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[Digite texto] Práticas de Inovação em Empresas Participantes de Programas de Incubação Universitária Tecnológica: Um Estudo Exploratório na Cidade de Belém do Pará. Thiago Medeiros Costa (Autor) 1 Marco Antônio Silva Lima (Coautor) 2 Resumo Estruturado Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo central identificar as principais variáveis para o desenvolvimento de práticas inovativas das empresas participantes de programas de incubação de base tecnológica em instituições de ensino superior (IES) na cidade de Belém (PA), assim como seu desempenho inovativo o qual está estruturado em três objetivos específicos: 1) Identificar as principais práticas inovativas das empresas participantes dos programas de incubação de base tecnológica; 2) Identificar as variáveis mais importantes no desenvolvimento de práticas inovativas em empresas participantes dos programas de incubação de base tecnológica; e 3) Avaliar o desempenho inovativo das empresas participantes dos programas de incubação de base tecnológica. Forma de abordagem/metodologia: Para alcançar os objetivos estabelecidos para este estudo optou-se por realizar uma pesquisa quantitativa, utilizando como instrumentos ou técnicas estatísticas a análise estatística descritiva e a análise de cluster. A presente pesquisa possui caráter exploratório, a qual objetiva tornar mais amplo o conhecimento sobre determinado fenômeno por meio de levantamento bibliográfico acerca das temáticas práticas de inovação e programas de incubação 1 Bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail: [email protected] 2 Doutor em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Coordenador de Economia Mineral da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM/Pará). E-mail: [email protected]

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Práticas de Inovação em Empresas Participantes de Programas de

Incubação Universitária Tecnológica: Um Estudo Exploratório na

Cidade de Belém do Pará.

Thiago Medeiros Costa (Autor)1

Marco Antônio Silva Lima (Coautor)2

Resumo Estruturado

Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo central identificar as

principais variáveis para o desenvolvimento de práticas

inovativas das empresas participantes de programas de

incubação de base tecnológica em instituições de ensino

superior (IES) na cidade de Belém (PA), assim como seu

desempenho inovativo – o qual está estruturado em três

objetivos específicos: 1) Identificar as principais práticas

inovativas das empresas participantes dos programas de

incubação de base tecnológica; 2) Identificar as variáveis

mais importantes no desenvolvimento de práticas

inovativas em empresas participantes dos programas de

incubação de base tecnológica; e 3) Avaliar o desempenho

inovativo das empresas participantes dos programas de

incubação de base tecnológica.

Forma de

abordagem/metodologia:

Para alcançar os objetivos estabelecidos para este estudo

optou-se por realizar uma pesquisa quantitativa, utilizando

como instrumentos ou técnicas estatísticas a análise

estatística descritiva e a análise de cluster. A presente

pesquisa possui caráter exploratório, a qual objetiva tornar

mais amplo o conhecimento sobre determinado fenômeno

por meio de levantamento bibliográfico acerca das

temáticas práticas de inovação e programas de incubação

1 Bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).

E-mail: [email protected] 2 Doutor em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Estudos Amazônicos

(NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Coordenador de Economia Mineral da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM/Pará). E-mail: [email protected]

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de base tecnológica em Belém do Pará. Após o contato

com a bibliografia, a pesquisa estendeu-se para entrevistas

diretas com pessoas envolvidas com as temáticas e

problemáticas em questão, considerando a experiência que

possuem em relação às mesmas. A coleta de dados foi

realizada por meio de questionário constituído de perguntas

objetivas, de caráter fechado, de múltipla escolha, e em

escala likert, devendo-se escolher uma opção para cada

questão.

Resultados alcançados: Os resultados da pesquisa indicaram a formação de três

agrupamentos com as semelhanças e diferenças entre as

empresas, denominados: 1) Baixo; 2) Médio e Não-

Tradicional; e 3) Médio e Tradicional. A conclusão final do

estudo foi de que as principais práticas inovativas

realizadas pelas empresas participantes possuem

desempenho médio e estão relacionadas com o

desenvolvimento de produtos e processos novos ou

significativamente melhorados, e a principal atividade

inovativa possui alto desempenho e está relacionada com

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) dentro da empresa.

Impactos na sociedade: A inovação é um fator de extrema importância para os

programas de incubação de base tecnológica, de acordo

com suas diretrizes para seleção de novos

empreendimentos. A pesquisa demonstrou a dinâmica da

inovação nos empreendimentos selecionados e pode ser

utilizada, por exemplo, para o fortalecimento do

movimento de incubação em Belém do Pará, auxiliando na

exploração de recursos da região amazônica e na geração

de riquezas.

Originalidade do trabalho: O trabalho apresentou pontos importantes relacionados à

inovação em empresas participantes de programas de

incubação de base tecnológica em Belém do Pará.

Percebeu-se, durante a realização da pesquisa, que a

mesma foi pioneira por permitir a identificação de forças e

fraquezas, a serem melhoradas para alavancar o

desempenho inovativo das empresas em questão.

Palavras-chaves: Incubação. EBTs. Inovação.

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Innovation Practices in Enterprises Participants of University

Technology Incubation Programs: An Exploratory Study in the City of

Belém (PA).

Thiago Medeiros Costa (Author)

Marco Antônio Silva Lima (Coauthor)

Structured Abstract

Objetive: This research is mainly aimed to identify the main variables

for the innovative practices development of technology-

based incubation programs participants in higher education

institutions in Belém (PA), as well as its innovative

performance - which is structured into three specific

objectives: 1) Identify the main innovative practices of

technology-based incubation programs participants; 2)

Identify the most important variables in the development of

innovative practices in participants of technology-based

incubation programs; and 3) Assess the innovative

performance of the participants in the technology-based

incubation business programs.

Form of approach /

Methodology:

To achieve the objectives set for this study we chose to

conduct a quantitative research, using the descriptive

statistical analysis and cluster analysis as instruments or

statistical techniques. This research has an exploratory

character, which aims to make broader knowledge about a

phenomenon through literature concerning the thematic

innovation practices and technology-based incubation

programs in Belém (PA). After the contact with the

literature, the research was extended to direct interviews

with people involved with the issues and problems in

question, considering the experience they have in relation

thereto. Data collection was conducted through a

questionnaire consisting of objective, closed and multiple

choice questions in Likert scale, in which each one should

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choose one option for each question.

Results achieved: The survey results indicated the formation of three clusters

with the similarities and differences between companies,

called: 1) Low; 2) Middle and Non-Traditional; and 3)

Medium and Traditional. The final conclusion was that the

main innovative practices performed by the participating

companies have an average performance and are related to

new or significantly improved products and processes

development, and the main innovative activity has high

performance and is related to Research and Development

(R & D) within the company.

Impacts on society: Innovation is an extremely important factor for technology-

based incubation programs, according to their guidelines for

selection of new ventures. The research demonstrated the

dynamics of innovation in selected projects and can be

used, for example, to strengthen the incubation movement

in Belem, assisting in resource exploitation in the Amazon

region and in wealth.

Originality of work: The work presented important points related to innovation

in companies participating in technology-based incubation

programs in Belém (PA). It was noticed during the research

that it pioneered for allowing the identification of strengths

and weaknesses, to be improved to leverage the innovative

performance of the firms concerned.

Key-words: Incubation. TBCs. Innovation.

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1 Introdução

A incubação de empresas é um dos meios mais seguros para o lançamento e

desenvolvimento de novos negócios. De acordo com o site Agência Brasil (2003), as

estatísticas indicam que empresas que passam pelo processo de incubação possuem

taxas de mortalidades reduzidas de 70% para 20% em comparação com as empresas

normais.

