Prêmio FCW 2009

48
Os vencedores do prêmio conrado wessel de arte, ciência e cultura 2009 ESPECIAL fundação conrado wessel FCW prêmio

description

Prêmio Fundação Conrado Wessel 2009

Transcript of Prêmio FCW 2009

Page 1: Prêmio FCW 2009

Os vencedores do prêmio conrado wessel de arte, ciência e cultura 2009

E s p E c i a l

fundação

conrado

wessel

fcwprêmio

Page 2: Prêmio FCW 2009

Conselho curador e diretoria da FCW

conselho curador

Presidente

Dr. Antonio Bias Bueno Guillon

Membros

Dr. José Álvaro Fioravanti

Dr. José Antonio de Seixas Pereira Neto

Dr. José Hermílio Curado

Capitão PM Kleber Danúbio Alencar Júnior

Dr. Reinaldo Antonio Nahas

Prof. Stefan Graf Von Galen

diretoria executiva

Diretor Presidente

Dr. Américo Fialdini Júnior

Diretor Vice-Presidente

Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos e Marchese

superintendente

Dr. José Moscogliatto Caricatti

Coordenador Científico

Dr. Erney Plessmann de Camargo

Coordenador Cultural

Dr. Carlos Vogt

coordenação desta edição

Dr. José Moscogliatto Caricatti

Fundação Conrado WesselRua Pará, 50 - 15º andar

Higienópolis - 01243-020

São Paulo, SP - Brasil

Tel./fax: 11 3237-2590

www.fcw.org.br

[email protected]

Page 3: Prêmio FCW 2009

índice

4 FCW se torna referência no apoio à ciência, arte e cultura no Brasil

8 Como Conrado Wessel desenvolveu um novo papel fotográfico no Brasil

12 Fundação continua trabalhando para melhorar normas que regem a premiação

16 A homenagem aos vencedores na Sala São Paulo

20 Talento, sorte e superação marcam a trajetória do bioquímico Jerson Lima da Silva

24 João Fernando Gomes de Oliveira transita entre cálculos matemáticos

e notas musicais

28 Ricardo Pasquini, hematologista,

foi o pioneiro dos transplantes de medula óssea no Brasil

32 Antonio Nóbrega busca na música e na dança a essência da identidade brasileira

36 Veja as fotos que ganharam o Prêmio FCW de Arte

46 As instituições parceiras da fundação e o júri responsável pela seleção

4

24

28

32

36

20

as

fot

os

da

s pá

gin

as

5-7,

14,

16-

19 e

ca

pa s

ão

de

au

to

ria

do

s fo

gr

afo

s fe

rn

an

do

sil

ve

ira

, pe

dr

o v

er

tu

lli e

po

lin

i pr

izm

ic

Page 4: Prêmio FCW 2009

4

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

A Fundação Conrado Wessel (FCW) é uma insti-tuição cujas bases foram criadas no século XX,

em 1994, mas começou a atuar no século XXI, sem-pre investindo no futuro. De 2002 a 2009, a FCW distribuiu mais de R$ 8,5 milhões de prêmios à arte, à ciência e à cultura, concedeu 12 bolsas complemen-tares de pós-doutorado no exterior para pesquisadores e financia uma de graduação nos Estados Unidos. Apoia com doações anuais cinco instituições fixas – determinadas pelo seu estatuto – e 31 entidades escolhidas conjuntamente com o Ministério Públi-co. Até este ano foram atendidas 13.233 famílias. A solidez e seriedade já se tornaram marcas notórias da fundação, sempre de acordo com os propósitos de Ubaldo Conrado Augusto Wessel, seu instituidor.

Os objetivos do fotógrafo, inventor e empresário Wessel se concentraram em duas vertentes comple-mentares. A primeira era fazer “aporte de recursos para utilização educativa, cultural e científica”, mediante doa ções. Para isso, a fundação recebeu uma relação de entidades definidas pelo próprio fundador, por meio das quais ela destina anualmente os recursos à educa-ção e à formação cultural e científica. São elas: Aldeias Infantis SOS do Brasil, Associação Benjamin Constant, Cor po de Bombeiros da Polícia Militar, Exér cito de Salvação, Fundação Antonio Prudente. As demais en-tidades são escolhidas pela diretoria da fundação e in-dicadas pe lo Ministério Público do Estado de São Paulo.

A outra meta de Conrado Wessel era incentivar a arte, a ciência e a cultura, com prêmios. Foram criados, então, os Prêmios FCW, além de multiplicar ações similares em parceria com instituições nacio-

Fundação Conrado Wessel se torna referência no apoio à ciência, arte e cultura no Brasil

Investimento no futuro

Page 5: Prêmio FCW 2009

Os violonistas Fabio Zanon (esq.) e Yamandu Costa se apresentaram na festa dos Prêmios FCW na Sala São Paulo

nais ligadas à ciência e à cultura, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, ligado ao Ministério da Ciência e Tec-nologia) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, ligada ao Ministério da Educação), entre outras. As premiações distinguem pesquisadores, es-critores e artistas brasileiros re-conhecidos internacionalmen-te e é essa uma das razões que levaram a fundação a se tornar referência nacional no meio acadêmico.

A FCW é uma instituição privada que nasceu oficialmen-te em 1994, quando se cumpriu o desejo de Conrado Wessel, expresso no seu testamento

feito em 1988, cinco anos an-tes de sua morte, e no qual está determinada a criação da fun-dação à qual destinava “todos os bens” para cumprir as duas incumbências exigidas por ele. A FCW funciona sob a vigi-lância do Ministério Público – como determina a lei – e é gerida por administradores que devem seguir o estatuto e a le-gislação. Para evitar o colapso do patrimônio original, cres-cer e impedir que a organização se torne insolvente e inviável é preciso que a administração seja eficiente e parcimoniosa na gestão.

Wessel legou um patrimô-nio inicial constituído de 41 imóveis na capital paulista, em grande parte alugados, nos bair-

ros da Barra Funda, dos Cam-pos Elísios e de Santa Cecília, que totalizavam 18.722 metros quadrados (m²) de área cons-truída. E seis outros imóveis em Higienópolis onde deveria ser erguido “um empreendimento imobiliário cuja renda seria des-tinada à concessão de prêmios”, de acordo com o testamento. A gestão de seu patrimônio demonstra um crescimento de 630%, a partir de 2000, quando terminou a transição do espó-lio de Conrado Wessel para a fundação e, simultaneamente, tomou posse a nova adminis-tração, que imprimiu outra di-nâmica para reverter o perfil de rentabilidade patrimonial: des-concentrou, construiu novos e maiores prédios, fez aquisições e

Page 6: Prêmio FCW 2009

6

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

atualizou a carteira imobiliária. Hoje são 51 imóveis e mais de 22.000 m² construídos.

A administração da FCW é formada por Conselho Cura-dor e Diretoria Executiva. Para a primeira diretoria, cuja gestão foi iniciada em 1995, Wessel havia indicado os seus testamenteiros como diretores nos três primeiros anos da fun-dação. O Ministério Público nomeou os dois testamenteiros – um diretor administrativo e um diretor gerente financeiro – que ocuparam a direção por tempo de mandato superior ao especificado pelo fundador Wessel. Eles permaneceram nos cargos não por três, mas por cinco anos.

Para o Conselho Curador Conrado Wessel não indi-

cou ninguém, mas o Ministério Público nomeou um afilhado dele em sua homenagem. Desse conselho também fazem parte

permanentemente três repre-sentantes das entidades benefi-ciárias, ou seja, aquelas que re-cebem uma doação significativa da FCW a cada ano. No caso, a Fundação Antonio Pruden-te, o Corpo de Bombeiros e a Associação Benjamin Constant. Após o período de transição e auditoria dos bens houve a pos-se da nova Diretoria Executiva em fevereiro de 2000. A partir dessa gestão, o legado de Con-rado Wessel foi integralmente administrado de acordo com os objetivos definidos para o patrimônio da FCW.

Esses objetivos são dois, co mo foi dito acima: doações e prêmios à arte, à ciência e à cultura. As doações são feitas e vêm dos recursos obtidos com as locações dos imóveis. Os prêmios distinguem os no-mes reconhecidos na Ciência Geral; na Ciência Aplicada ao Campo, à Água, ao Meio Am-biente, à Tecnologia, à Biolo-

gia; na Medicina; e na Cultu-ra. Para esse fim, a fundação usou os seis imóveis de Higie-nópolis para transformá-los num grande empreendimento, o Shopping Pátio Higienópo-lis.

Na época, surgiram nume-rosas propostas para os

seis terrenos. A mais atraente delas foi construir um . En-tretanto eram necessários no mínimo 15.000 m² de área e a fundação tinha apenas 68% do necessário. Para chegar aos 100% foi preciso se unir a mais dois proprietários vi-zinhos, a Obra de Santa Zita e a empresa Plaza. O con-junto então formado atingiu 15.223,22 m². A participação no empreendimento foi es-tabelecida em 25% das cotas para a FCW e a Obra de Santa Zita; e 75% para o investidor responsável pelo custo de im-plantação e construção. Como

Os ganhadores de 2009: Antonio Nóbrega, Jerson da Silva, Ricardo Pasquini e João de Oliveira

Page 7: Prêmio FCW 2009

Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Com a Aca-demia Brasileira de Ciências bancou 13 edições anuais dos e apoiou a publicação dos livros e. Com a FAPESP, publica sem-pre em outubro este suplemen-to especial, completando agora sete anos de parceria.

As atividades da fundação são sempre dinâmicas. Elas vêm se aperfeiçoando e apenas uma parte está resumidamente ex-posta nesta edição. Em espe-cial, o perfil dos ganhadores de Ciên cia e Cultura (), a festa na Sala São Paulo (), com a apre-sentação dos violonistas Fabio Zanon e Yamandu Costa, e as fotos dos vencedores de Arte (), além da biografia de Wessel (), com novas imagens e infor-mações. No final do ano, como faz sempre, a FCW lançará o livro com os trabalhos de to-dos os fotógrafos finalistas, uma referência no setor. ✦

Marinha). Na concessão do prêmio de Arte, a comissão julgadora é formada por fotó-grafos e publicitários de reno-me internacional, vinculados à Associação dos Profissionais de Pro paganda, revista , Bi-blio te ca Nacional, Fundação Ar man do Álvares Penteado, Fotosite, Museu da Imagem e do Som e Uni versidade de São Paulo (USP).

