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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO/ PUC-SP IAIA AUGUSTO CUMA ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCOS DE INADIMPLÊNCIA EM FINANCIAMENTOS DE PESSOAS FÍSICAS EM GUINÉ-BISSAU: Proposição de modelo experimental DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROGRAMA DE ESTUDOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SÃO PAULO 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO/ PUC-SP

IAIA AUGUSTO CUMA

ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCOS DE INADIMPLÊNCIA EM

FINANCIAMENTOS DE PESSOAS FÍSICAS EM GUINÉ-BISSAU:

Proposição de modelo experimental

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROGRAMA DE ESTUDOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

SÃO PAULO

2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO/ PUC-SP

Setor de Pós-Graduação

IAIA AUGUSTO CUMA

ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCOS DE INADIMPLÊNCIA EM

FINANCIAMENTOS DE PESSOAS FÍSICAS NA GUINÉ-BISSAU:

uma abordagem crítica e proposição de modelo experimental

Dissertação de Mestrado Apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, Como Exigência Parcial para Obtenção do

título de Mestre em Administração, na área de

concentração: Gestão Integrada nas Organizações –

Estratégia e Inovação (Finanças), sob a orientação do

Professor Doutor José Odálio dos Santos.

SÃO PAULO

2012

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BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais (In Memorian), Linda Passú e Augusto Silva

Cuma que não puderam estar presente fisicamente para

compartilhar este momento muito especial na minha vida, mas

acredito que, em qualquer lugar que eles estiveram, continuarão

presente no meu coração, sempre iluminando os meus caminhos e

os meus pensamentos! E que Deus encontre um lugar muito

especial para eles no céu, porque eles merecem! Além de foram

ótimos pais, participaram ativamente na minha formação humana

e sempre foram presentes no meu lado em prol do meu sonho –

realizações acadêmicas.

Á Carolina Mendes Mascarenhas Cuma, uma pessoa maravilhosa

e muito especial na minha vida, com quem compartilhei os

momentos de angústia, de desespero, de sofrimento e de alegria

durante todo o percurso desta produção acadêmica. E sempre

soube me compreender nas noites que fico em claro na busca do

conhecimento - a minha noiva!

Aos meus filhos, Ianique Iaia Cuma, Iaia Cuma Junior, Linda Iaia

Cuma (Lazi), Augusto Iaia Cuma e Iano Iaia dos Santos Cuma.

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AGRADECIMENTOS

De longe trarei o meu conhecimento,

e ao meu criador atribuirei a justiça.

Jô 36:3

Estes agradecimentos rendem a mais pura e amorosa homenagem a todos que realmente

contribuíram para que seja possível a concretização deste ideal que, ora apenas se inicia.

É claro que, neste momento, não tenho palavras para tantos agradecimentos às pessoas

importantes em toda esta caminhada.

Primeiramente ao criador, meu DEUS, por esta maravilhosa conquista e por ter me

ouvido sempre nas dificuldades pelas quais passei e pela paciência. E por me iluminar

em todos os momentos da minha vida, pois é! Os obstáculos foram vencidos através da

fé! O pai eterno onipotente da infinita bondade, o alfa e ômega, Obrigado por tudo que

tem me feito ao longo da minha vida.

Ao meu orientador, Professor Doutor José Odálio dos Santos, pela sua disposição em

me orientar e que esteve sempre ao meu lado nas dúvidas, nos desabafos, nas conquistas

e nos direcionamentos para as leituras e pesquisas! Além de exímio profissional é

extremamente humano.

Á CAPES-Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, o PROSUP-

Programa de Suporte à Pós-Graduação de Universidades Particulares e ao coordenador

do programa de estudos de pós-graduação em administração da PUC-SP, o Professor

Doutor Francisco Antônio Serralvo, pela bolsa de estudos.

Á Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC-SP, aos funcionários, a Secretária

do programa Rita e em especial aos professores do programa de estudo de pós –

graduação em administração, Prof. Dr. Rubens Famá, Prof. Dr. José Odálio dos Santos,

Prof. Dr. Belmiro do Nascimento João, Prof. Dr. António Vico Manâs, Prof. Dr.

Onésimo de Oliveira Cardoso e a Prof ª. Drª Sylmara Lopes F. Gonçalves Dias, Prof.

Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara, Prof, Dr. Francisco António Serralvo, Prof. Dr.

Ladislau Dawbor e Prof. Dr. José Roberto Securato pelo acolhimento e carinho.

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Agradeço a Néria António Ialá (Né), a Maguida Mendes (Amaguí) e Augusta Nunes dos

Santos, pelos filhos maravilhsos.

Aos meus irmãos, Teresa da Silva (in memorian), Albertinho António Cuma, António

da Silva (Matcho), Jeorge da Silva (Morto), Gildo Augusto Cuma, Abú Djassi e

Hermenigilda da Silva (Pono), por acreditaram em mim desde cedo.

Agradeço a Tânia Isabel de Andrade, a Cristina de Sá, a Elaine Silva Barbeiro e a Joana

Flora Coelho pelos constantes apoios na materialização deste projeto.

Aos (as) meus (minhas) amigos (as), Samuel José Iofna da Silva, Iero Turé, Serifo

Jaquité (Jaqui bobo), Engº Cirilo Cassama, Fato Cassama, Engº Hugo Nesolini Vieira,

Baifaz António Correia, Wilson Augusto Dama, Prof. Hermindo José Iofna da Silva,

Dr. Caramo Có Junior e todos os meus colegas do Bairro de Míssira, pela vossa energia

positiva.

Agradecimentos especiais ao Ex. Primeiro Ministro da Guiné-Bissau, Engº Carlos

Correia, ao atual Primeiro Ministro, Carlos Domingos Gomes Junior, ao Presidente

Interino da República da Guiné-Bissau, Dr. Raimundo Pereira e ao Presidente da

Câmara Municipal da Guiné-Bissau, Tio Armando Napoco pelos constantes apoios e

ensinamentos político.

As minhas cunhadas, Dada da Silva, Náni, Domingas (Apili) e Sabina e aos meus

cunhados, Dinú, António Corrêa, Oméro e Papa marido de Helena (Juca), pela vossa

força e de serem amadas (os) pelas pessoas que gosto muito.

Á Dr. Filomena Mascarenhas Tipote e ao Dr. Pedro Tipote por terem proporcionado, a

modesta e a inigualável educação familiar, a pessoa maravilhosa com quem pretendo

viver por resto vida, a minha noiva, Carolina Mendes Mascarenhas Cuma.

Á minha sogra Rofina da Silva, as/os minhas/meus cunhadas (dos) Vinilde Mendes

Mascarenhas, Nita Mendes Mascarenhas, Francisca Mendes Mascarenhas (Tchica), Nita

Napoleon N’cola, Jeorge Mandolinde, Julião Okaia, Jerónimo e ao sobrinho Arnaldo

Mandolinde pela vossa força, exemplos de luta e dedicação.

Aos meus amigos Brasileiros, Márcio Santos, Diretor da Universidade Anhanguera –

Unidade Taboão da Serra, Luis Shigueru Kanamori, Coordenador do Curso de Gestão

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de Pessoas da Universidade Anhanguera – Unidade Taboão da Serra e Pedro Zambrone

Grillo de Oracle Tecnology.

Aos meus sobrinhos, as minhas sobrinhas, os meus tios, as minhas tias, primos e primas,

pela vossa torcida visando alcançar os meus objetivos.

Agradeço imensamente a Helena (Juca) e Damá por substituíram a minha mãe nos

momentos propícios da minha infância e por terem participado na minha educação

familiar.

Aos meus primos-irmãos e as primas-irmãs, João Indicane, Nene Camala, Angelina

Camala, Emília Camala, Manuel Indicane, Luis Indicane, Soares Indicane (Jean Pierre -

Umpa), pelos anos de convivência e que sempre souberam me aturar.

Aos meus companheiros de luta, residentes atualmente no Brasil, Sociólogo Patrício

Sanhá e estudante de Análise de Sistema da USP, Gilmer.

Não poderia deixar de expressar a minha enorme gratidão a Alanan Soares de BDU,

Nhama de BAO, Djagra da Direção de Conjuntura do Ministério das Finanças da

Guiné-Bissau, Quintino do INEC (Instituto Nacional de Estatística e Censo da Guiné-

Bissau), Armando de Comitê de Política Econômica da Guiné-Bissau e em especial

Amarildo de BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental), pelas ajudas

incondicionais a me atenderam e colocaram a disposição no percurso desta pesquisa,

com muita dedicação, atenção e serenidade nas informações passadas.

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RESUMO

O crescimento de crediários em Guiné-Bissau no período estudado de 2005 a 2010 pode

ser explicado pela relativa estabilidade econômica, apesar de algumas instabilidades

políticas. O controle significativo da inflação, a criação de novas oportunidades de

empregos são fatores que interferem diretamente nos propósitos e na necessidade de se

tomar crédito. O estudo buscou explorar e identificar os fatores determinantes no

aumento de números de inadimplentes com o crescimento de crédito às pessoas físicas

em Guiné-Bissau. A pesquisa pretende-se contribuir com um modelo consistente de

análise de avaliação de risco de crédito às pessoas físicas que se adéqua à realidade

social e econômica da Guiné-Bissau. Para facilitar o processo de análise de avaliação de

risco de crédito foram apresentados os modelos Serasa, Magalhães e Mario e JOS

desenvolvido por Santos e Famá, considerando uma série de variáveis e parâmetros.

Para efetivar o propósito deste trabalho, foram abordados os processos fundamentais de

análise de crédito (subjetiva e objetiva), regulamentação e panorama do setor de crédito

em Guiné-Bissau, sua evolução, taxas de juros, inflação e PIB (Produto Interno Bruto)

em Guiné-Bissau. A apresentação do modelo proposto (JOS 2 de Credit Scoring) e sua

aplicabilidade, em uma amostra de 200 clientes extraída da carteira de crédito dos

quatro bancos comerciais estudados em Guiné-Bissau, a regressão logística (Logit)

gerou um índice de ajustamento de 54,70% pelo índice de Nagelkerke, ou seja, as

variáveis do modelo em conjunto, contribuem para a explicação de até 54,70% do

aumento de inadimplência em Guiné-Bissau. No Brasil, o mesmo modelo foi testado em

uma amostra de uma instituição financeira de médio porte, o resultado gerou um índice

de ajustamento de 81,90%, ou seja, as variáveis do modelo, em conjunto, contribuem

para a explicação de até 81,90% do aumento da inadimplência. Porém, mesmo com o

índice moderado de acerto do modelo é indispensável que os bancos em Guiné-Bissau

façam contínuas reavaliações do modelo, considerando não só a seleção e ponderação

de variáveis internas (riscos não-sistêmicos), como também, a inclusão de eventos

externos (riscos sistêmicos), que apresentam relação direta com a renda e a capacidade

de pagamento dos tomadores.

Palavras-chave: Risco de crédito, Retorno, Inadimplência, Clientes, Pessoas Físicas,

Credit Scoring, Guiné-Bissau.

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ABSTRAT

The growth of installment credits in Guinea-Bissau during the study period from 2005

to 2010 can be explained by the relative economic stability, despite some political

instability. The significant control of inflation, creating new job opportunities are

factors that directly interfere with the purposes and the need to take credit. The study

sought to explore and identify the determining factors in the increase of numbers of

defaulters with the growth of credit to individuals in Guinea-Bissau. The research aims

to contribute to a consistent model for the analysis of risk assessment of credit to

individuals that fits the social and economic situation in Guinea-Bissau. To facilitate the

review process for evaluating credit risk models were apresented Serasa, Magalhães and

Mario and JOS developed bay Santos and Famá, considering a number of variables and

parameters. To accomplish the purpose of this study, we addressed the fundamental

processes of credit analysis (subjective and objective), regulatory and overview of the

credit industry in Guinea-Bissau, its evolution, interest rates, inflation and GDP (Gross

Domestic Product) in Guinea-Bissau. The presentation of the proposed model (2 JOS

Credit Scoring) and its applicability in a sample of 200 clients drawn from the loan

portfolio of the four commercial banks studied in Guinea-Bissau, logistic regression

(Logit) yielded a rate adjustment of 54,70% by Nagelkerke index, or is, the model

variables together contribute to the explanation of up to 54,70% of the increase in

delinquencies in Guinea-Bissau. In Brazil, the same model was tested on a sample of a

mid-sized financial institution, the result generated a rate adjustment of 81,90%, or is,

the variables of the model, together, contribute to explaining up to 81,90% increase in

default. But even with the moderate rate of success of the model is essential that banks

in Guinea-Bissau to make continuous reassessment of the model, considering not only

the selection and weighting of internal variables (non-systemic risks), as well as the

inclusion of events external (systemic risk), which are directly related to income and

payment capacity of borrowers.

Keywords: Credit Risk, Return, Default Clients, Individuals, Credit Scoring, Guinea-

Bissau.

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ILUSTRAÇÕES (TABELAS, FIGURAS, QUADROS E GRÁFICOS)

Tabela 1 – Evolução de taxa de juros em Guiné-Bissau................................................53

Tabela 2 – Nível de discriminação para diferentes valores de KS.................................59

Tabela 3 – Cálculo de estatística de Kolmogorov-Smirnov (KS)..................................60

Figura 1 – Diagrama de representação de crédito............................................................8

Figura 2 – Diagrama de representação do crédito associado ao risco............................11

Figura 3 – Processo de concessão de crédito através do uso de modelos de Credit

Scoring.............................................................................................................................21

Figura 4 – Ponto de corte e intervalo de dúvida – Credit Scoring.................................28

Figura 5 – Diagrama de escalas de avaliação de risco...................................................34

Figura 6 – Comportamento do resultado bancário em relação ao custo de captação.....36

Quadro 1 – Os 5’c de crédito.........................................................................................16

Quadro 2 – Fases de análise de crédito para pessoas físicas..........................................18

Quadro 3 – Variáveis discriminatórias e parâmetros.....................................................56

Quadro 4 – Variável apreciação/restrições cadastrais....................................................57

Quadro 5 – Resumo de variáveis do sistema de Scoring para pessoas físicas...............58

Quadro 6 – Informações demográficas de pessoas físicas.............................................62

Quadro 7 – Informações idoneidade..............................................................................62

Quadro 8 – Informações de capacidade financeira/pagamento......................................62

Quadro 9 – Informações de colateral.............................................................................62

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Quadro 10 – Informações de relacionamento bancário..................................................63

Quadro 11 – Informações de fonte geradora de renda...................................................63

Quadro 12 – Eventos sistêmicos....................................................................................63

Quadro 13 – Variáveis independentes ponderadas no modelo de Credit Scoring.........64

Quadro 14 – Resumo dos resultados do modelo de Credit Scoring CPPF......................65

Quadro 15 – As variáveis de modelo de Credit Scoring de Magalhães e Mario...........66

Quadro 16 – As variáveis para a aprovação de crédito as pessoas físicas em Guiné-

Bissau...............................................................................................................................67

Quadro 17 – Variável caráter.........................................................................................69

Quadro 18 – Variável idade...........................................................................................69

Quadro 19 – Variável estado civil...........................................................................69

Quadro 20 – Variável residência....................................................................................70

Quadro 21 – Variável tempo na residência....................................................................70

Quadro 22 – Variável estabilidade no emprego/atividade.............................................71

Quadro 23 – Variável cargo/atividade...........................................................................71

Quadro 24 – Variável renda mensal líquida consolidada (inclui receitas de aluguéis)..72

Quadro 25 – Variável número de dependentes..............................................................72

Quadro 26 – Variável planos de saúde familiar.............................................................73

Quadro 27 – Variável seguro residencial.......................................................................73

Quadro 28 – Variável seguro veículos...........................................................................73

Quadro 29 – Variável cartões de crédito........................................................................74

Quadro 30 – Variável tempo de relacionamento comprovado com o principal banco

que faz transações............................................................................................................74

Quadro 31 – Variável patrimônio (bens móveis e imóveis)...........................................75

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Quadro 32 – Variável patrimônio (aplicações financeiras)............................................75

Quadro 33 – Variável índice médio de comprometimento de renda com dívidas

onerosas...........................................................................................................................76

Quadro 34 – Variável outras atividades profissionais....................................................76

Quadro 35 – Variável idoneidade do negócio................................................................77

Quadro 36 – Parâmetro de decisão.................................................................................77

Quadro 37 – Resultados dos parâmetros para pessoas físicas........................................78

Quadro 38 – Teste de Nagelkerke R Square e Chi-square/Brasil..................................80

Quadro 39 – Teste de Nagelkerke R Square e Chi-square/Guiné-Bissau......................80

Gráfico 1 – Volume total de crédito concedido em Guiné-Bissau de 2005 a 2010........46

Gráfico 2 – Volume total de crédito de liquidação duvidosa.........................................48

Gráfico 3 – Volume total de crédito às pessoas físicas..................................................49

Gráfico 4 – Volume total de crédito de liquidação duvidosa às pessoas físicas.............50

Gráfico 5 – Volume total de inadimplências às pessoas físicas.....................................51

Gráfico 6 – PIB – Taxa de variação anual em percentagem...........................................52

Gráfico 7 – A inflação – variação anual do IPC em percentagem..................................54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BAD

Banco Africano de Desenvolvimento – Regional

BAO

Banco da África Ocidental da Guiné-Bissau

BCEAO

Banco Central dos Estados da África do Oeste /ou da

África Ocidental

BDU

Banco da União da Guiné-Bissau

BOAD

Banco Oeste Africano de Desenvolvimento –

Regional

BRS

CRC

DARF

Banco Regional de Solidariedade da Guiné-Bissau

Conselho Regional da Contabilidade do Brasil

Documento de Arrecadação Fiscal do Brasil

ECOBANK

Banco Regional Africano da Guiné-Bissau

INEC

IPC

Instituto Nacional de Estatística e Censo da

Guiné-Bissau

Índice de Preço do Consumidor

IZF

Investimento Zona Franca – Regional

IPC

MIR

Índice de Preço ao Consumidor do Brasil

Manual de Imposto de Renda do Brasil

PIB

SPC

SYSCOA

Produto Interno Bruto

Serviço de Proteção ao Crédito do Brasil

Sistema de Contabilidade da África Ocidental -

Regional

UEMOA

UMOA

União Econômica Monetária Oeste Africana/ ou da

África Ocidental

União Monetária Oeste Africana/ ou da África

Ocidental

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“A Ciência não é uma ilusão, mas seria uma

ilusão acreditar que poderemos encontrar

no outro lugar o que ela não nos pode dar”

Sigmund Freud

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO...................................................................................1

1.1. Objetivo do trabalho...............................................................................................3

1.2. Problema da pesquisa..............................................................................................3

1.3. Justificativa.............................................................................................................4

1.4. Metodologia............................................................................................................4

1.5. Limitações da pesquisa...........................................................................................5

1.6. Estrutura do trabalho.......................................................................................... ...6

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................7

2.1. Crédito: conceito, relevância e finalidade..............................................................7

2.2. Risco de crédito......................................................................................................9

2.3. Produtos de crédito...............................................................................................12

2.4. Análise de crédito as pessoa física.......................................................................15

2.4.1. Processo subjetivo de análise de crédito....................................................19

2.4.2. Processo objetivo de análise de crédito.....................................................19

2.4.2.1. Modelo ou sistema Credit Scoring...............................................20

2.4.2.1.1. As vantagens e desvantagens da utilização dos modelos

de Credit Soring.............................................................................................................. 22

2.4.2.1.2. Etapas para o desenvolvimento dos modelos de Credit

Scoring.............................................................................................................................25

2.4.2.1.3. Métodos estatísticos aplicados em modelos de Credit

Scoring.............................................................................................................................30

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2.4.2.2. Modelo ou sistema Behavoir........................................................32

2.4.2.3. Modelo ou sistema Misto.............................................................33

2.4.2.4. Rating............................................................................................33

2.5. A função das taxas de juros em créditos...................................................................35

2.6. Destaque de algumas pesquisas com foco em gestão de risco de crédito ás

pessoas físicas..................................................................................................................36

CAPÍTULO 3 - REGULAMENTAÇÃO E PANORAMA DO SETOR DE

CRÉDITO ÀS PESSOAS FÍSICAS EM GUINÉ-BISSAU........................................41

3.1. Regulamentação do setor bancário.......................................................................41

3.1.1. UMOA/UEMOA.......................................................................................41

3.1.1.1. Organização institucional ou os órgãos do BCEAO - Banco

Central dos Estados da África Ocidental.........................................................................42

3.1.1.1.1. Governador do BCEAO – Banco Central..................42

3.1.1.1.2. Comitê de Política Monetária....................................43

3.1.1.1.3. Conselho de Administração.......................................44

3.1.1.1.4. Comitê de Auditoria..................................................44

3.1.1.1.5. Conselho Nacional de Crédito...................................44

3.2. Panorama do setor de crédito às pessoas físicas em Guiné-Bissau......................45

3.2.1. Análise crítica e de evolução de crédito às pessoas físicas........................54

CAPÍTULO 4 – MODELOS DE CREDIT SCORING SELECIONADOS E

ANÁLISES DE RESULTADOS...................................................................................56

4.1. Modelo Serasa de Credit Scoring para pessoas físicas.........................................56

4.2. Modelo JOS de Credit Scoring CPPF para pessoas físicas....................................61

4.3. Modelo de Credit Scoring de Magalhães e Mario................................................65

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4.4. Modelo de avaliação de risco do BCEAO - Banco Central dos Estados da África

Ocidental..........................................................................................................................67

4.5. Modelo proposto...................................................................................................68

4.5.1. Aplicabilidade do modelo proposto nas amostras......................................79

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................85

ANEXOS.........................................................................................................................91

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Com exceção do escambo e das operações de compra e venda à vista, todas as

operações que envolvem certo período de tempo entre a posse do ativo e o seu respectivo

pagamento acabam de uma forma ou outra ocorrendo em condições de crédito.