O empreendedorismo é importante para a sociedade, pois o empreendedor é

responsável pelo desenvolvimento econômico e pelo desenvolvimento social e dinamiza

a economia ao promover a inovação. As incubadoras de empresas, neste contexto,

usualmente contribuem através das seguintes formas: 1) desenvolvimento de novos

produtos e serviços; geração de emprego e renda; e 3) criação de novos negócios de alta

qualidade (ANPROTEC, 2012).

Neste escopo, as MPE têm um papel de grande relevância no mundo dos

negócios. Com o esgotamento do modelo fordista de produção, passou a ser observada,

em quase todo o mundo, a necessidade da adoção de padrões de produção e de

comercialização mais flexíveis, práticas nas quais as micro e pequenas empresas

possuem destaque, pois conseguem, ser competitivas em diversos mercados: local,

regional, nacional e internacional (SILVA, 2011).

A promoção da inovação é um fator de grande relevância para a realização

dos objetivos gerais, crescimento e fortalecimento das empresas participantes de

programas de incubação. Ela é a base e fio condutor das políticas públicas,

institucionais e internas das incubadoras (ANPROTEC, 2012) e direciona para

caminhos mais vantajosos, nos quais as empresas passam a cumprir seu papel como

atores sociais de forma essencialmente sustentável.

No contexto das incubadoras de empresas de base tecnológica, o estímulo

dado aos empreendedores é frequentemente relacionado à promoção de negócios

marcados pela inovação de cunho tecnológico. Em geral, entende-se por inovação

tecnológica como a transformação de conhecimento obtido por meio de pesquisa

científica em novos produtos, processos ou modelos organizacionais, visando o seu

posterior lançamento no mercado (GARCIA & TERRA, 2012).

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2 Revisão de Literatura

2.1 Empreendedorismo

A palavra empreendedorismo tem origem na tradução do termo em inglês

entrepreneurship (por sua vez, oriunda do termo em francês entrepreneur) que indica os

estudos acerca do empreendedor, objetivando, assim, analisar o perfil, as origens, o

sistema de atividades e o universo de atuação deste indivíduo que empreende e gera

riquezas (DOLABELA, 1999).

Existem diversos estudos sobre empreendedorismo realizados por

pesquisadores de diversos campos do conhecimento, os quais tendem a perceber e

definir o empreendedor usando as conclusões estabelecidas em suas próprias

disciplinas. Nota-se que o empreendedorismo é rico, pois é possível encontrar

similaridades e somar as diferenças de cada campo do conhecimento para alcançar uma

definição múltipla (FILION, 1999).

Os economistas, como Joseph Schumpeter, por exemplo, associam o

empreendedor ao desenvolvimento econômico e à inovação, sendo esse individuo o

motor do sistema econômico e agente de mudança. Turner (2004) cita a visão de

Schumpeter acerca da função do empreendedor - com a perspectiva do final do século

XIX até o presente, que enfatiza a inovação - a qual é:

[...] reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma

invenção ou, de modo mais geral, um método tecnológico não

experimentado, para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira

nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais, ou uma nova

comercialização para produtos, e organizando um novo setor.

(SCHUMPETER, 1952, p.72 apud TURNER, 2004, p. 28).

Para Filion (1999), o empreendedor é alguém capaz de criar, de estabelecer

e atingir objetivos e que consegue observar o ambiente no qual vive, a fim de detectar

oportunidades de negócios. Ainda de acordo com o autor, para continuar a manter um

papel de empreendedor, é necessário que o indivíduo aprenda sempre sobre as

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oportunidades de negócios existentes no ambiente e tome decisões que objetivem a

inovação e tenham certo grau de risco.

Fagerberg (2004) reforça esse sentido indicando o termo innovator

(inovador), como a essência do entrepreneur (empreendedor) de Schumpeter, sendo a

pessoa responsável por combinar os fatores necessários para realizar a comercialização

de uma ideia, ou seja, transformar uma invenção em uma inovação.

Bessant e Tidd (2009) também seguem esta linha de pensamento ao

afirmarem que empreender vai além de apenas criar um negócio. É necessário

desenvolver empreendimentos inovadores, que ofereçam novos produtos, serviços,

processos ou maneiras diferentes de criar valor. Sobre os empreendedores inovadores,

os autores afirmam que eles são:

[...] indivíduos que são guiados pelo desejo de criar ou mudar algo, seja no

setor privado, público ou no terceiro setor. Independência, reputação, e

riqueza não são os objetivos primeiros nesses casos, apesar deles serem,

mesmo assim, frequentemente alcançados. De certa forma, a principal

inovação é, na verdade, para mudar ou criar algo novo. Empreendedores

inovadores incluem empreendedores tecnológicos e empreendedores sociais,

mas esses novos empreendimentos raramente são baseados em invenções,

novas tecnologias ou avanços científicos. (BESSANT & TIDD, 2009, p.

288).

Em geral, não há uma regra que indique o perfil padrão e/ou ideal de um

empreendedor nem modelos quantitativos rigorosos que ajudem a teorizar a atividade

empreendedora, como o que acontece com as ciências naturais e os seus paradigmas.

Neste caso, costuma-se firmar base no que é rotineiramente observado nos

empreendedores de sucesso e suas características (CHIAVENATO, 2007).

Empreendedores tecnológicos, por exemplo, tendem a usar habilidades individuais e

características de mercados e tecnológicas, são motivados mais pela independência que

pelo sucesso e acreditam ter mais controle pessoal sobre os resultados – como afirmam

Bessant e Tidd (2009) –, talvez pelo nível de escolaridade geralmente alto desses

indivíduos.

2.1.1 Empresas de Base Tecnológica

De acordo com o relatório publicado pelo Serviço de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que

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define empresas de base tecnológica utilizando também a definição proposta pelo Office

of Technology Assessment (OTA):

[...] as micro e pequenas empresas de base tecnológica são empresas

industriais com menos de 100 empregados ou empresas de serviços com

menos de 50 empregados, que estão comprometidas com o projeto,

desenvolvimento e produção de novos produtos e/ou processos,

caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de conhecimento técnico-

científico. Estas empresas usam tecnologias inovadoras, têm uma alta

proporção de gastos com P&D, empregam uma alta proporção de pessoal

técnico-científico de engenharia e servem a mercados pequenos e específicos.

(SEBRAE & IPT, 2001, p.7)

Compreende-se, assim, que as empresas de base tecnológica estão

fortemente vinculadas à prática da inovação e com práticas sistemáticas de P&D,

utilizando meios para alcançar o desenvolvimento de novos produtos e/ou processos,

como definido no relatório. A inovação está também intrinsecamente ligada à

competitividade, o que torna as empresas de base tecnológica diferenciadas no mercado,

devido ao alto grau de conhecimento aplicado (ARANHA, 2008).

Nota-se a importância das incubadoras de empresas de base tecnológica,

pois além de contribuírem para o desenvolvimento econômico de uma dada região –

característica comum aos programas de incubação – geram benefícios para a melhoria

da qualidade de vida da população como consequência das práticas de inovação e do

próprio desenvolvimento econômico.

Uma pesquisa realizada por Carvalho et al (1998), citada por Santos e

Pinho (2010), aponta outras características deste tipo de empresa. O estudo foi realizado

com 47 EBTs dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. De acordo com os

resultados indicados, 91% das empresas foram criadas por empreendedores com

graduação, sendo 41% formados em engenharia e 30% com pós-graduação. Percebe-se,

principalmente, importância da formação técnica para desenvolver atividades neste tipo

de empreendimento, voltado para a aplicação de conhecimento necessário para gerar

inovações de diferentes naturezas.

