d foi de 1,71 e do CPO-D foi de 2,06. Nesse caso, sublinha-se a

importância da fluoratação das águas de abastecimento público (SILVA et al., 2009).

25

A população do estudo foi constituída por moradores ribeirinhos e não

indígenas, das margens dos rios Machado e Preto, que situam-se nos limites dos

municípios de Porto Velho e Machadinho do Oeste, na região Norte do estado de

Rondônia. Foram avaliadas as seguintes condições: cárie dentária decídua e

permanente (ceo-d e CPO-D), Índice de Performance de Higiene Oral (Personal

Hygiene Performance) e Índice Periodontal Comunitário (IPC). Foram avaliadas as

condições dentárias de 237 indivíduos, distribuídos da seguinte maneira: 4 a 5 anos

(n=55); 12 anos (n=51); 18 anos (n=41); 35 a 44 anos (n=67); e 65 a 74 anos (n=23).

Observou-se entre 4 e 5 anos de idade, índice ceo-d 4,30 (± 3,48) e 19,64% livres de

cárie; aos 12 anos de idade, CPO-D 2,65 (± 3,01) e 30,76% livres de cárie; aos 18

anos de idade, CPO-D 5,41 (± 5,33) e 19,51% livres de cárie; entre 35 e 44 anos,

CPO-D 17,74 (± 8,61) e 2,98% livres de cárie; entre 65 e 74 anos, CPO-D 21,56

(11,95) e 4,34% livres de cárie. Quanto ao Índice de Performance de Higiene Oral,

observou-se que a educação em saúde bucal traz melhores condições de higiene,

haja vista a queda acentuada na maioria das comunidades estudadas. No Índice

Periodontal Comunitário, notou-se uma queda entre os valores do índice, porém

ainda com elevada presença de cálculo e também de quadrantes excluídos (SILVA

et al., 2010).

Foi verificada a prevalência de lesões de cárie em pré-escolares e escolares

do município de Piracicaba, estado de São Paulo, além de investigar os

determinantes sociais de saúde, possivelmente associados. Foram examinados

escolares de 5 e 12 anos, provenientes de escolas da rede pública e da rede privada

de ensino. O número amostral foi de 596 crianças. Foram examinadas 408 crianças

de 5 anos e 188 escolares de 12 anos. Na dentição decídua, o índice ceod, aos 5

anos, foi de 1,65 (dp = 2,51), sendo que 51,5 estavam livres de lesões de cárie.

Observou-se que os componentes de maior relevância para a determinação da

prevalência de cárie dentária foram: dentes cariados (73,38%), seguidos de

obturados (23,37%) e extraídos (3,25%). Nos escolares de 12 anos de idade, o

CPOD foi de 1,88 (dp = 2,41), sendo que 43,1% estavam livres de lesões cariosas.

Na dentição permanente, os componentes de maior relevância para a determinação

da prevalência do índice foram: dentes obturados (60,84%), seguidos de dentes

cariados (37,76%) e dentes perdidos (1,40%) (CATANI et al., 2010).

Foi verificada a prevalência de cárie dentária em 1º molar em crianças de 6 a

12 anos de idade, no bairro do Novo Jockey, situado na cidade de Campos dos

26

Goytacazes-RJ. A amostra constituiu-se de 27 crianças, em sua maioria com um

perfil socioeconômico carente. Os resultados obtidos identificaram que 74% das

crianças tem pelo menos 1 molar permanente cariado e que 26% não tem nenhum

molar permanente cariado. Ressalta-se que o tamanho da amostra do estudo (27) é

pouco significativa, pois infelizmente, esta pesquisa foi afetada pela suspensão do

Programa de Saúde da Família, o que inviabilizou a coleta de mais dados (SANTOS,

2010).