Conseqüentemente, isso implica a existência de uma relação de confiança entre ambas as

partes envolvidas no fechamento da operação, de que tanto os bens quanto o dinheiro,

serão entregues na data e no valor previamente combinados. A operação de crédito é, sem

dúvida, um dos instrumentos financeiros capazes de alavancar e viabilizar o processo

produtivo e econômico de uma nação (FURUGUEN, 1973, p.61; AMORIM NETO e

CARMONA, 2004, p.2).

Segundo Securato (2010, p.341), para que seja alcançado o desenvolvimento

econômico e social, é fundamental que os agentes tomadores tenham acesso às riquezas da

nação. Essas riquezas são distribuídas à sociedade na forma de recursos transformados em

saúde, educação, moradia, vestuário, alimentação e todas as demais necessidades ou

desejos de seus cidadãos, o que inclui bens de consumo modernos e diversificados, cada

vez mais acessíveis as parcelas mais amplas de população.

Para que tenha capacidade de consumo de variados bens, pressupõe-se distribuição

de renda equitativa para financiar o consumo, propiciando vida digna e confortável dos

agentes tomadores (STIGLITZ e WEISS, 1981, P.335).

Daí a importância de crédito que, em suma, inclui duas noções fundamentais:

confiança, expressa na promessa de pagamento; e o tempo que se refere ao período fixado

entre a aquisição e a liquidação da dívida (SILVA, 2000, p.63). Para que operação de

crédito ocorra, é fundamental considerar dois elementos centrais: as formas de análise do

crédito e a medida do risco de crédito.

As formas de análise do risco de crédito são fundamentadas para os procedimentos

técnicos de análise subjetiva e de análise objetiva (SANTOS, 2010, p.46). A análise

subjetiva, ou caso a caso, é baseada no julgamento humano, ao contrário da análise

objetiva que usa métodos estatísticos como forma de apurar a probabilidade de certo

cliente tornar ou não inadimplente.

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Dentre as técnicas objetivas de gestão do risco de crédito, destacam-se os modelos

credit scoring, os quais segundo Saunders (2000, p.13) e Caouette, Altman e Narayanan

(2000, p.12) são resultantes de modelagens estatísticas que incluem informações cadastrais

relevantes (ex.: idoneidade, situação financeira, riqueza patrimonial etc.) para a

identificação de clientes inadimplentes.

E em fase da condição da incerteza com que defronta, ao tomar decisões gerenciais

relativas à assunção de risco, pode atribuir a este termo o significado colocado por

Bernstein (1997, p. 8): “o risco significa ousar”. Neste sentido, o risco é uma opção e não

um destino. A mesma idéia compartilhada por Caouette et al. (2009, p.13).

Medir o nível de exposição de risco em transações de crédito é indispensável e os

modelos de análise são ajustados para eliminar ou mitigar a inadimplência que, segundo

Brigham e Ehrhardt (2006, p. 864), refere-se à falta de cumprimento de um contrato ou

qualquer de suas condições.

A pesquisa desenvolvida enfoca análise de crédito e riscos de inadimplência em

financiamentos de pessoas físicas em Guiné-Bissau, como também propõe um modelo

experimental de avaliação de crédito com as variáveis representativas do perfil sócio-

econômico da Guiné-Bissau.

A situação social da Guiné-Bissau no período de 2005 a 2010 tem apresentado

melhorias para a grande maioria da população, cujos proventos para a sua sobrevivência

tem sido cada vez melhores. Todavia persistem questões que afetam a qualidade de vida da

população como a distribuição parcial da rede sanitária, uma precária estrutura

educacional, o desemprego e a degradação da rede de infra-estruturas viárias, portuárias e

fluviais na Guiné-Bissau, o fator crédito econômico poderia contribuir para o declínio

destas condições. Paralelamente, o temor pela inadimplência que restringe as

oportunidades de crédito para parcelas da população, o que conseqüentemente dificulta a

possível alavancagem e a criação de postos de trabalho no meio urbano, seja pela tímida

presença de créditos disponíveis, como pelas lacunas na política de crédito vigente e dos

modelos defasados de análise de risco de crédito.

Mesmo com essas deficiências a Guiné-Bissau possui um grande potencial de

desenvolvimento que, a exemplo de outras nações africanas, como o Senegal, a Nigéria

etc., alicerçou seu crescimento no estabelecimento de políticas de crédito congruentes e

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alavancadoras de bem estar para uma parcela de população (BCEAO, 2011 – Banco

Central dos Estados da África Oeste/ ou Ocidental).

1.1. Objetivo do trabalho

O objetivo do trabalho concentra-se em analisar os modelos de gestão do risco de

crédito às pessoas físicas que são utilizados e difundidos pelo setor financeiro em Guiné-

Bissau no período de 2005 a 2010. O estudo permite também delinear uma proposta de

análise de crédito, que se materializa como um modelo experimental possível de ser

aplicado na Guiné-Bissau.

Para atingir este objetivo, foram apresentados os processos detalhados de análise de

crédito para pessoas físicas da Serasa Experian (2011), de Magalhães e Mário (2010) e de

Santos e Famá (2007).

Após apresentação dos modelos, foi desenvolvido um modelo de análise do risco de

crédito para as pessoas físicas, a partir das informações extraídas do mercado brasileiro,

com elevado poder explicativo da inadimplência. Face a relevância das variáveis

componentes do modelo e seu elevado poder explicativo da inadimplência para a mostra de

clientes brasileiros de uma instituição financeira de medito porte, considerou-se como o

modelo adequado para aplicação em Guiné-Bissau, condicionado a existência de

informações restritivas dos tomadores no mercado de crédito e de histórico de transações

de crédito manipulado por técnicas avançadas, como Credit Scoring, Rating, Redes

Neurais.

1.2. Problema da pesquisa

Considerando, tanto o aumento das concessões de crédito às pessoas físicas, como a

inevitável contrapartida do aumento da inadimplência, em Guiné-Bissau, elaborou-se a

seguinte questão da pesquisa: Quais as principais causas ou motivos de elevada taxa de

inadimplência em carteiras de crédito das pessoas físicas, e qual o modelo objetivo de

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pontuação de propostas de crédito, desenvolvido por agências creditícias e apresentado em

pesquisas acadêmicas se ajustaria mais adequadamente às condições sociais e econômicas

da Guiné-Bissau com vista a reduzir ou/ eliminar a inadimplência?

1.3. Justificativa

Os fundamentos deste estudo remetem à perspectiva pessoal do pesquisador,

cidadão da Guiné-Bissau, preocupado com a evolução de crédito às pessoas físicas. À

medida que vem crescendo o mercado de crédito na Guiné-Bissau, paralelamente, vem

aumentando os riscos de inadimplência dada à ineficácia do atual modelo de análise de

avaliação do risco de crédito. [...] Além disso, poucos estudos investigaram os reais

motivos de inadimplência em financiamentos, temática crucial para o amadurecimento das

perspectivas de crédito à população.

A escolha do tema “análise de crédito e os riscos de inadimplência em

financiamentos” seus procedimentos para avaliação das pessoas físicas devem-se ao

interesse em analisar criteriosamente, o atual modelo de análise dos riscos de crédito em

Guiné-Bissau.

Em parte, esse interesse no foco da pesquisa foi influenciado pela expansão das

operações de crédito e da exposição ao risco de inadimplência em Guiné-Bissau, no

período de 2005 a 2010. Segundo as informações consolidadas pelo BCEAO (Banco

Central dos Estados da África Ocidental), o saldo total de crédito às pessoas físicas no

período representou aproximadamente 22% do total do volume de crédito e 14% desse

total foi classificado como inadimplência, ou perda total após 90 dias transcorridos do

prazo contratual de pagamento.

1.4. Metodologia

A metodologia desta dissertação envolveu a pesquisa quantitativa e a revisão

bibliográfica de obras acadêmicas com foco na avaliação de risco de crédito.

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A pesquisa testou a utilização de modelo de Credit Scoring em uma amostra de 200

clientes de quatro bancos comerciais em Guiné-Bissau, os quais foram utilizados para

desenvolver o modelo. O modelo proposto foi desenvolvido com a técnica estatística de

regressão logística (logit model) mediante os recursos de SPSS 19.0.

O método aplicável à análise de risco de crédito é o retrospectivo-dedutivo, pois

considerando que vários devedores com determinadas características tornaram-se

insolventes, deduz-se que, devedores com características similares, poderão também

tornar-se insolventes, (ORTOLANI, 2000).

Em seu discurso sobre o método, Descartes (1993, pp.40-41) especifica a base

epistemológica de seu método ancorado em quatro diretrizes: evidência dos fatos, divisão

da dificuldade em partes, ordenação dos pensamentos e enumerações e revisões.

1.5. As limitações da pesquisa

A pesquisa constata as seguintes limitações no seu desenvolvimento:

A falta de banco de dados consistente e confiável do sistema financeiro da

Guiné-Bissau;

As informações recebidas dos quatro bancos comerciais pesquisadas na

Guiné-Bissau para fins da comparação foram consideradas verdadeiras, por

não haver a possibilidade, neste estudo, de verificar as evidências das

respostas fornecidas;

Por não existir nenhuma pesquisa relacionada ao assunto na Guiné-Bissau,

foram analisadas somente as informações e os dados fornecidos pelo

BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental); e

Foram consultadas apenas as referências bibliográficas acadêmicas

brasileiras e americanas, que abordam o assunto análise de crédito e os

riscos de financiamentos às pessoas físicas. Isso se deve a não existência de

materiais relacionados e disponíveis nas bibliotecas das principais

universidades da Guiné-Bissau.

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1.6. Estrutura do trabalho

O presente trabalho destina-se a enfatizar a análise de crédito e dos riscos de

inadimplência em financiamentos de pessoas físicas na Guiné-Bissau: uma abordagem

analítica e proposição de modelo experimental de Credit Scoring, que permite identificar

os riscos aos quais, cada cliente está exposto e que possam levá-lo a situação de

inadimplência. Nessa perspectiva, o trabalho foi subdividido em quatro capítulos e as

considerações finais, com vista atingir o objetivo preconizado:

Capítulo 1 - refere-se à parte introdutória, objetivo, justificativa, problema,

estrutura e a metodologia do trabalho;

Capítulo 2 - contextualiza as abordagens teóricas referente à fundamentação

teórica, discute diferentes conceitos teóricos sobre análise e avaliação do risco de crédito.

Estes assuntos serão enfatizados com as abordagens dos estudos dos autores: (COLE e

MISHLER, 1998; CAOUETTE, ALTMAN, NARAYANAN e NIMNO, 2009; BLATT,

1998; BERNSTEIN, 1997; FURUGUEN, 1973; BLACK e MORGAN, 1998; BRIGHAM

e EHRHARDT, 2006; SAUNDERS, 2000; GITMAN, 1997; PARKINSON e OCHS, 1998;

WENNER, 2007; FISHER, 1936; DURAND, 1841, ROSS, WESTERFIELD e JORDAN, ,

1998; THOMAS, 2000; VICENTE, 2001; SANTOS 2010; SECURATO, 2010; SILVA,

2000; BRUNI, MURRAY e FAMÁ, 1998; SOUSA e CHAIA, 2000), entre outros. Ainda

no mesmo capítulo apresenta diferentes trabalhos acadêmicos (nacionais e internacionais),

que abordam os modelos relevantes de Credit Scoring às pessoas físicas;

Capítulo 3 - apresentam-se a regulamentação e o panorama do setor de crédito às

pessoas físicas em Guiné-Bissau, a sua evolução, volumes de créditos concedidos no

período estudado de 2005 a 2010, a inadimplência, considerando a inflação e o PIB;

Capítulo 4 – descrevem-se os modelos Serasa (2011), Magalhães e Mario (2010) e

Santos e Famá (2007) e, em seguida, aplica-se e avalia-se a contribuição do modelo Santos

e Famá conhecido como modelo JOS de Credit Scoring CPPF em uma amostra de clientes

pessoas físicas de Guiné-Bissau.

Finalmente, destaca as Considerações finais.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. CRÉDITO: Conceito, Relevância e Finalidade

O termo crédito – originou-se do latim Creditum.

Para Cole e Mishler (1998, p.14) e Silva (2000, p.63) a palavra crédito está

diretamente relacionada a confiança e a reputação do tomador.

O vocábulo crédito em finanças define um instrumento de política de negócios e

pode ser utilizado por uma empresa comercial na concessão de empréstimos,

financiamentos ou fianças, e é definido como a modalidade de financiamento vinculada

diretamente com a necessidade do cliente (SILVA, 2000, PP.63-64; SANTOS, 2010, p.1).

Segundo Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001, p.794), o crédito representa uma

importante fonte de financiamento às pessoas físicas, principalmente em situações de

descasamento dos prazos de recebimento da renda e pagamento das despesas.

Dentre as várias conceituações, uma linha de raciocínio tem predominado entre os

autores:

“Crédito refere-se à troca de um valor presente por uma promessa de reembolso

futuro. E análise de crédito passa a ser a fase em que o analista de crédito faz um

levantamento das informações sobre o cliente, com o objetivo de avaliar sua

credibilidade e estimar o montante máximo de crédito que julga ser compatível com

o seu porte. Num sentido restrito e específico, crédito consiste na entrega de um

valor presente, mediante uma promessa de pagamento (SANTOS, 2010).

A oferta de crédito por parte de empresas e instituições financeiras é um importante

impulsionador da atividade econômica, por disponibilizar recursos financeiros às pessoas

físicas, para que possam financiar suas necessidades permanentes e eventuais. Por

exemplo, numa loja de roupas, uma venda a crédito é caracterizada pela entrega da

mercadoria (roupas) ao cliente, mediante uma promessa de pagamento, em uma ou mais

parcelas, num prazo futuro, definido de comum acordo entre as partes e, em um banco que

tem a intermediação financeira como sua principal atividade.

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O crédito consiste em colocar à disposição do cliente (tomador de recursos) certo

valor sob a forma de empréstimo ou financiamento, mediante uma promessa de pagamento

numa data futura, em uma ou mais parcelas. Na verdade, o banco está vendendo uma

promessa de pagamento, pagando ao tomador (vendedor) um determinado valor para, no

futuro, receber um valor maior. A (Figura 1) apresenta a relação entre o banco e o

tomador:

Figura 1 – Diagrama de representação de crédito

EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS ↘

↗ BANCO

TOMADOR

PROMESSA DE PAGAMENTO

Fonte: Silva (2000)

Após discorrer sobre o significado, o conceito e a finalidade de crédito torna-se

fácil aquilatar sua importância/ ou relevância, principalmente se considerar que a

economia é um encadeamento abrangente dos mais variados setores, como: a indústria, a

agricultura, o comércio, o serviço e as pessoas nelas inseridas. O crédito possibilita a

alavancagem empresarial, gerando mais emprego e aumentando o Produto Interno Bruto -

PIB, e conseqüentemente, mais renda para absorver o aumento da produção.

Para Securato (2010, p.65), o mercado de crédito visa fundamentalmente suprir as

necessidades de caixa de curto e médio prazos dos vários agentes econômicos, seja por

meio da concessão de crédito às pessoas físicas seja por empréstimos e financiamento às

empresas. E para que aconteça uma operação de crédito são necessários basicamente três

elementos: o agente superavitário (o detentor de recursos); o intermediário financeiro (os

bancos) e o agente deficitário (o que necessita de recursos), este último necessita de

recursos para antecipar um desejo de consumo, ou para liquidar uma dívida.

Pode-se dizer que uma operação de crédito envolve a figura do tomador, que

precisa de recursos para financiar suas necessidades de consumo, e do credor, que busca

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uma remuneração que, no mínimo, seja compatível com o seu custo de oportunidade. Daí,

destaca-se a figura do banco como o intermediário de operações de crédito, como canal de

comunicação entre os agentes, sendo responsável pela gestão de risco e administração de

retorno ou spread. De acordo com Freitas (2003, p.165), o spread representa a receita da

instituição financeira, sendo a diferença entre a taxa cobrada ao tomador de recursos

(crédito) e a taxa paga ao investidor na captação de recursos.

2.2.Risco de crédito

O risco de crédito é um dos itens mais antigos da história do mercado financeiro

tanto quanto os empréstimos em si, porém, remonta a pelo menos 1800 a. C., sendo assim,

Caouette et al. (2009, p.5) definem o crédito como:

“a expectativa de entrada de uma determinada quantia no caixa dos credores, em

data futura,” então o risco de crédito é chance de que essa expectativa não se

cumpra. O risco de crédito é conseqüência de uma transação financeira contratada

e/ou contingencial entre um fornecedor de fundos e um usuário desses fundos.

Para Securato (2010, p.182):

“O risco de crédito pode ser definido como a incerteza de resultados futuros ou

também como a possibilidade de perda. No caso de uma decisão de crédito, esse

risco está relacionado, dentre outros, a: não recebimentos; recebimentos em atraso;

elevação da taxa de captação”.

Weston e Brigham (2000) afirmam que, o crédito pode ser definido como a própria

variância do retorno. Quanto maior esse desvio, maior será o retorno exigido para

compensar esse alto risco e existem dois fatores ou eventos que afetam o desvio de retorno:

riscos sistêmicos ou conjunturais e riscos não-sistêmicos ou próprios ou diversificáveis.

Riscos sistêmicos advêm de fatores exógenos não controláveis que afetam a

maioria das empresas (condições macro-econômicas): guerra, inflação, recessões e taxas de

juros altas (BRIGHAM, et al. 2008).

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Riscos não-sistêmicos ou próprios ou diversificáveis são causados por eventos

randômicos tais como processos judiciários, greves, programas de marketing bem ou mal-

sucedidos, ganho ou perda de um grande contrato ou outros eventos que são únicos para

uma empresa em particular. Como esses eventos são randômicos, seus efeitos sobre uma

carteira serão contrabalançados pelos bons eventos de outras (BRIGHAM et al. 2008).

Ross et al. (2008), atesta que a distinção entre um risco sistemático e um risco não

sistemático jamais é tão exato quanto parece. Mesmo a notícia mais peculiar a respeito de

uma empresa exerce efeitos em toda a economia.

Porém, a avaliação de análise uma operação de crédito é a segmentação de fatores

de riscos envolvidos. O benefício dessa análise é ilustrar em que medida cada fator de

risco é influenciado por fatores externos ou se trata de um risco interno.

A mesma abordagem compartilhada por Silva (2000, p.77) que, classificou os

riscos de crédito de um banco em quatro grandes grupos: risco do cliente; risco de

operação; risco de concentração e risco de administração do crédito. E recomenda-se que

sejam avaliados sempre que possível os seguintes riscos: risco do cliente, risco da operação

e risco de crédito.