2.2 Programas de Incubação de Empresas de Base Tecnológica em Belém do Pará.

Nascidas como um dos mecanismos necessários para alcançar o desafio de

aproximar Ciência, Tecnologia e Inovação e também aproximar as empresas às

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atividades de P&D, as incubadoras de empresas contribuem para o fortalecimento do

empreendedorismo, desenvolvimento econômico-regional, geração de empregos,

desenvolvimento tecnológico e diversificação da economia de uma região, por meio da

oferta de produtos e serviços inovadores.

Acredita-se que as incubadoras de empresas são uma opção inteligente e

apropriada para a promoção do desenvolvimento socioeconômico local e nacional. Por

meio das incubadoras, os recursos financeiros não são somente transformados em

conhecimento, e sim transformados em conhecimento que gera riqueza (SILVA, 2009).

Compreende-se que as incubadoras de empresas podem ser consideradas

laboratórios de testes e de inovação. Segundo Aranha (2008), ao possuir em sua

estrutura um conjunto de empresas em crescimento, o ambiente das incubadoras permite

uma troca informal de conhecimento, sendo caracterizado como ambiente de rede

sinérgica propício à inovação. Assim, tais empresas podem estabelecer parcerias entre si

para a criação de novos produtos de alto valor agregado a serem lançados no mercado.

Além disso, o conhecimento produzido no meio acadêmico pode ser tão pronto utilizado

nas incubadoras para a criação de novos produtos, serviços e até mesmo novas

empresas.

Os programas de incubação de empresas de base tecnológica abrigam

empresas que desenvolvem produtos, processos ou serviços resultantes de pesquisa

aplicada. Os empreendimentos residentes neste tipo de incubadora são das áreas de

informática, biotecnologia, química fina, mecânica de precisão e novos materiais. Além

disso, geralmente, são individuais ou de um grupo de pequenos sócios e por conta do

potencial de mercado e do alto valor agregado nos produtos e serviços, as empresas

incubadas de base tecnológica tendem ao fácil crescimento e consolidação como

graduadas.

Cardoso (2012) afirma que a ideia de incubação de empresas na Região

Amazônica é interessante pelo fato da região necessitar de reforço no setor industrial, e

pela possibilidade de uso das suas matérias-primas – por meio de realização de

pesquisas e ações de transferência de conhecimento e tecnologia – para a produção e a

introdução de novos produtos no mercado.

Encontram-se, em operação, três incubadoras desse tipo instaladas na

Cidade de Belém, capital do Estado do Pará: O Programa de Incubação de Empresas

de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará – PIEBT/UFPA, a Rede de

Incubadoras de Tecnologia da Universidade do Estado do Pará – RITU/UEPA e a

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Incubadora CESUPA de Base Tecnológica – ICBT/CESUPA. As mesmas

desenvolvem atividades de forma individualizada e também em conjunto, por meio de

parcerias entre si e com outras instituições, como por exemplo, as de apoio ao

empreendedorismo e as de fomento a pesquisa e desenvolvimento.

2.3. Práticas de Inovação

2.3.1. Inovações Tecnológicas de Produto

Um produto tecnologicamente novo é aquele que sofreu mudanças

significativas e aperfeiçoamentos em suas características fundamentais, como

especificações de ordem técnica, componentes, materiais, funções e objetivos de uso

(IBGE, 2011).

Os aperfeiçoamentos tendem a melhorar o desempenho, ou seja, geram

maior eficiência, rapidez de entrega ou facilidade ao cliente no uso dos produtos. Um

produto que é simples, por exemplo, pode ser aperfeiçoado por meio da introdução de

matérias-primas ou componentes de maior rendimento. Já um produto complexo pode

ser aperfeiçoado por meio de mudanças em um dos seus componentes ou subsistemas

integrados (IBGE, 2011).

Quando se trata de inovações tecnológicas de produto, é importante

considerar que as mesmas podem ser comparadas e diferenciadas de acordo com o grau

de novidade, os quais são – relacionados à amplitude de atuação no mercado:

Produto (bem ou serviço) novo para a empresa, mas já existente no

mercado/setor3: caso em que outra empresa já possui produto similar;

Produto (bem ou serviço) novo para a empresa e para o

mercado/setor: caso em que não há outra empresa que produza determinado bem ou

serviço similar em território nacional;

Produto (bem ou serviço) novo para o mercado internacional: caso em

que não há no setor nenhuma empresa que produza determinado bem ou serviço no

mundo.

2.3.1.1 Inovações Tecnológicas de Processo

3 Considera-se o mercado/setor nacional, mesmo que a empresa atue somente no mercado nacional ou

regional.

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Compreende-se como processo tecnologicamente novo como aquele que

recebeu mudanças em suas técnicas, equipamentos, atividades de suporte, ou em outros

elementos constituintes, resultando em métodos de produção ou de entrega de produtos

novos ou substancialmente aperfeiçoados (IBGE, 2011).

Por conta das mudanças e aperfeiçoamentos nos métodos, esse tipo de

inovação visa o aumento da eficiência produtiva ou da entrega de produtos, resultando

em aumento significativo na qualidade e em redução de custos de produção e entrega

(IBGE, 2011).

Assim como as inovações de produto, as inovações tecnológicas de processo

podem ser comparadas e diferenciadas levando em consideração o grau de novidade e a

amplitude de atuação em determinado setor. Abaixo, as duas variáveis utilizadas nesta

pesquisa:

Processo novo para a empresa, mas já existente no mercado/setor:

caso em que outra empresa já desempenha processo similar;

Processo novo para a empresa e para o mercado/setor: caso em que

não há outra empresa que desenvolve processo similar em território nacional.

2.3.1.2 Inovações Organizacionais, Inovações de Marketing e Atividades de

Inovação.

As inovações organizacionais estão relacionadas com as mudanças na

gestão, organização do trabalho e relações da empresa com o meio externo, sendo

resultado de decisões tomadas no nível estratégico. O objetivo desse tipo de inovação é,

assim como já visto com as inovações tecnológicas, melhorar a qualidade dos produtos,

e, além disso, melhorar o uso do conhecimento e a eficiência da gestão dos processos

organizacionais (IBGE, 2011).

Já as inovações de marketing correspondem à utilização de novas estratégias

ou conceitos de marketing, os quais são diferentes dos já utilizados pelas empresas.

Como exemplos, podem ser citados os novos canais de vendas, novos conceitos para a

promoção de produtos e fixação de preços, e mudanças físicas de estética, desenho ou

embalagem (IBGE, 2011). Abaixo, as inovações organizacionais e de marketing

consideradas como variáveis neste estudo:

Implementação de técnicas avançadas de gestão: nesse grupo, são

encontradas técnicas necessárias para otimizar as rotinas e práticas de trabalho, como:

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reengenharia de processos de negócios, gestão do conhecimento, controle da qualidade

total, novos métodos de gerenciamento visando atender normas de certificação (ISO

9000, ISO 14000), SIG (Sistemas de Informações Gerenciais), ERP (planejamento dos

recursos do negócio), GED (gerenciamento eletrônico de documentos), etc.;

Implementação de significativas mudanças e/ou práticas na estrutura

organizacional: nesse caso, são encontrados novos métodos para distribuir o poder

decisório e responsabilidades, melhorando a organização do trabalho. Como exemplos:

descentralização ou a integração de departamentos e atividades, mudança no

organograma, como adoção da estrutura matricial de trabalho, redução de níveis

hierárquicos, gestão do trabalho em equipe, etc.;

Mudanças significativas nos conceitos e/ou estratégias de marketing e

de comercialização: encontram-se, neste caso, inovações nas fixações dos preços

(como sistemas de descontos), novos canais de vendas e formas de inserir o produto no

mercado (como sistemas de franquias), adoção de novas mídias, etc.