A lém da premiação, o apoio às instituições parceiras

tornou a fundação uma parti-cipante obrigatória no fomen-to à pesquisa e à divulgação da ciência. O Prêmio Almirante Álvaro Alberto, do CNPq, é patrocinado pela FCW, que também concedeu 12 bolsas complementares no exterior para os ganhadores dos Grandes Prêmios Capes de Teses e uma bolsa de graduação em música, de quatro anos (2007-2011), na

tinha 68% da área, a fundação recebeu 17% das cotas (68% x 25% = 17%); e como a Obra Santa Zita detinha 32% da área, ficou com 8% das cotas (32% x 25% = 8%). O Sho-pping Pátio Higienópolis foi construído, se tornou um su-cesso em pouco tempo e é de seu movimento comercial que vem a maior parte da renda destinada aos vencedores dos Prêmios FCW. Atualmente ele está sendo ampliado.

Para conceder os prêmios de Ciência e Cultura a per-sonalidades ou entidades de reconhecimento nacional, a fundação tem oito instituições parceiras, como a FAPESP (). In tegram ainda a Comissão Jul gadora representantes dos ministérios da Agricultura, da Cultura, da Ciên cia e Tecno-logia, da Educação, do Meio Ambiente, da Saúde, da Pes-ca e da Defesa (por meio da

Público de pesquisadores, autoridades e parentes esteve presente na homenagem aos vencedores

Page 8: Prêmio FCW 2009

8

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

E m 1916, três anos depois de ter voltado de Viena,

na Áustria, o jovem Ubal-do Conrado Augusto Wessel (1891-1993) convenceu o pai, Guilherme, quanto à fórmula nova para o banho do papel fotográfico que vinha perse-guindo: ela estava finalmente pronta, não obstante fossem necessários alguns aperfeiçoa-mentos. Guilherme não perdeu tempo e pediu orientação sobre registro de patente, em 10 de novembro, ao escritório Moura & Wilson, do Rio de Janeiro, representante da International Patent Agency. Rapidamente, em 13 de novembro, Moura & Wilson respondeu se dispondo a requerer o privilégio desde que fossem remetidos, já pre-parados, “todos os papeis, co-mo sejam relatorio, desenhos, etc., mediante a quantia de R$ 220,000”. Havia sido dado o primeiro passo para obter di-reitos pela invenção do papel fotográfico Wessel.

O novo papel começou a ser fabricado com sucesso em 1920 e o pedido de privilégio

foi depositado no ano seguinte no Ministério da Agricultura. Em 26 de outubro de 1921, o presidente da República, Epi-tácio Pessoa, assinou a carta-pa-tente no 12.267. Tratava-se de “novo processo para fabricação de material photographico, sensível à luz, para o processo positivo e negativo à base de emulsões de saes de prata ou gelatina, albumina ou collodio, servindo de supportes para estas emulsões papel, vidro, celluloi-de ou qualquer outro supporte que seja apropriado”, segundo o registro do documento. No mesmo ano, Conrado Wessel instalou sua fábrica na rua Lo-pes de Oliveira, 198. A cami-nhada para o total sucesso do empreendimento, porém, ainda não estava terminada.

O inventor teve de aperfei-çoar a produção até conseguir um papel confiável para o mer-cado e vencer a resistência ini-cial dos fotógrafos, seus clientes potenciais. Nos anos seguintes houve grande instabilidade po-lítica no país, como os episódios da revolta dos 18 do Forte de

Copacabana, em 1922, e a re-volução paulista de 1924. Nes-se último ano, em particular, os fornecedores tradicionais de pa-pel não conseguiam abastecer os fotógrafos em razão do conflito e eles começaram a usar aquele fabricado por Wessel. Quando veio a paz, ele já estava com sua primeira fábrica em plena ativi-dade e um produto de primeira linha pronto, o cartão-postal Jar-dim. Em pouco tempo ganhou o mercado.

A produção cresceu com o passar dos anos e foi necessária uma fábrica maior, construída em 1949. Antes, o empresário já vinha sendo assediado por empresas do exterior. Tornou---se inicialmente fornecedor de grande parte do papel Kodak e, em 4 de julho de 1936, garantiu para a Kodak a totalidade da produção de papel, que ficou conhecido por muito tempo com o nome Kodak-Wessel. O prazo do contrato foi de 10 anos e, assim, em 1947, chegou a visitar a sede da Kodak em Rochester, nos Estados Uni-dos, para negociar a renovação

Como Conrado Wessel desenvolveu um novo papel fotográfico no Brasil

Criatividade e perseverança

fot

os

fun

da

çã

o c

on

ra

do

we

sse

l

Page 9: Prêmio FCW 2009

conrado wessel (sentado, terceiro da esq. para a dir.) com a diretoria da Kodak, em 1948, em rochester

Page 10: Prêmio FCW 2009

10

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

da parceria por mais 10 anos com opção de compra de sua patente. Desse acordo surgiu nova fábrica, em 1949, e a par-tir de 1954 a patente passou definitivamente à companhia norte-americana, que difundiu o papel fotográfico Wessel pelo mundo todo.

Enquanto esteve à frente dos negócios, o empresário

amea lhou recursos e os aplicou em imóveis, legados ainda em vida para a Fundação Conrado Wessel, conforme testamento de 11 de maio de 1988 (ver documento na página 11). Após a morte em 1993, seu ideal se tornou concreto, com o regis-tro da fundação em 24 de maio de 1994.

O sucesso alcançado por Conrado Wessel não foi pro-

duto do acaso. Ele investiu na própria formação, trabalhou seis anos pesquisando e levou outros cinco anos aperfeiçoan-do sua descoberta enquanto aguardava a aprovação oficial do governo, em 1921. Wessel nunca esteve sozinho nessa bus ca. Quando decidiu es-tudar no K.K. Graphischen Lehr und Versuchsanstalt, em Viena, ele sabia que o instituto era avançadíssimo na tecnolo-gia gráfica, especialmente em fotografia. Sua pretensão era aprimorar- -se em fotoquími-ca e clicheria. Quem garantiu os recursos para isso foi o pai, que considerava a clicheria um segmento de muita perspecti-va – em São Paulo, na época, só existiam três oficinas, todas com máquinas e processos pri-mitivos.

Em Viena, Wessel iniciou seus estudos no instituto em julho de 1911 e terminou em dezembro de 1912. Seu obje-tivo principal estava no setor de fotoquímica que o instituto mantinha. Sua atenção, porém, visava ao uso do papel, à esco-lha do mais indicado para cada tipo de emulsão. Foi também em Viena que o então estu-dante fez o estágio profissional obrigatório em uma das mais importantes empresas especia-lizadas na área de mídia, gráfica e fotografia, a casa Beissner & Gottlieb, finalizado em 1913.

Guilherme Wessel foi do-no da Casa Importadora

de Artigos para Photographia, aberta na rua Direita, 20, em 1902, e depois transferida para a rua Líbero Badaró, 48, provavel-mente em 1905. Filho de pais alemães imigrados para Buenos Aires no século XIX, Guilher-me viu os dois filhos nascerem na capital argentina, mas deci-diu tentar a sorte no Brasil um ano depois do nascimento de

wessel em rochester (1947) e a última emulsão feita na fábrica usando bromuto como contraste, antes da passagem para a Kodak, em 1954

Page 11: Prêmio FCW 2009

Conrado, em 1892, inicialmen-te na cidade paulista de Soro-caba. Embora a família Wessel fosse uma tradicional fabricante de chapéus em Hamburgo, Ale-manha, o pai de Conrado tinha fascínio por fotografia, paixão herdada pelo filho.

Em 26 de dezembro de 1908, a morte do filho

mais velho, Georg Walter, au-xiliar do pai na loja, leva-o a propor a Conrado assumir o lugar do irmão. O caçula, no entanto, preferiu “trabalhar no ramo fotográfico por conta própria”. Guilherme fechou o estabelecimento e encerrou a atividade comercial. Mas con-venceu Conrado a ajudá-lo de outra forma: aperfeiçoar-se na Europa e trazer o equipamen-to para ambos trabalharem em São Paulo, com uma clicheria avançada. Enquanto isso, com o apoio de um amigo, H. Prault, Guilherme foi nomeado fotó-grafo oficial da Secretaria da Agricultura, em 1909.

Em meados de setembro de 1911, quando Conrado já esta-

va na Áustria, conheceu casual-mente no instituto o professor Josef Maria Eder, especialista em química aplicada à fotografia e fundador do Instituto para Fo-tografia e Reprodução Técnica, hoje conhecido como Höhere Graphischen Bundes-Lehr-und Versuchsanstalt. Seu professor havia perguntado se Wessel já trabalhara com chapas secas. Ele disse que sim. Ato contínuo re-cebeu um original para repro-duzir. Eram chapas que Wessel não conhecia, muito rápidas na secagem. Ao observá-las, calculou apenas cinco segun-dos para a exposição. Quando Wessel mostrou ao professor as reproduções que havia feito, Eder disse que estavam “muito boas”. A partir desse episódio, foi Wessel quem passou a fazer os trabalhos mais difíceis, em es-pecial os destinados aos livros de Eder. Ganhou a confiança do professor, que o convidou a ir aos sábados aju dá-lo no la-boratório.

Entre 1912 e 1913, ele con-seguiu fazer o estágio na casa Beissner & Gottlieb. Lá foi seu

grande laboratório. Em carta à família, datada de 14 de novem-bro de 1912, ele dizia: “Hoje eu terminei na Casa Beissner o meu estudo em fotografia (...). Fiz algumas chapas, e ele deu ao copista para copiar, ele copiou em colloidim e saíram umas có-pias regulares, porém não o que eu queria. Eu disse ao senhor Beissner que daquelas chapas obteria melhor resultado, pois que eles desejavam copiar com contrastes, então ele me disse se eu podia fazer seria de grande vantagem. Eles compraram o papel que pedi, isto é: Velox”.

