PI² - Politicamente Incorreto Ao Quadrado - Numero 5

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PI² - Numero 5 - Uma Edição Sem Fronteiras 120 Páginas, 50 Artistas Participantes

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C I N C O

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As opiniões expressas são responsabilidade de seus autores.

UMA EDIÇÃO SEM FRONTEIRAS

Quando comecei a montar esta edição, cinco dias antes da data prevista de 8 de Agosto de 2013, fui checar as estatísticas de download e visualização do numero anterior. 5.555... Perseguição do numero 5? Afinal, esta edição foi gestada durante o período em que completei 55 anos, é meu quinto projeto editorial em revistas digitais mais uma série de coincidências. Uma série de pelo menos mais umas cinco coincidências.... Ao terminar a edição, fui relacionar os participantes: 50. Mais uma? Mas como não acredito nem em coincidências nem em matemática, deixo essa questão do numero 5 de lado e faço aqui uma reflexão sobre o que representa estar no quinto numero de uma revista digital, em principio criada para demonstrar o descontentamento com o Politicamente Correto, mas que tomou outros rumos, tornando-se amplamente uma revista de divulgação cultural.

Instigado pela Joanna Franko, que tem sido não apenas a madrinha da PI², mas principalmente sua maior incentivadora e a responsável maior por trazer até estas 120 páginas, grandes artistas de várias partes do mundo, deixe-me levar nas ondas maravilhosas da arte de pessoas que, de outras partes do mundo, produzem maravilhas. Foi ela quem contatou a maior parte dos artistas plásticos desta edição e por mostrar trabalhos magníficos de artistas que na maior parte eu não conhecia. E também a idéia de fazer a capa como um mosaico de obras de todos os artistas divulgados.

Portanto, este numero 5 da PI² é totalmente especial, com artistas do Brasil, Canadá, México, Argentina, Portugal, Moçambique, Alemanha e Itália. 50 artistas, entre pintores, escultores, poetas, escritores e confesso que me deu um medo danado em editá-la. A qualidade dos artistas precisava ser exibida da forma adequada e uma enorme insegurança bateu à minha porta, desde o momento de selecionar as obras até que fonte ou fundo usar nas páginas. Sou autodidata, não tenho formação em área gráfica e a responsabilidade, perante todos esses 50 nomes do mais alto gabarito me gelou a espinha. Tanto que só tive coragem de começar a editar a revista 3 dias antes da data de lançamento. Espero que meu trabalho de edição e diagramação esteja à altura das grandes obras aqui impressas.

Segundo o cineasta espanhol Fernando Trueba, sucesso é ir lá e fazer, não importando se isso nos rendeu dinheiro ou fama. Então posso dizer que, acima até dos mais de 5.000 exposições da revista, podemos considerar a PI² um sucesso. Um trabalho árduo de edição, feita em mais de 50 horas e a custa de sono perdido, mas a certeza de que estamos demonstrando que o poder da mídia poderosa e inacessível acabou. podemos sim, fazer uma revista e colocá-la sob o olhar de milhares de pessoas sem a preocupação de agradar a anunciantes, sem comprometer a qualidade da publicação por questões financeiras.

Espero, por fim, que todos aqueles que lerem, virem esta publicação, que entre em contato, manifestem suas opiniões, critiquem, elogiem, enfim, paguem com palavras e imagens as palavras e imagens que oferecemos. E até o dia 4 de Outubro, com o numero 6.

Grande abraço!

Luiz Carlos Barata Cichetto, 08/08/2013Criador e Editor da PI²

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ALCÍDIO MARQUESPORTUGAL

www.alcidiomarques.com

Artista plástico Português, Viseense, nascido no ano de 1961, mestre no seu estilo pictórico, possui um vasto espólio de obras, muitas das quais premiadas.

De uma extrema sensibilidade com uma riqueza profundamente espiritual e sincera, vivendo profissionalmente num mundo pictório rico de imagens vivas e fortes., delineando uma estrutura de composição complexa. Com uma criação própria de estilos e sinais, de cores particulares e únicas, Mestre no seu estilo próprio com uma pintura abstrata e informal com uma notável força de imaginação real no espectro do expressionismo, conseguindo imprimir nas suas obras um sentimento entre o sonho e a realidade.

A sua crença na arte supera cada fronteira e cada barreira de correntes e modas, do presente e do passado, afirmando-se em virtude de uma força criadora particularmente fértil e singular.

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INVICTA

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GLADIADOR

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INVICTA

é olhar o mundo através de um copo de cristal,

onde a leve interação com o vinho ,

descortina imagens,sonhos,desejos e

uma viagem innitadentro de

nossas mais vivas cores..expressivo

sonho e amoresSão miragens dentro de

nós(?) ou um oásis de nossa alma(?)

GLADIADOR

Harmoniamovimento e sincroniaas cores do poentea colheita da mente.

Equilíbriotempo e espaçoOs tons do outonoas forçasdo espírito

Visãosensibilidade e coragemsutilezas do conhecimentoe criação

A OBRA DE ALCÍDIO MARQUES POR JOANNA.FRANKO

NAMOROS OCULTOS

reverbera em mim a vibração cósmica do teu apeloO silêncio das palavras ecoa pelo innitoComo trovão ensurdecedorEnche-se o Éter desse clamorTodo meu ser estremece em sintoniaÉs anal a esperança em mim quase perdidaQuase esquecida,Quase cansada de tanto tardar..Na solidão do vazioNão sou euSou tu que te procuras,sou o espelho,a imagem que reete,tantos sonhos e loucuras.

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GIGIO FERREIRABRASIL

[email protected]

Gigio Ferreira nasceu em 22 de junho de 1967, em Belém do Pará. Cursou Letras na UFPª . Participou do Projeto Cultural "Poetas Paraenses - Versos no Ar", da Rádio Cultura do Pará (2005-6); prefaciou o livro de Poesia Infância Retorcida de Airton Souza, pela Giostri (2012); participou da Antologia, Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos, 2ª edição (2013) e mantém quatro títulos inéditos, a saber: Hot Sun das Lusofonarias (Romance), A Erudição dos Morgados (Novela); O Palhaço de Arame Farpado (Poesia) e Chibé de Cobra e Multicabaré (Contos).

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Detocaianoinconscienteosol pede licença e... N A S C E

pois quanto mais símbolosmaisaterra fazforça e bendiz o... A M A N H E C E R !!!

estava eu sob os efeitos de um deus??!!ounãosaberiaeu guardar os segredos das últimas palavras

três horas latejandoaomeiodianuma fina garoa.... T R A N S A M A Z Ô N I C A!!!

CHIBÉ DE COBRA E MULTI CABARÉ

O céu virou rocha olhando para o SOL / tão difícil saber... que o fim perdeu seu tempo... SABENDO / é a peripécia que se apega no controle remoto... nem criança velha muito menos um alegre porão / quem vive sozinho / entende de futuro /diga para esse egoísmo trazer mais esperanças / ou estradas com agonias misturadas / um rock debochado / tatuado / um amigo primata ... uma tarde quente.. a chuva que fala imoralidades / o sangue que faz da luz uma serpente / um estilhaço da música popular brasileira / a vitamina encardida e alucinada com todos os direitos da filosofia / amargo amor condenado / deveis um corpo para o disco voador de mestre Gigio / deveis queimar os ninhos absurdos da tua carne nociva / deveis os joelhos aos milhos espalhados / derretidos / quem fez desse rio esse espelho cuspido ? / basta um cigarro para o teu riso de centavos / a cada polícia uma espuma patética / balas e gomas de mascar desenganadas / o ritual macabro no sexo destrambelhado / cacos / caos / fogo quebrado / nasce da grandeza.. a amizade / fiquei aflito quando virei formiga SELVAGEM / penso em guardar o que invento... mas não sou peixe ... para lagrimar embaixo d’água / sou a festa errada para sempre / um pobre astronauta querendo a verdade na beira do MAR / se eu fosse uma dura transgressão... talvez, VOASSE / nunca fui chamado de ladrão ..nunca tive sorte / mas paguei o preço por ter CORAGEM / ENTRE PEDRAS E LIVROS... ESFREGAR MEU CORAÇÃO / qual o melhor motivo para enganar uma CIÊNCIA ???? / talvez aquele curso que melhor define a DIVERSÃO BRASILEIRA / o poeta custa caro... o lúdico é vampiro do lírico ... força rapaz... a tua MUSA AINDA NÃO VIROU DONA DE CASA !!! / E NEM EXAGERADA AINDA É A TUA OPINIÃO / PERMITA O PIQUENIQUE DA VONTADE... ENTRE OS APLAUSOS... AS LÁGRIMAS !!!!(Dedicado a Joana Franko)

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E A FILHA DA ORDEM.... PROGREDIU

A HONRA e a ORDEM um dia se conheceram num boteco maneiro... se olharam... e entre olhares trocaram longos beijos... . duas mulheres de meia idade... senhoras responsáveis... respeitáveis damas da sociedade se amando loucamente e assim foram levando uma vida muito agradável... até que decidiram morar juntas... nada faltava... havia muita fartura... birita adoidado... dinheiro pra gastar em todos os lugares... foram anos se divertindo... mas sentiram necessidade de algo que as completasse... um fruto de carne e osso... mas não podiam mais engravidar... então decidiram adotar uma menina muito linda... traquina... hiperativa... danada e por vezes mal criada... mas ao dar um nome... não acharam nada mais adequado que batizar aquela linda criança com o nome de BADERNA !!!!

E tudo foi somente alegria naquela pequenina casa de alvenaria na rua da felicidade... BADERNA aprendeu a caminhar sozinha muito cedo... e cedo falou suas primeiras palavras chamando de papai para a HONRA e mamãe para a ORDEM... era tudo perfeição... na escola BADERNA quebrou alguns espelhos... jogou bola com os meninos... trepou em árvores... nadou em igarapés escuros... deu porrada em meninas metidas... fumou cigarro escondido... não tinha medo de nada... alguns até a achavam meio masculinizada... usava cabelos curtinhos... quando BADERNA completou doze anos ovulou durante duas semanas... mas nada de usar absorventes... preferiu fingir agressões e dissimular aquele sangue perdido... quando tudo caminhava muito bem o pai da HONRA seu BRASIL resolveu ir morar junto naquela casa... ao saber dessa notícia, a mãe da ORDEM dona SEVERA imitou seu BRASIL e também se mandou pra dar uma força pra filha... afinal seu BRASIL estava desempregado... e havia rumores que bebia pra caralho e dava vexame na rua por onde passava... fora os calotes quando jogava no BICHO... mas nunca ganhava porra nenhuma... eita seu BRASIL... não se emendava... cara de pau... malandro da beira... .

Mas nos quinze anos da BADERNA, houve uma festa do arromba... muita birita... churrasco e som alto até às quatro horas da matina... todo mundo ficou porre... e durante a bebedeira, a ORDEM resolveu dizer umas verdades na cara do seu BRASIL... seu BRASIL ficou muito puto com aquela afronta... e resolveu dar uns tapas na cara da ORDEM... nisso interveio a HONRA para defender o seu pai... seu BRASIL, no quintal estava a mãe da ORDEM dona SEVERA , que ouvindo aqueles gritos desesperados da sua filha, correu com uma faca nas mãos... e ao entrar na cozinha tentou esfaquear seu BRASIL pelas costas e conseguiu... seu BRASIL gritou de dor acordando sua neta BADERNA... que vendo aquele tumulto, resolveu chamar na vizinhança a proprietária daquele imóvel, dona JURÍDICA. Mas dona JURÍDICA era uma velhinha muito fraca.. não enxergava direito... ficou muito assustada... não podia conter aquela cagada... então mandou a BADERNA chamar sua velha amiga... que morava um pouco distante dali... mas como era enorme de gorda e muito abrutalhada...ela demorou para chegar ao endereço da discórdia... era dona POLÍCIA... e quando se deparou com aquele caos... não contou conversa... desceu a porrada na BARDENA... esbofeteou a ORDEM... puxou os cabelos da HONRA durante meia hora... gritou... berrou... utilizou tudo quanto foi arma... terçado... enxada... facão... alicate... e vendo que seus esforços para ajudar dona JURÍDICA estavam dando certo... resolveu prender seu BRASIL na privada... e quando tudo se encaminhava para uma solução amigável, dona POLÍCIA deu fuga pra HONRA... pegou aquela propina da ORDEM... dona JURÍDICA que a tudo assistia ficou decepcionada com as atitudes de sua velha amiga... foi para um canto da sala e chorou copiosamente... então mandou sua amiga do peito dona POLÍCIA ir embora e resolveu de um jeitinho bem característico aquela parada... chamou os envolvidos e anunciou que não mais alugaria aquela casa... mas que daria um jeito de alojar todo mundo num famoso palácio que ficava às proximidades do evento... não era lá um verdadeiro palácio... mas tinha fama de ser bom pra caralho... quando todos perguntaram aonde era o novo teto... dona JURÍDICA apontou com o dedo indicador ereto na direção do FAMOSO PALÁCIO DOS BARES... que foi aquele puteiro usado no filme Bye Bye Brasil!!

(Dedicado ao poeta Luiz Carlos Barata Cichetto)

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Sou Metáfora...

Em permanente contágio mental em torno da minha loucura que me empurra para a tela, misturo-me com as cores, como se de uma floresta densa de ideias perdidas do meu ser inquietante se tratasse.Curioso, crio minuciosamente cada pincelada de prazer de onde emanam as coisas fingidas - surreais - para ganharem vida estática em cada tela saída do meu sonho.

E Eu?... eu sou metáfora de cada tela.

CARLOS SARAMAGOPORTUGAL

www.carlos-saramago.blogspot.pt [email protected]

Titulo: Devaneio ao Seio - Carvão/Acrilico- Dimensões: A2 - Ano 2013

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I Run

Título : Explosão de Amor65x50 - Ano 2013

Este sou Eu;Omitido em tantas atmosferas Marcianas,numa busca de confirmar a existencia de mim ...encontro meem lado nenhum.Tomo a atitude;mato me lentamente com pinçeis e tintasna ância de satisfazer uma "não-separação"entre o Homem e o Artista.Neste comportamento inusitadopresencio o começo.Atinjo o fim.

