Plano de Manejo Apa Cairucu
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Plano de Manejo da APA de Cairuu
Encarte I Caracterizao Ambiental
Dezembro de 2004
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Apoio
Realizao Cooperao Tcnica
MINISTRIO DOMEIO AMBIENTE
M M A SOS MATA ATLNTICA
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Ministro do Meio Ambiente Marina Silva
Secretrio Nacional de Biodiversidade Joo Paulo Capobianco
IBAMA
Presidente Marcus Barros
Diretora de Ecossistemas Ceclia Foloni Ferraz
Coordenao Geral de Unidades de Conservao Ivan Baptiston
Gerencia Executiva do Rio de Janeiro Edson Bedim
Chefe da APA de Cairuu Ney Pinto Frana
Secretrio de Meio Ambiente do Rio de Janeiro
Luiz Paulo Conde Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro
Presidente Mauricio Lobo
Administrador da Reserva Ecolgica da Juatinga - REJ Joo Fernandes de Oliveira
Prefeito de Paraty
Jos Cludio Arajo
Fundao SOS Mata Atlntica Presidente
Roberto Klabin Diretora de Projetos e Gesto do Conhecimento
Mrcia Hirota Diretor de Mobilizao
Mrio Mantovani Diretor de Captao de Recursos
Adauto Baslio
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Coordenao Tcnica e fotografia Adriana de Queirs Mattoso, arquiteta
Diagnstico Scio-Econmico
Maria de Lourdes Zuquim e Adriana Mattoso, arquitetas
Diagnstico Ambiental
Meio Fsico Fernando Fahl, gelogo
Ambientes Marinhos Paulo Nogara, bilogo
Cobertura Vegetal e Uso do Solo
Cleide Azevedo, engenheira agrnoma
Fauna Renato Pineschi, bilogo
Vnia Garcia,biloga
Gesto, Legislao, Licenciamento e Fiscalizao Maria de Lourdes Zuquim, arquiteta
Erika Bechara, advogada Elci Camargo, advogada
Cartografia Digital
Arcplan Alfredo Pereira de Queiroz, gegrafo
Walter Kudo Maeijima, gegrafo
Mobilizao social
Valdemir Ferreira, (Pipoca),educador
Moderao Oficina de Planejamento Elcy Camargo, advogada
Silvia Mac Dowel, administradora de empresas
Zoneamento Adriana Mattoso
Ney Pinto Frana, Engo. Florestal
Superviso Geral SOS Mata Atlntica Mrcia Hirota, esp. sistemas de informao
Mrio Mantovani, gegrafo Adauto Baslio, administrador
Superviso IBAMA/DIREC
Clia Lontra, gegrafa
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Equipe Amaury Barbosa, socilogo
Beloyanis Monteiro, mobilizador social
Carolina Ribeiro de Almeida, eng.agrnoma
Ciro Duarte, socilogo rural
Dbora Menezes, jornalista
Douglas Hyde, analista de sistemas
Equipe tcnica, administrativa e voluntariado da Fundao SOS Mata Atlntica
Eliane Penna Firme Rodrigues, arquiteta
Lya Llerena, tcnica em informtica
Magali Franco Bueno, gegrafa
Maria Guadalupe Lopes, guarda parque
Maria Ignez Maricondi, arquiteta
Professores da Rede Municipal de Ensino das Escolas Costeiras da APA
Rosali Costa Souza, guia de turismo
Samuel Barreto, bilogo
Valdemir Ferreira - Pipoca , educador
Zeli Canellas, marinheiro e motorista
Agradecemos e dedicamos
este trabalho a todos aqueles que acreditaram, participaram e contriburam para
sua realizao
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Antecedentes Em dezembro de 1998 a Fundao SOS Mata Atlntica e o IBAMA, assinaram um
Termo de Cooperao Tcnica com o objetivo da elaborao e implementao do
Plano de Manejo da APA de CAIRUU. Em abril de 1999 foram formalizadas
parcerias com o Instituto Estadual de Florestas - IEF, e Prefeitura Municipal de
Paraty com o objetivo de integrar neste Plano a Reserva Ecolgica da Juatinga -
REJ e o poder pblico local.
Os recursos para elaborao deste trabalho foram obtidos principalmente em
funo de convnio entre a Fundao SOS Mata Atlntica e o Condomnio
Laranjeiras, localizado no interior da APA, com o apoio da ONG Harmonia Global.
Diretrizes Tendo em vista a participao das comunidades da APA no processo de
planejamento, e gesto da unidade, a elaborao do Plano de Manejo foi
acompanhada de uma srie de atividades de educao ambiental e mobilizao
social, que vieram a constituir o Projeto Cairuu, coordenado pela Fundao
SOS Mata Atlntica, dentro dos objetivos estabelecidos pelos termos de
cooperao com IBAMA, IEF-RJ e Prefeitura de Paraty.
A principal diretriz do Projeto Cairuu foi trabalhar a elaborao do Plano de
manejo de forma participativa, informativa e pedaggica, ouvindo a comunidade e
divulgando os principais conceitos do desenvolvimento sustentvel.
As reunies de autodiagnstico e planejamento com as 13 principais comunidades
da APA tiveram o intuito de informar a populao sobre os objetivos da APA de
Cairuu e Reserva Ecolgica da Juatinga, bem como levantar os principais pontos
positivos e problemas dos seus bairros, aes em curso e o que poderia ser feito
para melhorar a qualidade de vida nestes locais.
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Aes Prticas: Educao Ambiental e Ecoturismo Por entender a dificuldade da populao e lideranas locais em compreender a importncia ou aplicabilidade do Planejamento Ambiental, de exigncia legal para
as unidades de conservao, vimos realizando, desde abril de 2000, uma srie de
atividades de resultado mais prticos e imediatos.
Estas atividades foram a capacitao de professores, por meio do curso Acorda
Cairuu, que gerou o Manual de Brincadeiras e Dinmicas, a implantao do
Viveiro Jequitib no Horto Municipal, curso de lideranas comunitrias em Paraty
(etapas I e II), curso de processamento de ervas medicinais e monitores de
ecoturismo no Sono, monitoramento da qualidade da gua e caracterizao
ambiental das comunidades realizado pelos professores e alunos das escolas da
APA.
Duas exposies fotogrficas foram montadas, a primeira sobre a APA e a
segunda sobre o Projeto Cairuu. Esta ltima foi exibida em quase todas as
reunies e eventos do Projeto, para ilustrar e facilitar a compreenso do nosso
trabalho.
A ao de maior visibilidade e com resultados mais prticos foi o Projeto Jogue
Limpo Cairuu, de incentivo coleta seletiva de lixo em Trindade, Praia do Sono,
Pouso da Cajaba, Praia Grande da Cajaba, Calhaus, Martim de S, Paraty Mirim,
Ilha do Arajo, Campinho e cais de Paraty. Esta iniciativa ocorreu nas temporadas
de vero de 2000 a 2003.
Para documentar e incentivar todas as comunidades da APA a adotar a coleta
seletiva, foi lanado em maro de 2001 o Manual de Coleta Seletiva, com 40
exemplares distribudos em cada escola da APA, com uma segunda edio em
2003, com 15 mil exemplares.
Objetivando por fim materializar e apresentar ao pblico os resultados do Projeto
Cairuu, que compe todo o conjunto de atividades acima mencionadas, bem
como informar as comunidades e os visitantes de Paraty sobre sua importncia na
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conservao ambiental e cultural da Mata Atlntica, alm de monitorar e controlar
o fluxo de veculos quando necessrio, o Condomnio Laranjeiras implantou, em
coordenao conjunta com a Fundao SOS Mata Atlntica, um Centro de
Informaes Ambientais e Tursticas junto entrada do acesso a Laranjeiras e
Trindade, que hoje a sede da Associao Cairuu, formada por condminos
aps o trmino do convnio com a Fundao SOS Mata Atlntica;
Resultados Neste momento, em dezembro de 2004, muito gratificante para a Fundao
SOS Mata Atlntica observar que muitas das propostas deste Plano j vem sendo
implementadas por iniciativa de vrias instituies.
A repercusso do Projeto Cairuu na regio foi muito positiva, e cada vez mais
sentimos a receptividade das comunidades s atividades de capacitao e difuso
de informaes, que, esperamos, devero levar maior mobilizao para a gesto
ambiental e turstica, bem como para a implementao deste Plano de Manejo.
Aps 3 anos de trabalho em campo, consideramos que a mobilizao scio
ambiental e o apoio tcnico operacional s iniciativas locais, privadas ou
institucionais, principalmente na rea de capacitao das comunidades, so os
caminhos corretos a trilhar, com pacincia e regularidade, objetivando a evoluo,
na regio da APA e junto s instituies locais, de uma mentalidade em sintonia
com os objetivos de um desenvolvimento sustentado.
O pblico alvo formado pelos professores, lderes comunitrios, crianas e
jovens, e todos os produtores rurais, pescadores e operadores de negcios
voltados para o turismo que consideram a conservao ambiental e mobilizao
social como fundamentais para viabilizar o desenvolvimento sustentvel da
regio.
So vrias as instituies que vem procurando Paraty e a rea da APA/REJ para
desenvolver projetos de apoio ao desenvolvimento das comunidades, e, neste
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contexto o Plano de Manejo Ambiental ser com certeza importante ponto de
partida.
Este Plano, em sua verso inicial, foi aprovado, com algumas ressalvas, pela
Cmara Municipal de Paraty em dezembro de 2002, fato que mostra a importncia
do processo de integrao com os poderes pblicos municipais. O Plano Diretor
de Paraty, aprovado na mesma data, indica este Plano de Manejo como parte
integrante do primeiro.
Roberto Klabin
Presidente da Fundao SOS Mata Atlntica
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Sumrio I - Caracterizao do Meio Fsico Clima 13
Topografia e declividade 23
Geologia 24
Geomorfologia 30
Solos 35
Recursos hidricos 39
Formao, evoluo e fragilidade dos ambientes da APA 42
Influncia da ocupao antrpica 48
reas degradadas e recomendaes preliminares 50
Documentao fotogrfica e descrio do meio fsico 58
II - Ambientes Marinhos Introduo 86 Caracterizao Ambiental 88
Ocorrncia de Mamferos Marinhos 117
A Pesca no municpio de Paraty 123
Utilizao dos ambientes marinhos e vetores de impacto ambiental 152
Maricultura 159
Fatores limitantes para a sustentabilidade dos ambientes marinhos 166 Metodologia 171
III - Caracterizao da cobertura vegetal e uso do solo 175 O Histrico da destruio 178
O uso da floresta, da caixeta, os quintais e as roas caiaras 180
Formaes Vegetais Mapeadas na APA de Cairuu 194
Uso do Solo 206
Ocupao das ilhas 216
10
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IV - Caracterizao Faunstica 218 Metodologia 221
Mamiferos 222
Avifauna 235
Herpetofauna 250 Vetores de presso sobre a fauna local 255
Bibliografia 261
Cartas temticas Declividade
Geologia e solos
Geomorfologia
Cobertura Vegetal e Uso do Solo
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I - Caracterizao dos Atributos e Fragilidades do Meio Fisico
Metodologia
A metodologia para caracterizao dos fatores abiticos da APA do Cairuu baseou-se
na obteno de dados primrios, atravs de levantamento de campo, interpretao de
dados de sensores remotos e fotografias recentes de baixa atitude (helicptero); e
anlise de dados secundrios e bibliograf especializada, incluindo a compilao dos
dados pertinentes do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Bocaina1, cuja
zona de transio inclui a APA do Cairuu.
