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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS NA GESTÃO DE RISCO PELAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO PARANÁ - BRASIL. Linha de Pesquisa: Controladoria Econômica de Gestão e Finanças Corporativas Orientador: Prof. Dr. José Roberto Securato CLAUDEMIR JOSÉ DE SOUZA SÃO PAULO 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS NA GESTÃO DE RISCO PELAS

COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO PARANÁ - BR ASIL.

Linha de Pesquisa: Controladoria Econômica de Gestão e Finanças Corporativas

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Securato

CLAUDEMIR JOSÉ DE SOUZA

SÃO PAULO 2013

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CLAUDEMIR JOSÉ DE SOUZA

UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS NA GESTÃO DE RISCO PELAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO

PARANÁ – BRASIL PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARI AIS

SÃO PAULO 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP

2013

CLAUDEMIR JOSÉ DE SOUZA

UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS NA GESTÃO DE RISCO PELAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO

PARANÁ – BRASIL

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, sob orientação do Prof. Dr. José Roberto Securato.

SÃO PAULO 2013

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BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

A minha esposa Jaqueline Raimundo e ao meu filho Andy Henrique Pemper Baldin de Souza, pelo incentivo, compreensão e doação do tempo que necessitei para

realizar este sonho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo Dom gratuito da vida e pela sua misericórdia que se renova a cada dia.

A meus pais que durante todo este período deram-me estímulos e forças para estar sempre buscando novos horizontes, sua compreensão e dedicação foi muito

importante, a vitória pode ser minha, mas a conquista é nossa.

A meu filho, que sem dúvida nenhuma é minha maior fonte de inspiração, na busca incansável de novos conhecimentos, perdão pela ausência de dois anos, você irá

compreender.

A meus pais e sogros que sempre apoiaram em tudo o que fiz, agradeço por tudo o que fizeram consciente e inconscientemente a meu favor, tenho certeza que esta

realização não é só minha, mas também de todos vocês.

A todos os professores, pelas lições de saber que tão sabiamente partilharam, e em especial ao meu orientador, professor Dr. José Roberto Securato, que não mediu esforços, partilhando sua experiência que me ajudou muito no caminho trilhado.

Enfim, meus agradecimentos a todos que diretamente e indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, permitindo o enriquecimento de minha

aprendizagem.

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RESUMO Nas últimas décadas estudos sobre a gestão de risco através de instrumentos como derivativos tornaram-se frequentes e muitas questões relacionadas a estes instrumentos persistem. A compreensão das diferentes classes de riscos nas quais as cooperativas agropecuárias estão expostas fará com que os gestores financeiros utilizem os derivativos e demais metodologias adequadas para uma gestão eficaz de forma a ir ao encontro da tese defendida pela Teoria de Finanças de que o uso de derivativos deve ter preferencialmente o propósito de proteger a organização de riscos e não ser apenas mais uma forma de obter resultados com propósitos especulativos. Esta pesquisa teve como objetivo de investigar o gerenciamento de risco em uma amostra de 47 cooperativas agropecuárias do estado do Paraná. Quanto à metodologia utilizaram-se a pesquisa descritiva explicativa com a aplicação de um questionário aos gestores financeiros da amostra. As evidências mostraram que as classes de risco mais gerenciadas com derivativos pelos gestores financeiros das cooperativas são as exposições cambiais, seguidas pela de commodities, de taxa de juros e de patrimônio não seguindo a mesma ordem das demais pesquisas realizadas no Brasil e no exterior assim como evidenciou que a maior preocupação dos gestores financeiros está ligada aos aspectos institucionais e legais do que dos econômico-financeiros. O conhecimento e o gerenciamento dos riscos inerentes à atividade nas cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná vêm a contribuir de forma afirmativa mostrando a necessidade constante de aprimoramento na gestão destas organizações em benefício dos cooperados, e consequentemente, para o bem de toda a sociedade.

Palavras-chave: Cooperativismo agropecuário, gerenciamento de risco, derivativos.

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ABSTRACT

In recent decades, studies on the management of risk through instruments such as derivatives have become frequent and many issues related to these instruments remain. Understanding the different classes of risk in which the agricultural cooperatives are exposed will cause financial managers use derivatives and other suitable methodologies for effective management in order to meet the thesis defended by the theory of Finance that the use of derivatives should have preferably the purpose of protecting the organization from risks and not be just another way to obtain results with speculative purposes. This study aimed to investigate the risk management in a sample of 47 agricultural cooperatives in the State of Paraná. Regarding the methodology used descriptive explanatory research with the application of a questionnaire sample financial managers. The evidence showed that the managed risk classes with more derivatives managed by financial managers of cooperatives are foreign exchange exposures, followed by commodities, interest rate and equity not following the same order of other surveys conducted in Brazil and abroad as well as showed that the biggest concern of financial managers is linked to institutional and legal aspects than financial. The knowledge and the management of the risks inherent to the activity in agricultural cooperatives in the State of Paraná have been contributing in the affirmative showing the constant need for improvement in the management of these organisations for the benefit of cooperative members, and consequently, for the good of society as a whole.

Keywords: Agricultural Cooperatives, risk management, derivatives.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de cooperativas por ramo nos anos de 2010/2011................................ 27

Tabela 2 - Número de cooperados por ramo nos anos de 2010/2011.................................. 28

Tabela 3 - Número de empregados por ramo nos anos de 2010/2011................................. 29

Tabela 4 - Número de cooperativas por regiões e Estados nos anos de 2010/2011............. 30

Tabela 5: Número de cooperados por regiões e Estados nos anos de 2010/2011................ 31

Tabela 6 - Número de empregados por regiões e Estados nos anos de 2010/2011.............. 33

Tabela 7 - BRASIL e PARANÁ - Produtos de origem animal: participação percentual e “ranking” nacional...............................................................................................

36

Tabela 8 - Comparativo da taxa de resposta dos levantamentos sobre uso de derivativos em empresas não financeiras em diversos países................................................

78

Tabela 9 - Percentual de respondentes usuários de derivativos em diversos países............ 79

Tabela 10 - Variação na intensidade de uso de derivativos: 2012/2011 e 2011/2010......... 81

Tabela 11 - Cooperativas agropecuárias usuárias de derivativos, por classe de risco e produtos/mercados utilizados............................................................................

81

Tabela 12 - Grau de preocupação dos gestores financeiros quanto à utilização de derivativos.........................................................................................................

82

Tabela 13 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias operam nos mercados de derivativos de câmbio........................................................................................

86

Tabela 14 - Percentagem que é hedgeada pelas cooperativas agropecuárias opera nos mercados de derivativos de câmbio..................................................................

87

Tabela 15 - Horizonte de hedge de acordo com a exposição...............................................

88

Tabela 16 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam previsões (própria ou de terceiros) sobre o mercado de câmbio.......................................

88

Tabela 17 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias operam nos mercados de derivativos de taxas de juros.............................................................................

89

Tabela 18 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam previsões (própria ou de terceiros) sobre o mercado de taxas de juros.............................

89

Tabela 19 - Tipos de opções utilizadas pelas cooperativas agropecuárias no ano de 2012. 90

Tabela 20 - Tipos de swap utilizados pelas cooperativas agropecuárias no ano de 2012.... 90

Tabela 21 – Frequência com que as cooperativas agropecuárias avaliam seu portfólio de derivativos.........................................................................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tipos de fatores fundamentalistas que afetam os preços........................... 56

Quadro 2 - Mercado futuro e a termo.................................................................................. 67

Quadro 3 - Estudos Internacionais sobre o comportamento do agricultor na adoção de derivativos.................................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Participação na produção de cereais, leguminosas e oleaginosas segundo as

grandes...............................................................................................................

35

Figura 2 - Modelo Teórico de empresa cooperativa............................................................. 39

Figura 3 - Abordagem conceitual da separação entre propriedade e decisão de gestão nas organizações....................................................................................................... 40

Figura 4 - Separação entre Propriedade e Gestão da Organização e Decisões de Controle e Gestão em Cooperativas Agropecuárias............................................................

41

Figura 5 - Problemas oriundos dos direitos de propriedade difusos e as consequências na organização cooperativa....................................................................................... 48

Figura 6 - Divisões e subdivisões do risco financeiro.......................................................... 53

Figura 7 - Fatores que influenciam o preço.......................................................................... 76

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam derivativos financeiros.......................................................................................................

80

Gráfico 2 - Utilização do VaR pelas cooperativas agropecuárias........................................ 83 Gráfico 3 - Faixa correspondente à percentagem das receitas em moeda estrangeira em

2012.................................................................................................................

81 Gráfico 4 - Faixa correspondente à percentagem dos custos em moeda estrangeira em

2012...................................................................................................................

85 Gráfico 5 - Moeda na qual a cooperativa utiliza derivativos de câmbio.............................. 85

Gráfico 6 – Benchmark utilizado para avaliar o gerenciamento do risco de câmbio........... 86

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 TEMA............................................................................................................................ 14

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA......................................................................................... 14

1.3 SITUAÇÃO PROBLEMA............................................................................................. 15

1.4 OBJETIVOS.................................................................................................................. 16

1.4.1 Objetivo Geral................................................................................................... 16

1.4.2 Objetivo Específico........................................................................................... 16

1.5 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA............................................ 16

1.6 METODOLOGIA.......................................................................................................... 18

1.7 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS................................................................................. 21

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ORIGEM DO COOPERATIVISMO............................................................................. 23

2.2 COOPERATIVISMO NO BRASIL.............................................................................. 25

2.3 COOPERATIVISMO NO PARANÁ............................................................................ 34

2.4 COMO SÃO CONSTITUÍDAS AS COOPERATIVAS............................................... 37

2.5 TEORIA DA AGÊNCIA NAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS..................... 43

CAPÍTULO 3 – TIPOS DE RISCOS NAS QUAIS AS COOPERATIVAS ESTÃO

EXPOSTAS

3.1 TIPOS DE RISCO.......................................................................................................... 49

3.2 RISCOS NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS..................................................... 54

3.3 A UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS PARA GESTÃO DE RISCO...........................................................................................................................

59

3.3.1 Diversificação..................................................................................................... 62

3.3.2 Integração Vertical............................................................................................... 62

3.3.3 Controle de Profução............................................................................................ 62

3.3.4 Contratos de Comercialização.............................................................................. 62

3.3.5 Manutenção de Reservas Financeiras e Alavancagem......................................... 63

3.3.6 Derivativos Financeiros........................................................................................ 63

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3.3.6.1 Contratos Futuros..................................................................................... 64

3.3.6.2 Contrato a Termo..................................................................................... 66

3.3.6.3 Opções...................................................................................................... 67

3.3.6.4 Swaps....................................................................................................... 68

3.4 ESTADO DA ARTE NA ADMINISTRAÇÃO DE RISCO COM A UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS..........................................................................

68

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DA GESTÃO DE RISCOS NAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO PARANÁ

4.1 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................... 78

CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 93

REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 96

APÊNDICE A ..................................................................................................................... 106

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

UTILIZAÇÃO DE DERIVATIVOS FINANCEIROS NA GESTÃO DE RISCO PELAS

COOPERATIVAS AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Na última década estudos relacionados ao uso de instrumentos de gerenciamento de

risco, como derivativos, tornaram-se frequentes, persistindo ainda muitas dúvidas em relação

aos custos e benefícios relativos a essa utilização.

A Teoria das Finanças, afirma que o uso de derivativos pode ser um instrumento

eficaz na gestão dos riscos, a partir desse pressuposto, delineia-se o objetivo desta pesquisa,

que buscará determinar, através da replicação da Wharton survey, quais instrumentos de

gerenciamento de risco foram utilizados pelas cooperativas agropecuárias do Estado do

Paraná nos anos de 2011 e 2012.

As cooperativas agropecuárias são extremamente relevantes para economia do Estado

do Paraná, são responsáveis, conforme dados da OCEPAR (2012), por 55% do PIB

agropecuário do Estado além da significativa contribuição na geração de emprego e renda,

tornando importante o desenvolvimento de estudos no setor motivo, os quais foram

escolhidos para a realização da presente pesquisa.

A presente pesquisa restringe-se teoricamente ao tema gerenciamento de risco através

da utilização de derivativos, tendo como base fundamental a pesquisa pioneira que foi

desenvolvida por Bodnar et al (1995), na qual se estudou o gerenciamento de risco,

especificamente o uso de derivativos em empresas não financeiras do mercado americano,

pesquisa essa que ficou conhecida como Wharton Derivativos Survey.

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1.3 SITUAÇÃO PROBLEMA

A turbulência, a incerteza, a volatilidade e a complexidade do ambiente de negócios

global interconectado e extremamente marcado por mudanças rápidas passam a exigir das

organizações e, consequentemente, dos tomadores de decisões atuação mais crucial e

destacada.

Os gestores das organizações precisam utilizar-se de instrumentos de gestão para

minimizar as incertezas, os riscos e maximizar os retornos, a rentabilidade, pois, o mundo

globalizado promoveu relevantes mudanças na gestão dos negócios, e o conceito de incerteza

está, em sua maior parte, em não se compreender as novas tendências e regras de mercado.

O mercado competitivo atual deixa espaço somente para empresas eficientes, que se

mostram capazes de agregar valor em suas decisões, assim como, perceber e mudar com o

ambiente, uma vez que a vantagem sustentada está diretamente relacionada com a rápida

capacidade de adaptação; empresas que conseguem administrar de forma eficiente as

incertezas deste complexo ambiente, ou seja, o risco é algo que deve ser gerenciado, mitigado

ou transferido através da utilização de instrumentos de hedge como os derivativos.

O maior risco para as organizações está justamente em não perceber e administrar os

riscos inerentes ao negócio, ficando à mercê da sorte; lembrando sempre que dificilmente

haverá futuro no mercado para este tipo de player.

As cooperativas, assim como as demais organizações, estão inseridas em um ambiente

na qual a incerteza está presente e com ela o risco, destacando as commodities agrícolas que

variam tanto em termos de produção como preço, decorre deste fato a necessidade de um

gerenciamento do risco em busca de uma estratégia adequada de hedge que maximize o

tradeoff risco e retorno.

A partir daí, surge o problema de pesquisa, qual seja, os gestores financeiros das

cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná utilizam derivativos na gestão de

risco?

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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Identificar se os gestores financeiros das cooperativas do Estado do Paraná utilizam

derivativos na gestão de risco.

1.4.2 Objetivos Específicos

- Verificar quais são os riscos inerentes à atividade das cooperativas agropecuárias;

- Identificar quais são as classes de risco mais comumente gerenciadas com

derivativos nas cooperativas agropecuárias;

- Identificar qual a maior preocupação dos gestores financeiros das cooperativas

quando utilizam derivativos;

- Comparar os resultados obtidos na pesquisa com as divulgadas para instituições não

financeiras.

1.5 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

A exposição das cooperativas agropecuárias e seus cooperados nos diferentes tipos de

riscos tornaram-se mais evidentes nos últimos anos e recentemente com a pior crise no

campo, nos últimos 40 anos.

A incerteza está presente em todas as atividades econômicas aumentando cada vez

mais o grau de dificuldade enfrentado pelos gestores nas diferentes decisões em termos de

gerenciamento do risco; a busca pela estratégia de gestão adequada passa necessariamente

pela otimização do tradeoff entre risco e retorno no qual está implícita à gestão das empresas

e de igual forma dos produtores agropecuários, consequentemente das cooperativas

agropecuárias na busca constante pela redução, mitigação dos riscos permitindo que os

esforços sejam direcionados ao seu core business.

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O agronegócio paranaense e brasileiro tem uma significativa participação na

economia, basta observar o peso dos produtos agropecuários na pauta de exportação inclusive

destacando o Brasil como um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários

produtos.

Os resultados alcançados pelo Brasil no agronegócio devem-se em grande parte à

força do cooperativismo e especificamente no Estado do Paraná as 81 cooperativas

agropecuárias respondem, conforme dados da OCEPAR (2012), por cerca de 55% do PIB

agropecuário do Estado.

As cooperativas agropecuárias destacam-se inclusive entre as maiores empresas do

setor conforme apontado recentemente pelo Ranking Valor 1000 do Jornal Valor Econômico

que traz 15 cooperativas do Estado do Paraná entre as mil maiores empresas do Brasil.

O agronegócio contribui significativamente na geração de emprego e renda, na balança

comercial através das exportações destacando-se como um setor de vital importância para a

economia brasileira.

Aperfeiçoar a gestão das cooperativas agropecuárias é de suma importância pela

expressiva força que possuem no agronegócio, sendo esta a forma mais eficaz de levar o país

à redução das desigualdades sociais.

O ambiente cada vez mais competitivo exige gestores cada vez mais preparados a

perceberem e utilizarem os diferentes instrumentos disponíveis para o gerenciamento dos

diferentes tipos de riscos; riscos estes, de difícil mitigação por parte dos produtores

agropecuários que acabam buscando através da constituição de cooperativas a forma de

melhor protegerem-se destes diferentes tipos de riscos, pois, estas atuam em escalas tanto na

compra de insumos e produtos como no acesso a diferentes mercados para os diferentes

produtos, assim como a instrumentos inacessíveis aos pequenos produtores.

O conhecimento em relação ao gerenciamento de risco pelos gestores financeiros das

cooperativas agropecuárias do estado do Paraná vem contribuir de forma afirmativa

mostrando a necessidade constante de aprimoramento na gestão em benefício dos cooperados,

consequentemente, para o bem de toda uma sociedade.

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1.6 METODOLOGIA

A presente pesquisa buscará através da aplicação de um questionário uma amostra de

cooperativas agropecuárias responder ao problema de pesquisa:

Os gestores financeiros das cooperativas agropecuárias do Estado do

Paraná utilizam derivativos na gestão de risco?

A busca pela resposta a este problema delineará a presente pesquisa, pois levantará

quais riscos as cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná estão expostas e como estes

são percebidos e gerenciados, pois as cooperativas foram criadas para gerarem melhoria

econômica e social dos cooperados através das vantagens comuns obtidas em suas atividades

econômicas.

Para atingir os objetivos propostos e responder ao problema apresentado será realizada

inicialmente uma ampla pesquisa bibliográfica, conforme Cervo e Bervian (2006, p. 65),

buscando conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado existentes

sobre um determinado assunto, tema ou problema.

Quanto à finalidade a investigação será do tipo básico, pois buscará verificar os riscos

inerentes à atividade empresarial no qual as cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná

estão expostas, os instrumentos de gestão de riscos disponíveis e como os riscos são

percebidos e gerenciados pelos gestores financeiros. Conforme Bravo (1991) a investigação

social básica tem como finalidade o melhor conhecimento e compreensão dos fenômenos

sociais.

Em síntesis se puede decir que La finalidad de La investigación social em conjunto, es el conocimiento de La estructura e infraestructura de lós fenômenos sociales, que permita explicar su funcionamiento (investigación básica) com el propósito de poder llegar a su control, reforma y transformción (investigación aplicada). (BRAVO, 1991, p. 33).

Corroborando neste sentido, Collis e Hussey (2005, p. 27) destaca que a pesquisa

básica é considerada a forma mais acadêmica de pesquisa, visto que o principal objetivo é

fazer uma contribuição para o conhecimento, em geral para o bem comum, em vez de resolver

um problema específico para uma organização.

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Com relação ao alcance temporal a investigação será longitudinal ou diacrônica e

retrospectiva pelo fato de que os dados que serão coletados são dados históricos, ou seja, a

utilização de instrumentos financeiros para gerenciamento de riscos relativos ao ano de 2011 e

2012.

Quanto ao alcance temporal Bravo (1991, p. 34) destaca:

b) Alcance temporal – Conforme a este aspecto, la investigación puede referirse a un momento específico o a un tiempo único t, o puede extender su análisis a uma sucesión de momentos temporales t1, t2 . En el primer caso recibe el nombre de seccional. (...) En el segundo caso, se llama investigación longitudinal. También reciben el nombre de sincrônicas lãs seccionales y de diacrônicas lãs longitudinales. Aquí el corte es transversal, ló que permite estudiar La evolución Del fenômeno em el período dado. Las investifaciones longitudinales se puedem subdividir em retrospectivas, em lãs que la serie de momentos estudiados se refieren al pasado, y prospectivas, cuando se refieren al presente y futuro. (BRAVO, 1991, p. 34).

A pesquisa será do tipo descritivo explicativo; descritivo pelo fato de ter como

objetivo central analisar a utilização de derivativos para gestão dos riscos nas cooperativas

agropecuárias do Estado do Paraná através da replicação da Wharton survey, que verificará

quais instrumentos de gerenciamento de risco vem sendo utilizado; e explicativa onde será

verificado se as classes de risco mais gerenciadas com derivativos nas cooperativas

agropecuárias do Estado do Paraná e se seguem a mesma ordem apresentadas nas demais

pesquisas realizadas no Brasil e no exterior, ou seja: 1) exposição cambial (FX); 2) a taxas de

juros (IR); 3) a preços de commodities (CM); e 4) patrimonial (EQ).

Este tipo de pesquisa, conforme Collis e Hussey (2005, p. 24) descreve o

comportamento dos fenômenos e é utilizada para identificar e obter informações sobre as

características de um determinado problema ou questão; Bravo (1991, p. 34) destaca que este

tipo de pesquisa tem como objetivo central a medição precisa de uma ou mais variáveis

dependentes em uma população definida ou em uma amostra de população.

Quanto à amplitude, a pesquisa será microssociológica, pois estudará não as

cooperativas agropecuárias brasileiras como um todo, mais sim uma amostra não

probabilística de cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná; Lakatos e Marconi (1992,

p. 108) quanto à amostragem destaca que na amostragem não probabilística não faz uso de

uma forma aleatória de seleção, por este fato não pode ser objeto de certos tipos de tratamento

estatístico não sendo possível inferir para todos, os resultados obtidos para a amostra.