O risco do cliente ou risco intrínseco, entendido como os fatores que determinam

a possibilidade do cliente não pagar o empréstimo. Por exemplo, avaliando-se a renda

mensal ou mesmo os seus indicadores coincidentes como os gastos mensais com a energia

elétrica e água. E é o risco inerente ao tomador e, decorre de suas características. Portanto,

o não-cumprimento da promessa de pagamento pelo devedor pode decorrer de um conjunto

de fatores associados ao próprio devedor. A seguir, a Figura 2 apresenta o digrama de

representação do crédito associado ao risco:

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Figura 2 – Diagrama de representação do crédito associado ao risco

CRÉDITO

Empréstimos e Financiamentos

↑ ↓

RISCO

aráter Capacidade Condições Capital

Classificação – Rating

Colateral - Garantias Colaterais

Fonte: Silva (2003)

O risco da operação deve refletir quais são os riscos aos que o credor está exposto

diante de uma determinada linha financiamento. Por exemplo, um financiamento de

automóvel tem riscos diferentes de uma operação de crédito direto ao consumidor (CDC)

pela garantia envolvida, a mecânica de concessão e as formas de acompanhamento do

pagamento de amortizações.

Com essa segmentação podem-se evitar avaliações equivocadas como atribuir um

risco elevado a uma proposta de crédito, sendo que a natureza da operação (por exemplo,

CDC) é mesmo mais arriscada. Ou ainda, aprovar uma proposta de um cliente com elevado

risco, mas que se confunde com risco interno de uma operação.

TOMADOR BANCO

Promessa de Pagamento

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Conceitualmente é possível determinar o risco de crédito, conhecendo a

composição desse risco e a natureza da operação em questão. E essa forma de classificação

é de grande auxílio ao administrador de risco de crédito, pois o auxilia na redução das

perdas decorrentes da assunção de riscos indevidos, bem como propicia-lhe a busca da

maximização do valor do banco, a partir da tomada de decisão orientada pela avaliação da

relação risco e retorno.

Para minimizar esse risco, destaca-se, cada vez mais, a importância da gestão do

risco de crédito, baseada em procedimentos subjetivos (análise caso a caso) e objetivos

(análise estatística), como instrumento para a adequada seleção, análise, precificação e,

principalmente, monitoramento do risco de inadimplência, quando da ocorrência de fatores

sistêmicos adversos (SANTOS, 2010).

2.3. Produtos de crédito

Os produtos de crédito são direcionados ao atendimento de necessidades

temporárias ou eventuais dos clientes pessoas físicas, tais como: moradia, alimentação,

saúde, educação etc., assim como na aquisição de bens (móveis e imóveis) (OHLSON,

1980, p.109; SANTOS, 2010, p.10; TOSI, 2003, p.344).

Eis os produtos de crédito mais utilizados no segmento das pessoas físicas, no

mercado brasileiro:

Os limites de créditos rotativos (Cheque Especial e Cartão de Crédito);

Crédito Direto ao Consumidor (CDC);

Crédito Pessoal;

Contrato de Crédito; e

Crédito Imobiliário.

Cheque Especial: sendo produto rotativo, em geral é utilizado para ajustar

desequilíbrios orçamentários de curtíssimo prazo, ou seja, as necessidades eventuais ou

temporárias dos clientes.

A aprovação dessa modalidade de crédito somente se efetiva após a prévia

avaliação de risco do cliente, baseada na qualidade de suas informações financeiras,

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patrimoniais e de idoneidade no mercado de crédito. Como parâmetro, os bancos aprovam

limites de cheque especial em valores compatíveis com a renda líquida mensal comprovada

dos clientes. As taxas do cheque especial são fixadas e definidas mensalmente, variando de

acordo com o risco do cliente;

Cartão de Crédito: é utilizado como alternativa para antecipar o consumo via

parcelamento ou para adequação de fluxo de caixa da pessoa física, sendo produto de

crédito rotativo. De posse de um cartão de crédito com limite de crédito pré-aprovado, o

cliente poderá efetuar gastos em estabelecimentos comerciais credenciados, com o

benefício de pagamento futuro, quando do recebimento da fatura mensal. O débito é

sempre feito em data de vencimento previamente escolhida pelo cliente. Além do benefício

de financiar compras, o uso do cartão de crédito possibilita a realização de saques em

caixas eletrônicas e em redes bancárias associadas às empresas financiadoras de cartões, no

Brasil, por exemplo: Visa e Mastercard. As taxas são prefixadas e definidas mensalmente,

variando conforme a situação atual e perspectivas de risco apresentadas pelo cliente;

Crédito Direto ao Consumidor (CDC): tem a função mais ampla, como constata

(SILVA, 1995):

“O crédito ao consumidor é caracterizado pelo fato do bem econômico, recebido por

antecipação, integra-se na escala de preferências e de consumo de quem adquire o

produto e dar lugar a uma parcela adicional na escala de gastos do mesmo após o

transcurso de certo intervalo de tempo, no caso de crédito tradicional, ou durante um

determinado período, na hipótese do crédito parcelado”.

O crédito direto ao consumidor é destinado a financiar a prestação de serviços e

aquisição de bens duráveis com amortizações mensais fixas, já com encargos envolvidos.

Os bens duráveis financiados podem ser novos ou usados. Os exemplos mais importantes

desses financiamentos são os destinados à aquisição de veículos e bens eletrodomésticos.

Usualmente, o próprio bem, objeto de financiamento (exemplo: carro, máquina e

equipamento), representa a garantia para o banco em caso de inadimplência de cliente.

Ao considerar que CDC é para aquisição de automóvel, o mercado oferece as

menores taxas de juros em comparação aos demais produtos /ou categoria de crédito. E

quando analisa o CDC para aquisição de outros bens, as taxas de juros se equiparam as

praticadas nos empréstimos pessoais;

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Crédito Pessoal: é uma das mais relevantes nos empréstimos de consumo. Destina-

se ao financiamento de necessidades pontuais dos clientes como financiamento de viagens,

reforma de imóvel e aquisição de bens etc. Esta alternativa de produto de crédito é mais

utilizada para o equilíbrio do orçamento do cliente e, trata-se de operações tradicionais de

crédito as pessoas físicas. As instituições financeiras criaram alguns diferenciais para esse

produto (crédito pessoal) com o objetivo de torná-lo mais competitivo, perante os demais

tradicionais crediários oferecidos pelo comércio: crédito pré-aprovado, convênio

empregador e crédito para pensionistas do INSS:

Crédito pré-aprovado: o cliente recebe um limite de crédito pré-aprovado,

que pode utilizá-lo de acordo com suas necessidades e condições

contratuais;

Convênio empregador: a instituição financeira concede uma linha de crédito

para as empresas públicas ou privadas com o objetivo de financiar os

empregados os empregados por ela (empresa empregadora) indicados;

Crédito para pensionistas do INSS: nesse tipo de empréstimo, a dívida é

amortizada por meio de parcelas mensais e iguais que coincidem com a data

do pagamento do benefício ao pensionista.

Contrato de Crédito: trata-se de modalidade de crédito condicionada amortização

parcelada do principal mais os juros. Esse modelo de produto é considerado pontual, uma

vez que possibilita ao banco o conhecimento prévio do direcionamento que o cliente dará

para os recursos financeiros. Por isso, pode ser direcionado para o financiamento de

projetos pessoais, como os decorrentes de gastos com moradia, saúde, educação e

aquisição de bens etc. Os contratos de crédito podem ser de natureza coberta, quando a

aprovação está condicionada à vinculação de bens patrimoniais dos clientes; ou descoberta,

quando somente são amparados pela vinculação de avais de terceiros;

Crédito Imobiliário: é uma modalidade de produto de crédito destinado à

aquisição ou construção de imóveis residenciais, amortizáveis em prestações mensais, em

período usualmente superiores a cinco anos. Para essa modalidade, há necessidade de

avalistas coobrigados e com potencialidades econômicas para assumir a dívida do cliente –

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em caso incapacidade de pagamento. Imóvel objeto de financiamento, além do aval,

constituir-se na garantia acessória para minimizar o risco.

2.4. Análise de crédito as pessoas físicas

A análise de crédito é um processo organizado para analisar dados, de maneira a

possibilitar o levantamento de certas questões acerca do tomador do crédito (BLATT,

1998, p. 93).

Para Wenner (et al. 2007) e Sousa e Chaia, (2000, p.42), a análise de crédito

consiste em atribuir valores a um conjunto de fatores que permitam a emissão de um

parecer sobre determinada operação de crédito, ou seja, é o momento no qual o agente

cedente irá avaliar o potencial de retorno do tomador do crédito, bem como os riscos

inerentes à concessão de crédito. Para a sua efetivação, deve-se investigar a integridade,

moral, capacidade de gerir recursos financeiros, capacidade para liquidar pagamentos e

quantidade e qualidade dos colaterais.

Gitman, (1997, p.696) e Ross, Westerfield e Jordan (1998, p.372) afirmam que na

análise de crédito, freqüentemente, os analistas de crédito utilizam informações

relacionadas às variáveis: caráter, capacidade, capital, colateral e condições como

importantes condutores de valor para a decisão de concessão de crédito. Os cinco variáveis

representam os C´s do crédito, como habitualmente são conhecidos. A mesma idéia foi

compartilhada por (BRIGHAM e EHRHARDT, 2006).

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Quadro 1 – Os 5 C’s de crédito

Caráter

Idoneidade no mercado de crédito e histórico do cliente na

amortização de empréstimos.

Capacidade

Habilidade do cliente na conversão de seus ativos em renda

ou receita.

Capital

Situação econômica, financeira e capacidade de

pagamento.

Colateral

Vinculação de bens patrimoniais ao contrato de

empréstimo.

Condições

Impacto dos fatores externos sobre a fonte primária de

pagamento ou na geração de renda.

Fonte: Santos (2010)

Cada um dos C’s tem sua importância para a melhor identificação do risco de

crédito do cliente e, por isso, são ponderados diferentemente nos modelos desenvolvidos

para previsão de inadimplência, que são utilizados no processo objetivo de análise de

crédito em relação ao processo subjetivo.

Segundo Securato (2010, p.33) análise de crédito da pessoa física ampara-se na

obtenção de informações do solicitante de crédito e na confirmação das informações

através de documentos e consultas a agências especializadas. Por exemplo, no Brasil, cada

credor utiliza um modelo próprio de ficha cadastral para a obtenção das informações

básicas do cliente, além de recorrer às empresas especializadas na gestão de informações

creditícias, tais como: SERASA, EQUIFAX (Boavista) e SPC - Serviço de Proteção ao

Crédito, e/ou SCI- Information Manegement etc.

Para validar a ficha cadastral será necessária as seguintes informações:

Nome, CPF, RG do solicitante de crédito e do cônjuge, quando casado. Esses dados

são utilizados para verificação de eventual existência de homônimo e para apuração

de restrições cadastrais, como atrasos por falta de pagamento, apontamentos,

protestos, cheques devolvidos, ações judiciais etc;

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Endereço atual e, eventualmente, o anterior, quando o solicitante residir há pouco

tempo no endereço indicado. Na ficha cadastral, esse campo também reserva

espaço para informações complementares, por exemplo, relativas à moradia;

Nome da empresa em que o solicitante trabalha, além de especificações do

endereço do empregador, tempo de serviço, cargo, função, salário. Informações

sobre emprego anterior poderão ser solicitadas, principalmente se o cadastro

apresentar tempo de serviço no emprego atual;

Discriminação de rendimentos com respectivas origens, bem como das despesas

mensais de caráter fixo, tais como aluguel da moradia e/ou de escritório, no caso de

autônomos e outras;

Relação de bens com o valor de aquisição/mercado e ainda os ônus existentes sobre

eles mesmos. Informações sobre prestações mensais, em bens onerados, poderão

ser cruzadas com aquelas constantes no campo reservado para apuração da renda

líquida, para que se possa verificar a consistência das informações que estão sendo

fornecidas;

Fontes de referências comerciais e bancárias, que podem ser utilizadas para

investigação pela própria instituição credora.

Resumindo, o dossiê básico de crédito para pessoa física será composto pelas

seguintes informações:

a. Ficha cadastral;

b. Comprovantes de renda (contracheques, declaração de Imposto de Renda

ou outros documentos) e residência (conta de luz, água ou telefone);

c. Comprovantes relativos aos bens declarados na posição patrimonial, bem

como, dependendo do valor do crédito concedido, certidões negativas de

ônus e alienações; e

d. Cópia autenticada de documentos pessoais (CPF, RG) no caso do Brasil.

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Santos (2010, p. 32) apresenta as fases da análise de crédito, conforme destacado no

Quadro 2:

Quadro 2 - Fases de análise de crédito para pessoas físicas

Análise Cadastral: análise de dados de identificação dos clientes;

Análise de Idoneidade: análise de informações relacionadas a idoneidade do cliente

com o credor e mercado de crédito;

Análise Financeira: a identificação da renda total do cliente e posterior análise de

compatibilidade;

Análise de Relacionamento: informações extraídas do histórico de relacionamento do

cliente com o credor e mercado de crédito;

Análise Patrimonial: informações sobre o patrimônio do cliente;

Análise de Sensibilidade: monitoramento da situação macroeconômica na previsão de

fatores adversos;

Análise de Negócio: informações cadastrais, de idoneidade e financeira da fonte

geradora

de renda do cliente negócio ; e

Parâmetro para Estabelecer o Limite de Crédito e o Valor do Financiamento:

atribuição do limite ou o valor de financiamento considerando a renda líquida média.

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de (SANTOS, 2010)

O processo de análise e concessão de crédito recorre ao uso de duas técnicas:

a técnica de análise subjetiva e

a técnica objetiva ou estatística.

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A primeira diz respeito à técnica baseada no julgamento humano ou caso a caso, e a

segunda é baseada em processos estatísticos (SANTOS, 2010).

2.4.1. Processo subjetivo de análise de crédito

A análise de crédito subjetiva envolve habilidade de tomada de decisão de crédito,

dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas". Ou

seja, grande parte da análise de crédito é realizada através do julgamento do agente de

crédito, baseada principalmente na habilidade e experiência do mesmo (SCHRICKEL,

2000, p.27),

Para Santos (2010, p.46), a análise subjetiva, ou caso a caso, é baseada no

julgamento humano e na experiência adquirida do analista de crédito, no conhecimento

técnico, no bom-senso, na sensibilidade e na disponibilidade de informações (internas e

externas), que lhes possibilitem diagnosticar se o cliente possui idoneidade e capacidade de

gerar receita para honrar o pagamento das parcelas do financiamento.

A análise subjetiva do tomador do crédito é importante, visto que, através da

experiência do agente de crédito, é possível identificar fatores de caráter, capacidade,

capital e condições de pagamento. Porém, essa análise não pode ser realizada de maneira

aleatória, é preciso ter forte embassamento em conceitos técnicos que irão guiar a tomada

de decisão.

A subjetividade é tratada, nesta dissertação, como a capacidade ou visão de cada

analista de crédito, para identificar fatores de risco, que comprometam a capacidade de

pagamento dos clientes.

2.4.2. Processo objetivo de análise de crédito

A análise objetiva busca centrar-se nas metodologias estatísticas, com a finalidade

de apurar resultados matemáticos, que atestem a capacidade de pagamento dos tomadores

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(SANTOS, 2010). Essa análise está amparada em pontuações estatísticas de riscos, A

pontuação de crédito é um instrumento estatístico desenvolvido para que o analista avalie a

probabilidade de que determinado cliente venha a tornar-se inadimplente no futuro. Dentre

os modelos usados na análise objetiva de gestão de risco de crédito às pessoas físicas

destacam-se os seguintes: Modelo ou sistema Credit Scoring, Modelo ou Sistema

Behavoir, Modelo ou Sistema Misto e o Modelo ou Sistema de Classificação de Risco de

Crédito - Rating.

2.4.2.1. Modelo ou sistema Credit Scoring

Fisher (1936) e Durand (1841) apud Blatt (1998, p.99) foram os precursores da

metodologia do Credit Scoring, para a identificação de bons e maus tomadores de

financiamento ou de crédito. Antes deles, o método já fora aplicado em companhias

seguradoras, em 1930.

“O termo/ ou método Credit Scoring é um modelo de avaliação do crédito aplicável

as pessoas físicas baseado em fórmula estatística desenvolvida com base em dados

cadastrais, financeiros e patrimoniais e de idoneidade dos clientes. Os dados clientes

referem-se aos cinco C’s do crédito. E é baseado na classificação de candidatos a

crédito em grupos de acordo com seus prováveis comportamentos de pagamentos”

(BLATT, 1998).

Segundo Vicente (2001, p.49)

“Credit Scoring é o processo de atribuição de pontos às variáveis de decisão

mediante técnicas estatísticas. Trata-se de processo que define a probabilidade de

que um cliente com certas características, pertença ou não a um grupo possuidor de

outras determinadas características consideradas desejáveis, hipótese em que se

aprova um limite de crédito, esta técnica, portanto, estabelece uma regra de

discriminação de um determinado cliente solicitante de crédito.”

Os modelos de atribuições de pontos às variáveis de decisão de crédito são

encontrados normalmente em todos os tipos de análise de avaliação de risco de crédito,

desde créditos mais simples com menores valores até aos créditos arriscados com valores

mais altos. O propósito é praticamente a mesma: a pré-identificação de certos fatores-

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chave, que determinam a probabilidade de inadimplência e sua combinação ou ponderação

para produzir uma pontuação quantitativa.

Os modelos normalmente utilizados de Credit Scoring atribuem pesos

estatisticamente predeterminados a alguns dos atributos dos solicitantes, para gerar um

escore de crédito. Se esse escore é favorável, quando comparado a um valor de corte, então

a solicitação é aprovada e, caso ao contrário o pedido será negado (SAUNDERS, 2000,

p.13; CAOUETTE, ALTMAN e NARAYANAN, 2000, p.182).

A Figura 3, a seguir mostra o processo de concessão de crédito através do uso de

modelos de Credit Scoring.

Figura 3 – Processo de concessão de crédito através do uso de modelos de Credit

Scoring

Fonte: Sousa e Chaia (2000, p.21)

Os modelos de Credit Scoring representam um processo científico, porém, não

inibem as possibilidades de se recusar um “bom pagador” ou de aceitar um “mau pagador”.

Isto ocorre porque nenhum sistema de gestão de crédito consegue o total de informações

relevantes na classificação do devedor, e, mesmo que conseguisse o seu custo tornaria a

análise economicamente inviável (SOUSA e CHAIA, 2000, p.21).

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A seção, a seguir apresenta as vantagens e desvantagens da utilização dos modelos

de Credit Scoring.

2.4.2.1.1. As vantagens e desvantagens da utilização dos modelos de Credit Scoring

As principais vantagens são: consistência; facilidade; eficácia no tratamento de

dados fornecidos por terceiros; melhor organização da informação de crédito; redução da

metodologia subjetiva; maior eficiência do processo (PARKINSON e OCHS, 1998, pp.26-

27; SOUSA e CHAIA, 2000, p.23)

a) Consistência

O modelo bem elaborado, que utiliza a experiência da instituição e serve para

administrar objetivamente o crédito dos clientes já existentes e de novos solicitantes;

b) Facilidade

O modelo Credit Scoring tende a ser simples e de fácil interpretação, com aplicação

relativamente fácil. A metodologia utilizada para construção de tal modelo deve ser

comum e bem entendida, assim a como a abordagem de sua avaliação;

c) Eficiência no tratamento de dados fornecidos por terceiros:

O processo de Credit Scoring torna as informações de banco de dados fornecidas

por terceiros, anteriormente classificadas como dados acessórios, parte integrante do

sistema;

d) Melhor organização da informação de crédito:

A sistematização e organização das informações contribuem para a melhoria do

processo de concessão de crédito;

e) Redução da metodologia subjetiva:

O uso de método quantitativo com, as regras claras e bem definidas contribui para a

diminuição do subjetivismo na avaliação do risco de crédito;

f) Maior eficiência do processo:

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O uso de modelo Credit Scoring na concessão de crédito direciona os esforços dos

analistas na redução do tempo e na maior eficiência ao processo. Portanto a análise de

crédito é centrada em um número menor de fatores, reduzindo o tempo do processo e

melhorando a eficiência.

