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ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES 1 PLANO DE AULA APOSTILADO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo História dos Avivamentos História dos Avivamentos História dos Avivamentos História dos Avivamentos Panorama dos avivalistas e avivamentos modernos Escola Superior de Teologia do ES

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História dos AvivamentosHistória dos AvivamentosHistória dos AvivamentosHistória dos Avivamentos Panorama dos avivalistas e avivamentos modernos

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A Escola Superior de Teologia do Espírito Santo – ESUTES, é amparada pelo disposto no parecer

241/99 da CES (Câmara de Ensino Superior) – MEC O ensino superior à distância é amparado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais

avançados sistemas de ensino da atualidade. Sistema de ensino: Open University – Universidade aberta em Teologia

O presente material apostilado é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão.

A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda,

bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.

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SSSSSSSSuuuuuuuummmmmmmmáááááááárrrrrrrriiiiiiiioooooooo

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Avivamento & Missões................................................................................................................................ 04

Desenvolvimento do Protestantismo .......................................................................................................... 09

O Crescimento e Expansão do Pentecostalismo........................................................................................ 21

Os Avivamentos da Igreja Primitiva ............................................................................................................ 23

Os Grandes Avivalistas............................................................................................................................... 33

Como Promover um Avivamento Local....................................................................................................... 41

Com tudo o que Possuis, Adquire a Unção ................................................................................................ 43

Avivamento: Alcançando a Presença de Deus(Uma Perspectiva Atual).................................................... 51

Bibliografia .................................................................................................................................................. 67

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AAvviivvaammeennttoo && MMiissssõõeess

A expansão do Cristianismo para o Novo Mundo começou antes do ano 1500 quando Martinho Lutero era ainda criança. Antônio de Montesino trovejou seu clamor por justiça na ilha de Hispaniola em 1511, anos antes de Lutero pregar suas 95 teses na porta de Wittenberg. Na época em que a Reforma já estava bem encaminhada na Alemanha e Suíça, os frades franciscanos haviam batizado mais de um milhão de ameríndios.

Embora o cristianismo da Reforma contivesse a semente que mais tarde germinaria num movimento missionário mundial, ele achava-se lamentavelmente ausente durante os anos formativos da história latino-americana. Os calvinistas, no entanto, fizeram duas tentativas de colonização no Brasil, uma em meados do século XVI e a outra quase 100 anos mais tarde. Nenhuma teve porém êxito. O protestantismo só pôde lançar raízes na América Latina depois que o cesaropapismo ibérico foi derrubado. O catolicismo romano fez uso dos seus 300 anos de vantagem para solidificar o seu domínio no Novo Mundo.

A entrada dos protestantes na América Latina dependeu, em termos humanos, das pressões econômicas aplicadas externamente pela Inglaterra e Estados Unidos, assim como de pressões ideológicas liberais e anticlericais internas. O protestantismo teve um início auspicioso com a chegada do educador James (Diego) Thomson em 1819 na Argentina e a concessão da liberdade de culto aos estrangeiros no Brasil em 1823. Mas o crescimento foi bastante demorado e a resistência católica grande durante todo o século XIX. Só depois da 2a Grande Guerra o protestantismo veio a ter influência e começou a colheita tão diligentemente semeada no último século.

I. Cenário do Protestantismo Latino Americano A histórica conferência de missões em Edinburgo (1908) foi realizada para determinar os

meios que capacitariam a Igreja a terminar a tarefa da evangelização mundial. Embora totalmente protestante e com uma teologia em sua maior parte evangélica, os participantes recusaram-se a considerar a América Latina— presumindo que, a América portuguesa e espanhola já fosse "cristã".

A penetração do protestantismo na América Latina no século XIX faz parte do que Latourette chama "O Grande Século do Avanço Missionário" As denominações que começaram seu trabalho na América Latina no século XIX foram as seguintes: anglicanos, luteranos, Irmãos (Plymouth), congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas, menonitas e adventistas (Sétimo Dia). Dentre elas, as missões anglicana, luterana e menonita trabalharam quase exclusivamente junto às populações de imigrantes que determinaram tanto a forma cultural quanto a extensão do alcance dessas denominações. As demais trabalharam com os nativos em sua própria linguagem e cultura, embora quase sempre houvesse uma imposição inconsciente do lastro cultural e expectativas do missionário.

II. Origens do Protestantismo Latino-Americano Os calvinistas holandeses (1630-1654). Após a experiência francesa no Rio de Janeiro, os

holandeses tentaram fundar uma colônia no nordeste do Brasil. Fundada em 1630 em Pernambuco, a colônia cresceu rapidamente. Cerca de 1641, os holandeses dominavam a área, desde o Maranhão até Sergipe. Como acontecia na península ibérica, os pastores seguiam os soldados para ministrar tanto às suas necessidades como para converter o povo que vivia na região, levando-o à verdadeira fé. Escolas e missionários foram colocados em pontos

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estratégicos a fim de alcançar os ameríndios; apesar disso, poucos dentre eles foram convertidos. Um número ainda menor dos habitantes locais aceitou o evangelho calvinista.

Puritanos em seu comportamento e exemplares em suas atividades, esses calvinistas deixaram sua marca no nordeste, a qual permaneceu muito depois de terem sido expulsos dali. O primeiro Sínodo Reformado na América foi organizado em 1635 com 8 pastores e 5 anciãos dirigentes. A própria presença dos holandeses no nordeste serviu para unificar os portugueses e crioulos em uma força coesa. A capitulação em Taborda, porém, em 1654, fechou o Brasil para os não-católicos durante 150 anos. As primeiras famílias alemãs chegaram ao lugar que seria Maracaibo, já em 1530. O propósito geral dos Welser (que eram provavelmente luteranos) não era tanto a colonização como a exploração do mercado escravo e, quem sabe, descobrir um eldorado no interior que os faria enriquecer. Muitos dos mercadores que participaram da colônia eram luteranos, assim como os governadores da mesma. Alega-se que toda a colônia tornou-se luterana em 1532. Quer isto tenha ou não ocorrido não passa de simples teoria, pois a colônia desapareceu em 1550 sem ter deixado quaisquer descendentes espirituais na Venezuela.

A abertura na América do Sul São dois os incidentes de primeira importância que se destacam no rompimento eventual

do monopólio católico-romano. Um deles é representado pela pressão externa aplicada pela Inglaterra, forçando um tratado com o Brasil. O outro foi a nomeação de Diego Thomson em 1819 como diretor da educação primária na Argentina, feita pelo governo sob orientação dos liberais.

1. A Grã-Bretanha forçou as portas da colônia portuguesa. O século XIX raiou com a derrubada do império português. Em 1805, a Inglaterra tornou-se senhora dos mares, ao destruir as armadas francesa e espanhola de uma só vez. Em 1807, Dom João VI fugiu diante dos exércitos de Napoleão que avançavam contra ele. Ele trouxe a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro e elevou a colônia à posição de reino. No ano seguinte, a Inglaterra forçou o governo português, então no Brasil, a abrir os portos brasileiros ao comércio mundial.

Uma das cláusulas do tratado comercial, assinado com a Inglaterra em 1810, foi que Portugal permitiria a construção de casas de adoração para os estrangeiros, contanto que não tivessem a aparência de igrejas. O uso da cruz na parte exterior dos prédios foi expressamente proibido. Um ponto interessante a ser notado na história é que muitos evangélicos no Brasil continuam inflexivelmente opostos ao uso da cruz em seus templos, julgando ser contra os seus princípios. Na verdade, porém, a proibição tem origem nas provisões deste tratado não tendo absolutamente nada a ver com as tradições protestantes.

O direito concedido aos estrangeiros em 1810, no sentido de terem suas próprias casas de adoração no Brasil, foi confirmado juntamente com o direito de liberdade de culto, na Constituição de 1823. Foi-lhes igualmente permitido manter cemitérios protestantes. O proselitismo, entretanto, era estritamente proibido. Os anglicanos começaram de imediato o seu trabalho. O primeiro templo não-católico na América do Sul lhes pertencia, tendo sido completado em 1819. O mesmo foi reconstruído em 1898-99, desta vez na forma de uma igreja gótica.

O anglicanismo não cresceu com muita rapidez no Brasil, limitando-se quase que exclusivamente à comunidade inglesa. Só mais tarde e com o início da missão episcopal em 1889 foi que saiu dos moldes do início do século. Mesmo assim a sua difusão continuou lenta. Cerca do ano 1930 ainda havia apenas 4.650 anglicanos e 3.247 episcopais.

2. James (Diego) Thomson, um pastor batista, foi para a Argentina em 1818 com o objetivo de fundar ali escolas usando o método pedagógico de Lancaster. Em sua essência, este método possuía dois pontos positivos que o adequavam perfeitamente ao trabalho missionário. Primeiro, fazia uso dos melhores alunos para ensinar os principiantes. Segundo, utilizava-se de

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passagens das escrituras como textos para ensinar gramática e alfabetizar. Não era difícil mediante o uso deste ensino bíblico transmitir aos alunos o conteúdo da Revelação.

III. Implantação do Protestantismo na América Latina

A Inglaterra impôs à introdução do evangelho no Brasil; o batista Diego Thomson teve calorosa recepção na Argentina, Chile e Peru. Esses foram sinais que acompanharam a mudança da posição colonial para a republicana (e monárquica no caso do Brasil), embora não passassem de precursores do que estava por vir. Tudo ocorreu vagarosamente, é certo, mas com a mesma segurança com que Deus é soberano sobre todas as nações. A implantação definitiva do protestantismo na América Latina dependia de um avanço duplo: a imigração e missionários. A imigração vinha quase sempre em primeiro lugar e, num sentido real, preparava o caminho para a força de serviço missionária. O protestantismo imigrante, porém, quase nada contribuiu para a evangelização da América do Sul. A. A Imigração Protestante

No início do século XIX a população total nas duas novas repúblicas era pequena e a imigração bem-vinda. No século XIX a Argentina absorveu dois milhões de italianos. O Brasil recebeu um milhão de italianos e quase quinhentos mil portugueses. Os mercadores e técnicos ingleses se estabeleceram em toda parte. Não parece ter havido grande objeção ao recebimento de grupos protestantes, até mesmo relativamente grandes. Depois de 1820, colonizadores ingleses, suíços e alemães se estabeleceram na Argentina em número suficiente para fundar centros de adoração protestante.

1. A colônia britânica que iniciou o trabalho anglicano no Rio de Janeiro na segunda década do século XIX cresceu vagarosamente. Experiências similares ocorreram no Chile e no Peru. Os estrangeiros tiveram liberdade de culto, mas os chilenos e peruanos não tinham permissão para comparecer. Assim sendo, em 1824, alguns leigos ingleses começaram a realizar cultos numa residência particular em Valparaiso. Eles tiveram o seu primeiro capelão só em 1838. O governo chileno permitia as reuniões, mas recusou-se a dar permissão para o comparecimento das mulheres chilenas casadas com ingleses. A lei em Lima era praticamente a mesma.

Os primeiros colonizadores alemães no Brasil chegaram a Nova Friburgo em 1823, enquanto outros se estabeleceram um ano depois em São Leopoldo. Esses colonizadores não vieram para evangelizar, mas simplesmente para trabalhar e progredir. Na verdade, o interesse missionário entre eles começou a surgir só depois de 1940 — mais de cem anos depois da chegada dos primeiros colonizadores.

Centenas de prisioneiros que tinham pouco ou nada a ver com a Reforma achavam-se entre os primeiros imigrantes. Os núcleos alemães formaram colônias fechadas que preservaram a cultura e linguagem alemã. Eles encontravam-se numa situação de semi-abandono espiritual, não recebendo cuidados pastorais. A situação sócio-religiosa passou a ser controlada em 1863 quando as sociedades missionárias alemãs começaram a enviar pastores e outros tipos de ajuda. Arzemiro Hoffman nota que os alemães faziam uso das escolas e outras sociedades culturais para preservar seu patrimônio cultural, étnico e espiritual. O interesse sócio-político da igreja ficava restrito "em quase sua totalidade à defesa e sobrevivência do grupo etnicamente determinado."

Um novo elemento foi introduzido em 1900 quando o Sínodo de Missouri iniciou suas atividades missionárias no Brasil. "Embora operando primariamente entre o povo de língua alemã, esses missionários alemães-americanos estenderam seus ministérios também aos brasileiros.” Apesar da tendência principal de preservaras formas culturais do passado, os luteranos cresceram mais rapidamente do que os anglicanos/episcopais. Cerca de 1930 a Igreja Luterana no Brasil abrangia 226.687 membros batizados.

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Nem todos os italianos que imigraram para a América Latina eram católicos. A partir de 1856 grandes grupos de famílias Valdenses deixaram a Itália com destino ao Uruguai, Argentina e Paraguai, onde fundaram colônias. Algumas transmigraram mais tarde do Uruguai para o Brasil, onde foram absorvidos pela Igreja Metodista.

2. Todas as ondas imigratórias acima foram absorvidas com relativa facilidade. Sua

presença de fato forçou uma nova legislação e contribuiu para a separação entre Igreja e Estado, a secularização dos cemitérios, a tolerância religiosa e o casamento civil. Elas, todavia, não provocaram reações fortes por parte da hierarquia católico-romana. A notícia da chegada de vastos números de americanos depois da Guerra Civil (1861-1865), por outro lado criou uma forte reação negativa entre o clero conservador ou ultramontanista.

3. O maior temor da hierarquia católico-romana não se concretizou. Quase todas, senão todas, as Igrejas imigrantes permaneceram como corpos estranhos estéreis em meio às sociedades latino-americanas. Fundadas sob o princípio de que sua existência só seria tolerada se tivessem o cuidado de não atrair prosélitos, nenhuma delas conseguiu romper o casulo e tornar-se uma força missionária para a evangelização da sociedade em que fora enxertada. É evidente que a colônia batista em Santa Bárbara (São Paulo) pediu ao Comitê Batista do Sul que enviasse missionários e que a Convenção Batista Brasileira é uma resposta positiva a esse apelo. Todavia, a colônia batista de Santa Bárbara em si teve uma influência praticamente nula sobre o crescimento da obra batista no Brasil.

Em outros casos, os missionários protestantes começaram seu trabalho entre os ex-patriotas enquanto aprendiam a língua e como alcançar os latino-americanos para Cristo. Em geral, porém, os imigrantes preocupavam-se apenas em preservar sua própria identidade cultural. Desde que a religião tornou-se a ferramenta para a realização deste propósito, não havia interesse em estender-se a fim de incluir os habitantes da terra. As comunidades protestantes, na melhor das hipóteses, tornaram-se um trampolim para a mudança e evangelização.

4. Como uma nota de rodapé para a imigração protestante e os riscos aparentes para as

estruturas sócio-culturais da América Latina, deve ser lembrado que a população branca (européia) representava apenas uma pequena proporção dos habitantes da mesma. Muitos desses elementos, juntamente com os crioulos, eram totalmente analfabetos e, no caso do Brasil, espalhados através de todo o país, longe dos centros culturais. Acrescente-se a isto o fato curioso de que houve dificuldade na assimilação dos imigrantes católicos da Itália e Alemanha. Esses territórios encravados entre os demais, retiveram sua identidade cultural até o final do século XIX. De fato, os núcleos italianos em São Paulo e Buenos Aires foram o trampolim que permitiu a Luiz Francescon iniciar a denominação da Congregação Cristã na segunda década do século XX.

B. Os Precursores Protestantes O avanço missionário protestante na América Latina ocorreu em sua maior parte na

segunda metade do século XIX depois das mudanças sócio-políticas terem aberto as portas para o testemunho evangélico. Em certas ocasiões, os precursores foram eles mesmos o meio usado por Deus para introduzir as modificações que permitiriam atividade missionária abrangente. Nesta seção, o foco será lançado sobre algumas dessas primeiras tentativas individuais e denominacionais de atrair a América Latina para Cristo.

1. Prelúdios do trabalho missionário protestante direto. O avanço evangélico na América Latina parece ter-se iniciado com a tentativa de evangelizar os Ameríndios: Depois de outras tentativas também frustradas, Gardiner viu abrir-se uma oportunidade entre os índios selvagens que viviam na Terra do Fogo. Em 1844 ele estabeleceu uma sociedade

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missionária em bases inglesas, tendo como propósito a conversão desses índios. Mais tarde, essa sociedade veio a ser chamada de Sociedade Missionária Sul-Americana e foi o veículo que fez avançar o anglicanismo (e episcopais) no Paraguai, Argentina, Chile e, mais tarde, Peru.

Um segundo antecedente ao avanço missionário direto na América do Sul está associado à capelania aos marinheiros americanos no Rio de Janeiro. Em 1836, Obadiah M. Johnson chegou ao Rio de Janeiro, para tornar-se capelão de um grande número de homens do mar que passavam pelo Rio. A "American Seamen's Friend Society" que ele representava atravessou uma crise financeira e ele foi afastado. Durante cinco anos, os missionários metodistas Justin Spaulding e Daniel Kidder continuaram com esse ministério. Cerca de 1848, o Rio estava recebendo uma média de 10.000 marinheiros. A Sociedade procurou restabelecer a capelania, enviando Morris Pease que ficou só algum tempo.

Outro fator preliminar que ajudou a abrir as portas da América Latina ao evangelho foi a distribuição de Bíblias. James (Diego) Thomson foi num certo sentido o precursor de toda distribuição (colportagem) das Escrituras. Ele e suas escolas abriram caminho para a aceitação em larga escala, por parte da elites, da Bíblia como a Palavra de Deus. Fletcher foi também um dos primeiros agentes das Sociedades Bíblicas. Embora não permanecesse por longo tempo nessa posição, seus contatos com as elites brasileiras criaram uma atmosfera favorável para a distribuição da Bíblia. Antes dele, os metodistas Justin Spaulding e Daniel Kidder fizeram avanços significativos na circulação das Escrituras na década de 1830. 2. Primeiras missões denominacionais importantes. Os metodistas fizeram a primeira tentativa de enviar missionários à América Latina. Justin Spaulding e Daniel Kidder estabeleceram a primeira igreja metodista no Rio de Janeiro em 1836. Eles nomearam colportores das Escrituras nas cidades marítimas e, numa viagem pelo norte do Brasil, Kidder distribuiu 60.000 folhetos. Depois de 1838 deram assistência espiritual aos marinheiros americanos no Rio até que voltassem aos Estados Unidos.

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O protestantismo começou a arraigar-se e crescer com a chegada de Robert Reid Kalley no Rio de Janeiro em 1855. Na opinião de Émile Leonard, "ele não fora representado até então senão através de alguns colportores da Bíblia, que fizeram um trabalho útil mas não sistemático, ou mediante pregadores em capelas fundadas em benefício dos anglo-saxões e quase nenhum interesse, por assim dizer, pela evangelização.

Em 1868 a igreja congregacional de Kalley já tinha 360 membros, a maioria brasileiros. Outras sociedades missionárias logo se aproveitaram da abertura feita pelo Dr. Kalley no

Brasil. Os presbiterianos, também no Rio de Janeiro (1859), e os batistas em Salvador, Bahia (1881). Na América espanhola, a igreja episcopal iniciou sua obra no México em 1853. O trabalho dos presbiterianos começou na Colômbia já em 1856 e só em 1882 na Guatemala. Dessa forma, através das duas últimas décadas do século XIX as missões denominacionais, a maior parte sediada nos Estados Unidos, estenderam seus ministérios através da América Latina.

A. Brasil Três histórias prepararam o cenário para a forma e desenvolvimento do protestantismo

brasileiro: (1) Kalley e os congregacionais, (2) Simonton e os presbiterianos, e (3) Bagby e os batistas. O ministério metodista foi iniciado por Kidder e Spaulding nos anos 30 e princípio dos 40, sendo retomado em 1875. Os novos missionários, porém, logo adotaram a educação (evangelismo indireto) como um substituto para a evangelização direta. A ênfase nas escolas tem sido até recentemente uma característica da abordagem metodista.

1. O médico escocês. Robert Reid Kalley (1809-1888) e sua esposa Sarah já haviam lançado os fundamentos do presbiterianismo em Madeira e ministrado aos refugiados portugueses religiosos nas índias Ocidentais Britânicas antes de aportarem no Rio de Janeiro a 10 de maio de 1855. Kalley começou a trabalhar com os estrangeiros residentes em Petrópolis. Em 1859 foi noticiado que duas mulheres nobres haviam sido convertidas por Kalley: Dona Gabriela A. Carneiro Leão e sua filha Henriqueta. O resultado foi a proibição feita a Kalley não só de atrair prosélitos como também de praticar a medicina. Como a tensão crescia de ambos os lados, o imperador Dom Pedro II interferiu a favor de Kalley. Ele visitou o médico escocês e pediu-lhe que fizesse uma palestra sobre a Terra Santa para a família imperial e a corte. Apesar deste e outros eventos servirem para acentuar o prestígio dos Kalley, ele e seus seguidores continuaram a ser objeto de perseguição e calúnias.

2. Os Presbiterianos. Robert Kalley, treinado na Igreja Livre da Escócia, criou a Igreja Congregacional no Brasil. Depois de superar as barreiras legais e religiosas e ter implantado uma igreja essencialmente brasileira em solo brasileiro, Kalley abriu uma porta pela qual os presbiterianos logo vieram a passar.

3. Os Batistas. O pequeno grupo de imigrantes americanos que se radicaram no interior de São Paulo durante os anos que se seguiram à Guerra Civil intensificaram o interesse das três principais denominações localizadas ao sul dos Estados Unidos. Este interesse renovou os esforços missionários dos presbiterianos e metodistas e resultou na abertura do trabalho batista no Brasil.

Os batistas se espalharam rapidamente pelo Brasil. Bagby mostrou-se um missionário incansável que viajava por todos os lados do país. Ele e a esposa deixaram Salvador, mudando para o Rio de Janeiro em 1884 onde estabeleceu uma igreja nesse mesmo ano. O próprio

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Teixeira deixou também Salvador para começar uma obra em Maceió, sua cidade natal. Cerca de 1885 ele havia fundado ali uma igreja com dez membros.

A obra cresceu rapidamente durante esses primeiros anos. As batalhas legais foram travadas e vencidas por Kalley e os primeiros presbiterianos. Houve uma boa aceitação do evangelho por parte dos brasileiros que combinada com o entusiasmo evangelístico dos missionários batistas, resultou em rápida expansão. Cerca de 1888 havia oito igrejas em seis diferentes estados com um total de 212 membros.

A Primeira Igreja Batista no Rio de Janeiro tinha 89 membros na proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Dois brasileiros haviam sido ordenados e oito leigos, juntamente com esses pastores e os missionários, mostravam-se ativos na expansão do trabalho. E ele realmente expandiu-se. Em 1900 os batistas haviam fundado uma igreja em São Paulo (1899), alcançando um total de 2.000 membros.

Parte do crescimento batista deveu-se a uma nova onda de imigrantes. Em vista da opressão politico-religiosa, 25 famílias imigraram para o Brasil em 1890. Elas organizaram a primeira igreja batista em Rio Novo (Santa Catarina) com 75 membros em 1892. Esta congregação obteve uma grande gleba de terra em Nova Odessa e abriu caminho para a imigração em massa de sua pátria. De 1890 a 1922 quinze colônias formaram-se no Brasil, constituídas principalmente por batistas. Treze igrejas batistas foram formadas entre eles com mais de 500 membros. Nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial, mais de 2.000 batistas imigraram, aumentando o número de batistas no Brasil.

B. Peru 1. Desde o inicio, grande parte da obra missionária na América Latina, do México à Terra do

Fogo, fez uso da distribuição de Bíblias como um meio de evangelização. A "British and Foreign Bible Society" publicou 20.000 Novos Testamentos em português já em 1804-1807, a serem distribuídos ao longo das costas do Brasil. A Bíblia foi tanto o ponto de contato como o de diferenciação entre os católicos e protestantes.

Muitos nomes acham-se ligados com a distribuição das Escrituras começando com a chegada de James Thomson na Argentina em 1818. A distribuição feita por Kidder e Boyle no Brasil já foi mencionada. Outros, como Frederick Glass (Adventures with the Bible in Brasil) devem ser citados. Em lugar de fazer uma lista de nomes, datas e números de cópias distribuídas, a história de Francisco Penzotti será contada brevemente, como um exemplo de como a distribuição de Bíblias contribuiu para a implantação do protestantismo na América Latina. No Peru, a Constituição de 1860 que permaneceu em vigor até 1920, não permitia que fosse praticada qualquer outra religião além da católica. A 25 de julho, Penzotti, acusado de transgredir a lei, acabou prisioneiro. Seu caso foi finalmente apresentado à corte suprema, mas em todas as instâncias as decisões foram a seu favor, por ter conseguido provar que as reuniões eram realizadas a portas fechadas. Sua soltura depois de oito meses de prisão estabeleceu a legalidade dos cultos particulares de adoração no Peru. 2. A contribuição de John Ritchie na formação da Igreja Evangélica Peruana é um marco importante no protestantismo da América Latina, embora diferente daquela feita por Francisco Penzotti. Uma das principais diferenças entre a implantação do protestantismo no Brasil e na América Espanhola foi o papel das Missões de Fé ("Faith Missions").

A igreja evangélica peruana continuou a crescer na década de 20, embora cada vez mais vagarosamente e a partir de 1930 entrou em um longo período de estagnação. Nos anos 20 o crescimento espiritual da igreja estancou e Ritchie, frustrado, não sabia o que fazer. Ritchie dependera em grande parte de obreiros voluntários não treinados. Segundo Read, o fracasso de Ritchie em desenvolver um programa de treinamento sistemático e abrangente transformou seu discernimento original num ponto

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negativo. O Instituto Bíblico de Lima ficara com a responsabilidade de treinar os líderes necessários, mas não conseguira produzires homens adequados a tarefa.