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Amostra não probabilística intencional ou de seleção racional: de acordo com uma estratégia adequada, os elementos da amostra são escolhidos. Estes se relacionam intencionalmente com as características estabelecidas. O pesquisador, portanto, se dirige intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber a opinião. (BARROS e LEHFELD, 1986, p. 107).

As fontes utilizadas serão de dados primários, pois serão levantados através de um

questionário aplicado junto a uma amostra de cooperativas agropecuárias do Estado do

Paraná, que será objeto da pesquisa e de dados secundários através do levantamento de

informações sobre as cooperativas agropecuárias, sobre o setor agropecuário e um

levantamento bibliográfico sobre tipos de riscos aos quais estão expostos os produtores

agropecuários e as cooperativas agropecuárias e sobre as ferramentas utilizadas para o

gerenciamento dos riscos.

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições sobre um determinado assunto, tema ou problema. (CERVO e BERVIAN, 2006, p. 65).

Para coleta de dados foi utilizado a ferramenta Lime Survey; trata-se de um software

livre para aplicação de questionários online disponibilizado pelo Núcleo de Apoio e

Capacitação em Tecnologia Educacional da Universidade Paranaense (NACTE). Para facilitar

o encaminhamento e o retorno dos questionários devidamente respondido foi realizado um

contato com a Diretoria da OCEPAR que auxiliou no contato com cada uma das cooperativas

a serem pesquisadas; após o encaminhamento do referido questionário via e-mail para as

cooperativas, foi realizado contato por telefone e algumas visitas foram realizadas durante o

período de abril a julho de 2013.

Quanto ao caráter a pesquisa será quantitativa, centrada de maneira predominante nos

aspectos objetivos e susceptíveis de quantificação.

Os dados pesquisados serão coletados através de questionário encaminhado por e-mail

aos gestores financeiros das cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná. A presente

pesquisa será um estudo de caso tendo como objeto de estudo uma amostra não probabilística

de cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná.

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Será utilizado para o desenvolvimento da pesquisa um questionário, a ser

encaminhado via e-mail aos gestores financeiros das cooperativas agropecuárias do Estado do

Paraná, que usará como base as perguntas da Wharton Derivatives Survey e da pesquisa

realizada por Saito e Schiozer (2005); o referido questionário já foi replicado em diferentes

países em empresas não financeiras.

1.7 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

A presente pesquisa buscou suprir a escassez de estudos que tratam da utilização das

ferramentas de gestão para gerenciamento dos focando os derivativos financeiros para

gerenciamento de risco nas cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná.

A importância da pesquisa proposta também está vinculada à possibilidade de,

oportunamente, ser utilizada em outros setores econômicos, assim como verificar como os

gestores financeiros percebem e administram os riscos inerentes a atividade e se as classes de

risco seguem a mesma ordem apresentadas nas demais pesquisas realizadas no Brasil e no

exterior.

A dissertação foi estruturada sob a forma de capítulos, sendo que neste primeiro

capítulos delineamos a pesquisa e abordamos os objetivos e a metodologia utilizada para

responder a questão problema.

O segundo capítulo, para melhor caracterizar o objeto de estudo, descreveu-se a

origem do cooperativismo e em seguida apresentamos o cooperativismo no Brasil e no

Paraná, bem como sua importância no contexto econômico do Estado do Paraná assim como

no Brasil dando destaque às cooperativas agropecuárias. Para o presente capítulo foi utilizado

dados da Organização das Cooperativas Brasileiras, da Secretaria da Agricultura e do

Abastecimento do Estado do Paraná e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

informações referentes ao ano de 2012 que caracterizam efetivamente o objeto de estudo além

de evidenciar sua importância no cenário paranaense e brasileiro; na sequência o presente

capítulo apresenta, utilizando-se como base a legislação pertinente, como são constituídas as

sociedades cooperativas e as diferenças destas e as sociedades comerciais; ainda neste

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capítulo é apresentada de forma singela a Teoria da Agência gestão nas cooperativas

agropecuárias.

No terceiro capítulo, será apresentada a fundamentação teórica da dissertação,

oferecendo o referencial teórico indispensável para o alcance dos objetivos propostos. Para

isso, este capítulo foi subdividido em quatro partes: a primeira parte conceitua os tipos de

riscos; a segunda parte apresenta os riscos nas atividades agropecuárias vindo na sequência a

terceira parte que versa sobre a utilização de derivativos financeiros para a gestão de risco,

para no final apresentar o estado da arte na gestão de risco com a utilização de derivativos

financeiros abordando pesquisas realizadas no Brasil e no mundo.

No quarto capítulo é apresentado a análise e interpretação dos dados os quais foram

úteis para responder ao problema da pesquisa.

Finalmente, após todas as análises, chegou-se ao quinto e último capítulo onde se

descreve as considerações finais da pesquisa.

Desta forma, a presente dissertação procurou descrever com profundidade como o

risco é gerenciado pelos gestores financeiros das cooperativas agropecuárias do Estado do

Paraná e se seguem a mesma ordem apresentadas nas demais pesquisas realizadas no Brasil e

no exterior, assim como efetuou um profundo levantamento bibliográfico sobre o tema

investigado.

Enfim, acredita-se que esta dissertação certamente dará uma contribuição para as

cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná, bem como para a academia, uma vez que

apresentará contribuições que poderão ser utilizados para pesquisas futuras.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo para melhor caracterizar o objeto de estudo, descreve a origem do

cooperativismo e em seguida apresenta o cooperativismo no Brasil. Para o presente capítulo

foi utilizado dados da Organização das Cooperativas Brasileiras, da Secretaria da Agricultura

e do Abastecimento do Estado do Paraná e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

informações referentes ao ano de 2012 que caracterizam efetivamente o objeto de estudo além

de evidenciar sua importância no cenário paranaense e brasileiro; na sequência apresenta,

utilizando-se como base a legislação pertinente, como são constituídas as sociedades

cooperativas e as diferenças destas e as sociedades comerciais; ainda neste capítulo é

apresentada de forma singela a Teoria da Agência gestão nas cooperativas agropecuárias.

2.1 ORIGEM DO COOPERATIVISMO

Na Inglaterra, no século XIX, iniciou-se a disseminação por William King e Robert

Owens de um movimento no meio operário incentivando a organização de cooperativas;

nascia através deste movimento em 1820, conforme destacado por Menegário (2000, p. 8) a

Liga para a Propaganda da Cooperação; em 1827, William King organiza em Brighton na

Inglaterra a primeira pré-cooperativa de consumo; oito anos depois, em 1835, surgia em Lyon

na França uma sociedade semelhante à criada na Inglaterra.

Em 1843, conforme destacado por Klaes e Salm (1997, p. 7), vinte e oito tecelões das

fábricas de Rochdale em Manchester na Inglaterra fundaram a cooperativa de consumo

transformando-se na referência mundial do cooperativismo; na época, eles buscaram na

associação a realização de ideais de liberdade, igualdade, justiça, solidariedade, equidade e

educação alicerçando com isso, os princípios fundamentais do cooperativismo.

Os princípios ou normas fundamentais, nunca deixaram de ser contempladas desde 1844, como Princípios basilares do Cooperativismo. Dentre eles sempre tem sido mantido o Princípio relativo ao “desenvolvimento e a promoção da educação, a formação e informação”. Dos sete Princípios aprovados pelo Congresso Internacional de Cooperativas de 1937 em Paris, quatro foi considerado como principais, pois abarcavam os aspectos do associativismo e econômico, e três complementares, dentre os quais encontramos o Princípio da Educação. Já no Congresso Cooperativo Internacional de 1966, em Viena, o Princípio da Educação ascendeu à condição de fundamental, o que no Congresso de 1995 em Manchester na Inglaterra foi ratificado. (KLAES e SALM, 1997, p.7).

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Corroborando nesta cronologia Safanelli et al (2011) destaca:

Os Princípios Cooperativos, expostos pela primeira vez de forma sistemática pela Cooperativa dos Probos Pioneiros de Rochdale em 1844, foram a partir da criação em Londres da Aliança Cooperativa Internacional, em 1895, estudados e debatidos pela entidade que agrupava as cooperativas a nível mundial em sucessivos Congressos Internacionais, aprovando reformulações dos mesmos a partir de 1937 (Paris), 1966 (Viena) e 1995 (Inglaterra). SAFANELLI et al (2011).

Diante do exposto destacamos que para a existência de uma cooperativa esta deverá

estar organizada e funcionar segundo os princípios e normas fundamentais que por sua vez,

precisam manter-se vigentes ao longo dos anos; sendo sete os princípios do cooperativismo:

1º - Adesão voluntária e livre - as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.

2º - Gestão democrática - as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática.

3º - Participação econômica dos membros - os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão.

4º - Autonomia e independência - as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem ao capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

5º - Educação, formação e informação - as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

6º - Intercooperação - as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

7º - Interesse pela comunidade - as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros. OCEPAR (2012).

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Os Movimentos Associacionistas, com manifestações no campo trabalhista, político e

socioeconômico, espalharam-se pelo mundo e deram lugar ao aparecimento das modernas

Organizações Cooperativas.

Conforme Boesche (2005) a cooperativa pressupõe duas entidades: a associação de

pessoas e a empresa comum; enquanto associação de pessoas, ela precisa ser participativa,

mutualista, equitativa e democrática; e enquanto empresa comum ela precisa almejar

resultados, focar o mercado, inovar tecnologicamente visando sempre a melhor prestação de

serviços aos cooperados.

Em 1895 foi criada a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) sendo constituída como

uma associação não governamental e independente que possui como objetivo a integração e o

desenvolvimento do cooperativismo; o movimento cooperativista representado pela ACI em

1946 passou a ter uma cadeira no Conselho da Organização das Nações Unidas (ONU) sendo

uma das primeiras organizações não governamentais a integrar o conselho.

A sede da ACI está localizada em Genebra, Suíça organizando-se através de quatro

sedes continentais (América, Europa, Ásia e África) com estrutura própria, conselho de

administração e direção regional contando com mais de 230 organizações presente em mais

de 100 países representando 1 bilhão de pessoas.

A ACI América, com sede em San José, Capital da Costa Rica, representa 74

organizações que congregam cerca de 50 mil cooperativas e mais de 300 milhões de

cooperados.

2.2 COOPERATIVISMO NO BRASIL

O elemento formador do florescente cooperativismo brasileiro teve sua origem em

1847 quando, segundo destacado por Morozini et al (2009), o médico francês João Maurice

Faivre, adepto das ideias reformadoras de François Marie Charles Fourier (socialista francês

considerado um dos pais do cooperativismo), fundou, com um grupo de europeus, no Paraná a

colônia Tereza Cristina organizada em bases cooperativas.

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Segundo Gimenes (2006) o cooperativismo no Brasil só encontrou clima favorável

após a libertação dos escravos (1888) e, concomitantemente, a vinda de imigrantes europeus

que traziam em sua cultura conteúdo doutrinário associativista.

De acordo com Bastiani (1991, apud Gimenes 2006, p. 6):

As primeiras cooperativas brasileiras datam do fim do Séc. XIX, no setor de consumo dos centros urbanos, sendo a Associação Cooperativa dos Empregados da Cia. Telefônica de Limeira, Estado de São Paulo, a primeira delas (1891). As cooperativas para atender aos interesses da zona rural datam do início do presente século, com a organização das primeiras caixas rurais do tipo Raiffeisen a partir de 1902 pelo padre Theodoro Amstadt, no Rio Grande do Sul. BASTIANI (1991, apud GIMENES 2006, p. 6).

A partir de 1906, ainda segundo Morozini et al (2009), nascem e se desenvolvem as

cooperativas no meio rural idealizadas por produtores agropecuários imigrantes alemães,

holandeses, italianos, poloneses e japoneses.

Após a promulgação do Decreto no 22.239/32 e campanhas elaboradas por órgãos de

assistência ao cooperativismo e divulgadas pelo Governo Federal, conforme destacado por

Menegário (2000), ocorre um aumento no número de cooperativas.

Durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo, realizado em Belo Horizonte

em 1969, segundo Gimenes (2006) foi criado o órgão nacional de representação do

movimento cooperativista brasileiro, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Implantado juridicamente em 1971 pela Lei 5.764, o sistema OCB atua também como órgão

técnico – consultivo do governo, congregando todas as Organizações das Cooperativas

Estaduais (OCEs). Em âmbito internacional, a OCB é filiada à Organização das Cooperativas

das Américas (OCA) e à Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

Segundo Pinho (1982) o cooperativismo no Brasil foi marcado pelo predomínio do

pensamento doutrinário Rochdaleano com início no final do século passado com duração

aproximada de 80 anos e a partir do início da década de 70 do século passado, com a tentativa

de combinar a promoção da atividade humana solidária com a racionalidade empresarial,

deixando de ser idealista para firmar economia de mercado como cooperativa empresa.

Conforme dados do relatório da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB

(2012), representante legal do Sistema Cooperativista Brasileiro, conforme a Lei 5.764/71, em

2011 o número de cooperativas registradas no Sistema OCB ficou em 6.586 empregando

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296.000 pessoas, sendo 52% destas, mulheres; quando analisado somente a região Sul elas

são 42% do total empregado; em todo o país as cooperativas congregam mais de 10 milhões

de cooperados.

Para melhor analisarmos as sociedades cooperativas no Brasil utilizamos dados do

relatório da OCB (2012) e com estes reconstruímos as tabelas de forma a facilitar a

interpretação dos dados.

A primeira tabela, Tabela 1, apresenta o número de cooperativas por ramo nos anos de

2010 e 2011 sendo classificados os ramos em ordem decrescente pelo número de cooperativas

e apresentado também variação entre os anos e também a participação percentual de

cooperativas em cada um dos ramos pelo total de sociedades cooperativas no Brasil.

Tabela 1: Número de cooperativas por ramo nos anos de 2010/2011

RAMOS NO DE COOPERATIVAS Variação

de 2010 a 2011

Percentual do total

2011 2011 2010

Agropecuário 1.523 1.548 - 2% 23,12% Transporte 1.088 1.015 7% 16,52% Crédito 1.047 1.064 -2% 15,90% Trabalho 966 1.024 -6% 14,67% Saúde 846 852 -1% 12,85% Educacional 294 302 -3% 4,46% Produção 243 235 3% 3,69% Habitacional 226 242 -7% 3,43% Infraestrutura 128 141 -9% 1,94% Consumo 120 123 -2% 1,82% Mineral 69 63 10% 1,05% Turismo e Lazer 27 31 -13% 0,41% Especial 9 12 25% 0,14% TOTAL 6.586 6.652 -1% 100% Fonte: Adaptado de Panorama do Cooperativismo Brasileiro – OCB (2012)

Conforme podemos observar na Tabela 1 o ramo agropecuário, objeto de estudo da

presente pesquisa, é significativo em número de cooperativas estando em primeiro lugar em

número de cooperativas, ou seja, 1.523, representando 23,12% do total de cooperativas; no

período em estudo apresentou uma redução de 2% no número de cooperativas deste ramo

reduzindo de 1.548 para 1.523 entre 2010 e 2011.

Nessa segunda tabela, Tabela 2, apresentamos o número de cooperados por ramo nos

anos de 2010 e 2011 sendo classificados os ramos em ordem decrescente pelo número de

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cooperados e apresentado também a variação entre os anos do número de cooperados e

também a participação percentual de cooperados em cada um dos ramos pelo total de

cooperados das sociedades cooperativas.

Tabela 2: Número de cooperados por ramo nos anos de 2010/2011

RAMOS NO DE COOPERADOS

Variação de 2010 a 2011

Percentual do total

2011 2011 2010

Crédito 4.673.174 4.019.528 16% 46,69% Consumo 2.710.423 2.297.218 18% 27,08% Agropecuário 969.541 943.054 3% 9,69% Infraestrutura 829.331 778.813 6% 8,29% Saúde 271.004 246.265 10% 2,71% Trabalho 188.644 217.127 -13% 1,88% Transporte 143.458 321.893 -55% 1,43% Habitacional 99.474 101.071 -2% 0,99% Mineral 58.891 20.792 183% 0,59% Educacional 51.534 57.547 -10% 0,51% Produção 11.500 11.454 0,40% 0,11% Turismo e Lazer 1.468 1.368 7% 0,01% Especial 393 397 -1% 0,004% TOTAL 10.008.835 9.016.527 11% 100% Fonte: Adaptado de Panorama do Cooperativismo Brasileiro – OCB (2012)

Quando analisado o número de cooperados por ramo podemos observar que o

agropecuário, conforme Tabela 2, representa 9,69% do número total de cooperados ficando

em terceiro no ranking atrás do ramo de crédito, que está em terceiro no ranking relativo ao

número de cooperativas, ou seja, representa 15,90% do total de cooperativas e o ramo de

consumo que embora esteja em décimo no ranking relativo ao número de cooperativas,

apresenta o maior número de cooperados sendo este, 46,69% do total.

Devemos destacar que o ramo consumo, segundo lugar no ranking relativo ao número

de cooperados, cresceu no período 18% no período de 2010 para 2011; neste ramo há a

cooperativa Coop que contribui para esse resultado possuindo mais de 1.500.000 de

cooperados, representando 55,34% do ramo, sendo a maior deste segmento na América

Latina.

A Tabela 3 apresenta o número de empregados pelas sociedades cooperativas por

ramo nos anos de 2010 e 2011 sendo classificados em ordem decrescente pelo número de

empregados e apresentado também a variação entre os anos deste número, como também a

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participação percentual de empregados em cada um dos ramos em relação ao total empregado

pelas sociedades cooperativas.

Tabela 3: Número de empregados por ramo nos anos de 2010/2011

RAMOS NO DE EMPREGADOS Variação

de 2010 a 2011

Percentual do total

2011 2011 2010

Agropecuário 155.896 146.011 7% 52,62% Saúde 67.156 56.776 18% 22,67% Crédito 33.988 29130 17% 11,47% Consumo 10.968 9.892 11% 3,70% Transporte 9.712 10.787 -10% 3,28% Infraestrutura 6.334 5.775 10% 2,14% Educacional 3.694 3.349 10% 1,25% Produção 3.605 3.669 -2% 1,22% Trabalho 2.738 3.879 -29% 0,92% Habitacional 1.829 1.676 9% 0,62% Turismo e Lazer 193 32 503% 0,07% Mineral 161 144 12% 0,05% Especial 12 14 -14% 0,004% TOTAL 296.286 271.134 9,3% 100% Fonte: Adaptado de Panorama do Cooperativismo Brasileiro – OCB (2012)

Quando tratamos da questão de geração de empregos diretos, o ramo agropecuário

novamente destaca-se, conforme Tabela 3, ficando em primeiro lugar no ranking, como

ocorre em termos de número de cooperativas, representando 52,62% do número de

empregados enquanto que o ramo Saúde situa-se em segundo lugar representando 22,67% e o

de Crédito vindo na sequência com 11,47% do total de número de empregados sendo seguido

pelo ramo de Consumo que sob esta ótica representa 3,70% dos empregados.

A Tabela 4 apresenta o número de cooperativas por região e Estados nos anos de

2010/2011 onde através de dados oriundos da OCB (2012) reorganizamos de forma a montar

a presente tabela; nesta, apresentamos o número de sociedades cooperativas por região do

Brasil sendo classificadas em ordem decrescente as regiões e dentro destas também

apresentamos os Estados em ordem decrescente pelo número de sociedades cooperativas;

apresentamos também, a variação percentual no número de cooperativas de 2010 para 2011

assim com, a participação percentual da região em relação ao número total de sociedades

cooperativas no Brasil e dentro das regiões o percentual representativo de cada Estado em

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relação ao número de sociedades cooperativas da região; a análise sempre destacará o Estado

do Paraná por sediar o cooperativo objeto da presente dissertação.

Tabela 4: Número de cooperativas por regiões e Estados nos anos de 2010/2011

REGIÃO ESTADO NO DE

COOPERATIVAS Variação de 2010 a

2011

Percentual da Região

2011 2011 2010

Sudeste

São Paulo 932 911 2% 39,68% Minas Gerais 785 781 1% 33,42% Rio de Janeiro 482 452 7% 20,52% Espírito Santo 150 141 6% 6,39%

Total 2.349 2.285 3% 35,67%

Nordeste

Bahia 783 659 19% 45,05% Paraíba 252 276 -9% 14,50% Pernambuco 221 212 4% 12,72% Ceará 135 158 -15% 7,77% Maranhão 130 244 -47% 7,48% Rio Grande do Norte 121 108 12% 6,96% Alagoas 105 101 4% 6,04% Sergipe 55 61 -10% 3,16% Piauí 55 54 2% 3,16%

Total 1.738 1.718 1% 26,39%

Sul

Rio Grande do Sul 550 728 -24% 52,38% Santa Catarina 261 262 0% 24,86% Paraná 239 237 1% 22,76%

Total 1.050 1.227 -14% 15,94%

Norte

Pará 252 276 -9% 31,94% Amazonas 157 131 20% 19,90% Rondônia 107 129 -17% 13,56% Amapá 81 61 33% 10,27% Acre 72 51 41% 9,13% Roraima 63 70 -10% 7,98% Tocantins 57 54 6% 7,22%

Total 789 772 2% 11,98%

Centro-Oeste

Goiás 221 221 0% 33,48% Distrito Federal 184 169 9% 27,88% Mato Grosso 155 154 1% 23,48% Mato Grosso do Sul 100 106 -6% 15,15%

Total 660 650 2% 10,02% TOTAL GERAL 6.586 6.652 -1% 100%

Fonte: Adaptado de Panorama do Cooperativismo Brasileiro – OCB (2012)

Quando analisamos o número de cooperativas por regiões e Estados podemos verificar

que o Sudeste se destaca, conforme Tabela 4, tendo apresentado uma variação positiva de

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2010 para 2011 de 3% possuindo 35,67% do total de cooperativas do Brasil, vindo seguida da

região Nordeste que possui 26,39% e em terceiro lugar a região Sul com 1.050 cooperativas

em 2011, apresentando um queda de 14% em relação ao ano de 2010, representando 15,94%

do número de cooperativas do Brasil; nesta região, o Estado do Paraná está em terceiro lugar

no número de cooperativas, ou seja, representa 22,76% das cooperativas da região Sul.