Este relatrio composto por:
Caracterizao do meio fsico: clima, geologia, geomorfologia, solos, recursos hdricos superficiais e subsuperficiais;
1 IBAMA, Pr Bocaina/FEC-UNICAMP, 2002
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Avaliao da susceptibilidade do meio fsico: formao, evoluo e fragilidade dos ambientes da APA do Cairuu, influncia da ocupao antrpica na modificao
dos processos em curso, reas degradadas por antrpicas;
Documentao fotogrfica e descrio do meio fsico
Caracterizao climtica da APA do Cairuu
A regio do APA do Cairuu apresenta um zoneamento climtico fortemente
influenciado pela compartimentao regional do relevo e pelo desnivelamento
altimtrico, que produzem descontinuidades no padro de distribuio, espacial e
temporal, dos regimes de precipitao e de temperatura. Isto se deve, principalmente,
ao efeito orogrfico, ou seja, relativo grande variao topogrfica do relevo da Serra
do Mar (desde o nvel do mar at mais de 2.000 m), que atua sobre o comportamento
dos sistemas frontais, principais responsveis pela pluviosidade regional (DANTAS &
BRANDO, 1994).
Alm disso, esta regio abrange um trecho litorneo cujas vertentes ocenicas
encontram-se voltadas diretamente para sul. Isto determina o impacto direto dos
sistemas frontais (frentes frias), provenientes do Atlntico Sul/ Antrtida, sobre esta
regio litornea, na qual as ngremes escarpas e o planalto montanhoso funcionam
como barreiras que dificultam a passagem deste fenmeno climtico.
Assim, regionalmente ocorre uma forte sazonalidade do regime das precipitaes
devido ao impacto das frentes frias ser mais intenso durante os meses quentes de
vero (novembro a maro), quando se concentra a estao chuvosa provocada pelo
contraste trmico, ocorrendo, por outro lado, uma estao seca durante os meses de
inverno (maio a agosto) (COELHO NETTO & DANTAS, 1996). Outro fenmeno comum
durante os meses de vero a marcante atuao das chuvas convectivas, que
precipitam durante a tarde e/ou a noite a partir da forte evaporao gerada pelo
aquecimento diurno.
A partir destas consideraes, o comportamento climtico da APA do Cairuu pode ser
avaliado em funo das caractersticas do relevo local que apresentam peculiaridades
no padro de distribuio das precipitaes e temperaturas.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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A classificao climtica regional desta rea corresponde ao tipo de clima tropical
mido, com sazonalidade no regime das precipitaes (estao chuvosa x seca).
A anlise aqui apresentada se apoiou em estaes nos limites da APA do Cairuu,
tentando-se, sempre que possvel, estabelecer correlaes com domnios de relevo e
ambientes com caractersticas semelhantes.
Regime Pluviomtrico Para caracterizao do regime pluviomtrico utilizou-se um perodo amostral de 20
anos (1979-1999). Foram escolhidas as estaes de Picinguaba (Posto DAEE E1-004 -
Picinguaba Ubatuba), ao sul, para caracterizao das condies climticas da
plancie litornea, do Bairro Paraibuna, a oeste (Posto DAEE E1-005 - Bairro Paraibuna
- Cunha), para anlise comparativa da regio do planalto adjunta APA do Cairuu, e a
Estao de Parati, operada pelo CPRN (cdigo 02344007). Os Grficos 1 e 2 e a Tabela 1 apresentam a comparao entre os ndices totais anuais e mensais de chuva medidos nestas tres estaes.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
1979
1980
1981
1982
1983
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1986
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1990
1991
1992
1993
1994
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1996
1997
1998
1999
Ano
Prec
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Tota
l (m
m)
Picinguaba Paraibuna Parati
Grfico 1 Histograma de Precipitao Total Anual
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
15
0
50
100
150
200
250
300
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
Prec
ipita
o
Md
ia (m
m)
Picinguaba Paraibuna Parati
Grfico 2 Histograma de Precipitao Mdia Mensal
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Tabela 1 Dados pluviomtricos anuais totais e mdios
Total Anual Mdia Mensal Ano
Picinguaba Cunha
(Paraibuna)Parati Picinguaba
Cunha (Paraibuna)
Parati
1979 1.271,9 1.976,7 1.739,4 159,0 164,7 145,0
1980 1.862,8 1.354,8 1.661,5 169,3 123,2 138,5
1981 1.791,1 1.006,4 2.037,2 199,0 111,8 169,8
1982 1.710,2 1.771,5 1.759,9 190,0 147,6 146,7
1983 2.043,8 1.806,5 1.707,7 185,8 164,2 142,3
1984 1.567,1 1.041,4 1.159,2 130,6 94,7 96,6
1985 2.426,1 1.957,1 1.930,9 220,6 163,1 160,9
1986 3.009,8 1.817,8 1.916,4 250,8 151,5 159,7
1987 2.603,6 1.619,4 1.417,1 217,0 135,0 118,1
1988 2.675,6 1.844,4 1.980,1 243,2 153,7 165,0
1989 2.123,1 1.750,7 1.730,5 176,9 145,9 144,2
1990 1.422,5 1.352,6 1.178,5 129,3 112,7 98,2
1991 1.916,7 1.677,0 1.201,9 174,2 139,8 100,2
1992 2.150,5 1.431,4 1.331,2 179,2 119,3 110,9
1993 3.088,7 1.850,9 1.387,2 280,8 154,2 115,6
1994 2.515,1 1.616,6 1.856,4 251,5 134,7 154,7
1995 2.119,8 1.969,4 2.045,6 235,5 164,1 170,5
1996 3.417,9 2.162,6 1.693,1 284,8 180,2 141,1
1997 2.259,0 1.528,0 768,9 188,3 127,3 64,1
1998 3.146,8 1.430,3 1.004,8 262,2 119,2 83,7
1999 2.195,4 1.304,4 982,8 199,6 108,7 81,9
Mdia 2.253,2 1.631,9 1.547,2 206,1 138,8 128,9
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
17
A quantidade de chuva em Picinguaba varia entre 1.270 a 3.150 mm totais anuais
(mdia de 2.250 mm) com mdia mensal de 130 a 285 mm (valor mdio de 206 mm),
sendo a regio com maior precipitao das trs analisadas. Em Cunha, na regio do
Planalto, o total de precipitao anual varia de 1.000 a 2.150 mm (mdia de 1.613 mm)
com valores mdios mensais de 95 a 180 mm (valor mdio de 138 mm). Parati a
regio com menor precipitao, apresentando ndices que variam de 768 a 2.045 mm
anuais (mdia de 1.547 mm), sendo que a mdia mensal varia de 64 a 170 mm (valor
mdio de 128 mm).
Em termos de distribuio da chuva ao longo do perodo analisado, visvel uma
seqncia de ciclos alternando perodos mais chuvosos e secos, sendo possvel
diferenciar pelo menos trs grandes ciclos, mais amplos e com maiores amplitudes de
oscilao em Picinguaba e mais regulares em Parabuna e Parati.
O Grfico 3 apresenta o histograma das mdias mensais de chuva ao longo da seqncia histria estudada. Visualiza-se uma distribuio compatvel com tipo de
clima da regio, tanto na Baixada quanto no Planalto, com concentrao de chuvas no
vero e estiagem no inverno.
0
50
100
150
200
250
300
350
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Ano
Prec
ipita
o
Md
ia M
ensa
l (m
m)
Picinguaba Paraibuna Parati
Grfico 3 Histograma de Precipitao Mdia Mensal
-
Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Estes dados permitem inferir que Picinguaba apresenta altos ndices pluviomtricos
devido principalmente penetrao dos ventos midos do quadrante sul, uma vez que
no apresenta barreiras nesta direo. Os menores ndices em Parati, a norte da APA
do Cairuu, deve a sua localizao na poro oeste da Baa da Ilha Grande, a qual se
encontra protegida da ao dos sistemas frontais formados por ventos de SW e SE.
A partir da anlise dos dados acima pode-se subdividir a APA do Cairuu em sub-
regies onde os ndices pluviomtricos diferenciados. A regio ao sul da Ponta do
Juatinga est mais exposta aos sistemas frontais SW e SE, de modo que os dados de
Picinguaba so correlacionveis, porm a regio a norte deste divisor j pertence ao
domnio da Baa de Ilha Grande, havendo maior proteo dos sistemas frontais acima
indicados, havendo ndices menores de pluviosidade.
Temperatura do Ar
A avaliao do regime trmico dentro da APA do Cairuu no pode ser realizada
diretamente, pela inexistncia de estaes meteorolgicas em seu interior. Neste caso,
se adotar anlise semelhante ao estudo pluviomtrico, apoiando-se em estaes
prximas para identificar as variaes regionais na tentativa de estabelecer correlaes
com a rea em estudo.
Os dados utilizados so da Estao Experimental Cunha (SMA), Estao Ubatuba
(1988- Jun./1999 - IAC) e Estao Angra dos Reis (1961-1990 - INMET), conforme
observados nos Grficos 4 e 5 e Tabela 2.