2.10 LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO EM MATO GROSSO DO SUL

O levantamento epidemiológico, realizado pela Divisão de Saúde Bucal da

Secretaria de Estado de Saúde, em Campo Grande-MS, em 1992, revelou que o

CPO-D médio, dos escolares de 12 anos da rede estadual, foi de 6,9; enquanto o

levantamento epidemiológico, realizado pela Divisão da SESAU, do município de

Campo Grande, no mesmo ano, apontou que o índice CPO-D médio, dos escolares

de 12 anos da rede municipal, foi de 3,3 atingindo um CPO-D médio de 5,1 dentes

comprometidos pela cárie (PMCG, 1992; MS, 1992). O Plano Municipal de Saúde da

PMCG relatou que a SESAU do município, realizou o seu último levantamento

epidemiológico em 1999, encontrando, aos 12 anos, um índice CPO-D de 2,56,

apresentando uma redução de 25,8% em relação aos dados encontrados no

levantamento também realizado pela SESAU, em 1996, quando o índice era de 3,45

aos 12 anos (FRANCELINO, 2006).

Foram examinadas 240 crianças, de ambos os sexos, matriculadas na Rede

Pública de Ensino do Município de Campo Grande-MS, 12 anos de idade, no

período de 2000 a 2005. O CPO-S atingiu valores de 3,65; 4,26 e 4,25 e CPO-S

8,35; 9,11 e 9,09 superfícies com experiência de cárie dentária, respectivamente

para os grupos com cinco anos e três anos de assistência (FRANCELINO, 2006).

27

3 OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

- Verificar a prevalência da doença cárie dentária em escolares, na faixa

etária dos 6 aos 12 anos de idade.

- Comparar os resultados coletados no âmbito regional e nacional.

3.2 Objetivo Específico

- Analisar os resultados da cidade de Nioaque (MS) e relacionar os dados

levantados à meta proposta pela Organização Mundial de Saúde.

28

4 METODOLOGIA

O levantamento epidemiológico foi realizado no ano de 2010, em escolares

matriculados nas escolas públicas da rede estadual e municipal de ensino da zona

urbana do município de Nioaque, Estado de Mato Grosso do Sul. Com a finalidade

de obter-se um grupo representativo da população escolar, foi utilizada uma amostra

aleatória, constituída por 1.020 escolares de ambos os sexos, com faixa etária de 6

a 12 anos, sendo de 6 anos (n=114), 7 anos (n=136), 8 anos (n=150), 9 anos

(n=160) 10 anos (n=155), 11 anos (n=157) e 12 anos (n=148).

O município de Nioaque apresenta o abastecimento de água fluoretada. Os

escolares são expostos ao flúor em suas variadas formas, como bochechos

semanais, escovação com flúor, distribuição de dentifrícios fluoretados pelo

programa do governo Brasil Sorridente e recebem, também o incentivo de cuidados

à saúde bucal através de palestras educativas.

A condição de saúde bucal dos escolares de Nioaque, foi verificada através

do índice CPO-D (cariados, perdidos e obturados), referente à necessidade de

tratamento da dentição permanente de 6 aos 12 anos de idade (ficha 1). Os exames

foram realizados no pátio das escolas, sob luz natural indireta, utilizando-se espelho

bucal plano e sonda exploradora número 5.

A equipe de coleta de dados foi constituída por uma cirurgiã-dentista, na

qualidade de examinadora, e uma assistente de saúde bucal (ASB), na qualidade de

anotadora, que participaram previamente de treinamento e calibração.

29

5 RESULTADOS

Os valores obtidos para o CPO-D, em Nioaque são: na idade de 6 anos foi de

0,24; na idade de 7 anos foi de 0,86; na idade de 8 anos foi de 0,96; na idade 9 anos

foi de 0,97; na idade 10 anos foi 1,1; na idade 11 anos foi de 1,07; e na idade de 12

anos foi de 1,66 (Gráfico 1). Observa-se que, para todas as idades, os níveis estão

aquém das metas propostas para o ano de 2010, pela OMS e não foram atingidas

as metas.

As expectativas mundiais da Organização Mundial da Saúde havia estipulado

como meta para o ano de 2010 um índice CPOD menor que 1 em crianças com

idade inferior a 12 anos, estabelecendo também como meta a ausência total de

cáries, em 90 das crianças entre 5 e 6 anos de idade.

Gráfico 1 – Distribuição do índice CPO-D em crianças de 6 a 12 anos do município de Nioaque – MS.

