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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
Produto desenvolvido no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
Dissertação: A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO
ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E
PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Mestrando Fernando Marques Teixeira
Orientador Prof. Dr. Fernando Costa Amaral
Belo Horizonte
2015
INTRODUÇÃO
A relevância dos “Projetos de Trabalho” na escola com
foco nas “Feiras de Ciências”.
Muitas escolas estão adotando, a cada dia, diferentes estratégias
pedagógicas para responder a necessidade da formação do sujeito integral,
facilitando a construção da subjetividade para crianças e adolescentes, de forma
que possam criar estratégias e recursos para interpretar o mundo e escrever
sua própria história. Para isso, é preciso que a escola possibilite ao aluno, a
vivência de situações diversas que favoreçam seu aprendizado, capacitando-as
ao diálogo com a comunidade e à participação da vida em todos os seus âmbitos:
científico, cultural, social e político.
Dentro desse contexto, o uso de PROJETOS DE TRABALHO no ensino tem
figurado como instrumento importante contribuindo para práticas mais
eficazes dentro da escola. Mais do que apresentar um determinado conteúdo de
forma neutra, o professor pode discuti-lo e ampliá-lo retirando de si o papel
centralizador de disseminação da informação, passando para o aluno, o papel
de pesquisador na formação do seu próprio conhecimento. Desta forma essa
prática pedagógica traz em si uma filosofia de ensino que coloca o professor
como propositor, incentivador e orientador, e os alunos como pesquisadores e
divulgadores de conhecimentos, posturas e práticas.
As “FEIRAS DE CIÊNCIAS” ou “MOSTRAS CIENTÍFICAS” já foram mais
populares no Brasil, tendo seu ápice na década de 90. Contudo, ainda hoje, elas
são utilizadas por algumas escolas como estratégia pedagógica capaz de alterar
a rotina, muitas vezes enfadonha, das aulas expositivas, incentivar os alunos a
se tornarem protagonistas de seu aprendizado, desenvolvendo competências,
criticidade, autonomia, criatividade e espírito cooperativo na resolução de
problemas.
Deve-se buscar superar a falta de recursos financeiros e materiais, o
possível desinteresse dos alunos, a dificuldade dos professores em se
organizarem para a elaboração e desenvolvimento de propostas, as jornadas de
trabalho duplas e triplas que, aliada a premência na abordagem dos conteúdos
curriculares, representam possíveis obstáculos ao desenvolvimento de
atividades extracurriculares. Assim, os projetos de trabalho, como as “Feiras de
Ciências”, requerem mudanças na concepção de ensino-aprendizagem, na
postura dos professores, dos orientadores educacionais e da própria escola.
Destacamos também que, além do potencial formador e transformador para os
alunos, as “Feiras” favorecem a identificação dos alunos com a instituição de
ensino e divulgam a escola para a comunidade.
A importância do ensino de nutrição nas escolas.
Novos padrões de comportamentos alimentares decorrentes do
desenvolvimento social, científico e tecnológico, incentivados pela mídia
e assumidos por grande parte da população têm, nos últimos anos,
desencadeado alguns dos principais problemas de saúde pública no
mundo.
Em poucas décadas mudou-se o paradigma da desnutrição e da carência
alimentar para o da superalimentação, com quantidade excessiva de
calorias, desequilíbrios e deficiências nutricionais, além do uso
indiscriminado de aditivos em alimentos industrializados de
suplementos e moduladores metabólicos usados indiscriminadamente na
busca por padrões corporais socialmente determinados.
Em decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida
observamos o desenvolvimento de novas epidemias como: obesidade,
sobrepeso, problemas cardiovasculares, diabetes, dentre outras, que
comprometem a saúde de uma população cada vez mais jovem. O
crescente número das patologias associadas ao padrão alimentar dos
indivíduos reclama por educação e estímulo para aquisição e manutenção
de hábitos alimentares saudáveis o mais precocemente possível na vida
de crianças e jovens.