-
Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
19
0
5
10
15
20
25
30
35
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMs
Tem
pera
tura
o C
Mdia das Mximas de Cunha Mdia das Mximas de Ubatuba
Mdia das Mximas de Angra dos Reis Mdia das Mdias de Cunha
Mdia Absoluta de Ubatuba Mdia Absoluta de Angra dos Reis
Grfico 4
Histograma de Temperatura Mximas e Mdias
0
5
10
15
20
25
30
35
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMs
Tem
pera
tura
o C
Mdia das Mnimas de Cunha Mdia das Mnimas de Ubatuba
Mdia das Mnimas de Angra dos Reis Mdia das Mdias de Cunha
Mdia Absoluta de Ubatuba Mdia Absoluta de Angra dos Reis
Grfico 5
Histograma de Temperatura Mnimas e Mdias
-
Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
20
Tabela 2
Temperatura do Ar
Temperatura oC Estao
Experimental de Cunha
Estao de Ubatuba Estao de Angra dos Reis
Ms Mdia das
Mximas
Mdia das
Mnimas
Mdia das
Mdias
Mdia das Mximas
Mdia da
Mdias
Mdia Absoluta
Mdia das
Mximas
Mdia das
Mnimas
Mxima
Absoluta
Mnima
Absoluta
Mdia
Absoluta
Jan 25,22 15,65 19,85 30,79 21,77 25,44 29,80 22,60 38,50 15,30 26,00Fev 25,92 15,65 20,24 30,89 21,79 25,48 30,40 23,10 39,30 17,10 26,40
Mar 27,39 14,9 19,7 29,81 21,08 25,16 29,50 22,50 37,40 16,30 25,80
Abr 22,83 12,64 17,07 28,19 19,42 23,71 27,60 20,80 35,30 12,80 24,00Mai 21,38 9,6 15,32 25,96 16,46 21,12 26,20 18,90 35,10 12,80 22,20Jun 20,61 6,94 13,05 25,05 14,31 19,85 25,00 17,10 32,80 9,80 20,60Jul 20,25 6,16 12,5 24,1 13,86 18,33 24,60 16,50 33,80 10,10 20,20Ago 21,5 7,39 13,71 24,56 14,39 19,43 25,00 17,20 36,00 9,40 20,70
Set 21,28 7,67 15,02 24,48 16,26 19,46 24,90 18,20 36,40 11,00 21,30Out 22,04 11,66 16,43 25,8 18,08 21,81 25,60 19,30 35,80 13,40 22,30Nov 23,71 13,45 18,22 27,41 20,03 25,88 27,00 20,40 37,20 13,70 23,50
Dez 23,26 14,7 18,69 29,22 20,71 25,96 28,60 21,70 38,80 14,40 24,90
Estao Experimental (SMA), Estao (1988- Jun./1999 - IAC) e Estao (1961-1990
INMET)
Na regio litornea as temperaturas mensais mdias nos meses de vero
correspondem a 25oC e 26oC e as mdias das mximas entre 28oC e 30oC. Nos meses
de junho e julho ocorrem as temperaturas mais baixas, com valores mensais mdios
entre 18oC e 20oC.
A regio do Planalto caracterizada por temperaturas mais baixas, com mdia anual
inferior a 17oC e apresenta vero brando. Durante os meses de inverno, principalmente
junho e julho, ocorrem temperatura inferiores a 0oC, ocasionando freqente formaes
de geadas. Por outro lado, a regio litornea apresenta temperaturas mdias anuais
mais elevadas, em torno de 21-23oC.
-
Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
21
Assim como o regime pluviomtrico regional, a distribuio das temperatura tambm
sofre influncia das caractersticas do relevo, ou seja, as temperaturas mais baixas
ocorrem nas regies com altimetria mais elevada, se comparadas s regies da
Baixada Litornea. Nota-se tambm que a amplitude trmica anual aumenta do litoral
para o interior, sugerindo uma tendncia de continentalidade.
Umidade Relativa do Ar
De maneira semelhante aos parmetros analisados anteriormente, no existem dados
sobre a variao e distribuio da umidade relativa do ar na APA do Cairuu, de modo
a ser possvel apenas anlise regional a partir de estaes prximas. Os dados
disponveis de umidade do ar referem-se s estaes de Cunha (SMA, 1981-1991)
Angra dos Reis (INMET, 1961-1990) e Ubatuba (IAC, 1988-Jun./1999), sistematizados
no Grfico 6 e Tabela 3.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Ms
Um
idad
e R
elat
iva
%
Mdia das Mdias de Cunha Umidade Relativa de Ubatura Umidade Relativa de Angra dos Reis
Grfico 6
Histograma de Umidade Relativa
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Tabela 3
Umidade Relativa do Ar
Umidade (%)
Estao Experimental de Cunha Estao de Ubatuba Estao de
Angra dos ReisMs Mdia das Mximas
Mdia das Mnimas
Mdia das Mdias Umidade Relativa
Umidade Relativa
Jan 92,59 60,25 80,53 85,14 81 Fev 91,10 56,63 78,59 85,81 80 Mar 93,36 59,10 82,27 56,30 81 Abr 93,93 60,00 81,86 85,73 82 Mai 95,12 57,34 82,21 84,72 82 Jun 94,24 54,32 78,55 84,19 82 Jul 94,27 50,08 78,39 73,99 81 Ago 94,05 49,60 77,69 74,40 81 Set 93,38 54,51 79,88 58,16 82 Out 92,63 59,21 81,27 75,14 83 Nov 92,63 57,00 80,23 73,94 82 Dez 93,51 61,02 81,73 74,77 82
Na regio litornea mais ao norte a umidade relativa do ar apresenta pequenas
variaes ao longo do ano, com ndices entre 80 83% (Angra dos Reis). Por outro
lado a regio litornea sul (Ubatuba) caracterizada por maior variao nos ndices de
umidade do ar, mais elevados no vero, com mdias mensais de 85%, e inferiores no
inverno, com mdias abaixo de 80%.
Em Cunha, a umidade relativa do ar no apresenta variaes significativas ao longo do
ano, pois as mdias mensais durante a estao chuvosa encontram-se entre 78 82%
e nos demais meses no so inferiores a 77%.
Vento
O regime dos ventos na rea da APA do Cairuu pode ser avaliado somente sob o
ponto de vista regional, devido escassez de dados.
A avaliao sobre as direes e velocidades do vento pode ser realizada com
restries, devido ao fato dos dados registrados pelas duas nicas estaes
meteorolgicas, de Cunha e Ubatuba, apresentarem falhas. Assim uma apresentao
grfica dos mesmos no seria representativa para o regime local do vento.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Na regio de Cunha as caractersticas gerais do regime dos ventos baseadas nos
dados da Estao Experimental do Instituto Florestal (perodo entre agosto/1980 a
dezembro/1988) podem ser definidas como ventos locais fracos, com freqncia de
dias calmos correspondentes a 50% do referido perodo.
A caracterstica geral do regime de ventos na regio litornea pode ser avaliada a partir
dos dados da estao meteorolgica de Ubatuba (IAC) no perodo compreendido entre
1988 a 1998. O regime de calmaria predomina durante todo o ano e as direes
secundrias so de SE e NW.
Na regio de Angra dos Reis a direo do vento varivel durante todo o ano, exceto
nos meses de maio, com predominncia de calmaria. A velocidade mdia est
compreendida entre 2- 6 m/s (SMA, 1997).
Topografia e declividade
A regio da APA do Cairuu destaca-se pela sua topografia acidentada, caracterizada
por elevadas altitudes e grandes amplitudes das formas de relevo, derivado do
contraste entre o domnio de Escarpas e Reversos da Serra do Mar com a Plancie
Costeira, gerando elevaes que se estendem do nvel do mar at cotas superiores a
1.300 metros de altitude.
As maiores amplitudes topogrficas situam-se no limite sudoeste da APA do Cairuu,
que coincide com a divisa de estado, atingindo 1.325 m de altitude no pico do Corisco,
seguido do Pico do Cuscuzeiro, com 1.200 m , e da Pedra da Jamanta, no pico do
Cairuu, regio da Juatinga, a sudeste, com 1.088 m de altitude.
Em contraste a esses picos elevados, bordejando toda a faixa costeira e penetrando
nas pores frontais dos sacos do Fundo e principalmente do Mamangu, ocorrem
regies mais baixas e com topografia mais suave, representada pela faixa de at 100
m de altitude. So nessas regies onde ocorre preferencialmente o desenvolvimento de
ambientes de mangues.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Estas caractersticas fisiogrficas marcantes condicionam declividades bastante
variveis na rea. O Mapa de Declividades, concebido de acordo com trs classes de declividade (at 25o, de 25o a 45o e acima de 45o), permite visualizar que as maiores
declividades (> a 45o) esto associadas com as encostas dos morros mais elevados da
rea (conforme indicado acima). As demais classes de declividades predominam nas
mdias e baixas encostas, sendo que as inclinaes inferiores a 25o bordejam toda a
costa marinha e alguns fundos de vale coincidentes com as faixas de menor altitude.
Geologia
O arcabouo geolgico da regio da APA do Cairuu formado predominantemente
por granitos e gnaisses do Complexo Gnissico Granitide de idade proterozica, os
quais se associam sedimentos continentais, marinhos e mistos de idade cenozica. A
distribuio destas unidades est apresentada no Mapa 1.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Mapa 1. Distribuio Regional das Unidades Lito-Estruturais
Legenda: Sedimentos marinhos (Qm) - sedimentos aluvionares (Qa) - arenitos finos, mdios e conglomerticos com
matriz argilosa (TQi) - granitos ps tectnicos, granitos e granodioritos sintectnicos (P1so, Pso, P1tc e Ptc) - charnoquitos, monzonitos, granodioritos e granulitos (Pu) - sillimanita-muscovita-quartzo xisto (Psd) - gnaisses, migmatitos estromatticos com bandas xistosas, xistos gnaissicos, mrmores, calcosilicticas, quartzitos e
metabsicas (Pe) - gnaisses bandeados tonalticos, migmatitos, mrmores, calcosilicticas, quartzitos, rochas enderbticas e chanoquticas, metabsicas e gnaisses granitides (Pps, Ppskz e Ppsgg)
Fonte: Radambrasil (1983).
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Na APA do Cairuu ocorrem dois domnios geolgicos principais: o embasamento
cristalino e as coberturas sedimentares cenozicas, formadas nos ambientes de
plancies continentais (fluviais e coberturas detrticas), transicionais (flvio-marinhas) e
marinhas (cordes litorneos e plancies de mar), cujas ocorrncias so apresentadas
nas cartas temticas do Plano de Manejo: Geologia e Solos; Declividade, e
Geomorfologia.
O embasamento cristalino constitudo principalmente por formaes granito-
gnissicas, que se dispem dentro da APA do Cairuu em grandes faixas paralelizadas
segundo a direo NE-SW, onde possvel individualizar trs domnios principais:
Granito Serra da Cangalha: corpo granitide, que ocorre na pennsula denominada Ponta da Juatinga, na faixa leste da APA, estendendo-se desde a Praia da Ponta
Negra at Praia do Pouso; e em dois corpos de dimenses menores: um no contato
entre o Domnio Gnissico e o Granito Parati-Mirim, o qual assume a forma de corpo
alongado tambm na direo NE, onde se desenvolveu uma Baa estreita (Saco do
Mamangu), e outro no interior do Domnio Gnissico, com forma mais irregular,
porm no mesmo alinhamento do corpo anterior com terminao orientada segundo
esta direo.