O Estado do Paraná com 239 cooperativas em 2011 é o oitavo do País em número de

cooperativas, estando atrás de São Paulo com 932, Minas Gerais com 785, Bahia com 783,

Rio Grande do Sul com550, Rio de Janeiro com 482, Santa Catarina com 261 e do Pará com

252.

A Tabela 5 apresenta o número de cooperados por região e Estados nos anos de

2010/2011 onde através de dados oriundos da OCB (2012) reorganizamos de forma a montar

a presente tabela; nesta, apresentamos o número de cooperados por região do Brasil sendo

classificadas em ordem decrescente as regiões por este número e de cada região apresentamos

os Estados em ordem decrescente pelo número de cooperados; apresentamos também, a

variação percentual no número de cooperados de 2010 para 2011 assim, com a participação

percentual da região em relação ao número total de cooperados no Brasil e dentro das regiões,

o percentual representativo de cada Estado em relação ao número de cooperados da região a

qual o Estado pertence; a análise novamente destacará o Estado do Paraná por sediar o

cooperativo objeto da presente dissertação.

Tabela 5: Número de cooperados por regiões e Estados nos anos de 2010/2011

REGIÃO ESTADO NO DE COOPERADOS Variação

de 2010 a 2011

Percentual do total

2011 2011 2010

Sudeste

São Paulo 3.335.957 2.765.614 21% 70,95% Minas Gerais 939.631 925.701 2% 19,98% Rio de Janeiro 230.307 229.895 0,18% 4,90% Espírito Santo 196.214 151.347 30% 4,17%

Total 4.702.109 4.072.557 36% 46,98%

Sul

Rio Grande do Sul 1.999.766 1.924.384 4% 50,66% Santa Catarina 1.267.868 1.007.496 26% 32,12% Paraná 679.966 534.232 27% 17,22%

Total 3.947.600 3.466.112 15% 39,44%

Centro-Oeste

Mato Grosso 253.650 221.894 14% 39,38% Distrito Federal 143.128 142.654 0% 22,22% Goiás 141.064 126.407 12% 21,90% Mato Grosso do Sul 106.260 92.906 14% 16,50%

Total 644.102 583.861 10% 6,44%

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Nordeste

Bahia 228.677 422.470 -46% 41,57% Pernambuco 111.165 105.949 5% 20,21% Ceará 60.544 78.019 -22% 11,01% Rio Grande do Norte 54.798 66.636 -18% 9,96% Paraíba 46.761 45.365 3% 8,50% Alagoas 20.104 20.086 0% 3,65% Sergipe 11.212 11.542 -3% 2,04% Maranhão 10.920 12.636 -14% 1,98% Piauí 5.957 6.623 -10% 1,08%

Total 550.138 769.326 -28% 5,50%

Norte

Pará 82.325 45.959 79% 49,93% Rondônia 37.795 38.656 -2% 22,92% Amazonas 16.554 12.203 36% 10,04% Tocantins 11.374 10.568 8% 6,90% Acre 8.837 8.370 6% 5,36% Amapá 5.043 4.617 9% 3,06% Roraima 3.228 4.298 -25% 1,96%

Total 164.886 124.671 32% 1,65% TOTAL GERAL 10.008.835 9.016.527 11% 100%

Fonte: Adaptado de Panorama do Cooperativismo Brasileiro – OCB (2012)

Quando comparado às regiões e seus respectivos Estados em relação ao número de

cooperados novamente o Sudeste se destaca, conforme apresentado na Tabela 5, possuindo

46,98% do número total de cooperados do Brasil no ano de 2011, representando um aumento

de 36% quando comparado com o ano de 2010; podemos observar que assim como o Estado

de São Paulo é o primeiro em número de cooperativas, também em termos de número de

cooperados posiciona-se em primeiro lugar tendo apresentado um aumento de 21% neste

número de 2010 para 2011 representando 70,95% do número de cooperados da região Sudeste

sendo seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

A região Sul, que é a terceira em número de cooperativas, estando atrás da região

Sudeste e da Nordeste posiciona-se em segundo no ranking do número de cooperados no ano

de 2011 representando 39,44% do total do Brasil; O Rio Grande do Sul destaca-se em

primeiro da região Sul onde representa 50,66% do número de cooperados da região sul no ano

de 2011 seguidos de Santa Catarina e o Paraná vem logo na sequência, representando 17,22%

do número de cooperados da região; quando comparado com os demais Estados o Rio Grande

do Sul está em quarto lugar ficando atrás de São Paulo, de Minas Gerais e da Bahia; Santa

Catariana aparece em sexto lugar e o Paraná em oitavo em termos de número de cooperativas.

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A Tabela 6 apresenta o número de empregados nas sociedades cooperativas por região

e Estados nos anos de 2010/2011; nesta, apresentamos o número de empregados por região do

Brasil; sendo classificadas em ordem decrescente as regiões por este número e de cada região

apresentamos os Estados em ordem decrescente pelo número de empregados; apresentamos

também, a variação percentual no número de empregados de 2010 para 2011 assim, com a

participação percentual da região em relação ao número total de empregados nas sociedades

cooperativas do Brasil e dentro das regiões o percentual representativo de cada Estado em

relação ao número de empregados da região a qual o Estado pertence; a análise novamente

destacará o Estado do Paraná, como feito nas outras análises, por sediar o cooperativo objeto

da presente pesquisa.

Tabela 6: Número de empregados por regiões e Estados nos anos de 2010/2011

REGIÃO ESTADO NO DE EMPREGADOS Variação

de 2010 a 2011

Percentual do total

2011 2011 2010

Sul

Paraná 64.999 57.526 13% 42,70% Rio Grande do Sul 48.755 49.072 -1% 32,03% Santa Catarina 38.462 31.886 21% 25,27%

Total 152.216 138.484 10% 51,37%

Sudeste

São Paulo 48.505 39.755 22% 51,41% Minas Gerais 31.364 29.829 5% 33,24% Rio de Janeiro 7.883 7.693 2% 8,36% Espírito Santo 6.591 5.959 11% 6,99%

Total 94.343 83.236 13% 31,84%

Centro-Oeste

Mato Grosso 7.724 6.238 24% 36,02% Goiás 7.349 6.404 15% 34,27% Mato Grosso do Sul 4.491 3.445 30% 20,94% Distrito Federal 1.882 1.828 3% 8,94%

Total 21.446 17.915 20% 7,24%

Nordeste

Ceará 5.457 5.654 -3% 26,55% Bahia 3.853 6.109 -37% 18,74% Pernambuco 3.348 3.172 6% 16,29% Paraíba 2.912 2.631 11% 14,17% Alagoas 2.244 3.358 -33% 10,92% Rio Grande do Norte 1.301 1.746 -25% 6,33% Sergipe 643 617 4% 3,13% Piauí 447 482 -7% 2,17% Maranhão 352 676 -48% 1,71%

Total 20.557 24.445 -16% 6,94%

Norte

Pará 2.325 1.694 37% 30,10% Amazonas 1.692 1.523 11% 21,91% Rondônia 1.530 1.831 -16% 19,81% Tocantins 842 901 -7% 10,90%

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Amapá 572 547 5% 7,41% Acre 394 222 77% 5,10% Roraima 369 336 10% 4,78%

Total 7.724 7.054 9% 2,61% TOTAL GERAL 296.286 271.134 9,3% 100%

Fonte: Adaptado de Panorama do Cooperativismo Brasileiro – OCB (2012)

Quando comparamos o número de empregados, a região Sul aparece em primeira

no ranking com destaque para o Paraná que se coloca em primeiro entre os demais estados

brasileiros; a região sul concentrou em 2011, conforme Tabela 6, 51,37% do total de

empregados em cooperativas do Brasil estando o Estado do Paraná em primeiro lugar na

região com 42,70% dos empregados seguido do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Diante dos dados apresentados ficou evidenciado a importância das cooperativas

agropecuárias na economia brasileira e paranaense o que justifica a presente pesquisa pela

relevância do objeto de estudo.

2.3 COOPERATIVISMO NO PARANÁ

Conforme observamos nas Tabelas anteriormente apresentadas o Estado do Paraná

está em oitavo lugar no ranking em termos de número de cooperativas no Brasil e em terceiro

lugar na região Sul; em quinto lugar no ranking em termos de número de cooperados no

Brasil estando atrás do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na região Sul, colocando-se em

primeiro lugar no ranking quando comparado com os demais estados do Brasil em termos de

número de empregados, tendo apresentado um aumento de 13% neste número do ano de 2010

para o ano de 2011, o que mostra a força do Paraná na geração de empregos neste setor de

cooperativas.

A economia paranaense é a quinta maior do País respondendo em 2011 por 6,1% do

PIB nacional conforme dados do IPARDES (2012).

Conforme Estatística da Produção Agrícola (IBGE, set/2012) a safra nacional 2012 de

cereais, leguminosas e oleaginosas é estimada em 163,7 milhões de toneladas, superior em

2,2% à obtida em 2011 (160,1 milhões de toneladas) em uma área de 49,2 milhões de

hectares; 91,1% da estimativa desta produção ocupando 85% da área a ser colhida estão o

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arroz, o milho e a soja; a Figura 1 apresenta a participação na produção de cereais,

leguminosas e oleaginosas segundo as grandes Regiões e unidade da Federação conforme

dados do IBGE.

Figura 1: Participação na produção de cereais, leguminosas e oleaginosas segundo as grandes Regiões e unidade da Federação (Set/2012)

Fonte: IBGE (set/2012)

Conforme figura 1, podemos verificar que o Estado do Mato Grosso está em primeiro

lugar na produção nacional de grãos com uma participação de 24,7% enquanto que o Estado

do Paraná aparece em segundo lugar com 19% seguido do Estado do Rio Grande do Sul com

12,3%; estes três Estados respondem por 56% da produção nacional de grãos.

Ainda segundo dados do IBGE (set/2012), conforme figura 1, a produção de cereais,

leguminosas e oleaginosas é liderada pela Região Centro-Oeste com 70,7 milhões de

toneladas seguidas pela Região Sul que apresentou uma produção de 56,5 milhões de

toneladas; em terceiro lugar temos a Região Sudeste com uma produção de 19,3 milhões de

toneladas; em quarto lugar esta a Região Nordeste com uma produção de 12,7 milhões de

toneladas e a Região Norte com uma produção de 4,5 milhões de toneladas.

O Estado do Paraná destaca-se também na pecuária, conforme dados do

SEAB/DERAL/IBGE (2012) em termos de abate de animais; na avicultura está em primeiro

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lugar no ranking onde responde por 26,3% seguido de Santa Catarina com 18%, Rio Grande

do Sul com 14,5%, São Paulo com 14,5% e Minas Gerais com 6,9%; já na suinocultura a

Região Sul responde por 65,9% do número de abates, sendo que Santa Catarina lidera o

ranking com 26,4% seguido do Rio Grande do Sul com 18% e o Paraná em terceiro lugar com

16,6%. Na bovinocultura o Estado do Paraná está em nono no ranking.

Tabela 7 - BRASIL e PARANÁ - Produtos de origem animal: participação percentual e “ranking” nacional, 2010

Produto Brasil Paraná Part.% (PR/BR) Ranking

Casulos de Bicho da Seda (t) 3.651 3.178 87,0 1o

Lã de Ovinos (t) 11.646 511 4,4 2o

Mel de Abelha (t) 38.017 5.468 14,4 2o Leite (1.000 litros) 30.715.460 3.595.775 11,7 3o Ovos de Galinha (1.000 dz) 3.246.719 335.441 10,3 3o

Ovos de Codornas (1.000 dz) 232.398 9.300 4,0 4o

Fonte: SEAB/DERAL/DCA/PECUÁRIA (28/09/2012)

Conforme Tabela 7 referente ao posicionamento do Paraná comparado com o Brasil

no ranking de produção de produtos de origem animal, no ano de 2010 o Estado destacou-se

em Casulos de Bicho da Seda ficando em primeiro lugar; em lã de ovinos e mel de abelha em

segundo lugar; em leite e ovos de galinha ficou em terceiro lugar e na produção de ovos de

codornas ficou em quarto lugar.

Todos os resultados alcançados pelo Estado do Paraná na agropecuária e na pecuária,

deve-se a força das cooperativas presentes no estado, atualmente são 81 cooperativas

agropecuárias conforme OCEPAR; corroborando neste sentido a edição 2012 do ranking

Valor 1000, do Jornal Valor Econômico, traz 15 cooperativas paranaenses entre as mil

maiores empresas do Brasil; sendo elas a Coamo, C.Vale, Cocamar, Lar, Integrada, Copacol,

Castrolanda, Coopavel, Agrária, Frimesa, Batavo, Cocari, Copagril, Coasul e Capal;

praticamente todas avançaram muitas posições em relação à classificação do ano anterior.

As empresas do ranking são classificadas por receita líquida e agrupadas em 25

setores. Ao todo figuram no levantamento cerca de 35 cooperativas de todo o país,

distribuídas entre os segmentos agropecuário, alimentos e transportes. De acordo com a

publicação Valor 1000 (2012) nove cooperativas paranaenses também estão entre as 50

maiores empresas do Sul do País: Coamo, C.Vale, Cocamar, Lar, Integrada, Castrolanda,

Coopavel e Agrária, listadas no setor agropecuário, e a Copacol, em alimentos.

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Na avaliação da Revista Globo Rural (2012) conforme oitava edição do prêmio

“Melhores do Agronegócio 2012” as cooperativas Coopersucar e a C.Vale estão entre as 30

principais empresas do agronegócio brasileiro.

Conforme dados da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), as

cooperativas respondem por cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário do

Estado; no ano de 2011 o faturamento registrado pelas cooperativas no Estado foi de R$ 32

bilhões, sendo este valor o mais alto dos últimos dez anos.

Ciente da importância das sociedades cooperativas foi sancionada pelo governo do

Estado do Paraná em 25 de outubro de 2012 a Lei Estadual nº 17.142/2012 que estabeleceu as

Políticas Estaduais de Apoio ao Cooperativismo destacando-se o artigo 2º, inciso VIII:

[...] VII – estabelecer tratamento tributário adequado ao ato cooperativo, que não pode resultar em tributação mais gravosa aos cooperados, pessoas físicas ou jurídicas, do que aquela decorrente das atividades ou operações realizadas por conta própria sem a interveniência da cooperativa; (PARANÁ, 2012).

A OCEPAR (2012) referindo-se a lei sancionada destaca que:

Este texto é vetor que complementa os comandos constitucionais nacionais dos artigos 174, §2º e 146, III, “c”, pois a lei deve apoiar e estimular o cooperativismo; estabelecendo adequado tratamento tributário ao ato cooperativo. Idem se analisarmos o comando do artigo 148 da Constituição do Estado do Paraná. Portanto, grande marco regulador infraconstitucional. Destaca-se também o fomento da autogestão (inciso VI), a citação da divisão de ramos e o estímulo à criação, manutenção e desenvolvimento das cooperativas (inciso VII) proibindo tratamento tributário mais gravoso aos cooperados, fruto, portanto do tratamento adequado que a constituição determina. Importante é a menção expressa na lei estadual da igualdade das cooperativas frente às outras pessoas jurídicas no processo licitatório. OCEPAR (2012).

A importância do agronegócio e consequentemente das cooperativas agropecuárias

para a economia paranaense e brasileira evidenciam a necessidade de estudos de forma a

auxiliar na gestão das mesmas, disponibilizando informações para melhor compreensão e

gerenciamento dos riscos nas quais essas sociedades cooperativas estão expostas.

2.4 GESTÃO E GOVERNANÇA NAS COOPERATIVAS

A Aliança Cooperativa Internacional (ACI 1995) define Cooperativa como uma

associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente para satisfazer aspirações e

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necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de

propriedade coletiva e democraticamente gerida.

A compreensão, a internalização e o exercício da governança corporativa estão, há cerca de 25 anos, entre os mais importantes desafios da moderna gestão. No mundo corporativo, mais até que os domínios dos conceitos e das melhores práticas de governança colocam-se como questões também fundamentais a assimilação do significado histórico deste novo desafio, das responsabilidades decorrentes e de seus futuros desdobramentos. (ANDRADE e ROSSETI, 2009, p. 26).

Para entender esta complexa organização o presente tópico deste capítulo apresenta

suscintamente a visão sistêmica de organização e nela inserem-se as cooperativas; na

sequência apresentamos um modelo teórico de cooperativas e diferentes estruturas de

governança encontradas no Brasil, nos Estados Unidos e na União Européia para melhor

entendermos as questões de governança nas sociedades cooperativas.

Neste sentido, Valadares (2005) apresenta na Figura 2 o modelo teórico de empresa

cooperativa onde pode-se observar a sociedade cooperativa influenciando o meio e sendo

influenciada ao mesmo tempo; a sociedade cooperativa sofre influência de seus cooperados de

forma que a mesma presta serviços e informações processando e agregando valor ao

cooperado, aumentando a agregação de valor assim como vende insumos e produtos ao

mesmo tempo que atua na compra de produtos; paralelamente a sociedade cooperativa atua no

processamento de insumos e produtos e venda ao mercado assim como também compra

insumos e produtos deste mercado.

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Figura 2 - Modelo Teórico de empresa cooperativa

MERCADO

COOPERADOS

COOPERATIVAAgregação de valor ao insumo cooperado

Aumento da capacidade de barganha do cooperado

CENÁRIO 1 - Relação Cooperativa/Cooperados

Prestação deServiços

Informação

Saída do InsumoProcessado pelaCooperativa para oMercado

Resposta doMercado ao Insumo

Processado pelaCooperativa

Insumo Associadopara a Cooperativa

ResultadoLíquido da AçãoCooperativapara osCooperados

CENÁRIO 2 - Relação Cooperativa/Mercado

Saída do InsumoProcessado pelaCooperativa para oMercado

Resposta doMercado aoInsumoProcessado pelaCooperativa

CENÁRIO 2 - Relação Cooperativa/Mercado

Fonte: VALADARES (2005)

A sociedade cooperativa influencia e é influenciada pelo ambiente, a concorrência, o

desenvolvimento tecnológico, as influências governamentais, as condições macroeconômicas

(inflação, taxas de juros etc.), o comportamento dos consumidores e fornecedores, bem como

a cultura das pessoas que interagem com a empresa, são exemplos de fatores que influenciam

permanentemente a situação empresarial, em seus aspectos físicos, financeiros,

mercadológicos, patrimoniais etc. Todos esses fatores inseridos em um ambiente turbulento.

Esses fatores podem constituir oportunidades ou ameaças à sobrevivência da empresa

e estão continuamente exigindo respostas, tanto como uma forma de defesa, quanto como um

modo de aproveitar oportunidades e prosperar.

As sociedades cooperativas como sistema sociotécnico aberto estão sujeitas a uma

série de disfunções nos seus subsistemas internos, normalmente chamados de problemas

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empresariais, podendo também ter origens externas, como por exemplo, as mudanças na

legislação, escassez de recursos, entre outros. Esses problemas empresariais dificultam ou

mesmo impedem que a sociedade cooperativa produza os resultados para o qual foi criada.

Entre os problemas internos existe, ainda, a falta de controles gerenciais e a consequente deficiência dos sistemas de informações utilizados no processo de tomada de decisão com vista à análise gerencial da empresa. (OLINQUEVITCH, 1982, p. 28).

É essencial para ambas as sociedades, tanto as cooperativas quanto as comerciais, os

controles gerenciais para auxiliar na tomada de decisões; conforme salientado por Cook (1995

apud Costa, 2010) as cooperativas diferem das demais organizações por duas razões: os

cooperados são simultaneamente proprietários, usuários e consumidores dos seus produtos e

serviços e o direito ao controle não é vinculado ao montante de capital investido pelo

sócio/acionista como ocorre nas sociedades comerciais.

A Lei 5.764/71 estabelece que a sociedade cooperativa seja administrada por uma

Diretoria ou Conselho de Administração, composto exclusivamente de associados eleitos pela

Assembleia Geral, com mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a

renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração.

A separação entre propriedade e controle é estudada por Costa (2010) onde é unificado

os conceitos Berle e Means (1932) e do processo decisório estabelecido por Fama e Jensen

(1983) onde o autor sintetiza ambos os conceitos e condições na Figura 3.

Figura 3: Abordagem conceitual da separação entre propriedade e decisão de gestão nas organizações.

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Fonte: COSTA (2010)

Conforme Figura 3 há uma separação entre direito de controle residual e de controle

formal de forma que os cooperados mantenham o direito de controle residual e elegem o

conselho de supervisão, o conselho administrativo e a diretoria contratam os diretores e o

executivo principal, ou seja, o conselho administrativo detém e executa o controle formal

sobre as decisões de controle formal e delega as decisões de gestão ao executivo responsável

pelo gerenciamento da organização. Ainda segundo Costa (2010, p. 13) este tipo de separação

permite as especializações que promovem a maior probabilidade de sobrevivência das

organizações.

