Prémio, 11.2012

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ADEGAS DE AUTOR AS NOVAS CATEDRAIS DO VINHO ARTE DOMINIO CHINÊS MOÇAMBIQUE GORONGOSA ASTON MARTIN VANTAGE V12 SIMPLY THE BEST DE DIOGO DA SILVEIRA A CARLOS TAVARES, PASSANDO POR MARIA RAMOS E HORTA OSÓRIO, CONHEÇA OS GESTORES PORTUGUESES QUE ESTÃO A DAR CARTAS NO MUNDO. NOVEMBRO DE 2012 • ANO IX • 0,01 EUROS • TRIMESTRAL • DIRECTOR ÁLVARO DE MENDONÇA PERFIL ALBERTO DA PONTE RESTAURANTES O TOP MUNDIAL R E V I S TA D E N E G Ó C I O S , E C O N O M I A , M A R K E T I N G E L I F E S T Y L E

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Numa edição com imagem renovada, a Prémio mostra-lhe o melhor do mundo dos negócios, lifestyle e marketing. Conheça neste número as catedrais do vinho nas adegas de autor que estão a conquistar reconhecimento internacional. Saiba ainda quem são os gestores portugueses que estão a dar cartas no mundo e veja os segredos no novo Presidente da RTP, Alberto da Ponte. Numa multiplicidade de conteúdos entre ainda nos maravilhosos mundos da gastronomia, da arte e do luxo.

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ADEGAS DE AUTOR AS NOVAS CATEDR AIS DO VINHO

ARTEDOMINIO CHINÊS

MOÇAMBIQUEGORONGOSA

ASTON MARTINVANTAGE V12

SIMPLY THE BESTDE DIOGO DA SILVEIR A A CARLOS TAVARES, PASSAND O P OR MARIA R AMOS E HORTA OSÓRIO, CONHEÇA OS GESTORES P ORTUGUESES QUE ESTÃO A DAR CARTAS NO MUND O.

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PERFIL ALBERTO DA P ONTE

RESTAURANTES O TOP MUNDIAL

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AVALIADORES e LEILOEIROS

www.veritasleiloes.com | Av. Elias Garcia 157 A/B 1050-099 Lisboa | T +351 21 7948000 | [email protected]

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4 - EDITORIAL A Força da Nossa Língua 6 - A ABRIR14 - ENTREVISTA Martin Walker, Senior

Director do Global Business Policy Council

18 - INVESTIMENTO Invasão Mundial da China22 - OPINIÃO Ted Scott, F&C Investments24 - PROJECTO Cidade do Futebol26 - DOSSIÊ A Aposta no Mar 36 - FINANÇAS O Fenómeno da BlackRock40 - ANÁLISE A Retoma do Euro,

Francisco Almeida, Orey Financial

42 - COMUNICAÇÃO Angola a Todo o Gás

44 - SAPATOS PORTUGUESES Passeio da Fama51 - EXECUTIVOS Portugueses de Sucesso no Mundo64 - PERFIL Alberto da Ponte,

Presidente do Conselho de Administração da RTP

68 - OPINIÃO Rui Miguel Nabeiro, Grupo

Nabeiro/Delta Cafés70 - MARKETING Como Comunicar o Luxo?82 - REDE INTERNACIONAL Estudo Worldcom84 - COMUNICAÇÃO A Agência Ideal88 - PEDRO GÓIS Director Criativo CV&A92 - OPINIÃO Paulo Nassar, Presidente da ABERJE

94 - AVIAÇÃO Voar Sem Medo98 - RUNNERS Correr Está na Moda 110 - ANÁLISE “Fecha-se uma Porta, Abre-se

uma Janela”, Pedro Rolo Duarte112 - ADEGAS Vinho de Autor118 - ARTE O Despertar Chinês120 - TURISMO Parque da Gorongoza126 - RESTAURANTE O Top Mundial136 - HOTEL Saint Andrews, Brasil140 - SHOPPING Novas Tendências142 - AUTOMÓVEL Aston Martin146 - OPINIÃO David Seromenho

D I R E C T O R

Álvaro de Mendonça

D I R E C T O R D E A R T E

Pedro Góis

D E S I G N E R Ana Oliveira Pinto

S E D E / R E D A C Ç Ã O

Av. Duque de Loulé, 123, 7.º 1050-089 Lisboa

I M P R E S S Ã O Jorge Fernandes, lda

CRC LISBOA

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REGISTO ERC

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D E P Ó S I T O L E G A L

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P R O P R I E D A D E / E D I T O R

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C O N T R I B U I N T E

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T I R A G E M

2000 exemplares

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E D I T O R I A L

A F O R Ç A D A N O S S A L Í N G U A

Porque é que o português é a nova língua do poder e dos negócios? A pergunta é surpreendentemente lançada na capa da edição de Outubro da Monocle, a mais influente revista do mundo no que a descobrir tendências diz respeito.

A Monocle é dirigida por Tyler Brulé, esse mago do novo jornalismo britânico e que é também o fundador e ex-director da Wallpaper e um dos mais lidos colunistas do conceituado Financial Times.

Não é a primeira vez que a Monocle fala sobre Portugal. Catarina Portas já foi considerada como uma das mais promissoras jovens empreendedoras da Europa. A Conserveira Portuguesa, na baixa lisboeta, foi classificada como lugar obrigatório de peregrinação para os gastrónomos de todo mundo. As referências ao que de melhor Portugal tem para oferecer ao mundo tornaram-se uma constante na Monocle. Nada mau para um pequeno País, numa revista que tem como missão editorial escrever sobre o que de melhor existe no planeta.

A garantia de que o português se afirmará como um forte idioma do futuro é ainda mais relevante, numa altura em que a imagem externa de Portugal é agastada pela crise da dívida dos países do sul da Europa.

Do Brasil a Timor-leste, a Monocle escreve sobre o bom momento da lusofonia, contando a história de pessoas extraordinárias, analisando as oportunidades que se abrem pela partilha de uma língua falada por mais de 250 milhões de cidadãos no mundo e confirmando o sucesso de marcas globais, como o Grupo Espírito Santo, a Portucel Soporcel, a Sonae, a Portugal Telecom ou as Conservas Ramirez, de Portugal, a Mozal moçambicana,

a angolana Sonangol, a cabo verdeada TACV, ou as brasileiras Petrobras, Folha de São Paulo, havaianas, ItaÚ Unibanco ou Grupo Eike Baptista.

A Monocle explica que o extraordinário desenvolvimento do Brasil, de Angola e de Moçambique mais do contrabalançam os problemas conjunturais de Portugal.

De Maputo, realça a arquitectura colonial e o trabalho local de Pacho Guedes, “o Niemeyer africano”; em Luanda elogia a explosão da economia e dos negócios e o esforço de reconstrução do país; de São Paulo sublinha a

classe mundial do Hotel Fasano e a qualidade e vanguardismo do modelo de negócios dos grandes shoppings locais, como o Iguatemi; Do Rio de Janeiro destaca a capacidade de produção da TV Globo e TV Record, verdadeiras multinacionais da divulgação da língua portuguesa pelo mundo.

Em Portugal, a Monocle dá relevo à excelência da cortiça produzida pelo Grupo Amorim, ao projecto turístico da Comporta, ao talento descomunal de Siza Vieira e aos esforços da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Se esta edição da Prémio lhe chegar às mãos, Tyler Brulé poderá

não só destacar a qualidade do grafismo renovado da revista, mas também a excelência da formação de uma geração de gestores portugueses de dimensão mundial, o traço único da Adega Mayor, o rearranjo urbanístico da Baía de Luanda, ou a exclusividade do novo resort da Visabeira no parque natural da Gorongosa, em Moçambique. Aqui ficam as sugestões para próximas edições da Monocle. l

Á L V A R O D E M E N D O N Ç A

P O R Q U E É Q U E O P O R T U G U Ê S É A N O V A L Í N G U A D O P O D E R E D O S N E G Ó C I O S ?

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A A B R I R

FNAC com exclusivo do EbookPode ser equiparado a uma autêntica re-volução cultural e está a mudar os hábitos de leitura dos portugueses. O Ebook, que chega a Portugal através da parceria que a FNAC estabeleceu com a Kobo, oferece aos leitores um catálogo de mais de três milhões de livros, sendo que, nesta fase inicial, estarão disponíveis mais de cinco mil títulos em língua portuguesa.Disponível em exclusivo na FNAC, online e nas várias lojas distribuídas que a marca tem em Portuagl, pode ser adquirido por 119,90 Euros. Os detentores do cartão FNAC poderão usufruir deste equipamento por 99,90 Euros.Este leitor de eBooks foi distinguido como o “Melhor EReader” de 2012, pela revista norte-americana Wired Magazine. l

C O N F E R Ê N C I A C V & A

Fórum Internacional: “Portugal, Compromisso com o Futuro A CV&A vai promover, no próximo dia 5 de Dezembro, um fórum internacio-nal subordinado ao título “Portugal’s Commitment to the Future”. A parte da manhã contará com um alto represen-tante do Governo Português e focará dois temas principais: a situação do sector bancário em Portugal e Espanha e a resposta do mundo empresarial à crise. Além de representantes da banca de Portugal e Espanha, intervirão também dirigentes das associações de empregado-res dos dois países.No período da tarde, os trabalhos prosse-guirão com a presença do antigo Chan-celer Gerhard Schroeder, que apresentará a sua perspectiva sobre a actual crise do euro, ao que se seguirá um período de de-bate com a audiência. Na ocasião estarão presentes, além de numerosas individu-alidades dos meios político e económico portugueses, várias dezenas de jornalistas estrangeiros, de meios de referência da comunicação social dos respetivos países de origem, onde se espera que os debates deste Fórum façam eco, e que ele possa constituir uma oportunidade para dar a conhecer a realidade presente de Portugal. l

O grupo mineiro Colt Resources vai investir na prospecção e extracção de ouro em Montemor-o-Novo, região portuguesa do Alentejo. É o segundo investimento do grupo canadiano em Portugal, depois da exploração com que arrancou em Tabuaço, no Norte do País. A extracção de ouro em Montemor- -o-Novo será feita numa mina a céu aberto. Os dois depósitos auríferos têm uma capacidade de

produção estimada em 1665 mil toneladas, garantindo cinco anos de vida útil de exploração.Os responsáveis da Colt Resources, escolheram Portugal por ser um país que tem um grande potencial mineiro, a que se junta o facto de deter infra-estruturas modernas e de qualidade, capazes de fornecer uma disponibilidade de mão-de--obra experiente, competente e qualificada. l

H É L D E R B ATAG L I A C E S S A F U N Ç Õ E S N O B E S A

C O LT A P O S TA N O O U R O P O R T U G U Ê S

B A N C A

I N V E S T I M E N T O

Aos 65 anos e depois de uma década à frente do Banco Es-pírito Santo Angola (BESA) – acompanhou toda a vida do banco - Hélder Bataglia anunciou que cessa o seu mandato

como administrador executivo desta instituição financeira. A decisão, explicou o próprio, foi tomada no âmbito da estratégia pessoal que se tinha proposto, criando assim condições para se dedicar a projectos de âmbito pessoal. A saída de cena de Hélder Bataglia do BESA não implica, porém, que abandone a presidência na ESCOM. O abandono da actividade no sector bancário e financeiro, depois de ter protagoni-zado, desde a fundação do BESA, as mais importantes estratégias que

impulsionaram o cresci-mento daquela instituição financeira em Angola, foi acompanhado de muitos elogios por outros interve-nientes do sector.

É, de resto, uma história de sucesso. Aquele que começou por ser apenas

um escritório de representação em Angola do Banco Espírito Santo (BES), ainda hoje o accionista maioritário do banco, depressa cresceu e consolidou uma posição de destaque no sistema financeiro angolano. Apostou na angolanização dos seus quadros, incentivou a poupança e o uso da moeda nacional e foi reduzindo a participação do BES aos actuais 51,94%. Neste período, o destaque vai também para a aposta em Álvaro Sobrinho, que é, até ver, o único gestor angolano a liderar um banco de capitais portugueses.

Hélder Bataglia, além do projecto do BESA, é ainda um dos impul-sionadores da ESCOM, fundada em 1992, actualmente um dos princi-pais investidores privados em Angola. Os seus investimentos marcam presença também na África do Sul, Moçambique, República do Congo e na República Democrática do Congo, sobretudo nos sectores da mineração, imobiliário, construção civil, transportes e energia. l

APOSTOU NA

ANGOLANIZAÇÃO

DOS SEUS

QUADROS,

INCENTIVOU A

POUPANÇA E O

USO DA MOEDA

NACIONAL E FOI

REDUZINDO A

PARTICIPAÇÃO DO

BES AOS ACTUAIS

51,94%.

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A A B R I R

L U A N DA V I R A - S E PA R A O M A R

A N G O L A

Era um sonho antigo mas hoje é uma realidade que transformou a face de Luanda. A requalificação da Baía,

projecto desenvolvido numa parceria entre a Mota-Engil e Soares da Costa, encheu de orgulho e de satisfação o governo e os habitantes da capital. O projecto, um investi-mento de 285 milhões de euros (cerca de 370 milhões de dólares), envolveu a construção e reabilitação de 147 mil metros quadrados de espaços pedestres, 3,1 quilómetros de passeio marítimo, uma ciclovia, três parques de desporto, cinco campos de basquetebol, cinco espaços para eventos culturais e 10 novas praças públicas.

Depois de 30 meses de trabalho, que se distribuíram por diferentes áreas de interven-ções, a nova Baía de Luanda vem redefinir

toda a malha urbanística desta zona da cidade, intervindo em todas as áreas, do impacto ambiental à construção de infra-estruturas, passando pelas vias de comunicação, as zonas para estacionamento e uma aposta forte na implantação de espaços verdes.

A requalificação não foi uma obra de cosmé-tica e integrou a limpeza e o desassoreamento de areias ao longo da orla marítima que banha Luanda, seguindo elevados padrões de exigên-cia ao nível do impacto ambiental.

O financiamento do projecto é o resulta-do de uma decisão governamental, que se consubstanciou na Sociedade Baía de Luanda, onde a petrolífera estatal Sonangol, o Banco Privado Atlântico, o Banco Comercial Por-tuguês e a FiniCapital se constituíram como principais accionistas. l

N I N I A N D R A D E S I L V A

Designer vence mais um prémio internacionalO ateliê da conceituada designer Nini Andrade Silva conquistou o prémio de melhor arquitectura de interiores do International Hotel Awards – na categoria Américas – com o projecto de design interior do B.O.G. Hotel, uma unidade de cinco estrelas cravada no coração financeiro da cidade de Bogotá, capital da Colômbia. Em parceria com o destacado arquitecto Guil-lermo Arias, Nini concebeu um interior inspirado na lenda do El Dourado, nas riquezas colombia-nas, sob o tema “ouro e esme-raldas”, com combinações em tons de ouro, verde-esmeralda, cinza e bege. “Assim que cheguei a Bogotá pedi logo para dar uma volta pela cidade. Descobri então o forte simbolismo do ouro e das esmeraldas. Tentei com isso con-tar um pouco da história do povo”, revela à Prémio, sublinhando que “o interior do B.O.G. funciona como uma jóia”. Mas não só: na paleta das cores quentes da região incluiu esculturas de Hugo Zapata e tecelagens de Olga Amaral. No próximo dia 4 de Novembro Nini Andrade Silva estará em Londres para receber mais este galardão internacional, que irá juntar ao conquistado com o Hotel The Vine, no Funchal, premiado em 2009 como o melhor projecto de design de interiores na Europa. No ano seguinte venceu o prémio Best Interior Design com o projec-to do Hotel Teatro, no Porto. l

A REQUALIFICAÇÃO

DA BAÍA DE LUANDA

ENVOLVEU UM

INVESTIMENTO DE

285 MILHÕES DE

EUROS.

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A A B R I R

L A R G E T O I L E I N V E S T E 1 0 M I L H Õ E S N A AV E N I DA DA L I B E R DA D E

I M O B I L I Á R I O

O grupo francês Largetoile vai investir 10 milhões de euros no edifício

Étoile 240, que envolve a recons-trução total de um prédio do Séc. XIX, localizado na intersecção da Avenida da Liberdade com a Rua Alexandre Herculano, em Lisboa. O projecto conta com a assina-tura do arquitecto Alexandre Burmester, distinguido com os Óscares do Imobiliário 2004 e pelo Prémio Internacional de Arquitectura e Urbanismo 2009.

O edifício Étoile 240 terá uma área de 1800 metros quadrados e será equipado com infra-estrutu-ras de luxo para escritórios e uma loja no piso térreo, onde ficará

instalada a nova flagship store da Cartier. A inauguração da obra está prevista para a Primavera de 2013.

Para o arquitecto Manuel Sal-gado, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, “trata-se da recuperação integral de um edifício, abandonado há muitos anos, e cuja renovação contri-buirá para a revitalização deste eixo fundamental da cidade”. Geoffroy Moreno, administrador da Largetoile, explica que o de-senvolvimento do projecto Étoile 240 tem por objectivo “manter a traça de uma das mais elegantes avenidas europeias: a Avenida da Liberdade”. l

C E R Â M I C A

Nova colecção Vista Alegre cruza arte e literaturaA coleção “1+1=1” é um projecto que resultou do desafio lançado a um autor e a um artista para criarem uma peça exclusiva para a centenária marca portuguesa de porcelanas. O escritor Valter Hugo Mãe e o artista João Vaz de Carvalho lançaram mãos à obra e reinterpretam em porcelana Vista Alegre a livro “O Filho de Mil Homens”. O resultado da fusão entre as sensibilidades do Valter Hugo Mãe e do João Vaz de Carvalho foi uma di-vertida terrina que pretende celebrar a comunhão entre as pessoas em redor de uma mesa. Esta edição Vista Alegre virá acompanhada de uma reedição exclusiva do livro “O Filho de Mil Homens”, ilustrada por João Vaz de Carvalho.A apresentação do trabalho decorreu no passado dia 25 de Setembro, na renovada loja da Vista Alegre Atlantis, no Porto. Esta primeira peça da colecção “1+1=1” – um projecto inovador que irá agora convidar ou-tros artistas para mais interpretações conjuntas, terá uma edição limitada a 1000 exemplares. l

A C O L E C Ç Ã O D E C E R Â M I C A V E M A C O M PA N H A D A D E U M A R E E D I Ç Ã O E X C L U S I VA D O L I V R O “ O F I L H O D E M I L H O M E N S ”

INFRA-ESTRUTURAS

DE LUXO PARA

ESCRITÓRIOS E

UMA LOJA NO PISO

TÉRREO, ONDE FICARÁ

INSTALADA A NOVA

FLAGSHIP STORE DA

CARTIER.

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A A B R I R

L ´ O R É A L A B R EA C A D E M I A N O P O R T O

B E L E Z A

A L´Oréal inaugurou a maior Academia para profissionais de beleza de Portugal, na cidade do Porto. A Academia L’Oréal

Porto ocupa uma área de 662 metros quadrados distribuídos por dois pisos e terá ao seu serviço sete formadores para as marcas da divisão dos produtos profissionais representadas. Está equipa-da com quatro salas de formação técnicas, uma sala de formação business, um espaço nail bar, 26 bancos de penteados e 10 bancos de lavagem. A decoração inclui uma escada elíptica com 10 mil embalagens da coloração INOA. O projecto terá a formação de profissionais altamente qualificados em Portugal e na Europa, posicionando-se como

uma referência mundial na área.O Grupo francês, líder mundial em cosmé-

ticos, garante que esta Academia está entre as melhores da Europa e que o investimento é coerente com as ideias defendidas pelo seu fundador, Eugène Schueller, que entendia a empresa como um centro de formação para cabeleireiros.

O sector dos cabeleireiros corresponde a 1% do Produto Interno Bruto português, geran-do um volume de negócios anual de 1,5 mil milhões de euros e empregando mais de 40 mil pessoas nos cerca de 14 mil salões instalados em todo o país. l

A I N A U G U R A Ç Ã O D A A C A D E M I A L’ O R É A L P O R T O C O N T O U C O M A P R E S E N Ç A D E VÁ R I A S P E R S O N A L I D A D E S D A S O C I E D A D E P O R T U G U E S A

Facebook atinge os mil milhões de utilizadoresÉ um número impres-sionante, que mesmo os mais optimistas achariam difícil atingir ainda durante 2012. A rede social de Mark Zuckerberg atingiu esta marca, a 14 de Setembro, um ano depois de ter che-gado aos 750 milhões de utilizadores activos e dois anos e meio depois de ter chegado aos 500 milhões. O Facebook apresenta outros números invulgares: 1,13 mil milhões de likes, 140 mil milhões de ligações de amigos, 219 mil milhões de fotografias e 17 mil milhões de posts com localizações geográficas. Desde o lançamento do Facebook o perfil dos utili-zadores mudou profunda-mente. Os primeiros 25 mil utilizadores – alcançados no início de 2006 - tinham uma média de 19 anos de idade e entre os países mais representados incluíam-se a Austrália, Canadá, Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos. Hoje, a idade média está nos 22 anos e os cinco principais países são o Brasil, Índia, In-donésia, México e Estados Unidos. Com a evolução dos dispositivos móveis a rede social já chegou, por esta via, a 600 milhões de utilizadores. l

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O prémio Best Corporate Governance, atribuído por uma das mais reputadas publicações internacionais, a World Finance Magazine, reconhece a Inapa pelas suas práticas de excelência em transparência, rigor, estrutura governativa, sistemas de gestão de risco e qualidade de informação aos accionistas.

Melhor Corporate Governance em Portugal pelo segundo ano consecutivo

É o resultado de um esforço de equipa que faz da Inapa uma empresa líder nos principais mercados Europeus

WORLD FINANCE

CORPORATEGOVERNANCE

AWARDS

2011

WORLDFINANCEC O R P O R A T EG O V E R N A N C E

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N E G Ó C I O S

O E U R O N Ã O É P O S S Í V E L

S E M AA L E M A N H A

E N T R E V I S T A M A R T I N W A L K E R

PA R A O J O R N A L I S TA E M E M B R O D O G L O B A L B U S I N E S S P O L I C Y

C O U N C I L T E M H AV I D O U M P R O B L E M A S É R I O D E L I D E R A N Ç A P O L Í T I C A

N A E U R O PA , C O M R E S P O N S A B I L I D A D E N A C R I S E . M A R T I N WA L K E R

A C R E D I TA Q U E O S É C U L O X X I T R A R Á O P O R T U N I D A D E S PA R A T O D O S

O S PA Í S E S E Q U E A Á S I A E A Á F R I C A TA M B É M PA S S A R Ã O A T E R O S

S E U S P LAYERS G L O B A I S .

S O F I A A R N A U D E Á L V A R O D E M E N D O N Ç A

A União Europeia vai resistir à actual crise, embora a saída da Grécia seja uma hipótese a não excluir, garante Martin Walker, uma das estrelas do Global Business Policy

Council, um ‘think thank’ criado em 1992, pela consultora A.T. Kearney, para analisar a globalização (www.atkearney.com/gbpc/).

Director da UPI, Martin Walker acredita que Portugal está a passar por um ajusta-mento muito duro, mas que recuperará em boa forma a partir de 2014, beneficiando do aumento das exportações e do reequilíbrio das suas contas externas.

Nos seus 25 anos como jornalista a serviço do The Guardian, foi um observador atento

das mudanças na geopolítica mundial, tendo chefiado os escritórios do prestigiado diário britânico em Moscovo e nos EUA. Voz regular nas emissões da BBC e CNN, Martin Walker esteve em Lisboa para participar numa confe- rência sobre “Competitividade e Crescimento de Portugal no Contexto Mundial”.

Olhando para a União Europeia e para as diferenças crescentes entre um Norte rico e uma periferia em crise e endividada, so-bretudo a Sul, que futuro perspectiva para a Zona Euro?A Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda reduzi-ram os seus custos unitários de trabalho e isso é a prova de que a medicina, apesar de dura, está a funcionar para resolver os desequilíbrios

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que estiveram na origem da crise do Euro. A Grécia continua com problemas, porque tentou durante demasiado tempo esconder as suas dificuldades. Portugal trabalhou no duro e a sua população sofreu para fazer o ajustamen-to mas, tal como Espanha, está a beneficiar de um aumento das suas exportações e por isso há uma esperança real no reequilíbrio desses países, à medida que o processo avança.

O futuro da Grécia é incerto, mas o resto da zona euro deverá permanecer unida. O futuro não será fácil, com alguns anos de crescimento lento pela frente, mas Portu-gal deverá iniciar uma retoma a partir de 2014.

Corremos o risco de uma cisão entre Norte e Sul, na Europa, que resulte na saída da Zona Euro de alguns países periféricos? Quais os riscos? A Zona Euro resistirá ao abandono de alguns países?O risco de saída da Grécia é real. O resto dos membros da Zona Euro, particularmente a Alemanha, já tomaram a decisão estratégica de permanecerem juntos e de deixarem o Banco Central Europeu fazer um esforço nesse sentido.

George Soros disse recentemente que a Alemanha deveria liderar a salvação do Euro ou então abandonar a moeda única. O Euro será possível sem a Alemanha?O Euro não é possível sem a Alemanha, ou sem a França, e ambos os países estão determinados em garantir a sobrevivência da moeda única europeia. Dado que a crise do Euro é tanto política como financeira, esta de-cisão política é de uma importância enorme.

Um dos caminhos futuros para o Euro, defendido pela chanceler alemã Angela Mer-kel, passa por uma maior integração entre os países, num esquema próximo do federalis-mo, e em que cada país abdicará do controlo do seu próprio orçamento. É necessária esta integração orçamental e fiscal para que o Euro possa funcionar melhor?

Esse passo pode não ser necessário para o Euro funcionar (apesar de certamente ajudar), mas é fundamental para convencer os mercados de que a Zona Euro não se vai desmembrar. A questão reside agora em saber até que ponto aceitarão os eleitores europeus este movimento em direcção a uma Europa federal.

Num cenário de maior integração entre os países da Zona Euro, como é que este nú-

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N E G Ó C I O S

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cleo de países da moeda única se articulará no futuro com os países da União Europeia que não partilham a moeda, como é o caso do Reino Unido?Ainda não sabemos como é que isso afectará o Reino Unido e os outros, mas já sabemos que o governo britânico e os principais partidos políticos do país são unânimes em considerar que uma União Europeia e uma Zona Euro prósperas são do interesse da economia britânica. Não há quaisquer perspectivas do Reino Unido em aceitar novos movimentos em direcção ao federalismo e há uma grande preocupação sobre o futuro da City de Londres como coração financeiro da Europa.

Poderão ser necessárias grandes negociações, para que o Reino Unido aceite que os países da Zona Euro avancem para o federalismo, mantendo-se na União Europeia e como parte do mercado único e assegurando que a City mantenha o seu papel como um centro financeiro chave. O que é do interesse da Europa, de qualquer forma. Sem Londres, a Europa terá de enfrentar uma rivalidade crescente entre Paris e Frankfurt, na corrida a centro financeiro da União Europeia, mas nenhuma das duas é suficientemente grande para fazer frente a Nova Iorque, Xangai ou Tóquio, como centro financeiro global.

Qual é a responsabilidade das agências americanas de rating na crise actual? Precisará a Europa de ter uma agência europeia?As agências americanas de rating falharam na avaliação dos riscos dos empréstimos hipo-tecários e de outros produtos que estiveram na origem da crise financeira de 2007-2008. Mas desempenharam, no entanto, um papel muito responsável no pós-crise e na avaliação dos riscos da dívida europeia. Se a Europa quiser lançar a sua própria agência de rating, terá primeiro de construir um registo sólido de independência e fiabilidade, durante alguns anos, até que essa agência seja vista como credível pelos mercados. Basta recordarmos o triste exemplo dos testes de stress aos bancos da Europa, que acabaram por se mostrar muito pouco consistentes.

A revista The Economist garante que a persistência da crise se deve à fraca quali-dade dos actuais líderes políticos nos EUA e sobretudo na Europa.Sim, é claro que tem havido um problema sério de liderança na Europa, com a chanceler Merkel

a fazer habitualmente pouca coisa e tarde de mais. Mas a Alemanha é uma democracia e a chanceler tem tido de facto um problema em conseguir ganhar apoio interno para salvar o Euro. Além disso, a União Europeia e a Zona Euro são instituições multinacionais e complexas. Finalmente, há ainda que levar em conta que Washington, Pequim e Tóquio também estão a atravessar tempos politicamente muito difíceis. Uma crise financeira não é um momento simples para se construírem consensos políticos.

Depois do século XX, em que os EUA suplantaram a Europa, estamos agora na iminência de um século asiático? Transformar-se-á a China, com o decorrer do século, na maior potên-cia económica mundial?Eu acho que a opinião generalizada de que a China se transformará na maior econo-mia do mundo por volta de 2020 ou 2025 é muito duvidosa. A China está a enfrentar um desastre demográfico, depois de trinta anos de política de um único filho por casal. Tem problemas ambientais monstruosos e a subida dos salários está a diluir a com-petitividade da produção chinesa e a levar os fabricantes ocidentais a repatriarem os seus investimentos.

O governo chinês tem hoje um orçamen-to maior para a política interna do que para as forças armadas e a defesa, o que significa que Pequim está muito preocupado com a possibilidade de uma revolta interna. A China tem feito um sobre investimento em infra-estruturas nestes últimos anos e muito do seu crescimento tem saído muito caro.

Pequim quer agora reequilibrar a sua economia, com menor esforço de investi-mento público e maior consumo privado. E se esse equilíbrio é necessário, o certo é que acabará por travar o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto. O crescimento económico da China deverá cair para entre 3% e 4% por volta de 2020. Dada a forma como os sectores da energia e da petroquímica se estão a expandir nos EUA, é até possível que a sua taxa de crescimento seja maior que a da China, no final desta década.

Os chineses têm uma política agressiva de aquisição de empresas estrangeiras. Alguns países, como o Reino Unido ou os

EUA, têm levantado barreiras à compra, por investidores chineses, de activos em sectores estratégicos, como a energia ou a defesa. Concorda com estas limitações? Quais os riscos destas políticas?É uma política arriscada em ambos os sentidos, pois, por um lado, pode ofender os investidores chineses, mas por outro lado o levantamento das barreiras pode ser perigoso, dado o registo de roubo e cópia de tecnologias por parte dos chineses. A China não faz jogo limpo com os investidores ocidentais e classifica uma grande parte da sua própria economia como “estratégica”, fechando-a a empresas ocidentais. Até começar a fazer jogo limpo, a China deverá aceitar as consequências...

Do grupo dos denominados BRICS (Brasil, Rússia, indica e China), qual acha que terá maior sucesso no futuro? E qual deles terá maior importância futura na economia mundial?A Rússia não é bem parte dos BRICs, pois é ultra-dependente de um sector de ener-gia, que é mal gerido, e que por isso está a perder relevância. O Brasil está a começar a ter problemas, pois está a gastar como um welfare state europeu sem ter a profundidade económica para o fazer. A Índia também está a caminhar para tempos que se avizinham difíceis, mas a longo prazo, depois de 2050, transformar-se-á provavelmente na maior economia asiática. Tem um futuro demográ-fico saudável, fala inglês e é uma democracia, e é mais capaz que a China de lidar com as condicionantes sociais e políticas de um crescimento rápido.Está a chegar a hora das economias

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africanas? Quais os países africanos com maior potencial?A África parece finalmente estar a cumprir a sua promessa, mas há barreira difíceis pela frente, pois a África enfrenta desafios da corrupção, tribalismo, rivalidades étnicas e religiosas e pressões ambientais. A longo prazo, os países a observar não são aqueles que tiveram apenas a sorte de encontrar petróleo ou gás, mas aqueles que tenham trabalhado arduamente para construir escolas, um sistema judicial honesto e uma democracia. O Gana e a Tanzânia, por exemplo, parecem promissores.

Depois do século dos EUA, o século XXI será o século da Ásia e, em particular, da China?Não, o século XXI será o século das oportunidades para toda a gente. Com sorte pode ser que no virar do próximo século deixemos de ver tudo através das habituais lentes nacionais, regionais ou étnicas.

Suspeito que em 2100 ainda teremos a América do Norte, a Índia e a China como as principais potências económicas e militares, a Europa e o Japão como muito prósperas potências económicas com poucas pretensões militares e a África e a América Latina mostrando uma mistura curiosa de prosperidade e tensão. O meu principal receio é que as tensões na Ásia, entre a China, Índia, Paquistão e Irão, possam servir de rastilho a uma crise nuclear regional. l

A União Europeia está fragmentada, com os países da periferia ligados a ela “por fios capilares frágeis”, garante o economista e Conselheiro de Estado, Vítor Bento. Não dispondo hoje dos “mecanismos escapatórios de inflação e desvalorização monetária, sem vontade de aceitar as medidas da Troika que implicam mais austeridade para ajustar o seu nível de vida ao que produz “e sem capacidade política para reduzir a despesa pública”, Portugal, tal como os outros países da periferia continuará a ser “castigado pelo regime monetário do euro”, que lhes retira a possibilidade de ajustarem as taxas de juro e de câmbio, adiantou o presidente da SIBS, durante a Conferência “Competitividade e Crescimento de Portugal no Contexto Mundial”, organizada em Lisboa pela consultora A.T. Kearney. “A fragilidade que está na base do não crescimento dos países periféricos tem a ver com a ausência de financiamento bancário à economia”.“Se tivesse responsabilidades políticas na governação daria prioridade ao problema do financiamento. Não vejo outra forma de alimentar qualquer investimento se este tema não tiver solução”, completou António Pires de Lima. O CEO da Unicer,

que foi outros dos participantes na conferência sugeriu que o governo: “olhe mais para os bons exemplos de competitividade, para as gestões profissionalizadas, para a boa gestão de marcas e para as estratégias eficazes de consumo, e que olhe menos para os cortes no investimento”.Filipe de Botton, CEO da Logoplaste, concorda e adianta que as empresas “têm resistido com o capital de giro, mas para conseguirem investir e exportar estão a esgotar o seu fundo de maneio”. Paulo Azevedo, CEO do Grupo Sonae, faz questão de frisar que “não se pode culpar os bancos pelo que há neste momento “centenas de fornecedores que estão com problemas de financiamento”. Uma limitação que, acrescenta, “está a prejudicar as exportações”. “Não podemos estragar o que de bom está a ser feito nas empresas inovadoras e o que de bom se passou nas universidades” e devemos “continuar a apoiar as histórias de sucesso pouco conhecidas, como por exemplo na agricultura nacional. O facto de até estarem a conseguir exportar é maravilhoso”, sublinhou Paulo de Azevedo. l

CONFERÊNCIA ATKEARNEYPAÍSES PERIFÉRICOS “CASTIGADOS PELO REGIME MONETÁRIO DO EURO”

A N T Ó N I O C O S TA , D I R E C T O R D O D I Á R I O E C O N Ó M I C O , PA U L O A Z E V E D O , P R E S I D E N T E D A C O M I S S Ã O E X E C U T I VA D A S O N A E , F I L I P E D E B O T T O N , P R E S I D E N T E D A L O G O P L A S T E , A N T Ó N I O P I R E S D E L I M A , P R E S I D E N T E D A C O M I S S Ã O E X E C U T I VA D A U N I C E R E V Í T O R B E N T O , P R E S I D E N T E D O C O N S E L H O D E A D M I N I S T R A Ç Ã O D A S I B S

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N E G Ó C I O S

A China criou o seu fundo soberano oficial, o China Investment Corp (CIC), há cinco anos, com um mandato específico para investir as suas

reservas em activos seguros e de elevado ren-dimento. E foi isso que fez durante os seus primeiros exercícios, investindo de forma algo conservadora em Obrigações do Tesouro dos EUA e em organismos apoiadas por Wa-shington, como os bancos de financiamento à habiação Fannie Mae e Freddie Mac. Fora dos EUA, os chineses olhavam sobretudo para as obrigações públicas alemãs e para títulos de dívida pública de outros países onde

rendibilidades elevadas se cruzassem com baixo risco.

Mas esta atitude de investidor financeiro adormecido mudou.

A estratégia de Pequim passa agora pela diversificação dos seus investimentos, tentando evitar uma concentração excessiva em títulos de dívida dos EUA e no dólar. Além disso, Pequim percebeu que não faz sentido estar a financiar os défices públicos europeus e americano e que compensa mais investir o seu dinheiro, como uma

espécie de moeda de troca, para garantir acesso a tecnologias de

ponta e a recursos naturais, ou para financiar a expansão interna-

cional das grandes companhias do país. E por isso, os chineses passaram a

olhar as oportunidades no sector privado no exterior.

Energia, tecnologias e recursos naturaisMuitos dos investimentos recentes do CIC passam agora pela criação de fundos, que aju-dem as empresas chinesas a comprar compa-nhias no resto do mundo, em áreas como a energia, as tecnologias de ponta e os recursos naturais. O próprio CIC tem estado muito activo nos últimos meses, tendo tomado posições da GDF Suez francesa, na canadiana Sunshine Oilsand, na britânica Thames Water Utilities, no sul africano Shanduka Group, na russa Polyus Gold ou na Atlantic LNG Company de Trinidade e Tobago.

Mas a realidade é que o CIC é, hoje, apenas um dos vários braços do investimento chinês

Á L V A R O D E M E N D O N Ç A

A I N V A S Ã O M U N D I A L D A

C H I N A S A

PA R A Q U E M N Ã O E N T E N D A O M A N D A R I M , A E X P R E S S Ã O

Z O U C H U S I G N I F I C A “ I R PA R A F O R A”. E É I S S O Q U E

A S E M P R E S A S E O S F U N D O S C H I N E S E S E S TÃ O A FA Z E R .

É O A S S A LT O A O M U N D O D A C H I N A S A .

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no mundo. Há pelo menos seis veículos que a China usa para comprar empresas noutros pa-íses, e embora alguns mantenham o low profi-le, todos eles têm uma atitude interveniente na gestão das empresas que vão juntando às suas carteiras de participações.

O State Administration for Foreign Echan-ge (Safe), o organismo do banco central da China que tem a responsabilidade pela gestão dos mais de 3 milhões de dólares de reservas cambiais do país, tornou-se num investidor global agressivo. Através do seu braço de investimento, o Safe Capital, dispõe de 300 mil milhões de dólares para compras. Mas se forem precisos mais pode sempre recorrer ao balanço da casa-mãe.

Já este ano, a Safe anunciou a criação de dois novos mega fundos regionais, para investi-mentos no estrangeiro. O fundo Hua Mei (China EUA) investirá nos EUA e o Hua Ou (China-Europa) estará de olhos nas oportuni-dades na Europa. Estes fundos, que vão dispor numa fase inicial de 225 mil milhões de dóla-res, têm uma estrutura semelhante ao Hu An, sedeado em Hong Kong e também conhecido como Safe Investment Company, através do qual a Safe tem comprado posições em deze-nas de empresas cotadas noutros países.

No início de Abril, o Safe comprou uma posição de 1,6% no capital da francesa Total, tornando-se um dos accionistas de referência do quarto maior grupo petrolífero mundial.

Outro veículo de investimento chinês no mundo é a Assets Supervision and Admi-nistration Commisssion (Sasac), controlado directamente pelo Estado chinês, que lançou um fundo de 10 mil milhões de dólares para apoio ao investimento das empresas chineses no exterior. O Sasac faz estes investimentos directamente ou através das companhias estatais que supervisiona.

Desde 2010, que os veículos de investimen-to chineses estão também a revelar um inte-resse crescente pelos fundos de private equity. “Ao longo de 2001, construímos uma carteira de activos de longo prazo, que incluem po-sições em fundos de private equity em vários sectores, sobretudo em mercados emergen-tes”, revela o último relatório anual do CIC. Já este ano, o CIC, mandatou a sociedade de investimentos americana Lexington Partners, para investir mais de 1500 milhões de dólares em fundos de private equity nos EUA. E a 8 de Julho, a Safe pagou um valor estimado entre 1500 e 2000 dólares por um conjunto de participações detidas pelo Fundo de Pen-

sões da General Motors, numa operação que colocou Pequim na posição de investidor de referência numa série de grandes fundos de private equity americanos e europeus, entre os quais o Carlyle Group, o Blackstone e o CVC Capital Partners.

Ano de recordesA par destes veículos de investimento, mais ou menos oficiais, há um grupo de grandes empresas protagonistas de operações de compra no estrangeiro e que reforçam o peso

G R A N D E S A L T O D O I N V E S T I M E N T O D I R E C T O D A C H I N A N O E X T E R I O R D E U -- S E E M 2 0 0 8 . N E S S E A N O , O T O T A L I N V E S T I D O A T I N G I U O S 5 5 M I L M I L H Õ E S D E D Ó L A R E S , D U P L I C A N D O O V A L O R D O A N O A N T E R I O R .

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do capital chinês no mapa mundi dos negócios.

Em Espanha, a Sinopec, o maior grupo chinês, é accionista da petrolífera Repsol, enquanto a China Unicom detém, desde 2008, uma participação na Tele-fónica. A Jin Jiang, maior grupo hoteleiro da China e o 13º do mun-do, fez uma parceira com a Meilã Hotels para a área das vendas e do marketing e que passará também pelo cruzamento de posições no capital.

Em Portugal, a Stategrid, de Pequim, tornou-se no início do ano o maior accionista da REN, ao adquirir ao Estado 25% das acções da companhia que gere as redes de energia, por 286 milhões de euros. E a Three Gorges, dona da maior barragem do mundo, pagou quase 2,7 mil milhões de euros para ser o maior accionista da EDP, com 21% do capital.