Domnio Gnissico: associao litolgica que ocorre entre o Granito Serra da Cangalha e o Granito Paratimirim. O litoral sul da APA, desde Trindade at a Praia
dos Antigos constitudo por estas rochas;
Granito Paratimirim: a maior unidade no interior da APA, distribuindo-se em uma faixa que se estende desde a divisa dos Estados de So Paulo e Rio de Janeiro (no
limite SW) at a parte litornea a NE, que incluem a Face Oeste do Saco do
Mamangu, o Saco do Fundo, todo o litoral da Ponta Grossa at Parati, onde
termina seu domnio. Em seu interior ocorre uma associao com gnaisses
dispostos na forma de uma cunha na direo NE-SW, por onde passa grande parte
da Rodovia BR-101 (Rio-Santos) no interior da APA.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Os sedimentos cenozicos esto associados a processos de sedimentao marinha,
continental ou mista, concentrados preferencialmente nas reas rebaixadas do relevo e
nas plancies fluviais e marinhas. Neste contexto inserem-se as praias, que formam
cordes litorneos, os depsitos de plancie fluvial, os colvios e corpos de tlus, os
depsitos de plancie de mar, onde se desenvolvem os mangues, e os de plancie
flvio-marinhas.
A descrio das unidades geolgicas inseridas na APA do Cairuu apresentada a
seguir:
Domnio Gnissico e Corpos Granticos
Estas duas unidades, apesar de geneticamente diferenciadas, apresentam algumas
semelhanas do ponto de vista composicional, morfolgica e geotcnica.
O domnio grantico dentro da APA composto pelos Granitos Serra da Cangalha e
Parati-Mirim. Estes corpos apresentam variaes granulomtricas e composicionais,
sendo que no primeiro dominam os granitos a tonalitos com anfiblio, porfirticos de
granulao grossa, isotrpicos a foliados, enquanto no segundo ocorre uma
predominncia dos leucogranitos de granulao mdia, foliados a localmente
isotrpicos. Secundariamente podem ocorrer termos como biotita granitos porfirticos,
leucocrticos, foliados a milonticos, de granulao mdia a porfirticos, anfiblio granito
mesocrtico, de granulao fina a mdia e granitos tonalticos com anfiblio, porfirticos
de granulao grossa.
Na regio sul do Saco de Mamangu, na Fazenda Santa Maria, ocorre um tipo muito
valorizado de granito, o granito Ubatuba, objeto de extrao de blocos para exportao
no passado, e que conta com autorizao do CPRM e licenciamento atualizado para
explorao. Na rea permanecem cerca de 20 blocos que ainda no foram retirados.
Os gnaisses situam-se em uma faixa contnua com direo NE. So rochas de
granulao mdia a grossa, textura granoblstica e foliao ntida. So constitudos por
ortoclsio, plagioclsio, quartzo, biotita e hornblenda, tendo como acessrios granada e
illmenita. Os gnaisses englobam os seguintes tipos petrogrficos: biotita-gnaisses,
biotita-hornblenda-gnaisses, hornblenda-gnaisses, gnaisses granticos, gnaisses
quartzticos, com incluses de anfibolitos. A foliao tem direo nordeste e apresenta
dobramentos localizados.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Ambos domnios sustentam principalmente os relevos de morros e montanhas. A
alterao dessas rochas resulta na formao de solos areno-siltosos ou argilo- siltosos
e micceos, sendo que o teor de areia e silte varia em conseqncia do teor de quartzo
e feldspato das rochas. Assim, predominam termos argilosos e siltosos nas pores
mais micceas, e termos argilo-arenosos e areno-argilosos, com grnulos e fragmentos
de quartzo, nas pores quartzo-feldspticas.
O solo superficial argilo-arenoso e apresenta espessuras de 1 a 2 m, enquanto o solo
de alterao pode atingir de 10 a 15 m de espessura nos relevos mais suaves. Nos
relevos de Morros e Montanhas (MHM) o solo superficial tem 0,5 m de espessura,
enquanto que o solo de alterao mais delgado, com espessuras inferiores a 5 m.
Associadas a essas rochas comum a presena de encostas rochosas e a formao
de campos de blocos e mataces, com dimetros de 0,6 a 3 m, na superfcie do terreno
e emersos no solo de alterao.
Sedimentos Colvio-Aluvionares (ca)
Os sedimentos colvio-aluvionares associam-se a corpos de tlus e cones de dejeo
constitudos predominantemente por blocos e mataces de gnaisses e granitos. So
depsitos formados por matriz argilosa e/ou argilo-silto-arenosa, arenosa arcoseana ou
arenosa, de cor ocre a marrom, com seixos, blocos e/ou mataces. A presena e a
concentrao de seixos e areia evidenciam a participao de processos fluviais na
formao desses depsitos. Os cones de dejeo ocorrem ao longo no sop das
escarpas.
Sedimentos Aluvionares
Ao longo dos principais rios que cortam a APA do Cairuu ocorrem plancies fluviais,
estreitas e isoladas, sempre associadas a presena de alvolos. A granulometria dos
sedimentos tende a variar conforme o perfil longitudinal dos rios, sendo mais grosseira
nos altos cursos, onde dominam os regimes de fluxos torrenciais (predominncia de
sedimentos arenosos, areno-argilosos e cascalhos), e mais fina nos mdios e baixos
cursos, onde tendem a ser arenosos, areno-argilosos, siltosos, ricos em matria
orgnica e, ocasionalmente, com cascalhos.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Sedimentos de Cordes Marinhos e Praias
Os depsitos marinhos so formados por areias finas, constitudas por quartzo, micas e
minerais pesados (opacos), associados a cordes arenosos pr-atuais, que formam a
Plancie Costeira.
Nas depresses entre cordes ocorrem sedimentos argilosos algumas vezes ricos em
matria orgnica. A granulometria varia em conseqncia da declividade do perfil da
praia, sendo mdia a grossa nas praias mais ngremes (praias de tombo), e fina a
muito fina nas praias mais suaves
As praias correspondem a depsitos sedimentares, normalmente arenosos,
acumulados pelos agentes de transporte fluviais ou marinhos. Suas dimenses variam
em funo do regime de correntes marinhas, amplitude da mar, tipo de sedimento
transportado e geometria da costa.
Sedimentos de Plancies de Mar / Manguezais
Os depsitos de plancie de mar so representados por argila, silte e ocasionalmente
areia, associadas com uma quantidade variada de matria orgnica, que d a
colorao preta aos sedimentos.
A plancie de mar um ambiente de acumulao de sedimentos sob a ao do regime
de mars e comumente influenciado por sistemas fluviais (o que lhe confere
caracterstica salobra gua), onde se alternam fluxos bidirecionais, aumentando o
volume de gua durante a mar enchente e diminuindo durante a mar vazante,
podendo ser entremeada por canais de mar curvilneos. Ela especialmente
desenvolvida em depresses junto s costas protegidas da ao das ondas,
preferencialmente no interior das lagunas, baas e esturios.
O termo mangue utilizado para designar um conjunto fisionmico especfico que se
desenvolve geralmente nesses ambientes. Na APA do Cairuu observam-se plancies
de mar em maior expresso no fundo dos Sacos do Mamangu e do Fundo, este
ltimo associado foz do Rio dos Meros e Crrego da Caada. Outras ocorrncias
expressivas ocorrem junto foz dos rios Mateus Nunes, em Parati, e Parati-Mirim, na
vila homnima, e, em menor rea, nas praias do Sono, Trindade e Grande.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Sedimentos Flvio-Marinhos
Esses sedimentos so resultantes do retrabalhamento e deposio fluvial sobre
sedimentos marinhos da plancie costeira. So constitudos por areia, silte, argila e
matria orgnica, ocorrendo cascalhos de modo restrito. A plancie flvio-marinha
caracteriza-se por um ambiente de transio entre a plancie de mar e a fluvial. Como
so de baixo gradiente, os canais normalmente so meandrantes e as plancies mais
extensas.
Geomorfologia
A APA do Cairuu, segundo a diviso de relevo proposta pelo Radambrasil (1983), est
implantada no domnio de Escarpas e Reversos da Serra do Mar formada no Planalto
da Bocaina. A classificao de Ponano et al.,1981, apesar de no abranger a rea
especfica em estudo, individualiza as escarpas da Serra do Mar na rea adjunta a APA
do Cairuu no Estado de So Paulo como uma sub-zona dentro do Domnio da
Provncia Costeira.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Unidades Geomorfolicas Regionais da APA do Cairuu
Legenda - (1) Planalto da Bocaina - (2) Planalto de Paraitinga-Paraibuna - (3) Alinhamento de Cristas o Paraba do Sul - (4) Depresso do Mdio Paraba do Sul. Fonte: Radambrasil, 1983.
A Provncia Costeira corresponde, segundo Almeida, 1964 (apud Ponano et al., 1981),
ao rebordo do Planalto Atlntico com rea drenada diretamente para o mar, sendo em
maior parte uma regio serrana contnua (Serra do Mar), associada a diversos tipos de
plancies na regio costeira (Baixada Litornea).
As escarpas mostram-se abruptas e festonadas, desenvolvendo-se ao longo de
anfiteatros sucessivos separados por espiges, com larguras de 3 a 5 km em mdia e
desnveis da ordem de 800 a 1.200 m entre a borda do Planalto e a Baixada Litornea.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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As plancies litorneas desenvolvem-se de modo descontnuo, subordinadas
reentrncias do fronte serrano. Suas extenses so bastante variveis, sendo que na
regio os espores serranos, os pequenos macios e os morros litorneos isolados
atingem diretamente as guas ocenicas, resultando em costes elevados intercalados
com pequenas plancies e enseadas, que formam as praias de bolso.
Tipos de Relevo
Os estudos realizados na APA do Cairuu permitiram a elaborao do Mapa Geomorfolgico (Mapa 4) na escala 1:100.000, que integra as informaes sobre a morfografia, o substrato rochoso, a cobertura detrtica e a dinmica superficial.
Neste mapa, sete tipos de relevos foram individualizados: Montanhas e Morros (MHM),
Morrotes (MT), Cones de dejeo e corpos de tlus (Cd), Plancie marinha com
cordes litorneos e praias (Pcm), Plancie de mar (Pm), Plancie fluvio-marinha (Pfm)
e Plancie fluvial (Pf).
O relevo de Montanhas e Morros (MHM) o que predomina na APA do Cairuu,
associado a todo o arcabouo granito-gnissico da rea, exceo de um corpo do
Granito Serra da Cangalha que assume formas rebaixadas de morrotes. As demais
formas de relevo esto associadas com os processos deposicionais continentais
(plancie fluvial, cones de dejeo e corpos de tlus), marinha (plancie marinha com
cordes litorneos e plancie de mar) ou mista (plancies flvio-marinhas).
As Montanhas e Morros (MHM) correspondem a tipos de relevos sustentados por
gnaisses e granitos que do origem a solos de alterao, residuais e superficiais
delgados e com freqentes afloramentos de rocha, que formam cristas alongadas,
cumes isolados e Pes de Acar devido s declividades acentuadas.