Costa (2010, pág. 28) representa através da Figura 4 possíveis variações dos modelos

de governança em cooperativas agropecuárias brasileiras (modelo 1, 2 e 3) e o modelo

predominante nas cooperativas americanas (modelo 4) e européias (modelo 5) delineados a

partir de Ginder e Deiter (1989), Pellervo (2000), Hendrikse (2005) e Bijman e Van Dijk

(2009).

Figura 4: Separação entre Propriedade e Gestão da Organização e Decisões de Controle e Gestão em Cooperativas Agropecuárias.

Notas: E = Elege; N = Nomeia; C = Contrata Fonte: Costa (2010, p. 28)

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A Figura 4 apresenta diferente estrutura de governança presente no Brasil, nos Estados

Unidos da América e na União Européia e nelas podemos observar:

- Encontramos no Brasil três diferentes estruturas de governança sendo que na primeira

(estrutura 1) os cooperados que formam a assembleia geral, possuem o direito de controle

residual, elegem o conselho fiscal e o conselho de administração, possuem o direito de

controle formal, que contratam os gerentes; na segunda (estrutura 2), os cooperados elegem o

conselho fiscal e a diretoria executiva (presidente e diretores executivos) que contratam

gerentes; e na terceira (estrutura 3) os cooperados elegem o conselho de administração

(presidente, diretores executivos e diretores vogais) que contratam gerentes;

- Nos Estados Unidos as sociedades cooperativas possuem apenas uma estrutura de

governança; a assembleia geral elege o conselho de diretores que elegem o presidente do

conselho e também contratam o CEO que contrata os gerentes;

- A União Européia possui uma estrutura de governança similar a dos Estados Unidos; nela a

assembleia geral elege o conselho de supervisão que nomeia o conselho executivo e o

presidente que contrata o CEO e este contrata os gerentes.

Conforme destaca Costa (2010, p. 26) a classificação das cooperativas em uma ou

outra estrutura de governança, apresentado na Figura 3, somente pode ser feita a partir da

análise da alocação dos direitos de controle formal e dos direitos decisórios descritos no

estatuto social e nas relações de agência no interior da organização.

Independentemente da estrutura de governança adotada fica claro a necessidade de

adoção das boas práticas de Governança Corporativa de forma a preservar os cooperados, ou

seja, os quatro princípios básicos listados pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

(2009), transparência (disclosure), equidade, prestação de contas (accountability) e

responsabilidade corporativa, vai ao encontro complementando os princípios doutrinários do

cooperativismo, conforme destacado por Bialoskorski Neto (2006), ou seja, democracia,

adesão livre, neutralidade política e religiosa, fomento à educação cooperativista e

distribuição das sobras das operações pro rata.

A demanda por mecanismos que intercedam em uma cooperativa e minimizem o risco de estagnação e descontrole das operações, se torna necessária frente à concorrência global e acirrada existente no mercado. A Governança Corporativa e seus princípios podem ser aplicados a este modelo organizacional e, assim como tem

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feito nas empresas de capital aberto, orientar para um caminho próspero e benéfico para seus sócios. (SILVA, 2012, p. 40).

Uma cooperativa agropecuária no Brasil pode ser ao mesmo tempo caracterizada

como cooperativa de compra, de venda, de produção e de crédito conforme Moreira (2009, p.

57) executando atividades de venda de insumos, compra e venda de produtos aos cooperados,

industrialização de commodities transformando-as em produtos com valor agregado ao

mercado; otimização e redução de custos com modais entre outras.

Neste amplo contexto de atividades são diversos e diferentes os riscos assumidos pelas

cooperativas agropecuárias que precisam ser administrados, mas para que isso ocorra os

gestores precisarão conhecer os riscos nas quais as cooperativas estão expostas, pois se

quiserem sobreviver e prosperar na era da informação, devem utilizar sistemas de gestão

derivados de suas estratégias e capacidades.

2.5 TEORIA DA AGÊNCIA NAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIA S

A teoria da agência e a teoria dos direitos de propriedade são oriundas das teorias

desenvolvidas pela nova economia institucional que surge, conforme Bialoskorski Neto

(2001), a fim de complementar a teoria neoclássica considerando outras variáveis e

condicionantes como o ambiente institucional, no qual as organizações estão inseridas; neste

sentido, Gonçalves (2009, p. 25) destaca que as instituições e outras características como o

padrão tecnológico e a natureza das relações contratuais podem determinar as transações, os

custos de transformação e consequentemente os de produção que já não são mais tão simples

quanto uma função de preços e quantidades.

O estudo do ambiente institucional foca seus esforços, segundo Williamson (1985), na

assimetria de informações, na incerteza e nos contratos imperfeitos.

Nas cooperativas pode ser identificados pelo menos três grupos de agentes, conforme

salientado por Condon (1987), sendo estes, os sócios, o conselho de diretores e a

administração; onde os diferentes agentes podem ter motivações totalmente conflitantes e o

controle das decisões acabam recaindo somente sobre os sócios.

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As cooperativas agropecuárias diferem das sociedades de capital fazendo com que ela

busque, conforme destacado por Bialoskorski Neto (1998), maximizar os serviços aos seus

cooperados e não os resultados das operações, o que pode afastá-la da maximização de

resultados. As especificidades das sociedades cooperativas (direitos de propriedade difusos,

quotas-parte não são negociáveis em mercado, poder de decisão igualitário, etc.) geram

dificuldades na administração; favorecendo o surgimento de conflitos e entre estes

destacamos o de agência tratado na literatura econômica como problema de agência;

corroborando neste sentido, Zylbersztajn (2002) afirma que o duplo papel do cooperado,

proprietário e usuário ao mesmo tempo, é o responsável por grande parte dos problemas de

gestão enfrentados pelas cooperativas, pois gera problemas relacionados a não separação entre

propriedade e controle, causando perda de eficiência gerencial da cooperativa.

Além do duplo papel do cooperado Zylbersztajn (2002) destaca que nas cooperativas

tradicionais existe a falta de percepção de ser dono da cooperativa e ser o reclamante dos

direitos dos resultados da organização; além de utilizarem-se da cooperativa para

maximizarem seus resultados individuais em prol dos resultados coletivos o que acarreta o

problema de agência.

Segundo Jensen e Meckling (1976), uma relação de agência é:

[...] um contrato sob o qual um ou mais indivíduos (o principal) encarrega outro indivíduo (o agente) a realizar algum tipo de serviço por sua conta envolvendo algum tipo de delegação de poder de autoridade decisória ao agente. Se ambas as partes na relação comportam-se como maximizadoras de sua utilidade, então, na medida em que essas utilidades não são coincidentes, existem razões para acreditar-se que o agente nem sempre vai agir no melhor interesse do (s) principal (is). Numa relação entre um principal e seu agente, o primeiro espera que o segundo desenvolva esforços ao nível ótimo para a maximização da utilidade do primeiro, mas esse nível de esforço pode não integrar o interesse do agente. (JENSEN e MECKLING, 1976).

Segundo Fama e Jensen (1983), o conflito de agência, ou seja, o problema da

separação entre propriedade e o controle não é recente, pois tem sido estudado desde Berle e

Means (1932) até Smith (1937) e Jensen e Meckeling (1976).

A teoria da agência trata das relações econômicas bilaterais entre um indivíduo (o

principal) e outro (o agente), na qual, conforme destacado por Siffert Filho (1998, p. 05), três

condições necessárias se fazem presentes:

a) o agente dispõe de vários comportamentos possíveis para serem adotados, ou seja, em uma corporação, por exemplo, os administradores são aqueles que, efetivamente, detêm o controle sobre os ativos da firma, podendo empregá-los de distintas maneiras;

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b) a ação dos agentes/administradora afeta não apenas seu próprio bem-estar (estabilidade, crescimento), mas também do principal/acionistas controladores (valorização das ações, dividendos); c) as ações do agente dificilmente são observáveis pelo principal, havendo assimetria informacional entre as partes. (SIFFERT FILHO, 1998, p. 05).

O problema de agência surge quando o gestor do capital, neste caso o agente, que no

caso das cooperativas agropecuárias normalmente é um dos associados, eleito ou contratado

coloca os interesses pessoais à frente dos interesses da organização acarretando neste caso um

conflito de interesses com os demais detentores de capital (proprietários).

Segundo Jensen (1994) o principal pode limitar o problema de agência através do

estabelecimento de incentivos apropriada aos desvios, em relação à atuação do agente, assim

como, incorrendo em custos de monitoramento para limitar as atividades do agente não

relacionada com o interesse do principal.

Devido às incertezas decorrentes do desnível de informações, a teoria da agência direciona seus esforços em examinar os incentivos usados pelas firmas para induzir e motivar o agente a trabalhar segundo os interesses do principal. Com isso, a teoria econômica dos incentivos busca fornecer condições para a estruturação de contratos ótimos que maximizem, ao mesmo tempo, o valor da firma e a função de utilidade dos agentes em um contexto de conflito de interesses e assimetria de informações. (COSTA, 2009, p. 46)

Conforme Pires (2004 apud Kinpara, 2005, p. 14) as cooperativas estão sob um dilema

constante: como conciliar sua participação no mercado (gerando postos de trabalho, renda,

produção e competitividade) e a sua prática democrática? Nesse contexto Cook (1995) e Cook

e Tong (1997) identificaram cinco problemas típicos das cooperativas, sendo eles os

problemas de horizonte, do carona e do portfólio que levam a problemas de investimento

dentro da cooperativa; assim como problemas de controle e de custo de influência que afetam

as decisões nas cooperativas acarretando problemas de gestão.

- Problema de Horizonte – os cooperados normalmente rejeitam investimentos de longo

prazo em detrimento de projetos de curto prazo devido, pois sua riqueza não varia com o valor

da sociedade cooperativa, não existindo mercado para as quotas de participação; corroborando

neste sentido, Cook (1995) destaca que este problema surge quando o direito às receitas

residuais de um ativo são menores que sua vida produtiva, ou seja, há um descompasso

temporal.

As principais estratégias conforme Pivoto (2013, p. 102) são a distribuição de sobras,

programas de relacionamentos e incentivos com o quadro social (como exemplo a inclusão

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Digital, planos de saúde, assistência funeral, distribuição de calcário) e devolução do capital

social após grande período de participação do cooperado na cooperativa.

- Problema do carona (free-rider) – tema comum na economia das organizações; surge

devido a problemas de monitoramente tornando possível a um cooperado agir

oportunisticamente, ou seja, o cooperado prefere não investir ou participar, mas permanece na

organização cooperativa para obter vantagens; outra causa para o problema está no fato de

que os novos cooperados possuem os mesmos direitos para decidir que os fundadores; assim

como, os mesmos direitos às sobras, paralelo a isso as cooperativas acabam atendendo aos

não cooperados o que pode gerar, conforme Pivoto (2013, p. 43) desincentivo à participação

dos cooperados na organização, pois os indivíduos que não contribuem para o sucesso

econômico da cooperativa têm as mesmas vantagens dos que contribuem.

Zylbersztajn (2002) exemplifica o problema do carona citando o exemplo de um

cooperado que utiliza em demasia a assistência técnica da cooperativa; outro exemplo;

quando o cooperado adquire insumos da cooperativa com preços inferiores aos de mercado,

desviando a produção para outros meios de comercialização, caso encontre preço superior.

Para minimizar o problema do carona Pivoto (2013, p. 101) destaca que os

mecanismos empregados pelas cooperativas para aumentar a fidelidade dos cooperados são

fidelização via preço, assistência técnica, exclusão de benefícios (Corte de assistência para

cooperados que não transacionam com a cooperativa), exclusão de cooperados que não

transacionam 100% da produção com a cooperativa, educação cooperativista e comunicação

com os membros.

- Problema de portfólio – este problema é decorrente do problema de horizonte, pois é

oriundo de incentivos em operações no curto prazo onde a cooperativa não é capaz de alinhar

as suas estratégias de investimento e negócios as estratégias de investimento dos cooperados

devido sua estrutura de direitos de propriedade; os cooperados, por sua vez, também não

conseguem ajustar seu portfólio de ativos na cooperativa em consonância com sua propensão

ao risco devido a não transferência e liquidez, bem como pela falta de instrumentos

financeiros de apreciação das quotas-partes nas cooperativas, pois a lei cooperativista

brasileira proíbe a transação dos direito de propriedade bem como sua apreciação.

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As principais estratégias empregadas pelas cooperativas, visando reduzir o problema

do portfólio, conforme Pivoto (2013, p. 106), foi escolha dos projetos de investimentos com

base no mercado, a avaliação técnica dos projetos e investimentos, a opção pelo não

crescimento da cooperativa e a composição do conselho visando evitar problemas de

portfólio.

- Problema de controle – ou problema de agência – os cooperados são os responsáveis

pelas decisões de controle e gestão quando não há separação entre propriedade e controle; a

falta de mercado para o direito residual faz com que os gestores, membros eleitos para

conduzir à cooperativa, não sejam monitorados pelo mercado; conforme Cook (1995) o

problema de controle ocorre devido aos custos originados pelas divergências estabelecidas

entre cooperados e gestores.

As estratégias identificadas nas cooperativas conforme Pivoto (2013, p.108) foram à

formação de núcleos de cooperados para melhorar a participação e aumentar a visão de longo

prazo dos mesmos sobre o empreendimento cooperativo, cobranças diretas do conselho de

administração sobre os gestores da organização e profissionalização da gestão.

- Problema de custos de influência – esses custos ocorrem quando os cooperados de forma

individual ou em grupos tentam influenciar as decisões dos gestores e conselheiros em

benefício próprio; estes custos podem variar segundo Cook (1995) de acordo com a existência

de uma autoridade central, os tipos de procedimentos que delimitam a tomada de decisão e o

grau de homogeneidade de interesses entre os cooperados.

Pivoto (2013, p. 109) verificou-se que as estratégias adotadas pelas cooperativas para

reduzir o problema de custos de influência estão ligadas à gestão técnica, necessidade de

seguir a neutralidade política na cooperativa e a transparência da direção com os cooperados,

bem como comunicação com o quadro social.

De forma geral, conforme figura 5, os cinco problemas apresentados interferem

diretamente nas cooperativas, pois dificultam a obtenção de recurso para a realização de

investimentos, afetam à fidelização do cooperado à organização cooperativa assim como,

levam a problemas de gestão na cooperativa.

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Figura 5: Problemas oriundos dos direitos de propriedade difusos e as consequências na organização cooperativa

Fonte: Pivoto (2013, p. 51)

Atenuar estes problemas oriundos dos direitos de propriedade é necessário para

amenizar as restrições de capital, conforme destacado por Chaddad e Cook (2004), pois estas

comprometem o crescimento das cooperativas agropecuárias devido que as opções para a

obtenção de capital para investimentos e capital de giro, restringem-se à integralização de

quotas-partes pelos cooperados, a retenção dos ganhos ou por meio do endividamento da

cooperativa que aumenta o seu risco financeiro; ainda segundo os autores o acesso limitado às

fontes externas de financiamento é o "calcanhar de Aquiles" das cooperativas agropecuárias.

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CAPÍTULO 3 – TIPOS DE RISCOS NAS QUAIS AS ORGANIZAÇÕES ESTÃO EXPOSTAS E SEU GERENCIAMENTO

O presente capítulo fundamenta teoricamente na pesquisa desenvolvida em termos dos

tipos de riscos nas quais as organizações estão expostas e entre elas as sociedades

cooperativas; serão abordados para isso diferentes conceitos e pesquisas realizadas na área de

administração de risco com a utilização de instrumentos de hedge de forma a sustentar por

meio de ampla revisão bibliográfica o problema abordado, ou seja, o gerenciamento de risco

nas sociedades cooperativas.

3.1 TIPOS DE RISCO

Um dos pressupostos básicos da criação de uma empresa é sua continuidade, questão

de extrema complexidade e preocupação de sua administração.

(...) a garantia da continuidade da empresa só é obtida quando as atividades realizadas geram um resultado líquido no mínimo suficiente para assegurar a reposição de todos os seus ativos consumidos no processo de realização de tais atividades. (CATELLI e GUERREIRO, 1992, p. 11).

A continuidade de uma empresa é determinada pelos resultados globais, evidenciando

o grau em que ela cumpre sua missão, satisfaz necessidades ambientais, atende às

expectativas dos investidores e de seus empregados.

O retorno esperado de uma atividade empresarial é o resultado de uma posição sujeita a certos eventos. O risco passa a ser o grau de incerteza em relação ao retorno esperado. “Trata-se, portanto, da probabilidade de ocorrência do evento e o impacto no resultado da posição.” (FAMÁ et al, 2002, p. 36).

A turbulência enfrentada pelas organizações passa a exigir uma atuação mais

destacada do tomador de decisões, que precisa utilizar-se de instrumentos de gestão para

minimizar as incertezas, os riscos e maximizar os retornos, rentabilidade, pois o mundo

globalizado promoveu relevantes mudanças na gestão dos negócios, e o conceito de incerteza

está, em sua maior parte, em não se compreender as novas tendências e regras de mercado.

O mercado competitivo atual deixa espaço somente para empresas eficientes, que se

mostram capazes de agregar valor em suas decisões, assim como, percebam e mudem com o

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ambiente, uma vez que a vantagem sustentada está diretamente relacionada com a rápida

capacidade de adaptação; empresas que conseguem administrar de forma eficiente as

incertezas deste complexo ambiente, ou seja, o risco é algo que deve ser gerenciado, mitigado

ou transferido através da utilização de instrumentos de hedge como os derivativos.

Bernstein (1997, p. 15) salienta que o risco e o tempo são as faces opostas da mesma

moeda, pois sem amanhã não haveria risco. O tempo transforma o risco, e a natureza do risco

é moldada pelo horizonte de tempo: o futuro é o campo de jogo; para EHRLICH e MORAES

(2005) o risco é tridimensional: o evento (ganho ou perda), a probabilidade de ocorrência

(normalmente o evento indesejável) e o tempo.

Bodie e Merton (2002, p. 258) fazem uma distinção entre incerteza e risco:

A incerteza existe sempre que não se sabe ao certo o que vai ocorrer no futuro. O risco é a incerteza que importa, porque afeta o bem-estar das pessoas. Assim, a incerteza é uma condição necessária, mas não suficiente para o risco. Toda situação de risco é incerteza, mas pode haver incerteza sem risco. (Bodie e Merton, 2002, p. 258).

Brighan et al (2006, p. 925) destacam diferentes tipos de riscos para serem

administrados como os riscos simples, os especulativos, os de demanda, os de insumos para

produção, os financeiros, os de propriedade, os de pessoal, os ambientais, os de

responsabilidade e os seguráveis .

Gastineau e Kritzman (1999, p. 341) definem risco em conceito mais amplo,

exposição a mudanças incertas; mais restritamente, exposição a mudanças adversas; ainda

segundo os autores administração do risco significa aplicação de análise financeira e

utilização de diversos instrumentos financeiros no controle e na redução de determinados

tipos de risco; corroborando neste sentido, conforme destacado por JORION (2003, p. 3), a

administração de risco é o processo pelo qual as várias exposições são identificadas,

mensuradas e controladas.

As definições de risco variam dentro de um amplo espectro conforme destacado por

Damodaran (2009, p. 27) sendo que algumas se concentram principalmente na probabilidade

de ocorrência de eventos negativos; outras consideram as consequências desses eventos,

enquanto há aquelas que consideram tanto o lado de perdas quanto o de ganhos das

distribuições de eventos.

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Os estudos relacionados a riscos e sua gestão em sua maioria possuem como aporte

teórico os trabalhos desenvolvidos por Markowitz (1952), Moderna Teoria das Carteiras, por

Sharpe (1964), CAPM, por Black e Scholes (1973), modelo de precificação de opções, por

Ross (1976), APT e pelo banco J. P. Morgan (1994), VaR

Mas, antes de administrar o risco precisamos conhecê-lo, uma vez que, conforme

destacou Bernstein (1997), a ideia revolucionária que define a fronteira entre os tempos

modernos e o passado é o domínio do risco. Para Crouhy et al (2004) o líder corporativo

experiente utiliza a gerência de risco tanto como espada quanto como escudo.

Moreira et al (2012) salienta que frequentemente a gestão dos riscos está voltada

principalmente a riscos de crédito e de mercado e, assim, o foco torna-se apenas a

preocupação com as flutuações de preço e a análise de contratos de crédito, enquanto que as

demais fontes de riscos nem sempre são levadas em consideração com maior profundidade.

Conforme Famá et al (2002 apud MOREIRA, 2009) as empresas estão cada vez mais

sujeitas às consequências negativas advindas dos diversos tipos de riscos devido, sobretudo,

ao ambiente cada vez mais competitivo, global e com mudanças comportamentais e

tecnológicas constantes e por isso defendem uma administração integrada, segundo uma

abordagem sistêmica, dos riscos financeiros, legais, operacionais e estratégicos.

Brigham et al. (2001, p. 890-891) descrevem diferentes classes de riscos que podem

ser minimizados pela administração de risco em uma organização:

� Riscos simples: são os riscos que apresentam a perspectiva de uma perda e, como

exemplo, um incêndio em uma unidade fabril;

� Riscos especulativos: são situações que oferecem oportunidade de ganho ou Perda

(investimentos em novos projetos);

� Riscos de demanda: são riscos que se associam à variação da demanda pelos produtos

ou serviços de uma empresa;

� Riscos de insumos para produção: são riscos que se associam à variação dos preços

de matérias-primas e mão-de-obra;

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� Riscos financeiros: são riscos que se associam a possíveis perdas relacionadas a

operações financeiras ou de moeda estrangeira;

� Riscos de propriedade: são riscos que se associam à destruição de ativos produtivos;

� Riscos de pessoal: são riscos que se associam à atuação profissional de empregados

ou colaboradores que podem resultar em contingências jurídicas, ou fraudes;

� Riscos ambientais: são riscos que se associam aos problemas de impacto ambiental

que podem acarretar perdas financeiras advindas de sanções de natureza jurídica;

� Riscos de responsabilidade: são riscos que se associam aos prejuízos causados a

clientes por produtos ou serviços de responsabilidade da empresa;

� Riscos seguráveis: são riscos que podem ser mitigados mediante a contratação de

apólices de seguro.

