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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
PUC/SP
RENATA DA SILVA FERNANDES
ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE
PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM
BOMBEIROS DA CIDADE DE SÃO PAULO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
São Paulo
2016
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
PUC/SP
RENATA DA SILVA FERNANDES
ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE
PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM BOMBEIROS
DA CIDADE DE SÃO PAULO
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Psicologia Clínica: Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar, sob orientação da Profª. Drª. Denise Gimenez Ramos
São Paulo
2016
FICHA CATALOGRÁFICA
FERNANDES, RENATA SILVA. Estratégias de coping como fator de prevenção do estresse e burnout em bombeiros da cidade de São Paulo
São Paulo, 2016, 177 fls.
Dissertação (Mestrado): Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Área de Concentração: Pós-graduação em Psicologia Clínica
Orientadora: Professora Doutora Denise Gimenez Ramos
Palavras-chave: Síndrome de Burnout; 2. Estresse; 3. Ambiente de trabalho; 4. Satisfação no trabalho; 5. Bombeiros.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
DRA. ANA CRISTINA LIMONGI FRANÇA (USP-SP)
_____________________________________
DRA. MATHILDE NEDER (PUC-SP)
_____________________________________
DRA. DENISE GIMENEZ RAMOS (PUC-SP)
AUTORIZAÇÃO
Autorizo, para fins acadêmicos ou científicos a reprodução parcial ou total
desta dissertação, por processos fotocopiadores ou eletrônicos desde que citada a
fonte.
São Paulo, 26 de janeiro de 2016.
________________________________
DEDICATÓRIA
Aos meus Pais, sempre inseparáveis e companheiros. Hoje, juntos em
outra dimensão, sem dúvida, orgulhosos e felizes com o legado que deixaram.
Ao Junior, meu irmão de sangue, amigo, companheiro e parceiro até a
eternidade.
A minha tia-mãe Maria da Graça Silva Pedrosa, sem ela nada disto
existiria.
À irmã que a vida me presenteou, Lilian Nicodemos, mais do que amiga
e parceira, literalmente fez esta pesquisa acontecer.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos, que com sua
sabedoria, carinho, acolhimento, paciência e brilhante orientação, acreditou, confiou,
respeitou e permitiu que não somente meu aprendizado acadêmico fosse factível,
mas também viabilizou que meu crescimento profissional e pessoal se transformasse
nos mais valiosos frutos da minha carreira profissional e vida pessoal até momento.
À Profa. Dra. Edna Peters Kahalle sempre amiga e carinhosa comigo e com
meu crescimento profissional.
A Profa. Dra. Mathilde Neder, Profa. Dra. Ana Cristina Limongi França, Profa.
Dra. Mary Sandra Carlotto e a Profa. Dra. Maria Gentil Savoia que sem dúvida foram
indispensáveis para a construção desta pesquisa.
Ao Dr. Carlos Laganá de Andrade que com seu bom humor, sabedoria e
sagacidade, em uma sessão disse: - Você já pensou em ser psicóloga? Espantada: -
Não, não levo jeito pra isso, sou analista de sistemas não de gente. Retrucou: - Pois
eu acho que sim, você identifica o problema, compreende e encontra a solução.
Quando precisar de mim, me avise, por favor. Na época adolescente, vislumbrei um
caminho. Caminho este que nunca imaginei que poderia trilhar com tanto amor, ética,
técnica e sensatez pela profissão. Estes ensinamentos me foram mostrados durante
todo meu período de análise. Hoje, além da gratidão, há o desejo que eu consiga
transformar positivamente cada vida que encontrar nesta extenuante jornada em
busca do autoconhecimento, assim como a minha foi transformada a partir daquele
momento.
Aos meus pacientes e supervisionandos, sempre complacentes com minhas
ausências, mudanças de horários e cansaço. Meu aprendizado com vocês é
imensurável.
Aos meus amados priminhos Akhin e Manu, por aprenderem a respeitar
desde cedo minha desculpa diária: “hoje não posso brincar de monstro do escuro e
nem contar histórias até dormirem, tenho lição de casa.” Também compreenderam
que o amor incondicional também diz não.
Aos líderes voluntários do Projeto Geração de Vencedores que sempre me
apoiaram, incentivaram e acreditaram em mim até mesmo quando minhas forças
pareciam não existir mais. Em especial ao coordenador do Projeto GV, Nelson
Tanuma, que com sua enorme competência e sabedoria além de apoiar, confiou e
acreditou irrestritamente em meu trabalho.
À minha amiga, irmã de alma Fernanda Ferraz. Amável, sempre acolhedora,
compreensiva e gentil com meu crescimento pessoal e profissional. Amor imensurável
até a eternidade.
Aos queridos colegas Roberto Garcia, Flávia Bello Costa, Sideli Biazzi,
Regina Célia Rocha, Lilian Donatti, Talita Vendrame, Solange Mazza, Patricia
Brandão, Reinalda da Matta, Antonio Maspoli, Marcela Neuman, Bruno Martins,
Cibele Marras, Ana Paula Bonilha. Sempre inspiradores e incentivadores do meu
crescimento profissional.
À minha terapeuta Paula Aparecida Alves, que sempre acreditou, apoiou e
incentivou meu crescimento. Mais do que isso, de modo especial e brilhante me
ensinou quantas vezes um ser humano pode morrer e renascer em apenas uma
jornada.
Aos meus queridos e amados amigos pela paciência e compreensão com
minhas ausências, desculpas e cansaço. Amizade eterna e amor infinito.
Ao amigo Thiago Pavin, que com sua competência e conhecimento contribuiu
significativamente com este trabalho.
Ao Cristiano Souza, paciente, impecável e brilhante durante o tratamento de
dados.
Ao amigo Ricardo Sarli quem viabilizou toda a articulação desta pesquisa.
Ao bombeiro civil Rogério Rufino, pelo apoio e acolhimento comigo e esta
pesquisa. Sem sua ajuda, esta pesquisa não seria possível.
Ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Ao Comandante geral do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Cel. Rogério
Bernardes Duarte, ao Major Anderson de Oliveira Lima, ao Major Martinho de Moraes
Netto, ao Capitão Marcos Palumbo, ao Sargento Marcos Lessa, ao Sargento Luis
Camino, ao Sargento Mauricio Donizete de Oliveira e a todos os bombeiros que tive
contato durante esta pesquisa. Sempre prestativos, e colaborativos para que a
pesquisa se desenvolvesse com sucesso.
A fênix é uma das aves mais constantes na mitologia. Referenciada por
diversas culturas, tem a fama de renascer das cinzas, ser reconhecida facilmente por
suas penas avermelhadas e alaranjadas, emitindo luzes através do corpo. Quando
morria, a Fênix se queimava e depois de algum tempo renascia das próprias cinzas.
Além disso, outra característica era sua força, que a fazia carregar grandes pesos em
seus voos. Segundo relatos, uma Fênix viveria exatamente 500 anos. O grande trunfo
da Fênix e ícone para humanos é o “poder” de renascimento da ave. Ela simboliza a
imortalidade, a capacidade de ressurgir do fogo, das cinzas e da destruição. Isto é,
sair dos problemas, ressurgir das dificuldades e renascer. Experienciar e observar os
homens e mulheres da corporação dos bombeiros militares em ação me proporcionou
a sensação intermitente de estar diante da Fênix repousada, apenas a espera de seu
próximo voo.
Como Fênix, ao chamado abrem as asas, saem voando emitindo luzes com a
sirene da viatura ligada e ao se depararem com cada alma aflita, o respeito, cuidado,
afeto e sensibilidade pela VIDA seja esta apresentada em qualquer aparência, se
transformam em acalanto e esperança aos que aguardam angustiados por socorro.
Mas por vezes a Fênix se depara com Hades 1. Por instantes suas asas
parecem encolher, seu brilho apagar e seu poder de renascimento dizimar. Mas são
Fênix! Ao próximo toque da sirene, terão que estar prontos para um novo voo.
Aparentam morrerem e renascerem incessantemente e como a velocidade da luz, as
dificuldades tão impactantes que a fatigante profissão de quem trabalha no frágil limite
de vida ou morte traz, se tornam cinzas, apenas sinalizando de que ali houve um
momento de dificuldade, restando apenas a operação rescaldo. Processo estafante.
Morrer e renascer exige uma força hercúlea. Senti na pele, a exaustão da morte e
renascimento. Após cada bate papo e aplicação dos instrumentos, me restava apenas
dormir e elaborar oniricamente.
O fogo por sua vez é o elemento que parece ter vida, porque consome,
aquece, ilumina, mas também pode causar dor e morte, portanto é ambivalente. Na
bíblia, é apresentado em três situações específicas: juízo, purificação e demonstração
de poder. Quando Deus utilizou o fogo para punir os maus e destruir os
desobedientes, ele foi usado como sinal de juízo divino. Quando a Bíblia aponta para
1 Na mitologia grega, é o deus do mundo inferior, da morte.
o uso do fogo como elemento purificador, a finalidade não é destruir aquilo que é
bom, mas eliminar o que não é bom para que o bom seja aperfeiçoado. A principal
característica do simbolismo do fogo é com referência ao Espírito Santo, que marca a
manifestação do poder e da virtude de Deus sobre a vida dos crentes, intensificando a
presença de Deus na vida de cada um. Esta sem dúvida foi outra impressão que tive
ao constantemente me questionar o que os faz tão crentes, corajosos, confiantes e
protegidos mesmo diante de tantas dificuldades, riscos e intempéries que a profissão
ocasiona: A FÉ. Durante as quase 200 horas vivenciadas na coleta de dados, a fé foi
o que mais senti e experienciei.
Portanto, após uma vivência tão forte e impactante (assim como a profissão)
me resta apenas nomear e identificar do que se abastece a Fênix diariamente para
encontrar forças quase que sobrenaturais para morrer e renascer reiteradamente: Fé,
bom humor e amor! Sem sombra de dúvida, estes três elementos são os verdadeiros
poderes de transformação em direção à vida que um ser humano pode desenvolver
em sua jornada. “Deus os acompanhe sempre...” (Frase que mais ouvi após cada
visita aos postos)
Renata Fernandes – jan/2016
RESUMO
FERNANDES; R. S. Estratégias de coping como fator de prevenção do estresse e burnout em bombeiros da cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica –SP, São Paulo, 2016.
Os bombeiros militares exercem sua atividade submetendo-se a uma rotina diária de situações emergenciais e tensas. Além do convívio constante com o risco e o perigo, estes profissionais enfrentam grande carga emocional no confronto com o sofrimento e muitas vezes a morte. Estes fatores são considerados potenciais desencadeadores de doenças psicossomáticas ligadas ao exercício da profissão, levantando, entre outras, questões de como os bombeiros convivem com estes estressores, como são afetados por estas condições adversas que se constituem na própria natureza de seu trabalho e quais recursos utilizam para lidar com este contexto. Nesta perspectiva, insere-se o objetivo deste trabalho, que é o de investigar os níveis de estresse e burnout nos bombeiros militares e, caso estas doenças profissionais sejam prevalentes, identificar a relação da prevenção e diminuição dos sintomas com a utilização de estratégias de coping. Em síntese, investiga-se se as estratégias de coping podem funcionar como fator de prevenção do burnout e do estresse nesta população. Para tanto, foi investigada uma amostra de 148 bombeiros militares atuantes na cidade de São Paulo, nos quais foram aplicados os instrumentos: Questionário Sócio Demográfico; Escala de Estresse no Trabalho; Maslach Bunout Inventory - MBI e Inventário de estratégias de coping Folkman & Lazarus. Os resultados obtidos com a Escala de Estresse no Trabalho mostra que a maioria dos bombeiros foram classificados com estresse. Quanto ao burnout os índices baixo nível de exaustão emocional, alta despersonalização e alta realização pessoal. A utilização de estratégias de coping mais utilizadas foram as focadas no problema. Palavras-chave: bombeiros militares, estresse, burnout, estratégias de coping, prevenção.
ABSTRACT
FERNANDES; R. S. Coping strategies as stress and burnout prevention factor in firefighters from the city of São Paulo. Dissertation (Masters in Clinical Psychology) PUC/SP, São Paulo, 2016. The firefighters exert their activity by submitting to a daily routine of emergency and stressful situations. In addition to the constant contact with the risk and danger, these professionals face emotionally charged in confrontation with suffering and often death. These factors are considered potential triggers of psychosomatic illnesses connected with the exercise of the profession, raising, among others, issues of how firefighters live with these stressors, as they are affected by these adverse conditions that constitute the very nature of their work and what resources use to handle this context. In this perspective, is part of the objective of this work, which is to investigate the levels of stress and burnout in military firefighters and if these illnesses are prevalent, identify the relationship of prevention and reduction of symptoms with the use of coping strategies. In short, it investigates coping strategies can function as the burnout prevention factor and stress in this population. For this purpose, a sample of 148 active firefighters was investigated in São Paulo, where the instruments were applied: Socio Demographic Survey; Stress Scale at Work; Maslach Bunout Inventory - MBI and Inventory of coping strategies Folkman & Lazarus. The results obtained with Stress Scale at Work shows that most firefighters were classified as stress. As for burnout indexes lower level of emotional exhaustion, depersonalization and high personal achievement. The use of most frequently used coping strategies were focused on the issue. Keywords: firefighters, stress, burnout, coping strategies, prevention.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Distribuição de ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros militares no
Estado de São Paulo .................................................................................................. 43
Figura 2 Bombeiros militares classificados por gênero ............................................... 67
Figura 3 Profissionais bombeiros classificados por patente ........................................ 67
Figura 4 Bombeiros classificados por tempo de atuação na corporação .................... 68
Figura 5 Estado civil dos profissionais bombeiros ....................................................... 68
Figura 6 Quantidade de filhos dos profissionais bombeiros ........................................ 69
Figura 7 Faixa Etária dos profissionais bombeiros ...................................................... 69
Figura 8 Profissionais bombeiros que passam por atendimento psicológico e/ou
psiquiátrico .................................................................................................................. 70
Figura 9 Profissionais bombeiros que precisaram pedi licença nos últimos 2 anos por
problemas de saúde .................................................................................................... 71
Figura 10 Diagrama de Venn referente aos tipos de problemas de saúde relatados
pelos profissionais bombeiros ..................................................................................... 72
Figura 11 Profissionais bombeiros que utilizam medicação diária para controle da
doença ........................................................................................................................ 73
Figura 12 Resultado geral da Escala de Estresse no Trabalho (EET) ........................ 74
Figura 13 Fator 1 - Autonomia e Controle da Escala de Estresse no Trabalho .......... 75
Figura 14 Fator 2 - Papéis e Ambiente de Trabalho da Escala de Estresse no
Trabalho ...................................................................................................................... 76
Figura 15 Fator 3 - Relacionamento com o Chefe da Escala de Estresse no Trabalho
.................................................................................................................................... 77
Figura 16 Fator 4 - Relações Interpessoais da Escala de Estresse no Trabalho ........ 78
Figura 17 Fator 5 - Crescimento e Valorização Pessoal da Escala de Estresse no
Trabalho ...................................................................................................................... 79
Figura 18 Fatores organizacionais agrupados que contribuem para o estresse no
trabalho ....................................................................................................................... 80
Figura 19 Escore geral da subescala de Exaustão Emocional do MBI – HSS ............ 83
Figura 20 Escore geral da subescala de Despersonalização do MBI – HSS .............. 84
Figura 21 Estratégias de coping mais utilizadas pelos profissionais bombeiros ......... 86
Figura 22 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária ............... 87
Figura 23 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil ................ 89
Figura 24 Cruzamento do Tempo de Bombeiro vs subescala de Despersonalização do
MBI – HSS................................................................................................................... 99
Figura 25 Cruzamento da subescala de Despersonalização vs Exaustão Emocional do
MBI - HSS ................................................................................................................. 101
Figura 26 Resultados gerais das subescalas do Maslach Burnout Inventory MBI - HSS
.................................................................................................................................. 103
Figura 27 Subescalas de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional do MBI - HSS
.................................................................................................................................. 104
Figura 28 Subescala de Realização Pessoal vs Despersonalização do MBI - HSS . 104
Figura 29 Box-plot das subescalas de Exaustão Emocional, Despersonalização e
Realização Pessoal do MBI – HSS ........................................................................... 105
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais sintomas do Estresse ................................................................... 21
Tabela 2 Fatores avaliados pela Escala de Estresse no Trabalho e respectivas
questões ...................................................................................................................... 55
Tabela 3 Classificação média da Escala de Estresse no Trabalho (EET) ................... 56
Tabela 4 Subescalas do MBI (Maslach Burnout Inventory) e os itens correspondentes
.................................................................................................................................... 56
Tabela 5 Resultados de pontos de corte, médias, desvios padrões e Alpha Cronbach
da Escala do MBI ........................................................................................................ 58
Tabela 6 Descrição das Estratégias de Coping avaliadas pela Escala de Coping
Folkman e Lazarus ...................................................................................................... 61
Tabela 7 Itens da escala que correspondem cada estratégia de coping ..................... 62
Tabela 8 Notas de corte para Escala de Coping Folkman & Lazarus ........................ 63
Tabela 9 Nota média dos fatores organizacionais considerados estressores ............. 81
Tabela 10 Descritiva da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS ................. 85
Tabela 11 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária ............... 88
Tabela 12 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil ............... 89
Tabela 13 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping
focadas no problema ................................................................................................... 90
Tabela 14 Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping focadas na
emoção ....................................................................................................................... 92
Tabela 15 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Subescalas do MBI
(HSS) de Exaustão Emocional e Despersonalização .................................................. 93
Tabela 16 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado
Civil ............................................................................................................................. 95
Tabela 17 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Tempo
de Bombeiro ................................................................................................................ 96
Tabela 18 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Faixa Etária ........... 97
Tabela 19 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Estado
Civil ............................................................................................................................. 98
Tabela 20 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Tempo
de Bombeiro ................................................................................................................ 99
Tabela 21 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Faixa
Etária ......................................................................................................................... 100
Tabela 22 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Despersonalização
.................................................................................................................................. 101
Tabela 23 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro e Estado Civil .................. 106
Tabela 24 Cruzamento Estratégia de coping Auto Controle vs Estado Civil ............. 107
Tabela 25 Cruzamento das estratégias de coping focadas no problema vs subescala
de Despersonalização do MBI - HSS ........................................................................ 108
Tabela 26 Estratégias de coping focadas no problema vs Exaustão Emocional do MBI
- HSS ......................................................................................................................... 110
LISTA DE SIGLAS
DP – Despersonalização
EE – Exaustão Emocional
EET – Escala de Estresse no Trabalho
HSS – Human Service Survey
IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
ICS – Instituto de Confiança Social
INSS – Instituto Nacional de Seguro Social
MBI – Maslach Burnout Inventory
Rp – Realização Pessoal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
1.1. Justificativa ....................................................................................................... 12
2.1. Estresse ............................................................................................................ 15
2.1.1 O estresse profissional ................................................................................ 21
2.2 Burnout .............................................................................................................. 23
2.3 Coping ............................................................................................................... 25
3 O TRABALHO DO BOMBEIRO ............................................................................ 30
3.1 Bombeiros no Brasil .......................................................................................... 30
3.2 Bombeiros no mundo ......................................................................................... 31
3.3 Bombeiros militares ........................................................................................... 36
3.4 Bombeiros civis .................................................................................................. 38
3.5 A atuação dos profissionais bombeiros militares e civis .................................... 41
4 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 46
5 MÉTODO .............................................................................................................. 53
5.1 Características do estudo .................................................................................. 53
5.2 Objetivo .............................................................................................................. 53
5.3 Participantes ...................................................................................................... 53
5.3.1 Critérios de inclusão .................................................................................... 53
5.3.2 Critérios de exclusão ................................................................................... 54
5.4 Instrumentos ...................................................................................................... 54
5.4.1. Questionário Sócio Demográfico (APÊNDICE I) ........................................ 54
5.4.2 Escala de Estresse no Trabalho (EET) ....................................................... 54
5.4.3 MBI (Maslach Burnout Inventory) ............................................................... 56
5.4.4 Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus ....................... 59
5.5 Procedimentos ................................................................................................... 63
5.5.1 Comitê de ética ........................................................................................... 63
5.5.2 Aplicação dos instrumentos ........................................................................ 64
5.5.3 Amostra ....................................................................................................... 65
5.6 Tratamentos estatísticos .................................................................................... 66
5.6.1 Análise Estatística ....................................................................................... 66
6 RESULTADOS ......................................................................................................... 67
6.1 Caracterização da amostra ................................................................................ 67
6.2 Análises descritivas das variáveis das Escalas de Estresse no Trabalho, MBI (Maslach Burnout Inventory) e Escala de Coping Folkman e Lazarus. ................... 74
6.2.1. Análises descritivas das Escala de Estresse no Trabalho ......................... 74
6.3 Testes estatísticos e cruzamentos das variáveis ............................................... 87
6.3.1 Cruzamentos da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária, Estado Civil, Despersonalização, Exaustão Emocional, Realização Pessoal, coping focado no problema e coping focado na emoção ................................................. 87
6.3.2 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS vs Escala de Estresse no Trabalho ...................................................................................... 94
6.3.3 Subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro, Faixa Etária ......................................................................................... 95
6.3.4 Cruzamento da subescala de Despersonalização (MBI – HSS) vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro e Faixa Etária ............................................................. 98
6.3.5 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional, Despersonalização ............................................................................................. 104
6.3.6 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro, Estado Civil, Subescala de Despersonalização, Exaustão Emocional .......................................................... 106
7 DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................................................................... 112
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 120
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 122
ANEXO I – Autorização do Comando de Bombeiros Metropolitano da Polícia Militar do Estado de São Paulo ................................................................................................. 126
ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................... 127
APÊNDICE I – Questionário Sócio Demográfico ....................................................... 128
11
1 INTRODUÇÃO
O profissional em qualquer área de atuação é antes de tudo, um indivíduo
que convive com suas demandas pessoais, com as pressões e representações
sociais sobre sua profissão e com as exigências colocadas pela própria natureza do
seu trabalho. Essas condições se constituem por si só, fatores geradores de
doenças psíquicas decorrentes da atuação profissional e a comunidade científica
demonstra interesse em estudos sobre a natureza, os sintomas e a prevenção
destas doenças.
Dentre os males psíquicos advindos do exercício profissional o estresse e a
síndrome de burnout têm sido foco de pesquisas tanto pela sua incidência crescente
quanto pela multiplicidade dos sintomas que dificulta o diagnóstico e prevenção. São
doenças silenciosas, que se instalam gradativa e sorrateiramente e cujos sintomas
se confundem com o mal estar geral e passageiro sentido pelas pessoas na sua
convivência pessoal e na sua lida profissional.
Este estudo se propõe a pesquisar o estresse e a síndrome de burnout em
bombeiros que atuam na cidade de São Paulo. A proposta é investigar a relação
entre estes transtornos e as estratégias de coping desenvolvidas pelos profissionais,
buscando compreender a natureza desta relação e a forma como ela se estabelece.
Em síntese, procura-se responder à questão se os sintomas do estresse e
da síndrome de burnout podem sofrer influência preventiva ou minimizadora através
do fortalecimento das estratégias de coping na população estudada.
Para Lipp (1996), o estresse é definido como uma reação do organismo, que
pode ser de natureza física ou psicológica, quando o indivíduo enfrenta situações
que exigem um grande esforço emocional para serem superadas: situações que
possam excitá-lo, provocar medo, confundi-lo ou mesmo deixá-lo muito feliz.
A síndrome de burnout é caracterizada como uma perturbação
psicossomática relacionada ao sofrimento causado pela convivência com situações
de urgência e incerteza, que exigem respostas imediatas e oferecem riscos, que
colocam o profissional diante da perda e da impotência. (TAMOYO, 2008). Para o
autor, a síndrome de burnout tem uma natureza tridimensional: sentimentos de
exaustão emocional, desapego ao trabalho e falta de realização pessoal.
12
Por sua vez o coping é conceituado como um repertório de estratégias,
“ações conscientes e deliberadas que podem ser aprendidas, usadas e descartadas
e cujo objetivo é lidar com o estresse percebido” (FOLKMAN & LAZARUS, 1984,
p.38). Se a pessoa não desenvolve estratégias suficientemente adequadas para
minimizar ou eliminar a situação estressante, ela está sujeita a desenvolver o
sentimento de exaustão emocional, que caracteriza a primeira fase da síndrome de
burnout.
Os profissionais bombeiros militares da cidade de São Paulo, objeto deste
estudo, atuam em uma metrópole onde se expõem constantemente aos fatores
causadores do estresse e da síndrome de burnout, sendo oportuno investigar então
uma provável relação entre as estratégias de coping que desenvolvem e a
preservação de sua saúde mental.
Considerando que todos os profissionais pesquisados trabalham em
condições similares, as indagações orientadoras desta investigação passam pelo
levantamento da incidência dos transtornos e pelo questionamento sobre se os
profissionais que não sofrem de estresse e burnout apresentam repertório de
estratégias de coping mais desenvolvido em relação aos que manifestam os
sintomas.
1.1. Justificativa
O interesse pelo estudo sobre as estratégias de coping como fator de
prevenção do estresse e da síndrome de burnout em bombeiros da cidade de São
Paulo surgiu a partir da atuação clínica junto aos profissionais bombeiros do Estado
de São Paulo.
A escuta terapêutica dos bombeiros possibilitou a constatação de situações
de ameaça à saúde mental, bem como da existência de uma condição positiva que
lhes fortalece a resiliência e a capacidade de enfrentar e conviver com situações
críticas.
A sociedade tem esses policiais militares como heróis, imaginando-os
imunes a qualquer tipo de vulnerabilidade, pois representam o ideal de potência
total, coragem, força e imortalidade (BARCELLOS, 2006). Sob este prisma da
representação do ideal heroico, pressupõe-se que os bombeiros sejam desprovidos
13
de quaisquer tipos de dificuldades físicas ou psicológicas, sendo capazes de tolerar
pressão maior do que outros profissionais. Este imaginário social contribui para que,
somando-se as reais condições adversas e impactantes do trabalho em uma grande
cidade, estes profissionais se encontrem em situações críticas com seus próprios
limites, por vezes negligenciando sua própria saúde física e psicológica.
A questão levantada é quais estratégias de coping aprendidas por estes
profissionais podem ser um fator de prevenção e minimização das consequências de
um trabalho no qual as emergências, a vulnerabilidade humana e o elemento
surpresa fazem parte da lida diária.
No caso dos bombeiros, é fácil o reconhecimento do desgaste físico
enquanto que as dificuldades emocionais por vezes não são facilmente
reconhecidas e diagnosticadas por inúmeros fatores, dentre eles, a própria
representação social que pesa sobre estes profissionais.
É nesse sentido que o foco desse estudo volta-se para a questão da saúde
mental, ou melhor, dos transtornos psíquicos a que estão expostos os bombeiros da
cidade de São Paulo em razão da natureza de seu trabalho.
Trata-se aqui, especificamente, de considerar o estresse e a síndrome de
burnout, que consistem em perturbações psicológicas advindas da convivência
constante com eventos ameaçadores e traumáticos, além da exigência interna e
externa de corresponder ao imaginário social.
Para os bombeiros exercer a profissão é sinônimo de colocar-se
frequentemente diante de situações de perigo a própria vida ou de outrem, atuar
sobre a pressão de riscos e de ocorrências que não podem ser controladas e
conviver com a necessidade de dar respostas rápidas e adequadas em situações
extremas. Como se isso não bastasse os profissionais em questão, ainda que
considerados heróis, lidam com o sofrimento das pessoas que atendem e são
acometidos dos sentimentos de impotência e frustração por nem sempre realizar o
que deles é esperado: salvar vidas.
A característica do trabalho do bombeiro, ainda mais quando exercido em
grandes metrópoles, o coloca submetido a cenários de situações críticas, cuja
reação a elas são potencialmente desencadeadoras de estresse grave e de
síndrome de burnout.
Desta situação decorre a necessidade de refletir sobre mecanismos
preventivos ou minimizadores dos sintomas provocados pelo estresse profissional e
14
pelo burnout e das doenças decorrentes. Neste estudo, a proposta é observar se as
estratégias de coping se constituem num destes mecanismos, investigando sua
relação com os sintomas.
A investigação da relação entre as estratégias de coping e os transtornos
psicossomáticos causados pelo estresse e pela síndrome de burnout apresenta-se,
portanto, bastante relevante. Justifica-se pela possibilidade de ampliar a
compreensão a respeito da natureza do trabalho do bombeiro na cidade de São
Paulo, identificando os fatores desencadeadores e/ou inibidores dos distúrbios
nessa população. Além disso, a literatura científica a respeito desta relação é ainda
pequena, o que ratifica a importância da elaboração de trabalhos e pesquisas
pertinentes.
O percurso para a concretização deste estudo inicia-se com a revisão
teórica dos conceitos de estresse, síndrome de burnout e coping.
O capítulo seguinte considera e descreve a natureza e as características da
profissão do bombeiro, enfocando, principalmente o enfrentamento de situações
estressoras.
Em continuidade, será apresentado o método de investigação, esclarecendo
os instrumentos utilizados, os critérios de inclusão e exclusão da amostra e a forma
pela qual os resultados serão apresentados e comentados.
