Portugal Post Agosto 2011

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Página 4 Página 7 Página 4 Página 17 Publicidade Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853 ANO XVIII • Nº 205 • Agosto 2011 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: [email protected] •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718 PORTUGAL POST Entrevistas Nesta Edição Vice-Cônsul em Osnabrück, Manuel Silva, e a escritora Paula de Lemos concedem entrevistas ao nosso jornal. Pags 3 e 10 Alemanha e Portugal sondam possibilidades de emprego para enfermeiros Pág.23 Alemães vão ajudar Vila Real no combate aos fogos florestais Pág. 8 Media Trabalhadores da RTP querem reposição imediata de emissões em onda curta Deputado do PS pede esclarecimentos ao Governo sobre a reestruturação do grupo RTP Ensino O mito da integração e outros Texto de Teresa Soares Subsídio para a renda de casa Subsídio para a aquisição de habitação própria e as reformas Rubrica de Informação Social Boas férias!

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Portugal Post

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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 DoPVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853

ANO XVIII • Nº 205 • Agosto 2011 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: [email protected] •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718

PORTUGAL POST› Entrevistas › Nesta Edição

Vice-Cônsul em Osnabrück, Manuel Silva, e a escritora Paula de Lemosconcedem entrevistas ao nosso jornal. Pags 3 e 10

Alemanha e Portugal sondam possibilidadesde emprego para enfermeiros Pág.23

Alemães vão ajudar Vila Real no combateaos fogos florestais Pág. 8

MediaTrabalhadores da RTP querem reposição imediata de emissões em onda curta

Deputado do PS pede esclarecimentos ao Governo sobre a reestruturação do grupo RTP

EnsinoO mito da integração e outrosTexto de Teresa Soares

› Subsídio para a renda de casa› Subsídio para a aquisição de habitação própria e as reformas

Rubrica de Informação Social

Boas férias!

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 20112

DIRECTOR: MÁRIO DOS SANTOS

REDACÇÃO E COLABORADORESCRISTINA KRIPPAHL: BONAFRANCISCO ASSUNÇÃO: BERLIMFERNANDO A. RIBEIRO: ESTUGARDAJOAQUIM PEITO: HANNOVERLUÍSA COSTA HÖLZL: MUNIQUE

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m tempo de austeridade em quetoda a gente em Portugal tem deapertar mais um furo no cinto, o úl-timo, pois não há cintos que têmfuros de fio a pavio, a Embaixada

de Portugal poupa involuntariamente nopessoal diplomático.

Depois de ter perdido o ConselheiroSocial (vai para anos) e também ter per-dido o Conselheiro para Imprensa, eis queo Conselheiro para Cultura decide sairpelo seu próprio pé depois de não ter se-quer aquecido o lugar.

Entrando ao serviço em Maio de 2010,o Conselheiro para a cultura andou a tirarum curso intensivo de Alemão para perce-ber o que andava a fazer e, um ano depois,acha que o trabalho “era muito” e des-pede-se fazendo um jeitão ao Estado quedeixou de gastar um pipa de massa em or-

denados e ajudas de custo num Consel-heiro que desempenhava funções que dei-xava muita gente com um enorme pontode interrogação sobre a sua utilidade.

Poupa assim a Embaixada três orde-nados de três Conselheiros que não exis-tem. Poupa nisto mas gasta, e muito,noutras coisas, como por exemplo no alu-guer da Embaixada (provisória) e da resi-dência do embaixador (não sabemos setambém é provisória) que aqui não hámuito tempo perfazia uma renda mensalque ultrapassava os € 40.000, isto apesardo Estado português ter um terreno acusto zero onde já deveria ter sido cons-truída a Embaixada, construção essa, diga-se, sempre adiada.

Os milhões de euros que o Estado jágastou em rendas nestes quase vinte anosdava para construir um edifício para al-

bergar a Embaixada e talvez a residênciado Embaixador.

Mas lá se vai gastando em rendas epoupando involuntariamente nos Consel-heiros. A continuar assim, com uma em-baixada a funcionar a meio gás, dar-se-ámunições àqueles que defendem a extin-ção das Embaixadas ( e dos cargos de côn-sules, acrescentamos nós) nos países daUnião Europeia.

Talvez seja um exercício exagerado da-queles que defendem a extinção das em-baixadas nos países da UE.

Mas, bem vistas as coisas, e se estamosnum momento de grande contenção dedespesas, não será muito tola a ideia deextinguir os cargos de cônsules-gerais naUE e fazer dos postos escritórios consula-res ao estilo de Loja do Cidadão para serviros utentes.

EEmbaixada a funcionar a meio gás ?

EditorialMário dos Santos

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 Entrevista 3

Levou a cabo recentemente a inicia-tiva de se colocar num Domingo demanhã à disposição dos utentes atra-vés do chat no Facebook. Pode-nosdescrever essa experiência e dizer-nos se a iniciativa é para repetir?

Este ato de passar um domingo demanhã no Chat a dialogar com os por-tugueses que quiseram participarnesta iniciativa, foi uma experiênciaque superou as minhas expectativas.Principalmente os jovens portuguesesdemonstraram-se muito motivadosnão só com questões relativas ao ser-viço consular, mas também no queconcerne a matéria diretamente ligadaa Portugal. Foi uma experiência extre-mamente interessante por se teremsentido com o à-vontade necessário,bem como pelo facto de, na sua maio-ria, terem dialogado em português. Osresultados obtidos encorajam-me a re-petir esta ação uma vez que é impor-tante manter um contacto direto coma Comunidade Portuguesa para nosapercebermos dos seus verdadeirosproblemas, dos seus desejos, daimagem que têm de Portugal, a qualpor vezes se limita à área onde gozamas suas férias. De igual modo parece-me importante transmitir, e o Face-book ou a experiência tida com Chatassim o comprovam, que os Consula-dos são serviços públicos, próximosdos cidadãos, mesmo quando algunsresidem a mais de três centenas dequilómetros.

Os postos consulares não se resu-mem meramente às suas instalações,às paredes, à decoração, mas são si-nónimo de um serviço público portu-guês, onde trabalham pessoas cujafunção é, entre outras, servir a Comu-nidade Portuguesa com a devida emerecida qualidade. Foi com o intuitode mantermos os portugueses infor-

mados a partir das suas residênciasque recorremos às novas tecnologias.Em Abril de 2010 criámos o portalwww.viceconsuladoportugal.de, e,em meados de Abril de 2011, criámoso espaço “Vice-Consulado de Portu-gal Osnabrück” no Facebook, o qualjá conta com aproximadamente doismil “amigos” portugueses, sendo asua grande maioria jovens residentesnesta área consular.

Quais são as principais preocu-pações com que a comunidade daárea se debate?

Creio que as preocupações destaComunidade não diferem de qualqueroutra Comunidade na Alemanha ouaté em outros países da União Euro-peia.

A situação de pobreza, isolamentoe solidão em que vivem muitos idososportugueses parece-me ser uma daspreocupações da qual poucos falam,mas que muitos sentem. Trata-se deum assunto difícil de quantificar, masque carece de toda a atenção; por isso,tenho sensibilizado os membros doConselho Consultivo no sentido deme informarem de qualquer situaçãoque seja do seu conhecimento.

Outra preocupação, semelhante àque todos nós vivemos, é o momentoeconómico-financeiro difícil que omundo atravessa. A Comunidade Por-tuguesa, mesmo a que está empre-gada, vive com algum receio dofuturo, para além de estar preocupadacom a atual situação de Portugal.

O posto consular em Osnabrückcontou, até meados de 2003, comnove ou dez funcionários. Desde essadata que tem vindo a funcionar compoucos funcionários. Considerandoque serve exactamente a mesma área

consular, uma das maiores na Ale-manha, o Vice-Consulado em Osna-brück parece não contar com umnúmero de funcionários suficiente.Afinal, quantos funcionários tem oVice-Consulado e que número deportugueses serve?

É verdade que o posto consularem Osnabrück já contou com um qua-dro de pessoal mais numeroso, massublinhe-se que os grandes investi-mentos em meios tecnológicos, a des-burocratização, e o investimento feitoem formação contínua dos própriosfuncionários em muito contribuírampara se conseguir servir mais e mel-hor, gastando menos.

Penso que o mais importante paraa Comunidade Portuguesa é podercontar com um serviço público dequalidade e de proximidade. É essa aminha preocupação, é esse o meu ob-jetivo. Ora, o uso dos meios tecnoló-gicos disponíveis, quer os queexistem no posto, quer o Portal e oFacebook que criámos, contribuempara se conseguir manter um funcio-namento de qualidade, apesar de esteposto neste momento contar com ape-nas três funcionárias e eu próprio paraservir aproximadamente 20 mil por-tuguesas e portugueses.

Os postos consulares encontram-se hoje apetrechados com variadíssi-mos meios tecnológicos. Enquanto,por exemplo, todo o processo que en-volvia o pedido de Bilhetes de Identi-dade demorava largos meses, hoje ospostos entregam os Cartões de Cida-dão num prazo de uma a três semanas.O mesmo acontece com a emissão doPassaporte Eletrónico Português quedemora entre 24 horas a 5 dias.

Se olharmos para todos os atos deRegisto Civil verificamos que os pos-tos consulares têm atualmente condi-

ções para emitir certidões de todo otipo (nascimento, casamento, óbito),independentemente de o requerenteter nascido em Portugal ou em qual-quer outra parte do mundo. Hoje emdia qualquer assunto do Registo Civilé praticado de imediato, podendo outente aproveitar uma deslocação aoposto para ver resolvidos variadíssi-mos assuntos, uma vez que os meiostecnológicos assim o permitem.

Em suma poder-se-á dizer quedesta modernização dos ServiçosConsulares e da formação dos seusfuncionários resultou uma melhorqualidade e uma maior rapidez dosserviços prestados à ComunidadePortuguesa, serviços estes, que tam-bém se tornaram menos dispendiosos.

Atualmente vivemos uma situa-ção difícil em Portugal, cuja resoluçãoexige muito rigor e a contribuição detodos. Este Vice-Consulado não é ex-ceção. Assim penso que, mesmo nãodispondo do número desejável de fun-cionários, este Posto Consular está emcondições de continuar a assegurarum serviço de qualidade e proximi-dade que a Comunidade Portuguesabem merece.

Por último, como se ressente omovimento associativo da área nummomento de crise que se regista umpouco por todo o lado?

O desaparecimento de muitas co-letividades deve-se à transição da re-sponsabilidade da primeira geraçãopara as segunda e terceiras gerações.Se nas décadas de sessenta e setenta amaioria dos portugueses emigradoseram trabalhadores fabris, hoje osportugueses exercem as mais variadasprofissões, com um horário de tra-balho que não lhes permite prestar umserviço de voluntariado nessas coleti-vidades.

A evolução tecnológica foi outromotivo que contribuiu para uma dimi-nuição acentuada do número de cole-tividades portuguesas, levando osprogramas de televisão portuguesa atéà residência de grande parte da Comu-nidade Portuguesa.

Mas as palavras “saudade” e“portugalidade” não desapareceramdo vocabulário dos jovens portugue-ses. Hoje em dia existem eventos di-namizados pela ComunidadePortuguesa que até há poucos anoseram impensáveis. Há mais espetácu-los, mais fadistas de renome interna-cional que atuam em grandes casas demúsica. Assistimos, também, a várioseventos, como por exemplo “PortugalSensation” ou o “Destination PT” queanteriormente nunca se sonhara pode-rem acontecer. Estes eventos demons-tram que os jovens portuguesespossuem a vontade de se encontrar ede viverem a sua portugalidade. Op-taram apenas por fazê-lo de umaforma diferente da dos seus ascenden-tes. Mário dos Santos

Manuel da Silva, Vice-Cônsul de Portugal em Osnabrück

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“Os consulados são sinónimo de um serviço público português, onde trabalham pessoas cuja função é, entre outras, servir a Comunidade Portuguesa com a devida e merecida qualidade”

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Manuel Silva

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011Nacional & Comunidades4

PUBPortugal é o nono país no mundoonde o seus cidadãos manifestammaior predisposição para a emi-gração, segundo um estudo recen-temente divulgado.

De acordo com o estudo reali-zado pela empresa de estudo demercados internacional (GfK) queabrangeu 29 países, com 27 porcento da população portuguesaactiva está disposta a mudar paraoutro país para encontrar umemprego melhor. Os resultados doestudo revelam que o risco de fugade cérebros é uma ameaça emtodo o mundo, mas que atingemais alguns países.

A América Central e a Américado Sul são os mercados mais atin-gidos por esta predisposição paraa emigração uma vez que perto deseis em 10 trabalhadores mexica-nos (57 por cento), metade daforça de trabalho da Colômbia (52por cento) e dois quintos dos tra-balhadores do Brasil e do Peru (41e 38 por cento, respectivamente)estão dispostos a procurar melho-

res carreiras além-fronteiras.Mas, acrescenta o estudo, a

tendência está longe de se limitaraos mercados em desenvolvi-mento: a Turquia surge em 3.ºlugar, com 46 por cento, a Hun-gria, em 7.º lugar, (33 por cento)seguida pela Rússia (29 por cento)e – empatados no 9.º lugar – Por-tugal e o Reino Unido, com 27 porcento cada.

Até mesmo nos EUA e no Ca-nadá – países tradicionalmentecaracterizados pelo seu relativodesinteresse em viver no estran-geiro – um quinto dos seus trabal-hadores afirma que está dispostoa mudar de país para conseguiremprego melhor, com, respetiva-mente, 21 e 20 por cento.

O GfK International EmployeeEngagement Survey inclui as opi-niões de 30,556 adultos emprega-dos em 29 países.

Em Portugal, este estudo foirealizado durante os dias 11 e 22de fevereiro, a uma amostra de547 indivíduos.

Portugal é o 9.º país do mundo ondecidadãos manifestam maior predisposição para a emigração

A responsável do Instituto Nacio-nal de Estatística (INE), Alda Car-valho, apresentou os primeirosresultados preliminares do Censos2011, e fez questão de salientar „aexcelente adesão dos cidadãos“,principalmente nas respostasatravés da internet.

As respostas ao Censos atravésda internet ultrapassaram metadedo total, a taxa „mais elevada atéagora conhecida“ a nível interna-cional, frisou a presidente do INE.

„Constituímos 4.080 mil famí-lias com cerca de 2,6 membros, vi-víamos em 5.880 mil alojamentos,mais 16,3 por cento relativamentea 2001, e esses alojamentos inse-riam-se em 3.550 mil edifícios, oque representa um acréscimo de12,4 por cento face a 2001“, resu-

miu Alda Carvalho.„Somos um pouquinho mais

em número, mais 1,9 por cento, etemos ao nosso dispor um númerosignificativamente superior dealojamentos e edifícios“, referiu.

A população residente cresceu

1,9 por cento para 10,55 milhõesde pessoas.Em 2011, as famíliasregistaram uma subida de 11,6 porcento, para 4.079.577, e os maio-res acréscimos, tal como da popu-lação, ocorreram nas regiões doAlgarve e da Madeira, com mais

24,8 por cento e 26,4 por cento,respectivamente.

Nos alojamentos, a subida foide 16,3 por cento, para 5.879.845,com um acréscimo mais acen-tuado também no Algarve e Ma-deira, com 36,9 por cento e 36 porcento, respectivamente.

De acordo com as estimativasactuais, a preparação e execuçãodos censos envolveram um custode 46 milhões de euros, numaoperação que decorreu desde2006 a 2011.

Aquele valor representa umdecréscimo de 20 por cento faceao investimento realizado em2001, uma poupança a que não éalheia a evolução tecnológica re-gistada na última década, comoreferiu Alda Carvalho.

Censos 2011:

Portugal tem 4 milhões de famílias a viver em 6 milhões de alojamentos FLASHEconomia portuguesa con-trai-se 2,3% este ano e 1,7%em 2012

Portagens da Ponte 25 deAbril pagas em Agosto O Governo decidiu reintroduzir o

pagamento de portagens na Ponte 25de Abril durante o mês de agosto.

Paulo PiscoO deputado do PS eleito pelo Círculoda Europa, Paulo Pisco, será na XIILegislatura membro efectivo na Co-missão dos Negócios Estrangeiros eComunidades Portuguesas e membrosuplente na Comissão dos AssuntosEuropeus. A Comissão dos NegóciosEstrangeiros e Comunidades Portu-guesas será presidida pelo ex-ministroda Justiça, Alberto Martins.São ainda membros efectivos da Co-missão dos Negócios Estrangeiros osseguintes deputados: Augusto SantosSilva, Basílio Horta, Laurentino Dias,Maria de Belém Roseira e Pedro SilvaPereira.Os membros suplentes são: Ana PaulaVitorino, Carlos Enes, Eduardo FerroRodrigues, Manuel Seabra, PedroFarmhouse, Rosa Maria Albernaz eVitalino Canas.

A CGTP alertouos trabalhadores-portugueses quepretendam emi-grar para a neces-sidade de saber ascondições em quevão trabalharpara evitarempassar por situa-ções idênticas àsdos portuguesesdetidos em An-gola.

“A CGTPalerta os trabalha-dores que são efe-

tivamente emigrantes para queacautelem os seus interesses equestionem as empresas que oscontratam, para saberem o esta-tuto com que vão e se a empresatem os documentos de acolhi-mento necessários”, disse CarlosTrindade, do executivo da centralsindical aos jornalistas.

O sindicalista comentou emconferência de imprensa o caso

dos 42 trabalhadores portuguesesdetidos por trabalharem ilegal-mente em Angola.

Os portugueses, que trabalha-vam para a empresa portuguesaPREBUILD, têm de deixar o paísno prazo de oito dias por falta devisto.

Carlos Trindade, responsávelna direção da Intersindical pelosassuntos de emigração, defendeuque o Estado português deve san-cionar “este tipo de empresas” eestabelecer protocolos com o go-verno angolano para evitar situa-ções idênticas.

O sindicalista referiu que aemigração em Portugal aumentoucom o agravamento da crise eco-nómica, em particular para An-gola e países da União Europeia, eque muitos trabalhadores aceitamtrabalho através de empresas deconstrução civil, trabalho tempo-rário ou de prestação de serviços,que lhes ficam com os passaportese os colocam nos países como tu-ristas e não como emigrantes.

Emigração:

Trabalhadores devem saber condições em que saem

A comissão de trabalhadores daRTP pediu à administração da em-presa para repor de imediato asemissões em onda curta, argu-mentando que a decisão impede oacesso à informação e à línguaportuguesa de milhares de portu-gueses.

O pedido foi anunciado na se-quência de uma reunião com oconselho de administração, naqual o presidente da estação con-firmou aos trabalhadores ter rece-bido autorização para suspender aonda curta pelo anterior ministrodos Assuntos Parlamentares,

Jorge Lacão.Considerando tratar-se de

uma “atitude inconstitucional, ile-gítima, extemporânea e irrespon-sável”, a comissão detrabalhadores defende, em comu-nicado hoje divulgado, que a ondacurta é uma “opção estratégica dadifusão da língua portuguesa”.