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CEMITERIAIS Se eute esbarroé porque somos criaturasex barroisto é, que viemos do barroda barrado sarroda porrado inúterodo cerne da carnee pelos vermesseremos devorados

WELLINGTON VINÍCIUSBRASIL

[email protected]

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EMANUEL R. MARQUESPORTUGAL

[email protected]

A FOME

No interior de um restaurante, junto a uma estação de serviço (bomba de gasolina), aberta durante toda a noite, um homem ainda de aspecto jovem e expressão cansada, entra e senta-se a uma mesa.

Empregado - Boa noite. É para cear?

Homem - Boa noite. Sim, é. Qual é o prato da noite?

Empregado - Hoje temos Melancolia à moda da casa, é uma especialidade, não sei se já provou…? Mas, se quiser, pode ver a ementa e escolher alguma coisa.

Homem - Não é preciso, obrigado. Sim, já provei a Melancolia da casa e é isso mesmo que quero.

Empregado - Boa escolha. Quer acompanhamento?

Homem - Relembre-me o acompanhamento, se fizer favor.

Empregado - Pode ser servido com Desilusão ou Frustração, como quiser. Com os dois fica mais caro, mas sai daqui satisfeito. É uma boa dose, bem servida.

Homem - Sim, pode ser com os dois. Hoje não quero poupar.

Empregado - E para beber?

Homem - Pode ser uma garrafa de “Falta de confiança”, fresca.

Empregado - Muito bem. Vou fazer o pedido e trago-lhe já a garrafa.

Enquanto o empregado vai buscar a garrafa e os utensílios necessários à preparação da mesa, o homem vai passando as mãos pela cabeça e a sua inquietação é claramente visível.Entretanto, chega o empregado com a garrafa e as entradas.

Homem - Desculpe, mas não me apetece começar já a comer. Pode levar as entradas.

Empregado - Vai dispensar este Pão de desconfiança com Paté de paranóia? Olhe que o pão é caseiro.

Homem - Pois, mas fico muito cheio e perco o apetite para o prato principal.

Enquanto prepara a mesa, o empregado mete conversa.

Empregado - Então, muito trabalho, não é?

O homem finge não ouvir, mas o empregado persiste com outra questão.

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Empregado - Está com um aspecto cansado e refeições destas a estas horas podem fazer mal, se não tivermos cuidado com o estômago.

Homem - Sabe como é. Quando não temos um horário fixo temos de nos sujeitar a estas instabilidades. É cansativo, mas o que é que se pode fazer? A necessidade assim o obriga.

Empregado - Mas já tentou mudar de profissão?

Homem - Não é fácil abandonar um emprego, ainda por cima com a elevada taxa de desemprego que estamos a viver. Não concorda?

Empregado - Hoje em dia temos de nos conformar a certas coisas se queremos garantir aquela certeza no final do mês. Mas também lhe digo, não nos podemos deixar adormecer, devemos estar sempre prontos a arriscar novas coisas. A felicidade e o bem-estar são demasiado importantes. O desemprego pode muito bem ser aproveitado para nos preparar para novas portas que se hão-de abrir.Nunca sabemos o que o futuro nos reserva, e mais vale caminhar e cair do que permanecer dentro do mesmo buraco.

Cliente - Tem razão.

O empregado sai. Ao balcão, um estranho homem, de meia-idade, nitidamente embriagado, entoa uma canção em voz alta.

Estranho - Quando o dia corre mal E os dias fazem um mês, Tudo parece anormal E só tu é que não vês…(repete várias vezes)

O estranho olha para o homem sentado à mesa e esboça um sarcástico sorriso. O homem finge não perceber, mas o estranho dirige-lhe a palavra.

Estranho - Amigo, só calha a quem joga. Todos querem o primeiro prémio, mas muitos também não sabem o que fazer com ele e perdem-se quando o têm.

O homem, sem passar grande confiança, responde.

Homem - Um bom prémio é sempre bom, mas não precisa de ser o prémio máximo. Basta o suficiente para nos podermos organizar, ter qualidade de vida e realizar alguns sonhos.

Estranho - Os jogos de sorte e azar têm destas coisas. Eu perdi tudo ao jogo.

Fala o empregado de balcão.

Empregado balcão - E ainda continua a jogar, mas agora é aqui com estas garrafas todas as noites, e não vejo o que possa ganhar.

Estranho - Cale-se homem, e pode ser que ainda ganhe uma gorjeta.

Homem - Com as desgraças de uns ganham os outros…

Empregado balcão - Mas todo o dinheiro é sujo, por mais bem-vindo que seja…

Estranho - E quem não tiver noção disso e não souber aproveitar é parvo. (Volta a cantar a mesma canção)

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O empregado traz o prato ao homem.

Empregado - Aqui tem.

Homem - Obrigado.

Empregado - Não tem de quê. Bom-apetite.

Homem - Pois, mas o apetite não é bom nem é mau… ou se tem ou não se tem.

Uma grande tela passa imagens do planeta terra, imagens do espaço, imagens de filmes de acção, cenas de guerra, imagens românticas, casais que se beijam, cenas de sexo, etc. Uma mistura de situações da vida.

O cenário é um hospital, no qual o homem está deitado, inanimado, numa cama, e ao seu redor estão dois médicos.

Médico 1 - Vai sobreviver, mas foi um bom susto.

Medico 2 - O que é que este teve?

Médico 1 - Um coração fraco e uma grande dose de Melancolia. É no que dão os abusos. Ainda por cima, enfrascou-se com “Falta de confiança”

Médico 2 - Fazem-me pena estas pessoas que ainda não se sabem controlar.

Médico 1 - Se não aprendem a bem, aprendem a mal.

Uma voz profere as últimas frases.

Fim? Claro que não. Esta peça não tem fim. A sua duração é a duração da humanidade. Enquanto existir o Homem, sensações, emoções, ilusões e perdições, o elenco desta história será sempre renovado, para belo entretenimento dos deuses. Na batalha da existência, que o Homem tratou de complicar, é necessário controlar os pratos da balança, pois nunca sabemos quando é que uma suave brisa se pode tornar em assombrosa tempestade.

Para o bem ou para o mal, e o que é o bem ou o mal, o intermediário de tudo é o Pensamento, esse jogador intermitente que nos segreda Vida.

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LA ESCADABRASIL

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ANA NEGRÃOPORTUGAL

[email protected]

Ana Negrão Nasceu em Lisboa no dia 27 de Fevereiro de 1980.

C o n c l u i u o s e s t u d o s secundários na área de Humanidades, tendo feito uma passagem pela Escola S e c u n d á r i a A r t í s t i c a António Arroio e pela Escola Técnica Psicossocial em Lisboa. No entanto viajou e trabalhou em vários países entre os anos de 1998 a 2001 , nomeadamente França, Suiça e Inglaterra.

As suas expe r i ênc i a s prossionais passam pelas formações em Animação Sócio cultural e Acção Educativa.

Desde cedo revelou aptidão para as artes. No seu p e r c u r s o , c o m o autodidacta, começou por fazer retratos percorrendo a s r u a s d e L i s b o a , dedicando-se igualmente à poesia. Mudou-se há cerca de 6 anos para o Concelho de Leiria, onde reside actualmente.

Dedica-se a duas grandes paixões, pintura, escrita e voluntariado com crianças e jovens onde transmite uma linguagem metafórica e de intervenção, sendo a arte o único caminho...tudo o resto vem da percepção e urgência que tem em construir algo que marque a sua individualidade.

GERAÇÕESTécnica mista sobre tela 50X60

As vacas pastam nos camposcalmasabsortas de animalidadeassim vivem certos homensmergulhados na verdadee sem nunca perceberemque mentira e dúvidaé quando batem a porta atrás de sie saem do seu habitáculopara debaixo do sole a verdade lá vai candocada vez mais para tráscertos homenscomo vacasabortos pastam verdades e saem...

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LABIRINTOTécnica mista sobre tela - 23X32

O nudismo é a forma mais sublimedos seres humanos se assumiremtal qual os homens sãoe quando o nudismo dá cadeiaisso só quer dizer que a verdade foi acorrentadae a hipocrisia continua à solta...

...sofro de não saberquando virá libertar-me a noiteesse dia longo e inconsequenteaquele que mais convéma quem faz da vida um fruto apetecidoconservado ainda preso ao sal deste mare que há-de ser qualquer coisa excepto um fruto!

VIBRAÇÃO CÓSMICATécnica mista sobre papel 400Grs 25X35

Abandono-me à minha fúriaaos gemidos ardentes da voz

driblo a dorsuspiro as rosas

beijo o sonhonuma cupidez estranha

onde faço tudotudo o que me apetecer

de todos os amantesno m

basta só que me amescom palavras de amar

e nada mais...

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ROSANA RAVENBRASIL

www.ravenshousebr.wix.com/[email protected]

R. Raven uma das fundadoras do grupo Ravens House Brasil que visa a divulgação no meio underground.

Fanzineira de carteirinha, artista plástica, escritora , desenhista, leitora assídua das revistas do Mestre do

Sonhar Sandman, além de grande admiradora dos escritores Stephen king, Neil Gaiman, Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe, Clive Barker, William Blake, entre outros

malditos maravilhosos. Edita a revista virtual Flores do Lado de Cima, dedicado a literatura e arte soturna e possui também várias páginas na internet dedicadas a divulgação

de arte, música, literatura... #~

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MARIANO VILLALBAARGENTINA

www.marianovillalba.com

I was born the 2nd of April in 1977 in Buenos Aires, Argentina. Self-taugth photographer and digital artist, I started to have interest in photography when I was 15 and I began to experiment whit digital techniques in Adobe Photoshop when I was 25.

I love manipulating images in order to create a surrealist style and I am totally convinced that Adobe Photoshop is the most wonderful tool invented to reach that results. Nowadays, I compete in the most important national and international photo contest such as Grand Prix Althani Awards 2008) Spain, Austria, France, EEUU, Poland, Italy, Australia, Belgique and Argentina; and I have received 300 awards and acceptance all over the world.

I have made photos for CDs covers Music Bands ,Haunted Houses ,Halloween events and Horror Films Festivals I also have had numerous publications in many photography magazines and catalogues, and I have participated in world fairs in Europe and Argentina.

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MARCO CREMASCOBRASIL

[email protected]

RECEITA

sangre alma a roupa rasgue a calma o verbo

desnude-se bote útero

então não mais escrevapinte borde sinta urre

MEUS AMIGOS MAIS EU

meus amigos mais euvivemos na escuridão

não somos convidadospara visitar castelos

somos odiadospor comer com as mãos

mal sabem quemeus amigos mais eu

estamos nesse negócio de versoresponsável por toda energia bruta

que molda cada treco do universo

ROCK ‘N’ ROLL

prometa-me, lho

não ofereça patêde fígado a abutres

vá com sísiforole pedras

SEDUÇÃO

tê-la tela inteira

sem moldurapura pintura

IDEOLOGIA

pessoas são números?pescoços são cordas?

sou da época do assombro

não da sombrinha

sou velho mas não sobrosou açúcar salobro

punhos são frágeismas agarro o vento

não sou apenas palavra

sou pensamento

VINHO

o que me embriaganão é a noite nem o luar

faz bailar os olhostremular a fala

e me deixa de pernas pro aré esse seu jeito de pinot noir

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BETI TIMMBRASIL

[email protected]

Beti Timm (Nua Arteira), 53 anos, é movida pela intensidade da

vida. Sua arte representa o momento e sentimentos que vive.

Suas obras são baseadas em corpos humanos, rostos e suas

expressões, imagens sensuais e envolventes. Nua Arteira, revela a si e aos outros nas suas pinturas.

O crayon, a acrílica, o nanquim aliado ao lápis de carvão é o

encontro da sensibilidade com a simplicidade. Trabalha com as imagens desde muito cedo. As

guras mostram uma artista em ascensão e inquieta, que se

descobre a cada instante.

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JOANA D’ARCBRASIL

[email protected]

SONHO DE IGUALDADE

Queria um mundo justo,mas nada faço para isso.E por nada fazer,o mundo se tornou um vale escuro,onde mães derramam lágrimas de sangue por seus lhos.Pois saímos de casa,sem ter a certeza que iremos voltar.Nossas crianças se transformaram em soldados do crime,que nos julgam e condenam,mas não podem ser condenados.Será que nosso sofrimento não terá m?Muitos chegam ao poder dizendo salvar o Brasil,são recebidos com ores.Mas logo esquecem os que o levaram até lá.Chega de algemas invisíveis,está na hora dos cérebros que pensam e dos corações que amam a liberdade,lutar por igualdade.

Joana D'arc nasceu em 6 de março de 1.986,na cidade de São paulo. Logo mudou-se para a cidade de Embu das Artes onde reside até hoje. Sua atividade literária começou aos 23 anos,quando publicou seu primeiro livro “Amor ou Obsessão”. Depois disso não parou mais. Suas outras obras são: Prima Facie, Arddhu,Solitude,Ilusão,Carpe Diem, Na estrada da vida, Poesias e Sob o Luar. Todos publicados pelos sites AGBOOK e Clube de Autores. Foi indicada duas vezes ao Prêmio Shorty Awards e cou no top 100 do Prêmio Top Blog 2011.E participou do 2° Prêmio Clube de autores de Literatura Contemporânea. E participou do Concurso Peixe Grande.

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FABRICIO SCHMIDTALEMANHA/BRASIL

[email protected]

Meu nome é Fabricio Schmidt, nasci e cresci na Alemanha e moro no Brasil desde

2007. Eu sou fotógrafo e artista visual e participei em eventos e exposições

coletivas e individuais em Blumenau, Timbó, Indaial, Pomerode, Florianópolis,

Ribeirão Preto e Viena na Áustria.