O Velox foi escolhido por Wessel porque permitia usar luz artificial para revelar a fotogra-fia. A escolha condizia com ex-periências feitas separadamente, sempre tendo em mira uma no-va forma de papel fotográfico.

Quando voltou para São Paulo, em 1914, trazia na

bagagem as máquinas e instru-mentos que conseguiu adquirir na Áustria, na França e na Ale-manha, uma clicheria completa que instalou para seu pai na rua Guayanases, 139. Ele, no entan-to, logo percebeu que precisava estudar mais. Conseguiu ins-crever-se na Escola Politécnica como aluno ouvinte e a cursou entre 1915 e 1919. Lá se tornou amigo e auxiliar de laboratório de Roberto Hottinger, titular da cadeira de bioquímica, físi-co-química e eletroquímica do curso de engenharia química.

Hottinger confiava-lhe a preparação do laboratório nas aulas práticas e o incentivava a continuar sua pesquisa. Foi du-rante esse período que o fu-turo empresário e benemérito da FCW consolidou e esmerou sua invenção, que viria a dar os frutos hoje colhidos pela funda-ção e destinados parte aos prê-mios de arte, ciência, cultura e parte à filantropia. ✦

11 de maio de 1988: wessel reinventa seu ideal e cria em testamento a fundação conrado wessel

Page 12: Prêmio FCW 2009

12

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

O s critérios adotados na premiação nas áreas de Ciência, Arte e Cultura são decididos pela Fun-

dação Conrado Wessel após consulta às suas parceiras. Ano após ano, os responsáveis pela decisão de laurear os melhores cientistas, artistas e fotógrafos se esmeram em aprimorar as normas que regem o Prêmio FCW. Esse esforço tem levado a algumas mudanças, em especial nas subcategorias de cada área. Em Arte há uma gra-dativa alteração no enfoque do prêmio para fotografia favorecendo os ensaios. Até 2009 havia sempre um ganhador para Fotografia Publicitária. Já em 2010 o prêmio principal será para o melhor Ensaio Fotográ-fico, que já estava presente antes, dividido entre Ensaio Inédito e Ensaio Publicado, mas de modo secundário.

Os valores do prêmio também serão ampliados: o vencedor do primeiro lugar ganhará R$ 114 mil. Os que ficarem em segun do e terceiro levarão R$ 43 mil cada um. Os três prê mios irão para Ensaio Fotográfico, sem a divisão de Inédito e Publicado. A alteração se explica pelo crescente interesse e número de inscrições desse tipo de fotografia. Em 2009, 198 fotógrafos de 20 estados mais o Distrito Federal sub-meteram 2 mil fotos ao Prêmio FCW de Arte apenas nas subcategorias Ensaio Inédito e Ensaio Publicado. Todos os estados do Nordeste tiveram trabalhos ins-critos, algo que não havia ocorrido até então.

Outras modificações importantes ocorrerão na edição de 2010 (com a outorga em 2011). A área de Ciên cia, que já teve cinco subcategorias, ficará com duas. Assim, além da Arte, serão premiadas per-sonalidades da Ciência, Medicina e Cultura. Quando os prêmios começaram a ser distribuídos, em 2003,

Vencedores de 2007 a 2009

FCW continua trabalhando para melhorar normas que regem premiação

Critérios aprimorados

Page 13: Prêmio FCW 2009

lia

ne

ne

ve

s

leo

Ra

mo

s

ed

ua

Rd

o c

esa

R

ed

ua

Rd

o c

esa

R

fáb

io m

ott

a/a

e

jad

eR

Ro

ch

a

pau

lo s

oa

Re

s/e

salq

glá

uc

ia R

od

Rig

ue

s

silv

iam

ac

ha

do

Fulvio Pileggi

Jerson Lima da Silva Iván IzquierdoLeopoldo de Meis

João de Oliveira Hisako Higashi

Ariano Suassuna

Ricardo Pasquini Ivo Pitanguy

Ernesto Paterniani

Antonio Nóbrega Affonso Ávila

20082009 2007

Page 14: Prêmio FCW 2009

14

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

Ciência era dividida em Ci-ência Geral, Ciên cia Aplicada ao Campo, Ciência Aplicada ao Mar, Ciência Aplicada ao Meio Ambiente e Medicina. A partir de 2007 as subcate-gorias se agruparam em três, Ciência Geral, Ciência Aplica-da e Medicina. Agora, em 2010, Ciência concentrará todas as áreas à exceção da Medicina. A experiência de sete anos se-lecionando e analisando indi-cações de cientistas de todos os setores mostrou que é possível trabalhar apenas com esses dois quesitos. O laureado ganhará R$ 300 mil – em 2003, os ven-cedores receberam R$ 100 mil.

A premiação de Cultura tem uma trajetória que,

a exemplo de Ciência e Arte, aos poucos vem se definindo para melhor. Os organizado-res dos Prêmios FCW sempre souberam que o ganhador dessa área não deveria vir apenas da literatura. Os primeiros quatro vencedores foram os escritores Lya Luft (2003), Ferreira Gullar (2004), Fábio Lucas (2005) e Ruth Rocha (2006). A partir de Affonso Ávila (2007) co-meçaram a ocorrer mudanças. Embora excelente poeta, sua principal contribuição para a cultura brasileira é divulgar para o mundo o acervo barroco mineiro, por meio das pesqui-sas publicadas na revista Barroco, editada por ele e conhecida no exterior. O dramaturgo Ariano Suassuna (2008) é igualmente um homem de cultura, assim como Antonio Nóbrega (2009), alguém versado em música clás-sica e dança que faz um traba-lho com grande participação popular em São Paulo no seu Instituto Brincante.

Nos próximos anos serão laureados outros representan-tes de segmentos que formam

a cultura nacional: cinema, te-levisão, artes plásticas e música, entre outros.

Para a FCW é importante premiar personalidades que

indiquem novos caminhos para a sociedade, seja na ciência ou na cultura. Até 2009 ganharam o prêmio 65 cientistas, escri-tores, artistas e fotógrafos (ver os ganhadores de Ciência e Cul-tura nas páginas 13 e 15). Todos tiveram seus principais traba-lhos descritos em reportagens de edições semelhantes a esta – uma parceria entre Pesquisa FAPESP e a FCW. No caso dos fotógrafos, as imagens foram

publicadas. Duas instituições, o Instituto Agronômico, de Cam-pinas, e o Museu Paraense Emí-lio Goeldi, além de três escolas estaduais, também receberam o Prêmio FCW.

Basta passar os olhos pelas biografias escritas nesses anos para notar que o principal be-neficiário dos esforços e con-quistas de tantos notáveis foi o país. Quando recebem, como pequeno reconhecimento a seu talento, prêmios da ordem de R$ 300 mil e uma escultura do artista plástico Vlavianos, identi-ficam no troféu FCW a energia que os irmana aos destinos da Fundação Conrado Wessel. ✦

Page 15: Prêmio FCW 2009

Ganhadores entre 2003 e 2006

mig

ue

l b

oya

yan

mig

ue

l b

oya

yan

leo

Ra

mo

s

ed

ua

Rd

o t

av

aR

es

aR

qu

ivo

pe

sso

al

ed

ua

Rd

o c

esa

R

div

ulg

ão

léo

Ra

mo

s

mig

ue

l b

oya

yan

léo

Ra

mo

s

ed

ua

Rd

o c

esa

R

mig

ue

l b

oya

yan

asc

om

/in

pa

fRa

nc

isc

o e

mo

lo/j

oR

na

l d

a u

sp

ma

Rc

os

est

ev

es/

em

bR

apa

ed

ua

Rd

o c

esa

R

2003 2004 2005 2006

Brito Cruz

Maria Inês Schmidt

Jairo Vieira

Lya Luft

Dieter Muehe

Philip Fearnside

Isaias Raw

César Victora

Ferreira Gullar

Alberto Franco

Adib Jatene

Luiz Carlos Fazuoli

Fábio Lucas

José Galizia Tundisi

Aziz Ab’Sáber

mig

ue

l b

oya

yan

mig

ue

l b

oya

yan

ed

ua

Rd

o c

esa

Rm

igu

el

bo

yaya

ne

du

aR

do

ce

saR

Ân

ge

lo a

bR

eu

/ufl

a

Sergio Mascarenhas

Aldo Rebouças

Ricardo Brentani

Ruth Rocha

Carlos Nobre

Magno Patto Ramalho

Wanderley de Souza

Page 16: Prêmio FCW 2009

16

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

Américo Fialdini Júnior, diretor presidente da FCW, em seu discurso de abertura

3

2

1

1 Premiação de Medicina (esq. para a dir.): Adib Jatene, Ricardo Pasquini, Renata Caruso Fialdini, Erney Plessmann de Camargo, José Renato Nalini e João Otaviano (secretário municipal de Gestão); 2 Premiação de Ciência Geral: tenente-brigadeiro do ar Cleonilson Nicácio Silva, Jerson Lima da Silva, Jacob Palis, tenente-brigadeiro do ar Ailton dos Santos Pohlmann (diretor-geral do DCTA) e Américo Fialdini Júnior; 3 Premiação de Ciência Aplicada: Luciano Santos Tavares de Almeida (secretário estadual de Desenvolvimento), representando o governador Alberto Goldman, José Policarpo Gonçalves de Abreu, João Fernando de Oliveira, Jorge Guimarães (Capes), Carlos Vogt (secretário estadual de Ensino Superior), Carlos Aragão de Carvalho (CNPq), José Caricatti (FCW)

Page 17: Prêmio FCW 2009

O s nove vencedores do Prêmio FCW de Ciência, Arte e Cultura 2009 foram homenageados no dia 14 de junho na

Sala São Paulo, no centro da capital paulista, como já ocorre tradicionalmente há oito anos. Cerca de 900 pessoas, entre autoridades de diversos setores da sociedade, pesquisadores, parentes e demais convidados, compareceram à cerimônia, assistiram à entrega do troféu de Vlavianos e viram um show com Fabio Zanon e Yamandu Costa, dois virtuoses do violão. O público pôde visitar também, em outra sala, a exposição com os trabalhos dos fotógrafos ganhadores na categoria Arte (Fotografia Publicitária, Ensaio Fotográfico Publicado e Ensaio Publicado Inédito). Nestas páginas e nas outras duas a seguir dá para acompanhar um pouco do que foi a festa.