A RTP anunciou em Maio terdecidido suspender provisoria-mente, a partir de 1 de Junho, asemissões da RDP Internacionalem onda curta, alegando o redu-zido do número de ouvintes e a ne-cessidade de diminuir custos.

Justificações que não conven-cem a comissão de trabalhadoresque lembra que a RTP investiu“quase 6 milhões de euros na ondacurta entre 2003 e 2006” e de-fende ser possível reduzir a de-spesa “sem pôr em causa ocumprimento do serviço públicode rádio e televisão”.

“Nalguns casos, como ocorrecom quem trabalha no mar, quemestá em regiões mais inacessíveisou anda na estrada, essa decisãoterá um impacto evidente e criarámaior isolamento”, alerta a co-missão, referindo que “a adminis-

tração da RTP sabe que pode re-duzir na despesa sem pôr emcausa o cumprimento do serviçopúblico”.

Para a entidade representativados trabalhadores da estação, a re-dução de despesas pode passar“por exemplo, por retirar as 66viaturas (com combustível e ma-nutenção) atribuídas aos cargossuperiores da empresa que custammais de 600 mil euros por ano” ouna “aplicação de tetos salariais nasnovas contratações” e “renegocia-ção imediata de salários avulta-dos”.

Trabalhadores da RTP querem reposição imediata de emissões em onda curta

Proposta do PSDO Grupo Parlamentar do PSD apre-sentou , na Comissão de NegóciosEstrangeiros e Comunidades Portu-guesas, uma proposta para a criaçãode uma subcomissão das Comunida-des Portuguesas, reconhecendo, dessaforma e, mais uma vez, a importânciada Diáspora Portuguesa para o nossoPaís.

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 Nacional & Comunidades 5

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O deputado entregou um re-querimento na Assembleia da Re-pública dirigido aoprimeiro-ministro, Pedro PassosCoelho, questionando-o sobre anova política para o serviço pú-blico de televisão.

“O principal objectivo (do re-querimento) é esclarecer umasérie de questões que estão rela-cionadas com o anúncio previstoda privatização de um canal pú-blico”, disse o deputado socialista.

Segundo o deputado, o escla-recimento deve ocorrer porque énecessária uma “transparênciamuito grande entre o Estado e osgrupos económicos que têm inte-resse na área da comunicação so-cial.”

Paulo Pisco referiu que osmembros do actual Governo ti-veram reuniões com grupos dosmeios de comunicação, nomeada-mente a Ongoing e a Cofina, antese depois das eleições de Junho.

“(O esclarecimento é necessá-

rio) também porque a privatizaçãode um canal e a anunciada conten-ção de despesas no grupo RTP,que vem no programa de Governo,significa que haverá uma grandetransformação no financiamentodisponível e que afectará a estru-tura do grupo e terá um impactotambém naquilo que é o serviçopúblico”, disse.

Segundo o deputado, o pro-grama do Governo diz que oGrupo RTP deverá ser reestrutu-rado também de maneira a obter-se uma forte contenção de custosoperacionais já em 2012, criandoassim condições, tanto para a re-

dução significativa do esforço fi-nanceiro dos contribuintes,quanto para o processo de privati-zação.

“Na medida que haverá umimpacto no serviço público de te-levisão, é necessário saber de queforma isso vai afectar também oscanais internacionais. Tenho sem-pre manifestado uma grandepreocupação relativamente à qua-lidade dos canais internacionais,particularmente a RTP-Interna-cional (RTP-I) e também a RTP-África”, referiu.

Assim, o deputado questiona oprimeiro-ministro sobre que tipo

de contactos houve ou eventuaiscompromissos foram assumidoscom os referidos grupos económi-cos interessados na privatizaçãoda RTP.

Paulo Pisco também quersaber que impacto terá a “fortecontenção de custos e a privatiza-ção de um canal público” nos ca-nais internacionais (RTP-I eRTP-África), particularmente nalinha editorial e nos conteúdos.

O socialista deseja saber aindaque definição de serviço públicoestará subjacente às emissões doscanais internacionais RTP-I eRTP-África.

Deputado do PS pede esclarecimentos ao Governosobre a reestruturação do grupo RTP

O deputado Paulo Pisco(PS) disse que o Go-verno deve esclarecercomo a reestruturaçãodo grupo RTP, incluindoa privatização de umcanal, vai influenciar naqualidade do serviçopúblico de televisão, no-meadamente nos canaisinternacionais.

Informação Consular

ÍO cartão de cidadão constitui títulobastante para provar a identidadedo titular perante quaisquer autori-dades e entidades públicas ou pri-vadas, sendo válido em todo oterritório nacional.O cartão de cidadão contém osdados de cada cidadão relevantespara a sua identificação e incluionúmero de identificação civil, o nú-mero de identificação fiscal, o nú-mero de utente dos serviços desaúde e o número de identificaçãoda segurança social.A obtenção do cartão de cidadão éobrigatória para todos os cidadãonacionais, residentes em Portugalou no estrangeiro, a partir dos 6anos de idade ou logo que a suaapresentação seja exigida para o re-lacionamento com algum serviçopúblico.A obtenção do cartão de cidadão éfacultativa para os cidadãos brasi-leiros a quem, nos termos do De-creto-Lei n.º 154/2003, de 15 deJulho, tenha sido concedido o esta-tuto de igualdade de direitos e de-veres previsto no previsto noTratado de Amizade, Cooperação eConsulta entre a República Portu-guesa e a República Federativa doBrasil, assinado em Porto Seguroem 22 de Abril de 2000, aprovadopelo Resolução da Assembleia daRepública n.º 83/2000 e ratificadopelo Decreto do Presidente da Re-pública n.º 79/2000, de 14 de De-zembro.

Cartão de Cidadão

Ana Paula Laborinho fez estasdeclarações à imprensa, à margemdo colóquio internacional “Percur-sos, trilhos e margens: recepção ecrítica das Literaturas Africanasem Língua Portuguesa” realizadono pólo de Lisboa do Centro deEstudos Sociais (CES), onde dei-xou um “apelo aos mais jovens”para aderirem às “formações emlíngua portuguesa”.

É preciso “agarrar” a oportuni-dade de a língua portuguesa estar

“a explodir em muitas regiões domundo”, defende. Após “umenorme decréscimo dos estudosnestes domínios”, há agora “per-spectivas de emprego” nesta área,embora em Portugal não haja“tantos lugares”, frisa.

Assegurando que esta seráuma aposta do IC, Ana Paula La-borinho reconhece, porém, que odinheiro para o fazer “nunca émuito”. Já no campo das políticas,acredita que não haja grandes al-terações com o novo ExecutivoPSD-CDS/PP, que manteve noPrograma do Governo, assinala, apromoção da língua portuguesa,nomeadamente como activo eco-nómico.

A responsável pelo IC consi-dera que as literaturas estão actu-almente num “ponto crítico”. “Oespaço que era ocupado pelas lite-

raturas há uns anos tem vindo aperder-se e isso é uma constataçãoem muitos países europeus”, no-meadamente “ao nível curricular”,concretiza.

A predominância das áreastécnicas “tem levado a uma fragi-lização das Humanidades” a nível“global”, refere. “São actualmenteáreas menos escolhidas”, mas AnaPaula Laborinho, ela própria pro-fessora de Literatura, acredita queesta “crise das Humanidades” temos dias contados.

“Acredito profundamente quemomentos de crise como aquelesque vivemos fazem retomar olugar das Humanidades, porquecada vez há mais apelos a que sepense, a que haja uma reflexão, aque se possa pensar o futuro a par-tir do passado”, explica. “Uma so-ciedade globalmente em crise

precisa de se pensar e as Humani-dades são esse espaço de pensa-mento”, sustenta.

Nos Estados Unidos, exempli-fica, “já se começa a perceber quemesmo para as organizaçõestécnicas as formações em Huma-nidades são mais-valias, pela suavisão transversal”, porque as or-ganizações não sobreviverão “semmassa crítica” e “só com uma per-spectiva estritamente técnica”.

O colóquio internacional sobreas literaturas africanas de línguaportuguesa começou na quinta-feira e termina hoje, tendo pro-posto uma reflexão a académicos,editores (Caminho, Afrontamentoe D. Quixote) e representantes deinstituições culturais envolvidosna produção e divulgação das lite-raturas africanas de língua portu-guesa.

Instituto Camões:

O português pode dar emprego “noutros lugares do mundo”A língua portuguesa “está a ex-plodir em muitas regiões domundo”, abrindo “perspectivasde emprego”, se não em Portu-gal, “noutros lugares domundo”, afirma a presidente doInstituto Camões (IC).

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OpiniãoCarlos Gonçalves*

assados cerca de doismeses do final da campa-nha eleitoral para as elei-ções legislativas, oprincipal balanço quefaço da mesma, resul-tante do contacto que tive

com os nossos compatriotas du-rante as visitas que efectuei a di-versos países europeus,nomeadamente Alemanha,Suíça, Reino Unido e França, foia de que todos esses portuguesesestavam genuinamente preocu-pados com a situação difícil quePortugal atravessa.

Se é certo que não esqueciamas questões mais tradicionaisque, infelizmente, se repetemsistematicamente, como é o casodo ensino do português, com ossucessivos atrasos no inicio dosanos lectivos ou a ausência deprofessores ou o caso dos proble-mas relacionados com o movi-mento associativo, todos eles metransmitiam a sua apreensãopela situação económica vividaem Portugal e demonstravam

uma enorme vontade de contri-buir para participar numa solu-ção para a saída da crise.

Neste sentido congratulo-me,apesar de reconhecer que o Pro-grama do Governo já o reconhe-cia, pela consciência que pareceagora estar a consolidar-se daimportância que as Comunida-des possuem para ajudar Portu-gal a encontrar novamente umrumo de sucesso que permita ul-trapassar a grave situação a quefoi conduzido pelos Governos so-cialistas.

Como Deputado sempre de-fendi que a Assembleia da Repú-blica deveria ter em maiorconsideração esta realidade eeste potencial, tantas vezespouco aproveitado por Portugal,que existe nas ComunidadesPortuguesas. Essa minha lutaembateu, quase sempre, na indi-ferença e no desinteresse de ou-tros parlamentares queverdadeiramente não conse-guiam entender a evolução veri-ficada na nossa Diáspora.

Neste sentido, eu e os meuscolegas de bancada tivemosoportunidade de reafirmar essamesma importância durante asreuniões que temos tido no âm-bito da Comissão de NegóciosEstrangeiros e ComunidadesPortuguesas tendo em vista aelaboração do Plano de Activida-des para a próxima Legislatura,de forma a dar a esta área da Go-vernação o destaque que real-mente merece.

Assim e dando seguimento a

toda uma postura de apoio àsComunidades, o GP PSD apre-sentou, esta semana, a propostada constituição de uma subco-missão das Comunidades Portu-guesas procurando darexpressão a todo o seu trabalhoem prol das nossas Comunida-des espalhadas pelo Mundo, re-conhecendo nelas uma extensãodo nosso país e um actor funda-mental, nestes tempos de maiordificuldade, em termos políticos,económicos, sociais e culturais.

Não escondo que foi com al-guma surpresa que, após a apre-sentação da nossa proposta nareunião da Comissão de Negó-cios Estrangeiros e Comunida-des Portuguesas se ouviu umconjunto de intervenções bas-tante positivas sobre o valor e opapel dos portugueses que resi-dem no estrangeiro mas que nomomento de realmente apoiar anossa iniciativa nada de concretoadiantaram preferindo guardaras suas posições para momentosposteriores.

O PSD vai assim ao encontrode tudo aquilo que tem defen-dido nesta matéria e daquilo comque se comprometeu na cam-panha eleitoral, demonstrandocom esta proposta uma forma,realmente diferente, de ver e en-tender as Comunidades, conse-guindo passar dos simplesdiscursos de circunstância paraverdadeiras acções com impacto.

Esta foi sempre a minha pos-tura e a atitude agora tomada é amelhor resposta para aquelesque chegaram a argumentar, du-rante o período de formação doactual Governo, que o PSD teriaa intenção de acabar com a Se-cretaria de Estado das Comuni-dades Portuguesas. Na verdade,nunca tivemos essa intenção eprovamos agora que até quere-mos ir bem mais longe para de-fender os interesses de todos osportugueses residentes noestrangeiro.

* Deputado do PSD eleito pelo cír-culo da Europa

O Parlamento e o papel das Comunidades Portuguesas

P

Como Deputado sempre de-fendi que a Assembleia daRepública deveria ter emmaior consideração esta rea-lidade e este potencial, tan-tas vezes pouco aproveitadopor Portugal, que existe nasComunidades Portuguesas.

Page 7: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 Comunidade 7Maria Teresa Duarte

Soares*

Com a mudança de governo e asinevitáveis mudanças dos respon-sáveis por vários cargos, surgemas também inevitáveis alusões aosistema de Ensino Português noEstrangeiro e às possíveis soluçõespara melhoria do mesmo.

Deixando de parte o fato, ine-gável, de que o EPE desde há mui-tos anos deixou de ter melhorias eagora se encontra em patente de-gradação, resultante da nova redede ensino, orientada unicamentepelos princípios economicistas doInstituto Camões, é legítimo fazera pergunta sobre o que se entendepor “integração”, termo que tinhadeixado de ser utilizado e queagora renasce como um tipo de re-médio santo para sanar os males -e muitos são eles - que afligem oEPE.

Integração de quê e para quê?E para quem? Com que objetivos?Até hoje, nunca houve respostasconcretas a estas perguntas.

Integração é realmente umapalavra bonita, de caráter positivoe de cariz político correto, por issoé atirada para o ar e apregoadacomo solução para situações queaqueles que a indiscriminada-mente a utilizam nunca se deramao trabalho de conhecer.

Se por “integração”se referemà criação de cursos de Língua Por-tuguesa, como língua estrangeira,nas escolas dos países de acolhi-mento, é útil esclarecer que, e fe-lizmente, grande parte dos alunosdos atuais cursos de Língua e Cul-tura Portuguesas domina, de novofelizmente, a sua língua de origemde modo muito razoável, não ne-cessitando por isso de a aprendercomo língua estrangeira, o queseria aliás extremamente desmo-tivante, pois como falantes regula-res da língua teriam de “voltaratrás”e começar pelas noções bá-sicas, visto que, criando-se cursosde Português como língua estran-geira, teriam estes de começarpelo nível de iniciação.

É também necessário levar emconta que a tão apregoada “inte-gração” não se encontra livre depropósitos economicistas, pois aexistência do Português como dis-ciplina no currículo escolar de umou vários países seria um ótimopretexto para encerrar cursos jáexistentes a cargo do governo por-tuguês, passando a responsabili-dade económica para as entidadesestrangeiras, o que, convenhamos,iria ao encontro dos desejos de vá-rios elementos políticos, dado queseria uma maneira de conseguirfugir àquele incómodo ditame daconstituição portuguesa, que de-termina o direito a cursos de lín-

gua e cultura para luso-descen-dentes, pertencendo o encargo aogoverno português.

Será importante lembrar, rela-tivo a “integração” o que já suce-deu em França, nos fim dos anosoitenta, com a abertura, por duasescolas secundárias em Paris, decursos de Português como línguaestrangeira.

Tal procedimento foi imedia-tamente usado pelos responsáveisem Portugal como pretexto paraencerrar grande número de cursosde 2° e 3° ciclo, alegando que osalunos de nacionalidade portu-guesa já poderiam aprender a sualíngua com o estatuto de línguaestrangeira no sistema francês, oque obrigou vários pais a recorrerao ensino associativo, pois deseja-vam que os seus filhos fizessemprogressos e não retrocessos naaprendizagem.

Os referidos cursos, de tão vis-tosa”integração”, há muito quedeixaram de existir, por falta deinteresse dos alunos franceses emaprender português.

Há também quem apregoe a“integração” como alternativa pre-ferível aos cursos que funcionamna parte da tarde, depois do horá-rio escolar normal, e em que alu-nos oriundos de várias localidadese várias escolas se juntam numaescola central para assistir ás aulasde português.

Também aí, infelizmente, éobrigatório esclarecer que o “re-médio integração” não resulta,dado que a comunidade portu-guesa se encontra muito dispersa,havendo muitas vezes em cada es-cola apenas um ou dois alunosportugueses, o que impossibilitalecionar os mesmos nas escolasque frequentam e muito menos in-tegrar as aulas de português nohorário normal.

Embora o ensino paralelo nãoseja uma solução ideal é, devido àscondicionantes existentes, o únicomodo de muitos jovens e criançasfilhos de portugueses poderem ad-quirir e melhorar os conhecimen-tos da sua língua e cultura deorigem.

Haveria, realmente, uma pos-sibilidade de integração - desta vezsem aspas - das aulas de portu-guês no horário escolar normaldos alunos. Bastaria que, numa es-cola em que houvesse um mínimode 7 ou 8 alunos portugueses, sepudesse formar um grupo letivocom direito a algumas horas deaula por semana.

Tal procedimento, que trariagrandes vantagens para os alunose também para os pais, pois evita-ria tempo perdido em deslocaçõesa outra escola, tem possibilidadespraticamente nulas de se tornarrealidade, pois o número mínimode alunos para formar um grupo

letivo tem subido constantementeao longo dos anos, de 10 para 15 e,atualmente, segundo as diretrizesdo IC, bastam 3 horas para lecio-nar 18 ou 20 alunos de todos os ní-veis.

Tal significa que uma integra-ção no horário, que traria benefí-cios inestimáveis aos alunos,falhou, falha e continuará a falharpor um único motivo, o aumentode custos que implica.

Realmente, é muito mais fácilintegrar o Português no currículoe deixar que sejam outros a arcarcom as despesas, e mais fácilainda, como preconizado por umpolítico responsável pelas comuni-dades, aproximar mais o sistemade ensino na Europa ao de fora daEuropa.

Claro. No sistema fora daEuropa, isto é, Canadá, EstadosUnidos, Austrália, etc, o ensino épago pelos encarregados de edu-cação, sem sequer um subsídio dogoverno português e sem qualquertipo de certificação reconhecida.Sistema muito desejável, devidoaos custos baixos ou nulos.

Há quem diga que Portugal éum país pobre. Talvez seja. Mas oque é, sem dúvida, é um pobrepaís, com políticos que não pre-zam ,não respeitam e não dãovalor à sua própria língua e cul-tura além-fronteiras.*Professora de LCP

O mito da integração e outrosEnsino

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Page 8: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011Comunidade8

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É uma quase normalidade nanossa sociedade que muitas daspessoas que investem uma boaparte da sua vida e da sua energiaem prol de uma causa de interessepúblico, em trabalho persistente eempenhado anos e anos a fio, pas-sem despercebidas e nuncavenham a receber um agradeci-mento, nem daqueles que directa-mente beneficiaram , nemdaqueles que aliviaram a sua res-ponsabilidade através desse traba-lho. Felizmente há excepções.