Meu foco principal é a utilização e o processamento de fotos em

fotomontagens, colagens e instalações, mas também em processos alternativos de

impressão. Um desses processos alternativos de impressão, que eu uso, é a

técnica de palimpsesto. Por exemplo, na série “WIRRWARR 08/15” eu imprimi duas

fotos, que eu tirei de uma moça em uma praia de Floripa , no papel usado como

velho dinheiro (que não tem mais valor), uma mapa de Berlin, papel gráco, cartas

e páginas de livros.

Assim eu quero mostrar como a vida é fugaz, que as coisas mas também as

pessoas se mudam durante a sua trajetória; que as coisas, mas também as

pessoas tem várias camadas que são colocadas sobre velhas camadas. Mas você

sempre pode ver os rastros das camadas do passado, nada ca esquecendo.

"Palimpsesto designa um pergaminho ou papiro cujo texto foi eliminado para permitir a reutilização. Esta prática foi adoptada na Idade Média, sobretudo entre os séculos VII e XII, devido ao elevado custo do pergaminho. A eliminação do texto era feita através de lavagem ou, mais tarde, de raspagem com pedra-pomes. A reutilização do suporte de escrita conduziu à perda de inúmeros textos antigos, desde normas jurídicas em desuso a obras de pensadores gregos pré-cristãos. A recuperação dos textos eliminados tem sido possível em muitos casos, através do recurso a tecnologias modernas." (fonte: Wikipedia)

“WIRRWARR” signica caos, anarquia, contra qualquer hierarquia, não seguir as convenções, substituir o status quo."08/15" signica algo normal, nada de especial, padronizado, média, medíocre, preparado sem cuidado e nada vale a pena

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DAVID BEATBRASIL

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NOSSOS CORPOS

O teu orgasmo é Tesão acumulado Eu lambuzo minha boca No teu gemido alto

Na orgia de nossos corpos Deixo arder os desejos Que a tua boca anseia No desespero louco, porra!

Já é tão tarde em nossos sonhosDespenteio os teus sussurros longosCavalgo os teus contornos

Tudo lento, som rolandoTudo rolando nossas bocas Gritando prazeres...

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PAULA STROOBANTSBRASIL

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JOSÉ LUIS BUSTAMANTEMÉXICO

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Bosquejo Inmemorial 2012, Óleo, Hoja de Plata S/ Tela , 170 x 140 cm

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Custodia Espiritual 2012, Óleo, Hoja de Plata S/ Tela, 170 x 140 cm

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Serie Cuerpo y Espíritu 2013, Óleo S/ Tela. 110 x 100 cm

José Luis Bustamante,es un pintor, donde sus pinturas traen el valor total de un tesoro arqueológico. Cuenta la historia de una nación, un pueblo - nuestro " Ancestral" enAmérica del Sur.Un viaje a la armonía espiritual de colores,conocimiento del universo, el concepto de tiempo,la arquitectura y el espacio .. En uno de sus cuadros que define muy bienla titulación de la obra..."Allá de mi .." Sus pinturas son un poema..

El Santo Retablola madre tierra,el agua, el fuego, el aire y "Akasha" son la Sencillezen armonía.

La llave que abre "Tulum»tiene la Elegía Blanca,la Geometría Suprema,las ventanas que se abren a la lunaen el Renacimiento de la Luz

La Esfinge,en la Piedra del Solhabla de la Tierra de los Dioses,y su Fuego Ancestral.

Signo y Espíritu,Secreto en la Oraciónson la nobleza de "Copan»y escribir el HechizoPaisaje del silencioen el Espíritu de la Abstracción ..

En su "Secreto Espiritual»un Poema del Alma , "Allá de mi .."en la Supremacía de la Luz.

En la Manos del artistareborn primera partículaque creó el Creador ....

pequeño embriónEl conocimiento de todosPasen las ventanas colores claros ...y sus ojos brillaron diferente.

Todos somos UNOun cosmosuna partículauna esenciauna menteuna cuestiónunaSecreta Oración

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IAN ROCHABRASIL

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JAIME RAFAEL MUNGUAMBE JÚNIORMOÇAMBIQUE

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Jaime Rafael Munguambe Júnior, nasceu em Maputo, 27 de Outubro de 1991 é estudante do curso superior de Serviço Social, na Universidade Eduardo Mondlane. No limiar da sua mocidade teve como ponto de partida a música que foi apenas um barco de travessia que o levou ao encontro da poesia noutra margem, começou a manifestar os ritos literários quando descobriu as vestes que as palavras punham na solidão do quarto silencioso através de leituras rudimentares espontâneas. Até os dias de hoje escreve textos diários.Contribui na “gaveta”, jornal local., colabora na Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona “Literatas” onde trabalha como colaborador editorial espontaneamente, é membro do Movimento Literário Kuphaluxa no Centro Cultural Brasil Moçambique, onde exerce a função deliberada de gestor de actividades culturais ..

BOÉMIOS

Os ninhos tecem pássarosnos ventos que ficam na memória da tarde...Jamais os ventos pressagiamsobre as antemanhãs por devir...

INEXISTENCIA

Não existo senão nesta cadeirafeita apenas de versosvem sentar-te aquibem ao lado deste amor parasitaque me suga viciosamenteE só me larga na hora imprópria!

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TONI, LE FOUBRASIL

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THINA CURTISBRASIL

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MENELAW SETEBRASIL / ITÁLIA

www.menelawsete.com

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CARLOS A. BRASIL

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NOME: Carlos A.FUNÇÃO: Escritor independente e colaborador de sites e Blogs sobre música independente.BIO: Carlos Alberto Da Silva nasceu no Rio de Janeiro, no dia 10 de Novembro de 1972. Foi participante ativo nos anos 90 como colaborador de vários zines (Fanz, Pinneapple Popsicle,Hate, Feira Moderna Zine, entre outros). Nos anos de 2000 a 2005, foi baixista de uma banda de rock chamada Lonely Ann. Atualmente é blogueiro no site www.delriosuburbano.blogspot.com.br e colaborador do site www.feiramodernazine.blogspot.com.br. Está com seu primeiro livro publicado desde 2012,no caso, o Delírio (Sub)urbano - Crônicas, Poesia Livre e Outras Letras pela Editora Agbook.

TAPE REC

Sempre achei que Naomi era bem introspectiva, em tudo, até no dia a dia. Num determinado momento ela estava lá, num canto da sala, cabisbaixa ,bebendo seu Martini Rosê, assistindo a "Conta comigo" pela centésima vez. Em outros, estava saciando a sede com tônica, rindo de Charlie Harper num episódio de Two And A Half Men, pela tv a cabo.

Foi mais ou menos assim comigo e com ela. Houve dias de calmaria, e houve dias de turbulência. Houve o início, e houve o fim. Houve o Retorno, e houve o descaso. Parametros alterados.

Em dias ensolarados, sua presença me agraciava. Sua voz soava como a mais doce melodia criada, desde "Everybody Hurts" do REM. Sua figura nua em minha cama, era como a Monalisa dos meus sonhos mais intensos e molhados. No beijo salivava o mais puro néctar dos Deuses. Dias de Sol.

Mas aí veio o dia cinza, o qual eu jamais esperaria ver. Os beijos se tornaram insípidos, o simples falar era finalizado com um "sim","não" ou "talvez". Olhares desencontrados. Flores para um longo inverno.

Me perguntei ao final o que fiz, por estar ali naquela situação, de mãos atadas, esperando o veredicto, como o prisioneiro se dirigindo a cadeira da morte. Foi quando ouvi ela dizer "Não é vc, sou eu. Amanhã venho buscar minhas coisas. Pode ficar com o dvd do Radiohead.

Mesmo contrariado, depois de algum tempo, vi que Naomi estava certa. Não há erros, nem meus, nem dela. Há um ciclo fechado, em que as coisas se iniciam, e não se finalizam da forma que queremos ou julgamos certo. Nós que ficamos esperando um "comercial de margarina" no dia seguinte, sem nos preparar para o pior. Como quando dormimos e sonhamos, e no meio do sonho despertamos. Mas a vida continua e o dia se inicia, mesmo fora desse sonho.

É de manhã. Acordo com o barulho da campainha. Me levanto a passos largos e vagarosos, tentando encaixar meu olhar no olho mágico da porta. Do outro lado está Naomi, com uma bolsa aparentemente vazia á mão. Abro a porta.

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-Desculpe se acordei vc, mas só pude vir agora pela manhã.-Tudo bem, já era hora de acordar-disse eu, num tom hipócrita.-Posso entrar?-Sim, claro.

Naomi entra e já vai direto ao quarto, pegar suas coisas e colocá-las dentro de sua bolsa. Roupas, Botas, cds. Tudo é colocado dentro daquele abismo de couro.Em meio a tudo aquilo, ela pega o "Fuzzy" e diz:

-Se quiser poder ficar com esse cd do Grant Lee Buffalo.Gosto de algumas músicas dele apenas.-Ok...-Mas faz um favor prá mim?Dele,grave "The Hook","Fuzzy" e "America Snoring",e tb as 4 primeiras faixas daquele bootleg do Pearl Jam que vc tem,que quando eu voltar pra pegar meus livros,pego o cd gravado tb.-Tudo bem.No fim de semana,pode vir buscar.Pensei que vc curtisse o Grant Lee Buffalo.Me recordo na época, que vc passou o dia inteiro pedindo de presente á mim.-É que agora estou mais numas de curtir World Music,David Byrne,Vc sabe neh?-Entendo...introspectiva...-Disse eu,sorrindo.-Mas Grave numa fita k7,pois meu carro não tem cd player,como bem sabe.Naomi fecha sua bolsa,olha prá mim,me beijando tenramente.-As coisas vão se acertar...tanto prá mim,quanto prá vc.Mas temos que seguir separados.-Como dizem as pessoas,é um novo ciclo na vida-disse eu, incrédulo,mas sensato.

E lá se vai pelo corredor a pessoa que dividia as alegrias,tristezas e aluguel do apartamento.Pode parecer,mas não sou frio a ponto de entender tudo isso.Sô não quis que Naomi me visse meio que prá baixo.Coisa de homem.E como dizem as más línguas,há sempre algo de bom e ruim que se tira nessa história,por enquanto é o momento "down" de tudo,em que os dias passam,e vc vai tentando se acostumar com o novo modo de vida que viverá.Mas passa.Por enquanto o que me resta é curtir meu bode,lembrar de tudo que rolou com ela,tipo um "best of mental",e depois disso,sentar no sofá,ligar o REC do tape Deck,e gravar o cd que ela pediu.

O título do k7 em mente? Sim, tenho.

Músicas Bipolares...

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JOANNA. FRANKOBRASIL

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numa curva da linha do tempo..a rua onde eu brincavaa casasólida, acolhedora,as prateleirase os livros que eu um diafiz minha primeira viagem.Deitada no tapete eu lia.,os sonhos crepitavam como o fogo da lareira..a sala imensaem desnível,que aos sete anos ,de patins eu corria,fazendo volta na grandemesa de mármore,onde no jantar a família se reunia..num intenso momento de ser.meus avós,meu pai, minha mãemeu irmão....

"da luz noturna a claridadeo pranto jorrou-me em ondas,uma ilusão gemia em cada cantoe chorava,em cada canto uma saudade»

no meu mundo hoje,não há espaço para ser sentimental.,mas, aqui,encontrei gente que escuta,gente que eu adoro escutar,que fala, escreve e pensa,em cores e "letras»Agradeço a todos vcs pelo respeito e carinho,agradeço a esse espaço, onde um idealizadorum cara que não tem medo de ser sentimental,faz força todos os diaspra gente continuar sendo,fazendo, sonhando e tal....Obrigada a você Luiz Barata.meu carinho e respeitoobrigada amigos meusobrigada a Pi2, essa revista ,que nos acolheu...

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"meu nome é Lúcifer, aquele que porta a luz!"

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DAVID COELHOPORTUGAL

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Seu nome David Samuel Simões Coelho, nasceu na cidade de Torres Novas - Portugal, na freguesia de S. Salvador em 1979. Estudou até ao 9º ano na Escola Secundária de Alcanena, onde viria a ser reconhecido pelos professores de Artes Visuais, como tendo um dom inacto na área do desenho. Tendo sido inicialmente um hobby, hoje apresenta-se como artista emergente, na área do surrealismo, neo-surrealimo e hiperrealismo, tendo como principais influências, Albrecht Durer, Diego Velázquez e Salvador Dalí. Tendo já participado em exposições colectivas desde 2011, actualmente elabora retratos por encomenda a grafite/carvão e a pastel seco e presta serviços em design gráfico. Mas é no desenho que se encontra com ele mesmo, na busca do conceito ideal, pois é na concepção que despende mais tempo. Ele deseja que os seus trabalhos suscitem reacções nas pessoas. Muito atento à actualidade, ele transcreve situações sociais e pessoais para o papel, nunca perdendo de vista os artistas que o fizeram despertar para a beleza do desenho!

Título - A CURIOSIDADETécnica: Lápis Grate Sobre PapelDimensões - 42 x 30cmAno - 2011

Título - MARIA PÉ-LEVETécnica: Lápis Pastel Seco Sobre Papel texturado Com TomDimensões - 42 x 55cmAno - 2013

Título - CAVALOTécnica - Lápis Graphitint sobre Papel Com TomDimensões - 35 x 50cmAno - 2012

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GIOVANI IEMINIBRASIL

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Giovani Iemini é candango, gestor cultural e livre pensador. É mentor do Bar do Escritor (www.bardoescritor.net). É anarquista, ateu e embriagado por conhecimento. É formado em História pela Unb, cursou Engenharia Florestal e Direito. Trabalhou como professor, bancário e servidor público. Foi Escoteiro da Pátria. É pai do João Carlos. Ainda não viajou pelas estrelas. Foi publicado na coletânea Todas as Gerações – o conto brasiliense contemporâneo, de 2006 pela LGE Editora; na revista anual da Academia Cachoeirense de Letras de 2005, 2007 e 2008; na antologia poética Valdeck Almeida de Jesus de 2008 e em diversos sites da internet. Publicou os livretos Zine Bar do Escritor e Casos de Mão Branca em 2007, Mão Branca em 2009 pela LGE e A Balada de Alessandra em 2009 pela Mojobooks. Participou das antologias poéticas do Guará em 2009 e 2011. Organizou quatro antologias do Bar do Escritor em 2009, 2011, 2012 e 2013. É verbete no Dicionário de Escritores de Brasília, de Napoleão Valadares, edição de 2012. Membro da Academia de Letras de Brasília. É o gestor do projeto Brasília é uma festa – concurso de literatura - 2012.