O passo seguinte será a discussão e análise dos resultados encontrados,
apresentadas e que fundamentarão a última etapa do trabalho, ou seja, sua
conclusão.
15
2 Estresse, Síndrome de Burnout, Coping
2.1. Estresse
A reação de estresse é conhecida há dezenas de milhões de anos,
marcando o processo de evolução da espécie humana. Ela foi manifestada
inicialmente em uma época em que “todas as ameaças eram físicas e podiam ser
superadas somente por outra ação física” (Khalsa, 1997, p. 29) e seguindo um
determinado percurso histórico transformou-se no fenômeno global e complexo da
vida humana, especialmente nas sociedades desenvolvidas.
Limongi-França (2007, p. 185) define: “estresse é uma palavra derivada do
latim. Durante o século XVII, ganhou conotação de adversidade ou aflição. No final
do século XVIII, seu uso evoluiu para expressar força, pressão ou esforço”. Para a
autora, o conceito de estresse realmente não é novo, mas somente no início do
século XX as pesquisas das ciências biológicas e sociais se preocuparam em
investigar suas consequências na saúde física e mental das pessoas.
O conceito de estresse, anteriormente utilizado pela Física para definir a
intensidade da deformação que um determinado material sofria quando submetido à
pressão passou a ser utilizado na área médica em 1936. Foi quando o
endocrinologista húngaro Hans Selye dele se apropriou para definir as reações do
organismo utilizadas como resposta às situações que o desequilibram e para cuja
adaptação se exige um grande esforço. Assim, o agente estressor, ou seja, o fator
causador da reação de estresse é qualquer situação de ordem física, mental ou
emocional que possa provocar esta resposta (CARVALHO & SERAFIM, 2002).
Segundo Marshall e Roy (2007) o termo estresse pode ser considerado
como a melhor definição para o processo psicofisiológico geralmente experimentado
como um estado emocional negativo produzido por dois fatores: a) a avaliação de
fatores situacionais e psicológicos ameaçadores; b) o resultado provocado pelo
impulso para enfrentá-los. Para os autores, os fatores estressores, definidos como
os eventos que podem trazer ameaça, dano ou desafio são julgados no contexto dos
fatores pessoais e ambientais do indivíduo. Se forem avaliados como ameaçadores
ou desafiadores, produzirão respostas específicas dirigidas à redução do estresse.
Lipp (2013) explicita que o estresse não é uma doença, mas uma reação do
indivíduo frente a qualquer desafio – positivo ou negativo que tenha que enfrentar.
16
Esta reação, segundo a autora, é muito complexa e envolve componentes físicos,
psicológicos, mentais e hormonais.
O processo se desencadeia a partir da percepção do evento estressante por
algum órgão dos sentidos que desperte a sensação de ameaça ou alerta. Essa
percepção provoca o envio de uma mensagem à parte cortical do cérebro onde
ocorrem as interpretações lógicas do evento, mas também atinge o sistema límbico,
responsável pelas emoções.
Assim, a reação de estresse exige a interpretação lógica e emocional de um
evento, ocorrendo quando estas duas interpretações dão ao indivíduo a imagem de
um perigo ou de um desafio. A partir daí o hipotálamo, ativa o funcionamento de
várias glândulas que de imediato preparam o corpo para a reação de luta ou fuga,
principalmente ativando as glândulas suprarrenais para a produção de adrenalina. A
adrenalina no corpo resulta em energia, em grande vigor para luta ou fuga, mas o
prolongamento desse jato de energia no organismo passa a provocar doenças
(LIPP, 2013).
Isso ocorre porque inicialmente o estresse ativa as glândulas suprarrenais a
produzirem adrenalina. A medula ou núcleo da glândula produz essa substância.
Entretanto, se a situação de estresse se mantém por muito tempo, a medula da
glândula suprarrenal para de produzir adrenalina e o córtex dessa glândula passa a
produzir cortisol. Por sua vez, o cortisol em excesso no corpo baixa o sistema
imunológico, deixando o sujeito vulnerável a vários tipos de doença. Assim, doenças
oportunistas como a gripe, ou doenças que já estavam geneticamente programadas,
mas estavam em latência, se manifestam em função do estado de estresse (LIPP,
2013).
A relação entre o estresse e as doenças humanas pode ser verificada
através de simples observações clínicas e estudos estimam que aproximadamente
75% dos clientes que visitam os consultórios médicos relatam sintomas de estresse
(MARSHALL e ROY, 2007).
O estresse influencia, portanto, o sistema imunológico do indivíduo e sobre
esta relação, Ferreira (2010, p.2) explica:
O estresse agudo é imunoestimulante, produzindo adrenalina, prolactina e hormônio do crescimento em contraposição à produção de cortisol, imunodepressor, O estresse crônico, por se caracterizar por elevação crônica do cortisol, sem elevações equivalentes de adrenalina, prolactina e hormônio do crescimento, é principalmente imunodepressor.
17
Cabe considerar que pensar no estresse como as adaptações que um
organismo é convidado a fazer quando enfrenta acontecimentos que podem
ameaçar seu equilíbrio nem sempre é algo negativo ao indivíduo. Entretanto, quando
a pessoa não consegue desenvolver este mecanismo de adaptação o nível de
estresse torna-se maior do que a capacidade de enfrentá-lo, desenvolvendo
desequilíbrio do organismo e sintomas negativos físico, psicológicos e emocionais.
Na Classificação Internacional de Doenças, (CID) 10, na categoria F-43,
encontra-se o esclarecimento que permite caracterizar os transtornos de reações ao
estresse grave e de adaptação:
(...) sua definição não repousa exclusivamente sobre a sintomatologia e a evolução, mas igualmente sobre a existência de um ou outro dos dois fatores causais seguintes: um acontecimento particularmente estressante desencadeia uma reação de estresse aguda, ou uma alteração particularmente marcante na vida do sujeito, que comporta consequências desagradáveis e duradouras e levam a um transtorno de adaptação. Embora fatores de estresse psicossociais (life events) relativamente pouco graves possam precipitar a ocorrência de um grande número de transtornos, nem sempre é possível atribuir-lhes um papel etiológico, quanto mais que é necessário levar em consideração fatores de vulnerabilidade, frequentemente idiossincráticos, próprios de cada indivíduo; em outros termos, estes fatores não são nem necessários nem suficientes para explicar a ocorrência e a natureza do transtorno observado. O acontecimento estressante ou as circunstâncias penosas persistentes constituem o fator causal primário e essencial, na ausência do qual o transtorno não teria ocorrido. Os transtornos podem ser considerados como respostas inadaptadas a um estresse grave ou persistente, na medida em que eles interferem com mecanismos adaptativos eficazes e entravam assim o funcionamento social (CID 10 – F 43, 2009, p.143).
Camelo e Angerami (2004) esclarecem que as pesquisas de Hans Selye
identificaram três fases (estágios) do estresse:
Fase de Alarme - uma etapa que acontece de forma bem rápida, quando o
indivíduo se orienta e identifica a situação de perigo, preparando o organismo para
reagir. Esta reação pode adquirir a forma de uma agressão (enfrentamento da
situação) ou de fuga, sendo ambas as formas compreendidas como mecanismos de
adaptação, que como tal são saudáveis porque permite ao organismo voltar ao
equilíbrio perdido. Alguns dos sintomas comuns desta fase são: aceleração dos
batimentos cardíacos, tensão muscular cefaleias, pressão no peito, mãos e pés frios,
sudorese.
Fase de Resistência – Caracterizada pela demora da fase de alerta,
quando acontece a alteração dos parâmetros de normalidade do corpo. A reação
18
vai acontecer então internamente, concentrada em um órgão, provocando a
Síndrome de Adaptação Local (SAL). Agora os sintomas apresentados são de
característica psicossocial: medo, ansiedade, isolamento, entre outros.
Fase de Exaustão – acontece quando o organismo não resiste ao esforço
causado pelo excesso de atividade e pelo gasto de energia. Diante desta exaustão,
o órgão do corpo que foi acionado na etapa anterior também não resiste,
provocando a doença orgânica.
Além destas três fases propostas por Selye, estudos de Lipp e Guevara
(1994) dão conta de um novo estágio do estresse, localizado entre a fase de
resistência e a da exaustão. A ele os autores deram o nome de fase de quase
exaustão. Neste momento o organismo começa sofrer de um enfraquecimento
generalizado porque o indivíduo não consegue adaptar-se nem resistir à situação
estressora. Surgem também doenças, porém elas não apresentam ainda a
gravidade das doenças da fase de exaustão.
Estas reações ou repostas, segundo afirma Margis et al (2003), acontecem
nos níveis cognitivo, fisiológico e comportamental.
No nível cognitivo, as respostas vão depender da maneira como o indivíduo
processa as informações e da sua percepção sobre os estímulos do ambiente.
Inicialmente, acontece uma avaliação automática da situação ou do estímulo, que
pode ativar reações de defesa. Em seguida, o indivíduo faz um segundo tipo de
avaliação (primária) sobre a situação, a partir de sua história de vida, experiências
anteriores e aprendizados. Uma terceira avaliação (secundária) ainda é feita e se
refere à checagem sobre suas capacidades para reagir. Finalmente, o indivíduo
seleciona as respostas e organiza sua ação.
No nível comportamental, as respostas estruturadas podem assumir a forma
de luta (ataque, enfrentamento), fuga (evitação) e congelamento (passividade,
colapso). A escolha do sujeito sobre a forma como vai responder ao estressor
depende de um aprendizado construído pelas experiências anteriores, na medida
em que elas foram recompensadas positiva ou negativamente (MARGIS et al, 2003).
As autoras estabelecem ainda uma relação entre o tipo de resposta
escolhido e os transtornos provocados: fuga relaciona-se à agorafobia e fobia social,
enquanto o enfrentamento predispõe a transtornos cardiovasculares.
Na dimensão fisiológica, os autores explicam que as estruturas responsáveis
pela programação das respostas que serão dadas aos estressores são o hipotálamo
19
e a porção ventral da massa cinzenta periaquedutal do mesencéfalo (MCP), que em
conjunto “programam as manifestações hormonais e neurovegetativas das reações
de defesa” (Margis et al, 2003, p. 68).
Com relação aos sintomas, Couto (1987) afirma ser possível identificar dez
principais sintomas de estresse, comparando-os com a incidência dos mesmos entre
indivíduos não estressados: nervosismo; ansiedade; irritabilidade; fadiga; sentimento
de raiva; angústia; períodos de depressão; dor de estômago; dor nos músculos,
pescoço e ombros e palpitações.
Em relação ao mecanismo das doenças causadas pelo estresse Couto
(1987) afirma que existe um consenso no meio médico de que nos adultos,
excluídos os acidentes 75% ou mais de todos os sintomas ou de todas as doenças
são ocasionadas por transtornos emocionais. Algumas delas já são bem conhecidas:
enxaqueca, úlcera gástrica ou duodenal, hipertensão arterial, gastrite. Também
podem estar incluídos nesta relação doenças como asma, artrite reumatoide, alguns
casos de enfarte, doença diverticular do intestino grosso, reto colite ulcerativa.
Couto (1987) descreve os sintomas ou doenças provocadas pelo estresse
enquanto definido como um quadro de má adaptação psíquica do indivíduo às
exigências, relacionando-os às suas causas desencadeadoras:
Sintomas ou doenças decorrentes do estado de tensão excessiva: dores
musculares, cefaleias, enfarte precoce, fadiga fácil, taquicardia.
Sintomas ou doenças decorrentes da preocupação e insegurança: úlcera,
abafamento no peito, palpitações, dores abdominais generalizadas.
Sintomas e doenças decorrentes do estado de frustrações e angústias: dores
generalizadas no corpo, dores musculares, artrite, cansaço fácil, adinamia
(redução da força), urticária e asma.
Sintomas e doenças decorrentes da obstinação em conseguir resultados e
dos estados de desajustamento: úlcera gástrica ou duodenal, emagrecimento,
infecções graves.
Em relação às suas causas, o estresse pode ser medido “por fora”, isto é,
por fatores externos e desagradáveis – situações traumáticas, acidentes, perda de
um ente querido por morte ou afastamento, roubos, perda do emprego, perda da
liberdade. E pode até mesmo ocorrer devido a fatores externos positivos, desde que
impliquem em uma mudança brusca no estilo ou na qualidade de vida de uma
pessoa – tais como ficar rico de repente, o casamento, mudança de país, um sonho
20
impossível subitamente realizado, um ganho inesperado, um bebê novo em casa.
Significa que fatores ruins e bons podem ocasionar o estresse, pois essas
mudanças tiram o indivíduo de seu ritmo natural, tendo ele que adaptar-se às novas
situações.
Entretanto, é importante considerar que existem fatores causadores internos
ao indivíduo, que são as suas disposições mentais e posturas internas que os levam
a reagir mais ou menos intensamente aos fatores externos do cotidiano. Essas
posturas internas, adquiridas ao longo da vida, são ensinadas na comunidade onde
o sujeito vive e onde ele precisa sobreviver socialmente, economicamente e
filosoficamente.
A título de síntese, é importante citar Chiavenato (1999), que relaciona as
três as fontes potenciais de estresse:
Fatores ambientais, como: incerteza econômica, política e tecnológica;
Fatores organizacionais: exigências da tarefa, do papel e interpessoais;
estrutura e liderança organizacional; ruído ambiental; segurança e
tranquilidade no trabalho; insatisfação pessoal e o estágio de vida da
organização;
Fatores individuais: problemas pessoais, familiares, conjugais, legais e
econômicos, além da personalidade do indivíduo.
A tabela abaixo (SCHINDLER, 1978, apud CHIAVENATO, 1999) demonstra a
frequência com que emoções induzem o aparecimento dos sintomas:
21
Tabela 1 Principais sintomas do Estresse
Sintomas
Induzidos por emoções na seguinte proporção
Dor na nuca
75% dos casos
Nó na garganta
90%
Dor na boca do estômago assemelhando-se a ulcera
50%
Dor na parte superior do abdômen
50%
Tontura, vertigem
80%
Dores de cabeça
80%
Constipação
70%
Fonte: Schindler, 1978, apud Chiavenato, 1999, p.35
2.1.1 O estresse profissional
O trabalho, atividade essencial na vida humana como fator da própria
constituição do homem como ser social exige grande investimento e ocupa uma
grande parcela do tempo e do convívio social das pessoas.
Ainda assim, segundo Dejours (1998), nem sempre o trabalho traz como
retorno a realização profissional, podendo, ao contrário, provocar problemas que vão
desde a insatisfação até a exaustão.
Apesar da importância dos valores que o trabalho agrega à vida das
pessoas tornando-se atividade humana fundamental, também é no contexto do
trabalho que o ser humano pode experimentar sofrimento físico, emocional e
psíquico que podem levá-lo para bem longe da realização pessoal, da satisfação e
da interação social.
Andrade e Cardoso (2012) afirmam que os transtornos mentais são os
principais responsáveis pelo afastamento do trabalho por longos períodos. Algumas
circunstâncias de trabalho podem causar tensão emocional, insatisfação, irritação,
22
insônia, aumento do adoecimento e morte por doenças cardiovasculares. Também,
segundo os autores, podem causar doenças crônico-degenerativas como as
osteomusculares, havendo inclusive, na atualidade registros de morte súbita por
excesso de trabalho. A síndrome da fadiga crônica, o estresse e a Síndrome de
Burnout são transtornos psíquicos resultantes destas situações inóspitas de
trabalho.
Trigo (2007) comenta estudos que demonstram que o desequilíbrio na saúde
do profissional pode levá-lo a se ausentar do trabalho (absenteísmo), gerando
licenças por auxílio-doença e a necessidade, por parte da organização, de reposição
de funcionários, transferências, novas contratações, novo treinamento, entre outras
despesas. Este desequilíbrio acaba por se constituir em um problema de saúde
pública: aumenta índices de absenteísmo, afastamentos, licenças médicas, afetando
produtividade e desencadeando aumento de custos com reposição de funcionários,
novos treinamentos e contratações.
No Brasil, dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) demonstram
que os transtornos mentais ocupam o terceiro lugar entre as causas de benefícios
previdenciários de auxílio-doença, por incapacidade temporária ou definitiva para o
trabalho (ANDRADE E CARDOSO, 2012).
Os autores explicam que embora não existam no Brasil muitos estudos
estatísticos pode-se afirmar que a incidência de doença psíquica vinculada ao
trabalho torna a situação de vida e saúde do trabalhador brasileiro bastante crítica
em função de alguns fatores: a precarização das condições de trabalho, a
diversidade de processos produtivos, a instabilidade econômica e social e o elevado
desemprego.
Quando os fatores estressores se relacionam de alguma forma com a
atividade profissional do sujeito, ele enfrenta o estresse ocupacional, que é definido
como um desequilíbrio que provoca reações físicas, cognitivas, emocionais e
comportamentais quando as exigências excedem as capacidades, os recursos ou as
necessidades do trabalhador. Esse desequilíbrio parece estar presente nas
situações diárias que o trabalhador enfrenta na atualidade, especialmente agravadas
pelas dificuldades de uma cidade grande (VALLE, 2012).
O estresse no trabalho tem sido reconhecido como um risco ocupacional
significativo que pode prejudicar a saúde física, o bem estar psicológico e o
desempenho profissional (MASLACH E LEITER, 2008).
23
A ocorrência do estresse ocupacional se relaciona com a condição que se
estabelece quando o sujeito se confronta com um evento: oportunidade, limitação ou
demanda (VALLE, 2012). O autor explica que a oportunidade surge da possibilidade
de ganho num trabalho reconhecido socialmente; o limite ocorre quando o sujeito se
vê impedido de fazer o que deseja e a demanda corresponde à perda de algo
desejado, como se observa na dificuldade de encontrar recursos e apoios para a
realização do trabalho, tendo de lidar com críticas ou exigências de superiores ou
sociais.
As respostas ao estresse estão condicionadas pelo estilo de vida em
conjunto com aspectos genéticos, condições físicas e psicossociais do ambiente de
trabalho podendo favorecer uma vida saudável ou o adoecimento físico.
Os fatores profissionais causadores de estresse podem relacionar-se a
fatores externos (econômicos, sociais e políticos) e exigências culturais (expectativa
social e familiar). No entanto, Silva (2002) salienta que a condição interior do sujeito
é a fonte de tensão mais significativa. São considerados estressores do ambiente
físico externo: ruído, iluminação, temperatura, higiene, intoxicação, clima, e
disposição do espaço físico para o trabalho (ergonomia). Para o autor, as principais
demandas estressantes são: trabalho por turnos, trabalho noturno, sobrecarga de
trabalho, exposição a riscos e perigos.
Para Andrade e Cardoso (2012) esta constante mobilização dos recursos
internos do sujeito para enfrentar as demandas externas do trabalho (estressores) e
a maneira como esta mobilização é feita pode desencadear além do estresse
profissional a síndrome de burnout, conceituada e descrita a seguir.
2.2 Burnout
A síndrome de burnout pode ser definida como uma reação extrema e
negativa ao estresse. Tamoyo (2008) considera que o uso vocábulo inglês burnout
(cujo significado é queimar-se ou destruir-se pelo fogo) sugere que os sujeitos que
sofrem da síndrome sentem-se queimados ou consumidos pelo seu trabalho.
24
O conceito de burnout se constrói a partir da década de 1970 quando foi
introduzido na Psicologia Organizacional por Herbert J. Freudenberger2 e Cristina
Maslach3 para descrever uma pessoa decepcionada e exausta por conta da
decepção provocada pelas expectativas e exigências do seu ambiente de trabalho.
O burnout se apresenta como um processo que se instala lenta e
gradativamente a partir da exaustão emocional desencadeada por demandas
interpessoais e ambientais. Para Tamoyo (2008) três aspectos ou sintomas
caracterizam a natureza tridimensional do burnout: exaustão emocional, desapego
ao trabalho e falta de realização pessoal.
Malasch e Leiter (2008) esclarecem que o estado de exaustão do burnout
apresenta sintomas similares aos sintomas físicos do estresse, como cefaleias,
hipertensão, distúrbios do aparelho digestivo, tensão muscular, problemas
respiratórios, gripes, entre outros. Ainda com relação aos sintomas, Lipp (2013)
afirma que devido à queda do sistema imunológico, doenças que estavam do estado
de latência tendem a se manifestar, entre elas úlceras, diabetes, obesidade,
alergias, problemas dermatológicos e impotência sexual.
É importante considerar que a síndrome de burnout é resultado da interação
de variáveis psicológicas, biológicas e socioculturais, além de fatores de risco que
aumentam a probabilidade do desenvolvimento e da manutenção da síndrome.
Assim, o grau e o tipo de manifestações dependerão da configuração de fatores
individuais (predisposição genética, experiências socioeducacionais) e fatores
ambientais, tais como o local, as pessoas e as condições de trabalho (MORAIS, et.
al 2004).
O burnout não é necessariamente uma consequência do estresse e
diferentemente deste último, tem sempre uma dimensão negativa (distresse). Está
relacionado a causas multidimensionais, com influência de fatores individuais e
ambientais que provocam uma sensação de desvalorização profissional. Os
sintomas que, via de regra, se originam no âmbito profissional têm consequências
para o âmbito interrelacional (MASLACH, 2007).
Ainda que a exaustão emocional que se manifesta no burnout seja uma
variável do estresse, nesta síndrome ocorre o fenômeno específico da
2 Psicanalista americano que descreveu os sintomas da exaustão profissional e iniciou estudos sobre
o burnout. 3 Psicóloga social americana professora da Universidade da Califórnia, conhecida por suas pesquisas
em burnout.
25
despersonalização. Isto ocorre em função do desenvolvimento de atitudes negativas
para com as pessoas com as quais trabalha, agindo de formas distintas, parecendo
“outra pessoa” (aspas do autor).
A síndrome de burnout foi constatada inicialmente em atividades
profissionais que exigem maior contato interpessoal: médicos, professores,
enfermeiros, bombeiros entre outras. Mas atualmente já se observa que os sintomas
acometem profissionais que “interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam
e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem às técnicas e
métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a
avaliações” (SEGANTIN & MAIA, 2007, p.56).
Considerando que o estresse profissional e a síndrome de burnout surgem na
busca do equilíbrio entre as demandas profissionais externas e recursos internos do
indivíduo, pode-se pensar que algumas características da estrutura psíquica e da
própria vivência do profissional são fatores que potencialmente favorecem ou
dificultam a busca deste equilíbrio.
Neste trabalho o foco voltou-se à análise de uma destas características
internas, o coping, cujos conceitos serão descritos no próximo item.
2.3 Coping O coping é concebido como o conjunto das estratégias utilizadas pelos
indivíduos para adaptarem-se a circunstâncias adversas. Os esforços dispendidos
pelos indivíduos para lidar com situações estressantes, crônicas ou agudas, têm se
constituído em objeto de estudo da psicologia social, clínica e da personalidade,
encontrando-se fortemente atrelado ao estudo das diferenças individuais. (SAVOIA
et al 1996).
Folkman e Lazarus (1980, p. 46) definem o coping como uma “tentativa ou
empenho para lidar com exigências externas (do ambiente) ou internas (do próprio
sujeito) percebidas como sobrecarregando ou excedendo os recursos da pessoa”.
Assim, é possível inferir que o coping relaciona-se aos mecanismos de adaptação.
É um instrumento que o sujeito vai construindo no decorrer de sua vida e que tem a
função de auxiliá-lo a enfrentar o estresse e em última instância, a sobreviver.
26
Para Gazzanica e Heatherton (2005), o coping pode ser conceituado como
um conjunto sequencial de cognições e funções que coordenam a relação entre o
estresse e suas consequências, tendo como principal elemento mediador dessa
relação a avaliação cognitiva do acontecimento estressante, que vai depender da
natureza da situação ou do ambiente, mas também dos recursos intra e
interpessoais do indivíduo.
A tradução do verbo to cope significa lutar ou competir com sucesso, ou pelo
menos em condições de igualdade. Isto significa, portanto, a possibilidade de lidar
de forma adequada com uma situação, no sentido de superar as dificuldades ou
limitações que ela apresenta (SCHVIGER, 2009).
Antoniazzi et al (1998) afirmam que pesquisadores da área psicológica no
início do século passado entendiam o coping como uma espécie de mecanismo de
defesa, uma motivação interna e inconscientemente, uma forma de lidar com
conflitos sexuais e agressivos. Estes primeiros pesquisadores concebiam então o
estilo de coping utilizado pelas pessoas como um mecanismo estável, que seguia
uma estruturação de saúde concebido como estável, numa hierarquia de saúde
versus psicopatologia.
Esta primeira concepção foi sofrendo transformações, principalmente no
sentido de se fazer uma diferenciação entre mecanismos de defesa e coping.
Esclareceu-se que os comportamentos envolvidos nos mecanismos de defesa têm
como característica a rigidez, a inadequação à realidade externa e o fato de serem
inconscientes e ligados a questões do passado. Por outro lado, os comportamentos
vinculados ao coping foram caracterizados pela flexibilidade, adequados à realidade,
com orientação para o futuro e conscientes. Esta concepção encontra críticas devido
às dificuldades teóricas da psicologia para investigar empiricamente seus conceitos.
(FOLKMAN & LAZARUS, 1980).
Da década de 1960 até 1990, segundo Antoniazzi et al (1998), outros
pesquisadores focalizaram uma nova perspectiva conceitual em relação ao coping.
Buscaram relacionar os comportamentos de coping com seus condicionantes
cognitivos e situacionais. Assim, o coping passou a ser concebido como um
processo transacional que ocorria entre a pessoa e o ambiente, dando importância
igual para o processo e para os traços personalidade. Nestas décadas imprimiram-
se importantes avanços na área, originando muitas publicações, em especial as de
Folkman e Lazarus.
27
Em tempos mais recentes, uma nova geração de pesquisadores estudam os
pontos de convergência entre coping e personalidade. Isto porque as evidências
mostram apenas os fatores situacionais e não dão conta de explicar as inúmeras
diversificações das estratégias de coping utilizadas pelas pessoas. Os traços de
personalidade mais enfocados como relacionados às estratégias de coping são:
otimismo, rigidez, autoestima e locus de controle (ANTONIAZZI et al, 1998).
De acordo com Folkman e Lazarus (1984) o coping pode se apresentar de
duas maneiras distintas, de acordo com o papel que desempenha. A primeira forma
é o coping de enfrentamento baseado no problema. O objetivo desta estratégia é o
de encontrar solução para lidar com o complexo relacionamento entre o sujeito e o
meio ambiente. A segunda forma é o coping de enfretamento baseado na cognição
ou na emoção. Neste caso, o objetivo é regular o desgaste emocional provocado
pela situação estressora.
Ambas as estratégias de coping, tanto a focalizada no problema quanto a
focalizada na emoção são importantes, mas é fundamental que elas possam ser
flexíveis e capazes de mudanças. Ou seja, situações e demandas novas vão exigir
novas estratégias de coping, uma vez que uma única estratégia não pode ser eficaz
para todos os tipos de estresse. Para Antoniazzi et al (1998) é difícil avaliar o
resultado de uma estratégia de coping porque ela pode mudar com o tempo. Além
disso, uma estratégia de coping que inicialmente diminui o estresse pode ser motivo
para futuras dificuldades.
É importante considerar que Beresford (1994) afirma que o processo de
coping não pode ser simplificado, pois é um fenômeno complexo de variáveis
interdependentes: quando um indivíduo lida com um estressor, as estratégias de
coping são utilizadas de forma individual, consecutiva e combinadas. Dessa forma, o
impacto de uma estratégia de coping pode ser confundido pelo efeito de outras
estratégias.
Os autores afirmam ainda que o mecanismo do coping se caracteriza por
quatro elementos importantes:
Interação do sujeito com seu ambiente;
Administração da situação estressora;
Avaliação da situação;
Mobilização de recursos
28
O coping se constitui na verdade em um processo composto e influenciado
por diversas variáveis, sendo que dois conceitos são importantes: os moderadores e
os mediadores. Os moderadores seriam aquela variável pré-existente que
influenciaria o resultado de coping, mas que não seria influenciada pela natureza do
estressor ou pela resposta de coping. Melhor explicando, os moderadores
representariam as características: a) da pessoa (seu nível de desenvolvimento
cognitivo, seu gênero, sua experiência prévia, seu temperamento); b) do estressor (o
tipo e o nível de controlabilidade); c) do contexto (influência parental, suporte social):
d) a interação entre esses fatores.
Por outro lado, os mediadores são considerados mecanismos, como por
exemplo, a avaliação cognitiva e o desenvolvimento da atenção. Eles seriam
acionados durante o episódio de coping, diferentemente dos moderadores, que
seriam pré-existentes (RUDOLPH, 1995 apud ANTONIAZZI et al, 1988).
Beresford (1994) também analisa estas variáveis dando-lhes uma
nomenclatura diferente: recursos pessoais e recursos socioecológicos. Os primeiros
corresponderiam, para o autor, às variáveis físicas e psicológicas: saúde física e
mental, moral, ideologia, experiências anteriores de coping, nível de inteligência
entre outros. Os recursos socioecológicos seriam aqueles existentes no ambiente ou
contexto social da pessoa: família, casamento, redes sociais, recursos práticos e
condições financeiras.