De facto, para além dos alu-nos, pais e professoras portugue-sas da Escola SecundáriaMax-Planck (Max-Planck-Gymnasium), o estado portuguêsvai prestar homenagem pública aotrabalho desenvolvido pela di-rectora desta escola , senhora IlkaEngler (na foto), que desde há

anos tem vindo a empenhar-se nodesenvolvimento do projecto“Português no Max-Planck-Gymnasium”, assegurando atra-vés da sua intervenção a nível deescola e junto das autoridades ale-mãs e portuguesas a continuaçãode um projecto que é, hoje ainda,pioneiro na integração de alunosde origem lusófona e no ensino doPortuguês como língua estran-geira.

Como reconhecimento do tra-balho iniciado em 1995 e chegadoagora a seu termo, Ilka Engler foiagraciada com o grau de Oficialda Ordem de Mérito atribuídapela Presidência da RepúblicaPortuguesa, tendo sido homena-geada publicamente na festa dedespedida que se realizou no salãode festas da escola no próximo dia15 de Julho.

Não é necessário ser-se portuguêspara se fazer muito pela cultura e alíngua portuguesas

A Embaixada de Portugal perde oConselheiro para a Cultura.

Francisco Miguel Fialho deBrito iniciou as suas funções emMaio de 2010, tendo vindo substi-tuir Luís Tibério que, para além docargo da cultura acumulava tam-bém o da imprensa, e que tambémjá cessou funções.

Francisco Miguel Fialho deBrito terá apresentado a sua de-missão em Maio último por razõespessoais, dizem-nos da Embai-xada.

Há, no entanto, quem diga queo ex-Conselheiro Cultural despe-diu-se “porque pensava que a suaremuneração era baixa para o tra-

balho que tinha”, disse-nos umafonte bem colocada.

Tentando indagar os membrosdo Conselho das ComunidadesPortuguesas, o PP chegou à falacom o conselheiro FernandoGenro que nos disse nada sabersobre a demissão do responsávelpela cultura na embaixada, di-zendo que “a inexistência de umConselheiro Cultural na embai-xada é uma perda, muito emboranão se sabia ao certo o que é queele fazia”, acrescentou FernandoGenro.

O ex- Conselheiro pertencia aomapa de pessoal do Instituto deTurismo de Portugal.

Embaixada sem Conselheiro Cultural

O restaurante “O Castelo”, emMunique, celebrou o seu terceiroaniversário com a participação docantor Mário Gil, intérprete da fa-mosa canção “Pelos Caminhos dePortugal”

A festa de aniversário prolon-gou-se pela noite adentro, não fal-tando a alegria acompanhada pormuitos e variados sabores gastro-nómicos de Portugal.

Recorde-se que o “O Castelo” éum dos raros restaurantes portu-gueses existentes na cidade deMunique, primando pela quali-dade e pela apresentação de pra-tos tradicionais portugueses.

O local é visitado todos os diaspor portugueses que ali trabalhamou que passam por Munique.

Por isso, já sabe, se viver emMunique ou estiver de passagemnão se esqueça de fazer uma vistaao restaurante “O Castelo” e deli-cie-secom os sabores tradicionaise regionais da cozinha portuguesa.

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Da ssq. Senhora Fátima e Manuel Monteiro (propriatário). Companheira eMário Gil, Hugo (ajud.cozinha) Raquel e Rosa (Empregadas de Mesa)

Munique Mário Gil anima festa no restaurante “ O Castelo”

Voluntários da Organização Não Go-vernamental (ONG) europeia @fire,sedeada em Osnabrück, Alemanha,vão ajudar o município de Vila Realno combate aos incêndios florestais,mediante um protocolo de colabora-ção que vai ser assinado na segunda-feira.

O número elevado de incêndiosque todos os anos deflagra na regiãoNorte, com particular incidência noterritório de Vila Real, e a redução de11 por cento sofrida no dispositivo decombate a fogos vem, segundo notadivulgada hoje pela autarquia, “exporcarências de meios humanos e a ne-cessidade de respostas alternativaspara uma melhor intervenção emcasos similares”.

Por isso mesmo, a câmara assinouum protocolo de cooperação institu-cional com a organização alemã@fire - Resposta Internacional a De-sastres Naturais.

Já em 2005 e 2006, os voluntáriosalemães ajudaram no combate às cha-

mas no concelho e distrito de VilaReal.

Desde o final da década de 1970,que a autarquia transmontana desen-volve uma relação de amizade com omunicípio alemão de Osnabrück.

Em 2005, os dois municípios as-sinaram um acordo de geminação enesse mesmo ano, em que o distritotransmontano foi fustigado pelas cha-mas, a ONG europeia @fire ofereceu-se para ajudar.

Nesse verão, uma equipa de noveelementos fez parte do dispositivo decombate a incêndios em Vila Real.

Em Agosto de 2006, 33 elementosde quatro corporações de bombeirosde Osnabrück e 10 elementos daONG @fire regressaram a Vila Real,em auxílio das corporações de bom-beiros de Vila Real, ajudando maisuma vez no combate aos incêndiosque deflagravam no distrito.

Nesse mesmo ano, as corporaçõesalemãs e portuguesas treinaram emconjunto na cidade transmontana, tro-

cando tácticas e técnicas e partilhandoexperiências.

A ONG alemã funciona com umcorpo de voluntários e mantém-se noactivo através de doações de institui-ções ou particulares, tendo ajudadoem catástrofes naturais que ocorreramna Tailândia, Paquistão e Haiti.

Segundo dados do Serviço deProtecção da Natureza e Ambiente(SPENA), da GNR de Vila Real,desde o início do ano e até hoje,foram dados 681 alarmes de incêndiono distrito, dos quais 512 correspon-dem a incêndios florestais que resul-taram numa área ardida de 1.415,53hectares. As autoridades contabiliza-ram ainda 15 incêndios agrícolas, 35reacendimentos, 75 falsos alarmes, 42queimas e queimadas e duas outrasocorrências.

No mesmo período, dos 63 alertaslançados para o concelho de VilaReal, 53 dizem respeito a incêndiosflorestais que queimaram 212,6 hecta-res.

Alemães vão ajudar Vila Real no combateaos fogos florestais

Page 9: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 Comunidade 9

GENTEHUGO VIEIRA DA SILVA éum realizador português quetem agora um filme seu emmais de vinte salas de cinemada Alemanha ( ver notícia naedição online do PP ).Nascido no Porto, em 1074,vive há cerca de oito anos emBerlim, estudou na Escola Su-perior de Teatro e Cinema/Lis-boa, foi estudante convidadoda Hochschule für fersehenund Film München e foi bol-seiro do Nipkow program Ber-lin.Em 2006 realizou a sua pri-meira longa-metragem, “BodyRice” e é considerado uma daspromessas do cinema portu-guês

Quando se fala na vida comunitá-ria e associativa portuguesa emHamburgo, confesso que os co-mentários terminam angustiada-mente em ...“está pela hora damorte“. Os portugueses de agorachegam à Alemanha por motivosbem diferentes dos de outrora, jánão trazem na bagagem o saudo-sismo , dificuldades de adaptação,incapacidade linguística e atémesmo o característico espíritopatriota do português. A nova ge-ração de portugueses emboramantenha as mesmas ambições eempenho na luta pelo „ganha-pão“, são pessoas com maiores ca-pacidades de integração até commaior abertura no que concerne àunião e convivência com pessoasde outras raças. A vida associativateve sempre o papel de manteressa forte ligação entre os que cáestão e suas origens. Hoje, confli-tos e obstáculos de vária ordem,principalmente financeiros, têmabalado os alicerces dessas estru-turas. Oiço, muitas vezes, antigosdirigentes associativos falarem or-gulhosamente de suas proezas nopassado. Mas a conversa terminasempre com uma carga de de-sânimo, com exemplos quecaracterizam o conflituoso relacio-namento entre portugueses quepor cá andam hoje. As festivida-des do dia 10 de Junho, Dia dePortugal e das Comunidades, pas-sou a ser comemorado em Ham-burgo com um objectivo adicional.

Se antes os portugueses percor-riam as ruas principais de Ham-burgo (desde da Missão CatólicaPortuguesa ao Museu Etnográfico)com grupos folclóricos e símbolosvários da Pátria Portuguesa, hojepouco podem eles orgulhosa-mente mostrar aos alemãs e a ou-tras comunidades. Fugindosempre aos entraves financeirosdos últimos tempos, a organizaçãotem-se mostrado empenhada emsalvaguardar o património cultu-ral e linguístico português, bemcomo construir a ponte de ligaçãoentre gerações.

„ O objectivo não é tão so-mente divulgar aspectos da cul-tura portuguesa, mas sim incutirnesta nova geração de filhos enetos portugueses, o valor de todoum património“...disse-me Ade-lina Sedas, da associação Elbatejo,co-organizadora dos festejos do 10de Junho.

Nesta dinâmica, surgiu a ideiade, em conjunto com elementosdo grupo folclórico „Retalhos dePortugal“ se criar o grupo de tea-tro „Retalhos em Cena“. Comtexto, cenografia, guarda-roupas ecoordenação de Adelina Sedas eJusta Correia, a peça „Antiga-mente era Assim“ já subiu aopalco várias vezes, arrebatandorasgados aplausos e elogios. Paraalém de ter a notável faceta deunir no mesmo palco pais, filhos eaté netos, sendo uma peça bem re-cheada de bom humor.

„Os elementos do grupo, paraalém de interpretarem o papel quelhes cabe, têm aprendido muitosobre a componente linguística, ahistória e aspectos tradicionais dodia-a-dia português.Tem sido umaverdadeira escola, principalmentepara estes jovens, que falam maisalemão e pouco sabem, infeliz-mente, sobre as suas origens“,adiantou Adelina Sedas.

Para qualquer „alfacinha“, apeça é um pouco o (re)viver decenas caricatas e típicas de umaLisboa à moda antiga, com os pre-gões das vendedeiras e varinas; tí-midamente romântica pelasmanobras dos namoradinhos; ou-sada e maldosa pelo aproximar debocas e ouvidos das alcoviteiras;mística pela insistência das „ciga-nas da sina“; de vida zonza doeterno bêbado e as peripécias du-rante um bailarico no largo dobairro.

„Os Retalhos de Portugal“ éum grupo “ainda adolescente queacaba de comemorar os seus 15anitos, mas tem muito que dar efazer de futuro. Esta peça de tea-tro, que não foi fácil pôr de pé, é aprova que com persistência e so-bretudo muita força de vontade,tudo é possível, para nós e pelosoutros“ confidenciou-nos JustaCorreia, um dos elementos dogrupo.

Maria dos Anjos Santos       Correspondente

Comunidade em Hamburgo ganha umnovo grupo de teatro

No sábado, dia 2 de Julho, a Es-cola Primária “Franziskusschule”em Euskirchen festejou o seu“Sommerfest” com uma grandeparticipação de alunos e pais, por-tugueses e brasileiros.

Entre 1968 e 1969, com a ins-talação de muitos portugueses nacidade de Euskirchen, a “Franzis-kusschule“ tornou-se a escola dosportugueses e ficou conhecidacomo tal.

Nos primeiros anos havianesta escola pelo menos umaturma constituída só por alunosportugueses, que tinham, ao con-trário dos amigos e colegas ale-mães, as aulas em línguaportuguesa e só depois é que tin-ham algumas poucas horas deaulas em língua alemã, ao contrá-rio do sistema que se conhecehoje.

De dois em dois anos a „Fran-ziskusschule“ festeja o seu „Som-merfest“, que inclui sempre aparticipação da parte portuguesa.

Este ano a presença portu-guesa e brasileira não estava ape-

nas marcada pelos petiscos tradi-cionais – rissóis, pastéis de bacal-hau, bôla, pataniscas, sardinha,frango assado e o caldo verde, mastambém pela “Marcha de SãoJoão”, organizada pela professoraJoana e com a ajuda dos pais.

Em trajes tradicionais ou aimitar, com o manjerico à cabeçae belos arcos enfeitados com fitas,flores e lampiãos coloridos, os alu-nos portugueses e brasileiros mar-charam ao toque da música eapresentaram aos visitantes pre-sentes um pouco da cultura e datradição portuguesa.

Esta presença e apresentaçãoda parte portuguesa não chamouapenas a atenção e o interesse dosvisitantes pela cozinha e as tradi-ções portuguesas como tambémdemonstrou a aceitação e a inte-gração dos portugueses e brasilei-ros com a sua cultura e as suastradições nas festas alemãs emEuskirchen.

Elisabete AraújoCorrespondente

Marcha de São João emEuskirchen

Todos os nacionais têm o direito e odever de promover a sua inscrição norecenseamento. Sendo eleitores têm o dever de verifi-car se estão inscritos e, em caso de erroou omissão, requerer a respectiva recti-ficação.A inscrição no recenseamento temefeitos permanentes e só pode ser can-

celada nos casos e nos termos previstos pela lei. O recenseamento é únicopara todas as eleições por sufrágio directo e universal. Ninguém pode estarinscrito mais de uma vez no recenseamento.Podem inscrever-se no recensea-mento eleitoral:Os cidadãos maiores de 18 anos de idade;Os cidadãos com 17 anos, a título provisório, passando automaticamente elei-tores efectivos no dia em que perfaçam 18 anos.Local de inscrição: o consulado da área de residênciaDocumentos a apresentar para a inscrição:Bilhete de identidade ou Cartão de Cidadão;Cartão de eleitor, caso se encontre inscrito em Portugal ou em qualquer postoconsular.

Informação Consular

Í

Inscrição no recenseamento eleitoral

Page 10: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 201110

Gostaria que nos falasse sobre asua participação na III Bienal deCulturas Lusófonas 2011 – Encontrode Escritores Lusófonos, realizadoem Portugal pela Câmara Municipalde Odivelas, tendo como tema prin-cipal a “Literatura Lusófona na Diá-spora da Europa Ocidental. AUniversalidade do Autor Lusófono:uma Diáspora de Interculturali-dade?”

Eu intitulei a minha comunicação“Um Escritor Sem Livros”, pois o quefaz um escritor sem livros num encon-tro de escritores? Um escritor traz oucarrega sempre livros consigo, lem-bro-me bem de uma cena com aAgustina Bessa-Luís. Eu tinha-a con-vidado para uma conferência na Uni-versidade de Trier e fui buscá-la àestação. Ela nem conseguia pegar namala que trazia, eu tentei ajudá-la masaquilo pesava que nem chumbo! E aíperguntei-lhe: “Ó Agustina, você trazaí consigo todos os livros que escre-veu?” E ela soltou uma sonora gargal-hada.

Dizia eu a um amigo, poucotempo antes do Encontro de Escrito-res, o que faço eu num encontro de es-critores, se não tenho livros nem paraoferecer, nem para vender, uma vezque estão todos esgotados? E ele res-pondeu com ar contrito: “um escritorsem livros é como uma ave sempenas!” “Trata-se de uma expressãoidiomática que eu desconheço?” per-guntei, duvidando, como estrangeiraque sou na Alemanha, dos meus pró-prios conhecimentos linguísticos.“Não, saiu-me assim!” respondeu elee eu suspirei de alívio. Para que secompreenda, há que dizer que as min-has línguas de trabalho poético e fic-cional são o português e o alemão.

Mas verdade, verdadinha, é queme senti, e sinto, como um pato sempenas...

Na sua opinião, existe ou não li-teratura das comunidades, isto é, deautores “emigrantes”?

Existe uma literatura das comuni-dades, sem dúvida, uma literaturaalgo “marginal” relativamente à lite-ratura “nacional”. Uma literatura quetem temas próprios (ou não), que é in-fluenciada, do ponto de vista linguís-tico, pelas línguas oficiais dos paísesnos quais se está inserido. Confessoque tenho alguma dificuldade com otermo “emigrante”, infelizmente eunão tenho o estatuto de “emigrante”,teria mais vantagens se o tivesse ou ti-vesse tido... (risos). Eu não emigreipara a Alemanha, eu vim para aqui

num intercâmbio entre universidades,através do Instituto Camões. E, alémdo mais, eu sou Germanista, estudeialemão na Universidade de Lisboa,quer dizer, eu já dominava a línguafluentemente, eu dava aulas de Lite-ratura Alemã numa Universidade por-tuguesa...

E isto conduz-me a uma das ques-tões que abordei no Encontro:Quando se está inserido numa culturae numa língua, que não são as mes-mas da língua materna, o que é queresta? Eu diria, no meu caso, e a nívelda ficção, que é, por um lado, o ca-rácter crítico, provocado pela distân-cia, quer em relação a Portugal, querem relação à Alemanha (ou seja, eunão sou alemã, mas também já nãosou bem portuguesa, isto é, esse hibri-dismo, essa esquizofrenia, levam-me

a não pertencer, em última instância,nem a um lado, nem a outro); e, poroutro lado, o carácter lúdico, o humor,a malícia da minha língua e culturamaternas.

A saudade e o facto de viverlonge de Portugal influencia a suaescrita?

Não. De forma alguma. Acho queaté melhora a minha escrita... (risos).A distância relativamente a Portugal,assim como a distância relativamenteà Alemanha, país onde vivo e trabalhohá cc. de 15 anos, e onde serei sempreestrangeira, a “Ausländerin”, até pelofacto de ter ter tido a amabilidade deintroduzir na língua alemã as fricati-vas em final de palavra, os “sches”portugueses (risos), possibilitam-meuma visão crítica dos dois países, das

duas línguas e respectivas culturas.Claro que isso faz de mim uma esqui-zofrénica em potência, algo peri-gosa... (risos).

São os temas dos meus livrostemas portugueses? Relacionam-seeles de alguma forma com Portugal etudo o que lhe é inerente (a língua, acultura, a História, etc.)? “Jein”, res-ponderia em alemão, uma mescla desim e de não. Alguns sim, outros não.Alguns temas são propositadamenteescolhidos (caso de um poema sobreas fricativas em português, pois o edi-tor queria à viva força incluir no livroum poema que fizesse referência aPortugal); outros surgem por acaso,como foi o caso do conto “Gelüste”,ou seja, de um conto sobre o Luxem-burgo; e, por último, outros nada têma ver com Portugal.

O seu livro “Adeus Portugal”,que foi, diga-se, premiado em Por-tugal, tem a ver com o tema emigra-ção?

Não. Tem a ver com o facto de seviver num país estrangeiro, numa lín-gua e numa cultura que não são as dalíngua materna. Tem a ver com a per-spectiva, isto é, com o facto de se verum país, neste caso Portugal, como sefosse através de um binóculo...(risos).