O grupo automóvel chinês Geely, onde o bilionário americano Warren Buffett é um dos investidores, comprou a Volvo Cars, enquanto a Pang Da y Youngman ficou com a Saab. Uma injecção de yuan que salvou ambas as fabricantes suecas de automóveis de uma falência quase certa. Estas aquisições são a chave para melhorar a imagem de qualidade dos fabricantes chineses, que até agora se tem concentrado na produção de veículos de baixo custo e que, em termos de níveis emissões e segurança, não cumprem ainda as exigências dos mercados europeu e americano.

A 23 de Julho, a China Nacional Ofhsoore Oil Corporation (Cnooc), 11ª maior empresa da China e 101ª no ranking das 500 maiores do mundo, anunciou a compra, por 15,1 mil milhões de dólares, de 61% das acções do grupo petrolífero canadiano Nexen, no que passou a ser o maior investimento chinês no exterior de sempre. A Nexen dará à Cnooc acesso a novas tecnologias de extracção de petróleo e permitir-lhe-á ter uma base na América do Norte, a partir de Calgary, depois de há cinco anos as autori-dades dos EUA terem travado a investida do grupo chinês sobre a Unocal.

No mesmo dia, a também chinesa Sinopec, anunciou a compra, por 1,5 mil milhões de dólares, de 49% dos activos

que a canadiana Talisman Energy tem na prospecção e extracção do Mar do Norte.

A Era do “Comprado pela China”Apesar do investimento exterior da China ainda ser relativamente modesto, se com-parado com a dimensão da sua economia, o investimento estrangeiro de origem chinesa não tem parado de crescer.

O grande salto do investimento directo da China no exterior deu-se em 2008. Nesse ano, o total investido atingiu os 55 mil milhões de dólares, duplicando o valor do ano anterior. Desde então o cheque chinês nunca parou de engordar. O dinheiro que sai da China para investimentos no exterior está a transformar- -se na principal exportação chinesa, referia há dias o Financial Times. “Estamos a caminhar da Era do made in China, para a Era do comprado pela China” , confirmava ao diário britânico, Gerald Lyons, o Chief Economist do Standard Chartered. Tal como aconteceu com o Japão, há umas décadas, a China está a ten-tar trocar o investimento financeiro em títulos por activos sólidos e mais tangíveis, e esse processo está a acelerar-se. Neste contexto, a Europa do pós crise, com países endividados e empresas descapitalizadas e com cotações em baixa, oferece-lhes excelentes oportunidades.

Os chineses estão sobretudo interessados em comprar empresas com tecnologias

avançadas, boas marcas e processo de fabrico de última geração.

O investimento directo da China na Europa triplicou em 2011, atingindo os 100 mil milhões de dólares, indicando um interesse crescente dos chineses pela região. Alguns analistas acreditam que estes são os primei-ros passos de uma estratégia global que fará explodir o investimento chinês na região para valores entre os 250 e 500 mil milhões de euros, por volta de 2020. A Europa foi o se-gundo destino do investimento directo chinês no primeiro trimestre de 2012, atrás apenas da América do Sul.

O investimento chinês na Europa soma 170 mil milhões de dólares, absorvendo 83% de todos os negócios com a China não ligados a recursos naturais. Se incluirmos os investimentos ligados aos recursos naturais, a maioria dos quais na América do Sul e África, então o investimento directo estrangeiro da China terá subido aos 214 mil milhões no primeiro trimestre.

É difícil estimar com exactidão os valores, porque a maioria dos países não tem registos rigorosos do investimento chinês. É que parte das operações chinesas usam Hong kong e outros territórios como intermediários, disfar-çando a verdadeira origem do capital. Mas o certo é que os chineses estão a seguir à risca a indicação do governo: “Zou Chu”. l

N E G Ó C I O S

SECTORES ESTRATÉGICOS

Pequim aprovou em Março do ano passado o seu 12.º Plano Quinquenal onde um dos objectivos declarados é o acelerar da estratégia de saída das empresas chinesas para o exterior. A internacionalização das empresas e dos fundos chineses é directamente apadrinhada por Pequim, que entende que o investimento estrangeiro é uma forma de elas se tornarem mais competitivas globalmente e também uma forma de garantir ao país fornecimentos de recursos naturais e o rápido acesso a tecnologias e know-how.São seis as áreas estratégicas de investimento, listadas no Plano:

• RECURSOS ENERGÉT ICOS• TECNOLOGIAS DE PONTA• INDÚSTR IA• REDES DE MARKET ING INTERNACIONAL• MARCAS FAMOSAS• AGR ICULTURA

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O P I N I Ã O

O S D E S A F I O S D A E C O N O M I A C H I N E S A

A economia chinesa está a passar por uma mudança significativa, que tem implicações importantes não apenas para si própria, mas também para a economia global, sobretudo para os EUA. Ao longo dos próximos anos, a balança corrente da China irá, possivelmente, entrar em défice,

tendo presente que o excedente comercial continua a reduzir- -se e a balança de capital está liberalizada, permitindo saídas de capital. Isto é parte da evolução natural de uma economia em rápido crescimento, mas as autoridades têm um enorme desafio pela frente na tentativa de reequilibrar o crescimento longe das exportações e dos investimentos fixos, nas quais se tornaram demasiado dependentes, em direcção ao consumo interno, evitando assim uma aterragem forçada.

Para outros países, o relacionamento mutuamente benéfico, pelo qual a China gerou um enorme crescimento das exportações e os seus parceiros comerciais compraram importações baratas, já acabou. O preço das importações chinesas aumentou e com a conta corrente a mover-se em direcção a um défice, o Yuan deixou de estar desvalorizado. Para os EUA, em particular, isto representa um grande risco porque a China pode ser forçada a reduzir ainda mais o volume de obrigações do Tesouro que detém e a um ritmo superior. Se a China hesitar nos seus esforços para reequilibrar a sua economia, pode ser tentada a desvalorizar o Yuan como forma de estimular o crescimento das suas exportações. Isto é algo que os mercados financeiros ainda não consideraram seriamente, mas que nós pensamos que é uma possibilidade real nos próximos anos.

O declínio no superavit da balança corrente da China (que era apenas 2,7% do PIB no final de 2011 em comparação a 10% em 2007) e o surgimento de um défice na balança comercial significa que os défices futuros terão de ser contrabalançados por excedentes noutros lugares. A mudança ocorreu principalmente por via de um mercado externo fraco, com as exportações chinesas a atingirem um nível tal que a procura inevitavelmente diminuiu face à desaceleração das condições económicas em muitos países, bem como a subida dos preços das próprias exportações chinesas e os aumentos salariais que incrementaram o custo de produção.

A implicação importante desta situação é que, ao contrário da década de 1990 e início de 2000, o resto do mundo não pode aumentar as suas exportações o suficiente para financiar a procura por mais importações da China. As autoridades chinesas sempre reconheceram o limitado potencial de crescimento das economias desenvolvidas a este respeito, a longo prazo, mas tinham a esperança de o compensar através de um crescimento mais rápido noutras economias emergentes. No entanto, este não parece ser o caso. O Brasil é um caso de um grande importador, mas que agora luta com o seu próprio crescimento interno.

O ministro do Comércio Chinês disse, recentemente, que a China, ao longo dos próximos anos, viria a ser o maior importador do mundo. Isto reflecte tanto o crescimento natural da economia, como o seu reequilíbrio ao consumo interno. No entanto, isto também levanta a questão sobre como a China irá pagar o aumento das importações. Se as exportações para outros países não estão a acomodar o aumento, então o défice em conta corrente irá crescer

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rapidamente, o que significa que as importações para a China serão financiadas por ele, consumindo o seu próprio capital ao invés de um excedente de receita.

Grande parte do aumento nas importações será representado pelo sector da energia. A China já anunciou que o crescimento da sua produção de carvão irá abrandar para 2,6% ao ano, durante os próximos três anos, o que é insuficiente para satisfazer as suas necessidades e, até 2015, espera-se que importe mais petróleo do que os EUA. Estas importações adicionais são vitais para gerar o crescimento da China, mas, por sua vez, estão dependentes de outros países, especialmente de mercados emergentes e países da OPEP ricos em recursos, que respondam a esta procura. Como referido, isto é pouco provável e pode ter um enorme impacto sobre a taxa de crescimento da economia chinesa.

Em 2010, o consumo interno foi de apenas 33% do PIB, contra cerca de 70-80% no Reino Unido e EUA. De facto, o consumo interno tem caído nos últimos anos em percentagem do PIB (era de cerca de 45% no início do século), devido, principalmente, ao aumento extraordinário do investimento, que subiu dos baixos 30% para os altos 40%, na mesma altura em que o consumo decresceu.

Além disso, a China tem dependido cada vez mais da construção; o investimento na habitação subiu a uma taxa média anual de 26% nos últimos 13 anos. Isto criou uma bolha imobiliária que agora está a esvaziar-se.

Com a taxa de investimento a abrandar inevitavelmente e o excedente comercial a diminuir devido à quebra da procura de exportações, será um enorme desafio para a China compensar o défice através do aumento do consumo interno, evitando, desta forma, uma aterragem forçada. A pouco e pouco,

os mercados foram percebendo o aumento da probabilidade deste risco, bem como as implicações para a taxa de câmbio. Há algumas semanas, foram considerados positivos pelos mercados financeiros dados económicos mais brandos relativamente à China na base de que seria um sinal para os decisores políticos retomarem o estímulo monetário e fiscal agressivo. No entanto, a extensão do défice da balança comercial foi um verdadeiro choque para o mercado e, juntamente com fracas estatísticas domésticas, deu ao mercado razões para reflectir. l

(Este texto é parte de uma ‘research note’ mais ampla produzida por Ted Scott. Para o documento completo, por favor entre em contacto com a F&C). Estas são opiniões e

pontos de vista do autor e não representam necessariamente as da F&C.

O M I N I S T R O D O C O M É R C I O C H I N Ê S D I S S E , R E C E N T E M E N T E , Q U E A C H I N A , A O L O N G O D O S P R Ó X I M O S A N O S , V I R I A A S E R O M A I O R I M P O R T A D O R D O M U N D O .

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N E G Ó C I O S

C I D A D E D O F U T E B O L N A S C E N O J A M O R

I N V E S T I M E N T O

A C I D A D E D O F U T E B O L É U M D O S P R O J E C T O S M A I S S I G N I F I C AT I V O S

PA R A A F E D E R A Ç Ã O P O R T U G U E S A D E F U T E B O L ( F P F ) . S E R V I R Á

D E C E N T R O D E T R A B A L H O E P R E PA R A Ç Ã O D A S S E L E C Ç Õ E S D O PA Í S

E A C O L H E R Á U M C E N T R O T É C N I C O E U M M U S E U .

Articular e promover o tra-balho das selecções nacionais de Portugal, apoiando a ac-tividade desportiva da Federa-ção Portuguesa de Futebol, é o objectivo da Cidade do

Futebol, que vai nascer no Parque Desportivo do Jamor, a seis quilómetros de Lisboa.

Além da formação e do treino dos atletas, a Cidade do Futebol pretende servir toda a comunidade futebolística, dos técnicos aos ár-bitros, passando pelas modalidades sob alçada da FPF e as selecções das camadas jovens.

O plano financeiro foi desenhado para se concretizar sem qualquer financiamento suplementar do Estado. Para isso, a FPF garantiu o apoio e os patrocínios da UEFA e da FIFA, os organismos internacionais que regulam o futebol ao nível europeu e mundial, respectivamente. A este trio de instituições, juntar-se-ão um grupo de patrocinadores privados. O Estado e os municípios envolventes, de Lisboa a Oeiras, também já garantiram o seu aval ao projecto.

A Cidade do Futebol englobará duas áreas, com cerca de sete hectares, onde serão

construídas as diferentes valências do com-plexo. No Jamor irá nascer o Centro Técnico de Futebol - onde se processa o treino e a gestão do apoio logístico às várias selecções -, com capacidade para suportar o treino de seis equipas em simultâneo, equipamento com to-dos os requisitos necessários para apoio físico e médico-farmacêutico e gabinetes de trabalho para árbitros, treinadores e profissionais de comunicação social. A prática e o estímulo ao futebol feminino, o futsal e o futebol de praia estão igualmente contemplados, numa estrutura que será construída de raiz, e que in-

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corporará um auditório destinado às reuniões dos técnicos e à actividade da comunicação social, uma cabine de imprensa com quarenta lugares e várias salas de trabalho individuais.

O complexo contará igualmente com um museu, local escolhido para albergar e expor os vários troféus que a FPF conquistou ao longo dos seus 98 anos de actividade.

A obra está orçamentada em 10 milhões de euros e deverá ficar concluída em 2015. Para cobrir esse valor a FPF já garantiu, junto da UEFA, uma comparticipação de três milhões de euros, ao passo que a FIFA entrará com

perto de um milhão. Este duplo financia-mento garante desde logo 40% do montante total da Cidade do Futebol. A parcela restante será financiada por receitas extraordinárias e de bilheteira dos jogos da selecção.

Na apresentação do projecto, o ministro português dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, explicou que a construção deste projecto visa proporcionar às se-lecções as melhores condições de trabalho possíveis. Miguel Relvas destacou ainda a importância de oferecer à selecção principal “as condições para estar à altura da posição

que tem em termos de ranking mundial, onde é a 4ª classificada”. O ministro as-sumiu que o objectivo é “captar investi-mento privado, nos sectores da hotelaria e da restauração criando empregos directos e indirectos.

Fernando Gomes, presidente da FPF e um dos principais entusiastas do projecto deixou claro que o objectivo é iniciar actividade já em 2015. “Trata-se de dotar o País de um centro especializado do futebol, em condições ideais para o treino dos diferentes escalões das selecções nacionais”, explicou. l

F E R N A N D O G O M E S P E L A F P F E M I G U E L R E L VA S P E L O G O V E R N O S E L A M N O PA P E L U M P R O J E C T O Q U E Q U E R S E R U M A R E A L I D A D E J Á A PA R T I R D E 2 0 1 5

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N E G Ó C I O S

A A P O S T A N O M A R

D O S S I Ê

C O M O A L A R G A M E N T O D A S U A Z O N A E C O N Ó M I C A M A R Í T I M A , P O R T U G A L F I C A R Á

N O AT L Â N T I C O C O M U M A Á R E A 2 0 V E Z E S S U P E R I O R À D O S E U T E R R I T Ó R I O T E R R E S T R E .

O P O T E N C I A L D E N E G Ó C I O S C O M O CLUSTER D O M A R P O D E R Á VA L E R E N T R E 1 0 % A 1 2 %

D O P R O D U T O I N T E R N O B R U T O D O PA Í S , D E N T R O D E U M A D Ú Z I A D E A N O S .

FO

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PE

DR

O G

ÓIS

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Plataforma continental de Portugal. Ano 2022. Um consórcio anuncia investimentos que duplicarão a potência

do parque de energia das ondas na praia da Almagreira, em Peniche, colocando o País na dianteira planetária da

exploração do movimento das ondas. Mais a norte, na frente costeira que vai do rio Minho ao Vouga, enormes

pás giratórias de torres eólicas flutuantes pontuam a paisagem, assegurando parte substancial das necessidades

energéticas do País. Em terra, as autarquias descobriram o filão da dessalinização da água do mar para limpeza

urbana, rega e combate a incêndios, tornando-o rentável. O “Campus do Mar”, criado pela Universidade do

Porto no porto de Leixões, está lotado e não comporta mais empresas de biotecnologia, de farmacêutica de

ponta, de investigação piscícola e de componentes robóticos associados à exploração marinha. Um navio-

sonda, coadjuvado por um satélite português, avalia a maturidade dos cardumes. A centenas de metros, outra

embarcação recolhe algas para produzir biocombustíveis e medicamentos. A poucos quilómetros, centenas de

milhares de robalos nadam num gigantesco tanque de aquicultura. Milhas adiante, numa plataforma flutuante,

são extraídos cobalto e níquel do fundo do oceano.

Este texto parece ficção científica, mas não é. Elenca algumas das oportunidades de negócio que o mar português

potencia. Navegue nas próximas linhas e descubra o que o oceano tem, 500 anos depois dos Descobrimentos,

para oferecer ao País.

J O Ã O B É N A R D G A R C I A

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O MAIOR PAÍS MARÍTIMO DA EUROPAPodíamos neste dossiê dissertar sobre a imagem de marca positiva que o mar significa para Portugal. Que fomos um país de navega-dores e que descobrimos meio mundo. Que nos preocupamos com a preservação do ambiente marinho, blá, blá, blá, mas não vamos fazê-lo. Estes temas são, sem dúvida, mais-valias que nos ajudam a marcar posição na cena internacional, mas o Mar pode e deve ser uma área de negócio. E quem nos observa de fora quer apenas saber, de forma pragmática, como vamos explorar as riquezas do hipercluster gerado a partir da nossa futura imensidão marítima.

Em 2004 foi criado em Portugal um organismo, denominado Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, que elaborou um dossiê com 28 mil páginas, o qual foi entregue na ONU em 2009 tendo em vista a extensão dos direitos marítimos de Portugal; foram então mobilizados mais de 200 investigadores para mapearem quase 1,8 milhões de quilómetros quadrados das riquezas existentes no fundo do mar, algo nunca antes feito.

Se, em 2016, conseguir que a sua Zona Económica Exclusiva (ZEE) se estenda de um raio de 200 para as 350 milhas, Portugal ficará com uma área equivalente a mais de 20 vezes o seu território terrestre, constituindo-se na maior zona marítima da Europa e uma das maiores do mundo. Dono de tanto mar, o País poderá começar a explorar solos subaquáticos ricos em zinco, cobalto, níquel, ouro, prata, cobre, chumbo e manganês, produzir energia limpa, pescar de forma sustentável e ainda extrair uma vastidão de microorganis-mos aplicáveis a fins industriais e científicos. l

N E G Ó C I O S

B O N S N E G Ó C I O SO G O V E R N O P O R T U G U Ê S E S TÁ E M P E N H A D O E M

D A R O P O N TA P É D E S A Í D A PA R A A E X P L O R A Ç Ã O

D A P L ATA F O R M A C O N T I N E N TA L M A R Í T I M A .

A S S U N Ç Ã O C R I S TA S , M I N I S T R A D A A G R I C U LT U R A

E D O M A R , A N U N C I O U A C R I A Ç Ã O , A I N D A

E M 2 0 1 2 , D E U M P O R TA L O N L I N E C H A M A D O

“ O R D E N A M E N T O D O E S PA Ç O M A R Í T I M O ”. N E L E ,

O S I N V E S T I D O R E S P O D E R Ã O C O N C O R R E R À

E X P L O R A Ç Ã O D A S R I Q U E Z A S S U B A Q U ÁT I C A S E

O B T E R R E S P O S TA N O E S PA Ç O D E U M M Ê S . E B O N S

N E G Ó C I O S N Ã O FA LTA M PA R A L Á D A L I N H A D O

H O R I Z O N T E .

Somos os terceiros maiores consumidores de peixe per capita em todo mundo; importamos mais de 65% do pescado que comemos; produzimos em aquacultura menos de um décimo do peixe que necessitamos; restrições mundiais à pesca tornaram o peixe um produto precioso. Por estes motivos, o Governo português vai arrancar, já em 2013, com a concessão de 48 talhões – com 30 hectares cada – para actividades de aquicultura. Um investimento que deverá rondar, em média e por concessão, entre um e três milhões de euros. As zonas de Aveiro, Tavira, Sines e Comporta estão mapeadas e prontas para concessionar, mas áreas como

Viana do Castelo, Esposende, Póvoa de Varzim, Figueira da Foz, Nazaré, Lourinhã, Costa do Estoril, Costa da Caparica,

Costa Vicentina, Albufeira e Faro foram igualmente

consideradas como tendo elevado potencial e estão na calha para serem exploradas

para aquicultura extensiva, produção

de algas para biomassa ou para combustíveis de segunda geração. Esta actividade deverá gerar novos serviços de captura, armazenamento, transformação do pescado e das algas e criação de marcas; construção e reparação de navios; fabrico de redes e de material altamente especializado. Este segmento, com forte procura, cresce a uma média anual de 8%. l

TALHÕES DE AQUICULTURA PRONTOS A CONCESSIONAR

2,1 MILHÕES KM 2

com jazidas ricas em minérios, muito peixe para pescar e espaço para produzir energia

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O sector mais tradicional da economia do mar é também aquele em que assenta o hipercluster delineado por Ernâni Lopes. Tudo porque é através da nossa Zona Económica Exclusiva (ZEE) que transita a maioria do comércio marítimo europeu. Mas os portos portugueses ainda não estão preparados para serem os mais competitivos. Reconvertê-los para os modernizar e torná-los intermodais exige avultados investimentos. Tais medidas obrigarão a uma agenda estratégica que envolva Estado e privados. Neste sector, existe todo um conjunto de serviços que se organizam em torno do transporte marítimo de mercadorias, da sua articulação com outros meios de transporte

e da sua integração em cadeias logísticas globais ou regionais. Isso inclui a armação, os serviços de certificação de navios, os serviços financeiros, de seguros, de financiamento e de agenciamento, as movimentações portuárias de mercadorias e

os serviços logísticos associados: dragagem,

construção civil e obras marítimas, fabrico de equipamentos

de movimentação portuária e os

equipamentos de comunicações e apoio à navegação instalados nos portos. Os portos e a logística são dois dos segmentos mais dinâmicos a nível mundial, mas onde existe uma forte concentração empresarial. O Governo deverá agilizar e simplificar as regras de gestão dos transportes. l

O mar como fonte inesgotável de energias renováveis tem que fazer parte do pensamento estratégico de quem vai gerir este imenso território. A energia do vento, das ondas e das marés, e o aproveitamento geotérmico nos Açores devem fazer parte das premissas de trabalho dos decisores políticos e dos investidores. Tecnicamente Portugal teria dificuldade na obtenção de energia eólica devido à forte ondulação e por causa do declive dos fundos do mar. Só que a evolução tecnológica já permite a instalação de parques eólicos flutuantes offshore, tornando assim este tipo de investimento rentável e atractivo. Paralelamente, a energia das ondas e das marés parece

ser das mais interessantes e adequadas às características da costa portuguesa. Tem elevado potencial de crescimento no longo prazo, não obstante ser ainda necessário investigar e desenvolver tecnologia que a rentabilize com modelos

eficientes. Quer para o vento, quer para as

ondas, os números apontados para este potencial energético

são enormes e capazes de, no futuro, suprimirem

a quase totalidade das necessidades energéticas do país. A zona entre Peniche e a Nazaré e as praias de Esposende surgem como as mais viáveis para aproveitar a energia das ondas e das marés. O litoral minhoto ganha pontos para projectos com centenas de turbinas a captarem energia eólica offshore. l

TALHÕES DE AQUICULTURA PRONTOS A CONCESSIONAR

AVANÇOS TECNOLÓGICOS SERÃO CLIQUE REVOLUCIONÁRIO

MODERNIZAÇÃO DE PORTOS COMO ESTRATÉGIA GLOBAL

Madeira

2,1 MILHÕES KM 2

P ORTUGAL FICAR Á COM UMA ÁREA EQUIVALENTE A MAIS DE 20 VEZES O SEU TERRITÓRIO TERRESTRE

Z O N A E C O N Ó M I C A E X C L U S I VA

P L ATA F O R M A C O N T I N E N TA L

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N E G Ó C I O S

A náutica de recreio e o turismo náutico são das indústrias do cluster do mar que mais crescem por ano. Estima-se que os países mais inovadores cresçam a um ritmo entre 8 e 10% anuais. Seja no mar, rios, estuários, lagos ou albufeiras, Portugal tem condições privilegiadas para a prática de desportos náuticos – da vela ao remo ou ao mergulho – e para actividades correlacionadas como a talassoterapia, cruzeiros náuticos, ecoturismo, investigação, treino e formação, construção e reparação naval, produção de vestuário especializado e acessórios desportivos. Plataformas atractivas criadas a partir de uma rede articulada de clubes e escolas náuticas,

portos de recreio, marinas e terminais de cruzeiros deverão surgir, inovando e oferecendo aos

clientes experiências únicas ligadas às actividades

náuticas, promovendo um turismo activo e complementando a

oferta “sol e praia”. Estas terão que ser apostas

ganhas. O número de postos de amarração nas marinas e portos nacionais precisa de crescer (temos apenas 10 mil), renovando zonas portuárias degradadas. A indústria de cruzeiros, por exemplo, é uma das mais lucrativas e deverá duplicar na Europa nos próximos anos. Portugal deverá captar esses viajantes. Estudos revelam que, por dia, um praticante de desportos náuticos gasta em média 80 euros por dia e um viajante entre 200 e 500. l

DESPORTOS NÁUTICOS COM ELEVADA RENTABILIDADE

UM QUARTETO DE APOSTAS ESTRATÉGICASEm 2004, no mesmo ano em que Portugal avançava na ONU para a conquista do seu novo território marítimo, o ex-ministro das Finanças, Ernâni Lopes, a convite da Associação Comercial de Lisboa, apresenta-va, através da consultora SaeR, um estudo que desde então tem servido como roteiro para a compreensão do hipercluster do mar português.

Se as projecções do relatório se confirmarem, o potencial anual da economia do mar cifrar-se-á em 20 mil milhões de euros, correspon-dendo entre 10 a 12% do valor estimado da riqueza bruta nacional em 2025. Com uma visão global e consciente das limitações e atrasos de Portugal em determinados sectores, nomeadamente na construção e reparação naval, Ernâni Lopes e a sua equipa gizaram um plano e definiram uma estratégia de ataque assente em quatro pilares para o sucesso do hipercluster português: portos, logística e transportes marítimos; náutica e turismo de recreio; pesca, aquacultura e indústria de pescado; energia, minerais e biotecnologia.

Em três destes pilares Portugal tem experimentado uma economia algo incipiente, com momentos altos e baixos. Totalmente diferente na exploração dos mares oceânicos será a aposta na componente prática de produção de energia offshore, na extracção de minerais e na biotecnologia, onde possuímos um bom know-how mas pouca ou nenhuma concretização de investimentos de vulto.

No caso concreto da mineralização, o aparente desinteresse por um

Áreas com suposto potencial de extracção de petróleo e de gás natural no fundo do mar estão identificadas e com exploração prevista. A PetroBrás, a Galp e a Partex, em consórcio, deverão iniciar em 2013 furos de prospecção de petróleo e gás natural. Para já estão a ser avaliadas as bacias ao largo de Peniche, a zona de Sines e o mar do Algarve, este último com elevadas expectativas para os potenciais investidores. Se se confirmar a existência de petróleo no mar português, essa descoberta abre portas à exploração de negócios subsidiários rentáveis, como sejam o fabrico de plataformas flutuantes; construção e reparação de navios especializados; robótica e automação para exploração submarina; serviços de apoio

PETRÓLEO, GÁS E AINDA UMA MULTIDÃO DE NOVOS EQUIPAMENTOS

e segurança; manutenção de petroleiros e de plataformas; serviços especializados de financiamento

e seguros; transporte de petróleo e de gás

natural liquefeito por operadores de shipping especializados;

construção naval de petroleiros e de navios de

transporte de gás e de granéis químicos; refinação de petróleo, desliquefação de gás natural e transformação petroquímica localizadas em áreas industriais portuárias. Todas estas operações ocorreram predominantemente num ambiente offshore, com plataformas flutuantes e explorações submarinas, em detrimento das tradicionais estruturas fixas. Sem considerar as despesas, este sector ligado à economia do mar deverá ser o mais notável . l

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Fosfatos para fins agrícolas, agregados de areia e cascalho do fundo do mar como fonte de matéria-prima para a construção civil, materiais inertes para reenchimento de praias e zonas costeiras sujeitas a forte erosão, e ainda metais raros, cujos preços finais de mercado viabilizam a sua exploração subaquática, estão na ordem do dia quando a temática é a exploração mineira marítima. A Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental tem quase concluído o levantamento dos dados hidrográficos e geológicos e, neste momento, já se sabe quase tudo o que nos reserva o fundo do mar que pretendemos jurisdicionar. Além de inúmeros nódulos de ferro ricos em manganês e

crostas ricas em níquel e cobalto, os investigadores descobriram possuirmos boas quantidades de

minérios de cobre, zinco, chumbo, ouro e prata,

bem como zonas ricas em hidratos de metano, que poderão

indicar a presença de petróleo e gás natural em

quantidades exploráveis com viabilidade. Existem igualmente um conjunto de terras raras que convém explorar, mais ainda quando alguns países adoptaram uma política limitativa da extracção destes minérios. A actividade de exploração dos fundos do mar incrementará ainda o aparecimento de equipamentos tecnologicamente sofisticados que tornarão rentáveis os trabalhos subaquáticos de prospecção, a recolha e o transporte dos metais. l

Utilizar organismos vivos aquáticos para produzir ou modificar produtos e com estes desenvolver micro-organismos para fins específicos é um dos desafios da biotecnologia marinha. Todos os anos se fazem descobertas fantásticas que surpreendem a comunidade científica e tornam expectante um rápido crescimento deste sector. Pequenos investimentos efectuados em investigação já resultaram em ganhos potenciais de biliões de euros por ano com características encontradas, aplicáveis ao campo da medicina, da agricultura e da indústria. Medicamentos oncológicos, drogas antivirais processadas a partir de esponjas do mar e organismos vizinhos de fontes

hidrotermais esterilizadas utilizados como catalisadores são descobertas recentes.

Com um potencial de crescimento económico

de 4% ao ano, este sector do cluster Mar alimenta-se de

centros académicos de excelência, articulados

com os decisores públicos e investidores privados. O mar português é um laboratório ambulante para a investigação científica. Quando pesquisa e indústria derem as mãos, abrir--se-á um universo infindável de oportunidades: algas cultivadas e processadas para produzir biomassa, suplementos alimentares, fertilizantes, óleos, açúcares, cosméticos e produtos farmacêuticos e ainda para produção de hidrogénio, biodiesel, etanol e amido. l

MINÉRIOS RICOS COM FARTURA NO FUNDO DO MAR

UM MEGA-LABORATÓRIO MARINHO AMBULANTE

elevado potencial mineral subaquático está prestes a mudar. Os traba-lhos de investigação e prospecção que têm sido realizados nos solos e subsolos aquáticos revelam uma riqueza que poderá colocar este sector na dianteira da exploração dos recursos marinhos nacionais.

No topo da pirâmide definida no estudo, os investimentos em náuti-ca de recreio e turismo náutico surgem como cabeça de cartaz, por se-rem o sector com melhores e maiores perspectivas de crescimento no curto e médio prazo, com um efeito multiplicador em outros sectores associados ao mar, como sejam o turismo, os serviços marítimos ou a reparação e construção naval.

Novas tecnologias e novos processos de exploração terão obrigatoriamente que ser colo-cados ao serviço do sector das pescas, aquicul-tura e indústria de pescado, reconfigurando o seu potencial, conferindo-lhe maior dimensão, aumentando o valor do pescado, fomentando a quantidade e qualidade dos recursos biológicos. Esquecido durante décadas, este é, sem dúvida, para Ernâni Lopes, a longo prazo, um dos maiores recursos estratégicos do País.

Dos quatro pilares, o sector dos transportes marítimos, portos e logística é o que repre-

senta o papel principal. O estudo caracteriza-o como sendo a base do hipercluster, pois, de entre todos, é o que domina as actividades económicas relacionadas com o mar em Portugal. Uma nova perspec-tiva internacional abre-se com o alargamento do Canal do Panamá. Uma redefinição das rotas marítimas poderá também beneficiar a excelente localização geográfica de Portugal. Para que o País vença este desafio, apenas precisa reinventar uma estratégia para os seus portos, simplificar os regulamentos, modernizar e agilizar as tarefas e apostar em plataformas logísticas viradas para os grandes fluxos internacionais e focadas na intermodalidade. l

U M A E S T R A T É G I A D E A T A Q U E A S S E N T E E M Q U A T R O P I L A R E S P A R A O S U C E S S O D O H I P E R C L U S T E R P O R T U G U Ê S : P O R T O S , L O G Í S T I C A E T R A N S P O R T E S M A R Í T I M O S ; N Á U T I C A E T U R I S M O D E R E C R E I O ; P E S C A , A Q U A C U L T U R A E I N D Ú S T R I A D E P E S C A D O ; E N E R G I A , M I N E R A I S E B I O T E C N O L O G I A .

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N E G Ó C I O S

Fomos, durante a década de setenta, um país de sucesso e um case study a nível internacional no sector da construção e reparação naval. Mas esses tempos acabaram. Resta-nos a renascida Lisnave, os economicamente periclitantes Estaleiros Navais de Viana do Castelo que o Estado se prepara para privatizar e umas quantas dezenas de pequenos e microarmadores em dificuldades financeiras. Uma aposta estratégica forte na náutica de recreio e nos desportos náuticos, nos desportos submarinos e no turismo de cruzeiros com ligação a eventos internacionais poderá dinamizar este segmento ainda pouco explorado do hipercluster do mar. Para darmos cartas e vencermos

nesta dura competição teremos que apostar num design inovador, em criar motores e propulsores de última geração e produzir equipamentos tecnológicos de

ponta. Neste nicho específico da construção e reparação

de embarcações de luxo, de recreio, ou de transporte marítimo de

curta distância, podem surgir, em concomitância,

projectos de construção de plataformas, de gasodutos e de equipamentos para exploração de recursos marinhos em regime de offshore. Fora de questão, mesmo a longo prazo, para os responsáveis pelo estudo da SaeR, está a aposta numa indústria naval pesada, segmento em que fomos muito bons nos anos 70, mas no qual perdemos definitivamente a corrida mundial. l

APOSTA NA CONSTRUÇÃO NAVAL CARA, BOA E DE PONTA

NORUEGAN A VA N G U A R D A D A S T E C N O L O G I A S M A R Í T I M A SUma crise naval em 1980 foi o momento de inversão na forma como os noruegueses olhavam para o mar. Mudanças no registo de navios, atenuação do regime de impostos cobrados às empresas e a alteração de paradigma de abordagem fizeram a revolução. Já em 2008 a Noruega possuía mais de quatro mil empresas a operar na área dos seguros, aluguer e financiamento do transporte marítimo, construção, reparação naval e pescas. Dona da terceira marinha mercante mundial, ostenta no seu território uma indústria de construção naval pujante, produtora de uma multiplicidade de navios com tecnologia de ponta para vários fins. Além disso, constrói equipamentos de vanguarda para a exploração offshore de petróleo e gás natural, tais como plataformas, ou ainda sofisticados equipamentos de navegação, prospecção e apoio electrónico à detecção de cardumes. Fez uma aposta ganha na pesca sustentável; venceu na extracção offshore de combustíveis fósseis; gerou modernos pólos de inovação e investigação tecnológica e com estes assegurou o sucesso de indústrias de topo de biotecnologia e farmacêutica. l

HOLANDAP O R T O D E R O T E R D Ã O C O M O M O T O R E S T R AT É G I C O

A partir de 1994 os holandeses desenvolveram um cluster do mar com uma política inovadora para

o transporte marítimo. A estratégia definida resultou na

reformulação tecnológica da indústria de construção naval e na automatização das operações portuárias, reflectindo-se numa substancial redução de custos. O cluster holandês assenta nos pilares dos portos, transportes, construção naval, pesca e energia offshore. A pérola deste cluster do mar é o porto de Roterdão, o maior e mais rico hinterland da Europa. l

A P R E N D E R C O M O U T R O S P A Í S E S

A N O R U E G A P O S S U I A T E R C E I R A M A I O R F R O T A D O M U N D O , U M A C O N S T R U Ç Ã O N AVA L P U J A N T E E P R O D U Z T E C N O L O G I A D E P O N T A P A R A A P E S C A , F A R M A C Ê U T I C A O U E X P L O R A Ç Ã O O F F S H O R E .

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N E G Ó C I O S

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APESAR DE NÃO TER UM SECTOR COMPETITIVO LIGADO AO MAR, PORTUGAL POSSUI EMPRESAS E LABORATÓRIOS DE REFERÊNCIA INTERNACIONAL. DESCUBRA OS BONS EXEMPLOS.

E M P R E S A S Q U E D Ã O C A R T A S N O S N E G Ó C I O S M A R Í T I M O S

• EDP Inovação, Repsol e Principal Power, através do consórcio WindPlus, preparam- -se para lançar ao largo da Póvoa de Varzim um parque eólico com cinco turbinas flutuantes, colocando Portugal na dianteira da produção eólica offshore

• PetroBrás, Galp Energia e Partex estão em consórcio a avaliar a probabilidade de explorar petróleo ao largo da costa portuguesa

• Lisnave, uma empresa que já foi de topo na construção naval, que foi ao fundo mas que ressurgiu como excelente em reparação naval

• Trimarine Compósitos, com estaleiro em Sarilhos Pequenos, margem sul do Tejo, cria e constrói veleiros de luxo

• Euronavy, firma especializada em tintas para embarcações e plataformas offshore

• Caiaques Nelo, líder mundial na produção de caiaques para competição

• Tertir, uma das maiores empresas gestoras de concessões portuárias nacionais

• Ramirez & Ca, uma das mais antigas e conceituadas conserveiras portuguesas

• Instituto Hidrográfico, cujos investigadores deram um elevado contributo para a descoberta das potencialidades subaquáticas

• Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)tem realizado grandes estudos e elaborado modelos internacionais relacionados com engenharia costeira e portuária

• Universidade de Aveiro é um berçário de investigação de tecnologias de ponta com 17 departamentos ligados ao mar

• Universidade do Porto criou, em parceria com o porto de Leixões, uma pequena cidade marítima incubadora de empresas tecnológicas a que chamou “Campus do Mar”

• Bioalvo, empresa com laboratórios no ICAT, o pólo incubador da Faculdade de Ciências de Lisboa, estuda microorganismos provenientes de fontes hidrotermais para aplicações biomédicas

• Douro Azul, a maior operadora nacional de cruzeiros de turismo e a maior cliente nacional de construção de navios para fins turísticos. l

DINAMARCAARMADORES FORTES E MARINHA MERCANTE ACTIVA

O cluster marítimo dinamarquês valia em 2008 cerca de 7% do PIB nacional e empregava 120 mil pessoas. O sector mais dinâmico

é a marinha mercante. A sua actividade equivale a 3% da tonelagem

mundial e transporta 10% do comércio do planeta. País sede do maior armador mundial de transporte contentorizado, a MAERSK/SEALAND (Grupo AP. Moller), nos seus navios viajam boa parte do petróleo, gás natural e líquidos a granel circulantes no mundo. Dos seus estaleiros saem grandes petroleiros, motores para navios, iates de luxo e navios de pesca. No mar exploram-se jazidas de petróleo e gás natural. l

ALEMANHAT E C N O L O G I A E M A I S T E C N O L O G I A

O megacluster alemão é o mais importante da Europa. A sua marinha mercante tem uma frota jovem com mais de mil navios.

Outro factor essencial deste cluster são as infraestruturas portuárias de

Hamburgo e Bremerhaven. Os seus terminais oferecem serviços logísticos importantes na Europa e são centros de concentração das empresas do cluster alemão do mar. A Alemanha possui uma forte indústria de construção naval, incluindo os navios, a reparação, os componentes chave dos barcos, a electrónica naval, a robótica submarina, a especialização em submarinos e navios de guerra e em iates superluxuosos. l

FINLÂNDIAE S TA L E I R O S E S P E C I A L I Z A D O S E T R A B A L H O E M R E D E

As empresas componentes do megacluster finlandês destacam--se mundialmente nas áreas da

construção e tecnologias navais, tendo-se especializado

na construção de navios de cruzeiro, ferries e cruise ferries, navios quebra-gelo, motores marítimos, sistemas de propulsão e equipamentos de movimentação de contentores para terminais portuários. As cerca de 2.400 empresas integradas no cluster marítimo finlandês interagem em rede e trabalham a imagem do sector. l

ESPANHAP O L Í T I C A D I N Â M I C A D E P E S C A S E A P O S TA N A C O N S T R U Ç Ã O

Em Espanha quem promove o sector marítimo é a Associação do Cluster Marítimo Espanhol. Foi ela

quem elaborou o Plano Estratégico (inspirado no modelo

holandês), destacando os sectores da construção naval, das pescas e da aquicultura, da náutica desportiva e de recreio. Dentro deste megacluster destaca-se o cluster galego, o maior de Espanha e o geograficamente mais próximo de Portugal. Assente nos pilares da pesca, aquicultura, da indústria conserveira, navegação e portos e na construção naval, a Galiza possui uma grande frota construída nos estaleiros locais. l

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N E G Ó C I O S

AM A I O R

F Á B R I C A D E

D I N H E I R O D O

M U N D O

B L A C K R O C K

T E M S E D E E M N O VA I O R Q U E M A S A S U A P R E S E N Ç A É G L O B A L .

E M D U A S D É C A D A S , PA S S O U D E U M A B O U T I Q U E F I N A N C E I R A E M

M A N H AT TA N À M A I O R G E S T O R A D E A C T I V O S D O M U N D O , U M

C A M I N H O F E I T O C O M A Q U I S I Ç Õ E S D E P E S O .

A 3 0 D E J U N H O D E 2 0 1 2 A B L A C K R O C K G E R I A 3 . 5 6 0 M I L M I L H Õ E S

D E D Ó L A R E S . T E M C O M O C L I E N T E S G O V E R N O S , B A N C O S C E N T R A I S E

R E G U L A D O R E S .

M I G U E L M O R G A D O

A BlackRock encarna, na sua génese, o verdadeiro sonho americano. No início ocupava um pequeno espaço de renda fixa, em Nova Iorque. Oito pessoas, todas

elas oriundas do mundo da banca de investi-mento, começaram a desenhar um projecto comum: criar uma empresa de gestão de activos muito focada no controlo de riscos. Deixando de lado os “tiques” característicos do ADN do centro financeiro mundial - “vender primeiro, perguntar depois” -, Larry Finck, Rob Kapito, Sue Wagner, Barbara Novick, Ben Golub, Keith Anderson, Hugh Frater e Ralph Schlosstein puseram mãos à obra.