Para Caouette, Altaman e Narayanan (2000), os modelos de Credit Scoring

oferecem muitas vantagens. São objetivos e consistentes, que são características desejáveis

para qualquer instituição, e especialmente para aquelas que não possuem uma forte cultura

de crédito. Se desenvolvidos apropriadamente, eles tendem a ser relativamente

inexpressivos, bastante simples e de fácil interpretação. A instalação de tais modelos é

relativamente fácil. As metodologias usadas para construir esses modelos são comuns e

bem entendidas, assim como as abordagens usadas para avaliá-los. Os regulamentadores

aprovam modelos bem projetados e baseados em estatísticas. Uma instituição é capaz de

proporcionar melhor serviço ao consumidor pela sua habilidade de aprovar ou negar um

pedido de empréstimo rapidamente. Esse é um fator importante no mundo de mudanças

rápidas como o atual.

Por outro lado, as principais desvantagens do uso de sistema de Credit Scoring

são: custo de desenvolvimento; excesso de confiança no modelo; falta de dados oportunos

ou problemas de “valores não preenchidos”; e a interpretação equivocada de Score.

a) Custo de desenvolvimento

Desenvolver um sistema Credit Scoring pode acarretar custos, não somente ao

sistema em si, mas também com o suporte necessário para sua construção, por exemplo,

profissionais capacitados, equipamentos, coleta de informações necessárias ao

desenvolvimento do modelo, dentre outros;

b) Excesso de confiança no modelo

Algumas estatísticas podem superestimar a eficácia do modelo, fazendo com que

usuários, principalmente aqueles menos experientes, considerem tais modelos perfeitos,

não criticando seus resultados;

c) Falta de dados oportunos ou problemas de “valores não preenchidos”

Se o modelo necessita de dados que não foram informados, pode haver problemas

na sua utilização na instituição, gerando resultados diferentes dos esperados. Além da falta

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de algumas informações necessárias, faz-se oportuno analisar também a qualidade e

fidedignidade das informações disponíveis, uma vez que eles representam o insumo

principal do modelo de Credit Scoring; e

d) A interpretação equivocada do Score

O uso inadequado do sistema devido à falta de treinamento e conhecimento de

como utilizar suas informações pode ocasionar problemas sérios à instituição.

Outras limitações/ ou desvantagens dos modelos de Credit Scoring são os aspectos

temporal e geográfico da amostra (SILVA, 2000, p.308; CAOUETTE, ALTMAN e

NARAYANAN, 2000).

Para Caouette, Altman e Narayanan (2000), o tempo (a época) é uma das principais

limitações apresentadas pelos modelos desenvolvidos a partir do uso de análise

discriminante. Com o decorrer do tempo, tanto as variáveis quanto os seus pesos relativos

sofrem alterações. As variáveis que, segundo a análise discriminante, são as que melhor

classificam sob determinada conjuntura econômica, podem não ser em outra situação. Um

modelo de Credit Scoring pode degradar-se pelo tempo se a população que ele é aplicado

diverge da população original que foi usada para construir o modelo

Quanto ao aspecto geográfico, Silva (2000, p.308) anota que, os aspetos da região

geográfica limitam o uso de um modelo único, sendo que o desenvolvimento de diversos

modelos poderá exigir que disponha de amostras muito grandes.

Porém, o crédito deve ser entendido como parte dos negócios dos bancos e desse

modo, devem ser coerentes com as suas estratégias de negócios. Os modelos dão uma

medida objetiva de avaliação, não ponderando os fatores estratégicos. É preciso, portanto,

agregar esses fatores importantes.

Verifica-se, portanto, que o modelo de Credit Scoring pode trazer significativos

benefícios à instituição, quando adequadamente desenvolvidos e utilizados. No entanto,

existem limitações, que precisam ser bem avaliadas antes do seu desenvolvimento e

conseqüentemente na sua implantação. Porém, seção a seguir apresenta as etapas do

desenvolvimento de Credit Scoring.

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2.4.2.1.2. Etapas para o desenvolvimento dos modelos de Credit Scoring

Blatt (1998) ressalta que, a metodologia básica para o desenvolvimento de um

modelo de Credit Scoring deve seguir algumas etapas consideradas importantes na

elaboração do modelo. Sendo assim, as seguintes etapas devem ser cumpridas:

Planejamento e definições;

Planejamento amostral e coleta de dados;

Identificação de variáveis potenciais;

Determinação da fórmula de escoragem;

Determinação do ponto de corte ou faixas de Score;

Determinação das regras de decisão; Validação do sistema;

Utilização prática; e

Acompanhamento.

a) Planejamento e definições

O objetivo do modelo é definido nesta etapa, ou seja, se o interesse é, em prever

com base em dados cadastrais a probabilidade de inadimplência, ou se deseja inferir a

partir de dados de desempenho (operações de crédito anteriores) se um aumento de limite

de crédito eleva a probabilidade de inadimplência.

Definem-se as variáveis dependentes e qual etapa do ciclo de crédito o modelo irá

atuar iniciação/aquisição, monitoração ou cobrança. Essa etapa inicial é fundamental

também para delimitar a utilização do Score em outras atividades, ou melhor, uma

definição inexata do objetivo do modelo seria prejudicial a sua utilização em etapas pela

qual não se aplica. Por exemplo, um modelo de aquisição – que avalia o risco do cliente no

momento da concessão do crédito – de uma operação de Crédito Direto ao Consumidor

não deve ser utilizado para avaliação da probabilidade de inadimplência no produto cartão

de crédito;

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b) Planejamento amostral e coleta de dados

É a etapa de coleta e de organização das informações, que serão utilizadas no

desenvolvimento e utilização posterior do modelo. Esta etapa não antecede a de

identificação de variáveis potenciais, comentadas a seguir. Geralmente, são realizadas

conjuntamente, mas para fins didáticos, ela é apresentada antes.

Nesse sentido, as dificuldades na disponibilidade e na qualidade das informações

são enfrentadas, nesta etapa. Dados errados ou configurados de forma incorreta

inviabilizam todas as etapas posteriores e podem conduzir a grandes prejuízos financeiros

para a instituição. Também é uma etapa em que é definida a amostra que será utilizada. Ou

seja, se o objetivo do modelo é prever risco de inadimplência para o produto do

financiamento de automóveis, é desejável utilizar-se de um histórico de operações nessa

mesma operação e não, por exemplo, do produto cheque especial.

Por outro lado, define-se o prazo histórico que será avaliado. Ou melhor, será

selecionada uma amostra dos últimos doze/ ou seis meses etc. Essa conceituação está

condicionada ao tipo de produto de crédito, às características de risco, e ao prazo de

amortização da operação;

c) Identificação de variáveis potenciais

Nesta etapa são definidas as variáveis independentes que devem ser trabalhados.

Desta forma, são inicialmente selecionadas diversas variáveis que de forma julgamental

parecem ser explicativas, as variáveis que se deseja prever. Por exemplo, em um modelo

de determinação de novos limites do cartão de crédito, o gasto médio parece ser um

atributo importante. No entanto, a forma que se deve parametrizar essa variável é a

contribuição da utilização das técnicas estatísticas. Doravante, pode ser testado o gasto

médio dos últimos 4, 6, 10 e 12 meses, ou mesmo o gasto em médias móveis, ou como

percentual do limite etc. É uma etapa fundamental no desenvolvimento do modelo e

determina a qualidade de seus resultados.

Porém, são testadas diversas variáveis e suas parametrizações diferentes. A escolha,

evidentemente, é feita naquelas que apresentam maior poder explicativo e significância

estatística.

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Nesta etapa um ponto muito importante a ressaltar, são as variáveis a serem

utilizadas que não apenas obedecem a critérios estatísticos, mas também operacionais e de

negócios. Por exemplo, uma variável com periodicidade de atualização baixa tende a

perder capacidade de explicação mais rapidamente, exigindo que o modelo seja refeito em

um curto prazo. Ademais, dificuldades no cálculo da variável ou mesmo na velocidade de

processamento – quando se exige uma decisão de crédito rápida – são consideradas na

seleção para o desenvolvimento do modelo;

d) Determinação da fórmula de escoragem

Nesta etapa são realizadas as simulações em conjunto das melhores variáveis, com

vista a determinação da fórmula do modelo que garantem suas propriedades estatísticas

individuais, como análise discriminante e regressão logística. E são definidos também os

pesos de cada variável, por exemplo, em um modelo de decisão de crédito com base em

dados cadastrais e a renda do proponente pode ter 8% peso, enquanto que a variável

endereço residencial pode apresentar 4% de peso. Portanto, a definição das ponderações

demonstra qual é a importância relativa de cada variável utilizada;

e) Determinação do ponto de corte ou faixas de Score

A partir de momento que foi definida a fórmula do modelo, exige-se que seja

definido também um ponto do corte, como mostra, a Figura 4 a seguir. Ou seja, os casos

com uma pontuação acima de “X” ou de 30, são considerados clientes prospectivos/ ou

bons, e os abaixo de “X” ou de 30, são considerados clientes não-prospectivos/ ou maus.

Por exemplo, em um modelo de concessão, as propostas com Score acima desse limite são

aprovadas enquanto que as propostas abaixo desse limite são recusadas.

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Figura 4 – Ponto de corte e intervalo de dúvida – Credit Scoring

Mau

Cliente

Mau

Cliente?? ??

Bom

Cliente

Bom

Cliente

Intervalo de Dúvida0 10 20 40 50 6060

Ponto de

Corte

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Santos e Famá (2007)

A determinação desse ponto de corte foi arbitrada e que está condicionada à

distribuição de probabilidade da variável dependente. Em uma determinada faixa de

pontuação, por exemplo, a probabilidade de inadimplência é de 30%, portanto, todos os

casos desta faixa são recusados. Vale dizer que a determinação do ponto de corte deve ser

utilizada como uma variável indicativa do resultado esperado do portfólio de crédito da

instituição. Assim, conforme a probabilidade de inadimplência atribuída a cada faixa de

Score, o banco estima ex-ante que sua carteira de crédito terá um determinado índice de

inadimplência.

O perfil de cada banco na atividade de crédito pode ser verificado a partir do

conservadorismo ou tolerância ao risco demonstrado pelo ponto de corte utilizado. Uma

mudança no cenário econômico ou mesmo da estratégia da instituição pode resultar na

alteração do ponto de corte do modelo;

f) Determinação das regras de decisão

Trata-se de uma etapa de procedimentos na operação de crédito. Ou seja, são

definidas regras para exceção ao resultado do modelo (tanto para o erro de tipo I quanto o

do tipo II). Também são definidas, por exemplo, o limite da linha de cheque especial, isto

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é, para cada faixa de Score (que significa níveis de risco diferentes) são atribuídos limites

de crédito diferentes;

g) Validação do sistema

Após o desenvolvimento do modelo, seus resultados são avaliados, realizando um

teste em dados reais na amostra de validação. Os resultados devem ser semelhantes aos

apresentados no desenvolvimento da fórmula do modelo e todos os testes estatísticos são

realizados para garantir propriedade das variáveis utilizadas;

h) Utilização prática

Nesta etapa, o modelo é implementado no sistema de avaliação da instituição de

crédito, e as regras de decisão são comunicadas a todos os envolventes;

i) Acompanhamento

Após a implantação, a qualidade dos resultados do modelo deve ser constantemente

monitorada para detectar o momento em que a fórmula deve ser novamente estimada. Os

motivos da deterioração da capacidade de previsão de um modelo são diversos,

principalmente, quando se trata de mudanças nas variáveis utilizadas, mudanças de

estratégia da instituição, alteração no perfil dos clientes, e mudanças de cenário econômico

não contemplados no modelo.

Em linhas gerais, essas são as etapas pelo qual um modelo de escoragem é

desenvolvido. Cada instituição adquire sua própria metodologia e tem sua cultura de

desenvolvimento, mas as diferenças são marginais. Por isso, procurou-se demonstrar, de

forma detalhada, os principais aspectos que uma instituição bancária deve considerar, para

possuir um processo adequado de gestão de um portfólio de crédito.

As principais dificuldades, sob esta ótica, são a disponibilidade e o tratamento das

informações e os elevados custos administrativos envolvidos nesse tipo de empréstimo. A

ausência de mecanismos jurídicos de execução de devedores, e praticamente ausência de

colateral, como nas linhas destinadas às empresas, torna maior ainda o desafio de gerenciar

a carteira de crédito à pessoa física.

As oscilações macroeconômicas tornam essa atividade muito sensível às condições

do momento, e as decisões bancárias devem refletir e circunscreverem-se nos processos

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descritos anteriormente. As demais oscilações sociais como, por exemplo, a distribuição de

renda torna mais desafiadora a atividade de crédito ao consumo.

2.4.2.1.3. Métodos estatísticos aplicados em modelos de Credit Scoring

Os modelos mais utilizados na elaboração de sistemas de Credit Scoring são: a

análise discriminante, a regressão logística e os modelos baseados em redes neurais.

A técnica de análise discriminante foi à primeira técnica estatística utilizada na

criação de modelos de escoragem de crédito.

David Duran (1941) foi o primeiro a usar análise discriminante para medir o risco

de crédito (COLE e MISHLER, 1998). E a partir da década de 80 foi introduzida a técnica

de regressão logística, e mais recentemente foram implantados métodos de análise de

crédito baseados em redes neurais (THOMAS, 2000).

O presente trabalho utilizou o modelo de análise de regressão logística ou Logit que

começou a ser usado na década de 80. Desde Ohlson (1980) Logit é usada freqüentemente

para a avaliação de riscos de inadimplência, baseada em características financeiras (por

exemplo, índices das empresas credoras).

Para Lattin, Carroll e Green (2011, p.31) análise de regressão logística é

provavelmente a forma mais usada de análise de dependência. Ela é usada para explorar a

relação entre um conjunto de variáveis independentes (X) e uma única variável dependente

(Y) e é uma combinação linear de variáveis independentes que corresponde de forma tão

próxima quanto possível à variável dependente. Em geral, usa-se a análise de regressão

para responder as seguintes questões:

a) Descrição. Como podemos descrever a relação entre a variável dependentes?

Quão forte é a relação capturada pelo modelo?

b) Inferência. A relação descrita pelo modelo é estatisticamente significativa (isto

é, esse nível de associação entre os valores apropriados e os valores reais será

provavelmente o resultado apenas da sorte)? Quais variáveis independentes são

mais importantes?

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c) Previsão. Até que ponto o modelo generaliza bem as observações fora da

amostra?

Segundo Vicente (2001, p.82), a técnica de regressão logística (Logit) é aplicada

em situações nas quais se deseja predizer a presença ou ausência de uma característica, ou

resultado, baseado em valores de um conjunto de variáveis independentes. No caso da

mensuração do risco de crédito, a regressão logística é utilizada para a avaliação da

probabilidade de insolvência (ou inadimplência) de determinado grupo de clientes,

relativos às situações de empréstimo ou financiamento.

Os modelos elaborados com base na análise Logit usam um conjunto de variáveis

contábeis para prever a probabilidade de inadimplência do tomador de empréstimo,

assumindo que a probabilidade de inadimplência é distribuída logisticamente, ou seja,

estatisticamente assume uma forma funcional logística, e é, por definição, forçada a cair

entre 0 e 1 (BRUNI, MURRAY e FAMÁ, 1998).

O modelo de regressão logística cria para cada empresa um escore Z:

Z = a + BX1

Onde:

Xi = o valor da i-ésima variável

Vários estudos comparativos entre os modelos que utilizam técnicas de regressão

logística e os modelos de análise discriminante mostraram que a capacidade de previsão

desses modelos é similar, portanto, não existe uma técnica estatística predominante.

Porém, importante destacar que na análise de regressão logística não existem restrições à

normalidade multivariada na distribuição das variáveis independentes, nem a igualdade de

matrizes de covariância dos dois grupos, como ocorre na análise discriminante, onde se

pressupõe a existência dessas condições (GIMENES e URIBE-OPAZO, 2001, p.70).

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2.4.2.2. Modelo ou sistema Behavoir

O modelo ou sistema behavior é um sistema de pontuação com base em análise

comportamental e sua elaboração é complexa, na medida em que envolve grande

quantidade de amostras de variáveis particulares, vinculadas ao comportamento dos

indivíduos que, por sua vez, guarda correlação com variáveis conjunturais (THOMAS,

2000, p. 15; SECURATO, 2010, p.35).

Um Behavioral Scoring poderia incluir, dentre outras, observações sobre:

a) Hábitos de consumo: definem o que o indivíduo compra e quais os meios

que utiliza, por exemplo, se direto em lojas, por telefone ou via internet;

b) Hábitos lazer: freqüência dos indivíduos em academias, teatros, clubes,

restaurantes e clubes freqüentados;

c) Viagens: freqüência de viagens nacionais e internacionais para negócios ou

lazer;

d) Tipos de aplicação financeira: verificação, através de composição da

carteira de aplicações do cliente, se ele é avesso, indiferente ou tendente a

assumir riscos;

e) Compatibilidade com renda e patrimônio do indivíduo: analisam se os

hábitos de consumo, lazer, viagens e outros que envolvem dispêndios são

compatíveis;

f) Análise das obrigações assumidas pelo indivíduo.

O levantamento dos comportamentos individuais não é tarefa fácil. Em regra, as

empresas que encontram maior facilidade em tabular esses dados são as administradoras de

cartão de crédito, dado que a grande maioria das pessoas com padrão médio/alto de renda

tem o hábito de utilizar essa forma de pagamento (THOMAS, 2000).

Dessa forma, uma vez tabulados os hábitos comportamentais, é necessário conjugá-

los com as faixas de renda dos indivíduos e analisar as freqüências com que indivíduos de

diferentes faixas de renda adotam distintas práticas de consumo, aplicações financeiras e

assunção de obrigações.

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2.4.2.3. Modelo ou sistema Misto

Segundo Securato (2010, p.36), algumas instituições adotam sistemas mistos,

pontuando informações de crédito, de comportamento e o relacionamento com o cliente.

Utilizam o sistema misto para definirem limites de crédito para pessoa física, para

orientarem na cobrança de spreads ver a (Figura 5) – algumas taxas diferenciadas nas

operações de crédito em função do volume de aplicações, seguros e outros negócios que o

cliente mantém com a organização – e, ainda, para se direcionarem esforços

mercadológicos – oferecimento de produtos e de atendimento adequado ao perfil do

cliente.

Para isso, são avaliados, além de parâmetros de crédito de comportamento, dados

relativos ao relacionamento/reciprocidade do cliente com a instituição, conforme segue:

a) Cliente tomador ocasional de recursos para cobrir necessidades específicas;

b) Cliente usual tomador de recursos, que utiliza parcial/totalmente seu limite

de cheque especial durante o mês;

c) Cliente aplicador em fundos conservadores e certificados de depósito

bancário/ caderneta de poupança ou em tipos de aplicações mais arriscadas;

d) Informações solicitadas na ficha cadastral e não fornecidas pelo cliente –

espaços em branco. A omissão de alguns tipos de informações dá margem a

questionamentos e considerações sobre o perfil do cliente ou, mesmo, sobre

a sua situação financeira/patrimonial.

2.4.2.4. Rating

O termo rating significa “classificação” e, para classificar algo, é preciso definir o

critério da classificação, ou seja, o objetivo do modelo. Os eventos, em questão, são

inadimplência e insolvência, portanto, o rating reflete a probabilidade de uma determinada

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empresa credora incorrer em pelo menos um desses eventos, em um determinado horizonte

do tempo (SECURATO, 2010, p.218). Porém, a insolvência tem caráter de incapacidade

de uma empresa liquidar seu passivo, traduzido pelos eventos de concordata e falência,

enquanto que, a inadimplência é entendida como um conjunto de eventos, considerados

graves, que podem levar uma empresa à situação de insolvência.

Para Wesley (1993, p.35) rating é uma avaliação de risco. Esta avaliação é feita por

meio de mensuração e ponderação das variáveis determinantes do risco e é apresentado por

meio de código ou classificação, que fornece uma graduação do risco. Os serviços de

rating são utilizados normalmente por credores e investidores como uma medida de

expectativa de cumprimento de uma obrigação numa data certa. Cada banco, na qualidade

de depositário dos recursos dos agentes econômicos ofertadores de fundos, necessita

avaliar cuidadosamente a capacidade de pagamento dos tomadores de recursos.

Desse modo, os bancos precisam dotar uma metodologia que leve ao rating, para

classificação dos riscos de seus clientes. Portanto, as instituições financeiras poderão

adotar escalas diferentes (SILVA, p.83).