Os solos superficiais, de textura argilosa ou argilo-siltosa (mdia) correspondem a
associaes de Cambissolos Hplicos e Cambissolos Hmicos, ocorrendo tambm
Latossolos vermelho amarelo nos topos e encostas mais suaves.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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As elevadas declividades desses relevos condicionam a ocorrncia de processos de
entalhe e transporte fluvial, rastejo, queda de blocos e escorregamentos planares
freqentes e de alta intensidade, bem como a deposio de cones de dejeo e corpos
de tlus no sop das vertentes, que so os relevos que caracterizam a transio entre
o Planalto da Bocaina e a Baixada Litornea.
Os Morrotes (MT) e Cones de dejeo e corpos de tlus (Cd) so relevos que se
desenvolvem a montante de soleiras, caracterizando alvolos de diferentes dimenses.
Os Morrotes so sustentados na rea pelo Granito Serra da Cangalha, constituindo
reas suaves favorveis deposio de sedimentos colvio-aluvionares que formam
Cones de dejeo e corpos de tlus. Associado a esse relevo ocorre a formao de
uma das mais extensas plancies de mar dentro da APA do Cairuu, defronte ao Saco
do Mamangu, onde se desenvolve um importante manguezal.
A Baixada Litornea constitui-se de Plancies marinhas com cordes litorneos e praias
(Pcm), Plancies de mar (Pm), Plancies fluvio-marinhas (Pfm), Plancies fluviais (Pf) e
Cones de dejeo e corpos de tlus.
Esses relevos planos a suaves apresentam predominantemente processos
deposicionais associados ao dos rios, mars e ondas, sendo os processos
erosivos de baixa intensidade e restritos ao erosiva lateral e vertical dos canais
fluviais meandrantes e ao das ondas junto ao mar.
As caractersticas gerais dos tipos de relevo da APA do Cairuu so apresentadas na
Tabela 4 - Caractersticas Gerais dos Relevos de Ocorrncia na Regio da APA do Cairuu
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Tipo de Relevo Morfometria
Substrato Rochoso
Morfografia Morfodinmica
Pcm Plancie marinha com cordes litorneos e praia Altit.: 0 a 10 m Declividade: < 5%
Areias marinhas finas quartzosas, micceas, por vezes intercaladas com argilas plsticas, siltosas cinza a preta.
Terrenos baixos e ondulados formados pela alternncia de cordes marinhos longos e depresses intercordes alagadias e pantanosas, paralelas a linha de costa. As praias so reas alongadas, planas e inclinadas em direo ao mar, com bermas e pequenas falsias.
Deposio de finos por decantao durante inundaes generalizada. Processos erosivos associados ao de canais fluviais so localizados e de baixa intensidade. Nas praias os processos erosivos e deposicionais associados ao das ondas, so sazonais, e de intensidade varivel.
Pm Plancies de mar Altit.: < 1 m
Argila, silte (vasa) e grande quantidade de matria orgnica.
reas planas na faixa de oscilao das mars, de encontro de guas doces e salgadas e abrigadas das circulaes mais enrgicas. Canais meandrantes.
Inundaes dirias e intensa deposio de finos.
Pfm Plancies fluvio-marinhas Altit: de at 10 m Declividade < 5%
Areia, silte, argilas e matria orgnica e Cascalhos restritos.
reas planas onduladas que abrigam a faixa de movimentao dos canais meandrantes. Associam-se alagadios em canais abandonados, barras em pontal, barras longitudinais e ilhas. Nas reas onde os rios atravessam cordes arenosos, ocorre intenso retrabalhamento fluvial, conferindo a estas faixas caractersticas distintas das plancies adjacentes.
Eroso vertical e lateral do canal, retrabalhamento de sedimentos, e deposio lateral e vertical de sedimentos aluviais, localizados e de baixa intensidade.
Pf Plancies fluviais Altit.: variveis Declividade < 2%
Sedimentos inconsolidados, constitudos por argila orgnica, argila siltosa, areia argilosa e cascalhos.
Terrenos planos e inclinados em direo ao rio, compreendendo a plancie de inundao e baixos terraos. Associam-se alagadios e pntanos, devido ao nvel do fretico elevado.
Deposio de finos durante as enchentes por decantao e de areias por acrscimo lateral freqente e de intensidade varivel. Eroso lateral e vertical do canal localizada e de intensidade varivel.
Cd Cones de dejeo e corpos de tlus Alt.: variveis Decl. 10 a 35%
Mataces, blocos e seixos imersos em matriz areno-argilosa arcoseana ou arenosa.
Rampas deposicionais sub-horizontais e/ou convexas, localizadas no fundo de vales e no sop de vertentes ngremes. Associam-se campos de mataces.
Entalhe vertical e lateral de canais freqente e intenso. Rastejo generalizado e freqente. Quedas de blocos, escorregamentos e torrentes so localizados e de moderada intensidade associados ao acmulo de detritos
MT Morrotes Altit.: 590 a 650 m Amplitude: 40 a 80 m Rampa: 200 a 300 m Declividade: 20 a 40%
Sustentados por granitos.
Topos subnivelados estreitos e convexos. Perfis de vertentes contnuos retilneos, podendo ser mais ngreme nas nascentes. Vales erosivos e erosivos-acumulativos abertos. Padro de drenagem subdendrtico de densidade mdia a baixa.
Eroso laminar, em sulcos e ravinas, bem como rastejo e pequenos escorregamentos nas encostas mais ngremes, so ocasionais e de baixa intensidade.
MHM Montanhas e Morros
Granitos, gnaisses e charnoquitos
Topos desnivelados, estreitos, por vezes rochosos, formando picos e cristas. Perfis de
Entalhe, transporte e deposio fluvial, rastejo, queda de blocos e escorregamentos planares so freqentes
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Altit: 700 a 2095 m Ampl: 250 a 1000 m Rampa: 600 a 2000 m Declividade: 25 a 70%
vertente descontnuos, com segmentos retilneos e convexos. Vales erosivos, profundos e estreitos, com freqentes cachoeiras, rpidos e alvolos com plancies aluvionares e cones de dejeo.
e de alta intensidade.
Solos
A identificao dos solos de ocorrncia na APA do Cairuu atravs do mapa pedolgico
e sua interpretao em conjunto com outras informaes relativas ao clima, topografia
e uso da terra que permitem consideraes acerca da capacidade natural de uso das
terras e da suscetibilidade eroso.
Os tipos de solo ocorrentes na APA, bem como suas associaes, podem ser
verificados no Mapa 5. Na Tabela 5 consta o detalhamento da legenda do mapa pedolgico, com a correspondncia das classes de solo dos levantamentos originais e
tambm a indicao das reas de ocorrncia relativas a cada unidade de mapeamento.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Tabela 5
Legenda do Mapa de Solos da APA do Cairuu, com a Correspondncia das Classes de Solo dos Levantamentos Originais e Localizao
APA do Cairuu Levantamento original LOCAL (IAC - Instituto Agronmico de Campinas)
(SNLS)
CX11: CAMBISSOLOS HPLICOS DISTRFICOS TEXTURA ARGILOSA E MDIA FASE NO ROCHOSA E ROCHOSA REL. MONTANHOSO E ESCARPADO + LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS DISTRFICO TEXTURA ARGILOSA REL. MONTANHOSO E FORTE ONDULADO AMBOS COM HORIZONTE A MODERADO E PROEMINENTE.
CA16+LVA6+PVA1: TB CAMBISSOLO LICO OU DISTRFICO, A MODERADO TEXTURA ARGILOSA OU MDIA, FASE ROCHOSA FLORESTA TROPICAL PERENIFLIA, RELEVO FORTE ONDULADO E MONTANHOSO + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO LICO, A MODERADO TEXTURA ARGILOSA, FASE FLORESTA TROPICAL PERENIFLIA, RELEVO FORTE ONDULADO + PODZLICO VERMELHO-AMARELO TB, LICO OU DISTRFICO, A MODERADO TEXTURA MDIA/ARGILOSA, FASE FLORESTA TROPICAL PERENIFLIA, RELEVO FORTE ONDULADO.
Faixa costeira entre a escarpa e as reas de plancies
CX17: CAMBISSOLOS HPLICOS TB DISTRFICOS A MODERADO TEXTURA ARGILOSA OU MDIA, RELEVO MONTANHOSO E ESCARPADO + AFLORAMENTO ROCHOSO
CA17 + AR: TB LICO OU DISTRFICO, A MODERADO TEXTURA ARGILOSA OU MDIA, FASE FLORESTA TROPICAL PERENIFLIA, RELEVO MONTANHOSO E ESCARPADO AFLORAMENTO ROCHOSO.
Escarpa da Serra do Mar e Ponta da Joatinga
LVA53: LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS LICO, A moderado textura argilosa, relevo forte ondulado + ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Tb, Distrfico, A moderado textura mdia/argilosa, relevo forte ondulado + CAMBISSOLOS HPLICOS Distrfico, A moderado textura argilosa ou mdia, relevo forte ondulado e montanhoso
LVa36: Latossolo Vermelho-Amarelo lico, textura argilosa, relevo forte ondulado e montanhoso + Podzlico Vermelho-Amarelo lico Tb, textura mdia/argilosa, relevo forte ondulado + Cambissolo lico textura mdia e argilosa, relevo montanhoso, todos A moderado
Regio dos municpios de Arape e Bananal
RU1: NEOSSOLOS FLVICOS Distrficos A moderado textura argilosa ou mdia fase floresta tropical subpereniflia de vrzea relevo plano
Ad1 aluviais Tb DISTRFICOS A moderado textura mdia ou arenosa fase floresta tropical pereniflia de vrzea relevo plano
Regio dos rios Perequ-au
Fonte: OLIVEIRA et al.,1999 e SNLS - EMBRAPA,1992.
As unidades de solos apresentadas na legenda representam os tipos de solos que
predominam na respectiva associao. Ao todo, foram mapeadas 04 manchas de
associaes de solos.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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O Cambissolo Hplico distrfico o que predomina na APA do Cairuu, ocupando
quase toda a escarpa da Serra do Mar. Os outros tipos de solos presentes so
associaes de Latossolos e de Neossolos Flvicos, esta ltima mapeada nas
plancies de inundao e litornea.
Caracterizao dos Solos da APA do Cairuu
De modo geral, os solos da APA do Cairuu so caracterizados como rasos na regio
de escarpa sobre granitos e profundos na plancie litornea sobre diversos sedimentos
(aluvies, colvios-aluvionares, fluviais-marinhos, cordes marinhos e praias, e
mangues).