Com o cunho destes veteranos de Wall Street começa a ganhar forma, em Manhatan, uma boutique financeira que tinha nas Obrigações de Tesouro o produto por excelência. Dos oito fundadores, os cinco primeiros ainda estão na empresa. Os outros retiraram-se em definitivo do mundo da gestão financeira. Laurence D. Fink é o CEO. Robert S. Kapito, o presidente.

Em mais de 20 anos, a BlackRock, uma casa americana focada no mercado doméstico e profundamente institucional, transforma-se num gigante mundial com presença em 27 países, incluindo um escritório em Madrid onde se controla todo o mercado ibérico, e com uma oferta diversificada de produtos fi-nanceiros. A maior gestora mudial de activos,

com sede em Nova Iorque, tem 75 escritórios espalhados pelos mercados globais chave: América, Europa, Médio Oriente e África (EMA) e Ásia-Pacífico. Alimenta, desta forma, as necessidades de clientes em mais de 100 países, 24 horas sobre 24 horas.

Esta transformação de uma empresa liliputiana num Gulliver, foi alimentada com generosas doses de aquisições que a levaram a ocupar o topo das instituições financeiras de activos sobre gestão. Ao todo, 3.560 mil milhões de dólares, à data de 30 de Junho. Um valor que vale 46 vezes o plano de resgate da Troika a Portugal.

É uma verdadeira fábrica de gerir e produzir dinheiro que emprega mais de

E Q U I PA E S C R I T Ó R I O E S PA N H A

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9000 colaboradores. Um gigantismo e uma presença mundial que leva a que, com excepção das quartas-feiras, cada manhã, às 8h40, hora local da sede em Nova Iorque, to-dos os gestores – pelos menos os responsáveis das equipas – mantenham uma reunião para analisar o estado do mundo.

A BlackRock ganhou recentemente mais dois colaboradores, com assento directo no Conselho de Administração. São eles Fabrizio Freda, Presidente e CEO da Estée Lauder (ex-Procter & Gamble) e Jessica Einhorn, que veio da Dean Escola de Estudos Internacionais Avançados Paul H. Nitze, da Universidade Johns Hopkins, com anteriores passagens pelo Banco

Mundial, FMI e Tesouro Norte-americano.

De Nova Iorque até ao topo do MundoA história desta “fábrica” começa em 1988, ano em que foi criada a BlackStone Financial Management. Larry Fink, um dos pioneiros dos títulos de hipoteca - Mortgage-Backed Se-curities (MBS) -, assume o leme. Quatro anos depois ganha o actual nome de baptismo. E começa a ganhar também outra dimensão.

Em 1999 é admitida à cotação na Bolsa de Nova Iorque (NYSE) e um ano depois dá um passo de gigante e decisivo com a entrada em acção de um sistema próprio de gestão com o qual se consegue diferenciar da concorrência: o BlackRock Solutions desenvolvido por Char-

lie Hallac. Não é só um sinal diferenciador. É também uma peça chave da sua existência (ver caixa).

Em 2004, a BlackRock geria 342 mil milhões de dólares em capital através dos seus produtos nacionais. Era, no entanto, ainda muito focado em gerir Obrigações para uma clientela na sua maioria institucional. É então que as compras desenfreadas começam. A aquisição, em 2005, da State Street Research & Management, patrocinador do State Street Research Funds, garante-lhe uma posição de peso no mercado das acções. A compra da Quellos, em 2007 e da R3 Capital Partners, em 2009, expandiu a presença da BlackRock nos Hedge-Funds.

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Mas foi com a aquisição da Merril Lynch Investment Management, em 2006, empresa com peso nos Equity Funds e principalmente com a gigantesca operação – 13,5 mil milhões de dólares – que envolveu a compra do Barclays Global Investor (BGI) que alterou por completo o estatuto da empresa em Wall Street. A sociedade atinge o hit-parade da gestão de activos. E por lá fica. No top. Com quase o dobro do seu rival, a State Street Global Advisors.

Engolir um elefante O ano de 2009 é um marco chave para o grupo. A soma de aquisições até então concre-tizadas pela BlackRock em nada se compara

em importância ou tamanho com a compra da Barclays Global Investor, o maior gestor de ETF’s (Exchange-Traded Funds) do mundo, na primavera de 2009. Antes da aquisição do BGI, a gestão de activos desta sociedade situava-se nos 1,4 mil milhões de dólares. Com o negócio, a empresa fechou o ano mais que duplicando os valores sobre gestão. Mas os ganhos não se ficam por aqui. As acções, essas, no mês de aquisição, subiram 33%, atingindo os 237 dólares.

Com esta “compra”, a BlackRock incor-porou 8000 mil colaboradores e a maior plataforma de ETF – fundos quotizados – do mundo: a iShares. Os seus activos sobre gestão representam 20% do total de activos

de Longo Prazo e geraram 596 milhões de dólares de rendimento no segundo trimestre de 2012. Com cerca de 500 produtos cotados e uma quota de mercado de 43,4%, represen-tam 1/3 do volume total de ETF negociados diariamente em todo o mundo.

A posição de liderança nos ETF’s foi reforçada recentemente com a aquisição feita em Março do presente ano da empresa canadiense Claymore Investments, Inc. da Guggenheim Partners, LLC.

Governos, Bancos Centrais e Reguladores entre os clientes A BlackRock proporciona soluções em inves-timentos, gestão de risco e aconselhamento

HISTÓRIA DA BLACKROCK

1988Fundação da BackRock

1995 – Fusão com a PNC que se converte na sua gestora de renda fixa

1996 – Assume a responsabilidade dos fundos de investimentos variável da PNC

1999 – Oferta Pública de Venda (NYSE:BLK) com a PNC como maior accionista

2000 – Lançamento da BlackRock Solutions serviços de gestão de risco e tecnologia

2006 – Fusão com a Merril Lynch Managers

2005 – Aquisição da State Street Research and Management e SSR Realty

1998 – Integração dos fundos de renda variável, renda fixa e demais investimentos sob a denominação BlackRock

O QUE É A BLACKROCK SOLUTIONS?Através da BlackRock Solutions® oferecem serviços de gestão do risco, aconselhamen-to estratégico e serviços de sistemas de investimento a uma vasta base de clientes com carteiras que totalizam aproximada-mente 10 mil milhões de dólares (que não são geridos pela BlackRock). A BlackRock Solutions é uma plataforma que corre análise de riscos para corporações globais, fundos de pensões e governos. Em 2010, foram investidos 500 milhões de dólares em tecnologia. Para além do seu core-business, a BlackRock autoriza a tec-nologia patenteada de definição de riscos chamada Aladdin a empresas que queiram monitorizar investimentos ou activos. l

A ESTRUTURA ACCIONISTAEm relação à estrutura accionista a BlackRock, Inc. (NYSE: BLK) não possui um accionista maioritário e a maioria dos membros do seu Conselho de Administração é administradora independente. A participação da PNC ascende a 21,10% e o Bank Of America detém 0,54%, sendo o restante detido por investidores institucionais e particulares, bem como por colaboradores da BlackRock. l

DADOS DA BLACKROCK*ATIVOS SOB GESTÃO: 3.560 mil milhões de dólaresNÚMERO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO: Mais de 1.000ESCRITÓRIOS:4 em 27 paísesBASE DE CLIENTES: Presentes em mais de 100 paísesCOLABORADORES: 9.900NÚMERO DE SITES: 40 em 17 idiomasCONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: 19 membros SEDE: BlackRock Inc.55 East 52nd Street Nova Iorque 10055*Info. relativa a 30 de Junho de 2012

ARMANDO SENRA – HEAD OF BLACKROCK, IBERIA

AND LATIN AMERICA

IVÁN PASCUAL – DIRECTOR OF ISHARES IN IBERIA

FINK LARRY BLACKROCK CEO

PNC21,10%

Bank Of America0,54%

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a investidores institucionais e individuais ao redor do mundo.

Da fábrica da BlackRock saem os mais variados produtos. Os activos geridos estão distribuídos por acções, obrigações, hedge-funds, gestão de tesouraria, investi-mentos alternativos, activos imobiliários e estratégias de aconselhamento, iShares®, a plataforma ETF líder da indústria, entre outros.

De entre os clientes da BlackRock estão instituições financeiras e outros clientes corporativos, planos de pensões de empresas, de organizações sindicais e profissionais e do sector público, instituições sem fim lucrativo, de solidariedade social e fundações,

Bancos Centrais e bancos, governos, entidades governamentais e autoridades supranacionais, companhias de seguros, fundos soberanos, fundos de investimento de terceiros, profis-sionais do sector financeiro e particulares do mundo inteiro. Todos eles, em qualquer parte do globo e a qualquer hora do dia, “depositam” a sua confiança de gestão do seu dinheiro nas mãos dos consultores da BlackRock.

E foi a pensar nessa globalidade e diversi-dade de clientes que, pela primeira vez na sua história, a BlackRock lançou uma campanha de marketing a nível mundial sob o lema “In-vesting for a New World”, ou seja, “Investindo num novo Mundo”. Um mundo que mudou e muito nos anos mais recentes.

Surfar a crise A crise de 2008 dizimou muitos dos gigantes de Wall Street. Mas, no outro lado da moeda, produziu uma mão selecta de vencedores. Entre eles inclui-se a BlackRock, que se assumiu com uma verdadeira equipa SWAT em crises financeiras. Nesse ano de 2008, a BlackRock foi indicada para gerir o portefólio da Bear Stearns’s Mortgage Assets. A partir de então ganha contratos para “sal-var” a American International Group, Fannie Mae, Freddie Mac e o Citigroup, ajudando a valorizar os activos tóxicos de empresas com problemas.

Nesse ano, enquanto as casas de investi-mento perderam 21% de acordo com o Boston Consulting Group, benefícios da BLK decaia apenas 4%, mostrando 786 milhões de lucro e 5 mil milhões de dólares de receita.

O conhecimento profundo da sociedade, no geral, e do seu CEO, em particular, para gerir os títulos de dívida (Mortage-Backed Securi-ties) revelou-se decisivo durante o tsunami financeiro que abalou o mundo. E a empresa, essa, surfou por cima da crise. E saiu mais forte, beneficiando igualmente com a desor-dem global.

Muito por culpa da BlackRock Solutions, que tem entre a carteira de clientes o Banco Central da Irlanda, o Tesouro Britânico, a Reserva Fed-eral e o Banco da Grécia, entre outros.

A empresa que não é tão mediática fora do círculo financeiro, que não é conhecida por fazer apostas espalhafatosas que podem ater-rar nas manchetes dos jornais e que voa fora dos alcance do radar do grande público exerce uma enorme influência como conselheiro nos bastidores a governos problemáticos. A crise da dívida europeia é disso exemplo. l

O QUE SÃO OS ETFS ISHARES?iShares é uma família de Fundos

de Índice, conhecidos como ETFs

(Exchange Traded Funds). Cada

Fundo de Índice iShares busca

retornos de investimentos que

correspondam, de forma geral, ao

desempenho de um determinado

índice de referência.

ONDE ESTÃO COTADOS?Os ETF’s iShares estão cotados em 15

países, incluindo 7 bolsas europeias,

para além de EUA, Canadá, Ásia,

México e Brasil.

COMO INVESTIR EM ETFS ISHARES?Os Fundos de Índice iShares podem

ser operados por intermédio de uma

corretora ou distribuidora de títulos

e valores mobiliários devidamente

habilitada e pertencente ao sistema

de distribuição de valores mobiliários,

seja directamente ou através de um

home broker.

Assim como as acções, as cotas

de Fundos de Índice iShares

são fáceis de serem adquiridas,

oferecem liquidez diária e são

negociáveis em Bolsa. Assim como

os fundos indexados, os Fundos de

Índice oferecem as vantagens da

diversificação, acompanhamento de

mercado e taxas de administração

competitivas.

COMO SÃO DISTRIBUÍDOS OS RENDIMENTOS PELOS ETF’S?Visto que os ETF’s replicam a

evolução de um índice,

os lucros / prejuízos derivados

desse activo correspondem ao

desempenho desse índice. l

2010 BlackRock no

índex S&P 500

2008 – Fusão com a Barclays Global Investors (BGI

2007 – Aquisição dos Fundos dos Fundos da Quellos Group, LLC

FUNDOS MAIS LUCRATIVOS

BGF GLOBAL ALLOCATION FUND A2 EUR YTD (desde início do ano): 7,24%Sob gestão: 12,6 mil milhões de dólares BGF EMERGING EUROPE A2 USDYTD: 23,28%Sob gestão: 1,67 mil milhões de euros BGF EURO MARKETS A2 EURYTD: 24,80%Sob gestão: 1,91 mil milhões de euros BGF EURO CORPORATE BOND FUND A2 EURYTD: 9,59%Sob gestão: 312,02 milhões de euros

BGF GLOBAL HIGH YIELD BOND FUND A2 USDYTD: 13,23%Sob gestão: 1,50 mil milhões de dólares

(dados final de Julho 2012)

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N E G Ó C I O S

Um dos principais pares cam-biais acompanhados em todo o mundo é o Euro face ao Dólar dos EUA. Trata-se das moedas dos dois blocos economicamente mais

desenvolvidos e industrializados. Em 2011, as trocas comerciais entre os dois lados do Atlântico atingiram valores verdadeiramente astronómicos, com os EUA a canalizarem para o bloco europeu cerca de 185 mil milhões de euros, 11% do total das suas vendas ao ex-terior, e a importarem mais 260 mil milhões

de euros, o equivalente a 17% das exportações totais da União Europeia.

O agudizar da crise na Europa, a falta de confiança dos investidores internacionais na capacidade de gestão das dívidas soberanas dos países periféricos e as diferenças no crescimento nos 17 países membros da Zona Euro têm tornado a existência da moeda única europeia um desafio particularmente difícil de gerir. Alguns países de forte pendor exportador, como a Alemanha, beneficiam por fazerem parte da Zona Euro, pois ao invés de terem uma moeda própria muito valorizada,

como era o caso do antigo Marco, conseguem agora ganhos na Balança Comercial por força da redução no preço dos produtos exportados.

No entanto, a Alemanha mantém um enorme receio em relação à inflação, devido a vicissitudes históricas, como foi o período de hiperinflação vivida após I Guerra Mundial. Esta componente psicológica tem limitado o apoio da Alemanha a políticas monetárias expansionistas. Já para países do sul da Europa, como Portugal, Grécia, Espanha, e até mesmo a Itália, que historicamente e psi-cologicamente estão mais habituadas a gerir

F R A N C I S C O A L M E I D A , D A Á R E A D E I N V E S T I M E N T O S D A O R E Y F I N A N C I A L

A R E C U P E R A Ç Ã O D O E U R O

A S M E D I D A S M A I S R E C E N T E S E S TÃ O N O VA M E N T E A F O R TA L E C E R O E U R O E A C O N T R I B U I R

PA R A A R E C U P E R A Ç Ã O D A S U A C R E D I B I L I D A D E E N Q U A N T O M O E D A D E R E F E R Ê N C I A M U N D I A L .

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períodos de inflação elevada, é mais vantajoso terem taxas de juro mais baixas, por forma a promoverem o crédito, as exportações e o crescimento da economia.

Nos EUA, desde a crise do subprime que o crescimento económico tem sido anémico. Para promover o crescimento, a Reserva Federal Norte-Americana tem vindo a descer as taxas de juro directoras. Paralelamente às descidas de taxas, está a realizar já a terceira operação de compra massiva de obrigações do Tesouro Americano, por forma a injectar liquidez na economia. Estas compras são feitas através da impressão de novos dólares, aumentado assim a oferta da moeda, o que re-sulta numa desvalorização do dólar, tornando as exportações americanas mais competitivas e promovendo o crescimento, muito embora aumentando consideravelmente os riscos inflacionistas.

O Banco Central Europeu também tem vindo a reduzir as taxas de juro, tendo até criado formas de intervenção menos conven-cionais. É de notar a profunda diferença na abordagem entre os dois bancos centrais, com a Reserva Federal concentrada no crescimento e na criação de emprego, e o BCE focado na estabilidade de preços. Estas diferenças nas perspectivas de intervenção nos dois lados do Atlântico têm marcado significativamente as variações cambiais entre o euro e o dólar.

Desde o Verão de 2011 que os investidores internacionais têm evitado investimentos em activos europeus, com receio de um possível

desmembramento da União Monetária, o que provocou uma fuga de capitais para moedas consideradas de pouco risco nos mercados internacionais, como o Iene, as coroas norueguesas e suecas e os dólares australianos e canadianos, levando a uma desvalorização significativa do Euro face aos principais pares cambiais e, em particular, face ao Dólar americano. No entanto, as novas intervenções por parte da Reserva Federal e as recentes medidas políticas que têm vindo a ser tomadas na Europa estão novamente a fortalecer a moeda única e contribuir para a recuperação da sua credibilidade enquanto moeda de referência mundial. l

A L G U N S P A Í S E S D E F O R T E P E N D O R E X P O R T A D O R , C O M O A A L E M A N H A , B E N E F I C I A M P O R F A Z E R E M P A R T E D A Z O N A E U R O , P O I S A O I N V É S D E T E R E M U M A M O E D A P R Ó P R I A M U I T O V A L O R I Z A D A , C O M O E R A O C A S O D O A N T I G O M A R C O , C O N S E G U E M A G O R A G A N H O S N A B A L A N Ç A C O M E R C I A L P O R F O R Ç A D A R E D U Ç Ã O N O P R E Ç O D O S P R O D U T O S E X P O R T A D O S .

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N E G Ó C I O S

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsariana, com mais de 2 milhões de barris por dia. Cerca de 50 descobertas significativas em águas pro-

fundas dos Blocos 14, 15, 17 e 18 começarão a produzir nos próximos cinco a dez anos. Estima-se que os quatro blocos contenham cerca de 10 biliões de barris de petróleo recuperável.

Diferentemente do que acontece com as jazidas do Egipto ou do Qatar, o gás natural angolano é na sua maior parte obtido como um subproduto da extracção de petróleo. Sem grandes investimentos em infra-estruturas para o transporte, armazenamento e processamento do gás, as companhias petrolíferas eram, até agora, obrigadas a queimar ou a reinjectar nas jazidas o gás associado obtido. O gás não era aproveitado, por falta de uma unidade indus-trial para processamento de gás.

Na ausência de um mercado interno suficientemente grande, Angola procurou no exterior as oportunidades para comercializar

o gás proveniente dos seus blocos petrolíferos, de forma a viabilizar o projecto industrial.

O consumo mundial de gás natural deverá atingir 163 triliões de pés cúbicos em 2030, um crescimento superior a 60% face aos níveis do início do século. Em 2025, pela primeira vez, a procura mundial de gás natural deverá ultrapassar a de petróleo. A instabilidade no Médio Oriente a na África do Norte levaram muitos países a olharem para a África subsaariana como uma fonte importante de energia.

Angola dispõe de vastos recursos com-provados de gás para fornecer, que podem garantir o fornecimento de 5,2 milhões de toneladas/ano (equivalentes a 6,8 mil milhões de metros cúbicos) à unidade de Gás Natural Liquefeito da Angola LNG, durante um período superior a 20 anos. Foram identifica-dos recursos muito prováveis de gás natural de 10,5 triliões de pés públicos (297 biliões de metros cúbicos), até porque a maior parte das áreas de águas profundas e ultra-profundas de Angola são consideradas de grande potencial e continuam por explorar.

A principal fonte de fornecimento da unidade de LNG durante os primeiros anos de operação será o gás associado em profundi-dades de água até aos 1500 metros, prove-niente dos blocos produtores da ExxonMobil (bloco 15), Total (bloco 17), BP (bloco 18) e Chevron (blocos 0 e 14). À medida que ocorre a maturação dos jazigos e diminui a produção do gás associado, o gás não-associado e dos blocos futuros em águas ultra-profundas, garantirá os abastecimentos à unidade.

O Projecto Angola LNG irá também proceder ao desenvolvimento de campos de gás não-associado anteriormente descober-tos em águas rasas dos Blocos 1 e 2 a fim de suplementar o gás produzido em associação com o petróleo. A produção de gás prove-niente destes blocos offshore será transpor-tada através de condutas de alta pressão para a unidade de LNG para condicionamento e extracção dos Líquidos de Gás Natural (NGL) antes da liquefacção para LNG. A unidade de Gás Natural Liquefeito (LNG) está localizada na província do Zaire, próximo da cidade do Soyo (ver caixas). l

Á L V A R O D E M E N D O N Ç A

A N G O L AA T O D O O G Á S

D E P O I S D E S E T E R T R A N S F O R M A D O N U M A P O T Ê N C I A P E T R O L Í F E R A M U N D I A L ,

A N G O L A P R E PA R A - S E A G O R A PA R A J O G A R E N T R E O S G R A N D E S D O G Á S N AT U R A L .

U M A FÁ B R I C A D E G Á S N AT U R A L L I Q U E F E I T O , N O S O Y O , É U M PA S S O D E G I G A N T E .

C O M U N I C A Ç Ã O

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N A S U A C O N S T R U Ç Ã O F O R A M C R I A D O S 8 M I L P O S T O S D E T R A B A L H O D I R E C T O S E I N D I R E C T O S , E D A D A F O R M A Ç Ã O A M A I S D E 3 8 0 0 A N G O L A N O S .

A M A I O R F Á B R I C A D E L N G D E Á F R I C A

A cidade petrolífera do Soyo, situada na Foz do Rio Zaire, na província do Zaire, é a base do maior empreendimento industrial angolano desde a independência: a unidade de produção de gás liquefeito da Angola LNG.

A Angola LNG opera uma das mais modernas fábricas de processamento de Gás Natural Liquefeito (LNG) do mundo, localizada na cidade do Soyo, a 315 quilómetros a norte de Luanda, na província do Zaire. Tem uma capacidade instalada para processar anualmente mais de 5,2 milhões toneladas de gás natural, de que resultará a produção de cerca de 6,8 mil milhões de metros cúbicos de gás liquefeito e para armazenar 36 mil metros cúbicos de gás natural liquefeito (LNG) em tanques de contenção total. Dispõe ainda de facilidades para armazenagem de LPG e condensados e de um terminal marítimo de carregamento para atracagem de navios cargueiros com mais de 210 metros de comprimento e de 145 a 205 mil metros cúbicos de capacidade. O investimento total mobilizou mais de 10 milhões de dólares, o maior projecto já alguma vez feito em Angola.

Produzirá três tipos desta energia limpa e segura: gás natural liquefeito (LNG), propano e butano. Da produção total, 125 milhões serão entregues diariamente à Sonangol para o abastecimento do mercado doméstico angolano. Implantado numa área de 430 hectares, o projecto implicou também a construção de 500 quilómetros de pipelines, para transportar o gás dos poços de exploração petrolífera offshore para a fábrica. A maior unidade produtora de Gás Natura Liquefeito de África, é controlada por um consórcio de grandes empresas do sector de petróleo e gás. A petrolífera estatal angolana Sonangol detém 22,8% do capital e tem como parceiros a sua congénere norte-americana Chevron (36,4%), a francesa Total (13,6%), a britânica BP (13,6%) e a italiana ENI (13,6%).

O gás natural liquefeito produzido pela Angola LNG transformará Angola num país exportador do LNG. Paralelamente vai estimular o aparecimento de novas indústrias no país, como por exemplo fábricas de fertilizantes, o que permitirá reduzir as importações e dar um impulso à agricultura angolana.Na sua construção foram criados 8 mil postos de trabalho directos e indirectos, e dada formação a mais de 3800 angolanos. O projecto teve também um intenso programa de responsabilidade social associado, dando apoio a instituições locais na área da educação, beneficiando as ligações rodoviárias e a escola primária Bairro Marinha, e financiando a construção da torre de controlo, da nova zona de passageiros e a ampliação da pista do aeroporto e a remodelação do hospital municipal do Soyo. l

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N E G Ó C I O S

P A S S E I O D A F A M A

S A P A T O S P O R T U G U E S E S

O S S A PAT O S P O R T U G U E S E S E S TÃ O N O S “ P É S D O M U N D O ”. N I C O L A S S A R K O Z Y,

M I C H E L L E O B A M A , L E T I Z I A O R T I Z , PA R I S - H I LT O N , N A O M I WAT T S E P I P PA M I D D L E T O N S Ã O

A L G U N S D O S FA M O S O S Q U E C A L Ç A M S A PAT O S D E L U X O M A D E I N P O R T U G A L .

C A T A R I N A D A P O N T E

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Luís Onofre é um dos criadores de sapatos mais bem-sucedidos, apresentando em 2011 um volume de facturação de cerca de 4 milhões de euros. A marca exporta para 40 países as suas criações que produz em São João da Madeira. Actualmente, os seus principais mercados de destino são a Suécia, a Rússia

e a China. O estilista começou a sua actividade no início da década de 90, gosto que lhe foi incutido pela sua avó, que confeccionava sapatos para senhora desde 1939, e pelo seu pai, que trabalhou na produção de Cacharel e Kenzo.

Para quem já concebeu mais de 20 mil sapatos, perguntar qual o par de eleição é certamente uma pergunta ingrata, ainda assim o estilista confessou à Prémio que o “emocionou particularmente um modelo que acabou por ser usado pela galerista e apresentadora de televisão Raquel Prates no desfile de apresentação da colecção Primavera/Verão 2011 no Portugal Fashion”. Relativamente a preços, um par de sapatos do estilista pode ir de 180 a 1 500 euros. Quem os calça? Na lista de famosos que se passeiam com “onofres” nos pés constam nomes como Michelle Obama, Letizia Ortiz (que se casou, inclusivamente, com sapatos da marca), a extravagante Paris-Hilton e a actriz Naomi Watts. O estilista apresenta com regularidade as suas colecções em feiras internacionais. “São uma ferramenta de comercialização para todas as marcas de calçado com per-fil exportador e é frequente contactar os agentes comerciais e represen-tantes internacionais para realizar pré-apresentações da colecção”, explica.

A casa Ferreira Avelar é outro caso indiscutível de sucesso, mais conhecida pela sua marca Ferre, a coqueluche das estrelas. Em 2011, na entrega dos Óscares, no Dolby Theatre, havia pelo menos 18 estrelas com sapatos da Ferreira Avelar. A marca tem contratos com grandes cadeias internacionais como a Van Bommel, Kenzo ou a Armani e calça personalidades como Nicolas Sarkozy, Cristiano Ronaldo, Luís Figo, Hugh Jackman, Michael Bublé, José Mourinho e Aníbal Cavaco Silva. A empresa foi fundada em 1947 por Manuel e António Ferreira Avelar, que se mantêm até à data como os actuais gerentes. Confecciona exclusiva-mente sapatos para homem e tem como lema a concepção de sapatos de luxo a um preço acessível, entre os 120 e os 350 euros.

A oportunidade de calçar famosos surgiu através de um amigo alfaiate, Arthur dos Santos, “que trabalha em Los Angeles para alguns produtores de cinema e levou um par para um deles, que rapidamente fez sucesso entre os seus clientes. Surgiu assim a proposta de fazermos uma enco-menda para a noite dos Óscares. Ele com os fatos e nós com os sapatos “Made in Portugal”, produzidos na Ferre, com a marca Profession: Bot-tier”, revela Ruben Avelar à Prémio.

Hoje, a Ferre emprega 100 funcionários nas três empresas do grupo (Ferreira Avelar, Ferre e Ferraci). Vendem cerca de 110 mil sapatos por ano, sobretudo dos designados “sapatos clássicos” com sola em couro e acabados manualmente na fábrica em São João da Madeira.

A empresa não tem nenhum ponto de venda próprio “por opção estratégica”, explica Ruben Avelar, director comercial da empresa, mas vende a marca e produtos para mais de 100 pontos de venda, repartidos por 25 países e pelos cinco continentes. França e Alemanha são os seus principais mercados de exportação.

Já a Helsar é a preferida da realeza, actualmente uma das marcas dominantes no seu sector, quer a nível nacional quer a nível internacion-al, como foi visível na menção que mereceu recentemente no Financial Times.

Há mais de oito anos que a Helsar trabalha com a marca Emmy Shoes, da ‘designer’ Scarterfield, que calça muitas personalidades britânicas. Actualmente a Helsar calça várias personalidades, nomeada-mente Pippa Middleton no dia de casamento da sua irmã com o príncipe William. “Cada modelo da marca é resultado de um trabalho exaustivo de pesquisa de cores, materiais, tendências e “formas de estar”, tanto da mulher portuguesa, como de outras culturas”, refere Patrícia Correia, ‘designer’ da Helsar.

Nos primeiros anos, a marca esteve direccionada para o mercado nacional, mas de acordo com a estratégia actual a empresa desenvolveu uma aproximação internacional e as suas colecções estão a ser exportadas para diversos países. Os principais mercados de exportação da marca são a Alemanha, Dinamarca, Angola e Canadá.

A Helsar tem hoje 60 pontos de venda em Portugal, emprega 68

O S E C T O R D O C A L Ç A D O É U M D O S L Í D E R E S D A S E X P O R TA Ç Õ E S P O R T U G U E S E S

L U Í S O N O F R E J Á C O N C E B E U M A I S D E 2 0 0 0 0 S A PAT O S

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trabalhadores e vende cerca de 40 mil sapatos por ano. “Os que são mais procurados são os sapatos de senhora de alta qualidade”, refere Patrícia Correia. Apesar do seu mercado prioritário ser o de exportação, a Helsar não costuma participar em feiras internacionais, mas não é uma “carta fora do baralho”, sobretudo para captar novos mercados. Claro está, que a fábrica da Helsar também está instalada na Capital do Calçado.

O Luxo dos luxos será talvez a marca Santos by Carlos Santos, que calça grande parte do governo português. Se não está familiarizado com esta marca “Santos by Carlos Santos”, talvez nomes como a Mack James ou a Zarco lhe digam qualquer coisa. É que a Santos by Santos veio subs-tituir a marca Mack James, existente há mais de 25 anos, com produção 100% portuguesa, na fábrica Zarco, em São João da Madeira, através de um sistema chamado “Goodyear Welted”, um fabrico maioritariamente manual em que as máquinas servem apenas para complementar por-menores que não são exequíveis à mão.

A Zarco factura cerca de 10 milhões de euros por ano, vende mais de 100 mil sapatos e emprega aproximadamente 100 trabalhadores. Sem revelar a percentagem de exportação, a marca é vendida em Portugal, França, Holanda, Alemanha, EUA, Japão, Suíça e Espanha. O look destes sapatos combina o estilo moderno com o estilo clássico. Mas a verdadeira jóia da coroa, ou antes, “jóia do governo” é a Carlos Santos Handcraft, uma marca que existe há sete anos na empresa. Trata-se de uma colecção pequena de design sofisticado, com produção tradicional – handcrafted – cuja técnica utilizada é ainda pouco conhecida e está asso-ciada à Haute Couture. Mas a quem pertence o nome “Carlos Santos” que empresta o nome às sua colecções? Ana Raquel Santos do departamento de Relações Públicas da empresa es-clarece: “Carlos Santos é o nome do mentor, dono da Zarco, que sempre se viu obrigado a divulgar ao mundo uma marca que, apesar de ser feita 100% em Portugal, se não tivesse um nome estrangeiro (na altura era a Mack James) jamais teria conseguido o sucesso que tem hoje”. Nos sapatos de Carlos Santos apenas são aplica-das matérias-primas de excelência: peles de origem francesa e italiana, na sua maioria anilinas Boxcalf. O preço médio de sapatos Santos by Carlos Santos ronda os 300 euros e uns Carlos Santos Handcrafet custam cerca de 700 euros. A empresa participa em diversas feiras internacionais, tendo sido a última no mês de Agosto, em Las Vegas.

A marca de luxo mais irreverente? A Fly London, que já calçou Sarah Jessica Parker, protagonista da série “O Sexo e a Cidade” e os míticos Rolling Stones. A Fly London pertence ao grupo Kyaia, de Guimarães, e tem cinco fábricas, mas nenhuma delas se situa em São João da Madeira. Até no local de fabricação se distingue das congéneres. É a cerca de 150 quilómetros, em Paredes de Coura, que a marca labora com a ajuda de 600 trabalhadores (afectos a todo o grupo Kyaia). Só a marca Fly London factura anualmente 20 milhões de euros, exportando 30% da sua produção para Inglaterra. l

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A M A R C A S A N T O S B Y C A R L O S S A N T O S C A L Ç A G R A N D E P A R T E D O G O V E R N O P O R T U G U Ê S

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O MOTOR DAS EXPORTAÇÕESEm Maio, num artigo sobre Portugal, o Financial Times colocava a seguinte questão: “O que pode Portugal produzir que o resto do mundo deseje com-prar?”. Na resposta a esta pergunta eram mencionados os sapatos made in Portugal, como os que calçaram a mãe e a irmã de Catherine Middleton, no dia do seu casamento com o príncipe William. O sector do calçado é um dos líderes das exportações portuguesas, con-

seguindo o melhor nível de vendas no estrangeiro dos últimos anos. Em 2011, as exportações de sapatos portugueses aumen-taram 16%, totalizando 1,56 mil milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. O sector exporta 95% da sua produção para 130 mercados, o que se traduz num total de 75 milhões de pares de sapatos. O sector é um dos que mais positi-vamente contribui para a balança comercial portuguesa. Em 2011 teve um saldo positivo superior a mil milhões de euros, com o valor das exportações a triplicar o das impor-tações. Trata-se de uma indústria jovem, ousada, moderna e voltada para o futuro, que alia a tradição do savoir-faire com tecnologias de ponta”, explicou recentemente Manuel Carlos, director-geral da Associação dos Industriais do Calçado (APICCAPS.

Com uma expansão gradual desde os anos 70, o sector português do calçado tem ganho competitividade e uma crescente penetração no mercado mundial. As exportações portuguesas de calçado estão a crescer em quase todos os mercados, quer dentro da União Europeia, sobretudo, na Alemanha, França, Espanha e Holanda, quer fora da zona Euro, nomeadamente no Canadá, China, EUA, Japão, Países Árabes e Rússia. Este crescimento não foi alheio a uma acção de promoção externa das marcas portuguesas, que se traduziu na participação de 140 empresas em 70 certames profissionais em 16 países e a uma campanha complementar, sob o mote “The Sexiest Industry in Europe”, que envolveu um investimento global de 11 milhões de euros. Desde Março, o sector tem investido em diversas acções distintas no exte-rior, com destaque para a forte presença na GDS (International Event for Shoes& Accessories), em Dusseldorf, Alemanha, e na MICAM (Shoevent), em Milão, Itália. Em ambas as feiras estiveram presentes mais de 70 exposi-tores portugueses. l

NO ANIMAL EXPLOTATION (NAE)“Agora que deixaste de comer animais, quando vais deixar de calçá-los?”. É este o conceito subjacente à marca. A NAE foi criada por uma casa vegan, cuja filosofia de vida é motivada por convicções éticas com base nos direitos animais, que procura evitar exploração ou abuso dos mesmos. l

ART ON SHOESAlexandra Prieto inovou e juntou duas paixões: a pintura e os sapatos. Criou a marca Art on Shoes e abriu uma loja na baixa lisboeta. Depois de uma exposição individual, em Novembro de 2010, a artista teve a ideia de fazer uns sapatos que fizessem ‘pendant’ com as obras da exposição. As colecções e obras de arte são espelhadas não só em sapatos forrados em tecidos (sarja de algodão impermeável), mas também em lenços e malas. São no fundo sapa-tos personalizados. Cada colecção é baseada num quadro pintado pela artista. Actualmente a marca tem pontos de venda em Lisboa, Porto e Barcelona. As suas colecções também já foram apresentadas em Macau, Hong Kong e em Angola. l

À D I R E I TA O S S A PAT O S N A E N Ã O U T I L I Z A M Q U A I S Q U E R P R O D U T O S D E O R I G E M A N I M A L . A P O S TA M N O C O N S U M O É T I C O

E M C I M A A F E R R E R E M 2 0 1 1 C A L Ç O U 1 8 E S T R E L A S N A E N T R E G A D O S Ó S C A R E S N O D O L B Y T H E AT R E

E M 2 0 1 1 , A S E X P O R T A Ç Õ E S D O S E C T O R A U M E N T A R A M 1 6 % , T O T A L I Z A N D O 1 , 5 6 M I L M I L H Õ E S D E E U R O S .

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S E L E C Ç Ã O N A C I O N A L

E X E C U T I V O S D E T O P O

E L E S S Ã O O S O N H O D E Q U A L Q U E R PAT R Ã O : D O N O S D E U M A E L E VA D A A U T O E S T I M A ; M U N I D O S D E U M

G R A N D E S E N T I D O D E R E S P O N S A B I L I D A D E E D O TA D O S D E U M A Í M PA R V I S Ã O E S T R AT É G I C A . C O N H E Ç A N A S

P R Ó X I M A S PÁ G I N A S T O D A S A S H I S T Ó R I A S D O S P O R T U G U E S E S Q U E F I G U R A M E N T R E O S M E L H O R E S D A S

M A I O R E S E M P R E S A S D O P L A N E TA . D E S C U B R A A V I D A FA N TÁ S T I C A D A P O R T U G U E S A M A I S P O D E R O S A D O

M U N D O D O S N E G Ó C I O S . S I G A O P E R C U R S O E S T R AT O S F É R I C O D O N O S S O M A I S B R I L H A N T E B A N Q U E I R O

I N T E R N A C I O N A L . S A I B A T U D O S O B R E O E S P E C I A L I S TA D E T E L E M Ó V E I S Q U E F O I PA R A E S PA N H A S A LVA R A

S U A M U LT I N A C I O N A L . P E R C E B A P O R Q U E R A Z Ã O O N O S S O M A I O R P E R I T O E M A U T O M Ó V E I S S E S E N TA N A

C A D E I R A M A I S C O B I Ç A D A D O M U N D O … E D E S C U B R A A I N D A Q U E M É O P O R T U G U Ê S Q U E F E Z O P E R C U R S O A O

C O N T R Á R I O : E S T U D O U F O R A , F E Z C A R R E I R A I N T E R N A C I O N A L E N O F I N A L E S C O L H E U S E R CEO E M P O R T U G A L .

J O Ã O B É N A R D G A R C I A

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N E G Ó C I O S

Maria da Conceição Ramos, 53 anos, reunia, até há pouco mais de três décadas, todas as condições para ser somente uma portuguesa incógnita emigrada na África do Sul. Mas não se resignou. Condenada – durante o regime segregacionista do Apartheid, pela origem e

pela nacionalidade – a ser apenas mais uma branca no degrau mais baixo da escala social dos brancos, Maria decidiu escapar às garras da alienação política e racial autoimposta no seio da comunidade portuguesa. Decidiu e venceu. Hoje comanda o gigantesco grupo financeiro e segurador ABSA/Barclays. É uma das mulheres mais poderosas da África do Sul. Mais: figura há oito anos consecutivos no Top 30 das mulheres mais influentes no mundo empre-sarial, segundo a revista Fortune.

Do 30º andar da monolítica torre ABSA, na zona sul de Joanesburgo, capital comercial, financeira e de serviços da África do Sul, Maria observa por breves instantes o enorme estaleiro de obras em que se transformou a cidade mais populosa do país. Lá no alto, mal escuta o apito das gruas ou sequer ouve o ruído dos martelos das cofragens, mas sabe que mui-tas daquelas construções são apostas de investi-mento da instituição que lidera. Sabe também que o poder financeiro e económico que lhe foi confiado a 1 de Março de 2009 – ao assumir o cargo de Chief Executive Officer (CEO) do ABSA Group – se estende a todo o continente africano e também ao Médio Oriente.

Comandar, aos 53 anos, os destinos do gigante ABSA, grupo subsidiário e braço fi-nanceiro do Barclays em África, tem sido uma das tarefas aparentemente mais tranquilas da longa e bem-sucedida carreira desta lisboeta de gema que, aos seis anos, foi viver com os pais para a cidade mineira e industrial de Vereenig-ing, a mesma localidade que catapultará para a política Frederik De Klerk, o futuro Presidente da República Sul-Africana. Um dos homens que mudará a vida de Maria.

M A R I A R A M O S , ABSA/BARCLAYS

A PORTUGUESA MAIS PODEROSA DO MUNDOT I N H A T U D O PA R A S E R N I N G U É M . N Ã O S E R E S I G N O U . V E N C E U E F A Z M I L A G R E S D E G E S TÃ O .

F I G U R A H Á O I T O A N O S C O N S E C U T I V O S N O T O P 3 0 D A S M U L H E R E S M A I S I N F L U E N T E S N O M U N D O E M P R E S A R I A L , S E G U N D O A R E V I S T A F O R T U N E .

Vencendo dificuldades económicas, Maria Ramos obtém aos 23 anos um certificado do Instituto Bancário Sul Africano, qualificação que lhe abriu caminho para colaborar com o Barclays Bank. Conquista, por mérito profissional, uma bolsa de estudo paga por este banco britânico que lhe permitirá licenciar-se em Economia, em 1986, pela Universi-dade de Joanesburgo. Tinha 27 anos e, no bolso, um cartão revelador da coragem de romper com a mediania: tinha despertado para a política. Escolheu o lado mais difícil: tornou-se militante do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido clandestino então liderado pelo carismático Nelson Mandela a partir da prisão.