A Figura 5, a seguir exemplifica uma forma de classificação em cinco escalas.

Figura 5 – Diagrama de escalas de avaliação de risco

Z -1,40 0 1,40 2,95 5,0 Z

Máximo

Duvidoso

Médio

Modesto

Mínimo

P(S) 0,20 0,50 0,80 0,95 0,99 P(S)

Fonte: Silva (2000)

A Figura 5 oferece uma visualização acerca de cinco escalas de avaliações de

risco. Como regra genérica, quando o valor de Z for maior que zero, o cliente é classificada

como solvente. Quando for menor que zero, será classificado como sendo potencial para a

insolvência. O valor de 0 (zero) para Z significa uma probabilidade de solvência de 50%,

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ou seja, é indefinido. De acordo com a nota (valor de Z) na tabela de classificação, o

cliente está associado a uma probabilidade de solvência. Quando o valor de Z é (-1,4), a

probabilidade de solvência é de apenas 20%, sendo a probabilidade de insolvência de 80%.

Quando Z é 2,95, a probabilidade de solvência é de 95% e a de insolvência é de 5%

(SILVA, 2000).

2.5. A função das taxas de juros em créditos

A aprovação de créditos para tomadores de alto risco com elevada propensão à

inadimplência. Isso, em parte, é influenciado pela manipulação e/ou omissão de

informações, por parte das pessoas físicas, com o intuito de receberam aprovações dos

bancos para suas propostas de crédito.

Com isso, os bancos continuamente enfrentam o problema da “seleção adversa das

taxas de juro”, quando da prospecção e análise de capacidade de pagamento de clientes

pessoas físicas.

A utilização de “informações imperfeitas” é muito comum e de difícil acesso aos

profissionais bancários no momento da aprovação do crédito, por exemplo, no caso de

informações que somente o cliente tem em tempo real, como a alteração de estado civil,

doença de familiares, acidentes materiais repentinos, realização de investimento com

prejuízo etc. O desconhecimento de informações que afetam negativamente a renda dos

tomadores pode influenciar na aprovação de crédito com cobrança de taxas de juros que

não reflitam a real situação financeira do cliente.

A contribuição que, as taxas de juros podem exercer como critério seletivo para a

identificação de qualidade de tomadores (Bons e Maus), o cliente dispostos a pagar altas

taxas de juros pode evidenciar risco elevado de crédito e possibilidade de futura redução da

lucratividade bancária com efetivação da inadimplência.

A lucratividade do crediário é reduzida em decorrência da concessão de crédito

para tomadores inadimplentes, conforme mostra a (Figura 6), a partir do retorno ótimo

(Re*). Com isso, acima da taxa i*, os bancos enfrentam maiores probabilidades de perdas

financeiras, uma vez que o retorno esperado sobre empréstimos concedidos para clientes

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de alto risco é menor do que retorno esperado sobre empréstimos concedidos para clientes

de baixo risco (taxa inferiores a i*).

Essa condição está presente nas carteiras de créditos, quando as elevadas taxas de

juros são cobradas de clientes, captados via seleção adversa, e/ou que apresentaram perda

(total ou parcial) de renda decorrente da ocorrência de fatores sistêmicos adversos, como a

falência do empregador e o aumento das taxas de juros. Conseqüentemente, não

conseguem pagar os juros em créditos, forçando os bancos a renegociação com a redução

do Spread e da lucratividade.

A Figura 6 apresenta o comportamento do resultado bancário em relação ao custo

de captação.

Figura 6 - Comportamento do resultado bancário em relação ao custo de captação

Retorno Re*

Spread positivo Spread negativo

Retorno > custo de captação Retorno < custo de captação

i* Taxa de juros

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Santos e Famá (2007)

2.6. Destaque de algumas pesquisas com foco em gestão de risco de crédito às pessoas

físicas

Com o propósito de fazer valer o entendimento desse trabalho viu-se a necessidade

de destacar algumas pesquisas relevantes, nacionais e internacionais relacionadas ao

assunto “gestão de risco de crédito as pessoas físicas”:

Tema: Modelagem do Risco de Crédito: um estudo do segmento de pessoas físicas

em um banco de varejo. O objetivo desse trabalho, portanto, consiste em preencher

uma lacuna existente no meio acadêmico brasileiro no que se refere aos modelos de

gerenciamento e concessão de crédito para as pessoas físicas, uma vez que, a

funcionalidade dos modelos estatísticos multivariados aplicados ao gerenciamento

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do crédito para pessoas físicas no Brasil ainda é uma incógnita. Os autores usaram

os modelos de análise discriminante e regressão logística. Conclusão, os resultados

encontrados na pesquisa trazem indícios que os modelos multivariados podem ser

utilizados como ferramentas eficazes no gerenciamento do crédito bancário para o

segmento de pessoas físicas/ ou melhor, o método usado é relevante nesse

segmento (AMORIM NETO e CARMONA, 2004);

Tema: Gestão de Risco de Crédito nas Empresas de Cartão de Crédito. O trabalho

tem como principal objetivo apresentar os resultados da adoção de um modelo

estatístico que mensure o risco de crédito numa empresa de cartão de crédito e que

defina as taxas de juros de acordo com a expansão de risco do cliente. Porém, foi

aplicado o modelo de regressão logística, a técnica de análise multivariada, a um

universo de 24.500 clientes de cartão de crédito, para avaliação dos seus

comportamentos ao longo do tempo e conseqüentemente testar o modelo de

previsão de inadimplência. O autor concluiu que, o modelo constata o seguinte:

para minimizar o risco de crédito vale apena reduzir a taxa de juros para clientes

com menor risco e elevar a taxa de juros para clientes com a probabilidade de

inadimplência, ou seja, clientes com maior risco. E aponta a compatibilidade das

taxas de juros com o nível de risco de cada cliente ao definir um limite de crédito, a

constituição da provisão para devedores duvidosos (PDD) e as informações

provenientes do relacionamento que o cliente mantém com a instituição e seus

hábitos de consumo e do pagamento das dívidas (PINTO, 2004);

Tema: Impacto da Taxa de Juros e do Prazo de Pagamento no Financiamento de

Veículos para Pessoas Físicas. O objetivo deste trabalho é de testar empiricamente

se os consumidores realmente sofrem restrição de financiamento de veículos no

mercado brasileiro, devido à percepção de que as pessoas só se preocupam apenas

com o valor da prestação, quando o caso é compatível com o orçamento mensal e,

não se importam com as taxas de juros embutidos nas prestações. O consumidor

que comporta desta maneira corre o risco de restrição do financiamento/ ou do

crédito solicitado. Para atender o propósito do trabalho foi utilizado Cross Secion

dos financiamentos de veículos, iniciados em maio/2004 com 143.636 observações

para pessoas físicas através do SCR- Sistema de Informações de Crédito do banco

Central do Brasil. A pesquisa concluiu que os consumidores respondem tanto as

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variações nas taxas de juros quanto às variações no prazo de pagamento, com

elasticidades estimadas para amostra completa de -0,45 e 0,33, respectivamente.

Porém, dividiu-se a amostra, o subgrupo com maiores valores de empréstimo é

mais sensível ao prazo de pagamento e a taxa de juros em relação ao subgrupo com

menores valores (OZAWA, 2008);

Tema: Avaliação da Aplicabilidade de um Modelo de Credit Scoring com

Variáveis Sistêmicas e Não-Sistêmicas em Carteiras de Crédito Bancário Rotativo

de Pessoas Físicas. O objetivo principal desta pesquisa é de propor um modelo de

Credit Scoring para créditos rotativos composto por variáveis sistêmicas e não-

sistêmicas, direcionado a redução do risco de inadimplência. Os autores concluíram

que aplicabilidade do modelo proposto de Credit Scoring em uma amostra extraída

da carteira de crédito as pessoas físicas de um importante banco comercial privado

no Brasil de médio porte (Banco x- nome fictício), apresentou satisfatório índice de

acerto na identificação de clientes prospectivos (96%) e não- prospectivos (92%),

levando a considerar que foram ponderadas adequadamente, as variáveis

representativas da capacidade de pagamento dos clientes (SANTOS e FAMÁ,

2007);

Tema: Análise de Crédito Bancário à Pessoa Física no Brasil de 1994 a 2004. O

objetivo principal desta pesquisa é de estudar a evolução do crédito bancário das

pessoas físicas no Brasil após o plano real, bem como o seu processo de gestão.

Porém, em um ambiente regulamentar adequado, com algumas ações positivas do

Banco Central, onde a atividade de concessão de crédito ao consumo tornou-se

relevante no negócio bancário. Assim demonstra-se que a evolução desta

modalidade de crédito também acompanhou o desenvolvimento do processo e das

técnicas de gestão de um portfólio de crédito massificado. Nesse sentido o autor

concluiu que apesar de ainda existirem muitas etapas para o adequado

desenvolvimento do mercado de crédito bancário no Brasil, a evolução de linhas de

crédito destinadas às pessoas físicas e suas formas de gestão, é relevante

(SHIBUYA, 2006);

Tema: A Survey of Credit and Behavioural Scoring: forecasting financial risk of

lending to cosumers. O objetivo principal desta pesquisa é de examinar a utilização

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do modelo comportamental – Behavioural Scoring na análise de avaliação de risco

de crédito, e para apoiar esta proposta, incorporou as condições econômicas no

sistema de pontuação com vista a estimar a probabilidade de um consumidor vir a

tornar-se inadimplente. O resultado da pesquisa trouxe algo inédito

comprovadamente relevante e pouco estudada na previsão de risco de crédito às

pessoas físicas. O trabalho apresentou satisfatório índice de acertos com a

utilização de modelo comportamental (THOMAS, 2000);

Tema: Recent Developments in Consumer Credit Risk Assessment. O objetivo

principal deste trabalho é de avaliar os riscos dos requerentes de crédito e as

implicações ou maneira pela qual são avaliados os candidatos e conseqüentemente

as políticas adotadas pelos bancos, geralmente usam modelo estatístico – regressão

logística e outros tipos de classificações. Nesta pesquisa os autores usaram

máquinas de vetor de suporte e concluíram que o resultado foi preciso e alertam

para qualidade dos dados e do treinamento do classificador em uma amostra de

candidatos aceitos em vez de uma amostra representativa da população (CROOKA,

EDELMANB e THOMAS, 2007);

Tema: Bank Lending Policy, Credit Scoring and Value-At-Risk. O trabalho é

baseado na literatura de análise de avaliação de carteira de crédito das pessoas

físicas. E o objetivo principal deste trabalho é de propor um novo modelo de

avaliação de risco de crédito individual, com base no método Credit Scoring.

Doravante, os autores consideram que Credit Scoring sofrem viés de seleção

amostral, portanto para efetivar o propósito desta pesquisa, usaram abordagem

bivariada na estimativa de um modelo de pontuação imparcial. Foram utilizados os

dados dos clientes de um banco sueco que contém informações financeiras

individuais extensas dos candidatos rejeitados e aprovados na análise de concessão

de crédito. A pesquisa concluiu que, um empréstimo de menor valor não afeta o

risco de inadimplência associado, dando a entender que o banco estudado concede

empréstimos de forma incompatível ao padrão. E constatam ainda que uma seleção

eficiente de candidatos a crédito por meio da regra padrão pode reduzir o risco em

até 80% (JACOBSON e ROSZBACH, 2003);

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Tema: Mixture Cure Models in Credit Scoring: if and when borrowers default.

Originalmente, os modelos de cura mistura foram propostos em estatísticas médicas

ao longo prazo, no que tange a sobrevivência de pacientes com câncer, e que foram

divididos em dois grupos distintos da população: os que são curados sem recaída e

os que são curados e susceptíveis a recaída. O trabalho apresentou um modelo de

cura mistura para crédito pessoal, usando a pontuação que se assemelha ao do

ambiente médico. Foi estimada a previsão do modelo cura padrão em uma carteira

de crédito pessoal no Reino Unido e conseqüentemente, a comparação do seu

desempenho com o método de riscos proporcionais de Cox e Regressão Logística

padrão. A pesquisa ainda apresentou o resultado de Credit Scoring em um nível de

conta e a previsão do número de defaults da carteira de crédito pessoal pesquisado.

Os autores concluíram que o desempenho do modelo é avaliado através da

validação cruzada da discriminação e as medidas de calibração. O desempenho de

calibração para as abordagens de sobrevivência foi constatado que é superior à

regressão logística num dado intervalo de tempo e útil no período estimado de 12

meses. Reforçando assim, a tese da flexibilidade de análise de sobrevivência como

a ferramenta de classificação de risco e na estimativa da probabilidade de

inadimplência (TONG, MUES e THOMAS, 2011);

Tema: Personal Bankruptcy and Credit Market Competition. O objetivo principal

desta pesquisa é de apresentar a relação entre oferta de crédito nos Estados Unidos

e o aumento das taxas de falência ou de inadimplência pessoal. Para efetivar este

propósito, foi explorada a variação exógena do mercado provocada pela

desregulamentação bancária e do relaxamento de restrições à entrada nos anos de

1980 e 1990 a nível estadual. Os autores concluíram que, a desregulamentação

bancária explica, pelo menos, 10% do aumento das taxas de falência ou de

inadimplência e menores taxas de perda sobre empréstimos, e ainda a maior

produtividade de empréstimo. A pesquisa finaliza indicando que o aumento da

concorrência, no período estudado levou os bancos adotar a tecnologia de

classificação de créditos sofisticados, permitindo assim, a abertura de novos

créditos às famílias que já são clientes e créditos às novas famílias clientes (DICK e

LEHNERT, 2010).

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CAPÍTULO 3 - REGULAMENTAÇÃO E PANORAMA DO SETOR DE CRÉDITO

ÀS PESSOAS FÍSICAS EM GUINÉ-BISSAU

3.1. Regulamentação do setor bancário

O setor bancário da Guiné-Bissau é presidido pelo BCEAO (Banco Central dos

Estados da África Ocidental ou Oeste), órgão da UMOA (União Monetária Oeste Africana

ou da África Ocidental). A UMOA é o órgão responsável pela definição da política

monetária da união, integrada por Guiné-Bissau e os sete países da região: Benin,

Burkinafaso, Costa de Marfim, Mali, Niger, Senegal e Togo. A sede central do BCEAO

fica no Senegal, os países restantes comportam os diretórios nacionais inclusive, o Senegal,

que executam as políticas definidas pelo Banco Central através da UMOA.

Atualmente na Guiné-Bissau existem, quatro bancos comerciais e dois bancos de

investimentos:

BAO (Banco da África Ocidental) – Comercial;

BDU (Banco da União) – Comercial;

Eco Bank (Banco Regional Africano) – Comercial;

BRS (Banco Regional de Solidariedade) – Comercial;

BAD (Banco Africano de Desenvolvimento) – Investimento;

BOAD (Banco Oeste Africano de Desenvolvimento) – Investimento;

3.1. 1. UMOA/UEMOA

A UMOA/UEMOA, União Monetária Oeste Africana/ União Econômica Monetária

Oeste Africana são organizações de integração regional criada por sete países da África

Ocidental que têm em comum uma moeda única, o franco CFA. A UMOA foi criada em

1962, no mesmo período em que foi criado o BCEAO (Banco central dos estados da áfrica

ocidental), dando continuidade aos principais objetivos da criação do franco da

comunidade financeira africana (Fcfa) criada no dia 26 de Dezembro de 1945, dia em que a

França ratifica os acordos de Bretton Woods e precede à sua primeira declaração de

paridade ao Fundo Monetário Internacional. E a UEMOA foi criada por um tratado

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assinado em Dakar, Senegal em 10 de janeiro 1994 pelos Chefes de Estados e do Governo

de Benim, Burkinafaso, Costa de Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo. A 2 de maio de

1997, a Guiné-Bissau tornou-se o oitavo estado membro da União.

3.1.1.1. Organização institucional ou os órgãos do BCEAO - Banco Central dos

Estados da África Ocidental

Governador do Banco Central - Regional;

Comitê de Política Monetária - Regional;

Conselho de Administração - Regional;

Comitê de Auditoria - Regional; e

Conselho Nacional de Crédito - Nacional.

3.1.1.1.1. Governador do Banco Central

BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental) possui um Governador e

dois Vices – Governadores com residências fixadas na Sede Regional ou da União em

Dakar (Senegal). O Governador do Banco Central é nomeado pela conferência de Chefes

de Estado e do Governo dos países membros da UMOA (União Monetária da África

Ocidental), órgão que supervisiona o Banco Central, por um período de seis anos e é

renovável. E cada um dos 8 países membros da União nomeia um diretor nacional que

dirige a sede nacional do Banco Central e algumas agências locais dos seus respectivos

países.

A direção Regional do Banco Central é assegurada pelo Governador. O Governador

preside o Comitê de Política Monetária e do Conselho de Administração. Ele prepara e

executa as decisões desses órgãos. Ele garante e zela pelo cumprimento e aplicação de

disposições, dos tratados, dos acordos e convenções internacionais, assim como o estatuto

do BCEAO.

Os dois Vices - Governadores são nomeados pelo Conselho de Ministros de

Economia e Finanças (Fazenda) de UMOA (União Monetária da África Ocidental) por um

período de cinco anos, sendo revogável por um período igual. São substitutos legais do

Governador no caso da morte, incapacidade, demissão ou renúncia deste. Um deles será

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indicado a assumir a função do governador substituto para o período remanescente do

mandato do seu antecessor.

O Conselho de Ministros da UMOA é que determina as condições dos serviços de

Governador e dos Vices.

3.1.1.1.2. Comitê de política monetária

Responsável pela definição da política monetária da UMOA, bem como dos seus

instrumentos, e de, nas condições nelas definidas, delegar a competência do governador,

para fixação das taxas de juros e taxas de reservas obrigatórias, em conformidade com as

disposições do estatuto.

Comitê de política monetária é constituído pelas seguintes personalidades

regionais:

Governador do Banco Central;

Os dois Vices Governadores;

Um membro proposto por cada um dos Governos dos Estados-Membros e

nomeado pelo Conselho de Ministros da UMOA;

Um membro nomeado pelo Estado-Membro que assegura a garantia da

convertibilidade da moeda comum;

Quatro outros membros cidadãos dos Estados-Membros de UMOA,

nomeados a título pessoal pelo Conselho de Ministros.

Os referidos quatros membros são escolhidos de uma lista proposta pelo

governador. Esta lista é elaborada para designar indivíduos de acordo com sua experiência

profissional nos domínios, monetário, financeiro, econômico e legal (jurídica).

As decisões do comitê são tomadas por maioria simples dos votos expressos pelos

membros. No caso de empate, o presidente tem voto especial ou de qualidade.

O mandato dos membros do comitê de política monetária é de cinco anos sendo

renovável de igual período.

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3.1.1.1.3. Conselho de administração

Responsável pelos assuntos relativos à gestão do Banco Central, em conformidade

com as disposições do estatuto. O conselho de Administração compreende:

O Governador do Banco Central;

Um membro nomeado por cada um dos Governos dos Estados-Membros de

UMOA;

Um membro nomeado por Estado que assegura a garantia de

convertibilidade da moeda comum.

3.1.1.1.4. Comitê de auditoria

Responsável pela apreciação da qualidade do funcionamento de administração, de

informação financeira e do sistema do controle do Banco Central, em conformidade com

estatuto. O comitê de Auditoria compreende quatro membros, a saber:

Administrador do BCEAO;

Um cidadão de Estado-Membro assegurando a presidência do Conselho de

Ministros da UMOA;

Três Administradores do BCEAO;

Outros cidadãos dos Estados-Membros da UMOA.

3.1.1.1.5. Conselho nacional de crédito

Responsável pelo estudo das condições de funcionamento do sistema bancário e

financeiro, relações com a clientela e a gestão dos meios de pagamento, assim como, as

condições de financiamento das pessoas físicas/ jurídicas e de atividade econômica,

visando minimizar os riscos de inadimplência. E pode ainda ser consultado nas questões

monetárias e de crédito relevantes, em conformidade com o estatuto e é presidido pelo

ministro das finanças (fazenda).