Quando tratar-se de instituições financeiras Tostes (2007, p. 69 - 73) apresenta os

principais riscos financeiros; sendo estes o risco de crédito, risco de mercado, risco legal,

risco operacional, risco de liquidez, risco de liquidação e risco humano; já Duarte Júnior

(1996) separa os riscos em quatro grandes grupos, sendo eles o risco de crédito, o risco legal,

o risco operacional e o risco de mercado no qual ele subdivide em risco do mercado acionário,

do mercado de câmbio, do mercado de juros e risco do mercado de commodities; neste

sentido podemos descrevê-los:

� Risco de mercado: são riscos quanto ao preço dos ativos (ações, debêntures, juros,

mercadorias e moedas) diante das condições do mercado;

� Risco operacional: surge devido à possibilidade de perda causada por falha de

informação, comunicação, processamento da transação ou sistema de liquidação;

� Risco de liquidez: surge quando uma empresa é incapaz de encontrar mercado para

reverter uma determinada posição;

� Risco de liquidação: surge da possibilidade de uma das partes da negociação não

honrar suas obrigações;

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� Risco de crédito: surge devido ao grau de concentração da carteira de crédito pode

ocorrer o default e também poderá receber um retorno inferior que é o risco potencial

da transação;

� Risco de legal: surge da possibilidade dos contratos não estarem de acordo com a

legislação;

� Risco humano: risco causado por erro de julgamento na tomada de decisões.

De forma sintetizada Tostes (2007, p. 70) apresenta na Figura 6 as divisões e

subdivisões dos riscos financeiros.

Figura 6: Divisões e subdivisões do risco financeiro

Fonte: Adaptado de Klein e Lederman (1996 apud TOSTES, 2007, p. 70).

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3.2 RISCOS NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS

Riscos e imprevistos ocorrem em todas as atividades econômicas incluindo nestas as

atividades relativas ao agronegócio que também estão sujeitas a uma variedade de incertezas,

entre elas, podemos destacar que o tempo, a variação do preço das commodities no mercado e

outras variações; a atividade possui alguns riscos específicos como os climáticos, surgimento

de pragas e pestes, desastres naturais que não são eventos que podem ser controlados pelos

produtores rurais e sua variação incidem diretamente no rendimento; neste contexto as

cooperativas precisam trabalhar de forma a gerenciar o risco maximizando a relação risco e

retorno.

Segundo Bignotto et al (2004):

(...) a gestão do risco no ambiente produtivo torna-se mais complexa do que naquele puramente financeiro, pois há riscos possíveis de serem hedgeados (taxas de juro, câmbio, algumas commodities etc.) e aqueles que não podem ser hedgeados, como os inerentes ao negócio e os referentes a produtos sem os correspondentes mercados derivativos, além do fato de o horizonte temporal de gestão desses riscos ser maior do que aquele contemplado por um modelo do tipo VAR. (Bignotto et al, 2004).

Comparados a outras organizações podemos observar que alguns riscos são únicos

para a atividade agrícola, como o risco relacionado ao clima que pode reduzir

significativamente a renda em um determinado período; outros riscos, tais como o preço ou os

riscos institucionais são comuns a todos os tipos de empresas.

A OCDE (2000) classifica os riscos que afetam a agricultura em quatro categorias,

sendo estas o risco de produção (condições climáticas, pragas, doenças e mudança

tecnológicas), os riscos ecológicos (produção, mudanças climáticas, gestão de recursos

naturais como água), o risco de mercado (variabilidade de preços tanto dos insumos quanto

das commodities e o relacionamento destas com a cadeia de consumidores em relação à

qualidade, segurança e entrada de novos produtos) e, finalmente, o risco regulatório e

institucional (políticas agrícolas, de segurança alimentar e regulamentos ambientais).

Newbery e Stiglitz (1981 apud OCDE, 2009, p. 15) classificam o risco em sistemático,

relacionados a eventos que se repetem ao longo do tempo com um padrão de probabilidades

que podem ser analisados, e em sistemáticos os que apresentam dificuldades em estimar um

padrão objetivo de probabilidades ou distribuição de resultados; nesta classificação a

dificuldade está na linha de separação entre um e outro.

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Os riscos que são relevantes na agricultura possuem diferentes características e podem

ser classificados de diferentes formas, conforme destacou OCDE (2009); independentemente

de como são classificados os riscos, os agricultores devem utilizar-se de instrumentos de

gestão de risco de forma a garantir a sustentabilidade da atividade, ou seja, mitigando os

riscos inevitáveis e minimizando ou limitando os riscos evitáveis através de diversificação na

produção de forma que a queda de preço em um dos produtos seja compensado pelo aumento

em outro, escolha de melhores sementes (melhoramento genético de sementes) de forma a

aumentar a produção, utilização de tecnologias como a agricultura de precisão, utilizando-se

de hedge, contrato a termo, operações no mercado futuro, seguros entre outros instrumentos

de forma a reduzir a variabilidade nos fluxos de caixa da propriedade rural. Os riscos

institucionais e de produção, como o clima, que são riscos inevitáveis devem ser mitigados.

As classes de riscos nas atividades agropecuárias foram estudados por Patrick et al

(1985), Shapiro e Brorsen (1988), Asplund et al (1989), Schnitkey et al (1992), Musser et al

(1996), McLeay e Zwart (1998), Kimura (1998), Mishra e Perry (1999), Hardwood et al

(1999), Gomes (2000); USDA (2000 e 2007), Katchova e Miranda (2004), Pinochet-Chateau

et al (2005), USDA (2006), Gimenes e Gimenes (2006), Ueckermann et al (2008), Gimenes

et al (2008), Costa (2008), Moreira (2009); OCDE (2009), Moreira et al (2012), sendo

classificadas em:

� Risco de mercado ou de preço – os preços são determinados principalmente pelos

mercados globais e mudanças inesperadas na demanda global ou no fornecimento de

um produto pode levar às mudanças inesperadas na demanda global; os preços podem

ser afetados por mudanças de legislação, taxas de câmbio, acordos internacionais

sobre commodities, política monetária e fiscal, comportamento do consumidor entre

outros fatores fundamentalistas conforme destacado no quadro 1; conforme BM&F

(1998, p. 76) um dos principais fatores de influência sobre o preço de uma commodity

é o nível geral de preços de todas as commodities, pois, na maioria das vezes, seus

preços tendem a mover-se em conjunto; o risco de mercado reflete os riscos

associados com as mudanças inesperadas nos preços recebidos pelas commodities ou

pagos pelos insumos necessários para produção como fertilizantes, sementes,

combustíveis e eletricidade; na agricultura o período produtivo geralmente é longo; o

preço da commoditie fica atrelado diretamente à situação econômica nacional e

internacional; assim como a oferta e demanda da referida commodities e é importante

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lembrar, conforme destacado por BM&F (1998, p. 76), que aumentos de preços, em

geral, propagam-se de uma commodity para outra e que fatores macroeconômicos

tendem a manter os preços relativos entre commodities em sintonia e as relações entre

preços relativos mudam quando movimentos tecnológicos ou regulatórios alteram a

relação básica entre as commodities; como os mercados de commodities são

complexos, o retorno pode ser afetado por acontecimentos em qualquer parte do

mundo.

Quadro 1 – Tipos de fatores fundamentalistas que afetam os preços

Macro Micro . Balança comercial . Taxas de câmbio . Política fiscal . Condições da economia . Inflação . Taxas de juro

. Mudanças no poder de mercado dos produtores . Mudanças nos gostos . Custo de insumos . Perspectivas das vendas externas . Mudanças de comercialização . Influências sazonais . Commodities substitutivas . Mudanças tecnológicas . Ameaças à produção . Condições climáticas

Fonte: BM&F (1998, p. 76)

O risco de mercado ou de preço pode ser administrado através da

diversificação da produção, buscando outros mercados, utilizando informações no mercado

para planejamento da produção, utilização de hedge nos mercados futuros e de opções; o

grande problema está na falta de acesso a estes instrumentos pela maioria dos produtores

rurais, o que justificaria a formação de cooperativas para que esta em função do volume e da

escala consegue mitigar estes riscos.

� Risco de produção (rendimento) – este tipo de risco varia regionalmente e depende

do tipo de solo, do clima, do uso da irrigação, pragas, desastres naturais que afetam

diretamente o volume de produção; este tipo de risco, diferente do que ocorre em

outras atividades econômicas, é elevadíssimo na atividade agropecuária, pois, no caso

relacionado ao clima podem ocorrer secas ou chuvas em excesso, granizos, ventanias

entre outros eventos climáticos que não podem ser controlados; a redução de risco

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pode ser alcançada com seguros ou através da tecnologia na produção (novas

variedades de sementes, plantas mais resistentes e novas técnicas de plantio).

� Risco Financeiro (exposição a taxas de juros) - este risco difere dos demais riscos

por resultar da forma com que o capital social da organização é obtido e financiado;

mudanças no custo da dívida e do valor do capital devido às alterações nas taxas de

juros, afetando diretamente os fluxos de caixas dos produtores e das cooperativas;

além das alterações desfavoráveis nas taxas de juros a baixa liquidez e as oscilações

cambiais são as principais fontes deste tipo de risco. O agricultor pode, assim como a

cooperativa, estar sujeito à flutuação nas taxas de juros sobre os empréstimos ou

enfrentar dificuldades de fluxo de caixa.

� Risco operacional e risco de liquidez – as cooperativas ao financiarem seus

cooperados provoca um aumento do risco operacional, pois dependendo da safra estes

não conseguem honrar seus compromissos tornando-se inadimplentes; a inadimplência

aumenta o risco de liquidez da sociedade cooperativa afetando diretamente a taxa de

juros cobrada pelas instituições financeiras.

� Risco Institucional – este tipo de risco resulta de mudanças nas políticas e

regulamentos que afetam o agronegócio; governos podem alterar as leis e

regulamentos (leis ambientais, sanitárias e fiscais), barreiras comerciais ou tarifárias

para exportação, subsídios agrícolas em outros países, falta de política governamental

de preços mínimos, mudanças em programas agrícolas gerando este tipo de risco.

Como exemplo deste tipo de risco podemos citar que mudanças nas regras do governo

sobre utilização de pesticidas (para as culturas) ou drogas (para animais) podem afetar

diretamente os custos de produção ou causar restrições impostas por países

importadores da produção; podemos destacar também as políticas com restrições nas

práticas de utilização e conservação do solo, restrições ao uso de determinadas

sementes, mudanças nos impostos e na política de crédito.

� Risco humano – este tipo de risco é comum aos funcionários e gestores de

organizações; eventos como morte, depressão, divórcio, acidentes, erros humanos,

lesões, ou problemas de saúde dos gestores podem causar danos à organização;

alterações no quadro de gestores poderá afetar o desempenho em longo prazo.

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� Risco de ativos - comum a todas as empresas este tipo de risco envolve roubo,

incêndio ou outras perdas ou danos a máquinas, equipamentos, edifícios, instalações e

comportamento oportunista dos parceiros comerciais.

� Risco Cambial – comum às cooperativas agropecuárias e as demais empresas do

agronegócio, pois os preços das commodities e dos insumos estão diretamente

atrelados à cotação no mercado internacional, acarretando o risco cambial que pode

ser definido como a possibilidade de movimentos desfavoráveis das taxas de câmbio

entre a data da cotação e da liquidação de uma determinada negociação causando

perdas devido às oscilações; consequentemente reduzindo os fluxos de caixa da

organização.

Além dos riscos anteriormente abordados há também o Risco Moral (Moral Hazart)

que aborda o risco existente da relação entre o cooperado e a cooperativa onde os interesses

não estão alinhados e as ações são de difícil observação e monitoramento, possibilitando o

oportunismo da parte que possui mais informações adotando decisões em prol de seus

objetivos e interesses; o risco moral está vinculado à existência de free-rider e a custos de

influência conforme salientado por Cook (1995), Zylberstajyn (2002) e Bialoskorski Neto

(2004).

Moral hazard pode ser definido como sendo as ações dos agentes econômicos que buscam maximizar suas próprias utilidades em detrimento dos outros, em situações em que elas pagam por todas as consequências, ou, de forma equivalente, não desfrutam de todos os benefícios de suas ações devido à incerteza ou a contratos incompletos ou restritos que antecipem as responsabilidades pelos danos causados ou benefícios do agente responsável (KOTOWITZ, 1987 apud COSTA, 2009, p. 43).

Segundo Eisenhardt (1989), o risco moral está relacionado a comportamentos

oportunistas por parte do agente no desempenho de suas atribuições, já que ele pode

simplesmente não se esforçar para cumprir o acordado com o principal, pois ele sabe que o

principal não pode detectar precisamente o seu comportamento (assimetria de informações

entre agente e principal).

Problemas de risco moral se aplicam em várias situações econômicas devido ao fato

de que em muitos relacionamentos uma das partes possui mais informações que a outra e os

interesses são divergentes; corroborando neste sentido, Pindyck e Rubinfeld (2006, p. 539)

exemplificam no caso de uma pessoa ou empresa que se encontra plenamente seguradas e não

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pode ser meticulosamente monitorada por uma companhia de seguros, já que esta só dispõe de

informações limitadas, a parte segurada pode agir de um modo que aumente a probabilidade

de um acidente ou dano ocorrer.

Holmstron e Milgrom (1987 apud COSTA, 2009, p. 44) consideram o risco moral um

problema de informação, falta de alinhamento de interesses, diferentes níveis de

conhecimento para delegação e dificuldades de observar os níveis de esforço dos agentes

econômicos; para minimizar o problema de risco moral entre o principal e o agente torna-se

necessário monitorar suas atividades e estabelecer incentivos contratuais que busquem o

alinhamento dos interesses.

O grande problema está em conseguir documentar a existência do problema de risco

moral em qualquer relacionamento, conforme salientado por Costa (2009, p. 42), uma vez que

o agente possui mais informações do que o investigador; torna-se difícil poder afirmar se o

esforço dele foi ineficiente ou não, tendo assim, poucos estudos que apresentem evidências

consistentes do comportamento de risco moral.

3.3 A utilização de Derivativos Financeiros para Gestão de Risco

Os agricultores possuem a sua disposição diferentes instrumentos e estratégias para o

gerenciamento dos riscos envolvidos na atividade agropecuária que podem ser utilizados

isoladamente ou em conjunto de acordo com os riscos; já as cooperativas agropecuárias

precisam avaliar as classes de riscos relevantes, ou seja, quanto do risco se deve à exposição

cambial, quanto se deve à exposição a determinadas commodities, à exposição a preços, à

exposição a taxas de juros fazendo-se necessário a estimação com precisão da exposição a tais

classes de risco por meio de métricas como o Value at Risk (VaR); informações estas,

fundamentais para tomada de decisões financeiras e estratégicas pois o gerenciamento de

risco possibilita assumir riscos de forma consciente e estruturada.

O Value at Risk (VaR), conforme JORION (2003, p. 19), sintetiza a maior (ou pior)

perda esperada dentro de determinados período de tempo e intervalo de confiança; o VaR

integra em uma só medida numérica o risco total da carteira de investimentos sob análise

permitindo a comparação e agregação dos riscos envolvidos facilitando o trabalho dos

gestores financeiros das organizações na fixação dos limites de riscos.

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Cabe ressaltar que agricultores enfrentam diferentes riscos e o acesso aos instrumentos

de gerenciamento de riscos depende do porte dos produtores e do conhecimento dos mesmos

sobre os riscos e as formas de gerenciá-los através dos instrumentos de gestão, pois cada tipo

de risco precisa de um instrumento apropriado para gerenciá-lo.

O risco é a possibilidade de adversidade ou perda, e refere-se a "Incerteza que importa." Consequentemente gestão de risco envolve a escolha entre as alternativas para reduzir os efeitos do risco. Ele normalmente requer a avaliação do tradeoff entre variações no risco, retornos esperados, a liberdade empresarial, e outras variáveis. A compreensão do Risco é um ponto de partida para ajudar os produtores a tomarem boas decisões em situações onde adversidade e perda são possibilidades. (Hardwood et al 1999, p. 2).

De forma individual fica mais difícil e oneroso o gerenciamento do risco, mas quando

trabalhado de forma cooperativa fica mais ameno os custos e o acesso mais amplo aos

diferentes instrumentos disponíveis no mercado. Neste sentido, as cooperativas agropecuárias

deverão de forma a minimizar os riscos aos produtores agrícolas, atuando como fornecedora

de insumos numa ponta e na outra como compradora da produção, ao mesmo tempo,

possibilitar o ganho coletivo devido à escala e o poder de negociação que possui buscando

equilibrar os interesses econômicos, social e político dos seus membros.

Os produtores rurais unem-se e formam cooperativas em busca de redução dos riscos

na atividade e manutenção da renda, pois, estas, podem negociar em escala maior tanto na

compra de insumos como na venda dos produtos, assim como acessar mercados até então

inacessíveis a produtores menores conforme salientado por Bialoskorski Neto (2001).

Manfredo e Richards (2003, p. 4) destacam que é surpreendente o fato de muitos

gestores de cooperativas acomodarem-se em vez de gerenciarem ativamente as várias fontes

de riscos, pois as cooperativas operam em um ambiente de negócios que é inerentemente

arriscado inclusive são mais arriscadas do que outras empresas comerciais pelo acesso ao

mercado de ações e por serem, em sua maioria, mais alavancadas e consequentemente um

maior risco financeiro.

Corroborando neste sentido Antonialli (2000) destaca que um dos grandes desafios das

cooperativas é conseguir equilibrar os interesses econômicos, social e político dos seus

membros, pois a incapacidade da cooperativa em equilibrar esses interesses pode levar a falta

de competitividade e a situações gerenciais complexas. O interesse econômico está

relacionado ao crescimento da cooperativa e dos empreendimentos dos cooperados. O

interesse social se refere aos serviços e benefícios que se esperam da cooperativa quando

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alguém se associa a ela. O interesse político normalmente leva às disputas internas pelo poder

e representatividade da cooperativa perante a comunidade.

Além do equilíbrio entre os diferentes interesses as sociedades cooperativas deparam-

se com os desafios quanto a gestão democrática que em alguns pontos tornam as decisões

morosas; o desafio quanto a separação entre a propriedade e controle; os desafios quanto a

estrutura de capital, o acesso a recursos e o custo destes recursos; a questão de governança

corporativa.

Neste contexto, o gerenciamento dos riscos tanto pelos produtores agropecuários como

pelas cooperativas é de suma importância e é essencial que os objetivos econômicos e a

doutrina cooperativista estejam em sintonia.

Entre os instrumentos para gerenciamento os produtores rurais podem diversificar a

produção como também podem ajustar o mix da estrutura financeira da propriedade, ou seja,,

trabalhar com capital próprio e de terceiros de acordo com os riscos enfrentados; podem

utilizar-se de contratos de seguro e instrumentos de hedge como os derivativos.

Os derivativos, segundo Lemes (1998 apud JACOB, 2010, p. 25-26) surgiram para

facilitar a vida das pessoas e, consequentemente, gerar valor; os contratos futuros apresentam

como um de seus principais benefícios a melhor distribuição do risco entre as partes assim

como a possibilidade de o agricultor poder vender seu produto adiantado, garantindo suas

margens de lucro.

A implementação de uma política de gestão de risco é essencial para as cooperativas

agropecuárias, pois os riscos envolvidos na atividade podem comprometer a organização e

neste sentido a conscientização da existência de instrumentos e ferramentas de gestão de

risco, constitui elementos importantes para a evolução e sobrevivência da cooperativa no

mercado.

A estratégia adequada de gerenciamento dependerá da percepção dos produtores e dos

gestores financeiros das cooperativas agropecuárias quanto aos riscos relacionados às

atividades de forma que eles decidam sobre a escala da operação de hedge e que os

instrumentos utilizados individualmente ou combinados minimizem os riscos inerentes a

atividade e busquem maximizar o tradeoff entre o risco e o retorno. Corroborando neste

sentido, podemos descrever como os produtores rurais e os gestores financeiros podem

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gerenciar os riscos através da diversificação, integração vertical, contratos de produção,

contratos de comercialização, manutenção de reserva financeira e alavancagem e derivativos

financeiros (contratos futuros, opções, contratos a termo e swaps).

3.3.1 Diversificação

Conforme destacado por Harwood et al (1999, p. 14-57) é uma estratégia de gestão de

risco frequentemente utilizado que envolve a participação em mais de uma atividade

(trabalhar com diferentes culturas ou agricultura e pecuária como exemplo). A motivação para

a diversificação é baseado na ideia de que os retornos das diferentes atividades não se movem

para cima e para baixo em sincronia, para que quando uma atividade tiver baixo retorno este

poderá ser recompensado pelas outras atividades que provavelmente teriam retornos mais

elevados; os produtores rurais podem mitigar os riscos na produção agrícola utilizando a

estratégia de diversificar geograficamente, ou seja, plantando em diferentes regiões para que

desastres climáticos localizados não afetem a produção como um todo e consequentemente a

renda.