Antonio Bias Bueno Guillon, presidente do Conselho Curador da FCW, abre a cerimônia de premiação

4 Premiação de Cultura: João Grandino Rodas (reitor da USP), Domício Proença Filho, Antonio Nóbrega, Celita Procopio de Carvalho, ministro Ricardo Lewandowski e Sérgio Roberto F. S. Marchese

Reunião decompetências

4

Page 18: Prêmio FCW 2009

18

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

3

1

2

1 Américo Fialdini Júnior, Denise Wichmann e Rubens Figueiredo Júnior;2 José Eduardo Sabo Paes, Marco Mendes, Marcio Rodrigues, Ana Maria Garms e Airton Grazzioli; 3 José Caricatti, João Roberto Ripper e Sérgio Roberto Marchese;4 Ricardo Barcellos, Antonio Bias Bueno Guillon e Stefan Graf von Galen

4

Page 19: Prêmio FCW 2009

5 6

7

8

5 Casal Yara e Ricardo Lewandowski com João Grandino Rodas;6 José Eduardo Sabo Paes, Antonio Bias e Ricardo Lewandowski

7 Carlos Aragão de Carvalho, Américo Fialdini, Erney Plessmann de Camargo e Jacob Palis; 8 José Policarpo Gonçalves de Abreu com Sérgio Mascarenhas e Telma Coimbra e Ana e Marco Antonio Sala

Page 20: Prêmio FCW 2009

20

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

ciê

nc

ia g

er

al

General de Napoleão

Abiografia do cientista carioca Jerson Lima da Silva desperta atenção por qualquer ângulo que

se observe. Sua produção acadêmica é farta e versátil. Com mais de 130 artigos publicados, boa parte deles em revistas de alto índice de impacto, já orientou 25 dissertações de mestrado e 27 teses de doutorado e tem contribuição expressiva no campo da biologia estrutural. Seu grupo trabalha com ferramentas de espectroscopia, como fluorescência e ressonância mag-nética nuclear (RMN), e acumula avanços em temas como a montagem de estruturas virais, com impacto no desenvolvimento de vacinas, e no entendimento dos mecanismos responsáveis pelo dobramento incor-reto de proteínas, fenômeno importante em moléstias como câncer e Parkinson e doenças causadas por príons, como a encefalopatia espongiforme transmissível, co-nhecida como mal da vaca louca.

Paralelamente ao trabalho como pesquisador e professor titular do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele também atua como gestor. Desde 2003 é o diretor científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), agência de fomento que ganhou importância nos últimos cinco anos graças à disposição do governo fluminense de investir for-temente em ciência e tecnologia. Também dirige o Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas da UFRJ, principal centro da América Latina aparelhado com equipamentos de ressonância magné-tica nuclear de alto campo. E é coordenador do Ins-tituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem, uma das 122 redes temáticas

Talento, sorte e superação marcam a trajetória do bioquímico Jerson Lima da Silva

Page 21: Prêmio FCW 2009

nhava mesada e podia com prar fascículos semanais no jorna-leiro”, lembra, referindo-se a enciclopédias paradidáticas como Conhecer e Os Animais. Leitor voraz e aluno curioso, sentia-se em desvantagem nas brincadeiras com os vizinhos. “Uma teimosia quase doentia me fazia jogar futebol, às vezes oito horas por dia, para tentar vencer uma total falta de ir-mandade com a bola. Aprendi um pouco a perder batalhas e a conviver com um traço de minha personalidade, o de ser altamente competitivo”, diz Jerson. “Sempre me considerava como o que tinha menos sorte entre os garotos, pela falta de destreza. Mais tarde eu descobri que estava errado, e que sorte

criadas pelo governo federal em parceria com estados.

O extenso currículo cientí-fico contrasta com a aparência jovem – nascido num dia 29 de fevereiro de 1960, tem 50 anos – e ganha contornos ainda mais notáveis quando se analisa sua origem. Nascido num subúrbio da zona norte carioca, Jerson Lima da Silva sempre estudou em escolas públicas. “Eu talvez tenha sido o primeiro carioca a publicar em um dos periódi-cos de maior prestígio na área de bioquímica sem conhecer a zona sul”, afirma Jerson, referin-do-se a um artigo que publicou aos 20 anos de idade no Journal of Biological Chemistry, que se-ria um dos 15 trabalhos feitos no Brasil no período de 1970

a 1985 mais citados no campo da bioquímica. O pesquisador vive hoje em Copacabana com a segunda mulher, a pesquisado-ra Débora Foguel, 45 anos, atual diretora do Instituto de Bioquí-mica Médica da UFRJ, e quatro filhos, Juliana, de 25, Estevão, 22, Vitor, 21, e Ana Luisa, de 12.

O s pais de Jerson, um sar-gento da Marinha e uma

dona de casa que fazia flores ar tificiais e doces para comple-mentar o orçamento domés-tico, ressentiam-se de não ter podido estudar e fizeram sacri-fícios para dar essa chance aos filhos. Por isso, Jerson sempre estudou em boas escolas públi-cas e aos 12 anos pôde frequen-tar um curso de inglês. “Ga-

Leo

Ra

mo

s

Jerson: rotina de pesquisador e administrador

Page 22: Prêmio FCW 2009

22

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

não me faltava, especialmente por ter conhecido as pessoas certas, e de ter tido os mestres certos, nos momentos certos.”

E sse vislumbre sobre sorte e oportunidade aconte-

ceu em meados dos anos 1980, quando, aos 25 anos, encerrou o primeiro ano de estágio na Universidade de Illinois, no la-boratório de Gregorio Weber (1916-1997), e recebeu o con-vite para permanecer mais um ano. “Fiquei muito agradecido e ensaiei um discurso sobre o merecimento daquela oportuni-dade”, recorda-se Jerson. Weber respondeu-lhe: “Quando Na-poleão precisava nomear um general para uma determinada batalha, ele perguntava a seus conselheiros se aquele general tinha sorte. Pois na ciência e na medicina a sorte também é um fator determinante, senão o mais importante”. Weber, que morreu em 1997 aos 81 anos poucos dias depois de receber uma homenagem no Brasil or-ganizada por Jerson, foi um dos “mestres certos” que passaram pelo caminho do pesquisador carioca, mas ele dá crédito a vá-rios outros, da professora pri-mária na Tijuca que o levou a tomar gosto pela leitura (hoje ele é um aficionado na obra de Marcel Proust) ao profes-sor da Escola Técnica no bairro do Maracanã que lhe revelou o método científico. Há uma figura-chave nessa lista: Sérgio Verjovski-Almeida. Então pro-fessor da UFRJ, o hoje pesquisa-dor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo foi um grande incentivador quan-do Jerson ingressou no curso de medicina e arrumou um estágio de iniciação científica. “Ele me deu um projeto para eu condu-zir sozinho, quando tinha apenas 19 anos. Ele me dava pistas, mas

não a receita. Quando, alguns anos mais tarde, eu recebi a resposta de que havia sido se-lecionado para ser pesquisador do Howard Hughes Medical Institute, falei com o Sérgio e lhe agradeci. Ele respondeu que apenas me ensinou a me virar sozinho. Aprendi com ele que orientar é como lapidar pedras de origens diferentes e torná--las brilhantes, mesmo que com cores ou matizes diferentes”, diz.

Com Verjovski, Jerson parti-cipava de estudos que usa-

vam a técnica de fluorescência para estudar alterações da pro-teína Ca2-ATPase do retículo sarcoplasmático, responsável pelo bombeamento de cálcio

e crucial para a função da fibra muscular. “Um aspecto inte-ressante destes estudos é que a dissociação da Ca2-ATPase ocorria em uma faixa de con-centração de proteína menor do que a teoricamente espera-da”, recorda-se. Resultados pa-recidos haviam sido encontra-dos no laboratório de Gregorio Weber para a proteína enolase. Isso aproximou-o de Weber e resultou no convite para ir a Illinois. Jerson trabalharia em seu laboratório entre 1985 e 1986. Recebeu convites para radicar-se nos Estados Unidos, mas optou por retornar. “Con-versei com Weber e concluí que poderia contribuir mais e realmente fazer diferença se

o pesquisador: “orientar é lapidar pedras de origens diferentes”

Leo

Ra

mo

s

Page 23: Prêmio FCW 2009

vírus 40) que serviram de base para pesquisas com vírus de im-portância médica e veterinária. Hoje o grupo de Jerson é refe-rência no emprego de métodos de alta pressão tanto para inati-var partículas virais patogênicas quanto para gerar novas vaci-nas, em parceria com a Fiocruz. “Recentemente, registramos no Brasil e no exterior uma paten-te de uma formulação de vaci na oral antipoliomielite que au-menta a estabilidade da vacina atenuada Sabin, dispensando a refrigeração”, diz.

No início dos anos 1990, voltou à Universidade de Illi-nois para uma temporada de 18 meses. Nessa época pas-sou a dedicar-se com afinco a um novo tema de pesquisa: o estudo das proteínas envolvi-das nas chamadas doenças do enovelamento proteico, como Alzheimer, Parkinson, mal da vaca louca e também o câncer. “Em geral, dentro da célula, o enovelamento de uma proteí-na é rápido e robusto. Às vezes,

voltasse ao Brasil. Se ficasse lá, do jeito que sou competitivo, a busca por uma trajetória de sucesso poderia comprometer um pouco a minha liberdade científica, e isso não era o que eu queria”, afirma.