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O BRADO DO ÚLTIMO BARDO BÊBADO

Defino-me como anarquista, que quer dizer “contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita”. Sou adverso às instituições, principalmente o Estado e a Igreja, pois ambos foram invenções humanas para ordenar e controlar as populações, às vezes até intuindo a melhor convivência entre as gentes e a evolução civilizatória, contudo, ambas desgarraram-se da pretensão original e, por conta de dirigentes gananciosos e especuladores, descambaram para o abuso do poder.

Qualquer abuso, a meu ver, é intolerável.

Como anarquista, entendo que não é preciso haver leis ou dogmas, tampouco lideranças, para o alcance do bem comum e da felicidade intrínseca. Basta a percepção de que somos parte de um mesmo ecossistema e uma boa compreensão da necessidade de respeito mútuo e amplo auxílio.

É uma questão de educação.

Mas não esta educação formal que ensina química ou português (conhecimentos inúteis, caso a ocupação profissional não os exija), mas aquela apregoada pelos governos militares e hoje tão desprezada por democracias esquerdistas: moral e civismo (civismo aqui tendo como Estado a espécie homo sapiens).

Mas entenda: não é a moral militar, tampouco o civismo defensor de algum lado maniqueísta.

Falo da moral planetária humana, absoluta e fraterna, que reconheça o outro como u irmão, que entenda as diferenças intelectuais e físicas como força biológica e não fraqueza usada para exploração. Que veja as mensagens religiosas de respeito ao próximo de forma irrestrita, sem opor-se a culturas e interesses, além de não buscar para si vantagens pela detenção de poder.

É um civismo sem separações por pátrias, economias, línguas ou tradições históricas. São as atitudes e comportamentos defensores de práticas fundamentais para a preservação e a harmonia do bem estar entre os homens, esses companheiros de mundo humanos.

O termo humano é autoexplicativo da nossa condição de iguais.

Se somos todos humanos, e nos respeitamos, podemos ser livres, escolher nos unir ou não a grupos de similares para facilitar nossas necessidades. Queremos coisas diferentes, únicas, personalíssimas, devemos conquistá-las cada um ao seu jeito. Individuais.

A única proibição é o abuso.

Mas se tem proibição, mesmo assim é anarquismo? Sim, anarquista é contra a ordem que não seja livremente aceita. E todo anarquista é um ordeiro, entende que é o principal responsável pela socialização consensual que é o entrevero dos homens. Como diz o brado do último bardo bêbado: anarquia sim, bagunça não.

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FERNANDO FIORESEBRASIL

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Fernando Fiorese, poeta, escritor e ensaísta, reside Juiz de Fora (MG), onde exerce o magistério superior na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Dentre outros livros, publicou Corpo portátil: 1986-2000 (reunião poética, 2002), Dicionário mínimo: poemas em prosa (2003), Murilo na cidade: os horizontes portáteis do mito (ensaio, 2003), Um dia, o trem (poemas, 2008) e Aconselho-te crueldade (contos, 2010).

MICRONARRATIVAS DE FERNANDO FIORESE(Do livro Breviário, inédito)

As narrativas menores – minicontos, microcontos ou nanocontos, conforme se queira –, que compõem Breviário, estão sendo publicadas, semanalmente, desde o dia 10 de novembro de 2012 no blog Corpo Portátil – http://corpoportatil.blogspot.com.br –, salvo algum contratempo ou passatempo mais ao gosto do autor.

EM SEGREDOEssas coisas a gente não diz. Nem em confissão. Não adianta. Melhor esquecer e nunca mais olhar no espelho.

MULHER SEM SOMBRAEu vinha pela rua de trás e ele na esquina, fingindo que fazia hora pro almoço. Um disparate me olhar daquele jeito, pleno meio-dia. E ainda teve o desplante de me chamar. Tem hora pra tudo nessa vida. Por que não aparece lá em casa mais à noite? Aí a gente conversa na sombra.

QUARTO DE SUICIDAFui lá ver. Um quarto sozinho, sem nada que pudesse fazer a ruína de alguém. A não ser que tivesse coisa debaixo da cama.

VERGONHAVocê é você mesma. E não podia ser outra. Até que eu gosto das suas facilidades. Mulher só serve mesmo pra essas porqueiras... Mas tenha modos. Porque tem dia que nem a bebida derruba com as vergonhas.

SOROCO– Fossem parentas minhas, mandava pra Barbacena.– Fala assim não, homem, que até as pedras doem.

PALAVRAPalavra não quebra osso, mas cava fossos na alma da gente. Agora que ele morreu, posso contar o que me disse naquele dia. Só não sei se encontro a palavra.

PERDIDASAparecida é uma. Das Dores, outra.

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BIBLIOTECADestes livros todos sei, até o silêncio. Mas eu gostava mesmo era de escrever de onde o Brás Cubas.

BAILEEu fico muito bobo demais com a beleza das moças.

OPERÁRIOTenho 59 e nunca olhei pra trás. Pego qualquer serviço, de menos matar criança e moça.

VELÓRIOFui não, pensei de não aguentar. Agora mesmo todo mundo deve estar comentando. Esse povo quer ver coisas onde não há. Ele era um irmão pra mim. A gente não se falava porque nunca precisou.

CÂNCERDe que adianta agora ter olhos verdes?

BILHETE DE ADEUSVolto mais não. Cansei de ser eu mesma. Quero uma vida de fotonovela.

CAUTELAHoje em dia, a gente tem que ter muita cautela com quem põe dentro de casa. Sabe-se lá a criação dessas meninas! É botar limite logo no primeiro dia. E rezar pra elas não encontrarem diversão com os nossos.

ERA DO RÁDIO (Ao José Luiz Ribeiro)E nunca mais me repita esse disparate. Aqui dentro de casa, não! Tem cabimento? Seu pai se matando no armazém, eu gastando as vistas na costura... Tudo isso pra quê? Pra mocinha ficar repetindo que quer ser empregada da Emilinha Borba?

AMOR DE PAIEle tem uma coisa com aquelas meninas... Até demais, dizem. Por mim, não. Que eu não sou de maldar amor alheio. Além do que, são dele.

IRMÃOSQuando ele tirou o revólver da cintura, pensei: “Mais uma tragédia”. Que nada, queria apenas mostrar o que podia e não fazia em respeito ao finado pai.

FORA DO ÁLBUMEssa foto nem devia estar aí. Ele escolheu a Lapa, a jogatina, as mulheres. Escolheu até mesmo a morte besta que teve. Nunca fez um nada pra merecer a ordem e o eterno dessas páginas.

EM FAMÍLIAA própria mulher abriu a fila. Após e breve veio a filha mais velha, descabaçada parece que pelo vizinho de parede-e-meia. Em seguida, as três menores, como fosse a ordem natural das coisas. Quanto a ele, dizem que não deita com nenhuma, com ninguém. Quase um padre. Pro seu gozo, basta o dinheiro minguado que vem da carne parente.

BATEU EM FILHO MEUFizesse comigo e a afronta não era tanta. Direto contra ele, nada. Exceto as pragas que um pobre coitado como eu pode rogar. Num silêncio tão grande e pesado que, do cavalo que ele adorava exibir aos amigos, ninguém ouviu os relinchos de quando cortei à foice as quatro patas.

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FABIANA MENASSIBRASIL

[email protected]

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KAROLINE FERREIRABRASIL

http://[email protected]

EU ME RENDO

Olhar nos seus olhos, contemplar sua almao mundo para enquanto ouço sua respiraçãoO ar quente da sua boca em meu rostome convida a conhecer de perto seus lábiosQue sabor tem?

Mas não consigo parar de olhar seus olhosalgo neles me chama a atençãonão consigo decifrar seu olharme encara com tanta veemência...

Depois de um bom tempocomeço a notar suas delicadas feiçõesComo eis bela!Perfeita!E seus olhos...Não consigo dizer não... então,não me negue!

Entretanto, não fique brava se eunão conseguir fechar meus olhosenquanto provo do sabor da vidaque povoa seus lábios e sim, é docedoce e venenoso como a picada de uma serpenteque te hipnotiza enquanto te devora, a sedução é a sua arma e eu... sua presa, eu me rendo!

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SOFIA RIBEIROPORTUGAL

[email protected]

Nasceu em Lisboa, no dia 24 de Dezembro de 1965. Filha de poeta, desde sempre cresceu numa atmosfera artística através da Galeria e Livraria dos seus pais, lugar onde conheceu artistas ligados aos mais variados quadrantes da arte, nomeadamente literatura, música, teatro, artes plásticas e cinema. Concluiu os estudos secundários na área de humanidades e a sua curiosidade levou-a a seguir um percurso onde o restauro de antiguidades ocupou doze anos da sua experiência prossional.

Mudou-se há dez anos para o Concelho de Leiria e, reside actualmente na Batalha. Decidiu há cerca de três anos, tempo que considerou oportuno, alimentar o sonho e lançar-se a sós, e de uma forma apaixonada e, como autodidacta ,seguir um inquietante desao pessoal na escultura e na pintura.

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Sobre ÁguasTécnica Mista Sobre Papel - 25X30

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Uno do Amor - Técnica Mista Sobre Tela - 40 X 80

Do AmorTécnica Mista Sobre Tela - 50X70

Inconsciente ImortalTécnica Mista Sobre Papel - 30X40

Rimbaud: Uma Temporada noInfernoTécnica Mista Sobre Papel - 30X34

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MARIO FRESCOCANADÁ / PORTUGAL

www.artmajeur.com/[email protected]

Mário Fresco, nasceu em Toronto a 16 de Maio de 1976, ainda criança, veio para Portugal, passando grande parte da sua vida no distrito de Coimbra, onde se tem inspirado para a concretização da sua vasta obra, já referenciada em vários livros de Arte, com representações em várias colecções particulares, nacionais e internacionais (França, Alemanha, Grécia, Itália, Espanha, Estados Unidos da América, Canadá, Japão e China).

O artista Fresco, concluiu o curso de Desenhador Projectista na EPVL da Mealhada, frequenta o curso de Comunicação e Design Multimédia na Escola Superior da Educação de Coimbra e tem o curso de Acção Educativa, onde desenvolveu a elaboração de livros para crianças. Para além da participação em vários ateliês de pintura, escultura, fotograa e apresentações multimédia e colaboração na área de arquitectura, é membro activo de várias associações onde realiza vários workshops entre outras actividades.

Arma-se como autodidacta visto que demonstra uma grande paixão e interesse desde criança por todas as ramicações da Arte com principal atracção para as artes plásticas.

Ao longo da minha vida, tenho vindo a desenvolver um espírito artístico muito próprio baseado no constante admirar de tudo o que me rodeia. E arredores!

Assim, apaixono-me por vários conceitos artísticos e crio diversas linhas estéticas a m de expor os múltiplos caminhos dos meus “EUS”Seguir o instinto da Arte como linguagem universal é o que me interessa em cada peça.

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A arte da consciência pode não ter coerênciaSignifica o Significado por vocês dado!!!!!!!!!

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DIONES NETOBRASIL

[email protected]

AQUELE QUE NUNCA PARTIU Quando cheguei, ouvi o som delicado de meus gritos e choros, lamentando ter saído do limbo aconchegante, mas minha hora chegou e até mesmo para o momento de vir a esse mundo tem um dado momento, primeira sensação é que está só, um mundo todo, e ora tão único para mim, sem escolha... estava embebido em um liquido plasmático e que mostrava que havia chegado, ao passar o tempo se cresce e se vê muita coisa mas o que me é muito curioso é que datei tudo, gravei tudo, lembro dos sons e cheiros, o mundo girava e me passava com olhos eternos, amei e odiei, mas estava tudo datado, um novo mundo por trás de cada pessoa, um novo sentimento por trás de cada ser, expressado em avidez, tristeza, devassidão, submissão e o jeito de ser humano, o mundo mostra como as coisas funcionam ao seu redor e deve girar como ele para não ficar tonto e te atropelarem, as batidas do seu coração também datam os eventos e te tornam mais velho, contudo não a mim, falo por experiência própria, já vi os sorrisos, e choros, lamentos e gargalhadas necessários esses para composição de um ser, o tempo em si, ele mesmo danado e arteiro, só teve uma coisa que esqueci de lembrar, de morrer ... e hoje permaneço aqui esperando o momento de morrer, a chance que me escapou a não sei mais quantos tempos atrás, uma pena lamentar isso pois não vi nada de novo em todas as culturas, todas nascem e destroem o mundo da forma que querem mas com o mesmo caminho desde o inicio ao fim, os deuses são os mesmos, o dia do juízo final também bate como martelo, tristemente é um mundo sem respostas e apenas enigmas, seria esse o doce de viver, contudo de uma coisa tenho certeza não esqueci o nome do pai e da mãe... aquele que nunca partiu fui eu... esqueci.