O Protestantismo no Final do Século XIX

A. O Protestantismo na virada do século Numa tentativa de analisar o desenvolvimento do protestantismo na América Latina, vários eventos que ocorreram na virada do século devem ser notados. Eles serão seguidos de um quadro estatístico do crescimento da igreja nessa época. 1. Pentecostalismo. A mudança mais dramática que ocorreria mais tarde no protestantismo da América Latina surgiu com a chegada da forma pentecostal do cristianismo. Esta modalidade, originária dos Estados Unidos bem no inicio do século, veio para a América Latina em dois modelos distintos: sueco e italiano. O movimento da Assembléia de Deus começou no Brasil com Gunnar Vingren e Daniel Berg que aportaram em Belém (Pará) no ano de 1910. Eles trabalharam e ministraram na Primeira Igreja Batista até que o primeiro brasileiro recebeu "o batismo do Espirito Santo" (Celina de Albuquerque) em junho de 1911. A primeira igreja da Assembléia de Deus foi formada em 18 de junho com 17 membros saídos da igreja batista de Belém, além dos dois missionários". Durante as duas primeiras décadas, as Assembléias se espalharam vagarosamente pelo Brasil. O espírito missionário logo se fez sentir (José Plácido da Costa e sua família foram enviados para Portugal em 1913), mas não sobreviveu até as gerações que se seguiram.

Louis Francescon, um ítalo-americano foi para São Paulo no mesmo ano que Vingren e Berg iniciaram seu ministério. Francescon foi convidado para pregar na Igreja Presbiteriana no Brás (S.P.) o que fez com muita eficácia. Por tratar-se de um núcleo italiano, a comunidade aceitou bem a sua mensagem, mas os líderes não quiseram acompanhar algumas de suas práticas. Ele retirou-se, levando consigo alguns dos membros e começou o que deveria tornar-se a segunda maior denominação pentecostal no Brasil. No mesmo ano, Francescon iniciou na Argentina outra obra entre os imigrantes italianos em Buenos Aires. As duas igrejas que nasceram do trabalho de Francescon na Argentina continuam presas ao etnocentrismo e se mantiveram relativamente pequenas.

Um movimento de reavivamento surgiu entre os metodistas no Chile quase na mesma época em que as Assembléias de Deus e a Congregação Cristã estavam tendo início no Brasil. "O seu líder nos primeiros vinte anos foi Willis Hoover, um missionário metodista que saiu com eles." A Igreja Metodista Pentecostal que surgiu deste reavivamento continuou a crescer notavelmente, apesar de grupos que se afastaram dela nos anos 30.

A Igreja Apostólica de Jesus Cristo é o movimento pentecostal indigenista que começou no México em 1914, da mesma forma que a Igreja Metodista Pentecostal no Chile. Enquanto esta última difere do pentecostalismo tradicional, já que baliza crianças, a última diverge por balizar apenas no nome de Jesus. A forma de governo de ambos os grupos é episcopal.

2. É difícil saber qual o crescimento das igrejas protestantes em termos numéricos na virada do século. Isto deve-se muito à falta de interesse em estatísticas, por parte dos líderes da igreja. Este problema continua até hoje, embora os dados dos anos 50 sejam muito mais correios e apresentam um quadro mais próximo da realidade.

Israel Belo Azevedo possui um gráfico que contém o nome de 28 missões que entraram na América Latina cerca de 1898. Em 1900, segundo esse gráfico, o ministério dessas missões nesses países totalizava:

Missionários 722 Obreiros nativos 1.101 Templos/igrejas 822 Membros 46.537

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Escolas 290 Hospitais 25 Casas publicadoras 17

Esses números não incluíam naturalmente seja as igrejas imigrantes, o trabalho das missões de fé independentes ou as igrejas autóctones. Havia cerca de 85.000 membros comungantes na virada do século, além de perto de outros 100.000 nas igrejas protestantes imigrantes.

C. Caracterização do Protestantismo Latino-Americano Os protestantes que trouxeram o evangelho à América Latina transmitiram uma forma de

cristianismo ao mesmo tempo dogmática, puritana e, num certo sentido, legalista. Tratava-se de um cristianismo que exigia uma decisão transformadora do estilo de vida, envolvendo inúmeras implicações éticas e sociais. Embora envolvesse uma interiorização da fé, ela também resultou na criação de uma nova comunidade com múltiplos relacionamentos interpessoais.

O aspecto puritano é visto no fato da igreja e do pastor exigirem do novo convertido modificações de comportamento compatíveis com a nova vida obtida em Cristo. Assim sendo, o resultado do incidente entre Schneider e os colonizadores em Rio Claro foi decisivo para estabelecer o caráter da Igreja Presbiteriana no Brasil. A decisão de Simonton de seguir Kalley e balizar todos os que saiam do romanismo foi também decisiva em seu papel de fazer da conversão/integração uma ruptura com o passado do indivíduo.

O protestantismo latino-americano era caracterizado por sua simplicidade e espontaneidade, contrastando neste aspecto com a liturgia rígida da Igreja Católica. A multiplicidade de hinos, a liberdade de adorar num templo ou numa residência, num restaurante, ou ao ar livre, contrastavam decididamente com o romanismo que haviam abandonado.'' Os cultos tornaram-se um ponto de encontro com pessoas de fé idêntica que viviam a alguma distância umas das outras. Reunir-se significava formar uma comunidade.

Religião e Reforma na Grã-Bretanha e Europa

A vida religiosa na Inglaterra no século XIX se caracterizou por uma manifestação prática das forças de renovação, tanto na Igreja Anglicana como nas não-conformistas, pelo ritualismo na Igreja Anglicana e pelo liberalismo. O primeiro produziu um movimento que fomentou a atividade missionária e a reforma social; o segundo criou um forte movimento litúrgico na Igreja; e o último, deixou certas marcas na maioria das denominações. Na Irlanda, a carga de uma injusta responsabilidade de sustentar com impostos a Igreja Anglicana oficial e pelas ofertas voluntárias a Igreja Católica Romana foi atenuada com a desoficialização da Igreja Anglicana em 1869.

A Vida Religiosa na Inglaterra

A. Na Igreja Anglicana. 1. Os Evangélicos. A Revolução Francesa deixou o partido dominante (Tory) temeroso de

uma revolução idêntica na Inglaterra. De 1790a 1820, a ânsia revolucionária foi contida com a cooperação de forças religiosas e liberais humanitárias que forçaram as reformas concedidas pelo Parlamento, entre 1820 e 1852. As forças religiosas, revigoradas pelos reavivamentos wesleyano e evangélico, produziram tantos frutos práticos de reforma social e de ardor missionário que Latourette, o grande historiador moderno de missões, chamou o século XIX de "O Grande Século" da obra missionária. Estimularam-se também a devoção pessoal a Cristo e a leitura da Bíblia.

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O reavivamento wesleyano arminiano do início do século XVIII conseguira levar muitos operários e lavradores à religião pessoal. Só no final do século, todavia, é que a classe alta da Igreja oficial foi atingida pelo reavivamento. De 1790 a 1830 a influência do reavivamento se fez sentir na Igreja Anglicana. O modo negligente de vida do Iluminismo diminuíra a piedade pessoal, a fé em Cristo e a obra filantrópica e social.

John Newton (1725-1807), um jovem incrédulo que chegou ao ponto de ser escravo de um

mercador de escravos. Converteu-se e, depois de um período de estudos, foi ordenado ao ministério.

O movimento evangélico teve também líderes eruditos como Isaac Milner (1750-1820) e Charles Simeon (1759-1836), que fizeram da Universidade de Cambridge o centro de operação dos evangélicos e produziram a teologia calvinista que conduziria o destino de grupo.

Os evangélicos não estavam apenas interessados em política e na doutrina, mas também na expressão prática do cristianismo através de uma vida redimida e santa inspirada pelo estudo bíblico e pela oração. O livro de William Wilberforce "Panorama Prático" (Practical View) de 1797, amplamente lido, evidenciava o interesse evangélico na redenção como a única força regeneradora, na justificação pela fé, na leitura da Bíblia por iluminação do Espírito Santo, enfim, numa piedade prática que redundasse em serviço relevante para a sociedade.

Os seguidores de Adam Smith e os filósofos radicais, inspirados nos escritos de Jeremy Bentham e John Stuart Mill, fomentaram uma reforma política, porque criam na dignidade da personalidade humana racional, mas os evangélicos empenharam-se pela reforma social porque aceitavam o homem como um ser espiritual como filho de Deus, potencial ou presente. A maioria das reformas sociais, surgidas de 1787a 1850 foram conseqüência do esforço evangélico a favor dos pobres.

William Wilberforce (1759-1833), que levara uma vida dissoluta na companhia de pessoas

ilustres como o jovem Pitt, converteu-se em 1784, graças aos esforços de Isaac Milner. A partir de então, dedicou sua vida à abolição da escravatura no Império Britânico. Em 1772, uma decisão da corte impedia a posse de escravos na Inglaterra. Em 1807, o Parlamento aprovou um ato que proibia os ingleses de participarem no comércio escravagista. A opinião pública evangélica, agindo através do delegado inglês ao Congresso de Viena em 1815, conseguiu proscrever o comércio de escravos da maioria dos países europeus.

Isto custou muito ao erário inglês porque Espanha e Portugal só aprovaram a medida depois que lhes foram prometidas 700 mil libras do tesouro inglês. A escravidão foi erradicada nas possessões britânicas por um ato aprovado antes da morte de Wilberforce, em 1833. O ato destinava perto de 100 milhões de dólares para compensar os proprietários que libertaram cerca de 700 mil escravos. Esta vitória seria impossível sem o trabalho de Wilberforce e seus amigos evangélicos no Parlamento.

Lord Shaftesbury (1801-1885), era filho de uma senhora da alta sociedade e de um político

alcoólatra. Levado a Cristo por sua babá, uma evangélica, Shaftesbury dedicou-se ao cuidado dos pobres e oprimidos desde os 14 anos de idade. Sempre meticuloso no que fazia, era imbatível quando pedia uma legislação nova à Casa dos Comuns. Ele recusou altos empregos, preferindo fazer seu trabalho sem remuneração, embora outros na mesma função fossem pagos pelo Parlamento. Em 1840, ele conseguiu a aprovação de uma lei que impedia que meninos de menos de 16 anos de idade se empregassem no difícil e perigoso trabalho de limpeza de chaminés. Em 1842, graças ao seu esforço, proibiu-se a mulheres e meninos de menos de 10 anos de trabalharem em minas. Deve-se a ele também a lei, de 1845, que beneficiava os loucos de asilos como o de Bediam, onde era praxe cobrar uma taxa para que o público pudesse ver as maluquices dos loucos. Hospedarias superlotadas, onde a doença e a

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imoralidade grassavam, tornaram-se coisa do passado graças aos seus bem sucedidos esforços em prover uma legislação própria.

John H. Howard (1726-90), um não-conformista que fora influenciado pelo reavivamento

wesleyano, dedicou sua vida e seus bens à reforma penitenciária. Até à época de sua morte em 1790, de febre tifóide, contraída quando inspecionava uma prisão infecta, viajou 50 mil milhas e investiu 30 mil libras de seu próprio bolso na reforma penitenciária. Graças a seus esforços, os carcereiros eram remunerados e alimentados condignamente, não precisando mais extorquir dinheiro dos prisioneiros para se manterem. As sentenças penitenciárias eram tomadas como corretivas e não como punitivas pelos crimes contra a sociedade. Elizabeth G. Fry (1780-1845) continuou esta obra.

Tomado de empréstimo pelos evangélicos e introduzido na Igreja oficial, o movimento de escolas dominicais, popularizado por Robert Raikes em 1780, dava instrução religiosa às crianças e educação elementar de leitura, caligrafia e aritmética básicas.

2. O Movimento Liberal. Enquanto os evangélicos foram a força espiritual do reavivamento e o movimento de Oxford tinha preocupação ritualistas, o movimento liberal (Broad Church movement) representou o elemento social e liberal ou modernista na Igreja Anglicana. O movimento liberal começou em 1830 e continuou a fazer adeptos até o fim do século. Os latitudinaristas, como eram geralmente chamados, apropriaram-se do idealismo kantiano que Samuel Taylor Coleridge, poeta e pregador, introduzira em Oxford. Eles criam numa consciência intuitiva de Deus e na imanência de Cristo no homem, considerado como filho de Deus. A Queda e a Redenção foram ou ignoradas ou minimizadas.

3. O Movimento de Oxford. O Movimento de Oxford (1833-45), vinculado à Universidade de Oxford, ressaltou a importância da igreja e do ritual na vida devocional. No começo de 1830, seus líderes começaram a publicar os Folhetos do Momento (Tracts for the Times), em que chamavam a atenção para a importância da sucessão apostólica, da regeneração batismal e para o valor do ritual no culto. Muitos sacerdotes anglicanos aceitaram essas idéias.

Em parte o movimento foi um protesto contra o domínio da Igreja pelo Estado. A garantia de liberdade religiosa plena aos não-conformistas e aos católicos romanos através de atos do Parlamento, em 1828 e 1829, e a concessão de privilégios à classe média, em 1832, levaram muitos clérigos a temer que a Igreja Anglicana pudesse ser logo desoficializada pelo Parlamento, dominado por forças divergentes. O movimento romântico, com seu destaque das glórias do passado gótico e seu amor pela beleza ritual para estimular as emoções estéticas no culto, fomentou as idéias ritualistas do movimento. Interessados pela história de ritos e vestes, os homens procuraram restaurar ao culto muito da majestade do passado. John Henry Newman (1801-1890) tornou-se o líder dos tractarianos, Newman, filho de um banqueiro londrino, rompeu com a doutrina calvinista, esposando por um período o liberalismo até conhecer os membros do grupo tractariano. Foi o líder de fato do Movimento de Oxford.

Depois da deserção de Newman, Edward Pusey (1800-1882), professor de hebraico em Oxford, sucedeu-o na liderança do movimento. Os homens de Oxford tinham como preocupação a defesa da natureza espiritual da Igreja e de sua autonomia em relação ao Estado. Procurava-se desenvolver uma posição intermediária entre as idéias de um corpo eclesiástico infalível e de um individualismo exagerado. O movimento destacava a presença real de Cristo nos elementos do sacramento e defendia a regeneração batismal. Chegou-se bem perto de exaltar, como os católicos, os sacramentos como passos importantes para a justificação.

Ao defender o uso de cruzes e velas, o movimento provocou um novo interesse por um ritual majestoso na liturgia da Igreja. A arquitetura gótica, também, foi aceita como auxiliar ao culto. A tendência ascética manifesta pelo grupo expressou-se na criação de mosteiros e

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conventos para homens e mulheres que optassem por uma vida ascética de adoração e serviço. Uma destas organizações foi o Cowley Fathers, para homens.

B. Entre os não-Conformistas. Enquanto estes três movimentos agitavam e rejuvenesciam a Igreja Oficial, novos desenvolvimentos surgiram entre as igrejas livres. O Exército da Salvação foi organizado pelo pastor metodista William Booth (1829-1912), para alcançar os marginais mediante evangelismo ao ar livre e serviço social, já iniciados por ele por volta de 1865. Booth organizou o movimento em bases militares com um sistema autocrático e hierárquico e com o uso de uniformes. O Exército da Salvação logo alcançou o mundo inteiro.

John Darby (1800-1882), advogado e depois pároco auxiliar da Igreja da Irlanda, formou em Dublin, por volta de 1830, os grupos conhecidos como Irmãos. Estes Irmãos pregavam o sacerdócio dos crentes e a orientação direta do Espírito Santo, razão por que não aceitavam um ministério ordenado. Como até hoje, eles eram zelosos estudantes da Bíblia, e sua piedade era algo bem prático em suas vidas.

George Müller (1805-80), o fundador de um grande orfanato em Bristol, e Samuel Tregelles (1813-75), grande estudioso da baixa-crítica — o estudo do texto do Novo Testamento — eram membros do grupo. O nome Irmãos de Plymouth è geralmente dado ao grupo por ter Plymouth se tornado logo o centro principal do movimento. Outro membro, Thomas J. Barnardo (1845-1903), a partir de 1870,fundou vários orfanatos para rapazes.

Edward Irving (1792-1834), pastor presbiteriano escocês, cria que a Igreja ainda desfrutava os dons do Espírito Santo que recebera na era apostólica. Seus seguidores ensinavam o "falar em línguas" e a volta iminente de Cristo. A partir de 1842, esse grupo passou a ser conhecido como "Igreja Apostólica Católica" e muitos se uniram a ele. George Williams (1821-1905) fundou em 1844 a Associação Cristã de Moços a fim de atender as necessidades que os jovens da cidade tinham de esporte, sociabilidade e ambiente cristão. A organização surgiu nos Estados Unidos em 1851. Sua contraparte feminina, a Associação Cristã de Moças, foi fundada em 1855 para prestar serviços semelhantes às moças das cidades. Charles H. Spurgeon (1834-92) foi o mais proeminente pregador da Inglaterra em meados do século XIX. Em 1861 ele fundou o Tabernáculo Metropolitano, com 4.700 assentos. Aproximadamente 15.000 pessoas uniram-se a sua igreja por volta de 1891. Ele abriu o Colégio de Pastores, que treinou cerca de 900 pregadores até a sua morte.

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Charles Haddon Spurgeon, bem conhecido como um calvinista, foi pastor batista e um eloqüente pregador.

Os vitoriosos encontros de vida, de Keswick em cada verão, começaram sob a liderança de Cânon T. D. Harford-Battersby em 1875. Esses encontros conclamaram cristãos de todas denominações. A pregação enfatizava a experiência de santificação instantânea e progressiva que daria à pessoa a capacidade de vi ver uma vida vitoriosa e livre do pecado. O tipo de encontros de Keswick espalhou-se para centros nos Estados Unidos e Canadá.

O Esforço Missionário Protestante dos Ingleses Absorvidas na tarefa de organização e na luta pela sobrevivência, as igrejas protestantes não

se empenharam à época da Reforma na obra missionária. À época da Contra-Reforma, uma grande obra missionária foi executada pelos jesuítas e por outros grupos da Igreja Católica Romana. Mas a conjugação de forças, a começar com o trabalho de William Carey em 1792, resultou num esforço missionário tão significativo que o século XIX é chamado de o "Grande Século" do esforço missionário protestante. A ênfase do século XX tem sido o ecumenismo ou reunião das igrejas.

Este entusiasmo missionário originou-se no reavivamento entre os pietistas e metodistas e entre os evangélicos da Igreja Anglicana. A índia foi aberta ao trabalho missionário em 1813, quando a Companhia das índias Orientais foi obrigada a permitir missionários. A China foi levada a aceitar a entrada de missionários pelo Tratado de Tientsin, de 1858, que punha fim à Segunda Guerra do Ópio. Paradoxalmente, a guerra feita para forçar a China a aceitar o ópio em seu território resultou na abertura deste país aos missionários.

George Grenfell (1848-1906) foi o mais importante dos missionários-exploradores da Sociedade Batista. Ele, e não Staniey, deve receber as honras de ter mapeado o rio Congo e seus afluentes, entre 1884 e 1886. Uma carta de Carey frutificou na fundação da Sociedade Missionária de Londres (London Missionary Society) pelos congregacionais, em 1795. John Philip, David Livingstone, Robert Moffat e John Mackenzie, o homem que convenceu o governo britânico a anexara Botsuanaafim de defender os nativos da exploração pelos colonizadores bôers, foram os seus maiores missionários estadistas.

J. Hudson Taylor (1832-1905) fundou a Missão para o Interior da China, como uma missão de fé, em 1865, e por volta de 1890, 40% dos missionários na China estavam filiados a ela. Outras sociedades logo se formaram; missionários foram enviados a todas as partes do mundo.

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William Carey, cuja fé era "Esperai grandes coisas de Deus, fazei grandes coisas para Deus", foi para a índia, onde liderou a tradução da Bíblia para a linguado povo. Depois que a índia foi aberta aos missionários em 1813, homens como Henry Martyn (1781-1812) inspirado à obra missionária pela leitura da autobiografia de Brainerd, iniciaram seu trabalho. Desforço missionário norte-americano estava ligado ao trabalho britânico, uma vez que a primeira sociedade norte-americana foi fundada em 1810. A Sociedade Missionária de Londres acompanhou os morávios ao sul da África e realizou um excelente trabalho entre os nativos, mesmo ao preço de atritos com os colonizadores bôers. John Philip defendeu os direitos dos nativos, ao persuadir o governo britânico a lhes garantir as liberdades civis. Robert Moffat (1795-1883) traduziu a Bíblia para as línguas das tribos importantes do sul da África central e, a fim de ajudar a obra missionária, lutou contra o comércio escravo árabe, que destruía os centros em potencial de pregação. Os presbiterianos escoceses aceitaram o desafio de Livingstone de trabalhar na região dos grandes lagos da África central. A Sociedade Missionária da Igreja deu os primeiros mártires do trabalho na Uganda.

Robert Morrison (1782-1832) estudou a língua chinesa mandarim e deixou um dicionário e uma tradução da Bíblia, para serem usados assim que os missionários conseguissem entrar na China, em 1858. Adoniram Judson (1788-1855) fez um dicionário birmanês e traduziu a Bíblia para esse idioma.

A Igreja Americana no Período Nacional

Por volta de 1789, a influência do Grande Avivamento tinha diminuído sensivelmente por causa do deísmo levado às colônias pelos oficiais do exército inglês durante a Guerra Francesa e Indiana, e por força da entrega de literatura deísta e da influência deixada pela Revolução Francesa. A Universidade de Yale ilustra o decadente espírito religioso desta época. Poucos estudantes eram regenerados; jogo, a irreverência, o vício e a embriaguez eram comuns entre os estudantes, que se orgulhavam de serem incrédulos. O Segundo Avivamento, que melhorou este deprimente quadro, foi o primeiro de muitos avivamentos do século XIX.

A partir da Revolução Americana, até a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos foram moldados religiosamente por um tipo de Protestantismo rural, no qual o Protestantismo era a religião da maioria. Com o crescimento do Catolicismo Romano, devido à imigração após a Guerra Civil, os Estados Unidos têm se tornado mais pluralistas e, mesmo, seculares, em sua vida religiosa. O protestantismo perdeu o monopólio que dantes possuía.

I. Avivamento e Sociedades Voluntárias Em 1787, um movimento reavivacionista começou em Hampden-Sidney, uma pequena

universidade da Virgínia. Este reavivamento, que despertou o interesse dos estudantes para sus condição espiritual, chegou ao Washington College e, daí, à Igreja Presbiteriana do Sul.

A exemplo do Grande Avivamento, um dos resultados do reavivamento foi a divisão de igrejas. A divisão aconteceu entre os presbiterianos quando o Presbitério de Cumberland ordenou ao ministério homens sem preparo intelectual específico para servir nas igrejas em crescimento do interior. Esta divisão provocou a formação de Igreja Presbiteriana de Cumberland, em 1810, que pelo uso de acampamentos e do sistema de itinerância, além de sua defesa do reavivamento, tornou-se uma das igrejas mais fortes do oeste.

O Segundo Avivamento contribuiu indiretamente para provocar o surgimento da Igreja Unitariana de Nova Inglaterra. A primeira Igreja Unitariana dos Estados Unidos foi formada em 1785, quando os membros da King's Chapei, de Boston, resolveram não mencionar a Trindade na liturgia. Henry Ware foi indicado, em 1805, para a cátedra Holiis de teologia em Harvard a despeito de suas idéias unitarianas. O Seminário Teológico de Andover foi fundado em 1808 pelos congregacionais ortodoxos em protesto contra esta indicação.

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O reavivalismo não terminou com o Segundo Avivamento. Charles G. Finney (1792-1875), um advogado convertido em 1821, tornou-se publicamente conhecido em sua campanha, durante os anos de 1830 e 1831 em Rochester, Nova Iorque. As suas "novas medidas" de reavivamento, incluíam cultos previamente anunciados por distribuição de folhetos, linguagem coloquial na pregação, horários não padronizados para os cultos, citar nomes de pessoas em orações públicas e nos sermões, e o "lugar dos aflitos" ao qual as pessoas com perguntas poderiam ir. Finney tornou-se pastor na cidade de Nova Iorque e, mais tarde, pastoreou em Oberlin, Ohio. Em 1851 tornou-se o presidente do Oberlin College. Suas preleções sobre o avivamento e a teologia sistemática tiveram uma enorme influência.

Um reavivamento interdenominacional leigo, baseado na oração, surgiu em 1857 e 1858, a partir de uma reunião diária de oração, dirigida por Jeremiah Lanphier na rua Fulton, em Nova Iorque, no dia 28 de setembro, com seis pessoas presentes. Após seis meses, 10.000 pessoas estavam se reunindo nessas reuniões de oração, em vários lugares de Nova Iorque. Estima-se que cerca de 500.000 a 1.000.000 de pessoas foram acrescentadas à igreja, com os Metodistas ganhando a maioria dos novos membros. Este reavivamento teve reflexos em UIster e outras partes do mundo. Em 1863 e 1864 surgiu um avivamento no Exército Confederado em Richmond. Informou-se que houve 150.000 conversões, e igrejas de militares foram fundadas.

Após a Guerra Civil, a natureza nos avivamentos mudou. Com Dwight L. Moody e seus encontros bem-sucedidos nas Ilhas Britânicas de 1873 a 1875, o avivamento transformou-se numa evangelização de massas, urbana e profissional, realizada fora dos templos, em grandes lugares públicos de reunião. Moody ajudou a fundar a Sociedade de Evangelização de Chicago em 1886, da qual surgiu o Instituto Bíblico.

Dwight L. Moddy, evangelista. Embora nunca tivesse sido ordenado, foi reconhecido por muitos de seus contemporâneos como o mais influente clérico no último quarto do século XIX.Moody.

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O recrutamento de missionários foi estimulado pelas mortes de cinco missionários às mãos dos Aucas no Equador em 1955. Encontros regulares de estudantes universitários em Urbana,

A Associação Wycliffe para a Tradução da Bíblia tem, desde 1942, apoiado muitos missionários lingüistas que têm transformado idiomas tribais, falados, em idiomas escritos, e têm traduzido porções das Escrituras para essas línguas. A sua abstenção da política, sob a liderança de Cameron Towsend, induziu muitos governos a permitir sua entrada em tribos nunca antes alcançadas — mesmo por suas próprias agências governamentais — para transformar seus idiomas em escrito e traduzir a Bíblia para eles.

Os americanos levaram a sua mensagem para o Brasil, onde os Pentecostais já somam mais ou menos quatro milhões. Eles iniciaram a cooperação mundial com a sua primeira conferência em Zurique, em 1947. Eles agora afirmam contar com mais de oito milhões de membros no mundo todo — cada um deles ativamente engajado na evangelização.