A disponibilidade de recursos influencia a avaliação do fenômeno e da
situação e determina as estratégias de coping a serem usadas. Dependendo da
qualidade e da disponibilidade destes recursos, o indivíduo estará mais ou menos
vulnerável aos efeitos negativos do estresse. O estresse pode afetar os recursos de
coping e aumentar a vulnerabilidade (ANTONIAZZI et al, 1998).
Pelo exposto conclui-se que as estratégias de coping são importantes
recursos para lidar com o estresse, evitar a exaustão e o burnout. Estas estratégias
serão mais eficientes se não forem desenvolvidas apenas individualmente, mas em
um contexto coletivo e inseridas no próprio programa de desenvolvimento
profissional da organização (BERNAL, 2010).
No caso dos policiais militares bombeiros, os desafios de sua atividade
laboral são específicos, diversificados e intensos, refletindo no cotidiano profissional.
Esta situação aponta para a necessidade de se aprofundar os estudos sobre o
29
estresse e o burnout nessa população, assim como sobre as estratégias de coping
que podem ser utilizadas para facilitar o trabalho.
No capítulo seguinte, será apresentada uma descrição do trabalho dos
bombeiros apontando suas principais características e desafios, com o intuito de
identificar nesta atividade profissional as situações favorecedoras de estresse
ocupacional e burnout.
30
3 O TRABALHO DO BOMBEIRO Vida Alheias, Riquezas a Salvar4
3.1 Bombeiros no Brasil 5
O badalar dos sinos anunciava que estava acontecendo um incêndio.
Homens, mulheres e crianças saíam de suas casas, ou de onde estivessem, e
corriam do local onde o fogo destruía algo. Todos juntos, faziam uma enorme fila e
do poço de água mais próximo, passavam baldes de mão em mão, até que eles
chegassem ao local que estava em chamas. Isto acontecia no Brasil até 1856,
quando não havia homens especializados e contratados pelos Estados para o cargo
de apagar incêndios. Não havia o Corpo de Bombeiros. É certo que, naquela época
as ocorrências eram em menor proporção. Não havia as grandes cidades, nem os
grandes edifícios, nem os milhares de carros e motos circulando nas ruas e
causando acidentes e atropelamentos, não havia ocorrências com pós químicos ou
bombas, e, é claro, a população brasileira era muito menor.
Em 1856, mais exatamente, no dia 02 de Julho de 1856, o Imperador Dom
Pedro II, vendo a necessidade de ter homens “especiais” para combater o fogo,
assinou o decreto 1.775, que regulamentava o “Serviço de Extinção de Incêndio”.
Nascia assim o “embrião” do Corpo de Bombeiros no Brasil, instituído como Corpo
Provisório de Bombeiros da Corte, no Rio de Janeiro. Homens que pudessem atuar
como bombeiros e instrumentos disponíveis para auxiliar o serviço de extinção de
incêndios foram reunidos na Casa do Trem (Arsenal de Guerra). O primeiro serviço
contra incêndios era responsável por orientar medidas de socorro, cabendo à equipe
técnica a supervisão dos trabalhos de salvamento e extinção do fogo. Apesar dos
equipamentos serem rudimentares, a cidade não se mobilizava desordenadamente.
Aos poucos, ia-se organizando o núcleo oficial do Corpo de Bombeiros. Os arsenais
deixaram de ser os únicos responsáveis pelos incêndios, embora contassem com
melhores equipamentos e pessoal mais especializado, possuíam a colaboração da
Repartição de Obras Públicas e de funcionários da Casa de Correção. Naquela
época, o sinal de fogo era dado por tiros de peças do Morro do Castelo, onde uma
4 Vidas alheias, riquezas a salvar: Lema do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
5 Informações obtidas com bombeiros profissionais durante as visitas aos postos de prontidão, ao
museu da corporação e em associações. Gravadas após cada visita, foram transcritas posteriormente.
31
bandeira vermelha era içada. Em seguida, o toque era do sino da Igreja de São
Francisco de Paula, indicando o lugar do sinistro. Em 1880, a Corporação passou a
ter organização militar e, foram concedidos postos e insígnias aos seus
componentes. Com o passar dos anos, equipamentos mais sofisticados foram
fornecidos e viaturas mecânicas passaram a ser utilizadas.
Em 1954, por decreto presidencial, o dia 02 de Julho passou a ser o Dia do
Bombeiro, uma justa homenagem a quem arrisca sua vida para salvar a do próximo.
3.2 Bombeiros no mundo
As informações explicitadas neste capítulo, foram colhidas no período de
julho de 2013 a outubro de 2015. Parte das informações foram obtidas em pesquisa
aos variados sites especializados na profissão de bombeiro profissional, em visitas
ao museu do Corpo de Bombeiros de São Paulo. Também foram colhidas em visitas
a associações das quais estes profissionais são membros e durante a coleta de
dados em visita aos postos do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de
São Paulo.
A profissão de bombeiro profissional tem sua história iniciada na época das
Cruzadas (movimento político-militar religioso europeu da idade média) onde
exércitos europeus migraram em campanha para conquistar Jerusalém. Por volta do
ano de 1.100, mercadores se reuniram e fundaram uma casa religiosa com o
principal objetivo de abrigar os peregrinos. Como centro religioso do mundo
ocidental havia tantos peregrinos que em pouco tempo a casa abrangeu a caridade
de cuidar de doentes e desabrigados, passando a abrigo e hospital, quando foi
conhecida como “Ordem dos Hospitalários”. Com o aumento de ataques a
caravanas que seguiam a cidade, surgiu a necessidade de atender feridos nas
estradas próximas à cidade, porém para tal os próprios hospitalários precisavam de
segurança para não se tornarem também vítimas de ataques nas estradas. Assim,
também treinavam e se equipavam para batalhas, passando a se constituir na
“Ordem dos Cavaleiros Hospitalários”, sendo os percursores do Atendimento Pré-
Hospitalar (APH).
Voltando à relação com a profissão de Bombeiro, além dos Hospitalários
serem precursores do APH, enquanto Jerusalém estava sob domínio cristão, houve
32
muitos ataques de exércitos islâmicos a fim de recuperar o solo também sagrado
para eles e uma das armas mais devastadores usada contra a cidade era o “fogo
sarraceno”, bombas incendiárias poderosas semelhantes ao Napalm de hoje. Com
os incêndios e inúmeros feridos pelas chamas os Cavaleiros Hospitalários também
se especializaram nessa emergência. Muitos cavaleiros de diversas ordens foram
mortos pelo fogo ou socorridos pelos Hospitalários. Em retribuição muitos deram ou
trocaram seus símbolos de ordem em gratidão e fraternidade, o que originou a
tradição de medalhas de honra em formato de Cruz praticada até hoje. Por este
motivo, o vínculo entre Bombeiros e ordem dos Cavaleiros Hospitalários, sendo a
Cruz que usavam adotada em toda Europa e de lá para todo mundo pós-medieval.
Quanto à Ordem dos Hospitalários foi a única que resistiu ao tempo e continua
existindo hoje e seu objetivo principal é a caridade e atendimento hospitalar. O nome
da Cruz de Malta se dá pelos Hospitalários terem encontrado abrigo por muitos anos
na Ilha de Malta após o período das cruzadas.
Há registros também de que o surgimento dos Corpos de Bombeiros
remonta à origem do emprego do fogo pelo homem. Entre os povos antigos, os
gregos tinham organizado sentinelas noturnos para vigilância de suas cidades e
faziam soar um alarme em caso de incêndio. Em todas as cidades do Império
Romano também estava regulado estes serviços.
Mas os bombeiros surgiram por conta de necessidade, quase sempre depois
de um grande incêndio surgia a mobilização para a criação de quem pudesse
enfrentá-lo. Foi assim que surgiu uma das primeiras organizações de combate ao
fogo de que se tem notícia, na Roma Antiga. Segundo Care Z. Peterson quando a
capital do Império Romano sofreu um grande incêndio no ano de 22 aC, o Imperador
Augusto criou o que se poderia chamar de uma organização de combate a
incêndios. Era formada por um grupo de pessoas, chamados "vigiles". Esses
"vigiles" patrulhavam as ruas para impedir incêndios e também para policiar a
cidade, através de patrulhas e vigilantes contra incêndios. Neste período da história,
o fogo era um problema de difícil resolução para os “vigiles” que contavam com
métodos insuficientes para a extinção das chamas. Este corpo serviu até a queda do
Império Romano (476 d.C.). Este é o primeiro corpo organizado que se conhece na
história, dedicado exclusivamente à função de bombeiro.
Com os séculos, estas organizações evoluíram muito pouco. Durante a
Idade Média se tinha no incêndio um conceito relativo, consideravam um dano
33
inevitável. A partir do século XVI os artesãos se espalham por toda Europa numa
modesta industrialização. Os incêndios são mais frequentes e se tem necessidade
de combatê-los de forma prática.
Mais tarde, na metade do século XVII o material disponível para combate a
incêndio se reduzia a machados, enxadões, baldes e outras ferramentas. Os países
mais avançados contavam com rudimentares máquinas hidráulicas que eram
conectadas a poços de vizinhos que enchiam baldes que por sua vez eram
passados de mão em mão, até a linha do fogo.
No século XVIII Van Der Heyden inventa “a bomba de incêndio”, abrindo
uma nova era na luta contra o fogo. O mesmo Van Der Heyden também ganha
notoriedade ao inventar a “mangueira” de combate a incêndios. Estas primeiras
mangueiras foram fabricadas em couro e tinham quinze metros de comprimento com
uniões de bronze nas extremidades. O novo sistema põe fim à época dos baldes e
marca o começo de uma nova era no “ataque” aos incêndios, com o lançamento de
jatos de água em várias direções, o que não era possível no sistema antigo.
A aparição destas bombas de incêndio fez com que se organizasse em Paris
(França) uma companhia de “sessenta guarda bombas”, uniformizados e pagos que
estavam sujeitos à disciplina militar.
Este foi um dos primeiros Corpos de Bombeiros organizados, nos moldes
dos sistemas atuais de que se tem notícias. Em pouco tempo todas as grandes
cidades do mundo ocidental já possuíam, seja por disposição legal ou por iniciativa
das companhias de seguro, (como por exemplo, na Escócia e Inglaterra) serviços de
bombeiros pagos.
Uma das normas mais antigas de proteção contra incêndios foi promulgada
no ano de 872 em Oxford, Inglaterra, estabelecendo um toque de alerta, a partir do
qual se deviam apagar todos os incêndios que estivessem ocorrendo naquele
momento. Mais tarde, Guilhermo, o Conquistador estabelecia um toque de alerta
geral em toda a Inglaterra, dirigindo tanto a que se apagassem os fogos como as
revoltas no país.
Um fato interessante da história, é que em 1666 na Inglaterra, já havia
Brigadas de Seguros Contra Incêndios sendo formadas por Companhias de Seguros
e que eram as mesmas que decidiam pelas localizações das Brigadas. Sabe-se
muito pouco a respeito do desenvolvimento das organizações de combate ao fogo
na Europa até o grande incêndio de Londres em 1666. Esse incêndio destruiu
34
grande parte da cidade e deixou milhares de pessoas desabrigadas. Antes do
incêndio, Londres não dispunha de um sistema organizado de proteção contra o
fogo. Após o incêndio, as companhias de seguro da cidade começaram a formar
brigadas particulares para proteger a propriedade de seus clientes.
Em Boston, depois de um incêndio devastador que destruiu 155 edifícios e
certo número de barcos, em 1679 houve a fundação do primeiro Departamento
Profissional Municipal Contra Incêndios na América do Norte. Boston importou da
Inglaterra uma bomba contra incêndios e no Departamento haviam empregados 12
bombeiros e um chefe. Já em 1715, a cidade de Boston já contava com seis
companhias que dispunham de bombas d’água.
Em mesma época também eram organizados nas comunidades de
Massachusetts sistemas de defesa contra o fogo tais como exigências que em cada
casa houvesse disponível cinco latas, (tipo balde). Em caso de incêndio era dado
alarme através dos sinos das Igrejas e os moradores de cada casa passavam então
a organizarem-se em grandes filas, desde o manancial mais próximo até o sinistro,
passando as latas de mão em mão. Aqueles que não ajudavam eram sancionados
com multas de até U$ 10,00 pelo chefe dos bombeiros.
Com falta de organização e disciplina dos bombeiros voluntários, bem como
a resistência à tecnologia que despontava com a introdução de bombas com motor a
vapor, ocasionou a organização dos departamentos profissionais contra incêndio
tendo-se registro que em 1º de Abril de 1853 em Cinccinati, Ohio, entrou em serviço
uma organização profissional de bombeiros com bombas a vapor em veículos
tracionados por cavalos. Anos mais tarde, também Nova York substituía os
bombeiros voluntários pelos profissionais que utilizavam estas bombas.
As primeiras escolas de bombeiro surgiram em 1889, Boston e em 1914,
Nova York para transformação dos quadros profissionais de maiores e menores
graduações. Na época das primeiras e Segunda Guerra Mundial os Corpos de
Bombeiros encontravam-se estruturados e atuavam em sistemas de dois turnos.
Todavia face as necessidades muitas vezes seguiam trabalhando para erradicar
sinistros advindos dos bombardeios, com jornada de até 24 horas, passando a
tornar-se comum tal prática, trabalhando mais horas que outras categorias
profissionais e com isso consolidando-se esta situação, a partir de então.
Sobre o símbolo dos bombeiros a Cruz de Malta é utilizada
internacionalmente. As quatro pontas da cruz em V são como setas apontando ao
35
centro que significam a “união”, no caso dos Bombeiros entre aos membros da
própria equipe e entre cada membro com os ideais da causa. Os significados da
Cruz de Malta para o profissional e nos serviços de Bombeiros representa a união
homem com Deus representando ainda a força do espírito e o poder da
regeneração, a ligação entre céu e terra, o equilíbrio. Na prática, atualmente é um
símbolo de honra e valor, boa vontade e sacrifício, sendo inclusive uma
condecoração militar em muitos países. Nas quatro pétalas o sentido do simbolismo
são: Bravura, Compaixão, Lealdade ao dever e Coragem. Apesar de bravura e
coragem serem similares, nesse contexto são distintos. A bravura refere-se ao
valente, intrépido, que supera as dificuldades e não se deixa abater. A compaixão
significa comover-se com a dor alheia, ser piedoso e ajudar o amigo ou inimigo em
dificuldade. A lealdade ao dever por sua vez significa ser sincero e honesto, fiel a
seus compromissos e obrigações. A coragem no símbolo é representada pela
perseverança, força de propósito, que supera seus medos e enfrenta perigo. Nas 8
pontas: perseverança, lealdade, destreza, clareza, observação, tato, simpatia,
bravura. Convêm ressaltar o que significa neste contexto. A perseverança refere-se
a força de vontade para seguir, se manter firme no propósito, continuar a agir. A
lealdade por sua vez, ser responsável com os compromissos assumidos, ser sincero
e honesto com as regras que norteiam sua honra. A destreza está embasada em ter
habilidade e agilidade para as tarefas, ter perícia, aptidão e segurança em seus atos.
Quanto a clareza pode-se pontuar a qualidade de perceber e distinguir, conseguir
compreender e se comunicar. A observação neste aspecto significa conseguir
observar o meio e a si mesmo com atenção, vigiar as próprias ações, analisar a
realidade no instante a sua volta. O tato, como a habilidade de conseguir executar
ações com cautela e prudência, se necessário de forma sutil com cuidado e
delicadeza. A simpatia, ser atencioso a solicitação de outros, se colocar na posição
de outros, com humildade, ser um cavalheiro com o sentido de ser educado, gentil e
cortes com os outros. E finalmente, a bravura que implica em conseguir fazer o que
precisa mesmo com medo, superar as dificuldades e seguir em frente com energia e
boa vontade, acreditando em si e no que faz. 6
6 Disponível em http://portal.cnbc.org.br/campanhas/simbolo-internacional-de-bombeiro. Acesso em
29/07/2015.
36
3.3 Bombeiros militares A literatura disponível sobre o trabalho dos Bombeiros Militares está centrada
em quase toda sua totalidade em questões técnicas e profissional tais como:
prevenção de incêndios combate a incêndios, salvamentos, primeiros socorros. Há
uma escassez nas referências bibliográficas no que diz respeito às questões
pertinentes à vida administrativa da corporação.
Doravante, as informações aqui desenredadas foram colhidas em visita ao
museu da corporação, ocorrida em setembro de 2013, escutas clínicas e durante a
coleta de dados em visitas aos postos dos bombeiros militares distribuídos na
Capital.
Denominado Centro de Memória do Corpo de Bombeiros localizado no
bairro da Vila Mariana em São Paulo, Capital7, o local tem como objetivo preservar a
história da corporação criada em 1880. Com 170 objetos, entre materiais, fotos,
reportagens e equipamentos antigos e modernos, distribuídos em salas temáticas e
nos corredores do casarão antigo de dois andares, o local descreve a história
centenária da instituição e retrata a evolução dos serviços prestados aos paulistas.
Há uma sala específica onde estão registrados os grandes e mais conhecidos
incêndios da história dos bombeiros de São Paulo, caso dos edifícios Andraus (24
de fevereiro de 1972), Joelma (1º de fevereiro de 1974) e Grande Avenida (14 de
fevereiro de 1981). Para pesquisas, existe a biblioteca, com mais de 500 artigos
literários, entre reportagens, ocorrências, manuais e apostilas de diferentes épocas.
Há ainda uma sala de projeção, onde são exibidos filmes e curtas sobre a
corporação.
Em 2013, com 152 anos de existência, a corporação está diretamente ligada
à Polícia Militar, através da Secretaria de Defesa Civil, na maioria dos Estados. Seu
comandante é subordinado ao comandante geral da PM, que, por sua vez, recebe
ordens do governador do Estado. Somente nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas
e Brasília, o Corpo de Bombeiros é uma instituição independente e separada da
Polícia Militar, subordinada apenas ao governo estadual. A maioria dos serviços de
emergências em caso de incêndios e outros desastres são executados pelos Corpos
de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal. Estas corporações foram
7 Centro de Memória do Corpo de Bombeiros – Rua Domingos de Moraes, 2329 – Vila Mariana – São
Paulo - [email protected].
37
recentemente militarizadas, por ocasião da promulgação da Constituição Federal de
1988. Contudo, a organização, a doutrina e a formação dada ao longo dos anos foi
sempre tipicamente militar.
Existem relatos de serviços de extinção de bombeiros organizados no
Arsenal de Marinha, na Cidade do Rio de Janeiro, desde 1761. O Primeiro Corpo de
Bombeiros estatal, para atendimento a socorros urbanos que se tem notícia no
Brasil, foi o Corpo de Bombeiros da Corte, criado em 1856, e organizado por um
oficial do Exército Brasileiro, da Arma de Engenharia, o então major Moraes Antas.
De lá para os dias atuais, há muita influência das doutrinas Militares das
Forças Armadas que foram introduzidas nas corporações de bombeiros estaduais e
do Distrito Federal.
Em 1995, em Brasília, foi criada a Liga Brasileira de Bombeiros – LBB, por
iniciativa de dois oficiais Bombeiros militares do Distrito Federal, o então
Comandante-Geral do CBMDF, o Coronel José Rajão Filho e do Ex-Comandante
daquela mesma força, Coronel Roberto Megale Valle. Esta entidade foi criada para
congregar bombeiros militares e voluntários do Brasil. Como havia amplas
divergências entre as corporações civis e militares, a entidade foi esvaziada, sendo
reativada no ano de 2005, com o nome de Liga Nacional dos Bombeiros Militares –
LIGABOM – em funcionamento até a presente data, porém atualmente sem os
bombeiros voluntários.
As exigências de qualificação para ser um bombeiro militar variam de estado
para estado, mas, em geral, o candidato a bombeiro precisa ser brasileiro, ter
certificado de reservista (no caso dos homens) e ensino médio completo. A idade
mínima é de 18 anos. A altura mínima é de 1,65 m para homens e 1,60 m para
mulheres; na maioria dos Estados, os candidatos a oficiais devem ser solteiros. É
imprescindível não ter antecedentes criminais. Para algumas funções é necessário
saber dirigir ou no caso de salva-vidas, saber nadar. Para ser oficial, é preciso
cursar uma escola superior de formação e aperfeiçoamento. Há três escolas de nível
superior para formação de oficiais-bombeiros no país: no Rio de Janeiro, em São
Paulo e em Brasília. Existem cursos de formação de soldados, cabos e sargentos
bombeiros em todos os estados e alguns cursos de aperfeiçoamento de oficiais. O
38
candidato a bombeiro pode ingressar na corporação como soldado ou como oficial.
Para ambos os cargos, o recrutamento é feito através de concurso público.8
O salário bruto inicial de um bombeiro militar em cidades com mais de 500
mil habitantes como São Paulo, atualmente é de R$ 2.243,00.9.
Um melhor conhecimento sobre a instituição do Corpo de Bombeiros pode
ser possibilitado pela análise dos princípios da Instituição:
Missão do Corpo de Bombeiros
“Proteger a vida, o meio ambiente e o patrimônio da sociedade, por meio dos
serviços de bombeiros prestados com excelência operacional”.
Visão de Futuro da Instituição
“Ser reconhecido nacional e internacionalmente como modelo de excelência
nos serviços de bombeiros”.
Valores do Corpo de Bombeiros
“A disciplina de valor ou o negócio da Instituição Corpo de Bombeiros da
PMESP é buscar a eficiência operacional, com foco na qualidade, almejando a
facilidade de acesso aos serviços prestados pelo Corpo de Bombeiros, gerando
tranquilidade, ordem e salubridade públicas, com a mitigação dos custos
operacionais da organização lastreados na política de governo e no dever do
Estado”.10
3.4 Bombeiros civis
Por sua vez, existem alguns corpos de bombeiros civis, municipais e
voluntários no Brasil. O primeiro deste tipo que se tem notícia é o Corpo de
Bombeiros Voluntários da Cidade de Joinville, Santa Catarina, criado em 1892.
Atualmente, tem crescido a demanda por serviços de emergências no País.
Para atendê-la, os serviços de prevenção e combate de incêndios, e prevenção de
8 Disponível em site http://www.polmil.sp.gov.br/unidades/apmbb/index.asp. Acesso em 20/07/2015.
9 Disponível em http://noticias.terra.com.br/brasil/bombeiros-salarios/. Acesso em 29/07/2015.
10 Informações disponíveis nos quadros de avisos de cada posto de prontidão da corporação.
39
acidentes, em primeira resposta, estão sendo oferecidos por empresas privadas de
segurança.
A profissão de Bombeiro Civil é a única que em todas as profissões no Brasil
possui uma Norma Brasileira Regulamentadora específica na Associação Brasileira
de Normas Técnicas, a ABNT/NBR 14.608 Bombeiro Profissional Civil – Requisitos.
A profissão também é regulamentada pela Lei Federal 11.901/09 de 12 de Janeiro
de 2009, sendo uma das poucas 67 profissões que contam como regulamentadas
no site do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.11 Ainda para o Ministério do
Trabalho e Emprego, a profissão de Bombeiro Civil, consta na CBO Classificação
Brasileira de Ocupações, que existe desde 1977 na família 5171-10 “Bombeiro Civil”.
Estes profissionais, atuam em órgãos públicos, empresas privadas, Municípios em
atendimento ao público e Corpos de Bombeiros Municipais ou Voluntários. Há
Cooperativas e Sindicatos em muitos Estados do Brasil. As Cooperativas e
Associações de Bombeiros Civis tem como propósito oferecer benefícios a seus
associados bem como manter equipes de Bombeiros Civis Voluntários à serviço da
sociedade.
O profissional está presente dentro de empresas de todos os portes,
exercendo sua profissão de forma remunerada ou voluntária. Atende a população
em muitos municípios em todo Brasil onde a prefeitura constituiu o Corpo de
Bombeiros Civis Municipais ou celebrou convênio com Associação de Bombeiros
Voluntários para prestar serviço à sociedade. Ainda há equipes de Bombeiros Civis
em diversos núcleos de Defesa Civil e Grupos de resposta a catástrofes que
atendem em todo Brasil como por exemplo, nos desastres das chuvas na região
serrana no Rio de Janeiro e no exterior como no terremoto do Haiti.
O mercado de trabalho está em franca expansão em todo Brasil. O Conselho
Nacional de Bombeiros Civis – CNBC foi fundado em 2009 e constituído em 2011,
com objetivo de conscientização, defesa e desenvolvimento da profissão. O
Conselho presta a sociedade o importante serviço de consulta pública sobre a
situação do registro de profissionais, escolas e empresas prestadoras de serviços de
Bombeiros Civis, enaltecendo e orientando os profissionais e a sociedade sobre
profissionais e entidades que promovam a formação irregular ou o exercício ilegal da
profissão. O Conselho é responsável pela publicação do Código de Ética do
11
Disponível em http://portal.mte.gov.br/portal-mte/. Acesso em 29/07/2015.
40
Bombeiro (a) Civil, de diversas Resoluções e Pareceres. Possui estrutura em
expansão por Postos de Atendimento e Regionais em todos os Estados da União e
no Distrito Federal. Seguindo a história de luta de outras profissões, o Conselho
iniciou atividades em 2009 como entidade de direito civil e está em campanha para
se tornar de direito público, já conquistando credibilidade junto a categoria e
autoridades por trabalhos de excelência.
O bombeiro civil é classificado em 'Nível Básico' quando combatente direto
ou não do fogo; 'Líder', aquele formado como técnico em prevenção e combate a
incêndio, em curso similar a nível médio com propósito de ser comandante de
guarnição; e 'Mestre', aquele graduado em engenharia com especialização em
prevenção e combate a incêndio, sendo responsável pelo Departamento de
Prevenção e Combate a Incêndio. Sem concurso público, o Curso de Formação de
Bombeiro Civil é um curso profissionalizante que atende aos descritos da NBR
14.608 de Bombeiro Profissional. A idade mínima para frequentar o curso
profissionalizante é de 18 anos e o nível de escolaridade é o Ensino Fundamental
Completo. Ao longo do curso, aproximadamente 6 meses, entre aulas teóricas e
práticas, os futuros profissionais aprendem noções de tetraedro12 do fogo; classes
de incêndio; pontos de temperatura propagação do fogo; fases de combate ao fogo;
explosões; prevenção de incêndio; métodos de extinção; agentes extintores;
equipamentos manuais de combate a incêndio; equipamentos de proteção individual
(E.P.I.); táticas de combate; caldeiras; sistemas de detecção e alarmes de Incêndio;
busca e salvamento; produtos perigosos; capacidade extintora; iluminação de
emergência; gerador e conjunto motor (bomba); sinalização de emergência; saídas
de emergência; para-raios; instalação de gases; elevadores; análise de risco;
abandono de área; controle de pânico; salvamento terrestre; salvamento em altura;
trabalho com escadas; extintores; técnicas de inspeção e vistoria; peças hidráulicas;
asfixia; parada respiratória e cardiorrespiratória; estado de choque; hemorragias;
fraturas; ferimentos; transporte de vítimas; heliporto e heliponto; parto; D.E.A
(Desfibrilador Externo Automático); P.A. (aferir a pressão). Ao término da
especialização, estarão aptos a cumprir a função de bombeiro profissional.
12
O tetraedro é um poliedro composto por quatro faces triangulares, três delas encontrando-se
em cada vértice. O tetraedro regular é um sólido platônico, figura geométrica espacial formada por
quatro triângulos equiláteros (triângulos que possuem lados com medidas iguais); possui 4
vértices 4 faces e 6 arestas. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Tetraedro. Acesso em 29/07/2015.
41
3.5 A atuação dos profissionais bombeiros militares e civis
Com uma missão nada fácil, é exigível aos bombeiros excelente forma física,
habilidade, muito treinamento, empenho, vocação e trabalho árduo para no dia-a-dia
enfrentar situações de tensão e perigo, onde terá que manter a serenidade mesmo
diante de tragédias e mortes. No Brasil, há 47.140 bombeiros, e em São Paulo
atualmente 9.000 bombeiros militares.13 O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
mantém plantão 24 horas. Os profissionais são escalonados pelo período de 24
horas ininterruptas atendendo a todos os tipos de ocorrência. No quartel onde ficam
de prontidão, a cada plantão os profissionais são selecionados a compor um
determinado tipo de viatura, que é acionada de acordo com a ocorrência solicitada.
Conforme relatos durante algumas escutas clínicas, o grau de alerta e o nível de
estresse que este profissional se submete depende da viatura o qual está arranjado
naquele plantão. O Auto Tanque (AT) é conhecido popularmente como carro pipa.
Esta viatura é destinada ao transporte e fornecimento de água, utilizada como apoio
a outros veículos de combate a incêndio. Possui um tanque d´água com 12 mil litros.