0,24

0,860,96 0,97

1,1 1,07

1,66

0

0,5

1

1,5

2

CPO-D

6 anos

7 anos

8 anos

9 anos

10 anos

11 anos

12 anos

30

6 DISCUSSÃO

Com a inserção do profissional cirurgião-dentista no PSF, passou-se a

realizar um novo modelo de atuação sobre os problemas de saúde bucal da

população, visto que houve uma reestruturação na atenção primária. Pelo fato de a

Odontologia não estar presente desde o início do Programa, foram acarretados

vários prejuízos no processo de integralização dos profissionais correlacionados,

assim como pode ter determinado formas variadas no processo de implantação das

equipes de saúde bucal (SILVA, 2010).

No Brasil, as pesquisas que documentam as condições de saúde bucal do

pré-escolar ainda estão sendo feitas e divulgadas em quantidade pouco expressivas.

Isto provavelmente ocorre devido a pouca importância reservada à dentição decídua

em relação à permanente. Este fato se torna mais grave, pois é sabido que a

experiência de cárie na dentição decídua tem sido citada como forte preditor da

experiência de cárie da dentição permanente. A incidência de cárie nas crianças da

cidade de Recife tem seu início precocemente e aumenta com a idade,

provavelmente pelo incremento de número de dentes e tempo de exposição aos

fatores determinantes da doença. A polarização da doença cárie tem sido observada

em muitos países, onde se observa que o declínio da experiência de cárie é desigual

e mais evidente nos grupos privilegiados da sociedade (GARCIA; MENEZES, 2005).

Constatou-se que foram alcançadas as metas de saúde bucal, propostas pela

OMS, para o ano de 2000, nas idades de 5, 12 e 18 anos, aproximando-se da meta

para 2010, aos 12 anos, e comparando-se a padrões internacionais no que se refere

também ao tratamento da cárie dentária. Deve-se destacar a importância do

conhecimento das condições de saúde bucal e o planejamento das ações

odontológicas, devendo o Sistema Único de Saúde garantir a promoção de saúde, a

intervenção precoce e a reabilitação das doenças bucais (GOMES et al., 2004).

A despeito da melhora, a distribuição da cárie ainda é desigual. Os dentes

atingidos por cárie passaram a se concentrar numa proporção menor de indivíduos.

Ademais, não se alterou a proporção de dentes cariados não tratados. A redução

das disparidades socioeconômicas e medidas de saúde públicas, dirigidas aos

grupos mais vulneráveis, permanecem como um desafio para todos que formulam e

implementam as políticas públicas no Brasil (NARVAI et al., 2006).

31

O controle de fatores relacionados com o desenvolvimento e progressão da

doença cárie, tais como consumo de sacarose, presença de micro-organismos

específicos, condição socioeconômica, acesso a serviços odontológicos e hábitos

dos indivíduos é de fundamental importância para se obter uma redução significativa

dos níveis de CPOD (CORTELLI et al., 2004).

Muitas vezes, as áreas rurais brasileiras apresentam piores indicadores de

renda, saneamento básico e níveis de escolaridade que as respectivas áreas

urbanas, acredita-se que isto possa configurar um importante polo de concentração

para os agravos à saúde bucal. Pouco conhecimento se tem a respeito do

comportamento das principais doenças bucais nos pequenos municípios brasileiros,

notadamente aqueles eminentemente rurais. A dieta está mudando nas áreas rurais

do Brasil, em função do maior acesso aos produtos industrializados e ao açúcar, o

que pode provocar um aumento na prevalência de cárie dentária nessas populações

(MELO; ANTUNES, 2004).

Os dados coletados neste estudo indicaram apenas uma das cinco metas

para o ano de 2000, sendo que nenhuma das metas para o ano de 2010 foram

atingidas: aos cinco anos de idade, apenas 2 crianças (dentre 19 examinadas)

apresentaram o ceo-d zero, perfazendo 10,53%; aos 12 anos de idade, o CPO-D foi

de 2,65%; aos 18 anos de idade, 46,34% apresentaram todos os dentes presentes

na boca; entre os indivíduos de 35 a 44 anos de idade, apenas 29,85%

apresentaram 20 ou mais dentes na boca; e 34,32% são desdentados totais (n= 23);

entre 65 e 74 anos de idade, apenas 17,30% apresentaram 20 ou mais dentes na

boca, sendo 52,17% desdentados totais (n=12) (SILVA et al., 2010).