Entendendo que parte da responsabilidade na formação desses hábitos e
posturas sociais cabe à educação escolar, como sugerido nos temas
transversais no PCN (BRASIL, 1998), e que apenas estudos em livros, aulas
expositivas e palestras não são normalmente capazes de produzir a
educação formativa e transformadora de atitudes que se almeja, é que
apresentamos esse “Roteiro de atividades”.
APRESENTAÇÃO
O presente “Roteiro Orientado” pretende servir como material de apoio
para orientar professores do Ensino Fundamental e Médio na elaboração,
desenvolvimento e avaliação de projetos de pesquisa e trabalho com culminância
em “Feira de Ciência”. E foi na forma de “produto” desenvolvido, aplicado e
avaliado no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática, da Dissertação: “A FEIRA DE
CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE
CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS
DO CICLO FUNDAMENTAL.”
A temática do projeto de pesquisa e trabalho “NUTRIÇÃO E SAÚDE” foi
escolhida dentre os temas transversais sugeridos pelos PCN, e devido a sua
relevância para a formação dos alunos dentro de um enfoque “Ciência Tecnologia
Sociedade e Ambiente” CTSA, que orienta para a relevância de aproximar o aluno
da interação com a ciência e a tecnologia e ambiente em todas as dimensões da
sociedade, oportunizando a ele uma concepção ampla e social do contexto
científico-tecnológico, sugerindo a necessidade do desenvolvimento de valores e
competências para a formação cidadã.
É fundamental transformar a educação científica num processo que permite aos
alunos a leitura do mundo e a interpretação/reflexão sobre os acontecimentos
presentes em nossa dura realidade. Não faz sentido concebermos uma educação
científica que não contemple os problemas dessa sociedade se fechando num
compartimento isolado onde só existem conceitos, fórmulas, algoritmos, fenômenos e
processos, a serem memorizados acriticamente pelos educandos. (TEIXEIRA, 2003, p.
101).
Embora esse roteiro sugira uma forma organizada para a execução dos
trabalhos, por meio de etapas pré-estabelecidas, ele não pretende mais do que
incentivar e orientar a estratégia pedagógica que pode comportar novas
abordagens e adequações temáticas e metodológicas. Para isso os professores
devem estar atentos às oportunidades fornecidas pelo momento histórico, pelas
demandas sociais e ambientais, e mesmo do grupo de alunos com suas
necessidades e possibilidades físicas, fisiológicas, psicológicas, suas visões sociais
e políticas.
Destacamos ainda que, opinião dos alunos e dos demais educadores na
escolha do tema e dos subtemas normalmente agrega o grupo, pois estão
trabalhando com assuntos desejado, favorece a participação e valoriza mais o
trabalho. Com os alunos se envolvendo e colocando a mão-na-massa desde a
elaboração até a execução do projeto, as chances de sucesso são maiores,
favorecendo não só a aquisição de conhecimento como também promovendo
mudanças de comportamentos e posturas, capazes de proporcionar uma melhor
saúde física e mental, aprimorando as relações interpessoais, e uma melhor
qualidade de vida para o aluno e para a comunidade.
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A pedagogia de projeto requer uma MUDANÇA DE POSTURA EDUCACIONAL, um repensar da prática pedagógica, onde o PROFESSOR passa a ser o MEDIADOR DA APRENDIZAGEM.
No planejamento do projeto pedagógico devemos buscar ATIVIDADES SIGNIFICATIVAS E TRANSDICIPLINARES.
Quando elaboramos um projeto é FUNDAMENTAL ESTABELECER OS OBJETIVOS que desejamos e podemos alcançar com o trabalho, não só para estabelecer intenções pedagógicas e orientar os grupos de trabalho, mas para intervir no decorrer do processo e, na avaliação final confrontar o que foi objetivado com o que foi obtido.
O Planejamento do projeto de trabalhos a FLEXIBILIDADE deve ser contemplada de modo que o tempo e as condições para a sua execução sejam sempre reavaliados em função dos objetivos inicialmente propostos, dos recursos à disposição dos grupos e de eventualidades.