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3.2. Panorama do setor de crédito às pessoas físicas em Guiné-Bissau

O segmento de crédito às pessoas físicas em Guiné-Bissau teve crescimento na

mesma proporção do setor bancário, que ao longo do período estudado passou por

profunda mudança estrutural. Para sobreviver, foi necessário diversificar as fontes de

receitas, através do crescimento das operações de crédito e das receitas de prestação de

serviços – com a cobrança de tarifas – além de administrar melhor as estruturas de custos,

com revisão de processos, enxugamento de pessoal e adequação da estrutura de

distribuição. E nesse processo de ajuste, houve um alinhamento do setor a tendência

mundial de consolidação do mercado.

O crédito ao setor privado, em percentagem do PIB, quase triplicou em menos de

três anos, passando de 6% para 14,2% em 2008. Isso se deve ao aumento seqüencial de

crédito bancário disponível aos exportadores de castanha de caju. E se aproxima do nível

médio da zona da UEMOA que é de 16,1%.

Com os quatro dos seis bancos concentrados na capital, existe pouca ou nenhuma

concorrência entre os bancos nas áreas agrícolas, o crédito bancário aos produtores

agrícolas continua numa fase embrionária.

O financiamento a prazo, por exemplo, raramente é concedido e representa menos

de 10% de todo o crédito disponibilizado. Fatores que causam esta relutância incluem:

a) a falta de recursos de longo prazo (90% dos depósitos nos bancos são de

curto prazo);

b) a incapacidade da maioria dos clientes na área de negócios em produzir

declarações financeiras adequadas (há indicações de que só três empresas no

país são capazes de manter registros que estão em completa conformidade

com os procedimentos da SYSCOA (Sistema de Contabilidade de África

Ocidental);

c) a ausência de um sistema funcional de informações sobre o crédito e a

dívida; e

d) o setor judiciário severamente disfuncional que torna problemática a

recuperação de bens de garantia em caso de não pagamento.

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Um único banco que existia em 2005 é o BAO (Banco da África Ocidental). Por

isso, observa-se que neste ano o volume total de crédito é bem menor em relação aos

demais anos. Em 2005, por exemplo, o total de crédito concedido no mercado guineense é

de R$21.243.333,33 e em 2010 o valor é de R$144.200.000,00, quase sete vezes mais.

O Gráfico 1 apresenta a evolução do crédito no período de 2005 a 2010.

Gráfico 1 – Volume total de crédito concedido de 2005 a 2010

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau.

Obs: Vale lembrar que R$ 1,00 equivale a 300,00 Franco CFA (a moeda regional, porém, nacional da Guiné-

Bissau).

A constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa representa em

qualquer empresa, uma estimativa de perda provável na realização dos créditos em

atendimento aos princípios fundamentais de contabilidade, em especial ao da realização da

receita e confrontação com a despesa. Entretanto, sua constituição apresenta características

específicas nos Bancos e demais instituições financeiras sujeitas ao controle e fiscalização

do Banco Central da Guiné-Bissau (BCEAO), comparativamente aos procedimentos

praticados pelas empresas comerciais, industriais ou de prestação de serviços,

principalmente em função das peculiaridades do ativo a ser provisionado:

1 2 3 4 5 6

2005 2006 2007 2008 2009 2010

R$ 21.243.333,33 R$ 31.926.666,67

R$ 39.466.666,67

R$ 78.130.000,00

R$ 114.200.000,00

R$ 144.200.000,00

Anos Valores em Reais

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a) representa um crédito a receber decorrente usualmente de empréstimo ou

financiamento, ou seja, a matéria-prima utilizada por essas entidades é o

próprio dinheiro;

b) é objeto de recebimento em diversas parcelas;

c) reflete usualmente uma parcela significativa, se comparado com o

patrimônio líquido, na medida em que essas entidades trabalham com

captação de recursos de terceiros num montante elevado.

Porém em cada balancete ou balanço patrimonial semestral dos bancos, a provisão

para créditos de liquidação duvidosa não pode ser inferior ao somatório da aplicação dos

percentuais, a seguir mencionados, incidentes sobre o valor dos créditos atualizados

segundo as normas contábeis em vigor, sem prejuízo da responsabilidade dos

administradores das instituições pela constituição de provisão em montantes suficientes

para fazer face às perdas prováveis na realização dos créditos:

a) 20% sobre as operações amparadas por garantias que, a juízo das

instituições, sejam consideradas suficientes à cobertura do saldo devedor

atualizado, registradas em contas de atraso;

b) 50% sobre as operações amparadas por garantias que, a juízo das

instituições, ou a critério do BCEAO (Banco Central), não sejam

consideradas suficientes à cobertura do saldo devedor atualizado,

registradas em contas em atraso;

c) 100% dos créditos inscritos em contas de créditos em liquidação. Podem ser

debitados à provisão, os créditos:

vencidos, que não tenham condições de recebimento, após decorridos no

mínimo, 180 dias da data de transferência para as contas de créditos em

liquidação; ou

ajuizados, após esgotados os meios usuais e normais de cobrança judicial,

ou

cujos saldos devedores atualizados não ultrapassem o montante

correspondente a R$1.000,00 aproximadamente, após decorridos 180 dias

dos respectivos vencimentos.

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Com a evolução do crédito na Guiné-Bissau ao longo do período de 2005 a 2010, o

gráfico a seguir apresenta o total de crédito de liquidação duvidosa:

Gráfico 2 – Volume total de crédito de liquidação duvidosa

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau

É importante reforçar a importância dada ao crédito destinado às pessoas físicas

como mostra, o (Gráfico 3). Houve um crescimento de mais de seis vezes no período

analisado entre 2005 a 2010 (R$ 4.673.533,33 a R$ 31.724.000,00) respectivamente,

comparando a um crescimento um pouco menor de volume total de crédito concedido no

mesmo período, que é de sete vezes. Essa evolução deixa clara a melhora na economia do

país após o conflito político militar em 1998. O período que antecede o ano de 2005

praticamente o crédito às pessoas físicas era uma incógnita, só existia créditos disponíveis

às pessoas jurídicas.

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000

8000000

9000000

1 2 3 4 5 6

Anos 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Valores 136.666,66 493.333,33 2.766.666,6 2.893.333,3 5.206.666,6 8.480.000,0

Val

ore

s

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49

Gráfico 3 – Volume total de crédito às pessoas físicas

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de agência do BCEAO em Bissau

Para não incorrer o risco com os créditos da liquidação duvidosa às pessoas físicas

com vista a aumentar a lucratividade, os bancos, em geral, utilizam quatro medidas:

encontrar tomadores que paguem altas taxas de juros, mas com pouca chance de não

honrar sua dívida. Adquirir títulos com retornos altos e risco baixo, reduzir o risco por

diversificação e administrar a liquidez dos ativos, de forma a satisfazer as exigências de

reserva sem incorrer em altos custos, ou seja, manter títulos com retorno menor, mas que

sejam líquidos. O Gráfico 4, a seguir apresenta a evolução do crédito de liquidação

duvidosa às pessoas físicas no período de 2005 a 2010. Em 2005, por exemplo, o crédito

de liquidação duvidosa estava na ordem de R$ de 36.900,00 e em 2010 chegou à ordem de

R$ 2.289.600,00.

1 2 3 4 5 6

Anos 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Valores R$ 4.673.533, R$ 7.023.866, R$ 8.682.666, R$ 17.188.600 R$ 25.124.000 R$ 31.724.000

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

30000000

35000000

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50

Gráfico 4 – Volume total de crédito de liquidação duvidosa às pessoas físicas

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau

A medida que vem crescendo o mercado de crédito na Guiné-Bissau, vem

aumentando também o número de inadimplentes (Gráfico 5), motivado entre outros

fatores pela utilização do modelo irrelevante de análise de avaliação do risco de crédito às

pessoas físicas dos bancos locais.

Percebe-se que, o volume total de inadimplência às pessoas físicas no primeiro ano

estudado (2005) era de R$ 19.133,33 contra R$ 1.187.200,00 em 2010, o que mostra um

aumento significativo de inadimplentes.

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

1 2 3 4 5 6

Anos 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Valores R$ 36.900,00 R$ 133.200,0 R$ 747.000,0 R$ 781.200,0 R$ 1.405.800 R$ 2.289.600

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51

Gráfico 5 – Volume total de inadimplência às pessoas físicas

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau

O ritmo de crescimento da atividade econômica em Guiné-Bissau apresenta uma

média de cerca de 3% desde 2004, sendo principalmente estimulado pelo desempenho do

setor de castanha de caju – maior produto de exportação da Guiné-Bissau. O Gráfico 6

apresenta o desempenho do PIB no período de 2005 a 2010.

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1 2 3 4 5 6

Anos 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Valores R$ 19.133,33 R$ 69.066,67 R$ 387.333,3 R$ 405.066,6 R$ 728.933,3 R$ 1.187.200

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52

Gráfico 6 – PIB/ Taxas de variação anual em percentagem

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau e do FMI

Para além da atividade do setor primário (que inclui agropecuária, silvicultura e

pescas), o crescimento econômico registrado no período estudado beneficiou ainda do setor

de comércio, hotéis e restaurantes. Também contribuiu para as melhores condições

econômicas no período, a estabilidade sociopolítica.

A Tabela 1 apresenta as taxas de juro de depósitos a prazo, de crédito e da

operação de sistema bancário do Banco Central dos Estados da África Ocidental - BCEAO.

Os depósitos a prazo permaneceram estáveis ao longo do período estudado, de 1.5 até 90

dias, de 91 a 180 dias 1.8 e de 181 a 365 dias na ordem de 3.0, a mesma situação aconteceu

com o crédito. As taxas só variam nas operações de BCEAO (taxas de desconto e

coeficiente de reserva) de 4.8 a 4.3 e de 3.0 a 7.0 respectivamente.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

2005 2006 2007 2008 2009 2010

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53

Tabela 1 – Evolução de taxa de juros em Guiné-Bissau

Taxas de juros anuais em percentagem 2006 2007 2008 2009 2010 2011

DEZ DEZ DEZ DEZ DEZ MAR

Depósitos

Depósitos a prazo:

Até 90 dias 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5

De 91 a 180 dias 1.8 1.8 1.8 1.8 1.8 1.8

De 181 a 365 dias 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0

Crédito

Até 90 dias 14.0 14.0 14.0 14.0 14.0 14.0

De 91 a 180 dias 15.0 15.0 15.0 15.0 15.0 15.0

De 181 a 365 dias 16.0 16.0 16.0 16.0 16.0 16.0

Descoberto DO 18.0 18.0 18.0 18.0 18.0 18.0

Operações do BCEAO

Sistema Bancário

Taxa de Desconto 4.8 4.8 4.8 4.3 4.3 4.3

Coeficiente da Reserva 3.0 3.0 3.0 3.0 7.0 7.0

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau e do FMI

.

A taxa de inflação teve uma ligeira subida nos meados de 2010, como reflexo da

pressão da alta exercidas pelos aumentos dos preços de importações de bens, produtos

alimentares e petrolíferos. Com isso, conduziu o crescimento da taxa de inflação para 3,9%

em 2011, dada a elevada dependência da Guiné-Bissau dos produtos oriundos do exterior,

principalmente do Senegal e do Portugal, conseqüentemente limita à capacidade de

resposta da oferta interna.

A taxa média da inflação apresentou oscilações no período, sendo influenciada

principalmente por fatores externos. Nos últimos dois anos, manteve-se no intervalo de

2,3% a 2,7% - abaixo do valor fixado no critério de convergência da UEMOA (União

Econômica Monetária Oeste Africana ou da África Ocidental) que é de 3%.

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54

Gráfico 7 – A Inflação - Variação Anual do IPC em Percentagem

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados de Agência do BCEAO em Bissau e do FMI

A integração da Guiné-Bissau na UEMOA (União Econômica Monetária Oeste

Africana) em 1997 e a limitada pressão da procura interna têm permitido, ao longo dos

últimos anos, taxas de inflação contidas no país, assim como nos países da comunidade ou

da união. Esta estabilidade foi interrompida em 2008 devido à forte pressão exercida pelos

preços dos bens alimentares, cuja reversão em 2009, com a deflação na ordem de (2,5%)

impulsionada por medidas de ajustes governamentais.

3.2.1. Análise crítica e de evolução de crédito às pessoas físicas

O espaço da concorrência bancária na Guiné-Bissau é limitado pela

regulamentação, que pretende assegurar que a busca de lucros pelos bancos individuais

seja feita nas condições mais seguras possíveis, sem ameaçar a estabilidade do sistema de

pagamento de crédito. Os bancos, impulsionados pela lógica da valorização, procuram

escapar dos controles e ampliar os espaços de ação através da inovação. Existe, assim, uma

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

2006 2007 2008 2009 2010 2011

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55

tensão dinâmica entre o processo competitivo inovador dos bancos (e das outras

instituições financeiras) e a necessidade contínua da regulamentação, dado que o

comportamento dos bancos pode contribuir para o aumento da instabilidade financeira da

economia.

A presente seção mostra de forma simplificada a evolução de crédito às pessoas

físicas. Espera-se obter respostas que expliquem o crescimento observado no período em

análise. A partir de então, pode-se explorar com mais detalhes qualquer ponto importante

que se destaque.

No período analisado houve crescimento anual acentuado do volume total de

crédito concedido em Guiné-Bissau. O crédito total cresceu sete vezes, enquanto que, o

crédito às pessoas físicas teve crescimento equivalente a cinco vezes o montante registrado

em 2005. O motivo deve-se a melhora na economia com a estabilidade política, a

contenção da inflação, a valorização do maior produto de exportação do país “castanha de

caju” no mercado internacional e a criação de novos bancos comercias. Conseqüentemente,

aumentou a disponibilidade do crédito no segmento das pessoas físicas.

O Gráfico 5 mostra de forma clara e concisa que, a medida que vem crescendo o

crédito, vem aumentando também o número de clientes inadimplentes. Por exemplo, em

2005 o valor total de inadimplência às pessoas físicas foi de R$ 19.133,33 e em 2010, o

valor foi de R$ 1.187.200,00. No mesmo período, o volume total de concedido passou de

R$ 4.673.533,00 em 2005 para R$ 31.724.000,00 em 2010. Com relação ao volume total

de crédito de liquidação duvidosa observa-se que a situação é idêntica, tanto em 2005

assim, como em 2010.

A crítica da pesquisa concentra-se nas formas defasadas e obsoletas de análise e de

avaliação de risco de crédito as pessoas físicas em Guiné-Bissau. Por exemplo, a não

utilização dos modelos estatísticos e o pior, as análises são feitas de forma subjetiva, são

considerados laços familiares, apadrinhamento, vizinhança, cores partidários, amizade etc.

E não existe o cadastro de pessoas físicas (CPF), como é no caso do Brasil. Com CPF torna

fácil a consulta dos solicitantes de crédito nas agências de proteção ao crédito.

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56

CAPÍTULO 4 – MODELOS DE CREDIT SCORING SELECIONADOS E ANÁLISE

DOS RESULTADOS

4.1. Modelo Serasa de Credit Scoring para pessoas físicas

Para o desenvolvimento do modelo Serasa de Credit Scoring, foram consideradas

as seguintes variáveis discriminatórias e parâmetros de classificação:

Quadro 3 – Variáveis discriminatórias e parâmetros

Características do tomador

Baixa pontuação

Alta

pontuação

Idade <30 anos >50 anos

Residência alugada Própria

Tempo de Residência < 6 meses >10 anos

Renda Líquida Anual < R$ 10.000,00 > R$

70.000,00

Ocupação baixa

qualificação

Profissional

Tempo no Emprego < 3 meses >10 anos

Número de Cartões de Crédito nenhum 5 ou mais

Empréstimos Bancários vários Nenhum

Relação Dívida/Renda Líquida >30% <5%

Contas Correntes ou Contas de Poupanças

Mantidas

nenhuma Ambas

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de (SERASA, 2011)

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57

Se o cliente solicitante de crédito apresentar restrições cadastrais na Serasa ou em

qualquer outra agência de classificação de risco de crédito, o modelo recomenda ao credor

solicitar ou reforçar a vinculação de garantias reais e pessoais, conforme o caso. O Quadro

4 apresenta o intervalo de pontuação para a variável restrições cadastrais.

Quadro 4 – Variável apreciação/restrições cadastrais

Situações

Pontuação

Com até duas restrições devidamente esclarecidas

através de certidões negativas e/ou comprovação de

pagamento.

10

Sem restrições cadastrais. 40

Sem restrições cadastrais e com boa experiência

anterior

50

Sem restrições cadastrais e com má experiência anterior 20

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Serasa (2011)

Segue o resumo das variáveis descritas, objetos de pontuação do modelo Serasa:

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Quadro 5 – Resumo de variáveis do sistema de Scoring para pessoas físicas

Parâmetro/Peso Situação do Cliente Pontuação

Restrição Cadastral

Peso 30

. Com até três restrições devidamente

esclarecidas através de certidões

negativas e/ou comprovação de

pagamento

. Sem Restrições Cadastrais

. Sem Restrições Cadastrais e com boa

experiência anterior

. Sem Restrições Cadastrais e com má

experiência anterior

10

40

50

20

Idade

Peso 10

. entre 21 e 30 anos

. entre 30 e 35 anos

. entre 35 e 45 anos

. entre 45 e 65 anos

. acima de 65 anos

20

30

40

50

10

Estabilidade no

Emprego

Peso 10

. inferior a 1 ano

. entre 1 e 3 anos

. entre 3 e 6 anos

. entre 6 e 20 anos

. acima de 20 anos

10

20

40

50

30

Cargo ou Função

Peso 10

. Presidente/Diretor Empresas

. Nível Gerencial/Empregado

categorizado

. Supervisão

. Funcionário Público

. Profissional Liberal

. Outros

50

40

20

30

30

10

Renda Líquida

Mensal

Peso 30

. Entre R$600,00 e R$1.000,00

. Entre R$1.001,00 e R$2.000,00

. Entre R$2001,00 e R$4.000,00

. Entre R$4.001,00 e R$6.000,00

. Acima de R$6.000,00

10

20

30

40

50

Patrimônio Líquido

Peso 10

. Abaixo de R$30.000,00

. Entre R$30.000,00 e R$50.000,00

. Entre R$50.000,00 e R$100.000,00

. Entre R$100.000,00 e R$150.000,00

. Acima de R$150.000,00

10

20

30

40

50 Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Serasa (2011)

A Serasa trabalhada as variáveis usando a estatística de Kolmogorov-Smirnov (KS)

através de confrontações das notas visando o ponto de corte. A Estatística KS é a medida

de avaliação de performance mais amplamente utilizada no mercado e mede a capacidade

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do Score em distinguir bons e maus clientes e, quanto maior a estatística de KS, maior a

separação entre os bons e maus clientes. Basicamente esta estatística é construída

calculando a máxima diferença entre as distribuições acumuladas de bons e maus

pagadores.

A fórmula para o cálculo de estatística KS:

KS = max | PB (s) – PM (s)

Onde:

PB (s) = As distribuições acumuladas de bons pagadores

PM (s) = As distribuições acumuladas de maus pagadores

Formalmente podendo ser calculada por:

Os valores típicos de KS para Credit Scoring de aceitação estão presentes na Tabela 2 a

seguir.

Tabela 2 – Nível de discriminação para diferentes valores

Valores de KS Nível de discriminação

Abaixo de 30% Baixa discriminação

De 30% a 35% Discriminação aceitável

De 35% a 40% Boa discriminação

De 40% a 45% Excelente discriminação

Acima de 50% Não são muito comuns

Fonte: Elaborado pelo autor

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60

Os valores de KS acima de 50% não são muito comuns para modelos de Credit

Scoring utilizados na aceitação de novos clientes, mas sim, são freqüentes em Behavoir

Scoring, onde as variáveis de comportamento do cliente na instituição acrescentam um

maior poder preditivo aos modelos desenvolvidos.

A medida de estatística KS pode ser facilmente calculada em uma planilha a partir

da tabela de distribuição de bons e maus pagadores pelas diversas classes de risco,

bastando calcular percentuais acumulados, conforme exemplificado na Tabela 3, a seguir.

O cálculo foi feito com Software SAS através do Procedure NPAR1WAY.

Tabela 3 – Cálculo de estatística de Kolmogorov-Smirnov (KS)

Fonte: Elaborado pelo autor

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61

4.2. Modelo JOS de Credit Scoring CPPF para pessoas físicas

O modelo JOS de Credit Scoring utilizado para dar suporte às tomadas de decisões

sobre a concessão de crédito aos clientes pessoas físicas foi desenvolvido a partir da

extração de informações relacionadas à: Aspectos Demográficos (AD), Idoneidade (I),

Capacidade Financeira (CF), Colateral (C), Relacionamento Bancário (RB), Fonte

Geradora de Renda (FGR) e Eventos Sistêmicos (ES) (SANTOS E FAMA, 2007).