Apta a atender incêndios de grande porte. O Auto Bomba Tanque (ABT) é um
caminhão destinado ao transporte e fornecimento de meios utilizados na prevenção
no combate ao incêndio. Dotada de bomba de incêndio de alta pressão e vazão
acionada mecanicamente e tanque de água com capacidade para 5 mil litros, atende
incêndios de médio porte. Já o Auto Ataque Rápido (AAR) possui maior
maneabilidade para um deslocamento rápido em vias de trânsito complexo, sendo
primordial no combate a sinistros na sua fase inicial de propagação. É destinado ao
transporte e fornecimento de meios utilizados na prevenção e no combate ao
incêndio e salvamento. A UR (Unidade de Resgate) é um veículo tipo furgão,
destinado às ações de resgate e atendimento pré-hospitalar a vítimas
politraumatizadas em via pública, transportando equipamentos e materiais
específicos para o suporte à vida. Outra viatura que também faz atendimento pré-
hospitalar em casos que o risco de vida é iminente é a USA (Unidade de Suporte
Avançado). Esta funciona como uma UTI móvel e um médico (profissional civil) faz
parte da equipe dos bombeiros. Se necessário o helicóptero da Polícia Militar
(Águia) também é posto em ação. Em uma metrópole como São Paulo são as
13
Dados publicados no Diário Oficial da União em 14 de março de 2014, vol. 124 – n°. 47
42
viaturas mais requisitadas e mais desgastantes para os profissionais bombeiros
militares
O período de descanso é de 48 horas após o plantão para o qual foram
escalados. Porém, como complemento de renda tais profissionais se veem envoltos
em outras atividades neste período de descanso, que à priori lhes é são concedido.
Muitos bombeiros militares também trabalham como professores em escolas para
formação de bombeiros e brigadistas em eventos.
Com o intuito de desempenhar um trabalho eficiente e sem prejuízo à
integridade física das vítimas e dos bombeiros, além de muito treinamento teórico,
prático e físico são necessários equipamentos obrigatórios aos Bombeiros,
imprescindíveis à segurança profissional. O EPI (Equipamento de Proteção
Individual) é composto por uma farda confeccionada em tecido antichamas, capa
protetora, luvas, capacete, cinto multiuso, balaclava e botas. Atrelado a isso, em
casos de incêndio o EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) também é
obrigatório. Este equipamento, é composto por uma peça facial inteira, a válvula de
demanda automática com pressão positiva, suporte anatômico, cilíndrico e válvula
com manômetro. Aproximadamente são 27 kg de equipamento que a cada toque da
sirene o profissional sagazmente deve se paramentar, em 60 segundos até
embarcar na viatura14. Através do número 193, a sociedade solicita o atendimento o
qual necessita. Esta chamada é encaminhada a Central de Operações dos
Bombeiros localizada na Praça da Sé, Centro, São Paulo. De lá, a ocorrência é
encaminhada ao GB (Grupamento de Bombeiros) mais próximo da ocorrência. A
instituição recebe aproximadamente 25 mil ligações diárias pelo telefone de
emergência 193. Porém, há um enorme volume de trotes nestas ligações. Segundo
a corporação 70% destas chamadas são trotes, sendo que as chamadas aumentam
consideravelmente no período de férias escolares. Embora o trote seja crime no
Brasil, há uma imensa dificuldade em identificar e consequentemente punir os
criminosos deste tipo. 15
Em média, a corporação atende 2.100 ocorrências por dia – a maioria
relacionada ao resgate em acidentes de trânsito e cerca de 8% dos casos são de
incêndio. Em 2014 foram atendidas 670 mil ocorrências, com mais de 254 mil
14
Informações concedidas pela corporação 15
Informações disponíveis em http://corpodebombeiros.sp.gov.br/embr/wp-content/uploads/2015/04/ ACIONANDO-O-CB193.PDF. Acesso em 23-abr-2015.
43
pessoas salvas. Para trabalhar no COBOM (Centro de Operações do Corpo de
Bombeiros) o profissional deve ter três anos de experiência em atendimento
operacional de rua e curso de primeiros socorros. Em cada turno, a seção tem ainda
um médico, da Secretaria Estadual da Saúde, que ajuda a equipe de plantão nos
primeiros procedimentos do atendimento, principalmente nos casos de orientação de
problemas cardiovasculares.16
A figura abaixo esclarece quais são os tipos de ocorrências mais atendidas
na grande São Paulo:
Figura 1 Distribuição de ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros militares no Estado de São Paulo 17
Na figura 1 considera-se que quanto aos tipos de ocorrências mais
atendidas pelos bombeiros, 53% dos chamados são para a viatura de resgate, 19%
16
Disponível em http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia2.php?id=242519. Acesso em 15 de set de 2015. 17
Figura elaborada pela autora com dados obtidos com Corpo de Bombeiros
RESGATE 53%
TAC* 19%
INCÊNDIO 19%
SALVAMENTO TERRESTRE
9%
SALVAMENTO AQUÁTICO
9%
PRODUTOS PERIGOSOS
1%
DISTRIBUIÇÃO DE OCORRÊNCIAS ATENDIDAS PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITARES NO ESTADO DE SÃO PAULO
RESGATE
TAC
INCÊNDIO
SALVAMENTO TERRESTRE
SALVAMENTO AQUÁTICO
PRODUTOS PERIGOSOS
ldkssd
Dados obtidos com CGB/SP referente ano de 2014 * TAC (Talão administrativo do Corpo de Bombeiros
44
está relacionado a serviços administrativos da corporação que são ocorrências de
interesse interno (vistorias, palestras, manutenção de viaturas e outros), 10% são
para incêndios. E na mesma proporção, 9% para resgate aquático e 9% para
salvamento terrestre.
Um bombeiro profissional está apto a cumprir as seguintes funções: realizar
serviços de prevenção e extinção de incêndios; serviços de busca e salvamento;
prestar primeiros socorros a acidentados em qualquer ambiente; realizar perícia de
incêndio; prestar socorro no caso de inundações, desabamentos ou catástrofes,
sempre que haja ameaça de destruição de patrimônio, vítima ou pessoa em iminente
perigo de vida; fiscalizar o cumprimento da legislação referente à prevenção contra
incêndios em prédios residenciais e estabelecimentos comerciais; desenvolver
campanhas de educação da comunidade, com palestras em empresas e escolas,
visando a despertar a consciência dos cidadãos para problemas relacionados à
prevenção de incêndios; orientar a comunidade sobre o cuidado com piscinas,
acidentes caseiros, fogos de artifício, balões, elevadores e até insetos e cobras; em
caso de mobilização do Exército, cooperar no serviço de defesa civil.
Já os Bombeiros Civis, podem exercer a profissão tanto em órgãos públicos,
em empresas de todos os portes como Indústrias, Shoppings, Usinas, Condomínios,
Estádios, em locais de eventos fechados ou abertos de grande público, em parques
e áreas de conservação, como em atendimento público nos Municípios onde haja
este convênio. Estes profissionais podem trabalhar com poucos recursos como
numa empresa de menor porte, bem como com os mais modernos equipamentos e
veículos de emergência tal qual nas grandes usinas. Bombeiros Civis integram
equipes de atendimento a catástrofes junto a Defesa Civil e a Organizações
Nacionais e Internacionais. Os bombeiros civis podem ser contratados pela iniciativa
pública ou privada, sociedades de economia mista ou empresas especializadas na
área. Também podem atuar em conjunto com o Corpo de Bombeiros da Polícia
Militar. Sua jornada de trabalho é 36 horas semanais quando contratados pela
empresa ou em plantões de 12 horas em bases de apoio. Tais profissionais tem
direito a uniforme especial pagos pelo empregador, seguro de vida e adicional de
periculosidade de 30% do salário mensal. Esse cálculo não inclui gratificações,
45
prêmios ou participação nos lucros, caso existam. O salário inicial para bombeiro
civil é de R$ 1.150,00. 18
Apresentadas as principais características da atividade do profissional
bombeiro, o próximo capítulo apresentará a revisão da literatura, as fontes e
maneiras adotadas para a pesquisa bibliográfica que constituíram o aporte teórico
deste estudo.
18
Disponível em http://www.catho.com.br/profissoes/bombeiro-civil/#o-que-faz-um-bombeiro-civil. Acesso em 29/07/2015.
46
4 REVISÃO DA LITERATURA Este capítulo faz uma revisão de literatura acerca do tema da saúde mental
dos profissionais militares bombeiros. Foram eleitos trabalhos publicados no período
de 2003 a 2013 das bases de dados consultadas.
A revisão de literatura embasou-se nos sites de busca PubMed, Scielo,
Google Acadêmico, Periódicos CAPES, BVS-Psicologia, Biblioteca Digital Brasileira
de Tese/Dissertações, Web of Science, e um programa de busca na internet
Copernic Agent. As palavras chaves utilizadas foram: “bombeiros”, “bombeiros e
estresse”, “bombeiros e burnout”, “bombeiros e coping”, “estresse”, “burnout”. Em
inglês, as palavras-chave empregadas foram: “stress”, “firefighters”, “burnout”,
“burnout and firefighters”, “stress and firefighters”, “firefighters and coping”.
Foram encontrados e selecionados um total de treze artigos, sendo nove
deles escritos no Brasil, um em Portugal e dois nos Estados Unidos. Foram eleitos
artigos que apenas focassem nos profissionais militares bombeiros e descartados
artigos com populações que não exerciam atividade profissional que oferecesse
riscos e situações estressoras.
A maioria dos artigos foram publicados no ano de 2011, tendo porém como
tema central o Estresse Pós-traumático vivenciado por bombeiros sobreviventes ao
atentando do World Trade Center em 11 de setembro, perfazendo 44% dos artigos
pesquisados. Entretanto, o escopo deste projeto é o estresse e burnout em
bombeiros e não o estresse pós-traumático, portanto estes foram excluídos.
Quanto ao estresse e qualidade de vida em bombeiros, apenas quatro artigos
foram encontrados, sendo todos brasileiros.
Com referência ao coping, um artigo americano foi publicado no ano de 2012
e um brasileiro em 2013.
Profissionais como policiais e bombeiros, que atuam em constante situações
de risco e estão expostos a todo e qualquer tipo de crítica da sociedade, são
vulneráveis ao burnout, colocando em risco a qualidade do serviço que prestam à
população (QUEIROS et. al 2012). Portanto, conhecer o nível de burnout e alertar
para as consequências negativas que tal condição psicológica pode trazer, é
imprescindível.
Pavin et. al (2010) pontuam sobre a avaliação dos indicadores de saúde
mental dos bombeiros e os fatores que interferem no comportamento, comparando
47
as diferenças entre homens e mulheres. No que se refere à saúde mental geral dos
bombeiros (277 homens e 26 mulheres) observou-se que os indicativos de
depressão, estresse, comprometimentos em saúde mental geral há predominância
para a amostra feminina. O índice de estresse entre bombeiros femininos foi de
73,3%, de acordo com o ISSL. O indicativo de depressão foi de 26,9%. O
Questionário de Saúde Geral (QSG) revelou estado grave/gravíssimo para 65,4%
das mulheres avaliadas. Embora os homens apresentem um perfil de saúde com
pontos comprometidos e altas prevalências, destaca-se que as mulheres estavam
com desgaste ainda mais acentuado e com aspectos de saúde comprometidos. No
que tange, o estresse nos bombeiros seguiu ao que parece ser uma tendência no
Brasil, visto que em outros países pesquisas apontam índices mais baixos de
estresse entre estes profissionais.
Souza et al (2012) discutem o trabalho dos bombeiros militares e sua relação
no processo saúde-doença. É evidente que a categoria de bombeiros militares
apresenta um quadro cada vez mais amplo de adoecimento, principalmente os
relativos à saúde mental. Porém, a relação entre trabalho e saúde tem sido
abordada de maneira inteligível no contexto real da atividade.
Cremasco et al (2008) aclaram que o resultado de sua pesquisa realizada em
bombeiros da cidade de Vitória evidenciou que o maior fator desencadeador de
estresse profissional são as condições organizacionais. O cunho do militarismo que
caracteriza a organização tem sido apontado como principal promotor de estresse
profissional. Isto porque, segundo o autor, o militarismo, por seus princípios,
padroniza condutas e comportamentos, não deixando espaço para a expressão das
emoções e do aspecto individual pessoal, o que causa sofrimento que se reflete em
sintomas.
Uma pesquisa exploratória e descritiva, delineada como um levantamento e
utilizando um questionário semiaberto investigou a configuração da identidade
profissional, caracterização da profissão, identidade, trabalho, escolha profissional e
qualidade de vida do Bombeiro Militar da região da grande Florianópolis, SC.
Analisaram-se os dados quantitativa e qualitativamente colhidos da amostra
constituída por 266 Praças do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros (NATIVIDADE,
2009).
A análise dos resultados desta pesquisa levou a autora a concluir que esses
profissionais sentem-se realizados com sua profissão, muito embora possuam
48
queixas, as quais não são sobre o conteúdo da profissão, mas sim sobre falta de
condições para exercê-la e sobre aspectos organizacionais (NATIVIDADE, 2009).
Gonzales et al (2006), num estudo exploratório com bombeiros de uma cidade
do interior do estado do Rio Grande do Sul, investiga a relação entre o estado de
alerta (EA) e a saúde dos profissionais que para exercerem sua função estão neste
estado constantemente e até permanentemente. Seus estudos concluem que
91,66% dos trabalhadores bombeiros pesquisados trabalham em EA, e, destes,
63,63% afirmam estar em EAP (estado de alerta permanente).
Por um lado, este estado de alerta é fundamental na realização de um
trabalho com qualidade, em contrapartida, a continuidade do mesmo poderá trazer
sérios prejuízos à vida e à saúde destes trabalhadores. Como consequências deste
estado de alerta prolongado, pode-se relacionar os transtornos de sono, o desgaste
físico e mental, o cansaço do trabalhador ao sair do trabalho, o medo de adoecer em
função desta sobrecarga, a irritabilidade em casa, as brigas com a família por motivo
fútil, dentre outros aspectos (GONZALES, 2006).
Os resultados obtidos por Ferreira (2010) em sua pesquisa sobre
personalidade e percepção de estresse em bombeiros, levada a cabo com a
investigação em uma amostra constituída por 321 bombeiros das cidades de
Ribatejo e Extremadura, em Portugal, demonstraram associações importantes entre
características de personalidade e o estresse. A pesquisa aponta que tanto para a
predisposição ao estresse e burnout quanto o desenvolvimento de estratégias de
coping foram capazes de fazerem frente aos dois sintomas que parecem estar
relacionadas a algumas características de personalidade. Isto significa dizer, em
outras palavras, que os traços de personalidade de um indivíduo têm uma complexa
interação com os agentes estressores e com a capacidade de adquirir estratégias
para despotencializar estes agentes e inibir os sintomas de estresse e burnout.
Estas conclusões encontram-se corroboradas pelos estudos de Santana
(2011), que afirma ser o estresse uma reação do organismo à pesada carga
recebida por eventos significativos. Esta reação pode provocar desequilíbrios no
organismo, quando ele tenta ajustar-se à situação enfrentada. Santana (2011)
reitera que a intensidade da carga e da reação, assim como os desequilíbrios variam
de indivíduo para indivíduo, pois cada pessoa possui um grau diferente de
resistência a acontecimentos conflitantes, o que no caso deste estudo poderia ser
interpretado como o coping do indivíduo.
49
Assim, o autor coloca a importância de se considerar não só a grande
quantidade de fatores potencializadores de estresse, mas também os aspectos
individuais que vão determinar a maneira pela qual cada pessoa reage às pressões
cotidianas e os aspectos psicossociais envolvidos.
No caso dos profissionais bombeiros, foco deste estudo, portanto, é
importante investigar os elementos causadores de estresse, como o risco, a pressão
cotidiana, os aspectos da organização, a representação social e as expectativas do
grupo, as condições de trabalho. No entanto, como cada um destes profissionais lida
com todos estes agentes estressores vai depender também de sua característica
individual, da sua constituição psicológica e da sua possibilidade de desenvolver
estratégias de coping.
Lima e Assunção (2011) afirmam que variáveis individuais e de contexto são
considerados fatores associados ou de risco para o estresse e para os
consequentes sintomas do burnout e parecem explicar dimensões diferentes de
adoecimento em trabalhadores. A exposição a eventos traumáticos é o aspecto de
contexto mais investigado nas pesquisas recentes, indicando associações positivas
com a doença, situação presente no exercício da profissão de bombeiro.
Entretanto, afirmam os autores, a definição de evento traumático ainda é tema
de muita controvérsia na literatura e aspectos ocupacionais também são essenciais
para o entendimento do estresse e burnout em trabalhadores. No caso dos
bombeiros e dos demais profissionais de emergência, os pesquisadores concluem
que características sociodemográficas, biológicas e psicológicas, morbidade,
exposição a eventos traumáticos ocupacionais e não ocupacionais, e características
do trabalho e do emprego associaram-se ao estresse e ao burnout em profissionais
de emergência (Lima e Assunção, 2011)
Uma organização de bombeiros, para atender com eficiência e eficácia uma
demanda crescente de ocorrências, adota modelos funcionais rigorosos,
aumentando a intensidade das exigências organizacionais, as quais poderão
agravar as situações emocionais dos bombeiros no desempenho das suas
atividades profissionais (CARDOSO, 2004).
O crescimento das emergências e das exigências da organização sobre os
bombeiros criam uma condição que pode agravar as forças com origem nos fatores
psicossociais responsáveis pelo estresse profissional. A alteração dos fatores
psicossociais resultando no agravamento do estresse profissional foi confirmada por
50
Miller e Smith (2002), quando divulgaram as conclusões da pesquisa que avaliava a
relação entre o estresse psicológico de policiais e o ambiente organizacional. A
relação que se estabelece ente as demandas sociais e as exigências
organizacionais, na busca de formas para responder às necessidades de ajuda,
modificam o desempenho das atividades profissionais.
As necessidades sociais referem-se às solicitações para ajuda em
emergências sendo enquadradas numa amplitude que varia desde as atividades de
pequenos auxílios e orientações de segurança ao atendimento de emergências pré-
hospitalares e acidentes com cargas perigosas, transportadas por via rodoviária.
LAMBERT et. al. (2012) validaram uma nova escala psicométrica denominada
FFCSE - Firefighter Coping Self-Efficacy Scale (Escala de Enfrentamento e Auto
eficácia em Bombeiros)19. O objetivo desta escala é avaliar a percepção e a
capacidade do bombeiro em lidar com as situações estressantes e traumáticas
vivenciadas diariamente em seu trabalho. Os autores argumentam que esta
capacidade está embasada no CSE (Coping Self-Efficacy) e é fundamental para a
regulação eficaz dos processos internos (por exemplo, emoções e pensamentos),
execução de enfrentamento adaptativo e gerenciamento de estressores externos
associados a eventos traumáticos. Deste modo, um indivíduo com alto CSE teria
confiança em sua capacidade de lidar tanto com a gama de reações emocionais
frente ao estresse extremo, quanto gerir altas exigências externas. Esta
autoconfiança presumivelmente se traduz em maior capacidade de enfrentamento
por meio da definição de metas e perseverança, que por sua vez reduz o sofrimento
psíquico. Em contrapartida, indivíduos com CSE menor, tem recursos internos
limitados causando maior ansiedade e maior probabilidade de desistir quando
confrontado com desafios externos. Notavelmente, CSE não é considerado um traço
de personalidade estável. Portanto, a FFCCSE foi embasada na percepção dos
bombeiros para o gerenciamento do estresse e exposição ao trauma encontrado
diariamente em sua atuação profissional. Isto inclui a eficácia para gerenciar
memórias de ocorrências difíceis, lidar com os sentimentos associados ao
testemunho de ferimentos ou morte, e com o estresse geral associado a profissão
de bombeiro.
19
Artigo disponível somente para assinantes, traduzido fidedignamente pela pesquisadora.
51
Para a construção da escala, itens iniciais foram criados através de consultas
com um grupo de bombeiros ativos. Um membro da equipe de pesquisa foi um
bombeiro voluntário que reuniu-se com vários pequenos grupos de bombeiros. Foi
solicitado que relatassem situações que se caracterizassem como trauma e stress.
Isto resultou em uma medida de 20 itens. As perguntas foram introduzidas pela
instrução: ''Para cada situação descritos a seguir, por favor classifique como você é
capaz de lidar com sucesso com ele.'' Os itens foram ancorados por uma escala do
tipo Likert que varia de 1 (nada capaz) a 7 (Totalmente capaz).
Bombeiros da ativa foram recrutados a partir de uma área metropolitana de
médio porte no sudoeste dos EUA. Na primeira avaliação, havia 277 participantes e
304 na segunda avaliação. Dos 304 recrutados 184 completaram as duas etapas,
(61%). A idade média dos participantes foi de 39 anos, 91% eram do sexo
masculino, e 62,8% eram casados. Quanto à escolaridade, 40% da amostra tinha
um diploma universitário ou superior, 52,7% alguma faculdade, e o restante o
segundo grau completo. A maioria 68,2 % da amostra relataram uma renda familiar
anual de 60.000 dólares ou mais, aproximadamente 12,6 % relataram uma renda
anual entre US $ 40.000 e 60.000, e 16,2 % relataram uma renda abaixo de US $
40.000.
Os resultados do presente estudo sugerem que a Escala FFCSE é eficiente
psicometricamente. Foi observado uma significativa percepção de competência para
lidar com as demandas do trabalho e menos sintomas psicológicos e estresse
relacionados à atividade laboral. Os indivíduos relataram maior apoio social, maior
auto- aceitação, relações positivas com os outros, maior autonomia percebida, uma
sensação de ambiente acolhedor bem como uma tendência para o crescimento
pessoal.
Em síntese, os resultados relatados nos artigos pesquisados apontam para
uma relação entre as situações de trabalho que envolvem risco, urgência,
convivência com eventos traumáticos e os sintomas de estresse e burnout. Neste
estudo, considera-se que a atividade profissional dos bombeiros militares apresenta
estas características, que se constituem em fatores desencadeadores do estresse e
do burnout.
Dando sequência ao percurso traçado para este estudo, o capítulo seguinte
tratará do método adotado para esta investigação, relacionando os instrumentos, os
52
critérios de seleção e exclusão da população pesquisada e os procedimentos para
coleta e um capítulo de análise dos resultados.
53
5 MÉTODO 5.1 Características do estudo
Este é um estudo descritivo e exploratório, com abordagem metodológica
quantitativa, ao empregar escalas para mensurar estratégias de enfrentamento
(coping), o estresse e burnout. Os dados foram tratados estatisticamente através da
Plataforma Google Docs, dos programas SPSS 19.0, e Excel.
5.2 Objetivo
O objetivo desta pesquisa é observar a correlação entre estratégias de
coping, estresse e burnout em bombeiros militares da cidade de São Paulo. Para Gil
(2007, p.42) a pesquisa de natureza descritiva tem como objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno, então, o
estabelecimento de relação entre variáveis.
5.3 Participantes
Esta investigação foi desenvolvida com 148 profissionais bombeiros militares
da cidade de São Paulo atuantes na Capital e que detinham as patentes de cabo,
soldado, 1º., 2º., 3º. Sargentos, subtenentes e tenentes.
5.3.1 Critérios de inclusão Bombeiros militares atuantes na região Metropolitana de São Paulo, os quais
ficam de prontidão por 24 horas em postos distribuídos estrategicamente na cidade
de São Paulo e que preencheram corretamente os instrumentos e assinarem o
termo de consentimento livre esclarecido
54
5.3.2 Critérios de exclusão
Os profissionais que atuem somente em trabalhos administrativos dentro da
corporação.
5.4 Instrumentos
Os bombeiros profissionais militares foram avaliados pelos respectivos
instrumentos:
5.4.1. Questionário Sócio Demográfico (APÊNDICE I) 5.4.2 Escala de Estresse no Trabalho (EET)
Composta por 23 itens, a escala de Estresse no Trabalho (EET) foi
embasada na literatura sobre estressores organizacionais de natureza psicossocial e
sobre reações psicológicas ao estresse ocupacional. Segundo os autores pode ser
aplicada em diversos ambientes de trabalho e ocupações variadas. Cada item da
EET aborda tanto um estressor quanto uma reação ao mesmo. Um fator
organizacional constitui-se num estressor quando ele é percebido como tal pelo
sujeito. Em uma escala Likert com itens de 1 a 5, cada questão deve ser assinalada
em: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo); 3 (concordo em parte); 4 (concordo) e 5
(concordo totalmente). Embasado no estressor organizacional de natureza
psicossocial, foram elaborados itens divididos em fatores como indica a tabela
abaixo: (TAMOYO & PASCHOAL, 2004).
55
Tabela 2 Fatores avaliados pela Escala de Estresse no Trabalho e respectivas questões
FATOR
QUESTOES
FATOR 1 – Autonomia/controle
2, 3, 4, 1, 11, 6
FATOR 2 – Papéis e ambiente de trabalho
19, 23, 18, 14, 20
FATOR 3 – Relacionamento com o chefe
21, 8, 9, 12
FATOR 4 – Relações interpessoais
7, 22, 12
FATOR 5 – Crescimento e valorização
16, 17, 15
Fonte: Tatiane Paschoal comunicação com a pesquisadora por meio de correio eletrônico
Conforme Tatiane Paschoal, uma das autoras da escala, para analisar os
dados usa-se estatísticas descritivas. Pode-se calcular a média do sujeito, grupo ou
grupos para todos os itens da escala, encontrando um indicador geral, que vai variar
de 1 a 5. Quanto maior este indicador, maior o estresse. Quando o valor da média
for igual ou maior que 2,5 já deve ser compreendido como indicador de estresse
considerável. A média dos grupos investigados tem ficado em torno de 2 ou 2,5.
Pode-se também calcular a média para cada item, identificando aqueles com maior
pontuação e, portanto, os estressores mais presentes, de acordo com a percepção
dos trabalhadores. Não existe uma categorização para cada pontuação. Não foi feita
normatização. A EET não é um teste psicológico, mas uma ferramenta para
diagnóstico organizacional que foi submetida a testes e requisitos psicométricos.20.
20
Informações obtidas diretamente com a autora Tatiane Paschoal por meio de correio eletrônico em 29 de out 2015.
56
Portanto, classificamos como:
Tabela 3 Classificação média da Escala de Estresse no Trabalho (EET)
SEM ESTRESSE
Abaixo de 2
RISCO DE ESTRESSE
2 à 2,5
ESTRESSE
2,5 ou mais
Fonte: Tabela concedida pela autora Tatiane Paschoal por meio de correio eletrônico
5.4.3 MBI (Maslach Burnout Inventory) 21
A Escala de Burnout de Maslach (MBI) foi concebida para avaliar os três
componentes da síndrome de burnout: exaustão emocional, despersonalização e
realização pessoal. São 22 itens os quais estão divididos em três subescalas. A
subescala de exaustão emocional é composta por 9 itens, a subescala de
Despersonalização é composta por 5 itens e por último a subescala de Realização
Pessoal constitui-se de 8 itens. A tabela abaixo demonstra os itens e as respectivas
subescala.
Tabela 4 Subescalas do MBI (Maslach Burnout Inventory) e os itens correspondentes
SUBESCALA - MBI
ITENS
Exaustão Emocional (EE)
1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20
Despersonalização (DP)
5, 10, 11, 15 e 22
Realização Pessoal (Rp)
4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21
Fonte: Carlotto e Câmara (2007) 22
21
Tradução fidedigna do Manual Maslach Burnout Inventory, third edition, 1997, realizada pela pesquisadora. 22
CARLOTTO, M. S; CAMARA, S. G. Propriedades psicométricas do Maslach Burnout Inventory em uma amostra multifuncional. Estudos de Psicologia. Campinas, jul.- set. 2007.
57
Cada subescala avalia a síndrome de Burnout da seguinte forma:
EXAUSTÃO EMOCIONAL (EE): é o fator central do esgotamento, e caracteriza-
se pelo sentimento de desgaste emocional e falta de energia. O profissional sente-
se esgotado, com pouca energia para o trabalho, e a impressão que ele tem é de
que não terá como repor essa energia. Esse estado costuma deixar os
profissionais, com baixa tolerância e facilmente irritáveis, no ambiente de trabalho e
fora dele, com familiares e amigos. O profissional torna-se insensível,
apresentando muitas vezes um comportamento rígido com rotinas inflexíveis, como
uma forma de manter-se distante.
DESPERSONALIZAÇÃO (DP): o afastamento psicológico se apresenta como
uma estratégia defensiva. Normalmente o profissional aparenta ansiedade,
aumento da irritabilidade, perda da motivação, educação do idealismo e conduta
voltada para si mesmo, passando a tratar as pessoas que prestam serviços,
colegas e a organização como objetos, por vezes demonstrando insensibilidade. “O
profissional que assume atitude desumanizada deixa de perceber os outros como
pessoas semelhantes a ele, com sentimentos e pensamentos... O profissional
perde a capacidade de empatia com as pessoas que o procuram em busca de
ajuda e as trata não como seres humanos, mas como coisas objetos.
REALIZAÇÃO PESSOAL (RP). Há uma propensão do profissional se auto avaliar
de modo negativo, sente-se infeliz e insatisfeito com seu desenvolvimento
profissional. Concomitante um sentimento de incompetência, incapacidade e
inadequação diante de suas tarefas. Por conseguinte, por vezes há uma queda na
autoestima, levando a uma depressão. Esta escala é invertida, se a pontuação for
baixa, mais o profissional sente-se incompetente. Inadequado e incapaz. Porém, se
houver alta pontuação o profissional sente-se competente, apto, habilidoso, com
elevada autoestima diante de suas atividades laborais diárias.
