Poesia épica no Arcadismo brasileiro - Lit. Brasileira I

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Poesia épica no Arcadismo brasileiro

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Poesia épica no Arcadismo

brasileiro

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Trabalho apresentado à Professora Cristina Botelho, responsável pela disciplina

Literatura Brasileira I, para fins de Avaliação Parcial.

Autores: Aline Alves, Amanda Siqueira, Djaneide Jokasta, Ígaro

Cardoso, Marília Meireles e Pâmella Pinto.

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Poesia épica no Arcadismo brasileiro

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Autores

José Basílio da Gama (1741-1795)

Pseudônimo: Termindo Sipilío

Obra: O Uraguai

• Basílio da Gama nasceu no dia 8 de abril de 1741 na cidade de São José do Rio das Mortes, Minas Gerais.

• 1759 - estudos no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro. Torna-se noviço. Ingressa-se na Arcádia Romana em Roma.

• 1768 - em Lisboa, é preso por fazer parte da Companhia de Jesus e condenado ao degredo em Angola. Livra-se do exílio ao escrever um epitalâmio à filha do Marquês de Pombal.

• 1769 - publicação de O Uraguai, criticando os jesuítas e defendendo a política pombalina - torna-se secretário de Pombal.

• 1795 - falece em Lisboa no dia 31 de julho de 1795.• É patrono da cadeira Nº 4 da Academia Brasileira de Letras.

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O Uraguai (1769) – José Basílio da Gama

• O Uraguai é um poema épico (inspirado em “Os Lusíadas” de Camões) datado de 1769, o qual critica drasticamente os jesuítas (antigos mestres do autor) e elogia a corte portuguesa, com o intuito de agradar o Marquês de Pombal.

• O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.

• O poema, ausente de estrofes regulares, possui cinco cantos e é escrito em decassílabos brancos, ou seja, sem rima. Não há divisão em estrofes, mas é possível perceber a sua divisão em partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo.

• Abandona a linguagem mitológica, mas ainda adota o maravilhoso, apoiado na mitologia indígena.

Obra

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Trecho do Canto II de O Uraguai:

Aqui não temos. Os padres faziam crer aos índios que osportugueses eram gente sem lei, que adoravam o ouro.Rios de areias de ouro. Essa riquezaQue cobre os templos dos benditos padres,Fruto da sua indústria e do comércioDa folha e peles, é riqueza sua.Com o arbítrio dos corpos e das almasO céu lha deu em sorte. A nós somenteNos toca arar e cultivar a terra,Sem outra paga mais que o repartidoPor mãos escassas mísero sustento.Podres choupanas, e algodões tecidos,E o arco, e as setas, e as vistosas penas

São as nossas fantásticas riquezas.Muito suor, e pouco ou nenhum fasto.Volta, senhor, não passes adiante.Que mais queres de nós? Não nos obriguesA resistir-te em campo aberto. PodeCustar-te muito sangue o dar um passo.Não queiras ver se cortam nossas frechas.Vê que o nome dos reis não nos assusta.O teu está muito longe; e nós os índiosNão temos outro rei mais do que os padres.Acabou de falar; e assim respondeO ilustre General: Ó alma grande,Digna de combater por melhor causa,Vê que te enganam: risca da memóriaVãs, funestas imagens, que alimentamEnvelhecidos mal fundados ódios.

Obra

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O Uraguai X Os LusíadasBasílio narra a tomada das

missões jesuíticas no Rio Grande do Sul pela expedição de Gomes

Freire de Andrade, em 1756

Os Lusíadas retratava as conquistas portuguesas e os notáveis descobrimentos do navegador Vasco da Gama

No Uraguai Basílio tenta sem sucesso dar a mesma importância a um fato

isolado da história brasileira.

Nos Lusíadas Camões narra fatos grandiosos para a história de Portugal.

Composto por 10 cantos. Composto por 5 cantos, com versos brancos (sem rimas).

Basílio da Gama produziu O Uraguai, poema feito a maneira de Os Lusíadas de Camões. Porém, apesar do esforço de Basílio de fazer um texto semelhante ao de Camões, as divergências são

muitas.

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José de Santa Rita Durão (1722-1784)

Obra: Caramuru

• Bosi (1994) define o autor com a seguinte frase: “o índio é matéria prima para exemplificar os padrões ideológicos desse autor”.

• Nasceu em Cata-Preta (próximo à Mariana, em Minas Gerais) em 1722, falecendo em Lisboa, em 1784.

• O orador e poeta ingressou na ordem de Santo Agostinho após formar-se em teologia e filosofia em Coimbra.

• É consagrado como um dos precursores do indianismo brasileiro ao enaltecer a figura do nativo através de seus costumes e tradições exaltando a paisagem brasileira e seus recursos naturais.