A fórmula a baixo apresenta a relação entre a variável dependente y (decisão de

aprovação ou de recusa de crédito às pessoas físicas) e a conjugação das variáveis

independentes citadas:

Y= α + ADx + Ix + CFx + Cx + RBx + FGRx + ESx + ε

Onde:

AD = Aspetos Demográficos

I = Idoneidade

CF = Capacidade Financeira

C = Colateral

RB = Relacionamento Bancário

FGR = Fonte Geradora da Renda

ES = Eventos Sistêmicos

As variáveis α e ε representam, respectivamente, o custo fixo para o banco com os

recursos (humanos e materiais) utilizados na análise de risco do crédito e a contribuição

das informações cadastrais que não foram consideradas no modelo estatístico. Enquanto

que, a variável x representa a ponderação atribuída, ou grau de importância designado

estatisticamente, a cada um dos itens que compõem a formula.

Seguem as descrições das variáveis nos Quadros 6 a 12:

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Quadro 6 – Informações demográficas de pessoas físicas

Item Informações demográficas

1 Idade

2 Sexo

3 Estado Civil

4 Residência

5 Número de Dependentes

6 Estabilidade no Emprego ou Dono

7 Cargo ou Função

Fonte: Santos e Famá (2007)

Quadro 7 – Informações de idoneidade

Item Informações de idoneidade

1 Caráter – Idoneidade do Cliente Pessoa Física

Fonte: Santos e Famá (2007)

Quadro 8 - Informações de capacidade financeira/pagamento

Item Informações de capacidade financeira/pagamento

1 Renda Mensal Líquida

Fonte: Santos e Famá (2007)

Quadro 9 – Informações de colateral

Item Informações de colateral

1 Patrimônio (Bens Móveis e Imóveis)

Fonte: Santos e Famá (2007)

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63

Quadro 10 - Informações de relacionamento bancário

Item Informações de relacionamento bancário

1 Tempo de Relacionamento com o principal banco que tem negócios

Fonte: Santos e Famá (2007)

Quadro 11 – Informações de fonte geradora de renda

Item Informações da fonte geradora de renda

1 Natureza Contratual (S.A., Ltda., S/C Ltda., Etc.)

Fonte: Santos e Famá (2007)

Quadro 12 - Eventos sistêmicos

Item Eventos sistêmicos – perspectiva para os próximos seis meses

1 Situação Macroeconômica

2 Comportamento da Taxa de Juros em Créditos

Fonte: Santos e Famá (2007)

A seguir, o Quadro 13, apresenta as variáveis independentes ponderadas no modelo

de Credit Scoring CPPF, as ponderações/ coeficientes atribuídos estatisticamente e o intervalo

de notas testado para cada uma das variáveis selecionadas. A nota ponderada para cada cliente

pessoa física foi obtida pela multiplicação da ponderação atribuída a cada variável na coluna 1

e sua respectiva nota na coluna 2.

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64

Quadros 13 – Variáveis independentes ponderadas no modelo de Credit Scoring

Fonte: Elaborado por autor, adaptado de Santos e Famá (2007)

Segue resumo dos resultados do modelo JOS de Credit Scoring CPPF aplicado em

uma amostra de 2000 clientes de uma instituição financeira de médio porte, sendo 1000

classificados como adimplentes e 1000 como inadimplentes, ou seja, com atrasos

superiores a 90 dias.

Variáveis independentes do modelo (X) Ponderações

coeficientes

(1)

Intervalo de notas

testado

(2)

1. Idade 8,22% de 10 a 40

2. Sexo 3,04% de 5 a 25

3. Estado Civil 7,14% de 15 a 25

4. Caráter/Idoneidade do Cliente PF 12,10% de 15 a 50

5. Residência 8,09% de 10 a 30

6. Estabilidade no Emprego ou Dono 8,28% de 5 a 50

7. Cargo ou Função 7,94% de 10 a 30

8. Renda Mensal Líquida 7,39% de 10 a 45

9. Patrimônio 6,80% de 5 a 40

10. Natureza Contratual do Funcionário/ ou

Autônomo

4,55% de 0 a 25

11. Situação Macroeconômica (6 meses) 6,40% de -10 a 30

12. Comportamento das Taxas de Juros

Precificadas em Créditos (6 meses)

7,74% de -10 a 30

13. Tempo de Relacionamento com o

Principal Banco que tem Negócios

5,43% de 10 a 40

14. Número de Dependentes 6,88% de -10 a 30

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65

Quadro 14 - Resumo dos resultados do modelo de Credit Scoring CPPF

Classificação de Risco

Índice de Acerto (%)

Índice de Erro (%)

Bons Clientes 100,00% 0%

Maus Clientes 94,00% 6,00%

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Santos e Famá (2007)

Os resultados mostraram que o modelo JOS de Credit Scoring CPPF capturaria

melhor a exposição corrente de risco da instituição financeira pesquisada, por incluir um

conjunto maior de variáveis representativas da real situação de risco dos clientes, e avaliá-

los de acordo com o seu justo ou aproximado grau de importância.

4.3. Modelo de Credit Scoring de Magalhães e Mario

Os dados utilizados nessa pesquisa foram cedidos por uma cooperativa de crédito

de Minas Gerais, a qual possui mais de 6.000 cooperados ativos e uma carteira de crédito

de aproximadamente R$ 22.000.000,00.

A partir da lista de todos os cooperados fornecida pela instituição foi feita uma

seleção aleatória de 150 cooperados que possuíssem empréstimos em andamento e que são

considerados solventes, dos quais foram usados os dados de 97 no modelo. E os

cooperados insolventes da amostra foram selecionados por funcionário da cooperativa num

total de 26, por conta da acessibilidade, foram usados os dados de 23 cooperados

insolventes no modelo.

As informações dos cooperados selecionados foram preenchidas com base em uma

planilha elaborada pelos autores – Magalhães e Mario. As informações requisitadas

relativas às características pessoais e às condições econômico-financeiras dos cooperados

foram definidas baseadas na literatura revisada.

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Nessa pesquisa foram determinados insolventes os clientes com 200 dias ou mais

de atraso em uma ou mais parcelas. Cooperados com atrasos inferiores a 200 dias

(aproximadamente 7 meses) foram considerados solventes. Também, para ser considerado

adimplente o cooperado deveria ter efetuado o pagamento de pelo menos metade dos

empréstimos.

Para classificar as observações de acordo com a qualidade de crédito, foram

definidas variáveis explicativas ou independentes a partir das características dos

cooperados. Supõe-se que tais variáveis possam se relacionar à situação de solvência ou

insolvência nas operações de empréstimos.

O conjunto de variáveis de modelo de Credit Scoring de Magalhães e Mario é

mostrado a seguir no (Quadro 15):

Quadro 15 – As variáveis de modelo de Credit Scoring de Magalhães e Mario

Idade do cliente

Tempo no último emprego

Rendimento por dependentes

Estado civil

Alavancagem em relação a renda

Primeiro empréstimo na cooperativa

Instituição empregadora

Modalidade do empréstimo

Gênero do cliente

Comprometimento da renda

Atrasos em empréstimos anteriores

Possui avalista

Número de parcelas do empréstimo

Fonte: Elaborado pelo autor

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Após o processo de análise das variáveis, restaram dois modelos, que obtiveram um

percentual de acerto de 89,2% e 85,8%, além de alta significância estatística para as

variáveis inseridas. As principais variáveis dos modelos foram: estado civil, tempo no

último emprego, gênero, instituição empregadora e existência de aval, todas se

comportando conforme a hipótese prevista.

4.4. Modelo de avaliação de risco do BCEAO - Banco Central dos Estados da África

Ocidental

O BCEAO- Banco Central dos Estados da África Ocidental não utiliza modelos de

Credit Scoring para selecionar seus clientes. O mesmo acontece com os quatro bancos

comerciais em Guiné-Bissau. Apenas utiliza/ ou utilizam as seguintes informações como

parâmetros para a aprovação de crédito às pessoas físicas:

Quadro 16 – As variáveis para a aprovação de crédito às pessoas físicas em Guiné-

Bissau

Situação legal do tomador e dos intervenientes (avalistas) através da apresentação do

documento de identificação – similar ao RG no Brasil (Bilhete de Identidade);

Renda total dos tomadores

Fonte geradora da renda

Número de dependentes

Gastos com dependentes, incluindo pensões e despesas com educação e alimentação

Patrimônio do tomador e dos intervenientes

Fonte: Elaborado pelo autor

É importante destacar que não existem empresas de gestão do risco de crédito (ex.:

SPC, Serasa, Equifax etc.) em Guiné-Bissau, fato que dificulta sobremaneira a redução da

assimetria de informações entre tomadores e credores. Por isso, as análises de concessões

de crédito são baseadas no subjetivismo dos analistas e, fundamentalmente, na

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comprovação de renda e na disponibilidade de garantias acessórias para reduzir a

exposição ao risco de inadimplência.

Além disso, também destaca-se como importante fator discriminatório a cultura

local de relacionamento matrimonial, onde os homens chegam a ter três ou mais “esposas”

e, conseqüentemente, um número elevado de filhos. Intuitivamente, considera-se que esse

fato é um dos principais fatores determinantes do aumento do índice de comprometimento

de renda dos tomadores e, conseqüentemente da inadimplência.

4.5. O modelo proposto

Após várias reuniões com algumas instituições financeiras brasileiras e

levantamento das principais variáveis discriminadas em suas políticas de crédito para

análise e precificação do risco de crédito em transações para pessoas físicas, foi

desenvolvido o modelo de Credit Scoring JOS2, tanto para a classificação de risco, como

para a definição de prestações que se enquadrassem no índice de comprometimento de

renda dos tomadores. Com isso, os bancos da Guiné-Bissau reduziriam a exposição ao

risco de inadimplência, uma vez que seria estabelecido o valor máximo de sua renda que

poderia ser absorvido pelo pagamento de dívidas onerosas.

Para analisar os resultados estatísticos do modelo proposto, utilizou-se como

parâmetro o Likehood Value de Nagelkerke, que é uma das principais medidas de avaliação

geral da regressão logística direcionada, tanto para aferir a capacidade do modelo estimar a

probabilidade associada à ocorrência de determinado evento, como para estimar o

percentual do poder de explicação da regressão.

Seguem as variáveis discriminatórias, as pontuações testadas estatisticamente e um

exemplo simulado:

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Quadro 17 – Variável caráter

a. Caráter Pontuação

Com até 3 restrições devidamente esclarecidas através de Certidões

Negativas 10

Sem restrições cadastrais. Cliente Novo 40

Sem restrições cadastrais e com boa experiência em negócios 50

Sem restrições cadastrais e com negativa experiência em negócios 20

Fonte: Elaborado pelo autor

Para validação dessa variável, a condicionante é a existência de empresas gestoras

de informações de crédito que coletem informações restritivas dos tomadores em Guiné-

Bissau.

Quadro 18 – Variável idade

b. Idade Pontuação

Entre 21 e 30 anos 10

Entre 30 e 35 anos 15

Entre 35 e 45 anos 30

Entre 45 e 65 anos 40

Acima de 65 anos 10

Fonte: Elaborado pelo autor

Pressupõe-se pontuações maiores para as faixas etárias mais elevadas, considerando

resultados estatísticos desenvolvidos no Brasil e no exterior que atestam a redução de

inadimplência conforme aumenta a idade dos tomadores

Quadro 19 – Variável estado civil

c. Estado civil Pontuação

Solteiro 15

Casado 25

Divorciado 20

Fonte: Elaborado pelo autor

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Pressupõe-se pontuações maiores para pessoas físicas casadas, considerando

resultados estatísticos desenvolvidos no Brasil e no exterior que atestam que tomadores

casados tendem a apresentar maior comprometimento na amortização de dívidas onerosas.

Quadro 20 – Variável residência

d. Residência Pontuação

Própria 30

Alugada 10

Mora com familiares ou colegas 5

Fonte: Elaborado pelo autor

A posse de imóvel residencial contribui para a redução do índice de

comprometimento da renda dos tomadores e, conseqüentemente, para a atribuição de

pontuações maiores.

Quadro 21 – Variável tempo na residência

e. Tempo na residência Pontuação

Com menos de 1 ano e permanência inferior a 2 anos na moradia anterior 5

Com menos de 1 ano e permanência superior a 2 anos na moradia anterior 20

Entre 1 e 3 anos 20

Entre 4 e 5 anos 25

Entre 5 e 10 anos 30

Superior a 10 anos 35

Fonte: Elaborado pelo autor

Como tomadores desleais tendem a mudar freqüentemente de local de residência,

assume-se que quanto maior é o tempo de residência maior é a atribuição de pontuação.

Deve-se, todavia, considerar que se o cliente recentemente mudou de local de residência, o

parâmetro para atribuição da pontuação deve ser o tempo de residência na moradia

anterior.

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Quadro 22 – Variável estabilidade no emprego/atividade

f. Estabilidade no emprego / atividade Pontuação

Com menos de 1 ano e permanência inferior a 1 ano no emprego / atividade

anterior 0

Com menos de 1 ano e permanência superior a 1 ano no emprego / atividade

anterior 5

Entre 1 e 3 anos 10

Entre 3 e 5 anos 20

Entre 5 e 10 anos 40

Entre 10 e 20 anos 50

Acima de 20 anos 30

Fonte: Elaborado pelo autor

Assume-se que quanto maior é o tempo na fonte geradora de renda, maior é a

atribuição de pontuação. Deve-se, todavia, considerar que se o cliente recentemente

mudou emprego, o parâmetro para atribuição da pontuação deve ser o tempo de atuação no

emprego anterior.

Quadro 23 – Variável cargo/atividade

g. Cargo / atividade Pontuação

Presidente / Diretor 40

Gerente / Superintendente - Empresa de grande porte 30

Gerente / Superintendente - Empresa de médio porte 30

Gerente / Superintendente - Empresa de pequeno porte 25

Supervisor / Chefe de Seção 20

Funcionário Público 25

Fonte: Elaborado autor

Cargos hierárquicos mais elevados devem naturalmente receber pontuações

maiores.

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Quadro 24 – Variável renda mensal liquida consolidada (inclui receita de aluguéis)

h. Renda mensal líquida consolidada (inclui receita de aluguéis) Pontuação

Entre R$5 e R$8M 10

Entre R$8 e R$12M 20

Entre R$12 e R$17M 30

Entre R$17 e R$25M 40

Acima de R$25M 50

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto maior é a renda comprovada, maior é a atribuição de pontuação. Deve-se

analisar, todavia, a situação financeira da fonte geradora de renda para avaliar a

probabilidade de permanência do tomador na empresa durante o período de aprovação do

crédito.

Quadro 25 – Variável número de dependentes

i. Número de dependentes Pontuação

Não possui 30

Entre 1 e 5 15

Entre 6 e 9 0

Acima de 9 -30

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto maior é o número de dependentes, maior é o índice de comprometimento de

renda e, conseqüentemente, maior é a exposição a inadimplência. Por isso, a atribuição de

pontuações menores.

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Quadro 26 – Variável planos de saúde familiar

j. Planos de saúde familiar Pontuação

Não possui -10

Possui com cobertura parcial 20

Possui com cobertura total 30

Fonte: Elaborado pelo autor

Com a deterioração da qualidade do atendimento em entidades de saúde pública, as

pessoas físicas tendem a cada vez mais demandar por planos de saúde. Com isso,

aumentariam seus índices de comprometimento de renda. Todavia, seriam beneficiadas

pela maior longevidade, justificando a atribuição de pontuações maiores.

Quadro 27 – Variável seguro residencial

k. Seguro residencial Pontuação

Não Possui -10

Possui 20

Não possui imóvel residencial 0

Fonte: Elaborado pelo autor

Imóveis resguardados por contratos de seguros aumentariam temporariamente o

índice de comprometimento de renda dos tomadores. Todavia, gerariam contrapartidas

favoráveis quando da ocorrência de evento sistêmico adverso, como enchente, incêndio,

terremoto etc. Por isso, a atribuição de pontuação maior.

Quadro 28 – Variável seguro veículo

l. Seguro veículo Pontuação

Não possui -10

Possui 20

Fonte: Elaborado pelo autor

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Veículos resguardados por contratos de seguros, aumentariam temporariamente o

índice de comprometimento de renda dos tomadores. Todavia, gerariam contrapartidas

favoráveis quando da ocorrência de evento sistêmico adverso, como sinistros e roubos.

Quadro 29 – Variável cartões de crédito

m. Cartões de crédito Pontuação

Não possui 20

Entre 1 e 2 25

Entre 3 e 4 05

Acima de 4 -20

Fonte: Elaborado pelo autor

Para complementar a renda, as pessoas físicas estão recorrendo, cada vez mais, a

utilização de cartões de crédito. Como resultado, estão comprometendo parcela

significativa de suas rendas com o pagamento de juros rotativos muito elevados. Por isso,

quanto maior o número de cartões de crédito possuído, menor a pontuação atribuída.

Quadro 30 – Variável tempo de relacionamento comprovado com o principal banco

n. Tempo de relacionamento comprovado com o principal banco que

faz transações

Pontuação

Inferior a 1 ano 5

Entre 1 e 2 anos 10

Entre 2 e 4 anos 20

Entre 5 e 10 anos 30

Superior a 10 anos 40

Fonte: Elaborado pelo autor

Presume-se que quanto maior for o tempo de relacionamento do tomador com o

banco, maiores são as evidências de tratar-se de cliente prospectivo e pontual. Por isso, as

maiores pontuações atribuídas.

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Quadro 31 – Variável patrimônio (bens móveis e imóveis)

o. Patrimônio (bens móveis e imóveis) Pontuação

Valor inferior a R$350M 5

Entre R$350 e R$550M 10

Entre R$550 e R$800M 20

Entre R$800 e R$1.200M 25

Entre R$1.200 e R$1.700M 30

Entre R$1.700 e R$2.500M 35

Superior a R$2.500M 40

Fonte: Elaborado pelo autor

No processo de decisão de crédito é indispensável confirmar se o tomador possui

patrimônio e sua composição (bens móveis, imóveis e financeiros), sua situação (com ou

sem ônus) e se está livre para vinculação no contrato de crédito, caso o tomador enfrente

situações adversas, como a perda (total ou parcial) de renda. Por isso, quanto maior o valor

do patrimônio disponível, maior a pontuação atribuída.

Quadro 32 – Variável patrimônio (aplicações financeiras)

p. Patrimônio (aplicações financeiras) Pontuação

Não possui 0

Entre R$50 e R$100M 5

Entre R$100 e R$200M 10

Entre R$200 e R$400 15

Entre R$400 e R$700M 20

Entre R$700 e R$1.000M 30

Entre R$1.000 e R$2.000M 40

Acima de R$2.000M 50

Fonte: Elaborado pelo autor

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A posse de aplicações financeiras tende a ser um importante indício de que o cliente

honrará o pagamento das dívidas onerosas, justificando as maiores pontuações atribuídas.

Quadro 33 – Variável índice médio de comprometimento de renda com dívidas

oneras

q. Índice médio de comprometimento de renda com dívidas onerosas Pontuação

Inferior a 10% 35

Entre 10 e 15% 30

Entre 15 e 20% 25

Entre 20 e 30% 15

Entre 30 e 50% 0

Superior a 50% -20

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto maior o índice de comprometimento de renda com dívidas onerosas

assumidas com instituições financeiras, menor a pontuação atribuída.

Quadro 34 – Variável outras atividades profissionais

r. Outras atividades profissionais Pontuação

Autônomo 10

Empresário 30

Profissional Liberal 20

Não possui 0

Fonte: Elaborado pelo autor

Caso o tomador possua mais de uma fonte geradora de renda, menor será a

exposição ao risco de inadimplência, justificando o aumento da pontuação.