Foi um prémio que me trouxeuma satisfação pessoal muito grande,até porque Manuel Teixeira Gomes(1860-1941), figura literária de ex-trema importância, era um “estrangei-rado” para a sua época. E uma dascoisas que o torna bem simpático ameus olhos é o seu carácter lúdico:não só era “uma excepção no pano-rama dos presidentes da 1ª Repú-blica”, pois “todas as noites jogava àscartas com o seu secretário”, comoteve a coragem de escrever em 1934as suas Novelas Eróticas. Ora doisdos meus livros são também livroseróticos... (risos).

Entrevista

Escritora Paula de Lemos

“Eu não sou alemã, mas também já não sou bem portuguesa”

Residente em Trier há cerca de15 anos, a escritora PaulaLemos, nascida em 1962, con-cedeu esta entrevista ao nossojornal após ter participadonum encontro em Portugal dealguns escritores da diásporaem representação da Alema-nha.

Também muito me honrou queesse prémio tenha sido entregue numadata cabalística, a 25 de Abril, premi-ando um livro que é na sua essênciatambém ele revolucionário, crítico,uma novela que é uma caricaturamordaz, irónica e humorísticade/sobre Portugal. Um livro que fa-zendo rir a bandeiras despregadas, co-loca simultaneamente questões éticas,ideológicas, políticas e sociais quetranscendem qualquer “naciona-lismo” ou “patriotismo”. Enfim, umlivro que é uma é uma sátira, uma ca-ricatura de Portugal, um livro que dis-põe bem, mas que incomoda, e issofaz parte do meu estilo, não há voltasa dar-lhe... (risos).

Enquanto autora, acha que pelofacto de viver fora de Portugal temalguma dificuldade em impor os seustrabalhos nas editoras portuguesasou isso não é nenhum entrave?

Claro que sim! Tenho dificuldadeem Portugal e na Alemanha (risos),pois não pertenço nem a um, nem aoutro lado. Mesmo com prémios, oslivros esgotam-se e não são feitas 2as.edições, porque os editores pulam decontentamento quando um livro se es-gota. Porque não querem correr orisco de uma segunda edição quepossa estagnar. Um livro é publicado,quase apenas quando é premiado (ouquando se trata de um escritor de re-nome), e acabou. Não há grande fu-turo. Eu escrevo em duas línguasradicalmente diferentes, em portuguêse alemão, e isso piora as chances depublicar.

Como escritora, como se define:romancista, novelista, poetisa...

Acho que sou um pouco de tudoe de nada (risos), escrevo novelas(“Adeus, Portugal!”), contos (“Melu-sina”, em alemão, que ganhou o pré-mio no Luxemburgo) e poesia emportuguês e alemão .... (os meus ou-tros dois livros). Só não escrevo tea-tro. Ainda não me deu para aí, emboraa fantochada mundial até tenha sub-strato q.b. ... (risos).

Escreve também em alemão outraduz aquilo que escreve em portu-guês?

Escrevo nas duas línguas e, nomeu caso, não traduzo nada. Tudotem a ver com a ideia inicial, ela surgeem português ou em alemão e daí re-sulta um texto em português ou emalemão, à custa do uso dos respecti-vos dicionários... (risos).

Quando é que pensa editar a suapróxima obra e que tema aborda?

Quando receber o próximo pré-mio (risos)! Tenho dois romances emmãos, um em português, sobre as di-ferenças culturais e linguísticas entrePortugal e a Alemanha (muito diver-tido) e um em alemão sobre uma fi-gura histórica... e mais não posso nemdevo dizer... (risos).Mário dos Santos

LIVROS PUBLICADOS - Entre Dunas (Ed. Espiral Maior, A Corunha, Galiza, 2001, ISBN 84-95625-01-6), escrito em colaboração com uma colega e escritora galega, Marga Ro-mero, livro de poesia erótica que, retomando a poesia trovadoresca, atesta naépoca contemporânea um diálogo entre duas amigas, duas mulheres que se de-bruçam sobre uma História - a Fundação da Nacionalidade, o estabelecimentode fronteiras entre a Galiza e Portugal -, e uma língua, o Galego-Português, quetêm em comum. Ambas trovam sobre temas contemporâneos, temas femininose algo feministas, comprovando, uma certa “universalidade” da História.- Adeus Portugal (ed. Colibri, Lisboa 2003, ISBN 972-772-390-X), obteve emPortugal o Primeiro Prémio de Novela do „Prémio Revelação Manuel TeixeiraGomes 2002“ promovido pela Câmara Municipal de Portimão em colaboraçãocom a Delegação Regional de Cultura do Algarve e com o apoio do InstitutoPortuguês do Livro e das Bibliotecas.- Sabotage in Blau (ed. Trèves, 2001, ISBN 3-88081-444-9), um livro de contose poesia em alemão,que inclui um conto em Alemão, Mélusine oder das Rätselder Schöpfung“ („Melusina ou o enigma da criação“), que recebeu o „PrimeiroPrémio Literário do Luxemburgo 1998“ do Instituto Goethe do Luxemburgo(in Mélusina, Éditions Phi, Luxemburger Literaturpreis 1999, com colagens dapintora Anne Weyer, ISBN 3-88865-180-8). - “Delpho”, conto em alemão, Prémio da Editora DeKi (Herxheim, Alemanha)(„Auszeichnung des Kurzgeschichtenwettbewerbes des DeKi Verlags –Herxheim”), publicado na antologia Konfettiküsse (Band 1, Verlag DeKi e.K.,Herxheim, 2003, pp. 237-251 - ISBN 3-937143-01-7).- gehen wir zu dir?, livro de poesia erótica intitulado com desenhos do artistaberlinense Sven Hoffmann (Editora „Kleine Schritte“ , Trier, 2004 - ISBN 3-89968-113-4), que é dedicado a um “monstro” da literatura alemã, WilhelmBusch (1832-1908).

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 11Reportagem

Do Maputo, bairro da Polana onde meencontrava alojado, numa casa de re-quinte colonial, partimos às 12h30duma Quarta-feira de Abril, no mus-culoso jipe da marca Toyota Hilux, fi-nanciado pelo governo regional daRegião Valenciana. É necessária ex-periência e perícia para levar a cabo aaventura de palmilhar 1200 Km, dis-tância que separa esta cidade à cidadeda Beira. O condutor é um Missioná-rio italiano, que conhecia há algunsmeses e que ganhou a minha admira-ção e o meu respeito, o P. Ottorino, aquem os anos calejaram nestas peri-pécias. A presença das ONGs com osseus jipes especiais são uma constantea acompanhar-nos permanentemente.Os relógios aqui parecem ter parado.Este é uma dádiva a ser vivida sempressas e com uma grande dose de pa-ciência. Denota-se que as ruas e ave-nidas, tanto de Maputo, como das deoutras cidades foram rasgadas deforma a prever um futuro promissormas interrompido pela independênciae atrasado pela guerra fratricida, cujosvestígios ainda se deparam.

Deixámos para trás o antigoQuartel Geral Militar que acolheu,nos anos sessenta e setenta, milharesde soldados Portugueses, antes demarcharem para outras paragens doextenso território ou no seu regressoà metrópole. As janelas sem vidros eas portas escancaradas, dão a sensa-ção de que o brio militar terá há muitosido apagado. Depois de passar obairro de Malhangalene, não longe doaeroporto internacional, vislumbra-seà nossa esquerda o Cemitério Central,onde repousam os restos mortais demuitos soldados lusos, caídos nessanefasta guerra colonial.

O Bairro do Benfica estende-se aseguir à nossa direita e à nossa es-querda. É um aglomerado extenso debarracas, mal alinhadas onde tudo sevende e as pessoas parecem peregri-nar como se dia de grande feira se tra-tasse. Tudo se vende e tudo seimpinge. O barulho ensurdecedor e apoeira acompanham-nos ao longo dequilómetros sem fim. “Chapas” fe-chados e de caixa aberta, onde os pas-sageiros se apertam mutuamente paraum destino que só eles sabem. Os“machimbombos” que os anos e omuito uso fizeram esquecer a idade.O rufar esquisito dos motores de com-

bustão compulsiva, vão poluindo,com o seu fumo negro, o ambiente epreenchem imensos espaços na amplaestrada, concebida para ser auto-estrada. Tudo isto confunde a visão eos hábitos do europeu, familiarizadocom a ordem e as regras rigorosas dadefesa do meio ambiente. A voz dasobrevivência e a satisfação das ne-cessidades fundamentais falam maisalto que tudo o resto, enganando asleis que apesar de existirem, não sepodem de forma alguma cumprir.

É a única via terrestre de escoa-mento humano e de mercadorias dacapital para o centro e norte do país.Mesmo assim, e logo no inicio daaventura, fomos molestados pela po-licia de trânsito. Teríamos excedido avelocidade permitida, contradição dascontradições! E lá estava o radar, em-punhado por dois policias, rodeadospor sete companheiros e companhei-ras, ostentando rigorosamente o seufardamento, que destoa com o vestirsimples, mas colorido, dos transeun-tes. Como de guerra ainda se tratasse,alguns estavam munidos de armas degrande calibre apontadas para o carro“infrator”. Educadamente e humilde-mente, o P. Ottorino, já familiarizadonestas andanças, troca algumas palav-ras com o chefe que, com um sorrisofranco nos lábios, nos manda seguir eeducadamente, nos deseja uma boaviagem.

Estádio de futebol uma obra a destoar

Dum momento para o outro,surge-nos à nossa direita uma obra ar-quitetónica imponente, como umamancha branca a destoar no aglome-rado de barracas estendidas ao redor.Era o Estádio Nacional a ser con-struído por uma empresa chinesa.Será para enganar a pobreza visível?

Xai Xai, a antiga João Belo, cum-primenta-nos com uma linda pontemetálica sobre o rio Limpopo. É umsinal, entre tantos, do tempo dos por-tugueses. O uso da ponte para a en-trada na cidade é gratuita, exigindo-seà saída o seu correspondente paga-mento. Casas do estilo português, masque não conheceram mais cor, nemobras de remodelação, faz-nos esque-cer os anos.

À saída da cidade, os formiguei-

ros humanos adensam-se, assim comoas barracas feitas de cartão, de restosde aglomerados de madeira e dezinco. Imensas pessoas caminham,nas diversas direcções, algumas trans-portando pesos sobre a cabeça, e hásempre alguém que vende algo, desdefruta, animais, comida e artesanato.A ânsia da venda, é tão grande que ocuidado é pouco para evitar algumacidente e atropelamento. Compra-mos um cacho de bananas, com asquais enganamos a fome durante otrajecto.

Percorridos que foram uns 500Km de estrada coberta com um re-cente e ténue traço de alcatrão e,como a noite se adensava, antes de se-guirmos a segunda etapa, parámospara atestar o depósito do nosso que-rido jipe e enganar a fome num res-taurante de “requinte” sobranceiro àbaia de Inhambene. O serviço emqualquer restaurante é geralmentelento e o cliente é obrigado a exercitara sua paciência. Neste não houve ex-cepção. O dono, um moçambicano deorigem indiana, mostrava-se impa-ciente com a passividade dos empre-gados. Ainda houve tempo para umpedaço de conversa e degustar umcafé Delta que ele gentilmente nosofereceu. A toda a hora esperava-separa jantar, o Ministro do Turismo,que, estando de visita à região, apro-veitou para inaugurar o novo aero-porto de Vilanculos, obraarquitetónica também chinesa. A pre-sença deles é bem notória e pelo seumodo de estar, tem provocado nopovo simples uma certa nostalgia daépoca colonial portuguesa.

A monotonia das planícies e dasretas sem fim

A viagem continuou e cada vez setornava mais monótona, turbulenta eperigosa para quem, como eu, nãoestá habituado a transitar na imensi-dão das planícies e por rectas infindas.O alcatrão começou a rarear. Os bu-racos, que, de vez em quando maispareciam crateras, obrigavam a umacontinua gincana involuntária, pondoem exercício as habilidades do maisatento condutor. Dançava-se um batu-que com ritmos improvisados e invo-luntários. No longínquo horizonteavistavam-se esporadicamente o cin-

tilar tímido de luzes, parecendo assi-nalar uma aldeia escondida no matoque se avizinha com a encurtar da dis-tância. Com uma estrada este estadode deterioração, uma marcação cen-tral ou lateral e com o desconheci-mento do volume e do tipo docondutor da outra viatura do lado con-trário, vemo-nos muitas vezes obriga-dos a estacionar à berma da estradadeixando-nos resguardar pelo capimque a envolve.

Atravessámos pontes construídasainda na época colonial, algumassemi-destruídas, como a do rio Saveque divide a província de Inhambanee a de Sofala. São rastos visíveis dapresença centenária de Portugal, quea Renamo, durante a nefasta guerracivil que assolou o pais durante maisduma década. Ocasiões houveram emque fomos obrigados a parar por sol-dados bem armados e fardados comas cores do mato. Jovialmente e, apóstentativa gorada de suborno para, se-gundo eles, a compra de pão e de ali-mentos para a família, mandava-nosseguir viagem. Batem-nos a pala, de-pois de ter reconhecido o condutor,pessoa bem conhecida nos meandrossociais e políticos da região. Estáva-mos então a 500 Km da cidade daBeira.

O grande cruzamento de vias

Respiramos fundo quando pelas2h30 horas da madrugada chegámosao grande cruzamento das vias que se-paravam o movimento do trânsitopara a Beira, Nampula, Tete, Zimbá-bue e Pemba. Era o cruzamento de In-chope.

As luzes intensas, a enorme filade camiões, machimbombos, o ba-rulho ensurdecedor, eram um convitea uma paragem obrigatória. O som damúsica rítmica africana, nas imensasbarracas dia e noite movimentadaseram um convite a um pé de dança.Deveria ser uma Manica, Laurentinaou Dois M. O calor abafado era con-vidativo.

Fui aconselhado pelo bom comp-anheiro de viagem a não descer dojipe. Entabular um pedaço de con-versa com os transeuntes e beber umafresca “Manica”, a cerveja da região,foi a tentação que me invadiu. Estaera uma hora perigosa e, sendo

branco, o perigo de assalto era rea-lista. São raros os brancos que deam-bulam por estas paragens. Branco équase sinónimo de riqueza.

Continuamos então sempre pelaestrada nacional Nr.1, ainda rasgadapelos portugueses no tempo colonial.O pouco asfalto que sobrava pareciaser ainda desse tempo. Em algumaspartes procurou-se remendar, masnoutras partes os poços-crateras eramum perigo constante para um condu-tor incauto. Se chovesse a água trans-forma o terreno em autênticos poços,impossibilitando a circulação.

Compreendem-se as razoes dapresença de marcas como Toyota,marcas indianas, chinesas e outrasdesconhecidas na nossa Europa e opéssimo estado de conservação dasviaturas.

O dia iniciava paulatinamente epreguiçosamente a nascer. A escuri-dão dava lugar a uma ténue claridade.A temperatura exterior conservava ocalor abafado que preanunciava altastemperaturas. As pessoas, como for-migas em fila, uns nas suas bicicletaschinesas carregando enormes fardos,mulheres de pé descalço empunhandona cabeça molhos de produtos diver-sos, iniciavam a sua caminhada rumoà cidade.

A cidade da Beira acorda para nosreceber

Depois de ter passado a cidade doDondo, aparece sem se contar, omaior bairro feito de cana, juncos,capim, cartão e outros materiais que,para nós, seriam desperdícios. Esten-dia-se tanto à esquerda, como à direitada via, mais parecendo um tapete semfim no horizonte monótono dum céuainda estrelado e quente. Era o cartãode visitas da cidade daBeira. O luscofusco da tenra manhã tinha já desper-tado e feito levantar os seus habitantesjá pressurosos, como de formigas setratasse. Era o bairro da Manga, umdos muitos bairros populares que ser-vem de dormitórios das gentes de par-cos recursos. A maioria dos habitantesda cidade, cerca de 80% ,procurameste tipo de bairro para viver, ou so-breviver?

A via transformou-se, dum mo-

Maputo – Beira, uma viagem no tempo

Como o nosso enviado José Gomes Rodrigues viu Moçambique de hoje numa viagem intença de emoções.

Ruinas do passada e a pobreza do presente José G. Rodrigues com a lenda do futebol luso Mário Coluna José G. Rodrigues com amigos defronte ao bar Eusébio

(continua na página 12)

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011Cultura12

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Alguém derramou um punhado desor-denado de poemasSobre as pedras nuas dos caminhos(...)

Estes dois versos do poeta JoséAntónio Gonçalves (1954 – 2005), daMadeira, poderia servir de epígrafe àpequena antologia de poemas lusófo-nos contemporâneos „hotel ver mar“.Michael Kegler, amante da línguaportuguesa e das culturas provindasdos vários cantos do mundo a falarportuguês, tradutor, incansável pro-motor de tudo o que diz respeito a esta(nossa) esfera artística, iniciador e or-ganizador da páginanovacultura.de e que, todos osdias, ali nos alicia com novidadesliterárias e culturais, resolveu emboa hora homenagear o FestivalCorrentes d´Escritas que, este ano,teve em fevereiro a sua décima se-gunda edição. Todos os anos acor-rem à Póvoa de Varzim escritoresprovindos de vários continentespara, em mesas redondas, falarementre si e com um público apaixo-nado por palavras („as palavrasvivas dos poetas“, Ivo Machado),por versos, por romances. Não sãoencontros académicos, antes deamizade, como Michael Keglerfrisa no seu posfácio, por isso olivro é todo ele uma homenagem aestes encontros profícuos.

Como leitores na Alemanhaestamos gratos pela iniciativa, jáque a antologia reúne vozes queaqui continuam desconhecidas. Oeditor Teo Mesquita, outro cora-joso entusiasta, não receou a edi-ção bilingue que traz a vantagemde dar prazer a todos nós, falantes dosdois idiomas ou não, aos amigos ale-mães e até a estudantes da língua queassim acedem a textos que conse-guem entender cabalmente. Os agra-decimentos finais englobaminformações sobre os autores escolhi-dos e sobre o título, atlântico, poéticoe real, pois o hotel com este nome

existe no bairro poveiro A-Ver-o-Mar,nome encantatório e inspirador da es-critora Luísa Dacosta.

Do Brasil há dois poetas, deÁfrica seis, da Galiza dois e de Portu-gal onze – a escolha reflete pois osafetos do organizador que não neces-sita de olhar a equilíbrios político-cul-turais para apresentar as vozes que, aofolhearmos a antologia, nos vãodando imagens saborosas dos encon-tros e desencontros do amor, das esta-ções do ano com seus esplendores esuas dores, das errâncias pelo mundofora, dos dias que poderão conter „omomento de encantar as serpentes, de

aplainar os socalcos das montanhas, /de aprender novos cânticos(...)“ (JoséAntónio Gonçalves). Alguns poemascontam-nos pequenas histórias, comoa das empregadas fabris de João LuísBarreto Guimarães ou a do „vende-serapaz“ de Luís Filipe Cristóvão, espé-cie de mini-currículo ou cartão de vi-sita entre o irónico e o melancólico.