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AYAM UBRÁIS BARCOBRASIL

https://www.facebook.com/[email protected]

Nascido em Salvador no dia mundial dos trabalhadores, criado em Ipiaú e pelas estradas do Brasil, Ayam Ubráis Barco é iniciado nas artes plásticas ainda na infância pela sua avó materna, Maria Filismina, para fazê-lo parar as traquinagens.Sabiamente percebendo que ele era invocado com os lmes de índios e caubóis, fez uns rabiscos e lhe mostrou. O neto, encantado, herdou a caneta de sua avó e as traquinagens viraram desenhos onde sempre os caubóis eram os bons e os índios, os maus.A avó disse: - Não devemos acreditar em tudo que diz a TV... Os índios estão se defendendo... ¿E se quisessem invadir a casa de vovó? Lançado o questionamento e conito, o neto, confrontado, herda da sua avó uma ferramenta de trabalho fundamental: a consciência.Daí, ao longo de suas naveganças, parte das traquinagens e conitos foram convertidos nas Filisminogravuras (homenagem á sua avó).Ayam Ubráis Barco tem como aliados pro desenho, a caneta esferográca, papel cartão e betume. É com eles que desaa a si próprio e ao mundo.Além de desenhador, Ubráis é cantautor e compartilha no tempo de agora seu primeiro disco: ¡Partir O Mar Em Banda!https://soundcloud.com/ayam-ubrais-barco

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Projeto: AfroFilisminogravuras: Um Olhar sobre a Comunidade Quilombola Porto de TrásFoto & Desenho: A Ponte da Sabedoria

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EDUARDO AMAROBRASIL

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Um jovem escritor apaixonado pelas possibilidades da palavra, efetuando a multiplicação de sentidos a que são chamados todos os poetas, por meio de palavras-uxo, que nos remetem a tempos vários da condição humana. Encontramos na poesia de Amaro, não só temas que nos levam de volta à caverna (da qual parece que nunca saímos), mas também nos fazem comungar com o mundo e as emoções computadorizados, elaborando uma rede de sentidos em que a máquina surge como uma metáfora do homem e em que uma ousada linguagem high-tech convive com um precioso vernáculo.Essa dimensão cibernética, todavia, está posta ao lado de uma cálida visão bucólica do mundo, além disso, preza imensamente o mundo clássico e, com ele dialoga continuamente, remetendo o leitor, muitas vezes, a gregos e romanos.Um poeta múltiplo, que dá voz à solidão cósmica – de Ícaro e de todos nós – e nos brinca com poesias que se revelam sínteses líricas possíveis da experiência contemporânea, moldada pela presença de temas atemporais.

MY SWEET DEADLY NIGHTSHADE

My eyes travel all over your eyes,they go into the darkness and flyamong the deeper mist of the being.The vanity to vanish and redeemthe older feelings, throw a witheringlook across the empty gray sky.I want to find our secret past, I don’t care if I’ll fightagainst the time, the loneliness in the stormy night.I wash my tears, I drink your hope, I’m running fastto get your green touch in my wet skin, before I passI will wander in the dumbness of your share,I will watch you every night, my dear deadly nightshade,and on the right time, I’ll drink your green bloody mindI will watch you every night, my dear deadly nightshade,and on the right time, I’ll drink your green bloody mindI want the reason of who lives without reason,I want the cruel beauty of your dangerous soul,I see your dammed smile in an eternal second,in my memories, it seems like a blank hole.Just like an automaton, my poisoned handgropes the mystic sky. I look at the chestof my inmost disillusion, my sad face of sandsearches my fool love, I make it the target.I will wander in the dumbness of your share,I will watch you every night, my dear deadly nightshade,and on the right time, I’ll drink your green bloody mind.

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THIAGO DOMINGUESBRASIL

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CUPINS

Cupins são seres de carne e osso. São seres milagreiroscomo o canteiro de margaridas que atravessa o diao passo e o atraso das sombras,para ser caminho de compaixão aos homens.

Um cupim andou pela cidade em sonho.Escovou os dentes e lavou o rostonunca tomou café com cremenunca usou xícaras , porcelanas nunca comeu pão com queijo branco e peito de peru.

Cupins,seres de córtex complexode intensa atividade sináptica tomaram café da manhã nas ruas: comeram a manhã limitada.

Eu viantes dos jornais baterem às casasantes do padeiro preparar a massaantes do sono sair da camaeu vi.

A noite era macia porque tinha ordemos cupins então implodiram a violência com ternura: se algo deve ser destruído que comece por dentro.

A existência precede a compreensão da consciência.

Existir é estar dentroe as vezes acarreta em cicatrizes.Não é evitar a quedao tombo ou o susto.De tudoainda fica a alma. De necessidade superadao que mais precisaria?

Os cupins destamparam o silêncio e a voz ecoouátomos que constituem a história em átomos de história: vitoria! Não há o que ser ganhoporque o medo foi deposto.

Não não seja pessimistaa fé hoje mora na rua, na praçanão só no santonão só na missa.

Foram os cupins que resgataram as palavras censuradaseles tiraram o pó da históriasabes que nem sempre foi assim.

Cada passo transformou o distante em presenteagora todos falamtodos querem a falatodos precisamos da fala.( Somos seres de fala e osso)Então por que a revolta com os que falam? Ainda ecoam vozes de um tempo colonial são vozes barulhentas. Pode um homem viver com o gosto do silêncio guardado na boca?

São gerações de silêncio agora soltas pelo mundocomo um nascimento que aguardava em quase mofoa hora certa de viver. Tenha calmaos cupins romperam a corda do desencantohaverá indecisãotalvez curiosidade ( são as marcas de um tempo novo!)notícias (falsas) de superfície mas, os lábios gritam e já cantam uma cançãofizemos irmãos de um apelo novo: não haverá retrocesso no Amor.

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Não há espaço para o ódio quando falamos em humanidadeessa é a mais humilde das verdades.

Simainda há bocas que mastigam caramelos belgase bebem vinhos de Portugal.Tenha calma com elascada um sofre com o que tem direitocada um se embriaga enferrujando o peitoconfundindo direito e esquerdo.Ignorância é a velocidade de querer ser tudonão tendo todos.

A esperança é o princípio do povo.No mapa eu vejo as cidades: alegria como princípio da organizaçãoalegria como mobilização nacionalalegria de uma convicção sem isolamentoalegria como oposto ao carnaval.

Cupim não devora armário sem excesso ou estagnaçãoforam eles que transformaram túmulos em arenaslegitimaram o espaço em canto geral: não é de espetáculo que estamos falando.

Viveremos.

SONETO ENCONTRADO

Sábias palavras de pés descalsossaudam-me timidamente.O esquecimento se foi em pedaçosnão há mais vida indiferente.

Em um momento,escreve a mão que treme,a gula se fez barriga do esquecimentonão considerou o apito, a sirene.

O aviso é rascunho da ambiçãonão esquece a boca e falaa prudência cala a falta de ação.

Desfez a pátria e a mansãodo mar, levou as ondas não a águapara fazer do mundo, abrigo do coração.

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GENECY DE SOUZA SILVA BRASIL

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CEGOS À PROCURA DA PORTA DE SAÍDA

De uns tempos para cá não há atitude politicamente mais incorreta do que contrapor-se à nova ordem política e social estabelecida em primeiro de janeiro de 2003, com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder, através da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o líder sindical carismático e sem curso superior, de origem humilde e vítima das muitas mazelas sociais existentes desde que o Brasil é Brasil. Lula identificava-se com povo, e o povo com ele. Falavam a mesma língua. Desde as célebres greves no ABC paulista nos anos 70, ainda durante o regime militar, que o discurso fácil, franco e direto do torneiro mecânico foi conquistando também corações e mentes de integrantes de outras camadas do estrato social brasileiro, como intelectuais, artistas, profissionais liberais, enfim, Lula teve (e ainda tem) uma base de apoio que impressiona por sua diversidade. E foi essa diversidade que garantiu ao sindicalista seus dois mandatos consecutivos, além da eleição de sua pupila Dilma Rousseff, que, ao contrário de seu mestre, possui o carisma de uma ostra. Ainda assim, não sem dificuldades, Lula, escudado por altos índices de aprovação popular, conseguiu instalar sua criatura no Palácio da Alvorada. No entanto, outro fator pesou bastante na eleição de Dilma: a inexistência de uma oposição coesa e atuante, portanto, sem força para dar um resultado diferente na corrida ao poder, não obstante a eclosão de escândalos que abalaram os dois governos consecutivos de Lula, entre eles, o do Mensalão, cujo desfecho, ou seja, a prisão de fato de três de seus principais personagens -- José Dirceu, José Genoíno e João Paulo Cunha -- ainda aguardamos ver para crer. Eu não sou religioso, mas São Tomé é meu padroeiro.

Mas o tempo passa. Entre idas e vindas, erros e acertos, altos e baixos, de repente o mundo vem a baixo. Dilma estava feliz, surfando nos 57% de aprovação de seu governo, apurados no início do mês de junho pelo Instituto Datafolha. Esse percentual surpreende, pelo simples fato de que os números da economia já afetam negativamente o bolso dos brasileiros. A inflação alta já é uma realidade, embora o governo negue, através de mecanismos mais do que suspeitos. Ironicamente, grande parte desses brasileiros preocupados são os mesmos que garantiram os dois mandados de Lula e o primeiro de Dilma. E, se depender das pesquisas de intenção de voto, estão dispostos a garantir um terceiro mandato para Lula, ou um segundo para Dilma. E, caso esta pique a mula, ou seja, venha a jogar a toalha, votariam no candidato que o Pai dos Pobres do século 21 indicar.

E o que dizem os acontecimentos de junho de 2013? Simplesmente, que as gigantescas passeatas desdizem todo aquele ufanismo, aquela arrogância típica de quem se acha, tal qual um Moisés moderno, capaz de conduzir o povo rumo a um futuro de paz, felicidade e abundância. Não é o que se vê. Os fatos falam por si. Tudo começou com um corriqueiro aumento no preço da tarifa de ônibus na cidade de São Paulo. Um aumentozinho de "só" 20 centavos. Um protesto foi convocado e organizado por um certo Movimento Passe Livre - MPL - entidade "apartidária", mas não "antipartido", de extrema esquerda, que já somou forças ao PT num passado não muito remoto, quando este estava na oposição. E, como já era de se esperar, o protesto redundou em violência, esta, como sempre, atribuída somente à polícia. Entrava novamente em jogo a já surrada dicotomia PT-PSDB, em que um é o mau, e o outro o bom, dependendo do ponto de onde se olhe. Uma coisa é certa: não existem santos nessa história. Por outro lado, vinte centavos nunca fizeram tanta diferença. O MPL atirou no que viu e acertou no que não viu. Um gigante despertou. E furioso.

Uma das grandes vantagens da internet está no fato de se poder acompanhar tudo em tempo real, não importa o lugar. As redes sociais libertaram as pessoas da dependência das fontes quase únicas de informação, no caso, a imprensa tradicional -- impressa, falada e televisionada --. Os âncoras dos telejornais, globais ou não, já não têm o mesmo poder de antes. Vemos agora que eles tentam se adaptar a força cada vez mais poderosa dos internautas, estejam estes isolados no bloco do eu sozinho, ou reunidos em um ou mais grupos específicos. Um blog, tal qual uma bomba, tem o poder de causar estragos. Foi o que aconteceu nas passeatas de junho.

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O fator surpresa (se é que houve um, já que o mais idiota entre os idiotas sabia que algo estava para acontecer, mas não sabia quando) fez o mundo virar de ponta-cabeça, principalmente para quem achava que estava tudo muito bom, tudo muito bem, como Lula, Dilma, o PT, a máquina do governo e a base alugada; as centrais sindicais, os movimentos sociais, além de um sem número de entidades e empresas, consumidoras vorazes de verbas públicas, como as ONGs e a -- em tempos idos -- combativa e barulhenta União Nacional dos Estudantes, já há tempos transformada em feudo do Partido Comunista do Brasil. Eram como cegos à procura da porta de saída.

O fator preponderante para o ineditismo das manifestações-monstro que assolaram o país foi a ausência de uma liderança e/ou de um foco específico, como afirmaram os especialistas convocados para dar as versões mais próximas da realidade. E, a realidade era uma só: "Queremos tudo ao mesmo tempo. E agora!" Nada mais simples. Nada mais direto. Tudo estava em jogo: a corrupção, os altos custos dos estádios construídos para a Copa, a falta de segurança, de escolas, a precariedade dos hospitais. Nada escapou a lista de exigências. Noves fora as cenas de vandalismo praticadas por extremistas (tanto faz se eram de direita ou de esquerda) e bandidos comuns, a verdade é que a esquerda perdeu o monopólio da organização de passeatas, manifestações populares, greves gerais, enfim, tudo que representasse a condução das massas rumo a um ou mais objetivos específicos, no caso, a manipulação de pessoas contra um inimigo político. Como diria Milton Nascimento, nada será como antes. Tomara.

Voltando ao monopólio. Umas das poucas regras vigentes nas manifestações previam a proibição de bandeiras de partidos políticos, de centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais, etc., já que os manifestantes optaram pelo apartidarismo e uma clara ojeriza à presença de quaisquer partidos políticos, sobretudo ao PT e a base alugada. Ainda assim, o partido do governo tentou pegar uma carona nas passeatas, na vã tentativa de assumir a liderança e tirar algum proveito do movimento. Perdeu. Alguns militantes foram agredidos e bandeiras foram queimadas. Lula e seus aliados entenderam essas atitudes como coisa da "direita". Aliás, para esses iluminados, tudo que não está sob seu controle é, necessariamente, é coisa da "direita reacionária", fascista, enfim. Talvez eles ainda não saibam, mas o Muro de Berlim caiu em 1989.

Por fim, a conclusão que posso tirar de todos esses acontecimentos fica em aberto. Tudo ainda é muito recente. A "Presidenta" Dilma, também chamada de Gerentona, fica a depender dos conselhos do presidente de fato (Lula). Tanto é que, intimidada pela voz rouca das ruas, ela tomou um avião, esquecendo-se de que é a detentora do cargo mais importante da República, para ir ao encontro de seu chefe. E do marqueteiro também. Ela já prometeu constituinte, plebiscito, referendo e coelhos superfaturados tirados da cartola. Nada deu certo até agora. Fica a espectativa de que algo mude de forma concreta até outubro de 2014. E que a grande massa que saiu às ruas exigindo mudanças há longo tempo desejadas, nunca se esqueça do mês de junho de 2013. Caso contrário, a Revolução do Vinagre irá para o... vinagre.

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LUÍS PEROSSIBRASIL

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ACHADO DE CADERNOS

Como os dois minutos de ódio, semelhante ao que sentiu Winston em 1984. Só que numa direção sem retorno, sem argumentos, uma extensão diária continua daqueles dois minutos ( 4, 10, 1000 x's).