Não será por isso fácil de imaginar que Maria Ramos tenha dado pouca importância ao seu 31º aniversário. Onze dias antes de a militante apagar as velas, Mandela fora libertado após 27 anos de cativeiro e, na sua cabeça, bem como na de todos os seguidores do ANC, abria-se uma janela de esperança para acabar com o regime do Apartheid que esmagara direitos de igualdade a negros e brancos durante mais de meio século.

A portuguesa que percebia de banca e de finanças, que se envolvera no estudo da economia Sul-Africana desde 1989 e que se apetrechara com a melhor formação académica, ministrada em Londres e na África

do Sul, acabou por se tornar uma peça funda-mental na arquitectura da política económica do país na era pós-Apartheid, trabalhando directa e intensamente com Nelson Mandela. A Constituição da República de 1993 tem a sua impressão digital, concretamente nas regras da política fiscal. Os seus vastos conhecimen-tos técnicos e a sua reconhecida inteligência catapultaram-na ao lugar de Directora-Geral do Tesouro Nacional e mais tarde do Planeamento. Em qualquer um dos departamentos moderniza, desburocratiza, simplifica e prepara a transição, com sucesso, para uma economia aberta de mercado.

Em 2004 é convidada pelo então Ministro das Finanças, Trevor Manuel, um luso-descendente com quem viria a casar em finais de 2008, a assumir a liderança da Transnet, a deficitária e gigante empresa pública que detém o monopólio

dos portos, aeroportos e de todos os transportes sul-africanos. Tenta privatizá-la. Esbarra na oposição dos sindicatos. Recua. Divide a em-presa em duas. Entrega a companhia aérea South Africa Airways a um departamento governamental diferente. Em quatro anos torna a Tran-snet numa empresa rentável, algo que muitos classificaram como “um milagre de gestão”. Regressa em 2009 a uma subsidiária do Barclays, a sua casa-mãe, a entidade que 30 anos antes apostou nela. l

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A N A M A R I A F E R N A N D E S , ENERGIAS DO BRASIL

MEXIA ROUBOU-A À BANCA E DESCOBRIU-LHE A VOCAÇÃOC R I AT I VA , I R R E Q U I E TA E A N T I - R OT I N A . T E M E N E R G I A D E S O B R A E Q U E R S E R S E M P R E A M E L H O R E M T U D O .

A N T Ó N I O M E X I A T R AV O U - A A T E M P O ; C H A M O U - A E M 1 9 9 8 À G Á S D E P O R T U G A L E E L A D E S C O B R I U A S U A V E R D A D E I R A V O C A Ç Ã O : O S E C T O R D A S E N E R G I A S

S E L E C Ç Ã O N A C I O N A L

Durante mais de três anos Ana Maria Fernandes, prestes a celebrar 50 anos, foi a única

gestora sem gravata à frente de uma empresa cotada na Bolsa de Valores de Lisboa. No início de 2012, esta executiva de salto alto aceitou o maior desafio da sua multifacetada carreira: foi chamada a liderar em São Paulo a EDP/Energias do Brasil, operadora sedeada num gigante que quer tirar o máximo proveito dos seus múltiplos recursos naturais, nomeadamente da energia eólica. Mãe de três filhos, casada com um advogado brasileiro, luta contra tudo o que cheire a rotina e apresenta-se como sendo uma pessoa “criativa e inquieta” que quer ser sempre a melhor em tudo o que faz. Cursou Economia, pós-graduou-se em Finanças, fez um MBA no Porto e ainda trabalhou numa fábrica têxtil enquanto dava aulas na faculdade. Especializou-se na área de corporate finance no BPA, foi directora do Banco Efisa e teve cargos de direcção no Banco Português de Investimento, mas não foi a carreira na banca que vingou. Quando pensava abandonar o País, António Mexia, actual CEO da EDP, travou-a a tempo; chamou-a em 1998 à Gás de Portugal e ela descobriu a sua verdadeira vocação: o sector das energias. A sua intensa passagem pela Galp, como braço direito financeiro de Mexia, valeu-lhe o reconhecimento e o prémio de gerir a EDP Renováveis. l

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N E G Ó C I O S

brancas e um sorriso estampado no rosto, o passeio fronteiro à sede do Lloyds, em Londres. Durante os sete meses seguintes tentou estancar a hemorragia financeira provocada por biliões de libras em indemnizações pagas aos clientes a quem o grupo tinha vendido produtos bancários tóxicos. No início do Outono surgiram as primeiras notícias de que o gestor português tinha sido obrigado pelos médicos a parar de trabalhar devido a excesso de stresse, fadiga e insónias.

Conhecido por começar reuniões às seis da manhã, acabar o trabalho bastante tarde e com uma reestruturação do Lloyds em curso, Horta Osório acabou por padecer de “falta de sono progressiva”, que o levaria à exaustão caso não tivesse parado a tempo. “Levei as coisas a peito e foquei-me demasiado no banco”, confessou dois meses depois ao semanário Expresso. A suspensão de funções durou pouco e regressa ao trabalho a 9 de Janeiro de 2012. Recuperado e com novo ritmo.

Fernando Neves de Almeida, o Country President da Boyden Portugal, não tem dúvidas de que uma das características que diferencia estes gestores de topo é a de que “são pessoas que trabalham acima da média”, classificando-os como “workaholics” na caminhada rumo ao topo das hierarquias empresariais.

Em relação a Horta Osório, Neves de Almeida defende que o seu breakdown não ocorreu apenas por causa do “excesso de horas de tra-

balho”. “Pesou muito a responsa-bilidade. O ter que controlar uma coisa que é grande demais. Ele estava há pouco tempo lá. Se calhar ainda não tinha confiança pessoal nos elementos da sua equipa e não delegou”, dispara, procurando respostas para um caso que seguiu apenas pela imprensa.

De uma coisa Neves de Almeida não tem dúvida: “O Horta Osório foi a primeira situação que eu conheci de um CEO que tenha passado por um episódio daqueles. Mas a situação dele é suis generis. Com uma responsabilidade brutal. Com uma equipa onde apenas tem um ou dois de confiança. Imagino que tenha sido o peso da responsabilidade e a solidão de ser o número um. A responsabilidade e o facto de não ter com quem desabafar geram situações disfuncionais. No caso dele não é falta de capacidade de decisão, nem de inteligência ou de estratégia. A prova disso é que os accionistas o quiseram de volta”, sustenta, acrescentando: “é uma pessoa que pontua muito bem em todos os critérios de avaliação que lhe são apontados: tem uma visão estratégica fantástica, grande ori-entação para resultados e notável capacidade de inovação e dinamismo”.

Considerado um homem de família, Horta Osório confessa, sem pruridos, disfrutar dos momentos que passa com a mulher e os três filhos e que adora viajar todos os anos nas férias, em família, só para fazer mergulho, nomeadamente para nadar com tubarões nas Maldivas. No dia-a-dia, o stresse de gerir o segundo maior banco inglês é compen-sado com o coleccionismo de antiguidades portuguesas dos séculos XVI a XVIII e arte chinesa e japonesa. Sagradas para si são as duas partidas de ténis por semana e leitura de revistas técnicas e de livros sobre antiguidades. Actividades onde encontra equilíbrio para sobreviver num dos mais competitivos mercados financeiros do mundo. l

C O M A P E N A S 2 3 A N O S D E C A R R E I R A , A T I N G I U O T O P O D A B A N C A E D A F I N A N Ç A M U N D I A L .

A notícia de que o economista António Horta Osório, en-tão com 46 anos, com o seu porte fleumático, tez latina e sotaque hispânico tinha sido escolhido pelo Governo britânico para CEO do gigante Lloyds Banking Group gerou excitação na City de Londres e mau estar no estômago do banqueiro espanhol Emílio Botín. O dono

do Grupo Santander tinha só acabado de perder o seu mais competente funcionário dos últimos 18 anos, aquele a quem terá chamado “o filho que nunca tive” a seguir-lhe os passos na banca e que também era apon-

tado como o seu sucessor. Os ingleses tinham acabado

de conquistar o seu “José Mourinho da banca”. Horta Os-ório não se livrou mesmo de ler na imprensa britânica o epíteto de The Special One do sector bancário. Entre poucos, foi ele o escolhido para governar o grupo bancário líder no mer-cado de retalho em Inglaterra: o banco com 24 milhões de clientes valia então cerca de oito vezes o PIB anual português.

Numa jogada estratégica

de mestre, o mais conceituado e respeitado banqueiro português (fã assumido de xadrez) fez xeque-mate no mercado das transferências de executivos e, com apenas 23 anos de carreira, atingiu o topo da banca e da finança mundial.

Botín não gostou da deserção, mas a sua decisão de colocar Horta Osório desde o Verão de 2006 à frente dos destinos do Abbey National, uma das aquisições bancárias do grupo bancário espanhol em Ingla-terra, foram determinantes para lhe dar o estrelato e para que o gestor português ganhasse visibilidade. Na finança e também na sociedade. Tanta que, agora, não há um escocês que não ande todos os dias com notas de libras no bolso com a assinatura de António Horta Osório.

Com um percurso académico e profissional brilhante, precoce e estra-tosférico, Horta Osório atingiu o Olimpo da banca quando a 1 de Março de 2011 atravessou, com a sua gravata vermelha com pequenas bolas

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A N T Ó N I O H O R T A O S Ó R I O , LLOYDS BANKING

O SPECIAL ONE DA BANCA É PORTUGUÊSE S T U D A N T E B R I L H A N T E . B A N Q U E I R O E S T R AT O S F É R I C O . C H E G A A O T O P O D A B A N C A A O S 4 6 A N O S .

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A N T Ó N I O C O I M B R A , VODAFONE ESPANHA

OS TELEMÓVEIS PARA ELE NÃO ERAM SEXY’ST O R N O U A S C O M U N I C A Ç Õ E S S E N S U A I S E F R E S C A S . F O I PA R A A T E R R A D O S A L E R O C O M U M A M I S S Ã O A N T I - C R I S E .

Comanda desde 1 de Setembro de 2012, “sem bilhete de regresso”, os destinos da multinacional Vodafone em Espa-

nha. Deixa a cadeira do poder em Lisboa – que conquistou, por mérito próprio e da equipa que formou, em 2009 – para salvar a compa-nhia em Madrid, com as receitas a tombarem 10% ao ano no feroz mercado do país vizinho. Promete uma revolução. Se o diz, os concor-rentes espanhóis que se cuidem. Longe vão os tempos em que declinou o convite de António Carrapatoso para a recém-criada Telecel, a antecessora da Vodafone, por considerar que o sector das comunicações “não era sexy”. Se não era, António Coimbra conseguiu criar uma estratégia de marketing que lhe deu sensu-alidade e frescura e fez a companhia vender milhões de telemóveis em Portugal. Este engenheiro mecânico de 51 anos, que aos 31 foi resgatado por um headhunter do mundo dos computadores, dedicou-se a criar uma cultura de empresa assente no índice de satisfação dos clientes e numa estratégia de marketing de sucesso que lhe deram “gozo e gratificação”. Apaixonado pelo desporto automóvel (compete mesmo como piloto em provas amadoras), Coimbra poderá, nos intervalos entre as pontes aéreas Madrid-Lisboa-Madrid, assistir com maior frequência a provas ibéricas de veloci-dade. Só não consta que na bagagem tenha levado o seu velho cão… um gadget robótico que comprou há oito anos, quando viveu no Japão, e que coxeia de uma das patas… por avaria mecânica. l

A N T Ó N I O C O I M B R A D E D I C O U - S E A C R I A R U M A C U LT U R A D E E M P R E S A A S S E N T E N O Í N D I C E D E S AT I S FA Ç Ã O D O S C L I E N T E S E N U M A E S T R AT É G I A D E M A R K E T I N G D E S U C E S S O Q U E L H E D E R A M “ G O Z O E G R AT I F I C A Ç Ã O ”

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N E G Ó C I O S

C A R L O S T A V A R E S , NISSAN MOTORS

O GESTOR QUE APRENDEU NO JAPÃO O QUE É “RESPEITO”I N OVA D O R E O R I E N TA D O . TÃO H A B I L I D O S O AO V O L A N T E Q UA N T O A G E R I R 2 2 0 M I L P E S S OA S .

A decisão ainda não foi anunciada, mas o nome do engenheiro Carlos Tavares, 54 anos, actual COO (Chief Operating

Officer) da Nissan, detentor de uma das cadeiras mais cobiçadas do planeta, é um dos que estão sobre a mesa para a sucessão, dentro de quatro ou cinco anos, do actual CEO, Carlos Ghosn. Ghosn foi o executivo de topo que há 13 anos apostou na compra da Nissan Motors, a salvou da falência e que gere, desde 2005, os destinos do segundo maior construtor automóvel do mundo, resultante da aliança entre a francesa Renault e a japonesa Nissan. O “talento e a experiência” de Carlos Tavares, que é inclusive Vice Presidente da Nissan Américas, foram elogiados publicamente por Ghosn, que lhe atribuiu a responsabilidade de desenvolver veículos eléctricos e de conquistar novos mercados. Trabalhando no sector dos automóveis há 31 anos, e tendo começado na Renaut como engenheiro de testes, é inevitável que uma das suas paixões seja, aos fins-de- -semana, as corridas de automóveis. Tavares é tão conhecido pelos 220 mil empregados da firma pelas suas proezas ao volante quanto pela sua habilidade para gestão focalizada, orientada para resultados concretos, mediante a implementação de uma estratégia rigorosa. Bom a escutar colaboradores, ambicioso nos objectivos a alcançar, motivador e respeitador, confessa que se sentiu esmagado quando, em 2004, se confrontou com a cultura nipónica. Teve que aprender a compreender linguagem corporal, adoptando o princípio do “respeito”. Respeito que pede de volta em relação à sua personalidade discreta e ao seu vasto e rico currículo: lançou 25 modelos de automóveis em cinco anos, concebeu um carro eléctrico e desenvolveu o veículo low cost da Nissan para países emergentes. l

C A R L O S TAVA R E S É TÃ O C O N H E C I D O P E L O S 2 2 0 M I L E M P R E G A D O S D A F I R M A P E L A S S U A S P R O E Z A S A O V O L A N T E Q U A N T O P E L A H A B I L I D A D E PA R A G E S TÃ O F O C A L I Z A D A , O R I E N TA D A PA R A R E S U LTA D O S C O N C R E T O S , M E D I A N T E A I M P L E M E N TA Ç Ã O D E U M A E S T R AT É G I A R I G O R O S A .

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H É L D E R A N T U N E S , CISCO SYSTEMS

O ANJO DA GUARDA DO “TIO SAM “ QUE SE PERDE POR AUTOMÓVEISP E R C E B E D E S E G U R A N Ç A C O M O N I N G U É M … M A S P E L A- S E P O R A D R E N A L I N A AO V O L A N T E .

O Presidente dos EUA, o Congresso e milhões de norte-americanos devem-lhe favores todos os dias. É graças a este “anjo da guarda” da

informática que os Estados Unidos da América (EUA) se defendem dos cerca de 35 mil ciberataques informáti-cos diários, na sua maioria oriundos da China, Rússia, India e Coreia. É a partir de San José, Sillicon Valley, Califórnia, onde está sedeada a Cisco Systems, que o português Hélder Antunes, 49 anos, zela pela segurança dos norte-americanos. O pioneiro director de Engenharia, Soluções e Segurança da Cisco comandou uma equipa restrita de 80 pessoas que pensam e produzem todos os produtos inovadores de segurança que mantêm a em-presa na vanguarda das soluções e serviços de protecção informática. Naturalmente ficou encarregue por criar as boas condições de segurança para os dados arquivados em nuvem. Mas o seu desafio presente – e o que ele con-

sidera ser o seu “dream job” – é o de trabalhar com todos os fabricantes de automóveis do mundo. Objectivo: adi-cionar tecnologia Cisco a todos os veículos no âmbito de uma arquitectura chamada “Smart Connected Vehicle”, o futuro dos transportes. Açoriano nascido na Terceira, filho de um piloto aviador e pai de três filhos, radicou- -se nos EUA em 1975, fez o percurso pelas start-ups de Sillicon Valley antes de, em 1998, ingressar na gigante Cisco. Vive no meio das montanhas em Morgan Hill e, ao contrário de outros expatriados, viaja várias vezes para os Açores e para Portugal continental. É um dos mais conceituados especialistas internacionais em sistemas de segurança, mas mundialmente é conhecido por outra das suas paixões: as corridas de “Speedway” na Califórnia e no Nevada. Foi recordista mundial com um Mustang e é instrutor de alta competição. O seu ídolo na gestão é Car-los Ghosn, o patrão de Carlos Tavares na Nissan Motors. l

F E Z O P E R C U R S O P E L A S S TA R T- U P S D E S I L L I C O N VA L L E Y A N T E S D E , E M 1 9 9 8 , I N G R E S S A N A G I G A N T E C I S C O

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N E G Ó C I O S

J O Ã O M E S Q U I T A , TELECINE BRASIL

O “AGITADOR” DO CORO DA TAP QUE VENCEU NA TELEVISÃOS O N H A S E R D O N O D E U M A C O M PA N H I A A É R E A M A S , E N Q UA N T O N ÃO É , V E N D E S O N H O S N O P E Q U E N O E C R Ã .

Ninguém imaginava que aquele carismático rapaz do coro infantil e juvenil da TAP acabaria trinta anos mais tarde a liderar uma das maiores cadeiras

de televisão por cabo da América do Sul. Os amigos recordam-no como o grande animador do coro, como aquele que estava sempre na brincadeira e que pouco cantava. Mas isso não importava nada. Ele era a alma do grupo que ensaiava na Igreja dos Olivais. Hoje, apesar de continuar a sonhar ser patrão de uma companhia aérea (tal é a paixão assolapada que nutre pelos aviões) trabalha 50 horas por semana na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, lado a lado com gente que veste a camisola e adora televisão. Vive no Leblon com a mulher Sofia e os três filhos e é um optimista nato. Conversador imparável, gosta de recordar boas memórias e falar do que vai fazer de positivo

amanhã. Bom aluno, o melhor do seu curso de gestão no ISCTE, foi disputado pela Procter and Gamble e pela Unilever. Ganhou a última. Brio, rigor, energia, criatividade e empreendedorismo, foram algumas das marcas que deixou nas empresas por onde passou. A ele se deve o sucesso da Swatch em Portugal tendo tido uma igualmente marcante passagem marcante pela PT Multimédia e pela Premium TV Portugal. Depois, em 2004, voa directamente para o lugar de Director Geral do Grupo Telecine Brasil, um consórcio entre a Globosat e quatro estúdios de Hollywood, sendo actualmente responsável por vários canais codificados de televisão. Hoje diz que se sente como um turista em Portugal. Afirma que os impostos são elevados e que não se vê a regressar à terra natal. Apesar de circular no Rio num carro blindado por causa da violência. l

B O M A L U N O , O M E L H O R D O S E U C U R S O D E G E S TÃ O N O I S C T E , F O I D I S P U TA D O P E L A P R O C T E R A N D G A M B L E E P E L A U N I L E V E R

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H O R Á C I O S A B I N O , INDRA BRASIL

O ESPECIALISTA EM TIC QUE PARTIU À CONQUISTA DO BRASILO L H A PA R A G A D G E T ’ S C O M D I S TA N C I A M E N T O . S Ó L A M E N TA A D I G I TA L S U B AQ UÁT I C A N O VA E M F O L H A Q U E O F I L H O P E R D E U .

C O M 2 4 A N O S D E E X P E R I Ê N C I A N A Á R E A D A S T E C N O L O G I A S D A I N F O R M A Ç Ã O E D A C O M U N I C A Ç Ã O ( T I C )

S E L E C Ç Ã O N A C I O N A L

Com 24 anos de experiência na área das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), Horácio Sabino, 46

anos, engenheiro de telecomunicações – que se sente cada vez mais gestor de empresas do que técnico na sua área de formação –, aceitou mais um desafio na sua recheada carreira profissional: liderar os destinos da multinacional espanhola Indra num dos países com maior potencial de crescimento do mundo - o Brasil. Embora continue a encarar os gadgets com o devido distanciamento, ainda hoje lamenta a máquina fotográfica digital subaquática que nunca chegou a usar porque o filho a perdeu. Em “Terras de Vera Cruz” vai ca-ber a Sabino a tarefa de conquistar o potencial mercado das TIC no momento exacto em que a concorrência é mais feroz. Os investimen-tos nesta área serão fundamentais para dar resposta eficaz à procura de comunicação e segurança em eventos como a Copa do Mundo de 2014 ou os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Preocupado com a falta de mão-de--obra especializada para dar resposta às obras necessárias de instalação de redes, acredita que a reorganização que está a implementar na empresa no Brasil agilizará e optimizará a sua gestão. Acordos técnicos com empresas brasileiras e a aquisição da empresa local de TIC Politec foram algumas das medidas estratégi-cas por si já concretizadas. l

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P E D R O P I N A , MCCANN ERIKSSON

O MELHOR MARKETEER PORTUGUÊS COMPRA POR IMPULSOC O M A N DA A PA R T I R D E L O N D R E S O D E S E J O D O S C O N S U M I D O R E S D E T O D O O M U N D O . C R I AT I V I DA D E É C O I S A Q U E N ÃO L H E FA LTA .

Desempenhou todos os cargos com que sonhou dentro da agência de publicidade McCann Eriksson em

Portugal e em Espanha. Deu nas vistas pelo faro, ousadia, inovação e competência. Numa reestruturação europeia, em 2011, foi chamado a assumir o lugar de Senior Vice-Presidente da companhia na Europa. Hoje vive em Londres mas não perdeu a ligação a Portugal. Gere contas graúdas de clientes globais como a Nestlé, a L’Oréal/Maybeline, a GM/Opel, a Intel, a American Airlines ou a Unilever, a que se somam a Coca-Cola (uma marca que já tratava por tu em 20 países), a Mastercard, a HP e a ExxonMobile, entre muitas outras. Na capital britânica sente que está muitos furos acima em termos de carreira e é lá

F O I C H A M A D O A A S S U M I R O L U G A R D E S E N I O R V I C E - P R E S I D E N T E D A C O M PA N H I A N A E U R O PA

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N E G Ó C I O S

que tem a percepção de que a McCann é “a maior network europeia com acesso a um talento impressionante de criativos e planeadores estratégicos” espalhados pelo velho continente que sonha “libertar para grandes projectos”. Não nos podemos esquecer que Pina é só um dos publicitários e marketeers internacionais que melhor conhece as tendências do mercado e comunica as qualidades dos produtos mas, na hora de fazer as suas compras pessoais, confessa fazê-lo por impulso de novidade. Daí que tenha acumulado muitos gadgets extravagantes, com o mesmo impulso com que se apaixonou pela revista Monocle e comprou um monte de produtos de utilidade duvidosa da sua loja online. l

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D I O G O D A S I L V E I R A ,EX-ISOROY E ACTUAL AÇOREANA

O APAIXONADO POR GESTÃO COM MUITAS EXPERIÊNCIAS NO CURRÍCULON A S C E U E E S T U D O U F O R A D E P O R T U G A L . C O R R E U M U N D O E A C A B O U A L I D E R A R E M L I S B O A . P O R O P Ç Ã O .

Diogo da Silveira, 51 anos, é um ges-tor que fez o percurso inverso ao dos restantes executivos de topo

retratados neste artigo. Nasceu fora de Por-tugal e veio fazer carreira na terra dos seus pais. Cresceu em França, estudou engenharia em Paris, especializou-se em gestão no INSEAD e começou logo a ser dis-putado por multinacionais. Ainda mal tinha terminado o MBA e já o esperavam sete pro-postas de trabalho. Acaba na Mckinsey, uma das mais prestigiadas consultoras de negó-cios no início dos anos 90. É nesse período que dispende o máximo das suas energias: vive em Lisboa durante quatro anos, decide regressar a França quando nasce o seu pri-meiro filho e alcança o cargo de partner na consultora. Vive em espiral para poder estar com a família, aproveitando a centralidade francesa e o facto de os aeroportos da “capi-tal das luzes” terem vários voos diários para quase toda a Europa. Só que em 1997 tudo mudou: o empresário Belmiro de Azevedo, o patrão da Sonae, chamou-o porque queria reformular o Conselho de Direcção do grupo e atribuiu-lhe a função de vogal. “Viram-me como um concorrente e foi muito duro”, confessa aos autores do livro “A Sorte dá Muito Trabalho”. Ultrapassa a tormenta e conquista a sua posição na empresa. Chega a CEO da Clix com 39 anos e aos 40 assume um dos maiores desafios da sua vida: regressar a França para liderar a Isoroy, um grupo industrial de madeira e papel comprado pela Sonae, que na altura possuía onze fábricas e empregava mais de 2500 pessoas. Fica até 2004, quando João Talone, o então CEO da EDP, o desafia a regressar a Portugal para comandar a Oni. Durou pouco. Em 2007 é convidado para administrador do Banif e menos de um ano depois, em 2008, é convidado a liderar a seguradora Açoreana. l

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N E G Ó C I O S

“Uma das características dos executivos destas páginas é que eles pontuam todos muito acima da média, nos critérios de gestão. São todos profissionais diferentes e com um mix de competências, mas têm uma coisa em comum: são todos muito bons, sempre fizeram mais do que lhes foi pedido, sempre com uma inteligência e uma capacidade de trabalho acima da média”. Esta avaliação, realizada em termos abstractos, foi feita por Fernando Neves de Almeida, professor universitário, headhunter de executivos de topo e Country President da consultora internacional Boyden.Com faro apurado e experiência reconhecida para escolher os profissionais com o melhor perfil para o lugar certo, Neves de Almeida adverte para um perigo corriqueiro quando se olha para o sucesso destes portugueses com carreira internacional: “outros, e são milhares de executivos com as mesmas competências, poderiam lá estar. É preciso ter cuidado e não endeusar estas pessoas”. Como o especialista acredita que as carreiras são feitas de “capacidades acima da média”, mas também de “sorte” e “oportunidades”; procura sempre nas entrevistas ir muito além dos critérios básicos ao avaliar um candidato a CEO: “Bom senso. Essa é uma premissa difícil de medir. Tem a ver com as escolhas que se fazem na vida e por isso

tento sempre considerá-la. Pode haver pessoas que pontuam muito bem nas categorias todas mas que, sem bom senso, nunca estariam aqui”. Outro critério que classifica como “difícil de medir” mas “essencial” é a “sabedoria”. E explica porquê: “A sabedoria faz por vezes a diferença entre tomar a decisão certa ou a escolha errada. A sabedoria pode parecer um critério corriqueiro, mas as decisões tomadas podem ser fundamentais para explicar como as pessoas se mantiveram nos lugares”.Neves de Almeida não tem quaisquer dúvidas de que os CEO que figuram nesta lista da Prémio “chegaram a estes lugares porque são muito competentes” e acredita que “há centenas de portugueses muito competentes que só aqui não constam apenas por vicissitudes da vida”.O “caçador de talentos” da Boyden explica que

estas posições empresariais conquistadas por executivos portugueses a nível internacional “requerem muita energia, muito esforço, grande entrega” e que mantê-las no tempo “com êxito” é “uma tarefa muito difícil”, avisa.

Em carreiras deste gabarito, a ponderação é outro factor essencial, nomeadamente quando se trata de gestores de dinheiro de terceiros: “Estamos a falar de gestores e não de empresários. Executivos são pessoas que estão a gerir o dinheiro do patrão. Quando gerimos o nosso dinheiro podemos tomar decisões intuitivas.

Se falharmos o investimento a culpa é nossa. Um gestor profissional não pode fazer isso. Tem que ser mais conservador na tomada de decisão. Todas estas pessoas são muito boas do ponto de vista estratégico, mas têm que ser conservadoras e envolver as suas equipas no momento de tomada de decisão”. l

F E R N A N D O N E V E S D E A L M E I D A , BOYDEN PORTUGAL

“TEMOS MILHARES DE EXECUTIVOS COM ESTE GRAU DE EXCELÊNCIA”T E M FA R O A P U R A D O PA R A E S C O L H E R C E O ’ S E A L E RTA PA R A O P E R I G O D E E N D E U S A M E N T O D E S T E S L Í D E R E S N AT U R A I S . AT É PA R A O S P R Ó P R I O S .

Surgiu há dois anos na rede social Star Tracker uma frase que apelava à partilha de ideias e projectos e dizia serem precisos “mais talentos como o

do Ronaldo”. A rede virtual que agrega portugueses expatriados pelo mundo não precisa de máximas destas para ter visibilidade. O seu número de membros não pára de crescer e já ultrapassou os 34 mil, espalhados por mais de 136 países. Para entrar, basicamente, é

preciso ser-se português, ter uma perspectiva global e ter um membro efectivo da rede que nos convide. Estes contactos directos permitem-nos localizar portugueses em todo o mundo, ajudar na integração de novos emigrantes na cultura dos países e partilhar conhecimentos. Além de facilitarem o networking, os responsáveis pela rede procuram projectar uma imagem positiva e moderna. l

S T A R T R A C K E R N E T W O R K I N G G L O B A L

P O S I Ç Õ E S E M P R E S A R I A I S C O N Q U I S T A D A S P O R E X E C U T I V O S P O R T U G U E S E S A N Í V E L I N T E R N A C I O N A L “ R E Q U E R E M M U I T A E N E R G I A , M U I T O E S F O R Ç O , G R A N D E E N T R E G A”

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Com uma experiência de mais de 20 anos em posições admi-nistrativas de topo, essencial-mente na área de produtos de grande consumo, Alberto da Ponte considera-se uma pes-

soa com forte capacidade de liderança. É uma espécie de maestro que gosta de reger equipas motivadas com elementos que escolhe a dedo, afirma quem o conhece de perto. Talvez tenha sido esta qualidade que o levou a abraçar o seu mais recente desafio profissional: ser presidente da RTP, a estação pública de rádio e televisão em Portugal e que o Governo já anunciou pretender privatizar. Mas não foi só este enorme desafio que motivou a mudança. A defesa da portugalidade sempre foi uma das bandeiras deste gestor de 60 anos. Prova disso

é o pin da bandeira nacional que traz ao peito e que o acompanha desde sempre e o impulso que deu à marca estrela da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, a Sagres, recuperando a liderança no mercado português de cervejas e tornando-a um dos nomes mais ligados à portugalidade.

Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras pelo Instituto Superior de Econo-mia e Gestão e detentor do curso superior de Finanças da Harvard Business School, Alberto da Ponte começou a sua carreira na Lever (a actual Unilever Jerónimo Martins), onde se manteve até à década de 90. Aqui trabalhou nas áreas de vendas e marketing, não apenas no mercado português, mas também na Malásia, na Bélgica e em Espanha.

Após um interregno de cinco anos, em que

foi CEO da Cadbury Schweppes Portugal, regressa à Lever, como administrador da Unilever Lever Elida Portugal. Em 2002 passa a administrador da Unilever Bestfoods Fima (Portugal), onde esteve até 2004, ano em que passa a liderar a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), então ainda sob a alçada da Scottish & Newcastle. Quatro anos depois, a cervejeira portuguesa passou para as mãos do grupo holandês Heineken, que confirma Alberto da Ponte como presidente executivo.

Durante o seu mandato na cervejeira o logótipo e o nome da companhia sofrem alterações: a Centralcer passa a chamar-se SCC -Sociedade Central de Cervejas e Bebi-das. Em 2009, a cerveja Sagres recupera a liderança do mercado português à sua rival Super Bock, fruto de uma agressiva política

S O F I A A R N A U D

O M A E S T R O D A G E S T Ã OT E M 6 0 A N O S , É S P O R T I N G U I S TA E C O N TA C O M U M A VA S TA E X P E R I Ê N C I A N A C I O N A L E I N T E R N A C I O N A L

N A Á R E A D O G R A N D E C O N S U M O . A G O R A O D E S A F I O É O U T R O : L I D E R A R E P R E PA R A R A P R I VAT I Z A Ç Ã O

D A R T P, A E S TA Ç Ã O P Ú B L I C A D E R Á D I O E T E L E V I S Ã O E M P O R T U G A L .

A L B E R T O D A P O N T E

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de conquista de quota e de uma forte aposta nos patrocínios aos grandes clubes e à selecção portu-guesa de futebol e que culminaria, em 2010, com o estabelecimento de uma parceria com a operadora de televisão por cabo Zon, para o co-branding da Liga principal do futebol português.

Em Abri de 2012, Alberto da Ponte deixa a presidência da SCC e aceita funções internacionais no Grupo Heineken, principal ac-cionista da empresas portuguesa, como vice-presidente responsável pelo desenvolvimento da estratégia de negócio para o canal Horeca, na Europa ocidental. Apesar de passar a funcionar a partir de Amesterdão, na sede do grupo Heineken, mantém-se no entanto ligado a Portugal e à companhia como administrador não executivo. Transitou para um lugar topo na Heineken Western Europe Region, sendo o vice-presidente, para envolver-se no desenvolvimento da estratégia de negócio do canal Horeca do grupo Heineken.

Além de gestor, assumiu cargos na associação portuguesa de anun-ciantes, na associação cervejeira portuguesa e na congénere euro-peia, a Brewers of Europe. l

P E R F I L

BI

NOME:

Alberto Manuel Rosete da Ponte

ESTADO CIVIL:

Casado

DATA NASCIMENTO:

18 de Junho de 1952

NACIONALIDADE:

Portuguesa

HABILITAÇÕES LITERÁRIAS:

Estudou no Liceu Camões e no Colégio Santo

António de Lisboa. Licenciou-se em Ciências

Económicas e Financeiras pelo Instituto Superior de

Economia e Gestão.

PERCURSO PROFISSIONAL:

Passou por empresas nacionais e internacionais,

como a Unilever , a Jerónimo Martins e a Sociedade

Central de Cervejas em diferentes mercados

geográficos. Recentemente entrou no mercado

nacional dos media, ao assumir a presidência da RTP.

HOBBIES:

Ouvir música, cantar, ler, declamar poesia, tocar

viola, e tertúlias com amigos e repousar aos fins

de semana na Golegã. l

É U M A E S P É C I E D E M A E S T R O Q U E G O S T A D E R E G E R E Q U I P A S M O T I V A D A S C O M E L E M E N T O S Q U E E S C O L H E A D E D O .

1 A L B E R T O D A P O N T E N U M M O M E N T O D E D E S C O N T R A Ç Ã O N A G O L E G Ã

2 J A N TA R C O M A M I G O S N A M A L Á S I A , O N D E T R A B A L H O U D U R A N T E A L G U N S A N O S

3 E D I Ç Ã O E S P E C I A L D A TAY L O R S C O M O R O S T O D E A L B E R T O D A P O N T E , A Q U A N D O D O S E U 6 0 º A N I V E R S Á R I O

4 U M A D A S S U A S G R A N D E S PA I X Õ E S : C A N TA R

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O P I N I Ã O

A R E C E S S Ã O É U M A P O R T A P A R A A I N O V A Ç Ã O

Desde que começámos a ouvir falar em inovação, há anos atrás, muitas discussões aconteceram com o intuito de se perceber o verdadeiro sentido dessa palavra. Inventar, idealizar, conceber, diversificar, renovar, desenvolver, criar, foram alguns dos sinónimos inventariados para inovação. Hoje, não

só não precisamos de sinónimos, como também não precisamos de explicação, pois a inovação está no vocabulário de todos. Sem excepção.

Na Delta, a palavra inovação está presente há muito tempo e temos procurado retirar o que de melhor a mesma nos pode dar. As alterações do mercado em que nos inserimos, dos hábitos de consumo e a atenção mais focada dos nossos clientes e consumidores impulsionaram de forma precoce a necessidade de sermos inovadores.

Mas não basta apenas ser inovador. Inovar é muito mais do que qualquer sinónimo que queiramos utilizar e que vá de encontro ao expectável. Já Steve Jobs dizia que para ser inovador “é preciso aproveitar e unir forças para gerar oportunidades que criarão valor para as pessoas”. E não faz sentido ser de outra forma. Até porque antes de estar num produto, a inovação tem de estar presente no próprio comportamento do inovador.

No actual contexto socioeconómico mundial, as oportunidades para inovar são maiores. É preciso encararmos a recessão como uma porta para a inovação.

Partilho convosco o exemplo da empresa que administro há mais de 50 anos no mercado de cafés, maioritariamente direccionado para o canal Horeca – no qual detemos liderança há várias décadas – sempre sentimos necessidade de inovar, de acrescentar valor ao mercado, aos nossos clientes e consumidores. Novas imagens, novos conceitos, novas embalagens foram desenvolvidos ao longo dos anos.

Construímos inclusivamente uma adega e apostámos no mercado dos vinhos, alargando desta forma o nosso portefólio e a nossa oferta. Mas quisemos mais. Quisemos sobretudo criar tendências. Pois este é, para nós, o verdadeiro significado de Inovação.

E criámos a Delta Q. Uma marca única, diferente, próxima, original e muito inovadora! Uma marca que reflecte a importância e grande destaque que a inovação tem na Delta.

Tal foi possível porque, como referi, cedo percebemos, na nossa organização, a importância de sermos inovadores, até porque a Inovação é uma das principais prioridades para sustentar o crescimento económico e social de uma empresa, de um produto e de uma marca. E nós não somos excepção. Estudos recentes mostram que cerca de 70% dos líderes empresariais partilham desta opinião. Inovar está na agenda de milhares de empresas, e o alinhamento estratégico das organizações baseia-se hoje na Inovação.

Na Delta, a nossa estratégia passou pelo desenvolvimento do nosso departamento de I&D, bem como pela compra da Diverge Design, o que nos tem permitido, num curto espaço de tempo, apresentar produtos inovadores, que acrescentam valor e que comunicam uma história. Temos trabalhado também com parceiros externos, ao mesmo tempo que temos apostado na formação e procura de know-how de todos os aspectos importantes e diferenciadores que a inovação nos pode dar. Mas não só. Na Delta procuramos ouvir as ideias dos nossos colaboradores, dos nossos consumidores e clientes, porque são fonte fidedigna e as suas opiniões aportam valor ao que diariamente é desenvolvido.

Porque inovar é também encorajar a comunicação, ter ideias, criar expectativas mas sobretudo é arriscarmos pensar de forma diferente, é pôr em questão, todos os dias, o nosso próprio modelo de negócio. Todas estas ideias estão hoje presentes nas empresas, sejam elas nacionais ou internacionais. Mais ou menos focadas, a verdade é que a inovação tem assumido um papel determinante para colmatar as dificuldades sentidas no actual momento económico.

E se quando, há uns anos, se começou a ouvir falar em inovação e a encará-la como algo a ter em conta apenas num futuro longínquo, a realidade mostra-nos que inovar é muito mais que o futuro. É indiscutivelmente o presente. l

R U I M I G U E L N A B E I R O , Administrador Grupo Nabeiro / Delta Cafés

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E D I R E C C I O N A D A S A O S D I F E R E N T E S P Ú B L I C O S

S Ã O U M C L Á S S I C O N A P U B L I C I D A D E D E L U X O

E N Ã O S E P R E V Ê Q U E O D E I X E M D E S E R . U M

E S T U D O D O S E C T O R S U G E R E Q U E O S L E I T O R E S

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E M Q U E M P O D E M C O N F I A R ” , U M “ E S T Í M U L O À

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As marcas de luxo têm merca-do mundial e públicos muito heterogéneos. Em idades, em culturas e raças, em hábitos e formas de consumo, em nível intelectual e de formação.

E tem públicos regulares e fiéis, assim como públicos “excursionistas” que compram pontu-almente, movidos pela aspiração a um mundo a que não pertencem. Uma dualidade que faz com que as marcas de luxo desde sempre te-nham apostado em desenhar estratégias de co-municação que integrem diversidade de meios. Que se complementam. “Em geral, uma marca de luxo aposta quase sempre em comunicar em diferentes canais, através de diversos meios, embora seguindo sempre um fio condutor que confirma haver uma estratégia pensada para o efeito”, segundo o consultor António Paraíso.

O meio de comunicação por excelência das marcas de luxo é o trabalho de Relações Pú-

blicas, de organização de eventos marcantes e surpreendentes, de animação nos pontos de venda, de campanhas de merchandising, de entrevistas, de reportagens, de concursos, de histórias com fantasia, de eventos com magia e de tudo o que tenha a ver com comunica-ções exclusivas, personalizadas e direccio-nadas. Não há marca deste nível que não

tenha contrato com uma agência de Relações Públicas, com quem discutem, definem e executam as estratégias de comunicação.

O segundo meio, e onde as marcas têm pre-sença quase em permanência é a imprensa escrita, frequentemente com uma preocu-pação grande de selectividade de suportes. As páginas de revistas de boa qualidade e direccionadas aos diferentes públicos são um clássico na publicidade de luxo e não se prevê que o deixem de ser.

Um estudo do Henley Centre, no Reino Unido, sugere que os leitores vêem na sua revista preferida um “amigo em quem po-dem confiar”, um “ estímulo à inspiração” e um “símbolo de status”. Mais ainda, em média, mais de metade de todos os leitores é compelida a agir depois de ter visto anún-cios em revistas ou fica com uma opinião mais positiva acerca do anunciante devido à publicidade neste meio.

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Estas serão, provavelmente, algumas das razões que levam a que as grandes marcas continuem a apostar no papel couché, em termos publicitários e de comunicação. Mes-mo as de luxo. Aliás, não se estranha quando ainda se encontra uma campanha da Vertu – a marca de telefones móveis mais luxuosa do mundo – na britânica Monocle ou da Louis Vuitton numa Vogue. São, contudo, campa-nhas publicitárias desenhadas ao milímetro, regra geral fotografadas por nomes pesados a nível mundial – como Mario Testino ou Annie Leibovitz – e com mensagens bem concebidas para um target em particular. São, ainda, cam-panhas que não são alocadas a qualquer meio. Aqui, marcam pontos as revistas de nicho ou premium. Que comungam os mesmos valores e partilham consumidores, além de que continuam a ser uma poderosa ferramen-ta para impulsionar as vendas dessas mesmas marcas. O amor mais recente das marcas de luxo? O mundo virtual. Nos últimos anos, as marcas de luxo deslumbraram-se com o enor-me potencial de comunicação das ferramen-tas digitais e têm apostado em experiências interessantes.