Neste estudo, para analisar a prevalência da síndrome de Burnout, foram
seguidos os critérios apresentados por MASLACH et al (1997) onde cada
subescala é mensurada por uma nota de corte adequada para cada país. As
pontuações de cada subescala são consideradas separadamente e não
combinadas em uma única, ou seja, combinadas em um escore total. Portanto, três
pontuações são computadas para cada correspondente e podem ser
correlacionadas entre si, sugerindo assim o burnout. Para autora, A Exaustão
Emocional alta é preditora da Despersonalização alta que por sua vez manterá a
58
Realização Pessoal baixa, sugerindo assim o burnout23 Segundo Carlotto24 os
pontos de corte adotados por Shiron e sugeridos por Gil Monte & Pieró (1997), são
uma alternativa válida para identificar os níveis de burnout embasados na
frequência de sintomas em países que ainda não possuem pontos de cortes
validados como é o caso do Brasil.
As notas de cortes sugeridas por Gil Monte & Peiró estão na tabela abaixo:
Tabela 5 Resultados de pontos de corte, médias, desvios padrões e Alpha Cronbach da Escala do MBI
Pontos de Corte
Gil Monte & Peiró
N = 1.188
rRP
EE
DE
Alto
35
25
9
Médio
34 - 39
16 - 24
4 - 8
Baixo
40
15
3
Média
36,02
20,39
6,36
DP
7,27
11,03
5,34
Alpha
0,72
0.86
0,58
Fonte: BENEVIDES-PEREIRA, 2002, p. 77
O MBI é composto em três versões:
- HSS (Human Service Survey), elaborada para trabalhadores de serviços
humanísticos como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais;
- GS (General Survey), destinada à totalidade contigencial de trabalhadores;
- ED (Educators Survey), indicada aos trabalhadores da educação em geral.
23
Conforme o Manual Maslach Burnout Inventory, third edition, traduzido pela pesquisadora. 24
Informações obtidas diretamente com a autora por meio de correio eletrônico em 27 nov de 2015.
59
Nesta pesquisa foi utilizada a versão HSS (Human Service Survey), mais
apropriado para prestadores de serviços e a profissionais que trabalham em
serviços humanitários.
5.4.4 Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus
O inventário de estratégias de coping de Folkman e Lazarus (1985) é um
questionário que contém 66 itens que abrangem pensamentos, ações ou
comportamentos usados para lidar com um estressor em potencial. 25 Para
Folkman e Lazarus (1980), tais estratégias podem ser classificadas em dois tipos,
dependendo da sua função. O coping focado na emoção é definido como um
esforço para regular o estado emocional que é associado ao estresse, ou é
resultado de eventos estressantes. Estes esforços de coping são dirigidos em nível
somático e/ou de sentimentos, objetivando alterar o estado emocional do indivíduo.
Podemos exemplificar como ações de fumar um cigarro, tomar um tranquilizante,
assistir uma comédia na TV, sair para correr. Estas são estratégias dirigidas a nível
somático de tensão emocional. Sua função é reduzir a sensação física
desagradável de um estado de estresse.
Por sua vez, o coping focado no problema firma-se em um esforço para
atuar na situação que originou o estresse, tentando modificá-la. A função desta
estratégia é alterar o problema existente na relação entre a pessoa e o ambiente
que está fomentando a tensão. A ação de coping pode ser direcionada
internamente ou externamente. Quando o coping focado no problema é dirigido
para uma fonte externa de estresse, inclui estratégias tais como negociar para
resolver um conflito interpessoal ou solicitar ajuda prática de outras pessoas. Já, o
coping dirigido internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva como, por
exemplo, a redefinição do elemento estressor.
Portanto, pode-se considerar como coping focado na emoção: confronto,
afastamento, autocontrole e fuga/esquiva. Em contrapartida, como coping focado
no problema: suporte social, aceitação de responsabilidades, resolução de
problemas e reavaliação positiva.
25
Folkman, Lazarus, Dunkel-Schetter, Del Longis & Gruen, 1986
60
Neste estudo, a situação proposta aos bombeiros militares, foi à atuação em
situações de emergência as quais são submetidos diariamente.
Em cada item são apresentadas quatro opções devendo ser uma indicada
em relação à frequência ou intensidade com que o indivíduo agiu em relação ao
evento descrito. As opções são: 0 – não usei esta estratégia; 1 – usei um pouco; 2
– usei bastante; 3 – usei em grande quantidade.
61
Os itens do inventário são agrupados em 8 fatores conforme Savoia et al
(1996):
Tabela 6 Descrição das Estratégias de Coping avaliadas pela Escala de Coping Folkman e Lazarus
ESTRATÉGIA
DESCRIÇAO
Estratégia 1 Confronto
O indivíduo acredita que tem que enfrentar a
situação estressante, sem se afastar das situações
de risco. Há esforços agressivos para alterar a
situação e sugere certo grau de hostilidade.
Estratégia 2 Afastamento
Há um afastamento das possíveis situações
estressantes no momento em que ela ocorre e
esforços cognitivos de desprendimento e
minimização do significado da situação.
Estratégia 3 Autocontrole
Há uma crença de que deve, simplesmente, haver
um autocontrole para que a situação estressante
passe e esforços para regular os próprios
sentimentos e ações.
Estratégia 4 Suporte Social
Estratégias pelas quais se busca um auxílio
externo, como amigos, colegas, familiares ou
ajuda profissional para solucionar o problema.
Estratégia 5 Aceitação de Responsabilidade
Reconhecimento do próprio papel no problema e
concomitante tentativa de resolvê-lo.
Estratégia 6 Fuga/Esquiva
Esforços cognitivos e comportamentais para
escapar ou evitar o problema (difere do fator
afastamento, que sugere desprendimento).
Estratégia 7 Resolução de Problemas
Esforços focados no problema deliberadamente
empregados com o objetivo de alterar a situação
associado a uma abordagem analítica para
resolvê-los.
Estratégia 8 Reavaliação Positiva
Esforços de criação de significados positivos,
focando o crescimento pessoal inclui também uma
dimensão religiosa.
Fonte: Folkman & Lazarus (1996)
62
Por sua vez, estes oito diferentes fatores são analisados nos respectivos
itens descritos abaixo:
Tabela 7 Itens da escala que correspondem cada estratégia de coping
ESTRATÉGIA
QUESTÕES
Fator 1 – CONFRONTO
46, 7, 17, 28, 34 e 6
Fator 2 – AFASTAMENTO
41, 13, 44, 21, 06, 16, 10
Fator 3 – AUTOCONTROLE
15, 14, 43, 54, 35
Fator 4 – SUPORTE SOCIAL
42, 45, 08, 31, 18, 22
Fator 5 – ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
51, 09, 52, 29, 48, 25, 62
Fator 6 – FUGA - ESQUIVA
58, 59
Fator 7 – RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
49, 26, 46, 01
Fator 8 – REAVALIAÇÃO POSITIVA
38, 56, 60, 30, 39, 20, 36, 63, 23
Fonte: SAVOIA et al, 1996.
O inventário está validado e adaptado para a população brasileira (SAVOIA,
et. al 1996). Para mensurar, segundo SAVOIA 26, há duas maneiras: escore bruto e
relativo. A decisão depende da informação desejada. Escores relativos descrevem
a proporção de esforços representados por cada tipo de estratégia e são expressos
em porcentagem de 0 a 100. Um escore alto significa que a pessoa utilizou desta
estratégia mais do que as outras. Para o escore bruto, deve-se somar os itens de
cada fator que corresponde a um determinado tipo de estratégia, obtendo-se um
sumário das respostas dos sujeitos a cada tipo de estratégia utilizada. É importante
ressaltar que não são todos os 66 itens que entram nesta tabulação. Tendo em
vista que o instrumento pode ser utilizado com populações diversas, incluem-se os
66 itens se pesquisadores quiserem verificar se determinada população apresenta
26
Informações obtidas diretamente com a autora Maria Gentil Savoia por meio de correio eletrônico em 30 de nov de 2015. Capítulo de livro no prelo enviado pela autora.
63
os mesmos fatores na análise fatorial e quais itens correspondem a cada fator.
Para realizar a avaliação, na tabela abaixo as ponderações estão lançadas em
escores brutos para cada item.
Tabela 8 Notas de corte para Escala de Coping Folkman & Lazarus 27
ESTRATÉGIA
Não utiliza
ou utiliza
pouco
Utiliza
algumas
vezes
Utiliza
grande
parte das
vezes
Utiliza quase
sempre
CONFRONTO
0 à 4
5 à 9
10 à 14
15 à 18
AFASTAMENTO
0 à 5
6 à 10
11 à 16
17 à 21
AUTOCONTROLE
0 a 3
4 a 7
8 a 11
12 a 15
SUPORTE SOCIAL
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 18
ACEITAÇÃO DE
RESPONSABILIDADES
0 a 5
6 a 10
11 a 16
17 a 21
FUGA E ESQUIVA
0 a 1
2 a 3
4 a 5
6
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
0 a 3
4 a 6
7 a 9
10 a 12
REAVALIAÇÃO POSITIVA
0 a 6
7 a 13
14 a 20
21 a 27
Fonte: Tabela concedida pela autora Maria Gentil Savoia por meio de correio eletrônico
5.5 Procedimentos 5.5.1 Comitê de ética
Esta pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética da PUC-SP sob o número
CAAE: 48307314.4.0000.548228, obtendo a anuência do Comando Geral dos
27
Tabela concedida pela autora Maria Gentil Savoia por meio de correio eletrônico.
64
Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo29. Com aquiescência de
ambos, a coleta de dados foi realizada nos postos dos bombeiros militares da cidade
de São Paulo.
5.5.2 Aplicação dos instrumentos
Com autorização do Comando de Bombeiros Metropolitano da Polícia Militar
do Estado de São Paulo (ANEXO I), a pesquisadora foi contatada através de
telefone pelos comandantes dos Grupamentos da cidade de São Paulo. Cada
grupamento é responsável por um determinado número de postos os quais os
profissionais militares ficam de prontidão. O Comando de Bombeiros Metropolitano
possui 8 grupamentos que estão divididos nas regiões: norte, sul, leste e oeste da
capital, que são responsáveis por número determinado de postos, distribuídos por
São Paulo e Grande São Paulo. Nos municípios de São Paulo, há 254 postos de
atendimento operacional distribuídos estrategicamente30. Nesta pesquisa, os postos
os quais a pesquisadora aplicou os instrumentos foram os postos pertencentes ao
1º. e 2º. grupamentos, responsável pela região Norte e Centro de São Paulo,
totalizando 8 postos para visita e coleta de dados. A escolha destes foi devida única
e exclusivamente em função da proximidade do ponto de partida inicial a qual a
pesquisadora se encontrava.
As equipes estão divididas em cores. Verde, amarela e azul. Cada equipe é
composta aproximadamente por no mínimo 6 profissionais militares. Há uma
variação destes profissionais, em função dos tipos de viatura disponíveis em cada
posto. Cada equipe fica de prontidão por 24 horas. Após 48 horas de descanso esta
mesma equipe retorna as atividades realizando um novo plantão.
Foi comunicado à pesquisadora, que a coleta de dados deveria ocorrer a
partir das 14h devido às atividades diárias que os bombeiros são submetidos pela
manhã. Cada posto já orientado e ciente da pesquisa, o itinerário para visita foi
preparado levando em consideração o tempo de deslocamento do ponto de partida
da pesquisadora, o tempo de aplicação em cada posto e o deslocamento para o
28
Certificado de Avaliação e Apreciação Ética. Informações obtidas por contato telefônico com o secretário executivo do comitê de ética em pesquisa Marcos Aurélio de Oliveira 29
Anexo I 30
Disponível em http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia2.php?id=242519. Acesso em 17 set de 2015.
65
posto seguinte. A média de postos visitados por dia foram 5. No período de 60 dias
foram contabilizados 2 protocolos válidos diariamente.
Já no local, a pesquisadora dirigiu-se ao comandante da prontidão
responsável naquele dia, quem contatou os profissionais que estavam presentes e
foram conduzidos à sala de aula. Na sala de aula de cada quartel, os bombeiros que
não estavam em ocorrência ou outros serviços corporativos foram convidados à
participar da pesquisa, em grupo. Após breve apresentação da pesquisadora e do
projeto, foram entregues em envelopes com lacre: o Questionário Sócio
Demográfico (APÊNDICE I), a Escala de Estresse no Trabalho, o MBI – Maslach
Burnout Inventory – HSS, Inventário de Estratégias de coping Folkman & Lazarus e
o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (ANEXO II). O tempo de aplicação foi
aproximadamente 20 minutos, período o qual a pesquisadora esteve presente para
quaisquer dúvidas. Durante a aplicação, se o profissional em questão fosse
acionado para uma ocorrência, entregou o envelope à pesquisadora quem invalidou
o protocolo neste dia. Com o termo de consentimento, a pesquisadora retornou no
próximo plantão do bombeiro convocado para ocorrência (48 horas depois) e iniciou
uma nova aplicação.
Encerrada a aplicação, os envelopes foram lacrados, entregues à
pesquisadora e posteriormente averiguados para quantificação.
5.5.3 Amostra
A amostra configura-se por conveniência não probalística. Neste tipo de
amostragem, o pesquisador seleciona membros da população mais acessíveis, que
neste são os profissionais que não estavam em ocorrências ou serviços
administrativos para a corporação.
66
5.6 Tratamentos estatísticos 5.6.1 Análise Estatística
Foi realizada a análise descritiva de todos os dados presentes no
questionário aplicado e foram aplicados testes estatísticos adequados às variáveis
disponíveis.
Para os cruzamentos entre variáveis nominais foram utilizados os testes
qui-quadrado e verossimilhança.
Nos cruzamentos de variáveis ordinais foram utilizados 2 tipos de testes:
a) Mann-Whitney, utilizado para comparar dois grupos distintos (e.g.
comparar a Exaustão Emocional entre os grupos “Sem estresse” e “Risco de
estresse/estressados”).
b) Kruskal-Wallis, utilizado para comparar três grupos distintos (e.g.
comparar a Exaustão Emocional “Nível Baixo”, “Nível Médio” e “Nível Alto” e com
Despersonalização “Nível Baixo”, “Nível Médio” e “Nível Alto”).
Foi aplicado também o teste ANOVA (análise de variância) para as
variáveis continuas. Em alguns casos, para aumentar o poder do teste estatístico,
foram agrupadas as categorias e utilizado o teste estatístico de acordo com o
descrito acima.
67
6 RESULTADOS
6.1 Caracterização da amostra Figura 2 Bombeiros militares classificados por gênero
Figura 3 Profissionais bombeiros classificados por patente
0
20
40
60
80
100
MASCULINO FEMININO
98,0%
2,0%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
BOMBEIROS CLASSIFICADOS POR GÊNERO
05
1015202530354045
43,2%
33,8%
11,5%
2,7% 6,1% 2,0% 0,7%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
BOMBEIROS CLASSIFICADOS POR PATENTE
68
Figura 4 Bombeiros classificados por tempo de atuação na corporação
Figura 5 Estado civil dos profissionais bombeiros
0 10 20 30 40 50
5 anos - 10 anos
10 anos - 15 anos
Mais de 15 anos
30,4%
25,7%
43,9%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
BOMBEIROS CLASSIFICADOS POR TEMPO DE ATUAÇÃO
0
10
20
30
40
50
60
70
80
CASADO/UNIÃOESTÁVEL
SOLTEIRO DIVORCIADO
74,3%
23%
2,7%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
ESTADO CIVIL DOS BOMBEIROS PESQUISADOS
69
Figura 6 Quantidade de filhos dos profissionais bombeiros
Figura 7 Faixa Etária dos profissionais bombeiros
24,3% 26,4%
33,1%
16,2%
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 ou maisTotal de bombeiros pesquisados: 148
Dados obtidos em set/out 2015
QUANTIDADE DE FILHOS DA AMOSTRA ESTUDADA
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
18 - 28 anos 29 - 39 anos 40-50 anos 51 - 61 anos
12,2%
38,5%
48,0%
1,4%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FAIXA ETÁRIA DOS BOMBEIROS PESQUISADOS
70
Quanto à caracterização da amostra, as figuras 2, 3, 4, 5, 6 e 7 indicam que
a maioria dos bombeiros é do gênero masculino (98%). Um percentual de 42,9% da
amostra detém a patente de Cabo da Policia Militar, os que atuam como bombeiros
há mais de 15 anos atingem o percentual de 43,5%. Um total de 62,6% da amostra
está casado atualmente e 32% possuem dois filhos. Em relação à faixa etária 47,6%
encontra-se na faixa etária compreendida entre 40 e 50 anos Figura 8 Profissionais bombeiros que passam por atendimento psicológico e/ou psiquiátrico
A figura 8 assinala que dos pesquisados, 94,6 % não passam por
atendimento psicológico ou psiquiátrico, enquanto que 2,7% recebem atendimento
psicológico semanal. Outros 2% recebem atendimento psiquiátrico e apenas 0,7%
têm acompanhamento psiquiátrico e psicológico simultaneamente.
0
20
40
60
80
100
94,6%
2,7% 2% 0,7%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
BOMBEIROS QUE UTILIZAM SUPORTE PSICOLÓGICO
71
Figura 9 Profissionais bombeiros que precisaram pedi licença nos últimos 2 anos por problemas de saúde
A figura 9 aponta que uma parte significativa da amostra, N=133 (89,9%)
dos bombeiros investigados não precisou pedir licença do trabalho nos últimos dois
anos. Os que precisaram se afastar do trabalho por problemas de saúde,
representam N = 15, caracterizando apenas 10,1% do total da amostra estudada.
1,0
10,0
100,0
NÃO
SIM
N = 133 89,9%
N = 15 10,1%
BOMBEIROS QUE PEDIRAM LICENCA POR PROBLEMAS DE SAÚDE NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS
72
Figura 10 Diagrama de Venn referente aos tipos de problemas de saúde relatados pelos profissionais bombeiros
Pelo diagrama de Venn percebe-se que 42 bombeiros (28,4% do total de
respondentes) relataram ter problemas de saúde. Há 21 casos de bombeiros com
problemas na coluna, 15 casos com problemas cardiovasculares e hipertensão
arterial e 16 casos com outros problemas, como LER (5), problemas no joelho (2),
nos punhos (1), de pele (2), de visão (1), auditivos (1), hipotireoidismo (2), AVC (1),
síndrome do pânico (1).
PROBLEMAS CARDIOVASCULARES OU HAS (HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA)
PROBLEMAS DE COLUNA
OUTROS
2
1 7
7 12
13
73
Figura 11 Profissionais bombeiros que utilizam medicação diária para controle da doença
Dos profissionais que relataram algum problema de saúde, apenas 12,2%
(N=18) utilizam algum tipo de medicamento diário para controle da doença. Por sua
vez, 87,8% (N = 130) dos bombeiros investigados, não utilizam nenhuma medicação
para controle da doença, diariamente.
87,8% NÃO
N = 130
12,2% SIM
N = 18
BOMBEIROS QUE UTILIZAM MEDICAMENTO PARA CONTROLE DA DOENÇA DIARIAMENTE
74
6.2 Análises descritivas das variáveis das Escalas de Estresse no Trabalho, MBI (Maslach Burnout Inventory) e Escala de Coping Folkman e Lazarus. 6.2.1. Análises descritivas das Escala de Estresse no Trabalho Figura 12 Resultado geral da Escala de Estresse no Trabalho (EET)
A figura 12 descreve que com relação à Escala de Estresse no Trabalho
(EET), 62 profissionais bombeiros (41,9%) estão em estresse e 44 profissionais
(29,7%) estão sob risco de estresse. Dessa forma, 106 profissionais (71,6%)
encontram-se na situação entre risco de estresse e estresse. Apenas 42 bombeiros
(28,4%) foram classificados sem estresse.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Sem Estresse Risco de Estresse Estresse
28,4% 29,7%
41,9%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
ESCORE ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO (EET)
N = 42 N = 44 N = 62
75
Doravante, as figuras 13 a 17 se referem a importância dada pelos
pesquisados à influência dos fatores organizacionais considerados
desencadeadores do estresse no trabalho. Desta forma, os indicadores sem
estresse, risco de estresse e estresse, do eixo horizontal na figura, apresentam o
posicionamento da população da amostra em relação a cada fator apontado no título
da figura, considerando-os respectivamente como não importante fator
desencadeador do estresse (Sem Estresse); importante para o surgimento do risco
de estresse (Risco de Estresse) e importante fator desencadeador do estresse
profissional (Estresse).
Figura 13 Fator 1 - Autonomia e Controle da Escala de Estresse no Trabalho
Quanto ao fator autonomia e controle no ambiente de trabalho, 77 bombeiros
(52%) consideram que a falta de autonomia e o controle excessivo exercido pelos
superiores é um fator preponderante para o estresse, 29 bombeiros (19,6%) o
consideram importante para o surgimento da situação de risco de estresse.
,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Sem Estresse Risco de Estresse Estresse
N = 42 28,4%
N= 29 19,6%
N = 77 52,0%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FATOR 1 - AUTONOMIA E CONTROLE
76
Contudo, 42 profissionais (28,4%) não consideram este fator (falta de autonomia e
controle exercido pelos superiores no ambiente de trabalho) significativo para o
estresse. É possível considerar, portanto que o fator autonomia e controle excessivo
se constitui em importante estressor já que 106 profissionais (77+29) ou um
percentual de 71,6% da amostra o considera desencadeador de risco de estresse e
estresse.
Figura 14 Fator 2 - Papéis e Ambiente de Trabalho da Escala de Estresse no Trabalho
Com relação à Definição de Papéis e ao Ambiente de Trabalho, 51
bombeiros (34,5%) consideram que este fator organizacional não contribui para o
estresse no trabalho. Porém, uma porcentagem bem próxima, 33,8% (50 bombeiros)
considera este fator como risco de estresse no trabalho. Um percentual de 31,8%
dos entrevistados julga que a definição de papéis e o ambiente de trabalho são
30,0
30,5
31,0
31,5
32,0
32,5
33,0
33,5
34,0
34,5
SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE
N = 51 34,5%
N = 50 33,8%
N = 47 31,8%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FATOR 2 - PAPÉIS E AMBIENTE DE TRABALHO
77
importantes estressores. Em síntese, dos profissionais que se encontram em
situação de estresse ou risco de estresse investigados, 65,6% (N = 97) acreditam
ser um fator de estresse dentro da corporação.
Figura 15 Fator 3 - Relacionamento com o Chefe da Escala de Estresse no Trabalho
Atinente ao relacionamento com o chefe, 65 bombeiros (43,9%) concebem
que o relacionamento com o chefe é um fator causador de estresse no trabalho.
Neste mesmo raciocínio, 43 bombeiros (29,1%) acreditam ser um fator de risco de
estresse e 27% da amostra estudada acredita que o relacionamento com o chefe
não é um fator organizacional que contribui para o estresse. Considerando a
somatória dos que consideram este fator como causador de risco e de estresse,
tem-se que este é um fator preponderantemente estressor ( N=108 ou 73%).
,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE
N = 40 27,0%
N = 43 29,1%
N = 65 43,9%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FATOR 3 - RELACIONAMENTO COM O CHEFE
78
Figura 16 Fator 4 - Relações Interpessoais da Escala de Estresse no Trabalho
Concernente à variável de relações interpessoais percebe-se índices muito
próximos tanto para os que não consideram as Relações Interpessoais dentro do
ambiente de trabalho um fator de estresse quanto para os que consideram este fator
como risco de estresse. Desta maneira, 36,5% (N = 54) dos bombeiros admitem que
as Relações Interpessoais no ambiente de trabalho é um fator que não contribui no
aumento do estresse no trabalho e 35,1% (N = 52) acredita ser um risco de estresse.
Por último, 42 profissionais bombeiros (28,4%) conjecturam que as Relações
Interpessoais no ambiente de trabalho cooperam para o aumento do estresse no
trabalho.
,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE
N = 54 36,5%
N = 52 35,1%
N = 42 28,4%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FATOR 4 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS
79
Figura 17 Fator 5 - Crescimento e Valorização Pessoal da Escala de Estresse no Trabalho
Pertinente ao Crescimento e Valorização Pessoal dentro da corporação,
43,2% (N = 64) da amostra estudada acredita este ser um fator de estresse no
ambiente de trabalho. Sentem-se pouco valorizados financeiramente e
pessoalmente pela corporação, sentimentos que aumentam o nível de estresse. Um
percentual de 31,8% (N = 47) dos bombeiros assinalou ser apenas um fator de risco
de estresse. Levando em conta que os profissionais que o consideram causador de
risco de estresse e de estresse totalizam 75% (N = 111) da amostra estudada,
conclui-se que este é um dos principais fatores desencadeadores do estresse
profissional. Apenas 25% (N = 37) dos profissionais julga que o Crescimento e
Valorização Pessoal não influenciam nos níveis de estresse no trabalho.
,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
SEM ESTRESSE RISCO DE ESTRESSE ESTRESSE
N = 37 25,0%
N = 47 31,8%
N = 64 43,2%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FATOR 5 - CRESCIMENTO E VALORIZAÇÃO PESSOAL
80
Figura 18 Fatores organizacionais agrupados que contribuem para o estresse no trabalho
A figura 18 ilustra em ordem progressiva e agrupada, quais são os fatores
organizacionais que mais contribuem para o estresse no trabalho. Dos 5 fatores que
a Escala de Estresse no Trabalho contempla, a pouca Autonomia e Controle
exercido pelos superiores representa a resposta de 52% dos bombeiros
pesquisados. O Relacionamento com o Chefe compõe 43,9% das respostas. Por
sua vez, o Crescimento Profissional e Valorização Profissional dentro da corporação
alcança o percentual de 43,2% das respostas. A Definição de Papéis e o Ambiente
de Trabalho estão representados em 31,8% dos pesquisados. Por último, as
Relações Interpessoais dentro do ambiente de trabalho, perfazem um total de
28,4% de respostas dos profissionais que acreditam que tal fator contribui para o
aumento do estresse no trabalho.
0
10
20
30
40
50
60 52%
43,9% 43,2%
31,8% 28,4%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
FATORES ORGANIZACIONAIS QUE CONTRIBUEM PARA O ESTRESSE NO TRABALHO
81
Tabela 9 Nota média dos fatores organizacionais considerados estressores
QUESTÕES
MÉDIA
31
5) Sinto-me irritado com a deficiência na divulgação de informações sobre decisões organizacionais.
2,97
12) Fico irritado com discriminação/favoritismo no meu ambiente de trabalho.
2,74
10) Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas horas seguidas.
2,69
16) As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me deixado angustiado.
2,69
1) A forma como as tarefas são distribuídas em minha área tem me deixado nervoso.
2,61
15) Fico irritado por se pouco valorizado por meus superiores.
2,6
3) A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante.
2,59
8) Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão além de minha capacidade.
2,47
13) Tenho me sentido incomodado com a deficiência nos treinamentos para capacitação profissional.
2,45
2) O tipo de controle existente em meu trabalho me irrita.
2,44
21) Sinto-me irritado por meu superior encobrir meu trabalho bem feito diante das outras pessoas.
2,44
6) Sinto-me incomodado com a falta de informações sobre minhas tarefas no trabalho.
2,43
20) Tenho estado nervoso por meu superior me dar ordens contraditórias.
2,41
4) Tenho me sentido incomodado com a falta de confiança de meu superior e meu trabalho.
2,34
11) Sinto-me incomodado com a comunicação existente entre eu e meu superior.
2,29
23) Fico incomodado por meu superior evitar me incumbir de responsabilidades importantes.
2,22
19) A falta de compreensão sobre quais são minhas responsabilidades neste trabalho tem causado irritação.
2,2
22) O tempo insuficiente para realizar meu volume de trabalho deixa-me nervoso.
2,18
9) Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão além de minha capacidade.
2,16
17) Tenho me sentido incomodado por trabalhar em tarefas abaixo do meu nível de habilidade.
2,14
14) Fico de mau humor por me sentir isolado na organização.
2,09
18) A competição no meu ambiente de trabalho tem me deixado de mau humor.
2,05
7) A falta de comunicação entre mim e meus colegas de trabalho deixa-me irritado.
2,03
31
Nota de corte de 2,5 a 5, estabelecida pela autora Tatiane Paschoal e acordada entre a pesquisadora e a orientadora Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos em supervisão.
82
Sob outra perspectiva, uma análise qualitativa dos itens da Escala de
Estresse no Trabalho, de acordo com a tabela 7, (acima) os estressores e
respectivas pontuações que obtiveram as sete médias mais altas foram: Sinto-me
irritado com a deficiência na divulgação de informações sobre decisões
organizacionais (2,97); Fico irritado com discriminação/favoritismo no meu ambiente
de trabalho (2,74); Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas horas
seguidas (2,69); As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me deixado
angustiado (2,69); A forma como as tarefas são distribuídas em minha área tem me
deixado nervoso (2,61); Fico irritado por se pouco valorizado por meus superiores
(2,6); A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante
(2,59).
Ao apresentarem as médias mais altas, fica demonstrado que tais
estressores desencadeiam o aumento no nível de estresse nos bombeiros
pesquisados. Sendo assim, é possível identificar os pontos que merecem atenção
especial por parte dos gestores desta corporação são:
divulgação de informações (comunicação);
favoritismo dentro da corporação;
horas seguidas de trabalho que neste caso são plantões de 24 horas, e
segundo relato dos profissionais pesquisados, quando estão na viatura de
resgate esse plantão torna-se exaustivo e pesaroso devido as inúmeras
ocorrências diurnas e noturnas;
pouca perspectiva de crescimento na carreira;
forma como são distribuídas as tarefas que conforme relatos está relacionada
às patentes dentro da corporação;
falta de valorização pelos superiores, falta de autonomia na execução do
trabalho e informação sobre as tarefas desempenhadas pelo próprio
bombeiro.