Já se passava uma semana inteira naquele mesmo sentimento destrutivo. Molas pressionadas e depois esticadas, mas sem meios de estourar e determinar o fim.

Outros meios de se ter.

Outros meios de odiar.

Outros meses sem escolhas.

Nova noite sem dormir.

Os risos ferindo feito a guilhotina, feito os momentos anteriores ao cadafalso, e cada falso, falsa ideia , ser, pessoa, objeto, que ao cruzar o mesmo chão, você procura desviar.

Assim é o desespero de viver sem ter. O quê? Não sei.

Some infortúnios, o resultado aceitável está distante daqui. Nem sei se quero chegar, já enjoei de partir.

Metas esquecidas dão as mãos às tentavivas não tentadas.

Conversas banais na sala ao lado, terror percorre o térreo tentando tiranamente trair os trâmites tradicionais do texto sem testar.

Mendigos enfeitam o seu chão, usando bíblias como travesseiros, ao menos encontram no objeto algum uso. Os olhos pesam, sempre se fecham contra a vontade.

Comecei fazendo fanzines ainda nos anos 90. Sempre tive a escrita como uma extensão da minha própria alma. Escrevi um livro ainda inédito denominado Caos Sentimental Metropolitano, sou professor, formado em letras, trabalho também como redator, tenho alguns projetos musicais como o Cannibal Coffee, Kick To Hell, Lado Leste Alerta e The (fuck) Coffee makers is inta House, além de ser editor chefe e redator do fanzine/blog/podcast Meus Amigos Bebem Muito Café.

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VINÍCIUS LIMABRASIL

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EDU PLANCHÊZBRASIL

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Homem Simples

Edu Planchêz é um homem simples, cresceu no mesmo bairro que cresceu o mestre compositor violonista Guinga, Praça Seca, Baixada de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Zona Oéste. Nasceu no "Largo do Tanque" na mesma Baixada de Jacarepaguá (numa maternidade que cava no alto de um pequeno morro). Primeiro lho de sete irmãos, seus páis, Stélla Passos Corrêa e Edward Planchêz (lho de Eugênia Planchêz, sua avó, a segunda mãe). Edu Planchêz é um guerreiro incansável que segundo o poeta jornalista Dailor Varela (seu descobridor) não passa de um animal poético de versos livres e alucinados.

Ele é um poeta de verdade, cantor e pensador de seu tempo, dedicou uma existência a essa “loucura”, há quase três decadas "vive de poesia", abandonou tudo e foi para a estrada em busca do El Dourado de seu coração. Edu Planchêz considera-se irmão do mundo, brasileiro universal, rebento do novo, uma criança brincando com estrelinhas do mar, um ancião adorador de mitos e comédias mais velho que Enoke, um amador ( "breve é a dor do amador, querida"(Tom Jobim) revolucionário que ama fazer amor sobre as copas das árvores.

Edu Planchêz nasceu para quebrar a couraça da hipocrisia com suas artorianas mãos de Budha, com sua voz profundamente humana, com suas palavras intensas carregadas de ouro e lama. Edu Planchêz ainda está nascendo. Edu Planchêz cresce nas lagunas dos corações de seus fraternos amigos. “As pessoas que eu amo, amo bastante.” “Daqui do Rio de Janeiro eu estou te sacando!” Viva o Príncipe Luíz Melodia!!!

"A diferença entre Caetano Veloso e eu é a fama, nada co à dever a nenhum poeta do planeta, nenhum mesmo. Não invejo o espaço que as pessoas conquistaram à duras penas no coração do mundo. Mas armo que minha produção literária e minhas canções viscerais não devem nada a ninguém. Cono profundamente em meus lhos poemas e canções, não guardo sombra de dúvidas que querendo ou não já fazem parte da história pulsante da arte viva da civilização humana, e é uma questão de tempo para que se tornarem conhecidas, aplaudidas, copiadas, imitadas por todos os povos. Falem o quiserem falar."

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SAGRADOS ELEFANTES

Universo cantor,dançarino, plástico artista...Esse filho teu vos saúdano ventre da princesamanhã ainda nascentecom seu corpofeito de floresem formato de mariposa

Um dia pleno,um dia plano,uma aurora para cada habitante,um horizonte de águias,muitas girafas,bilhões de navesiluminadas por pirilampos,estrelas cadentes sobre vossa pele...guiada pelas corujase os sagrados elefantes

Você na garganta poderosa do elefante,o elefante em tua garganta: marfim-corpo-tromba:nessa baixa alta hora, nesse vago e acachapado dia,nessa hora onde não morro nem nasço,nesse colosso, nessa astúcia,nesse punhado de grãos ofativos,grãos esses que nos atraemporque o atrair contém os pincéis de Vénuse as canduras do Cruzeiro do Sule do Cruzeiro do Norte

Mais um vez o sapiente elefante ergue suas pataspara apanhar os planeta que andamos cuspindopelas paisagens e pelos canteiros,sobre o alicerce dos olhos do tudo ver

Por sorte possuímos o navio, o vento e a âncoraPor sorte esmagamos as aromáticas ervassobre as potencias do fogo paridopelas asas de pégasus

Debruçado sob os beirais das eras...sob a pele áspera e felpuda do ancestral paquiderme...avô-bisavó-tatara-avó...desses seres que desfolham suas asas orelhaspor dentro da correnteza do que penso

O mamute penetrante do gelo penetra com seus urroso meu pensar sobre mamutes...e sei que erro e acerto,caio, penetro as geleiras de mim mesmoatado aos cordéis do amor que redigi nas paginasde meus próprios órgãos no montante da vida únicatramada pelos muitos corpos que useipara chegar até a esses dias de sol e lua

Tua boca é a sintaxe de todas bocas que beijei,é a amarela cor da generosa minade todas as minhas andanças

Elefantes saídos dos oráculosbaliam sobre a grande roda douradade nossas cabeças sententrionais-meridionais,longe e dentro da chuva, do sol que nunca cansa,em nossas mãos apanhadoras de frutas tâmaras

Esse é o tempo que se estala, ovo na frigideira,farnéis de especiarias,especiarias essas, que divido com você,sonoro rei,sonora rainha da dinastia das orquidiase das rosasque nunca somem na transparencia das coisasque somem

Se sumo aqui,apareço no esfera de brilhantes que ora oscilaem teu pescoço

Vencendo estradas,escudos de espinhospor minha própria vontade arquitetados

Sou o homem poeta esticado no eixo da Terra,no eixo da vialáctea...para que você e as milhares de ervassirvam de ninho para os pássaros e para os insetosque arrastam as estaçõesem suas patas cobertas de polém,nécteras e relâmpagos

O amor que trago por ti penetra as densas nuvense as arestas das intransponíveis muralhasque há muito impediam a chegada do valente vento

Você nua, cercada, coberta de margaridas e e girassóis,ouro branco,lençóis de seda importa de nacões africanas,de estrelas longíquas, de beijos inacabáveis

Volto aos elefante e suas sagradas pelesde matéria estelar,elefantes que trouxeram de dentro da lama, do charco,do bom e do mal tempoas pepitas que ora despejo sobre teu rosto,sobre as camadas tênues de teu ventre âmbar,almiscar, jasmim, massala...

No centro do centro da TerraNo centro do centro eu vocêNo centro do falcão que se esparramanos contornos da língua quente

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CAYMAN MOREIRABRASIL

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EVERTON J. CORAÇABRASIL

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O CONTO DA MAÇÃ

Hoje falarei de maçãs. São elas tão saborosas e misticamente populares por terem fama de saudáveis para nós.

Antes de desenvolver o meu raciocínio, me lembro que um dia já fomos apaixonados por outros sabores, tais como o tutti-frutti, depois o chocolate, refrigerante e também várias coisas sem sentido como programas de auditório e esportes violentos. Entendo que jargão popular "cada coisa no seu tempo" realmente funciona. A tecnologia modifica nossos confortos, mas nunca nos satisfaz por completo, querendo ou não, simplesmente somos todos assim, complicados seres humanos insaciáveis.

Estranho ainda não terem encontrado nenhum outro mundo além do material e do imaginário, é onde ponho-me a dizer que nos resta apenas o imaginário, pois é ele quem processa a realidade material. É simplesmente uma questão de concordância entre nós, seres humanos. Mas não irei aprofundar e nem citar aquelas pessoas que confundem nossas cabeças como Kant, Hegel, Locke, Sócrates, entre outros, isto não é uma aula de filosofia e muito menos um texto de autoajuda.

Ao passar de todos esses anos vi as pessoas se acostumarem com valores estranhos e prejudiciais. Também vi colocarem de lado valores essenciais para a paz e para a vida humana. Percebi que existem pessoas que nem mesmo sabem o que são valores humanos, enfim, algumas delas são amaldiçoadas com o senso crítico, esse peso que tira o sono dos pensadores, e outras apenas vivem roboticamente sua vida social sem se preocupar com o passado e com o futuro, um “Carpe diem” até que a luz se apague.

Mas o fato é que de tudo isso surgiu um tempo em que as pessoas gostavam muito de maçãs. Não essas vermelhas que víamos em feiras, ou em lembranças rápidas sobre Newton ou Branca de Neve, tais maçãs eram feitas em outro formato e em outro tamanho.

Foi estranho, mas de um bom tempo pra cá começaram a produzir maçãs do tamanho e formato próximo de um chiclete. A novidade custava caro. Era um item para elite, assim como filé mignon e carne de faisão em alguns períodos do século XX.

O grande motivo que ocasionava o alto preço, é que se usavam 50 maçãs para fazer um único tablete tamanho de um chiclete, que trazia a mais pura sensação de se comer uma maçã. Outro grande problema é que o processo de produção demorava demais, aproximadamente 3 meses. Além da maçã também eram utilizados 500 litros de água, e uma quantidade absurda de energia elétrica. E para dar um leve aroma refrescante também se utilizavam 10 quilos de eucalipto processado. Pode parecer exagero, mas para um único tablete gastava-se toda essa matéria prima.

A mídia empolgada com a novidade divulgava atores e personalidades milionárias comendo o famoso tablete com gosto de maçã, onde fechavam os olhos com expressão de degustação e mostravam seus sorrisos sedutores ao telespectador, que muitas vezes acreditava que aquilo poderia ser real quanto o salário miserável que recebia no final do mês, o que fez o item em um curto período tornar-se sinônimo de status.

A marca que como símbolo uma maçã inteira vermelha com um pequeno galho dourado, dominou o mundo rapidamente. Eram fabricadas roupas, botas, carros e material de propaganda, todo lixo marqueteiro possível, sendo inevitável evitar sua presença em quaisquer lugares onde havia sociedade.

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Como era de se esperar, surgiram empresas que fabricavam algo muito próximo do original e utilizavam até mais matéria prima por não conhecerem muito bem o processo e fazerem algumas adaptações.

Líderes políticos discursavam dizendo que a comida do futuro seria o tablete de maçã e se orgulhavam em chamar estas fábricas para habitarem seus países.

Ao descobrirem que o negócio tornou-se altamente lucrativo, as empresas decidiram popularizar o produto e expandir para as classes menos favorecidas. Criaram um sistema de fabricação e exportação altamente desenvolvido. Uma logística dinâmica de distribuição imediata. Nunca em toda a história da humanidade um produto chegava tão rápido a sua casa quanto esse.

Outro detalhe interessante, é que depois de certo tempo que o produto era fabricado, acrescentaram um tipo de afrodisíaco que não alterava em nada o sabor, mas despertava um leve apetite sexual nas pessoas que o consumiam. E em alguns anos a população mundial havia triplicado, devido ao produto ser consumido em quase todos os países do mundo.

O discurso econômico baseava-se no incentivo às plantações de maçãs, atingindo agricultores, investidores, empresários e políticos.

Durante muito tempo foi assim, o mundo tornou-se dependente da maçã. Todas as pessoas importantes falavam de maçã, usavam a maçã e viviam em função da maçã.

Anos e anos se passaram até que chegou então um período em que, apesar de todo o ocorrido e da preocupação com o produto, não se encontravam mais maçãs em seu formato original. As poucas que restavam eram caras demais para a população em geral consumir.

Outros produtos já haviam desaparecido, pois foi necessário plantar eucaliptos e pés de maçã para que a produção pudesse ter continuado por todos aqueles anos.

Em prazo de 2 anos ou mais, os outros alimentos quadriplicaram seu valor.

O povo começava a passar fome, e algumas poucas revoltas começaram a surgir.

O governo culpava as crises econômicas mundiais.

A mídia desviava o quanto podia o foco da crise com programações supérfluas, não discutia o problema e continuava a propagar o consumo do tal tablete da maçã, como se nada estivesse acontecendo. A situação ainda estava sob controle.

Nenhum agricultor sequer pensou em plantar outro alimento a não ser maçãs e eucaliptos. Nada era mais lucrativo e certo. Com isso a comida foi desaparecendo e a fome da população aumentando.

Após a quase extinção dos alimentos, foi a vez da água.

As terras forradas de árvores de eucaliptos sugaram boa parte do lençol freático, que não tinha tempo para se recompor. Nos rios o consumo de água, o lixo gerado pelo aumento da população e a poluição jogada pelas próprias indústrias de tabletes de maçã deixavam suas águas insalubres, não restando nem mais os peixes.

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As terras tornaram-se inférteis e desérticas. As macieiras acabaram por secar. E os Estados se diluíram em meio às revoltas populares.

Porém, em certo período, o exército tomou as ruas e tentou conter tais revoltas, mas era tarde demais, não havia mais água, mais comida e organização social. Tudo foi consumido pelo simples fetiche de comer algo criado por nossas imaginações, algo que um dia foi considerado desnecessário.

Nenhum livro sagrado ou dogma religioso pode prever o caos. A ciência sim, mas não pode cessá-lo. Fanáticos religiosos diziam que deixamos o paraíso por uma maçã, agora seguimos para o inferno por outras.