Como alfacinha a minha prefe-rência vai para o poema „Lisbona“ domoçambicano, há anos residente emPortugal, Luís Carlos Patraquim.Hino a Lisboa, homenagem, mas àsavessas, que, lembrando CesárioVerde („ó meu poeta das naturezasmortas e das casas de ferragens“) faz-se eco, pelo tom coloquial e brincal-hão, do poeta Cesariny e claro, deFernando Pessoa („ó pequena ruatriste onde não cabe o universo“). A„Branca Lisbona“ deixou de ser caisde partida para um sonho ou pesadelode império. Nesta pequena „ode ma-rítima“ o „estuário largo“ é a „ultra-

marina enseada / Onde desaguamos imbondeiros“. Por isso Patra-quim, modificando uma expres-são camoniana, apela à cidade:„abre-te à turba que chega, ca-nora e não belicosa“.

Também nós, leitores de ver-sos, não somos belicosos, antespacíficos e ficamos felizesquando podemos afirmar como obrasileiro Paulinho Assunção que„a poesia esteve ontem aqui emcasa.(...) música, talvez. Um si-lêncio, quase.“ Nos dias que cor-rem não há muito sossego paraler poesia. Por outro lado, os tex-tos são curtos e profundos epodem ser lidos entre duas esta-ções de metro e as suas palavrasque, segundo Ivo Machado, ospoetas semeiam, irão acompan-har-nos pelo dia fora.

Ofereçamos pois de lem-brança este „punhado de poe-mas“. Que eles nos encantem, anós e aos nossos amigos alemães:„Heute erwachten die Bürger-

steige im Weiß / der Poesie, die dasMorgentau in Licht tauchte“. Ou, nooriginal de José António Gonçalves„Hoje as calçadas amanheceram como branco / da poesia a iluminar-lhes oorvalho da madrugada.“

Assim o desejamos, que o brancoda poesia nos ilumine os dias.Luísa Costa Hölzl

hotel ver mar, Gedichte aus Angola, Brasilien,Galicien, Guinea-Bissau, Mosambik, Portugalund São Tomé e Príncipe. Herausgegeben undübersetzt von Michael Kegler. Santo Tirso 2009

hotel ver mar

mento para o outro, numa extensaAvenida, invejando qualquer cidadecosmopolita europeia. Rodeada defrondosas árvores que se elevam dumchão poeirento e desnivelado, dandoassim um ar cosmopolita e desleixadoda cidade da Beira, que se aproxi-mava. Eram as cinco da manha.

O bairro da Passagem de Nível,do Esturro e de Matacuene, entre ou-tros vão ficando para trás, para darlugar ao de Ponta Gea, já melhor ilu-minado aparentando um estilo dife-rente e mais europeizado.

As minhas muitas e pequenas his-tórias e anedotas que, como um rosá-rio sem conta, fui relatando na viagemsem fim, procurando manter calmo edesperto o condutor-herói que tei-mava em chegar ainda na madrugadaao destino, deram lugar a um silenciopara dar lugar a uma enorme curiosi-dade que me invadia em ver e desco-brir os mais recônditos sítios dacidade.

Em casa apesar dos milhares dequilómetros de distância

Às cinco em ponto, como o meuanfitrião se tinha proposto, chegámossãos e salvos ao destino. No portão dacasa senhorial esperava-nos o vigi-lante nocturno, que, com um longosorriso rasgado nos lábios, nos abriuo portão, ajudando-nos a transportar abagagem e os cartões que abarrota-vam o assento de trás da viatura. Re-spirámos fundo, passámos pelacozinha para um refresco. A “Manica”que o perigo durante a viagem mesubtraiu de saborear, lá estava no fri-gorífico à minha espera. Subi as esca-das para o primeiro andar, ansiosoduns lenços brancos para repousar ocorpo maçado da viagem. Enquantoesperava que o sono me invadisse,deixo deambular a imaginação inte-riorizando as tantas emoções e recor-dações que a vigem me proporcionou.

Afinal estava numa casa que ou-trora teria pertencido a uma famíliaportuguesa de fartos recursos finan-ceiros, obrigada a abandonar o pais aoabrigo da famigerada lei emana logoapós a independência, a lei 24/20. Em

24 horas teriam de abandonar o paiscom somente 20 quilos de bagagem.Debandaram aos milhares, deixandopara trás haveres e sonhos.

Quarto amplo, casa de banho comazulejos, mármore e louça tipica-mente portuguesa. Ainda restos demóveis do estilo desse tempo que ocaruncho e o tempo poupou. As pare-des nunca mais teriam visto um pin-cel, nem a mão dum pedreiro ouhabilidoso.

O sonho é na verdade um remédiosalutar para sufocar e trabalhar asemoções. Sonhei e senti-me em casa.

Levantei-me, já o sol ia alto e ocalor apertava. Abrindo as janelas,todas envoltas numa rede fina, não váo mosquito entrar e trazer a nefastamalária. Estava no Bairro das Palmei-ras, enfrente dum estádio desmoro-nado que em tempos era do Sportingda Beira. Do Oceano Indico separa-me uns cinquenta metros. O tipo decasas envolventes parece eliminar asdistancias duma cidade lusa adorme-cida no tempo. Poucos dias depois jáquase toda a cidade da Beira com osnumerosos bairros me era familiar,desde o bairro do Maquinino, deChaimite, de Macuti, da Praia Nova eda linda costa marítima que envolve acidade com o seu enorme porto demar internacional.

A história comum que nos irmanoupara sempre

Por estranho que pareça, senti-mesempre em casa, apesar das distan-cias, do clima e da cor da pele. Nuncame senti estrangeiro nos dois mesesque passei por estas terras. Era umdeles e eles também assim se sentiam.Esqueci quem era para ser um deles.Irmão de muitos irmãos que a historiacruzou e selou. Tentei, sem deixar deser quem sou, mostrar-lhes que o serportuguês ultrapassava as fronteirasque o passado procurou fingir. Vale apena viver esta experiência de vidacomo irmãos com uma históriacomum. Moçambique não deixa deser uma fascinação continua. Quem láesteve, só descansa quando voltar denovo. Prometo voltar, mas com maistempo e numa atitude de serviço.

Moçambique(Continuação da pág. 11)

Page 13: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 13Sociedade

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NOVO

É classificado como um „excên-trico“ pelos padres mais clássicospor gostar de rock alternativo epor percorrer quilómetros no seuautomóvel para ouvir as bandaspreferidas nos festivais de verãoportugueses.

Foi em Timor Leste, há trêsanos, que Miguel Neto, 32 anos,teve a certeza que queria serpadre. Hoje celebra missas emQuarteira, no Algarve, mas é atra-vés do rock alternativo dos Radio-head ou dos ritmos eletrónicos dosChemical Brothers que afasta o„stress“ e se distrai.

Aos 14 anos entrou pela pri-meira vez numa discoteca pelamão dos dois irmãos mais velhos.Aos 16 questionou-se pela pri-meira vez sobre Deus e entrou noSeminário em Faro. Aos 20 teveuma namorada.

Mais tarde, decide ir paraÉvora estudar Teologia, mas foiem Timor, ao som de „Força“ dosDa Weasel ou „Era uma vez (E nãosei mais)“ dos Rádio Macau queencontrou a „luz“ para a sua voca-ção sacerdotal, explica.

As rádios Antena 3 e Comer-cial são uma espécie de „santuá-rio“ onde regressa todos os diaspara escutar as novidades musi-cais, mas para o padre Miguel amelhor banda do mundo são os

Radiohead, que, com o seu rockalternativo, „não vão na onda, masmarcam a onda“.

As músicas „2+2=5“, „KarmaPolice“ ou „Paranoide Androide“são as melodias prediletas e a„maior angústia existencial“ deMiguel Neto é ainda não ter con-seguido vê-los ao vivo.

Com uma camisa azul bebé deuma marca desportiva, o sacer-dote confessa à agência Lusa quetambém venera o som dos Nir-vana e Pearl Jam, uma paixão deadolescente.

No verão de 2010 foi até Oei-

ras para ver ao vivo os Pearl Jam,no festival Optimus Alive, conta,confessando que „Just Breathe“ éa canção que o consegue pôr achorar.

Mas a música e as bandas nãopreenchem os pensamentos deMiguel Neto durante a celebraçãodas missas.

„Também não vou montaruma tenda de adoração a Deus noOptimus Alive ou no Super BockSuper Rock“ (SBSR), lança, comum sorriso, acrescentando que amúsica serve para quebrar o„stress“ e se „distrair“, e que nunca

sentiu que existisse um „conflito“entre os seus especiais gostos mu-sicais e a vocação religiosa.

„Quando vou a um concertodos Chemical Brothers eu nãoestou à espera de sentir o mesmoquando vou ao Santuário de Fá-tima“, afirmou, lamentando terfalhado o concerto daquela bandainglesa no Optimus deste ano.

Este fim-de-semana próximo,o eclesiástico desejava ver Portis-head e os Arcade Fire no SBSR,mas com missas para celebrar às07:00 em Quarteira, não se podeir a concertos em Lisboa, explica.

„Adoro o último álbum dos Ar-cade Fire e dos Portishead, a mú-sica ‘Glory Box’ é à que mais gostode regressar“, desvenda o católicoroqueiro, que em Timor chegou aemprestar um CD dos Beatles a D.Basílio Nascimento, bispo de Bau-cau.

A música „Força“ Da Weasel,ou „Era uma vez“ dos RádioMacau também o emocionam,pelos tempos vividos em terra ti-morense onde sentiu que tinha dese entregar a Deus.

Se tivesse de fazer uma „play-list“ das 10 melhores bandas, opadre enumera: Radiohead, PearlJam, Portishead, Massive Attack,Arcade Fire, Xutos e Pontapés, DaWeasel, Rádio Macau, RodrigoLeão e Rui Veloso. Mas The Natio-nal, Chemical Brothers, DavidFonseca ou Foo Fighters podiamtambém fazer parte da lista.

„The Pretender“ dos FooFighters e onde o ex-Nirnava DaveGrohl canta „E se eu disser quenunca me vou render?“, é a mú-sica que Miguel Neto coloca no „i-pod“ para ouvir quando fazexercício físico.

„É uma música mais a abrir e‘pouco católica’, mas que gosto deescutar quando faço caminhadasjunto à marina de Vilamoura“, re-latou.

Padre Neto, entre a paixão a Cristo e a devoçãoao rock alternativo

Lusa

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Page 14: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 201114 Histórias da História

Joaquim Peito

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Luísa Francisca de Gusmão, nascidaem 13 de Outubro de 1613 em SanLucar de Barrameda, fruto do casa-mento entre João Manuel Peres deGusmão, 8º duque de Medina-Sidó-nia, e de Joana Lourença Gomes deSandoval e Lacerda, os dois nobresmais poderosos da Andaluzia, era es-panhola de nascimento, mas veio re-velar-se uma monarca bastante ciosados interesses portugueses. Em Portu-gal, desde o nascimento do país noano 1143, tivemos muitas rainhas es-trangeiras, casadas com os nossosreis. Mas bem poucas se terão tornadotão portuguesas como D. Luísa deGusmão. Ela portou-se como umaverdadeira portuguesa a partir do mo-mento em que se casou com o duquede Bragança em 1633. Este casa-mento real revelou-se na altura, ogrande acontecimento social do sé-culo.

Sobre a sua infância e adolescên-cia, sabemos que as viveu feliz, ro-deada de criados e servidores, demestras e mestres de louvores, lín-guas, música e humanidades.

Em 1621, aquando da subida aotrono do Rei Filipe IV, a incorporaçãode Portugal na coroa espanhola avan-çava a passos largos. Dois dos três ob-jetivos definidos inicialmente játinham sido alcançados: a união dosdois países através da monarquia dua-lista jurada em Tomar e a anexaçãoterritorial operada durante o reinadode Filipe III. Faltava um terceiro e im-portante ponto: confundir os vassalosde ambos os países com uma políticade casamentos e uniões entre nobresde ambos os lados da fronteira.

O CASAMENTO

Ironicamente, em 1632, LuísaFrancisca de Gusmão foi prometida aum primo, o oitavo duque de Bra-gança, D. João, mais velho nove anose que viria a ser o único amor. Ohomem forte (primeiro-ministro) do

rei Filipe IV de Espanha, o conde-duque de Olivares, seu tio, pensavaser essa a melhor maneira de manterPortugal sob a Coroa de Castela,numa altura em que os portuguesesdavam sinais cada vez mais claros dequererem recuperar a sua independên-cia.

Daí não é de estranhar o facto deque o possível casamento entre Luísade Gusmão e o Duque de Bragançatenha sido encarado como uma opor-tunidade única para unir duas dascasas ducais mais importantes deEspanha e de Portugal e, dessa forma,refrear as tentativas de rebelião portu-guesas contra a dinastia Filipina. Esteplano, como sabemos, e para o nossobem nacional, falhou em pleno. Oravejamos o que a história nos conta!

Todos estariam bastante longe deimaginar que D. Luísa Francisca deGusmão, espanhola de gema, não sónão apoiaria a política de anexação dePortugal como chegaria mesmo a in-citar o seu marido no seu afã revol-toso contra o domínio espanhol e aaceitar a coroa que lhe fora oferecidacom o intuito de restaurar a indepen-dência. A nova duquesa de Bragançanão se limitou a casar com o duque,casou também com o país. Conta-seque, quando ela nasceu, um astrólogomouro anunciou que ela viria a serrainha. Verdade ou não, D. Luísa deGusmão empenhou-se em concretizartal profecia. E assim aconteceu. Tor-nou-se mais tarde rainha de Portugal.

As suas ambições políticas leva-ram-na a influenciar o marido no sen-tido de se opor ao domínio Filipino nonosso país. Era preciso avançar paraa revolução, e depressa. D. João, umpouco amedrontado, hesitou inicial-mente em aceitar o trono e terá sidoela quem o convenceu (e convencerianoutras ocasiões em que o maridopensou abdicar) com uma frase reto-cada ao longo dos tempos e que, secalhar, nunca foi proferida. “ maisacertado morrer reinando do que aca-bar servindo”, como, escreveu oconde de Ericeira; ou, na versão maispopular, “mais vale ser rainha por umdia do que duquesa toda a vida”. Umalenda, algo tonta, que ainda hojecorre. O Duque aceita o desafio e em15 de Dezembro de 1640 é aclamado

como D. João IV, Rei de Portugal e D.Luísa de Gusmão como Rainha. Apartir do momento em que o maridofoi aclamado rei, ela foi sempre arainha de Portugal, pensando e atu-ando como portuguesa. E isto tornou-se bem visível na forma comoparticipou na governação, em vida domarido, mas, sobretudo, durante o pe-ríodo em que exerceu diretamente opoder, como regente, justamentenuma altura em que estava particular-mente acesa a Guerra com a Espanha.

NADA FÁCIL

A sua vida, deve-se dizer, não foifácil. Primeiro, haveria de sofrer como marido, menino rico, habituado aamores levianos, ela que foi a edu-cada segundo a severa moral cristã daépoca. Segundo, como mãe e tambémjá como rainha, teve de enfrentar ochoque e o desgosto, ambos terríveis.

Luísa de Gusmão foi para Lisboa15 dias após a Restauração, levandoconsigo os três filhos; a mais nova,com quatro meses, é a Catarina que háde ser rainha da Inglaterra. Três anosdepois, nasceu Afonso que haveria deser rei; para grande desgosto de Luísa,o primogenitor, o princípe herdeiro D.Teodósio, inteligente e destemido, emque se depositavam tantas esperanças,morreria aos 19 anos de uma doençapulmonar. Era o filho preferido e eratambém o melhor deles todos. Nesseano de 1653, veria ainda morrer afilha Joana, 19 meses mais nova. Dossete que gerou, apenas três chegarama adultos: Ana nascida em 1635 respi-rou só algumas horas e o mesmoaconteceu a Manuel, em 1640, umano depois de outro aborto. O ultimo,Pedro, que seria rei ao destronar oirmão, nasceu em 1648.

De todos eles, é Afonso quem lhedá mais problemas. Aos quatro anos,teve uma doença prolongada ficandohemiplégico, o que não o inibe de semeter em sarilhos, constantemente,durante a adolescência. Uns dizemque ele também sofria de um atrasomental, outros que era apenas rebelde.Independentemente da verdade, o queé um facto é que, por morte de D.João IV em 1656, foi rei aos 13 anose a mãe nomeada regente. Mais uma

vez, tratou-se de um momento difícil,esse em que passou a exercer o poderde facto. E ela enfrentou-o da melhorforma que soube e pôde.

Em primeiro lugar, havia a Guerracom a Espanha e os constantes assal-tos holandeses ao império português,na Ásia e no Brasil; depois, havia onovo rei, D. Afonso VI, que foi acla-mado rei com apenas 13 anos deidade e que não estava preparado paragovernar.

Entre 1656 e 1662, ano do golpepalaciano que colocou Afonso VI notrono, Luísa reinou com grandes difi-culdades, desgastando-se em lutas in-ternas e com Castela que só haveriade reconhecer a independência dePortugal em 1668. Foi neste mar en-capelado que D. Luísa de Gusmãoteve de navegar.

Não foram poucas as vezes que aRainha desempenhou um papel activona governação do reino, sobretudoquando o marido se deslocava à fron-teira no Alentejo afim de repelir asconstantes tentativas de invasão mili-tar por parte dos espanhóis. Após amorte do marido, em 1656, D. Luísaassume, por vontade testamental deD. João IV, a regência do reino emnome do seu filho Afonso VI que foiaclamado rei com apenas 13 anos deidade e que não estava preparado paragovernar. Seria a sua relação com ofilho que marcaria o resto da vida deD. Luísa de Gusmão. A Rainha era daopinião de que Afonso não estavanem estaria nunca preparado par go-vernar o país, sobretudo numa épocade constante assédio castelhano. Noentanto, Afonso VI e os seus homensde confiança, sobretudo, a péssima in-fluência dos irmãos Conti, dois aven-tureiros italianos que haviamconquistado a confiança e o pobreespírito do soberano, eram de opiniãocontrária e esperavam apenas a des-culpa perfeita para reclamar o poder.Eassim aconteceu. D. Afonso, sob aorientação de D. Luís de Vasconcelose Sousa, 3.º conde de Castelo Melhor,avança e reclama o poder por maiori-dade. D. Luísa de Gusmão, regenteem exercício ainda resiste e tenta pas-sar o poder para o seu outro filho D.Pedro, mas acaba por claudicar e éafastada imediatamente do poder e

enviada para um convento. Sempretratada com respeito e veneração peloseu filho D. Afonso VI e por todos osque o rodeavam, D. Luísa era vista,no entanto, como um perigo e umapotencial ameaça para o poder insti-tuído, pelo que foi sempre vigiada emantida à margem da vida política na-cional. Começava uma nova era.