O projeto de trabalho é uma ATIVIDADE ORIENTADA em direção a um objetivo que dará sentido a várias atividades a serem desenvolvidas como os recursos materiais e humanos disponíveis resultando em diversas produções.
A busca de informações pelos alunos é orientada e O PROFESSOR NÃO APRESENTA RESPOSTAS PRONTAS.
O projeto permite a construção de uma ESCOLA INSERIDA NA REALIDADE E ABERTA PARA MÚLTIPLAS RELAÇÕES COM A SOCIEDADE.
As práticas desenvolvidas normalmente superam uma visão estática e descontextualizada, APOIANDO-SE NO REAL, NO CONHECIMENTO PRÉVIO DOS ALUNOS e no que querem conhecer.
Os alunos se comprometem a uma participação ativa e estabelecem um bom vínculo com o conhecimento.
Cada grupo é único, as propostas são diferentes e os participantes têm normalmente ritmos diferentes. Portanto UM TRABALHO NÃO DEVE SER COMPARADO COM O OUTRO.
O professor deve estar atento a
algumas características próprias
dos projetos pedagógicos para sua
implantação, gerenciamento e é
claro, SUCESSO!
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Passo-a-passo: Elaborando a Feira de Ciências!
Nós aprendemos melhor quando
estamos prontos para aprender
O aprendizado é favorecido pela
aplicação.
Nós aprendemos melhor quando
os novos conhecimentos são úteis
e benéficos.
Aprendizado bem sucedido
estimula mais aprendizado.
Devemos saber ou conhecer para
fazer.
A prática e a aplicação são
requeridas.
Os projetos desenvolvidos são
baseados em necessidades e
relevância do momento.
A complexidade do projeto tende
a aumentar no seu
desenvolvimento.
INTENÇÃO PEDAGÓGICA - estabelecer seus objetivos pensando nas necessidades
e interesses dos alunos, para posterior instrução e problematização do assunto, direcionando a curiosidade e sugerindo a montagem de projetos, de forma dialógica.
PREPARAÇÃO E O PLANEJAMENTO - o professor, ou grupo de professores, deve orientar o desenvolvimento das principais atividades à serem desenvolvidas pelos
alunos definindo os tempos e datas para a execução das tarefas, as estratégia para coleta e análise dos materiais de pesquisa. Sugere-se ainda elaborar com os alunos
a o registro dos conhecimentos prévios sobre o tema, as possíveis dúvidas, questionamentos e curiosidades a respeito do tema, as fontes de pesquisa e sua qualidade, objetivando responder adequadamente aos questionamentos propostos,
contribuindo para a formação de competências, autonomia, e desenvolvimento de autoestima.
EXECUÇÃO OU DESENVOLVIMENTO - acompanhar e gerenciar a realização das atividades propostas com a participação ativa dos alunos, criando possibilidades para
sua construção de conhecimentos, competências, e posturas sociais.
AVALIAÇÃO PROCESSUAL E FINAL – a avaliação processual é fundamental para
dar o suporte que os alunos necessitam e corrigir rumos no decorrer dos trabalhos,
enquanto a final se presta a avaliar o projeto como um todo oportunizando aos
alunos externar de suas impressões, opiniões, conclusões, sugestões e sentimentos
a respeito do projeto.
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.
Para escolha do tema “Nutrição e Saúde” o professor deverá
primeiramente fazer uma breve sondagem sobre a
importância do tema para a escola, os alunos e a comunidade
escolar, correlacionando a sua significância dentro de um
contexto nacional ou até mesmo mundial. Verificar se a
escolha dele se faz necessário para o atual momento vivido
por todas pessoas que se envolverão com o assunto. Caso
ainda esse não seja o momento de desenvolvimento do
projeto este pode ser postergado para uma nova
oportunidade.