Nos alimentamos durante anos de falsas necessidades, para que ao invés de nos organizarmos e acabarmos com os sofrimentos de todos. Criávamos mais e mais sofrimentos, para que fossemos consumidos por nós mesmos através de produtos e futilidades. Assim seguimos para um futuro caótico, ignorando os bons preceitos dos pensadores que falavam sobre comportamentos básicos como o respeito pela natureza e o auto reconhecimento de nossas limitações enquanto seres humanos.

Ainda assim, na pobreza, depois de várias guerras e em meio quase a total barbárie, poucos de nós restaram. E enquanto eu caminhava por uma colina seca com meu filho a passos curtos, avistamos uma macieira que resistia escondida entre duas montanhas. Sozinha, desfolhada e quase seca.

Nela havia uma maçã farta e brilhante, bem diferente daqueles retângulos embalados em papel e mostrados nas propagandas. Esta era real.

Meu filho olhou-a por várias vezes. Perguntou o que era aquilo. Eu mais velho disse: - Pegue-a e coma.

O garoto com passos delicados aproximou-se da árvore, esticou seus braços e a retirou do pé. Lustrou-a com a camiseta e finalmente a mordeu.

Sua face mudava aos pouco com uma expressão estranha e assustada. Mastigou e mastigou e mastigou a massa que estava em sua boca. E ao terminar colocou-se em uma expressão estranha e disse:

- Pai! Isso tem o sabor parecido com o do tablete, mas é muito mais gostoso.

Everton J. Coraça, nasceu em Itapira/SP, tem 34 anos, é professor de História, baixista e vocalista da banda de Hard/Heavy Mr. Speed tem inuências literárias clássicas como Voltaire, Charles Baudelaire, Platão, Aristóteles, Dostoievski, Schopenhauer, Slavoj Zizek, Nietzsche, Rousseau e Carlos Drummond de Andrade, entre outros.

Why War - Charles Spencelayh

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DELCIDÉRIO DO CARMOBRASIL

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ABRE, PARÊNTESE, NEEEEMMM

Estava atrasado para o trabalho (rotina). Levantei tão rápido que bati a cabeça (piorar não piora). Acabei me esquecendo das flexões que faço todo dia (uma) e nem peguei o café para o pessoal da rádio (bebe tudo sozinho).

Liguei o equipamento todo (voltagem errada) e, legal, a luzinha está mais colorida hoje (alerta vermelho). Pelo menos o computador de programação não deu pau ainda (pifou sexta-feira) e tem uma fumacinha no ar, significando que alguém trouxe pão de queijo (curto circuito na fiação).

Agora que o estúdio está tranquilo (cinco caras discutindo), vou tentar relaxar (já é um relaxado) e coordenar o trabalho do pessoal (implorar pra fazerem alguma coisa). Incrível como me respeitam aqui, passa o Denisson e me dá um tapinha nas costas (papel escrito “me chuta”).

Uma corporação dos bombeiros apareceu (correndo feito loucos), devem ter marcado algum exercício aqui perto (o curto circuito!). Pena é esse calor infernal que sinto de repente (pegou fogo na camisa). Fico meio indisposto e perco a fome (duvido), o que até pode ser bom, se continuar engordando assim nem sei que roupa vai me servir (macacão que Elvis morreu seu usar).

Só tenho que tomar um tempinho pra sair desse estado de confusão (mais quarenta anos) e preparar os dois programas que faço diariamente (ninguém escuta). Desse jeito, posso até falar alguma bobagem no ar (conte com isso), e minha responsabilidade é agradar aos ouvintes que ligam o rádio todo dia (outra estação). Na semana passada veio até um moço aqui (oficial de justiça), com um relatório sobre meu desempenho no ar (intimação) especialmente elaborado pelo patrão dele (promotor). A direção da rádio gostou tanto, me pediu pra trabalhar mais um período (aviso prévio) e depois tirar merecidas férias (rua).

É, mais um dia totalmente normal de trabalho acabou de começar (o fogo destruiu o estúdio) e tenho que me empenhar em manter o nível da programação (saiu tudo do ar). Os bombeiros estão lá no pátio agora, desenrolando uma faixa de saudação (cama elástica).

Reconhecem que prestamos serviços à comunidade (o incêndio destruiu o bairro). Querem que eu me junte a eles no andar térreo (pula de uma vez, o teto cedeu!). Se pelo menos minha cabeça parasse de rodar...

Delcidério, dizzy like a children on a merry-go-round

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IVAN SILVABRASIL

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Ivan Silva, baterista da banda Malzdreams. Experimentador de sons, cores, palavras. Sempre nesse transe: sonhos, pesadelos. A criança Delírio. Em 2012 lancei meu primeiro livro de poesia, artesanal, chamado Sentido Perdido. Edito e editei alguns zines. O Flato, Brenfa, impresso de quadrinhos, esse feito em parceria com meu irmão Diego El Khouri. O Coletivozine, que reúne vários trabalhos de diversos artistas. E ando com dois trabalhos de música instrumental, solo - os álbuns, Caminhos Invisíveis, e Fora de Órbita.

PAPEL

Um papel,branco, mas tão branco que parece higiênico.Alvo.Quem se aliviaAté limpar o rego com um pedaço dele limpa, não?Despedaçado vai sendo: o indefeso. Quanta covardia! Quanta covardia...Não adianta. Lá vai mais um pedaço do papel, limpar rego.

FORA DE HORA

Seu Emílo,aos setenta,regado de falta de tempo e obrigações,sabia jogar xadrez, dama, 31,e também sabia contar piada,pesada. O pior de tudo?A frase na lápide, de seu Emílo.

ESSE MOMENTO

Um dia,Esse momentoUm mês,Esse momentoUm ano,Esse momentoSete décadas,Esse momento

Um gesto, um piscar de olhos, um bocejar, um peido rasgado e repugnante de Vanderlinoe o assunto aqui tratado seria outro.

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CELSO MORAESBRASIL

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Nascido no ano que não termina, 1968, o cara mora sicamente no interior do interior do país, mas sua mente viaja por este e outros Universos através da arte. Escritor inédito, desenhista aguardando publicação. Expressa o que sente em traços, e na voz gracamente elaborada. Faz arte, porque está vivo.

TELEFONEMA

A mulher na cadeira de rodas, negra, velha, pobre, não alcança as teclas do telefone público. Começa a pedir aos passantes que peguem o fone e teclem para ela. É ignorada, como se não existisse. Muitos passam, apressados. Uns quinze minutos depois, alguém – um rapaz espinhento, magro, alto, feio – para perto dela e ouve o pedido. Diz estar disposto a ajudar, e declara a sua condição:

– Um real para teclar. – Um real? –, pergunta a mulher, estupefata. – Por número! –, explica o outro, já impaciente. Vendo no rosto da outra a hesitação, vai embora, não sem antes dizer: – Não quer telefonar nada, só me fez perder tempo! ...Mais uns quinze minutos, outro para. Jovem, bonito, livros e cadernos debaixo do braço, camiseta identificando certa faculdade. Repara na aparência desolada da velha e se dispõe a teclar. Ela pergunta o preço. Ele, entre surpreso e divertido, responde que é de graça. A mulher vai ditando os números, lendo de um papel amarrotado, e o moço vai teclando, pacientemente. Enquanto ouve os ruídos da chamada, agradece ao rapaz com um sorridente “Deus lhe pague!”. O outro se vai, sorridente. Alguém atende, a paraplégica começa a falar. É interrompida bruscamente: é engano, não tem ninguém aqui com esse nome. Ela confirma o número. Nenhum número bate! Antes de bater o telefone com força, a pessoa do outro lado da linha grita: “Vê se aprende a ligar, ou pede a alguém pra fazer isso por você. Idiota!”

O olhar é apalermado. Ela não entende. Mas, de repente, percebe tudo. Do outro lado da rua, o acadêmico ri tanto que chega a lacrimejar! A anciã também chora, por motivos outros. Depois de mais meia hora esperando em vão por ajuda, desiste de falar com o filho que não vê há tanto tempo e que foi buscar uma vida melhor em outro estado. Deixa o telefone pendurado, e alguém grita: “Põe o fone no lugar! Baderneira! Vândala!!”.

Apesar dos olhos rasos, conseguiu atravessar a rua (e as outras até chegar em casa) sem ser atropelada. Mas talvez isso não seja sorte.

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RÉGIS LUÍS CARDOSOBRASIL

TARANTOLICISMO

Deitado olho pra lua. Ela ilumina meu quarto. Presto atenção na claridade que faz. Chegam a surgir algumas sombras perto das roupas penduradas na minha arara. A luz faz um reflexo no guarda roupa. Olho pra frente, só presto atenção na luminosidade causada por ela.

De repente percebo que ‘minha’ luz está sendo interrompida! Como se alguém com os dedos passasse-os numa lâmpada e causasse uma interferência na luminosidade expelida. São sombras propositais que somos capazes de fazer. E isso estava acontecendo com a lua!

“Tem alguém na lua!” – pensei comigo. Espero um pouco e o que eram sombras momentâneas se torna constante. “Que porra é essa!” e olho pra janela de vidro. Ela estava toda aberta, mas como havia deitado, minha cabeça estava na direção de uma das vidraças.

“Puta que pariu. Olha o tamanho dessa porra de aranha!”. Fico com medo. Grande e peluda! Mas após umas duas piscadas, percebo que não é tão grande assim. Na verdade é uma aranha com as pernas fininhas e sem pelo. Porém algo parece me dizer que ela é grande e peluda. Fico vendo aquilo e me lembro de uma matéria que passou no Fantástico em que uma jornalista teve seu fim muito trágico após conhecer o tarantolicismo.

Olhava pra aranha na janela e ela estava peluda. Uma tarântula. “O que está havendo? É a porra de uma aranha perna longa... não... ela é uma tarântula tarada igual aquela que fodeu com a jornalista!”.

Recordo a história:

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Após fazer essa reportagem a jornalista se identificou com muitas mulheres desse culto, pois também tinha dificuldade em engravidar. Então a repórter curiosa perguntou, isso após a publicação da matéria, se poderia ‘um dia desses’ experimentar o ‘mel’ da tarântula reprodutora.

Como a mulher era independente e queria ser mãe solteira, ninguém percebeu o ingresso dela neste ritual. Ela viajou até a cidade, num final de semana que estava no período reprodutivo. Chegou aos mestres aractólicos e confessou seu desejo. “Tem que ser agora!” – dizia ela.

O mentor da mandinga pegou sua tarântula mais tarada e passou na vagina da mulher. Ela estava visivelmente excitada. “Mais... mais... passa de novo!” – disse ela aos homens. Eles se olharam e sorriram... então passaram novamente. Ela estava completamente excitada e pedia mais... e mais... até que disse “enfia a bunda dela... enfia a bunda dela na minha boceta”; e o cara introduziu o ‘rabo’ da tarântula na vagina da jornalista.

Testemunhas disseram que ela teve um orgasmo prolongado! Depois levantou, pagou a consulta e foi embora.

A partir daí a vida da jornalista mudou. Passou a ser uma ninfomaníaca que não conseguia controlar seus impulsos. Via um homem e ia pros finalmente. O problema é que após um tempo, ela percebeu que sua vagina mudara, anatomicamente falando. Parecia que tinha outro canal e que ele estava ali pra expelir algo! Mas ela não entendia muito bem aquela anormalidade.

Certa vez, numa transa intensa, seu parceiro a chupava já fazia uns minutos e ela adorava gozar sendo chupada. Mas dessa vez sua sensibilidade estava mais a flor da pele. Veio uma súbita contração no estômago e como se fosse soltar um jarro de bosta, soltou um jato de teia na cara do chupador.

A força foi tamanha que o cara foi levado pra trás, sua cabeça pendeu pra baixo e suas pernas subiram na direção contrária. Ela olhou aquilo, a teia sufocou o rapaz e o matou.

Dias depois, superado o trauma, ela foi se masturbar e na hora de gozar expeliu um jato de teia. E assim começou seu drama. Ela soltava teia pela boceta... “seria isto a maldição daquela tarântula tarada” – pensava desesperada. Entrou em depressão. Tentou mais algumas transas, mas assustava seus parceiros... uns diziam que ela soltava porra e que só podia ser uma transexual retardada.

Foi em especialistas, nada de diagnósticos, procurou os antigos mestres do ritual, mas amigos próximos disseram que eles fizeram fortuna com suas tarântulas taradas e sumiram do mapa.

Então numa noite, quando seu quarto estava iluminado pela lua, a jornalista pegou seu 38 e deu um tiro na cabeça...

Escuto um barulho de vidraça quebrada. Olho pra frente e minha janela está estraçalhada. Vou até a janela e me vejo lá no chão. “Caralho... eu me matei! Mas por causa de uma aranha? Que merda é essa?”. Também não vejo mais a aranha e as nuvens já cobriram a lua.

Leio meu laudo no hospital:“Jovem é picado por uma aranha, sofre alucinações e cai da janela do décimo andar do edifício onde morava”.

Leio também um laudo que está ao lado do meu:“Mulher grávida se suicida com tiro de 38 na cabeça!”.

Fico confuso... então penso: “o cara que fez esses laudos devia estar muito doido”.

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ROJEFFERSON MORAESBRASIL

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Rojefferson Moraes, natural do estado do Amazonas, é um curumim que se atreveu ser poeta (péssima ideia!), e se entregou a caminhadas incertas pela noite boêmia manauense. Frequentador de botecos, cabarés e feiras de onde tira inspirações para criar seus contos, poesias e vender seus livretos para bebuns, putas, vendedores de verduras...Um dos vencedores do concurso de contos do SESC, Manaus, em 2008 (antologia Acordes da Tarde), é autor dos livros Digitais (poesia 2008), Livro dos Enigmas (poesia, notas e outros crimes 2010), todos produções independentes confeccionados no quintal de casa e Poesia Crônica (poesia, a ser lançado).

O PROTESTO

E ali, sentado como um cacique perdido no tempo e espaçoVendo todos aqueles homens, mulheres e meninosPercebeu-se como um ser estranho em si mesmo

O sol nascera encarando-o vorazEle ergueu-se e vendo o fio prateado do que um dia fora um rio caudalosoDeixou que o odor lamacento do cais lhe tomasse Os pulmões cansados e enegrecidos pelo fumo

Tinha nos olhos puxados e na pela lisaMarcas de uma dor quase imperceptível Açoites, dias e noites de torturas nos galpões industriaisAs suscetíveis perdas e das humilhações sofridasPelo seu eu nem por ele conhecido...