• 1759 - Prega contra os padres da Companhia de Jesus .• 1781 - Publicação de Caramuru - Poema épico do Descobrimento da Bahia

Autores

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ObraCaramuru (1781) - José de Santa Rita

Durão

• Escrito em dez cantos, seguindo a estrutura de Camões, com estrofes de oito versos decassílabos e rimados, esquematizado em rimas “abababcc” e dividido em cinco partes, são elas: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo.

• O poema traça um balanço da colonização em meio a uma descrição hiperbólica da natureza. Neste poema, são exaltadas a fé e a defesa da terra contra os invasores.

• Como esperado para um membro do clero, o conservadorismo cristão substituiu a mitologia pagã, uma característica épica.

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Características de Caramuru:• Introdução da figura do índio, exaltando suas potencialidades.• Inutilia Truncat - a partir dos costumes e tradições dos nativos.• Aurea mediocritas.• Estoicismo.

Análise do Canto I de Caramuru

IDe um varão em mil casos agitado,Que as praias discorrendo do Ocidente,Descobriu o Recôncavo afamadoDa capital brasílica potente:Do Filho do Trovão denominado,Que o peito domar soube à fera gente;O valor cantarei na adversa sorte,Pois só conheço herói quem nela é forte.

ISanto Esplendor, que do grão-Padre manasAo seio intacto de uma Virgem bela;Se da enchente de luzes Soberanas

Tudo dispensas pela Mãe Donzela;

Rompendo as sombras de ilusões humanas,Tu do grão caso! a pura luz revelaFaze que em ti comece, e em ti concluaEsta grande Obra, que por fim foi tua.

IIIE vós, Príncipe excelso, do Céu dadoPara base imortal do Luso Trono;Vós, que do Áureo Brasil no PrincipadoDa Real sucessão sois alto abono:Enquanto o Império tendes descansadoSobre o seio da paz com doce sono,Não queirais de dignar-vos no meu metroDe pôr os olhos, e admiti-lo ao cetro.

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Caramuru por Antônio Cândido

“A obra de Durão pode ser vista tanto como expressão do triunfo português na América quanto das posições particularistas dos americanos; e serviria, em princípio, seja para simbolizar a lusitanização do país, seja para acentuar o nativismo.” (Antônio Cândido)

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Índio de Basílio da Gama X

Índio de Santa Rita Durão

“Se os costumes indígenas e a realidade do índio tiveram em Santa Rita Durão um narrador mais exato e minucioso do que em Basílio, esse realismo limitou-se à parte descritiva, pois os nativos que aparecem como personagens, influindo na ação são inautênticos, estilizados, agindo como europeus vestidos de penas.” (Coutinho, 1996)

É notório, então, que o índio descrito por Basílio da Gama em o Uraguai é diferente daquele descrito por Durão em Caramuru. No primeiro o indígena é visto como selvagem e no segundo ele está “aculturado”, é visto como “homem bom”, tendo inclusive adquirido hábitos europeus.

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Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

Obra: Vila Rica

• Embora maior parte de sua obra tenha sido lírica, Cláudio Manuel escreveu o poema épico Vila Rica (1773), cujo tema gira em torno da fundação de Minas Gerais e suas paisagens convenientemente idílicas.

Autores

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Vila Rica (1839) – Cláudio Manuel da Costa

• O poema possui dez cantos, utilizando-se de versos decassílabos com rimas emparelhadas. Publicado em 1839, na cidade de Ouro Preto, Vila Rica descreve a epopéia dos bandeirantes paulistas, suas batalhas contra os emboabas indígenas, o desbravamento dos sertões mineiros, repleto de paisagens naturais, o que mais tarde faria com que Cláudio Manuel tomasse o título de responsável por inaugurar o "real nacionalismo" na literatura brasileira.

• O enredo possui 3 focos narrativos principais.• O nacionalismo de Cláudio Manuel.

Obra

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Trecho do Canto VII de Vila Rica: 

Ouve Garcia o canto, e não atinaDe onde tanto prodígio, mas de EulinaA delicada face está patente:Fita os olhos, e vê desde a correnteLançar a mão à praia a Ninfa bela,Toma uma areia de ouro, e já com elaPulveriza os cabelos: neste instante,O sonho de Albuquerque o faz avantePassar, os braços abre, a Ninfa chama;Ela o vê, e não teme, e já se inflamaDe amor por ele: aos braços o convida,E abrindo o seio o rio, uma luzidaUrna de fino mármore os sepultaRecebendo-os em si: ficou ocultaA maravilha a quantos o acompanham.Em busca de Garcia já se entranhamPelo matos mais densos; mas perdidaA esperança de achá-lo, e recolhidaVolta ao herói a esquadra aventureira.

Obra

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Referências bibliográficas

• BOSI, Alfredo. História Concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.

• COUTINHO, Afrânio. COUTINHO, Eduardo de Faria. A Literatura no Brasil. Volume 2. São Paulo: Global, 2004.

• http://www.portuguesdobrasil.net/pdf/abordagem_literaria.pdf

• http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=810&sid=105