Como caractersticas comuns, os solos possuem elevada acidez e altos teores de
alumnio trocvel em subsuperfcie, que conferem toxidez em profundidade no solo. A
acidez e a toxidade por alumnio trocvel restringem o volume utilizvel de solo para o
enraizamento das plantas, com conseqncias sobre o desenvolvimento da cobertura
vegetal. So solos com saturao por base inferior a 50%, que lhes confere o carter
distrfico, representando baixos teores nutricionais. Aos solos associados s fases de
relevo mais movimentadas, pertencentes s classes forte ondulado, montanhoso e
escarpado, somam-se limitaes relacionadas com elevada suscetibilidade eroso e
impedimento motomecanizao e ao trfego de mquinas. As limitaes dos solos de
plancies esto relacionadas disponibilidade de oxignio no solo, devido altura do
lenol fretico.
a)- Cambissolos
So solos que se caracterizam pela textura mdia e relao silte/argila elevada, so
moderadamente drenados e pouco profundos. Ocorrem generalizados em toda a
escarpa, associados a afloramentos rochosos, sobre granito e gnaisse (unidade CX17).
Tambm aparecem nas plancies fluviais e cones de dejeo (aluvies e colvio-
aluvionares).
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Dos solos desta classe, a unidade predominante identificada na APA do Cairuu
formada pelos CAMBISSOLOS HPLICOS Distrficos (unidade CX17), ocorrendo
principalmente na ponta da Joatinga. Mais para norte, tem-se a associao entre os
CAMBISSOLOS HPLICOS, LATOSSOLOS VERMELHOS-AMARELOS e
ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS (unidade CX11) em relevo forte ondulado e
nas reas ocupadas pelos cones de dejeo, sobre granito, gnaisse e sedimentos
colvio-aluvionares. A vegetao que predomina nesta unidade a Floresta Ombrfila
Densa.
b)- Latossolos Vermelho-Amarelos
Os LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS apresentam textura mdia e argilosa, so
solos profundos, bem estruturados, o que lhes confere boa drenagem interna, mesmo
quando argilosos.
Estes solos aparecem em uma faixa no sentido NE no prolongamento do Saco do
Mamangu at a divisa da APA (Unidade LVA53), em relevo de morros, morrotes,
sobre granitos e gnaisses. Tambm aparece associado unidade CX11. Sobre estas
unidades aparecem as Florestas Ombrfilas Densas.
c)- Argissolos Vermelho-Amarelos
Os Argissolos Vermelho-Amarelos se caracterizam por apresentar gradiente textural
entre horizontes superficiais (A, E, ou A/B) e subsuperficiais (Bt, B/C), definido por um
aumento acentuado no teor de argila em profundidade no solo. O gradiente textural
pode condicionar carter abrupto, de acordo com os critrios definidos pela EMBRAPA
(1988). A presena de gradiente textural diminui a permeabilidade gua, resultando
em drenagem moderada do solo, com efeito sobre a suscetibilidade eroso, que
maior nestes solos, em relao aos Latossolos. Aparecem associados nas unidades
CX11 e LVA53.
f)- Neossolos Flvicos
Estes solos so formados por sedimentos aluviais (aluvies, cordes marinhos e
praias, flvio-marinhos e mangues) de textura argilosa, mdia ou arenosa, sendo que
os de textura mdia e arenosa apresentam boa permeabilidade.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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So solos profundos, limitados pela presena do lenol fretico. Aparecem na unidade
RU1, em plancies de mar e cordes marinhos e praias, principalmente na regio do
rio Perequ-au.
Recursos Hdricos Superficiais
Na rea continental da APA do Cairuu identificam-se oito bacias hidrogrficas (Mapa 6), individualizadas atravs da delimitao dos divisores de gua principais.
As mais importantes bacias da APA so as dos rios Mateus Nunes, dos Meros e
Parati-Mirim, sendo que esta ltima possui a maior rea de contribuio e a drenagem
com maior dimenso e volume de gua. O rio Mateus Nunes representa o limite norte
da APA do Cairuu, de modo que somente os afluentes da margem direita esto dentro
da APA. As demais bacias no se encontram estruturadas atravs de uma drenagem
principal, contendo microbacias que drenam diretamente para o mar.
Neste sentido, as baas que originam os Sacos do Mamangu e do Fundo formam os
principais coletores das guas superficiais, uma vez que recebem as guas drenadas
pelas mais importantes bacias hidrogrficas da APA, inclusive a do rio Parati-Mirim.
O padro das drenagens no relevo de Montanhas e Morros (MHM) angular a sub-
paralelo (principalmente nas cabeceiras), com forte controle das estruturas do substrato
rochoso, responsveis por parte da modelao do relevo. Como caracterstica,
apresentam feies como curvas abruptas em alto ngulo (cotovelos), confluncia de
drenagens perpendiculares ou canais paralelizados.
A hierarquizao das drenagens chega no mximo ao 3o grau, nvel em que se situam
os rios Parati-Mirim, dos Meros e Mateus Nunes, nicas drenagens que chegam a
desenvolver plancies de inundao mais extensivas e mapeveis na escala adotada.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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O Rio Parati-Mirim desenvolve em seu baixo curso o padro meandrante, com baixa
declividade de escoamento e alta sinuosidade, o que confere uma geometria ondulada
e com ampla plancie, comumente inundada nos perodos de chuva intensa, pois
concentra nesta regio toda a gua de sua microbacia, a qual se origina nos
contrafortes da Serra do Mar. Esta uma caracterstica comum na regio, onde nos
perodos chuvosos mais intensos, quando os canais apresentam os picos de vazo,
comum o registro de cheias, ocorrendo inundaes nas plancies fluviais e flvio-
marinhas situadas na APA.
No existem dados quantitativos disponveis que permitam avaliar sobre a
disponibilidade hdrica superficial da APA do Cairuu. Apesar disso, pode-se inferir
como sendo elevada, pois segundo Coelho Neto e Dantas (1995), a regio litornea e a
escarpa ocenica (vertente sul) no apresentam nenhuma deficincia hdrica.
Neste caso, observa-se na APA que existe uma grande disponibilidade de fontes
alternativas de gua, no s em quantidade como em qualidade. Nota-se isso pelo uso
que as comunidades locais fazem da gua, captando-as diretamente dos recursos
superficiais, sem nenhum tratamento prvio. As maiores dificuldades neste caso so
das comunidades litorneas, a exemplo de Parati-Mirim, onde as fontes so
relativamente afastadas e requerem a implantao de estruturas para conduo da
gua.
Em termos disponibilidade hdrica, as reas mais vulnerveis sempre so as regies de
cabeceiras, onde se concentram as nascentes. Na APA do Cairuu estas zonas esto
prximas aos divisores de gua que delimitam as zonas hidrolgicas (Mapa 6), com maior concentrao no limite oeste, onde se tm as cabeceiras dos rios Parati-Mirim,
dos Meros e Mateus Nunes. Nestas regies, importante garantir a reteno da gua
no solo, principalmente atravs da vegetao, para garantir balano hdrico positivo.
O desmatamento progressivo nas regies de cabeceira tende a diminuir a quantidade
de gua e, ao mesmo tempo, desprotege o solo, aumentando a suscetibilidade de
instaurao de processos erosivos, com conseqente assoreamento das drenagens,
causando tanto a deteriorao quantitativa como qualitativa dos recursos hdricos.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Recursos Hdricos Sub superficiais
Na APA do Cairuu ocorre escassez de dados e informaes sobre a natureza e a
potencialidade dos recursos hdricos subsuperficiais devido inexistncia de estudos
hidrogeolgicos regionais. Segundo a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais) do Rio de Janeiro, o mapeamento hidrogeolgico do Estado est sendo
concludo, que poder acrescentar informaes importantes a este diagnstico.
O potencial hdrico subterrneo nas reas pertencentes a APA do Cairuu pode ser
previamente estabelecido comparando-se com estudos realizados pelo DAEE (1977 e
1984) que abrangem terrenos contguos no Parque Estadual da Serra da Bocaina, os
quais correspondem denominada Zonas Hidrogeolgicas 5 Litoral Norte.
Segundo resultados dos mapeamentos regionais realizados pelo DAEE (op cit.), a
Zona Hidrogeolgica do Litoral Norte caracterizada pelo sistema aqufero cristalino,
com litologias predominantes representadas por granitos, gnaisses, migmatitos, filitos,
xistos e metassedimentos.
Apresentam caractersticas de aquferos livres a semiconfinados e heterogneos,
descontnuos, com espessuras que variam entre 100 a 150 metros. As vazes
potenciais em poos deste sistema aqufero variam entre 5 e 20 m3/h e a profundidade
mdia dos poos perfurados de 150 metros.
Apesar do baixo rendimento dos poos perfurados neste sistema, os estudos do DAEE
(op cit.) indicam que se a perfurao for precedida da adoo de critrios
hidrogeolgicos e geofsicos, considerando os lineamentos tectnicos presentes na
regio, pode resultar em aumento significativo da produtividade dos poos com vazes
entre 10 20 m3/h. Segundo o DAEE (op cit.), as caractersticas fsico-qumicas das
guas deste sistema (representados pelos aqfero cristalino) so adequadas para o
abastecimento pblico e uso geral.
Nesta zona tambm ocorre o sistema aqfero representado pelos depsitos aluviais,
para os quais so necessrios estudos especficos que avaliem as possibilidades de
explorao e de produtividade de poos neste sistema.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Tendo em vista a elevada disponibilidade hdrica superficial na APA do Cairuu, as
comunidades regionais no utilizam as guas subterrneas. Assim, no se dispem de
dados e informaes locais sobre os sistemas aqferos.
Avaliao da Suscetibilidade do Meio Fsico
Formao, Evoluo e Fragilidade dos Ambientes da APA do Cairuu
A evoluo dos terrenos da regio resultado da interao entre as foras internas e
externas, originando, atravs de processos dinmicos interdependentes, diversos
ambientes e paisagens com caractersticas especficas e particulares.
Na Serra do Mar, onde se insere a APA do Cairuu, a dinmica interna foi responsvel
pela elevao do terreno atravs de movimentos tectnicos, e que atualmente esto
sendo esculpidos e remodelados pela dinmica externa ou superficial, resultado da
sinergia de diversos fatores fsicos, qumicos, biolgicos e, atualmente, antrpicos (a
partir da interferncia nos processos naturais).
Portanto, a conformao do relevo ou da paisagem da APA do Cairuu est
relacionada com a dinmica dos processos formadores (morfognese) e
remodeladores do relevo (pedognese, intemperismo, etc). Segundo Austin e Cocks
(1978), os atributos que condicionam a evoluo dos terrenos so interdependentes e
tendem a ocorrer correlacionados.
Na APA do Cairuu a interao entre os principais atributos facilmente observada,
havendo grande diversidade de ambientes e processos que indicam sua evoluo.
Nos topos dos relevos montanhosos predominam cumes rochosos com paredes
ngremes e expostas, muitas vezes com geometria alongada, formando cristas, ou
localmente arredondada, gerando Pes de Acar. Esta feio um exemplo de
relevo jovem, em processo de denudao, em cujo sop se formam corpos de tlus
derivados da queda de blocos ou movimentos de massa gravitacionais.