Normalmente essa seria uma excelente oportunidade dos alunos do 8º do Ensino
Fundamental trabalharem diversos assunto que contemplem o tema em questão. Uma vez
que o conteúdo se faz presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN para o Ensino
A escolha do tema subsidiará a escolha
dos subtemas, com sugestões dos
professores e dos alunos que devem
ser então analisadas e selecionadas de
acordo com o interesse as
possibilidades de execução das
mesmas.
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Fundamental. O 9º ano também estaria apto a desenvolver este projeto uma vez que
possuem bases conceituais normalmente bem apuradas, adquiridas no ano anterior.
O esquema ilustra a possibilidade de escolha de outros temas transversais sugeridos pelo
PCN do ensino fundamental.
Envolver os alunos desta faixa etária nesse tema se justifica pelo fato dessa idade ser o
momento em que os alunos começam a se preocupar um pouco mais com o
desenvolvimento corporal, ingestão controlada ou não de alimentos, tomada de decisões
sem a consulta dos familiares e relacionamentos profundos com outras pessoas que podem
influenciar positiva ou negativamente a nutrição e saúde dos jovens. Além de definir alguns
hábitos alimentares que poderão se perpetuar durante a vida adulta.
Dentro do tema em questão podem ser trabalhados uma gama enorme de subtemas, nesse
momento é importante que o professor deixe o aluno apresentar suas ideias. Quando o
aluno tem a liberdade de escolher o assunto a ser trabalhado as chances de sucesso são
maiores, a possibilidade de aprendizado aumenta e os resultados alcançados são mais
satisfatórios. Caso seja necessário separamos uma lista de subtemas que podem servir de
opções aos alunos, lembrando que é importante que se ofereça essas opções somente
após os alunos tentarem escolher seus próprios assuntos.
Possíveis temas transversais
Destino das águas servidas
Poluição Qualidade de
vida
Solo e atividades
humanas Água, lixo, solo e saneamento
básico
Recursos
tecnológicos
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O papel dos sais minerais e das vitaminas para a saúde humana.
Aproveitamento integral dos alimentos (evitando o desperdício)
Oficina de receitas - contribuições da comunidade.
O perigo dos excessos alimentares (de gordura; de sal; do álcool).
A bulimia e a anorexia (imagem corporal ou saúde?).
O perigo da suplementação alimentar e anabolizantes propagada por
academias de ginástica
Doenças que impõe restrição nutricional. (Diabetes, hipertensão,
Intolerância a lactose...)
Alimentos integrais ou processados (o caso do arroz e do pão)
(conservantes usados na indústria – em excesso
podem ser prejudiciais à saúde)
Verduras, legumes e frutas com defensivos agrícolas ou
orgânicas (como podemos evitar os defensivos a ingestão de
venenos agrícolas?)
Virtudes e problemas de diferentes alimentos.
Obesidade e desnutrição infantil.
Métodos de conservação dos alimentos. (Antigos e atuais)
Sucos e vitaminas naturais e seus benefícios à saúde.
(Oficina dos Sucos)
Cultura alimentar de diversos países do mundo.
Cuidados e higienização no preparo dos
alimentos - possíveis contaminantes.
Prática das atividades físicas associadas a boa
alimentação e seus benefícios na saúde do
indivíduo.
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Interpretação de rótulos (Mostrando os percentuais de sal,
açúcar e gordura e conservantes nos alimentos
industrializados).
Doenças relacionadas a má alimentação. (Hipertensão,
sobrepeso, obesidade, gastrites e cânceres).
Onde mora o perigo dos “fast-foods”.
Pirâmide Alimentar orientando a nutrição equilibrada e mais saudável.
Alimentação na gestação, na infância, e para idosos,
dicas e cuidados.
Doenças nutricionais do passado recente.
Os perigos das propaladas “dietas milagrosas”.
“Cantina inteligente”, alimentos saudáveis e saborosos
dentro da escola.