As atividades de inovação são formadas pelas etapas científicas,

tecnológicas, organizacionais e comerciais que objetivam a inovação tecnológica de

produto e/ou processo. Abaixo, as atividades utilizadas nesta pesquisa:

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na Empresa: definida como toda

atividade desenvolvida no âmbito interno da empresa, cujo propósito seja expandir o

seu acervo de conhecimento e utilizá-lo para criar aplicações novas ou

significativamente aperfeiçoadas. Ressalta-se que as atividades de P&D envolvem

pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental;

Aquisição Externa de P&D: Neste caso, as atividades de P&D são

adquiridas por meio de prestação de serviços de terceiros e desenvolvidas fora da

empresa;

Aquisição de Máquinas e Equipamentos: considera-se a compra de

máquinas e equipamentos que serão utilizados para modificações nos processos

produtivos, resultando em processo e produtos novos ou significativamente melhorados.

Se a instalação de máquinas e equipamentos melhorar o desempenho tecnológico, se

identifica uma inovação de processo. Se não melhorar o desempenho tecnológico, mas

contribuir para introduzir produtos novos, considera-se, então, como inovação de

produto;

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Aquisição de Softwares: enquadram-se nessa atividade a aquisição

externa de softwares (de desenho, de engenharia, de automatização de processos),

comprados para gerar inovação de processo e de produto;

Programa de Treinamento: nesse caso, são considerados treinamentos

para introdução e conhecimento de novos métodos produtivos. Não estão inclusos

treinamentos de reciclagem, treinamento computacional e de língua estrangeira.

3 Coleta e Análise de Dados

Para esta pesquisa, a coleta de dados foi realizada junto aos gestores

responsáveis pelas empresas – incubadas e graduadas – participantes dos programas de

incubação de base tecnológica citados anteriormente. Como instrumento de coleta de

dados, utilizou-se um questionário constituído de perguntas objetivas, de caráter

fechado, e de múltipla escolha, devendo-se escolher uma opção para cada questão. As

duas perguntas possuem respostas em Escala Likert, cuja finalidade é a quantificação de

dados subjetivos, principalmente de caráter psicográfico. Na primeira pergunta

apresentam-se possibilidade de escolha entre as opções (1) não desenvolveu a referida

atividade e (2) desenvolveu a referida atividade. Na segunda pergunta os entrevistados

escolherão entre as opções (0) não desenvolveu, (1) desenvolveu ocasionalmente e (2)

desenvolveu rotineiramente.

Para o tratamento dos dados, foi o utilizado o pacote estatístico IBM SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences) 19. Optou-se pela análise multivariada de

dados, a qual leva em consideração a relação de entre as variáveis e pode ser utilizada

para “influenciar não somente os aspectos analíticos de pesquisa, mas também o

planejamento e abordagem da coleta de dados para decisões e resoluções de problemas

(CORRAR et al, 2012, p.3). Neste estudo, utilizou-se, a Análise de Conglomerados

(Cluster Analysis) como técnica de análise multivariada de dados.

A análise de conglomerados ou análise de cluster (Cluster Analysis) é uma

técnica que permite o agrupamento de objetos tendo como base suas características,

observando as diferenças e semelhanças existentes entre os mesmos. Objetiva-se

classificar uma amostra de indivíduos ou objetos por meio da formação de pequenos

grupos excludentes, que não são predefinidos, mas formados e identificados por suas

diferenças e semelhanças (CORRAR et al, 2012).

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4 Apresentação e Discussão dos Resultados

4.1 Caracterização da Amostra

A amostra desta pesquisa foi caracterizada seguindo três critérios: 1)

Empresas por Incubadora; 2) Segmento de Atividade; e 3) Tamanho do

Empreendimento, sendo o último de acordo com classificação do SEBRAE que utiliza o

número de empregados. A seguir, o Gráfico 1 com a distribuição de acordo com o

primeiro critério.

Gráfico 1 – Empresas por Incubadora

Pode-se observar a predominância neste estudo de empresas que participam

ou participaram do PIEBT/UFPA, sendo equivalentes a 60% da amostra. Os outros

percentuais indicam que 25% da amostra são compostos de empresas da RITU/UEPA e

15% da ICBT/UEPA.

60% 15%

25%

PIEBT

RITU

ICBT

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Gráfico 2 – Segmento de Atividade

Em relação ao segmento de atuação, o resultado da pesquisa indicou que a

maior parte das empresas realizam atividades de prestação de serviços, correspondendo

a 70% da amostra. Os outros percentuais apresentados apontam para segmento o

industrial, em segundo lugar, com 25% de equivalência, e o segmento de comércio, por

último, com 5% de respondentes.

Para o último critério – tamanho do empreendimento – obteve-se como

resultado que todas as empresas (100% dos respondentes) possuem até 19 empregados.

Considerando essa informação, é possível classificar as empresas quanto ao porte para

cada segmento de atuação, de acordo com o enquadramento adotado pelo. O Quadro 1

abaixo indica a relação entre segmento e tamanho de uma empresa:

Quadro 1 – Relação: Segmento x Porte para as Empresas do Estudo

Segmento de Atividade Percentual de

Respondentes

Classificação Quanto ao Porte

(SEBRAE)

Indústria 25% Micro empresa

Comércio 5% Empresa de Pequeno Porte

Serviços 70% Empresa de Pequeno Porte

Fonte: elaborado pelo autor (2013).

A maioria das empresas é dos segmentos de serviço ou industrial, sendo

25% equivalentes a micro empresas industriais e 70% equivalentes a pequenas empresas

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prestadoras de serviços. Esse resultado confirma o que o SEBRAE e IPT (2007, p.7)

indicam sobre as empresas de base tecnológica, as quais são:

[...] empresas industriais com menos de 100 empregados ou empresas de

serviços com menos de 50 empregados, que estão comprometidas com o

projeto, desenvolvimento e produção de novos produtos e/ou processos,

caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de conhecimento técnico-

científico. (grifo nosso).

Além disso, Santos e Pinho (2010), em pesquisa citada anteriormente,

analisou o desempenho de 47 empresas de base tecnológica, as quais 66% das empresas

respondentes eram classificadas, quanto ao porte, como pequenas empresas.

O levantamento realizado pela ANPROTEC (2012) com 60 incubadoras

brasileiras, distribuídas entre 17 unidades da federação, incluindo o Pará, indica que

52% das empresas que participam de programas de incubação são do setor de serviços e

43% do setor industrial. Os resultados dos três levantamentos indicados anteriormente

confirmam a expressividade dos dois setores no movimento de incubação.

Ainda, a ANPROTEC (2012) ressalta que as empresas do setor de serviços

tem como focos principais o desenvolvimento de inovação tecnológica oriunda da

pesquisa cientifica, cumprindo com um dos objetivos principais das incubadoras de base

tecnológica que é aliar a ciência e a tecnologia ao setor produtivo.

4.2 Análise Estatística Descritiva

Essa análise consiste na demonstração do desempenho de cada prática e

atividade inovativa, considerando a utilização de índices, média aritmética, desvio

padrão e variância, assim como tabelas e gráficos. O Quadro 2 apresenta os intervalos

para a classificação dos índices neste estudo.

Quadro 2 – Intervalos de Classificação dos Índices

Intervalo Classificação do Desempenho

0,000 a 0,399 Baixo

0,400 a 0,699 Médio

0,700 a 1,000 Alto

Fonte: CARVALHO et al (2007)

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Para a realização desta pesquisa, foram indicadas quatro dimensões de

análise, as quais são: 1) inovações tecnológicas de produto, 2) inovações tecnológicas

de processo; 3) inovações organizacionais e de marketing; e 4) constância da atividade

inovativa. Compreende-se por dimensões como o agrupamento de variáveis realizado

pelo pesquisador. As dimensões foram organizadas com algumas variáveis utilizadas

pela PINTEC e REDESIST e distribuídas em duas questões objetivas, compostas por

opções de respostas em Escala Likert.