Os solos, quando chegam a se desenvolver, so pouco espessos e pedregosos
(cambissolos ou neossolos), com grande suscetibilidade a escorregamentos planares
(movimentos de massa controlados pelo contato solo/rocha).
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Portanto, so regies de risco para a ocupao antrpica, sujeitas a escorregamentos
e queda de blocos. Os corpos de tlus so suscetveis a sofrerem processos de rastejo
(movimentos lentos de massa), por serem materiais inconsolidados, podendo afetar
estruturas apoiadas em sua superfcie (edificaes, estradas, pontes) ou subsuperfcie
(tubulaes enterradas).
Os relevos de morros apresentam formas mais arredondadas e vertentes mais suaves
do que o relevo de montanhas, apesar de ainda serem superiores a 15 %, e chegam a
desenvolver solos mais espessos. Sua suscetibilidade a processos de
escorregamentos menor, porm ainda ocorre. A evoluo atual deste relevo ocorre
sob a forma de processos erosivos laminares, onde o solo removido
homogeneamente sob a ao da gua da chuva.
A evoluo desses relevos resultado de processos de remoo constante de solo,
que em grande parte so carreados para as drenagens, entrando em um ciclo de
sedimentao inicialmente continental, formando os depsitos de plancies fluviais, e
posteriormente costeira, gerando parte do material que originar os depsitos de
cordes litorneos (areias e cascalhos) e plancie de mar (siltes e argilas).
A dinmica fluvial um dos principais elementos na formao do relevo e da paisagem
de uma regio, sendo responsvel pelo entalhe dos vales, que tendem a se aprofundar
em um clima mido, condicionando a evoluo das vertentes pela diferena da energia
potencial (nvel de base) formada entre as amplitudes das formas de relevo e os
talvegues (linha de maior profundidade do leito).
O desenvolvimento de uma drenagem depende da interao de vrios fatores. De
maneira simplificada, deve-se considerar como sendo o entalhe produzido pela
concentrao do fluxo superficial originado pelas chuvas e/ou afloramento do lenol
fretico, condicionado pelo regime pluviomtrico (quantidade de gua que entra na
bacia).
A densidade da rede de drenagem, bem como suas formas, so normalmente
controladas pelo substrato rochoso, variando em funo da permeabilidade,
erodibilidade, morfologia das formas e estruturas preexistentes, que direcionam e
controlam o fluxo superficial (quantidade de gua que sai da bacia).
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Na APA do Cairuu o controle do susbstrato rochoso na formao da rede de
drenagem bastante visvel. Conforme descrito na Seo 1.2.6, o padro no relevo de
Montanhas e Morros (MHM) angular a sub-paralelo, com duas direes principais de
drenagens: uma NE (dominante), controlando as principais drenagens, inclusive a
formao dos Sacos do Mamangu e do Fundo, e outra NW, controlando
preferencialmente as drenagens menores (afluentes de 1a e 2a ordens).
Estas orientaes derivam de estruturas existentes na rocha (fraturas) que so planos
de descontinuidades que permitem a percolao da gua, facilitando o entalhe da
drenagem e direcionando o escoamento superficial. Desta maneira, observam-se
formas angulares em cotovelo, encontro perpendicular de drenagens e paralelizao de
canais segundo a mesma direo.
Uma drenagem principal, como os rios Mateus Nunes e Parati-Mirim, pode
genericamente ser dividida em trs zonas: alto, mdio e baixo curso, cada uma com
sua dinmica. O alto curso representa a regio de cabeceira das drenagens, onde
normalmente apresenta maior declividade e energia erosiva.
Na Serra do Mar, onde os desnveis so elevados, formam-se muitos rios de corredeira
nestas regies, com grande quantidade de blocos de rocha em seu leito in situ ou
trazidos em regimes torrenciais (intensas chuvas). O mdio curso, que representa a
poro mdia do rio, j pode apresentar uma plancie desenvolvida, como o caso dos
rios supracitados, onde os processos erosivos e deposicionais esto relativamente em
equilbrio.
O baixo curso, por sua vez, a regio de menor declividade, onde as plancies so
mais extensas, a reteno de gua maior e a deposio de sedimentos mais
intensa. Neste caso, dependendo da morfologia da plancie, as drenagens podem
assumir padro sinuoso (meandrante), como o caso do rio Parati-Mirim, com
seqncia de curvas reversas (meandros).
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Os canais fluviais apresentam cheias anuais associadas ao regime climtico na bacia
hidrogrfica, representando as maiores vazes dirias ocorridas a cada ano. Quando
esta vazo superior capacidade de escoamento do canal fluvial (leito menor), ento
ocorre o transbordamento da gua para a plancie fluvial (leito maior), que tem como
funo exatamente abrigar a gua de vazo de cheia. Chuvas excepcionais podem
resultar em enchentes fora da plancie de inundao, porm com um perodo de
recorrncia muito mais longo.
Portanto, a plancie de inundao tem uma funo muito importante na dinmica fluvial
de um rio, devendo-se adotar srias restries sua ocupao. Impermeabilizao
excessiva da plancie ou modificaes em sua geometria ampliam a abrangncia e o
tempo de permanncia das inundaes. Quando um rio percorre o domnio das
plancies costeiras ento sua plancie passa a se denominar flvio-marinha.
A plancie costeira representa um ambiente originado por sedimentao marinha, ou
seja, pelo avano e recuo da linha de costa e deposio de sedimentos formando
cordes arenosos (praias). Normalmente caracteriza-se por relevos aplainados, sendo
que algumas zonas recebem influncia das mars, inundando na enchente e secando
na vazante, formando as plancies de mar, com predomnio de deposio de
sedimentos lamosos (argilas e siltes). Neste ambiente, comum a formao de
mangues, principalmente quando associados foz de rios, como o caso dos rios
Parati-Mirim, Mateus Nunes (em Parati), no rio que desemboca na Praia Grande e no
fundo do Saco do Mamangu, este ltimo representando a mais extensa plancie de
mar da APA do Cairuu.
As plancies de mar apresentam declividades muito baixas, com algumas reas
permanentemente alagadas e outras sazonalmente em funo do regime de mars
(mar enchente), ocorrendo a mistura de guas doces e salgadas (gua salobra). Os
terrenos onde se desenvolve o mangue so normalmente lamosos (argila escura) e
ricos em matria orgnica, exceo da plancie da Praia Grande, onde predominam
sedimentos arenosos no fundo do canal. Esta feio possivelmente indicativa do
desenvolvimento do mangue sobre cordes litorneos arenosos, refletindo a
composio do substrato e da sedimentao do canal fluvial.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Nestes ambientes, comum a migrao dos canais de escoamento, uma vez que a
declividade muito baixa, variando de acordo com o regime de vazo e da dinmica de
sedimentao dos mesmos.
Na foz do rio Parati-Mirim observa-se um canal atualmente abandonado que percorria
paralelamente a praia, que em um passado recente foi o canal de desemboque do rio.
A mesma situao verificada no rio que desemboca na Praia Grande, atualmente
paralelo praia, porm com indcios de movimentao constante ao longo do tempo.
Na Tabela 6 os ambientes acima detalhados so descritos quanto s suas fragilidades e potencialidades naturais e conseqentes da interveno humana.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Tabela 6
Tipos de Terrenos e suas Relaes de Fragilidades e Potencialidades Naturais ou Conseqentes da Interveno Humana
Tipo de Terreno Relevos e Ambientes Associados Fragilidades e Potencialidades
Montanhas e Morros (MHM)
Encostas de altas declividades; Alta suscetibilidade ocorrncia de
movimentao de massa, como escorregamentos, queda de blocos, rastejos, etc, e mdia a baixa para processos erosivos concentrados;
Severas restries ao uso agropecurio; Favorveis proteo e abrigo de fauna e
flora, e para fins de turismo e recreao.
Montanhoso Costeiro Relevos de Dissecao
Morrotes (MT)
Encostas de baixa declividade; Baixa a moderada suscetibilidade ocorrncia
de processos erosivos; Favorveis ao uso agropecurio, com medidas
simples de implantao e manejo.
Cones de dejeo e corpos de tlus (Cd)
Entalhe vertical e lateral de canais freqente e intenso;
Rastejo generalizado e freqente; Acumulo de detritos associados a quedas de
blocos, escorregamentos e a torrentes so localizados e de moderada intensidade.
Plancies de mar (Pm)
Baixo gradiente; Inundaes dirias e intensa deposio de
finos; Substrato com alto adensamento e baixa
capacidade de suporte a edificaes; Padro de drenagem meandrante, com intensa
migrao de canais; Alta suscetibilidade contaminao do lenol
fretico e da gua superficial.
Plancies fluviais (Pf)
Plancies e Ambientes de Deposio Sedimentar Relevos de agradao
Plancies fluvio-marinhas (Pfm)
Relevo plano; Inundaes peridicas da plancie, restringindo
a ocupao; Suscetibilidade a assoreamento do canal no
baixo curso e eroso no alto curso; Importante ambiente para proteo da
vegetao ciliar com potencializao dos corredores de fauna e reteno de gua na bacia;
Alta suscetibilidade contaminao do lenol fretico e da gua superficial.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Influncia da Ocupao Antrpica na Modificao dos Processos em Curso
A interferncia antrpica2 na APA do Cairuu pode causar modificao no equilbrio
dos componentes do meio fsico, seja atravs da induo, ampliao, reduo e/ou
interrupo dos processos naturais em curso.
Conforme demonstrado na Seo anterior, existe uma interdependncia entre os
elementos que formam os diversos ambientes da APA do Cairuu, de modo que a
modificao de um processo pode alterar vrios outros e afetar ambientes
interdependentes.
A evoluo natural dos terrenos na APA do Cairuu tende a disponibilizar uma certa
quantidade de sedimentos, seja pelos processos erosivos difusos (eroso laminar),
concentrados (sulcos, ravinas e voorocas) e movimentos de massa lentos (rastejos) e
rpidos (escorregamentos, queda de blocos, etc).
Estes sedimentos so naturalmente transportados pela rede de drenagem que forma a
bacia hidrogrfica, podendo haver um rio principal que capta todas as guas
superficiais que escoam na bacia ou drenarem diretamente para o mar. Parte dos
sedimentos depositada ao longo de sua plancie e canal e parte desembocando no
mar, sendo retrabalhados pelas correntes marinhas formando os depsitos da plancie
costeira.
A ocupao dessas encostas, seja pela atividade agrcola ou pela urbanizao, tende a
modificar essa dinmica natural, principalmente devido a exposio do solo e
concentrao da gua de chuva, muitas vezes amplificando os processos de eroso e,
desse modo, aumentando a carga sedimentar que vai parar nos rios.