Dentro das escolhas alguns fatores devem ser levados em consideração, pois podem ser
o diferencial na hora de um projeto dar certo ou não. Elementos como necessidade e
disponibilidade de recursos, espaço físico
disponível, número de integrantes de cada
grupo, complexidade dos subtemas, nível de
aprendizado e motivação dos estudantes,
envolvimento dos demais professores da
escola entre outros são importantes de
serem observados antes do
desenvolvimento das etapas do projeto.Com
esse levantamento prévio se pode ter noção
do tamanho e nível do trabalho a ser
elaborado.
Uma dica importante para se esquivar da falta de recursos é a promoção de atividades para
angariar fundos para elaboração da mostra. Gincanas, rifas, vendas de lanches alternativos
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saudáveis podem funcionar muito bem, além de solicitação de produtos e serviços
solidários nos comércios próximos a escola.
Após a escolha do tema é o momento de se planejar e elaborar as estratégias que serão
utilizadas tanto para a pesquisa e desenvolvimento dos trabalhos quanto para a
apresentação. Nesse momento é sempre importante
mostrar aos estudantes quais os objetivos do projeto
e o que eles irão conquistar com seus esforços. Os
objetivos são bastante diversos, podem ser pessoais
ou coletivos, o qual merece destaque é a qualidade
de vida adquirida ao se levar a vida com alimentos
mais saudáveis. A oportunidade de se salvar vidas
que se entrelaçam com hábitos nada saudáveis.
Aprimorar a autoestima, tornando-se uma pessoa mais feliz. Além de se apoderar
da sensação de ser também um divulgador do conhecimento.
Importante lembrar das pesquisas e incentiva-las, pois deverão ser feitas para a coletar
dados e embasamento teórico para a elaboração dos trabalhos.
Recompensas nas mais variadas formas aos destaques da
“Mostras” são relevantes, tais como viagens, brindes, certificados,
confraternizações, trocas das temidas avaliações escritas por
avaliações de cada etapa do projeto permite que eles consigam
ativar regiões do cérebro responsáveis por aguçar os interesses
no trabalho em questão. Nesse sentido, estas e outras estratégias
que vierem a surgir podem ser importantes na questão
motivacional, item imprescindível para todo o processo acontecer perfeitamente.
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A primeira estratégia a ser implantada é de capacitar os alunos
com os conteúdos pertinentes aos temas e subtema da feira.
Como isso pode ser feito? De várias maneiras, considera-se
importante reservar de 6 a 8 horas/aulas para conceituação
teórica do tema, explorando as principais biomoléculas
(Proteínas, Carboidratos, Lipídios, Vitaminas e sais minerais),
essa etapa bem executada é de suma importâncias para o
sucesso das etapas seguintes. Contribuirá por exemplo, para
que o aluno entenda o porquê de se limitar o consumo de certas
substâncias, como elas agem no organismo e ainda melhorar o
poder argumentativo do pré-adolescente, nesse período um
pouco limitado acerca do assunto.
Para ainda melhorar o embasamento, caso a escola tenha
disponível um laboratório de Ciências, é interessante que se execute
pelo menos 2 horas/ aulas práticas do conteúdo. Nesse momento
você estará estimulando o poder investigativo do aluno, e permitindo
que ele aprenda a seguir orientações para encontrar realizar um
experimento, e que este ainda possa ser diferente do previsto.
Após esses dois momentos, os pequenos cientistas estão
tecnicamente preparados para montar os seus trabalhos e demonstra-los em pequena
escala. Chegou então o momento deles prepararem os seminários. Podem ser bem
simples, para que os alunos melhorem suas escritas e premissas sobre os assuntos em
questão, podem ser sugeridos seminários com duração de 15 a 20 minutos por grupo, além
de uma parte escrita a ser entregue no ato da apresentação. Esse momento pode ser feito
de forma individual ou em pequenos grupos de três, quatro pessoas. Grupos reduzidos
tendem a fazer com que todos participem de efetiva nas atividades, gerar boas quantidades
de ideias e temas diversificados, e ainda possibilitar maior facilidade de observação pelos
professores no desenvolvimento de cada jovem em seus materiais produzidos. Grupos
grandes podem fazer com que os alunos se dispersem nos temas e ainda que uns alunos
façam o trabalho para os outros.