Poder-se-á apontar alguns errosna sua governação, mas não se poderánegar-lhe vários méritos, entre osquais um grande sentido de Estado euma perfeita noção do dever.

Aos 52 anos adoece, no conventodas carmelitas em Xabregas onde serecolhera em 1663. A 26 de Fevereirode 1666, um dia antes da nefrite amatar, “Dona Luísa Raínha de Portu-gal, e dos Algarves dáquem e dálemmar em África senhora da Guiné, e daConquista da Etiópia Arábia Pérsia eda Índia“ deixa em testamento a almaa Deus e a benção aos filhos D. Cata-rina, que veio a ser rainha de Ingla-terra e D. Pedro, que viria a tirar opoder ao irmão (tal como lhe tirou amulher) e que reinaria sob o nome deD. Pedro II e, ao filho Rei, dizendoque não espera dele outra coisa, pedemercês para os criados e fidalgos quea serviram.

“Iam fechar-se-lhes os olhos como último desejo de ver os filhos e o ir-remediável desgosto de não os chegara ver”.

D. Catarina encontrava-se emLondres, D. Afonso e D. Pedro anda-vam a caçar e atrasaram-se. No dia 31de Julho de 1946, o seu caixão, naIgreja de S. Vicente de Fora (Lisboa),foi aberto para “serem obtidas possí-veis informações históricas” e verifi-car os estragos de 1888, quando otúmulo se encontrava no Conventodas Grilas e foi violado durante umaaltercação popular. A conclusão a quechegaram foi a de que a rainha erauma mulher alta para a época, o seuesqueleto media 1,68 metros.

Convirá, aqui, corrigir o ditadopopular “De Espanha, nem bom(mau) vento, nem bom (mau) casa-mento”. Atualmente os seus restosmortais jazem no Panteão dos Bra-gança, no Mosteiro de São Vicente deFora, em Lisboa, para onde foramtrasladados desde Xabregas.

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D. Luísa Francisca de Gusmão.A Rainha mais portuguesa de todas estrangeiras

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 15Geschichten aus der Geschichte

Joaquim Peito

Luísa Francisca de Gusmão, wurdeam 13. Oktober 1613 in San Lucar deBarrameda geboren; sie war Sprossaus der Ehe von Juan Manuel Peresde Gusmán, dem 8. Herzog von Me-dina-Sidónia, und Joana LourençaGomes de Sandoval y Lacerda, denmächtigsten Adligen Andalusiens,also Spanierin von Geburt. Als Mo-narchin indes erwies sie sich als rechteifrige Verfechterin portugiesischerInteressen. Es gab in Portugal seit derUnabhängigkeit des Landes im Jahre1143 viele ausländische Königinnen,mit denen sich unsere Könige ver-mählt hatten. Aber sehr wenige habenwohl so sehr portugiesisches Wesenangenommen wie D. Luísa de Gus-mão. Seit dem Augenblick, in demsie 1633 den Herzog von Bragançageehelicht hatte, betrug sie sich alswahre Portugiesin. Diese königlicheHeirat erwies sich seinerzeit als dasgroße soziale Ereignis des Jahrhun-derts.

Wir wissen von ihr, dass sie eineglückliche Kindheit und Jugend er-lebte, umgeben von Dienern und Be-diensteten, Gouvernanten undLehrern, die sie in höfische Sitten,Sprachen, Musik und Geisteswissen-schaften einführten.

Als im Jahre 1621 König PhilippIV. den spanischen Thron bestieg, wardie Eingliederung Portugals in diespanische Krone bereits in vollemGange. Zwei oder drei der anfänglichfestgelegten Ziele hatte man schon er-reicht: die Vereinigung der beidenLänder durch die in Tomar beschwo-rene duale Monarchie und die territo-riale Annektierung im Laufe derHerrschaft Philipps III.. Es fehltenoch ein dritter wichtiger Punkt: dieLehnsherren beider Länder solltensich durch eine Politik der Heiratenund anderer Abkommen zwischendem Adel auf beiden Seiten derGrenze verbinden.

DIE EHE

Bezeichnenderweise war nunLuísa Francisca de Gusmão 1632einem Vetter versprochen worden, D.João, dem achten Herzog von Bra-gança, der neun Jahre älter war als sieund ihre einzige Liebe werden sollte.Der starke Mann (und Premierminis-ter) Königs Philipps IV. von Spanien,Erz-Herzog von Olivares, LuísasOnkel, glaubte, dies sei die beste Ma-nier, Portugal unter der Krone Kasti-liens zu halten, gerade zu einer Zeit,in der die Portugiesen immer klarereZeichen aussandten, dass sie ihre Un-abhängigkeit zurückbekommen woll-ten.

Daher ist es nicht verwunderlich,dass eine mögliche Ehe zwischenLuísa de Gusmão und dem Herzogvon Bragança als einzigartige Chancegalt, die beiden wichtigsten herzogli-chen Häuser Spaniens und Portugalszu vereinen und damit die portugiesi-

schen Rebellionsversuche gegen dieDynastie der Philipps von Spanien imZaum zu halten. Dieser Plan ging, wiewir wissen, zu unserem nationalenWohle gründlich schief. Nun, schauenwir, was die Geschichte zu erzählenweiß!

Keiner dachte wohl im entferntes-ten daran, dass D. Luísa Francisca deGusmão, von echtem spanischem Ge-blüt, nicht nur die Politik der Anne-xion Portugals nicht unterstützen,sondern sogar ihren Gemahl in sei-nem aufrührerischen Eifer gegen diespanische Herrschaft auch noch be-stärken würde, die Krone anzuneh-men, die ihm in der Absichtangeboten worden war, die Unabhän-gigkeit wieder zu erlangen. Die neueHerzogin von Bragança hatte sichnicht nur mit dem Herzog vermählt,sie vermählte sich auch dem Lande.Es wird erzählt, als sie geborenwurde, habe ihr ein maurischer Astro-loge geweissagt, sie würde Königinwerden. Wahr oder nicht wahr, D.Luísa de Gusmão bemühte sich, dieProphezeihung wahr werdenzu lassen. Und so geschahes. Sie wurde später Königinvon Portugal.

Ihre politischen Ambi-tionen ließen sie ihren Gat-ten bewegen, sich derHerrschaft der Philipps inunserem Land zu widerset-zen. Man musste mit der Re-volution vorankommen, unddas schnell. Der etwas ängst-liche D. João zögerte an-fangs, den Thronanzunehmen und es warwohl sie, die ihn mit ihremWort überzeugte (und ihn beiweiteren Gelegenheiten, beidenen ihr Gemahl an Rück-tritt dachte, überzeugensollte), ein Wort, das im Laufe der Ge-schichte immer wieder hervorgeholt,aber vielleicht nie ausgesprochenworden war: “Es ist richtiger, alsKönig zu sterben als als Diener zuenden“, wie der Graf von Ericeiraschrieb; oder in der volkstümlicherenVersion: „es ist besser, einen Tag Kö-nigin zu sein als das ganze Leben langHerzogin“. Eine etwas einfältige Le-gende, die aber heute noch die Rundemacht. Der Herzog nahm die Heraus-forderung an und wurde am 15. De-zember 1640 als D. João IV. zumKönig von Portugal ausgerufen undD. Luísa de Gusmão als Königin. Vondem Augenblick an, in dem ihr Ge-mahl König wurde, war sie immerKönigin von Portugal, dachte undhandelte wie eine Portugiesin. Daswurde sehr deutlich an der Art undWeise, wie sie sich an den Regie-rungsgeschäften ihres Gatten betei-ligte, vor allem aber während der Zeit,in der sie als Regentin die Machtselbst ausübte, just zu einer Zeit, inder es im Krieg mit Spanien beson-ders heiß herging.

ES WAR NICHT EINFACH

Ihr Leben, muß man sagen, war

nicht leicht. Erstens wird sie wohl da-runter gelitten haben, dass ihr Mannals reiches Söhnchen an Liebschaftengewöhnt, sie aber in der strengenchristlichen Moral ihrer Zeit erzogenworden war. Zweitens musste sie alsMutter und auch später als KöniginSchicksalsschläge und Herzeleid hin-nehmen, beide gleichermaßen furcht-bar.

Luísa de Gusmão kam 14 Tagenach der Restauration nach Lissabonund brachte ihre drei Kinder mit; dasJüngste war die erst vier Monate alteCatarina, die Königin von Englandwerden würde. Drei Jahre späterwurde Afonso geboren, der spätereKönig; zu Luísas großem Herzeleidmusste der Erstgeborene und Thron-erbe, D. Teodósio, ein intelligenterund furchtloser junger Mann, auf demso viele Hoffnungen ruhten, mit 19Jahren an einer Lungenkrankheit ster-ben. Er war ihr Lieblingssohn undauch der Beste von allen. Im selbenJahr 1653 sollte sie auch noch die 19Monate jüngere Tochter Joana sterben

sehen. Von den sieben Kindern, diesie geboren hatte, erreichten nur dreidas Erwachsenenalter; Ana, die 1635geboren wurde, lebte nur wenigeStunden, ebenso Manuel, geboren1640, ein Jahr nach einer weiterenFehlgeburt. Der Jüngste, der spätereKönig Pedro, der seinen Bruder abset-zen würde, kam 1648 zur Welt.

Von allen Kindern bereitete ihrAfonso die meisten Sorgen. Mit vierJahren war er lange krank und bliebhalbseitig gelähmt, was ihn nicht hin-derte, sich in der Jugend ständig inUngelegenheiten zu verwickeln.Manche sagen, er sei geistig zurück-geblieben, andere versichern, er seinur rebellisch gewesen. Was immerdie Wahrheit war, Fakt ist, dass ernach dem Tode D. Joãos IV. im Jahre1656 mit 13 Jahren zum König ge-macht und die Mutter zur Regentin er-nannt wurde. Wieder einmal war esein besonders schwieriger Moment, indem sie die Macht de facto ausübte.Aber sie stellte sich dieser Aufgabenach bestem Wissen und Gewissen.

Da war zunächst der Krieg mitSpanien und die ständigen Überfälleder Holländer auf das portugiesischeImperium in Asien und Brasilien;dann der neue König, D. Afonso VI.,

der mit erst 13 Jahren zum König pro-klamiert wurde und auf das Regierennicht vorbereitet war.

In den Jahren von 1656 bis 1662,dem Jahr der Palastrevolution, dieAfonso VI. auf den Thron hob, re-gierte Luísa mit großen Schwierigkei-ten, rieb sich auf in internen Kämpfenund im Krieg mit Spanien, das erst1668 die Unabhängigkeit Portugalsanerkannte. In dieser aufgepeitschtenSee war es D. Luísa de Gusmão, diedas Schiff zu steuern hatte.

Nicht selten hatte die Königineine aktive Rolle in der Leitung desReiches gespielt, vor allem dann,wenn ihr Gemahl sich an die Front imAlentejo begab, um die ständigenVersuche militärischer Invasion derSpanier zurückzuschlagen. Nach demTode des Gatten 1656, übernahm D.Luísa, dem testamentarischen WillenD. Joãos IV. folgend, die Regentschaftdes Reiches im Namen ihres SohnesAfonso VI., der mit nur 13 Jahrenzum König ausgerufen, aber zum Re-

gieren nicht ausgebildet war.Es war die Beziehung zuihrem Sohn, die den Rest desLebens von D. Luísa de Gus-mão prägen sollte. Die Köni-gin war der Meinung, dassAfonso zur Regierung desLandes nicht taugte noch je-mals taugen würde, vor allemin einer Zeit ständiger Be-drängnisse durch Kastilien.Indessen waren Afonso VI.und seine Vertrauten, vorallem die Gebrüder Conti undder sehr schlechte Einflussdieser beiden italienischenAbenteurer, die das Vertrauenund den armen Geist des Sou-veräns erobert hatten, gegen-teiliger Meinung und warteten

nur auf die richtige Ausflucht, um dieMacht zu beanspruchen. Und sokommt es. Unter dem Einfluss von D.Luís de Vasconcelos e Sousa, dem 3.Grafen von Castelo Melhor, preschtD. Afonso vor und verlangt die Machtaufgrund der Volljährigkeit. D. Luísade Gusmão, die amtierende Regentin,leistet noch Widerstand und versucht,die Macht auf ihren anderen Sohn, D.Pedro, zu übertragen, aber schließlichzögert sie und wird sofort der Machtentkleidet und in ein Kloster ge-schickt. Sie wurde von ihrem Sohn D.Afonso VI. und von allen, die sie um-gaben, stets mit Respekt und Vereh-rung behandelt, aber D. Luísa galt alsGefahr und potentielle Bedrohung fürdie Machthaber, weswegen sie stän-dig überwacht und am Rande des po-litischen Lebens im Land gehaltenwurde. Es begann eine neue Ära.

Sicher kann man einige Fehler inihrer Regierungsführung aufzeigen,aber etliche Verdienste kann man ihrnicht absprechen, darunter großesStaatsverständnis und vollendetesPflichtbewußtsein.

Mit 52 Jahren erkrankt sie imKarmeliterkloster Xábregas, wohinsie sich 1663 zurückgezogen hatte.Am 26. Februar 1666, einen Tag

bevor die Nierenentzündung sie dasLeben kostet, überlässt “Dona Luísa,Königin von Portugal und der Algar-ven diesseits und jenseits des Meeres,in Afrika Herrin von Guinea und dereroberten Gebiete Äthiopiens, Ara-biens, Persiens und Indiens“ ihreSeele Gott und ihren Segen den Kin-dern D. Catarina, die Königin vonEngland geworden war, D. Pedro, derspäter seinem Bruder die Macht ent-reißen (wie er ihm die Frau genom-men hatte), und unter dem Namen D.Pedro II. regieren würde, und ihremSohn, dem König; dabei sagte sie, sieerwarte von diesem nichts anderes,sie bäte um Nachsicht für ihre Be-diensteten und Edelleute, die ihr ge-dient hatten.

“Ihre Augen schlossen sich lang-sam mit dem letzten Wunsch, ihreKinder zu sehen und der unweigerli-chen Enttäuschung, dass sie sich nichtmehr sehen durfte“.

D. Catarina war in London, D.Afonso und D. Pedro auf der Jagd undverspäteten sich. Am 31. Juli 1946wurde ihr Sarg in der Kirche S. Vi-cente de Fora (Lissabon) geöffnet, um„mögliche historische Informationenzu gewinnen“ und von 1888 herrüh-rende Schäden festzustellen, als derSarkophag sich im Kloster der Non-nen von Grilas befand und bei Volks-wirren gewaltsam geöffnet wordenwar. Man kam zu dem Schluss, dassdie Königin eine für ihre Zeit großeFrau gewesen war, ihr Skelett maß1,68 m.

Hier muss man das populäreSprichwort korrigieren „Aus Spanienkommt weder guter (schlechter) Windnoch gute (schlechte) Heirat“.

Heute ruhen ihre sterblichenÜberreste im Pantheon derer zu Bra-gança, im Kloster São Vicente de Forain Lissabon, wohin sie von Xábregasaus überführt worden sind.

(Übersetzung aus dem Portugie-sischen von Barbara Böer Alves)

Dona Luísa Francisca de Gusmão.Die portugiesischste Königin unter allen Ausländerinnen

Page 16: Portugal Post Agosto 2011

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A pensão de alimentos enqua-dra a regulamentação do poderpaternal de filho menor, habi-tualmente referenciada, nocaso de divórcio ou separaçãode pessoas e bens. Entende-sepor pensão de alimentos, aquantia em dinheiro que de-verá prover aos gastos com ali-mentação, vestuário, saúde eeducação do filho, a que umdos pais, geralmente, aqueleque não fica com a guarda dofilho, fica obrigado.

A lei estipula que os paisficam desobrigados a prover osustento dos filhos e de assu-mir as suas despesas, na me-dida em que os filhos estejamem condições de suportaraqueles encargos, nomeada-mente, pelo produto do seu tra-balho ou outros rendimentos.

Ora, também é claro quedeixa de existir uma obrigaçãolegal de suportar uma pensãode alimentos, quando o menoralcança a sua maioridade. Omesmo acontece relativamenteao poder paternal, que aos 18anos faz extinguir uma série dedireitos e obrigações, que sehaviam estipulado desde o nas-cimento do filho.

Não obstante, a obrigaçãode prestar alimentos, acarretauma excepção prescrita pelalei, que se aplica nos casos emque o filho maior, ainda nãotiver completado a sua forma-ção profissional.

Ora, nestes casos, os paispoderão ser obrigados a proverao sustento do filho maior, namedida em que tal lhes seja ra-zoável exigir e durante o temponormalmente requerido paraque aquela formação se com-plete. Imaginemos um curso

superior, que habitualmente, éconcluído com 23 anos.

É necessário intentar umaacção de prestação de alimen-tos pelo maior contra o proge-nitor visado, acção essa quedeve ser apresentada na Con-servatória de Registo Civil. Ofilho deverá juntar documenta-ção que comprove as suas de-spesas, nomeadamente, asoriundas da formação profis-sional, rendas, despesas comdeslocações e alimentação.

Subsequentemente, o pro-genitor visado será notificadopela Conservatória para apre-sentar a sua oposição. Se nadafizer dar-se-ão como provadosos factos, sendo a acção proce-dente, Caso decida apresentaroposição, será agendada umatentativa de conciliação, ondehaverá possibilidade de se che-gar a acordo. Caso, não se via-bilize o acordo, o processo será

remetido para tribunal.Em tribunal, haverá contra-

posição entre a necessidadeefectiva do filho maior, o apro-veitamento da formação profis-sional, a existência ou não derendimentos e a capacidadeeconómica do progenitor vi-sado. É exigida uma análise ob-jectiva da razoabilidade entreos dois pólos opostos. Não neg-ligenciando, outros segmentos,como a relação e vínculo exis-tente entre filho e progenitor.

Retêm-se assim que en-quanto a pensão de alimentos afilho menor é sempre obrigató-ria para os progenitores, de-vendo estes, fazer tudo o queestiver ao seu alcance para pro-ver à educação e necessidadesdo menor; os alimentos a filhomaior, poderá não ser viabili-zado, caso se entenda que ofilho poderá suster ele próprioàs suas despesas.