83
Figura 19 Escore geral da subescala de Exaustão Emocional do MBI – HSS
Pertencente à subescala de Exaustão Emocional (EE) do MBI, 76
profissionais bombeiros (51,4%) não apresentam sintomas de esgotamento dos
recursos emocionais, morais e psicológicos. Em contrapartida, há 31,1% (N = 46)
dos profissionais bombeiros sob o nível médio de exaustão emocional, totalizando
82,5% (N = 122) bombeiros entre nível baixo e médio. Somente 17%, (N = 26) dos
bombeiros apresentaram nível alto de Exaustão Emocional.
0
10
20
30
40
50
60
NÍVEL BAIXO NÍVEL MÉDIO NÍVEL ALTO
N = 76 51,4%
N= 46 31,1%
N = 26 17,6%
Total de profissionais pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL - ESCALA MBI (HSS)
84
Figura 20 Escore geral da subescala de Despersonalização do MBI – HSS
Alusivo à subescala de Despersonalização 52,7% (N = 78) dos bombeiros
pesquisados retratam alto nível de Despersonalização. Por sua vez, 35,8%
apresentam nível médio. Entre nível alto e médio 88,5% dos bombeiros investigados
apresentam algum nível de Despersonalização. Esta variável, teoricamente indica
uma reação impessoal e insensível para aqueles que receberão seus serviços, um
estado psíquico no qual prevalece a dissimulação afetiva, podendo apresentar
sintomas como não comprometimento com os resultados, conduta voltada a si
mesmo, alienação, ansiedade, irritabilidade e desmotivação. Cabe aqui comentar
que este alto índice de despersonalização não apresenta coerência com os índices
de exaustão emocional e realização pessoal, o que suscita questões a serem
investigadas. Apenas 11,5% (17 bombeiros) estão sob o nível baixo de
despersonalização.
0
10
20
30
40
50
60
Nível baixo Nível Médio Nível Alto
N = 17 11,5%
N = 53 35,8%
N = 78 52,7%
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO - ESCALA MBI (HSS)
85
Tabela 10 Descritiva da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS
DESCRITIVA DA SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL DO MBI – HSS
N
Válido
148
Missing
0
Média
20,4054
Mediana
20,0000
Desvio Padrão
5,20052
Variância
27,045
IIQ
24,00
Mínimo
8,00
Máximo
32,00
Percentis
25
17,0000
50
20,0000
75
24,0000
Relativo à Realização Pessoal, conclui-se que a subescala de Realização
Pessoal do MBI (Maslach Burnout Inventory) tem média baixa (20,4) e realização
pessoal alta, pois a escala é invertida32. De acordo com a classificação de nível de
realização pessoal utilizada na seção de descrição do método, 100% dos bombeiros
apresentaram nível alto de realização pessoal, pois a pontuação máxima foi inferior
a 32. Isto significa que há um alto grau de realização pessoal, de sentimentos de
competência, autoestima elevada e satisfação com o trabalho.
32
Quanto menor a pontuação, maior a Realização Pessoal.
86
Figura 21 Estratégias de coping mais utilizadas pelos profissionais bombeiros
Com relação às estratégias de coping que os bombeiros utilizam em
situações emergências as quais estão expostos a cada plantão, esta figura ilustra
que entre as estratégias utilizadas “quase sempre” e “grande parte das vezes”
agrupadas e posteriormente calculadas em uma escala de 0 a 10033 em ordem
crescente foram: reavaliação positiva (59,5%), aceitação de responsabilidades
(55,4%), resolução de problemas (54,1%) e suporte social (45,9%). Estas quatro
mais utilizadas são estratégias focadas no problema. Por outro lado, as estratégias
autocontrole (45,3%), confronto (27,0%), fuga e esquiva (25,6%) e afastamento
(19,6%) são classificadas como focadas na emoção.
33
Nota de corte estabelecida pela pesquisadora e orientada pela autora Maria Gentil Savoia quem adaptou escala pra população brasileira.
,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
59,5%
55,4% 54,1%
45,9% 45,3%
27,0% 25,6%
19,6%
Total de bombeiros pesquiasdos: 148 Dados obtidos em set/out 2015
ESTRATÉGIAS DE COPING MAIS UTILIZADAS PELOS BOMBEIROS* * MÉDIA DA NOTA NORMALIZADA ENTRE 0 -100
87
6.3 Testes estatísticos e cruzamentos das variáveis
Apresentadas as figuras e tabelas descritivas da Escala de Estresse no
Trabalho, do MBI (Maslach Burnout Inventory – HSS) com as respectivas subescalas
e a Escala de Coping Folkman & Lazarus, doravante os testes estatísticos. Para
informações adicionais sobre a etapa inicial das análises estatísticas, no Apendice II
34 encontram-se as tabelas descritivas e seus respectivos cruzamentos.
6.3.1 Cruzamentos da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária, Estado Civil, Despersonalização, Exaustão Emocional, Realização Pessoal, coping focado no problema e coping focado na emoção Figura 22 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária
34
Página 130
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
18 - 28 anos 29 - 39 anos 40 - 50 anos 51 - 61 anos
Mann Whiteney p-valor 0,012
Total de profisisonais pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
ESTRESSE X FAIXA ETÁRIA
88
Tabela 11 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Faixa Etária
Faixa Etária
Escore Escala de Estresse no Trabalho
18 - 28 anos
1,95
29 - 39 anos
2,41
40 - 50 anos
2,50
51 - 61 anos
2,6
p-valor
0,012
Teste
Mann - Whitney
Com referência à figura 23 e à tabela 9 observa-se que entre o nível de
estresse e a faixa etária há significância estatística (p>0,012) entre o grupo de 18 -
28 anos e os demais. Na figura, percebe-se uma tendência de aumento do índice do
estresse diretamente proporcional ao aumento da faixa etária.
Os profissionais situados na faixa etária entre 18 – 28 anos apresentam
pontuação abaixo de 2, portanto de acordo com a nota de corte da Escala de
Estresse no Trabalho (abaixo de 2 sem estresse, 2 a 2,5 risco de estresse e 2,5
estresse)35 estão categorizados sem estresse. Por sua vez, os bombeiros que estão
na faixa etária 29 – 39 anos e 40 – 50 anos têm respectivamente pontuação 2,41 e
2,50, indicando uma incidência maior de risco de estresse. Por fim os profissionais
pertencentes à faixa etária de 51 – 61 anos apresentam pontuação 2,6, indicando a
que nesta faixa etária há um aumento da prevalência do estresse.
35
Conforme tabela na página 56
89
Figura 23 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil
Tabela 12 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estado Civil
Estado Civil
Escala de Estresse
CASADO (A)
2,50
DIVORCIADO (A)
2,50
SOLTEIRO (A)
2,15
UNIÃO ESTÁVEL
2,50
p-valor
0,421
Teste
Verossimilhança
Nesta figura, observa-se que referente ao estado civil dos bombeiros
classificados com estresse os casados, divorciados, e união estável apresentam
nível de estresse em 2,5. Por sua vez, os solteiros pontuam 2,15. Nota-se pelo teste
de Verossimilhança que entre estresse e estado civil, não há significância estatística
(p=0,421).
1,9
2
2,1
2,2
2,3
2,4
2,5
2,6
CASADO (A) DIVORCIADO (A) SOLTEIRO (A) UNIÃO ESTÁVEL
Total de profissionais pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
ESTRESSE X ESTADO CIVIL
90
Tabela 13 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping focadas no problema
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO
PROBLEMA
Escore de estresse N Média Ranks
P valor
Estratégia Suporte Social
Sem Estresse 42 70,23
Risco de Estresse 44 68,26
Estresse 62 81,82 ,164
Total 148
Estratégia Aceitação de
Responsabilidade
Sem Estresse 42 62,10
Risco de Estresse 44 70,85
Estresse 62 85,49 ,011
Total 148
Estratégia Resolução de
Problemas
Sem Estresse 42 74,31
Risco de Estresse 44 72,95
Estresse 62 75,73 ,942
Total 148
Estratégia Reavaliação
Positiva
Sem Estresse 42 61,65
Risco de Estresse 44 67,63
Estresse 62 88,08 ,002
Total 148
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO
PROBLEMA
Suporte Social
Aceitação de
Responsabilidade
Resolução de
Problemas Reavaliação Positiva
Chi Quad 3,617 9,038 ,119 12,496
g.d.l 2 2 2 2
Sig. Assint. ,164 ,011 ,942 ,002
a. Kruskal Wallis Test
b. Grouping Variable: Escore de estresse
Este teste Kruskal Wallis é utilizado para analisar o conjunto de amostras que
provem da mesma distribuição (neste caso os três grupos sem estresse, risco e
estresse vs estratégias de coping focadas no problema e mais utilizadas pelos
bombeiros). Nota-se que, profissionais que utilizam a estratégia Suporte Social no
91
momento da ocorrência estão assim configurados: sem estresse N = 42, com média
no rank 70,23; sob risco de estresse N = 44 e média no rank 68,26; estresse N = 81
e média 81,82.
Por sua vez, os bombeiros que utilizam a estratégia Aceitação de
Responsabilidades se distribuem da seguinte forma: sem estresse N = 42 e média
62,10; risco de estresse N = 44 e média 70,85; estresse N = 62 e 85,49.
A configuração para os profissionais que utilizam a estratégia Resolução de
Problemas se apresenta da seguinte maneira: sem estresse N = 42 e média 74,31;
risco de estresse N = 44 e média 72,95; estresse N = 62 e média 75,73.
Em reação à última estratégia focada no problema utilizada pelos bombeiros,
a Reavaliação Positiva, obteve-se os seguintes resultados: sem estresse N = 42 e
média 61,65; risco de estresse N = 44 e 67,63; estresse N = 62 média 88,08.
Portanto, ao comparar as médias dos ranks, (tabela 13, coluna 4) nota-se que
os profissionais classificados com estresse obtiveram nota maior em cada estratégia
utilizada. Sobre a correlação das estratégias de coping e o estresse, nota-se
significância entre estresse e as estratégias Aceitação de Responsabilidades
(p>0,011) e Reavaliação Positiva (p>0,002).
92
Tabela 14 Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégias de coping focadas na emoção
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO VS ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NA
EMOÇÃO
Escore de estresse
N
Mean Rank
P valor
Estratégia Confronto
Sem Estresse
42
63,79
Risco de Estresse
44
67,92
Estresse
62
86,43
,008
Total
148
Estratégia Afastamento
Sem Estresse
42
64,55%
Risco de Estresse
44
75,70%
Estresse
62
80,39%
,135
Total
148
Estratégia Auto controle
Sem Estresse
42
66,83
Risco de Estresse
44
65,77%
Estresse
62
85,89%
,014
Total
148
Estratégia Fuga e esquiva
Sem Estresse
42
62,83%
Risco de Estresse
44
68,45%
Estresse
62
86,69%
,006
Total
148
Estratégia Confronto
Estratégia
Afastamento
Estratégia Auto
controle
Estratégia Fuga e
esquiva
Chi-Square 9,731
4,009
8,509
10,090
df
2
2
2
2
Asymp. Sig. ,008
,135
,014
,006
a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Escore de estresse
93
Referente à Escala de Estresse no Trabalho e as estratégias de coping
focadas na emoção, constata-se que os profissionais que utilizam a estratégia
Confronto são distribuídos com a seguinte configuração: sem estresse N = 42 e
média 63,79; risco de estresse N = 44 e média 67,92; estresse N = 62 média 86,43.
Quanto à estratégia Afastamento a configuração se apresenta da seguinte
forma: N = 42 profissionais estão classificados sem estresse e média 64,55; N = 44
risco de estresse e média 75,70; estresse N= 62 e média 80,39.
Alusivo à estratégia Auto Controle a distribuição se apresenta: sem estresse
N = 42 e média 66,83; risco de estresse N = 44 e média 65,77; estresse N = 62 e
média 85,89.
Por último a estratégia focada na emoção, Fuga e Esquiva traz a seguinte
distribuição: sem estresse N= 42 e média 62,83; risco de estresse N = 44 e média
68,45; estresse N = 62 e média 86,69.
Percebe-se que ao comparar as médias dos ranks, (tabela 14, coluna 4) os
bombeiros que são classificados com estresse obtiveram nota maior no mean rank.
Quanto à correlação das estratégias de coping focadas na emoção e a Escala da
Estresse no Trabalho, não houve significância estatística.
Tabela 15 Cruzamento da Escala de Estresse no Trabalho vs Subescalas do MBI (HSS) de Exaustão Emocional e Despersonalização
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL E
DESPERSONALIZAÇÃO
Escore de estresse
N
Mean Rank
P valor*
Exaustão Emocional
MBI
Sem Estresse 42 53,88
Risco de Estresse 44 63,70
Estresse 62 96,13 0,001
Total
148
Despersonalização
MBI
Sem Estresse 42 49,81
Risco de Estresse 44 71,98
Estresse 62 93,02 0,001
Total 148
* Krusal Wallis Test
94
Respeitante à Escala de Estresse no Trabalho e à subescala de Exaustão
Emocional - MBI, a distribuição se deu da seguinte forma: sem estresse são N = 42
e média 53,88; risco de estresse N = 44 e média 63,70; estresse N = 62 e média
96,1. Já a subescala de Despersonalização – MBI apresentou os seguintes
resultados: sem estresse N = 42 e média 49,81; risco de estresse N = 44 e média
71,98; estresse N = 62 e média 93,02.
Observa-se que os bombeiros categorizados com estresse obtiveram nota
maior no rank, tanto para a Exaustão Emocional quanto para a Despersonalização.
Testada a correlação das duas subescalas do MBI e Escala de Estresse, ambas
obtiveram significância estatística: Exaustão Emocional (p<0,001) e
Despersonalização (p>0,001).
6.3.2 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal do MBI – HSS vs Escala de Estresse no Trabalho
Tinha-se a suposição de que a Realização Pessoal além de prevenir o
burnout ajudava no controle do estresse, como descrito na seção 5.8. Foi aplicado o
teste ANOVA para verificar esta suposição. Escolheu-se como variável contínua a
subescala de Realização Pessoal calculada a partir da soma simples das notas do
questionário de acordo com a escala Likert. Para variável de agrupamento foi
utilizado o escore geral de estresse calculado como descrito na seção de método de
análise.
Os resultados encontrados foram: o valor p para o teste ANOVA foi menor
do que 0,001. A diferença das médias entre os grupos “sem estresse” e “risco de
estresse” foi de -1,37, com significância de 0,37, ou seja, não houve significância
estatística. No entanto, a diferença das médias entre os grupos sem estresse e
estresse foi de -5,05 com significância menor do que 0,001,indicando que houve
significância estatística. Portanto, pode-se concluir que os estressados tiveram nota
maior em Realização Pessoal36, o que significa que estão com os sentimentos de
competência e realização baixos (média = 22,93; N=62) e os sem estresse tiveram
nota menor em realização pessoal (média = 17,88; N=42), significando, por sua vez
36
Esta escala é invertida, quanto maior a nota menor a realização pessoal.
95
que que os sentimentos de competência e realização pessoal se encontram em
níveis satisfatórios.
O mesmo resultado foi encontrado ao se comparar os grupos “sem estresse”
e “risco de estresse” com o grupo “estresse”. O valor F = 30,285 e p menor que
0,01. Portanto, conclui-se que, quem tem Realização Pessoal alta (nota menor) tem
menos estresse.
6.3.3 Subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro, Faixa Etária
Tabela 16 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Estado Civil
SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI vs ESTADO CIVIL
ESTADO CIVIL
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
CASADO (A)
20
23
49
DIVORCIADO (A)
-
3
1
SOLTEIRO (A)
4
13
17
UNIÃO ESTÁVEL
2
7
9
Total Geral
26
46
76
p-valor
0,24
Nome do teste
Verossimilhança
Na tabela acima, o cruzamento entre o estado civil com a subescala de
Exaustão Emocional - MBI, indica que entre os casados a maioria N = 49
apresentam nível baixo de exaustão emocional, 23 com nível médio e nível alto 20. ,
com p>0,24, Entre os divorciados, 1 profissional tem nível baixo de exaustão
emocional, 3 nível médio e nenhum no nível alto. Os bombeiros solteiros ficaram
assim distribuídos na tabela: 17 com nível baixo, 13 com nível médio e 4 com nível
96
alto. Por fim, dos que estão em união estável, 9 estão no nível baixo de, 7 no nível
médio e 2 no nível alto de exaustão emocional.
Quanto à significância, entre Exaustão Emocional e o estado civil, não houve
correlação (p>0,24).
Tabela 17 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional do MBI - HSS vs Tempo de Bombeiro
SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI vs TEMPO DE BOMBEIRO
TEMPO DE BOMBEIRO
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
5 anos - 10 anos
3
17
25
10 anos - 15 anos
7
10
21
Mais de 15 anos
16
19
30
Total Geral
26
46
76
p-valor
0,018
Nome do teste
Mann - Whitney
Referente ao tempo de trabalho como bombeiro e à subescala de Exaustão
Emocional – MBI nota-se que os bombeiros que atuam na corporação de 5 – 10
anos e estão no nível baixo e médio de exaustão emocional perfazem 42
profissionais e apenas 3 são classificados com nível alto.
Os que atuam na corporação de 10 – 15 anos, estão entre nível baixo e
médio perfazendo 31 profissionais e somente 7 profissionais estão no nível alto.
Dos profissionais que estão há mais de 15 anos atuando na corporação, 30
estão com nível baixo, 19 nível médio e 16 nível alto de exaustão emocional. Estes
profissionais que estão há mais de 15 anos, tendem a ter maior exaustão emocional,
do que aqueles que estão há menos tempo na profissão (p>0.018). Porém, podemos
notar pela tabela que a maior parte dos bombeiros, mesmo aqueles com mais tempo
de atuação, apresentam baixos ou médios níveis de Exaustão Emocional.
97
Tabela 18 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Faixa Etária
EXAUSTÃO EMOCIONAL X FAIXA ETÁRIA
FAIXA ETÁRIA
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
18 - 28 anos
1
7
10
29 - 39 anos
8
18
31
40 - 50 anos
17
21
33
51 - 61 anos
-
-
2
Total Geral
26
46
76
p-valor
0,064
Nome do teste
Mann - Whitney
Quanto à subescala de Exaustão Emocional – MBI e faixa etária, entre 18 –
28 anos apenas 1 profissional foi classificado com exaustão emocional alta, no nível
médio e baixo 17 profissionais, totalizando 18 bombeiros entre os três níveis.
Na idade de 29 – 39 anos, 8 foram classificados com nível alto, 18 com nível
médio e 31 com nível alto.
Dentre os que estão entre 40 – 50 anos, 33 se classificam com nível baixo,
21 com nível médio e 17 com nível alto.
Na faixa etária entre 51 – 61 anos, apenas 2 profissionais foram
classificados com nível baixo de exaustão emocional, os outros dois níveis não
pontuaram.
Observa-se que a Exaustão Emocional não varia significativamente
(p=0,064) entre as idades não havendo, portanto, correlação entre Exaustão
Emocional e Faixa Etária.
98
6.3.4 Cruzamento da subescala de Despersonalização (MBI – HSS) vs Estado Civil, Tempo de Bombeiro e Faixa Etária Tabela 19 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Estado Civil
SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO – MBI vs ESTADO CIVIL
ESTADO CIVIL
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
CASADO (A)
51
28
13
DIVORCIADO (A)
2
2
-
SOLTEIRO (A)
17
14
3
UNIÃO ESTÁVEL
8
9
1
Total Geral
78
53
17
p-valor
0,928
Quanto à despersonalização e estado civil, dos profissionais que atualmente
estão casados 51 apresentam nível alto, 28 apresentam nível médio, e 13 nível
baixo. Entre os divorciados, 4 foram classificados nos níveis alto e médio. No nível
baixo, não houve pontuação. Nos solteiros os resultados apontam para 17 no nível
alto, 14 no nível médio e 3 no nível baixo. Em união estável, 17 se encontram entre
nível e alto e médio e apenas 1 no nível baixo.
Entre despersonalização e estado civil conclui-se que não há significância
estatística (p>0,928).
99
Figura 24 Cruzamento do Tempo de Bombeiro vs subescala de Despersonalização do MBI – HSS
Tabela 20 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Tempo de Bombeiro
SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO – MBI vs TEMPO DE BOMBEIRO
TEMPO DE BOMBEIRO
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
5 anos - 10 anos
19
20
6
10 anos - 15 anos
20
16
2
Mais de 15 anos
39
17
9
Total Geral
78
53
17
p-valor
0,7
-
-
Nome do teste
Mann - Whitney
9,80
10,00
10,20
10,40
10,60
10,80
11,00
11,20
11,40
11,60
5 anos - 10 anos 10 anos - 15 anos Mais de 15 anos
Total de bombeiros pesquisados: 148 Dados obtidos em set/out 2015
TEMPO DE BOMBEIRO X SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO
100
A tabela acima ilustra que os bombeiros categorizados com 5 – 10 anos de
atuação, assim se distribuem em relação à despersonalização: com nível alto são N
= 19, com nível médio N = 20 e 6 com nível baixo. Dos que atuam de 10 – 15 anos,
N = 20 estão no nível alto, N = 16 no nível médio e N = 2 no nível baixo.
Entre os que estão na corporação há mais de 15 anos, N = 78 se encontram
no nível alto, N = 53 no nível médio e N = 17 no nível baixo. Entre nível alto e
médio, 131 profissionais bombeiros apresentam despersonalização.
Contudo, ao comparar a Despersonalização e tempo de trabalho como
bombeiro, observa-se que a despersonalização não varia significativamente (p=0,7)
entre os grupos.
Tabela 21 Cruzamento da subescala de Despersonalização do MBI - HSS vs Faixa Etária
SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO – MBI vs FAIXA ETÁRIA
Faixa Etária
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
18 - 28 anos
4
13
1
29 - 39 anos
32
20
5
40 - 50 anos
41
19
11
51 - 61 anos
1
1
-
Total Geral
78
53
17
p-valor
0,7
Nome do teste
Mann - Whitney
No tocante à subescala de Despersonalização – MBI e faixa etária dos
bombeiros investigados, na faixa etária de 18 – 28 anos apenas 4 profissionais
apresentam nível alto de despersonalização. Nos níveis médio e baixo, 14
profissionais foram classificados. Na idade de 29 – 39 anos, 32 profissionais estão
no nível alto, 20 no nível médio e 5 no nível baixo. Entre 40 – 50 anos 41
profissionais no nível alto, 19 no nível médio e 11 no nível baixo. Por fim, entre 51 –
101
61 anos apenas 2 profissionais estão classificados entre nível alto e médio. Contudo,
nota-se que a Despersonalização não varia significativamente (p=0,7) para
Despersonalização e Faixa Etária.
Tabela 22 Cruzamento da subescala de Exaustão Emocional vs Despersonalização
SUBESCALA DE EXAUSTÃO EMOCIONAL- MBI vs DESPERSONALIZAÇÃO – MBI
Nome do Teste
Valor p
EXAUSTÃO EMOCIONAL vs DESPERSONALIZAÇÃO
Mann-whitney
<0.001
Figura 25 Cruzamento da subescala de Despersonalização vs Exaustão Emocional do MBI - HSS
102
Estimava-se de que a Despersonalização para os bombeiros seria um fator
protetor da Exaustão Emocional. Realizado o teste Mann Whitney encontra-se
significância de p<0,001 entre Despersonalização e Exaustão Emocional. Portanto,
estão correlacionadas positivamente e com significância estatística. A figura box-plot
abaixo da tabela, esclarece que quando a Despersonalização está alta a Exaustão
Emocional está baixa. O mesmo acontece quando a Exaustão Emocional está no
nível alto, a Despersonalização mantém-se sempre alta. Somente quando a
exaustão emocional está no nível médio, a Despersonalização apresenta-se no nível
médio também.
Porém, considerando os níveis altos e médios, 88,5% dos bombeiros
investigados apresentam Despersonalização. Esperava-se que de acordo com o
modelo teórico de Maslach, que descreve a síndrome de burnout como um processo
em que a exaustão emocional é a dimensão precursora da síndrome, sendo seguida
por despersonalização e, na sequência, pelo baixo sentimento de baixa realização
pessoal37. Contudo, obtivemos o seguinte resultado:
37
CARLOTTO, M. S. Prevalência da Síndrome de Burnout e fatores sociodemográficos e laborais em professores de escolas municipais da cidade de João Pessoa, PB. Rev Brasileira Epideomologia, 2010, 13 (3): 502-12
103
Figura 26 Resultados gerais das subescalas do Maslach Burnout Inventory MBI - HSS
Esta figura demonstra que o nível alto de Realização Pessoal está presente
em 100% dos bombeiros investigados, o nível alto de Despersonalização, por sua
vez, encontra-se em 52,7% e o baixo nível de Exaustão Emocional caracteriza 17%
da amostra. Este resultado sugere novamente que não se esteja falando da
Despersonalização propriamente dita enquanto sintoma que sucede a Exaustão
Emocional na Síndrome de Burnout, mas sim de uma característica dos bombeiros
de afastamento psicológico em situações emergências que por vezes, pode prevenir
a Exaustão Emocional, visto que a Exaustão Emocional seria precursora da
Despersonalização e não o inverso como a figura ilustra.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
REALIZAÇÃO PESSOALNÍVEL ALTO
DESPERSONALIZAÇÃONÍVEL ALTO
EXAUSTÃO EMOCIONALNÍVEL BAIXO
100%
52,7%
17%
Dados obtidos em set/out 2015 Total de profissionais pesquisados: 148
RESULTADOS DAS SUBESCALAS DO MASLACH BURNOUT INVENTORY - MBI (HSS)
104
6.3.5 Cruzamento da subescala de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional, Despersonalização Figura 27 Subescalas de Realização Pessoal vs Exaustão Emocional do MBI - HSS
Figura 28 Subescala de Realização Pessoal vs Despersonalização do MBI - HSS
y = 0,3854x + 12,802 R² = 0,3039
0
5
10
15
20
25
30
35
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Re
aliz
ação
Pe
sso
al
Exaustão Emocional
SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL VS EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI (HSS)
y = 0,7669x + 11,948 R² = 0,3184
0
5
10
15
20
25
30
35
0 5 10 15 20 25
Re
aliz
ação
Pe
sso
al
Despersonalização
SUBESCALA REALIZAÇÃO PESSOAL VS. DESPERSONALIZAÇÃO - MBI (HSS)
105
Estas duas figuras de tendências (acima) sugerem que quanto maior a
subescala de Realização Pessoal (escala invertida, menor Realização Pessoal)
maior a Despersonalização e Exaustão Emocional. O mesmo percebe-se entre a
subescala de Realização Pessoal e Despersonalização (figura 28). Entretanto, as
equações apresentadas nas figuras bem como o R² (chi-quadrado) explicita isto,
porém a qualidade do ajuste não é refletida no valor esperado de R². (valor esperado
do R² reduzido igual a 1), apenas indicando a tendência de que menor Realização
Pessoal, maior Exaustão Emocional e Despersonalização.
Figura 29 Box-plot das subescalas de Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal do MBI – HSS
Por sua vez, nesta figura box-plot utilizada para avaliar a distribuição
empírica dos dados, com as três subescalas do MBI (Maslach Burnout Inventory),
que são a Subescala de Realização Pessoal, Exaustão Emocional e
106
Despersonalização, é possível notar que, independentemente do nível de Exaustão
Emocional ou Despersonalização, a Realização Pessoal é basicamente a mesma.
Profissionais bombeiros que apresentam nível alto de Exaustão Emocional, por
exemplo, mantêm o nível de Realização Pessoal também alto. O mesmo percebe-se
com o nível de Despersonalização Portanto, independente do nível de Exaustão
Emocional e Despersonalização não há alteração no nível de Realização Pessoal,
ao contrário do que sugere as figuras de tendência acima (Figuras 27 e 28).
6.3.6 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro, Estado Civil, Subescala de Despersonalização, Exaustão Emocional
A tabela abaixo resume os resultados dos testes estatísticos para os
diferentes agrupamentos de acordo com as variáveis sociodemográficas (tempo de
bombeiro e estado civil) e as oito estratégias de coping, tanto focadas no problema
como focadas na emoção.
Tabela 23 Estratégias de coping vs Tempo de Bombeiro e Estado Civil
ESTRATÉGIAS DE COPING vs TEMPO DE BOMBEIRO E ESTADO CIVIL
ESTRATÉGIA
TEMPO DE
BOMBEIRO*
ESTADO CIVIL**
Estratégia 1 - Confronto
0,308
0,55
Estratégia 2 - Afastamento
0,066
0,066
Estratégia 3 - Autocontrole
0,26
0,049
Estratégia 4 - Suporte Social
0,536
0,337
Estratégia 5 - Aceitação de Responsabilidades
0,922
0,477
Estratégia 6 - Fuga, Esquiva
0,439
0,556
Estratégia 7 - Resolução de Problemas
0,538
0,287
Estratégia 8 - Reavaliação Positiva
0,729
0,136
* Foram utilizados testes Mann-Whitney
** Foram utilizados testes Verossimilhança
107
Tabela 24 Cruzamento Estratégia de coping Auto Controle vs Estado Civil
ESTRATÉGIA AUTO CONTROLE vs ESTADO CIVIL
Estado civil
N
Estratégia Auto controle
Casado(a) ou União Estável
110
Divorciado(a)
4
Solteiro(a)
34
Total
148
ESTRATÉGIA AUTO CONTROLE
Chi-Square
4,306
df
2
Asymp. Sig.