A primeira questão do instrumento de pesquisa solicitou aos respondentes

que indicassem sobre o desenvolvimento de inovações tecnológicas de produto,

inovações tecnológicas de processo e inovações organizacionais e de marketing, e

com duas opções de respostas para cada variável: 1) se não desenvolveu e 2) se

desenvolveu. Os índices de cada dimensão foram calculados considerando a média

aritmética das suas variáveis. Por exemplo, para as inovações tecnológicas de produto,

os índices foram calculados considerando a média aritmética entre os resultados das

seguintes variáveis: 1) Produto (bem ou serviço) novo para a empresa, mas já existe

no mercado/setor; 2) Produto (bem ou serviço) novo para a empresa e para o

mercado/setor; e 3) Produto (bem ou serviço) novo para o mercado internacional.

A Tabela 1 apresenta os indicadores obtidos para as inovações tecnológicas

de produto:

Tabela 1 – Desempenho para as Inovações Tecnológicas de Produto

Descrição Índice Desvio-

Padrão Variância

Inovações de Produto 0,467 0,504 0,254

Produto (bem ou serviço) novo para a empresa, mas

já existe no mercado/setor? 0,550 0,510 0,261

Produto (bem ou serviço) novo para a empresa e para

o mercado/setor? 0,500 0,513 0,263

Produto (bem ou serviço) novo para o mercado

internacional? 0,350 0,489 0,239

Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)

[Digite texto]

É possível afirmar que as inovações tecnológicas de produto tiveram um

desempenho médio, de acordo com o índice equivalente a 0,467. Neste tipo de

inovação, a variável que teve o maior grau de importância foi a correspondente à

introdução de produtos novos e já existentes no mercado, com índice igual a 0,550, e a

que teve o menor desempenho foi a variável relacionada com a introdução produtos

novos no mercado internacional.

Os respondentes além de considerarem as inovações que já existem no setor

como as mais importantes, praticando, por exemplo, imitação no desenvolvimento de

bens e serviços, demonstram menor interesse quando o quesito é conquistar mercados

externos.

De acordo com a ANPROTEC (2012), apenas 15% das empresas que

participam de programas de incubação no Brasil inovam a nível mundial. A maioria,

equivalente a 55%, realiza esforços ou é capaz de inovar apenas a nível nacional, e 28%

inovam apenas localmente.

As micro e pequenas empresas geralmente têm dificuldades para se

inserirem no mercado internacional, em decorrência de alguns fatores como o baixo

valor agregado das inovações em relação às produzidas em outras países, muitas vezes

resultante da falta de conhecimento das necessidades externas, não explorando, assim,

novas potencialidades.

A Região Amazônica apresenta grandes oportunidades de negócios

decorrentes da sua biodiversidade. Como já visto anteriormente, as empresas de base

tecnológica tem a capacidade de aliar a produção científica com o setor produtivo,

transformando o conhecimento em riqueza.

O Brasil, por exemplo, é o primeiro país do mundo em mercados como de

perfumes e o segundo, no de cosméticos, sendo que o Estado do Pará, localizado na

região amazônica – rica em matérias-primas –, possui apenas seis empresas registradas

neste segmento de mercado (BARATA, 2012), sendo que uma delas já participou de um

dos programas de incubação deste estudo.

Minervini (2008), citado por Guimaraes, Neto e Vicari (2012), indicam que

a falta de uma cultura e de estrutura interna para gerenciar a exportação servem como

barreiras à internacionalização das pequenas e médias empresas no Brasil.

Considera-se, portanto, a necessidade de estimular os empreendimentos

participantes a explorarem os recursos da região e avançarem no sentido de alcançar o

[Digite texto]

mercado externo, considerando que a região amazônica tem grande potencial para gerar

e exportar riquezas ou recursos de valor.

Além de uma cultura de inovação voltada para o mercado externo, é

necessário realizar esforços no sentido de estruturar as empresas e capacitá-las para o

gerenciamento da inovação a nível internacional. Em muitos casos, realizar inovações

desta natureza sai caro para o empreendedor, devido à necessidade de transporte

diferenciado e de custos tarifários, por exemplo.

Uma provável justificativa para a valorização de uma cultura voltada para a

imitação é o fato de que a maior parte dos respondentes são empresas de pequeno ou

micro porte, estão em inicio de atividade e são do setor de serviços. Quando se trata de

exportação de serviços, por exemplo, segundo Saldanha [s.d], o predomínio é de

atividades tradicionais, como serviços de transporte e seus auxiliares, representando

59% do total de exportações.

Diversos fatores podem ser citados para explicar este comportamento por

parte das empresas de base tecnológica da região, as quais não valorizam e/ou

possivelmente enfrentam dificuldades para a inserção de produtos a nível internacional.

Sugere-se a realização de outros estudos para responder de forma mais profunda a

questões como estas.

Em relação às inovações tecnológicas de processo, de acordo com a análise

estatística descritiva, se obteve os seguintes resultados indicados na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Desempenho para as Inovações Tecnológicas de Processo

Descrição Índice Desvio-

Padrão Variância

Inovações de Processo 0,525 0,512 0,262

Processos tecnológicos novos para sua empresa, mas

já existente no mercado/setor? 0,550 0,510 0,261

Processos tecnológicos novos para a empresa e o

mercado/setor? 0,500 0,513 0,263

Fonte: Resultados da Pesquisa (2013)

[Digite texto]

Observa-se, com índice igual a 0,525, que as inovações tecnológicas de

processo também tiveram avaliação média por parte das empresas respondentes. Os

dados da Tabela 2 indicam, por exemplo, a valorização em realizar processos

tecnológicos já existentes no mercado ou no setor de atuação das empresas, pois esta

variável teve o maior índice, igual a 0,550.

Este resultado pode servir de justificativa para compreender a avaliação

anterior sobre as inovações tecnológicas de produto, pois estas duas dimensões são

frequentemente relacionadas para a produção de inovações. Para introduzir um produto

inovador no mercado, é necessário também implementar melhorias nos processos

produtivos, a fim de estruturar o negócio e torná-lo capaz de gerar algo novo.

Percebe-se, assim como para as inovações tecnológicas de produto vistas

anteriormente, a presença de um comportamento imitador, ao adotar o que já existe no

mercado. De acordo com Galhardi e Zaccarelli (2005), muitas empresas iniciam suas

atividades imitando e desenvolvem suas tecnologias com base no que aprendem das

outras. Os autores citam o exemplo da Toyota, que começou suas atividades imitando a

Ford até criar seu sistema inovador próprio de produção.

A realidade das empresas que participam de programas de incubação

universitária se assemelha ao indicado, pois estes empreendimentos geralmente estão no

início de suas atividades. Contudo, o incentivo pelos programas deve ser o de fortalecer

os pontos médios e fracos para garantir o desempenho inovativo que resulte, além da

sobrevivência, em competitividade dos negócios.

Outro ponto interessante a ser tratado, é o fato de que as inovações de

produto tiveram, em geral, o índice menor que as inovações de processo. Essa

particularidade encontrada nas empresas participantes da pesquisa indica um

contraponto ao que Bessant e Tidd (2009) afirmam sobre a produção de inovações em

empresas de menor porte. De acordo com os autores, os esforços nesses

empreendimentos são voltados para as inovações de produto em vez de inovações de

processo.

Abaixo, a Tabela 3 com o desempenho inovativo no que tange a mudanças

no âmbito da estrutura e gestão organizacional e nas praticas de marketing.