II. EXPANSÃO CRISTÃ E RENOVAÇÃO Teologias radicais que tentam secularizar a Igreja com o marxismo econômico e o

relativismo existencial, estão em processo de desintegração, assim como aconteceu ao liberalismo e à neo-ortodoxia em décadas anteriores. O ecumenismo está em apuros por causa de ter ignorado a evangelização a fim de promover revoluções sociais e políticas radicais. A indiferença, e mesmo a hostilidade, têm prejudicado seu trabalho. Dean Kelley, em seu livro Why the Conservative Churches Are Growing, indica o declínio na membresia das Igrejas que apoiam a teologia radical e o ecumenismo, além de demonstrar o surpreendente crescimento das igrejas evangélicas.

Embora não tenha acontecido um reavivamento de escala mundial desde aquele que durou de 1901 a 1907, estão ocorrendo avivamentos regionais, com mais freqüência em sociedades agrárias do que nas urbanas e industrializadas. A Igreja Anglicana, e outras, no Kênia e em Uganda experimentaram grandes avivamentos após 1930, e o reavivamento ainda continua naquela área. As tribos Wallamo, na Etiópia, que só contavam com uns poucos cristãos quando os missionários foram obrigados a abandoná-las por causa da guerra etiópica na década de 30, atingiam quase cem mil membros em 1964. Um avivamento na Indonésia que começou em 1965 tem sido super-promovido, mas houve cerca de 200.000 conversões em Timor, de 1965 a 1967. O despertamento continua na Coréia, onde cerca de 20% da população já é cristã.

O mundo ocidental tem tido alguns avivamentos. O reavivamento de 1950 no Wheaton College, e o no Asbury College em fevereiro de 1970 tiveram grande impacto através do testemunho dos estudantes que foram para outras escolas. O reavivamento Saskatchewan de 1971, que começou como ministério de Ralph e Lou Sutera em Saskaton, na Igreja Batista Ebenezer, de William McLeod, trouxe o avivamento a todas as províncias do Canadá. O trabalho de Billy Graham e muitos outros evangelistas, e o movimento carismático nas denominações testificam do contínuo trabalho do Espírito Santo nas igrejas.

Embora o poder do petróleo muçulmano e o reavivamento das missões islâmicas façam aquela parte do mundo, de quase 700 milhões de muçulmanos, difícil de alcançar, há sinais de mudança. Muitos muçulmanos na Indonésia têm se convertido ao Cristianismo. Outros, na África, estão respondendo em quantidade considerável. Através do trabalho do Hospital oftalmológico de Kano, Nigéria, muitos africanos têm sido alcançados com o evangelho de Cristo.

A despeito de toda sua expansão, o Cristianismo ainda não é a religião majoritária do mundo. Cristãos de todos os tipos chegaram ao número de 950 milhões em 1978; os muçulmanos atingiram 700.000.000; os Hindus mais de 500.000.000, do total de uma população mundial de quatro bilhões de pessoas. Assim, a quarta parte cristã da população

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do mundo ainda tem três quartos de todo o povo do mundo para alcançar com o Evangelho, como seu campo missionário.

Billy Graham, o líder evangelista da metade do século xx.

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O pentecostalismo veio à América Latina muito mais tarde do que as igrejas tradicionais. A experiência pentecostal do "batismo no Espírito Santo" e sua doutrina de uma "segunda bênção" eram desconhecidas antes do fim do século XIX. Sua descoberta, junto com a ênfase primeiro em línguas e depois em curas, foi acompanhada na primeira década do século XX por rápido crescimento e expansão mundial. O Pentecostalismo apareceu em 1909-10 no Brasil, Argentina e Chile; na Guatemala apenas em 1935. A história pentecostal difere de país para país: Chile. Ventos de avivamento espiritual estavam soprando sobre a pequena Igreja Metodista em Valparaiso desde 1902 até 1909. Já em 1907, o seu pastor-missionário, Willis C. Hoover, falou da doutrina pentecostal do Batismo do Espírito. Então, em 12 de setembro de 1909, duas igrejas Metodistas em Santiago perderam a maioria de seus membros, que saíram para celebrar uma forma pentecostal de adoração. A era do crescimento fenomenal do pentecostalismo não começou antes da divisão ocorrida em 1932. Essa divisão traça suas raízes para 1917 e a contenda entre dois líderes naturais: Victor Pavez Sr. e Manuel Umana. Hoover foi hábil em atrasar o cisma até 1932. No ano seguinte, 11 pastores leais a Hoover foram expulsos da Igreja Metodista Pentecostal. Eles formaram a Igreja Evangélica Pentecostal que logo cresceu para se tornar a segunda em tamanho, menor apenas que a Metodista Pentecostal. Em 1929 os pentecostais representavam apenas cerca de um terço da comunidade protestante de 62.000 pessoas. Em 1961 eles eram quatro vezes mais do que todo o resto colocado junto. Colômbia. Werner Larson, o primeiro a levar a mensagem e experiência pentecostais à Colômbia, chegou em Málaga em 1936. Dois anos depois ele mudou-se para Barranquilia. O crescimento foi tão lento que o primeiro templo da igreja só foi construído em 1949. William Drost, que trabalhava lá com Larson, mudou-se para Cali em 1949. Entrementes, a perseguição política dos liberais pelos conservadores, que começara no ano de 1946, em Cali, expandiu-se enormemente e abrangeu todo o país. Refugiados liberais, fugidos das montanhas até Cali, se escondiam da violência dos conservadores. Já tendo conhecido o protestantismo, muitos assistiram a cultos pentecostais e foram tocados com o Evangelho. Retornando a seus lares, eles contaram a seus amigos a alegria que acharam no canto e no batismo do Espírito Santo.

A violência atingiu seu clímax em 1958. Depois de 1959, o número de mortes políticas decaiu de 10.000 por ano para uns cem, mais ou menos. Os conservadores, por sua vez, confundiram os protestantes com os comunistas, ou ainda pior, com os liberais. Como resultado a violência política lançou-se contra eles em 1951, e continuou firme por uma década. Notamos acima que durante essa década mais de 200 escolas evangélicas foram fechadas, 50 igrejas destruídas e mais de 100 martirizados por sua fé. O assassinato político de alguns crentes deixou claro qual era o perigo de ser um cristão. Alguns foram arrancados de seus lares. Bíblias e hinários foram queimados. Aqueles que poderiam pregar o evangelho foram ameaçados.

Reuniões evangelísticas abertas eram impossíveis. Mas a angústia nacional, que

desarraigou milhares de pessoas, e cortou laços tradicionais, também identificou os protestantes com aqueles que procuravam uma Colômbia aberta e livre. "O espírito missionário gerado nos dias da perseguição tem continuado em muitas igrejas, e coincide com uma nova onda de receptividade entre certos elementos da população." Em 1967 o número total de protestantes na Colômbia era de 70.000, sete vezes mais do que em 1950. O crescimento da Igreja Pentecostal Unida foi particularmente dramático. De 1960 a 1966 eles mostraram um crescimento de 411,7%: de 3.000 para 15.352 membros. Oito anos mais tarde seu número aumentou para aproximadamente 60.000. Deve ser notado que, diferentemente da maioria das Igrejas Pentecostais

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na América Latina, a Igreja Pentecostal Unida na colônia é um movimento denominacional unitário, "Jesus somente".

Argentina. O terceiro e último exemplo a ser dado aqui é o da Argentina. O primeiro

missionário pentecostal, Louis Francescon, chegou em 1909 e iniciou seu trabalho entre os ítalo-argentinos. Embora iniciado no mesmo ano em que ele começou a Congregação Cristã no Brasil, o ministério na Argentina não cresceu tão bem. Naquele mesmo ano Miss Alice C. Woods começou outro testemunho pentecostal no pampas da província de Buenos Aires. Miss Woods afiliou-se às Assembléias de Deus em 1914. O trabalho das Assembléias permaneceu inexpressivo, tendo alcançado apenas 174 adultos em 1951.

A campanha de Tommy Hicks em 1954 foi crucial, não somente para os pentecostais mas também para as outras denominações protestantes na Argentina, especialmente para aquelas que cooperaram na campanha.

Tommy Hicks pregou durante 52 dias para uma assistência total de cerca de duas milhões

de pessoas. As reuniões foram tipicamente pentecostais, com grande ênfase em cura divina. A campanha, que teve ampla cobertura da imprensa e do rádio, rompeu a rígida resistência argentina ao testemunho protestante. Os resultados foram imediatos. A assembléia de Deus começou cinco igrejas só em 1955. Um novo espírito de fé e otimismo permeou as igrejas.

As denominações pentecostais, em anos mais recentes, têm se expandido muito

rapidamente por toda a América Latina, de forma tal que já formam a vasta maioria dos protestantes. Em 1960 eles representavam 87% dos evangélicos no Chile e 38% no Brasil. Porém esse rápido crescimento não tem sido uniforme nas várias repúblicas, e também não tem sido altas as taxas de crescimento. Ainda em 1930, os pentecostais representavam somente 9,5% dos evangélicos no Brasil. Em 1951 a Assembléia de Deus tinha apenas 174 membros na Argentina.

Embora haja quase 30 denominações pentecostais no Brasil, a maioria delas é

relativamente pequena. Eis a tabela das quatro maiores:

Denominação

1960 1970 1980 Assembléia de Deus

376.800

746.400

3.100.000 Congregação Cristã 178,250 357.800 1.000.000

Evangelho Quadrangular

36.432

321.000 0 Brasil para Cristo

200.000

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OOss AAvviivvaammeennttooss ddaa IIggrreejjaa PPrriimmiittiivvaa Tertuliano, escrevendo pelo ano 200 da era cristã, assim se expressa em defesa da

religião cristã: "Embora sejamos noviços de não longa data, temos enchido todos os lugares de vossos domínios — cidades, ilhas, comunidades, concílios, exércitos, tribos, senado, o palácio, as cortes de justiça. E se os crentes tivessem espírito de vingança, seu grande número seria ameaçador, pois é apreciável, não só nesta ou naquela província, mas em todas as regiões do mundo."

Em 110 Inácio faz uma alusão a pastores que fixavam-se nos confins do mundo. Antes de 180 o Cristianismo já se havia espalhado rapidamente na Ásia Menor e no Egito. Lemos também de igrejas na África do Norte, Gália, Germânia, Trácia e Tessalônica. Mas o grande crescimento numérico de crentes foi verificado nos anos 260-303. Deste período Eusébio escreve: "Quem poderia descrever aqueles vastos agrupamentos de homens que se uniam para a religião de Cristo, e a grande afluência nas casas de culto? Por cuja causa, não contentes com os velhos edifícios, erigiam espaçosas igrejas em todas as cidades."

Hamack calculou que em 303 a população de crentes na Ásia Menor era quase metade da população total e que, espalhados por todo o Império, formavam uma avultada minoria. Mas a maior prova de crescimento e força do Cristianismo foi que o Imperador Constantino abraçou a fé e, prestigiando a Igreja, promoveu-lhe paz, riqueza e poder.

A Igreja Britânica Primitiva

Gildas o Sábio, monge galês, escrevendo pelo ano 500, disse: "A Igreja está espalhada pela nação inteira. Além disso ela se espalhara na Irlanda e Escócia. Era também uma Igreja instruída; tinha sua própria versão da Bíblia e seu próprio ritual."

S. Patrício (395-493) tornou-se o Apóstolo da Irlanda. Disse ele: "Eu fui formado de novo

pelo Senhor, e Ele me capacitou a ser neste dia o que antes estava mui longe do meu alcance, para que eu me interessasse pela salvação dos outros, quando eu costumava não pensar nem mesmo na minha própria salvação."

Por cerca de 30 anos. S. Patrício pregou o Evangelho por toda a Irlanda e fundou igrejas, mosteiros e escolas das quais foram enviados missionários por quatro séculos depois de sua morte.

Avivamento dos Valdenses em 1184

A história da fidelidade, perseverança e heroísmo dos Valdenses através dos séculos, é única na História da Igreja. Onde eles vivem "não ha uma rocha que não seja um monumento, uma campina que não tenha presenciado uma execução, nem uma vila que não registre os seus mártires." No século doze eles provaram um avivamento que resultou em grande atividade evangelística.

Avivamento Boêmio Em 1315 foi constatado que só na Boêmia havia 80.000 crentes verdadeiros. Este notável avivamento espiritual foi em parte o resultado dos esforços de três reformadores - Conrado de

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Waldhausen, Milic da Morávia e Matias de Janov. Esse despertamento preparou o caminho para o movimento dirigido por João Huss. Em 1467 alguns Boêmios, valdenses e Morávios uniram-se no que foi conhecido como a Igreja dos Irmãos Unidos. Quando rebentou a Reforma, eles tinham quatrocentas igrejas e circulavam sua própria Bíblia na língua boêmia.

Avivamento dos Morávios Este avivamento começou em 1727. Antes disso os colonos de Hermhut não podiam viver

juntos em paz. Por fim o Conde Zinzendorf deu todo o seu tempo a trabalhar por um ajuste de suas divergências.

No dia 12 de maio de 1727, todos eles, com grande alegria, consagraram-se novamente ao Senhor, e prometeram sepultar os seus conflitos para sempre.

O seguinte relatório do avivamento é tirado da "História dos Morávios", por A. Bost. "Desde aquele tempo houve admirável efusão do Espírito Santo sobre esta venturosa Igreja, até o dia 13 de agosto, quando a medida da graça divina parecia transbordar completamente".

"Todo o dia trazia alguma nova benção. O Conde se pôs a visitar os irmãos. Este foi o começo daqueles pequenos agrupamentos que foram depois chamados "grupos de oração". Esses grupos consistiam de duas ou três pessoas que se reuniam em secreto, para conversar so-bre sua condição espiritual, para exortar-se e reprovar-se mutuamente e orar uns pelos outros.

No dia 22 de junho, alguns irmãos "combinaram retirar-se, em tempos determinados, a um morro perto de Hermhut, para derramarem suas almas a Deus em oração e cânticos. No mesmo dia o Conde partiu para a Silésia. Antes de sua partida vários dos irmãos tomaram o compromisso de trabalhar pela continuação do avivamento." Nessa ocasião receberam uma grande benção através da leitura da Primeira Epístola de S. João.

"No Dia do Senhor, 10 de agosto, o pastor Rothe foi tomado de um impulso fora do comum, no meio da reunião . Caiu de joelhos perante Deus, e toda a congregação prostrou-se com ele, debaixo das mesmas emoções. Uma corrente ininterrupta de cânticos e orações, choro e súplicas, perdurou até meia noite. Todos os corações ligaram-se pelos laços do amor".

Os irmãos realizaram um culto de comunhão fraternal na Quarta-feira 13. O culto foi cheio de poder espiritual e de emoção. "A congregação inteira uniu-se em oração a Deus e então cantou, entre lágrimas e soluços — "Minha alma perante Ti prostrada está' — de tal modo que quase não se podia distinguir se cantavam ou choravam. A cena era tão comovente que o pastor quase não podia contar o que viu e ouviu."

"Poucos dias depois deste 13 de agosto, um notável avivamento ocorreu também entre as crianças em Hernhut e Bertholdsdorf. No dia 18 de agosto, todas as crianças do internato foram tomadas de um extraordinário impulso do Espírito e passaram toda a noite em oração, Desde então uma constante obra de Deus operava nas mentes das crianças nas duas cidades. Não ha palavras que possam expressar a poderosa operação do Espírito Santo sobre essas crianças".

No dia 25 de agosto os irmãos começaram o ministério da oração contínua, que perdurou por mais de cem anos. "Eles consideravam que, como no antigo Templo o fogo do altar nunca cessava de arder, assim na Igreja, que é agora o Templo de Deus, as orações dos santos deviam subir incessantemente ao Senhor".

Em janeiro de 1728, os irmãos realizaram a sua primeira reunião missionária. "Essa reunião foi celebrada com meditações sobre diferentes porções da Santa Escritura e fervorosas orações, no meio das quais a Igreja experimentou um indizível gozo da presença do Espírito."

As Missões Morávias começaram em 1731. A obra teve início nas índias Ocidentais e na Groenlândia. Nos anos que se seguiram foram enviados missionários para o Labrador, América

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do Norte, América do Sul, África do Sul, Ásia, Austrália e muitas ilhas marítimas. As Missões Morávias foram uma poderosa força na evangelização dos pagãos, mas devemos lembrar que tudo começou no avivamento de 1727.

O Avivamento de Brainerd

Depois de alguns anos de trabalho árduo e quase infrutífero entre os índios da América do Norte, David Brainerd viu começar um poderoso avivamento em julho de 1745. E este foi em resposta às orações agonizantes. Brainerd escreveu: "Julho 26. À noite Deus foi servido de ajudar-me em oração, além do que eu havia experimentado por algum tempo. A minha alma foi, de um modo claro, arrastada para a dilatação do Reino de Cristo e para a conversão do meu pobre povo, e descansou esperando em Deus para o cumprimento daquela grande obra."

"A minha alma, a minha própria alma ansiava pela colheita dos próprios pagãos; e eu clamei a Deus por eles com a maior ansiedade e ardor, e também porque não podia deixar de clamar. Eu ansiava que a parte restante de minha vida pudesse ser ocupada em maior atividade e esforço nas coisas de Deus".

"Agosto 3. Tendo visitado os índios nessas aldeias em Junho passado, e demorado com eles por muito tempo, pregando quase diariamente, achei-os agora sérios e em grande número dominados de um novo e forte interesse por Cristo. Preguei-lhes hoje baseado nestas palavras: "Quem quiser tome de graça a água da vida".

"E o Senhor, disso estou certo, capacitou-me, de um modo fora do comum, a por diante deles o Senhor Jesus Cristo como um Salvador amoroso e compassivo, convidando os pecadores infelizes e perecíveis a aceitar a eterna misericórdia. Podia-se notar logo um vivo interesse que surpreendia a todos Havia cerca de 20 pessoas adultas reunidas e não vi mais de duas que estivessem com os olhos enxutos".

"Agosto 6. De manhã preguei aos índios na casa onde estávamos hospedados. De muitos deles a mensagem feriu o coração, de modo que umas poucas palavras sobre suas almas foram bastantes para provocar lágrimas abundantes, soluços e gemidos".

"À tarde preguei-lhes outra vez. Eles se mostravam interessados em ouvir. Mas nada

parecia digno de nota até perto do fim da minha pregação: foi então aí quando as verdades divinas foram influenciadas de um repentino poder que produziu neles um admirável interesse. Todos pareciam estar dominados da angústia de sentir interesse por Cristo. Foi surpreendente ver como os seus corações pareciam compungidos com os apelos afetuosos e tocantes do Evangelho, quando não havia uma palavra que lhes provocasse medo ou terror.

"Agosto 8. À tarde preguei a umas sessenta e cinco pessoas e senti-me influenciado por uma liberdade fora do comum. Havia interesse bem visível entre eles; mas quando falava a um e a outro mais individualmente, o poder de Deus parecia descer sobre a reunião 'como um vento veemente e impetuoso', e com uma admirável força subjugou a todos por onde passou".

"Fiquei maravilhado com a influência que dominou o auditório que era de homens e mulheres idosos, algumas crianças e também pessoas de idade média".

"Jamais vira um dia como aquele em todo o sentido: foi um dia em que, estou certo, o Senhor fez muito para destruir o reino das trevas entre este povo".

Este avivamento entre os índios continuou por alguns anos e produziu resultados duradouros.

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Avivamento Puritano O termo Puritano denominava os crentes da Igreja Anglicana que "buscavam uma fé mais

simples e um mais simples modo de serviço". Este movimento nasceu da leitura difundida da Bíblia.

Esses homens eram o sal da Sociedade inglesa em seu dia. Eles representavam a liberdade e a paciência e eram os campeões dos direitos do povo. Owen, Bunyan, Baxter, Milton, Leighton, Flavel e outros, deram" ao mundo grande parte da melhor literatura evangélica. Quantos têm recebido uma tão grande benção da leitura de "O Peregrino" de João Bunyan!

Ricardo Baxter foi um verdadeiro avivalista. Diz-se que" as paredes" do seu gabinete eram manchadas pelo bafo de suas orações. Por meio dele, Deus fez uma grande obra em Kidderminster. Ele conta de novos convertidos realizarem uma reunião de oração aos sábados à noite, para o êxito do trabalho no dia seguinte. Sobre tais reuniões, declara que tiveram de construir cinco novas galerias em sua Igreja; que aos domingos não mais havia desordem nas ruas, e que podiam-se ouvir centenas de famílias cantar salmos em suas casas.

O movimento Puritano com o tempo ramificou-se em diferentes organizações de Igreja. Muitos emigraram para a América. Quinto devemos a esse avivamento do século.

Avivamento dos Quakers

No meia do século 17 milhares de homens e mulheres viviam isolados da Igreja da Inglaterra. Buscavam a verdade e eram como ovelhas sem pastor. Além dos Presbiterianos, Independentes e Batistas, lemos da existência de Sabatistas, Inquiridores, Transkites, Milenistas, Familistas, Etheringtonianos, os da Quinta Monarquia, Muggletonianos e muitos outros.

George Fox nasceu em 1624. Foi educado em um lar puritano e podia dizer: "Aos 11 anos de idade, conhecia a pureza e a retidão de vida. O Senhor ensinou-me a ser fiel interiormente para com Deus, e exteriormente para com o homem". Mas a despeito de sua boa vida, Fox não, gozava paz com Deus; enfrentou os anos de trevas espirituais e de conflito até o dia em que pareceu-lhe ouvir uma voz a dizer-lhe: "Ha somente um que pode proferir a palavra certa à tua condição, e este é Cristo Jesus." Ele disse: "O meu coração pulou de alegria. O meu amor ao Senhor aumentou grandemente. Embora eu lesse as Escrituras, que falam de Cristo e de Deus, mesmo assim eu não O conhecia senão por revelação, como Aquele que tem a chave e abre e, sendo o Pai da Vida, arrastou-me ao Seu Filho pelo Seu Espirito." Deste modo Deus preparou Fox para ser o Seu mensageiro às almas famintas em todo o seu País.

Ele obedeceu à chamada de Deus e disse: "Sentia-me muito satisfeito de receber o mandado de Deus para guiar o povo àquela luz interior, àquela graça e àquele espírito, por cujo meio todos podiam conhecer a sua salvação e o seu caminho para Deus, isto é, àquele Divino Espírito que os guiaria a toda a verdade. Com este poder, divino por ele e pelo Espírito de Deus, e luz de Jesus, eu devia tirar o povo de todos os seus maus caminhos, e levá-lo a Cristo, o novo e vivo Caminho, a fim de conhecer o Espírito de Verdade no íntimo de suas almas e deixar-se guiar por Ele". Sobre Fox escreveu William Penn: "Ele possuía um extraordinário talento ao manusear as Escrituras. Mas acima de tudo era poderoso na oração. O quadro mais vivo e reverente, que já observei, foi a sua oração". A sua personalidade irradiava a santidade, a majestade e o amor de Deus. Os pecadores se apavoravam e muitas vezes tremiam em sua presença.

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Fox declarou que o Senhor lhe dissera: Se apenas um homem ou mulher se decidisse, pelo Seu poder, apresentar-se e viver no mesmo espírito dos apóstolos e profetas, ele ou ela abalaria o País inteiro, num raio de dez milhas em volta do mesmo".

Era assim que os Quakers viviam: Quando o povo queria por à prova a retidão e a honestidade de um Amigo, — certo de que a vida e a palavra dos crentes davam testemunho de Deus perante todo o povo, — a afirmativa era: onde havia um fabricante ou lojista ou qualquer outro negociante, ali estava Quaker. De modo que tinham duas vezes mais em comércio, além de quaisquer dos seus vizinhos, e qualquer ramo de comércio existente, eles o tinham. Então o clamor do povo era: "Se deixarmos este povo sozinho, tirará de nossas mãos o comércio do Pais."

A criação do Estado de Pensylvania é um glorioso capítulo na História Eclesiástica. William Penn, que redigiu o Tratado com os índios, dá-nos um exemplo disto: "O Grande Espírito que me criou, criou a vós e a todos os homens, sabe que eu e meus filhos desejamos viver em paz e em amizade com os índios. Os filhos de Onas e os índios devem ser irmãos uns dos outros; todos os caminhos devem ser abertos e livres; as portas dos brancos devem ser abertas aos índios e as portas dos índios aos brancos, e todos devem acolher-se uns aos outros como amigos. Esta liga e estes laços de amizade devem fortificar-se cada vez mais e conservar-se vivos e puros, sem mácula ou ruga, enquanto as águas, fizerem correr os ribeiros e rios, e enquanto existirem o sol, a lua e as estrelas."

Havia cerca de cinqüenta a sessenta mil Quakers. na Inglaterra, no fim dos primeiros quarenta anos de avivamento dos Quakers. Eles eram mais numerosos do que os Católicos Romanos, Presbiterianos, Independentes e Batistas combinados. Em proporção à população, eram os mais numerosos na América, onde haviam fundado duas colônias, que abrangiam mais da metade dos habitantes de várias outras cidades importantes.

Avivamentos em Gales

Antes do avivamento evangélico, as condições morais e: religiosas de Gales eram piores mesmo do que na Inglaterra. O primeiro avivalista Gualês foi Griffith Jones e a sua pregação, de cima a baixo no País, produziu resultados duradouros. Ele foi seguido por Howell Harris, que foi um poderoso pregador. Escrevendo em seu diário assim declara: "Eu persistia em exortar o povo pobre e este vinha em multidões ouvir-me todos os domingos à noite. A minha pessoa logo tornou-se assunto da conversa do povo em todo o País. A Palavra de Deus ora apresentada com tão grande poder que muitos, no mesmo lugar em que estavam, clamavam a Deus pelo perdão dos seus pecados."

Harris era auxiliado, às vezes, em suas atividades evangelísticas por Whitefield. Daniel Rowlands foi outro avivalista galês e viveu no mesmo tempo. Calcula-se que não menos de sete avivamentos ocorreram durante o seu ministério. Ele era homem de oração. William Williams, de Pantycelyn, foi outro dos avivalistas galeses desse período, mas foi por meio dos seus hinos que o seu trabalho foi feito. Estes homens eram os líderes do Avivamento Evangélico de Gualês, e as igrejas que eles fundaram foram chamadas. A Igreja Metodista Calvinista.

Gales foi abençoado com muitos avivamentos locais. A história que segue é muito interessante. "Em um canto remoto de Montegomeryshire, os amigos religiosos do lugar tinham ouvido tanto sobre os avivamentos em outros lugares, que sentiram uma profunda ansiedade de que o mesmo se desse em sua própria cidade, e resolveram realizar reuniões de oração. Certa noite ouviram cânticos tão lindos que pareciam vir do céu. "Na noite seguinte, no início da

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reunião, o Espírito Santo desceu poderosamente sobre eles. Este sinal mostrou ser a madrugada de um grande avivamento nessa vizinhança."