Um caso paradigmático é o da Burberry, cuja CEO, Angela Ahrendts, fez mesmo a capa de Junho da Fortune. Quando Angela Ahrendts chegou à britânica Burberry em 2006, a empresa crescia bem abaixo do mer-cado. A marca de luxo ficava-se por uns 2% enquanto o sector andava nos dois dígitos, nos 13%. Uma das decisões da nova responsável passou por levar a Burberry não só a novos clientes, mas também a clientes mais jovens. Até porque não foi difícil constatar que 60% da população mundial está abaixo dos 30 anos. Daí a ter investido em novas formas de comunicação, no online e nas redes sociais, não demorou muito. Os números estão aí: desde que assumiu funções, as acções da empresa cresceram 200%.

Este é apenas um dos casos que exemplifica bem como é de paradoxos que se constrói a actual comunicação do sector do luxo. A intangibilidade contrasta com o acessível; a manufactura caminha de mão dada com a inovação; a emoção cruza-se com o racional… E as marcas não têm tido outra opção que não seja reinventar a forma como comunicam com os seus cientes e potenciais clientes. O simples anúncio na imprensa escrita, em re-vistas escolhidas de forma criteriosa, mantém-se, sim, mas parte do budget de comunicação e publicidade começa a ser encaminhado para todo um mundo de experiências!

Desde a publicidade viral aos provadores virtuais, passando pelas páginas de Facebook, ou à transmissão em directo, de desfiles de moda, as marcas de luxo têm procurado criar maiores níveis de notoriedade. Desde 2009 que grandes marcas como uma Louis Vuitton, Dolce & Gabbana e Yves Saint Laurent, avan-çaram no mercado com portais de e-commerce, integrando os seus desfiles ao vivo e conteú-dos visuais criados pelos consumidores. Há até casos de marcas que fecharam acordos de colaboração e co-criação com bloguers, músicos e estudantes. A Fendi, por exemplo, em parceria com o Royal College of Art, em Londres, forneceu cabedal a várias equipas de estudantes, desafiando-os a criar obras de arte que posteriormente seriam expostas numa loja da marca, em Sloane Street.

Online premiumA Burberry tem vindo a oferecer no seu site alguns desfiles, entre outras experiências. Como o facto de ter atribuído uma nova interpretação ao seu já icónico trench coat com o Burberry Bespoke, uma categoria do seu we-bsite que permite aos consumidores construir um trench coat personalizado online, seleccio-nando o estilo, tecido, cor e outros items. E, para melhor afinar todo este trabalho, quando Angela Ahrendts assumiu funções deixou de trabalhar com agências que estavam espa-lhadas por diferentes mercados. Alocou a direcção criativa total a Christopher Bailey, dez anos mais novo e que se mudou para a empresa, trans-formando-se na sua “ponte” para a geração mais jovem. Uma jogada que daria à Burberry controlo total ao nível da comunica-ção a desenvolver.

E se, à partida, a Burberry seria vista como das marcas de luxo mais tradicionais e clássicas – é uma das eleitas da Rainha de Inglaterra! - , a verdade é que foi das primeiras do segmento a investir no online e a trabalhar a sua presença nas redes sociais. No Facebook são mais de 12 milhões de utilizadores que a seguem, enquanto no Twitter ultrapassa o meio milhão e no Instagram também já passou a fasquia dos 100 mil. Segundo dados

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divulgados pela própria, 60% do orçamento global de marketing é alocado ao online, ou não tivesse a Burberry sido das primeiras a transmitir ao vivo os seus desfiles e a colocar à venda algumas peças que passavam nesses mesmos desfiles, para que o consumidor pu-desse ver… e comprar. Também a campanha de lançamento do perfume Burberry Body foi totalmente virtual.

O seu principal desafio passa hoje por continuar a vender aos clientes de sempre e, ao mesmo tempo, ir conquistando novos. Como? Transformando a marca em algo mais, numa verdadeira experiência onde se cruza moda, música e tecnologia. Aliás, não há muito avançou com a iniciativa Burberry Acoustic, uma colaboração com bandas e artistas britânicos seleccionados pelo criativo Christopher Bailey.

Igualmente pelo mundo virtual tem andado a Vertu, a marca de luxo de telefones móveis. Criada com o objectivo de apresentar os mais requintados telefones móveis alguma vez vistos, a Vertu tem cruzado sempre materiais únicos com a melhor tradição em manufactura. Percebe-se, por isso, por que é que não investe em comunicação massiva. Anúncios em imprensa escrita, por exemplo, só em casos raros, como na britânica Mono-cle. Já o online tem ganho preferência, tendo a marca contratado recentemente a agência de mobile adver-tising, Amobee, para desenvol-ver a sua última campanha aos telefones da Constellation Series. Uma acção pensada para chegar a novos targets e melhorar a sua performance de crescimento.

Quando se iniciou por esta via, a Vertu tinha identificado as mulheres como público--alvo de consumidores no segmento de moda de luxo. Por isso, a empresa teria que chegar até elas no ambiente online, onde este target também faz algumas das suas compras de roupa ou calçado. Mais ainda, para conse-guir que a campanha apresentasse melhores resultados junto desta audiência associou-se à Vogue Daily News app, uma das aplicações mobile mais exclusivas de notícias do mundo da moda. Além disso, a campanha incluía um vídeo na aplicação iPad do Net-A-Porter (site de compras). Segundo a empresa, os resulta-dos ultrapassaram todas as previsões.

Quem também tem sabido conciliar as no-

UM NEGÓCIO DE 191 MIL MILHÕES?

Em 2011, de acordo com a consultora Bain & Company, o mercado global de bens de luxo valia cerca de 191 mil milhões de euros. E o crescimento tem tocado todas as grandes categorias do sector, desde o vestuário à perfumaria e cosmética, passando pelos acessórios e pelo hard luxury (relógios e jóias). Esta última é, aliás, a categoria que regista maiores índices de

crescimento. Este ano, as vendas globais de artigos de luxo vão superar os 200 milhões de euros, desafiando as preocupações iniciais dos analistas perante o cenário económico da Eurozona e os receios quanto ao abrandamento dos mercados emergentes. As conclusões são do recente estudo “Luxury Goods Worldwide Market Study”, da Bain

& Company, consultora especializada no sector. Mas os números não ficam por aqui. A Bain prevê um incremento anual de entre 7 e 9% nas vendas globais do sector, o que alimenta ainda mais as expectativas de crescimento das marcas de luxo até meados da década. A Global Industry Analysts, Inc. estima que o mercado global de bens de luxo alcance os 245 mil milhões de euros em 2015. l

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vas tecnologias com valores como estilo, luxo, distinção, design, é a icónica Aston Martin. A sua parceria com o não menos icónico James Bond muito contribuiu para globalizar a sua notoriedade. A associação começou em 1964 com o filme “Goldfinger” e com o modelo DB5 e tem-se mantido até hoje. Já em 2008 o modelo DBS apareceria pela segunda vez em “Quantum of Solace”, depois de anos antes ter sido protagonista em Casino Royale.

Depois do cinema, a mais recente aposta centrou-se nos pequenos ecrãs, que o mesmo é dizer no digital. Ainda o ano passado, serviu-se do online para a divulgação do seu carro desportivo de quatro (cinco) portas o Aston Martin Rapide. Com um filme rodado em Lisboa, a marca apresentou uma campanha branded entertainment que procurou cativar o consumi-dor final com um jogo em que era necessário desven-dar diversas pistas para ganhar prémios exclusivos de parceiros como a Bang & Olufsen, Jaeger LeCoultre, Bill Amberg, Louis Roederer e Ozwald Boateng… bem alinhados, em termos de po-sicionamento, com os valores que preconiza! A campanha de social media da Aston Martin esteve disponível no site da marca e nas redes sociais Facebook, Twitter e YouTube.

Não menos inovador foi o mais recente projecto de comunicação da marca italiana Prada. Uma campanha publicitária para a qual se associou ao artista e ilustrador Vahram Muratyan, conhecido por seu livro “ Paris VS New York”. De origem arménia, e radicado em Paris, o artista já era conhecido pelas suas ilustrações bem humoradas que comparam Nova Iorque com Paris no seu blog e no livro “Paris Versus New York, a tally of two cities”. Durante a colaboração com a marca, Vahram Muratyan criou uma série de imagens animadas, cujos persona-gens principais são acessórios femininos e masculinos da colecção Primavera-Verão. No fundo, um conjunto de ilustrações que têm como personagem principal bolsas, óculos ou sapatos masculinos. Men’s Rocket shoes transformam-se em telhados de arranha-céus imaginários, ou em brincos e um anel de uma mulher que também leva o saco Pyrami-de e usa os óculos de sol Dixie... Denominada “Prada Parallel Universes”, a campanha apresenta-se como uma nova abordagem

CUIDADO COM O ONLINESe as revistas de lifesyle e de luxo são um terreno seguro para qualquer marca de luxo, o online pode apresentar alguns riscos. Mas há regras para que o luxo mantenha no mundo virtual o glamour conquistado no real.1. Estar em todas. Apesar de haver quem julgue que a estratégia digital se limita às

redes sociais, a verdade é que deve abarcar todos os canais da internet;2. Confiança indestrutível. O sector do luxo tem o estigma dos preço, o que faz com

que os clientes exijam qualidade exclusiva. E este é um dos principais valores a ter em atenção na internet;

3. Um modo de vida. O valor de uma marca de luxo não é o seu preço mas o estilo de vida que que representa. E é fundamental passar esse valor, esse património;

4. Fidelizar o cliente. As redes sociais podem desempenhar um papel de relevo;5. Ninguém deve ser colocado de lado. Porque, aqui, todas as opiniões e experiências

são partilhadas e divulgadas;6. Cuidar de todos os detalhes. Mimar e tratar bem os clientes é fulcral, assim como

permitir no online aceder a alguns serviços ou detalhes não disponíveis no mundo físico;

7. Intangibilidade da marca. A inacessibilidade do produto… e o prazer que há em conquistá-lo;

8. Não deixar de lado, nunca, a originalidade e a inovação l

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onde se cruzam dois “universos”: homens, mulheres, mundo real e virtual. Apenas na loja online da marca.

Caça às estrelasNem a Don Pérignon, elaborada unicamente nos anos de excepcionais safras, comunica apenas com base na tradição ou nos media tradicionais. Em 2006, Karl Lagerfeld assinou a embalagem de uma edição limitada. Deno-minada “A Bottle Named Desire”, a emba-lagem, além da assinatura do estilista, era incrustada de jóias e vendida a 2500 dólares (cerca de 1944 euros). E, vendeu-se! Um ano mais tarde lançava um produto único, uma edição de Natal com raros exemplares vintage de Don Pérignon Rosé (uma garrafa da 1966, duas garrafas da 1986 e três de 1996, com três flutes de cristal num estojo de guitarra cor-de-rosa, desenhado pelo estilista Karl

Lagerfeld). Já em 2010 fez uma homenagem a Andy Warhol com o lançamento de uma edição especial composta por seis garrafas exclusivas.

A ligação a Karl Lagerfeld começou em 2007, ano em que Lagerfeld chamaria a modelo Eva Herzigova para protagonista de uma campanha viral criada por ele. Em 2008, o estilista voltou a ser convidado, escolhendo Claudia Schiffer para “rainha do champanhe”. Grandes nomes têm, também, dado corpo e rosto às últimas campanhas de uma das mar-cas de malas mais desejada – e mais copiada - em todo o mundo: a Louis Vuitton.

São pequenos pormenores que fazem a diferença da marca! E que das malas se esten-deram ao pronto-a-vestir, calçado, acessórios, relógios e joalharia, após a chegada do director criativo Marc Jacobs, em 1997.

Fundada em Paris em 1854, a Louis Vuitton é sinónimo de arte de viajar. E este é um património que tem vindo a alicerçar toda a sua comunicação, em particular após o início da campanha Core Values, em 2007. Desde então que a campanha tem contado com personalidades verdadeiramente globais abrangendo várias áreas profissionais e con-

textos, de Angelina Jolie a Bono Vox. E a mais recente personalidade a figurar na campanha Core Values da Louis Vuitton é alguém que foi considerado o “Desportista do Século” pela Sports Illustrated em 1999: Muhammad Ali.

Para a Louis Vuitton, Muhammad Ali foi fotografado por Annie Leibovitz (que já assinou as campanhas anteriores) na sua casa no Arizona, fitando um dos seus netos, que, com um par de luvas calçadas, se encon-tra em pé orgulhoso como que esperando para entrar no ringue. Estará este jovem a preparar-se para seguir as pisadas do seu ilustre avô? Como tagline lê-se “Some stars show you the way. Muhammad Ali and a rising star. Phoenix, Arizona.”

Conforme afirma Yves Carcelle, presidente e CEO da Louis Vuitton, “Muhammad Ali é o exemplo de uma personalidade excepcional — uma verdadeira lenda viva do boxe e muito mais. Honra-nos que tenha concordado em ser fotografado para a campanha Core Values e apraz-nos a forma como este belo retrato do campeão e do seu neto capta a ideia de trans-missão, que tem um significado muito especial para a Louis Vuitton.”. Uma campanha em revistas de lifestyle, beleza e moda, de topo!

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Parcerias com celebridades e respectivo endor-sement são vias seguidas por várias marcas. E, no caso da água premium BLING h2o, tem sido um dos seus ingredientes de sucesso. Com pre-ços que podem chegar aos 2500 euros a garrafa, a BLING h2o apostou em branding, comunica-ção e glamour. De resto, Paris Hilton é um dos rostos da americana BLING h2o, lançada em 2006 quando o produtor de cinema Kevin G. Boyd percebeu que as pessoas em Hollywood transportavam as suas garrafas de água como se fossem verdadeiros acessórios. O nome foi inspirado na palavra inglesa “jóia” e o conceito era claro: o máximo em exclusividade numa embalagem única que combinava com a pureza do sabor. A garrafa em vidro fosco reciclável com tampa de rolha era decorada manualmente com cristais austríacos Swaro-vski que formavam a palavra BLING, a qual continha uma água extraída de profundos mananciais (800 metros) do parque nacional de Smokey Mountains em Dandridge no estado do Tennessee e que era ainda submetida a um pro-

cesso de purificação de nove etapas. Original-mente distribuída apenas a actores, celebridades e atletas, não foi preciso esperar muito tempo para que Jamie Foxx, Mariah Carey, Shaquille O’Neal, Ben Stiller, Tom Cruise, Will Smith e a cantora Beyonce fossem fotografadas exibindo as garrafas brilhantes da BLING h2o.

Em paralelo, a marca decidiu patrocinar e estar presente em eventos com grande exposição mediática como os Emmy, Grammy e os MTV Video Music Awards. Daí até chegar à loja da Louis Vuitton nos Champs Elysées na cidade de Paris, não demorou muito! Às acções de endorse-ment e à assinatura “Mais do que um bom sabor”, a Bling acrescentou uma mão cheia de edições limitadas. E acções de impacto a nível mundial. Recorde-se, por exemplo, que quando foi lançada nos Emirados Árabes Unidos, uma garrafa da edição especial inteiramente decorada por 10 mil cristais Swarovski, foi arrematada em leilão por 23000 dólares (cerca de 17892 euros). l

CRIAR EXPERIÊNCIAS

A experiência de retalho é outro dos eixos de negócio que as marcas de luxo não podem nem têm descurado, sendo cada vez maior o número de pontos de venda e cadeias que reflectem uma identidade global única. A este modelo falta, contudo, dar mais um passo em frente, uma vez que os consumidores exigem agora novas experiências, relações culturais e descobertas de produto únicas que os liguem às marcas. Os “ganchos” que os atraem às lojas e os fazem passar lá mais tempo diferem de mercado para mercado, o que torna crítico compreender as suas motivações para que

possam ser aproveitadas todas as potencialidades das redes de retalho, que têm sido cada vez mais “provocadas” pelos agregadores online e por sites de descontos. Em geral, os consumidores de luxo vão sentir-se atraídos por lojas que exalem autenticidade e originalidade. As marcas de luxo podem, entre outros, criar ou remodelar lojas com base em diferentes conceitos ou colecções, dependendo da cidade onde se encontram. Podem, ainda, inaugurar espaços em conjunto com outras marcas ou artistas. Ou até mesmo firmar parcerias com trendsetters locais. A

Louis Vuitton, por exemplo, criou uma loja em Marina Bay, Singapura, que se assemelha a um navio de cruzeiro, o que reflecte a tradição de viagens da marca que é, aliás, celebrada simultaneamente no seu site. Este tipo de experiências não só cativa os consumidores como demonstra a relevância da própria marca. l

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Os consumidores que-rem apenas receber a comunicação que lhes interessa. Tudo o resto é ignorado ou desconside-rado”. A afirmação é de

Will Ostedt, presidente do departamento de análise do consumidor da Worldcom - a maior rede mundial de agências de comunicação e Relações Públicas - e vice-presidente de depar-tamento de marketing da Pollack PR de Los Angeles. E longe de ser uma moda recente, o facto é que a selecção da comunicação pelos consumidores é uma tendência crescente nos últimos anos. Com um consumidor cada vez mais informado, que sabe o que quer, que

opina e partilha as suas ideias em redes abran-gentes e globais, é imperativo que as marcas reavaliem as suas estratégias de comunicação. Que redesenhem planos. Que repensem os meios ao seu dispor para manterem a sua relevância.Esta série de alterações no mercado levou a Worldcom a pedir aos seus parceiros na América, Europa, Médio Oriente e África, entre os quais a portuguesa CV&A, para partilharem ideias sobre a evolução do papel da comunicação social enquanto ferramenta de relacionamento com o consumidor.

Nos últimos anos, as redes sociais altera-ram de forma significativa a forma como as agências e os seus clientes pensam as campa-nhas de relacionamento com o consumidor.

Diferente está também a forma de relaciona-mento das agências com o seu público-alvo. “O futuro das RP passa por encontrar novas maneiras de tornar as mensagens relevantes para os consumidores, alcançando-os através dos canais mais assertivos”.

“Com a evolução das redes sociais, os pro-fissionais da comunicação têm agora a oportunidade e uma maior competência para ajudarem os seus clientes a edificarem um bom relacionamento com o consumidor, em vez de serem meros transmissores de con-teúdos”, considera Aurora Doty, co-presidente do departamento de Prática do Consumidor da Worldcom e vice-presidente da Linhart Public Relations, de Denver. l

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Localização, Localização, Localização. É importante mudar para programas de comunicação social mais localizados, de forma a se poder acompanhar o mais possível a par e passo o consumidor. Este é um elemento--chave para preservar os valores originais e as circunstâncias culturais. Os programas não devem limitar--se a envolver os consumidores e a incentivá-los a partilhar o seu brand love com outros, mas devem também partilhar os seus dólares com o revendedor local. l

Filtragem de ruído. Os clientes estão a aprender a maximizar as ferramentas dos meios sociais para responder às suas necessidades pessoais, começando por eliminar o ruído. A necessidade de filtrar informações, aliada aos sistemas emergentes de filtragens como o Google +, em que a informação mostrada é, cada vez mais, determinada pelo comportamento passado e /ou desejo pessoal do utilizador, faz com que as agências tenham que encontrar continuadamente novas maneiras de estar presentes nas comunicações autorizadas e encontrar novas formas para serem vistos e ouvidos. As agências terão, igualmente, de se empenhar em passar conteúdos relevantes para um público mais identificado. l

Profundidade em detrimento de amplitude. O início dos meios sociais levou a maioria dos clientes a investir em alargar as suas redes sociais, esforçando-se por angariar o maior número de amigos e seguidores, sem respeitar as barreiras de privacidade nem os seus interesses e sistemas de crenças. Em 2011, assistiu-se a uma mudança significativa, quando a profundidade das redes de consumo que ganhou peso face à sua amplitude. Com os consumidores a procurarem uma melhor forma de responder à sua rede de informação adaptada aos seus interesses e estilo de vida, o Departamento de Práticas do Consumidor da Worldcom, tem vindo a assistir ao consumidor a limitar o seu relacionamento com as pessoas e com as marcas que melhor se conectam com o seu estilo de vida pessoal, confinando-se a redes sociais de nicho adaptadas aos seus interesses. l

Telemóvel é o novo PC. O aumento de smartphones, tablets, eReaders e dispositivos móveis informatizados, ao longo dos últimos dois anos, alterou a forma como os consumidores interagem. O resultado é que o consumidor moderno está sempre ligado, interagindo em tempo real e vetando a relevância da parte da informação que lhe interessa numa base permanente. O Departamento de Práticas do Consumidor da Worldcom, identificou que, devido a esta tendência significativa do uso de telemóveis computorizados, as marcas e produtos também irão precisar de estar conectados em todos os momentos e a interagir em tempo real com os seus clientes. l

Aparecimento do Twitter. O lançamento do sistema iOS 5 da Apple em 2011, foi recebido com grande entusiasmo, devido ao novo sistema de operação “bells and whistles”, pelos usuários de telemóveis Apple e impulsionou outros usuários a trocarem os seus dispositivos para o iOS5. Apesar de toda a discussão, o facto é que o iOS5 fornece aos utilizadores uma integração directa com o Twitter. Tendo as redes sociais uma origem semelhante ao sistema operativo dos telemóveis computorizados, levam a uma aceitação mais ampla do Twitter enquanto funcionalidade de utilização diária e aumenta a actividade dos utilizadores da rede social. l

O QUE É A WORLDCOM?

Fundado em 1988, o Grupo de Relações Públicas Worldcom é o líder mundial de empresas independentes de relações públicas e de consultoria, com o maior número de escritórios a nível global. Actualmente, conta com 107 agências parceiras em todo o mundo. Estas representam 91 mercados, em 46 países, que se traduzem em mais de 2100 funcionários espalhados pelos seis continentes. Com uma facturação superior a 260 milhões de dólares,

a rede de parceiros de comunicação tem experiência nacional, internacional e com multi-nacionais, mantendo a flexibilidade e foco do cliente-serviço inerente a agências independentes locais. O Departamento de Práticas do Consumidor de Relações Públicas da Worldcom, é uma rede multinacional de agências de Relações Públicas com ampla experiência e conhecimento em todo o espectro de serviços e produtos a clientes nesta área. l

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M A R K E T I N G

O pilar central de uma agência de comunicação ideal é uma boa relação com os meios e as outras instituições que façam parte do perímetros de negócios dos clientes, os chamados stakehold-

ers. Quem contrata uma agência de Comunicação ou de Relações Públicas (RP), espera que ela os ajude a ter maior impacto junto dos órgãos de comunicação social e facilite contactos. Ganhar acesso aos líderes de opinião e conseguir ter alguma capacidade de ‘lobbying’, que influencie decisões a seu favor, por exemplo. Mas estas são apenas as características base. Para ser uma agência Top há outros pontos a cumprir no caderno de encargos.

Estas são as conclusões de um estudo da primeira edição portuguesa do PrScope, um estudo quali-tativo sobre o mercado das agências de RP, que a empresa especializada Grupo de Consultores lançou em Espanha, há dois anos. O estudo inquiriu 89 responsáveis de comunicação de empresas e marcas que lidam directamente e têm o poder de decisão na escolha das agências, incluindo administradores e directores-gerais, directores de marketing e de comunicação, gestores de marca e responsáveis pela relação com os media.

Além da relação com os media e da capacidade de ‘netwoorking’ e ‘lobbying’ a agência de comunicação ideal terá de conhecer muito bem o negócio dos seus clientes, ter experiência nessa área e estar permanen-temente actualizadas no que respeita a novas tendên-cias, marcas e produtos que afectem esse sector.

A proactividade da agência é outro atributo muito valorizado. Os clientes não gostam de uma agência que os ajude apenas a reagir. Querem um parceiro

que tenha iniciativa, que os ajude a marcar a agenda das notícias e que lhes proponham soluções e alterna-tivas de comunicação diferentes. Ou seja, que sejam criativas e inovadoras e os ajudem no planeamento estratégico.

Igualmente importantes são a disponibilidade, a flexibilidade e a atenção da equipa que a agência coloca ao seu serviço, a capacidade de cumprir ‘tim-ings’, de serem rápidos na resposta e de manterem com o cliente uma relação de parceria.

As agências são também muito activas na organização de eventos de clientes (conferências de imprensa, eventos de lançamento de novos produtos e serviços, etc.) e na consultoria de comunicação. A produção gráfica, o ‘research’ de mercado e a gestão de patrocínios são outras áreas onde as agências têm um peso crescente. Em contrapartida, a área digital e a gestão das redes sociais, são ainda, na sua maioria, atribuídas a empresas especializadas nesta área ou às agências de publicidade, abrindo um novo terreno de conquista para quem trabalha em RP e comunicação.

A escolha de uma agência de comunicação envolve em mais de dois terços dos casos a administração ou o director-geral da empresa cliente. Os directores de comunicação e de marketing são também normal-mente consultados. O que releva a importância que as empresas atribuem à escolha de uma boa agência O concurso aberto é o método de selecção mais comum (74%).

Um negócio cada vez mais concentradoEm Portugal há entre meia e uma centena de agências de comunicação. Nos últimos anos, com o apertar dos ‘budgets’, o mercado tornou-se mais con-centrado. Algumas agências de menor dimensão de-

L E O N O R A R A Ú J O

A A G Ê N C I A I D E A LC O M O É A A G Ê N C I A D E C O M U N I C A Ç Ã O I D E A L ? PA R A R E S P O N D E R À P E R G U N TA ,

A C O N S U LT O R A P R S C O P E E N T R E V I S T O U 8 9 R E S P O N S ÁV E I S M Á X I M O S P E L A

C O M U N I C A Ç Ã O E M G R A N D E S E M P R E S A S E M A R C A S . V E J A A S C O N C L U S Õ E S D O

B A R Ó M E T R O S D E AVA L I A Ç Ã O D A S A G Ê N C I A S D E C O M U N I C A Ç Ã O E R P.

C O M U N I C A Ç Ã O

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sapareceram ou foram absorvidas pelas grandes. E as dez primeiras do top ficaram ainda maiores, ganhando quota de mercado às restantes.

No Barómetro da Prscope, os administradores e responsáveis de comunicação inquiridos refer-iram-se a 55 agências. Mas destas, há cinco que se destacam pela sua notoriedade e dimensão, sendo referidas por mais de 80% do mercado, e cinco outras que estão num segundo patamar, referidas por 55%.

De acordo com os dados da PrScope, o mercado da comunicação e da publicidade movimentou quase 1600 milhões de euros, em 2011, considerando o investimento das 150 maiores marcas anunciantes com investimentos superiores a 250 mil euros. Daquele total, o gros-so vai para a compra de publicidade nos meios, para patrocínios e ‘sponsorship’ e para acções de promoção no ponto de venda. O investimento na comunicação online, incluindo já as redes sociais e o mobile mobiliza 108 milhões. Para as relações públicas sobram 34 milhões de euros, 2,2% do bolo total.

GCI, LPM, CV&A, Lift e Inforpress integram o grupo do Top 5 em notoriedade, em linha com a sua dimensão e importância no mercado. Uma segunda categoria reúne a Imago, JLM, Weber Shandwick, BAN e Parceiros de Comunicação.

O ‘fee’ mensal fixo é o sistema de remune-ração escolhido por mais de 90% dos clientes, num mercado onde as margens de negócios reflectem a conjuntura económica. Em 2011, três quartos das agências não actualizaram as avenças e quase 15% admite que reduziu mesmo os valores. l

De todas as agências referenciadas no

estudo, a que está mais próxima do

ideal é a CV&A. Apesar de não liderar

em termos de notoriedade, a empresa

fundada por António Cunha Vaz é

considerada como a agência ideal por

quatro em cinco dos seus clientes

actuais e soma quase 30 pontos de

vantagem neste campo face à média

do mercado.

A CV&A obtém a pontuação máxima

atribuível em critérios como a boa

imagem e reputação, a ética e a

inovação, o bom serviço a clientes, os

métodos de trabalho e o cumprimento

dos prazos, a proactividade e a eficácia

da resposta em situações inesperadas

ou de crise, a qualidade da equipa,

a capacidade de ‘networking’, de

‘lobbying’ e de relacionamento com

os mídia. Faz também o pleno na

avaliação dos seus serviços e no retorno

obtido para os clientes. Sempre com

médias de avaliação muito acima do

mercado e batendo a concorrência

directa.

Não admira portanto que na

perspectiva dos clientes, a CV&A

tenha sido considerada a “Best Agency

Overall”. l

Um pouco à semelhança do que acontece na consultoria e na

advocacia, o negócio das agências de comunicação assenta

no prestígio das pessoas que a criaram e que nela trabalham

e é por isso que algumas das maiores acabam por levar o

nome ou as siglas do fundador. CV&A resulta de Cunha Vaz

& Associados, como JLM de João Líbano Monteiro ou LPM

de Luís Paixão Martins. Uma tradição directamente bebida

das grandes agências mundiais, onde pontuam os nomes de

David Ogilvy, Jack Porter e Bill Novelli (Porter Nevelli) ou Hill &

Knowlton, só para citar alguns dos mais importantes.

Há no entanto agências que optam por uma marca, que

até por razões de internacionalização seja mais facilmente

pronunciável no estrangeiro que os complicados nomes e

apelidos portuguesas. Salvador da Cunha, o fundador da Bairro

Alto, mudou o nome da sua agência para Lift. A GCI de José

Manuel Costa, a Young Network de João Duarte ou a BAN

de Armandino Geraldes, são outros casos de agências que

seguiram esta opção. Já este ano, António Cunha Vaz fez o

‘rebranding’ da sua agência, simplificando o nome de Cunha

Vaz & Associados para CV&A, muito mais conveniente para

uma sociedade que tem hoje uma parcela importante dos seus

negócios no exterior.

Certo é que o prestígio dos quadros das agências e sobretudo do

seu fundador ou director-geral pesa muito na decisão. Segundo

o estudo da PrScopre, António Cunha Vaz é o nome mais

destacado na comunicação em Portugal, com vantagem clara

sobre Salvador da Cunha (Lift). Luís Paixão Martins, José Manuel

Costa e Liliana Pinto (GCI), Ana Margarida Ximenes e Paulo Rua

(ambos da Inforpress), Armandino Geraldes (BAN) e João Líbano

Monteiro e Josá Barata (JLM), completam o Top 10. l

1º António Cunha Vaz

CV&A2º

Salvador da Cunha Lift3º

Luís Paixão Martins LPM4º

José Manuel Costa GCI5º

Ana Margarida Ximenes Inforpress

E O VENCEDOR É....

CHUVA DE ESTRELAS

OS PROFISSIONAIS MAIS DESTACADOS NA

COMUNICAÇÃO EM PORTUGAL

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P E R F I L

I R R E V E R E N T E C O M R E G R A S

P E D R O G Ó I S Q U E É H O J E O D I R E C T O R C R I AT I V O D A C V & A , U M A D A S M A I S I N F L U E N T E S A G Ê N C I A S

D E C O M U N I C A Ç Ã O D O PA Í S . C O N H E Ç A 0 D E S I G N E R A PA I X O N A D O P O R S U R F.

Pedro Góis é director criativo da CV&A, define-se como um irreverente com regras, ao serviço de uma agência de comu-nicação algo institucional. A empresa mudou de logótipo e de marca, mas permanece com uma imagem institucional, a transmitir confiança, credibilidade e sobriedade. Parte do

novo visual da CV&A tem a assinatura de Pedro Góis, um surfista que nunca entra em pânico com o tamanho das ondas e que considera que estar parado é um desperdício de tempo.

Os corredores da Escola António Arroio são velhos conhecidos de Pedro Góis, um lisboeta com 44 anos, casado e pai de quatro meninas. Por lá andou antes de rumar à Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), no início dos anos noventa, ao mesmo tempo que cursava for-mação específica em design, na Aula do Risco. Cedo começou a somar galardões com o seu traço, tendo conquistado um primeiro prémio com as publicações do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e idêntica posição no prémio de decoração de interiores das lojas da Pescanova. Incapaz de estar parado, começa a trabalhar, com 22 anos, na secção de audiovisuais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Mexe em vídeo e em áudio. “Fazia um bocadinho de tudo”, conta o próprio.

Da Santa Casa para a agência de publicidade Título foi um piscar de olhos. Aqui, trabalha a imagem da Epson, da cadeia Pão de Açúcar e estreia-se nas revistas, com a Guia Satélite e Cabo. Estava descoberta uma das suas grandes paixões: desenhar publicações. Desde então, nunca mais parou.

Entra no grupo Semanário, onde assina os projectos gráficos das

revistas Teenager, Playnet e Christus, num processo que culmina com a mudança gráfica integral da revista Factos, em apenas três dias e num ritmo alucinante. Passa depois pelo Jornal Semanário, de onde sai para integrar a equipa fundadora do Jornal de Negócios.

Regressa ao mundo das revistas com a criação da Prémio, a que se sucedem a Prémio Viagens e a Just Leader, três títulos então perten-centes a António Cunha Vaz, o principal accionista. Com o desapa-recimento da Prémio Viagens e Just Leader e a passagem da Prémio de semanal para trimestral, Pedro Góis transita para a CV&A. Aqui, orgulha-se de ter feito a imagem gráfica de practicamente todas as campanhas políticas trabalhadas pela CV&A, entre elas a de Carmona Rodrigues à Câmara de Lisboa, presidenciais de Cabo Verde, apoiando o vencedor José Carlos Fonseca e as presidenciais na República da Guiné Bissau, entre outras. Desenha também vários projectos gráficos para as diversas revistas corporativas de clientes da CV&A; produz e a imagem e todos os suportes gráficos da Visita do Papa a Angola, entre muitos outros trabalhos para os clientes da CV&A, ao longo destes últimos quatro anos.

“Estou habituado a tratar uma série de coisas ao mesmo tempo. Faz parte do meu feitio não ficar parado. Não bloqueio nas situações. Quando isso parece estar a acontecer tenho que as resolver rapidamente. É um desperdício ficar parado. Acho que sou pragmático. Preciso saber o que está mal e tentar resolver a situação rapidamente”. Esta é forma como Pedro Góis descreve a gestão concentrada que faz do dia-a-dia no departamento que lidera. Mas desengane-se quem pensa tratar-se de

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J O Ã O B É N A R D G A R C I A

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um profissional frio, que tudo resolve de forma mecânica. “Não me considero um tipo calmo, mas faço uma analogia com o surf que pratico: posso estar num mar mais agitado, as ondas vêm na minha direcção e tenho que manter a calma. No trabalho, como na vida, há-de haver sempre ondas. Temos que fazer as coisas tendo consciência do risco e daquilo que sabemos fazer. Para mim o risco é sempre controlado. É como no mar. Obviamente que tenho medo, às vezes morro de medo, mas sei que há um risco controlado e sei que tenho que dominar a situa-ção. Nunca entrar em pânico. Nunca entrar em parafuso. O surf ajuda-me muito a controlar as situações do dia-a-dia. Mesmo quando parecem estar fora de controlo, consigo gerir as coisas com alguma cabeça fria e superá-las”.

O que tem mudado nos últimos anos é o en-volvimento crescente dos clientes com a CV&A. “A comunicação feita pelos accounts deixou de ser dissociada da comunicação feita com suportes gráficos ou digitais. Essa proximidade com os accounts dá-nos a noção das necessidades dos clientes. Imagine que define um plano de comunicação para um cliente. Se à partida lhe disser que ele vai precisar de uma newsletter ou de um folheto e que tem esse serviço para oferecer é logo mais eficiente para o cliente porque lhe oferece um serviço completo. Na CV&A fazemos tudo”, conta Pedro Góis.

E o que podem ganhar os clientes com os serviços oferecidos pelo departamento gráfico da CV&A? “Os clientes começam a ter a noção de que é mais vantajoso para eles terem tudo na mesma agência. Não vou quantificar, mas diria que adjudicando um trabalho à nossa agência, os clientes podem conseguir uma poupança em termos percentuais na ordem dos 30 ou até 40 por cento nos seus orçamentos para comuni-cação”, remata. l

N O VA I M A G E M C V & A

UMA TRANSIÇÃO SUAVE

António Cunha Vaz, o Chief Executive Office (CEO) da consultora de comunicação

Cunha Vaz & Associados desejava há algum tempo criar uma sigla e,

aproveitando a boleia, redefinir a marca e simplificar toda

a imagem corporativa da empresa. A agência de

comunicação tinha-se expandido para Angola, Moçambique, Espanha, Brasil, Colômbia e finalmente abriu um escritório em Inglaterra, em plena City, o coração financeiro de Londres. Consciente de que era muito complicado para os clientes anglo-saxónicos perceberem e soletrarem “cunha-vaz-e-associados”, decidiu simplificar tudo e chamar à sua consultora simplesmente CV&A.

“O que se pretendia era uma transição suave” – explica Pedro Góis, o director criativo da agência – “O António Cunha Vaz explicou-nos de forma concisa o que pretendia, deu dicas, definiu a evolução natural que pretendia, mas disse-nos não querer cortar com a imagem anterior. Queria que resolvêssemos alguns problemas, nomeadamente o da legibilidade, pois em alguns suportes o logótipo aparecia sobre um fundo verde-garrafa e isso dificultava a sua leitura. A ideia foi criar uma imagem mais limpa, sendo um pouco minimalista, mas sem deixar de ser institucional. O passar para CV&A foi uma mudança natural”, explica.

Ana Oliveira Pinto, colaboradora de Pedro Góis no departamento gráfico e criativo,

ficou encarregue da tarefa de criar o novo logótipo da marca, mas sempre com um princípio subjacente: “Somos conhecidos por sermos uma agência institucional e essa ideia era para manter”, refere Pedro Góis, sublinhando que ser institucional, neste caso, é mesmo uma opção estética: “Hoje em dia as coisas funcionam esteticamente por esse caminho: pode-se ser “conservador” no sentido de manter a tradição, transmitir confiança, dar credibilidade e sobriedade. Nós somos assumidamente mais institucionais devido ao nosso posicionamento e às caracteristicas dos nossos clientes”.

As mudanças visuais na marca e em toda a imagem da empresa acabam também por se reflectir na revista Prémio, ou não fosse ela um produto assumidamente CV&A. “O conceito da Prémio mudou. Deixou de ser uma revista só de clientes da agência, passou a ser uma revista também de tendências e um pouco de trend setting, com algum luxo metido no mesmo barco. A ideia é tentar fazer uma revista para um segmento mais elevado do mercado. E obviamente que aqui faz sentido alterações e um rejuvenescimento gráfico”, esclarece o director criativo, explicando as suas opções de design: “Minimalismo. Muita geometria transpondo elegância. Esteticamente consistente, e com equilíbrio de formas”.

Os restantes clientes da agência também já começaram a sentir essa onda de mudança gráfica que resultou do refrescamento da imagem da consultora. “Há clientes com os quais temos estado a evoluir de forma muito positiva em termos de mudanças gráficas. Já temos agendada uma alteração gráfica para a Natural, que é a revista da Central de Cervejas; mais uma reformulação gráfica para a revista da Lactogal. Há uma tendência global dos clientes para quererem rejuvenescer os grafismos das revistas que estamos a fazer”. E que justificação encontra Pedro Góis para tão grande desejo de mudança? “Estamos num ciclo curioso. Acho que as coisas, em períodos de maior tensão, tendem a ter um impulso, nem que seja só para lavar a cara, para que as marcas e os clientes sintam que as pessoas se estão a esforçar por melhorar”. l

O surf ajuda-me muito a controlar as situações do dia-a-dia. Mesmo quando parecem estar fora de controlo consigo gerir as coisas com alguma cabeça fria e superá-las.

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O P I N I Ã O

L É G U A S A S E P A R A R - N O S

Quando Chico Buarque cantou a Revolução dos Cravos, nos anos 70 em Portugal, cunhou um verso que retrata bem a situação entre brasileiros e lusitanos: “tantas léguas a separar-nos, tanto mar, tanto mar”.

Na época, a referência era a democracia. Hoje, percebe-se um desconhecimento profundo – cultural e económico - entre as denominadas “nações irmãs”. Situação que poderia ser até normal se Brasil e Portugal não tivessem sido unidos por incríveis 300 anos.

Uma pesquisa nos anos 90 realizada com cariocas e lisboetas dá a medida exacta da ignorância. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, o maior em circulação no Brasil, “as referências que os brasileiros têm de Portugal são mais precárias do que as dos portugueses em relação ao Brasil. Diferentemente dos lisboetas, que responderam “não sei” em só 4% das entrevistas, 19% dos ouvidos no Rio não souberam relacionar nada a Portugal”.

A mesma matéria aponta que “os moradores do Rio, por sua vez, dizem que a primeira ideia que vem à cabeça quando se fala em Portugal é o descobrimento/colonização (13%). A seguir, vem o facto de ser um ‘bom país’ (6%) e, em terceiro lugar, o bacalhau (4%)”. Essas respostas vieram de uma cidade que no começo do século XX contava com 50% de habitantes descendentes directos de portugueses.

Nada indica que essa situação tenha mudado muito nos últimos 20 anos. Pelo contrário. O desconhecimento mútuo pode ter

aumentado. Portugal ainda se beneficia por conhecer algo do Brasil por meio das telenovelas, que seguem com bastante audiência em território lusitano. O contrário, infelizmente, não é verdadeiro. E se é assim em relação ao Brasil, o que dirá do resto do mundo?