Embora o município apresente um baixo índice CPO-D, a participação do

componente dente cariado, na composição do valor total, reflete a dificuldade dos

serviços assistenciais em assegurar o completo atendimento às necessidades das

crianças de 6 a 12 anos de idade. Tais características epidemiológicas traduzem os

entraves encontrados pelo sistema de saúde para tornar realidade os princípios

constitucionais da universalização e equidade das ações e serviços de saúde,

também na área odontológica.

No Brasil, estudos pioneiros realizados nos anos 50 e 60 colaboraram na

eficácia preventiva da fluoretação das águas. No período de 1986 a 1996, com 42%

da população recebendo água fluoretada, a queda da prevalência da cárie entre

crianças de 12 anos de idade foi de 53%. Além da água fluoretada, também os

32

dentifrícios são amplamente utilizados como veículos para uso de flúor em saúde

pública (NARVAI, 2000). É provável que muitas das diferenças apontadas sejam

decorrentes do modelo de atenção e do impacto das medidas propostas em cada

área geográfica, como por exemplo, a fluoretação da água, do creme dental e o

acesso aos serviços de assistência odontológica (BRASIL, 2004).

As distribuições dos valores do CPO-D apontam para a importância de se

identificar grupos populacionais, epidemiologicamente mais vulneráveis, dando-se

ênfase aos procedimentos coletivos nos locais onde esses índices se apresentam

mais elevados. A redução da cárie no país não se deu de maneira homogênea na

população, com o passar do tempo, é que houve uma maior desigualdade na sua

distribuição (NARVAI, CASTELLANOS e FRAZÃO, 2000; LAURIS, 2006).

Nos levantamentos epidemiológicos, é necessário, no entanto, que haja rigor

metodológico que garanta reprodutibilidade, validade e confiabilidade, e que haja

uniformidade de procedimentos para permitir comparações nacionais e

internacionais. É preciso classificar as crianças integrantes de um programa coletivo,

a fim de que as de menor risco recebam um contingente menor de ações, e as de

maior risco, um conjunto mais abrangente; com isso, a execução de ações coletivas

precisam ser constantemente reavaliadas (FRANCELINO, 2006).

Assim, comparando os resultados obtidos no município de Nioaque (MS), a

prevalência de cárie dentária em Sorocaba (SP) é baixa, tendo como referência a

escala da severidade da OMS. Nos municípios com flúor na água de abastecimento

público, verificaram-se melhores condições de saúde bucal. Foi encontrada uma

diferença significante entre as médias do CPOD dos municípios que apresentavam

flúor na água de abastecimento público (CPOD médio aos 12 anos de 5,05) em

relação aos que não apresentavam (CPOD de 5,95). (CYPRIANO et al., 2003).

33

7 CONCLUSÃO

Foi possível observar que o índice CPO-D da cidade de Nioaque – MS- se

apresenta aquém das metas da OMS e os seus objetivos não foram alcançados. Em

comparação aos resultados do âmbito nacional e regional, pôde-se observar que

houve uma expressiva redução da prevalência de cárie em crianças de idade escolar

e os fatores apontados como prováveis responsáveis pelo declínio da cárie são a

fluoretação das águas de abastecimento público e os programas preventivos

adotados no município.

Com isso, sugere-se a necessidade de implantar e incentivar maiores ações

educativas e preventivas na saúde bucal de Nioaque para diminuir esse índice e

intervir nos determinantes da doença na população.

34

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35

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ANEXO 1

FICHA 1

SUPERINTENDÊNCIA DE EPIDEMIOLOGIA E VIGILÂNCIA EM SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE BUCAL

FICHA PARA O LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTAL Levantamento Epidemiológico / _______/ 2010

ESCOLA:

MUNICÍPIO: NIOAQUE/MS DATA:______/_______/_________

EXAMINADOR/ANOTADOR

Nº NOME C O E EI H

1

2

3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

38

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33

______ANOS ______________________(CD RESPONSÁVEL)