O Pentecostes Metodista

O Avivamento Metodista nasceu no poder do Espírito Santo. Wesley faz o seguinte registro: "Janeiro l, 1739. Mr. Hall, Kinchin, Ingham, Whitfield, Hutchms e meu irmão Carlos estavam presentes à nossa festa de amizade em Fetter Lane, com mais sessenta de nossos ir-mãos. Pelas 3 horas da manhã, enquanto nos mantinha-mos em oração, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de tal modo que muitos clamaram de indizível alegria, e muitos ca iram por terra. Logo que recobramos um pouco daquele espanto e do temor que nos sobreveio da presença da Majestade Divina, entoamos em uma só voz: "Louvamos-Te, ó Deus, reconhecemos a Ti como Senhor."

Dessa festa de amizade Whitfield disse: "Foi na verdade um momento Pentecostal". E acrescenta, sobre aquelas reuniões, que "às vezes, noites inteiras, eram gastas em oração. Muitas vezes nos sentimos cheios como que de mosto e outras vezes eu os vejo esmagados pela Presença Divina e clamam: "Quererá Deus mesmo habitar com os homens sobre a terra? Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus e a porta do Céu!"

Deste período declarou o Rev. Ryle: "Esses tempos foram a idade mais obscura por que a Inglaterra passou nos últimos trezentos anos. Era muito difícil conceber qualquer coisa mais deplorável do que a condição do País quanto à religião, à moralidade e às leis".

EM 17 de fevereiro de 1939, Whitfield pregou seu primeiro sermão em Rose Green. Depois pregou em Kings-wood perto de Bristol. Milhares o ouviram e ficaram profundamente movidos por sua pregação. Este foi o começo do maravilhoso ministério de Wealey que resultou em um avivamento religioso por todas as [lhas Britânicas. Neste ministério ele viajou 250.000 milhas e pregou 40.000 sermões, muitas vezes a vinte mil pessoas de uma vez.

O Rev. W. H. Fitchett diz de Wesley: "Ele despertava a consciência, não só dos que o seguiam, mas a da Igreja que o havia lançado fora e a da Nação inteira a que ele pertencia." De Wesley mesmo disse também: "Havia algo da elevação dos picos alpinos sobre ele; e algo de antiguidade como se adviesse de uma atmosfera mais pura." De onde veio a força e a inspiração para o seu trabalho? Aqui está o segredo: "Decido consagrar uma hora de manhã e uma hora de noite à oração em secreto, sem deixar que nada me impeça de fazê-lo."

Whitfield atravessou o Atlântico treze vezes e viajou amplamente nas Ilhas Britânicas. Onde quer que passasse, milhares afluíam para ouvi-lo pregar. Um pensamento, sempre presente, das coisas eternas ocupava-lhe a mente: do céu e do inferno, e de que o eterno destino das almas estava em jogo. Somente a eternidade revelará claramente a tremenda influência que ele exerceu para o seu Deus." Whitfield disse certa vez: "Não me é dado dizer quão freqüentemente pratico a oração secreta; se não a praticasse, sim, se em certo sentido não orasse sem cessar, ser-me-ia difícil conservar aquela disposição de alma que, pela bênção Divina eu gozo diariamente.

Avivamento em Cambuslang, 1742 Esta obra começou sob o ministério do Rev. W. Mc. Culloch. A notícia dos avivamentos na Inglaterra e América levou-o a promover um avivamento entre o seu próprio povo. Logo ele

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interessou os membros da Igreja neste trabalho e as reuniões aumentaram tanto em número que eles tiveram que realizar os cultos de pregação ao ar-livre.

O interesse aumentou de modo tal que o pastor já pregava todos os dias, e gastava muito tempo em dar instruções aos novos interessados. As reuniões nas encostas atingiram nove a dez mil pessoas, e pastores de toda a parte foram ajudar no trabalho. Whitfield auxiliou também neste avivamento.

Muitos anos depois era grande o número de homens e mulheres convertidos em Cambuslang que viviam no meio do seu povo, com um nome de Cristão sem máculas e na doçura da paz de Cristo passavam a estar com o seu Senhor. Avivamento em Rochester, em 1830

Depois de receber muitos convites insistentes para pregar, Finney sentiu que, como Rochester era o lugar mais necessitado — pois havia três Igrejas Presbiterianas em péssimas condições espirituais, desunidas era a vontade do Senhor que ali fosse. Logo depois que ele começou a pregar, os pastores fizeram as pazes, e uma grande elevação de nível espiritual das igrejas se manifestou. Finney disse: "As três Igrejas., e na verdade os crentes de todas as Denominações, pareciam fazer causa comum, e se punham a trabalhar com vontade, para retirar pecadores do fogo".

"O espírito de oração emanava cm profusão e tão poderosamente, que algumas pessoas se afastavam dos serviços públicos para orar, sem poder dominar os seus sentimentos sob influência da pregação. O Sr. Abel Clary permaneceu em Rochester por todo o tempo em que aí estive. O peso de sua alma parecia-lhe sempre tão grande que se contorcia e gemia de angústia. Ele nunca aparecia em público, mas entregava-se inteiramente à oração".

Houve logo várias conversões muito notáveis, sendo uma das primeiras a esposa de um eminente advogado. As reuniões acorreram advogados, médicos e negociantes, Muitos dos advogados tornaram-se logo interessados e assistiam, sem mais reserva, às reuniões. Foi nesse avivamento que Finney começou a usar "os assentos dos interessados".

O avivamento apoderou-se fortemente do Colégio. Quase todos os professores e estudantes se converteram. Como resultado, quarenta estudantes tornaram-se pastores e um grande número deles entregou-se como missionários ao estrangeiro. A maioria dos homens e mulheres de influência da cidade foram convertidos. Alguns anos mais tarde o Dr. Beecher, falando com Finney sobre este avivamento em Rochester, disse: "Aquele foi o maior avivamento religioso que o mundo já viu em tão pouco tempo. Cem mil pessoas se tomaram membros de igrejas, como resultado desse grande avivamento." A poderosa operação do Espírito de Deus continuou, como neste avivamento, por todo o longo ministério de Finney.

O Avivamento de 1859 na Inglaterra e Escócia As notícias dos avivamentos da América e Irlanda levaram os crentes da Inglaterra e

Escócia a buscar a Deus em oração em favor da mesma bênção. As reuniões de oração multiplicaram-se, mas o avivamento mantinha seu caráter local, e na maioria doa lugares o trabalho era puramente evangelístico. Faltava-lhe o espírito da oração persistente e poderosa.

Entretanto, havia avivamentos genuínos em alguns bairros. Bolton foi o cenário de um poderoso despertamento sob o ministério de Finney. A cidade inteira foi abalada.

Os crentes em Aberdeen começaram a orar com fervor por um avivamento e logo começaram a receber respostas evidentes. O Rev. J. Smith disse que os efeitos eram "semelhantes aos que se descreviam relativamente aos trabalhos de Wesley e Whitfield.

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Centenas de almas eram despertadas. Ricos e pobres, jovens caixeiros de lojas e muitas moças de fábrica eram acrescentados à Igreja.

Port Glasgow foi cenário de um poderoso avivamento. Deste escreveu Rev. Paterson: "Às noites o lugar da reunião era abarrotado. Devia haver mais de duas mil pessoas presentes. Um clamava, depois outro, mas outro, e alguns clamores eram mais penetrantes que qualquer coisa que eu já tivera ouvido na Irlanda".

O Sr. H. Johnson assim descreve como um destes avivamentos locais começou: "Um pastor sentiu-se humilhado pelo baixo nível espiritual de sua Igreja. O seu "caso" era como o de um poço estagnado. As notícias dos avivamentos que ocorriam em outras partes do País lhe chegaram ao conhecimento. Um dia decidiu repentinamente deixar o preparo do seu sermão e entregar-se à oração: orou com fervor e com toda a paixão por 5 horas".

"O dia seguinte era domingo. Ao assomar o púlpito foi tomado de uma firme convicção de que alguma coisa notável estava para acontecer. O povo revelava uma atenção fora do comum. Suas fisionomias denotavam algo de seriedade e temor. Quando findou o culto várias pessoas mostravam-se abaladas pela influência do Espirito Santo. Esse trabalho mostrou ser o começo de um avivamento genuíno e permanente".

O Exército da Salvação

William Booth nasceu em 1829. Foi convertido com a idade de 15 anos e mesmo tão jovem mostrou-se um obreiro operoso na classe pobre. Logo tornou-se pregador local e ansiava dar a vida à pregação do Evangelho. Mesmo naqueles dias primitivos ele estudava o melhor meio de ganhar as multidões. Ele disse: "O que eu queria ver era uma organização que tivesse, como objetivo principal e a maior ambição, a salvação do mundo, atuando sobre os sérios princípios de fé que eu abracei e que, moço como eu era, já os tinha visto praticados com êxito". Em seu coração ardia a chama da paixão por Deus e pelas almas perdidas. Enquanto estudava para o ministério, orava agonizantemente pelas almas perdidas, quando devia estar ocupado em preparar suas lições. Em junho de 1855, Sr. Booth casou com Catherine Mumford. Que Deus tivesse preparado esta jovem para ser a esposa do Sr. Booth havia ampla evidência, e poucos casamentos resultaram em tão grande benção para o mundo.

Em 5 meses de trabalho evangelístico nesse tempo, o Sr. Booth viu cerca de duas mil almas ganhas para Cristo. A seguinte nota extraída de uma carta dá-nos uma idéia dele nesse tempo: "Eu não posso escrever sobre as belezas naturais deste lugar. Nada fiz ainda senão sus-pirar "pela salvação de seus habitantes e promover a sua salvação".

A Sra. Booth, escrevendo a seus pais em outubro de 1855, diz o seguinte sobre o seu esposo: "Deus o está abençoando ricamente, tanto em seu proveito espiritual como no êxito de seu ministério público. Ele se torna cada vez mais, um melhor homem de oração. O trabalho progride com todo o poder. Preciosas almas estão sendo salvas em extraordinário número".

As reuniões do Sr. Booth sempre findavam com algum tempo dado à oração, durante o qual dedicava-se aos interessados um cuidado especial. Desde o início do seu ministério o Sr. Booth, tanto quanto lhe era possível, gastava o domingo em oração e jejum. No Domingo de Pentecostes de 1858, Sr. Booth dirigiu o primeiro dia público de oração e jejum, e este foi o começo de muitas "dias inteiros", "noites inteiras" e "dois dias com Deus", que se provaram bênçãos reais para o movimento.

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Não temos lugar para descrever o crescimento assombroso do movimento e do ministério mundial do Exército da Salvação. O nosso propósito é apenas mostrar as causas espirituais deste avivamento religioso. O Avivamento de Gales, de 1904

Durante os últimos anos, antes do avivamento de 1904, houve alguns despertamentos locais. O resultado mais importante desses movimentos foi a criação de reuniões de oração espontâneas. Nessas reuniões havia liberdade para quem quisesse usar da palavra. Cada pessoa obedecia à intuição dada pelo Espírito Santo: alguém podia ler um trecho da Bíblia, outro orava, outro tirava um hino, outro dava um testemunho. Essas reuniões duravam às vezes duas a três horas, mas ninguém se mostrava cansado.

Enquanto esses despertamentos locais se realizavam, Evan Roberts preparava-se em um colégio para o ministério. Mas não se passou muito tempo quando o fardo das almas perdidas foi por ele sentido de um modo tal que não resistiu continuar os estudos. Dizia ele: "alguma coisa me impelia a pensar na condição do mundo perdido, sem que a isso pudesse resistir".

Ele começou a buscar o batismo do Espirito Santo, não se passando muito tempo, até Deus dar-lhe uma poderosa experiência, que o fez um novo homem. Foi avivado fisicamente. A sua vida espiritual foi enriquecida com abundância de poder e de estabilidade, e nele ardia como fogo a idéia de ir a Gales acompanhado de um "Grupo de Avivalistas". Começou a orar, pedindo cem mil conversões, e falava abertamente do grande avivamento que ia dar-se em Gales.

Deus o dirigiu no começo de reuniões de avivamento em sua própria Igreja. As reuniões eram cheias de orações pela salvação de almas. Durante a primeira semana o Espírito Santo trabalhava claramente. A segunda semana de reuniões foi o começo visível do avivamento. De-zenas de reuniões de oração eram realizadas todos os dias no bairro. O avivamento era o assunto da conversa em todo o lugar.

A fama do avivamento causou um despertamento em todo o País. Aqueles, que recebiam benefícios nas reuniões., levavam o avivamento às suas próprias Igrejas, e preparavam o caminho para Evan Roberts e seu Grupo de Avivalistas. No decurso do avivamento eles dirigiram milhares de reuniões e dezenas de milhares de almas se converteram.

As reuniões de avivamento tomavam a forma de reuniões de oração espontâneas. O Espírito Santo era o grande Dirigente das reuniões, e a todos era manifesta a direção do Espírito de um modo admirável. O avivamento foi poderoso, mesmo em muitos lugares que Evan Ro-berts não visitou.

As reuniões eram cheias do espírito de oração. Evan Roberts provava freqüentemente angústias de oração e podia contar com chuvas de orações do povo. Ele observou que o sucesso de um culto evangelístico estava em proporção ao número de orações fervorosas nessa reunião. Avivamentos na China, Coreia e Manchúria

Depois de haver sido missionário na China por cerca de treze anos, Jônatas Goforth, em 1901, começou a sentir-se mal satisfeito com os resultados do seu trabalho. Isso o levou a estudar como promover um avivamento. As novas, que vinham do Avivamento de Gales em 1904, foram-lhe uma grande inspiração.

Por esse tempo Goforth começou a ler a vida e as obras de Charles G. Finney, que declarava com toda a segurança que, qualquer grupo de crentes poderia efetuar um avivamento, se eles preenchessem as condições necessárias. Goforth pensou consigo: "Se Finney tem razão então eu vou procurar essas condições e obedecê-las, custe o que custar".

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No começo de 1906 ele pregava em um grande parque idólatra. "Foi nesse parque onde comecei a ver evidências dos primeiros despertamentos, ou dum poder maior nos corações do povo. A convicção de pecado parecia transcrever-se em todas as faces. Finalmente, quando fiz o apelo, o auditório inteiro levantou-se como um só homem, declarando: "Queremos seguir a este Jesus que morreu por nós". Este foi o começo do ministério de avivamento de Goforth. Cumpre salientar aqui, que ele não recebeu qualquer bênção pessoal extraordinária, separadamente do preparo espiritual já mencionado. O Espírito Santo começou a trabalhar mansamente.

Por esse tempo efetuava-se na Coréia um grande avivamento, e Goforth foi convidado a visitar aquele País. Disse ele: "O MOVIMENTO COREANO FOI DE INCALCULÁVEL SIGNIFICAÇÃO PARA A MINHA VIDA, PORQUE MOSTROU-ME EM PRIMEIRA MÃO AS POSSIBILIDADES ILIMITADAS DO MÉTODO DE AVIVAMENTO. A COREIA FEZ-ME SENTIR, COMO A MUITOS OUTROS, QUE ESTE ERA O PLANO DE DEUS PARA PÔR O MUNDO EM CHAMAS".

O avivamento Coreano foi precedido de meses de oração. Referindo-se a um grupo Goforth diz: "Aqueles que agiam como missionários eram só gente comum. Eu não notei ninguém proeminente entre eles. Viviam, trabalhavam e agiam como os outros missionários. Era na oração que mais se distinguiam. Esses missionários pareciam transportar-nos direto ao Trono de Deus". Depois disso Goforth descreveu o avivamento da Coréia aos missionários da China. A inspiração causada por essa descrição explica o início de um movimento de oração por um avivamento que preparou o caminho para o ministério de avivamento de Goforth na China e Manchúria. Avivamento de 1950 na Coréia

Bob Finney escreveu: "Quando Bob Pierce, Gill Dodds e eu fomos convidados para a Coréia, descobrimos que o nosso Senhor nos trouxera para o meio de um avivamento que na verdade surgiu das páginas do Livro de Atos".

Na Coréia, mais de 25.000 pessoas professaram a aceitação de Cristo como Salvador dentro de 6 semanas. Mais de 4.000 pessoas diariamente, às 5 horas da manhã, participavam das reuniões de oração da madrugada. Centenas de pessoas permaneciam a noite inteira em oração. E multidões até de 75.000 pessoas reuniam para ouvirem o Evangelho".

Avivamentos Recentes James A. Stewart dá os seguintes relances de avivamentos em anos recentes na Europa.

"Na Hungria, temos provado um avivamento nacional. Fará em breve doze anos que começou e cremos que se prolongará até à vinda do Senhor.

Uma senhora crente gastou 24 horas em oração, em uma Igreja, e o Sr. Stewart pediu-lhe que voltasse para casa; porém ela replicou: "Não irei para casa até que o avivamento venha para a Igreja Luterana da Hungria; até que centenas de pastores Luteranos provem o novo nascimento e venham a conhecer a Cristo como o seu Salvador pessoal".

"O Bispo da Igreja Luterana me disse: 'Irmão Stewart, quero agradecer-lhe por haver trazido o avivamento à Igreja Luterana de Hungria e a outras Igrejas Protestantes". Eu respondi: "Irmão, o Sr. não tem razão de agradecer a mim; o avivamento veio à sua Igreja, e centenas de seus pastores foram salvos e dezenas de milhares do seu. povo foram salvos, por causa do espírito de oração agonizante de uma mulher"."Muitas vezes na Europa, quando entrava no teatro, ou na catedral, ou no rinque de patinação de gelo, onde as nossas reuniões eram efetuadas, tudo o que ainda posso ouvir são soluços do povo de Deus sob o peso do fardo da salvação dos seus amados”.

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OOss GGrraannddeess AAvviivvaalliissttaass JOÃO WICKLIFFE

No século 14, Wickliffe reabriu a Bíblia e começou a expor os erros da Igreja Romana. Muitos foram convertidos pela sua pregação e escritos. Ele também fundou uma associação de pregadores chamados Lolardos e enviou-os a pregar acima e abaixo no País. Wickliffe era um homem de oração, e as reformas que ele advogou foram o resultado de sua própria iluminação espiritual através da leitura da Bíblia. Ele declarou: "As sagradas Escrituras são uma propriedade do povo, e uma possessão que ninguém pode arrancar do povo. Cristo e seus Apóstolos converteram o mundo por fazer conhecidas as Escrituras, e eu oro de todo o coração que, por obedecermos ao que está contido neste Livro, possamos provar a vida eterna."

João Huss abraçou as doutrinas de Wickliffe, e depois de exercer uma poderosa influência para o Evangelho na Boêmia, foi martirizado em 1415.

Savanarola Depois de ouvir o sermão de um frade agostiniano, Savanarola, com a idade de vinte e três

anos, decidiu-se a praticar a vida monástica. Tornou-se f arnoso como pregador, na Quaresma de 1489, e pouco depois foi eleito Superior do Convento de S. Marcos, em Florença.

Diz Viliari: "Maravilhoso foi o efeito da pregação de Savanarola na sociedade corrupta e pagã de Florença. A sua eloquência toda natural, espontânea e de abalar corações, aliada a um grande poder de imaginação e repentes de sã indignação, foi sem nenhum precedente, naquela era de pedantismo e imitação da oratória clássica.

"A pregação do Superior do Convento confundiu seus inimigos, pois mudou completamente o aspecto da cidade. As mulheres largavam o uso de jóias e passavam a trajar com simplicidade. Os moços libertinos eram transformados em pessoas sóbrias e espirituais e as Igrejas ficavam repletas nas horas de oração. Também a Bíblia era lida com diligência.

"A fama deste maravilhoso pregador divulgou-se então por todo o mundo, por meio dos seus sermões impressos. O próprio Sultão da Turquia ordenou que fossem traduzidos para o Turco, para o seu próprio estudo. Sem dúvida, o alvo de Savanarola era ser meramente o rege-nerador da religião. Como um dos primeiros protestantes e um dos arautos da Reforma, Savanarola logo entrou em conflito com o Papa e como resultado disso foi executado em 1498.

João Calvino

Pela leitura da Bíblia João Calvino tornou-se ardoroso seguidor da fé da Reforma e não muito depois tornou-se líder dos Protestantes em Paris. Em 1536 publicou "Os princípios Fundamentais da Religião Cristã", primeiro esboço completo e defesa do Protestantismo.

Os cidadãos de Gênova convidaram Calvino para ir ajudá-los em 1541, e por mais de vinte anos ele trabalhou para fazer de Gênova uma cidade de Deus. A assistência aos cultos públicos tornou-se obrigatória. O uso de modelos exagerados e bailes eram ofensas sujeitas à punição; o casamento foi regularizado; a castidade era obrigatória, sendo a transgressão punida com morte. As tavernas e antros de pecado desapareceram. A instrução foi melhorada e posta ao alcance de todos. As igrejas foram abarrotadas, Gênova tornou-se uma fonte de inspiração para toda a Europa.

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JOÃO Knox João Knox, o Reformador escocês, foi um poderoso homem de oração.' Aqui está um exemplo de como êltí orava: "Oh, .Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro!" Depois de algum silêncio clamava outra vez: "Oh, Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro!" Outra vez, um profundo silêncio. Então, mais uma vez o clamor, com um sentimento mais profundo: "Oh, Senhor, dá-me a Escócia, ou eu morro!" E Deus deu-lhe a Escócia. Se houve um tempo em que o homem e a hora coincidiram, foi quando João Knox aportou na Escócia em 1559, e começou a sua excursão que resultou na transformação da história, pregando a "reforma da raiz e do ramo". Os seus apelos, à semelhança do toque de reunir da trombeta, soavam por toda a montanha e vale, e dentro de poucas semanas os principais centros da Escócia foram ganhos para a fé protestante.

Jônatas Edwards

Edwards revela o segredo deste avivamento. Diz ele: "O espírito daqueles que estiveram em angústia pelas almas dos outros, tanto quanto eu posso entender, parece não ser diferente do espírito do apóstolo que se angustiava pelas almas perdidas." A noite que precedeu ao dia do inicio do avivamento, alguns crentes se reuniram e passaram a noite inteira em oração".

"Não ficou pessoa alguma na cidade de Northampton, velha ou moça, desinteressada nas grandes coisas do eterno mundo. A obra da conversão foi levada a efeito do modo mais admirável e prosperava cada vez mais. As almas rendiam-se a Jesus Cristo em tão grande número como se fossem rebanhos. Essa obra de Deus logo fez uma gloriosa alteração na cidade; de modo que na primavera e no verão seguinte, a cidade parecia estar cheia da presença de Deus; nunca estivera tão cheia de amor, nem de alegria, nem ainda tão cheia de angústia de alma, como estava agora".

"Havia notáveis sinais da presença de Deus em quase toda casa. Era um tempo de alegria nos lares por causa da salvação que neles entrava; pais se regos! javam pela conversão dos filhos; esposos, pelas esposas; e esposas pelos esposos. Os passos de Deus eram visíveis em Seu santuário. O Dia do Senhor era um deleite, e os Seus tabernáculos eram cativantes."

Charles G. Finney

Charles Grandison Finney testificou: "Eu fui poderosamente convertido na manhã do dia 10 de Outubro de 1821. À noite do mesmo dia, e na manhã do dia seguinte, recebi batismos esmagadores do Espírito Santo, que pareciam percorrer todo o meu ser, corpo e alma. No mes-mo instante senti-me apoderado de tão grande poder do Alto que apenas umas poucas palavras que pronunciava a uma ou outra pessoa eram o motivo de sua pronta conversão. A minha palavra parecia tão certeira, como flechas farpadas nas almas dos homens. Elas cortavam como espada. Quebrantavam o coração como martelo. Multidões inteiras podem dar testemunho disso".

"Às vezes eu me sentia muito vazio deste poder. Saia em visita evangelística, mas sentia que não havia feito qualquer impressão salvadora. Exportava e orava, mas o resultado era o mesmo. Então separava um dia para jejum e oração em secreto, temendo que esse poder-se houvesse retirado de mim e procurava, com toda a ansiedade, a razão dessa aparente falta de poder. Depois de humilhar-se e clamar por auxílio, o poder voltava sobre mim com toda a sua vitalidade. Esta tem sido a experiência de minha vida".

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Por dez anos — de 1824 a 1834 — Finney trabalhou sem cessar em poderosos avivamentos. Em 1834 enfrentou uma grande crise em sua vida: perdeu a saúde nos labores de sua pregação e da oração; também naquele tempo e assunto da escravidão atraía tanta atenção do povo, que os avivamentos religiosos começaram a declinar. No mês de julho de 1834, quando ele se achava em uma viagem, o fardo tornou-se insuportável. O espírito de oração estava nele, e gastou um dia inteiro orando, até que triunfou com Deus. "Depois de um dia de indizível conflito e agonia de alma, logo à noite, todo o assunto foi aclarado em minha mente, O Santo Espírito induziu-me a crer que tudo resultaria em bem, e que Deus tinha ainda um trabalho para mim; que eu podia estar tranqüilo; que o Senhor levaria avante a Sua obra e me daria força para tomar parte nela de acordo com a sua vontade".

No Outono daquele ano ele proferiu as suas famosas "Palestras sobre Avivamentos Religiosos." A leitura dessas palestras resultou em centenas de avivamentos na América e em outros Países.

Finney tornou-se Professor de Teologia no Colégio Oberlin em 1835. Mais tarde veio a ser Presidente do Colégio. Vinte mil estudantes estiveram sob a sua influência durante os anos em que ele esteve em Oberlin. Mesmo ligado ao Colégio, dirigiu alguns dos mais poderosos avivamentos do seu ministério. Visitou também a Inglaterra duas vezes e efetuou avivamentos em muitos lugares.

Finney morreu em julho de 1875, após um poderoso ministério em que Rios de Águas Vivas, literalmente. transbordaram multidões de almas. Seu ministério de avivamento foi uma extraordinária bênção e um desafio à Igreja de Cristo.

Ele declarou, com toda a ênfase, que qualquer grupo de crentes pode efetuar um avivamento, se eles preencherem as condições necessárias: oração com agonia de espírito e pregação genuína das verdades do Evangelho.