Portugal Pensão de alimentos a filhos maioresCatarina Tavares, Advogada

Caro/a Leitor/a:Se é assinante,avise-nos se mudou ouvai mudar de residência

Page 17: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 17

3José Gomes Rodrigues

Exmos senhores do PortugalPostEstamos prestes a entregar orequerimento para a reforma.Sei que teremos de viver muitoapertados financeiramente. Aminha reforma e a da minhaesposa não devem ultrapassaros 1.000 € mensais. Teremosde recorrer a todas as ajudaslegais à disposição para poderlevar uma vida digna.. De Por-tugal ou de outro país nãotemos direito a qualquer pen-são, pois também não descon-tamos nada para a segurançasocial. O regresso a Portugalestá posto de lado, pois alémdos filhos viverem aqui, emPortugal não temos família e oapartamento que compramosatravés de um empréstimobancário ainda não foi saldadodefinitivamente. Ouvi dizer quehavia um subsídio de arrenda-mento, mesmo para reforma-dos. Poderiam informar-noscomo este subsídio é proces-sado? Desde já aceitem aminha gratidão e aproveitopara dar-vos os parabéns peloserviço que estais prestando àcomunidade através das vos-sas informações tão úteis!Leitor devidamente identifi-cado

Obrigado pelo elogio. Quere-mos estendê-lo aos leitores as-síduos do jornal. Pois são eles arazão da nossa existência. Porisso procuramos responder omelhor possível às suas necessi-dades e anseios. O nosso lematem sido marcado pelo serviçoaos compatriotas através destemeio de comunicação social.Queremos simplesmente serfiéis a este compromisso

O aumento do valor das refor-mas tem sido mínimo tendo aténa última década simplesmenteestagnado. Como o aumentoconstante do custo de vida nãofoi acompanhado pelo conse-quente aumento das reformas,esta realidade provocou e estáprovocando um empobreci-mento notório nesta populaçãoque é um número considerável.Tudo leva a crer que o futuroserá ainda mais tenebroso. Osordenados praticados ultima-mente por empresas de emprés-timo de pessoal são tão baixos,que o operário é obrigado a re-querer um complemento socialpara poder viver com o seuagregado familiar. O número do

contingente que vive e dispen-sas estatais, o assim chamadaHartz IV, levarão a uma redu-ção drástica das reformas. Estasituação irá engrossar aindamais as fileiras dos que, no fu-

turo, irão viver no limiar da po-breza.

O compatriota simplesmentepediu um esclarecimento sobrea ajuda às rendas de casa, o queiremos fazer. Queremos lem-brar mais uma vez que existemoutros benefícios para os querecebem uma pensão cujo valoré inferior aos que são abrangi-dos pela ajuda ao desempregoou Hartz IV. Já nestas páginasnos debruçamos sobre o as-sunto.

SUBSÍDIO À RENDA DECASA E A PENSÃO

O subsidio da renda de casa ouaté a ajuda ao pagamento docredito à aquisição de habita-ção, que se regulam pelas mes-mas leis, tem sido um dosrecursos financeiros a que setem recorrido para enfrentar avida com um pouco mais dedignidade. Este subsídio é um

direito a todo o cidadão quecumpre com os necessário re-quisitos.

Segunda as últimas estatísticas,beneficiam já deste subsídio

45% dos agregados familiarescujos rendimentos dependemda reforma. Este apoio finan-ceiro também dirigido aos re-formados consta já duma dasmais clássicas ajudas para au-mentar o budget mensal dospensionistas.

QUEM PODE USUFRUIRDESTE DIREITO?

Este subsídio é estatal e não re-gional ou da responsabilidadedos respectivos estados federa-dos. São contempladas as famí-lias, ou pessoas individuais, quedele necessitem seja para ate-nuar os altos custos da rendamensal a pagar, ou para mitigaro crédito que se tenha feito paraaquisição de habitação própria.A ajuda é proporcionada, emprincipio só por um ano. Umnovo requerimento é necessá-rio, ao findar a concessão ante-rior. Procurem os interessadosnão deixar passar muito tempo,

pois a concessão é dada so-mente a partir da entrega do re-querimento junto da câmara. Omontante a conceder dependedo número dos elementos doagregado familiar, do nível da

renda de casa no lugar onde sehabita e de todas os recursos fi-nanceiros da família. A dimen-são da casa tem de estar deacordo com o número dos fami-liares e o seu valor mensal deveobedecer a uma tabela de pre-ços de renda que é acordadapelas autoridades em questão.Estas clausulas evitam o paga-mento de luxos ou dimensõesexagerados.

CÁLCULO DOS RECURSOSFINANCEIRO

O requerimento para a obten-ção deste subsidio pode ser con-cedido mesmo para quem vivasó e tenha um rendimento men-sal de 933 € e possua a sua resi-dência habitual na cidade deDüsseldorf. Neste cálculo in-cluem-se outras possíveis recei-tas, tais como juros, rendas eoutros. Esta quantia base é vá-lida para regiões como Colôniae Düsseldorf . De seis escalões

que se consideram para estecálculo, este é o quinto escalão,ou seja, o segundo maior.

Vamos exemplificar com umcaso muito simples: Um refor-mado a viver só em Düsseldorfque tenha rendimentos no valorde 933 € e que pague umarenda de casa de 385 € , aqui in-cluem-se os custos com os con-domínios mas excluem-se osgastos com o aquecimento men-salmente a quantia de 14 € paraatenuar as despesas com arenda de casa. Se os rendimen-tos fossem de 900€ a quantiade subsídio a receber seria se-gundo a tabela a usar, de 31 €.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Para estas pessoas são conside-radas outros benefícios que au-mentará consideravelmente aquantia a receber de ajuda àrenda de casa ou ao pagamentodos juros para a aquisição dehabitação própria.

SERÃO TIDOS TAMBÉMEM CONTA NESTAAJUDA?

Tanto o recheio da casa como osvalores imóveis ou a própriaviatura não são, geralmenteconsiderados, a não ser quehaja um exagero e não obedeçaà normalidade do cidadão emgeral. Convém lembrar que nemtodas as cidades interpretampor igual estas cláusulas, po-dendo diferenciar-se nas suasapreciações e decisões a tomar.

IMPORTANTE

1. Não se atrasem em entregar orequerimento. Mesmo que faltealgum documento! Entreguemmesmo assim com a condiçãode os entregar logo que vos sejapossível. Pois só haverá di-nheiro no mês em que este é en-tregue na câmara.

2. não se esqueçam de apresen-tar todos os rendimentos que seusufruem, mesmos os que pos-sam ter em Portugal, comosejam as reformas, rendimentosque poderão vir de algum bemimobiliário e mesmo de jurospelo possível capital queterão depositado. A nossa expe-riência tem demonstrado que asconsequências poderão ser bas-tante dolorosas.

› Subsídio para a renda de casa› Subsídio para a aquisição de habitação própria e as reformas

Page 18: Portugal Post Agosto 2011

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 201118Agenda

Tome NotaAs informações sobre os eventos a divulgar deverão

dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289

Fax :0231-8390351 Email: [email protected]

IMPORTANTEÀs associações, clubes, bandas , etc.. Citações do mês

"Quando gastamos tempo demais a viajar, tornamo-nos estrangeiros no nossopróprio país.Descartes , René

Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo.Voltaire

Embaixada de PortugalZimmerstr.56 10117 Berlin

Tel: 030 - 590063500Telefone de emergência (fora do horário normal

de expediente): 0171 - 9952844

Consulado -Geralde Portugal em Hamburgo

Buschstr 7 20354 - Hamburgo

Tel: 040/3553484

Vice-Consulado de Portugal em Osnabruck

Schloßwall 2 49080 Osnabruck

Tel:0541/40 80 80

Consulado-Geralde Portugal em Dusseldorf

Friedrichstr, 20 40217 -Dusseldorf

Tel: 0211/13878-12;13

Vice-Consuladode Portugal em Frankfurt

Zeppelinalle 15 60325- Frankfurt

Tel: 069/979880-44;45

Consulado-Geralde Portugal em Stuttgart

Königstr.20 70173 Stuttgart

Tel. 0711/2273974

Conselho das ComunidadesPortuguesas:

Alfredo Cardoso,Telelefone: 0172- 53 520 47

[email protected]

Alfredo StoffelTelefone: 0170 24 60 [email protected]

José Eduardo,Telefone: 06196 - 82049

[email protected]

Maria da Piedade FriasTelefone: 0711/[email protected]

Fernando GenroTelefone: 0151- 15775156

[email protected]

AICEP PortugalZimmerstr.56 - 10117 Berlim

Tel.: 030 254106-0

Federação de EmpresáriosPortugueses (VPU)

Hanauer Landstraße 114-11660314 Frankfurt

Tel.: +49 (0)69 90 501 933Fax: +49 (0)69 597 99 529

Endereços ÚteisAgosto 2011

Grupo de FadosGerações

Actuações em qualquer parte da

Alemanha e em todosos tipos de eventos

Contacto: 0173-2938194

FadistasCiro da SilvaNicole Cravide

Guitarra PortuguesaAugusto Santos

ViolaJoão Silva

Grupo de Fado TradicionalAntologia do Fado

www.fado-dortmund.de

Contacto:0231/330383060178 - 23 61 837

5.08.2011 – BERLIM- MariaJoão Pires. Concerto com a or-questra Juvenial da Bahia.Local: Konzerthaus Berlin,Gendarmenmarkt.

6.08.2011 – SOMMERACH– Actuação do grupo TrioFado. Local. Villa Sommerach,Nordheimerstr. Início: 20h00

13.08.2011 – WOLFSBURG– Actuação de António Zam-bujo. Local: Autostadt Wolfs-burg, Stadtbrücke. Início:20h00

14.08.2008 – WUPPERTAL

–Actuação da fadista CristinaBranco. Local: skulpturen-park-waldfrieden, Hirschstr.12.

20.08.2011 – BERLIM – Ac-tuação do grupo Trio Fado.Local. Tertanum Residenz,Passauerstr 5-7. Início: 19h30

29.08.2011 – SOMMERACH– Actuação do grupo TrioFado. Local. Amphitheater &Strandbar Mitte, Monbijoustr.3. Início: 20h50

31.08.2011 – BAD VILBEL –Concerto com Misia. Klaus-

Havenstein-Weg 1, 61118 BadVilbel. Início: 20h15

1 a 31. 08.2011 – MARBURGFernão Mendes Pinto, Des-lumbramentos do OlharExposição concebida pela Prof.Dra. Ana Paula Laborinho,Presidente do Instituto Ca-mões.Philipps-Universität Mar-burg Universitätsbibliothek Wilhelm-Röpke-Str. 4 35039 MarburgEm colaboração com a Embai-xada de Portugal em Berlim.

Desejamos

Boas e serenasférias

a todosos nossosLeitores

Page 19: Portugal Post Agosto 2011

A CASA DA RÚSSIAJohn le CarréPreço: 13,50 Publicado em 1989, apre-senta os meandos de espiona-gem e contra-espionagementre o Ocidente e a antigaUnião Soviética.John le Carré arrasta-nos,

uma vez mais, para o seu mundo secreto e faz deleo nosso.Em Moscovo, Leninegrado, Londres e Lisboa, numailha da costa do Maine que pertence à CIA, e no co-ração do próprio Barley Blair, Carré desenvolve nãoapenas uma história de espionagem, mas uma ale-goria do amor individual confrontado com atitudescolectivas de beligerância.

Jorge AmadoCapitães da AreiaPreço: € 11,50Capitães da Areia é o livro de Jorge Amado maisvendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, tevea sua primeira edição apreendida e queimada empraça pública pelas autoridades do Estado Novo.Em 1944 conheceu nova edição e, desde então, su-cederam-se as edições nacionais e estrangeira, e asadaptações para a rádio, televisão e cinema.Jorge Amado descreve, em páginas carregadas degrande beleza e dramatismo, a vida dos meninosabandonados nas ruas de São Salvador da Bahia,

conhecidos por Capitães da Areia.

Name /Nome

Straße Nr / Rua

PLZ /Cód. Postal Ort / Cidade

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NOTA DE ENCOMENDATítulo Preço

Soma

Preencha de forma legível, recorte e envie para:PORTUGAL POST SHOPBurgholzstr. 43 - 44145 Dortmund

Queiram enviar a minha encomenda à cobrançaQueiram debitar na minha conta o valor da encomenda

Junte a este cupão um cheque à ordem dePORTUGAL POSTVERLAG e envie-o para a mo-rada do jornal ou, se preferir, pode pagarpor débito na sua conta bancária.Se o desejar, pode ainda receber a sua enco-menda à cobrança contra uma taxa quevaria entre os 4 e os 7 € (para encomendasque ultrapassem os dois quilos) que é acres-cida ao valor da sua encomenda.Não se aceitam devoluções.

NOTANos preços já estão incluídos os custos deportes de correio nas encomendas pagaspor débito (Lastschriftverfahren) e IVA

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Formas de pagamento

Manuel AlegrePreço: € 11,50As memórias de infância. Os cheiros, asvozes, as emoções de um tempo em que otempo não tem fim e o significado está pre-sente nas mais pequenas coisas. Todas elasficam sempre, como marcas na alma, princí-pios que norteiam a vida. A nostalgia dos lu-gares mágicos da infância. De Alma, vila

encantada onde convive tradição e subversão, melancolia e au-dácia, crendices, ideologia e futebol... Pela voz audaciosa dequem não receia dar-se a conhecer, chegam-nos ecos de um Por-tugal dividido entre a República e a Monarquia, um país queera, á época, o mundo de uma criança expectante e atenta.

Eça de QueirósA CIDADE E AS SERRASPreço: 11.50

A Cidade e as SerrasEça de QueirosO romance foi publicado em 1899 (um anoantes da morte de Eça) na Revista Moderna, esaiu em livro em 1901. Pertence à última fasedo escritor, quando Eça se afasta do realismo edeixa a crítica dura que fazia à sociedade por-tuguesa da época.

CONTOS POPULARES PORTUGUESESPreço: 11.50Contos Populares Portugueses sãocontos de todos os tempos e de todasas idades. Uma obra que nos devolveo imaginário e o maravilhoso danossa cultura popular, e de que fazparte, entre outras, «História da Caro-chinha», «A Formiga e a Neve», «O Co-

elhinho Branco», «A Raposa e o Lobo», «O Compadre Loboe a Comadre Raposa» e «Os Dois Irmãos».

Tesouro das CozinheirasMais de 2000 receitas, 850 páginasPreis: € 70

É livro de cozinha mais vendidoem Portugal.Pela sua clareza, simplicidadee variedade constitui um pre-cioso auxiliar na elaboraçãodas suas ementas diárias.Aqui encontrará garantida-mente todas as receitas e todasas sugestões que procura.A variedade, o rigor e a apre-sentação cuidada fazem destaobra uma referência incontor-nável e indispensável em todasas cozinhas.

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MúsicaCamané - Do amor e dos dias, €25,00 Deolinda - Dois selos e um carimbo, €25,00 Mariza - Fado Tradicional, €19,80

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Reveja os sucessos que fizeram rir gerações de portugueses

Page 20: Portugal Post Agosto 2011

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Sabemos que há mulheres e homens que desejam comunicar as suas aventuras ou atémesmo histórias sobre a sua vida ou que querem relatar experiências e contar casosde que foram testemunhas ou os principais protagonistas. Todos, uns mais que outros, temos uma história para contar, como por exemplo, comocá chegamos; a nossa dificuldade em compreender a língua; os sonhos que acalentamospara aguentar estar num país tão diferente; o choque cultural, o primeiro dia de tra-balho e, porque não, as dificuldades por que passamos.Nós queremos contar a sua vida, o bom e o mau. Escreva-nos como sabe e pode e a sua história poderá ser um valioso testemunho danossa presença neste país.Não se esqueça de nos enviar as fotografias que deseja ver publicadas.Morada: PORTUGALPOSTBurgholzstr.43 • 44145 Dortmund • Fax: (0231) 83 90 351 • E mail: [email protected]

ESCREVA-NOS e conte-nos a história da sua vida

PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011Vidas2020

Olá !O que eu vou contar será

para muita gente como foi paramim um caso anormal e insó-lito. Ocorreu-me escrever-vosporque li num do vossos jor-nais uma história de uma se-nhora que me tocou muito efiquei muito sensibilizado.

Eu era casado ia para 3anos. A minha mulher de na-cionalidade polaca conhecianuma empresa onde eu trabal-hei. Quando nos conhecemoséramos os dois da mesmaidade, sendo que eu vinha deum divórcio da minha pri-meira mulher que conheci nasférias em Portugal e que depoisse veio juntar a mim. Esse meuprimeiro casamento não foinada feliz, tendo durado ape-nas dois anos, seguindo-se deum divórcio, como já disse.Depois do divórcio nunca maistive contacto com a minha ex-mulher e como não tínhamosfilhos não havia necessidadede qualquer contacto. Sabiaapenas que ela morava e na ci-dade onde resido e residiquando também era casadocom a minha segunda mulherde nacionalidade polaca, mul-her que ficou ligada ao destinodo meu primeiro casamento.

Foi quando decorria o pro-cesso de divórcio com minhaprimeira mulher (a portu-guesa) que conheci a minha se-gunda (a polaca). Um dia , porcoincidência, encontrámo-nosos três, quando a minha se-gunda me fez companhia en-quanto eu tirava umas coisasde casa onde tinha vivido coma minha primeira mulher.

Como eu já referi, o meuprimeiro casamento não foifeliz. Bom, nos dois primeirosanos as coisas foram absoluta-mente normais e creio até queestávamos convencidos que ocasamento era para a vida. Es-tava apenas um pouco tristepor a minha mulher não me

dar um filho, mas de resto eratudo normal.

A partir aí do segundo anoa minha mulher comportava-se de maneira muito estranha.A sua relação comigo era assimde distanciamento e comecei asentir que ela também evitavaa intimidades e o contacto fí-sico, o que motivou algumasdiscussões, como é normal.

Comecei a desconfiar queela tivesse uma relação com al-guém, mas não queria acredi-tar. Tentei saber com quecompanhias ela andava, masas únicas saídas dela eramsempre na companhia de umavizinha. Muitas vezes lhe per-guntei o que se passava comela e a resposta era um nada,que não se passava nada edizia-me que não sabia o queme tinha posto na cabeça porinsistir nas perguntas. Masfacto é que ela recusava o con-tacto físico, e quando haviasentia que eu lhe era indife-rente.

A partir daí começaramhaver discussões por tudo epor nada e fiquei convencidoque esta sua atitude só se com-preendia quando alguém tinhauma relação extra-conjugal.

Um dia, depois de ter, emvão, tentado contacto físicoperguntei-lhe directamente seela tinha alguém. Disse-me ejurou que não, que era tudo in-venção da minha cabeça, nãoacreditei a e nossa relação co-meçou a esfriar.

Aguentando esta situaçãodurante algum tempo, houveum dia que eu lhe disse quenão poderíamos continuaassim e que a nossa relaçãonão era de facto como a de umqualquer casal normal. Decidi-mos o divórcio sem que ela fi-casse muito preocupada comisso. Saí de casa e mudei-mepara um apartamento.

No último ano em queainda vivíamos juntos, conheci

a minha segunda mulher. Co-meçamos por ter encontros e anossa relação acabou por eudecidir sair de casa onde euvivia com a minha primeiramulher.

Foi assim neste entremen-tes que eu me casei de novocom a minha segunda mulherque sempre julguei ser-me fiele que de certo ponto me era,mas não totalmente.

Como pode ser isso possí-vel?

