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cada vez mais raparigas no sis- tema de ensino, elas têm melhores notas, licenciam-se em áreas inédi- tas e são a maioria nos doutora- menlns. O debate internacional es- aceso. A hora delas chegou e a situação dos rapazes no sistema de ensino está a deixar sociólogos e especialistas em educação preocu- pados. Queixam-se de que os rapa- zes estão a ficar para trás, que o modelo de escola em vigor não res- peita as suas características e que é preciso ajudá-los. Depois de 150 anos a lutar pela igualdade de gé- nern como quem diz, a balaltrar para que as mulheres tivessem idênticos direitos de educação e ci- dadania , o ar do tempo é outro. Será que, afinal, são os homens o sexo frágil, e que, no futuro, tere- mos de criar (juolas para os defen- der da hegemonia feminina? A Organização para a Coopera- ção e Desenvolvimento Económico não tem dúvidas sobre as diferentes capacidades cognitivas de rapazes e raparigas: eles são melhores em ma- temática e elas lêem melhor. A OC- DE sublinha no relatório sobre a "I- gualdade de Género na Educação, Emprego e Empreendedorismo" de 2011, que as diferenças de comporta mento também existem, reconhe- cendo, contudo, ser difícil separar o que é inato do que decorre da apren- dizagem e repetição de estereóti- pos. Mas os factos têm muita força: "Em média, as raparigas têm melho- res notas e ultra passam em número os rapazes nas licenciaturas." As mulheres vão para os cur- sos de humanidades e de saúde (71%, segundo a OCDE) e os homens para as licenciaturas de matemáti cas c. 1 engenharias (75%). "'0 género

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Há cada vez mais raparigas no sis-

tema de ensino, elas têm melhores

notas, licenciam-se em áreas inédi-

tas e são a maioria nos doutora-

menlns. O debate internacional es-

tá aceso. A hora delas chegou e a

situação dos rapazes no sistema de

ensino está a deixar sociólogos e

especialistas em educação preocu-pados. Queixam-se de que os rapa-zes estão a ficar para trás, que o

modelo de escola em vigor não res-

peita as suas características e queé preciso ajudá-los. Depois de 150

anos a lutar pela igualdade de gé-nern — como quem diz, a balaltrar

para que as mulheres tivessem

idênticos direitos de educação e ci-

dadania —,

o ar do tempo é outro.

Será que, afinal, são os homens o

sexo frágil, e que, no futuro, tere-

mos de criar (juolas para os defen-

der da hegemonia feminina?

A Organização para a Coopera-

ção e Desenvolvimento Económico

não tem dúvidas sobre as diferentes

capacidades cognitivas de rapazes e

raparigas: eles são melhores em ma-

temática e elas lêem melhor. A OC-

DE sublinha no relatório sobre a "I-

gualdade de Género na Educação,

Emprego e Empreendedorismo" de

2011, que as diferenças de comportamento também existem, reconhe-

cendo, contudo, ser difícil separar o

que é inato do que decorre da apren-

dizagem e repetição de estereóti-

pos. Mas os factos têm muita força:"Em média, as raparigas têm melho-

res notas e ultra passam em número

os rapazes nas licenciaturas."

As mulheres vão para os cur-

sos de humanidades e de saúde

(71%, segundo a OCDE) e os homens

para as licenciaturas de matemáti

cas c.1 engenharias (75%). "'0 género

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cum determinante significativo naescolha do campo de estudo", cons-

tata a organização, alertando que

as diferenças de género têm pesa-das consequências nas carreiras e

fuluras remunerações. Tanto que,

sublinha, apenas 12% das mulheres

europeias ocupam postos de dcci

são. A OCDE diz ainda que a igual-dade de género na participação no

sistema educativo foi alcançada na

maior parle dos 34 países que anali-

sa. Mas se o acesso igualitário pre-domina, o tratamento de ambos os

sexos pelo sistema educativo gera

divergências.As maiores polemicas aconte

cem nos países anglo-saxónicos e

vêm de trás. Já em 1693, o filósofo

fohn Loeke queixava-se das po-bres capacidades linguísticas dos

rapazes ingleses, quando compara-das com as das raparigas de então.