Isto faz com que tambm haja alterao na dinmica fluvial, podendo ocorrer a
instaurao de assoreamentos (quando o rio satura a capacidade de transporte de
sedimentos e os mesmos passam a se depositar no canal fluvial, formando cordes e
ilhas no meio do leito e em algumas situaes aterrando a plancie fluvial). Este
processo causa um adelgaamento do canal, reduzindo a seo e forando um
espraiamento das guas.
2 Humana
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Neste sentido, o desmatamento das encostas e a exposio do solo podem alterar a
taxa de eroso e conseqentemente o afluxo de sedimentos para estas drenagens,
afetando a capacidade de escoamento das mesmas. Por outro lado, a mudana desta
capacidade tambm pode ocorrer atravs de alteraes climticas induzidas pelo
desmatamento, resultando em modificaes nos regimes de vazo das bacias
hidrogrficas.
Situao inversa pode ocorrer atravs de impermeabilizaes excessivas de uma
bacia, as quais aumentam a quantidade do escoamento superficial (em detrimento da
menor infiltrao no terreno), podendo induzir a eroso no canal fluvial (reentalhe da
drenagem) e inundaes mais freqentes e abrangentes.
Portanto muito importante manter a vegetao ciliar ao longo das drenagens e
cabeceiras (regio das nascentes), respeitando os limites fisiogrficos da plancie de
inundao. De maneira geral a manuteno de uma maior quantidade de vegetao
est relacionada ao poder de reteno de gua na bacia, e contribui diretamente para a
sua disponibilidade hdrica.
A ocupao das plancies fluviais tambm um processo que deve ser evitado, pois
uma rea inundada periodicamente, e qualquer tipo de instalao em seu interior ser
afetada pelo regime de enchente. Situao igualmente adversa a impermeabilizao
excessiva da plancie e modificao de sua geometria, diminuindo a capacidade de
infiltrao da gua e aumentando conseqentemente o tempo de permanncia da
inundao e a sua abrangncia espacial.
Em um rio com padro meandrante, como visto no Parati-Mirim, a plancie um
elemento fisiogrfico muito importante, pois o gradiente de escoamento muito baixo,
o que faz o rio tornar-se sinuoso (meandrante), ocasionando um grande tempo de
reteno da gua na bacia.
Durante as cheias o volume de gua aumenta significativamente, extrapolando para a
plancie, a qual apresenta a funo de abrigar este excedente.
Da mesma maneira as plancies de mar, onde se desenvolvem os mangues, so
ambientes suscetveis ocupao humana por possurem gradientes muito baixos,
com grande tempo de permanncia da gua, estando periodicamente ou sazonalmente
inundadas.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Os terrenos so compostos predominantemente por argilas, muitas vezes orgnicas
(cor preta), o que confere alta taxa de adensamento e baixa capacidade de suporte
edificaes e obras. Estas caractersticas fazem com que qualquer interveno de
maior porte (edificaes, estradas, marinas, etc.) necessite substituir o solo da base e
construir aterros acima do nvel de inundao, provocando sempre modificaes
significativas no ambiente, muitas vezes irreversveis.
reas Degradadas por Intervenes Antrpicas e Recomendaes Preliminares
As situaes de degradao decorrem da interao entre aes antrpicas e a
susceptibilidade do processo ou ambiente de ser alterado. Nesta seo apresentam-se
as situaes de degradao verificadas na APA do Cairuu.
Cabe ressaltar que o levantamento realizado foi preliminar, havendo necessidade de
estudos mais extensivos para identificar todas as reas degradadas no interior da APA
do Cairuu bem como detalhar as situaes aqui apresentadas.
Processos de Instabilizao de Encostas
Os movimentos de massa compreendem processos que envolvem a movimentao de
uma massa ou volume de solo ou rocha. As encostas da APA do Cairuu evoluem em
parte por estes processos, havendo queda de blocos nos costes e afloramentos
rochosos e processos erosivos concentrados e difusos nos solos.
Grande parte dos movimentos de massa e instabilizao de encostas foi observada na
rodovia Rio Santos (ver descrio de Passivos Ambientais da Rodovia Rio-Santos),
sendo constatado apenas um escorregamento em encosta natural no Serto do Cabral,
em meia encosta sem intervenes a montante, podendo ter sido induzido por
atividade agrcola.
Processos de Eroso Concentrada
Eroso o processo de desagregao e remoo de partculas no solo ou fragmentos
e partculas de rocha pela ao combinada da gravidade com a gua, vento, gelo ou
organismos. Esta pode estar em condies de equilbrio com a formao do solo, ou
acelerada, cuja intensidade superior da formao do solo, podendo ser natural ou
induzida por aes antrpicas.
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Encarte Caracterizao Ambiental Meio Fsico
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Processos concentrados foram notados principalmente na forma de sulcos ao longo
das estradas internas APA do Cairuu, derivados da concentrao da gua da chuva
sob as pistas de terra. Todo este material carreado para as drenagens, aumentando
a carga sedimentar das mesmas e induzindo processos de assoreamento.
Na Praia do Sono, apesar de no ter sido vistoriada, tem-se conhecimento de eroso
em encosta com alta declividade provocada pela concentrao de gua em uma trilha.
Informaes verbais e documentao fotogrfica dizem respeito a existncia de grande
eroso no local provocada pela abertura de uma estrada.
Processos de Assoreamento de Cursos dgua
Processos de assoreamento de cursos dgua foram observados ao longo dos
seguintes cursos dgua:
Rio Parati-Mirim: observa-se, entre a rodovia Rio-Santos e a praia homnima, um segmento do rio meandrante que apresenta ilhas arenosas dentro do canal. Na foz
do rio observa-se, em foto area, a formao de lbulos indicando uma intensa
sedimentao, o que reduz sensivelmente a profundidade do mar neste local;
Rio Mateus Nunes: observaram-se vrios pontos com acmulo de sedimentos ao longo do canal, principalmente a montante da travessia da rodovia Rio-Santos.
Disposio inadequada de lixo
A principal situao de degradao verificada por este processo refere-se ao lixo
existente adjacente a rodovia Rio-Santos e a montante do Saco do Fundo. Neste local
so depositados os lixos da cidade de Parati, localizado na encosta entre a rodovia e a
plancie de mar, avanando em parte na vegetao existente no local.
O lixo apresenta dois patamares, um superior, aparentemente com capacidade
saturada, e um inferior, em franca explorao. As desconformidades observadas em
relao a esta rea foram:
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No se observou nenhum plano ou procedimento organizacional, funcional ou de controle na deposio do lixo, sendo o mesmo disposto sobre a superfcie do terreno
e retrabalhado por trator de esteiras. Um aterro sanitrio normalmente funciona
atravs da formao de pequenas celulas com recobrimento constante de terra,
no constatado no local;
No havia canaletas para drenagem do chorume nem to pouco dispositivos de tratamento. As caractersticas dos terrenos conferem alta potencialidade de
contaminao do lenol fretico e as guas que banham o mangue a jusante;
A parte superior havia sido recoberta por material terroso a mando da Prefeitura Municipal, o que agravou mais a desconformidade verificada por tamponar o lixo de
maneira inadequada com possibilidade de aprisionar o gs formado pela
decomposio do lixo orgnico e gerar risco de exploso. Detectou-se leve cheiro de
gs no local, o que pode ser indcio desse processo;
A colocao de terra foi realizada de maneira inadequada, formando uma grande clula de lixo. O talude conformado no limite ao mangue apresenta grande
inclinao e sem dispositivos de proteo (como cobertura de grama, canaletas de
drenagem e bermas de alvio), o que j est resultando em processos erosivos com
carreamento de sedimentos para o mangue. A evoluo desse processo poder
novamente expor o lixo, causando mais impacto no mangue;
Nenhum mtodo de controle ou seleo do tipo de resduo disposto no local foi observado, podendo haver produtos nocivos e txicos, agravando, caso existente, o
risco de contaminao das guas superficiais e subterrneas;
Existncia de lixo fora dos limites do aterro, degradando a vegetao;
Grande impacto na paisagem local;
Observou-se tambm a ao de catadores no local.
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Esta rea degradada o reflexo de uma poltica inadequada de gesto do lixo.
Primeiramente, alm da mesma no apresentar as melhores caractersticas para
abrigar um aterro sanitrio, a situao est agravada pela operao se dar sem
nenhuma infra-estrutura. As conseqncias podem ser mais srias do que exposto
aqui, dependendo do tipo de resduo depositado no local.
Recomendaes
A recuperao dessa rea tem que ocorrer atravs de um Plano concebido por
empresas especializadas, avaliando com mtodos diretos e indiretos os impactos
causados e indicando os mtodos e procedimentos de remediao e recuperao.
Como forma de controle indica-se a necessidade da utilizao de equipamentos
especializados para medir a concentrao de gs no solo e avaliar o risco de exploso
no local aterrado, como por exemplo o GASTECH.
Outra situao observada refere-se ao incio do processo de deposio de entulhos
junto ao porto de areia na plancie do rio Mateus Nunes, logo a montante da Rod. Rio
Santos, o qual, se no for inibido, poder se tornar um novo lixo.
Degradao do Mangue
As situaes de degradao da plancie de mar com vegetao de mangue
observadas na APA foram duas, porm so exemplos de situaes comuns que
ocorrem neste tipo de ambiente:
Aterro do mangue: no fundo do Saco do Fundo existe uma rea que foi aterrada no passado para implantao de um loteamento. De acordo com informaes verbais, a
rea foi abandonada por no se conseguir sua estabilizao, consumindo grande
quantidade de aterro. Possivelmente no houve preparo adequado do terreno, sem
substituio da base do aterro ou erro no clculo da taxa de sobreaterro necessrio
gerando um volume muito maior de emprstimo do que o inicialmente previsto.
Atualmente observa-se uma rea sobrelevada em relao plancie, evitando seu
alagamento constante, que, aliado ao fato de estar compactado, impede a
regenerao do mangue;
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Invaso da plancie por edificaes: o que resulta na modificao de sua geometria e reduo da vegetao, diminuindo sua rea e impedindo sua regenerao.
Intervenes em drenagens naturais
As intervenes em drenagens naturais foram observadas principalmente ao longo das
vilas de Corisco e Corisquinho, onde vrias habitaes foram ou esto sendo
construdas nas margens das drenagens.
Conforme caracterizado na seo anterior, trata-se de reas com risco de inundao e
esta ao contribui para modificao do padro de dinmica fluvial e instabilizao das
encostas.
Outra interveno observada foi um pequeno porto de areia no rio Mateus Nunes
prximo a Parati, a montante da travessia da rodovia Rio Santos. A retirada de areia do
leito, quando realizada de maneira controlada, pode remediar situaes de
assoreamento, porm feita sem controle pode ser muito impactante, com modificao
da geometria do canal, lanamento de slidos em suspenso e deteriorao da vida
aqutica.
Muitas estradas de acesso local foram implantadas em plancies fluviais por
apresentarem relevo mais suave do que as encostas e exigirem menor movimentao
de terra. A estrada de ace