O laboratório de Weber mantinha uma interação

com o Instituto Max Planck de Biofísica-Química em Goet-tingen, em que métodos de fluorescência e de eletroforese de alta pressão eram usados em estudos sobre a dissociação do DNA. Foi nesse período que Jerson começou a interessar-se por vírus de interesse médico. Junto com Weber, começou a aplicar os conhecimentos ad-quiridos com modelos pro-teicos simples para o estudo de partículas virais, imaginando a possibilidade de produzir partí-culas virais em estado inativado utilizáveis no desenvolvimen-to de vacinas. Eles iniciaram estudos com o BMV (brome mosaic vírus) e SV40 (simian

mapeamento de príon por ressonância magnética, um dos alvos de Jerson

porém, mudanças súbitas no ba-lanço entre essas diferentes for-ças resultam no mau enovela-mento da cadeia peptídica, que pode acabar gerando agregados dentro da célula que levam à perda de uma função ou ao ganho de uma função tóxica.” No caso do mal da vaca louca, o grupo de Jerson descreveu como a proteína do príon pre-cisa de auxílio de moléculas de ácido nucleico que não lhe pertencem para se converter em sua forma patogênica. “Esses re-sultados mudaram o paradigma segundo o qual a conversão da proteína do príon para sua for-ma patogênica era catalisada por ela própria quando na sua con-formação alterada.” Os estudos mostram que ácidos nucleicos do hospedeiro participam de forma decisiva na conversão e propagação da doença.

Na temporada em Illinois, aproximou-se do então

diretor da Escola de Química da instituição, Jiri Jonas, pionei-ro no uso da ressonância nu-clear magnética em alta pressão. Ele utilizou essa técnica para o estudo de uma proteína chama-da repressor ARC. Com Jonas, que homenagearia em 1997 batizando o Centro de Res-sonância Magnética da UFRJ, Jerson compreendeu a impor-tância de conciliar a rotina de pesquisador com o trabalho de administrador, o que o levaria a aceitar a incumbência de acu-mular a diretoria científica da Faperj, em 2003. “Tive que di-minuir um pouco o número de alunos. Mas isso teve um lado bom: me tornei um colabora-dor de meus ex-alunos e tenho pouco tempo para atrapalhá---los. Aprendi que os trabalhos deles são os trabalhos deles e que posso ajudar sem exercer uma influência exagerada.” ✦

JeR

son

Lim

a d

a s

iLv

a

Page 24: Prêmio FCW 2009

24

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

ciê

nc

ia a

pl

ica

da

João Fernando Gomes de Oliveira sempre transitou entre cálculos matemáticos e notas musicais

ENGENHO E MÚSICA

Na minha casa só se falava de engenharia”, diz o professor João Fernando Gomes de Oliveira,

presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), ao recordar que o tema sempre foi recorrente nas conversas familiares. Afinal, ele nasceu em uma família de engenheiros. O avô estudou engenharia elétrica na ETH Zürich, o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, uma das mais conceituadas universidades europeias nas áreas de química, física e engenharia elétrica. Na época, ainda não havia cursos de engenharia no Brasil. O pai e os irmãos mais velhos cursaram engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). “Com 16 anos eu já lia dese-nhos técnicos, entendia o que era motor, bomba e transmissão”, relata. A proximidade e o interesse que sempre teve pela área o levaram ao curso de engenharia mecânica na USP de São Carlos. Mas a vocação para a área de exatas tinha um contra-ponto – a música, que também fazia parte do seu universo desde a infância. Ao chegar à universidade já havia estudado acordeão e flauta. E, além desses dois instrumentos, tocava também clarinete, que ha-via sido comprado pela mãe. Mas um dia, durante uma serenata, o clarinete deixado sobre o banco do carro foi roubado. Um anúncio de saxofone, visto enquanto cursava a universidade em 1980, fez com que Oliveira se apaixonasse pelo novo instrumento, que comprou e toca até hoje em suas apresentações.

“Durante a graduação de engenharia meu tempo era dividido entre fotografia, engenharia e música”, diz. Trabalhava como fotógrafo em um jornal da cidade

Page 25: Prêmio FCW 2009

e tocava de três a quatro vezes por semana na noite, com uma orquestra de jazz, um quarteto, e em botecos. No final do cur-so, em 1982, decidiu que que-ria mesmo ser músico. Estava se preparando para o vestibular do curso de música popular na Universidade Estadual de Cam-pinas, mas foi convidado pelo professor João Lirani, líder do grupo de máquinas, a trabalhar na USP de São Carlos, já que havia uma vaga a ser preenchida. “Além de trabalhar como fotó-grafo e tocar nos bares, à tarde eu fazia um estágio na faculdade na área de desenho mecânico, projetando máquinas”, diz. Na época a contratação era indica-ção do colegiado.

Oliveira ficou em dúvida. Tinha apenas 23 anos e uma namorada que morava em Campinas. Mas foi convenci-do por um amigo que já estava fazendo pós-graduação a aceitar a vaga na USP e depois, com o tempo, poderia ir para o ex-terior fazer uma pós e estudar música. “Aceitei o emprego e a minha namorada mudou-se para São Carlos”, diz.

O resultado é que em um único fim de semana de mar-ço de 1983 sua vida mudou radicalmente. “Na sexta par-ticipei da minha colação de grau, no sábado me casei e na segunda comecei a dar aula”, conta. “Foi assim que come-cei a minha carreira acadêmica,

mas sem nunca largar os ins-trumentos.” Ainda hoje, com uma agenda repleta de com-promissos profissionais, todos os dias, religiosamente, ele toca saxofone pelo menos durante uma hora. Já dividiu o palco com profissionais conceitua-dos, como o saxofonista e cla-rinetista Paulo Moura, morto em julho de 2010, seu mestre e amigo de quase três décadas. Uma das últimas vezes em que se apresentaram juntos foi no dia 27 de junho de 2009, na Sala São Paulo, nas comemo-rações pelos 110 anos do IPT. A sessão solene foi encerrada com um show de música que te ve a participação de Paulo Moura e do pianista norte-

ed

ua

rd

o c

esa

r

João Fernando Gomes de oliveira: aplicação do conhecimento

Page 26: Prêmio FCW 2009

26

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

-americano Cliff Korman. Oliveira foi chamado ao palco para fazer um dueto de sopros com o amigo que conheceu em São Carlos ainda na década de 1980, durante uma oficina de música. Alguns meses após essa apresentação, em maio de 2010, os dois contaram histó-rias e fi zeram demonstrações sobre a fí sica dos instrumentos de sopro no Centro Cultural São Paulo, como parte da pro-gramação da Virada Cultural Paulista. “Paulo Moura é um capítulo especial na minha vi-da”, diz Oliveira.

Adedicação à música corre em paralelo à vida acadê-

mica, com doutorado em en-genharia mecânica pela Escola de Engenharia da USP de São Carlos em 1988, pós-doutorado pela Universidade da Califórnia em Berkeley, em 1994, além de mais de 200 artigos científicos publicados e cinco patentes de-positadas. “Desde o início do meu trabalho na universidade, sempre procurei encontrar ca-minhos para transformar as pes-quisas em realização prática”, diz. Assim que começou a tra-balhar com projetos de pesquisa em processos de fabricação e manufatura foi atrás das fábricas para tentar entender quais eram os problemas que emperravam a produção. Foram muitas visi-tas a fábricas, entre elas a Bosch de Campinas, onde aprendeu muito sobre problemas indus-triais práticos. “Sempre procu-rei escolher nos meus temas de pesquisa algo que fizesse parte do problema da fábrica, com o objetivo de depois poder voltar lá e dizer ‘está tudo resolvido, se quiser pode usar’, mesmo sem receber benefício por isso.”

A ideia de aplicação do conhecimento sempre esteve presente no grupo de pesquisa que coordenava, o que levou

ao estabelecimento de uma es-tratégia de pedir patrocínio às empresas na forma de máquinas e equipamentos. “Juntamente com outros professores e cole-gas de departamento começa-mos a movimentar um grupo de pesquisa que foi crescendo e acabou se transformando em um grande projeto nacional de manufatura, que era o Instituto Fábrica do Milênio, com parti-cipação de 800 pessoas que ti-nham como objetivo identificar demandas industriais para po-der dar resposta a elas.” Em três anos esse grupo depositou 20 patentes e consolidou parcerias de pesquisa e desenvolvimento

com mais de 100 empresas. Em vez de dedicar-se às

inovações no produto, o gru-po investiu em inovações nos processos, não só de fabrica-ção, mas também os gerenciais. “Nessa trajetória de procurar otimizar o conjunto produto e processo em um ambiente industrial eu tive muitos pro-fessores e parceiros”, relata. O professor Henrique Rozen-feld, da Escola de Engenharia de São Carlos, sempre foi um grande mentor dessas ideias de integração, assim como o professor Reginaldo Coelho, parceiro na área de tecnologia de processos de fabricação. “O

Paulo Moura e oliveira em dueto de sopros na sala são Paulo

aG

ên

cia

Lu

z

Page 27: Prêmio FCW 2009

cantes de autopeças do mun-do. “Esse negócio de pesquisar manufatura e aplicar na fábrica, procurando aprender sempre com os desafios da aplicação, foi um projeto que durou 25 anos dentro da universidade”, relata. O resultado foi a inauguração em outubro de 2007 do novo Núcleo de Manufatura Avança-da (Numa) em São Carlos, uma fábrica dentro da universidade. “Era o local para demonstrar o desenvolvimento de tudo o que fizemos”, diz. Na mesma época, recebeu um convite do então secretário estadual de Desen-volvimento, Alberto Goldman, e do secretário adjunto Carlos Américo Pacheco para presidir o IPT. Ele confessa que ficou di vidido, porque estava inaugu-rando com colegas o novo labo-ratório e envolvido em projetos de pesquisa em São Carlos. Mas se sentiu muito honrado com o convite. “O IPT é uma insti-tuição que tem um nome forte e uma história impressionante, que representa a viabilização do desenvolvimento de São Paulo pela tecnologia.”

professor Sergio Mascarenhas sempre foi muito próximo e produziu muito estímulo”, diz Oliveira. “Ele é o exemplo do semeador de ideias e ajudou muita gente que hoje desem-penha um papel importante na ciência do Brasil.”A admi-ração é recíproca. “Oliveira é uma figura singular na comu-nidade de ciência, tecnologia e inovação”, diz Mascarenhas. “Além disso é um humanista, transitando pela música com a mesma criatividade com que faz ciência e tecnologia.”