Mas a primeira vez que realmente

soaram os alarmes quanto ao te-

ma foi na década de 90 do século

passado, tendo sido classificado,

em 1996, pelo inspetor de escolas

do Reino Unido como "um dos

mais pcrlurbanles problemas do

sistema educativo".

( ) "New York 'limes" publicoueste ano um artigo intitulado "Os

rapazes estão atrás", citando um es-

tudo sobre o comportamento de

5800 crianças do jardim de infân-

cia ao 5" ano em que se verificou

que os rapazes receberam notas in

feriores ao que os testes revela

vam. Porque1/ Porque comporta

vam-se pior, influenciando a deci-

são dos professores, diz a pesquisa.Christina Sommers, autora do

artigo no "NYT" c do livro "A Guerra

Contra os Rapazes", propõe uma

mudança do sistema educativo pa-ra ajudar os alunos do sexo masculi-

no a ultrapassai' as suas dificulda-

des. Sugere que os Estados Unidos

sigam os exemplos de britânicos, ca-

nadianos e auslralianos, que cria

ram programas para ajudar os rapazes a serem mais organizados e em

ponhados, através da escolha detex

tos que lhes despertem maior inte-

resse (ficção científica, fantasia, des-

porl o, espionagem e batalhas), crian-

do mais pausas nos horários escola-

res, contratando mais professores

do sexo masculino e adotando salas

separadas por género. No Reino

Unido, foi criada a iniciativa "Edu

cando Rapazes", paia combater os

maus resultados escolares masculi-

nos e uma das medidas foi jusla-

mente a possibilidade de separar as

salas de aulas conforme o género.

Arme Marie Slaughtcr cho

rou a opinião pública ao publicarum artigo, há um ano, sobre a im-

possibilidade feminina de conju-

gar as vidas profissional e familiarde forma satisfatória. Agora, a ex-

-adjunta de I lillary Clinton, que es-

tá a escrever um livro com o titulo

de "Igualdade Real", defendeu a

criação de um "movimento mascu

lino" em prol da participação equi

librada deles na divisão de tarefas

domésticas e nos cuidados paren-tais, sem que isso signifique uma

estigmatização social dos homens.

PORTUGAL ATENTOPor cá, não ficamos alheios á ten

dência internacional. Há muito

mais raparigas a completar o secun-

dário (67,8%), com ensino superior(16,9% contra 12,4% dos rapazes) e

até nos doutoramentos (55,4% dos

doul orados são mulheres). Por ou

tro lado, há mais homens a abando

nar o sistema de ensino (27,1% con

tra 14,'!% de mulheres).

O pediatra Mário (.'ordeiro re-

conhece que as meninas têm vanta-

gens no atual modelo de ensino. "C-

las têm maior capacidade de projetarem se no futuro, adiar a recom

pensa, gerem melhor e de forma

mais metódica as tarefas, o que faz

com que, comparativamente ao

imedialismo e ao 'pensamenlo bási-

co' dos rapazes e à grande dificulda-

de deles em se estruturar cm ter

mos de organização e responsabili

dade, tenham, desde o primeiroano, uma atitude em sala de aula

mais estruturada e assertiva E, as-

sim, elas têm melhores resultados."

As notas mais altas decorrem

lambem, segundo Mário Cordeiro,

"da maior rapacidade de atenção e

consequente melhor absorção porparte delas do que é dado em aula.