O segredo do poder de Finney era o batismo do Espírito Santo, e uma vida de oração. Disse ele: "Com respeito à minha própria experiência, eu direi que, se não tivesse o espírito de oração, nada poderia fazer. Mesmo que por um dia ou uma hora eu perdesse o espírito de graça e de súplica, achar-me-ía incapaz de pregar com poder e eficiência, ou de ganhar almas pelo trabalho pessoal. Neste respeito a minha experiência foi o que sempre tem sido".

D. L. Moody

D. L. Moody foi privilegiado em ter por mãe uma daquelas nobres mulheres magnânimas, cuja influência sobre os filhos foi uma inestimável bênção para o mundo. Ele nasceu em 5 de fevereiro de 1837 em Northfield, Connecticut, Estados Unidos. Moody foi convertido aos 17 anos. Ele mesmo testificou depois: "Lembro-me daquela manhã, depois que fiz a minha decisão de confiar em Cristo. Parecia-me enamorado da criação inteira. Sentia-me pronto a levar em meu coração todas as criaturas". Moddy era por natureza um homem de iniciativa e de muita energia, e esses talentos só podiam resultar em serviço a Deus.

O seu primeiro trabalho evangélico foi alugar alguns bancos da Igreja a que assistia e os encher, cada domingo, de moços das esquinas e dos botequins. Dava toda a importância ao trabalho da Escola Dominical. Começou a trabalhar em uma Escola Dominical em que somente 12 crianças assistiam, e em poucos anos estava movimentando uma Escola Dominical com uma assistência que ia de 12.000 a 15.000 crianças. Ele amava as crianças de todo o coração e elas sabiam que as amava. Esta obra continuou a crescer, e Moody sabia que Deus o estava chamando a dar todo o tempo ao Seu Serviço . Ele estava pronto a obedecer a chamada divina, por causa da benção que havia

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recebido, ao ver uma classe inteira de mocinhas, convertidas pelo trabalho de seu professor que estava prestes a morrer. Ele disse: "Deus ateou um fogo em minha alma que nunca mais se extinguiu". Desse tempo em diante ele se empenhou no trabalho evangelístico regular.

No ano de 1871 uma grande fome e sede de poder espiritual apoderaram-se de Moody. Ele disse: "Eu clamava todo o tempo para que Deus me enchesse do Seu Espírito. Pois bem, um dia na cidade de Nova York, Deus se revelou a num, e eu tive uma experiência tão real do Seu amor que fui obrigado a dizer-lhe que já bastava. Voltei a pregar. Os sermões não eram diferentes; eu não apresentei quaisquer verdades novas; no entanto, centenas foram convertidos.

O ano de 1872 trouxe uma ilustração do poder da oração, que teve uma grande influência sobre Moody. Uma senhora enferma no Norte de Londres orou pedindo a Deus que enviasse Moody a Londres, para que por ele avivasse a sua Igreja. Sem saber nada Moody visitou a Inglaterra e pregou naquela Igreja por 10 dias. Houve tal avivamento que 400 pessoas foram convertidas e uniram-se à Igreja. Moody não podia compreender isso. Ele sabia que não tinha persistido em oração por essa bênção, mas quando encontrou a senhora enferma compreendeu tudo".

Em junho de 1873 Moody e Ira Sankey começaram o seu primeiro e extenso trabalho missionário de conferências em algumas das cidades do Norte da Inglaterra. Deus abençoou essas atividades e o trabalho marchou firme. Em novembro do mesmo anos eles foram convida--dos para a Escócia. As campanhas nas cidades escocesas despertaram o interesse do País inteiro para as coisas espirituais e uma onda de avivamento espalhou-se em todo o País. Este foi o efeito das campanhas de Moody por todas as Ilhas Britânicas e na América.

O ministério de Moody foi extraordinariamente vasto. Ao lado de seu trabalho evangelístico ele fundou Escolas e Colégios em Northfield e o Instituto Bíblico de Chicago com um departamento de publicidade. Ele levantou uma enorme soma de dinheiro para ajudar a estender o trabalho da Associação Cristã Missionária de Moços. As conferências que ele dirigiu, para pastores, obreiros e estudantes, foram também uma parte importante de sua obra.

Todo este trabalho e influência mundiais foram o resultado natural da vida espiritual de Moody; ele amava a Jesus; em tudo o que fazia, visava fins espirituais; tinha paixão pelos perdidos e sentia a perdição de suas almas; cria na oração; e quando pregava, confiava na obra do Espírito Santo, de convencer e converter pecadores.

James Hudson Taylor

James Hudson Taylor nasceu em 21 de maio de 1832. Antes do seu nascimento fora consagrado por seus pais a Deus, e na tenra idade de 5 anos começou a mostrar o desejo de ser missionário à China. Com o passar dos anos este ideal se aprofundava nele. Depois que saiu da escola e entrou na vida prática, passou por um período de depressão espiritual e de incertezas, mas aos dezessete anos fez a decisão definitiva de aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador.

Pouco tempo depois achava-se de joelhos entregando toda a sua vida e futuro a Deus. Ele mesmo escreveu: "Nunca esquecerei o sentimento que se apoderou de mim. Não há palavras que possam descrevê-lo. Sentia estar na presença de Deus. E daquele momento em diante nunca mais se apagou em mim a convicção de que fui chamado para a China".

Nos anos seguintes estudou medicina e foi evangelista, preparando-se deste modo para a sua tarefa. Em oração aprendeu a depender de Deus para o seu sustento e fez uma dieta semelhante a que teria na China.

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Com 21 anos, Hudson Taylor embarcou para a China, para trabalhar junto à Sociedade Evangelizadora chinesa. Durante seis anos foi missionário operoso e desprendido, mas em 1860, inválido voltou à Pátria.

Hudson Taylor aproveitou todo o minuto de sua estada forçada na Inglaterra. Mas o ano de 1865 um novo fardo pesou em sua vida — o de todo o interior da China sem Cristo e sem salvação. Ele escreveu: "Um milhão por mês morrendo sem Deus! Essa triste condição ardia em minha alma. Por dois ou três meses o conflito foi intenso. Eu quase não dormia mais de uma hora de dia ou de noite, e temia mesmo perder o juizo. Mas não me dei por vencido".

A necessidade era tremenda e o Sr. Taylor negava-se a assumir tal responsabilidade sobre os seus ombros. Sentia não poder fazer esse trabalho, mas ao mesmo tempo sabia também que não podia resistir a sua responsabilidade para com essas almas, enquanto nada estava sendo feito por elas. Cansado e já doente com o fardo, foi a Brighton, e no domingo 25 de junho, passeando à beira-mar, Deus, pelo Seu Espírito, lhe fez sentir no coração que, se obedecesse à Sua chamada para começar um trabalho a fim de ganhar o interior da China, Ele assumiria toda a responsabilidade. "Tu, Senhor", disse ele sentindo um alívio indizível, "Tu levarás todo o fardo!" Ali mesmo e naquele instante pediu ao Senhor vinte e quatro missionários para o interior da China, e no dia 27 de junho depositou 10 libras esterlinas no Banco em favor da Missão do Interior da China. Ele havia persistido com Deus em oração; e agora era um homem novo, física e espiritualmente.

A M l C (Missão do Interior da China) continuou a crescer, e tem agora cerca de 1.100 missionários e 4.400 obreiros chineses. A história de como Deus supriu as necessidades financeiras através dos anos tem sido uma inspiração para todas as Missões. O êxito e as bênçãos que têm sido provados por esta missão, cm grande parte são o resultado do fato que Hudson Taylor, à semelhança de Jacó "como um príncipe teve poder com Deus e com os homens, e prevaleceu".

Não temos lugar neste livro, para esboçar a história de outras missões estrangeiras. A história da fundação de cada missão é essencialmente a mesma; em cada caso houve quem sentisse o fardo das almas perdidas; houve dores e agonias na oração até que Deus desceu, le-vantou missionários e moveu corações crentes a dar dinheiro e a orar pela evangelização do mundo.

C. H. Spurgeon

Charles Haddon Spurgeon nasceu em Kelvedon, Essex, no dia 19 de junho de 1834. Com a idade de dezesseis anos, foi convertido ao ouvir um crente Metodista da Igreja Primitiva pregar sobre o texto: "Olhai para Mim e sereis salvos, todos os confins da terra". Spurgeon disse: "Eu olhei para Deus; Ele olhou para mim; e nós fomos um para sempre".

Logo depois de sua conversão ele uniu-se ao povo Batista de Cambridge, e tornou-se pregador leigo. A sua fama como pregador começou a correr, e com a idade de dezessete anos tornou-se pastor da Igreja de Waterbeach. Naquele tempo trabalhava denodadamente, e de-dicou a maior atenção aos cristãos dos líderes Puritanos. Em 1854 foi convidado para ser pastor da Capela da Rua New Park, Londres, e logo ouvia-se falar em toda a parte do admirável "Mocinho Pregador". Os seus sermões começaram a ser impressos e eram lidos em todo o mundo. Por quarenta anos pregou a imensos auditórios e ganhou dezenas de milhares de almas para Cristo.

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Em sua Autobiografia Spurgeon revela o segredo do seu estupendo ministério. "Quando cheguei à Capela da Rua New Park, era apenas a um grupinho de gente a quem primeiro pregava; mas não posso esquecer jamais o fervor com que eles oravam. As vezes pareciam instar tanto com Deus, como se pudessem realmente ver o Anjo do Concerto presente em pessoa, e como se estivessem para receber dEle uma bênção especial. Mais do que uma vez, ficávamos tomados de um santo terror com a solenidade da reunião, de tal modo que nos púnhamos em silêncio por. alguns momentos, enquanto o poder do Senhor parecia envolver-nos como em uma nuvem; e tudo o que eu podia fazer era proferir a Bênção e dizer: "Caros amigos, tivemos a visita do Espirito de Deus aqui bem claramente esta noite; vamos agora para casa e tenhamos cuidado de não perder as Suas graciosas influências" .

Então logo vinha a bênção do Céu; a casa enchia-se de ouvintes e muitas almas eram salvas. Eu sempre atribuo a Deus toda a glória, mas não esqueço que Ele deu-me o privilégio de ministrar desde o principio a um povo que de fato orava. Tínhamos reuniões de oração que na verdade abalavam as nossas almas. Todo o homem parecia um cavaleiro das Cruzadas sitiando a No vá Jerusalém. Cada um parecia determinado a assaltar a Cidade Celestial pelo poder da intercessão; e logo a bênção do Céu era derramada sobre nós em tal abundância, que já não tínhamos lugar para mais".

George Müller O Sr. W. H. Gergin escreveu: "No ano de 1836, George Müller pôs-se em atividade para dar provassem um mundo incrédulo, entre crentes divididos, que "Deus é ainda aquele Deus vivo e que portanto atende às orações dos seus filhos agora, de igual modo como o fazia há milhares de anos passados, e ajuda aqueles que n’Ele confiam". Procurando um modo prático de demonstrar este fato, escolheu o cuidado de crianças órfãs desamparadas. "Para que ficasse claramente provado que Deus estava ajudando o Seu servo, tomou a decisão de abster-se de quaisquer apelos ao homem para auxílios financeiros. Deus honrou a sua fé, e assim abençoou e prosperou o Seu servo dependente que, de um pequeno começo em casa alugada, foi avante e expandiu o trabalho até que precisou construir 5 grandes Orfanatos, com acomodação para 2.050 crianças. "Deus o habilitou a continuar nesta obra por 62 anos, até que, com a idade de 92 anos, o Senhor o chamou para a Glória. Até esse tempo, 9.725 crianças haviam passado pelo Orfanato, e 988.829 libras esterlinas haviam sido recebidas para os Órfãos, como resultado tão somente, da oração a Deus.

Billy Bray

Desde a sua conversão Billy Bray "sentia-se dominado de um santo êxtase de espírito por Cristo e Sua Causa, que nada podia sufocar. As suas palavras, o tom de sua voz, o seu olhar, tinham um poder magnético. Ele não podia deixar de falar de Cristo e de Sua mensagem salvadora, do mesmo modo que o sol não podia deixar de brilhar, ou as árvores na primavera, deixar de rebentar e florir em beleza e vida". Este pequeno minério de Cornish estava no cadinho para a obra de Deus e por toda a vida pregou o Evangelho com inteira lealdade, inspirou crentes, visitou os doentes e, com suas próprias mãos, construiu templos. A história de sua vida tem sido bênção para milhares; e é uma revelação de como Deus pode tomar as "coisas fracas deste mundo e usá-las para a Sua glória".

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Sam Jones

Depois de salvo das profundezas do pecado, Sam Jones disse do Senhor Jesus: "Há música em Seu Nome, encanto em Sua presença e vida no Seu contato". Em 1872 entrou no ministério e logo foi reconhecido como um homem que possuía "a eloquência do zelo e da ação, do brilho do fogo e da paixão, das surpresas do pensamento, do poder de imaginação e de um mixto de graça, zombaria, ironia, sarcasmo, ataque injurioso, sentimento, compaixão, amor, caridade e fé", que lhe fizeram o pregador mais sensacional do púlpito americano. Mas ele foi também investido do poder do alto. Onde quer que ia as Igrejas eram avivadas e os pecadores eram convertidos às centenas, e aos milhares. Em uma reunião ele declarara: "Graças a Deus que Ele é um Deus que escuta e que responde à oração! Eu creio que em Deus está a verdade, em Cristo está a virtude do Seu sangue, e no Espirito Santo está o poder. Se estas agências divinas trabalharem conosco, uma grande obra poderá ser feita nesta cidade, que sobreviverá às próprias estrelas".

Billy Sunday Billy Sunday foi um americano típico do ocidente médio. Quando menino, muito

aprendeu da escola da pobreza e da luta pela vida. Na idade de vinte anos tornou-se jogador profissional de "baseball", e por alguns anos fez longas excursões pelo mundo afora, até que em uma tarde de domingo, de 1887, depois de escutar um culto ao ar-livre, deixou seus amigos e disse: "Não posso mais, vou para Jesus Cristo!" E de joelhos "saiu cambaleando do pecado para os braços do Salvador."

Desde o princípio, Billy Sunday mostrou-se verdadeiro para com Deus. Logo tornou-se secretário da Associação Cristã Missionária de Moços e mais tarde auxiliar em algumas das grandes campanhas e Chapman — Alexander. Depois que o Dr. Chapman retirou-se do trabalho evangelístico, Sunday foi convidado para dirigir reuniões na pequena cidade de Garner, Estado de lowa, e desde então os seus trabalhos eram muito aceitos. A sua pregação ora uma violenta, mas pungente condenação do pecado, entregue com tal ardor e força, que cortava, ardia e queimava a alma do ouvinte. Um avivamento da moralidade social era um resultado sempre visto em suas campanhas.

Em seguida levava-as a efetuar reuniões de oração nas casas. Durante um mês em Filadélfia houve mais de 5.000 reuniões de oração, funcionando ao mesmo tempo. Não é de admirar que 40.000 convertidos "entrassem na linha" e mais de 50.000 homens se tornassem membros das classes bíblicas da cidade.

Billy Sunday era também um inimigo acérrimo da venda de bebidas alcoólicas, e muitas vezes dizia que isso era "a mais detestável e corruptora instituição que já escapou do inferno". Era comum ver um bairro inteiro disposto a abandonar a cabeça, como resultado de uma cam-panha. Para exemplo do modo como Billy Sunday se expressava, seguem duas de suas afirmações características: "EU LHE DIGO, MOÇA, NÃO VÁ PARA AQUELA DANÇA; VOCÊ NÃO SABE QUE ESSA É A INSTITUIÇÃO MAIS DEGRADANTE E CONDENÁVEL NA FACE DESTA TERRA DE DEUS? PROVADO ESTÁ SER O CEMITÉRIO MORAL, QUE TEM CAUSADO MAIS RUÍNA, QUE QUALQUER OUTRA COISA QUE FOI VOMITADA DA BOCA DO INFERNO". "O TAPETE, QUE FICA JUNTO DO ESPELHO DE ALGUMAS DE VOCÊS, ESTÁ TODO POÍDO DE TANTO PISAR; ENQUANTO QUE AO LADO DE SUAS CAMAS, ONDE VOCÊS

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DEVIAM AJOELHAR-SE EM ORAÇÃO, O TAPETE ESTÁ TÃO NOVO, COMO NO DIA EM QUE AÍ FOI POSTO". W. P. Nicholson

Em 1921 o Rev. W. P. Nicholson disse: "O avivamento que deve vir é um avivamento que fará os pregadores chorar nos púlpitos. Senhor, que ele venha! Faze-o ferir a Irlanda, embora que extinga a música francesa e clássica de nossos coros e as plumas dos chapéus das senhoras. Clamemos a Deus dia e noite por este avivamento!"

Cerca de um ano mais tarde o Sr. Nicholson dirigia grandes campanhas de avivamento, que sacudiu o País todo, e resultou na conversão de milhares de homens e mulheres. As Uniões de Obreiros Cristãos que foram criadas em muitas cidades, e o grande número de convertidos que se tornaram pastores, missionários e líderes em todas as esferas do trabalho evangélico, são evidências da grande bênção provada naqueles dias do avivamento.

Dr. Oswald J. Smith Para os crentes de todos os Países, o nome do Dr. Oswald J. Smith simboliza o desafio de avivamento e evangelização do mundo. Por motivo de saúde delicada, ele teve de afastar-se da obra missionária, mas como Pastor da Igreja do Povo, em Toronto, alimentou a idéia de enviar substitutos. Primeiro, cinco missionários foram enviados; e agora aquela Igreja está provendo o sustento financeiro de mais de 240 missionários. Por meio de suas excursões de pregação de alcance mundial e de seus livros, Dr. Smith procura inspirar outros, dando-lhes a visão das possibilidades do avivamento. Ele diz: "Não é verdade que Deus faz mais, em poucas semanas durante os dias do avivamento, do que através de anos de trabalho ordinário das Igrejas? Todos os servos de Deus, através de todos os séculos, têm penado angustiosamente na oração; pois a fadiga de alma é parte do preço que deve ser pago pelo avivamento".

Billy Graham

O mundo crente recebe com espanto as, novas das grandes campanhas evangelísticas que estão sendo conduzidas por Dr. Billy Graham na América. Este movimento começou em Los Angeles, e Dr. Graham revela o segredo do mesmo. Diz ele: "A campanha de Los Angeles me humilhou e me fez cair prostrado de joelhos, como nunca antes. O sucesso da campanha é devido a três coisas:

Primeiro, a oração do povo de Deus. Foi o povo que orou, aquilo que fez a diferença. Que poder ha na oração! Eu nunca me havia compenetrado disso antes, em toda a minha vida e ministério. Foi isso que me trouxe ao coração uma grandiosa bênção. Em segundo lugar, o poder do Espírito Santo. Nunca em toda a minha vida tinha visto homens e mulheres sob tal convicção de pecado. Terceiro, o poder da Palavra de Deus. Como Deus abençoou a Sua Palavra que se mostrou clara e simples nesta campanha!"

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CCoommoo PPrroommoovveerr uumm AAvviivvaammeennttoo LLooccaall

Os grupos de oração sempre ocuparam o primeiro lugar na promoção dos avivamentos religiosos. Foi sempre de tais agrupamentos, numa atmosfera de comunhão fraternal e oração, que os crentes saíram para espalhar as Boas Novas do Evangelho no poder do Espírito Santo.

Havia muitos grupos de oração em secreto na Reforma. O movimento da "Devoção Germânica" deveu a sua influência aos "Círculos de crentes devotados nas Igrejas". Os Morávios efetuavam suas orações e estudos em "grupos". Os inimigos do Avivamento Puritano pro-curaram suprimir seus grupos nas Igrejas. A "Reunião de Classes" constituiu a força espiritual que conservava e estendia as bênçãos do Despertamento Evangélico. Finney sempre formava grupos daqueles que tinham o espírito de oração. O Avivamento de 1857—58 na América foi um "Avivamento de Grupos de Oração". O Avivamento de "59 na Irlanda" foi o resultado direto do grupo de oração.

O primeiro trabalho a ser feito, ao promover-se um avivamento local, é formar um grupo de oração. O lugar onde um grupo de oração se reúne, em ligação com uma Igreja ou Missão, pode ser chamado "Círculo de Avivamento" e os membros podem trabalhar juntos por um avivamento do seguinte modo:

ORAÇÃO. O principal trabalho será orar eficazmente pela bênção de Deus nas atividades da Igreja. Uma reunião de oração poderia ser efetuada na tarde de sábado ou na manhã de domingo. A reunião deve ser simples, iniciada com uma oração e um hino apropriados, seguidos de uma leitura da Bíblia e uma breve exposição ou leitura de alguma descrição de oração por avivamento respondida. Dê tanto tempo quanto possível à oração. Depois de uma exposição feita com muita vida, os crentes sentem o amor às almas e sua fé em Deus tornarem-se ardentes, como se estivessem orando. Deve-se deixá-los orar em silêncio. Deve haver perfeito silêncio e cada alma deverá esquecer toda e qualquer pessoa e buscar somente a Deus. TRABALHO EVANGELÍSTICO. O alvo de cada Círculo de Avivamento é evangelizar no poder do avivamento "toda a criatura" do bairro e ganhar e treinar para o serviço todo o jovem membro de Igreja. A tarefa de ganhar e treinar a mocidade requer muito amor aos jovens e uma clara compreensão de seus impulsos, sentimentos e ambições. O mais poderoso fator em ganhar os jovens é um líder que incorpore seus ideais de caráter e personalidade de cristão genuíno. O povo não nasceu com estas qualidades de conquistador de almas; elas são adquiridas pela bênção de Deus, pela experiência e estudo. REUNIÕES DE MOÇOS. Afim de ganhar os jovens e conservá-los na Igreja, será necessário que eles tenham suas próprias reuniões especiais e atividades. As sugestões, sobre isto serão encontradas nos programas de várias organizações de moços.

REUNIÕES AO AR-LIVRE. Como a maioria do povo hoje não vai ao templo, um dos principais fins do Círculo de Avivamento é pregar o Evangelho às multidões ao ar-livre. Está em plena ordem realizar uma longa reunião ao ar-livre, em qualquer lugar onde não haja residências, mas em uma rua qualquer é diferente. Para serem uma bênção, estas reuniões

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devem ser de tal modo dirigidas que o povo fique desejando mais, e anseie por outras reuniões. Fazei por apresentar cânticos bem alegres, testemunhos vivos, seguidos por uma curta mensagem do Evangelho.

TRABALHO PESSOAL. O melhor obreiro pessoal é o crente que e reconhecido por todos os que o conhecem, como um caráter íntegro e sólido. Quero aqui acrescentar que uma das mais eficientes formas de trabalho pessoal é fazer à alguém a oferta de um Novo Testamento, na condição de ler uma porção todos os dias.

TRABALHOS NOS LARES. Este tipo de trabalho está sendo feito em muitos lugares com grande sucesso. Dois obreiros visitam os lares, quando o esposo e a esposa estão em casa. Dirigem um pequeno trabalho e convidam o povo para as reuniões locais.

TESTEMUNHO DE PUREZA. Em 1885 o Exército da Salvação começou o trabalho de recuperação de mulheres e jovens decaídas. A descoberta de como jovens, ainda muito jovens estavam se arruinando no corpo e no espírito, causou uma agitação tal que despertou a atenção de toda a Inglaterra.

Há uma tremenda necessidade de um decidido Testemunho de Pureza em todo o mundo hoje. Num verdadeiro avivamento religioso, os crentes devem tomar uma posição firme neste assunto, e expor com viva voz, não somente os pecados de adultério e de fornicação, mas também os pecados que conduzem aos mesmos.

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CCoomm ttuuddoo oo qquuee PPoossssuuiiss,, AAddqquuiirree aa UUnnççããoo Na igreja moderna, a reunião de oração é uma espécie de Cinderela. Essa serva do Senhor é desprezada e desdenhada porque não se adorna com as pérolas do intelectualismo, nem se veste com as sedas da Filosofia; nem se acha ataviada com o diadema da Psicologia. Mas se apresenta com a roupagem simples da sinceridade e da humildade, e por isso não tem receio de se ajoelhar.

O "mal" da oração é que ela não se acha necessariamente associada a grandes façanhas mentais. (Não quero dizer, porém, que se confunda com preguiça mental.) A oração só exige um requisito: a espiritualidade. Ninguém precisa ser espiritual para pregar, isto é, a preparação e pregação de um sermão perfeito segundo as regras da homilética e com exatidão exegética, não requer espiritualidade. Qualquer um que possua boa memória, vasto conhecimento, forte personalidade, vontade, autoconfiança e uma boa biblioteca pode pregar em qualquer púlpito hoje em dia. E uma pregação dessas pode sensibilizar as pessoas; mas a oração move o coração de Deus. A pregação toca o que é temporal; a oração, o que é eterno. O púlpito pode ser uma vitrine onde expomos nossos talentos; o aposento da oração, pelo contrário, desestimula toda a vaidade pessoal.

A grande tragédia de nossos dias é que existem muitos pregadores sem vida, no púlpito, entregando sermões sem vida, a ouvintes sem vida. Que lástima! Tenho constatado um fato muito estranho que ocorre até mesmo em igrejas fundamentalistas: a pregação sem unção. E o que é unção? Não sei. Mas sei muito bem o que é não ter unção (ou pelo menos sei quando não estou ungido). Uma pregação sem unção mata a alma do ouvinte, em vez de vivificá-la. Se o pregador não estiver ungido, a Palavra não tem vida. Pregador, com tudo que possuis, adquire unção.

Irmão, nós poderíamos ter a metade da capacidade intelectual que possuímos se fossemos duas vezes mais espirituais. À pregação? uma tarefa espiritual. Um sermão gerado na mente só atinge a mente de quem a ouve. Mas gerada no coração chega ao coração. O pregador espiritual, sob o poder de Deus, produz mentalidade espiritual em seus ouvintes. A unção não é uma pombinha mansa esvoaçando à janela da alma do pregador; não. Pelo contrário; temos que batalhar por ela e conquistá-la. Também não é algo que se aprenda; é bênção que se obtém pela oração. Ela é o prêmio que Deus concede ao combatente da fé, que luta em oração, e consegue a vitória. E não é com piadinhas e tiradas intelectuais que se chega à vitória no púlpito, não. Essa batalha é ganha ou perdida antes mesmo de o pregador pôr os pés lá. A unção é como dinamite. Não é recebida pela imposição de mãos, nem tampouco cria mofo se o pregador for lançado numa prisão. Ela penetra e permeia a alma; abranda-a e tempera-a. E se o martelo da lógica e o fogo do zelo humano não conseguirem quebrar o coração de pedra, a unção o fará.