Os brasileiros estudam Portugal na escola até o período em que D. Pedro I, filho de D. João VI (que transferiu a Corte ao Brasil na fuga das tropas napoleónicas), decide voltar a Portugal para enfrentar o seu irmão D. Manuel. A partir daí, as confusões começam. O Pedro de Alcântara torna-se Pedro IV e a pátria lusitana, junto com o seu rei, desaparece dos estudos tupiniquins.

Para falar a verdade, em termos de relevância económica, não haveria razão em estudar de maneira mais detida o país mais ocidental da Europa. Basta observar o comércio bilateral entre as nações brasileira e lusitana. Aproximadamente, 75% das exportações portuguesas concentram-se na União Europeia e 20% nos Estados Unidos da América e na China. Apenas 2% se destinam ao Brasil.

No ano passado, as vendas externas de Portugal para o mercado brasileiro somaram 1600 milhões de dólares (cerca de 1,2 milhões), um aumento de 9% sobre 2010. O principal produto comercializado foi a gasolina processada. Mesmo com o crescimento verificado, o Brasil continua com saldo positivo na balança comercial. Os principais produtos comprados pelos portugueses dos brasileiros são a soja triturada e o óleo bruto. Não é preciso muito raciocínio para entender que tal pauta de negócios é extremamente limitada e pouco imaginativa. Em tempos de economia criativa e digital, as nossas trocas estão dentro de um

P A U L O N A S S A R **Presidente da Aberje e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)

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paradigma estacionado nos séculos passados.

Parece que as duas nações começam agora a entender que precisam de vencer essas “tantas léguas a separar-nos”. No dia 7 de Setembro deste ano, quando se comemorou a Independência do Brasil (proclamada pelo já citado D. Pedro I em 1822), anunciou-se o programa “Ano do Brasil em Portugal” e “Ano de Portugal no Brasil”.

O momento não poderia ser mais oportuno. Portugal necessita ampliar as suas oportunidades em mercados fora da União Europeia, mergulhada numa crise económica que deverá durar mais alguns bons anos. Por outro lado, o território luso pode tornar-se a porta de entrada na Europa para as empresas brasileiras, cada vez mais focadas na expansão global das suas actividades.

Na área de comunicação empresarial, felizmente, as alianças já estão mais avançadas. Uma década atrás a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) iniciou inúmeras parcerias internacionais na área da comunicação, com o objectivo de mostrar um novo Brasil, longe dos estereótipos pelos quais internacionalmente era percebido o Brasil: Samba, Sound, Sand, Sun e Soccer. Hoje o Brasil já é a sexta economia global, tem um capitalismo e empresas fortes, e precisa, também, ser percebido na sua real dimensão.

A experiência revelou-se bem--sucedida e estimulou passos mais ambiciosos. A ABERJE resolveu criar uma consistente plataforma global de diálogo na área. A série Brazilian Corporate Communications Day foi, então, concebida e lançada na cidade de Nova Iorque em 2010. A ideia do projecto é actuar fortemente para integrar os grandes comunicadores brasileiros com os comunicadores em destaque nas maiores metrópoles do mundo.

Já o primeiro Brazilian Day em solo europeu ocorreu na cidade de Londres na simbólica data de 7 de Setembro de 2011. O evento reuniu mais de 150 pessoas para ouvir representantes de empresas como a Petrobras, Itaú Unibanco, TAM, HSBC Brasil e Iveco Latin America.

Na ocasião, também falaram Paul Mylrea, director de Comunicação da BBC, e Jane Wilson, CEO da CIPR. A iniciativa então partiu para intercâmbios na América Latina, em Buenos Aires, na Argentina, e em Santiago, no Chile.

Agora, o Brazilian Corporate Communications Day volta à Europa. Já em 2012 foram realizadas edições em Londres e, pela primeira vez, em Lisboa. Ainda este ano será realizada a edição em Milão.

No encontro de Lisboa houve troca e debate entre as experiências dos profissionais deste território que já foi um único reino separado por um imenso oceano.

Neste primeiro encontro em solo português, a Aberje levou na bagagem – fora a parceria com as empresas participantes – uma selecção de casos brasileiros de sucesso em comunicação empresarial para compartilhar com os comunicadores e empresários lusos. Há 45 anos, a entidade promove um prémio anual de comunicação empresarial, que recolhe as mais bem-sucedidas práticas na área.

Entre elas, há alguns exemplos que podem servir de benchmarking para Portugal nesse delicado momento de recessão europeia. O governo do estado do Rio de Janeiro, por exemplo, tornou-se uma vanguarda no uso das redes sociais na internet para estimular o diálogo entre

os cidadãos. O recurso foi usado com sucesso na pacificação de favelas, na ajuda as vítimas da tragédia que se abateu sobre as cidades serranas do estado e, até mesmo, para mobilizar cariocas e fluminenses na discussão de temas económicos complexos como os royalties do petróleo. Em momentos de crise, plataformas de cocriação são indispensáveis.

A singela iniciativa do Brazialian Corporate Communications Day espera coroar o início deste “Ano do Brasil em Portugal”. Espera ainda que possa significar o início de um intercâmbio cultural e comercial mais vigoroso, que diminua consistentemente as “léguas a nos separar” e seja o início de uma verdadeira relação de duas nações que gostam de se chamar “irmãs”. E, sem dúvida, uma catapulta e tanto para a imagem portuguesa no exterior. l

COMO FAZER A COMUNICAÇÃO CORPORATIVA?A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), a Associação Portuguesa de Comunicação Empresarial (APCE) e a Cunha Vaz & Associados realizaram em Portugal a “1ª Jornada de Comunicação Corporativa Brasil-Portugal”, no passado dia 25 de Outubro, no Hotel Tivoli, em Lisboa. A comunicação empresarial esteve no centro do debate. A ABERJE, o principal stakeholder das empresas de comunicação no Brasil, traz a Portugal o know-how que já levou aos EUA, ao Reino Unido, a Itália ao Chile e à Argentina.A edição portuguesa do evento, realizada sob o patrocínio master da Petrobras e o patrocínio do Itaú-Unibanco e da Vale, contou com apresentações dos executivos de comunicação das maiores empresas de referência no Brasil, entre as quais: Petrobras, Itaú Unibanco, Oi e Fibria.O objectivo desta Jornada é estimular, partilhar e aprofundar a experiência acumulada no sector por alguns dos agentes mais experimentados do mercado, procurando estabelecer práticas de diálogo permanente entre as empresas e os seus públicos estratégicos na sociedade. A defesa de uma comunicação realizada com ética, profundidade no trato das questões, contribuição para o desenvolvimento da sociedade, apresentada com qualidade industrial e editorial, são uma garantia dada pela ABERJE na primeira iniciativa do género realizada em Portugal. l

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T E N D Ê N C I A S

F O B I A

C A L A F R I O S , PA L P I TA Ç Õ E S , M Ã O S H Ú M I D A S , S E N S A Ç Ã O D E FA LTA D E A R E AT É D E D E S M A I O , S Ó D E

O L H A R PA R A A F O T O G R A F I A . S O A - L H E FA M I L I A R ? E N TÃ O P O D E R Á E S TA R E N T R E O S 3 0 % D A P O P U L A Ç Ã O

A D U LTA P O R T U G U E S A Q U E T E M M E D O D E V O A R . A B O A N O T Í C I A É Q U E H Á C U R A .

Enquanto jornalista e escritora, há anos que passo para o papel vidas de pilotos profissionais apaixonados pelo voo e que não imaginariam os seus dias sem voar. Assim como eu não

imagino. É por isso com muita curiosidade e vontade de compreender um fenómeno que me transcende totalmente, que chego à Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), em Lisboa. Já aqui tinha estado muitas vezes mas, esta manhã, espera--me um grupo muito diferentes das pessoas com quem costumo encontrar-me: têm todos muito medo de voar. Se assim é, o que fazem então em casa dos seus ímpares? Preparam-se para participar num dos cursos da Voar sem Medo (VSM), um centro especializado no es-tudo e tratamento da fobia de voo em Portugal e que tem como parceira a Valk Fundation, um dos mais prestigiados centros de inves-tigação e tratamento aerofóbico do mundo. A receber-nos está Cristina Albuquerque. Sorriso aberto, tranquilo. É ela o rosto e alma da VSM. E é nela, e na sua equipa, constituída

por psicólogos e por profissionais da aviação, como pilotos, assistentes de bordo, especial-istas em segurança de voo e controladores de tráfego aéreo, que os pacientes confiam os seus medos, na esperança de os perder... Psicóloga Clínica, Cristina Albuquerque está

ligada à aviação há mais de 20 anos e tem vasta expe- riência no tratamento da fobia de voo. Cartas dadas que merecem a confiança deste grupo tão diferente, mas tão igual no medo que lhe tolhe os movimentos.

Dadas as boas vindas, subimos ao segundo andar, à sala que nos acolherá por dois dias. Começamos por ser sete à volta de uma grande mesa. Além de mim, Cristina Albu-querque e Iris Monteiro, também psicóloga da VSM, sentam-se dois economistas, uma estudante e uma bombeira, provenientes de Norte a Sul do país e que começam por se apresentar. São vários os relatos que ecoam pela sala: da senhora que esteve 30 anos sem viajar de avião (nem de elevador...) porque não gosta de estar fechada; do senhor que fugiu do avião antes de descolar para a viagem de núp-cias rumo a Moçambique, porque tem medo que o avião caia; da adolescente de 17 anos que sabe de cor e ao pormenor os acidentes dos últimos anos e que vai de férias mais cedo, de autocarro, para se encontrar com os pais que vão mais tarde, de avião; da jovem de 25, que nunca conseguiu entrar num, tal como os

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pais, também aerofóbicos, e que sonham ir a Londres.

A tensão sente-se no ar. Mas eleva-se na projecção da primeira imagem da apresen-tação: uma fotografia de um Boeing B-747. Ninguém fica indiferente à imagem, mas constacto que apenas eu tenho um sorriso nos lábios. Os meus olhos vêem o Jumbo, um dos aviões mais bonitos de sempre. Os deles, uma enorme ameaça de ferro! Já os de Cristina Albuquerque estão focados nas reacções despertadas. As expressões de desconforto são tais que não resisto a abandonar o papel de mera observadora e exclamar, com intenção apaziguadora: “mas é tão bonito!” Serve para arrancar algumas gargalhadas e aliviar o ambiente. A projecção não foi inocente, natu-ralmente. A equipa do VSM sabe o que faz. “Para muitos pacientes, as imagens servem para abrir o baú das memórias negativas que já viram sobre acidentes de aviação”, refere a psicóloga. O primeiro passo para vencer o medo já está dado. Ter consciência dele. E o segundo também: enfrentá-lo. Ir às suas origens e depois, superá-lo. É isso mesmo que

é feito nas horas seguintes. Fala-se de medo… E o que é isso, afinal?

São muitas as escalas do medo, tantas ou mais que as definições que se encontram nos dicionários. Como esta: “uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrado

pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente”. O medo é bom, portanto. Mas e se essa ameaça não existe? É aí que ele se transforma numa doença que limita a vida e que precisa de ser tratado.

Mais do que com palavras, a equipa do VSM trabalha com emoções. E são muitas à flor da pele e à volta de uma só mesa. Há que permitir que a razão passe a controlar a emoção. Curiosamente, a falta de controlo é uma das causas mais comuns na origem da ansiedade de voar. “E se há local onde não se consegue controlar quase nada é dentro de um avião”, diz Cristina Albuquerque. Outro dos agentes provocadores do medo é o desconhecimento quanto ao voo. E é por isso que a equipa do VSM inclui um piloto de Linha Aérea que, por esta altura, assume os comandos do curso. O comandante Rui Alves começa por falar sobre a forte regulamentação do sector e a formação dos pilotos, sempre em constante evolução e avaliação. Em poucos minutos e munido de um apurado sentido de humor, quebra o gelo da audiência e prende-

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-lhe a atenção. Faz um retrato geral sobre os acidentes de aviação, explica como fun-cionam os aviões e frisa que a turbulência, um dos factores que mais incomodam os fóbi-cos, não é um papão. “O avião está preparado para lidar com tudo o que há na natureza. Com o vento, a chuva, com a noite e o dia!”, assegura. Assim como garante que, se não houver condições para voar, o comandante não voa. “Nós também vamos no avião, também temos família e so-mos muito bem treinados para lidar com todas as situações de perigo”. Nada é deixado ao acaso na aviação, frisa. Ainda assim, é impossível evitar os acidentes. Essencial, diz Cris-tina Albuquerque, é pensar na relação entre o possível e o provável. E aconselha aos pacientes mantras para repetir até ser preciso, quando o medo de acidente espreita: “É possível mas não é provável” e “abana mas não cai”.

Ao segundo dia, o progres-so é notório. Todos parecem estar mais tranquilos. E a apresentação de Helena Barata, assistente de bordo, apesar de conter muitas imagens de aviões, já não provoca grandes tremores. Helena relembra que as assistentes e os comissários de bordo também têm vida pessoal e, ao contrário do que possa parecer, se às vezes têm um ar preocupado é porque estão mesmo, mas com os filhos, com o sapato que aperta ou até com o que vão fazer para o jantar e não propriamente com problemas téc-nicos no avião! Há que ter isso em conta, pede, antes de passar a transmitir outros conselhos práticos, como fazer as malas com antecedên-cia, o check in atempadamente e embarcar tran-quilamente, sem stress acrescido. Fala do treino exaustivo da tripulação de cabine, capacitada para lidar com todo o tipo de situações de emer-gência, desde incêndios a bordo a amaragens, em casos extremos. Responde a dúvidas. E

não, assegura: não é possível ficar preso dentro da casa de banho do avião, até porque há um botão lá dentro para chamar um tripulante e a porta até pode ser aberta por fora, se for preciso. Termina com outras dicas: é importante mexer-se o mais possível e beber muita água a bordo. Aliás, beber água, diz Cristina Albuquerque, “é uma das principais técnicas de controlo de an-siedade”. E sem efeitos secundários, acrescento eu. O mesmo não se pode dizer da ingestão de álcool e de medicamentos, recurso habitual de quem tem medo de voar. Dizem as estatísticas

que 20% dos aerofóbicos recorrem a estas “muletas” para conseguirem enfrentar o voo. Uma estratégia desaconselhada pela VSM que acredita que elas só servem para maquilhar o medo e aumentá-lo, até que se torne insuportá-vel e cada vez mais difícil de tratar.

Culpa, sentimento de inferioridade e vergonha. São sentimentos bem conhecidos dos aerofóbicos e que têm impacto pessoal, familiar, social e profissional. Para ajudar a superá-los entra em cena a psicóloga Iris Monteiro que, entre outras coisas, ensina técnicas de descontração, a começar pela respiração e a acabar num exercício de re-laxamento que deixa a sala semi adormecida, ao final da manhã. A tarde é mais animada, na NAV, onde ouvimos falar de manutenção de aviões, de controlo aéreo e de como ele é feito: em rigoroso respeito pelas regras de segurança. Não falta sequer uma visita à sala e à torre de controlo do aeroporto de Lisboa, um dos momentos mais altos do curso, e em que se aproveitou a vista única para tirar a foto de grupo que ilustra este artigo. Por fim, uma passagem pelo aeroporto, numa espécie de visita técnica para o dia seguinte.

Finalmente, ao terceiro dia, o momento tão esperado quanto temido: o voo para Madrid. Apenas um dos participantes não consegue embarcar, tendo-o feito apenas mais tarde.

O tratamento tem uma taxa de sucesso de 95% e garante um follow up durante dois anos. Para Cristina Albuquerque, que é também autora do livro “Voar sem Medo – Um guia prático para voar confiante e descontraído” e que lançou recentemente a Medo de Voar App, uma aplicação para i-Phone e Android destinada a todos os que têm medo de voar, cada paciente a ultrapassar a fobia é uma vitória. Um deles confessa-me: “é uma nova vida, uma sensação indescritível de alívio, de superação de nós mesmos”.

O próximo curso da VSM é em Novembro no Porto e custa 700 euros. Já o sucesso do programa, esse, não tem preço. l

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Foi jornalista da RTP por mais de uma década, tendo sido correspondente da televisão estatal em Bruxelas. Transitou para a área da comunicação como Directora de Relações Públicas e de Comunicação da companhia aérea Hi Fly. É licenciada em Estudos Europeus, pós-graduada em Direito Aéreo e Espacial, pela Universidade Nova de Lisboa, pós-graduada em Operações de Transporte Aéreo, pelo ISEC e está a concluir o Aeronautics Executive MBA, no ISEG/ ISEC. É autora dos livros “A Vida que eu Quis – TAP 264”, biografia do Comdt. Marcelino, um dos primeiros pilotos da TAP, de “Para Além das Asas – TAP 265”, biografia do Cmdt.

Silva Soares, o primeiro Director de Operações de Voo da TAP, de “33 800 Horas”, biografia do Cmdt. Luís Branco, piloto emblemático da aviação civil em Moçambique e co-autora dos “Estudos de Direito Aéreo”, da editora Almedina. Presentemente, está a escrever a biografia do Cmdt. Brás de Oliveira, piloto que se destacou na TAP, bem como, a vida de Plácido de Abreu, o primeiro aerobata português. l

RITA TAMAGNINI

CONTACTOS VSMLinha Directa: [email protected] www.voarsemmedo.com

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LO N D R E S , C H I C AG O, B O STO N , N O VA I O RQ U E E B E R L I M S ÃO A S B I G - F I V E D O C A L E N DÁ R I O M U N D I A L .

M A S H Á M A I S . DA Á F R I C A D O S U L , PA R A A N E V E N O Á RT I CO, AT É AO P Ó D O D E S E RTO N O S A H A R A , À G R A N D E

M U R A L H A DA C H I N A O U A P E RTA N D O O N A R I Z AO R ATO M I C K E Y. E S CO L H A S N ÃO FA LTA M .

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Correr está na moda. Tão na moda como, há anos, es-tavam o Ténis ou o Golfe. Quem experimenta, repete. Diz quem completa os 42.195 metros de uma mara-tona que chegar dá uma sensação única de que tudo é possível. Que tudo está ao alcance. É como uma droga que o corpo pede. Um desafio de superação dos

próprios limites. Os seguidores aumentam de ano para ano. Treinam de madrugada

ou à noite. Todos os dias, meses a fio, ao sol e ao frio, ao vento e à chuva. Nas cidades e no campo. Sozinhos ou acompanhados.

Fazer o circuito das grandes maratonas mundiais não é barato e exige, além do custo da inscrição e das viagens, uma estada de fim-de--semana pelas capitais do mundo.

Na maratona de Nova Iorque, por exemplo, que se realiza a 4 de Novembro, há 9 mil dorsais sorteados a 11 dólares. Mas quem não tiver essa sorte terá de desembolsar 200 dólares pela inscrição, mais todas as despesas de deslocação e alojamento. Os corredores, muitos, não vão sozinhos. Levam a família ou os amigos. Para os apoiar, mas também para fazerem turismo.

Há agências que organizam tudo. No Brasil a TAM Viagens, em Espanha a Sportravel e em Portugal a Sportozone ou a Move Sports.

Do Sahara ao Ártico Londres, Chicago, Boston, Nova Iorque e Berlim são as big-five do calendário das maratonas mundiais. À parte destas, o charme e o exotismo de outras maratonas chamam cada vez mais adeptos. Em Roma, os corredores partem do Coliseu. Em Sydney vê-se a Ópera, em Tóquio, o Palácio Imperial, em Paris, o Arco do Triunfo e em Atenas, o trajecto original é recuperado aos tempos da Antigui-dade, começando na cidade de Maratonas e terminando no estádio Panatinaikon.

Além das maratonas urbanas, há ainda as corridas de aventura. Entre elas está a Muralha da China, que se corre ao longo do maior

monumento do planeta. São mais de cinco mil passos entre subidas, descidas e degraus.

A maratona do Círculo Polar Ártico, na Gronelândia, é uma prova de sete horas, corrida sobre o gelo. No outro extremo do planeta, a maratona e ultra-maratona do gelo na Antártica, tem 42 ou 100 quilómetros. Para quem prefere ambientes mais quentes pode apontar a agulha à Corrida do Deserto, que se realiza em três etapas no Sahara. Ao todo, são 100 quilómetros. Se achar que é pouco, pode escolher a Sultan Marathon des Sables, a Maratona das Areias, prova que decorre durante onze dias em Marrocos, com 250 quilómetros em pleno deserto do Sahara e enfrentando uma amplitude térmica que oscila dos 50ºC durante o dia aos 7ºnegativos, à noite.

A Maratona Walt Disney é uma prova com uma excentricidade muito própria e corre-se entre os parques do complexo Disney em Orlando, na Flórida. Com partida e meta no Epcot Center, o percurso passa pelo castelo da Cinderela e pela casa do Mickey, no Disney World, pelo Hollywood Studios e pelo Animal Kingdom. As medalhas têm o formato dos personagens da Disney. Quem completar a maratona recebe uma medalha do Mickey, a meia maratona dá direito a receber o Pato Donald e o desafio Goofy é premiado com a medalha do Pateta.

A África do Sul acolhe duas ultra-maratonas. Uma em memória da I Guerra Mundial e outra que une os dois oceanos que banham o país, o Atlântico a ocidente e o Índico a oriente.

A Comrades nasceu da visão de um veterano da I Guerra Mundial, Vic Clapham, que percorreu 1700 milhas pela savana sul-africana, como forma de honrar os seus “comrades” mortos ou feridos em combate. A corrida, de 89 quilómetros entre Pietermaritzburg e Dur-ban, teve a sua primeira edição a 24 de Março de 1921. Desde então só foi interrompida entre 1941-1945, durante a II Guerra Mundial. A Cidade do Cabo é o palco da prova que une os dois oceanos, de costa a costa, num percurso de 56 quilómetros. Uma prova que dizem ser das mais bonitas e se realiza desde 1970. l

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Carla Cruz gosta de correr ao ar livre. Na Serra e com o mar como companhia. “Quando saio de casa de madrugada deparo-me com os cheiros da natureza. Quando chove é algo indiscritível. Cheira a terra, relva molhada, a caixotes de lixo limpos...não cheira a carros, a comida e não há barulho nem poluição”, sublinha. “É um privilégio sair da cama bem cedo e ir para a rua”, conclui. E é nas várias ruas onde corre que gosta de acenar à família, que a acompanha.

O S N O S S O S R U N N E R S

CARLA CRUZ CTT - DIRECÇÃO DE MARKETING 6 MARATONAS

COMO TUDO COMEÇOU: Até aos 35 anos a única aceleração que conhecia era “o stress do dia-a-dia de trabalho”. Uma brincadeira influenciada pelos amigos do Clube do Stress marca a sua estreia em Paris. “Ganhei o vício desde então”.

GUINCHO COMO VIZINHO: Gosta de praticar desporto no Guincho. Pela proximidade do mar e da serra. “Tenho o privilégio de ter uma ciclovia fantástica. Os cães e os homens do lixo já me conhecem”, afirma sorrindo. Trabalhando em Lisboa, à hora de treino (6h30) “só mesmos os cães vadios e os que estão trancados em casa me cumprimentam”.

PLANEAMENTO: Para as maratonas treina 5 dias por semana, num “período de 4 meses de treinos”. Segue um plano rigorosíssimo cumprido “à risca do ponto vista alimentar e de descanso”, sustenta. Durante a semana treina uma hora. Ao fim-de-semana dedica-se “a pôr quilómetros em cima do corpo”.

O MURO: entre os 30 e os 35 quilómetros, quem corre vê um muro. “Sentimos dores nas

pernas, joelhos e em todo o lado. E nesse Muro, as defesas vão abaixo e começamos a sentir sofrimento”. A descrição é feita pela voz da experiência. “Para chegar lá tivemos que treinar muito. Quem treinou, chega ao muro e passa”, dispara. Na sua conta pessoal só por uma vez se deparou com esta barreira psicológica. “Foi a dos “100 maratonas, 100 amigos”, debaixo de 30 graus. “Percebi o conceito. E passei por ele. É psicológico. Não estava preparada para o calor...”.

SEGREDO: A cabeça. Quem corre nestes ritmos mais elevados, “90% cabeça e os 10% é corpo”, defende. Quando chega ao muro a cabeça é decisiva. “Corremos com dor o tempo todo, o sofrimento é uma opção. Se puder optar por não sofrer é melhor. Mas vou ter sempre dor”, avisa.

CLUBE DO STRESS: O clube não tem uma lista oficial. “Gosto de correr com eles porque somos todos pessoas com uma camisola azul e ténis”, sublinha. “Só sei depois com quem corri quando olho para os emails e vejo os apelidos”, reforça. Entre a preparação e as provas dos 10 km às ultra--maratonas “passamos muito tempo juntos. É um bom grupo de amigos”, sublinha.

VIAGENS: “Em Paris fui sozinha. Só com uma amiga do Clube do Stress, que se estreou também”, recorda. “Não sabia como ia reagir...depois não dormimos...e não pudemos passear. Ir com a família e depois ver-me impedida de andar com eles...” Os filhos e o marido “não reagiram bem”. Hoje tudo é diferente. Vai a família toda. “Pais, sogros, marido e filhos… na maratona de Madrid fui acompanhada de 8 familiares”, recorda.

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M A R AT O N A S D E B A A B O S T O N , V I R G I N L O N D R E S , B M W B E R L I M , B A N K O F A M E R I C A C H I C A G O E I N G N O VA I O R Q U E L A N Ç A R A M C O L E C T I VA M E N T E O W O R L D M A R AT H O N M A J O R S

A FAMÍLIA: “Os meus filhos já são crescidos. Só depois de eles crescerem dediquei-me às maratonas. Primeiro os filhos...depois as maratonas”, sorri. “O meu marido, quando marca as férias, pergunta-me a que maratonas vou. A família primeiro estranhou...e depois entranhou. E hoje são os meus grandes apoiantes”, garante. Durante as provas marca os sítios em que a família deve estar. “É sempre estimulante vê-los com a bandeira de Portugal nas provas internacionais. É muito emocional e dá-nos uma força muito grande”, admite.

TEMPOS: Sabe de cor o tempo das maratonas onde participou. Paris, 3h.58m, Porto 3h37m, Copenhaga 3h45m, Nova Iorque, 3h.23m.23s, Madrid, 3h36m e uma Prova Solidária - 100 Maratonas, 100 amigos -, organizado por um maratonista que fez 100 maratonas, prova não oficial que percorre Sintra, Malveira da Serra, Guincho, Oeiras e Torre Belém na chegada.

A MARCA DOS 45 ANOS: Carla Cruz tem 43 anos. Mas ao contrário de qualquer outro comum dos mortais vive com a ansiedade de atingir os 45. “Mudo de escalão”, explica com uma enorme gargalhada. “Terei ainda menos pessoas a correr e aumenta a hipótese de ganhar medalhas e chegar à frente nas maratonas e provas de longa distância”, continua a rir.

UMA ESTREIA: Estreou-se no Verão no seu primeiro ultra-trail. Ao todo 50 quilómetros de montanha em Óbidos, uma prova nocturna.

PRÓXIMO PASSO: Já foi seduzida para fazer a maratona do Deserto.“Não digo desta água não beberei...mas aí terei problemas em convencer a família”. Em 2012 já contabiliza duas maratonas. E não fica por aqui. “Ainda penso fazer uma no último trimestre do ano. É um esforço tremendo”, adverte. Queria ir a Chicago ou Berlim mas as inscrições estão fechadas. “Estou já pré-inscrita em Londres e Boston, provas do primeiro semestre de 2013. A uma das duas vou”. Pelo meio vai repetir a prova no Porto, em Outubro.

“NUNCA DIGAS NUNCA”: Sempre disse que nunca faria uma Maratona. “Já fiz seis logo já não digo mais nada”. “Adoro falar de Maratonas e Corridas”, disse no fim da conversa. E lançou um desafio ao jornalista. “Venha treinar connosco”. l

A 23 de Janeiro de 2006, as maratonas de BAA Boston, Virgin Londres, BMW Berlim, Bank of America Chicago e ING Nova Iorque lançaram colectivamente o World Marathon Majors, uma série de cinco provas com uma bolsa de prémio de 1 milhão de dólares a ser dividido por igual

A S M A J O R S 5H T T P : / / W O R L D M A R AT H O N M A J O R S . C O M

entre os melhores maratonistas, masculino e feminino, do mundo. Um prémio para o qual conta também os resultados obtidos na Maratona do Campeonato Mundial de Atletismo e da Maratona Olímpica.A série inaugural data de 2006-2007. Arrancou com a 110.ª Maratona de Boston, a 17 de Abril de 2006, e terminou a 4 de Novembro de 2007, em Nova Iorque. A escolha de Boston não foi ao acaso. É a mais antiga maratona anual do mundo disputada desde 1897 no feriado do Dia do Patriota, na terceira segunda-feira de Abril. As provas, para além dos desportistas

de elite, atraem, ano após ano, um número crescente de entusiastas pela corrida. E turistas. Colectivamente as Majors 5 reúnem cinco milhões de espectadores nas ruas, cativam mais de 250 milhões de espectadores em transmissões televisivas,

cativam 300 mil candidatos e 150 mil participantes. Conseguem angariar 80 milhões de dólares para associações e instituições de caridade e geram um impacto económico de mais de 400 milhões de dólares. Os patrocinadores agradecem. E os beneficiários idem.l

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Diogo Leónidas já participou em duas das Big Five – Londres e Berlim. Foi operado e recupera o ritmo para regressar às grandes distâncias. Gosta de correr acompanhado e aproveita o tempo para pôr conversas em dia. “Correr 10 quilómetros por dia, apesar de a um ritmo mais lento, dá-nos o privilégio de conseguir falar ao mesmo tempo sem prejudicar a respiração”, explica. Esse facto transforma o treino diário num “convívio descontraído de amigos”. Algo que faz frequentemente.

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DIOGO LEÓNIDAS ROCHASÓCIO DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS GARRIGUES PORTUGAL 3 MARATONAS

A PRIMEIRA VEZ: A primeira maratona em que participou foi a de Berlim, em 2003. Seguiu-se Atenas, em 2004 e Londres, em 2005.

MARATONA PREFERIDA: Se Berlim facilita a quebra de recordes, de Londres destaca a “beleza do percurso e a assistência do público”. Atenas tem o aliciante de ser “um local incontornável na história da maratona, onde irremediavelmente nos lembramos da distância alegadamente percorrida pelo soldado ateniense Pheidippides até Atenas para anunciar a vitória contra os persas”. E foi nessa maratona que sentiu mais dificuldades. “Os primeiros 30 km da Maratona de Atenas são praticamente sempre a subir, embora ligeiramente. “Foi a mais dura que fiz”, garante.

AS OPERAÇÕES: Dois anos, três maratonas. O percurso prometia. Depois, bom depois “fiz uma intervenção cirúrgica aos dois joelhos simultaneamente, o que me obrigou a deixar estas distâncias por uns anos”, lamenta Diogo Leónidas. De lá para cá decidiu correr provas mais curtas. 10km, 15km ou meia-maratona.

DEPOIS DAS CIRURGIAS: Está ciente que outros desportos ficam completamente de lado. Uma “simples lesão, por mais pequena que seja, pode pôr em causa toda uma preparação e uma viagem agendada com antecedência”, adverte.

TREINOS: “Corro cerca de 10km por dia”, afiança, o que dá “uma média entre 70 e 100km por semana”. Pelo meio faz alguns treinos específicos

(distâncias curtas, com maior velocidade). Actualmente faz médias mais rápidas em provas curtas (40 minutos aos 10km), pelo “que me sinto preparado para melhorar o tempo da maratona na próxima oportunidade, embora isso não seja ao mais importante”, assevera.

DIA DE DESCANSO: Com uma vida preenchida na sociedade de advogados há espaço para um treino bem doseado. E para uma pausa “à 6.ª feira”, diz.

TEMPOS: Metódico e atento sabe de cor os tempos. A regularidade é a nota:Berlim 3:39:09; Atenas 3:36.09 e Londres 3:34:45.

A ACTIVIDADE PROFISSIONAL: A maratona

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requer um “treino mais intenso e disciplinado durante aproximadamente três meses”, reconhece Diogo Leónidas. “Um período de trabalho mais intenso poderá prejudicar a preparação para a prova”, admite.

SEM HORA MARCADA: A corrida tem a vantagem de não depender de prévia marcação de hora ou de campo. Apesar de preferir correr acompanhado, a corrida é um desporto individual que não necessita de parceiro. Muitas vezes correr sozinho até é uma boa oportunidade para pensar e organizar ideias. Tenho sempre na mala do carro um saco de desporto preparado. Como costumo dizer aos meus amigos que querem começar a correr comigo, “correr não é programa”. Não é necessário combinar dia. Corro todos os dias.

PROGRAMA SOCIAL: “Corro sempre com o Clube do Stress, onde a corrida é fortemente enriquecida pelo convívio e pela amizade”. A escolha das maratonas é geralmente associada ao país que este clube pretende visitar. Leónidas exemplifica. “A maratona de Atenas não nos impediu de visitar a cidade na véspera, subindo à Acrópole para sentir o cheiro da Grécia antiga. Não é certamente o melhor estágio para uma maratona no dia seguinte, mas enriquece irreversivelmente o nosso baú de recordações. E é isso que interessa”.

ROUPA: não usa roupa especial. A t-shirt do Clube do Stress está sempre presente. De resto usa “ténis de running dois números acima do usual, e restante vestuário desportivo”. Aproveita para aconselhar a não estrear roupas ou ténis novos. OBJECTO DE CULTO: um Garmin Forerunner é o objecto que o acompanha sempre nos treinos e nas provas. O relógio desportivo para corrida está dotado de um GPS, pelo que “permite ter acesso imediato a toda a informação essencial da corrida, tal como distância percorrida, tempo por km e controlo dos batimentos cardíacos”. E é só o que leva. “De resto, todo o objeto pesa, pelo que não é aconselhável se não for necessário.”

AMBIÇÃO: “Espero voltar às maratonas para o próximo ano”. Nova Iorque e Chicago são duas provas que ambiciona fazer num futuro próximo. l

Check list dos 15 objectos essenciais para quem vai correr fora de portas 1 – passaporte/visto2 – iPod ou Mp3 para quem não passa sem uma música 3 – seguros saúde4 – ‘vouchers’ hotel5 – comprovativo de ficha inscrição na prova6 – cartão de crédito e débito7 – ténis, meias e camisola adequados para a corrida (capa de chuva incluída) 8 – medicamentos 9 – guia turístico10 – relógio/chip de cronometragem11 – alfinete/clip para prender o dorsal12 – kit protecção – óculos, creme solar e chapéu13 - bebidas isotónicas e alimentos energéticos 14 – chinelos para dar descanso aos pés no pós prova15 – telemóvel com máquina fotográfica para registar o momento.

A M A L A D O R U N N E R

BERLIM30 Setembro Sponsor principal: BMW www.bmw-berlin-marathon.com

CHICAGO7 OutubroSponsor principal: Bank of Americawww.chicagomarathon.com

NOVA IORQUE4 NovembroSponsor principal: INGhttp://www.nycmarathon.org/

LONDRES21 AbrilSponsor principal: Virgin www.virginlondonmarathon.com

BOSTONSponsor principal: John Hancock Financialhttp://www.baa.org/

CITADINASTÓQUIO24 Fevereirowww.tokyo42195.org

SYDNEY16 Setembrowww.sydneyrunningfestival.com.au

HISTÓRICASPARIS 7 Abrilwww.parismarathon.com

ATENAS10 Novembrowww.athensmarathon.com

IMPERIAIS ROMA16 Marçowww.maratonadiroma.it

MURALHA DA CHINA18 Maiowww.great-wall-marathon.com

NO GELOCÍRCULO POLAR ÁRTICO20 Outubrowww.polar-circle-marathon.com

MARATONA E ULTRAMARATONA DO GELO NA ANTÁRTICA20-22 Novembrowww.icemarathon.com

NO DESERTOCORRIDA DO DESERTO – 100 KM DO SAHARA3-9 Marçowww.100kmdelsahara.com

MARATONA DAS AREIAS5-15 Abrilwww.darbaroud.com

A BRINCARMARATONA WALT DISNEY – ORLANDO10-13 Janeirowww.rundisney.com

ULTRA-MARATONASMARATONA DOS OCEANOS – CIDADE DO CABO30 Marçowww.twooceansmarathon.org.za

COMRADES – -DURBAN2 Junhowww.comrades.com l

A S B I G F I V E

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ESTADIAS:Outubro: 1 a 8 de Outubro de 2012 Novembro: 26 de Outubro a 5 de Novembro de 2012

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T E N D Ê N C I A S

É o português, a viver em Portugal, com mais maratonas nas pernas. “Estou a chegar às 190....”, revela Tiago Dionísio, 38 anos. Um feito que não lhe retira a humildade de reconhecer que há um compatriota com mais. “Há outro português que vive em Amesterdão e já fez perto de 250”, esclarece. Grande parte da vida social é feita com um dorsal ao peito. E a máxima distância que já completou foram 160 quilómetros.

O S N O S S O S R U N N E R S

TIAGO DIONÍSIO ANALISTA NO BESI190 MARATONAS

A ESTREIA: A primeira maratona foi aos 20 anos, em Lisboa. Seguiram-se mais duas na capital portuguesa. Só depois pôs os dois pés fora de Portugal. De lá para cá soma 190.

INSPIRAÇÃO: o Colégio Militar, a família e cinco anos nos Estados Unidos da América serviram de inspiração. Quando regressou dos EUA, aos 18 anos, entrou na Faculdade com o futebol na cabeça. Cedo pendurou as botas e calçou os ténis de corrida. “Comecei a correr 30 minutos, 45 minutos e por aí fora...”.

FAZER AS CONTAS: Ora... 18 anos a correr, 190 maratonas (112 maratonas e o resto ultra--maratonas) feitas, se fizermos uma média de

60 km a multiplicar por 190 dá....é fazer as contas. Mas em contas simples: média 10 por ano. “Já dei umas voltas ao mundo”, sorri.

PREPARAÇÃO: “Treino o mais possível. Todos os dias”, sublinha. Sofrer o máximo nos treinos, para não sofrer depois tanto é a sua máxima. Qualquer pessoa que se prepare bem consegue fazer uma maratona”. Para as maratonas a preparação é mais física. As ultramaratonas, a componente psicológica ajuda, e muito. “São muitas horas”.

LOCAL DE TREINO: Levanta-se às seis da manhã. 30 minutos depois já está no Estádio Universitário a treinar durante uma hora. “Abdico de horas de sono para treinar”, sorri. Mais recente

vai ao ginásio fazer bicicleta para “fortalecer os músculos sem descorar a parte aeróbica”, explica.

PORQUÊ AS MARATONAS? “Gosto de correr”, dispara. “Para mim surge de forma natural. Permite-me estar em forma, praticar desporto, viajar, conhecer outros países, outras culturas, outras pessoas”, continua. “Uma boa parte da minha vida social é feita com um dorsal no peito”, termina.

PREFERIDA: 190 maratonas = a 20 países. Este é o currículo de provas e destinos. Tiago repete algumas, admite. Mas tem uma especial. “A que gosto mais é a Comrade, Ultra-maratona na África do Sul”, ou não fosse ele “embaixador” desta competição que reúne 15 mil pessoas em Durban. Tiago vai na 12.ª consecutiva. Este ano teve a companhia de 16 compatriotas, a maior delegação lusa de sempre”, regozija.

ATÉ QUANDO? Com tantas maratonas e com 38 anos, a pergunta surge como lógica. Até que idade pensa divertir-se a correr? “Até as pernas aguentarem”. E ainda falta a do Deserto (por etapas).

MELHOR TEMPO: 2h42m.

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T E N D Ê N C I A S

S A R A H PA L L I N , G E O R G E W. B U S H , A L G O R E O U D O M I N I Q U E D E V I L L E P I N S Ã O A L G U N S D O S P O L Í T I C O S Q U E S E D E D I C A M À C O R R I D A

DESAFIO: A corrida como a vida. É o lema. “Ao longo de vários quilómetros percorridos temos momentos em que estamos contentes e com muita energia, outros em que estamos em baixo...e aí temos que pensar que uns quilómetros mais à frente estaremos de novo em cima”, explica. “Correr à volta de 10 horas é como se tivesse a vida dentro de uma corrida. Passamos por vários estados”.

TÁCTICA: Pôr um pé à frente do outro. Assim “estamos a cada instante mais perto da meta. Temos que pensar assim”, reforça.

A PARTE PSICOLÓGICA: As corridas não são só a parte física. “Quando estamos sentados à secretária, o stress do trabalho, a corrida é um escape. Mais que o físico, a psique entra em acção. E no fundo, isto é viciante”, reconhece.

LESÕES: Folha branca. “Felizmente, diz, ainda não teve nenhuma lesão”. Com uma excepção. Em 2006. “Fiz a Comrade, viajei para os EUA, Califórnia, no dia seguinte e sete dias depois fiz mais 160km”, diz entre sorrisos de quem não se livrou para o susto de uma desidratação.

PLANEAMENTO: Tanta prova e tantas viagens pedem uma planificação para além da folha Excel. Para coordenar trabalho com férias. Quando corre na Europa, Tiago obedece a uma regra. Sai na 6.ª feira e regressa domingo final do dia”. As companhias low-cost ajudam, reconhece.

AS ULTRA-MARATONAS: Em 2000 deu o salto para a Ultra-Maratona, em Brighton. A distância mais longa em que participou regista 160 quilómetros.

