Politicas publicas paulo freire
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2.3
E n s i n a r e x i g e r e s p e i t o à a u t o n o m i a d o s e r d o e d u
c a d o
Outro saber necessário à prática
educativa, e que se funde na
mesma raiz que acabo de
discutir - a da inconclusão do
ser que se sabe inconcluso -, é o
que fala do respeito decido à
autonomia do ser educando.
Do educando criança, jovem ou
adulto.
Como educador, devo estar
constantemente advertido
com relação a este respeito
que implica igualmente o que
devo ter por mim mesmo.
Não faz mal repetir afirmação
varias vezes feita neste texto
- o inacabamento de que nos
tornamos conscientes nos fez
seres éticos.
R E A L I D A D E D A S A L A DE A U L A
P R O F E S S O R:
"Nas reuniões com os
coordenadores eles exigiam que a
gente tratasse os alunos como
clientes, lembrando que freguês
tem sempre razão. Um absurdo. (...)
Uma vez um aluno me disse que não
ia me obedecer porque quem
pagava a escola era ele. Fiquei
furiosa. Não sei o que será desses
alunos, com valores morais
deturpados. Eles acham que podem
tudo."
Iole Gritti de Barros, 54 anos, professora de história aposentada.
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/medo_alunos.htm
O respeito à autonomia e à
dignidade de cada um é um
imperativo ético e não um favor
que podemos ou não conceder uns
aos outros. Precisamente porque
éticos podemos desrespeitar a
rigorosidade da ética e resvalar
para a sua negação,
por isso é imprescindível
deixar claro que a
possibilidade do desvio
ético não pode receber
outra designação senão a
de transgressão.
R E A L I D A D E D A S A L A DE A U L A
P R O F E S S O R:
Portugal (2005-06-23) Professor agride aluno por não fazer os deveresUm aluno, de sete anos, da escola EB1 do Calvário, Serzedelo, foi agredido em aula, pelo professor, e teve de ser assistido no hospital de Riba de Ave. http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=486848São Bernardo SP (15-09-2009) Professor xinga alunos dentro de sala aula Os alunos da 8ª série F da EE Maria Iracema Munhoz, acusam um professor de Matemática de tê-los xingado. As ofensas foram gravadas. No áudio o professor diz que os estudantes são idiotas, covardes e mal-educados, justificando que eles são filhos de vagabundos e, por isso, lhes falta educação.http://www.dgabc.com.br/News/5766669/professor-xinga-alunos-dentro-de-sala-aula-em-sao-bernardo.aspxLea Valley In (26.05.2011) Professor chama aluno de 'traseiro de babuíno' e puxa cabelo de alunaTrevor Goode, professor de ciências chamou um aluno de "cara de traseiro de babuíno" e puxou os cabelos de uma outra aluna enquanto se referia a ela como um "cachorro". Acusado de 'conduta profissional inaceitável' evitou a suspensão e foi levado apenas a realizar um curso de controle de raiva dos membros do conselho de classe local voltados para a boa conduta acadêmica. http://odia.terra.com.br/portal/mundo/html/2011/5/professor_chama_aluno_de_traseiro_de_babuino_e_puxa_cabelo_de_aluna_167031.html
O professor que desrespeita a
curiosidade do educando, o
seu gosto estético, a sua
inquietude, a sua linguagem,
mais precisamente, a sua
sintaxe e a sua prosódia;
o professor que ironiza o
aluno, que minimiza, que
manda que "ele se ponha em
seu lugar" ao mais tênue sinal
de sua rebeldia legitima,
tanto quanto o professor que se
exige do cumprimento de seu
dever de ensinar, de estar
respeitosamente presente à
experiência formadora do
educando, transgride os
princípios fundamentalmente
éticos de nossa existência.
R E A L I D A D E D A S A L A DE A U L A
P R O F E S S O R:
"Muitos pais acreditam em tudo o que
as crianças dizem e vêm procurar os
orientadores para tirar satisfação. Isso
é ruim porque, ao menor sinal de
deslize, os alunos fazem o que querem.
Por isso temos de ser duros. Sem
respeito com os professores, é
impossível qualquer aprendizagem e a
escola perde o sentido."
Neide Maria Negrini, 49 anos, professora de português na Escola Pueri Domus, em São Paulo.
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/medo_alunos.htm
É neste sentido que o professor
autoritário, que por isso mesmo
afoga a liberdade do educando,
amesquinhando o seu direito de
estar sendo curioso e inquieto,
tanto quanto o professor
licencioso rompem com a
radicalidade do ser humano - a
de sua inconclusão assumida em
que se enraíza a eticidade.
R E A L I D A D E D A S A L A DE A U L A
A L U N O S:
04.07.2007 - A Polícia Civil de Dracena SP, no Interior, começou a investigar o caso da servente Nair Silva Alves, 67 anos, que teve dois braços quebrados e ferimentos em um dos olhos ao ser pisoteada por estudantes de 5ª a 8ª séries da escola estadual Nove de Julho
21.06.2007 - A direção da Escola Estadual Darcy Pacheco, localizada em São José do Rio Preto, a 440 km de São Paulo, decidiu não punir o aluno de 14 anos que, na tarde de terça-feira (19), queimou com um isqueiro o cabelo de uma professora. A informação é da Secretaria Estadual de Educação.