3.3.2 Integração Vertical

Este tipo de estratégia é utilizado normalmente nas cadeias de produção de aves,

suínos e frutas; esta estratégia foi criada para reduzir os riscos de oscilações dos preços e ao

mesmo tempo o risco das empresas agroindustriais ficarem sem matérias-primas para seu

processo produtivo.

3.3.3 Contratos de Produção

Contratos de produção são contratos que dão ao comprador da mercadoria

considerável controle sobre o processo de produção, pois especificam detalhadamente os

insumos de produção a serem fornecidos pelo contratante, bem como, a quantidade e

qualidade do produto a ser entregue, o preço a ser pago ao produtor desta forma, o contrato

servindo como hedge ao produtor.

3.3.4 Contratos de Comercialização

Contratos de comercialização são contratos realizados entre comprador e produtor que

fixa um determinado preço para a commodities antes da colheita, ou antes, de estar pronta

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para ser comercializada; neste caso, o processo produtivo bem como os custos da produção

ficam normalmente sob a gestão produtor.

3.3.5 Manutenção de Reservas Financeiras e Alavancagem

Alavancagem refere-se à utilização de capital de terceiros (dívidas) para financiar a

atividade agropecuária; o aumento da alavancagem provoca o aumento do risco financeiro. A

estruturação financeira da atividade deverá levar em consideração a otimização da relação

entre o risco e o retorno e a escolha da estrutura financeira dependerá de fatores como o nível

de aversão ao risco do produtor, o tamanho e o tipo da atividade, o relacionamento do

produtor com os fornecedores de insumos bem como com os compradores das commodities, a

disponibilidade de crédito e os programas governamentais de apoio na atividade agropecuária.

3.3.6 Derivativos financeiros

A definição de derivativos não é simples e no Brasil, conforme Silva Neto (2000, p.

18), existe até discussão sobre seu real nome; o derivativo presta-se para a troca de um

resultado financeiro obtido por meio da aplicação da variação do valor de índices ou

projeções de preços, em um determinado período de tempo, sobre um montante teórico

inicial.

Os derivativos financeiros são utilizados pelas empresas para protegerem-se do risco

das variações cambiais, nas taxas de juros e nos preços das commodities para isso, pode-se

utilizar estratégias de hedge utilizando contratos futuros, contratos a termo, opções e swaps.

Hedge é um termo utilizado com frequência para indicar uma posição, ou combinação de posições, que reduz determinado tipo de risco, geralmente à custa do retorno esperado. Em geral, o hedge é realizado por meio de operações que praticamente se compensam, eliminando grande parte do risco. (GASTINEAU e KRITZMAN, 1999, p. 206).

Segundo BM&F (1998, p. 113) a abordagem básica ao hedge requer apenas três

fatores: identificação de riscos, decisão do que e do quanto hedgear e avaliação dos

instrumentos alternativos de hedging e de suas características.

Existem vários motivos para utilização dos instrumentos como os contratos futuros,

contratos a termo, opções e swaps para hedgear, entre eles destacamos a utilização para

proteger margens de lucro, estabilizar fluxos de caixa, transferir risco, diversificar e melhorar

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a liquidez ou reduzir os custos de transação, ou seja, as empresas procuram gerenciar seu risco

financeiro de forma a poder concentrar-se mais, conforme Silva Neto (2000, p. 46), na

administração e na venda de seus produtos, do que na engenharia financeira requerida para

participar de um mercado global.

3.3.6.1 Contratos Futuros

Os contratos futuros são utilizados para reduzir os riscos procurando proteção de preço

(hedge) ou especulando; envolve sempre dois lados, um vendedor e um comprador de uma

determinada commodities ou índices a valores previamente acertados hoje para uma entrega a

uma data futura, ressaltando que na maioria dos casos, a liquidação ocorre financeiramente

não envolvendo a entrega física. Os contratos futuros são padronizados e garantidos por uma

clearing-house que se responsabilizam pelo cumprimento das obrigações de ambas as partes

envolvidas no contrato.

Futures Contract (contrato futuro). Acordo, originalmente entre duas partes – um comprador e um vendedor –, para a troca de determinada mercadoria, pelo preço estipulado, em data futura. Todos os termos são especificados em contrato comum a todos os participantes do mercado de uma bolsa de futuros organizada. O contrato deve determinar o volume do produto para entrega em certa data, conforme exigido pela bolsa, com preço estabelecido em mercado público, por meio de “pregão viva voz” ou de sistema eletrônico de negociação (que pode exigir a colocação de ordens com limite). Futuros podem ser negociados livremente com várias contrapartes, sem risco de crédito significativo. Depois que as operações são registradas, a câmara de compensação da bolsa torna-se a contraparte final de todos os contratos. Assim, o único risco de crédito é representado por sua capacidade de crédito. Não há necessidade de intermediário de crédito, mas depósitos de margem devem ser efetuados, a título de seguro-desempenho, junto ao membro de compensação e, por sua vez, à câmara de compensação. Normalmente, pagamentos de ajustes marcam as posições futuras ao preço de mercado pelo menos uma vez ao dia. (GASTINEAU E KRITZMAN, 1999, p. 193).

As principais características dos futuros conforme BM&F (1998, p. 33) são as

seguintes:

a) O comprador do contrato que receberá a entrega;

b) O vendedor do contrato que fará a entrega;

c) O encerramento de posições, através da realização de operações opostas, a qualquer

tempo, antes do vencimento do contrato;

d) Liquidação financeira ou por entrega, dependendo das especificações contratuais;

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e) A possibilidade de contratos idênticos ou semelhantes poderem ser transacionados em

mais de uma bolsa; e

f) A padronização dos termos contratuais pela bolsa. Isso significa que o contrato futuro

especifica:

. o instrumento objeto, ou seja, a mercadoria, título, moeda ou índice que referencia o

contrato, também denominado de commodity física ou à vista;

. o tamanho do contrato, isto é, a quantidade contratada da commodity objeto;

. a data de vencimento, ou seja, a data em que o comprador deverá pagar ao vendedor

e o vendedor deverá entregar ao comprador;

. tipo ou a qualidade específica coberta pelo contrato futuro e, em alguns casos,

provisões que permitam a entrega de mercadorias ou títulos de qualidade superior ou

inferior à especificada, com ágio ou deságio com relação ao tipo determinado no

contrato;

. o mecanismo de liquidação, ou seja, se o contrato futuro será liquidado por entrega

da mercadoria objeto ou financeiramente; caso o seja por entrega, o local e

exigências específicas.

Silva Neto (2000, p. 35) salienta que as principais cláusulas do contrato futuro são

definidas e padronizadas quanto à qualidade, a quantidade, data de vencimento e local de

entrega; Já Pereira e Simão (2004, p. 23-29) destacam que uma das vantagens do contrato

futuro é permitir ao empresário rural planejar sua atividade realizando orçamentos com

controle dos custos; além do fato de serem intercambiáveis, ou seja, os contratos futuro

podem ser liquidados facilmente com uma transação oposta; a principal limitação percebida

com o mercado futuro agropecuário é a de ter que pagar os ajustes diários (variações de

preços desfavoráveis exigidos pela BM&F e os custos operacionais que muitas vezes levam o

hedger a desistir da operação).

O mercado futuro para administração de risco necessita da definição da razão ótima de

hedge de forma a maximizar a rentabilidade e minimizar os riscos oriundos da atividade; esta

razão ótima de hedge é definhada por Soutelinho (2009) como a relação entre o número de

unidades transacionadas no mercado futuro e o número de unidades comercializadas no

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mercado físico; conforme Ederington (1979) a estratégia de hedge adotada depende dos

objetivos dos investidores. 3.3.6.2 Contrato a Termo

Estes contratos, conforme salientados por Securato e Securato (2007, p. 196) da

mesma forma que o mercado futuro, envolve um acordo de compra e venda de determinada

commodities ou algum ativo a um preço previamente estabelecido e entrega a uma data futura

sendo que diferentemente do contrato futuro o contrato a termo não precisa seguir padrões

impostos pela bolsa de mercadorias e futuros como valor, quantidade, vencimento além do

fato de não sofrerem ajustes periódicos a valores de mercado como ocorre nos contratos

futuros.

Forward (a termo). Obrigação contratual entre duas partes, visando troca, em data futura, de certo bem ou instrumento pelo preço determinado. O comprador do contrato a termo concorda em pagar o preço e receber o bem ou instrumento – diz-se que está comprado a termo. O vendedor do contrato a termo, ou o vendido, concorda em entregar o vem ou instrumento, pelo preço e data ajustados. Os bancos costumam ser os intermediários da operação. Pode haver depósito de garantias, mas a liquidação da operação – a troca de caixa pelo bem ou instrumento – só ocorre na data de entrega. (GASTINEAU E KRITZMAN, 1999, p. 185)

Os dois aspectos mais importantes que distinguem um contrato a termo de um contrato

a futuro, conforme BM&F (1998, p. 34), é o fato de que o primeiro não ser negociado em

bolsa nem ser garantido por uma câmara de compensação centralizada, sem as provisões

correspondentes de margem de garantia e inadimplência.

Os contratos a termo têm a vantagem de serem ajustáveis às vontades dos compradores e dos vendedores. Compradores e vendedores terão a flexibilidade de determinar, dentro de limites estabelecidos pelas bolsas e órgãos fiscalizadores, o prazo e o tamanho dos contratos, bem como outras condições que julguem ser de seus interesses. Essa flexibilidade é facilitada pelo fato de os contratos não serem intercambiáveis. (MARINS, 2009, p. 81).

Como desvantagem, podemos destacar que os contratos a termo não podem ser

liquidados facilmente com uma transação oposta além do fato que a ausência de uma clearing

centralizada para reduzir os custos de uma possível inadimplência, significa que a capacidade

de crédito de uma parte do contrato deve ser considerada pela outra.

No quadro 2 faz-se um resumo das principais diferenças entre os mercados futuro e a termo.

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Quadro 2 - Mercado futuro e a termo

Características Futuro Termo

Local de negociação Bolsas de futuros

Bolsas de cereais ou balcão

Padronização Definida pela bolsa Definida entre as partes

Prazo Vencimento Padronizado nas bolsas Definido entre as partes ou usuários do

mercado Liquidação Financeira ou física Física

Operadores Profissionais (priorizam a liquidez)

Normalmente usuários finais (priorizam a flexibilidade do contrato)

Garantias Mecanismos de bolsa e clearing

Definidas em contrato e confiança

Correções de preços Diários No vencimento do contrato Fonte: Correa e Raíces (2005)

3.3.6.3 Opções

Conforme elencado por Securato e Securato (2007, p. 205) as opções são contratos

que dão direito aos seus compradores de comprar ou vender determinados valores de índices

financeiros, econômicos e preços de commodities onde a liquidação se dá meramente em

dinheiro em uma data futura sem envolver entregas físicas.

As opções podem ser negociadas em bolsas ou em balcão e dão ao detentor (titular) o

direito, mas não a obrigação de vender ou de comprar ao preço estipulado, sendo esta uma das

principais vantagens em relação aos contratos a termo que, diferentemente das opções, o

titular normalmente tem a obrigação de comprar ou de vender algo; a opção também é

diferente de um contrato futuro onde, assim como ocorre no contrato a termo, tanto o

vendedor quanto o comprador assumem certas obrigações.

As opções quanto aos fins a que se destinam as opções podem ser de compra (call) ou

de venda (put) e também, podem ser classificadas quanto ao prazo de exercício sendo do tipo

americano, onde o titular (comprador) da opção poderá exercer seu direito de compra (opção

de compra) ou de venda (opção de venda) até a data de vencimento da opção, ou seja, este

tipo de opção poderá ser exercido a qualquer momento a partir do dia seguinte ao da compra;

já na opção do tipo europeia o titular somente poderá exercê-la na data de vencimento.

Os compradores das opções (titulares) limitam o prejuízo ao valor do prêmio pago,

não necessitam de pagar o ajuste diário e nem depositam margem de garantia como ocorre nos

contratos; além de garantirem proteção contra oscilações nos preços permitem ganhos extras

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caso o preço se movimente favoravelmente; como desvantagens das opções podemos destacar

que o valor do prêmio pode ser muito alto e que o risco de base (diferença entre o preço no

mercado físico à vista e o preço no mercado futuro no ponto de entrega para um determinado

vencimento) continua existindo.

3.3.6.4 Swaps

Segundo Hull (2004, p. 151), swaps são operações privadas entre duas entidades,

podem ser duas empresas ou mais, usualmente um banco e uma empresa, para a troca de fluxo

de caixa, respeitadas uma fórmula preestabelecida, e que podem ser consideradas carteiras de

contrato a termo.

Swap – Contrato de troca de pagamentos periódicos com uma contraparte. Os swaps estão disponíveis em todos os mercados financeiros ativos. O swap convencional de juros é a troca de pagamentos de juros fixos por pagamentos pós-fixados. Um swap cambial convencional é um acordo de troca de moedas a uma taxa a termo ou uma sequência de taxas a termo. (...)(GASTINEAU E KRITZMAN, 1999, p. 382).

Os contratos swaps são geralmente utilizados para reduzir os riscos financeiros, onde

uma parte tem uma obrigação em uma determinada moeda e a outra parte em outra moeda ou

também uma das partes tem obrigações em taxas fixas e a outra em taxas flutuantes e ambas

preferem o tipo ou padrão da outra parte.

Contratos swaps padronizados foram desenvolvidos para os tipos mais comuns de

swaps acarretando uma redução nos custos de transação, pois, diminuíram o tempo e o

esforço nos acordos de swaps conforme salientado por Brighan e Ehrhardt (2006, p. 932)

assim como, os contratos swaps padronizados conduziram a um mercado secundário para

swaps, aumentando a liquidez e a eficiência deste mercado.

3.4 ESTADO DA ARTE DA ADMINISTRAÇÃO DE RISCO COM A UTILIZAÇÃO DE

DERIVATIVOS FINANCEIROS

As pesquisas sobre a administração de risco, especificamente as que versavam sobre o

uso de derivativos e de instrumentos de hedge iniciaram-se nas instituições financeiras, vindo

a ser sistematicamente pesquisado em empresas não financeiras somente a partir da última

década.

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O objetivo do hedger é utilizar os mercados futuros para reduzir determinado risco que possa enfrentar, relacionado ao preço do petróleo, a uma taxa de câmbio, ao nível de mercado de ações ou a outras variáveis. Um hedge perfeito, que na prática é raro, é aquele que elimina completamente o risco. HULL (1996).

Rocha (2007, p. 44 – 45) salienta que a teoria financeira em termos de gestão de risco

apresenta duas vertentes: a primeira oriunda dos trabalhos de Working (1953), Johnson

(1960), Stein (1964), Ederington (1979), Ederington, Howard e D’Antonio (1984) e Pennings

e Meulenberg (1997) que trabalham na otimização do trade off entre risco e retorno através da

integração da teoria de Markowitz (1952) à decisão de hedge; e a segunda vertente tem como

referencial inicial os estudos de Jensen e Meckling (1976) que abordam questões relativas aos

conflitos de interesse dos stakeholders no que se refere às variáveis ou fatores de risco a

serem mitigados.

Stulz (1984) realizou um estudo sobre políticas ótimas de hedge onde apresentou um

modelo em que as empresas buscam a maximização do valor, adotando políticas ativas de

hedging e também descreve políticas ótimas de hedge para agentes avessos ao risco; o estudo

centrou-se na análise do hedge na exposição cambial por meio de contratos a termo.

Smith e Stulz (1985) desenvolvem estudo sobre os determinantes das políticas de

hedge nas empresas; os autores desenvolvem uma teoria positivista de hedge onde este busca

maximizar o valor das corporações tratando estas políticas como decisões de financiamento

das empresas; estudaram estas políticas em grandes empresas buscando responder questões

relativas à utilização destas políticas em termos de custos, contabilização, riscos hedgeados.

No Brasil podemos destacar o artigo de Gomes (1987) que realizou um estudo sobre as

teorias de hedging para determinar a razão de hedge; entre as abordagens estão a teoria do

portfólio, as teorias clássicas e minimizadora que consideram o risco e o retorno do hedge a

luz da estrutura de preferências do hedger e a teoria da especulação na base que propõe um

modelo dinâmico de hedge que segundo o autor é a teoria que mais se aproxima do

comportamento efetivo dos agentes econômicos; destaca-se também, nesta mesma linha, a

pesquisa de Kimura e Pereira (2003) e Kimura e Pereira (2005) que apresentam o

desenvolvimento de um modelo de otimização da gestão de riscos em empresas não

financeiras, através da identificação de uma estratégia de hedge que maximiza a esperança

dos lucros.

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Froot et al (1993) analisam a coordenação da política de investimento e de

financiamento para o gerenciamento de riscos através do estudo das políticas de

gerenciamento de riscos corporativos, começando pela análise de que as fontes externas de

financiamento são mais caras do que os recursos gerados internamente e neste caso o hedge

trará benefícios; ainda segundo os autores o hedge agrega valor, à medida que ajuda a garantir

que uma empresa tenha recursos internos disponíveis para aproveitar as oportunidades de

investimentos; esta simples observação tem ampla implicação para o delineamento de

estratégias de gestão de risco que por sua vez, dependem de fatores como oportunidades de

investimentos e financiamentos; o estudo também analisa estratégias de hedge cambial para as

multinacionais bem como as estratégias envolvendo instrumentos não-lineares como as

opções; segundo os autores a escolha do instrumento de hedge deve levar em consideração:

� os macro aspectos da gestão de risco que trata da inserção das operações de hedge em

um contexto estratégico empresarial;

� as implicações no fluxo de caixa da companhia geradas pela ferramenta escolhida –

diferença entre termo e futuro;

� a linearidade e não linearidade dos contratos – diferença entre futuros e opções; e

� a simplicidade dos contratos dando preferência aos contratos convencionais e não aos

exóticos e sofisticados.

Berger e Ofek (1995) estudaram o efeito da diversificação no valor das empresas

enquanto que Demarzo e Duffie (1995) analisaram os incentivos corporativos para o hedge e

a sua contabilização. Martits (1998) desenvolve uma pesquisa sobre o uso de derivativos

agrícolas no Brasil: os fatores que determinam o sucesso ou fracasso dos contratos negociados

na BM&F.

Alkeback e Hagelin (1999) realizam uma pesquisa sobre a utilização de derivativos em

empresas não financeiras na Suécia, replicando a pesquisa de Bodnar (1995), comparando

com as pesquisas realizadas até então nos outros países; no mesmo ano, Bodnar et al (1999)

realizam pesquisa sobre a diversificação corporativa analisando o impacto da diversificação

geográfica e industrial no valor da corporação. Carvalho (1999) desenvolve estudo sobre

evidenciação de derivativos nas notas explicativas das demonstrações contábeis das empresas

brasileiras.

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Brown (2000) desenvolve um estudo sobre a gestão de risco cambial com a utilização

de derivativos realizados pela indústria HDG, um fabricante norte-americano de

equipamentos duráveis; o estudo evidenciou que vários fatores determinam o porquê e como o

risco cambial é gerenciado; o autor descreveu detalhadamente os mecanismos de gestão de

risco que podem aumentar o valor da empresa.

Guay e Kothari (2001) desenvolvem um estudo onde analisam a hipótese de que os

derivativos financeiros são um componente importante em termos econômicos para a gestão

do risco corporativo; segundo os autores do estudo os resultados sugerem que a magnitude

das posições tomadas quanto à utilização de derivativos para a gestão de risco pela maioria

das empresas é economicamente pequena em relação as suas aos riscos.

Allayannis e Weston (2001) desenvolvem um estudo sobre a utilização de derivativos

de moedas estrangeiras (FCDs) e o valor de mercado da empresa; pesquisam uma amostra de

720 grandes empresas não financeiras americanas entre os anos de 1990 e 1995; utilizando o

Q de Tobin para aproximar o valor de mercado da empresa, encontraram evidências de que o

uso dos FCDs está positivamente associado ao valor de mercado da firma; além disso, os

autores realizaram testes para verificar se o hedge causava aumento no valor das empresas e

encontraram evidência de que firmas que começam a utilizar políticas de hedge apresentam

um aumento no valor da firma acima do valor das que optam por permanecer sem hedgear;

seus riscos e que as firmas ao pararem de utilizar apresentaram redução em seu valor, ou seja,

evidenciam a existência de um prêmio de hedge.

Allayannis et al (2003) avançaram o período de análise da pesquisa realizada em 2001,

indo de 1990 a 1999, analisando nesta pesquisa o efeito da governança corporativa na gestão

do risco e chegando a conclusão de que a governança desempenha um importante papel nas

estratégias de gerenciamento de risco adotados pelas firmas, ficando evidente que empresas

com governança corporativa interna fraca não se envolvem em atividades de gestão de risco,

ou seja, aumentou a evidência da existência do prêmio pelo hedge.

Hagelin et al (2004) e Hagelin e Framborg (2004) aprofundaram os estudos quanto ao

prêmio pelo hedge onde estudaram a gestão de opções de ações e como os gestores que

possuem opções de ações da empresa tomam decisões quanto ao gerenciamento de risco e

concluiu-se que independente da motivação o hedge traz benefícios para os acionistas.

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Lokman (2004) realiza estudo para verificar se o hedge afeta o valor da empresa; para

isso analisou empresas produtoras de petróleo e gás nos USA sendo seguido pelo trabalho na

industria de petróleo e gás no Canadá de Carter et al (2005) e pela pesquisa de Dan et al

(2005) que estudou a industria aérea norte-americana.

Há uma relação implícita entre as pesquisas sobre a gestão de riscos em empresas não

financeiras que estudam em sua maioria o uso de derivativos por se tratarem de um típico

instrumento de hedge; nesta linha conforme Kimura e Pereira (2003) estão os trabalhos

desenvolvidos por Nance et al (1993), Dolde (1993), Mian (1996) e Geczy et al (1997).