Porque os rapazes têm o cérebro do

'eaçador-guerreiro', o que faz com

que se concentrem num determina-

do objetivo ou alvo e facilmente se

desconcentrem e dispersem, esti

mulados por outros fenómenos, co

mo barulhos, vozes e até a imagina

ção c o mundo interior". O pediatradiz que este comportamento é tão

mais evidente quanto mais artificial

for o ambiente educativo, como "as

escolas atuais, colocadas em meios

de tipo urbano e não no meio de

um campo". TA segundo Mário Cor

deiro, eles "perdem o fio á meada e

ou desistem cie seguir a aula e refu-

giam-se no mundo interior ou co-

meçam a desinquietar os colegas

porque o professor se (ornou umaseca". O modelo de testes de múlti-

pla escolha também não favorece a

forma masculina de raciocinar. "F.s

tas avaliações são desenhadas parao cérebro feminino, rapaz de enten

der a pergunta e cotejá-la com as

respostas, sem perder de vista ne-

nhuma, enquanto o rapaz lê uma

pergunta e, à medida que vai vendo

as possibilidades de resposta, pode

trocar o enunciado e não consegue

comparar globalmente tão bem di

versas hipóteses", explica.

F, "mais tarde, quando começaa 'competição' para a entrada na uni-

versidade, ê determinante o fado de

elas estarem dois anos e meio, em

média, mais avançadas que eles em

termos de maturidade", afirma Má

rio Cordeiro, não podendo ser mais

claro na avaliação: "Perdoe me a cx

pressão, mas o que temos é uma

competição entre 'mulheres' e pu-tos." Alerta que, sobretudo num con-

texto de crise, "as escolas têm de es

tar atentas à questão do género c, se

por um lado, os direitos, deveres, au

tonomia c responsabilidade devem

ser iguais, as pessoas são diferentes

e o sistema de ensino/aprendiza-

gem deve ter cm conta este aspetodo desenvolvimento da criança".

"Concordo com a ideia de queos rapazes estão a ficar para trás",

diz Pedro Strecht, pedopsiquiatrae presidente do conselho diretivo

da Casa da Praia. Na sua opinião, a

causa é o precoce amadureeimen

to físico c psicológico das rapari

gas: "Em geral, elas entram na puherdade entre os 10 c 12 anos, en

quanto eles adiam as transforma-

ções até aos 12/13 anos."

Explica que a questão biológi-ca "traduz-se numa melhor defini-

ção da personalidade das rapari

gas, o que vai de encontro ao queas escolas do sistema português de

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ensino exigrm: rapacidade dr: or

ganização, retenção c memoriza

cão da informação. K áreas mais ff

sicas, de criatividade e expressão,

em que os rapazes costumam ser

muito compelenles, são secundari-

zadas". Situação que, segundo o pe-

dopsiquiatra, só se agrava com as

novas alterações curriculares.

A maioria das queixas de difi

culdades escolares e de comportamento vêm de rapazes, levando os

às consultas de saúde mental. A cx

poriência clínica tem mostrado a

Strecht que são recorrentes as situa-

ções em que os rapazes se queixamde não estar bem na escola: "Por-

que, dizem eles, têm Ires a tudo, me-

nos a Educação Física e Educação

Visual, mas que estas disciplinas

não contam". Também as famílias,

diz, enfatizam a necessidade de

bons resultados a Matemática e Por

tuguês, com um investimento nes-

tas matérias desproporcional em

relação às demais. Pedro Strecht

crilica também a decisão de refor-

çar o tempo letivo, em detrimento

de espaços informais como o re-

creio. "Houve uma formalação do

ensino que exige maior concentra

ção no trabalho. K 90 minutos de

aulas expositivas são excessivos pa

ra a capacidade de concentração,sobretudo dos rapazes", explica.