O outro grande aprendiza-do que Oliveira teve foi

implementar inovação em em-presas como a Zema, fabrican-te de máquinas, a Norton, de abrasivos, e alguns grupos inter-nacionais como Saint Gobain nos Estados Unidos, onde fica a sede de divisão de materiais de alto desempenho, e o TRW nos Estados Unidos, Europa e Ásia, um dos maiores fabri-

Precisão de robô gigantesco é testada no laboratório do iPT

Foi quando conheceu as pes soas que considera seus men-tores e parceiros de gestão, o presidente do conselho do IPT, Paulo Cunha, o secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Luciano de Almeida, e os dire-tores do instituto. “O IPT é uma sociedade anônima e gerenciar uma empresa é um desafio di-ferente de ser professor, aqui precisamos promover o alinha-mento de todos, buscar eficiên-cia e perseguir metas muito objetivas, tenho aprendido mui-to.” Após conversas com Cunha e outros membros do conselho, assumiu o desafio de ajudar a ge renciar um investimento de R$ 100 milhões do governo do estado no instituto. “Em pouco mais de dois anos e meio a ver-ba está comprometida com a construção de prédios e labora-tórios, com a compra de 500 equipamentos e a contratação de 150 pessoas”, diz. “E eu estou muito feliz por estar aqui e po-der participar disso.” ✦

ed

ua

rd

o c

esa

r

Page 28: Prêmio FCW 2009

28

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

me

dic

ina

Hematologista paranaense Ricardo Pasquini foi o pioneiro dos transplantes de medula óssea no Brasil

Doutor esperança

Em outubro de 1979, uma equipe brasileira con-seguiu realizar o primeiro transplante bem-suce-

dido de medula óssea na América Latina. A façanha não foi obtida em São Paulo ou no Rio de Janeiro, centros normalmente associados à pesquisa clínica de vanguarda do país. A boa notícia veio de Curitiba, onde um grupo de médicos coordenados pelo hema-tologista Ricardo Pasquini, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR), reali-zou o delicado procedimento num paciente com um tipo de câncer de sangue. O pioneirismo do médico paranaen se não parou por aí. Em 1993, sua equipe também foi a responsável pela realização do primeiro transplante de células do cordão umbilical na América Latina e, em 1995, fez o primeiro transplante de me-dula óssea entre indivíduos não aparentados no Brasil.

Essas contribuições fizeram do nome de Pasquini, um curitibano de poucas palavras e muitas ações, uma referência no estudo e tratamento de doenças do sangue e do metabolismo. Hoje, passados 31 anos da conduta pioneira, o Serviço de Transplante de Me-dula Óssea (STMO) do HC paranaense contabiliza mais de 2 mil procedimentos realizados, cerca de um quinto do total efetuado no Brasil. “Os transplantes se disseminaram pelo país e atualmente mais de 50 centros são capazes de fazê-los”, diz Pasquini. “Em 80% dos casos, os procedimentos são cobertos pe-lo SUS (Sistema Único de Saúde).” Extremamente organizado, o hematologista mantém uma base de dados com informações detalhadas sobre cada um dos pacientes transplantados em Curitiba. Regis-tros tão duradouros são raros no país e permitem

Page 29: Prêmio FCW 2009

do curso foi enviado ao Rio de Janeiro para aprender novas técnicas de coagulação do san-gue e, mesmo antes de formado, frequentava os congressos de hematologia. “Naquela época, a gente tinha de fazer tudo no laboratório, inclusive os reagen-tes”, conta. Como ainda não havia sido instituída a residência médica na faculdade, os alunos da graduação ganhavam expe-riência clínica atuando como voluntários em tempo parcial do HC. Pasquini formou-se em dezembro de 1963 e em março do ano seguinte casou-se.

Não demorou muito pa-ra o médico recém-formado virar professor universitário. Em 1965 foi contratado como

acompanhar a eficiência dos transplantes para o tratamento de distintas doenças.

Filho de uma dona de casa e de um gerente de uma fábri ca de louças, Pasquini exibia um pendor para a área biológica desde muito cedo. Aos 4 anos de idade, surpreendeu a irmã Ruth, cinco anos mais velha, com uma frase precocemente assertiva: “Eu quero ser médi-co”. Nunca mais tirou a ideia da cabeça. Aos 14 anos, ensaiou os primeiros passos rumo ao obje-tivo. Começou a dar expedien-te no laboratório de análises clínicas do irmão, Darcy. “Acha-va tão bom trabalhar e passava as tardes no laboratório”, lem-bra. O emprego no negócio da

família lhe abriu, literalmente, as portas do mundo da medici-na. Pôde prestar serviços ao Hospital da Santa Casa de Mi-sericórdia de Curitiba e estagiar no HC, onde aprendeu novas técnicas laboratoriais. Em 1956, quando entrou aos 18 anos no curso de medicina da UFPR, já tinha mais experiência com certos temas médicos do que a maioria dos colegas.

Na faculdade teve aulas com Paulo Barbosa da Costa,

o primeiro hematologista de Curitiba, uma influência para que o jovem universitário se encaminhasse para a mesma disciplina médica. Aluno de destaque, já no segundo ano

jad

er

ro

ch

a

Pasquini: dados detalhados sobre mais de 2 mil transplantes

Page 30: Prêmio FCW 2009

30

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

instrutor de ensino, cargo hoje equivalente a auxiliar de ensino, pela faculdade em que se for-mara. Em paralelo às atividades acadêmicas, tornou-se sócio do laboratório de análises clínicas da Santa Casa e começou a exercer a clínica hematológica num consultório particular. An-tes do final da década, tomou uma decisão que iria influenciar de forma substancial sua ma-neira de trabalhar: resolveu se especializar ainda mais em he-matologia e optou por procurar aperfeiçoamento nos Estados Unidos. “As pessoas então não saíam tanto do Brasil e a he-matologia ainda era vista mais como uma especialidade de laboratório do que da área clí-nica”, afirma. Passou três anos, de 1969 a 1972, em Salt Lake City, na Universidade de Utah, como bolsista da Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A temporada no exterior foi proveitosa e proporcionou um grande impulso em sua carrei-ra. Em Salt Lake City Pasquini adquiriu a disciplina e o treino médico que se tornariam marcas de atuação como pesquisador e clínico. “A viagem mudou meu comportamento”, diz. “Aprendi a avaliar o contexto, a enxer-gar o ser humano no paciente. Tudo ficou mais organizado na minha cabeça.” Na Universi-dade de Utah teve também a oportunidade de ser orientado por Maxwell Wintrobe, médico austríaco-canadense que prati-camente deu à hematologia o status de especialidade ao editar nos anos 1940 o primeiro trata-do sobre a área, intitulado Clíni-ca hematológica. Quando voltou a Curitiba, começou a pôr em

prática o jeito de trabalhar que aprendera nos Estados Unidos. Em paralelo às pesquisas em he-matologia, dedicou-se a organi-zar toda a residência médica do curso da UFPR. Sabia que tinha de estruturar esse setor para dar um bom suporte ao trabalho clínico-acadêmico do hospital.

Mais de três décadas atrás, não era uma tarefa trivial

criar a infraestrutura necessária para realizar com segurança um transplante de medula óssea, um procedimento com particulari-dades em relação aos transplan-tes de órgãos como coração, rim ou fígado. Afinal, as defe-sas imunológicas do receptor de uma nova medula têm de ser suprimidas – sua medula ori-ginal é destruída e são dados medicamentos para minimizar o risco de rejeição – antes de o doente ser submetido ao proce-dimento e há sempre o risco de ocorrer intolerância às células transplantadas. Para realizar o transplante de medula com um mínimo de segurança, um cen-tro médico deve passar por uma pequena revolução em termos organizacionais e assepsia. Ele precisa de uma equipe treinada de médicos, enfermeiros, psicó-logos e outros profissionais da saúde. Necessita de instalações apropriadas para isolamento do paciente e de pessoal disponí-vel para dar atenção médica 24 horas por dia. Isso sem contar a obrigatoriedade de ter de dar apoio a longo prazo para o pa-ciente em recuperação e sua família.

“A execução bem-sucedida de um transplante de medula é uma verdadeira operação de guerra”, afirma o hematologista Marco Antonio Zago, pró-rei-tor de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), colega de profissão e amigo de Pasquini.

Pasquini aos 14 anos: trabalho no laboratório de análises do irmão

re

Pr

od

ão

Page 31: Prêmio FCW 2009

médica do serviço. O nome da entidade, ativa até hoje, é uma homenagem ao primeiro paciente que recebeu o trans-plante.

Pasquini está oficialmente aposentado da universidade

desde 2008, mas continua dan-do expediente matutino nor-malmente em sua sala no 17º andar do HC. Fotos de an tigos amigos, de momentos impor-tantes da carreira e um desenho dos pais dos transplantes de me-dula óssea (Robert A. Good, E. Donnall Thomas e George W. Santos) adornam seu escritório. Sua rotina de trabalho não mu-dou muito. Mantém, por exem-plo, o hábito adquirido há 25 anos de participar às segundas e quartas-feiras, sempre às 7h30, de uma reunião com a equipe médica para discutir a situação dos pacientes transplantados e dos candidatos a receber uma nova medula. “A reunião tem de ser cedo para não perdemos toda a manhã e deve durar não mais do que uma hora”, afir-

“Em 1979 havia muito ceticis-mo quanto à capacidade de se realizar esse tipo de tratamento em nosso país.” Com ousadia e determinação, Pasquini prepa-rou o hospital da universidade para vencer o desafio e reali-zou o primeiro transplante de medula no Brasil há exatos 31 anos. “Ele serviu de modelo e inspiração para muitos grupos de pesquisa e abriu caminho para jovens médicos e cientis-tas tanto no Brasil como em outros países, particularmente nos Estados Unidos”, comenta o médico Cármino Antonio de Souza, coordenador do Hemo-centro da Universidade Esta-dual de Campinas (Unicamp). Em 1988, o médico paranaense realizou outro sonho: ao lado de membros de destaque da sociedade curitibana, fundou a Associação Alírio Pfiffer, en-tidade sem fins lucrativos que visa prestar assistência aos pa-cientes e angariar recursos para manter equipada a unidade de transplantes e garantir a for-mação continuada da equipe

Quadro na sala do médico: retrato dos pais do transplante de medula óssea

ma Pasquini. À tarde, passa pe-lo Hospital Nossa Senhora das Graças, onde cuida do setor de transplantes de medula óssea, e três ou quatro vezes por semana ainda atende pacientes em seu consultório particular.