Que febre de construção de templos estamos presenciando hoje. No entanto, sem pregadores ungidos, o altar dessas igrejas não verá pecadores rendidos a Cristo. Suponhamos que todos os dias diversos pescadores saiam para o alto-mar com seus barcos, levando o mais moderno equipamento que existe para o exercício desse ofício, mas retornem sempre sem apanhar um só peixe. Que desculpa poderiam dar para tal fracasso? No entanto é isso que acontece nas igrejas. Milhares delas estão abrindo as portas dominicalmente, mas não vêem conversão. Depois tentam encobrir sua esterilidade interpretando textos bíblicos a seu bel-prazer. Mas a Bíblia diz: "Assim será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia..."

E o mais triste em tudo isso é que o fogo que devia haver nesses altares encontra-se apagado ou arde em combustão muito lenta. A reunião de oração está morrendo ou já morreu. Com a atitude que temos em relação à oração, estamos dizendo ao Senhor que o que ele começou no Espírito, nós terminaremos na carne. Qual é a igreja que pergunta a um candidato ao ministério

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quanto tempo ele passa diariamente em oração? A verdade é que o pregador que não passa pelo menos duas horas por dia em oração não vale um vintém, por mais títulos que possua.

A igreja hoje se acha como que postada na calçada assistindo, entre aflita e frustrada, à parada dos maus espíritos de Moscou, que marcham pomposamente no meio da rua respirando ameaças contra "tudo que é amável e de boa fama". Além disso, no lugar da regeneração, o diabo colocou a reincarnação; no lugar do Espírito Santo, os espíritos-guias; no lugar do verdadeiro Cristo, o anticristo.

E o que a igreja tem para contrapor aos males do comunismo? Onde está o poder espiritual? A impressão que se tem é que, ultimamente, uma forte sonolência tomou o lugar da oposição religiosa, nos púlpitos e também nas publicações evangélicas. Quem hoje batalha "diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos"? Onde estão os comba-tentes divinamente ungidos de nossos púlpitos? Os pregadores, que deviam estar "pescando homens", parecem estar pescando mais é o elogio deles. Os que costumavam espalhar a semente, agora estão colecionando pérolas intelectuais. (Imagine só, semear pérolas num campo!)

Chega dessa pregação estéril, espiritualmente vazia, que é ineficaz, porque foi gerada num túmulo e não num ventre, e se desenvolveu numa alma sem oração, sem fogo espiritual! Ê possível alguém pregar e ainda assim se perder; mas é impossível orar e perecer. Se Deus nos chamou para o seu ministério, então, prezados irmãos, insisto em que precisamos de unção. Com tudo que possuis, adquire a unção, senão os altares vazios de nossas igrejas serão exemplos vivos de nosso intelectualismo ressequido.

A Oração Toca a Eternidade...

A estatura espiritual de um crente é determinada pelas suas orações. O pastor ou crente que não hora está-se desviando. O púlpito pode ser uma vitrine onde o pregador exibe seus talentos. Mas no aposento da oração não temos como dar um jeito de aparecer. Embora a igreja seja pobre sob muitos aspectos, é mais pobre ainda na questão da oração. Contamos com muitas pessoas que sabem organizar, mas poucas dispostas a agonizar; muitas que contribuem, mas poucas que oram; muitos pastores, mas pouco fervor; muitos temores, mas poucas lágrimas; muitas que interferem mas poucas que intercedem; muitas que escrevem, poucas que combatem. Se fracassarmos na oração, fracassaremos em todas as frentes de batalha.

Os dois requisitos básicos para se ter uma vida cristã vitoriosa são visão e fervor. Ambos nascem da oração e dela se nutrem. O ministério da pregação é de poucos; o da oração — a mais importante de todas as atividades humanas — está aberta a todos. Porém, as "criancinhas" espirituais comentam sem o menor constrangimento: "Hoje, não vou à igreja. É dia da reunião de oração."

A oração é profundamente simples, e ao mesmo tempo profunda. "É uma forma de expressão tão simples que até uma criancinha pode exercitá-la." Mas é igualmente tão sublime que ultrapassa os recursos da linguagem humana, e esgota seu vocabulário. Lançar diante de Deus uma torrente de palavras não irá necessariamente impressioná-lo ou comovê-lo. Umas das mais significativas orações do Velho Testamento foi feita por uma pessoa que não pronunciou palavras: "Seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma." (l Sm 1.13.) De fato ela não tinha grandes dons de oratória. Sem dúvida existem "gemidos inexprimíveis".

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Não se pode negar que a maior preocupação da igreja de hoje são as finanças. E, no entanto, esse problema que tanto inquieta as igrejas modernas era o que menos perturbava a do Novo Testamento. Hoje damos mais ênfase à contribuição; eles a davam à oração. Talvez Satanás não tema um crente que pregue, mas com certeza teme a um crente que ora.

Em nossos dias são muito poucos os que estão dispostos a assumir a responsabilidade de orar inspirados pelo Espirito, e para esse tipo de oração não há substitutos. Temos que orar, senão pereceremos!

Um Avivamento em um Monte de Ossos!

"Veio sobre mim a mão do Senhor; ele me levou pelo Espírito e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos... eram mui numerosos... e estavam sequíssimos... Disse-me ele: Profetiza a estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor... Então profetizei segundo me fora ordenado... e o espírito entrou neles e viveram e se puseram de pé, um exército sobremodo numeroso." (Ez 37.)

Haveria na história humana, fosse na sagrada ou na secular, um quadro mais ridículo que

esse? É a encarnação da desesperança. Quem pode dizer que já pregou para uma platéia de surdos-mudos? Um pregador lida com possibilidades, mas o profeta com o impossível. Isaias tivera uma visão de sua nação, em que ela estava coberta de feridas purulentas. Mas aqui, a enfermidade avançara e dera lugar à morte, e a morte, à desintegração orgânica. Agora ali estava um monte de ossos desarticulados, a própria imagem do desespero. Era uma situação que poderia ter uma legenda em letras garrafais: SEM SOLUÇÃO. Para se realizar o que é possível, não é necessário ter fé. No entanto, basta uma quantidade insignificante dessa "substância" que possui a força do átomo para se realizar o impossível, já que um fragmento do tamanho de um grão de mostarda será suficiente para realizar muito mais do que imaginamos.

Os profetas são homens solitários. Andam sozinhos; oram sozinhos. O próprio Deus, ao criá-los, os faz diferentes do homem comum; não são "fabricados em série". O divino principio de seleção é inescrutável. Mas que ninguém se desespere; ou se julgue inútil por achar-se velho demais. Moisés estava com oitenta anos quando assumiu a liderança de um povo escravizado e abatido, os filhos de Israel. Jorge Müller viajou a vários países do mundo, mais de uma vez, e pregou a milhões e milhões de pessoas, a viva voz, com setenta anos.

Quanto a Ezequiel, ele não convocou reuniões de comissões, nem enviou cartas missionárias solicitando ofertas e orações. Não levantou fundos para seu ministério, e detestava publicidade. Mas a situação com que se defrontava era questão de vida ou morte. (E a obra de evangelização também o é. Portanto, será bom que nossos evangelistas abram os olhos para que a satisfação teológica que proporcionam a seus ouvintes não arranque deles apenas uma simples exclama-ção: "Que homem inteligente!", deixando-os a perecer em trevas.) Então Deus ordenou a Ezequiel que dissesse ao seu "monte" de ossos secos: "Ergue-te e lança-te no mar." Ele o disse, e foi o que sucedeu.

Ali estava uma maldição. Saberia ele revogá-la? Ali havia morte. Seria ele capaz de transmitir vida? Ele não fez nenhuma exposição doutrinária. Caros irmãos, ouçam. O mundo não está querendo mais definições do evangelho, e, sim, novas demonstrações do poder dele. Onde estão os homens de fé — não os doutrinadores — para operar nestes dias de tanta desesperança

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política e espiritual, e de tanto desregramento moral? Não é preciso ter fé para amaldiçoar as trevas, nem citar estatísticas sinistras, evidências de que as barreiras se desmoronaram e que a avalanche da impureza infernal encobriu esta geração. Doutrina? Já a temos de sobra, enquanto o mundo enfermo, triste, saturado de sexo, sobrecarregado ao peso do pecado, perece de fome espiritual.

E nesta hora sombria, quando o mundo está adormecido em trevas, a igreja dorme em luz. E é assim que Cristo é "ferido na casa dos seus amigos". E uma igreja trôpega é chamada zombeteiramente de impotente. Enquanto anualmente gastamos montanhas de papel e rios de tinta para reimprimir os escritos de mortos, o Espírito Santo está ai, vivo, procurando aqueles que queiram humilhar-se e confessar que, apesar de verem, estão cegos; aqueles que estejam dispostos a pagar o preço do quebrantamento e lágrimas, para então buscarem a unção do poder divino, num reconhecimento sincero de sua pobreza de alma.

Faz alguns anos um pastor pregou à porta de sua igreja uma tabuleta com os seguintes dizeres: "Esta igreja experimentará um avivamento ou um funeral."

É esse tipo de desespero que agrada a Deus e deixa o inferno desalentado. Loucura, diz você. É verdade. Uma igreja sóbria demais não tem valor algum. Nestes dias estamos precisando é de homens bêbedos com o poder do Espirito Santo. Será que Wesley, Whitefield, Finney, Hudson Taylor foram pessoas excepcionais? De modo algum.

Parece que a bomba atômica perturbou todo mundo — menos a igreja. Nós nos entregamos a intermináveis discussões sobre a soberania de Deus, e as dispensações, e ignoramos nossa pobreza espiritual. Enquanto isso, o inferno vai só se enchendo. Com o comunismo dominando o mundo, o modernismo a igreja e a moderação os grupos fundamentalistas, será que Deus vai encontrar um homem para se colocar na brecha, como Ezequiel se colocou?

Já vai muito adiantada a hora para que surjam novas denominações. Neste momento, Deus está preparando seus Elias para a última e grande ofensiva mundial contra a impiedade (seja ela política ou de outro tipo, mesmo com máscara de religiosa). O último e grande avivamento, gerado e operado pelo Espírito Santo, será o rompimento dos velhos odres do sectarismo pelo vinho novo do Senhor.

Observemos que Ezequiel foi levado pelo Espírito. E, como qualquer ser humano, ele deve ter estremecido com o apavorante quadro daquele monte de ossos secos. Mas da fé do profeta dependia o destino de milhares, talvez milhões de pessoas — da fé dele, não de suas orações. Muitos oram, mas poucos têm fé. Que tremor santo deve ter perpassado sua alma ao ver aquilo! De espectadores, apenas o céu e o inferno. Se Ezequiel vivesse em nossos dias, certamente iria tirar uma fotografia deles para a imprensa. Depois, preocupado com estatísticas, iria contar os ossos. E quando as coisas começassem a se agitar, iria chamar outros para vê-lo operar (para que o colocassem na ordem certa no "ranking" mundial dos evangelistas). Mas Ezequiel não agiu assim. Vejamos o que ele diz:

"Então profetizei segundo me fora ordenado." (Ai está a questão: ele se tornou um tolo para Deus.) "Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor." Loucura? É Insanidade total! Ele disse para os ossos: "Ouvi", embora eles não tivessem ouvidos. O profeta fez o que lhe fora ordenado. Mas nós, para evitarmos constrangimento, modificamos as ordens de Deus, e assim passamos uma vergonha maior. Mas Ezequiel obedeceu. E Deus operou, como sempre. "Houve um ruído." Ah, disso nós gostaríamos. Mas ele não confundiu barulho com criação, nem atividade com unção, nem agitação com avivamento.

Deus poderia ter insuflado vida nesse monte de ossos com apenas um sopro de seus lábios onipotentes. Mas, não. Seria preciso uma série de medidas. Primeiro, "Ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso". (Agora já não são mais um monte de ossos.) Um

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fenômeno desses nos deixaria desorientados; mas não a Ezequiel. Mas de que vale um bando de esqueletos? Eles poderiam, por acaso, lutar nas guerras do Senhor? Será que em tal estágio poderiam honrar o nome de Deus? Hoje, em nossas igrejas, há muitos guias cegos contando esqueletos que "vão à frente". Estão andando, claro. Mas ainda não nasceram. Ao ver suas lágrimas, dizemos:

"Creia nesta promessa." Contudo ainda não possuem vida. Falta carne sobre os esqueletos; depois revestirem-se de pele. E ainda assim teremos apenas um vale cheio de... cadáveres. Seriam eles de algum valor para Deus? Por enquanto não. Têm olhos, mas não vêem; mãos, mas não podem lutar; possuem pés, mas não podem caminhar. É nesse estado que ficam aqueles que vão à frente, caso não ocorra um último ato: "Profetizei como ele me ordenara." Ezequiel perseverou; resistiu ao ataque das dúvidas. Em vez de se sentir desanimado à vista dos esqueletos e cadáveres, acreditou que Deus estava com ele. E, a sós com Deus, perseverou. "Profetizei como ele me ordenara, e o espírito entrou neles e v-i-v-e-r-a-m."

E, hoje, quem é que pode dizer isso: "Profetizei como ele me ordenara e eles v-i-v-e-r-a-m"? Nós, os pregadores, podemos facilmente atrair multidões. Com vistosos cartazes de propaganda, música, divulgações, pregações pelo rádio, conseguimos isso. No entanto, nem ao menos temos certeza de que ele nos chamou para o ministério. Estamos sentindo, de fato, de todo coração um peso pelos que estão-se perdendo? Será que o fato de que 85 pessoas estão morrendo sem Cristo a cada momento nos causa pesar, transforma nosso cântico em lamento, e coloca em nós um espirito angustiado? Será que neste exalo momento poderíamos fitar o rosto do Deus vivo (já que ele está sempre olhando para nós), e dizer: "Ai de mim se não pregar o evangelho!" Será que poderíamos realmente afirmar: "O Espírito do Senhor está sobre mim" ungindo-me para pregar o evangelho? Somos conhecidos nos infernos? Quero dizer, será que os demônios podem dizer de nós: "Conheço a Jesus e sei quem é o Pastor Fulano", ou será que, quando pregamos, eles indagam: "Mas vós, quem sois?"

As pitonisas políticas não nos oferecem augúrios muito auspiciosos, e os maiores estadistas do mundo hoje estão tentando cantarolar para ver se conservam o ânimo um pouco mais elevado. O cidadão comum observa tudo confuso, enquanto as diversas seitas tentam mostrar-lhe o caminho do céu, cada uma à sua maneira. E esse cidadão já ouviu a pregação do evangelho com os ouvidos físicos, mas seus olhos nunca viram, e sua alma nunca experimentou a visitação divina. E ele tem todo o direito de nos perguntar: "Onde está o seu Deus?" O que lhe responderemos?

Uma das experiências mais penosas para o ser humano é encarar a verdade de frente. Achamo-nos tão acostumados às pregações que, ao ouvirmos um sermão, quase já sabemos o que o pregador irá dizer no momento seguinte. Mas a espada dele está cega, se comparada com a verdade de dois gumes que nos oferece o Espírito Santo. Temos a impressão de que os pastores e pregadores do mundo todo levantam o mesmo clamor de desalento à vista da ineficiência do evangelismo moderno. Talvez pudéssemos até denominá-lo "evangelismo-relâmpago" — por uns instantes produz um brilho intenso, mas logo se apaga.

É possível que ainda haja um sopro de vida — de avivamento — nas igrejas, mas não estamos conseguindo despertamento entre os milhões de povos sem Deus. É verdade que milhares e milhares de pessoas estão assistindo a nossas campanhas de evangelismo em massa, mas na maioria são crentes ou gente que freqüenta igreja.

Certa vez, alguns oficiais do Exército de Salvação escreveram a William Booth que haviam empregado todos os métodos possíveis para levar pessoas a Cristo; e nada. E Booth lhes respondeu sucintamente: "Experimentem chorar." Foi o que fizeram, e experimentaram um avivamento.

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As escolas bíblicas e seminários não ensinam seus alunos a chorar, e é claro que nem o poderiam. Essa lição só se aprende com o Espirito Santo. E qualquer pregador, por mais títulos e doutorados que possua, não conseguirá muita coisa enquanto não experimentar uma profunda amargura de alma por causa dos pecados que se cometem hoje. Uma oração que Davi Livingstone fazia sempre era: "Senhor, quando irá cicatrizar-se a chaga do pecado deste mundo?" E nós, acaso sentimos o peso da perdição da humanidade quando oramos? Será que ensopamos de lágrimas o travesseiro com uma agonizante intercessão como; fazia John Weich?

Conta-se que quando Andrew Bonar, deitado em seu leito, ouvia as pessoas caminhando pela rua nos sábados à noite dirigindo-se para bares ou teatros, sentia o coração pesado e clamava: "Eles estão perdidos, estão perdidos!"

Infelizmente, irmãos, não possuímos esse peso pelos perdidos. A maioria dos crentes conhece apenas uma longa seqüência de pregações, eloqüentes, sim, mas sem alma, sem lágrimas, sem ardor espiritual, e é tudo que os pregadores têm para oferecer hoje.

Estude os Pregadores, não os Sermões

Para os homens, muito mais do que para as suas doutrinas é que nós devemos direcionar a indagação cheia de curiosidade, "De onde é que vem: , o sucesso de tais pessoas? Por que não somos também tão bem sucedidos?" ' Nós podemos selecionar e estudar os sermões de Whitefield ou Berridge ou Edwards, porém são os indivíduos principalmente que nós devemos colocar à nossa frente como modelos; é com o espírito de tais homens, muito mais do que com o espírito de suas obras que devemos estar imbuídos? se nós ansiamos por um ministério tão poderoso e tão vitorioso como o deles. Eles eram homens espirituais, e andavam com Deus. É uma comunhão viva com o Salvador vivo que nos transforma de acordo com a Sua imagem, e que nos capacita para um ministério bem sucedido.

Sem isto tudo o mais será inútil. Nem ortodoxia, nem erudição, nem eloquência, nem poder de argumentação, nem zelo c nem fervor. É uma vida intima com Deus que dá poder às nossas palavras e persuasão para os nossos argumentos, fazendo deles ou um bálsamo de Gileade para uma pessoa necessitada de conforto, ou flechas pontiagudas na consciência dum rebelde obstinado. Uma retidão parece emanar daqueles que andam com Deus num relacionamento santo e feliz, uma fragrância divina parecei circundá-los onde quer que eles vão. Proximidade com Ele, intimidade com Ele, assimilação do Seu caráter - são esses os elementos necessários para um ministério com poder.

A Tragédia de um Ministério Estéril

Há campos que são arados e semeados mas que não produzem frutos! O mecanismo está em constante movimentação, mesmo assim não ha um sinal sequer na produção! As redes são lançadas ao mar e voltam vazias! E assim perdura por muitos anos — e por uma vida inteira! Que estranho! Mas é a realidade. Não há nenhum exagero aqui. Pergunte a alguns pastores que outra desculpa eles podem dar? Eles podem lhe dar um relatório de todos os sermões que eles pregaram, mas não teriam um sermão que foi realmente abençoado. Eles podem mencionar os discursos que foram admirados e elogiados, mas sobre os discursos que tenham sido usados pelo Espírito Santo eles não têm nada a dizer. Eles podem enumerar as ordenanças administradas, mas quanto a terem sido momentos de refrigério ou de despertamento, eles não terão uma palavra sequer. Eles podem lhe dizer quantos casos disciplinares passaram pelas suas mãos, mas eles não saberão informar se houve uma única vez pelo menos em que um desses

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casos tenha resultado em contrição pelo pecado, ou se naqueles casos de aceitação dos confessantes houve evidências de terem sido "lavados, santificados e justificados". Eles nunca pensaram que isso fosse tão importante.

Eles podem dar um relatório da freqüência da Escola Dominical, e da capacidade do professor, mas eles não sabem e nem se preocupam se aqueles pequeninos estão buscando ou não ao Senhor. Também não sabem dizer se aquele professor é um homem piedoso e de oração. Eles podem dizer quantas pessoas estão arroladas no Rol de Membros, o número de congregações, ou a situação dos membros em linhas gerais; mas quanto à sua temperatura espiritual, de quantos têm sido despertados daquele sono de morte, de quantos são seguidores de Deus como filhos amados, não há nada que eles possam articular como resposta. Talvez eles pensem que seja um fanatismo presunçoso muito grande fazer-lhes tais perguntas.

Camuflando o Falso com o Verdadeiro

Assim também acontece conosco quando nós nos contentamos apenas com o uso dos meios para a salvação das almas sem vê-las realmente salvas, ou sem estarmos nós mesmos com os corações quebrados pelo insucesso enquanto silenciosamente passamos a responsabilidade para Deus. Nós estamos fazendo uso de uma verdade para camuflar uma falsidade; porque a habilidade que temos para deixar o assunto nesses termos não é, como imaginamos, sinônimo de um coração submisso a Deus, mas de um coração indiferente à salvação das almas postas sob nossa responsabilidade. Não, absolutamente, se o coração está resolutamente imbuído com aquele propósito ou ele alcançará o seu objetivo ou se partirá ao perdê-lo.

Aquele que salvou as nossas almas nos ensinou a chorar pelos que ainda estão perdidos. Nossas famílias, nossas escolas, nossas congregações, sem falar das nossas cidades em geral, nossa terra, nosso mundo, devem ser razão suficiente para nós cairmos de joelhos diariamente, pois a perda de uma só alma que seja está terrivelmente além da nossa compreensão. Olhos nunca viram, ouvidos nunca ouviram, nem nunca penetrou o coração do homem, o quanto uma alma estará para sempre sofrendo no infernos Senhor, tenha misericórdia de nós! "Que mistério este! A alma e a eternidade de um homem dependem da voz de um outro homem!" Confissão Ministerial

"Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras, quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. "(Apõe 2:5)

Em 1651, a Igreja da Escócia reconhecendo em relação aos seus ministros "quão encharcadas estavam as suas mãos na transgressão, e que os ministros estavam tão alienados da realidade espiritual do país", decidiu então redigir o que eles chamaram de um humilde reconhecimento dos pecados reinantes no ministério. Este documento causou um pacto tremendo devido à sua natureza. Talvez seja a mais completa, a mais fiel e a mais imparcial de todas as confissões de pecados ministeriais já escritas. Algumas porções deste documento aqui

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transcritas irão apropriadamente introduzir este capítulo sobre confissão ministerial. O tema inicial é a respeito da confissão de pecados antes do ingresso ao ministério propriamente dito:

"Conversação profana e leviana, imprópria para aqueles que são chamados por Deus. Não andar com Cristo antes de um envolvimento total no ministério. Pregar o Evangelho para os outros sem que eles tenham um conhecimento prático e uma experiência dos mistérios do Evangelho em suas próprias vidas. Negligência na auto-disciplina necessária para a obra ministerial, não desenvolvendo a vida de oração e comunhão com Deus, desperdiçando oportunidades de um ministério mais ativo sem mesmo lamentar com pesai este tipo de falta. Desinteresse pela auto renúncia e pelo assumir da cruz de Cristo. Negligência no cultivo de uma autoconsciência de pecado e corrupção; desinteresse pela mortificação e submissão de espírito."

Tempo para tudo, Menos Para Oração

Por que será que há tão pouca ansiedade para orar? Nós reservamos tempo para tudo, menos para orar. Por que é que se fala tanto enquanto que há tão pouca oração? Por que tanta pressa nos negócios, e tão pouca oração? Por que tantas reuniões com nossos colegas, e tão poucos encontros com Deus. Ninguém mais gosta de estar sozinho, desfrutando daqueles momentos sossegados e da calma de uma comunhão imperturbável com Deus. É justamente a falta desses momentos a sós com Deus que tanto prejuízo traz ao nosso crescimento na Graça, e fazendo de nós membros quase que imprestáveis na igreja de Cristo ... Para poder crescer na Graça nós devemos estar mais a sós com o Senhor. Não é fazendo parte de uma multidão - mesmo que seja só de pessoas cristãs - que uma vida cresce mais rapidamente e com vigor. Uma simples hora em oração e comunhão com Deus trará mais progresso do que dias em companhia de outras pessoas. É no deserto que o orvalho cai com mais frescor e o ar é mais puro. Assim acontece com a nossa alma. E quando ninguém mais a não ser Deus, está perto, a Sua presença apenas, como o ar do deserto, sem qualquer hálito nocivo do homem, invade a alma. É quando os olhos podem ter o mais simples e límpido vislumbre das verdades espirituais, é quando então a alma se refaz com poder e energia. É assim também que nós podemos nos tornar verdadeiramente úteis. Quando somos renovados pelo frescor da comunhão com Deus e saímos adiante na Sua obra desempenhando a nossa tarefa com eficiência. Pois é na comunhão com Deus que as nossas vasilhas são cheias com as bênçãos, que na verdade não podem ser retidas para nós mesmos mas que, ao avan-çarmos vão sendo derramadas por onde quer que passemos. Nós não podemos dizer como disse Isaias: "Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho noites inteiras (Isaias 21:8)". Avivamento no Ministério

É muito mais fácil falar ou escrever sobre Avivamento do que iniciar ou envolvesse num. Há tanto lixo que precisa ser varrido para longe, tantos impedimentos que nós mesmos criamos, tantos hábitos que devem ser esquecidos, tanta preguiça a ser dominada, e tanta rotina ministerial que o leva a nada. Da mesma forma que Cristo disse a respeito do espírito imundo que os discípulos não puderam expulsar também podemos nós dizer sobre essas coisas: "Esta casta não pode sair a não ser pela oração e jejum."

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AAvviivvaammeennttoo:: AAllccaannççaannddoo aa PPrreesseennççaa ddee DDeeuuss ((UUmmaa PPeerrssppeeccttiivvaa AAttuuaall))

Não existe uma fórmula mágica para que brote o avivamento. Sabemos que ele pode vir através de uma pessoa apenas e contagiar a milhares. Porém, para que ele venha sobre uma pessoa, é necessário que este tenha fome da presença de Deus...