Tabela 3 – Desempenho para as Inovações Organizacionais e de Marketing

Descrição Índice Desvio- Variância

[Digite texto]

Padrão

Inovações Organizacionais e de Marketing 0,360 0,475 0,228

Implementação de técnicas avançadas de gestão? 0,400 0,503 0,253

Implementação de significativas mudanças e/ou

práticas na estrutura organizacional? 0,350 0,489 0,239

Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas

de marketing? 0,400 0,503 0,253

Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas

de comercialização? 0,500 0,513 0,263

Implementação de novos métodos de gerenciamento,

visando atender normas de certificação (ISO 9000,

ISO 14000, etc.)

0,150 0,366 0,134

Fonte: Resultados da Pesquisa (2013)

Para as inovações organizacionais e de marketing, os resultados indicaram o

menor desenvolvimento, pois esta dimensão obteve índice igual a 0,360. De todos os

índices, o que possui resultado significativamente baixo – equivalente a 0,150 – está

relacionado com a implantação de métodos novos de gerenciamento, com foco nas

normas de gestão da qualidade (ISO 9000) e de gestão ambiental (ISO 14000).

Para que uma inovação resulte em vantagem competitiva para as

organizações, é necessário que haja também a valorização de aspectos ligados ao seu

gerenciamento no âmbito interno, para alcançá-lo de forma mais eficiente, e no âmbito

externo, de acordo com o comportamento do mercado. Não se pode, por exemplo,

inserir um produto o qual o mercado não aceite. Ressalta-se que as inovações são

conhecidas pela sua viabilidade econômica e comercial.

Assim, antes de introduzir um produto ou processo novo, é necessário

conhecer o mercado e adotar estratégias para alcançar os consumidores, os quais estão

cada vez mais exigentes, principalmente quando se trata de empresas que valorizem

aspectos relacionados à gestão ambiental, por exemplo, a qual é imprescindível na

região.

[Digite texto]

De forma geral, percebe-se que o valor dos produtos é formado também

pelos conhecimentos comerciais necessários para a sua introdução e distribuição no

mercado.

O portal Agência Brasil (2013) indica alguns resultados da pesquisa

PINTEC 2011. De acordo com os dados, no período de realização da pesquisa, de 2009

a 2011, a maior parte das empresas inovadoras em produtos e processos no Brasil –

aproximadamente 85,9% do universo – desenvolveu também inovações não

tecnológicas, ou seja, organizacionais e de marketing.

Quando se trata de buscar competitividade e garantir sobrevivência, é

importante que os gestores tenham a mentalidade de que uma organização não inova

somente com seus produtos e processos tecnologicamente novos, mas ao introduzir uma

estratégia de gestão voltada para a cultura de inovação contínua, com foco nas

dinâmicas do mercado (PAROLIN, 2012).

A segunda questão do instrumento de pesquisa solicitou aos respondentes

que indicassem sobre o tipo de atividade de inovação que desenvolvidas, com três

opções de resposta para o grau de constância das atividades, as quais foram: 0) se não

desenvolveu; 1) se desenvolveu ocasionalmente; e 3) se desenvolveu rotineiramente.

Tabela 4 – Desempenho para as Atividades Inovativas

Descrição Índice Desvio-Padrão Variância

Constância da Atividade Inovativa 0,486 0,818 0,671

Pesquisa e desenvolvimento (P&D) na sua empresa 0,700 0,821 0,674

Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram

em significativas melhorias tecnológicas de produtos

(bens ou serviços)/processos ou que estão associados

aos novos produtos (bens ou serviços)/processos

0,600 0,894 0,800

Aquisição de outras tecnologias (softwares) 0,500 0,858 0,737

[Digite texto]

Programa de treinamento orientado à introdução de

produtos/processos tecnologicamente novos ou

significativamente melhorados

0,475 0,759 0,576

Programas de gestão da qualidade ou de modernização

organizacional, tais como: qualidade total, reengenharia

de processos administrativos, desverticalização do

processo produtivo, métodos de “just in time”, etc.

0,300 0,754 0,568

Novas formas de comercialização e distribuição para o

mercado de produtos (bens ou serviços) novos ou

significativamente melhorados.

0,450 0,788 0,621

Fonte: Resultados da Pesquisa (2013)

Quando se trata do desenvolvimento de atividades inovativas, é possível

perceber que, no caso das empresas participantes da pesquisa, o índice é igual a 0,486,

sendo classificado como médio. Ainda, se observa a valorização de atividades como

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na sua empresa e Aquisição de máquinas e

equipamentos que implicaram em significativas melhorias tecnológicas de

produtos (bens ou serviços)/processos ou que estão associados aos novos produtos

(bens ou serviços)/processos, sendo a primeira com índice considerado alto –

equivalente a 0,700.

Além disso, de acordo com os dados, os respondentes indicaram a atividade

Programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional, tais como:

qualidade total, reengenharia de processos administrativos, desverticalização do

processo produtivo, métodos de “just in time”, etc. – com índice igual a 0,300 – como

a menos importante para o desenvolvimento de inovações tecnológicas de produto e de

processo, conforme a função das atividades inovativas indicada anteriormente. Essa

última atividade justifica a baixa importância dada pelos gestores para a introdução de

novos métodos de gerenciamento, vista anteriormente.

É possível confirmar com esses dois resultados, a mentalidade dos gestores

ao considerar apenas as atividades diretamente relacionadas à introdução de inovações

tecnológicas como importantes, esquecendo-se de fortalecer os processos de gestão, a

fim de aumentar, por exemplo, o rendimento organizacional. Nesse contexto, o papel

[Digite texto]

das incubadoras de empresas de base tecnológica é relevante para incentivar as

mudanças deste quadro, já que as empresas participantes recebem apoio em gestão, a

fim de auxiliar não apenas no crescimento do negócio, mas no seu desenvolvimento.

Em contrapartida, quando é realizada a comparação entre as atividades

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na sua empresa e Aquisição Externa de (P&D),

é possível observar que a mesma não segue a lógica de valorização de atividades

diretamente ligadas à introdução de inovações tecnológicas, pois a segunda atividade

possui índice baixo, equivalente a 0,375. Uma possível explicação para a preferência em

realizar atividades de P&D no âmbito interno das empresas é a presença de alta

proporção de pessoal técnico-científico, a qual é umas das características fortes das

empresas de base tecnológica – conforme apresentado no suporte teórico desta pesquisa.

Como última analise, é possível verificar o desempenho coletivo de acordo

com as médias dos índices de cada empresa respondente, considerando todas as

dimensões da pesquisa. A Tabela 5 abaixo apresenta os índices das firmas em cada

dimensão e o seu resultado geral indicado na ultima coluna.