Eu explico.Não éramos um casal per-

feito, mas estava-mos muitobem um com o outro. Comotrabalhávamos na mesma em-presa saímos de casa e vínha-mos para casa juntos,cozinhávamos, jantávamos edurante a semana saíamossempre à quarta-feira parairmos com amigos jogar Bow-ling. Aos fins de semana tam-bém tínhamos programajuntos. Às vezes ela saía comamigas e eu ou ficava em casaou ia até à associação dos por-tugueses beber uma cervejaportuguesa e ver os jogos defutebol na tv.

Como ela conhecia a minhaprimeira mulher, às vezesdizia-me que a tinha visto ali eacolá e eu não dava grande im-portância a isso.

Um dia, um sábado à tarde,saí com a intenção de ir ao cen-tro da cidade fazer umas com-pras e não é para meu espantoque as vejo ao longe juntas emgrande cavaqueira e muitochegadas uma à outra. Fiqueiespantado.

Em casa perguntei à minhamulher que encontro eraaquele com as duas como sefossem grandes amigas na-quela fofoquice. Disse-me quenão, que se tinham apenas en-contrado por acaso e se tinhamreconhecido e que não podiaser antipática só porque era aminha ex-mulher.

Achei a explicação normal enão dei mais importância aosucedido.

Continuávamos assim anossa vida e fazíamos sempreo que tínhamos feito sem haveralteração na nossa relação que,pensava eu, de grande norma-lidade.

É verdade que já não saía-mos assim sempre juntos e queela saía mais sozinha mas sem-pre durante o dia, dizendo quese ia encontrar com amigas ouuma amiga, o que não eramentira.

A nossa relação conjugalera assim como a de tantos ou-tros casais. No contacto físicoe na intimidade era aquilo queeu penso ser normal.

Um dia, durante o períododa Páscoa, disse-me que iapassar o fim-de-semana longoa Maiorca com uma amiga.Ofereci-me para levá-la ao ae-roporto o que ela recusou,achando eu estranho porqueela pedia-me sempre para alevar aqui e ali. Como o aero-porto ficava longe, insisti di-zendo que a levava e quedepois a iria buscar quando re-gressasse. Não, que não, nãovalia a pena porque ela encon-trar-se-ia com a sua amiga nacidade e que depois as duasiriam no U-Bahn.

Achei muito estranho e asua recusa despertou em mimuma desconfiança sobre elaque eu até ali não tinha.Quando ela foi não me saiu da

cabeça a sua recusa e comeceia pensar que no meio daquilopoderia estar mais alguém eque ela não estaria a ser fiel.

Aquele fim-de-semanalongo foi um martírio paramim. Vinha-me à cabeça tudoe mais alguma coisa e não po-deria conceber que ela naquelemomento estivesse a gozar asférias com alguém. Decidientão ir ao aeroporto esperá-la, ou melhor, vigiá-la para vercom quem ela vinha.

Foi com grande admiraçãoe espanto que a vi chegaracompanhada pela minha ex-mulher, e o que mais meespantou é que vinham assimmuito chegadas e de mãosdadas como se fossem duasirmãs. Retirei-me sem que elasse apercebessem da minhapresença e fiquei a matutar na-quele insólito encontro.

Nada lhe disse.A partir daquele dia come-

cei a estar atento às suas saídase dias mais tarde confirmou-seaquilo que eu entretanto come-çava a desconfiar: é que asduas eram namoradas.Leitor identificado

Pedimos aos leitores que enviamcorrespondência para esta rubricapara não se alongarem muito nostextos que escrevem.A redacção reserva o direito decondensar e de trabalhar os tex-tos que nos chegam.Obrigado.

Afinal havia uma outra

Page 21: Portugal Post Agosto 2011

Passar o TempoPORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 21

CONSULTÓRIO ASTROLÓGICOE-mail: [email protected]: 00 351 21 318 25 91

Por Maria Helena Martins

Previsões para Agosto de 2011CARNEIROAmor: Avalie os prós e os contras deuma relação que se mostra saturada.Não se deixe manipular pelos seuspróprios pensamentos!Saúde: Relaxe. Deixe as coisas fluí-rem naturalmente.Dinheiro: Possíveis mudanças nosector profissional.

TOUROAmor: Uma crise conjugal poderáfazer com que a sua relação seja re-forçada. Domine a sua agitação, per-maneça sereno e verá que tudo lhesai bem!Saúde: período marcado pela alegriae boa disposição.Dinheiro: Concentre-se nos planosque traçou para este mês. Caso con-trário corre o risco de prejudicar obom desempenho do seu trabalho.

GÉMEOSAmor: Se desconfia de algo, faleabertamente sobre as suas dúvidascom a pessoa que tem a seu lado.Não perca o contacto com as coisasmais simples da vida.Saúde: Imponha um pouco mais dedisciplina alimentar a si próprio.Dinheiro: Deve ter mais atençãocom a forma como gere as suas eco-nomias.

CARANGUEJOAmor: Prepare um jantar românticocom a sua cara-metade e desfrutecada momento que estejam juntos.Que o Amor e a Felicidade sejamuma constante na sua vida!Saúde: Proteja o seu sistema imuni-tário através daquilo que come. Dinheiro: Iniciará um momento deviragem na sua vida profissional, im-ponha as suas ideias e faça com queas respeitem.

LEÃO

Amor: Deixe que a sua cara-metadetenha uma palavra a dar na formacomo a vossa relação se tem desen-volvido. Seja menos autoritário. Quea leveza de espírito seja uma cons-tante na sua vida!Saúde: Psicologicamente, estará umpouco instável. Não acumule dentrode si tantas preocupações.Dinheiro: Trabalhe com determina-ção e afinco mas de forma que nãoprejudique o seu bem-estar.

VIRGEMAmor: A sua cara-metade poderádar-lhe uma notícia muito agradável.A vida é uma surpresa, divirta-se!Saúde: Aproveite o tempo livre e vádar um passeio ao fim do dia. O con-tacto com a Natureza fará com que sesinta revigorado.Dinheiro: Dedique mais tempo aodescanso e não pense tanto nos pro-blemas profissionais. Lembre-se queamanhã é um novo dia.

BALANÇAAmor: Deixe a timidez de lado paraconquistar a pessoa que ama. Fale averdade, de modo carinhoso.Saúde: Está sujeito a pequenos aci-dentes domésticos.Dinheiro: Seja perspicaz e poderáobter bons resultados num negóciorentável.

ESCORPIÃOAmor: Os seus amigos vão dar-lhetoda a atenção de que precisa. Cul-tive o relacionamento interpessoal everá que obterá benefícios.Saúde: Perigo de fracturas. Atençãoa degraus.Dinheiro: Uma actividade extra po-derá estabilizar as suas finanças.

SAGITÁRIOAmor: É possível que sofra uma de-silusão. Convide os seus amigos para

sair, espaireça, não fique em casa.Trate-se com amor!Saúde: poderá cometer um pequenoexcesso de vez em quando. Não seprive sempre das delícias de quemais gosta. Satisfaça a sua gula,desde que seja com conta, peso e me-dida.Dinheiro: Esqueça as tristezas dedi-cando-se no trabalho. Mãos à obra,tem muito trabalho pela frente.

CAPRICÓRNIOAmor: Viva romanticamente e de-monstre à pessoa amada que podeacreditar nas suas intenções. Que aalegria de viver esteja sempre na suavida!Saúde: Aproveite ao máximo a vita-lidade que sentirá nestes dias.Dinheiro: Poderá ser-lhe atribuídauma tarefa de grande responsabili-dade.

AQUÁRIOda Fortuna, que significa que a suasorte está em movimento.Amor: Demonstre ao máximo o seuromantismo, deixe-se conduzir pelaintuição. Permita-se a si próprio avisão da alegria e sinta-a diaria-mente.Saúde: Em vez de ter pensamentosnegativos, consulte o seu médico eseja mais optimista. Dinheiro: Seja astuto e conseguiráaquela promoção que deseja.

PEIXESAmor: Evite uma relação amorosaque já não o faça feliz. O seu bem-estar depende da forma como encaraos problemas.Saúde: Alguns problemas familiarespoderão fazer com que se sinta triste.Cuide da sua saúde. Não é uma ques-tão de querer, é um dever. Dinheiro: Deverá evitar ter proble-mas com identidades bancárias.

É Preciso GravataUm português caminha pelo deserto a gritar: — Água... Água... Estou a morrer de sede! Entretanto, avista um homemque vem na direcção dele: — Amigo, água... Ajude-me! — Lamento, mas só vendo gravatas! E o homem continua o caminho, desesperado, à procura de água. Já de ras-tos, avista um bar no deserto. — Água, por favor! Diz o porteiro: — Aqui só entra quem tiver gravata!

Cabelos SecosDiz um alentejano à mulher: - Ó Maria, prepara uma roupa que eu quero tomar banho p'ra depois tratar dos negócios! E a mulherprepara a roupa e põe-na na casa de banho. Vai o homem tomar banho, começa a correr água e grita: - Ó Maria, traz-me o champô porra! - Ah homem, então o champô tá aí na casa de banho! - diz a mulher. - Ah, isto é para cabelos secos e eu já molhei a cabeça! Cupão de Encomenda a: PORTUGAL POST SHOP na Pág.19

Encomenda de Livros

Astrologia, Karma e FelicidadePreço, 20,99 €Autor: Cristina CandeiasA astróloga residente do programa "Praça da Ale-gria", de Jorge Gabriel, tornouse um fenómeno nacio-nal, com as suas previsões em directo. Este é o seuprimeiro livro. O livro que nos ensina a atravessar odeserto para encontrar o oásis e a felicidade plena. Énecessário reflectir sobre quem fomos, o que somos eo que temos de vir a ser. Só depois de aceitarmos osnossos processos demudança a vida se nos revelará.

Como Cortar Trabalhos de BruxariaFormato: 14x21cmPáginas: 152Preço: 25,00 €Um ritual de magia negra posto em acção contra alguémpode prejudicar avítima e destruir a sua vida de formabrusca e surpreendente. Todas as áreasestão sujeitas aficar afectadas. Tudo à sua volta parece ruir. E, mais gra-veainda, a vítima de magia negra não consegue encontrarforças para reagir. Neste livro de carácter prático, a autora

apresenta rituais fáceis de executar quepermitem criar uma aura de protecção.

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mpara que possa repelir esse encantamento maligno.

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Orações para Todos os MalesFormato: 14x21cmPáginas: 90Preço: 22,00 €Por razões de saúde, familiares, afectivas, mate-riais ou espirituais, todos mpassamos em algummomento por situações difíceis. Nesta obra encon-trará uma centena de orações adequadas a cadacaso. Orações para encontrar mcompanheiro/a,para conseguir casar-se com o seu namorado, pelapaz da família, contra doenças, etc.

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PORTUGAL POST Nº 205 • Agosto 2011 Economia 23

O novo spot televisivo de Casal Garcia é uma viagem que começa em 1939, data em que seinicia a produção deste vinho, e que retrata, no decorrer da história apresentada, a auten-ticidade e a partilha de emoções indissociáveis da marca Casal Garcia.

A banda sonora, bem como os cenários escolhidos, espelham a origem e tradição damarca Casal Garcia que, ao longo do tempo, tem sido um embaixador dos Vinhos Verdesem todo o mundo.

As três versões do anúncio televisivo, foram produzidas numa envolvência de descon-tracção, alegria e convívio, reforçando a brand essence e o posicionamento da marca CasalGarcia.

O spot desta nova campanha televisiva, que será difundida na RTP Internacional ter-mina com a assinatura “Haja Alegria. Haja Casal Garcia.”», património da marca.

Casal Garcia tem uma nova campanha televisiva

A Agência Federal de Tra-balho Alemã (BA) está acooperar com as autorida-des portuguesas para a son-dar as possibilidades deemprego para enfermeirosportugueses na Alemanha,disse à Lusa uma porta-voz.

“Falámos com os nossosparceiros da Eures [portaleuropeu para a mobilidadeprofissional] sobre as áreasem que a Alemanha precisade quadros técnicos, e elesdisseram-nos que há poten-ciais candidatos no domíniodos enfermeiros”, disse àLusa Beate Raabe, do gabi-nete de imprensa da Agên-cia de Mediação deTrabalhadores Especializa-dos Estrangeiros (ZAV),uma instituição da BA.

“Iniciámos já um pro-jecto, e estamos sondarempregadores alemães, de

hospitais e sobretudo de in-stituições que prestam cui-dados continuados, parasaber se precisam destesespecialistas”, explicouBeate Raabe.

No entanto, adiantou“não é possível, de mo-mento, quantificar nem aoferta nem a procura de en-fermeiros portugueses, querpara hospitais, quer para in-stituições que prestam cui-dados continuados”,acrescentou a mesma re-sponsável. A porta-voz daZAV acrescentou ainda quenão é possível quantificar osenfermeiros portugueses atrabalhar na Alemanha por-que não existe uma estatís-tica que alie a profissão ànacionalidade.

“Além disso, os trabal-hadores portugueses, comocidadãos da União Euro-

peia, gozam do direito delivre circulação, e não têmpor isso, de se registar comotal, em nenhuma reparti-ção”, explicou Beate Raabe.

A Agência Federal doTrabalho (BA) alemã referiuque “há um grande inte-resse” por parte de enfer-meiros portugueses emtrabalhar na Alemanha,mas o grande obstáculo é afalta de conhecimentos dalíngua germânica.

A Alemanha tem falta demão de obra em algunssectores qualificados e po-deria recorrer a especialis-tas de países europeus queneste momento têm um ele-vado desemprego entrequadros técnicos, casos daEspanha, Portugal, ou daGrécia, disse a diretora da,Monika Varnhagen, ao jor-nal Die Welt.

Alemanha e Portugal sondam possibilidades de emprego para enfermeiros

A chanceler alemã, AngelaMerkel, afirmou que a Ale-manha tem o “dever histó-rico” de apoiar o euro esaudou o acordo alcançadona quinta-feira para um se-gundo plano de ajuda à Gré-cia.

Esse acordo, disse Mer-kel em conferência de im-prensa em Berlim, é um“passo significativo” que vaiajudar a Europa e apoiar amoeda única europeia.

“Sabemos que o pro-blema de um é um pro-blema de todos”, disse

Merkel.A chanceler dissetambém, contudo, que onovo plano de ajuda à Gré-cia é “um caso único” e des-cartou a participação dosetor financeiro privadoeuropeu em eventuais futu-ros pacotes de ajuda paraoutros países da Zona Euro.

“O euro é bom para nós,o euro é parte do êxito eco-nómico alemão e umaEuropa sem o euro é impen-sável”, disse. A chefe do Go-verno alemão afirmou, poroutro lado, que não é de es-perar uma solução especta-

cular nem rápida para oproblema da Grécia, mas“um processo de diferentespassos sucessivos” para re-solver os problemas do país.

Merkel disse-se no en-tanto convencida de que aEuropa vai sair desta crisemais forte do que era.

Os 17 países da ZonaEuro aprovaram na quinta-feira, em Bruxelas, um novoplano de ajuda a Atenas novalor de 159 mil milhões deeuros e a flexibilização dosjuros e dos prazos nos cré-ditos concedidos à Grécia.

Merkel: Alemanha tem o dever histórico“ de apoiar o euro

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ankaj Ghemawat éconsiderado um“guru” nos meios degestão empresarial.Recentemente, o pro-fessor para Estratégias

Globais da IESE BusinessSchool de Barcelona, esteveem Portugal para um seminá-rio com empresários lusos.Este especialista contou ao jor-nal alemão, “Handelsblatt”,que a sua sugestão de que asfirmas portuguesas saiam àprocura de mercados em paí-ses emergentes como o Brasil,para equilibrar a falta de com-petitividade praticamente semsolução na Europa, deparoucom categórica rejeição. Osempresários portugueses quei-xaram-se muito das dificulda-des de investir no Brasil,apontando burocracia, baixosrendimentos, situação legalcomplicada, e uma miríade deoutras excelentes razões paranão se mexerem. Remata Pan-

kaj Ghemawat , textualmente:“Ocorreu-me que os portugue-ses que desencadearam aépoca dos Descobrimentosprovavelmente tinham umaatitude muito diferente”.

Tem razão, o professor. Aatitude que os portugueses tin-ham então, adoptaram-na econservaram-na os empresá-rios nórdicos, com destaquepara os alemães. A história desucesso das pequenas e mé-dias empresas alemãs deve-seprecisamente ao espírito em-preendedor de quem não estáà espera do Estado para lhe re-solver os problemas, mas seaventura pelo mundo fora,convicto de que tem bons pro-dutos para colocar nos merca-dos internacionais. Tanto éassim que os exportadores ale-mães começam a voltar as cos-tas à Europa, o seu principalmercado durante décadas, eprocuram estabelecer-se nasregiões de desenvolvimento

mais acelerado, como a Chinae a Índia, onde as dificuldadespráticas a superar não serãodecerto menores do que noBrasil.

Esta é apenas uma das taisdiferenças culturais profundasque existem na Europa, e quesão invocadas com cada vez

maior frequência por quemacredita que a Alemanha ePortugal não cabem namesma zona monetária. E queserve de argumento a quemexige a retirada de Portugal eda Grécia da Eurolândia, parasalvar uma das maiores con-quistas políticas, económicas efinanceiras do pós-guerra: oeuro.

Para já, o debate é mera-mente académico. As medidasacordadas pelos 27 estadosmembros da União Europeianuma reunião de emergênciaem Bruxelas, no passado dia21 de Julho, são de molde a,pelo menos, permitir que aGrécia, Portugal e a Irlandaganhem algum tempo no pro-jecto de saneamento das con-tas públicas. Mas apesar dehaver poucas dúvidas quantoàs capacidades da Irlanda dedar a volta por cima, o mesmonão se aplica aos outros doispaíses. De olhos postos na re-

acção violenta dos gregos àsconsequências da crise, e àinércia e resignação dos portu-gueses, o resto da Europa co-meça a acreditar que asdiferenças culturais são pro-fundas demais, e que foi umerro aprovar a adesão de Lis-boa (e Atenas) ao clube doeuro. Cabe aos portuguesesimpedir que este discurso sealastre à política e se trans-forme em tema de campanhaeleitoral, altura em que prova-velmente será tarde demaispara travar o processo deabandono do euro. Basta paraisso mostrarem um pouco decoragem e empreendedo-rismo. Poderiam seguir oexemplo dos emigrantes, quesempre partiram pelo mundoà procura dos mercados detrabalho onde eles existem, su-perando para isso as maioresdificuldades, em vez de espe-rar que lhes caísse no colo asolução para todos os males.

Crónica Cristina Krippahl

A exemplo dos emigrantes

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De olhos postos na reac-ção violenta dos gregos àsconsequências da crise, eà inércia e resignação dosportugueses, o resto daEuropa começa a acreditarque as diferenças culturaissão profundas demais, eque foi um erro aprovar aadesão de Lisboa (e Ate-nas) ao clube do euro

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