NOVA MODA: Corrida de trail – Ultra-Maratonas fora de estrada, montanha. l

C O R R E R À V O LT A D E 1 0 H O R A S É C O M O S E T I V E S S E A V I D A D E N T R O D E U M A C O R R I D A . P A S S A M O S P O R VÁ R I O S E S T A D O S .

As campanhas eleitorais são unanimemente vistas como uma autêntica maratona. Como verdadeiras maratonas são também muitas reuniões parlamentares ou partidárias. Mas a vida política pode também ser vista como um ponto de partida para algo mais que o serviço ao interesse público. É o chamado sprint. Ou corta-mato.Opiniões à parte, um político tem que estar preparado para andar de braço dado com o povo. No caso das maratonas, anda lado a lado. Por isso, seja em acções ditadas por spin-doctors, seja porque gostam mesmo, é comum encontrar políticos com um dorsal ao peito.José Sócrates deu o mote. Em Portugal ou na Baía de Luanda, o ex- -primeiro ministro queria mostrar que tinha fôlego e resistência para aguentar uma meia-maratona. No outro espectro político, o actual ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares marcou presença este ano em Nova Iorque. Lá fora, a moda está mais em voga nos Estados Unidos da América. Com Republicanos e Democratas a dividirem o palco nos 42km. Do presidente Bush, ao Vice Al Gore, passando por Paul Ryan, candidato a vice-presidente pelos Republicanos às próximas eleições ou Sarah Pallin. Na Europa, o ex-primeiro ministro francês Dominique de Villepin, Alastair Campbell, o director de comunicação de Tony Blair ou Joschka Fischer, MNE alemão do governo de Gerhard Schröder, mostraram também eles, no passado, que têm pulmão para aguentar uma maratona fora dos gabinetes. l

P O L Í T I C O S Q U E C O R R E M L A D O A L A D O C O M O P O V O

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T E N D Ê N C I A S

F E C H A - S E U M A P O R T A , A B R E - S E U M A J A N E L A

É preciso passar quase 200 páginas de revista, onde se sucedem anúncios da Hugo Boss, da Mercedes, da Rolex, artigos sobre viagens de sonho, matérias de política pura e economia de milhões. Por fim chega-se à página 195 de uma edição recente da newsmagazine italiana “Panorama” e o titulo é claro: “Estate Low Chic”. Ou seja, viver com sobriedade os tempos de

crise, não ostentar, saber poupar, viver com o que resta. Cozinhar em casa é chique. Jogar petanca é praticamente de borla é muito divertido. Evitar o champanhe, investir no vinho.

A ironia que a mais popular revista italiana exibe é paradigmática do tempo que vivemos: a austeridade chegou ao mundo dos ricos, o que significa que a pobreza já contaminou a classe média e a miséria instalou-se de vez no universo dos carenciados.

Os números em Portugal são por demais evidentes: as quebras nas vendas de automóveis ligeiros rondam os 40%, a falência das empresas e dos particulares aumentaram 83% num ano, há mais 40% de trabalhadores a receber o salário mínimo do que há três anos. Desfilar números é mais fácil do que viver as suas consequências. Mas as lições que ficam de outras vivências, como por exemplo as relações amorosas, são boas para momentos críticos como este. E uma das mais relevantes determina: fecha-se uma porta, abre-se uma janela.

Talvez seja a mais adequada à situação. Basta olhar à volta para sentir o borbulhar de criatividade, acção e atitude que aos poucos começam a contagiar aqueles que tropeçaram na crise.

Um bom exemplo, este: renasceu um hábito que julgávamos pertencente à infância ou ao tempo dos nossos avós – cozinhar em casa e levar marmita para o emprego. Os cortes nos vencimentos de muitos

trabalhadores, e o aumento dos preços nos restaurantes, despoletou essa vaga de fundo de funcionários, quadros médios, mesmo superiores, que, no começo com timidez e alguma vergonha, levaram o saco com o almoço improvisado e se esconderam a comer na hora de almoço, até que repentinamente o fenómeno se tornou moda. Empresas como a “Smartlunch” viram a janela abrir-se e criaram marmitas com design, cor, estilo, e deram sentido à expressão “Be smart, take lunch”. A minha marmita é mais gira do que a tua? Trago uma refeição fantástica, barata, e ainda por cima saudável? Cá está um novo negócio e uma forma divertida de passar a hora de almoço: marmita ao colo, banco de jardim, colegas de trabalho, convívio certo. Uma vista de olhos ao site da Smartlunch, ou aos seus pontos de venda em diversas superfícies comerciais, não deixa margem para dúvidas: está na moda, é cool. Há marmitas para todos os gostos, mais ou menos completas, com e sem acessórios.

A este negócio tinha de juntar-se outro. É que nem todos gostam ou sabem cozinhar... E de repente temos empreendedores solitários a cozinhar em casa para vender directamente aos colegas na empresa. O trabalhador tem a marmita, o empreendedor leva a refeição em

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dose individual. Há restaurantes que se queixam da falta de controlo da ASAE sobre estes restaurantes verdadeiramente “de trazer por casa”, mas a austeridade não se compadece com excessos de zelo, e aí temos mais um degrau na reacção aos tempos. Parece ser esse aliás o caminho: activar verbos económicos e pô-los a render. É um segredo do tempo que passa: alugar em vez de comprar, cozinhar em vez de escolher no menú, ler, trocar, manufacturar, estudar. E como escreve a Panorama, não é preciso perder o estilo nem negligenciar a atitude.

Há poucos meses, vi abrir numa rua central de Lisboa uma florista. Surpreendeu--me a ousadia das duas sócias que tinham decidido investir em flores, certamente um dos mais supérfluos bens em tempos de crise e austeridade. Não resisti a abordá- -las para perceber a motivação, a lógica, a inspiração. Em poucas frases, fizerem um KO nas minhas dúvidas: ninguém quer deixar de ter uma lembrança, um presente, num aniversário, num momento difícil da vida, numa paixão, num grande amor. O presente caro, seja a jóia ou o relógio, está cada vez mais distante das bolsas da maioria – ao contrário, uma flor, nem que seja uma só flor, pode custar um euro. Um molho pode ir até aos cinco ou seis. E a velha frase “o que conta é a intenção” ganha estatuto de lei. Quem não gosta de receber flores?

Ou outra pergunta: quem dispensa um jantar entre amigos ao fim-de-semana?

Os restaurantes queixam-se das quebras de vendas – mas os jantares em casa, mais económicos e igualmente divertidos, ganharam dimensão. Voltou o gosto pelos jogos de tabuleiro ou pelas noites de diversão à volta de brincadeiras tão simples quanto um karaoke caseiro. Cozinhar deixou de ser actividade menor, reservada a empregadas domésticas e solteiros aflitos, para congregar grupos de amigos em noitadas de fim-de-semana. Basta entrar numa livraria e conferir o número generoso de livros de culinária para todos os gostos, ver na net as dezenas de cursos de cozinha que se ministram em todo o país, ou anotar estes números: o mais famoso robot de cozinha do mercado, a popular Bimby, custa mil euros..., mas está em mais de 140 mil casas portuguesas e vende em média 2500 unidades por mês.

Temos portanto um novo paradigma de vida nas cidades, que pede criatividade, bom senso, sensatez, ideias chave para este momento. Dá-se o caso feliz de este ser também o tempo da comunicação directa – quem abre um pequeno negócio atira-se de cabeça para o Facebook, abre um blog, promove no twitter. Há advogadas a vender bolachas caseiras, há arquitectos a desenhar cartões-de-visita, há quem faça carteiras com materiais recicláveis e corra os mercados de rua a vender, barato e bem, o que praticamente não tem custos. Duas

amigas assistentes de bordo decidiram transformar objectos destinados ao lixo em peças de mobiliário com design. Chamaram “trash-chic” ao seu conceito, abriram um blog, escreveram: “Somos uma equipa criativa. Do Nada fazemos Tudo. O Feio transmutado em Belo. O que era Esquecido volta a ter Vida. Uma nova Cara. Um peeling na decoração do seu lar. Peças únicas cheias de alma. O elemento que faltava naquele recanto especial”. Completaram assim o que os rendimentos do trabalho talvez já não conseguissem cumprir. Do blog saltaram para o Facebook, o caminho é sempre o mesmo. O resultado, bom, será proporcional à originalidade, sentido de oportunidade, necessidades do mercado.

O gesto simples de um “like” – os especialistas dizem que um “like” no Facebook vale 85 cêntimos... - faz a diferença e “espalha a notícia”, como cantava Sérgio Godinho. Descobrir oportunidades é a mais fascinante actividade que a crise convoca, e em teoria todos somos potencialmente um Mark Zuckerberg à espera do nosso negócio de milhões, seja uma marmita com design ou uma aplicativo indispensável no smartphone.

Em paralelo, multiplicam-se os casos que Ricardo Araújo Pereira tão bem gozou, na série Gato Fedorento, quando repetiu à exaustão as “nano-micro-pequenas-e-médias-empresas”:

basta passear ao fim de semana pelas pequenas feiras de artesanato, velharias e produtos caseiros – Lisboa tem agora mais uma, semanal, no Campo Pequeno, a juntar-se às do Príncipe Real e às que promove o LX Factory, entre outras -, para aferir da dinâmica deste comércio, que, no limite, nos remete para o tempo medieval, quando a troca directa era comum. Hoje, a internet promove essa mesma troca directa, porém numa versão 2.0. Em dezenas de sites que se dedicam à compra, venda e troca, encontramos casas, férias, carros, livros, até jornais e revistas. Ao mesmo tempo, crescem os sites de saldos, oportunidades e leilões. A Internet tornou-se o mais verdadeiro e sincero centro de apoio à crise – com um custo de utilização baixíssimo, é possível procurar e encontrar oportunidades, e contornar o buraco negro da falência.

Voltando ao começo: fecha-se uma porta, abre-se uma janela. A diferença é que há uns tempos, instalávamo-nos à janela à espera que algo acontecesse, fosse um João Ratão ou um convite para trabalhar numa multinacional. Agora, quando abrimos a janela, é para deixar entrar o ar que nos inspira e desafia a vencer a barreira da inacção e fazer do mau momento a oportunidade que nunca tinha sido mais do que um sonho. l

A G O R A , Q U A N D O A B R I M O S A J A N E L A , É P A R A D E I X A R E N T R A R O A R Q U E N O S I N S P I R A E D E S A F I A A V E N C E R A B A R R E I R A D A I N A C Ç Ã O E F A Z E R D O M A U M O M E N T O A O P O R T U N I D A D E Q U E N U N C A T I N H A S I D O M A I S D O Q U E U M S O N H O .

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A R T E & D E S I G N

A D E G A SC O M A S S I N A T U R A

U M P A S S E I O E N T R E A S C A T E D R A I S D O V I N H O

A S A D E G A S D E A U T O R A B R A Ç A M E A LT E R A M A PA I S A G E M I N E B R I A N T E O N D E S E I N S E R E M . G E H R Y,

F O S T E R , H A D I D E S I Z A , A L G U N S D O S M A I S I M P O R TA N T E S A R Q U I T E C T O S D A A C T U A L I D A D E , C A S A R A M

A S U A A R T E C O M O S V I N H O S . A S A N T I G A S P E D R A S R Ú S T I C A S D Ã O L U G A R A O B E TÃ O , A Ç O E C R I S TA L ,

D O S N O V O S T E M P L O S Q U E T Ê M U M P R O P Ó S I T O M A I S T E R R E N O : FA Z E R V I N H O . C O M U M T O Q U E D E

A R Q U I T E C T U R A . V I A J E P O R 1 0 A D E G A S , A S S I N A D A S P O R 1 0 A R Q U I T E C T O S . E M E S PA N H A E P O R T U G A L .

O vinho necessita de matéria-prima, tempo e dedicação. Recentemente muitas empresas vitivinícolas entenderam que a arquitectura é também ela determinante no seu processo de vinificação, envelhecimento e distribuição.

Depois da modernização de imagem, de uma estudada selecção de garrafas, rótulos e cápsulas, chegou a vez de modernos e imponentes edifícios. Para dar vida e cuidar do seu bem mais precioso.

Vinho e arquitectura são artes que andam de braço dado. A es-colha do terroir, a localização das cepas que colonizam o território e irrompem a sua ordem, que criam espaços de trabalho e de serviço, tem claras conotações arquitectónicas. Conjugando Landart (ligação entre a paisagem e a obra arquitectónica), prestando vassalagem aos lugares históricos seus vizinhos, pintando um novo elemento neste

quadro, alterando-o. A nova arquitectura vinhateira não se abstrai das novas correntes que conjugam arte, desenho e funcionalidade.

Mais de 100 anos depois de Gustav Eiffel, em Jerez de la Frontera, na Real Bodega de la Concha, de Gonçalez Byass, e de Gaudí, em Tarragona, na Quadra de Garraf, de Eusebi Guel, as adegas de autor pulverizam a paisagem de La Rioja, Ribera del Douro e Navarra. Pela mão de Gehry (Herderos Marqués de Riscal), Foster (Portía), Calatrava (Ysios), Moneo (Señorío de Arínzano), Aspiazu (Baigorri), Rogers (Protos), Hadid (Viña Tondonia), Mazières (Viña Real) e Varela (Finca Montepedroso).

Portugal não quis perder este comboio. Siza Vieira colocou a Adega Mayor no mapa desta rota enoturística, onde também surge o seu ar-mazém de estágio e envelhecimento de vinhos, da Quinta do Portal, em

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A D E G A M AY O RC A M P O M A I O R , A L E N T E J Ohttp://adegamayor.pt

Arquitecto: Siza VieiraProprietário: Grupo Delta

A PRIMEIRA ADEGA DE AUTOR PORTUGUESA Campo Maior. terra de café. Foi, precisamente, numa conversa de café entre o comendador Rui Nabeiro, presidente do Grupo Delta, e o arquitecto Álvaro Siza Vieira, Prémio Pritzker de 1992, que nasceu o esboço da Adega Mayor, a primeira adega de autor portuguesa. Custou 8 milhões de euros e foi inaugurada em 2007, na Herdade das Argamassas, em Campo Maior. Dominada pela paisagem bela e incólume da planície alentejana, de volumetria horizontal e caiada, as suas linhas simples exteriores escondem uma complexidade interior onde convivem separadamente produção, armazenamento e local de prova do vinho. Cada um dos três pisos desempenha um papel. A produção está alojada no piso térreo. O laboratório e escritório um nível mais acima. Por último, no topo, a zona social com acesso a um terraço panorâmico a partir do qual se mergulha sobre a vinha e o olival da herdade. Numa espécie de jardim suspenso, vive um painel com assinatura de Siza em que o café, um copo de vinho e uma garrafa se sobrepõem. l

H E R D E R O S D E M A R Q U É S D E R I S C A LE L C I E G O , L A R I O J Awww.marquesderiscal.com

Arquitecto: Frank O. Gehry (priztzer 1989)Proprietário: Herderos Marqués de Riscal

UM CHÂTEAU DE TITÂNIO QUE FLUTUA ENTRE VINHASApós vários pedidos infrutíferos por parte da Herderos de Marqués de Riscal, o arquitecto canadiano Frank O. Gehry aceitou visitar Elciego, pueblo conhecido como o coração dos afamados vinhos Rioja, e cuja história se confunde com a própria história de uma casa com três séculos de vida, fundada em 1858. Com o Prémio Pritzker de 1989, a seu lado, os produtores abriram uma garrafa com o seu ano de nascimento: 1929. Gehry disse sim ao pedido de matrimónio. E os Herderos pagaram cerca de 70 milhões de euros pela construção de um luxuoso hotel-adega. Mergulhado sobre os vinhedos, este arrojado conceito de château, é, nas palavras do seu criador “uma criatura maravilhosa que flutua sobre a vinha”. Com semelhanças de traço ao museu Guggenhein, em Bilbao, o titânio é aqui utilizado com as cores da garrafa de Marqués de Riscal: o cor-de-rosa simboliza o vinho tinto, ouro remete para a rede que envolve a garrafa e prata relembra a cápsula. O vinho junta o melhor de três mundos. Um luxuoso hotel da cadeia Starwood’s Luxury Collection, um spa com a assinatura da Caudalie Vinothérapie SPA e um restaurante exclusivo. É que se vinho e gastronomia são artes inseparáveis, aqui sentam-se à mesa no 3.º andar do hotel, debaixo da coordenação do chefe Francis Paniego, responsável pelo El Portal de Echaurren, na vizinha localidade de Ezcaray, casa familiar que recebeu uma estrela Michelin em 2004. l

Sabrosa, prémio internacional Best Wine Tourism de 2012, e a Quinta de Nápoles, no Douro, assinada pelo austríaco Andreas Burghardt.

Nesta elevadíssima concentração por metro quadrado de Prémios Pritzke, essa espécie de Nobel da Arquitectura, as histórias de namo-ro começaram via mails (Hadid), passaram pela abertura de garrafas (Foster), ou culminaram numa conversa de café (Siza). Um casamen-to entre arquitectos, vinho, propriedade e região com retorno óbvio.

Os antigos lagares de pedra rústica e viga de prensar ficam para re-cordação, dando lugar ao betão, madeira, aço e cristal que caracterizam as novas catedrais.

Apresentamos 10 adegas de 10 arquitectos. 10 postais de formas e sabores. Em Portugal e Espanha. Deixe-se embriagar...pelas vistas. Antes de exaltar os outros sentidos provando, à saída, o vinho que repousa nestes templos do século XXI. l

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A R T E & D E S I G NA D E G A Y S I O SC A M I N O D E L A H O YA , L A G U A R D I A , C A N TÁ B R I Ahttp://www.ysios.com

Arquitecto Santiago CalatravaProprietários: Domecq Bodegas

ONDAS QUE BEIJAM OS PÉS DA SERRA DE CANTÁBRIA Situada na zona mais bela de Rioja Alavesa, em Laguardia, aos pés da serra de Cantábria, emerge a surpreendente silhueta das Bodegas Ysios, cujo nome homenageia Ísis e Osíris, deusas egípcias conectadas com o vinho. Inaugurada em 2001, o grupo Domecq Bodegas concebeu-a para ser a ponta de lança da D.O. Rioja do século XXI. Recebeu o baptismo de “adega de autor”. Um baptismo que se estendeu a Santiago Calatrava que se estreou nesta arte. A cobertura ondulante é o elemento chave. Dialogando com a paisagem, sem lhe roubar protagonismos, o arquitecto valenciano fez com que a sua simetria se encaixa-se tranquilamente com o perfil montanhoso que a envolve. O alumínio utilizado na cobertura contrasta com as lâminas de madeira que envolvem o edifício. As vigas de madeira apoiam-se sobre os muros laterais de betão separados por 26 metros, aportando ligeireza ao conjunto axial que se recorta na paisagem serrana. A incidência de luz solar sobre a cobertura potencia o movimento desejado semelhante à mudança de tonalidade dos vinhedos que envolvem o conjunto. As formas côncovas e convexas, os materiais frios e quentes, resultam num jogo de luzes e numa sensação de movimento. l

A D E G A L Ó P E Z H E R E D I A -V I Ñ A T O N D O N I AH A R O , L A R I O J Awww.lopezdeheredia.com

Arquitecta: Zaha HadidProprietário: López de Heredia Viña Tondonia

UM QUIOSQUE COM MAIS DE 100 ANOS NUMA GARRAFA DO SÉC. XXIO vínculo de Zaha Hadid surgiu do interesse da família Lopez de Heredia em preservar o património familiar, mais concretamente um stand modernista desenhado pelo fundador, D. Rafael López de Heredia y Landeta, usado na Exposição Universal de Bruxelas de 1910. Perdido no tempo, a actual geração de bodegueros quis recuperar esse ícone para comemorar o 125.º aniversário da empresa. Um mail e uma visita à adega, em Haro, na região vinícola de la Rioja, depois, e Zaha Hadid, arquitecta anglo-iraquiana, galardoada com o Pritzker, em 2004, aceitou a encomenda. Hadid projectou um edifício particular, que aloja a zona social: recepção de visitantes, tenda exterior e sala de degustação. Num dos extremos da adega uma original entrada metálica cobre um caprichoso espaço com forma de garrafa, que acolhe o velho quiosque modernista de madeira com um século de antiguidade e que, desta forma, sobrevive à superfície, coberto e protegido. Nas adegas os processos permanecem inalterados. As paredes estão construídas com técnicas que remontam aos romanos. O bulor controla a humidade. E no meio de tudo isto senta-se um Hadid dourado, uma jóia de modernidade e audácia do século XXI dentro de uma adega do século XIX e XX. l

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S E Ñ O R I O D E A R I N Z A N OC I N T R U É N I G O , E S T E L L A , N AVA R R Awww.bodegaschivite.com

Arquitecto: Rafael MorenoProprietário: Grupo Chivite

UM ARCO QUE ABRAÇA A HISTÓRIAUma torre defensiva do século XVI, uma casa senhorial do século XVIII e uma ermida neoclássica do principio do século XIX, são os três elementos que Rafael Moreno decidiu interligar e destacar na sua obra para a família Chivite, um edifício inaugurado pelos Reis de Espanha, em 2002. O arquitecto navarro, Pritzker em 1996, desenhou um projecto no qual um arco abraça as três construções. Sem mexer na original topografia, o senhorio, adquirido pela família Chivite em 1988, está construído nas linhas de um château francês. Localizada em Estella, Navarra, a adega é um claro exemplo que a arquitectura, não isenta de funcionalidade, evoca o processo de elaboração do vinho de forma artística. Um pátio de recepção da uva, seguido de um edifício quadrangular onde esta é prensada, e uma nave enterrada onde são depositadas as barricas. A estrutura desagua numa sala de armazenagem e de prova. l

A D E G A P R O T O SP E Ñ A F I E L , VA L L A D O L I Dwww.bodegasprotos.com

Arquitecto: Richard RogersProprietário: Protos Bodegas Ribera Duero

UM TELHADO AOS PÉS DO CASTELO DE PEÑAFIEL 36 milhões de euros recuperam o pioneirismo de Protos, uma das primeiras adegas de Denominação de Origem, em Peñafiel e uma das primeiras que casou vinho e lugar. Assinada por Richard Rogers, Prémio Pritzer em 2007, um telhado de parabólicas cria um manto cerâmico aos pés da colina onde se ergue o castelo de Peñafiel, berço da Ribera del Duero. Sem ganhar espaço na escala da malha urbana, esconde metade do seu corpo no terreno, partilhando o protagonismo com este testemunho medieval. Através de um túnel a nova Protos liga-se à antiga e primitiva adega escavada debaixo da fortaleza. Um muro de pedra evoca o castelo e saúda a povoação. Recolhe um pátio e marca o início de uma série de arcos de madeira, que com a sua fachada retardada formam um alpendre que actua como chapéu de viseira que baixa a temperatura interior nos dias em que o sol aperta. No pátio, os camiões descarregam os cachos de uvas a um passo da zona coberta, no primeiro piso. A uva é escolhida ao nível do solo, pisada, macerada em cubas, filtrada mais tarde, armazenada em barricas de carvalho, um piso mais abaixo, engarrafada no nível seguinte e adormecida em garrafas verdes na zona mais profunda da adega. Antes de ganharem vida à superfície. l

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A R T E & D E S I G N

B O D E G A S B A I G O R R IE L AT R I U M , S A M A N I E G O , R I O J A E N AVA R R Awww.bodegasbaigorri.com

Arquitecto: Iñaki Aspiazu Proprietário: Jesís Baigorri

UMA CAIXA DE CRISTAL JAPONESA EM SOLO BASCO As adegas Baigorri, que se estendem entre as estradas de Vitória e Logroño, são fruto de um elaborado estudo entre o promotor, Jesís Baigorri e o arquitecto Iñaki Aspiazu. São uma estrutura com traços japoneses erguida num argiloso solo basco que nos remete igualmente para a imagem de uma antiga fortaleza medieval. Mergulhado no subsolo, integra-se em grande parte com a paisagem e insinua-se tão somente ao exterior mediante uma caixa de cristal. Aqui, neste único suspiro de vista, o visitante pode contemplar, por 360º, toda a extensão dos vinhedos riojanos do complexo, assim como a paisagem da serra de Cantábria. Depois, bom depois, mergulha literalmente nesta catedral do vinho. Lá dentro a gravidade dita a lei, governa a actividade da adega, enquanto as vertigens se apoderam do visitante. Abaixo da terra, os diferentes trabalhos na labuta organizam-se em diferentes níveis, numa disposição que para além de funcional resulta didáctica no respeito pelo processo de elaboração do vinho. l

C V N E V I Ñ A R E A LL A G U A R D I A , L O G R O N O www.cvne.com

Arquitecto: Philippe Mazières. Proprietário: CVNE

UMA MODERNA TINA GIGANTE NUMA ADEGA COM UM TESTEMUNHO DE EIFFELO toque arquitectónico está bem patente na adega CVNE Vila Real, localizada em Laguardia, Logrono, na região de Rioja Alavesa, desde o início do século XX. Na nave, o testemunho industrial de Gustav Eiffel, ainda hoje está bem presente. Um século e 40 milhões de investimento depois, a CNVE e o arquitecto francês Philippe Mazières apostaram numa gigantesca tina com 56 metros de diâmetro por 16 de altura, de madeira de cedro roxo vindo do Canadá completada por dois colossais túneis perfurados dentro do outeiro. A tina, verdadeiro coração da adega, alberga a zona onde repousa o vinho. Divide-se em dois pisos. Na parte principal a uva é recepcionada através de originais bolas basculantes, as primeiras em Espanha. O mosto cai por gravidade em depósitos de ácido inoxidável que são elevados por uma grua central que o transporta para os depósitos de fermentação. No segundo piso, seis metros abaixo da principal, está uma original sala de barricas colocadas de forma circular. Mazières diz que a sua obra não é uma simples adega. É um templo. l

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A D E G A P O R T I AG U M I E L D E I Z A N , B U R G O Swww.bodegasportia.com

Arquitecto: Norman FosterProprietário: Grupo Faustino

UM TREVO TRANSPARENTEO Grupo Faustino centrou atenções primeiro na criação de uma obra prima de vinho e só depois chamou o mestre de obras para construir a casa do seu bem mais vanguardistas. O vinho primeiro, a adega depois. E é assim que nasce a Bodega Portia, um parto de mais de 25 milhões de euros realizado por Norman Foster, Prémio Pritzker de 1999. Erguida em Burgos, no coração de la Ribera del Duero, num cenário de filme futurista, tudo ali é pensado. Lógico e Matemático. Produtor e arquitecto concluíram que a verticalidade podia aplicar-se a uma linha horizontal que segue a uva desde o momento em que é depositada, até se transformar em vinho, passando pela fermentação e envelhecimento. Um trevo de três folhas, nascido da terra, aglutina cada uma das fases do processo. Fermentação, criação e envelhecimento na zona mais ventilada com luz filtrada por painéis de policarbonato que dão um tom tinto às salas. No centro, o laboratório de controlo, um big brother que observa meticulosamente tudo o que se processa à sua volta: escritório, a sala de provas, o quiosque de vendas e um restaurante. Tudo dividido por enormes e transparentes vitrinas. Para permitir uma maior aproximação ao mundo do vinho. l

B O D E G A D E L A F I N C A M O N T E P E D R O S ORUEDA, VALLADOLIDhttp://www.martinezbujanda.com/fincamontepedroso/?idc=119

Arquitecto: Francisco VarelaGrupo: Família Martínez Bujanda

UM VINHO DE CASTELA, UMA FAMÍLIA DE RIOJA E UMA ASSINATURA DE LEÃO É a última adega de autor em Espanha. Localizada em Rueda, Valladolid, a Finca Montepedroso, pertence à Família Martínez Bujanda, um grupo centenário original da região de la Rioja, que se expandiu para sudoeste para a comunidade vizinha, depois de ter pisado La Mancha. Francisco Varela, um arquitecto de Leão, junta-se a esta soma de comunidades autonómicas. Inaugurada a 12 de Março, custou 4,5 milhões de euros. Dá abrigo aos vinhos de Rueda, a Denominação de Origem de Castela e Leão, zona

vitivinícola espanhola mais conhecida pelos seus vinhos brancos, los verdejos.O privilégio da localização do edifício, em cima de um planalto de 750 metros de altura, levou Varela a enterrar parcialmente a obra. O que se vê, um edifício baixo, rectangular, transparente e sóbrio, desperta a atenção de quem circula na A-6, via que une Madrid à Corunha.Síntese de vinho, paisagem e adega, o betão e o vidro, com um volume central de tijolo, em homenagem clara às antigas fábricas de Rueda, compõem os materiais desta adega erguida bem perto de uma outra de um outro grupo riojano. Nem mais nem menos que os Herderos del Marqués de Riscal. l

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A R T E & D E S I G N

O D O M Í N I O D O D R A G Ã O C H I N Ê S

M E R C A D O D E A R T E

H Á C I N C O A N O S , A C H I N A N Ã O A PA R E C I A S E Q U E R N A S E S TAT Í S T I C A S D O M E R C A D O M U N D I A L D E A R T E .

N O A N O PA S S A D O S U B I U À P R I M E I R A P O S I Ç Ã O , U LT R A PA S S A N D O O S E S TA D O S U N I D O S D A A M É R I C A ,

Q U E H Á VÁ R I A S D É C A D A S L I D E R AVA M O N E G Ó C I O .

A subida meteórica da China ao primeiro lugar do mercado mundial de Arte é uma vi-ragem histórica que espelha as mudanças na economia

global. A China cresceu 9,2% no ano passado, após uma expansão de 10,4% em

2010, e é hoje a segunda maior economia mundial, à frente de colossos como o Ja-pão, a Alemanha ou o Reino Unido, e atrás apenas dos EUA.

No mercado da arte, a participação da China subiu de 23% para 30% em apenas 12 meses, relegando os EUA para o segundo

lugar, com uma quota de 29%, referem os da-dos do relatório “The International Art Market in 2011: Observations on the Art Trade over 25 Years”, promovido pela Fundação Europeia de Belas Artes.

De acordo com os dados do estudo da fundação, que é também a promotora da Feira

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C A T A R I N A D A P O N T E

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Europeia de Belas Artes (TEFAF), que decorre anualmente na cidade holandesa de Maastri-cht, o Reino Unido, que já fora ultrapassado pela China em 2010, manteve-se no ano pas-sado como o terceiro dos grandes mercados mundiais de Arte, com uma quota de 22%. A França é uma muito distante quarta classifica-da, com 6% de quota.

“Esta foi possivelmente uma das mudan-ças mais fundamentais e importantes dos últimos 50 anos. São números impressio-nantes se pensarmos que, em 2007, a China não aparecia nas estatísticas”, refere Clare McAndrew, economista cultural especializada no mercado de Belas Artes e Artes Decorati-vas, fundadora da Arts Economics e autora do referido estudo.

O gosto dos compradores chinesesPor que tipo de arte se interessam estes novos coleccionadores? Patrick Victorino, consultor de Arte do Extremo Oriente em várias leiloei-ras nacionais e internacionais, explica que os chineses “procuram sobretudo objectos raros, principalmente os que têm marcas imperiais, designadamente, porcelanas, peças em Jade, pintura sobre rolo e pintura contemporâ-nea chinesa com cotação a nível mundial”. Curiosamente, os chineses não se interessam por Companhia das Índias, uma vez que este tipo de porcelana era feita para expor-tação. Já as porcelanas imperiais, fabricadas para o mercado interno chinês, são bastante cobiçadas podendo atingir valores de vários milhões de euros. “Temos por exemplo uma pintura em rolo de 24 metros, que saiu numa leiloeira em Toulouse, França, por 22 milhões de euros e uma pintura contemporânea de Qi Baishi que atingiu os 57 milhões de euros, ultrapassando cotações de Picasso”, refere o consultor.

Luísa Vinhais, sócia do Antiquário Jorge Welsh, especializado em Arte de Expansão Portuguesa, com loja em Lisboa e Londres e participação em várias feiras internacio-nais, contrapõe que nos últimos anos tem aparecido um grupo de chineses interessados em peças de exportação: “Temos até um colec-cionador chinês de porcelana feita na China, mas com cenas europeias”.

Segundo Patrick Victorino, a rota dos compradores chineses passa por Nova Iorque, Paris e Londres, os locais onde existe precisa-mente uma maior concentração de leiloeiras. Em Paris, por exemplo, há cerca de 160 casas leiloeiras.

Nestas cidades organizam-se com regulari-dade semanas asiáticas, onde os compradores têm a oportunidade de assistir a cinco ou seis

leilões em apenas uma semana. Em Londres e em Paris estes eventos ocorrem duas vezes por ano, em Maio e Novembro, enquanto em Paris têm lugar em Junho e Dezembro. Em Nova Iorque acontecem com maior regulari-dade.

Em Portugal contam-se pelos dedos as lei-loeiras existentes. A leiloeira Veritas teve uma taxa de sucesso de cerca de 70% no primeiro leilão Asiático que realizou, no ano passado. De acordo com o proprietário, a peça que atingiu maior valor foi um raro vaso céladon de forma “Hu”, da China, dinastia Qing, arrematada por 50 mil euros. A casa leiloeira prepara-se para realizar o próximo leilão de Arte Asiática no próximo 28 de Novembro.

O que motiva a compra?As motivações de compra dos chineses podem ser variadas, mas de acordo com Patrick Vitorino, 95% dos clientes fazem-no para investimento. “Com o boom da China, que gera cerca de 100 novos milionários por ano, e com a instabilidade da Bolsa e as fortes restrições no mercado imobiliário chinês, a arte acaba por ser um investimen-to atractivo, explica”. Nos últimos anos as peças chinesas têm vindo a valorizar entre 10 e 15% ao ano. Os grandes investidores são sobretudo oriundos de Hong-Kong, Pequim e Xangai.

No mercado português o que existe são intermediários que vêm comprar para depois venderem a milionários, “que só se deslocam no eixo de Nova Iorque, Paris e Londres”. A barreira linguística é sempre um óbice na relação comercial, mas Luísa Vinhais explica que os chineses compradores ou se fazem acompanhar de um tradutor ou falam inglês. Todavia torna-se difícil aprofundar relações e fidelizar clientes. Sem revelar dados esta-tísticos, Luísa confirma que a sua galeria em Londres tem mais afluência que em Lisboa. O antiquário Jorge Welsh já vendeu duas pe-ças de porcelana azul e branca para o Museu de Xangai.

O sector leiloeiro chinês de arte e antigui-dades constituiu o mercado de crescimento mais forte a nível mundial, com um aumento drástico de 177% em 2010 e de 64% no ano passado. De acordo com as projecções de Clare McAndrew, todas as regiões enfrentarão desafios em 2012 e nos anos seguintes: o mercado chinês das artes terá de lidar com alguma agitação e promover um crescimento mais estável a longo prazo; a Europa terá que manter a sua competitividade perante novas regras e custos; e os EUA terão de ultrapassar a perda da liderança para os chineses. l

O S C H I N E S E S N Ã O S E I N T E R E S S A M P O R C O M P A N H I A D A S Í N D I A S . M A S J Á H Á U M A P R O C U R A D E P O R C E L A N A F E I T A N A C H I N A C O M C E N A S E U R O P E I A S .

P R AT O C E N A E U R O P E I A ( C H I N A ) P O R C E L A N A B R A N C A D E C O R A D A A A Z U L S O B

O V I D T R A D O ; D I N A S T I A Q I N G ; D I Â M . 3 3 , 5 C M

C A N E C A D E C O R A D A C O M C E N A E U R O P E I A( C H I N A ) ; P O R C E L A N A D E C O R A D A

C O M E S M A LT E S D A “ F A M Í L I A R O S A” E O U R O ;D I N A S T I A Q I N G ; A LT. 1 1 , 5 C M

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L A Z E R

O T E S O U R O D E M O Ç A M B I Q U E

G O R O N G O S A

O G R U P O P O R T U G U Ê S V I S A B E I R A F O I S E L E C C I O N A D O PA R A R E Q U A L I F I C A R E

A S S E G U R A R A G E S TÃ O D O A C A M PA M E N T O D E S A FA R I S D E C H I T E N G O , A H I S T Ó R I C A

U N I D A D E E C O T U R Í S T I C A D O PA R Q U E N A C I O N A L D A G O R O N G O S A . O R E S U LTA D O É O

N O V O G I R A S S O L G O R O N G O S A L O D G E & S A FA R I .

C A T A R I N A D A P O N T E

O Ministério do Turismo de Moçambique (MITUR) e o Projecto de Restauração da Gorongosa (PRG) seleccionaram o Grupo Visabeira, através da sua

cadeia hoteleira Girassol, para requalificar e assegurar a gestão do Acampamento de Safaris de Chitengo — a histórica unidade ecoturística do paraíso intacto do Parque Nacional da Gorongosa, situado na zona limite sul do Grande Vale do Rift Africano.

A instalação de Chitengo foi encerrada em 1983, devido à guerra civil, e só reabriu em 1995, tendo-se iniciado a sua reabilitação e ampliação pelas mãos do filantropo Greg Carr, que em 2004 criou a Fundação Greg Carr (Carr Foundation) e assinou um memorando de entendimento com o Estado moçambicano com o objectivo de apoiar a recuperação, ma-nutenção e repovoamento do Parque Nacional da Gorongosa, promovendo, simultanea-mente, a melhoria das condições de vida das populações locais.

O desenvolvimento deste projecto concretizou-se na constituição do Projecto de Restauração da Gorongosa (PRG), associ-ação entre o Estado e a Fundação Greg Carr. Foi esta entidade que, em conjunto com o MITUR, seleccionou em Novembro de 2011 o grupo português Visabeira como o parceiro para desenvolver a vertente turística do Parque Nacional da Gorongosa.

Com a entrada do Grupo Visabeira será feito um investimento adicional cujo objectivo é dotar o Parque de todas as facilidades, à seme-

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lhança do que foi feito nos anos 60, permitin-do garantir a qualidade do turismo, a partir do Acampamento de Safaris de Chitengo.

O MITUR e o PRG têm trabalhado em conjunto com o Grupo Visabeira no sentido de desenvolver uma das áreas de maior potencial de desenvolvimento turístico de Moçambique, posicionando o Parque Nacional da Gorongosa como uma das mais importantes e intactas reservas naturais do continente africano e contribuindo para o crescimento económico sustentável local.

A R E Q U A L I F I C A Ç Ã O E G E S TÃ O D O A C A M PA M E N T O D E C H I T E N G O P O R PA R T E D O G R U P O V I S A B E I R A V E I O R E C U P E R A R A A N T I G A G L Ó R I A D O PA R Q U E D A G O R O N G O S A

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L A Z E R

Situado na província de Sofala, o agora rebaptizado Girassol Gorongosa Lodge & Safari, Chitengo conta com acomodações em bungallows e ‘garden rooms’, à qual acresce uma área de campismo e um conjunto de serviços, como restaurante, piscinas, loja de souvenirs, zona infantil, sala de reuniões po-livalente com capacidade para até 80 pessoas, uma vasta rede de picadas para safaris, zonas de passeio e outras actividades turísticas, en-quadradas pela beleza natural e biodiversidade únicas do Parque Natural da Gorongosa. Os 18 quartos dos bungalows standard e os 12 dos bungalows premium estão equipados com rede mosquiteira, casa de banho privativa, ar condicionado, mini-bar e cofre. Possui ainda seis garden rooms, junto da piscina e do res-

taurante e uma área de campismo. O Girassol Gorongosa Lodge&Safari organiza safaris de Abril a Dezembro onde o turista pode visitar a casa dos leões, o miradouro dos hipopóta-mos, as falésias calcárias de Chiringoma, o Lago Urema, as planícies aluviais situadas a noroeste, as cascatas do rio Murombozi, em plena Serra da Gorongoza, excursões à comu-nidade de Vinho e o pôr-do-sol em Bué Maria.

O Lodge oferece serviços de transfer terres-tres e aéreos a partir da Beira e do Chimoio.

O Grupo Visabeira investiu em novas faci-lidades e na reabilitação das existentes, obede-cendo sempre às estritas políticas ecológicas do Parque. O grupo português já tem uma presença forte em Moçambique com outras unidades hoteleiras como o Girassol Bahia

Hotel de Maputo, o Girassol Indy Congress Hotel & Spa (em Maputo – Sommerschield), o Girassol Nampula Hotel (localizado no Edifício Nampula) e o Girassol Lichinga, na capital da província de Niassa.

De acordo com as estatísticas do Ministério do Turismo de Moçambique, o número de visitas ao Parque aumentou 20% em 2010, com as visitas de moçambicanos a subirem 45%. Estes número tendem a aumentar, confirmando o Parque Nacional da Gorongosa como um dos primeiros destinos de ecoturismo em África. Como acontecia nas décadas de 60 e 70, quando as estrelas de cinema e outras celebridades eram presença assídua neste paraíso intacto no coração da África Austral. l

A U N I D A D E T U R Í S T I C A T E M C A PA C I D A D E PA R A 9 0 H Ó S P E D E S . D I S P Õ E D E 1 8 Q U A R T O S E M B U N G A L O W S S TA N D A R D , 1 2 Q U A R T O S E M B U N G A L O W S P R E M I U M , S E I S G A R D E N R O O M S E U M A Á R E A D E C A M P I S M O

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Q U A N D O I RDe Abril e Novembro. Existem cerca de 100Km de terra-batida, vulgo picadas, nas quais se pode observar a flora e a fauna bravia. Não é aconse-lhável ir entre Dezembro e Março, uma vez que as picadas ficam instáveis.

C O M O I R Existem voos directos de Lisboa para Maputo ou Joanesburgo, de onde pode apanhar uma ligação para a Cidade da Beira, que fica apenas a 200km do Parque Nacional da Gorongosa.Se optar pelo carro o depósito deve estar cheio, pois as bombas mais próxi-mas ficam em Inchope, Gondola, Beira, Dondo, Nhamatanda, Chimoio, Caia e Vila da Gorongosa. Pode utilizar a Es-trada Nacional Número 1 de Maputo ou a Estrada Nacional Número 6 da Beira.