ELES NUM LADO, ELAS NOUTRO

Já José Morgado, psicólogo educa-

cional e professor do ISPA (Institu-

to de Ciências Psicológicas, Sociais

e da Vida), acredita que o retomo

da discussão sobre o género no sis

tema educativo visa legitimar a ten

ciência que já se verifica em alguns

países anglo-saxónicos do retorno

ao ensino diferenciado, com esco-

las separadas para rapaces e rapari-

gas. "O que está realmente provadoé que existem estilos cognitivos di-

ferenles denlro de um mesmo gé

nero e que a origem familiar é o

maior fator diferencial. Não tenho

nada que me leve a acreditar que o

género, só por si e sem dúvida, seja

um condicionante do sucesso esco-

lar", defende. Explica que as diferen-

ças se acentuam com a idade, até

porque, "a sociedade pressiona" e,

contrário ao sistema de quotas ou a

outros mecanismos administrati

vos de apoio, sublinha que não se

pode isolar a diferença. Para per

guntar: "1 leveriam estar separados

nas universidades e tio trabalho?"

Quando o assunto é diferençade género no sistema educativo é

recorrente invocar as escolas de

ensino diferenciado. Em Portugalexistem quatro colégios religiosos

que adotaram esta linha educaliva

c grande polemica se tem levanta

do devido à decisão govemamental de acabar com a separação de

género nos colégios militares. Ksta

é uma questão controversa, mas o

direlor do Liceu Camões, porexemplo, defende que turmas mis-

tas, "sem maiorias de qualquer gé-

nero", são a melhor solução.

João Jaime concorda que há

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mais indisciplina nas turmas com

mais rapazes, mas afirma que "se

ria um atraso civilizacional voltar

ao ensino diferenciado". Sobre os

resultados, diz que as diferençasnão são gritantes. "O que a esrola

tem de ter é condições para apoiar

os alunos com dificuldades, de quesexo sejam, impedindo o abandono

escolar", que afeta muito mais rapazes que raparigas. E quanto às dife

renças de comportamento, o dire-

tor do Camões diz que "elas são

muito competitivas, eles mais des-

contraídos". Para alertar: "A escola

ainda é multo conservadora, nos

horários, procedimentos, currícu-

los c na disposição da sala de aula.

Devia acompanhar o seu tempo."

"ESSE NÂO, SOTÔRA!"

f, na sala de aula que as diferençasestudadas pelos especialistas trans-

formam-se em realidade. Diana

Pais, professora de Português com

experiência no ensino público c

privado do 5° ao 12 a anos, conta um

caso que a marcou. Um aluno do 7a

ano linha de escolher um livro pa-ra inlerprelar e, peranle as opções,tardava em decidir, então ela pró-

pria acabou por sugerir um título.

A resposta foi rápida: "Ó sotôra,

mas esse é de raparigas! Não podeser!" Diana Pais aproveitou para

promover a discussão na turma:

"Mas exislem livros de rapazes e

outros rle raparigas?" Y, ouviu a ex-

plicação: os deles têm de ter ação,

suspense, luta, os delas, estimulam

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a fantasia. Como professora de

uma disciplina que considera "for

mativa e estruturante", esta profes-sora lamenta que o Português fi-

que limilado à questão do género.E ela própria aluna de um estabele-

cimento do ensino diferenciado

atêao9 s ano não lem dúvidas: 'ja-mais separa los. Ate acredito que

haja diferenças de ritmo cognitivo,

mas a mais valia de participar no

pequeno laboratório do mundo

real, que é a sala de aula, é muito

mais importante."Duranle (rês meses, em 2006,

a socióloga Maria do Mar Pereira

comportou se como uma aluna de

uma turma de 8 a ano de uma esco

Ia em Lisboa. De mochila às costas,

ia todos os dias às aulas e partilha-

va os intervalos com os estudan

tes, passando cm media oito horas

diárias com eles. Como resultado

nasceu "Fazendo Género no Re-

creio", um livro sobre as estraté-

gias de afirmação dos rapazes e ra-

parigas em ambiente escolar. O ob-

jeto da pesquisa desta professoraauxiliar de Sociologia e Estudos de

Género na Universidade de Warwick (Reino Unido) era verificar co

mo os conceitos de masculinidade

e feminilidade são negociados na

interação dos jovens e concluiu

que as fronteiras de género são re-

sultado de uma construção diária.