O mercado de derivativos é a ferramenta para executar a mitigação de risco por meio da transferência do risco do mercado entre os diversos agentes que interagem. A diversidade de interesses possibilita que os derivativos atendam aos diferentes objetivos, trazendo proteção para alguns e perspectivas de lucro para outros. (MENDONÇA, 2005, P. 22).

Certamente um dos marcos na literatura sobre uso de derivativos nas empresas,

conforme salientado por Saito (2005), se deve a Bodnar et al (1995).

A pesquisa Bodnar et al (1995) foi a primeira de uma série que ficou conhecida como

Wharton Derivatives Survey ou Wharton Survey, essas foram realizadas nos USA em 1994,

1995 e em 1998; Na Alemanha em 1998; na Holanda em 1998; no Reino Unido em 2002; na

Suécia em 2001 e em 2003; na Coréia em 2001; em Cingapura no ano de 2001; em Hong

Kong no ano de 2001.

Lopes et al (2003) discute a metodologia proposta por Shimpi para a gestão do risco

baseada nos custos de transação e demais fricções existentes nos mercados demonstrando que

a gestão de risco é um instrumento para a redução dos custos de transação e, como tal, pode

ser substituída, ou melhorada, por práticas não convencionais.

Martinho (2005) realiza um estudo de caso de uma empresa do setor automotivo sobre

a gestão do risco cambial via instrumentos de derivativos. Mendonça (2005) estuda a decisão

de realizar ou não hedge no ambiente corporativo concluindo que essa decisão depende de

como a empresa observa o universo, pelas lentes de sua expectativa de cenários econômicos

futuros e aversão ao risco. Na sequência Mendonça (2006) o efeito da utilização do hedge no

valor das empresas apresentando para isso uma justificativa à necessidade de hedge para as

empresas e o desenvolvimento detalhado do processo de decisão de fazer ou não hedge.

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Posteriormente Saito (2005) replicou a Wharton Survey no Brasil em empresas não

financeiras com ações listadas na BOVESPA, mais algumas empresas S/A ou fechadas que

obedeceram ao critério de seleção (tamanho). Essa pesquisa foi transformada nos artigos Saito

e Schiozer (2004), Saito e Schiozer (2005).

Em relação ao risco da atividade agroindustrial Bignotto et al (2004) destaca que

enquanto as empresas financeiras foram estimuladas em utilizar instrumentos mais apurados

para a quantificação e a gestão de risco; nas empresas não financeiras, como é o caso das

cooperativas agropecuárias, não houve até o momento estímulo.

O estímulo para as empresas financeiras deveu-se parte à imposição dos órgãos legais

e parte pelos prejuízos sofridos por algumas instituições na década de 90, como a

Metallgesellschaft que amargou um prejuízo de 1,5 bilhões de dólares, o Banco Baring que

veio a falir com um prejuízo de 850 milhões de libras, Orange County com um prejuízo de 1,7

bilhões de dólares entre outros, devido à má gestão dos derivativos assim como, pela

consequente especulação, conforme destacou Chancellor (2001, p. 294).

Kimura (1998) destacou que as empresas agropecuárias e agroindustriais por

apresentarem características particulares precisam de formas específicas de gerenciamento de

risco, que permitam a adequada análise dos fatores relevantes e a correta identificação de

estratégias para a obtenção dos objetivos empresariais.

Os administradores das empresas brasileiras não financeiras são continuamente bombardeados por novas informações que afetam a forma com que os negócios são organizados, as commodities que são produzidas, os processos de produção, as fontes de financiamento e os canais de distribuição dos produtos. KAY e EDWARDS (1994 apud KIMURA, 1998).

Destaca-se que a cada nova informação, novas decisões deverão ser tomadas pelos

gestores no sentido de manutenção da estratégia ou definição de novas linhas de ação.

O mundo nunca foi exato; o desconhecido, o inesperado e o inimaginável sempre foram parte central do drama humano. Apesar disso, dois temas surgidos nas décadas de 80 e 90 abriram caminho para o elevado grau de incerteza com que convivemos hoje os imperativos da mudança e da concorrência. KELLY (2006, p. 4).

A disposição consciente de mudar é o requisito fundamental para o sucesso das

mudanças, assim como, a existência de uma liderança representativa e devidamente

preparada, ciente da importância da utilização dos instrumentos de gestão e a integração

destes para a busca constante de melhores resultados para a organização. Segundo Holan

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(2006) “empresas que enfrentam situações novas só terão chance de sucesso se descartar, ou

esquecerem, conhecimentos e práticas do passado”.

Basicamente, as investigações empíricas sobre gestão de riscos em empresas não financeiras, estão associadas à utilização de derivativos, haja vista, serem instrumentos típicos para identificar e controlar a exposição ao risco das empresas. GIMENES et al (2008).

Os trabalhos pesquisados sobre gestão de risco em empresas não financeira estão

associados à utilização de derivativos conforme Gimenes et al (2008) e nesta pesquisa

estaremos verificando se os gestores financeiros das sociedades cooperativas utilizam-se

destes instrumento para administrarem o risco comparando o resultado com as demais

pesquisas realizadas no Brasil e no mundo.

A decisão de utilização ou não de derivativos na atividade agropecuárias foi alvo de

diversos estudos que buscaram através de modelos de regressão (logit, probit, tobit e Poisson)

identificar características específicas que influenciam os produtores rurais na utilização de

derivativos entres estes estudos Ueckermann et al (2008) destacou os apresentados no Quadro

3.

Conforme Gujarati (2000) e Pindyck e Rubinfeld (2004) o modelo logit é um modelo

de regressão para variáveis dependentes distinguindo-se da linear por ter como resposta uma

variável categórica (qualitativas) e utilizar a função de ligação logit, ou seja, a função

logística acumulada; o modelo probit, também conhecido como normit, utiliza a função de

distribuição acumulada da normal; o modelo tobit é uma extensão do modelo probit

desenvolvido por James Tobin, Nobel de economia; já o modelo de Poisson é uma forma de

análise de regressão utilizada para modelar contagem de dados e tabelas contingência.

O Quadro 3 apresenta alguns estudos sobre utilização de derivativos na atividade

agrícola onde, conforme destacado por Ueckermann et al (2008), através do levantamento de

dados quanto a preferência dos produtores rurais analisaram as características que podem ser

responsáveis pela decisão de utilizar derivativos e observaram que a preferência dos

produtores é uma função de suas especificidades socioeconômico.

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Quadro 3 – Estudos Internacionais sobre o comportamento do agricultor na adoção de derivativos

Discrete Choice Model Study

Logit model

Asplund et al. (1989) Edelman et al. (1990) Schnitkey et al. (1992) McLeay & Zwart (1998) Mishra & Perry (1999)

Multinominial logit model Sartwelle et al. (2000)

Tobit model Shapiro & Brorsen (1988) Musser et al. (1996)

Probit & Tobit models Goodwin & Schroeder (1994) Tobit , Poisson & multinominial logit models Katchova & Miranda (2004)

Fonte: Ueckermann et al (2008, p. 224)

Conforme salientado por Ueckermann et al (2008) a maioria dos estudos relativos ao

comportamento do agricultor na adoção de derivativos estabeleceram que a idade, como

proxy para a experiência, tem uma associação insignificante negativa para a decisão de

utilização de hedge enquanto que a educação, incluindo a formação em mercado de

derivativos, tem uma associação positiva para a adoção de hedge; na pesquisa realizada pelos

autores foram empregados modelos logit binários a partir da pesquisa com produtores de

grãos da África do Sul realizada em 2006 e os resultados da pesquisa revelaram que os

indicadores mais fortes que influenciam a probabilidade de adotar contratos de derivativos são

a necessidade dos produtores de grãos de previsões sobre os preços diários e as tendências, a

mercadoria subjacente, o tamanho da fazenda e as características geográficas.

De forma geral as pesquisas citadas por Ueckermann et al (2008) e inclusive a

elaborada pelos autores concluíram que:

� Características geográficas como variáveis climáticas, padrões de produtividade e expectativa de rendimentos não influenciam na decisão de hedge;

� tamanho das fazendas: esta característica indicou que quanto maior a propriedade e a produção maior é a propensão a utilizar derivativos;

� as diferentes percepção de risco de preços pelos produtores é o fator mais importante na decisão de utilização de derivativos. UECKERMANN et al (2008).

Neste contexto, a melhoria da disponibilidade de eficiente e confiável informação

disponibilizada aos produtores quanto às previsões em termos de preço diário afeta

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diretamente as decisões dos produtores rurais assim como informações adequadas sobre as

tendências em termos de consumo das commodities das indústrias locais e internacionais,

tornará susceptível a melhora na capacidade dos produtores de grãos de gerenciarem as

restrições de liquidez (risco de liquidez); corroborando neste sentido, Kimura (1998) destaca

que de maneira geral, as informações que mais influenciam no desempenho das empresas

agropecuárias estão relacionadas com as flutuações de preços no mercado a vista ou com as

mudanças nas expectativas de preços futuros.

Quando considerado a heterogeneidade, a pesquisa concluiu que os indicadores mais

fortes que afetam a probabilidade de utilização de derivativos têm influências diferentes para

os produtores de grãos.

A gestão de atividades agropecuárias apresenta grande complexidade devido à

sensibilidade dos produtos agropecuários a diversos fatores como clima, concorrência,

situação econômica, políticas governamentais e preferência do consumidor.

Figura 7 - Fatores que influenciam o preço

Fonte: Adaptado de Kimura (1998).

A figura 7 apresenta o desdobramento de cada um dos fatores como grau de

concorrência interna e externa e regulamentação setorial; o clima quanto à pluviosidade,

temperatura e umidade do ar; a preferência do consumidor quanto aos aspectos culturais,

sociais e econômicos; a situação econômica em termos de nível de taxas de juros, crescimento

P

R

E

Ç

O

Grau de concorrência: - Interna - Externa - Regulamentação setorial

Clima: - pluviosidade - temperatura - umidade do ar

Preferência do consumidor:

- aspectos culturais - aspectos sociais - aspectos econômicos - incentivos

Situação econômica: - nível de taxas de juros - nível geral de preços - taxas de crescimento

econômico - índices de inflação - taxas de desemprego - renda da população - taxas de câmbio

Política governamental: - programas de subsídios - incentivos fiscais - programas de preços

mínimos

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econômico, inflação, taxa de desemprego, renda, taxa de câmbio; e as políticas

governamentais quanto a programas de subsídios, incentivos fiscais e a política de preços

mínimos.

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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DA GESTÃO DE RISCOS NAS COOPERATIVAS

AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DO PARANÁ

No presente capítulo será apresentada a população, amostra, os procedimentos

técnicos para a coleta dos dados para o desenvolvimento da presente pesquisa e a análise dos

dados para responder ao problema da presente pesquisa.

A amostra estudada na presente pesquisa foi extraída do universo de 81 (oitenta e

uma) cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná que estavam cadastradas no Sistema

OCEPAR até janeiro de 2013; o questionário foi inserido no Lime Survey (software livre para

aplicação de questionários online) e enviado para todas as cooperativas cadastradas,

posteriormente ao envio foi contactado por telefone todas as cooperativas e realizadas

algumas visitas no período de abril a junho de 2013. Obteve-se na presente pesquisa a

resposta ao questionário de 47 cooperativas perfazendo um percentual de 58,02%.

4.3 ANÁLISE DOS DADOS

Pesquisas foram realizadas em diferentes países inclusive no Brasil sobre a utilização

de derivativos em empresas não financeiras enquanto que especificamente em cooperativas

agropecuárias encontramos apenas uma realizada no Brasil em 2007; a tabela 8 apresenta um

panorama das pesquisas realizadas e o percentual das que informaram utilizarem derivativos.

Tabela 8 – Comparativo da taxa de resposta dos levantamentos sobre uso de derivativos em empresas não financeiras em diversos países

País Ano Questionários

enviados Empresas

Respondentes Taxa de resposta

EUA 1994 2000 530 25,50% EUA 1995 2000 350 17,50% EUA 1998 1928 399 20,70% Alemanha 1998 368 126 34,20% Holanda 1998 167 84 50,30% Suécia 2001 250 103 41,20% Coréia 2001 387 60 15,50% Cingapura 2001 n/d 161 n/d Reino Unido 2002 401 173 43,10% Suécia 2003 261 134 51,30% Brasil/Saito e Schiozer 2004 378 50 13,20% Brasil/cooperativas 2007 80 29 36,30% Brasil/cooperativas 2013 81 47 58,02% Fonte: Dados da pesquisa de Saito e Schiozer (2005) e de Gimenes et al (2008).

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A presente pesquisa utilizou-se do questionário pré-testado e aplicado nas demais

pesquisas e para ampliar o número de respondentes obtidos na pesquisa realizada em 2007

buscou-se através da complementação por contatos telefônicos e visitas para aplicação do

questionário aonde se chegou ao percentual de respondentes de 58% do total da população de

cooperativas agropecuárias.

Tabela 9 – Percentual de respondentes usuárias de derivativos em diversos países

País Ano % de respondentes usuárias de derivativos

EUA 1994 35% EUA 1995 41% EUA 1998 50% Alemanha 1998 78% Holanda 1998 60% Suécia 2001 57% Coréia 2001 62% Cingapura 2001 78% Reino Unido 2002 67% Suécia 2003 59% Brasil/Saito e Schiozer 2004 68% Brasil/cooperativas 2007 59% Brasil/cooperativas 2013 57%

Fonte: Dados da pesquisa de Saito e Schiozer (2005) e de Gimenes et al (2008).

Quando analisado a tabela 9, embora a época das pesquisas sejam diferentes, podemos

observar que o percentual de cooperativas que utilizam instrumentos derivativos apresentou

um percentual de 57,45% abaixo do percentual apresentado na pesquisa realizada no Brasil

por Saito e Schiozer em empresas não financeiras no ano de 2004 onde 68% das empresas

informaram utilizar e próxima ao resultado apresentado por Gimenes et al em 2007 no qual

59% informaram que utilizavam derivativos.

Quando analisado as proporções de respondentes usuárias de derivativos de pesquisas

realizadas em diversos países e listadas na tabela 9, encontramos uma média de 59,55%%, ou

seja, um pouco acima do valor apurado para as cooperativas agropecuárias (57%), objeto

desta pesquisa, e esta proporção permaneceu próxima ao resultado encontrado na pesquisa

realizada em 2007 onde 59% das cooperativas agropecuárias informaram utilizar derivativos

financeiros, este percentual é maior do que o encontrado para as empresas respondentes

americanas.

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O percentual de cooperativas que utilizam derivativos é inferior ao encontrado em

Saito e Schiozer (2005) e superior ao encontrado em pesquisas realizadas nos EUA e ainda

segundo os autores, este fato deve-se a maior volatilidade das taxas de juros e de câmbio no

Brasil, além do fato das empresas americanas terem acesso a um mercado de capitais mais

robustos do que o externo o que implica uma menor necessidade de hedge cambial por parte

destas empresas.

Bodnar e Gebhard (1998) ao realizarem um estudo comparativo entre os EUA e a

Alemanha destacaram que a menor utilização de derivativos nos EUA deve-se ao fato de que

as empresas americanas possuem acesso a um mercado doméstico maior diferentemente do

mercado europeu e asiático e com isso as empresas americanas demandam um volume menor

de hedge cambial o que justifica o percentual maior encontrado no Brasil tanto na pesquisa

realizada em empresas não financeiras por Saito e Schiozer (2005) quanto nesta pesquisa.

Conforme podemos observar no gráfico 1 onde 34,05% dos gestores financeiros das

cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná informaram que às vezes, utilizam

derivativos para o gerenciamento dos riscos enquanto que 23,40% informaram que sempre

utilizam; já 42,55% informaram que nunca utilizaram derivativos o que demonstra o quanto

as cooperativas agropecuárias precisam aprimorar seu gerenciamento de risco.

Gráfico 1 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam derivativos financeiros

A tabela 10 apresenta a proporção de cooperativas agropecuárias que declararam ter

aumentado, diminuído ou mantido constante o uso de derivativos de um ano em relação ao

ano anterior com base no valor total dos contratos de derivativos; podemos constatar que

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55,56% das cooperativas agropecuárias aumentaram a utilização de derivativos, 37,04%

mantiveram constante e apenas 7,41% diminuíram o uso de derivativos no ano de 2011 em

relação ao ano de 2010; comparando 2012 em relação a 2011 70,37% informaram que

aumentaram a utilização e 25,26% informaram que mantiveram constante enquanto que

apenas uma cooperativa informou que diminuiu o uso de derivativos.

Tabela 10 - Variação na intensidade de uso de derivativos: 2012/2011 e 2011/2010

Quanto ao uso de derivativos

2011 em relação a 2010 2012 em relação a 2011

Aumentou 55,56% 70,37% Diminuiu 7,41% 3,70% Permaneceu constante 37,04% 25,26%

Os resultados apresentados na tabela 11 evidenciam que os gestores financeiros das

cooperativas agropecuárias da amostra estudada, gerenciam com derivativos a exposição

cambial, seguida pela de commodities, de taxa de juros e de patrimônio não seguindo a mesma

ordem das demais pesquisas realizadas em empresas não financeiras pela própria natureza da

atividade das cooperativas agropecuárias.

Tabelas 11 – Cooperativas agropecuárias usuárias de derivativos, por classe de risco e produtos/mercados utilizados

Classe de risco gerenciada com derivativos Câmbio Juros Commodities Patrimônio

Cooperativas usuárias de derivativos (% do total)

25 92,59%

22 81,48%

24 88,89%

4 14,81

Usam exclusivamente produtos da BM&F

3 12,00%

2 9,09%

4 16,67%

0

Usam só mercado de balcão (excluindo BM&F)

14 56,00%

11 50,00%

5 20,83%

4 100%

Usam BM&F e outros mercados

8 32,00%

9 40,91%

15 62,50%

0

A diferença na ordem das classes de risco pode ser explicada em parte pela própria

natureza da atividade das cooperativas agropecuárias comparando as empresas das demais

pesquisas realizadas; quanto a taxa básica de juros, a SELIC, teve uma redução no período de

2011 para 2012, pois iniciou 2011 a 10,75% e fechou em dezembro de 2012 a 7,25%

acarretando também a queda dos juros reais que passaram de 4,84% para 1,41% no mesmo

período; já o câmbio teve uma variação de 13,63% no ano de 2011 e de 9,39% no ano de

2012.

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A tabela 11 mostra que, dentre todas as cooperativas agropecuárias que utilizam

derivativos financeiros no gerenciamento do risco, 92,59% usam derivativos de câmbio,

88,89% de commodities, e 81,48% usam derivativos de taxa de juros 14,81% de patrimônio.

A tabela 11 ainda mostra que, para gerenciar riscos relativos à exposição Cambial 56%

utilizam somente o mercado de balcão, 32% utilizam a BM&FBOVESPA e outros mercados

sendo que apenas 12% usam somente a BM&FBOVESPA; quando analisado o

gerenciamento da exposição das taxas de juros 50% utilizam somente o mercado de balcão,

40,91% usam a BM&F e outros mercados enquanto que 9,09% usam somente a

BM&FBOVESPA; em se tratando da exposição a commodities 62,50% utilizam

BM&FBOVESPA e outros mercados, 20,83% usam somente o mercado de balcão a enquanto

que 16,67% usam somente a BM&FBOVESPA.

Conforme salientado por Saito e Schiozer (2005) um fator que possivelmente contribui

para que as empresas utilizem pouco os contratos futuros de câmbio e taxa de juros é a

incidência de tributos sobre os ajustes diários desses contratos; ainda segundo os autores

quanto maior a volatilidade, e maior o prazo de vencimento do contrato, maior a incidência

desses tributos, tornando menos viável à utilização desse tipo de instrumento.

A tabela 12 apresenta a proporção dos gestores financeiros das cooperativas

agropecuárias que responderam quanto ao grau de preocupação quanto ao uso de derivativos a

determinados fatores descritos no questionário permitindo quatro tipos de resposta, quais

sejam, muito alto, alto, moderado, baixo e nenhuma preocupação.

Tabela 12: Grau de preocupação dos gestores financeiros quanto à utilização de derivativos

Nenhum Baixo Moderado Alto Tratamento contábil 7,41% 22,22% 33,33% 37,04% Risco de crédito 14,81% 25,93% 37,04% 22,22% Risco de mercado 3,70% 29,63% 33,33% 33,33% Monitoramento e avaliação dos resultados do hedge

3,70% 25,93% 22,22% 37,04%

Reação dos cooperados 14,81% 29,63% 25,93% 29,63% Exigências legais (CVM, Bacen, Receita etc.)

11,11% 40,74% 22,22% 25,93%

Liquidez no mercado secundário 0,00% 44,44% 40,74% 14,81% Tratamento tributário (PIS, COFINS, etc.)

7,41% 14,81% 33,33% 44,44%

Exigências operacionais para produtos BM&F (margem, ajustes diários, etc.)

18,52% 22,22% 48,15% 11,11%

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83

Conforme apresentado na tabela 12 percebe-se quanto aos aspectos de maior

preocupação os gestores financeiros das cooperativas agropecuárias usuários de derivativos a

proporção dos que se mostraram moderadamente preocupados ou muito preocupados

destacou-se em primeiro lugar o tratamento tributário com 77,77%, em segundo o tratamento

contábil com 70,37% e em terceiro o risco de mercado com 66,66%; esse resultado veio ao

encontro dos resultados obtidos em pesquisas realizadas anteriormente no Brasil o que

evidencia a contínua preocupação dos gestores quanto aos aspectos institucionais (tributário e

contábil) do que com os aspectos econômico-financeiros (risco de crédito e de mercado).