Tabela 5 – Desempenho de cada Empresa Respondente

Empresa

Dimensões de Análise Média Geral

das

Empresas Produto Processo Organizacional/

Marketing Constância

1 0,333 0,000 0,600 0,429 0,340

2 0,667 0,500 0,000 0,286 0,363

3 0,333 0,500 0,800 1,000 0,658

4 0,667 0,500 1,000 0,500 0,667

5 0,000 0,500 0,200 0,214 0,229

Empresa

Dimensões de Análise Média Geral

das

Empresas Produto Processo Organizacional/

Marketing Constância

6 0,000 0,500 0,000 0,357 0,214

7 0,667 0,500 0,200 0,429 0,449

[Digite texto]

8 0,333 0,500 0,200 0,857 0,473

9 0,333 0,500 0,400 0,857 0,523

10 0,667 0,000 0,200 0,643 0,377

11 0,333 0,000 0,400 0,143 0,219

12 0,667 0,500 1,000 0,857 0,756

13 0,333 0,500 0,000 0,000 0,208

14 0,333 0,000 0,600 0,643 0,394

15 0,667 1,000 0,200 0,286 0,538

16 0,667 1,000 0,000 0,429 0,524

17 1,000 1,000 0,200 0,429 0,657

18 0,333 1,000 0,000 0,357 0,423

19 0,667 0,500 0,200 0,571 0,485

20 0,333 1,000 1,000 0,429 0,690

Média das

Dimensões 0,467 0,525 0,360 0,486 0,459

Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)

Os resultados gerais podem ser classificados de acordo com os intervalos de

índices indicados no início desta subseção. A Tabela 6 apresenta a distribuição de

frequências para cada classificação:

Tabela 6 – Frequência de Empresas por Classificação de Desempenho

Classificação Frequência dos Índices

Baixo 8 empresas

Médio 11 empresas

Alto 1 empresa

Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)

[Digite texto]

O Gráfico 3 a seguir indica os percentuais de empresas que tiveram médias

de desempenho baixas, medias e altas. De acordo com o resultado da distribuição de

frequências, 55% das empresas – referentes a 11 respondentes – apresentaram

desempenho mediano e apenas 5% das empresas apresentaram desempenho inovativo

alto, sendo representado por um respondente.

Gráfico 3 – Desempenho das Médias Individuais das Empresas

Os resultados indicados pela análise descritiva permitiram concluir que as

empresas participantes dos programas de incubação de base tecnológica em Belém do

Pará valorizam as práticas de inovação tecnológica de produto e de processo, com

avaliação de importância média e com foco no que já existe no mercado, e com poucos

esforços para introduzir inovações a nível internacional. Percebeu-se também pouca

importância dada pelas empresas em inovações organizacionais e de marketing, pois

esta dimensão teve o menor desempenho.

Em relação à atividade inovativa, as empresas indicaram que as mais

importantes foram as correspondentes à realização de pesquisa e desenvolvimento no

âmbito da empresa, ou seja, realizada pelos seus próprios técnicos, e aquisição de

máquinas e equipamentos que implicaram em melhorias nas tecnologias dos processos e

produtos.

4.3 Análise de Cluster

4.3.1 Quantidade e Composição dos Clusters

A quantidade de grupos é definida pela “Regra de Parada”, a qual indica a

escolha com base na proximidade e semelhança das variâncias absolutas. De acordo

40%

55%

5%

Baixo Médio Alto

[Digite texto]

com Moura e Lobo (2011, p.81), “no momento em que ocorrer uma diferença

discrepante entre os valores, deve ser escolhida a etapa imediatamente anterior, desta

forma serão escolhidos os conglomerados com maior homogeneidade interna e

heterogeneidade externa”. O número de clusters encontrados para esta pesquisa, de

acordo com o procedimento utilizado, foi igual a 03 (três), como apresentado na Tabela

7 abaixo.

Tabela 7 – Definição do Número de Clusters

Etapa Nº de clusters Coeficiente Variação

Absoluta Percentual

23 7 1,125 0,209 20,95

24 6 1,448 0,323 32,34

25 5 1,835 0,387 38,74

26 4 2,518 0,683 68,25

27 3 3,430 0,912 91,21

28 2 5,081 1,650 165,04

29 1 7,099 2,018 201,80

Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)

Os clusters foram formados com base nas respostas dadas pelas empresas

para as duas questões relativas às quatro dimensões de análise: inovações de produto,

inovações de processo, inovações organizacionais e de marketing; e constância da

atividade inovativa.

O número de respondentes encontrados em cada grupo serviu de parâmetro

para a composição dos clusters. Assim, as empresas foram distribuídas da seguinte

forma: o primeiro cluster, identificado como o grupo de desempenho inovativo Baixo, é

formado por 60% da amostra, com 12 respondentes; o segundo cluster, identificado

como grupo de desempenho inovativo Médio e Não Tradicional e o terceiro cluster,

identificado como grupo de desempenho inovativo Médio e Tradicional, são ambos

formados por 4 respondentes e representam 20% do total das empresas participantes. O

Gráfico 4 a seguir apresenta a composição dos indicada:

[Digite texto]

Gráfico 4 – Composição dos Clusters

Outro indicador importante é a media de inovação para cada cluster,

considerando os índices apresentados nas suas dimensões. Assim, as empresas

enquadradas no grupo de desempenho Baixo apresentaram média de índices equivalente

a 0,360, a qual é considerada baixa, de acordo com os intervalos para classificação de

índices apresentados anteriormente. Assim, é possível afirmar que esse grupo é o de

menor desempenho entre os clusters. Já as empresas do grupo Médio e Tradicional

apresentaram média de índices igual a 0,540, considerada média. Por fim, o grupo de

maior desempenho de índices foi o Médio e Não Tradicional com média igual a 0,690,

também classificada como média, porém a maior de todas. Abaixo, o Gráfico 5 com as

médias dos índices de cada cluster.

Gráfico 5 – Índice Médio de Inovação nos Clusters

60% 20%

20%

Baixo

Médio e Não-Tradicional

Médio e Tradicional

0,36

0,69

0,54

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80

Baixo e Equilibrado

Médio e Não-Tradicional

Médio e Tradicional

[Digite texto]

4.3.2 Características dos Clusters

Os três clusters identificados para esta pesquisa foram organizados de

acordo com as características das respostas dadas pelas empresas. O Gráfico 6 abaixo

apresenta, para cada cluster, os índices das dimensões abordadas no instrumento

utilizado, além de permitir visualizar as diferenças de desempenho entre os mesmos.

Gráfico 6 – Índices das Dimensões de Inovação nos Clusters

4.3.2.1 Inovadores de Desempenho Baixo

Este grupo é formado pela maior parte dos respondentes, como já indicado

anteriormente, e possui desempenho inovativo baixo, igual a 0,360.

De acordo com os índices apresentados no Gráfico 6, as empresas

participantes deste grupo possuem índices baixo em inovação de produto (igual a

0,389), em inovação de processo (igual a 0,333) e em inovações organizacionais e de

marketing (igual a 0,250).

Contudo, é possível perceber que mesmo não sendo fortes em

desenvolvimento de inovações tecnológicas e não tecnológicas, as empresas deste

grupo apresentam, de acordo com o índice médio da dimensão constância,

[Digite texto]

equivalente a 0,452, considerável preocupação quanto à prática de atividades

inovativas, as quais estão diretamente relacionadas com a produção de inovações.

Essa preocupação pode resultar em mudança no desempenho inovativo

dessas empresas em tempo futuro, se forem identificados os motivos pelos quais as

mesmas possuem baixo rendimento em inovações tecnológicas e não tecnológicas

(como tempo de atuação no mercado ou setor de atuação) e se forem adotadas

medidas estratégicas de melhorias. Percebe-se também que não há uma discrepância

alta entre os índices.

4.3.2.2 Inovadores de Desempenho Médio e Não-Tradicional

Este grupo é formado por 20% dos respondentes e possui o maior

desempenho das medias dos índices, igual a 0,690, considerado médio. Observa-se

que esse cluster apresenta índices médios para as dimensões Inovação de Produto,

Inovação de Processo, iguais a 0,500 e 0,625, respectivamente; e índice alto para

Inovação Organizacional e de Marketing, igual a 0,950.

A importância dada para as inovações organizacionais e de marketing

demonstram a motivação dos gestores em introduzir mudanças nos métodos e

praticas de gestão além na forma de oferta dos bens/serviços. De acordo com o

Manual de Oslo (OCDE, 1997), as inovações organizacionais e de marketing são

importantes por permitirem o aumento da produtividade e das vendas, influenciando

diretamente e servindo de canal de suporte para as inovações tecnológicas de produto

e de processo. Empresas que querem se tornar competitivas e inteligentes não buscam

seguir apenas a visão tradicional de concentrar esforços em introduzir melhorias

unicamente em produtos e processos. Percebe-se que este grupo é o que tem o

melhor desempenho com índices classificados como médios ou altos.