,116
a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Estado civil
As tabelas 24 e 25 ilustram que com referência às estratégias de coping
utilizadas pelos bombeiros (confronto, afastamento, autocontrole, suporte social,
aceitação de responsabilidades, fuga e esquiva, resolução de problemas e
reavaliação positiva) encontramos apenas significância estatística entre a estratégia
Autocontrole e Estado Civil (p>0,049). Quanto ao Tempo de Bombeiro, não houve
significância estatística e as estratégias de coping. Os profissionais que estão
divorciados obtiveram significância estatística (p>0,116), portanto são os que mais
utilizam a estratégia Autocontrole. Contudo, a amostra de divorciados é muito
pequena N = 4, sugerindo então um viés de seleção.
108
Tabela 25 Cruzamento das estratégias de coping focadas no problema vs subescala de Despersonalização do MBI - HSS
ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO PROBLEMA vs SUBESCALA DE
DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
ESTRATÉGIAS DESPERSONALIZAÇÃO
Média de
Ranks
P valor
Estratégia Suporte Social
Nível baixo
63,12
Nível Médio
75,17
Nível Alto
76,53
,452
Estratégia Aceitação de
Responsabilidade
Nível baixo
44,32
Nível Médio
72,75
Nível Alto
82,26
,002
Estratégia Resolução de
Problemas
Nível baixo
52,32
Nível Médio
81,20
Nível Alto
74,78
,041
Estratégia Reavaliação Positiva
Nível baixo
52,24
Nível Médio
72,12
Nível Alto
80,97
,026
ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADO NO PROBLEMA VS SUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO
Estratégia Suporte
Social
Estratégia
Aceitação de
Responsabilidade
Estratégia
Resolução de
Problemas
Estratégia
Reavaliação
Positiva
Chi-Quad.
1,587
12,645
6,405
7,328
df
2
2
2
2
Sig. Assint.
,452
,002
,041
,026
a. Kruskal Wallis Test
b. Grouping Variable: Despersonalização
109
Referente a estratégia de coping Suporte Social e a subescala de
Despersonalização – MBI, observa-se que a média do rank no nível baixo é 63,12,
no nível médio 75,17 e nível alto 76,53. Já a estratégia Aceitação de
Responsabilidades, nível baixo 44,32, nível médio 72,75 e nível alto 82,36. Relativo
a estratégia Resolução de Problemas, nível baixo 52,32, nível médio 81,20 e nível
alto 74,78. Por último, a estratégia Reavaliação Positiva apresenta-se em nível baixo
e média 52,24, nível médio 72,12 e nível alto 80,97. Nota-se que, ao comparar as
médias dos ranks, a Despersonalização é de nível alto quando a utilização das
técnicas de coping é mais alta. Foi aplicado o teste de Kruskal Wallis para 4 fatores
de coping (focados no problema). Apenas na estratégia de Suporte Social não houve
significância estatística (p>0,452). Ao utilizarem as estratégias de Aceitação de
Responsabilidades, Resolução de Problemas e Reavaliação Positiva nota-se
significância estatística. Portanto, quanto mais utilizam estas três estratégias
focadas no problema, maior é a Despersonalização.
110
Tabela 26 Estratégias de coping focadas no problema vs Exaustão Emocional do MBI - HSS
ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADAS NO PROBLEMA X SUBESCALA EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI
Exaustão Emocional
Média de Ranks
P valor
Estratégia Suporte Social
Nível baixo
73,01
Nível Médio
73,99
Nível Alto
79,77
Estratégia Aceitação de Responsabilidade
Nível baixo
63,67
Nível Médio
81,51
Nível Alto
93,75
Estratégia Resolução de Problemas
Nível baixo
72,95
Nível Médio
76,50
Nível Alto
75,50
Estratégia Reavaliação Positiva
Nível baixo
72,12
Nível Médio
68,60
Nível Alto
91,90
ESTRATÉGIAS DE COPING FOCADO NO PROBLEMA VS EXAUSTÃO
EMOCIONAL
Estratégia
Suporte
Social
Estratégia
Aceitação de
Responsabili
dade
Estratégia
Resolução de
Problemas
Estratégia
Reavaliação
Positiva
Chi-Square ,563 12,934 ,234 6,056
df 2 2 2 2
Sig. Assint. ,755 ,002 ,889 ,048
a. Kruskal Wallis Test
b. Grouping Variable: Exaustão Emocional
111
Quanto à subescala de Exaustão Emocional – MBI e às estratégias de
coping focadas no problema, nota-se que no que se refere à exaustão emocional e à
estratégia Suporte Social a média do rank no nível baixo é 73,01, nível médio 73,99,
nível alto 79,77. Na estratégia de Aceitação de Responsabilidades no nível baixo a
média é 63,67, no nível médio 81,51 e no nível alto 93,75.
Já para a estratégia Resolução de Problemas, a média no nível baixo é
72,95, no nível médio 76,50 e no nível alto 75,50.
Por último, a Reavaliação Positiva, tem média 72,12 no nível baixo, 68,60
no nível médio e 91,90 no nível alto. Novamente, nota-se que ao comparar as
médias dos ranks, a Exaustão Emocional é de nível alto quando a utilização das
técnicas de coping é mais alta. Foi aplicado o teste de Kruskal Wallis para 4 fatores
de coping (focados no problema) e em dois fatores Suporte Social e Resolução de
Problemas não houve significância estatística. Por sua vez, em relação à Aceitação
de Responsabilidades (p>0,002) e a Reavaliação Positiva (p>0,048) foi encontrada
significância estatística.
112
7 DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Dentre as profissões de ajuda, a de bombeiro tem sido considerada uma das
que mais exigem de seus profissionais. Pode-se mesmo afirmar que se trata de uma
profissão de risco ao se considerar a natureza das funções desempenhadas, o
confronto diário com situações e experiências de graves danos pessoais e materiais
e a iminência da morte para os que esperam ser salvos e casuisticamente também
para os salvadores.
Perrenoud (1999), antropólogo francês, define a profissão de professor com
a frase “ensinar é agir na urgência e decidir na incerteza” ( p.5), característica que
imprime ao ofício do professor um alto grau de predisposição ao estresse e ao
burnout. Ressalvadas as diferenças da condição na qual exercem suas atividades,
pode-se afirmar que os bombeiros estão como os professores cotidianamente
agindo na urgência e decidindo na incerteza, colocando constantemente à prova os
seus recursos emocionais, desafiando-se permanentemente para se manter
saudável no contexto propício à doença (estresse e burnout).
Neste estudo pretendeu-se pesquisar a prevalência do estresse e da
síndrome de burnout em bombeiros que atuam na cidade de São Paulo. O foco da
pesquisa foi investigar a relação entre estes transtornos e as estratégias de coping
desenvolvidas pelos profissionais. Procurou-se, em síntese, responder à questão se
os sintomas do estresse e da síndrome de burnout podem sofrer influência
preventiva ou minimizadora através do fortalecimento das estratégias de coping na
população estudada.
Os dados da caracterização da amostra mostram que a grande maioria dos
bombeiros entrevistados é do gênero masculino 98,0%. Esta grande diferença entre
gêneros possivelmente reforça a ideia da força física que esses profissionais
precisam dispor constantemente, “corpos diferentes, direitos iguais”38. Um
percentual de 94,6% dos pesquisados não recebem atendimento psicológico ou
psiquiátrico nem precisaram se afastar do trabalho por licença médica e 89,8% não
precisaram se afastar do trabalho por licença médica. Este resultado pode ser visto
de forma positiva em função do contexto potencialmente estressante em que atuam,
mas por outro lado, deixa algumas questões a serem investigadas: A maioria não é
38
Citação da Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos em supervisão durante discussão de resultados
113
tão jovem (têm mais de 30 anos) e têm mais de 15 anos de trabalho (experiência).
Estas condições os deixariam emocionalmente melhor preparados para lidar com as
dificuldades da profissão? Ou até que ponto o fato de não estarem em atendimento
psicológico e psiquiátrico e nem em licença médica tem uma relação linear com a
ausência de distúrbios ou sofre a influência da maneira como por questões de
valores e formação se admite e se lida com o estresse? É importante considerar
ainda que a maioria dos entrevistados relata não ter nenhum problema de saúde
(89,9%), o que se constitui outro fator potencialmente preventivo do estresse e suas
decorrências. Dos que relatam algum problema de saúde, 42 profissionais apontam
para problemas na coluna. Ao que parece, este problema não se configura crônico
na corporação, visto que continuam atuando em uma profissão que boa saúde e um
condicionamento físico notável são indispensáveis.
O tratamento dos dados obtidos com a aplicação da Escala de Estresse no
Trabalho (EET) aponta para um percentual de 71,6% da amostra em situação de
estresse ou com risco de estresse. Este resultado apresenta uma contradição em
relação à situação de pouca incidência de doenças e licenças médicas, o que
sugere a existência de mecanismos internos (recursos emocionais) e condições
externas (ambiente de trabalho, missão, valores, reconhecimento, condicionamento
físico) para o enfrentamento do estresse. Ao serem classificados de acordo com a
escala sobre os cinco fatores desencadeadores do estresse (autonomia e controle;
papéis e ambiente de trabalho; relacionamento com o chefe; relações interpessoais
e crescimento e valorização pessoal. Entre os indivíduos estressados e com risco de
estresse, há uma tendência a valorizar o fator 1 (autonomia e controle) e o fator 2
(relacionamento com o chefe) e o fator 5 (crescimento e valorização profissional).
Por outro lado, os profissionais sem estresse dão maior importância aos fatores 2 (
papéis e ambiente de trabalho) e 4 (relações interpessoais). Diferença de posições
justificáveis quando se considera que o estresse tem entre seus sintomas a
sensação da perda do controle, a irritação, impaciência e ansiedade, sentimentos
nada propícios ao cultivo das relações e à valorização pessoal e profissional.
Na questão da correlação entre o estresse e a faixa etária, observa-se
significância estatística (p>0,012), demonstrando um aumento do nível risco de
estresse e estresse diretamente proporcionais ao aumento da faixa etária. Os
profissionais situados na faixa etária entre 18 – 28 anos apresentam pontuação
abaixo de 2, portanto de acordo com a nota de corte da Escala de Estresse no
114
Trabalho (abaixo de 2 sem estresse, 2 a 2,5 risco de estresse e 2,5 estresse)39 estão
categorizados sem estresse. Por sua vez, os bombeiros que estão na faixa etária 29
– 39 anos e 40 – 50 anos têm respectivamente pontuação 2,41 e 2,50, indicando
uma incidência maior de risco de estresse. Por fim os profissionais pertencentes à
faixa etária de 51 – 61 anos apresentam pontuação 2,6, indicando a que nesta faixa
etária há um aumento da prevalência do estresse.
É importante salientar que aos 25 anos de serviços prestados à Polícia
Militar, os profissionais bombeiros militares podem se aposentar, e supondo que
muitos se aposentem na idade de 45 anos são jovens para que fiquem sem
nenhuma atividade laboral. Segundo relatos dos próprios bombeiros durante a coleta
de dados, esta situação pode se constituir em fator de estresse pela iminência de
terem que se desligar da corporação tão importante em suas vidas e encontrar uma
nova atividade laboral. Também há relatos de que muitos adoecem após a
aposentadoria, suposição constatada durante a conversa com três profissionais que
se aposentariam em poucos meses, situação que não é exclusiva dos bombeiros,
mas de modo geral a todas as pessoas que ingressam nesta nova fase de vida.
Sobre a Exaustão Emocional e a Despersonalização e Estresse há
significância p<0,001. Esta significância estatística em ambas as subescalas do MBI
(Maslach Burnout Inventory) e a Escala de Estresse no Trabalho sugere que quanto
maior o nível de estresse, maior a Exaustão Emocional e maior a Despersonalização
o que corrobora com a literatura.
Sobre o Estresse e a Realização Pessoal, o resultado obtido na comparação
entre os grupos “sem estresse” e “risco de estresse” com o grupo “estresse”
encontra-se significância p menor que 0,01. Portanto, conclui-se que, quem tem
Realização Pessoal alta (nota menor) tem menos estresse, indiciando que a alta
Realização Pessoal se constitui fator preventivo de estresse.
Em relação à síndrome de burnout, os resultados são positivamente
significativos quando se focaliza o sintoma da Exaustão Emocional. Entretanto,
embora mais da metade dos indivíduos que compõem a amostra não apresentar
sintomas de esgotamento (51,4%), uma parcela importante (31,1%) sofre de níveis
médios de esgotamento emocional. O percentual dos profissionais com alto nível de
exaustão emocional é de 17%, índice estatisticamente pequeno, mas indicador da
39
Conforme tabela na página 56
115
necessidade de se investigar porque alguns profissionais não têm os mesmos
recursos para lidar com o estresse. Esta situação alerta para a necessidade de mais
estudos e ações de prevenção do estresse no trabalho como estratégia para
minimizar a incidência do burnout, lembrando que a somatória dos profissionais com
nível médio e alto de exaustão emocional alcança 48,1% da amostra, número bem
próximo aos que não sentem exaustão emocional. Os dados provocam também a
reflexão sobre as estratégias utilizadas pelos profissionais para conviver com a
situação geradora de estresse e se proteger dela defendendo-se naturalmente do
sofrimento de exaustão emocional.
O alto índice representativo do nível de Despersonalização (52,7%) somado
ao índice de nível médio (35,8%) mostra que com maior ou menor intensidade este
sintoma estaria presente em 88% dos bombeiros. A despersonalização caracteriza-
se pelo desenvolvimento de atitudes indiferentes e até mesmo negativas em relação
às pessoas com quem trabalha, levando o profissional a agir como se fosse outra
pessoa. Nesta perspectiva, neste momento é necessário distanciar-se um pouco da
evidência estatística e refletir se esta não seria uma postura defensiva e protetiva
nos momentos em que o profissional se coloca diante de situações emergenciais
que são impactantes a qualquer profissional. Como tal, as respostas podem indicar
um comportamento pontual e esporádico durante os momentos mais dramáticos do
desempenho das funções, um distanciamento defensivo que precisa ser mais bem
investigado para caracterizá-lo como o sintoma da Despersonalização no burnout
Não obstante, segundo o IBOPE40, o Corpo de Bombeiros manteve o
primeiro lugar em 2014 (no topo desde 2009) como a instituição mais confiável do
País. Esta é a conclusão do Índice de Confiança Social (ICS) – Instituições
referentes ao ano de 2014, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
Estatística (Ibope). As 18 instituições avaliadas no ICS pertencem tanto à esfera
pública quanto à privada, além da sociedade civil e buscam representar diversos
setores do país. Em 2014, o Corpo de Bombeiros manteve-se na liderança do
ranking, pelo quinto ano consecutivo. Em segundo lugar, estão as Igrejas seguidas
pelas Forças Armadas. Portanto, a impessoalidade, insensibilidade e distanciamento
afetivo para quem recebe seus serviços e atendimentos que a Despersonalização
sugere, apresenta incompatibilidade com os dados desta pesquisa. Outro dado
40
Disponível em http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2015/07/ibope-corpo-de-bombeiros-e-a-instituicao-mais-confiavel-do-brasil. Acesso em 14 de dez de 2015.
116
intrigante é a correlação forte e positiva entre a baixa Exaustão Emocional e a alta
Despersonalização que esta população retrata. É proposto na teoria de burnout que
haja correlação positiva entre estas variáveis somente quando apresentarem o
mesmo índice representativo (exaustão alta, média ou baixa e despersonalização
alta, média ou baixa), e uma for precursora da outra: a Exaustão Emocional prediz a
Despersonalização o que não ocorreu com esta população. Citando caso que
corrobora com a teoria Maslach proposta para o burnout, uma pesquisa realizada
com 81 bombeiros de Cascavel – PR41 a Exaustão Emocional e a
Despersonalização apresentam níveis baixos e a Realização Pessoal nível médio. A
reflexão comparativa sobre estas pesquisas sugerem que a despersonalização
encontrada nos bombeiros militares da cidade de São Paulo podem indicar um
afastamento psicológico transitório e pontual em situações emergências, que por
vezes, pode prevenir o esgotamento emocional circunstancial. No entanto, acende a
luz indicativa da necessidade de mais estudos e reflexões.
Os resultados obtidos em relação à Realização Pessoal surpreende pelo seu
alto índice, demonstrando que a despeito dos problemas e das dificuldades do
trabalho os profissionais bombeiros sentem-se pessoalmente realizados,
independentemente da Exaustão Emocional ou Despersonalização. Alguns fatores
podem explicar esta situação. A maioria dos profissionais está casada ou em união
estável, tem filhos trabalham há mais de 15 anos, indicando estabilidade no aspecto
familiar e profissional. Ainda que se queixem da falta de reconhecimento e
valorização profissional, têm ciência de que socialmente seu trabalho é bastante
reconhecido, colocando-os muitas vezes como heróis, homens dotados de coragem
e energia para enfrentar situações de perigo e ajudar pessoas. A formação dos
profissionais transmite valores e princípios de disciplina e solidariedade, reforçando-
os constantemente.
O alto índice de Realização Pessoal pode ser, portanto, considerado uma
das principais condições que fortalecem estes profissionais para o exercício de suas
complexas atividades, constituindo-se em uma ferramenta reducionista o burnout e
do estresse em bombeiros.
Apesar da elevada satisfação profissional e do baixo índice de exaustão
emocional, tais profissionais estão vulneráveis visto que diariamente enfrentam
41
Disponível em http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_1272.html. Acesso em 16 jan de 2016.
117
situações emocionalmente intensas, a agilidade em decidir muitas vezes sob
pressão, com urgência e em condições de risco ou de limitação de recursos.
Com relação ao coping foi possível constatar que as estratégias de coping
mais utilizadas em ordem decrescente e considerando a somatória dos que as
utilizam “quase sempre” e em “grande parte das vezes” foram: Reavaliação Positiva,
Aceitação de Responsabilidades, Resolução de Problemas e Suporte Social, todas
focadas no problema. As menos utilizadas, em ordem crescente e também levando
em conta a somatória dos que utilizam “quase sempre” e “grande parte das vezes”
foram Auto Controle, Confronto, Fuga e Esquiva e Afastamento.
A Reavaliação Positiva, a primeira mais utilizada, é uma estratégia na qual o
indivíduo lança mão de recursos cognitivos que o ajudem a aceitar a realidade.
Busca encontrar elementos que amenizem a situação ou aspectos positivos da
mesma num processo de diminuir a carga emocional envolvida no acontecimento. A
segunda estratégia mais utilizada, Resolução de Problemas, também se constitui de
ações focadas no problema, buscando alterar a resolver o problema e recompor a
situação que o originou. A Aceitação de Responsabilidade, estratégia centrada no
problema, dá conta de ações voltadas para reconhecer qual o seu papel na situação
ou problema e para encontrar formas de resolução. São estratégias proativas que se
coadunam com a formação, valores e missão da corporação. Outra vez os
profissionais se esforçam para se apresentarem fortes e capazes de enfrentar
situações estressoras e esta imagem de força tanto é moldada pela construção
contínua das competências profissionais e pessoais como também pela resposta
exigida pela sociedade, chefia, pares, enfim, pelo contexto do trabalho e social.
Por conjectura, em situações emergenciais as estratégias de coping
focadas no problema são fundamentais e decisivas para o êxito da ocorrência em
incidentes críticos, ainda que os dados obtidos não apontem para uma relação linear
com a diminuição do estresse. Inicialmente a Reavaliação Positiva exerce um papel
crucial ao se depararem com situações traumáticas e impactantes, lançando mão de
recursos internos para ressignificação positiva e cenário calamitoso. A seguir, a
Aceitação de Responsabilidades e a Resolução de Problemas aparentam estar
coadunadas. O reconhecimento do próprio papel e a concomitante tentativa de
resolvê-lo empregados com o objetivo de alterar a situação e associados a uma
abordagem analítica para resolvê-lo configuram o passo seguinte da ocorrência. Por
último, tomada a decisão, buscam o Suporte Social das equipes de apoio, da
118
corporação e da população. Por outro lado, a estratégia Autocontrole focada na
emoção e com índice muito próximo ao Suporte Social, indicando uma crença na
necessidade de regular os sentimentos e a próprias ações para que se a situação
estressante passe, aparenta também exercer grande influência no momento do
incidente crítico.
Embora menos utilizadas, as estratégias focadas na emoção também
amparam no momento crítico. Ao utilizar a estratégia de Confronto, o individuo
acredita que tem que enfrentar a situação sem se afastar das condições de risco que
estão expostos. Há esforços agressivos para alterar o cenário, e neste caso tais
esforços agressivos são positivos para que o desfecho da ocorrência seja benéfico.
Porém, se houver risco de morte iminente (desabamento no caso de incêndios) há a
Fuga/Esquiva para escapar dos riscos. Por último, a menos utilizada pelos
bombeiros é o Afastamento da situação emergencial. Portanto, pode-se aventar a
importância de se utilizar todas as estratégias de coping fundamentalmente em
situações emergências para que a ocorrência se desenvolva com êxito.
Os resultados deste estudo, quando visualizados de forma global indicaram
que os profissionais bombeiros entrevistados apresentam bom nível de realização
pessoal e profissional. Também de forma geral, se pode concluir que os níveis de
estresse e burnout não são elevados, ainda que se encontrem níveis altos de
despersonalização e baixo índice de exaustão emocional em alguns entrevistados.
Estes e outros eventos estatísticos podem significar uma vulnerabilidade ao estresse
e ao burnout, entretanto, apesar desta vulnerabilidade também se percebeu que
diferentes fatores agem como protetores dos bombeiros. É bastante provável que
um destes fatores seja a elevada satisfação profissional.
Também há que se considerar que a natureza de seu trabalho, que lhes dá a
possibilidade de salvar vidas e ajudar pessoas, a despeito de predispor ao estresse
e ao burnout também são fontes de satisfação e realização. Não se pode esquecer
ainda que são profissionais socialmente muito valorizados.
O ambiente de trabalho, o relacionamento com a chefia e a conduta dentro
da disciplina militar não se constituíram fatores de insatisfação com o trabalho.
As queixas referiram-se à pouca valorização profissional no tocante ao retorno
financeiro, que dadas as condições econômicas do país adquirem uma macro
dimensão, deixando de ser um problema restrito aos profissionais bombeiros.
119
Em síntese, os resultados obtidos demonstram a confirmação parcial das
suposições formuladas quando se constatou que os sintomas de estresse, burnout e
coping apresentaram correlação e que as estratégias de coping se constituem
fatores positivos para lidar com o estresse profissional e prevenir o burnout.
120
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir o percurso deste estudo é importante retornar ao início do
mesmo, ou seja, ao seu objetivo que foi o de investigar a influência preventiva ou
minimizadora do coping nos sintomas de estresse e burnout em bombeiros da
cidade de São Paulo.
Foi possível concluir de forma geral que os profissionais bombeiros da
cidade de São Paulo estão vulneráveis ao estresse e ao burnout pela condição de
enfrentarem cotidianamente situações extremas de perigos, tensões, ameaças à
integridade de pessoas e de sua própria, enfim, por exercerem uma profissão de
risco.
O alto nível de realização pessoal aparece como fator de proteção aos
profissionais e se por um lado parece contraditório quando se considera a natureza
do ofício do bombeiro, por outro lado é justificado pelo reconhecimento e valorização
e expectativa da sociedade em relação ao seu papel.
Entre as implicações desta pesquisa está a possibilidade de servirem de
embasamento para o planejamento de ações de capacitação e de promoção de
qualidade de vida, contribuindo para manter a saúde, motivação e satisfação
pessoal e profissional dos bombeiros, além de contribuir para o referencial teórico
sobre o tema.
Sobre as limitações da pesquisa pode-se comentar que as respostas dos
bombeiros possam ter sofrido alguma influencia restritiva em função de não se
sentirem à vontade para expor os problemas vividos no trabalho. Ainda que isto não
tenha partido de nenhuma recomendação ou ordem superior, é preciso lembrar que
pertencem a uma corporação militar, com regras rígidas e exigência de conduta
discreta. Uma terceira limitação refere-se a um possível viés da pesquisa quando
investiga os índices de despersonalização.
Concordante com a literatura, este seria um sintoma negativo indicativo de
nível elevado de burnout, com alta prevalência na amostra estudada e incoerente
com os resultados obtidos para exaustão emocional e realização pessoal,
levantando a reflexão sobre a conceituação relacionada ao contexto específico em
que este sintoma se manifesta em situações emergenciais. . Assim, sugere-se para
futuras pesquisas o estudo aprofundado, talvez de caráter longitudinal que aumente
121
sua abrangência tanto em relação à amostra quanto em relação às outras variáveis
internas e externas preditoras ou impeditivas do estresse e do burnout em
bombeiros.
Assim, sugere-se para futuras pesquisas o estudo aprofundado, talvez de
caráter longitudinal que aumente sua abrangência tanto em relação à amostra
quanto em relação às outras variáveis internas e externas preditoras ou impeditivas
do estresse e do burnout em bombeiros.
122
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126
ANEXO I – Autorização do Comando de Bombeiros Metropolitano da
Polícia Militar do Estado de São Paulo
127
ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado bombeiro,
Você está sendo convidado para participar da pesquisa que se propõe a investigar “ESTRATÉGIAS DE COPING COMO FATOR DE PREVENÇÃO DO ESTRESSE E BURNOUT EM BOMBEIROS DA CIDADE DE SÃO PAULO”
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento.
Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu seus dados.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob forma de um questionário.
Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada à sua participação.
O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o conhecimento científico.
Se você tiver alguma dúvida, a pesquisadora estará à sua disposição para quaisquer esclarecimentos. Agora ou mais tarde, através do telefone (11) 9 6907-5001 ou por e-mail psicologarfernandes@ gmail.com (com Renata Fernandes).
Atenciosamente,
Renata da Silva Fernandes Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos ORIENTANDA/PESQUISADORA PUC-SP ORIENTADORA/PUC-SP Eu, ______________________________________________________________ Fui informado dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada. Recebi informações a respeito dos procedimentos e esclareci quaisquer dúvidas que tivesse. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão se eu assim o desejar. Certificaram-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais e de que terei liberdade de retirar meu consentimento de participação na pesquisa em qualquer momento da pesquisa.
Assinatura: _________________________ SP, _______/________/2015.
128
APÊNDICE I – Questionário Sócio Demográfico
QUESTIONÁRIO SÓCIO DEMOGRÁFICO
Esse questionário tem como objetivo conhecê-lo um pouco melhor.
Gênero: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO Patente ( ) Cabo ( ) Soldado ( ) 3º. Sargento ( ) 2º. Sargento ( ) 1º. Sargento ( ) Outro Há quanto tempo é bombeiro? ( ) 5 anos – 10 anos ( ) 10 anos – 15 anos ( ) Mais de 15 anos Estado Civil ( ) Casado (a) ( ) Solteiro (a) ( ) União estável ( ) Viúvo (a) Filhos ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 Qual tua idade? ( ) 18 – 28 ano ( ) 29 -39 ( ) 40 – 50 ( ) 51 – 61 Passa por atendimento psicológico ou psiquiátrico? ( ) SIM ( ) PSIQUIÁTRICO ( ) PSICOLÓGICO ( ) NÃO Nos últimos dois anos precisou pedir licença por problemas de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO Tem algum problema de saúde? ( ) SIM ( ) NÃO Qual? ( ) diabetes ( ) hipertensão arterial ( ) problemas na coluna ( ) LER (lesão por esforço repetitivo) ( ) Problemas na visão ( ) Problemas auditivos
129
( ) Problemas cardíacos ( ) Problemas de pele (psoríase, alergias...) ( ) Outro ______________________________________________________________ Utiliza algum medicamento diário para controle da doença? ( ) SIM ( ) NÃO
Agora que já nos conhecemos, por favor responda as escalas a seguir conforme orientação.
Não se preocupe com tuas respostas, elas serão CONFIDENCIAIS e SIGILOSAS, e não há certo ou errado!
130
APÊNDICE II Estatístico
Neste apêndice serão apresentadas as análises descritivas dos dados, cuja
finalidade configura-se a etapa inicial para descrever e resumir os dados. Além disto,
foram realizados os cruzamentos da Escala de Estresse no Trabalho com as oito
estratégias utilizadas no coping e com as subescalas do MBI (Exaustão Emocional,
Despersonalização e Realização Pessoal).