Quando questionados sobre a utilização do VaR podemos evidenciar que o

instrumento ainda é muito pouco utilizado pois 85,19% dos gestores financeiros informaram

que a cooperativa não utiliza VAR para nenhuma carteira enquanto que 11,11% informaram

que o VaR é calculado para carteiras específicas de forma individual e apenas 3,70%

informaram que o VaR é calculado de forma global, ou seja, que inclui todas as carteiras da

cooperativa conforme podemos observar no gráfico 2.

Gráfico 2 – Utilização do VaR pelas cooperativas agropecuárias

Conforme Jorion (2003) o Var está se firmando em empresas não financeiras embora

de forma mais lenta que nas instituições financeiras; há necessidade de uma adaptação na

metodologia do VaR para contemplar os fluxos operacionais já que estas tem como objetivo a

otimização do seu fluxo de caixa e a criação de valor ou seja, nas empresas não financeiras o

foco esta no fluxo de caixa ao invés do valor de mercado dos ativos e dos passivos e o

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problema, segundo Soutelinho (2009, p. 15), é que as relações entre os fluxos de caixa e as

variáveis do mercado financeiro podem ser de avaliação mais difícil o que pode justificar em

partes a pouca utilização deste poderoso instrumento de avaliação de risco nas cooperativas

agropecuárias pesquisadas.

Gráfico 3 - Faixa correspondente à percentagem das receitas em moeda estrangeira em 2012.

Para verificação quanto à exposição cambial a presente pesquisa procurou identificar

através de questões específicas quanto às receitas e os custos das cooperativas agropecuárias

do Estado do Paraná pesquisadas, eram em moedas estrangeiras no ano de 2012; como

podemos verificar pelo gráfico 3 que 10,64% informaram que 10% ou menos de suas receitas

eram em moedas estrangeiras, 17,02% informaram suas receitas em moedas estrangeiras

ficavam na faixa de 11 a 20%, 23,40% dos gestores financeiros informaram que as receitas

em moedas estrangeiras ficava na faixa de 21 a 30%, 17,2% informaram que as receitas em

moedas estrangeiras ficava na faixa de 31 a 40%, 12, 77% informaram que ficava na faixa de

41 a 50% enquanto que 14,89% informaram que as receitas da cooperativa agropecuária em

moeda estrangeira ficava na faixa de 51 a 60% e apenas 4,26% informaram que ficava na

faixa de 61 a 70%.

Em termos de custos podemos verificar através do gráfico 4 que 36,17% informaram

que os custos ficam na faixa de 21 a 30%, já 29,79% dos gestores financeiros informaram que

seus custos em moedas estrangeiras ficam na faixa de 11 a 20% enquanto que 17,02%

informaram que menos de 10% de seus custos são em moedas estrangeiras e nas faixas de 41

a 50% e de 50 a 51% apenas 8,52% das cooperativas agropecuárias pesquisadas.

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Gráfico 4 - Faixa correspondente à percentagem dos custos em moeda estrangeira em 2012.

O volume de receitas e de custos evidencia a exposição cambial na qual as

cooperativas agropecuárias do Estado do Paraná estão expostas e a necessidade de utilização

de instrumentos financeiros para hedgear este risco.

A presente pesquisa verificou, conforme gráfico 5, que das 25 cooperativas que

utilizam derivativos de câmbio 84% dos gestores financeiros indicaram o dólar como sendo a

moeda na qual utilizam derivativos enquanto que 20% indicaram o euro e 36% indicaram

outras moedas.

Gráfico 5 - Moeda na qual a cooperativa utiliza derivativos de câmbio

A presente pesquisa procurou verificar qual o benchmark é utilizado pelas

cooperativas agropecuárias para avaliar o gerenciamento do risco de câmbio para o período no

orçamento/planejamento e, conforme gráfico 6, e constatou que apenas 8% não utilizam

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nenhum benchmark enquanto que 36% utilizam previsão de analistas de mercado, 28%

utilizam preços futuros disponíveis no início do período, 16% utilizam taxa à vista no começo

do período e 12% dos gestores financeiros das cooperativas agropecuárias que utilizam

derivativos informaram que utilizam a razão ótima de hedging, independente do benchmark.

Gráfico 6 - Benchmark utilizado para avaliar o gerenciamento do risco de câmbio

Quando analisado a frequência com que as 25 cooperativas agropecuárias que

utilizaram derivativos para gestão do risco cambial constatamos, conforme tabela 13, que

36% utilizam com frequência derivativos de câmbio para receitas e despesas operacionais

enquanto que 28% informaram que às vezes utilizam e 24% dos gestores financeiros

informaram que nunca utilizam. Derivativos de câmbio para novos investimentos e/ou

ampliação do ativo é utilizado com frequência por 20% dos gestores financeiros das

cooperativas agropecuárias enquanto que 8% informaram que às vezes utilizam e 32%

informaram que nunca utilizam.

Tabela 13 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias operam nos mercados de derivativos de câmbio

Derivativos de câmbio para: não se aplica nunca às vezes Com freqüência

Receitas e despesas operacionais

3 12%

6 24%

7 28%

9 36%

Novos investimentos e/ou ampliação do ativo

10 40%

8 32%

2 8%

5 20%

Financiamento de passivo já existente

4 16%

8 32%

7 28%

6 24%

Repatriações e/ou demonstrações contábeis

15 60%

9 36%

1 4%

0

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A utilização de derivativos de câmbio para financiamento de passivo já existente é

utilizado com frequência por 24% dos gestores financeiros enquanto que é utilizado às vezes

por 28% dos gestores e 32% informaram que nunca utilizam os derivativos de câmbio para

esta finalidade. Quanto à utilização de derivativos de câmbio para repatriações e/ou

demonstrações contábeis apenas 4% informou que utilizado e a maioria informou que não

utiliza ou não se aplica.

Tabela 14 - Percentagem que é hedgeada pelas cooperativas agropecuárias que operam nos mercados de derivativos de câmbio

Percentagem Receitas e despesas

operacionais

Novos investimentos e/ou ampliação do ativo

Financiamento de passivo já

existente

Repatriações e/ou

demonstrações contábeis

Até 25% 3 18,75%

2 26,57%

4 30,77%

-

26% a 50% 7 43,75%

4 57,14%

6 46,15%

1 100%

51% a 75% 5 31,25%

1 14,29%

3 23,08%

-

76% a 100% 1 6,25%

- - -

A tabela 14 apresenta que 43,75% dos gestores financeiros das cooperativas

agropecuárias hedgeam de 26% a 50% das receitas e despesas operacionais no mercado de

derivativo de câmbio enquanto que 31,25% informaram que hedgeam de 51% a 75% e 18,75

informaram que hedgeam até 25% enquanto que apenas 6,25% informaram que hedgeam

mais de 76%.

Os novos investimentos e/ou ampliação do ativo, demonstrado na tabela 14, são

hedgeados em um percentual entre 26% a 50% por 57,14% dos gestores financeiros das

cooperativas que utilizam derivativos de câmbio para este tipo de exposição enquanto que

26,57% informaram que hedgeam até 25%.

A exposição em financiamento de passivo já existente é hedgeado na faixa de 26% a

50% por 46,15% dos gestores financeiros enquanto que na faixa de até 25% da exposição é

hedgeada por 30,77% e na faixa de 51% a 75% outros 23,08% informaram que realizam

hedge no mercado de derivativos de câmbio para esta exposição; já o hedge para repatriações

e/ou demonstrações contábeis apenas um gestor financeiro informou utilizar e proteja na faixa

de 25% a 50% desta exposição.

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Tabela 15 - Horizonte de hedge no mercado de câmbio de acordo com a exposição

Horizonte de hedge

Receitas e despesas

operacionais

Novos investimentos

e/ou ampliação do ativo

Financiamento de passivo já

existente

Repatriações e/ou

demonstrações contábeis

Mais curto que a exposição

6 37,50%

3 42,86%

5 38,46%

-

O mesmo que a exposição

9 56,25%

4 57,14%

8 61,54%

1 100%

Mais longo que a exposição

1 6,25%

- - -

Hedge até o final do período de orçamento

- - - -

Quanto ao horizonte de hedge no mercado de câmbio 56,25% dos gestores financeiros

informaram que o horizonte do hedge é o mesmo que a exposição enquanto que 37,50%

informaram que o horizonte é ais curto que a exposição e apenas um informou que o

horizonte é mais longo do que a referida exposição; já o horizonte de hedge para os novos

investimentos e/ou ampliações 57,14% dos gestores informaram que é o mesmo que a

exposição enquanto que 42,86% informaram que o horizonte é mais curto que a exposição.

A maioria dos gestores financeiros que utilizam o mercado de derivativos cambiais

para hedgear o financiamento de passivo já existente, ou seja, 61,54% conforme tabela 15,

informaram que o horizonte do hedge é o mesmo que a exposição e 38,46% informaram que o

horizonte do hedge é mais curto que a exposição.

Tabela 16 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam previsões (própria ou de terceiros) sobre o mercado de câmbio

Utilizam previsões para: nunca às vezes frequentemente

alterar prazos dos hedges cambiais 5

20% 14

56% 6

24%

alterar valor dos hedges cambiais 3

12% 12

48% 10

40% obter ganhos com especulação em derivativos de câmbio

19 76%

6 24%

-

Quanto à frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam previsões

(própria ou de terceiros) sobre o mercado de câmbio 56% informaram, conforme tabela 16,

que usam estas informações as vezes para alterar prazos dos hedges cambiais enquanto que

24% informaram que frequentemente utilizam para esta mesma finalidade; as previsões são

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utilizadas por 88% dos gestores financeiros para alterar o valor dos hedges cambiais. A

utilização para obter ganhos com especulação em derivativos de câmbio é realizada as vezes

por 24% das cooperativas enquanto que 76% dos gestores financeiros informaram que nunca

utilizaram este instrumento para especulação.

Tabela 17 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias operam nos mercados de derivativos de taxas de juros

Derivativos de taxas de juros para:

não se aplica

nunca às vezes Com freqüência

Mudar de taxa fixa para flutuante 3

13,64% 10

45,45% 8

36,36% 1

4,55%

Mudar de taxa flutuante para fixa 2

9,09% 7

31,88% 11

50% 4

18,18% Reduzir os custos, baseado em previsão de mercado

2 9,09%

8 36,36%

9 40,91%

3 13,64%

Os 22 gestores financeiros das cooperativas agropecuárias pesquisadas que

informaram utilizar derivativos financeiros para gerenciar a exposição à taxa de juros

informaram, conforme tabela 17, que a prática que melhor descreve os benchmarks utilizados

é um índice ou cesta de índice de taxas de juros (DI, SELIC, TJLP, etc.), em segundo lugar

utilizam o custo de financiamento da empresa e em terceiro lugar informaram utilizar um

índice ou cesta de índice de inflação; já 22,73% dos gestores informaram que a cooperativa

não utiliza nenhum benchmark para o gerenciamento do passivo.

Tabela 18 - Frequência com que as cooperativas agropecuárias utilizam previsões (própria ou de terceiros) sobre o mercado de taxas de juros

Utilizam previsões para: nunca às vezes frequentemente

alterar prazos dos hedges 4

18,18% 11

50% 7

31,82%

alterar valor dos hedges 2

9,09% 12

54,55% 8

36,36% obter ganhos com especulação em derivativos de juros

20 90,91%

2 9,09%

-

A tabela 18 apresenta a frequência informada pelos gestores financeiros com que as

cooperativas agropecuárias utilizam previsões (própria ou de terceiros) sobre o mercado de

taxas de juros; para 81,82% dos gestores financeiros a utilização das previsões é para alterar

os prazos do hedges e para 90,91% estas previsões são utilizadas para alterar o valor dos

hedges; a especulação no mercado de derivativos de taxas de juros nunca foi utilizado por

90,91% dos gestores e apenas dois informaram que as vezes utilizam para especulação.

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Tabela 19 - Tipos de opções utilizadas pelas cooperativas agropecuárias no ano de 2012.

Tipos de exposição Câmbio Juros Commodities

Opções do tipo europeia 5

50% 1

16,67% 7

53,85%

Opções do tipo americana 2

20% 1

16,67% 3

23,08% Opções de preço (ou taxa) médio - - - Opções com base em 2 ou mais preços

- - -

Opções com prêmio condicional - - -

Combinação de opções 3

30% 3

50% 2

15,38%

Outro tipo - 1

16,67% 1

7,69%

Conforme questionamentos realizados podemos verificar, conforme tabela 19, que

40% dos gestores financeiros das cooperativas agropecuária que informaram utilizar

derivativos para gestão da exposição cambial utilizam opções e 27,27% dos gestores

financeiros que informaram utilizar derivativos para gestão da exposição de taxas de juros

utilizam opções

e 54,17% dos gestores financeiros que informaram utilizar derivativos para gestão da

exposição em commodities utilizam opções.

Tabela 20 - Tipos de swap utilizados pelas cooperativas agropecuárias no ano de 2012.

(paga x recebe) Produtos BM&FBOVESPA

Contratos privados (mercado de balcão)

Taxa de Juros fixa x flutuante - 1 Taxa de Juros flutuante x fixa - 2 Câmbio x Juros 4 6 Juros x Câmbio 3 5 Outros 1 2

Os gestores financeiros das cooperativas agropecuárias foram questionados quanto ao

tipo de swap utilizados no ano de 2012 e 4 informaram que utilizaram swap de câmbio x juros

e 3 informaram que utilizaram swap de juros x câmbio através de produtos BM&FBOVESPA

enquanto que 6 informaram que utilizaram o swap de câmbio x juros e 5 utilizaram swap de

juros x câmbio através de contratos privados (mercado de balcão); apenas 1 gestor financeiro

informou ter utilizado swap de juros fixo x flutuante enquanto que 2 informaram que

utilizaram swap de taxa de juros flutuante x fixa; podemos verificar que os swaps são muito

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pouco utilizados pelos gestores financeiros das cooperativas agropecuárias para o

gerenciamento do risco de juros e de câmbio.

Quanto aos instrumentos de controle do uso de derivativos o questionário aplicado

procurou verificar com os gestores financeiros se as cooperativas possuíam políticas explícitas

e documentadas sobre a utilização de derivativos e foi constatado que apenas 29,63%

possuíam enquanto que a maioria, ou seja, 70,37% não possuíam.

Quanto à frequência com que as atividades com derivativos são relatados a diretoria a

maioria dos gestores financeiros, 66,67%, informaram que não há programação/conforme o

necessário e 25,93 dos gestores confirmaram que informam mensalmente a diretoria e apenas

7,41% informaram que informam trimestralmente a diretoria.

Tabela 21 – Frequência com que as cooperativas agropecuárias avaliam seu portfólio de derivativos

Frequência de avaliação do portfólio de derivativos

Classe de risco gerenciada com derivativos Câmbio Juros Commodities Patrimônio

Diariamente 11

44% 10

45,45% 17

70,83% -

Semanalmente 8

32% 7

31,82% 5

20,83% 1

25%

Mensalmente - 3

13,64% - 1

25% Trimestralmente - - - - Anualmente - - - -

Conforme necessário 6

24% 5

22,73% 2

8,33% 2

50%

Quanto à frequência com que os gestores financeiros avaliam o portfólio de

derivativos de câmbio podemos verificar, conforme tabela 21, que 44% dos que usam este

tipo de instrumento informaram que avaliam diariamente enquanto que 32% avaliam

semanalmente e 24% avaliam conforme o necessário; já em relação ao portfólio de

derivativos de taxas de juros 45,45% dos gestores financeiros informaram que avaliam

diariamente, 31,82% informaram que avaliam semanalmente, 13,64% informaram que

avaliam mensalmente e 22,73% informaram que avaliam conforme o necessário; em termos

do portfólio de commodities 70,83% dos gestores informaram que avaliam diariamente,

20,83% informaram que avaliam semanalmente e 8,33% informaram que avaliam conforme o

necessário; já os que avaliam o patrimônio informaram que fazem isso conforme o necessário.

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Os gestores financeiros das cooperativas agropecuárias informaram como o

gerenciamento de risco é avaliado em termos de lucro/perda absoluta em 37,04% das

cooperativas, avaliado em termos de aumento dos lucros (redução dos custos) comparado a

um benchmark em 25,93% das cooperativas, avaliado pelo desempenho ajustado ao risco em

22,22% das cooperativas e o gerenciamento de risco é avaliado pela redução da volatilidade

comparada a um benchmark em 14,81% das cooperativas agropecuárias que utilizam

derivativos.

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CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cooperativas agropecuárias se destacam no cenário agronegócio estando presentes

em todos os elos da cadeia produtiva promovendo melhorias em níveis mercadológicos,

técnicos e de gestão aos seus cooperados, possibilitando a agregação de valor à produção

agrícola ao mesmo tempo em que aumenta o poder de barganha dos produtores devido à

escala de produção, além de possibilitar a ampliação dos mercados e consequentemente a

capitalização dos produtores gerando com isso melhoria econômica e social dos cooperados,

função social definida e exigida pela lei do cooperativismo no Brasil, fazendo destas

organizações promotoras efetivas do desenvolvimento no meio rural.

Os resultados obtidos pelo Estado do Paraná no agronegócio deve-se a força das

cooperativas agropecuárias e estas se sobressaem no cenário nacional onde 15 destacam-se,

conforme ranking Valor 1000, entre as mil maiores empresas do Brasil e neste sentido, a

realização de diferentes pesquisas na área de gestão poderão contribuir ainda mais para a

continuidade do sucesso destas organizações.

A gestão de risco em cooperativas agropecuárias assim como nas demais empresas

devem ser utilizadas de forma a garantir um melhor resultado econômico-financeiro

maximizando o tradeoff entre o risco e o retorno. Nesse sentido a utilização de ferramentas

como os derivativos financeiros tornam-se fundamentais neste ambiente cada vez mais

dinâmico e volátil de forma que possam atender as necessidades de administração dos riscos

oriundas da atividade das cooperativas.

Na fundamentação teórica desta pesquisa diversos estudos sobre os riscos inerentes a

atividade empresarial e ao agronegócio foram evidenciados ao mesmo tempo em que se

levantaram as diferentes formas de gerenciá-los.

A presente pesquisa aclarou que os gestores financeiros das cooperativas

agropecuárias da amostra estudada gerenciam com derivativos em primeiro lugar a exposição

cambial (FX), seguida pela exposição a preços de commodities (CM), pela exposição a taxa

de juros (IR) e por ultimo a exposição de patrimônio (EQ) não seguindo a mesma ordem das

classes de risco mais comumente gerenciadas com derivativos das demais pesquisas

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realizadas em empresas não financeiras, ou seja: 1) exposição cambial (FX); 2) a taxas de

juros (IR); 3) a preços de commodities (CM); e 4) patrimonial (EQ).

Os resultados encontrados contrariam o padrão internacional citado por Saito (2005),

pois, para ele há razões econômicas para se acreditar que as exposições a câmbio e a taxas de

juros sejam as mais gerenciadas com derivativos no Brasil; a de se levar em conta a época da

realização das pesquisas assim como as especificidades de cada setor e empresas pesquisadas.

Em parte esta diferença na ordem das classes de risco pode ser explicada pela própria

natureza da atividade das cooperativas agropecuárias e os riscos inerentes a esta atividade;

quanto à taxa básica de juros, a SELIC, teve uma redução no período de 2011 para 2012, pois

iniciou 2011 a 10,75% e fechou em dezembro de 2012 a 7,25% acarretando também a queda

dos juros reais que passaram de 4,84% para 1,41% no mesmo período; já o câmbio teve uma

variação de 13,63% no ano de 2011 e de 9,39% no ano de 2012.

O entendimento das diferentes classes de risco nas quais as cooperativas agropecuárias

estão expostas por parte dos gestores não mais permitirá, sob pena de instabilidade na

organização, alegação de desconhecimento e fará com que estes gestores busquem aplicar os

instrumentos financeiros, como os derivativos, e demais metodologias adequadas para uma

gestão eficaz dos riscos de forma a aperfeiçoarem os resultados, pois, o maior risco para as

cooperativas esta justamente em não perceber e administrar os riscos inerentes ao negócio.

Apesar da volatilidade dos mercados brasileiros podemos destacar com os resultados

da pesquisa que os gestores financeiros das cooperativas agropecuárias usuários de

derivativos preocupam-se mais com os aspectos institucionais e legais (tributação e

tratamento contábil) do que com os aspectos econômico-financeiros (risco de crédito e de

mercado) fato este, que já havia sido evidenciado em pesquisa realizada por Gimenes et al

(2008) diferentemente do observado entre gestores americanos e alemães, conforme

resultados da pesquisa realizada por Bodnar e Gebhardt (1998).

O conhecimento e o gerenciamento dos riscos inerentes à atividade nas cooperativas

agropecuárias do Estado do Paraná vêm contribuir de forma afirmativa mostrando a

necessidade constante de aprimoramento na gestão destas organizações em benefício dos

cooperados, e consequentemente, para o bem de toda a sociedade.

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Os gestores financeiros das cooperativas agropecuárias utilizam os derivativos para

proteger a organização contra os riscos e a maioria absoluta destes gestores não utilizam

derivativos como apenas mais uma forma de obter resultados financeiros através da

especulação e este resultado vai ao encontro da tese defendida pela Teoria de Finanças.

Como sugestão para futuras pesquisas seria interessante estudos sobre métricas para o

gerenciamento de risco para cooperativas agropecuárias como o Value at Risk (VaR), Cash

Flow at Risk (CFaR), Earning at Risk (EaR) entre outras.

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APÊNDICE A