Sua produção acadêmica continua alta. Os artigos cien-tíficos sobre formas raras de fa-lência congênita ou adquirida da medula óssea, causadas por doenças como a anemia aplásti-ca severa e a anemia de Fanco-ni, são referência mundial. Nos últimos 10 anos, participou da maioria dos estudos sobre o tratamento da leucemia mieloi-de crônica, um tipo de câncer do sangue, com um novo gru-po de fármacos revolucioná-rios da oncologia moderna, os inibidores de tirosino-quinases. Para ter uma ideia de seu pres-tígio internacional, basta men-cionar que em junho deste ano Pasquini foi um dos coautores de dois artigos no New England Journal of Medicine, umas das re-vistas médicas mais prestigiosas do mundo. ✦

jad

er

ro

ch

a

Page 32: Prêmio FCW 2009

32

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

cu

lt

ur

a

Antonio Nóbrega busca na música e na dança populares a essência da identidade brasileira

Dois instrumentos

No palco, ele dá passos de maracatu, caboclinho, frevo e muito mais. Desce, desaparece na multi­

dão, tira pessoas para dançar, contagia, envolve, torna o movimento irresistível até para os mais tímidos. Reaparece em cena, às vezes pelos braços do próprio público, e continua o espetáculo. Aos 57 anos, a ener­gia é mantida com dedicação por um rigoroso pro­grama de exercícios. Mas o pernambucano Antonio Nóbrega não se atém às apresentações. Junto com sua mulher, Rosane Almeida, mantém na Vila Madalena, em São Paulo, o Instituto Brincante, onde promovem aulas de música e dança e têm projetos de inclusão social. Tudo com um objetivo nada modesto: ajudar a construir a identidade cultural brasileira.

São 40 anos de atividade artística, mas, como diz Nóbrega, “a palheta começou a vibrar mais cedo”. O pai, médico, reparou que o menino de 7 anos batucava na mesa na hora das refeições. Em vez de impor um melhor comportamento à mesa (ou talvez além disso), encontrou uma professora de violino para o filho. Era dona Belinha, violinista da Orquestra Sinfônica do Recife. O cenário já era teatral, o que se tornou uma das características das apresentações do Brincante, que ele criou em São Paulo mais de 30 anos depois. “A casa era meio antiga, com ingredientes insólitos, quase fantasmagóricos.” A professora era “baixinha, corcunda e com uma camada muito grossa de caspa na cabeça”, relembra. Passado um ano de estudos, dona Belinha declarou ao pai de Nóbrega que já não tinha o que ensinar ao menino (“Olha que mentira!”). Mas já havia chegado no Recife o violinista catalão Luís Soler, que deu continuidade à sua educação musical.

Page 33: Prêmio FCW 2009

Até o início dos anos 1970, Nóbrega era um músico dividi­do entre dois mundos. A música erudita, na Orquestra Sinfônica do Recife, e as influências que chegavam pelo rádio e pela nascente televisão. Mantinha com as três irmãs um conjun­to familiar (violino, violoncelo, piano e bongô) que tocava Bea­tles, Roberto Carlos e outros sucessos da época. E também compunha – teve duas músicas finalistas no festival de música do Recife, nos anos 1960.

Eram mundos musicais isolados, até que o dramatur­go paraibano Ariano Suassuna reparou no jovem violinista na apresentação de um concerto para violino de Bach na igre­ja São Pedro dos Clérigos e o convidou para seu Quinteto Armorial. Foi por intermédio de Suassuna que Nóbrega co­nheceu o mundo cultural que não atravessava as fronteiras da periferia, e estava por isso mui­to mais distante da classe média recifense do que o que vinha da Europa e a Jovem Guarda de São Paulo. O maracatu e ou­tros ritmos regionais se revela­ram “um território com uma imensidão e uma riqueza que surpreendiam e abismavam”, e mostraram ao músico de 19 anos a conexão entre o erudito e o popular, entre a expressão de uma cultura e a técnica ins­trumentista. “Não existe cria­dor que tire de si um universo criacional sem que deite raízes em alguma coisa”, explica.

O que brotou dessas raízes não foi só um músico mais completo. Terno de pífanos, cabaçal e esquenta­mulher en­traram no repertório de Nó­brega, que ao explorar o novo mundo sentiu também a neces­sidade de aprender as danças, expressão completa dessa cul­tura. Desde o desabrochar do Si

lvia

Ma

ch

ad

o

Page 34: Prêmio FCW 2009

34

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

artista no Quinteto Armorial se passaram quatro décadas e 22 espetáculos montados por ele, sempre buscando potencializar aquele primeiro encontro. E foram décadas de reflexão e de estudos para entender a origem e os universos fundadores dessa cultura popular e seu papel na identidade cultural do país, tra­jetória que incluiu uma parada universitária nos anos 1980, em que por cinco anos foi professor de dança na Universidade Esta­dual de Campinas (Unicamp).

Quem hoje vê um espetá­culo de Nóbrega não fica imu­ne à exuberância e à beleza dos movimentos que ele recolhe, elabora e apresenta em novas re­ leituras. “O toque de cabocli­nho agora ressoa no corpo de outra maneira”, conta o mul ti­­instrumentista e dançarino, que já não faz propriamente passos de capoeira, mas cria espetácu­los com base (também) neles.

“Reuni um conjunto de práti­cas e de linguagens, e com elas ergui meu castelo de criação.”

Para ele, o destilado desses anos de pesquisa e de produção musical é a dança, que privi­legia em seu espetáculo mais recente: , de 2009, cujo DVD deve sair este ano. A música popular faz parte do cotidiano do brasileiro, mas a população não usufrui do universo rít­mico de dança produzido no país, lamenta.

E ssa distância em relação à expressão corporal vem de

longe. E está ligada à origem da riqueza cultural nos arredores de Recife: a escravatura. A capi­tania de Pernambuco, estabele­cida no século XVI, era uma das mais prósperas devido à produ­ção de cana­de­açúcar. A proxi­midade entre escravos de várias nacionalidades africanas, índios e portugueses formou um cal­

deirão cultural de onde saiu o maracatu, o frevo, o caboclinho e outros ritmos. “Sem esse en­contro com negros e índios o Brasil seria, culturalmente, um Portugal de segunda, modifica­do pela geografia e pelo clima tropical”, especula Nóbrega.

A proximidade entre casa­ ­grande e senzala fazia com que a música produzida pelos escra­vos chegasse à elite, mas permi­tir a exuberância física da dan­ça dentro da sala de estar já não era simples. “Houve mo mentos em que a dança qua se entrou na casa, mas voltou atrás e não che­gou a nutrir a cultura aristocra­ta.” Entender esse universo é uma janela essencial pa ra se enxergar o Brasil. “A dança é uma representação cultural, e todos temos esse pigmento.” O

Naturalmente, espetáculo de

2009 centrado na dança

Silv

ia M

ac

ha

do

Page 35: Prêmio FCW 2009

E isso depende de políticas públicas. Ele cita o choro, uma representação musical brasileira com grande divulgação inter­nacional, mas pouco estudado no Brasil. Para Nóbrega, a po­lítica cultural deveria dar prio­ridade ao que é mais relevante para a cultura brasileira, propi­ciar a formação de conjuntos que tragam novidades.

Na escala que pode alcan­çar, é o que busca no Instituto Brincante. Por meio dos cur­sos de formação de educadores da rede pública, que indicam maneiras de ensinar expressão corporal baseada nos ritmos típicos deste país, Nóbrega es­pera ajudar a formar cidadãos

africano, explica, é por nature­za moldável. Para ele, vem daí o caráter cordial muitas vezes associado ao brasileiro.

A arte, como representação simbólica dessa persona­

lidade, facilita que as pessoas se coloquem melhor diante de si próprias. De origem em geral religiosa, a dança adquire aspectos teatrais e atinge uma dimensão arquetípica que trans­cende o religioso. Assim como o japonês, a dança brasileira surge de uma conjunção de componentes culturais. Essa é a importância, diz ele, de trazer a dança, como o folguedo com cavalo­marinho, para o reper­tório cotidiano da população.

Mesmo com elementos constantes, essa produção es­pontânea aos poucos muda. Nóbrega cita gravações reco­lhidas em 1938, no Nordes­te, por iniciativa do escritor Mário de Andrade, agora dis­ponível em caixa produzida pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo e pelo Sesc São Paulo. “São as mesmas coisas que ouvi nos anos 1970, mas com diferenças”, conta. E pondera que talvez esteja na hora de voltar a Pernambuco para revisitar e renovar as pes­quisas.

Nóbrega lamenta que a so­ciedade atual, cada vez mais es­crava do consumo, torne a vida das pessoas limitada à escola, à empresa, à televisão. “As pessoas precisam de outras dimensões para se posicionarem como se­res humanos”, reflete, pensan­do num bancário que passa o dia atrás do balcão, chega em casa cansado e se deita diante da televisão. “Ninguém é feito para isso.” A busca por compor um melhor cidadão passa, para ele, pela formação de conjuntos artísticos que tragam novidades.