C O M O R E S E R VA RMaputo – Nampula – Lichinga – BeiraTEL. (+258) 21 483 100 |Fax (+258) 21 499 [email protected]@visabeira.co.mz

C O N TA C T O SG I R A S S O L G O R O N G O S A L O D G E & S A FA R IParque Nacional da GorongosaEN 1 Beira PO BOX 1983, Sofala – MoçambiqueTel. (+258) 23 535 010 | Fax (+258) 23 535 [email protected]

Na tão querida terra de Mia Couto, aquela que o escri-tor apelidou de “sonâmbula” durante os 16 anos de guerra civil, entre 1976 e 1992, existe um pedaço de 4000 metros quadra-dos de natureza: o Parque da Gorongosa. Em Moçambique, perto da Cidade da Beira, a Gorongosa permaneceu tam-bém moribunda com os efeitos devastadores da guerra que disseminaram cerca de 90% da população animal.O Parque Nacional da Gorongo-sa foi criado em 1960, embora já existisse sob a forma de Reserva de Caça desde 1920. À data

foram inventariados 54 tipos de ecossistemas e planícies aluviais, florestas de miombo e de mon-tanha, maciços rochosos e falé-sias calcárias. De acordo com os primeiros estudos científicos sobre o parque, efectuados pelo sul-africano Kenneth Tinley, no final dos anos 60 existiam 2200 elefantes, 14 mil búfalos, 200 leões, 5500 bois-cavalos, 3000 zebras, 3500 inhacosos, 2000 impalas, 3500 hipopótamos e manadas de centenas de pála-pálas e gondongas. O Acampamento de Safaris de Chitengo foi construído em 1941 e, durante muitos anos, acolheu

os milhares de turistas oriundos de todo o mundo que queriam visitar o Parque. No filme oficial de promoção do Parque, realiza-do em 1961 por Miguel Spiegel, com locução de Fernando Pessa, o acampamento de Chitengo era tido como “o último oásis de conforto e de civilização, com confortáveis acomodações para mais de 100 pessoas que, em pleno mato, podiam fazer a vida de uma grande capital”. l

O ÚLTIMO OÁSIS DE CONFORTO E DE CIVILIZAÇÃO

N U M PA S S A D O R E C E N T E , A G O R O N G O S A C O N T I N H A U M A D A S M A I S D E N S A S P O P U L A Ç Õ E S D E F A U N A B R AV I A D E T O D A A Á F R I C A

L A Z E R

Localizado no coração de Lisboa,

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Localizado no coração de Lisboa,

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F O U R S E A S O N S H O T E L R I T Z L I S B O N ,

R U A R O D R I G O D A F O N S E C A , 8 8 , L I S B O N 1 0 9 9 - 0 3 9

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L A Z E R

O S M E L H O R E S R E S T A U R A N T E S

D O M U N D O

O S A M A N T E S D A B O A C O M I D A C O M E M E M Q U A L Q U E R B O M R E S TA U R A N T E . O S

A PA I X O N A D O S P E L A C U L I N Á R I A I N O VA D O R A P R O C U R A M E X P E R I Ê N C I A S N O S M E L H O R E S

D O P L A N E TA . T O D O S O S A N O S , 8 0 0 E S P E C I A L I S TA S D E T O D O O M U N D O S E L E C C I O N A M

O S M A I O R E S T E M P L O S D A G A S T R O N O M I A . O S R E S U LTA D O S S Ã O P U B L I C A D O S N A M E L H O R

R E V I S TA D A E S P E C I A L I D A D E , A B R I TÂ N I C A “ R E S TA U R A N T M A G A Z I N E ” , U M A B Í B L I A PA R A O S

C O M E N S A I S Q U E P R O C U R A M R E Q U I N T E E G R A N D E S S U R P R E S A S .

C O N H E Ç A O S O I T O M E L H O R E S D E 2 0 1 2 .

J O Ã O B É N A R D G A R C I A

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N O M A

O LABORATÓRIO GASTRONÓMICO ONDE SE FAZ FILA PARA COMERC ATA M D E T U D O O Q U E A N AT U R E Z A L H E S D Á E M E S TA D O S E LVA G E M . D E P O I S VÃ O PA R A A C O Z I N H A F A Z E R E X P E R I Ê N C I A S . O R E S U LTA D O É … B R U TA L

É num antigo armazém com decoração despojada, na zona portuária do centro de Copenhaga, capital da Dinamarca,

que existe o restaurante mais “odiado” do mundo. Não pelos clientes, que fazem fila para conseguirem uma reserva. Também não pelos críticos de gastronomia, que vibram encanta-dos com a criatividade da cozinha naturalista liderada pelo chef responsável. Quem o “odeia” mesmo são os concorrentes. Os que andam há três anos consecutivos a tentar, e não conseguem, destroná-lo do título de Melhor do Mundo. O restaurante é o Noma, um duas estrelas Michelin desde 2008. O chef é o ir-requieto René Redzepi, que fundou o espaço com Claus Meyer. As especialidades servidas são um exercício de reinvenção e afirmação da cozinha tradicional nórdica, que tão convicta está das suas qualidades que rejeita tudo o que soe a culinária mediterrânea. Azeite e tomate, por exemplo, tal como outros produtos-chave

da cozinha típica da Europa do sul, não entram. Então entra o quê? Entra tudo o que Redzepi conseguir apanhar de fresco nas florestas ao re-dor de Copenhaga: cogumelos, bagas silvestres, ervas selvagens... Ou os melhores produtos da época que consiga comprar no mercado e na lota da cidade, tais como mexilhões do mar do Norte, caranguejos, lagostins das Ilhas Faroé, Alabote, salmão selvagem, bacalhau fresco, algas, coalhada islandesa e água pura potável da Gronelândia. Compilados os ingredientes, eis que é chegado o momento de happening que torna o Noma único no mundo: a confecção e a apresentação dos pratos, uma explosão de experimentalismo no laboratório artístico-culinário liderado com mestria pelo chef René Redzepi. Possui na garrafeira uma fantástica selecção de vinhos franceses lado a lado com dois néctares portugueses de elevada quali-dade: Quinta de Vargellas Vintage Port Taylor´s de 1991 e de 1995. l

C O P E N H A G A , D I N A M A R C APreços médios: entre 80 e 250 euros por pessoa (variam consoante os menus escolhidos)Reservas: 00 45 3296 3297 | [email protected] - só dias de semana, das 10h00 às 14h00Encerra: domingos e segundas-feiras

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E L C E L L E R D E C A N R O C A

CULINÁRIA SENSORIAL PENSADA AO RITMO DAS ESTAÇÕESS E L H E S E R V I R E M U M A S O B R E M E S A C O M O C H E I R O D O S E U P E R F U M E F AV O R I T O N Ã O E S T R A N H E : É M A I S U M A I D E I A S A Í D A D A C A B E Ç A D O C H E F J O R D I

Se chegar a Girona, na Catalunha, em Espanha, com a ideia de comer uma simples refeição no restaurante El

Celler de Can Roca desengane-se. O muito que vai conseguir é mesmo uma experiência gastronómica sensorial e única numa mun-dialmente reconhecida e rotulada “cozinha de sabores”, pensada ao ritmo do que as estações dão. Os próprios donos, os três irmãos Roca, assumem: “o nosso objectivo é fazermos felizes quem nos visita”. E espalham feli-cidade com uma paleta variada de sabores e cheiros exalados das receitas de cozinha tradicional espanhola, onde reinam a carne de porco e os citrinos. Joan é o chef, Josep o

sommelier e Jordi, o criativo e audaz chef da pastelaria, responsável pelas sobremesas mais inusitadas, inspiradas nos odores dos melhores perfumes do mundo. A ideia de abrir este restaurante, que se tornou templo da gastronomia mundial – e um ícone da culinária ibérica – surgiu em 1986. Em 1995 ganhou a sua primeira estrela Michelin e, desde então, os irmãos não têm parado de se reinventar: estudam incansavelmente e, manipulando constantemente os detalhes, tentam surpreender com novas propostas de pratos e sobremesas e até já criaram um perfume – Lemon - que comercializam na loja do restaurante e online. l

G I R O N A , E S PA N H APreços médios: 135 euros (menu degustação) 165 euros (menu festival)Reservas: 00 34 972 222 157 [email protected]: domingos e segundas-feiras

L A Z E R

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L A Z E R

O melhor de São Paulo. O melhor do Brasil. O quarto melhor a nível mundial. No D.O.M. (sigla composta pelas iniciais

das palavras latinas Deo, Optimus e Maximus) manda o rebelde e ex-punk chef Alex Atala, de origem palestiniana, que na juventude foi DJ, modelo de moda, pintou paredes na Bélgica para sobreviver, fez cursos de culinária e vagueou pela Europa e com uma mochila às costas. Dessa rica experiência colheu inspiração

no vanguardismo da cozinha espanhola, mas também no requinte da culinária francesa, a que juntou a miscelânea de ingredientes nacionais e técnicas ancestrais da cozinha brasileira, muitas delas ocultas e oriundas da selva amazónica. Atala é um acérrimo defensor e “descobridor” da culinária amazónica, em especial da cozinha de Belém do Pará. A fama da sua cozinha exótica foi conquistada com a combinação de pratos e o recurso a produtos locais como óleo de pequi,

tapioca, mandioquinha ou priprioca, a raiz de uma planta usada como perfume afrodisíaco pelas índias, aroma que reposicionou na confecção de pratos e no mapa da gastronomia mundial. Com esta descrição não se julgue porém que o D.O.M. é apenas um restaurante de comida típica brasileira. Nada disso. Estamos antes a falar de uma explosiva revolução gastronómica que mistura tradição com cozinha de fusão e doses múltiplas de requinte internacional. l

M U G A R I T Z

A COZINHA CIENTÍFICA E LÚDICA ONDE NADA É O QUE PARECEO C H E F É C O N S I D E R A D O G E N I A L . C O M E R O S S E U S P R AT O S É U M A E X P E R I Ê N C I A D O O U T R O M U N D O C O M F L O R E S E M Ú S I C A A P R E C E I T O .

Os críticos gastronómicos são quase unânimes quando atribuem ao

Mugaritz os epítetos de “difícil” e “erudito”. Os títulos parecem assentar que nem luvas a este restaurante basco, perdido no meio de um campo onde as ovelhas pastam languidamente, que o chef Andoni Aduriz transformou num complexo laboratório culinário lúdico. E foi essa complexificação dos métodos de literalmente “fazer comida” que conferiram ao chef-cientista a categoria de “génio”. Não é para menos, senão vejamos: pedras comestíveis que afinal são batatas saborosas de elevada qualidade. Papel, que mais não é do que pão com azeitonas. Melância molecularmente transformada que fica com aspecto de carne adocicada. Doces que borbulham

como bolas de sabão. E isto para a magia da comida… porque para os métodos de preparo também tem os seus truques secretos: um deles, carvão feito a partir de caroços de azeitonas, é digno de entusiasmar qualquer cientista. Poderíamos ficar o resto do artigo a descrever as constantes ideias geniais do mundialmente idolatrado Aduriz, mas o melhor é mesmo sugerir ao leitor uma visita ao longínquo Mugaritz, que tem o formato de uma pequena cabana perdida no meio das colinas verdejantes do País Basco e onde os pratos são acompanhados com flores e por músicas próprias. A cozinha pode ser visitada e nada é escondido aos comensais: lá se pode ter uma lição de culinária avant-garde e aprender de forma interdisciplinar a interacção entre ciência e culinária. l

S A N S E B A S T I Á N ( D O N O S T I A ) , PA Í S B A S C O , E S PA N H APreços médios: muito variáveis (não tem ementa); tudo é recolhido no dia.Reservas: 00 34 943518343 | 943 522 [email protected]: Domingos ao jantar, segundas e terças-feiras ao almoço

D . O . M .

MISCELÂNEA GOSTOSA DE SABORES OCULTOS DA FLORESTAI M A G I N E O R E Q U I N T E D A G A S T R O N O M I A E U R O P E I A C A S A D A C O M P R O D U T O S D E S C O N H E C I D O S E E X Ó T I C O S D A S E LVA A M A Z Ó N I C A …

J A R D I N S , S ÃO PA U L O , B R A S I LPreços médios: podem variar – o menu degustação com oito pratos, queijo e duas sobremesas pode ficar em 155 euros por pessoa (sem bebidas)Reservas: 00 55 1130880761 | [email protected]: Domingos

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O S T E R I A F R A N C E S C A N A

O CHEF QUE ASSUME UMA GASTRONOMIADE EVOLUÇÃO, NÃO DE REVOLUÇÃOO O S T E R I A É O S U P R A- S U M O D A S Í N T E S E : D A C O Z I N H A M O L E C U L A R C O M A G A S T R O N O M I A I TA L I A N A E O R E Q U I N T E D A C U L I N Á R I A F R A N C E S A

O quinto melhor restaurante do mundo fica escondido num edifício antigo de uma típica rua do centro histórico da cidade italiana de Modena e foi, em 2009, uma das entradas mais

meteóricas na lista dos 50 Melhores Restaurantes do mundo. Ocupou o 13º lugar logo na estreia e no ano seguinte saltou para a 6ª posição. Foi 4º em 2011 e este ano 5º, cedendo a posição ao D.O.M., do chef Alex Atala, amigo de Massimo Bottura, o responsável supremo pelas criações do Osteria Francescana. Esta pérola da culinária italiana existe desde 1995, ostenta duas estrelas Michelin e é o resultado do trabalho de um chef que deu os primeiros passos na sofisticação da nouvelle cuisine francesa no restaurante Le Louis XV, no Mónaco. Bottura soube evoluir depois para uma culinária mais sofisticada, criativa e molecular, muito

por culpa dos ensinamentos que absorveu no restaurante espanhol El Bulli. A lição que aprendeu com o mítico chef Ferrán Adriá resultou no “casamento” da cozinha molecular com produtos italianos, numa genial reinvenção de pratos que conservam inúmeros segredos gastronómicos da região de Emília Romagna, uma das mais ricas de Itália, terra natal de Lamborghinis, Ferraris, Ducatis e Maseratis. Deixamos apenas um

apontamento para excitar o palato de quem possa querer testar a cozinha avant-garde do Osteria: a entrada que o chef Massimo Bottura criou com a mistura de queijos Parmigiano Reggiano de cinco diferentes idades, que resultam em diferentes texturas, temperaturas e sabores ou as suas famosas “batatas que sonhavam ser uma trufa”. Um desafio irónico ao paladar e à imaginação. l

S A N S E B A S T I Á N ( D O N O S T I A ) , PA Í S B A S C O , E S PA N H APreços médios: menu degustação com preço médio de 180 euros por pessoa (sem bebida) + I.V.A.Reservas: 0034 943 278465 | [email protected]: domingos e segundas-feiras e de 4 a 28 de Novembro

A R Z A K

O CLÃ FAMILIAR QUE LIDERA O COLOSSO DA CULINÁRIA BASCAA O S 7 0 A N O S , J U A N A R Z A K C O N T I N U A A M E R G U L H A R N O S B O S Q U E S À P R O C U R A D E E R VA S E F R U T O S . N Ã O E X C L U I P R O D U T O S . U S A- O S T O D O S , D E S D E Q U E T E N H A M Q U A L I D A D E .

Cozinha contemporânea assumidamente basca. Sem complexos. É assim

que a vê e vende o basco Juan Mari Arzak, o septuagenário chef que lidera a confecção dos pratos no Arzak e é um dos país da nueva cocina espanhola. Este “colosso da gastronomia” ibérica que governa o seu restaurante em San Sebastián, no País Basco, pratica uma gastronomia inspirada no experimentalismo e na contínua criatividade. Por isso não é de estranhar que pelas bancadas do seu “laboratório”

passem travessas com tapas e bocados acompanhados com espumas, nitrogénio líquido, alimentos molecularmente modificados ou com artefactos de pirotecnia prontos a “explodir”. É essa capacidade de evolução e a procura de constante inovação que o colocam na vanguarda da cozinha de autor. Para Arzak o mais importante é ter bons produtos, olhar para a boa cozinha tradicional e, a partir da conjugação de tudo, fazer bons e renovados pratos. Pratica assumidamente uma cozinha exclusiva de autor,

M O D E N A , I TÁ L I APreços médios: os menus degustação variam entre 60 e 160 euros por pessoaReservas: 00 39 059 210118 [email protected]: sábados ao almoço e domingos

L A Z E R

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sem fusão de estilos. Procura nos bosques do País Basco as ervas e os frutos que aplica na combinação dos pratos. É um acérrimo defensor da castanha, produto de que usa e abusa nas suas criações e a que chama “mágica”. A seu lado, Juan tem sucessora garantida: chama-se Elena Arzak, tem 43 anos e foi eleita em 2012, também pela Restaurant Magazine, a melhor mulher chef do mundo”, reconhecimento que aceitou

em nome das mulheres da sua casa: a mãe Maite, a tia Serafina e a avó Paquita. Afirma que todas juntas contribuíram para colocar o centenário Arzak no Top Ten dos melhores do planeta. E jura sentir-se mais “cozinheira” do que “chef”, embora ostente na lapela as estrelas Michelin. l

A L I N E A

QUANDO COMER É UMA AUTÊNTICA MARATONA DEGUSTATIVAA D E C O R A Ç Ã O É M I N I M A L I S TA PA R A N Ã O D I S T R A I R D O E S S E N C I A L : A C O M I D A . E S S A , É A R T Í S T I C A , S U R P R E E N D E N T E E E X P E R I M E N TA L

Para a conceituada Restaurant Magazine o Alinea é em 2012 o sétimo melhor do mundo. Para a igualmente conceituada

Elite Traveler Magazine foi considerado o melhor de todos em 2010. Para o prestigi-ado Guia Michelin foi eleito em 2010 um dos dois melhores restaurantes de Chicago e galardoado à cabeça com três estrelas. O máximo estrelato possível. Conta quem já experimentou a cozinha do jovem chef Grant Achatz que comer no Alinea é mesmo uma experiência única. Única pelas quatro horas que demora a degustação. Única pelos dezasseis pratos (ou melhor, micro pratos) de gastronomia experimental que compõem a

“maratona” alimentar. O ambiente é sóbrio, pois não pode haver espaço para distracções. Aqui, pelos vistos, reina a estética da comida, não a decoração. As pequenas entradas que se comem de uma só colherada, ou garfada, chegam à mesa com texturas contrastantes; os sabores opõem-se harmoniosamente; as temperaturas no mesmo prato oscilam entre o quente e o frio e a dos pratos fumegantes é sempre uma incógnita. Em tudo as cores surpreendem-nos. O que esperar de um res-taurante onde o chef é capaz de “casar” pratos requintados com sabores de pastilha elástica ou até com pipocas liquefeitas caramelizadas gourmet? Tudo! l

C H I C A G O , E U APreços médios: entre 115 a 770 euros por pessoa, com vinho (antes da gorjeta)Reservas: 01 312-867-0110 [email protected]: segundas e terças-feiras e nos restantes dias à hora do almoço

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V I L A J O Y APequeno paraíso com extravagâncias gourmet

Foi graças ao intenso e dedicado trabalho do austríaco Dieter Koschina que o restaurante Vila Joya conquistou as duas estrelas Michelin. O mesmo esforço foi brindado em 2012 com uma entrada para o 45º lugar na lista dos

50 Melhores Restaurantes do Mundo. A cozinha de Koschina combina de forma equilibrada as técnicas culinárias do norte da Europa com apontamentos ricos da cozinha mediterrânea. É por isso que são servidos com o mesmo requinte alcachofras e trufas negras, ou fígado de ganso assado com puré de brócolos, ou enguias fumadas, ou ainda pratos renovados de bacalhau. Todos os anos um badalado festival gastronómico (intitulado Tribute to Claudia), uma verdadeira extravagância gourmet, agrega neste paraíso com vista para o mar a casta dos maiores chefs da cozinha mundial. Além do magnífico restaurante, o Vila Joya ganhou em 2012 o prémio “World Travel Awards” na categoria de Melhor Boutique Resort Hotel da Europa. Esta é a sexta estatueta conquistada nesta categoria . l

P E R S E

PRATOS ARTÍSTICOS E SUPER-LUXO COM VISTA PARA O CENTRAL PARKU M R E S TA U R A N T E T Í P I C O D O N O V O M U N D O : A Q U I S E C O N J U G A O R E Q U I N T E D A V E L H A E U R O PA C O M A O P U L Ê N C I A D A J O V E M A M É R I C A

As três estrelas Michelin conquis-tadas pelo restaurante Per Se são o reflexo do culto do luxo

culinário ansiado pelos americanos, na sua maioria copiado da grandiosidade da culinária europeia… mas isso não passa de um pormenor. O espaço criado em Fevereiro de 2004 pelo afamado chef Thomas Keller – também dono do requintado californiano The French Laundry – sempre foi considerado muito bom, mas nos últimos dois anos tornou-se excelente ao conseguir, sob a alçada do chef Eli Kaimeh, fazer a síntese entre a arte culinária, a teatralidade e um serviço exclusivo. Tão exclusivo, que até os críticos de gastronomia o desacon-selham a quem procura refeições de negócios ou a comensais apressados. Avisam-nos mesmo que se devem sentar à mesa com a noção de que por lá vão ficar nas próximas quatro ou cinco horas. É basicamente o local ideal para

os apaixonados sem noção do tempo a passar. Isto se se quiserem deleitar com os aromas, sabores e ritmos lentos dos menus degustação. Ostras e esturjões de caviar servidos em loiça de Limoges a abrir uma refeição soam tão bem quanto uma massagem com óleos a disfrutar um intenso pôr-do-sol no Central Park – diz quem por lá já passou e pôde ex-perimentar menus de cozinha molecular confeccionados com produtos orgânicos comprados a produtores certificados. A prova de que o Per Se é mesmo o melhor de Nova Iorque é que nenhum restaurante na cidade consegue como ele convencer os clientes a pagarem facturas de centenas e centenas de dólares por comida e bebida. lN O VA I O R Q U E , E U APreços médios: entre 230 e 385 euros por pessoa (antes da gorjeta)Reservas: 01 212 823 9335 | entre as 10 e as 18 horas www.perseny.comEncerra: segundas a quintas-feiras

A L B U F E I R A , A L G A R V E , P O R T U G A LPreços: em média mais de 60 euros por pessoaReservas: 00351 289 591 795 | [email protected] I www.vilajoya.comEncerra: aberto todos os dias

DR

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L A Z E R

U M AE X P E R I Ê N C I A

D E S E I S E S T R E L A S

H O T E L S A I N T A N D R E W S

* * * * * *

C A T A R I N A D A P O N T E

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I N S P I R A D O S N O S C A S T E L O S E S C O C E S E S , O H O T E L D E S A I N T A N D R E W S D I S P Õ E

D E A P E N A S O N Z E L U X U O S A S E E X C L U S I VA S S U Í T E S E D E U M S E R V I Ç O Q U E

R E I N V E N TA O S E N T I D O D A PA L AV R A B R A S I L E I R A M O R D O M I A .

Localizado no coração da cidade de Gramado, o Hotel Saint Andrews é uma referência no Brasil no que respeita a luxo e sofisticação. Inaugurado em Dezembro de 2010, a sua arquitectura de traços clássicos teve como inspiração os castelos medievais da região de Saint Andrews, na Escócia, que lhe serviu de inspiração para o baptismo.

A experiência neste hotel de 6 estrelas inicia-se ainda no aeroporto de Porto Alegre, onde um motorista nos espera num luxuoso carro, para nos levar até

ao hotel, numa viagem que demora cerca de uma hora e meia ao som de música clássica. O requinte começa na estrada.

Já em Gramado, somos surpreendidos por toda a envolvente do Saint Andrews, perfeitamente enquadrada numa arrebatadora paisagem sob o Vale do Quilombo, com montanhas repletas de araucárias. O extenso jardim, desenhado pelo arquitecto paisagista Marcelo Novaes, completa este postal ilustrado, como se de uma pintura naturalista se tratasse.

À entrada, espera-nos uma taça de champanhe e toda a simpatia de uma equipa de profissionais que têm como missão tornar a estadia dos hóspedes inesquecível.

O requinte na decoração do Saint Andrews está presente em todos os pormenores, desde os papéis de parede, ao mobiliário, passando por alguns objectos de arte, até à selecção dos materiais utilizados no interior do hotel. O lobby é integralmente revestido a mármore Castanho Imperador,

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com uma mesa de centro que ostenta um arranjo de flores naturais e um lustre de Cristal checo. As onze suítes do Saint Andrews são temáticas, aludindo a pedras preciosas: Jade, Pérola, Esmeralda, Granada, Topázio, Turquesa, Ónix, Rubi, Âmbar, Cristal e Diamante. O ambiente é personalizado de acordo com a pedra preciosa que empresta o nome a cada suíte e marcado por apontamentos revivalistas, como namoradeiras ou escrivaninhas, lustres e dosséis, que tornam a estadia ainda mais envolvente.

O hotel disponibiliza computadores com acesso à internet para que o hóspede possa descarregar conteúdos para os televisores de Led, cujo som é reproduzido por home teathers da Bowers & Wilkins. Tecnologia de ponta a par com o requinte e tradição.

O ex-libris do Saint Andrews é a suíte

Diamante. Integrando uma sala de estar, dois amplos terraços, um com vista para o jardim e lago do hotel e outro para o Vale do Quilombo, closets para homem e senhora e casas de banho com mármore italiano e banheira de hidromassagem, em todo o ambiente se respira luxo. Quem tiver o privilégio de ficar nesta suíte tem ainda à sua disposição um mordomo exclusivo 24 horas por dia.

Todas as suítes têm amenitie L’Occitane, lençóis Trussardi de algodão egípcio de 600 fios com estampagem exclusiva, camas King Size – excepto a Topázio e Rubi que têm camas duplas. Uma diária custa entre 600 e os 1500 euros da suite Diamante.

Fora das suítes, podemos desfrutar de espaços como a adega, a biblioteca, as salas de leitura e de estar e o spa e uma piscina coberta e climatizada inspirada nas termas romanas.

Se a localização, o serviço de excelência e as acomodações já são em si uma experiência, quando passamos para a oferta gastronómica, os sentidos ficam ainda mais apurados. A chef Marina Fontes é a responsável por uma ementa sofisticada inspirada na cozinha internacional e assente em ingredientes mediterrâneos e biológicos, mas reserva também algumas surpresas de acordo com o gosto individual de cada convidado.

Os hóspedes têm a oportunidade de degustar estas iguarias numa requintada sala, num coreto no jardim ou na Adega Gourmet. O escanção Gustavo Bertolucci coloca à disposição preciosidades como Chateau Mouton Rothschild, Charmes Chambetain Grand Cru, Brunello Di Montalcino, entre outros. l

O L O B B Y É I N T E G R A L M E N T E R E V E S T I D O A M Á R M O R E C A S T A N H O I M P E R A D O R , C O M U M A M E S A D E C E N T R O Q U E O S T E N T A U M V I S T O S O A R R A N J O D E F L O R E S N A T U R A I S E U M L U S T R E D E C R I S T A L D E C H E C O .

GRAMADO A CAPITAL DO CHOCOLATEGramado é o terceiro destino turístico mais desejado do Brasil. No coração da Serra gaúcha, no estado do Rio Grande do Sul, destaca-se pela beleza da sua flora, em especial das suas hortências. A passagem das quatro estações do ano proporciona verdadeiros espectáculos da natureza. A hospitalidade, gastronomia, as compras e a imponente arquitectura justificam uma visita. E se é fanático por doces, não há lugar no mundo melhor para se estar do que na“ capital do chocolate”.Entre os vários atractivos e pontos turísticos do município destacam-se as igrejas do Relógio e de São Pedro, a Prefeitura Municipal, um cartão postal de Gramado e exemplo típico da arquitectura local de forte inspiração ale-mã, o Lago Negro e os museus Medieval, onde o visitante pode encontrar

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L A Z E R

E M C I M A E N T R E A S C O M O D I D A D E S O F E R E C I D A S P E L O S A I N T A N D R E W S D E S TA Q U E PA R A A A D E G A , S PA , P I S C I N A C L I M AT I Z A D A E S U Í T E S C O M B A N H E I R A D E H I D R O M A S S A G E M

À E S Q U E R D A A P E N A S A U M A H O R A E M E I A D E D I S TÂ N C I A E N C O N T R A -S E P O R T O A L E G R E , A C A P I TA L D E R I O G R A N D E D O S U L , C O N S I D E R A D A A M A I S V E R D E D O PA Í S

brasões, armas, espadas, armaduras, mapas e pinturas medievais, do Au-tomóvel, com exposição de carros e motas antigas e do Chocolate.Localizado no meio da serra gaúcha, o jardim zoológico simula um habi-tat natural numa área de mais de 20 hectares, abrigando mais de 1200 animais, exemplares exclusivos da fauna brasileira. Para as crianças. o Mini Mundo, representa a fantasia de uma cidade em miniatura e a Al-deia do Papai Noel.O Gramado Golf Club, considerado um dos mais belos campos de golfe do Brasil, e o kartódromo são paragens obrigatórias para os desportistas.O Festival de Cinema, que decorre em Agosto, e a Festa da Colônia, uma das mais tradicionais e divertidas festas de Gramado entre os meses de

Abril/Maio são dois dos eventos mais mediáticos desta cidade.Apenas a uma hora e meia de carro (110 Km) de Gramado, encontra-se a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, fundada em 1722 por casais portugueses açorianos. É uma cidade multicultural, com edifícios de traça europeia, museus e centros culturais. Respira-se teatro, música, literatura, cinema e artes plásticas. Para quem é adepto da natureza, está no sítio certo, Porto Alegre é a capital brasileira mais verde. Nas ruas há uma árvore por cada habitante, cerca de 580 praças urbanizadas e in-úmeros parques. Porto Alegre é também um óptimo sítio para se fazer compras, quer em centros comerciais, quer em lojas de rua de bairros re-quintados. O calçado é o ponto forte da cidade. l

www.saintandrews.com.br/www.portoalegre.rs.gov.br/turismowww.gramado.rs.gov.br

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S H O P P I N G

E L A

V E R C O M E S T I L OÓculos de sol da MaxMara para os dias de Inverno mais soalheiros. Um acessório a não perder!

PA R A U M A N O I T E E S P E C I A L Uma jóia discreta e elegante para a noite. O anel Liens, da Chaumet, é em cerâmica preta, ouro branco e diamantes.

D O C E S M O M E N T O SCaixa com uma selecção de alguns dos melhores produtos Arcádia.

U M C L Á S S I C O S E M P R E N A M O D A Lenço da Burberry da nova colecção Outono/Inverno 2012. O toque essencial para qualquer ocasião.

R E L Ó G I O C O M ‘ S TAT U S ’ A marca de relógios ONE acaba de lançar os relógios “GLITTER” a pensar em mulheres sofisticadas. A colecção está disponível em quatro versões: preto, castanho, madre pérola e castanha com cronógrafo.

A L E G R I A PA R A O I N V E R N OCarteira colorida da nova colecção Furla. Ideal para transportar todos os segredos femininos.

E S C R I TA C O M R E Q U I N T EUma edição especial da Montblanc dedicada à Princesa Grace Kelly do Mónaco. A caneta tem acabamentos plaqueados a ouro tom de champanhe, clip com topázio rosa em corte pétala e os anéis da tampa e corpo da caneta apresentam uma fina gravação de losangos, inspirados no brasão do Principado do Mónaco.

PA R A O O U T O N O / I N V E R N O D E

2 0 1 2 , A P R É M I O S U G E R E A L G U N S

‘ M U S T H AV E ’ I M P R E S C I N D Í V E I S

PA R A A M U L H E R ‘ T R E N D Y- C H I C ’

D O S N O S S O S D I A S .

P R ÁT I C A S E E L E G A N T E S Bota de cano alto em pele preta da marca Gucci para os dias mais frios.

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T E M P O R A D A D E I N V E R N OA casa Chopard sugere para esta temporada um conjunto para jogar gamão, o Backgammon Set. Uma alternativa requintada para os seus jogos de Inverno.

AT R E VA - S E !A Smart e-bike é um pecado irresistível para os amantes deste meio de transporte. Uma fusão irresistível entre a motorizada eléctrica e a bicicleta.

“ M I M I N H O ” PA R A O S H O M E N SCapa em pele castanha para ‘tablet’ da Hackett London. O acessório ideal para o homem de negócios.

PA R A T O D A S A S O C A S I Õ E S Botões de punho em prata 925 polida e escovada e ébano é a sugestão para esta estação da Oficina de Joalharia Alexandra Corte-Real.

‘ D E S I G N ’ M O D E R N O E I N O VA D ONo ano em que comemora 40 anos, a cerveja Sagres lança no mercado a primeira mini em garrafa de alumínio, que permite refrescar mais rapidamente a cerveja e que brilha quando exposta a luz negra.

FUTEBOL COM ESTILO Uma bola de futebol em fibra de carbono da Alfred Dunhill. Reúna os amigos ao fim de semana e desafie-os para um jogo em grande estilo.

C O N V I D AT I V O E D I S TA N T E “Santal Massoia” é a 10ª fragância da colecção Hermessence da Hermès. O frasco do perfume tem uma sela costurada em pele tal como todos as outras fragâncias da colecção, simbolizando a variedade de peles na Casa Hermès.

A R T E D E V I A J A RMaleiro e viajante, Gaston-Louis Vuitton, neto de Louis Vuitton, constituiu ao longo da sua vida uma colecção única de 3000 etiquetas de hotel. Exóticas, poéticas, divertidas, mais de 1000 etiquetas desta fabulosa colecção são apresentadas pela primeira vez.

PA R A O S H O M E N S Q U E G O S TA M

D E S E G U I R A S T E N D Ê N C I A S , A

P R É M I O S U G E R E A L G U N S L U X O S

A O S Q U A I S N Ã O VA I F I C A R

I N D I F E R E N T E .

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R E G R E S S O A O S G O O D O L D T I M E S

A S T O N M A R T I N V A N T A G E R O A D S T E R V 1 2

A A S T O N M A R T I N PA S S A R Á A I N T E G R A R A L I S TA D A S M Í T I C A S M A R C A S D E

A U T O M Ó V E I S C O M 1 0 0 A N O S , A PA R T I R D O P R Ó X I M O A N O . A N T E C I PA N D O A

E F E M É R I D E , A M A R C A D E WA R W I C K R E C U P E R O U O E S P Í R I T O D O S G O O D O L D

T I M E S , C O M O L A N Ç A M E N T O D O V 1 2 VA N TA G E R O A D S T E R .

Á L V A R O D E M E N D O N Ç A

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Logo à partida, qualquer Aston Martin remete-nos para uma dessas míticas marcas de super carros, onde a tradição desportiva e o comportamento em estrada se fazem pagar muito bem. Vendido em Portugal apenas por encomenda, e com um preço base de 256 904 euros, a que é preciso somar mais algumas dezenas de milhar para extras e detalhes personalizados, o novo V12

Vantage Roadseter é um dos mais exclusivos automóveis do mundo.É também o mais potente dos Vantage descapotáveis. Será produzido em edição limitada, com os interiores fabricados artesanalmente à mão.Tecnicamente, o Roadster mantém as mesmas soluções que o Vantage Coupé, com o motor atmosférico V12 de 6.0 litros a garantir 517 Cv de potência e um musculado binário de 570 Nm, associado a

uma caixa manual de seis velocidades. Dotados destes atributos, o Vantage Roadster V12 atinge os 100Km/h nuns impressionantes 4,5 segundos e uma velocidade de ponta de 305Km/h. É o mais potente e o mais rápido Aston Martins Vantage Roadster de sempre.Apesar de partilhar muitas das especificações com o Coupé, o Roadster tem alguns elementos específicos. A entrada de ar dianteira é mais baixa o portão da mala traseira teve de ser redesenhado. A suspensão e algumas afinações do chassis também foram reajustadas, para melhorar o comportamento dinâmico e atender às especificidades próprias de um roadster. A asa traseira é mais pronunciada que no coupé.Destaque ainda para o botão Sport, que uma vez pressionado aumenta a resposta do acelerador e do som do motor, ao mesmo tempo que reforça as acelerações. l

A S T O N M A R T I N VA N TA G E R OA D S T E R V 1 2

DIMENSÕES Comprimento: 4382mmLargura: 2022mm Altura: 1256mmEntre-eixos: 2600mm

MOTORV12, 5935cm3Atmosférico

CAIXAManual de seis velocidades

POTÊNCIA MÁXIMA517Cv às 6.500rpm

BINÁRIO MÁXIMO570Nm a 5.750rpm

ACELERAÇÃO (0-100Km/h)4,5 segundos

VELOCIDADE MÁXIMA305km/h

PREÇO256 904 euros

É O M A I S P O T E N T E E O M A I S R Á P I D O A S T O N M A R T I N S V A N T A G E R O A D S T E R D E S E M P R E .

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O P I N I Ã O

O G R I T O D O I P I R A N G A

Foi a 7 de Setembro de 1822. O Brasil tornava-se autónomo. Num dia simbólico, o da Independência, arrancou o Ano de Portugal neste país irmão. Em simultâneo. A duas vozes, mas no mesmo tom, a iniciativa das comemorações decorre até 10 de Junho de 2013, Dia de Portugal.

O “Grito do Ipiranga” marca a emancipação política do território brasileiro de Portugal. Mas 190 anos depois, os dois continuam juntos: através da língua, dos laços afetivos e, cada vez mais, dos económicos. Os Governos são unânimes: o reforço do diálogo próximo entre Lisboa e Brasília é crucial para identificar novas oportunidades e fortalecer os laços já existentes.

A História não pode ser ignorada. Há que preservá-la, com os olhos postos no futuro. Há um novo Portugal a ser descoberto, desta vez, pelo brasileiro. Um português contemporâneo e inovador, que sabe de onde vem e para onde vai.

Desde que cheguei ao Brasil, já lá vão dois anos, tal como muitos “portugas”, como somos carinhosamente apelidados, tento mostrar o nosso lado moderno, às vezes, tão desconhecido deste povo que fala outro português.

Portugal pode complementar tanto este Brasil, que é peça fulcral no futuro da Humanidade, que abre os discurso da Assembleia-Geral das ONU há 65 anos e que continua a falar com fervor sobre “esperança” e “coragem”, valores que fizeram dele o país que é.

O Brasil é de facto um país cheio de oportunidades mas tem a sua própria cultura empresarial, regras e métodos, diferentes dos portugueses. Tem os seus timings e as suas prioridades. Participar no crescimento e dinamismo do mercado brasileiro é realmente uma oportunidade. Mas é também um grande desafio, cheio de obstáculos.

É nessa lógica que tenho dirigido a CV&A Brasil. Aqui, diferenciamo-nos por oferecer a mesma gama de serviços integrados de comunicação, mesmo sem ainda ter o tamanho de uma gigante local. Apostamos numa visão global e inovadora, recorrendo ao conhecimento das características únicas do mercado interno. E só assim é possível ter sucesso, em qualquer área.

Para vingar no Brasil, há que ser persistente, estar disponível para enfrentar um mercado com características muito próprias – maduro em algumas áreas e menos avançado em outras – e, acima de tudo, conseguir um difícil equilíbrio entre ser humilde, estando ao mesmo tempo ciente do seu valor.

Como diria a cantora Simone, a do Brasil, “quem começa um caminho pelo fim, perde a glória do aplauso na chegada”. Neste caso, pode mesmo perder a viagem.

O meu conselho para quem já cá está ou quer vir para o Brasil, é este: humildade na caminhada, paciência e vontade de trabalhar com os excelentes profissionais brasileiros. São qualidades essenciais. A mais-valia dos talentos humanos que Portugal tem exportado para aqui, reside muito na partilha das vivências em diversas áreas e que enriquecem muito as empresas.

Diria ainda que há que aproveitar o optimismo brasileiro, sim, mas sem nunca esquecer que o caminho é longo e que a riqueza não está à superfície, à espera. É preciso cavar e cavar fundo, os obstáculos estão lá e não se movem sozinhos.

Para nosso orgulho, já aqui operam grandes empresas nacionais que contribuem todos os dias para a economia brasileira e que são reconhecidas por isso. Muito antes, já outros portugueses aqui tinham dado cartas. A conquista está-nos impressa na genética nacional. E várias gerações têm-no vindo a provar. Chegar, ver e vencer é o lema, tanto do português de antigamente como do de hoje, separados apenas no tempo e não na vontade de vencer.

Temos hoje novos instrumentos de “conquista”. A começar pela tecnologia, aliada preciosa num mundo cada vez mais rápido e que avança de mão dada com ela.

Hoje, é possível gerir quase qualquer tipo de situação num ponto do globo, mesmo estando no seu extremo oposto e ter acesso, em tempo real, a toda a informação essencial para descobrir e explorar novos mundos. O caminho é longo. Mas, no final, acredito que seremos merecedores de um grande aplauso.

Quando em 1909 o poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada escreveu a letra do Hino Nacional do Brasil, sabia bem do que falava. “Gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido colosso. E o teu futuro espelha essa grandeza”.

À música primeira da história do país amarelo e verde, esperança, somaram-se outras que provam que esse futuro, tal como o presente e o passado, não está nem nunca esteve dissociado da história de Portugal.

São muitos e diferentes os laços que unem o Atlântico. Para nos lembrar que estamos juntos.

Com orgulho e determinação, provamo-lo todos os dias, num repetido grito do Ipiranga que hoje, é a duas vozes. l

D A V I D S E R O M E N H O

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