Outra estratégia que pode mobilizar os grupos e também toda escola é a criação de uma
cantina saudável dentro da escola. Pode-se aproveitar a tradicional que funciona dentro da
escola, e ao invés de vender lanches e guloseimas com baixo valor nutritivo e alto teor
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calórico serem colocados alimentos naturais, como salada de frutas, sucos naturais,
vitaminas, alimentos integrais em geral. Essa implementação pode ser feita uma vez por
mês, ou por semana inicialmente, para que todos da escola se acostumem bem
vagarosamente com os novos hábitos da escola, evitando possíveis revoltas ou
insatisfações.
Vamos trabalhar! Essa etapa pode levar algumas
semanas e até meses, tudo depende da liberdade da
escola em se direcionar o tempo de aula única e
exclusivamente na execução das estratégias
escolhidas. Primeiro, o professor deve reservar
algumas de suas aulas para apresentação das suas
aulas teóricas sobre o tema, discussões e debates
são importantes para potencializar a aula. Em
seguida, sem esperar passar por muitos dias após as
aulas teóricas, aplique as aulas práticas, isso ajudará
o seu aluno a aperfeiçoar os conceitos recebidos na
aula teórica e despertar o cientista dentro de si,
estimulando seu potencial de pesquisador e
desenvolvedor de ideias.
Chegou a hora de o aluno assumir o comando e os professores intermediando as decisões,
ele deverá agora escolher subtemas dentro do tema Nutrição e Saúde, de preferência
assuntos que despertem maior interesse por parte dele, realizar pesquisas sobre o assunto
e apresentar para os próprios colegas de sala. Caso sinta que os alunos já estejam com
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maior confiança, podem ser convidadas as turmas das séries seguintes para
acompanhamento dos trabalhos.
A cantina saudável também é importante durante todo processo, é uma maneira de incitar
toda a comunidade escolar para o tema selecionado. Importante criar um nome para a
cantina, por exemplo, Cantina Legal, Saudável, Inteligente, nomes vistosos podem
melhorar ainda mais a ideia. Em seguida, deve-se
elaborar o cardápio a ser oferecido, considerável
que seja diversificado com intuito de atender a
vários gostos. De posse do cardápio fazer o
levantamento das relevâncias desses alimentos
escolhidos na vida das pessoas como nutrientes
presentes, como se comportam dentro do
organismo, se ajudam ou não no tratamento de
doenças, se podem ser consumidos por todos
entre outros aspectos que se julguem necessários
e pertinentes ao público escolar. Elaborar painéis dessas informações e expor durante o
recreio podem gerar interesses dos alunos sobre o assunto. Outro aspecto a se considerar
no sucesso da cantina está em relação ao valor dos alimentos, preço justo nesse início é
sempre importante e pode atrair mais adeptos ao movimento.
No momento em que se deixa o aluno livre para realizar suas escolhas e construir seus
materiais poupáveis para apresentação no dia da
“Feira” começa-se a surgir diversos projetos
interessantes, basta agora você apenas direcionar o
barco que desloca a todo vapor! Dentro do tópico em
questão desse trabalho podem se destacar diversos
recursos que podem ser produzidos por alunos.
Cantina inteligente, onde serão oferecidos ao público
da mostra alimentos importantes para saúde (produto
que poderá ser aperfeiçoado ao longo de todo o
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processo com culminância na feira). Clínica Legal, local no qual poderá servir de uma
triagem básica sobre a sua saúde atual, com a medição do peso, pressão, IMC com as
devidas orientações, tais como recomendar a procura de uma especialista para fazer o
analise oficial, além de esclarecimentos sobre diversas doenças relacionadas a má
alimentação. Oficina de sucos naturais, com receitas e dicas de alimentos promotores da
saúde. Interpretação dos rótulos, exposição de percentuais de açúcar, lipídeos e sal
presente nos alimentos industrializados utilizados no dia a dia das pessoas, com o propósito
de informar os males desses componentes em excesso no
organismo. Pirâmide alimentar, mostrando ao público as
diferentes prioridades alimentares em diversas culturas do
mundo, as mudanças das pirâmides alimentares ao longo dos
anos, vantagens e desvantagens de cada uma. Mostras dos
principais suplementos e anabolizantes usados por desportistas
famosos, ou pessoas comuns e seus efeitos a saúde.