Multi-instrumentista: Nóbrega em Lunário perpétuo, de 2002

mais completos. Mas a natureza contagiante de suas apresenta­ções permanece mais impor­tante do que o ensino formal, na opinião de Carlos Augusto Calil, secretário de Cultura do município de São Paulo. “Ele faz com o corpo uma sensibi­lização das pessoas”, afirma, “e pode fazer isso porque toca dois instrumentos: é bom músico e bom dançarino”. Ao depurar o gesto sem entrar na produção cultural de ampla escala, e pôr essa arte espontânea brasileira diante dos olhos da classe mé­dia, o papel de Nóbrega acaba sendo político. Vem daí o maior motivo para premiar a carreira desse artista. ✦

du

du

Sc

hN

aid

er

Page 36: Prêmio FCW 2009

36

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

D enise Wichmann, de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, ganhou o Prêmio FCW de Arte, em Fotografia Publicitária,

com Ousadia ímpar. Este ano, o primeiro lugar de Ensaio Publicado foi dividido por dois profissionais que trabalham juntos, Marcio Rodrigues e Marco Mendes, de Belo Horizonte, pela série O sol no céu de nossa casa. O segundo lugar ficou com João Roberto Ripper, do Rio de Janeiro, com Imagens humanas. Em Ensaio Inédito ganhou Ricardo Barcellos, de São Paulo.

O valor total distribuído foi de R$ 285 mil, divididos entre os cinco fotógrafos. Nesta edição de 2009 do Prêmio FCW de Arte foram recebidas 198 inscrições de 22 estados (mais o Distrito Federal), número superior aos 19 estados da edição anterior. Nas páginas seguintes será possível conhecer os trabalhos dos cinco fotógrafos. No livro comemorativo deste ano haverá as fotos dos demais finalistas.

Fotografia Publicitária

Aderi CostaZarella NetoManolo MoranHenrique LorcaMauricio NahasMarlúcio FerreiraElla DurstMarcus HausserRicardo CunhaPaulo LaborneClaudio MeneghettiDaniel KatzBordinCacaloLeo LuzBruno MalufMarco Antonio Santos da Rocha FilhoGustavo ZylbersztjanCarlão

Ensaio Fotográfico Publicado

Valéria SimõesAndré FrançoisAraquém AlcântaraZé PaivaFernando Figueiroa

Ensaio Fotográfico Inédito

Sergio RanalliRicardo TelesTadeu VilaniPedro David

Fotógrafos finalistasa

rt

e

Foco na imagem

Page 37: Prêmio FCW 2009

fotografia publicitária

1º lugarOusadia ímpar, de Denise Wichmann

Page 38: Prêmio FCW 2009

38

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

Page 39: Prêmio FCW 2009

ensaio fotográfico publicado

1º lugarO sol no céu de nossa casa, de Marcio Rodrigues

Page 40: Prêmio FCW 2009

40

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

Page 41: Prêmio FCW 2009

ensaio fotográfico publicado

1º lugarO sol no céu de nossa casa, de Marco Mendes

Page 42: Prêmio FCW 2009

42

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

Page 43: Prêmio FCW 2009

ensaio fotográfico publicado

2º lugarImagens humanas, de João Roberto Ripper

Page 44: Prêmio FCW 2009

44

Esp

ec

ial

Pr

êm

io C

on

ra

do

We

sse

l |

Pe

squ

isa

Fa

PE

sP

Page 45: Prêmio FCW 2009

ensaio fotográfico inédito

1º lugarSem título, de Ricardo Barcellos

Page 46: Prêmio FCW 2009

Fun da ção de Am pa ro à Pes qui sa do Es ta do de São Pau lo – FA PESP

Li ga da à Se cre ta ria de Ensino Superior do Estado de São Paulo, é uma das prin ci pais agên ci as de fo men to à pes qui sa ci en tí fi ca e tec no ló gi ca. Des de 1962 con ce de au xí lio à pes qui sa e bol sas em to das as áre as do co nhe ci men to, fi nan ci an do ati vi da des de apoio à in ves ti ga ção, ao in ter câm bio e à di vul ga ção da ci ên cia e tecnologia em São Paulo.

Co or de na ção de Aper fei ço a men tode Pes so al de Ní vel Su pe ri or – Capes

Vin cu la da ao Mi nis té rio da Edu ca ção, pro mo ve o de sen vol vi men to da pós-gra du a-ção na ci o nal e a for ma ção de pes so al de alto ní vel, no Bra sil e no ex te ri or. Sub si dia a for ma ção de re cur sos hu ma nos al ta men te qua li fi ca dos para a do cên cia de grau su pe ri or, a pes qui sa e o aten di men to da de man da dos se to res públicos e privados.

Con se lho Na ci o nal de De sen vol vi men to Ci en tí fi co e Tec no ló gi co – CNPq

Fun da ção vin cu la da ao Mi nis té rio da Ci ên cia e Tec no lo gia para apoio à pes qui sa bra-si lei ra, que con tri bui di re ta men te para a for ma ção de pes qui sa do res (mes tres, dou to res e es pe ci a lis tas em vá ri as áre as do co nhe ci men to). É uma das mais só li das es tru tu ras pú bli cas de apoio à ci ên cia, tec no lo gia e ino va ção dos paí ses em desenvolvimento.

So ci e da de Bra si lei ra para o Pro gres so da Ci ên cia – SBPC

Fun da da há mais de 50 anos, é uma en ti da de ci vil, sem fins lu cra ti vos, vol ta da prin ci-pal men te para a de fe sa do avan ço ci en tí fi co e tec no ló gi co e do de sen vol vi men to edu ca ci o nal e cul tu ral do Bra sil.

Aca de mia Bra si lei ra de Ci ên ci as – ABC

So ci e da de ci vil sem fins lu cra ti vos, tem por ob je ti vo con tri bu ir para o de sen vol vi men-to da ciência e tecnologia, da edu ca ção e do bem-es tar so ci al do país. Reúne seus membros em 10 áre as das Ciências: Ma te má ti cas, Fí si cas, Quí mi cas, da Ter ra, Bi o ló gi-cas, Bi o mé di cas, da Saúde, Agrárias, da Engenharia e Humanas.

Aca de mia Bra si lei ra de Le tras – ABL

Fun da da em 20 de ju lho de 1897 por Ma cha do de As sis, com sede no Rio de Ja nei ro, tem por fim a cul tu ra da lín gua na ci o nal. É com pos ta por 40 mem bros efe ti vos e per-pé tu os e 20 mem bros cor res pon den tes es tran gei ros.

Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial

Criado na década de 1950, é uma organização do Comando da Aeronáutica que tem como missão o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento de atividades aeronáuticas, espaciais e de defesa, nos setores da ciência e da tecnologia.

Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa

Organização sem fins lucrativos que tem por objetivo maior articular os interesses das agências estaduais de fomento à pesquisa em todo o país. Criado oficialmente em 2007, o conselho já agrega fundações de 22 estados mais o Distrito Federal.

Instituições Parceiras da FCW

Page 47: Prêmio FCW 2009

Júri dos prêmios FCW de 2009

ciência geral parceira que indicou Jacob Palis | Presidente ABC Adalberto Ramon Vieyra Capes Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho CNPq Eduardo Moacyr Krieger FAPESP Erney Plessmann de Camargo FCW Iván Izquierdo FCWJosé Machado Moita Neto ConfapLeopoldo de Meis FCWMarco Antonio Sala Minucci CTA Marco Antonio Raupp SBPC

ciência aplicada Jorge Almeida Guimarães | Presidente Capes Carlos Vogt FCWGlaucius Oliva CNPqGuilherme Suarez Kurtz FCWJoão Batista Calixto Capes José Galízia Tundisi FCWJosé Oswaldo Siqueira CNPqJosé Policarpo Gonçalves de Abreu ConfapMonica Ferreira do Amaral Porto FAPESPPaulo Sergio Lacerda Beirão SBPCSergio Mascarenhas FCW

medicina Renata Caruso Fialdini | Presidente FCW Egberto Gaspar de Moura ConfapHelena Bonciani Nader SBPCCesar Victora FCWErney Plessmann de Camargo FCWMarcello André Barcinski CapesMarco Antonio Zago FCWMario José Abdalla Saad FAPESPRicardo Renzo Brentani FCWProtásio Lemos de Luz FCW

cultura Celita Procopio de Carvalho | Presidente FCW Alfredo Bosi FAPESPAna Mae Tavares Bastos Barbosa FCWCarlos Vogt FCWCarlos Alberto Aragão de Carvalho Filho CNPq Domício Proença ABLJoão Grandino Rodas FCWMartha Tupinambá de Ulhôa CapesMauro William Barbosa de Almeida SBPCPatrícia Maria Melo Sampaio Confap

arte / fotografia publicitária Rubens Fernandes Junior | Presidente FCWGilberto dos Reis Clube de Criação de São Paulo Gisele Centenaro Revista AboutJuan Esteves Revista Fotografe MelhorMarcos Chagas Magaldi AbrafotoRicardo Ramos Quirino APP

arte / ensaio fotográfico publicado e inédito Rubens Fernandes Junior | Presidente FCWAlexandre José Belém de Souza Olha VêHelouise Costa MAC/USPHélio Campos Mello Revista BrasileirosJoaquim Marçal Ferreira de Andrade Biblioteca Nacional/IconografiaRicardo Chaves Jornal Zero HoraRonaldo Entler Unicamp

Page 48: Prêmio FCW 2009

15 de novembro de 2010

15 a 20 de novembro de 2010

25 e 26 de novembro de 2010

5 de março de 2011

14 a 18 de março de 2011

13 de junho de 2011

Prazo para recebimento das indicações (Ciência e Cultura)

Preparação dos dossiês dos indicados (Ciência e Cultura)

Julgamento e escolha dos premiados(Ciência e Cultura)

Prazo para recebimento das inscrições (Arte)

Escolha dos premiados (Arte)

Divulgação dos trabalhos (Arte)

Cronograma da premiação 2010

Fundação Conrado Wessel | www.fcw.org.br