11.04.2007 - Alunos com idades entre 7 e 11 anos destruíram a Creche Municipal Maria Liberato Fraga Prates, no bairro Pontes, em São Sepé, no Rio Grande do Sul,
05.07.2007 - Professora de biologia foi colada em sua cadeira depois que alunos do 3º ano do ensino médio espalharam dois tubos de cola de secagem rápida em seu assento, dentro da sala de aula. O caso ocorreu na cidade de Macatuba, região central do Estado. Os responsáveis por espalhar a cola não foram identificados. A turma é de 35 alunoshttp://www.rainhamaria.com.br/Pagina/2543/Mais-desrespeito-na-escola
É neste sentido também que a
dialogicidade verdadeira, em
que os sujeitos dialógicos
aprendem e crescem na
diferença, sobretudo, no
respeito a ela, é a forma de
estar sendo coerentemente
exigida por seres que,
inacabados, assumindo-se como
tais, se tornam radicalmente
éticos.
R E A L I D A D E D A S A L A DE A U L A
A L U N O S:
Aluna de 12 anos denuncia: "DESRESPEITO AOS ALUNOS"
From: [email protected]
Sábado, 3 de Setembro de 2005 - 10:03:29
Nome: P... Escola: EE L... Idade: 12 Grau: Básico Serie: 6ª Estado: SP
Assunto: DESRESPEITO AOS ALUNOS
Mensagem: Deixo aqui a denúncia (...), sei que não é fácil lidar com crianças e
adolescentes, mas ocorreu comigo um fato onde o coordenador de alunos gritou
pra mim o seguinte: “se eu era idiota,surda ou besta, porque ele me chamou e
eu não escutei” - faço parte da fanfarra da escola e no momento ela estava
tocando, minha mãe reuniu os alunos que viram ele fazer isso e foi na direção
da escola, não foi tomada nenhuma providência , então a minha mãe fez a
queixa na delegacia de ensino responsável pela escola (...)
http://educaforum.blogspot.com/2005/09/aluna-de-12-anos-denuncia-desrespeito.html
É preciso deixar claro que a
transgressão da eticidade jamais
pode ser vista ou entendida
como virtude, mas como ruptura
com a decência.
O que quero dizer é o
seguinte: que alguém se
torne machista, racista,
classicista, sei lá o quê, mas
se assuma como transgressor
da natureza humana.
Não me venha com
justificativas genéticas,
sociológicas ou
históricas ou filosóficas
para explicar a
superioridade da
branquitude sobre
negritude, dos homens
sobre as mulheres, dos
patrões sobre os
empregados.
Qualquer discriminação é
imoral e lutar contar ela é um
dever por mais que se
reconheça a força dos
condicionamentos a enfrentar.
A boniteza de ser gente se
acha, entre outras coisas,
nessa possibilidade e nesse
dever de brigar.
R E A L I D A D E D A S A L A DE A U L A
A L U N O S:
SIM, EU JÁ FUI DISCRIMINADA EM SALA DE AULA. Esse ano nas aula de Biologia um professor constantemente usava o termo "Matricular o Robinho na natação" para se referir a defecar, (...) questionei se ele não pensava que tal "brincadeira" não era extremamente racista e desrespeitosa, alguns meses depois, em uma aula de matemática (...) tentei tirar uma dúvida, com o professor que olhou para o meu cabelo (dreadlocks) e me devolveu outra pergunta: “O que você fumou ?”Chegando ao fim do ano, pensei que as amostras (...) de desrespeito haviam terminado, mas (...) me enganei. Na Semana da Consciência Negra, na aula de uma disciplina chamada Atualidades, o professor iniciou o conteúdo sobre o continente Africano, citando o Tratado de Berlim e se preocupou em frisar que a África sempre foi explorada, (...) pra encerrar usou o termo "Continente Prostituta" para se referir à África. Sou uma jovem negra de 18 anos e tenho consciência de onde vieram os meus ancestrais e do que eles passaram (...) tenho noção de que estudo numa escola que tem como foco preparar os alunos para o vestibular, mas não vejo a necessidade da utilização desse tipo de termo durante as aulas e principalmente, acho que nenhum aluno vai responder a uma questão no vestibular se referindo ao continente Africano como "Prostituta".POSTADO POR NALUI ÀS 18:47 (16/12/2010) http://herstoriapreta.blogspot.com/2010/11/sim-eu-ja-fui-discriminada-em-sala-de.html
Saber que devo respeito à
autonomia e à identidade do
educando exige de mim uma
prática em tudo coerente com
este saber.
O U T R O S O L H A R E S S O B R E
O M E S M O T E M A :
A grande responsabilidade para a
construção de uma educação cidadã
está nas mãos do professor. Por mais
que o diretor ou o coordenador
pedagógico tenham boa intenção,
nenhum projeto será eficiente se não
for aceito, abraçado pelos professores
porque é com eles que os alunos têm
maior contato.
O artigo 13 da LDB dispõe sobre a
função dos professores:
Segundo a LDB o papel do professor
está muito além da transmissão de
informações. Dentro do conceito de
uma gestão democrática, ele
participa da elaboração da proposta
pedagógica do estabelecimento de
ensino, decide solidariamente com a
comunidade educativa o perfil de
aluno que se quer formar, os
objetivos a seguir, as metas a
alcançar..
O professor só conseguirá fazer com
que o aluno aprenda se ele próprio
continuar a aprender. A aprendizagem
do aluno é, indiscutivelmente,
diretamente proporcional à
capacidade de aprendizado dos
professores. Essa mudança de
paradigma faz com que o professor
não seja o repassador de
conhecimento, mas orientador, aquele
que zela pelo desenvolvimento das
habilidades de seus alunos.
A parceria escola/família,
escola/comunidade é vital para o
sucesso do educando. Sem ela a já
difícil compreensão do mundo por
parte do aluno se torna cada vez mais
complexa. Juntas, sem denegar
responsabilidades, a família, a escola,
a comunidade podem significar um
avanço efetivo nesse novo conceito
educacional: a formação do cidadão.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à Prática Educativa.São Paulo; Paz e Terra,1996.
CHALITA, Gabriel.Educação, a solução está no afeto.São Paulo;Gente, 2010.