Esses são alguns dos materiais que podem surgir após o
desenvolvimento de todas as estratégias propostas, os alunos
muitas vezes tem uma visão dentro do trabalho que nós mesmo
imaginamos, nos resta acompanha-los e direciona-los até o final desse processo.
É importante sempre valorizar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, mesmo aqueles
que não conseguiram atingir seus objetivos reais, atitude necessária uma vez que pode
servir de um estímulo para os próximos trabalhos a
serem feitos, seja no nível fundamental, médio ou
superior. Evitar equiparar trabalhos é uma boa maneira
de se evitar frustrações. Uma negativa nesse período da
vida pode refletir de forma ruim na vida do estudante por
um bom tempo.
As avaliações poder ser realizadas de diversas formas,
durante o desenvolvimento ou na culminância do
trabalho, sendo necessário ser feita de forma cuidadosa
a fim de se não causar injustiças com os alunos e mantê-
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los sempre motivados. A primeira dica é convidar os professores das demais áreas para
poderem avaliar os alunos, principalmente durante o dia da mostra, momento pelo qual os
professores poderão ter melhor oportunidade de acompanhar os trabalhos. Uma análise de
pessoas que não estão envolvidas diretamente ao projeto podem apontar críticas
construtivas favorecedoras do crescimento intelectual dos estudantes.
Os educadores poderão avaliar através de notas, questionários com perguntas
direcionadas ao desenrolar do trabalho como: Achou o tema pertinente? Os alunos estavam
preparados para as apresentações? Os conteúdos estavam superficiais? Podem também
tecer comentários de formas espontâneas, o importante é conseguir uma opinião técnica
de pessoas que não participaram das etapas anteriores do projeto. Diretores e comissão
pedagógica podem também se envolverem com as avaliações, isto pode ser mais
motivador aos grupos.
Outra ideia é convocar os pais e familiares dos alunos para poderem fazer suas
considerações sobre os trabalhos dos filhos, para evitar constrangimentos entre pais e
filhos sugiro que os pais ponderem os trabalhos dos grupos que os seus filhos não estejam.
Durante as etapas de desenvolvimento dos trabalhados é pertinente fazer a avaliação dos
alunos pelos professores orientadores. A avaliação subdividida pode estimular o aluno
durante todo o processo, evitando que o aluno deixe tudo para a última hora, não se
esqueça de comunicar a ele que a avaliação ocorrerá durante todo o processo.
Por exemplo durante as aulas expositivas sobre os conceitos básico do tema podem ser
avaliados as participações e interesse dos alunos pelas aulas. No decorrer dos seminários
de aprofundamento podem ser avaliadas o desenvolvimento da comunicação, auto
confiança, criticidade, poder de iniciativa, diversidade de linguagens utilizadas para expor
o tema, competência em utilizar os recursos tecnológicos disponíveis, capacidade em
relacionar assuntos com o cotidiano dele.
Nas aulas práticas em laboratório também podem ter algumas ações dos alunos
qualificadas. Relatórios podem servir de instrumentos de avaliação e reflexão dos
conteúdos trabalhados em aluas teóricas. Relatórios podem organizar melhor as ideias
transmitidas pelo professor contribuindo para aperfeiçoamento dos aprendizado dos
alunos. Importante fazer anotações sobre as dificuldades e qualidades deles, facilitando a
vida do professor quando for necessário saber como interceder diante de alguma
dificuldade.
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