O dia em que quase O alcancei (Relatos de Tommy Tenney) Buscando a Deus (Salmos 63.8)

Nós pensamos que sabemos onde Deus está. Nós pensamos que sabemos o que O agrada e estamos certos de que sabemos aquilo que O desagrada. Temos estudado tanto a Palavra de Deus e Suas cartas de amor para as igrejas, que alguns de nós alegam saber tudo sobre Deus. Mas, agora, pessoas como você e eu, em diferentes lugares do mundo, estão começando a ouvir uma voz persistente no silêncio da noite: "Não estou perguntando o quanto você sabe a Meu respeito. Quero lhe perguntar: Você realmente Me conhece? Você realmente Me deseja?" Eu pensava que sim. Pensava que havia alcançado um nível considerável de sucesso no ministério. Afinal, eu havia pregado em algumas das maiores igrejas dos Estados Unidos. Estava envolvido em obras de alcance internacional, com grandes homens de Deus. Fui à Rússia várias vezes e participei da fundação de muitas igrejas naquele país. Fiz muitas coisas para Deus pensando que era o que deveria fazer. Mas, em um outono, durante uma manhã de domingo, aconteceu algo que mudou tudo isto e colocou em cheque todos os meus talentos, credenciais e realizações no ministério. Um velho amigo meu que pastoreava em Houston, no Texas, pediu-me que pregasse em sua igreja. De alguma forma, senti o que o destino estava me preparando. Antes desta chamada, havia brotado em meu coração uma fome que parecia insaciável. Aquele vazio incômodo que perdurava dentro de mim, apesar de minhas realizações ministeriais, ficava cada vez maior. Estava com um frustrante pavor, uma deprimente premonição. Quando recebi aquele convite, senti que algo da parte de Deus me aguardava. Pouco a pouco, sentíamos que estávamos nos aproximando de um encontro com o Pai.

Nada menos que propaganda Você não pode me dizer que as pessoas, quando colocam cristais nos pescoços, gastam dinheiro diariamente para ouvir gurús e contratam médiuns caríssimos, não estejam famintas de Deus. Elas estão famintas para ouvir algo que esteja além de si mesmas, algo que não estão ouvindo na Igreja hoje. A questão é: as pessoas estão enfadadas da Igreja porque ela tem se portado como mera difusora da Bíblia! As pessoas querem estar ligadas a um poder maior! Sua fome as leva a qualquer lugar, menos à igreja. Elas estão à procura de algo para saciar a fome que lhes corrói a alma.

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Ironicamente, mesmo sendo um ministro do evangelho, eu estava sofrendo da mesma fome que aflige aqueles que nunca tiveram um encontro com Jesus! Não me contentava mais em apenas saber sobre Jesus. Você pode saber tudo sobre presidentes, realezas e celebridades; pode conhecer seus hábitos alimentares, endereço, estado civil. Mas, saber sobre eles não significa ter intimidade com eles, não significa que você os conheça. Na Era da Comunicação, com boatos passados de boca em boca, de papel em papel, de pessoa a pessoa, é possível compartilhar informações sobre alguém sem conhecê-lo pessoalmente. Se você ouvir duas pessoas conversando sobre a última tragédia que se abateu sobre alguma celebridade, ou a última vitória que ela experimentou, pode até pensar que elas conheçam a pessoa de quem estão falando, quando, na verdade, tudo que sabem são fatos a respeito dela! Por muito tempo a Igreja só tem conhecido fatos sobre Deus. Nós conhecemos "técnicas", mas não falamos com Ele. Esta é a diferença entre conhecer alguém e saber a respeito dele. Presidentes, realezas e celebridades, posso ter muitas informações sobre eles, mas não conhecê-los, de fato. Saber a respeito de Deus não é o suficiente. Temos igrejas cheias de pessoas que podem ganhar qualquer concurso sobre temas bíblicos, mas que não O conhecem. Temo que alguns de nós fomos desviados ou embaraçados, tanto pela prosperidade, quanto pela pobreza. Receio que tenhamos nos tomado uma sociedade tão farisaica, que nossos desejos e vontades não correspondam aos do Espírito Santo. Se não tomarmos cuidado, estaremos cultivando o "culto ao bem-estar": satisfeitos com nosso pastor amável, nossa igreja confortável, nosso fiel círculo de amigos, nos esquecendo dos milhares de insatisfeitos, feridos e aflitos que passam por nosso confortável templo todos os dias! Tinha que haver algo mais. Eu estava desesperado por um encontro com Deus (o mais íntimo possível). Depois de pregar na igreja do meu amigo no Texas, voltei para casa. Na quarta-feira seguinte, estava na cozinha, quando o pastor me telefonou de novo e disse: "Tommy, somos amigos há anos e não me lembro de ter convidado alguém para pregar dois domingos consecutivos, mas será que você poderia voltar no próximo domingo?" Concordei. Poderíamos dizer que Deus estava prestes a fazer algo. Estaria o perseguidor agora sendo perseguido? Estaríamos prestes a ser apreendidos pelo que estávamos buscando? O segundo domingo foi ainda mais abençoado. Ninguém queria deixar o prédio após o culto da noite. "O que devemos fazer?", meu amigo me perguntou. "Deveríamos fazer uma reunião de oração na segunda à noite", eu lhe disse, e acrescentei: "Passaremos todo o tempo orando intensamente. Vamos apurar até que ponto vai a fome das pessoas e ver o que está acontecendo." Quatrocentas pessoas se apresentaram na segunda-feira para a reunião de oração e tudo que fizemos foi buscar a face de Deus. Algo, realmente, estava acontecendo. Uma pequena rachadura aparecia no bronze dos céus de Houston. Uma fome coletiva estava clamando por uma visitação. Voltei para casa. Na quarta-feira, o pastor estava novamente ao telefone me dizendo: "Tommy, você pode voltar no domingo?" Ouvi suas palavras e seu coração. Ele, verdadeiramente, não estava interessado em "minha" volta. O que eu e ele queríamos era que Deus viesse. Ele é um

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dos nossos, é um caçador de Deus, e estávamos em uma ardente busca. Sua igreja havia estimulado a fome que havia em mim. Eles também tinham sido preparados para esta busca. Havia uma premonição de que estávamos prestes a "pegá-Lo". Uma expressão interessante, não é? Pegá-Lo. Realmente é uma expressão impossível. Podemos pegá-Lo assim como o Leste pode pegar o Oeste, eles estão muito longe um do outro. Aqueles crentes, em Houston, tinham dois cultos agendados aos domingos. O primeiro culto da manhã começava às 8h30, o segundo, seguido a este, às 11 horas. Quando voltei, no terceiro fim de semana, senti uma forte unção enquanto estava no hotel, um toque do Espírito, chorei e tremi.

Mal podíamos respirar Na manhã seguinte, entramos no prédio às 8h30 para o culto dominical esperando ver aquela multidão sonolenta com sua adoração desinteressada. Enquanto me encaminhava para sentar na primeira fileira, a presença de Deus já estava naquele lugar de uma forma tão intensa que o ar estava "denso": mal podíamos respirar. A equipe de louvor, visivelmente, se esforçava para continuar ministrando. Lágrimas jorravam. Estava cada vez mais difícil tocar. Finalmente, a presença de Deus pairava tão fortemente, que eles não mais conseguiam tocar ou cantar. O dirigente do louvor rompeu em soluços atrás do teclado. Se houve alguma boa decisão que já tomei na vida, foi a daquele dia. Eu nunca tinha estado tão perto de "pegar" Deus e não iria parar. Então, falei para minha esposa, Jeannie: "Continue a nos conduzir a Ele." Jeannie sabe como levar as pessoas à presença de Deus através da intercessão e do louvor. Calmamente, colocou-se à frente e continuou a facilitar a adoração e ministração ao Senhor. Não era nada sofisticado, era algo singelo, era a retribuição mais apropriada àquele momento. A atmosfera me lembrava a passagem de Isaias, capítulo 6, algo que li e até mesmo ousei sonhar que poderia experimentar um dia. Nesta passagem a glória do Senhor encheu o templo. Nunca entendi o que significava a glória do Senhor encher um lugar. Já havia sentido Deus muito próximo, mas daquela vez, em Houston, quando pensava que Deus já estava presente, mais e mais Sua presença enchia o santuário. É como a cauda de um vestido de noiva que, mesmo depois da entrada da noiva na igreja, continua a entrar após ela. Deus estava lá, não havia dúvidas quanto a isto. Porém, cada vez mais d'Ele continuava entrando no lugar até que, como em Isaias, literalmente, encheu o templo. Algumas vezes o ar ficava tão rarefeito, que se tornava muito difícil respirar. Parecia que o oxigênio vinha em pequenas porções. Soluços abafados percorriam a sala. Em meio a tudo isto, o pastor veio a mim e perguntou: "Tommy, você está pronto para assumir o púlpito?" "Pastor, estou receoso de subir até lá, porque sinto que Deus está prestes a fazer algo."

Lágrimas estavam correndo pelo meu rosto quando disse isto. Não temia que Deus me abatesse, ou que algo ruim acontecesse. Simplesmente não queria interferir e afligir a preciosa presença que estava preenchendo aquele lugar! Por muito tempo, nós humanos, permitimos o mover do Espírito Santo até certo ponto. Mas, quando perdemos o controle, logo puxamos as rédeas (a Bíblia chama isto de "apagar o Espírito" em l Tessalonicenses 5.19). Por muitas vezes, paramos no véu do tabernáculo. "Sinto que devo ler 2 Crônicas 7.14, tenho uma palavra do Senhor", disse meu amigo. Entre muitas lágrimas, balancei a cabeça e disse: "Vá, vá!"

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Meu amigo não é um homem dado a expressar seus sentimentos, é essencialmente um

homem equilibrado. Mas, quando começou a andar pela plataforma, mostrava-se visivelmente abalado. Naquele momento, tive tanta certeza de que alguma coisa estava prestes a acontecer, que fui em direção à cabine de som no fundo da sala. Sabia que Deus iria se manifestar, só não sabia onde. Eu estava na primeira fileira, e sentia que algo poderia acontecer atrás de mim ou do meu lado. E eu estava tão desesperado para pegá-Lo, que caminhei para o fundo da sala, enquanto o pastor se encaminhava para o púlpito, dessa forma eu poderia perceber todo o ambiente. Não estava certo do que aconteceria na plataforma, mas sabia que algo iria acontecer. "Deus, eu quero ser capaz de ver o que quer que o Senhor esteja prestes a fazer." Meu amigo subiu para o púlpito no centro da plataforma, abriu a Bíblia e, calmamente, leu a arrebatadora passagem de 2 Crônicas 7.14: "...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, e buscar a Minha face, e deixar seus maus caminhos; então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra." Então, ele fechou sua Bíblia, agarrou as bordas do púlpito com as mãos trêmulas e disse: "A palavra do Senhor para nós, hoje, é que paremos de buscar Seus benefícios e busquemos a Ele. Não vamos mais buscar Suas mãos, mas sim a Sua face." Naquele instante, ouvi o que parecia ser o eco de um trovão, e o pastor foi, literalmente, tomado e lançado a uma distância aproximada de três metros do púlpito. Quando ele foi arremessado para trás, o púlpito caiu para frente. O belo arranjo de flores, que estava em frente, caiu no chão. Porém, antes que o púlpito batesse no chão, ele já estava partido em dois pedaços. Havia sido partido em dois, como se um raio o tivesse atingido! Naquele instante, o terror tangível da presença de Deus encheu aquela sala.

As pessoas começaram a chorar e se lamentar

Rapidamente fui ao microfone do fundo da sala e disse: "Caso você não esteja ciente do que está acontecendo. Deus acaba de se mover neste lugar. O pastor está bem [passaram-se duas horas e meia para que ele pudesse ao menos se levantar, ainda assim com o auxílio dos introdutores. Somente sua mão tremia dando sinal de vida]. Ele vai ficar bem."

Enquanto tudo acontecia, os introdutores correram para verificar se o pastor estava bem e pegar os pedaços do púlpito. Ninguém, realmente, prestou muita atenção no púlpito partido, pois estávamos muito ocupados com os céus fendidos. A presença de Deus atingira aquele lugar como se fosse uma bomba. As pessoas começaram a chorar e a se lamentar. Eu disse: "Se você não está onde precisa estar, esta é uma boa hora para se reconciliar com Deus." Eu nunca vira tamanho apelo. Um tumulto se fez. Pessoas se empurravam. Não esperavam os corredores se esvaziarem. Pulavam os bancos da igreja, homens de negócio arrancavam suas gravatas e estavam, literalmente, amontoados uns sobre os outros, no mais terrível e harmonioso som de arrependimento que eu já tinha ouvido. A simples lembrança disso ainda me causa arrepios. Quando fiz o apelo do culto das 8.30 h, não tinha idéia de que aquele seria o primeiro dos sete apelos daquele dia. Quando já era hora de começar o culto das 11 horas, ninguém havia deixado o prédio. As pessoas ainda se encontravam prostradas e, embora não houvesse nenhuma música sendo tocada, a adoração era calorosa e espontânea. Homens maduros dançavam como bailarinos,

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crianças choravam em manifestação de arrependimento. As pessoas estavam com rosto em terra, ajoelhadas, absortas pela presença do Senhor. Havia tanto da presença e do poder de Deus ali, que as pessoas começaram a sentir uma necessidade urgente de serem balizadas.

Eu assistia às pessoas adentrarem os átrios do arrependimento, e, uma após outra, experimentarem a glória e a presença de Deus enquanto Ele estava ali por perto. Elas queriam ser balizadas e eu estava em dúvida sobre o que fazer. O pastor ainda permanecia no chão. Pessoas vinham até mim e declaravam: "Preciso ser batizado. Alguém me diga o que fazer." Havia uma quantidade imensa de perdidos que foram salvos, e tudo provocado puramente pelo encontro com a presença de Deus. Não houve sermão nem canções naquele dia - somente o Espírito de Deus. Duas horas e meia se passaram, e, já que pastor só havia conseguido gesticular um dedo para chamar os anciães até ele naquele instante, os introdutores tiveram que carregá-lo para seu gabinete. Enquanto isso, todas aquelas pessoas me perguntavam (ou a qualquer outro que encontravam) se poderiam ser balizadas. Como um ministro visitante naquela igreja, eu não queria assumir a autoridade de dizer a alguém para batizá-las, então enviei pessoas ao escritório do pastor para verificar se ele autorizaria o batismo.

Eu fazia um apelo após outro e centenas de pessoas vinham à frente. Como, a cada vez, mais pessoas vinham me perguntar a respeito do batismo, percebi, então, que nenhum daqueles que foram ao escritório do pastor retomaram. Finalmente, enviei um pastor assistente já aposentado, dizendo-lhe: "Por favor, descubra o que o pastor quer fazer acerca do batismo, pois ninguém que enviei retornou para me dar uma resposta." O homem entreabriu a porta e inclinou a cabeça para dentro do escritório. Para sua surpresa, viu o pastor ainda deitado diante do Senhor e todos os que eu havia lhe enviado estirados pelo chão também, chorando e se arrependendo diante de Deus. Então, voltou depressa para me relatar o que tinha visto, e acrescentou: "Vou perguntar-lhe o que pediu, mas, se eu entrar naquele gabinete, pode ser que não volte também."

Batizamos pessoas por horas Balancei a cabeça concordando com aquele pastor assistente: "Acho que não há problema

se os batizarmos." Então começamos a passar as pessoas pelas águas como um sinal físico de seu arrependimento diante do Senhor. E, por muito tempo, balizamos as pessoas. Mais e mais pessoas continuavam se derramando perante Deus. Como os participantes do primeiro culto ainda estavam lá, havia carros estacionados por todos os lados fora da igreja. Nem mesmo música houve na maior parte do tempo. Mas basicamente uma coisa aconteceu naquele dia: A presença de Deus se revelou. Quando isto acontece, a primeira coisa que se faz é o mesmo que Isaias fez ao ver o Senhor no alto e sublime trono. Ele clamou das profundezas de sua alma:

"Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido! porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (Isaias 6.5).

Eles voltavam buscando mais As pessoas continuaram enchendo o auditório. Tudo começou com o extraordinário culto das 8h30 naquela manhã. Finalmente, por volta das 16 horas, consegui comer alguma coisa. Então, voltei para a igreja. Muitos nem saíram. Aquele culto matinal de domingo só terminou 1.00 h da

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madrugada de segunda. Nem precisávamos anunciar nossa programação para segunda-feira à noite. Todos já sabiam. Haveria uma reunião, quer anunciássemos ou não. As pessoas voltavam para casa simplesmente para dormir um pouco ou fazer algo, e retornavam buscando mais - nada que viesse de homens ou de suas programações, porém algo que brotasse de Deus e Sua presença.

Noite após noite, o pastor e eu diríamos: "O que vamos fazer?" Na maioria das vezes nossa resposta era previsível: "O que você quer fazer?" O que queríamos dizer era: "Não sei o que fazer. O que Deus quer fazer?" Algumas vezes, tentávamos ter um culto, mas a fome das pessoas rapidamente nos conduzia à presença de Deus e, de repente, ela é que nos tinha. Escute: Deus não se importa com sua música, suas torres, seus prédios admiráveis. O carpete de sua igreja não O impressiona - Ele é quem forrou os campos. Deus, realmente, não se preocupa com nada do que você possa fazer para Ele. Ele somente se preocupa com sua resposta a uma pergunta: "Você Me quer?"

Deus fez desmoronar tudo que não provinha d'Ele em Houston Deus quebrou nossos esquemas e fez com que tudo misse quando Se revelou a nós. Sete noites por semana, por quatro ou cinco semanas seguidas, centenas de pessoas, em cada culto, se enfileiravam em frente ao altar para declarar seu arrependimento e aceitar a Cristo. Elas O cultuavam, esperavam n'Ele e Lhe dirigiam Suas orações. O que aconteceu nos dias dos primeiros cristãos e nos avivamentos mais recentes, estava acontecendo novamente. Então comecei a entender: "Deus, o Senhor quer fazer o mesmo em todos os lugares." Durante meses a presença de Deus pairou ali.

Deus está voltando recuperar a Igreja para

Até onde posso dizer, só existe uma coisa que O detém: o Senhor não vai derramar Seu Espírito onde não há fome d'Ele. Ele procura pelos famintos. Ter fome significa não estar satisfeito com a "mesmice", porque ela nos obriga a viver sem o Senhor em Sua plenitude. Ele só vem quando você está disposto a se voltar totalmente para Ele. Deus está voltando para recuperar |Sua Igreja, mas você tem que estar faminto.

Ele quer Se revelar entre nós. Ele quer vir cada vez mais forte, mais forte e mais forte, até que sua carne não seja mais capaz de suportar. A beleza disto é que nem mesmo os perdidos ao nosso redor serão capazes de resistir. Está começando a acontecer. Vejo o dia em que os pecadores mudarão seu rumo nas ruas, estacionarão com olhares confusos e vão bater à nossa porta, dizendo: "Por favor, existe algo aqui, como posso ter isto?" O que fazemos? Você não está cansado de tentar distribuir folhetos, bater nas portas e fazer tudo acontecer? Por muito tempo, temos tentado fazer com que as coisas aconteçam. Agora, Deus quer fazer acontecer! Por que você não descobre o que Ele está fazendo e junta-se a Ele? Era isto que Jesus fazia. Ele dizia: "Pai, o que o Senhor está fazendo? É isto que farei. Deus quer Se mover com Sua Igreja. Quando foi que você se sentiu tão faminto por Deus, que sua fome o consumiu a ponto de você não mais se importar com o que as pessoas pensassem de você? Eu o desafio a esquecer cada perturbação, cada opinião e pense: O que está sentindo,

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agora, enquanto lê sobre como Deus tomou estas igrejas? Você está passando por cima disto? O que está embaraçando seu coração? Você não sente o despertar daquela fome que pensou estar esquecida? Não estou falando daquela animação típica do louvor e da adoração. Sabemos muito bem como conduzir a música de forma que tudo esteja maravilhoso, o acompanhamento esteja espetacular e tudo pareça perfeito. Mas não é disto que estou falando e não é isso que está causando esta fome em você agora. Estou falando da fome pela presença de Deus. Eu disse "uma fome pela presença de Deus".

"Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Pois este é o referido por intermédio do profeta Isaias: Voz. do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas." (Mateus 3. l-3). O arrependimento prepara o caminho e endireita as estradas do nosso coração. O arrependimento eleva os lugares baixos e rebaixa todos os lugares altos de nossas vidas e das famílias cristãs. O arrependimento nos prepara para a presença de Deus. Na verdade, você não pode viver na presença do Pai sem arrependimento. O arrependimento nos permite buscar Sua presença. O arrependimento constrói a estrada para que você alcance a Deus (ou para que Deus alcance você!). Pergunte a João Batista. Quando ele construiu a estrada, Jesus veio andando. Não é uma questão de orgulho, mas de fome Eu costumava procurar por grandes multidões e bons sermões para pregar, tentava fazer grandes obras para Deus. Meus esquemas ainda não haviam se desmoronado. Agora, eu sou um caçador de Deus. Nada mais importa. Digo a você, como seu irmão em Cristo, que o amo, mas amo mais a Deus. Não me preocupo com o que outras pessoas ou ministros pensam sobre mim. Estou indo atrás de Deus. Não é uma questão de orgulho, mas de. fome. Quando você buscar a Deus com todo seu coração, alma e corpo. Ele se voltará para encontrá-lo e você sairá desta experiência desmoronado aos olhos do mundo.

Nunca estivemos famintos Nosso problema é que nunca estivemos realmente famintos. Temos permitido que as coisas deste mundo preencham e saciem" nossa fome. Temos ido a Deus semana após semana, ano após ano, simplesmente para que Ele preencha pequenos espaços vazios. Eu digo a você que Deus está cansado de estar em segundo lugar em nossas vidas. Ele está cansado até mesmo de ser o segundo na programação e na vida da igreja!

Tudo de bom, incluindo as coisas que sua igreja local faz - desde alimentar os pobres, resgatar órfãos, até o ensino na Escola Bíblica Dominical - deveria fluir na presença de Deus. Nossa motivação básica deveria ser: "Fazemos isso por causa de Deus, porque isto está em Seu coração." Se não tomarmos cuidado, podemos ser achados tão envolvidos em atividades para Deus, que acabamos nos esquecendo d'Ele. Você pode estar sendo tão "religioso", que nunca será espiritual. Não importa o quanto ore. Perdoe-me por dizer isto, mas você pode estar perdido, sem mesmo conhecer Deus, apesar de manter uma vida de oração. Não me importa o quanto você conheça a Bíblia, ou o que você sabe sobre Deus. Estou perguntando: "Você O conhece? Um marido e uma esposa podem fazer coisas um para o outro sem que, realmente, se amem. Eles podem participar do pré-natal juntos, ter filhos, dividir a hipoteca, mas nunca aproveitar o

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alto nível de intimidade que Deus ordenou e designou que houvesse em um casamento (e não me refiro apenas ao relacionamento sexual). Geralmente, vivemos em um plano abaixo daquele que Deus pensou para nós. Então, quando Ele, inesperadamente, aparece em Seu poder, ficamos chocados. Muitos de nós, simplesmente, não estamos preparados para ver "Sua glória encher o templo".

Não há pão na Casa do Pão

Migalhas no chão e prateleiras vazias

A presença de Deus tem deixado de ser prioridade na Igreja moderna. Estamos como padarias abertas, mas que não têm pão. Além disto, não estamos, realmente, interessados em vender pão. Apenas gostamos do bate-papo ao redor dos fornos frios e prateleiras vazias. Na verdade, fico imaginando, será que ao menos sabemos se o Senhor está aqui ou não. E se está, o que Ele está fazendo? Onde Ele está indo? Ou será que estamos preocupados demais em varrer as migalhas imaginárias das padarias sem pão?

Será que sabemos, pelo menos, quando Ele está na cidade? No dia em que Jesus realizou o que chamamos de Entrada triunfal em Jerusalém, montado

em um jumento, Seu trajeto através da cidade, provavelmente, o fez passar perto da porta do templo de Herodes. Uma das coisas que deixou os fariseus indignados, na passagem registrada em João 12, foi a perturbação de seu culto religioso dentro do templo.

Está vendo aquele moço montado no jumentinho? Eles perderam a hora de sua visitação. O Messias já estava na cidade e eles não sabiam. O Messias passou em sua porta, enquanto estavam lá dentro orando para que Ele viesse. O problema era que Ele não veio da forma esperada. .Eles não O reconheceram. Se Jesus estivesse em um cavalo branco, ou em uma carruagem real, com soldados à sua frente, os fariseus e os sacerdotes teriam dito: "Deve ser Ele." Infelizmente eles estavam mais interessados em ver o Messias derrubar o jugo do Império Romano do que o jugo espiritual que se transformara em uma praga entre seu povo. Deus está pronto para Se manifestar, mesmo que precise Se desviar de nossas igrejas para manifestar-Se em bares! Seríamos sábios em lembrar que Ele já fez isto antes, ao se desviar da elite religiosa para jantar com os pobres, os profanos e as prostitutas. A Igreja do Ocidente e a Igreja Americana, em particular, têm exportado seus programas sobre Deus para o mundo inteiro, mas é hora de aprender que tais programas não significam avanço espiritual. O que precisamos é da presença de Deus. Precisamos tê-la, não importa o que aconteça, de onde venha ou o quanto custe. E o Senhor quer vir, mas do Seu jeito, não do nosso. Até que Ele venha, a ausência de "maravilhas" vai assombrar a Igreja. Podemos estar aqui dentro orando para que o Senhor venha enquanto Ele passa lá fora. Pior que isto, os que estão de fora marcham com Ele!

O pão é escasso em tempos de fome "Nos dias em que julgavam os juizes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu

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a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos. Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom

e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de Moabe e ficaram ali. Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, os quais casaram

com mulheres moabitas; era o nome duma Órfã e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez, anos.

Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido.

Então, se dispôs ela com suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o Senhor se lembrara do seu povo, dando-lhe pão."

(Rute 1.1-6.)