Esse grupo se enquadra nos dados apresentados pela PINTEC 2011,

indicados anteriormente, os quais demonstram que houve mudanças significativas no

comportamento inovador das empresas brasileiras, com crescente valorização de

inovações não tecnológicas, importantíssimas para a introdução de inovações

tecnológicas no mercado.

[Digite texto]

O segundo maior índice deste grupo foi o da dimensão Atividades

Inovativas, equivalente a 0,696. A importância dada a essa dimensão reforça o

comportamento inovador destacado deste grupo, pois os esforços voltados para o

desenvolvimento de atividades inovativas influenciam todas as outras dimensões.

4.3.2.3 Inovadores de Desempenho Médio e Tradicional

Este agrupamento possui média de índices igual a 0,540, sendo o segundo

melhor em desempenho. Enquadram-se neste grupo as empresas que possuem visão

tradicional, ou seja, que focam suas atividades na produção de inovações tecnológicas

de produto e de processo, sem considerar, por exemplo, a importância das inovações

no âmbito organizacional.

Isso é confirmado pelos índices apresentados. A dimensão Inovação

Organizacional e de Marketing possui o menor índice de todos os clusters, igual a

0,100, considerado como baixo na classificação indicada no inicio desta seção. As duas

maiores dimensões foram a Inovação de Processo com índice igual a 1,000 – sendo o

maior de todos os clusters – e a Inovação de Produto com índice igual a 0,667. A

presença de alto índice para as inovações de processo pode indicar, por exemplo, a

preocupação das empresas em reduzir custos.

4.3.3 Análise Descritiva dos Clusters

Esta etapa da pesquisa consiste em analisar os perfis dos clusters

relacionando os desempenhos dos índices indicados anteriormente com os segmentos de

atuação e as incubadoras selecionadas, a fim de melhor compreender o comportamento

inovador das empresas selecionadas. O primeiro critério utilizado será o “Segmento de

Atuação”, após isso, o critério “Incubadora Selecionada”.

[Digite texto]

4.3.3.1 Relação entre os Grupos e os Segmentos de Atuação

O Gráfico 7 abaixo apresenta o primeiro critério: Segmento de Atuação. Os

respondentes foram solicitados a indicarem qual o segmento de atuação das empresas,

classificados em três opções: 1) Indústria; 2) Comércio; e 3) Serviços.

Gráfico 7 – Composição dos Clusters de Acordo com os Segmentos.

De acordo com a análise descritiva dos clusters quanto ao segmento de

atuação, os 60% de respondentes do grupo de desempenho Baixo estão distribuídos em

15% no segmento industrial e 45% no segmento de prestação de serviços. Os 20% de

respondentes do grupo Médio e Não Tradicional estão distribuídos equitativamente

nos segmentos industrial e de serviços, com valores equivalentes a 10%. Por fim, os

20% de respondentes do grupo Médio e Tradicional estão distribuídos em 5% no

segmento de comércio e 15% no segmento de prestação de serviços. Um ponto deve ser

levado em consideração:

Baixa participação no segmento comercial: 0% da amostra no cluster

com maior desempenho de índices – o segundo, identificado como grupo Médio e Não

Tradicional – e 0% no primeiro e 5% no último cluster. Essa questão confirma o que

SEBRAE e IPT (2007) e Dias e Carvalho (2002) indicam sobre as empresas

participantes de programas de incubação de base tecnológica, as quais, segundo as

referências, são em grande parte do segmento industrial e de prestação de serviços.

[Digite texto]

4.3.3.2 Relação entre os Grupos e os Programas de Incubação

O Gráfico 7 abaixo apresenta o segundo critério: Programa de Incubação.

Os respondentes foram solicitados a indicarem qual o programa de incubação ao qual

estão ou estiveram vinculados, de acordo com três opções: 1) PIEBT/UFPA; 2)

RITU/UEPA; e 3) ICBT/CESUPA.

Gráfico 8 – Composição dos Clusters quanto aos Programas de Incubação.

De acordo com a análise descritiva dos clusters quanto ao programa de

incubação, os 60% dos respondentes que indicaram o PIEBT/UFPA estão distribuídos

em 40% no grupo de desempenho Baixo (sendo maioria no grupo), 10% no grupo

Médio e Não Tradicional e 10% no grupo Médio e Tradicional. Pelo que se pode

observar com as pesquisas sobre a estrutura física e de gestão, com as empresas que

participam ou participaram do programa, esse é o programa que possui maior numero de

empresas que receberam os serviços de incubação e, alem disso, e o programa mais

antigo, possuindo know-how e experiência acumulados.

O PIEBT é o programa que possui a maioria de respondentes em todos os

clusters, com ênfase negativa para o primeiro, que é o grupo de baixo desempenho de

índices, e positiva para o segundo grupo, identificado como o de melhor desempenho.

[Digite texto]

Vale ressaltar que o conjunto de empresas do PIEBT é o maior de todos, interferindo,

como consequência, significativamente para a pesquisa.

Sobre a RITU/UEPA, o gráfico indica que é a incubadora de menor

participação, com 5% de respondentes em cada cluster. Por fim, o ICBT/CESUPA

possui 25% dos respondentes, distribuídos em 15% de respondentes no primeiro cluster,

de baixo desempenho, e 5% nos outros dois.

4 Conclusões

Este trabalho permitiu concluir que as empresas participantes dos programas

de incubação selecionados possuem desempenho inovativo considerado médio,

resultado alcançado com as duas análises realizadas: a análise estatística descritiva e a

analise de cluster.

A análise estatística descritiva demonstrou que as práticas de inovações

mais valorizadas pelas empresas abordadas estão relacionadas ao desenvolvimento de

produtos e processos novos ou significativamente melhorados. Observou-se também

que as atividades inovativas consideradas como mais importantes estão relacionadas

com o desenvolvimento de aquisição de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no âmbito

interno das empresas e Aquisição de Máquinas e Equipamentos que implicam em

melhorias tecnológicas em produtos e processos.

Além disso, os resultados indicaram também que estas empresas atribuem

menos valor ou introduzem com menor frequência as inovações no âmbito

organizacional e de marketing, importantes, pois garantem a competitividade em nível

mais amplo, e são necessárias para estruturar os negócios.

A análise de cluster apresentou a formação de três grupos baseados em

características e diferenças encontradas por procedimento estatístico. Os três grupos

formados demonstraram desempenho inovativo baixo ou médio, sendo possível

confirmar, por exemplo, a influência de uma pratica inovativa no desempenho das

outras.

Importante também ressaltar a utilização da classificação das empresas em

incubadas ou graduadas, a fim de verificar a influência da mesma em relação às práticas

e atividades de inovação abordadas neste estudo. Como uma sugestão, é importante a

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tentativa de utilizar também a análise fatorial a fim de obter resultados mais apurados

sobre o comportamento inovador das empresas participantes dos programas indicados.

Para isso, é necessário que haja um quantitativo maior de empresas, o que poderá ser

possível com o tempo.

Todo empreendimento possui pontos fortes e pontos fracos. Nesse sentido,

esta pesquisa permitiu indicar, por exemplo, quais pontos podem e devem ser

melhorados para alavancar o desempenho inovativo das empresas em questão. Ressalta-

se que a inovação é um fator de extrema importância para os programas de incubação de

base tecnológica, de acordo com as suas diretrizes para seleção de novos

empreendimentos. Auxiliar na exploração dos recursos da região e gerar riqueza é um

dos papeis das incubadoras, a inovação se torna o principal instrumento para cumprir

com este objetivo.

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