Tabela 1 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho (EET) x Estratégia de Confronto da Escala de Coping
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING CONFRONTO
Escore de estresse
TOTALl
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 1 Confronto
Não Utiliza
N = 16
N = 15
N = 7
N = 38
38,1%
34,1%
11,3%
25,7%
Utiliza algumas vezes
N = 18
N = 18
N = 34
N = 70
42,9%
40,9%
54,8%
47,3%
Utiliza grande parte das vezes
N = 5
N = 10
N = 14
N = 29
11,9%
22,7%
22,6%
19,6%
Utiliza quase sempre
N = 3
N = 1
N = 7
N = 11
7,1%
2,3%
11,3%
7,4%
TOTAL
N = 42
N = 44
N = 62
N = 148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
131
Tabela 2 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Afastamento
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO x ESTRATÉGIA DE COPING AFASTAMENTO
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 2 - Afastamento
Não Utiliza
N = 23
N = 17
N = 22
N = 62
54,8%
38,6%
35,5%
41,9%
Utiliza algumas vezes
N = 13
N = 19
N = 25
N = 57
31,0%
43,2%
40,3%
38,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 5
N = 7
N = 12
N = 24
11,9%
15,9%
19,4%
16,2%
Utiliza quase sempre
N = 1
N = 1
N = 3
N = 5
2,4%
2,3%
4,8%
3,4%
TOTAL
N = 42
N = 44
N = 62
N = 148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
132
Tabela 3 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de Coping Autocontrole
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING AUTOCONTROLE
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 3 - Autocontrole
Não Utiliza
N = 5
N = 9
N = 6
N = 20
11,9%
20,5%
9,7%
13,5%
Utiliza algumas vezes
N = 23
N = 19
N = 18
N = 60
54,8%
43,2%
29,0%
40,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 11
N = 12
N = 29
N = 52
26,2%
27,3%
46,8%
35,1%
Utiliza quase sempre
N = 3
N = 4
N = 9
N = 16
7,1%
9,1%
14,5%
10,8%
TOTAL
N = 42
N = 44
N = 62
N = 148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
133
Tabela 4 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Suporte Social
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING SUPORTE SOCIAL
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 4 - Suporte Social
Não Utiliza
N = 7
N = 8
N = 6
N = 21
16,7%
18,2%
9,7%
14,2%
Utiliza algumas vezes
N = 19
N = 19
N = 22
N = 60
45,2%
43,2%
35,5%
40,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 12
N = 15
N = 30
N = 57
28,6%
34,1%
48,4%
38,5%
Utiliza quase sempre
N = 4
N = 2
N = 4
N = 10
9,5%
4,5%
6,5%
6,8%
TOTAL
N = 42
N = 44
N = 62
N = 148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
134
Tabela 5 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Aceitação de Responsabilidade
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X ESTRATÉGIA DE COPING ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 5 - Aceitação de Responsabilidade
Não Utiliza
N = 6
N = 4
N = 5
N = 15
14,3%
9,1%
8,1%
10,1%
Utiliza algumas vezes
20
17
14
51
47,6%
38,6%
22,6%
34,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 12
N = 20
N= 32
N= 64
28,6%
45,5%
51,6%
43,2%
Utiliza quase sempre
N = 4
N = 3
N =11
N= 18
9,5%
6,8%
17,7%
12,2%
TOTAL
N =42
N =44
N = 62
N =148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
135
Tabela 6 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Fuga e Esquiva
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIA DE COPING FUGA E ESQUIVA
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 6 - Fuga e esquiva
Não Utiliza
N = 21
N = 19
N = 17
N = 57
50,0%
43,2%
27,4%
38,5%
Utiliza algumas vezes
N = 16
N = 17
N = 20
N = 53
38,1%
38,6%
32,3%
35,8%
Utiliza grande parte das vezes
N = 1
N = 5
N = 17
N = 23
2,4%
11,4%
27,4%
15,5%
Utiliza quase sempre
N = 4
N = 3
N = 8
N = 15
9,5%
6,8%
12,9%
10,1%
TOTAL
N = 42
N = 44
N = 62
N = 148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
136
Tabela 7 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Resolução de Problemas
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO Vs ESTRATÉGIA DE COPING RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Estratégia 7 - Resolução de Problemas
Não Utiliza
N = 9
N = 6
N = 3
N = 18
21,4%
13,6%
4,8%
12,2%
Utiliza algumas vezes
N = 9
N = 16
N = 25
N = 50
21,4%
36,4%
40,3%
33,8%
Utiliza grande parte das vezes
N = 14
N = 12
N = 24
N = 50
33,3%
27,3%
38,7%
33,8%
Utiliza quase sempre
N = 10
N = 10
N = 10
N = 30
23,8%
22,7%
16,1%
20,3%
Total
42
44
62
148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
137
Tabela 8 Descritiva da Escala de Estresse no Trabalho vs Estratégia de coping Reavaliação Positiva
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO vs ESTRATÉGIA DE COPING REAVALIAÇÃO POSITIVA
Escore de estresse
TOTAL
Sem Estresse
Risco de Estresse
Estresse
Fator 8 - Reavaliação Positiva
Não Utiliza
N = 6
N = 2
N = 2
N = 10
14,3%
4,5%
3,2%
6,8%
Utiliza algumas vezes
N = 19
N = 19
N = 12
N = 50
45,2%
43,2%
19,4%
33,8%
Utiliza grande parte das vezes
N = 9
N = 18
N = 32
N = 59
21,4%
40,9%
51,6%
39,9%
Utiliza quase sempre
N = 8
N = 5
N = 16
N = 29
19,0%
11,4%
25,8%
19,6%
TOTAL
N = 42
N = 44
N = 62
N = 148
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
138
Tabela 9 Descritiva Escala de Estresse no Trabalho vs Subescala Exaustão Emocional do MBI
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI
Escore de estresse
Frequência
%
% Válido
Sem Estresse
Nível baixo
N = 32
76,2%
76,2%
Nível Médio
N = 9
21,4%
21,4%
Nível Alto
N = 1
2,4%
2,4%
Total
N = 42
100,0%
100,0%
Risco de Estresse
Nível baixo
N = 27
61,4%
61,4%
Nível Médio
N = 15
34,1%
34,1%
Nível Alto
N = 2
4,5%
4,5%
Total
N = 44
100,0%
100,0%
Estresse
Nível baixo
N = 17
27,4%
27,4%
Nível Médio
N = 22
35,5%
35,5%
Nível Alto
N = 23
37,1%
37,1%
Total
N = 62
100,0
100,0
139
Tabela 10 Descritiva Escala de Estresse no Trabalho vs Subescala de Despersonalização do MBI
ESCALA DE ESTRESSE NO TRABALHO X SUBESCALA DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
Escore de estresse
Frequência
%
% Válida
Sem Estresse
Nível baixo
N = 8
19,0%
19,0%
Nível Médio
N = 26
61,9%
61,9%
Nível Alto
N = 8
19,0%
19,0%
Total
N = 42
100,0%
100,0%
Risco de Estresse
Nível baixo
N = 6
13,6%
13,6%
Nível Médio
N = 16
36,4%
36,4%
Nível Alto
N = 22
50,0%
50,0%
Total
N = 44
100,0%
100,0%
Estresse
Nível baixo
N = 3
4,8%
4,8%
Nível Médio
N = 11
17,7%
17,7%
Nível Alto
N = 48
77,4%
77,4%
Total
N = 62
100,0
100,0%
140
Tabela 11 Descritiva da Estratégia Confronto (Coping) vs subescala Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA CONFRONTO (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL
Exaustão Emocional
TOTALl
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Estratégia Confronto X Exaustão Emocional
Não Utiliza
N = 26
N = 10
N = 2
N = 38
68,4%
26,3%
5,3%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 34
N = 22
N = 14
N = 70
48,6%
31,4%
20,0%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 10
N = 11
N = 8
N = 29
34,5%
37,9%
27,6%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 6
N = 3
N = 2
N = 11
54,5%
27,3%
18,2%
100,0%
Total
N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
141
Tabela 12 Descritiva Estratégia de Afastamento vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA AFASTAMENTO (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL
Exaustão Emocional
Total
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Estratégia Afastamento X Exaustão Emocional
Não Utiliza
N = 38
N = 18
N = 6
N = 62
61,3%
29,0%
9,7%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 26
N = 19
N = 12
N = 57
45,6%
33,3%
21,1%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 10
N = 8
N = 6
N = 24
41,7%
33,3%
25,0%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 2
N = 1
N = 2
N = 5
40,0%
20,0%
40,0%
100,0%
Total
N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
142
Tabela 13 Descritiva Estratégia de Auto Controle vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA AUTOCONTROLE vs EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI
Exaustão Emocional
Total
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 3 - Auto controle X Exaustão emocional
Não Utiliza
N = 12
N = 5
N = 3
N = 20
60,0%
25,0%
15,0%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 36
N = 20
N = 4
N = 60
60,0%
33,3%
6,7%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 21
N = 15
N = 16
N = 52
40,4%
28,8%
30,8%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 7
N = 6
N = 3
N = 16
43,8%
37,5%
18,8%
100,0%
Total
76
46
26
148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
143
Tabela 14 Descritiva Estratégia de Suporte Social vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA DE COPING SUPORTE SOCIAL X EXAUSTÃO EMOCIONAL -MBI
Exaustão Emocional
Total
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 4 - Suporte Social X Exaustão Emocional
Não Utiliza
N = 10
N = 5
N = 6
N = 21
47,6%
23,8%
28,6%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 34
N = 21
N = 5
N = 60
56,7%
35,0%
8,3%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 27
N = 18
N = 12
N = 57
47,4%
31,6%
21,1%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 5
N = 2
N = 3
N = 10
50,0%
20,0%
30,0%
100,0%
TOTAL
N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
144
Tabela 15 Descritiva Estratégia Aceitação de Responsabilidade vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADE (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL – MBI
Exaustão Emocional
Total
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade X Exaustão Emocional
Não Utiliza
N = 11
N = 4
N = 0
N = 15
73,3%
26,7%
,0%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 33
N = 13
N = 5
N = 51
64,7%
25,5%
9,8%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 26
N = 21
N = 17
N = 64
40,6%
32,8%
26,6%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 6
N = 8
N = 4
N = 18
33,3%
44,4%
22,2%
100,0%
TOTAL
N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
145
Tabela 16 Descritiva Estratégia Fuga e Esquiva vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA FUGA E ESQUIVA (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI
Exaustão Emocional
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 6 - Fuga e esquiva X Exaustão Emocional
Não Utiliza
N = 36
N = 15
N = 6
N = 57
63,2%
26,3%
10,5%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 25
N = 20
N = 8
N = 53
47,2%
37,7%
15,1%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 10
N = 7
N = 6
N = 23
43,5%
30,4%
26,1%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 5
N = 4
N = 6
N = 15
33,3%
26,7%
40,0%
100,0%
TOTALl
N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
146
Tabela 17 Descritiva Estratégia Resolução de Problemas vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (COPING) x EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI
Exaustão Emocional
TOTALl
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 7 - Resolução de Problemas X Exaustão
Emocional
Não Utiliza
N = 13
N = 3
N = 2
N = 18
72,2%
16,7%
11,1%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 23
N = 17
N = 10
N = 50
46,0%
34,0%
20,0%
100,0%
Utiliza grande parte das vezes
N = 23
N = 18
N = 9
N = 50
46,0%
36,0%
18,0%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 17
N = 8
N = 5
N = 30
56,7%
26,7%
16,7%
100,0%
TOTAL
N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
147
Tabela 18 Descritiva Estratégia Reavaliação Positiva vs Subescala de Exaustão Emocional - MBI
ESTRATÉGIA REAVALIAÇÃO POSITIVA (COPING) X EXAUSTÃO EMOCIONAL - MBI
Exaustão Emocional
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 8 - Reavaliação Positiva X Exaustão
Emocional
Não Utiliza
N = 7
N = 2
N = 1
N = 10
70,0%
20,0%
10,0%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 27
N = 19
N = 4
N = 50
54,0%
38,0%
8,0%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
N = 26
N = 20
N = 13
N = 59
44,1%
33,9%
22,0%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 16
N = 5
N = 8
N = 29
55,2%
17,2%
27,6%
100,0%
Total N = 76
N = 46
N = 26
N = 148
51,4%
31,1%
17,6%
100,0%
148
Tabela 19 Descritiva Estratégia Confronto vs Subescala de Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA CONFRONTO (COPING) XSUBESCALA DE DESPERSONALIZAÇÃO
Despersonalização
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 1 – Confronto x Despersonalização
Não Utiliza
N = 9
N = 14
N = 15
N = 38
23,7%
36,8%
39,5%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 5
N = 29
N = 36
N = 70
7,1%
41,4%
51,4%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
N = 1
N = 9
N = 19
N = 29
3,4%
31,0%
65,5%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 2
N = 1
N = 8
N = 11
18,2%
9,1%
72,7%
100,0%
TOTALl
N = 17
N = 53
N = 78
N = 148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
149
Tabela 20 Descritiva Estratégia Afastamento vs Subescala de Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA AFASTAMENTO (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
Despersonalização
TOTAL
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 2 – Afastamento X Despersonalização
Não Utiliza
N = 7
N = 28
N = 27
N = 62
11,3%
45,2%
43,5%
100,0%
Utiliza algumas vezes
N = 7
N = 19
N = 31
N = 57
12,3%
33,3%
54,4%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
N = 2
N = 5
N = 17
N = 24
8,3%
20,8%
70,8%
100,0%
Utiliza quase sempre
N = 1
N = 1
N = 3
N = 5
20,0%
20,0%
60,0%
100,0%
TOTAL
N = 17
N = 53
N = 78
N = 148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
150
Tabela 21 Descritiva Estratégia Auto Controle vs Subescala de Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA AUTOCONTROLE X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
Despersonalização
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 3 - Auto controle X
Despersonalização
Não Utiliza
7
5
8
20
35,0%
25,0%
40,0%
100,0%
Utiliza algumas vezes
5
25
30
60
8,3%
41,7%
50,0%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
3
18
31
52
5,8%
34,6%
59,6%
100,0%
Utiliza quase sempre
2
5
9
16
12,5%
31,3%
56,3%
100,0%
Total 17
53
78
148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
151
Tabela 21 Descritiva Estratégia Suporte Social vs Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA SUPORTE SOCIAL (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
Despersonalização
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 4 - Suporte Social
X Despersonalização
Não Utiliza
4
7
10
21
19,0%
33,3%
47,6%
100,0%
Utiliza algumas vezes
8
22
30
60
13,3%
36,7%
50,0%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
3
20
34
57
5,3%
35,1%
59,6%
100,0%
Utiliza quase sempre
2
4
4
10
20,0%
40,0%
40,0%
100,0%
Total
17
53
78
148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
152
Tabela 22 Descritiva Estratégia Aceitação de Responsabilidades vs Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO
Despersonalização
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade
Não Utiliza
6
4
5
15
40,0%
26,7%
33,3%
100,0%
Utiliza algumas vezes
8
21
22
51
15,7%
41,2%
43,1%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
1
23
40
64
1,6%
35,9%
62,5%
100,0%
Utiliza quase sempre
2
5
11
18
11,1%
27,8%
61,1%
100,0%
Total 17
53
78
148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
153
Tabela 23 Descritiva Estratégia Fuga e Esquiva vs Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA FUGA E ESQUIVA (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
Despersonalização
Total
Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 6 - Fuga e esquiva
X Despersonalização
Não Utiliza 10 23 24 57
17,5% 40,4% 42,1% 100,0%
Utiliza algumas vezes 6 20 27 53
11,3% 37,7% 50,9% 100,0%
Utiliza grande parte das vezes
0 7 16 23
,0% 30,4% 69,6% 100,0%
Utiliza quase sempre 1 3 11 15
6,7% 20,0% 73,3% 100,0%
Total 17 53 78 148
11,5% 35,8% 52,7% 100,0%
154
Tabela 24 Estratégia Resolução de Problemas vs Despersonalização - MBI
ESTRATÉGIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO - MBI
Despersonalização
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 7 - Resolução de Problemas x
Despersonalização
Não Utiliza
5
8
5
18
27,8%
44,4%
27,8%
100,0%
Utiliza algumas vezes
8
10
32
50
16,0%
20,0%
64,0%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
1
22
27
50
2,0%
44,0%
54,0%
100,0%
Utiliza quase sempre
3
13
14
30
10,0%
43,3%
46,7%
100,0%
Total
17
53
78
148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
155
Tabela 25 Estratégia Reavaliação Positiva vs Despersonalização
VARIÁVEL FATOR 8 – REAVALIAÇÃO POSITIVA (COPING) X DESPERSONALIZAÇÃO
Despersonalização
Total Nível baixo
Nível Médio
Nível Alto
Fator 8 - Reavaliação Positiva X
Despersonalização
Não Utiliza
4
3
3
10
40,0%
30,0%
30,0%
100,0%
Utiliza algumas vezes
8
20
22
50
16,0%
40,0%
44,0%
100,0%
Utiliza grande parte das
vezes
2
21
36
59
3,4%
35,6%
61,0%
100,0%
Utiliza quase sempre
3
9
17
29
10,3%
31,0%
58,6%
100,0%
Total
17
53
78
148
11,5%
35,8%
52,7%
100,0%
156
De agora em diante, serão apresentadas as tabelas descritivas das
Estratégias de Coping com as subescala de Realização Pessoal do MBI (Maslach
Burnout Inventory) a qual o nível de realização pessoal é alto, em 100% da
população estudada.
Tabela 26 Descritiva da Estratégia de coping Confronto vs Subescala de Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA CONFRONTO (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
Total
Nível Alto
Fator 1 – Confronto x Realização Pessoal
Não Utiliza
N = 38
N = 38
25,7%
25,7%
Utiliza algumas vezes
N = 70
N = 70
47,3%
47,3%
Utiliza grande parte das vezes
N = 29
N = 29
19,6%
19,6%
Utiliza quase sempre
N = 11
N = 11
7,4%
7,4%
Total
N = 148
N = 148
100,0%
100,0%
157
Tabela 27 Descritiva da Estratégia de coping Afastamento vs Subescala de Realização Pessoal – MBI
ESTRATÉGIA AFASTAMENTO (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
TOTAL
Nível Alto
Fator 2 – Afastamento X Realização Pessoal
Não Utiliza
N = 62
N = 62
41,9%
41,9%
Utiliza algumas vezes
N = 57
N = 57
38,5%
38,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 24
N = 24
16,2%
16,2%
Utiliza quase sempre
N = 5
N = 5
3,4%
3,4%
TOTAL
N = 148
N = 148
100,0%
100,0%
158
Tabela 28 Descritiva da Estratégia de coping Auto Controle vs Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA AUTO CONTROLE (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
Total
Nível Alto
Fator 3 - Auto controle x Realização Pessoal
Não Utiliza
N = 20
N = 20
13,5%
13,5%
Utiliza algumas vezes
N = 60
N = 60
40,5%
40,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 52
N = 52
35,1%
35,1%
Utiliza quase sempre
N = 16
N = 16
10,8%
10,8%
Total
N = 148
N = 148
100,0%
100,0%
159
Tabela 29 Descritiva da Estratégia de coping Suporte Social x Subescala de Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA SUPORTE SOCIAL (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
Total
Nível Alto
Fator 4 - Suporte Social
Não Utiliza
N = 21
N = 21
14,2%
14,2%
Utiliza algumas vezes
N = 60
N = 60
40,5%
40,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 57
N = 57
38,5%
38,5%
Utiliza quase sempre
N = 10
N = 10
6,8%
6,8%
TOTAL
N = 148
N = 148
100,0%
100,0%
160
Tabela 30 Descritiva da Estratégia de coping Aceitação de Responsabilidade vs Subescala de Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL
Realização Pessoal
TOTALl
Nível Alto
Score Fator 5 - Aceitação de Responsabilidade
Não Utiliza
N = 15
N = 15
10,1%
10,1%
Utiliza algumas vezes
N = 51
N = 51
34,5%
34,5%
Utiliza grande parte das vezes
N = 64
N = 64
43,2%
43,2%
Utiliza quase sempre
N = 18
N = 18
12,2%
12,2%
TOTAL
N = 148
N = 148
100,0%
100,0%
161
Tabela 31 Estratégia Fuga e Esquiva vs subescala de Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA FUGA E ESQUIVA (COPING) X SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
TOTAL
Nível Alto
Fator 6 - Fuga e esquiva
Não Utiliza
57
57
38,5%
38,5%
Utiliza algumas vezes
53
53
35,8%
35,8%
Utiliza grande parte das vezes
23
23
15,5%
15,5%
Utiliza quase sempre
15
15
10,1%
10,1%
Total
148
148
100,0%
100,0%
162
Tabela 32 Descritiva Estratégia Resolução de Problemas vs Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS (COPING) X REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
Total
Nível Alto
Fator 7 - Resolução de Problemas
Não Utiliza
18
18
12,2%
12,2%
Utiliza algumas vezes
50
50
33,8%
33,8%
Utiliza grande parte das vezes
50
50
33,8%
33,8%
Utiliza quase sempre
30
30
20,3%
20,3%
Total
148
148
100,0%
100,0%
163
Tabela 33 Descritiva Estratégia Reavaliação Positiva vs subescala de Realização Pessoal - MBI
ESTRATÉGIA DE COPING REAVALIAÇÃO POSITIVA X SUBESCALA DE REALIZAÇÃO PESSOAL - MBI
Realização Pessoal
TOTAL
Nível Alto
Estratégia Reavaliação Positiva X Subescala Realização Pessoal
Não Utiliza
N = 10
N = 10
6,8%
6,8%
Utiliza algumas vezes
N = 50
N = 50
33,8%
33,8%
Utiliza grande parte das vezes
N = 59
N = 59
39,9%
39,9%
Utiliza quase sempre
N = 29
N = 29
19,6%
19,6%
TOTAL
N = 148
N = 148
100,0%
100,0%
164
Tabela 34 Descritiva nível de Estresse vs estratégias de coping
Escore de estresse 1 -
Confronto 2 -
Afastamento 3 -
Autocontrole
4 - Suporte Social
5 - Aceitação de Responsabilidade
6 - Fuga, Esquiva
7 - Resolução
de Problemas
8 - Reavaliação
Positiva
Sem Estresse
N Válidos 42 42 42 42 42 42 42 42
Missing 0 0 0 0 0 0 0 0
18 24 15 18 21 6 12 27
Média 6,48 6,17 6,88 8,48 10,14 1,76 6,88 13,76
36,0% 25,7% 45,9% 47,1% 48,3% 29,4% 57,3% 51,0%
Mediana 5,50 5,00 7,00 9,00 9,50 1,50 7,00 12,00
Desvio Padrão 4,21 3,98 2,90 4,06 4,81 1,71 3,21 6,64
Variância 18 16 8 16 23 3 10 44
IIQ 17 20 13 17 19 6 11 25
Mínimo 1 1 2 1 2 1 2
Máximo 18 21 15 18 21 6 12 27
Percentis 25 3 4 5 5 7 1 4 9
50 6 5 7 9 10 2 7 12
75 8 7 8 11 14 2 9 18
Risco de Estresse
N Válidos 44 44 44 44 44 44 44 44
Missing 0 0 0 0 0 0 0 0
18 24 15 18 21 6 12 27
Média 6,5682 6,8409 6,4091 8,5000 10,8864 2,0682 6,6591 14,1591
36,5% 28,5% 42,7% 47,2% 51,8% 34,5% 55,5% 52,4%
Mediana 7,0000 6,0000 6,0000 8,0000 11,0000 2,0000 6,5000 14,0000
Desvio Padrão 3,90228 3,92928 3,28717 4,10615 4,57605 1,63391 2,79487 5,16672
Variância 15,228 15,439 10,805 16,860 20,940 2,670 7,811 26,695
IIQ 16,00 17,00 13,00 18,00 19,00 6,00 10,00 20,00
Mínimo ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 1,00 4,00
Máximo 16,00 17,00 13,00 18,00 19,00 6,00 11,00 24,00
Percentis 25 3,2500 5,0000 4,0000 6,0000 7,2500 1,0000 4,2500 10,0000
50 7,0000 6,0000 6,0000 8,0000 11,0000 2,0000 6,5000 14,0000
75 9,7500 9,7500 9,0000 12,0000 15,0000 3,0000 9,0000 18,0000
Estresse
N Válidos 62 62 62 62 62 62 62 62
Missing 0 0 0 0 0 0 0 0
18 24 15 18 21 6 12 27
Média 8,5484 7,6129 8,3871 9,7419 12,1774 2,8871 7,1935 16,8710
47,5% 31,7% 55,9% 54,1% 58,0% 48,1% 59,9% 62,5%
Mediana 8,0000 7,0000 8,0000 10,0000 12,0000 3,0000 7,0000 17,0000
Desvio Padrão 4,08386 4,65658 3,22060 3,82801 4,57908 2,00904 2,47505 4,99995
Variância 16,678 21,684 10,372 14,654 20,968 4,036 6,126 24,999
IIQ 16,00 21,00 15,00 16,00 21,00 6,00 11,00 23,00
Mínimo 2,00 ,00 ,00 2,00 ,00 ,00 1,00 4,00
Máximo 18,00 21,00 15,00 18,00 21,00 6,00 12,00 27,00
Percentis 25 5,0000 4,0000 7,0000 6,7500 8,0000 1,0000 6,0000 14,0000
50 8,0000 7,0000 8,0000 10,0000 12,0000 3,0000 7,0000 17,0000
75 12,0000 10,2500 11,0000 13,0000 15,2500 4,2500 9,0000 21,0000
165
Tabela 35 Descritivas da Escala de Estresse no Trabalho e fatores relacionados a EET
Escore de estresse
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Sem Estresse 42 28,4 28,4 28,4
Risco de Estresse 44 29,7 29,7 58,1
Estresse 62 41,9 41,9 100,0
Total 148 100,0 100,0
Fator 1 - Autonomia/controle
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Sem Estresse 42 28,4 28,4 28,4
Risco de Estresse 29 19,6 19,6 48,0
Estresse 77 52,0 52,0 100,0
Total 148 100,0 100,0
Fator 2 - Papeis e Ambiente de Trabalho
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Sem Estresse 51 34,5 34,5 34,5
Risco de Estresse 50 33,8 33,8 68,2
Estresse 47 31,8 31,8 100,0
Total 148 100,0 100,0
Fator 3 - Relacionamento com o chefe
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Sem Estresse 40 27,0 27,0 27,0
Risco de Estresse 43 29,1 29,1 56,1
Estresse 65 43,9 43,9 100,0
Total 148 100,0 100,0
Fator 4 - Relacionamento Interpessoal
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Sem Estresse 54 36,5 36,5 36,5
Risco de Estresse 52 35,1 35,1 71,6
Estresse 42 28,4 28,4 100,0
Total 148 100,0 100,0
166
Fator 5 - Crescimento e Valorização
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Sem Estresse 37 25,0 25,0 25,0
Risco de Estresse 47 31,8 31,8 56,8
Estresse 64 43,2 43,2 100,0
Total 148 100,0 100,0
Tabela 36 Descritiva subescalas do MBI – Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal
Exaustão Emocional
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Nível baixo 76 51,4 51,4 51,4
Nível Médio 46 31,1 31,1 82,4
Nível Alto 26 17,6 17,6 100,0
Total 148 100,0 100,0
Despersonalização
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Nível baixo 17 11,5 11,5 11,5
Nível Médio 53 35,8 35,8 47,3
Nível Alto 78 52,7 52,7 100,0
Total 148 100,0 100,0
Realização Pessoal
Frequency Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid Nível Alto 148 100,0 100,0 100,0
167
Tabela 36 Descritivas subescalas Exaustão Emocional, Despersonalização e Realização Pessoal – MBI vs Escala de Estresse no Trabalho
Exaustão Emocional - MBI
Escore de estresse Frequency Percent Valid
Percent Cumulative
Percent
Sem Estresse
Valid Nível baixo 32 76,2 76,2 76,2
Nível Médio 9 21,4 21,4 97,6
Nível Alto 1 2,4 2,4 100,0
Total 42 100,0 100,0
Risco de Estresse
Valid Nível baixo 27 61,4 61,4 61,4
Nível Médio 15 34,1 34,1 95,5
Nível Alto 2 4,5 4,5 100,0
Total 44 100,0 100,0
Estresse Valid Nível baixo 17 27,4 27,4 27,4
Nível Médio 22 35,5 35,5 62,9
Nível Alto 23 37,1 37,1 100,0
Total 62 100,0 100,0
Despersonalização -MBI
Escore de estresse Frequency Percent Valid
Percent Cumulative
Percent
Sem Estresse
Valid Nível baixo 8 19,0 19,0 19,0
Nível Médio 26 61,9 61,9 81,0
Nível Alto 8 19,0 19,0 100,0
Total 42 100,0 100,0
Risco de Estresse
Valid Nível baixo 6 13,6 13,6 13,6
Nível Médio 16 36,4 36,4 50,0
Nível Alto 22 50,0 50,0 100,0
Total 44 100,0 100,0
Estresse Valid Nível baixo 3 4,8 4,8 4,8
Nível Médio 11 17,7 17,7 22,6
Nível Alto 48 77,4 77,4 100,0
Total 62 100,0 100,0
Realização Pessoal - MBI
Escore de estresse Frequency Percent Valid
Percent Cumulative
Percent
Sem Estresse
Valid Nível Alto
42
100,0
100,0
100,0
Risco de Estresse
Valid Nível Alto
44
100,0
100,0
100,0
Estresse Valid Nível Alto
62
100,0
100,0
100,0