Maria do Mar percebeu que

"alguns dos rapazes chegavam a es

condor o estudo que faziam cm ca

sa e davam respostas incorretas

nos testes para encaixar nos ideais

de masculinidade colctivos, por

que as normas gerais e os outros

rapazes não valorizam os bons re-sultados dos colegas". E explica: "A

masculinidade e a feminilidade

não são realidades biológicas inevi-

táveis, mas modelos socialmente

construídos c reproduzidos atra

ves da educação." E quem não obc

dccc sofre penalizações sociais.

Depois do agudizar das dife-

renças no secundário, rapazes e ra-

parigas voltam a aproximar-se na

universidade, mas ê aí que lemcausado maior impressão ver as

mulheres assumir a dianteira. Pai

mira Ferreira, professora de Fngenharia Eletrotécnica e membro da

direção do Instituto Superior Téc-

nico, explica que, naquela casa tipi-camente masculina, as raparigassão bem-vindas. A primeira en-

trou em 1935, mas para poder estu-

dar teve de ser votada pelos rapa-zes. Fsta professora recusa a neces

sidade de apoiar os alunos do sexo

masculino c nega que mais alunas

nas salas de aula tenham contribuí-

do para baixar o nível de ensino.

Palmira Ferreira sublinha ainda

que o facto de existirem mais mu-lheres nos doutoramentos deve-se

ao facto de os homens abandona-

rem mais cedo a universidade,atendendo aos apelos de altos sala

rios que lhes são oferecidos. Elas,

ganhando menos, ficam mais.

Esta interpretação merece a

concordância da feminista ameri-

cana Naomi Wolf. No início deste

ano, em entrevista ao Expresso, a

controversa escritora tocou no co

ração do debate: "Será que daqui a

várias gerações teremos necessida

de de um 'movimento machista'?"

Para responder: "Temos de dar

atenção aos rapazes, sem dúvida."

Mas Wolf defende que os estudan-

les do sexo masculino têm piores

resultados, sobrei udo nas universi-

dades, porque ''quando acabam o

curso, independentemente da no

ta, são eles que recebem melhores

salários e chegam ao topo."Sofia Marques da Silva, do

Centro de Investigação e de Inter-

venção Educativa da Faculdade de

Psicologia e Ciências da Educaçãodo Porto, chama a atenção justa-mente para o facto de o sucesso

educativo das raparigas ainda não

se traduzir em escolhas que profis-sionalmente as beneficiem. Recor-

da que, se? há mais alunas em enge

nharias, por exemplo, o número

de rapazes cm áreas tradicional

mente ocupadas por mulheres

continua baixo: "Houve por partedelas maior capacidade de sair dos

lugares de conforto e avançar paraáreas que não eram socialmente

pensadas no feminino. O mesmo

não se verificou com eles."

Porquê? "Porque, apesar das

mudanças, a socialização de genero ainda assenta em estereótipos."Mas avisa que as diferenças não po-dem ser vistas de forma isolada,

porque o que causa maior desigual-dade são as diferenças de ciasse so-

cial, seguidas pelas de etnia e só de-

pois pelas de género. Sofia Mar

ques da Silva alerta para a necessi

dade de mudar a educação primaria dos meninos, mas sem radicalis

mos: "Estes discursos que redu-zem os rapazes a vítimas e as rapa-

rigas a um grupo com privilégiostornam a questão mais feroz, pois

associam-na a transformações so-

ciais que indicam uma crise? da

masculinidade. Uma situação de

pânico social que se acentua em

momentos de crise económica, já

que, com empregos escassos, podehaver mais dificuldade em lidar

com a perda da figura do ganha-

-pão, promovendo pressão para o

regresso a papéis tradicionais." O

camartins<? expresso, impresa.pt

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