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Quadro 35 – Variável idoneidade do negócio

s. Idoneidade do negócio Pontuação

Não apresenta restrições. Existência de atividade operacional não

confirmada 10

Não apresenta restrições. Confirmada a existência de atividade

operacional através de visita. 25

Apresenta restrições esclarecidas através de Certidões Negativas 15

Não possui atividade complementar 0

Fonte: Elaborado por autor

É fundamental que se conheça a situação de idoneidade da fonte geradora de renda

da pessoa física. Caso não existam restrições no mercado que confirmem a inadimplência

da fonte geradora de renda, têm-se indícios de geração de receita suficiente para cobrir os

custos fixos e variáveis – o que incluiria o salário do tomador.

Segue no Quadro 36, o exemplo simulado, considerando o ponto de corte de 290 e

a política de decisão:

Quadro 36 – Parâmetro de decisão

PARÂMETROS DE DECISÃO

Maior que 304: Aprovar a proposta de crédito

De 276 a 304: Encaminhar para análise colegiada / comitê

Menor que 276: Recusar a proposta de crédito

Fonte: Elaborado pelo autor

Resultados:

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78

Quadro 37 – Resultados dos parâmetros para pessoas físicas

Resultados dos parâmetros para pessoas físicas Pontuação Peso %

Pontuação X

Peso

a. Caráter 40 8,00% 3,20%

b. Idade 30 5,00% 1,50%

c. Estado Civil 25 5,00% 1,25%

d. Residência 30 5,50% 1,65%

e. Tempo na Residência 25 5,00% 1,25%

f. Estabilidade no Emprego / Atividade 20 6,00% 1,20%

g. Cargo / Atividade 30 7,00% 2,10%

h. Renda Mensal Líquida Consolidada (Inclui

Receita de Aluguéis) 20 8,00% 1,60%

i. Número de dependentes 10 6,00% 0,60%

j. Planos de Saúde Familiar 30 5,50% 1,65%

k. Seguro Residencial 20 5,50% 1,10%

l. Seguro Veículo 20 5,50% 1,10%

m. Cartões de Crédito 15 4,00% 0,60%

n. Tempo Relacionamento Comprovado com o

Principal Banco 20 5,00% 1,00%

o. Patrimônio (bens móveis e imóveis) 20 4,00% 0,80%

p. Patrimônio (aplicações financeiras) 10 7,00% 0,70%

q. Índice Médio de Comprometimento de Renda

com Dívidas Onerosas 15 8,00% 1,20%

r. Outras Atividades Profissionais 0 0,00% 0,00%

s. Idoneidade do Negócio 0 0,00% 0,00%

t. Faturamento Anual Médio 0 0,00% 0,00%

u. Margem de Lucratividade Operacional 0 0,00% 0,00%

v. Endividamento Bancário de Curto Prazo 0 0,00% 0,00%

x. Grau de Rotatividade do Produto / Serviço em

Época de Recessão Econômica 0 0,00% 0,00%

y. Experiência Adquirida 0 0,00% 0,00%

TOTAL 380 100,00% 22,50%

Fonte: Elaborado pelo autor

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Renda Líquida Mensal 11.000,00

Valor da Parcela Máxima de Novos

Financiamentos a Assumir 2.475,00

CLIENTE PESSOA FÍSICA PONTOS

Pontuação Mínima 30

Pontuação Máxima 610

Ponto de Corte 290

Análise Colegiada / Comitê 276 a 304

Pontuação do Cliente 380

Ao atingir 380 pontos, equivalentes ao índice de comprometimento de 22,50% -

inferior ao parâmetro médio utilizado no mercado brasileiro –, esse cliente obteria a

aprovação de crédito, com prestações mensais toleráveis de até R$2.475,00 de sua renda de

R$11.000,00.

4.5.1. Aplicabilidade do modelo proposto nas amostras

O modelo proposto, sem dúvidas, contribuiria para a tarefa de administração do

risco de crédito em financiamentos às pessoas físicas em Guiné-Bissau. Todavia, o êxito de

sua aplicabilidade somente dar-se-ia caso existissem informações creditícias da conduta de

pagamento dos tomadores no mercado de crédito. Além disso, também seria indispensável

que as instituições financeiras em Guiné-Bissau utilizassem modelos avançados para

avaliar o risco de crédito, como, por exemplos, Credit Scoring, Ratings logísticos, redes

neurais, Value-at-risk, Credit-Monitor etc. Tais condicionantes contribuiriam sobremaneira

para 1. o levantamento de informações históricas da conduta de pagamento dos tomadores,

tanto com o banco que está sendo pleiteado o crédito, como no mercado de crédito como

um todo; e 2. para a projeção de resultados em diferentes cenários econômicos da Guiné-

Bissau.

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A ausência desses mecanismos e, de parte relevante das informações do modelo

proposto no item anterior (4.5) nas políticas de crédito dos bancos de Guiné-Bissau, são

fatores determinantes para o aumento significativo da inadimplência dos tomadores. Para

se ter uma idéia, o modelo de regressão (Logit) proposto, ao ser aplicado em uma amostra

de 200 clientes de uma instituição financeira brasileira de médio porte, gerou os seguintes

dados estatísticos:

Quadro 38 - Teste de Nagelkerke R Square e Chi-square/Brasil

Step Nagelkerke R Square Chi-square Sig.

1 0,819 14,751 0,274

Fonte: Elaborado pelo autor

É possível verificar que a regressão gerou um índice de ajustamento de 81,90%

pelo índice de Nagelkerke, ou seja, as variáveis do modelo, em conjunto, contribuem para

explicação de até 81,90% do aumento da inadimplência no mercado brasileiro.

Face a indisponibilidade de parte das informações do modelo para o mercado da

Guiné-Bissau, o modelo foi testado com mesmo número de amostra (200), só que desta vez

com os clientes de quatro bancos comerciais da Guiné-Bissau, o resultado, embora

aceitável do ponto de vista da coerência, porém, deve ser analisado com ressalvas:

Quadro 39 - Teste de Nagelkerke R Square e Chi-square/Guiné-Bissau

Step Nagelkerke R Square Chi-square Sig.

1 0,547 2,0230 0,001

Fonte: Elaborado pelo autor

A regressão gerou um índice de ajustamento de 54,70% pelo índice de Nagelkerke,

ou seja, as variáveis do modelo, em conjunto, contribuem para explicação de até 54,70%

do aumento da inadimplência em Guiné-Bissau.

Provavelmente, se os bancos de Guiné-Bissau também incluíssem variáveis

representativas de eventos sistêmicos adversos, por exemplo, aumento das taxas de juros e

de desemprego, da situação financeira e de idoneidade das fontes geradoras de renda dos

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tomadores, o índice de explicação da inadimplência seria superior a 54%. As perspectivas

da macroeconomia quando são desfavoráveis, maior é a probabilidade de inadimplência

dos clientes pessoas físicas, em face das necessidades de corte de custos da empresa ou do

governo – o que inclui a demissão de funcionários.

Como resultado, clientes pessoas físicas desempregadas tendem a utilizar seus limites

de crédito com maior freqüência e em valores cada vez maiores geram, em contrapartida,

montantes de juros e parcelas a pagar abusivas, chegando ao ponto de os clientes não

conseguirem mais realizar os pagamentos, seja temporária ou definitivamente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta desta dissertação foi analisar os fatores determinantes de riscos de

inadimplência em créditos às pessoas físicas em Guiné-Bissau e, conseqüentemente, a

proposição de modelo experimental visando reduzir os riscos de inadimplência. Entende-

se que o trabalho alcançou seu principal objetivo, mesmo com a ausência de mais dados

para aprofundar as análises.

Indiscutivelmente, o fundamento para a concessão de crédito e a classificação do

risco às pessoas físicas assenta-se na capacidade do devedor gerar caixa para honrar seus

compromissos. Embora o passado demonstre uma tendência que não pode ser desprezada,

a previsão sobre o comportamento futuro do devedor e/ou da economia é o que será

determinante em conceder ou não crédito.

Nesse contexto, são raras as situações em que o devedor, tendo caixa para cumprir

com suas obrigações, se sujeita a processos judiciais propostos pelo credor para a

recuperação do crédito.

As aplicações dadas ao modelo de Credit Scoring poderão ser aprimoradas. As

observações sobre as características de “Bons-Clientes” e dos “Maus-Clientes”, durante

determinado tempo, poderão resultar em amostras passíveis de tratamento estatístico para

as atribuições de pontuações e pesos aos parâmetros no Scoring das pessoas físicas. Além

dos dados pessoais, poderá o credor elaborar um Scoring mais amplo que inclua variáveis

ou parâmetros comportamentais e o relacionamento global com o devedor. As mudanças

nas variáveis conjunturais, por exemplo, os eventos sistêmicos, seus impactos sobre a

capacidade de solvência de crédito, poderão alterar as pontuações e pesos nos modelos de

Scoring.

As mudanças em variáveis estratégicas e operacionais empreendidas pelos

administradores dos bancos, por exemplo, ou impostas por condições de mercado ou

conjunturais poderão, no médio/longo prazo, alterar o equilíbrio interno do banco,

modificando completamente os riscos avaliados, inicialmente, dos clientes pessoas físicas.

Será necessário, face ao exposto, elaborar periodicamente revisões da carteira de crédito e,

conforme o caso, manter, aumentar ou reduzir o ponto de corte previamente atribuído.

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Para analisar a adequação e confiabilidade das variáveis utilizadas nas políticas de

crédito dos principais bancos de Guiné-Bissau, utilizou-se modelos desenvolvidos no

mercado brasileiro, principalmente de Santos e Famá (2007).

A Guiné-Bissau é um dos países menos avançado do mundo, ocupando 174 º dos

países mais pobres do mundo (ONU, 2010). Entretanto é importante ressaltar que o crédito

na Guiné-Bissau se encontra numa face embrionária e que o modelo de análise e de

avaliação de risco de crédito é obsoleto ou/ defasado. O fato é que à medida que vem

crescendo o crédito em Guiné-Bissau, paralelamente vem aumentando o número de

inadimplentes.

Para dar embasamento a pesquisa, inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica

de pesquisas acadêmicas abordando os procedimentos objetivos e subjetivos de análise de

crédito para carteiras massificadas, como a de pessoas físicas.

Como parâmetros para a elaboração do modelo proposto de Credit Scoring,

descreveu-se os modelos de pontuação de risco da Serasa, de Santos e Famá (2007) e de

Magalhães e Mário (2010).

O modelo de Credit Scoring proposto foi desenvolvido considerando as

informações coletadas nas entrevistas com os gestores da área de crédito das principais

instituições financeiras de Guiné-Bissau e uma instituição financeira brasileira de médio

porte. No caso específico de Guiné-Bissau, a constatação de inexistência de informações

creditícias no mercado de crédito e ao subjetivismo das análises do risco de inadimplência

dificultaram a testagem do modelo proposto que inclui variáveis relevantes que não eram

utilizadas historicamente nos procedimentos de análise de créditos em Guiné-Bissau.

Enquanto que para o mercado brasileiro, o modelo proposta contribuiu para explicar a

inadimplência em 81,90%, em Guiné-Bissau esse índice foi de 54,70%.

Provavelmente, se os bancos de Guiné-Bissau também incluíssem variáveis

representativas de eventos sistêmicos adversos (aumento das taxas de juros e de

desemprego, por exemplo), de informações restritivas no mercado de crédito, e da situação

financeira e de idoneidade das fontes de geração de renda dos tomadores, o índice de

explicação seria superior. Para isso, é indispensável que o governo e as empresas locais

invistam na criação de agências de gestão do risco de crédito (como a Serasa no Brasil) e

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84

que haja um monitoramento / auditoria do Banco Central para verificar se os credores estão

tomando decisões considerando as informações destacadas no modelo de Credit Scoring

proposto.

Acredita-se que essa pesquisa sirva de referencial para o desenvolvimento de novos

trabalhos que venham contribuir ainda mais para a gestão do risco de crédito, não só na

Guiné-Bissau como em outros países da África. Como indicação, poder-se-iam

desenvolver trabalhos considerando novas variáveis dependentes e independentes.

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ANEXOS

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AO SENHOR (A) DIRETOR (A) DO BANCO - BDU

ASSUNTO: Pesquisa Acadêmica – Nível Mestrado

Apresento os meus melhores cumprimentos a V.EXª, por isso tenho a honra e o prazer de

comunicar a V.EXª, o seguinte:

O meu nome é Iaia Augusto Cuma, filho de Augusto Cuma e de Linda Passu, nascido em

Bolama (Guiné-Bissau) no dia 07/07/1975. Mestrando em Administração Financeira de

Programa de Estudos de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo/ PUC-SP.

Vim através de esta solicitar, a pesquisa acadêmica na área de crédito na instituição que

V.EXª dirige.

Doravante, aproveito antecipadamente para agradecer a sua disponibilidade!

Bissau, 25 de Julho de 2011

Atentamente

Mestrando Iaia Augusto Cuma

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AO SENHOR (A) DIRETOR (A) DO BANCO - BRS

ASSUNTO: Pesquisa Acadêmica – Nível Mestrado

Apresento os meus melhores cumprimentos a V.EXª, por isso tenho a honra e o prazer de

comunicar a V.EXª, o seguinte:

O meu nome é Iaia Augusto Cuma, filho de Augusto Cuma e de Linda Passu, nascido em

Bolama (Guiné-Bissau) no dia 07/07/1975. Mestrando em Administração Financeira de

Programa de Estudos de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo/ PUC-SP.

Vim através de esta solicitar, a pesquisa acadêmica na área de crédito na instituição que

V.EXª dirige.

Doravante, aproveito antecipadamente para agradecer a sua disponibilidade!

Bissau, 25 de Julho de 2011

Atentamente

Mestrando Iaia Augusto Cuma

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Questionário

As informações abaixo serão trabalhadas no conjunto. Portanto, não serão

especificadas as respostas das instituições pesquisadas, bem como os nomes dos

responsáveis que responderam o questionário. Trata-se simplesmente da pesquisa

acadêmica para a Dissertação de Mestrado do programa de estudos de pós – graduação em

administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo /PUC-SP, financiado pelo

CAPES.

1 – Dados Gerais

Nome da Instituição: _____________________________________________________

Composição da Carteira de Crédito em percentual:

- pessoa física

%__________

Obs.: __________________________________________________________________

2 – Crédito as Pessoas Físicas

a) Os itens abaixo são considerados para a tomada de decisão?

SIM NÃO Peso de 0 a 10

Tempo de Correntista ____ ____ ___________

Idoneidade ____ ____ ___________

Capacidade Financeira ____ ____ ___________

Aspetos Demográficos ____ ____ ___________

Colateral ____ ____ ___________

Tempo de Trabalho ____ ____ ___________

Cargo ou Função no Trabalho ____ ____ ___________

Casa Própria ____ ____ ___________

Fonte Geradora de Renda ____ ____ ___________

Eventos Sistêmicos ____ ____ ___________

Relacionamento Bancário ____ ____ ___________

Outros ____ ____ ___________

Quais___________________________________________________________

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b) Utiliza-se de sistemas automáticos para a concessão de crédito? SIM___NÃO___

c) Tem dívidas vencidas ou em atraso com outro Banco? SIM___NÃO ____

Quais:______________________________________________________________

__

d) Tem Cartão de Crédito? SIM___NÃO___

e) Taxas de Juros? SIM___NÂO___

f) PIB ( ) ↑ ( )↓

Bissau, 25 de Julho de 2011

Obrigado pela sua colaboração

Mestrando Iaia Augusto Cuma

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República da Guiné-Bissau

Conselho de Ministros

Comitê Nacional de Política Econômica da Guiné-Bissau

É uma estrutura base de supervisão multilateral da Guiné-Bissau em relação aos

demais membros da UEMOA (União Econômica Monetária Oeste Africana ou da África

Ocidental), órgão que controla a economia dos oitos países membros da supracitada

organização regional. O comitê nacional de política (CNPE) foi criado pelo conselho dos

ministros das finanças da UEMOA sob decreto nº01/96/CM/UEMOA. O objetivo principal

da sua criação é assistir a comissão da UEMOA na coleta, tratamento e na análise dos

dados estatísticos, financeiros, e das informações relevantes ao crescimento econômico do

país. Ele é responsável também pela gestão de base de dados estatísticos, preparação de

relatório para UEMOA sobre a situação econômica e financeira do país, preparação de

programas plurianuais de convergência (crescimento e estabilidade econômica), avaliação

do impacto de política econômica vigente.

Quanto ao enquadramento institucional e as estruturas nacionais implicados nos

trabalhos do CNPE (comitê nacional de política econômica), o conselho dos ministros é

responsável pelo comitê, onde indica um presidente interno, um secretário permanente com

o seu vice e uma secretária administrativa. O ministro das finanças é responsáveis pela

indicação dos restantes dez membros estatutários efetivos externos, estes membros

geralmente são diretores gerais de diferentes setores da vida econômica do país, são os

responsáveis pela formulação de política econômica sob a orientação do ministro das

finanças, a saber:

DGT (Diretor geral do trabalho);

DGO (Diretor geral do orçamento);

INEC (Diretor geral de instituto nacional de estatística e censo);

DGCP (Diretor geral de conjuntura e previsão);

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DGC (Diretor geral do comércio)

DGIR (Diretor geral de integração regional);

DGP (Diretor geral do plano);

DGCI (Diretor geral de contribuição e impostos);

BCEAO (Um representante do Banco Central dos Estados da África

Ocidental - BCEAO).

O Conselho de Ministros

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O MODELO DA DECLARAÇÃO DA FONTE EMPREGADORA

DECLARAÇÃO

Nome da instituição ____________________________________,declara para efeitos de

financiamento bancário, o Senhor (a) funcionário (a)

_________________________________ é titular de contrato de trabalho (renovável/ ou

permanente) desde a data ____________. Auferindo salário líquido no valor de (em

algarismo e por extenso) _______________________________, a instituição assegurará

de forma irrevogável a transferência mensal das parcelas da dívida durante o período de

______ anos e ______ meses enquanto vigorar o contrato de trabalho celebrado com a

organização, os salários mensais bem como quaisquer outros benefícios do trabalhador,

incluindo a eventual indenização pelo tempo de trabalho prestado, para a conta número

______/____/________ aberta em nome de ___________________________________

junto do Banco X.

Nome e Cargo do Responsável da Empresa

___________________________________

Bissau, ____ de ________________de 20___

Assinado

Assinatura do Responsável

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DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A SOLICITAÇÃO DE CRÉDITO EM

GUINÉ-BISSAU

DOC.

DOCUMENTOS EXIGIDOS

OBS

PROPONENTE

1

Carta de Solicitação de Crédito Dirigido ao

Diretor Geral do Banco

2

Cópia de Bilhete de Identidade (tipo RG no

Brasil)

3

Formulário Preenchido da Solicitação de Crédito

Com Assinatura do Proponente

e do Avalista

4

Cópia de Contrato de Trabalho

Com Assinatura do Proponente

e do Empregador

5

Declaração Irrevogável Conforme a N/Minuta

Com Assinatura do Empregador

6

Os Recibos dos Dois últimos Salários

Fact. Prof. / Doc. C.M.B./

Decla. C.Venda

7

Justificativa de Compra

8

Formulário Preenchido de Seguro de Vida

AVALISTA

1

Cópia de Bilhete de Identidade

2

Cópia de Contrato de Trabalho

3

Os Recibos dos Dois Últimos Salários

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111

INFORMAÇÕES SOBRE A DESIGNAÇÃO, SIGLA, CAPITAL SOCIAL,

NÚMERO DE GUICHÊS E A DATA DE APROVAÇÃO DE ABERTURA DOS

BANCOS COMERCAIS EM GUINÉ-BISSAU

Designação Sigla dos

Bancos

Capital Social

em 31/12/2010

Número

de

Guichês

Data de

Aprovação/Despacho

Banco da África

Ocidental

BAO R$ 16.666.666,67 7 Despacho nº443-98/CB

de 16/12/1998

Banco da União BDU R$ 16.666.666,67 2 Despacho nº230/CB/C

de 01/04/2005

Eco Bank Guiné

- Bissau

ECOBA -

NK GB

R$ 22.666.666,67 4 Despacho nº47 106 de

29/11/2006

Banco Regional

de Solidariedade

BRS GB R$ 6.666.666,67 2 Despacho

nº23/GMF/05 de

09/05/2005

Total R$ 62.666.666,68 15 IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

C/C: Banco Central dos Estados da África Ocidental - BCEAO

Bissau em 31/12/2010

Page 129: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO/ PUC … Augusto... · Doutor Francisco Antônio Serralvo, pela bolsa de estudos. Á Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC-SP,

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