Há uma razão para que as pessoas deixem a Casa do Pão Noemi, seu marido e seus dois filhos saíram de casa e foram para Moabe, porque havia fome em Belém. O significado literal do nome hebraico de sua cidade natal, Belém, é "casa do pão". A razão pela qual eles deixaram a casa do pão era que não havia pão na casa. É uma constatação muito simples: Por que as pessoas deixam as igrejas? Porque não há pão. O pão era parte das práticas do templo também, era prova da presença do Senhor: o pão da proposição, o pão da Presença. O pão era o que, historicamente, indicava a presença de Deus. No Antigo Testamento, o pão da proposição estava no Santo Lugar. Era chamado "o pão da Presença" (Números 4.7). A melhor tradução para pão da proposição seria "pão da manifestação", ou, em termos hebraicos, "pão da revelação". Era um símbolo celestial do próprio Deus. Noemi e sua família têm alguma coisa em comum com as pessoas que deixam ou evitam nossas igrejas hoje - eles deixaram o lugar onde estavam e procuraram outro onde pudessem encontrar pão. Posso dizer-lhe porque as pessoas estão se dirigindo aos bares, clubes e aos médiuns caríssimos. Estão tentando se arranjar e sobreviver porque a Igreja as têm frustrado. Elas procuraram, seus pais e amigos procuraram e comunicaram que o armário espiritual está vazio. Não há nada na despensa, nada além de prateleiras vazias, gavetas cheias de receitas para pão, fornos frios e empoeirados. Temos, falsamente, anunciado que há pão em nossa casa. Mas quando vem a fome, tudo que fazemos é sair em busca das poucas migalhas dos avivamentos passados. Falamos sobre o que Deus fez e onde Ele esteve, mas podemos dizer muito pouco sobre o que Ele está fazendo entre nós hoje. E a culpa não é de Deus, é nossa.

Deus também precisa rasgar o véu de nossa carne para revelar nosso vazio interior. É uma questão de orgulho - apontamos orgulhosamente para onde Deus esteve (preservando a tradição do templo), ao mesmo tempo em que negamos a irrefutável e manifesta glória do Filho de Deus. Os religiosos do tempo de Jesus não queriam que o povo percebesse que não havia glória atrás de seu véu. A presença de Jesus representava problemas. Os religiosos pragmáticos se acham no dever de preservar o local onde Deus esteve, ainda que isto implique a sua privação do local onde, de fato, Deus está!

Se a glória de Deus não pode fluir pelos corredores do templo, por causa da manipulação humana. Deus terá que se voltar para outro lugar, assim como fez no dia em que Jesus passou pela "Casa do Pão", que era o templo em Jerusalém. Se não há pão na casa, eu não culpo os famintos por não irem até lá! Eu mesmo não iria!

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Um rumor chega até Moabe Quando Belém, a Casa do Pão, ficou vazia, as pessoas se viram obrigadas a procurar o pão da vida em outro lugar. O dilema que elas enfrentaram é que as alternativas do mundo podem ser mortais. Como Noemi estava prestes a descobrir, Moabe é um lugar cruel. Moabe furtará seus filhos e os sepultará antes do tempo. Moabe separará você de seu cônjuge. Moabe roubará toda a vitalidade que há em você. Por fim, tudo que restara a Noemi eram as duas noras apenas. Com nada além de um futuro sombrio e desastroso fitando a sua face, ela disse: "Vocês não devem permanecer comigo também. Eu não tenho mais filhos para dar a vocês." Mas, então, ela disse: "Ouvi um rumor. Existe um murmúrio que percorre cada comunidade, aldeia e cidade do mundo. Desce pelas encostas, pelas montanhas e lugares onde os homens habitam. É o murmúrio dos famintos. Se somente um deles ouvisse um boato de que o Pão está de volta à Casa do Pão, a notícia logo se espalharia como uma onda de eletricidade, na velocidade da luz. As novidades sobre o Pão correriam de casa em casa, de um lugar para outro instantaneamente!

Satisfeitos com migalhas no chão Podemos desfrutar da presença de Deus muito mais do que temos capacidade de imaginar, mas ficamos tão "satisfeitos" com o lugar onde estamos e com o que temos, que não reivindicamos o que há de melhor da parte de Deus. Sim, Ele está se movendo entre nós e trabalhando em nossas vidas, mas temos nos contentado em varrer o chão à procura de migalhas, ao invés de ter as abundantes fornadas de pão quente que Deus preparou para nós nos fornos dos céus! Ele preparou uma grande mesa cheia de Sua presença nestes dias, e está chamando a Igreja: "Venha e coma!" Ignoramos a chamada de Deus, enquanto, cuidadosamente, contamos nossas migalhas de pão dormido. Enquanto isso, milhares de pessoas, fora das quatro paredes de nossas igrejas, estão famintas por vida. Elas estão doentes e saturadas da exibição dos programas feitos por homens. Estão famintas de Deus, não de histórias sobre Deus. Nem crentes nem incrédulos sentem necessidade de se prostrarem quando estão em um culto de adoração, e isto não é imaginação. Eles não sentem a presença de nada nem de ninguém digno de louvor em nosso meio. Por outro lado, se a Igreja se transformasse naquilo que poderia e deveria ser, então teríamos dificuldades para atender à demanda de "pão" na casa. E quando as pessoas entrassem em nossas igrejas, ninguém teria que lhes dizer para "curvarem suas frontes em oração". Elas se prostrariam perante Nosso Santo Deus, sem que qualquer palavra fosse dita. Mesmo os perdidos saberiam, instintivamente, que o próprio Deus havia entrado na casa.

Sabe quando é que as pessoas se integrarão rapidamente à Igreja local? No momento em que provarem o pão da presença de Deus. Quando Rute ouviu que o pão estava de volta em Belém, ela se levantou de sua tristeza para ir à Casa do Pão.

A solução parece ser que haja menos de mim

O plano satânico consiste em nos manter tão cheios de lixo, que não tenhamos fome de Deus, e isto tem funcionado muito bem por séculos. O inimigo tem nos feito acostumar a sobreviver em uma prosperidade terrena, porém, em uma mendicância espiritual. Dessa forma, basta uma

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migalha da presença de Deus para que nos demos por satisfeitos. Muitos de nós comemos antes de irmos para o culto, por isso, quando vemos o pão sobre o altar, não nos sentimos estimulados. Um dos primeiros passos para o avivamento real é reconhecer que você está em estado de decadência. Esta não é uma tarefa fácil em face da nossa aparente prosperidade, mas precisamos dizer: "Estamos em decadência.

E se Deus realmente Se revelasse em sua Igreja?

Se Deus realmente se revelasse em sua Igreja, posso assegurar que aqueles "rumores dos famintos", em sua cidade ou região, espalhariam a notícia rapidamente! Antes que você pudesse abrir as portas no dia seguinte, os famintos já estariam em fila por pão fresco. Por que não vemos este tipo de reação agora? Os famintos têm sido frustrados. Tão logo a menor gota da presença de Deus flui em nossos cultos, dizemos ao mundo inteiro: "Há um rio da unção de Deus fluindo aqui."

Não podemos esperar que os perdidos e feridos venham correndo para nosso "rio" apenas para descobrir que mal existe o suficiente para aliviar um pouco da sua sede, não chega a ser nem um gole da taça de Deus. Dizemos: "Deus está realmente aqui: há comida na mesa", mas toda vez que acreditam, vêem-se obrigados a procurar pelo chão meras migalhas do banquete prometido. Nosso passado fala mais alto que nosso presente.

Nada tendes porque... Em comparação ao que Deus quer fazer, estamos catando farelos, enquanto Ele tem, para nós, um crocante pão-quentinho, que acabou de sair dos fornos dos céus! Ele não é Deus de migalhas e de escassez. Ele está esperando que O busquemos para dispensar porções infinitas de Sua presença. Mas nosso problema foi descrito há muito tempo pelo apóstolo Tiago, "Nada tendes, porque não pedis" (Tiago 4.2c). Não obstante, o salmista Davi canta, através dos tempos, que "sua semente" nunca iria "mendigar o pão" (Salmos 37.25). Precisamos compreender que o que nós temos, onde estamos e o que estamos fazendo é muito pequeno em comparação ao que Deus quer fazer entre nós e através de nós. O jovem Samuel foi profeta numa geração em transição como a nossa. A Bíblia nos diz que cedo, na vida de Samuel, "...a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram freqüentes” (I Samuel 3.1b).

Sei que há mais - Redescobrindo a presença de Deus As pessoas que vêm às nossas igrejas têm experimentado mais um encontro com homens e seus cerimoniais, que um encontro com Deus e Sua inesquecível majestade e poder. As pessoas precisam ter uma experiência como aquela que Saulo teve na estrada de Damasco, onde encontrou-se com o próprio Deus. Tal experiência evidencia a diferença entre a Onipresença de Deus e a presença manifesta de Deus. O termo "Onipresença" de Deus refere-se ao fato de que Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele é aquela "partícula" do núcleo atômico que os físicos nucleares podem rastrear mas não podem ver. O Evangelho de João aborda esta qualidade divina quando diz: "...e sem ele nada do que foi feito se fez," (João 1,31) - Deus está em tudo e em todos os lugares. Ele é

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essência de tudo que existe, é o vínculo que mantém unidos todos os componentes do Universo e que sustenta a integridade de cada um destes componentes! Isto explica porque as pessoas podem estar em um bar, embriagadas, e, de repente, sentirem o convencimento vindo do Espírito Santo, sem que haja por ali um pastor, alguma música evangélica ou qualquer outra influência cristã. Deus está ali no bar com aquela pessoa. E ela, com a mente entorpecida pelo álcool, perde suas inibições para com Deus. Infelizmente, não é uma decisão baseada na vontade que move essas pessoas para Deus. Tal atitude é fruto da fome de seus corações. Suas "mentes" estão entorpecidas e seus corações famintos. Tão logo a "mente" se recupere, elas retornam ao estado inicial, não foi um encontro válido, a vontade não foi quebrantada. Eis a receita para a miséria: um coração faminto, uma cabeça (mente) orgulhosa e uma vontade não quebrantada (insubmissa).

A manifestação da presença de Deus Embora Deus esteja presente em todos os lugares ao mesmo tempo, há momentos em que Ele concentra a essência de Seu ser em um local específico. É o que muitos chamam de "presença manifesta de Deus". Quando isto acontece, há uma forte convicção de que o próprio Deus "Se fez presente" em nosso meio. Podemos dizer que, embora Ele esteja em todos os lugares todo o tempo, existem momentos especiais em que Ele está mais "aqui" do que "ali". Por alguma razão divina, Deus escolhe concentrar-Se ou revelar-Se de uma maneira mais forte em um determinado tempo ou lugar. Teologicamente falando, talvez este conceito possa perturbá-lo. Talvez você esteja pensando: Espere um momento. Deus está sempre aqui. Ele é onipresente. Sim, é verdade, mas, então, por que Ele disse: "...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar Minha face..."? A misericórdia de Deus O mantém afastado de nós

É a misericórdia de Deus que O mantém afastado de nós. Uma geração após outra, os cristãos têm orado: "Venha Senhor, aproxime-se!" Creio que a resposta do Senhor tem sido uma faca de dois gumes. Por um lado. Ele nos chama: "Clamem a mim, quero me aproximar." Mas, ao mesmo tempo. Ele detém Sua mão e avisa: "Tenham cuidado, tenham cuidado! Se vamos nos aproximar, certifiquem-se de que a carne esteja morta. Se realmente querem Me conhecer, tudo que se relacione ao pecado deve morrer." Por que Deus requer esta morte? O que há na fumaça do sacrifício que faz com que Ele nos visite? E como se ela fosse um "convite" ao Senhor. Você pode não compreender, mas a morte esteve presente em cada avivamento na história da Igreja!

Quanto mais arrependimento (morte) diante de Deus, mais próximo Ele poderá Chegar E como se o aroma do sacrifício fosse o sinal para que Deus pudesse aproximar-se de Seu povo sem consumi-lo por seus pecados. O objetivo de Deus sempre foi a íntima comunhão com o homem, a coroa de Sua criação. No entanto, o pecado fez com que esta comunhão se tomasse mortífera. Deus não pode aproximar-Se da carne, porque ela exala o cheiro do mundo. Para que Ele chegue perto, a carne tem que morrer. Então, quando clamarmos para que o Senhor se aproxime, Ele o fará, mas nos dirá: "Não posso chegar mais perto, porque sua carne seria destruída. Quero que você compreenda que se sua carne morrer, poderei aproximar-Me mais." E por isso que o arrependimento e o quebrantamento é equivalente a morte no Novo Testamento - traz a presença manifesta de Deus tão perto. Mas queremos evitar o

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arrependimento, porque não gostamos de sentir o cheiro da morte. Definitivamente, não é um odor agradável. Não atrai os sentidos do homem, mas é agradável a Deus porque é o sinal de que Ele pode aproximar-Se daqueles que ama.

Esqueça o "culto-entretenimento"

Aquilo que agrada a Deus é bem diferente daquilo que nos agrada. O Senhor me disse uma vez, enquanto eu estava ministrando: "Filho, o culto que Me agrada e o culto que lhe agrada são bem diferentes." Comecei a perceber que muitas vezes estruturamos nossos cultos para que sejam agradáveis aos homens. Temos que dizer o que os homens querem ouvir e lhes prover uma boa dose de entretenimento. Infelizmente, estes tipos de reuniões têm pouco daquele amor sacrificial derramado perante o Único que é digno de receber louvor e adoração. Acho que o Senhor procura aqueles (poucos) que realmente O amam, não aqueles que só querem ser entretidos. E como se preparássemos uma festa para o Senhor e depois O ignorássemos! A morte do eu é algo especial, não é uma idéia atraente para nós, mas sem dúvida, agrada a Deus. Quero mais bênçãos, quero o Senhor. Quero Sua presença bem próxima. Quero Seu toque em meus olhos, em meu coração, em meus ouvidos. Mude-me, Senhor! Não quero mais ser o mesmo! Estou cansado, Senhor! Sei que se eu puder ser mudado, então as pessoas em meu redor também poderão ser transformadas." Precisamos orar por uma mudança, uma ruptura, mas não podemos fazê-la, a menos que ela comece em nós. As mudanças virão sobre aqueles que não estiverem em busca de suas próprias ambições, mas, sim, buscando os propósitos de Deus. Precisamos chorar sobre nossas cidades como Jesus chorou sobre Jerusalém. Estamos carentes de uma transformação vinda do Senhor.

Queremos vida mas o Senhor está em busca de morte Precisamos nos arrepender por preparar cultos para agradar aos homens, ao invés de prestar a Deus a adoração que Ele merece. Como a maioria das pessoas, queremos "vida" em nossos cultos, mas Deus está em busca de outra coisa: "morte"! A morte que vem do arrependimento e quebrantamento, que nos conduz à presença de Deus e faz com que nos aproximemos d'Ele e, ainda assim, permaneçamos vivos. Este é o ponto em que alguns ficam muito incomodados, porque começam a sentir um cheiro de "fumaça" no ar e já conseguem sentir o odor da carne queimada. Pode não cheirar bem para nós, mas para Deus será um sinal de arrependimento. A Bíblia diz;

"...há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende."

(Lucas 15.10) Morte e arrependimento na terra levam alegria e regozijo aos céus. O avivamento deve começar em sua Igreja antes de alcançar sua comunidade. Se você está faminto por avivamento, temos uma palavra do Senhor para você: O fogo não cai sobre altares vazios. Para que o fogo caia, é preciso que haja um sacrifício sobre o altar. Se você quer fogo, precisa ser o combustível. Jesus sacrificou-Se para conquistar nossa salvação. E o que Ele diz a cada um que deseja segui-Lo? Ele nos chama a renunciar nossa própria vida tomar nossa cruz, e segui-Lo . De acordo com a concordância bíblica Strong's, a palavra grega para "cruz", STAUROS, significa "de maneira figurada, exposição à morte, ou seja, auto-renúncia". Elias não pediu que o fogo do Senhor caísse até que houvesse combustível e um sacrifício digno sobre o altar. Temos orado para que o fogo caia, mas o altar está vazio!

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Se você anseia que o fogo caia sobre sua Igreja, você precisa, então, subir ao altar e dizer: "Senhor, não importa o que custe. Eu me coloco sobre o altar para ser consumido pelo Seu fogo." Então poderemos fazer como John Wesley. Ele explica como conduziu multidões durante o Primeiro Grande Despertamento: Precisamos tirar lições do que aconteceu no Monte Sinai. Foi ali que os israelitas construíram um tabernáculo de acordo com as instruções que Deus deu a Moisés. Foi no Monte Sinai que Deus revelou a Moisés Sua lei e os Dez Mandamentos. Porém, outros fatos, igualmente importantes, aconteceram: foi naquele lugar que um bezerro de ouro, destinado à idolatria, foi criado. Em primeiro lugar, Deus revelou Sua intenção de lidar com o povo de forma direta e pessoal. Até então, era Moisés quem relatava ao povo tudo que Deus dizia. Aquele era, pois, um tempo de transição, um período em que Deus estava dizendo: "Tudo bem, é hora de crescer. De agora em diante, quero tratar com vocês diretamente, como uma nação de sacerdotes. Não quero intermediários. Amo Moisés, mas não quero ficar falando com vocês através dele. Quero falar diretamente com vocês, como Minha nação. Meu povo".

Ainda existem muitos "bebes de colo" nos bancos das igrejas Infelizmente, o problema dos israelitas repete-se hoje em dia. Os cristãos estão tão acostumados a unção, boas pregações e bom ensino, que muitos se comportam como crianças de peito. Querem sentar-se em bancos acolchoados, em templo com ar-condicionado, onde alguém possa mastigar o que Deus tem a dizer e colocar em suas boquinhas. Têm medo de se engasgarem com aquelas mensagens "duras demais". Seu aparelho digestivo é muito frágil e não está acostumado à dura verdade! Quando estivermos realmente famintos e desesperados, não precisaremos de "intermediários". Temos que orar: "Deus, estou cansado de assistir à experiência dos outros com o Senhor! Onde está a chave do meu quarto de oração? Vou ficar trancado ali até que, eu mesmo, possa experimentá-Lo!" A busca pelo avivamento em si, nunca fez com que ele acontecesse. O avivamento só nasceu quando o povo buscou a Deus. Deus está cansado de relacionamentos à distância com Seu povo. Ele já estava cansado disto há milhares de anos, já no tempo de Moisés. Ele quer um relacionamento íntimo e próximo, com você e comigo. Ele quer invadir nossas casas com Sua presença de uma forma tão poderosa, que aqueles que vierem nos visitar sejam convencidos do pecado ao entrarem pela porta.

Fugir ou entrar "Todo o povo presenciou os trovões e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante: e o povo, observando, se estremeceu e ficou de longe. (...) O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava". (Exodo20.18.21). Que dicotomia divina! Um correu para dentro, o outro fugiu desesperado! Deus estava chamando o povo para Sua intimidade, mas ele correu para o lado oposto! Disseram a Moisés: "...não fale Deus conosco, para que não morramos" (Êxodo 20.19). Eles entenderam que somente quem se enquadrasse no padrão de Deus, descrito nos Dez Mandamentos, poderia sobreviver em Sua presença. Ao fugir, estavam dizendo: "Não queremos nos submeter a isto! Não deixe que Deus fale conosco agora!" O que o Senhor queria, quando os Dez Mandamentos foram entregues a Moisés, era purificar o comportamento de Seu povo para que pudesse tê-lo mais perto.

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Deus queria, mais uma vez, andar com o homem no frescor do dia. Ele queria sentar-Se com Seu povo e compartilhar com ele o Seu coração em doce e tema comunhão. Nada mudou! Ele ainda busca o mesmo relacionamento com você e comigo. A reação mais adequada do povo naquela situação seria responder: "Sim, Senhor, fale conosco! mesmo se tivermos que morrer".

Você está disposto a pagar o preço? Este é exatamente o lugar onde a Igreja está neste momento crucial: chegamos ao ponto mais importante nesta mudança de Deus onde estamos tentando transportar a glória de Deus de volta a seu devido lugar. Alcançamos o trecho onde o chão é irregular e o nosso carro novo está trepidando. É hora de nos perguntarmos: "Será que somos as pessoas mais indicadas para essa tarefa? Será que isto é o que realmente queremos? Estamos dispostos a pagar o preço e obedecer à voz de Deus a todo custo? Estaremos dispostos a aprender como lidar com a santidade de Deus?" Devo avisar-lhe que a glória de Deus, a manifestação de Sua presença, pode "ferir" o corpo da igreja local, como fez a Uzá. Um pastor ungido se aproximaria de sua congregação com muita bondade e diplomacia para dizer: "Se vocês não estão dispostos a buscar a face de Deus, com seriedade, então procurem outro lugar. Se não se agradam em servir ao Senhor, ou estão incomodados com a manifestação de Sua presença, é melhor procurarem outro lugar onde haja menos fome de Deus, para que possam ali permanecer. O dia em que confidenciei ao meu amigo pastor: "Deus poderia ter matado você", ambos sabíamos que havíamos "tropeçado no caminho". Deus disse: "Vocês estão falando sério? Querem que Eu Me aproxime? Querem Minha presença? Então, vamos fazer do Meu jeito." Só Deus sabe como os israelitas manejaram a arca, quando ela foi colocada pela primeira vez na casa de Abinadabe, mas sabemos que tudo foi bem diferente depois da morte de Uzá. Uma coisa é certa: Ninguém tocou nela. O respeito pela glória de Deus marcou aquelas vidas. Provavelmente desejaram sorte a Obede-Edom, dizendo: "Tivemos que enterrar um homem hoje! Ele foi fulminado ao tocar na arca, quando os 'bois' tropeçaram no caminho. Por isto, seja cuidadoso!" Davi pensou: "Não sei se realmente quero que a arca volte a Jerusalém. Ela pode nos matar a todos." Mas, nos três meses seguintes, ele recebeu notícias de como Deus estava abençoando Obede-Edom. De acordo com a Palavra, a bênção estava sobre a casa de Obede-Edom e tudo que ele tocava era igualmente abençoado! Incluindo suas posses, toda sua família e os animais. Havia prosperidade e saúde. Creio que Davi foi checar tais notícias com Obede-Edom: "Sim, é verdade mesmo o que você ouviu." "O que você fez?" "Com certeza, não a tocamos: não deixei que as crianças chegassem perto dela. Mas desde que você a deixou em minha casa, ela parece emanar riqueza, poder e autoridade. Estas coisas simplesmente aconteceram, não tenho nada a ver com isto." Davi, rapidamente, repensou sua posição a respeito da arca. Ele percebeu que, se a presença e a glória de Deus trouxe bênçãos sobre uma família, o que isto poderia significar para toda uma nação? Então disse: "Tenho que levar a arca de volta ao seu devido lugar, em Jerusalém." Quando Davi colocou a arca no carro, pela primeira vez, ele e "todo Israel" pensaram: Deus ficará contente com isto. Veja todas estas pessoas dançando e tocando ao redor da arca. Na segunda vez, Davi fez o que deveria ter feito desde o começo. Ele estudou nas Escrituras como Deus se moveu anteriormente. Como a arca foi transportada de um lugar para outro nos tempos de Moisés? Ele descobriu o verdadeiro propósito e função dos levitas e dos sacerdotes araônicos. E percebeu, pela primeira vez, os paus para serem colocados nas misteriosas argolas

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nos quatro cantos da arca. "Ah, é para isto que servem as argolas! É intrigante que o nosso majestoso Deus tenha ficado satisfeito com sua arca envergada sobre dois paus!"

Nunca despreze a glória de Deus Muitos líderes nas igrejas, que estão famintos pela presença de Deus, lêem tudo que podem a respeito do mover de Deus no passado. Por quê? Porque já topamos com a "pedra santa" no meio do caminho. Sinto que, se realmente queremos que a santidade de Deus e a plenitude de Sua glória habitem em nosso meio, precisamos descobrir como lidar com ela de forma adequada. Sabemos que é neste ponto que a carne cai fora, mas qual é a forma mais adequada? O que Deus quer que façamos? Nossa fome é grande demais para ser satisfeita com uma refeição. Queremos mais do que Sua visitação. Queremos que Ele permaneça. Queremos Seu cabode, não o "icabode". Queremos que Sua presença se manifeste e fique entre nós. Estamos na mesma situação em que se encontrava o Rei Davi. O maior perigo, neste momento, é considerarmos comum aquilo que é santo. A arca da aliança permanece na casa de Abinadabe por um bom tempo, mas a presença de Deus não estava ali em plenitude. Alguns escritores acreditam que Uzá esteve junto à arca quando criança. Nunca tome a santa presença de como Deus algo comum. Não pense que Deus não está operando somente porque não há ninguém chorando, tremendo ou profetizando.

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BBiibblliiooggrraaffiiaa

• CAIRNS, Earle E. – O Cristianismo Através dos Séculos – Uma história da Igreja Cristã. 2ª ed., São Paulo – Vida Nova, 1995. • TENNEY, Tommy – Os caçadores de Deus. 5ª ed. Belo Horizonte – Dynaums,

2000.

• RAVENHILL Leonard – Por que Tarda o Pleno Avivamento? 1ª ed. Minas Gerais - Bethânia, 1999.

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Avaliação do Módulo: História dos Avivamentos Religiosos

1. Como se deu o desenvolvimento do protestantismo no Brasil? 2. Como se deu o crescimento e expansão do Pentecostalismo no Chile? 3. Fale sobre o Avivamento Puritano: 4. Cite pelo menos 3 avivalistas e faça um breve comentário sobre suas vidas: 5. Para você, por que tarda o pleno avivamento? 6. Faça um breve comentário do relato de Tommy Tenney, sobre o avivamento que

ele presenciou.

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a) O aluno deverá enviar a avaliação para o e-mail: [email protected]@[email protected]@esutes.com.br

b) O tempo para envio da avaliação corrigida para o aluno é de até 15 dias após o recebimento da avaliação Enquanto a prova é corrigida o aluno já pode solicitar NOVO MÓDULONOVO MÓDULONOVO MÓDULONOVO MÓDULO

c) Alunos que recebem o MÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSOMÓDULO IMPRESSO podem enviar sua avaliação também para e-mail: [email protected]@[email protected]@esutes.com.br

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DICAS DE ESTUDO ON-LINE

1- Procure utilizar em seu computador um protetor de tela para minimizar a claridade do monitor. Temos que cuidar de nossa visão

2- Se for estudar a noite, duas dicas:

a) Não deixe para estudar muito tarde, pois o sono pode atrapalhá-lo em sua concentração;

b) Não deixe a luz do ambiente em que estiver, apagada, pois a claridade da tela do computador torna-se ainda maior, provocando dor de cabeça e irritabilidade.

3- Pense na possibilidade de imprimir sua apostila, pois pode ser que isso dê a opção, por exemplo, de carregá-la para onde quiser e de grifar com caneta, partes que ache importante.