Desceu como uma sombra, um espectro ontológicoDe um ser que deveria ser banido da história da cidadePara não borrar a tela bem pitada e perfeitaDo dia a dia da província pasteurizada

Em meio ao som de motores, fumaças, alto-falantesAo invés das flautas tribaisPartiu para o sacrifício último de sua miserável vidaSubiu no Monumento de Abertura dos PortosPara proferir suas últimas palavras de protesto

Até sucumbir ao golpe de cassetete que lhe atingiu a nucaE o soco certeiro no estômago que estraçalhou Alguns de seus órgãos já estragados...

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O NASCIMENTO DO POETA

“Estourou”, franzino, numa Manaus amedrontada, que cantarolava as quedas de árvores gigantes ao norte. O pai bêbado pelas ruas e a mãe orando de joelhos pelos becos da Rua Encarnação o mais antigo puteiro a céu aberto da cidade. Foi desbravar os bodozais da zona oeste na sua garra de curumim desgarrado, as perninhas finas e os passos leves do corpo de menino-jaçanã, correndo sobre as pontes, de boteco em boteco, de boca em boca.

Foi apresentado cedo às ruas na sua ânsia de descobrir o mundo, na sua inquietação de sonhador perdido e descobriu a fome, o frio, o medo, a vida! Percebeu que quem não tinha dinheiro ajudava e quem tinha ou dava porrada, ou chamava a polícia e que a polícia era o pior inimigo das crianças...

No seu brilho de ser menino, enquanto caminhava, com seus olhos atentos negros e inquietos e sempre ver o que ninguém via, inventava histórias magníficas que nas rodas de cola ou pinga abria sorrisos naqueles rostos escurecidos pela poeira e sol de dias infinitos. E o adeus se tornou sua língua materna. Ou era a morte, ou a polícia, ou a cheia, ou a seca, ou a fome... Que levavam aqueles que numa manhã ou outra simplesmente desapareciam.

Ele esqueceu que tinha nome quando para não mendigar foi madrugar para vender seus jornais, picolés, bala da mangarataia, peixe, cocaína, o corpo! Noites em claro no labirinto das ruas com as pernas tontas a tropeçarem em si mesmas. A insônia maquiando as aréolas dos olhos com um negro-roxeado, os dedos queimados, a boca na sua sede infinita de fissura.

Ele estava sentado na calçada com o resto do corpo que fizera muito sucesso nos arredores da SEFAZ, olhando o rio e os barcos que iam e vinham quando inexplicavelmente numa erupção de alma sumindo, uma lágrima manchou sua maquiagem de zumbi, pensou na morte, em Deus e no Diabo, na vida e em Eleonora, a puta manca que lhe apresentara a cola, o álcool, o sexo e a vida lá fora... E de pé, apoiado no corrimão das escadarias do porto declamou seu primeiro poema.

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SAMIRA HADARABRASIL

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BORBOLETAS NÃO! FALENAS

hoje não quero ser midasao tatear e transformaro que cobiças em algosólido e ingerível,maldição incansável de fazer reluzir o que não vai ser meunão quero mais ser psiquêe viver em desventurasem busca de recompensas e perdõeshoje não quero mais osmirmidões de minha vidame cercando como chacaisapenas quero me entregarao sono e seus filhosmorfeu e íceloser filha de júpiter e memóriaser quem sabe terpsicore ou ératoestar com baco e os sátirossorrir da sordidez dos deusese encarcerar os meus titãsprendê-los nos tártaros de minha almanão quero despertar os ciúmesde vênus ou junoe nem fenecer na ira de latonaquero tecer minha históriatão perfeita como aracnemas sem desafiar minervaunir-me aos centauroscantos e ninfas e encontrar o meu cadmo para ser sua harmonia.

VAGINA

Quando a boca cala vagina falaNo falo no ralo no rasgoVagina entrada dos seresSaidas dos prazeresPompuar os nervos visão dos cegosApegos vaginais odio dos anaisCiume dos retosDa vagina saem os fetosOs afetos e os desmandes dos devassosPoderosa caverna que aconchega os falosE cala os homens.

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VASTO UNIVERSO COMPRIMIDOÀ Ivan Silva

O que te libertas das garras do teu medo?Como conter o universo em 250 ml?

Os venenos que te sangram te contaminam, te enxertamas esperanças escorridas os gozos nunca te alcançarãojamais terá os sabores em teus lábiosposto que todos teus sábios de ti te afastarãonunca terás pecadoste desgraças te masturbam?

Ampliados em pinturase comprimidos em teu falocada dia se perde em seu vasto universoamores descartados em sentidos desejadoso que há de terrível em teus apelos?

Por trás de tuas sombras cortinaso que fitas em teu interior?menino perdido...

Palhetas desbotadassaia de tua matiz agoniapinte, grite desejosarranque do epicentro suas fobiasvive, se entregue as orgiasna verdade tu és o bastardo da poesia.

Quadro

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DIEGO EL KHOURIBRASIL

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SOBRE MINHA PINTURA

“A minha voz persegue o que os meus olhos não alcançam”. Através das inúmeras vozes que falam através do pincel, oriento o traço nas cores vivas que bailam desnudas na contradição da vida intensa, na excentricidade delirante dos sentidos e sobretudo na subversão poética dos costumes que é a raiz das artes plásticas no mundo contemporâneo. A minha pintura aponta para vários caminhos. As cores fortes e os traços rápidos (por vezes lento e tranquilo, porém este em menor escala) rompem o equilíbrio das formas para atingir um nível em que uma figura sobreponha a outra dando texturas grossas e infectadas de imagens na obra. Vejo algo belo. O trágico perdendo sua veste e penetrando em temas não muito explorados nem no mundo das artes como a religião, a fé, dogmas, tradições, teorias, etc. Isso está bem claro no quadro que intitulei “A Igreja, o Clero e o Prazer”. O moralismo e sua face contrária se beijando. A hierarquia perigosa da religião ainda com cores quentes num flerte sempre presente com o sépia e o preto. A aurora, o nascimento, a explosão. O vermelho e o amarelo em excesso. Nisso muitos quadros casam. A fase agora é “alvorada embutida na tela”. Prato cheio para acelerar a corrente sanguínea dos receptores atentos e ao mesmo tempo lançar na mente dos mais afoitos a volúpia que se comunica com diversos temas e ideias mesmo que não seja explicito em todos os quadros. Sartre já dizia que o espectador traduz o sentido da obra de acordo com que consegue alcançar tendo em vista suas próprias experiências. Cada pessoa deve ser autor de suas visões. Delacroix já dizia que “a execução na pintura deve sempre ter improvisação”. O fim não necessariamente deve ser igual ao começo. Mesmo antes de me formar alguns anos atrás na turma técnica de Artes Visuais Basileu França e expor em vários locais já produzia intensamente meus desenhos e quadros, vendia e participava de exposições. Agora o momento é das cores quentes, vibrantes, com pequenas camadas de nebulosidade e escuridão; o mistério na pele exposta. O paradoxo como raiz. Edifício em escombros – outra imagem contida nas telas. Disse numa entrevista que concedi em março de 2010 para Law Tissot do Rio Grande do Sul que grande parte do meu processo de criação “ é contra o sono, o marasmo e o pensamento reacionário” e que a “ arte tem que fugir do lugar comum e da mesmice.” Ainda concordo com isso, mas prolongo esse pensamento dizendo também que arte é a beleza plena andando na corda bamba sem medo algum. “É preciso dar o sangue”. Estar ligado com seu tempo. Ousar, sentir, subverter, implodir e explodir. Millet estava certo. Na arte não há espaço para covardes e minha pintura é o retrato vivo dos olhos que lacrimejam sem medo, do carinho terno das manhãs sem pudor e o beijo colhido na poesia feroz e delirante de alguns pensadores.

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MIRIAM HANNA DAHERBRASIL

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WENDELL SACRAMENTOBRASIL

Conexões extraterritoriais

Estranhos digitosDigitados IdeogramasDos tempos da contemporânea idadePoliticamente incorretaAo quadrado um brinde de Quadrinhos!Vi a PI2, e está assim de regalésiar!Para essa e dessa não escapo!

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BARATA CICHETTOBRASIL

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A VERDADEIRA HISTÓRIA DE DEUS E DIABO

Pois Deusa e Diabo formavam um casal lindoEla era sempre alegre e Ele sempre sorrindoCasados tinha muito tempo em bodas eternasDeusa tinha sempre Diabo entre suas pernas.

E Diabo fodia com Deusa na grama e no arEnquanto Ela cozinhava a sua sopa estelarE entre uma e outra deliciosa criação culináriaDiabo A fodia chamando de cadela ordinária.

Deusa sorria bordando enorme tecido com peixesE dizia: "Diabo amado, peço que nunca me deixes»Mas Ele sorria continuando as suas lides de maridoE Deusa não entendia que o sorriso lhe tinha ferido.

Um dia, depois de eras de uma gestação anormalSurgiram seus rebentos nascidos de parto normalE uma era chamada de Eva e o outro era de AdãoMas um deles era o Pecado e a outra era o Perdão.

E cresceram brincando no jardim as crianças felizesPois eram do bem e do mal apenas dois aprendizesE enquanto a mãe na cozinha criava doces universosO pai atrás Dela lhe fodia a bunda em atos perversos.

Era uma família feliz aquela: Mãe Deusa, a Filha EvaAdão, o Filho e Diabo Pai, uma bela família primevaSua casa era um Jardim, sua casa um pueril ParaísoE tinha nela toda paz e toda guerra que era preciso.

E como ali o tempo tinha um jeito estranho de correrE era como se fosse uma calda de pudim a escorrerNinguém tinha idade e ninguém fazia aniversárioPortanto não era o tempo o inimigo nem adversário.

Mas o tempo avança e Eva agora tinha belos peitosE tanto Adão quanto Diabo perceberam os trejeitosE nem bem Eva se tornara mulher, virou concubinaAgora era fêmea e no Jardim deixou de ser menina.

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Até que um dia, caminhando em seu Jardim faceiraDeusa ouviu gemidos vindos de uma doce macieiraE uma serpente que criou voz não se sabe os motivosContou-lhe que filhos e o marido faziam atos nocivos.

Deusa guardou seu avental sujo de doce de planetasE apanhou a uma lança, uma espada e duas canetas E aos gritos de "pecadores sumam da minha cozinha»Viu-se de uma hora para outra ali no Paraíso, sozinha.

Adão ainda chorou e implorou perdão de mãos postasE Eva, atordoada de tanto gozo, apenas virou de costasEnquanto Diabo soltou uma gargalhada e aos ventosGritou que seria Ela apenas a Rainha dos conventos.

E Deusa furiosa os amaldiçoou com o tempo presenteSem saber que o eterno é aquilo o que a gente sente E se agora não tinham mais seus filhos a imortalidadeTinham perante si todos os motivos para a Eternidade.

Enlouquecida Deusa abandonou as panelas mágicasDeixou de criar doces de mundos e compotas trágicasDoces queimaram no fundo e amargo ficou o pudimE nunca mais Deusa foi vista andando nua no Jardim.

E então Adão e Eva saíram pelo mundo, antes apenasUm doce feito com carinho pela mãe, e sem as penasTransaram feito loucos até nascerem o par de rebentosCaim e Abel, dois moleques danados, tolos e remelentos.

E até porque era costume naquela antiga família bonitaCaim e Abel comeram Eva pois a prole era de ser malditaE Caim matou ao outro, por ciúmes dos desejos maternosSendo que Adão se tornou o primeiro dos cornos paternos.

Mas onde andaria Diabo, o Pai de todos aqueles infelizesUm dia lembrou Adão, pensando em todos os seus deslizesE foi encontrá-lo, agora à frente de uma enorme LegiãoFormada pelas putas e os anjos doces achados na região.

E todos fodiam a todos, fumavam ervas e faziam sua arteAmavam a noite, fodiam de dia, e todos faziam sua parteA música era barulhenta e a tribo ainda escrevia poesiaE ali não havia doces de galáxias, lendas, nem hipocrisia.

E como ninguém lembrava de Deusa, Eva buscou por ElaAfinal era a sua mãe e Eva queria apenas o que era DelaEntão buscou por todas as montanhas e por todo o mundoAchando-A apenas num hotel sujo, fedorento e vagabundo.

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Mas a revolta tomara conta de Deusa, aos machos o ódioE Eva então percebeu aquilo nunca antes lhe foi o óbvioQue a Mãe, por tempos lhe parecera apenas uma doceiraAgora tinha apenas feridas sujas e na virilha uma coceira.

E nas mãos havia um caralho, tinha escroto e tinha pelosE por mais que Eva, rogasse em suplicas, lamúrias e apelosDeusa lançou-lhe um olhar furioso de rancor e de maldiçãoDizendo que não era mais a Deusa, mas o Deus da Perdição.

E agora Deusa, autoproclamado e autoaclamado por DeusDisse que teria um filho, que conhecido por Rei dos JudeusSeria gerado à revelia pela esposa de um tolo carpinteiroE desde o nascimento causaria confusão no mundo inteiro.

E riu Deus da ingenuidade dos seres, dos descendentes tolosGargalhou da forma como se sentiam doces com seus bolosE ainda sorriu perversa ao saber que seria o antigo amadoQue levaria a culpa de toda loucura que Ele tinha tramado.

Tempos passaram e a morte do filho aumentara sua iraE sem saber que morre primeiro aquele por ultimo atiraCriou também a Legião de sandálias e escudos armadosE seus perseguidores foram em nobres reis transformados.

Mas, como são apenas um o tempo, o perdão e o pecado Deus e Diabo se uniram pelos galhos que tinham secadoE agora que a humanidade desconhece a real liberdadeNão sabe que Deus e Diabo são apenas um na realidade.

O Poeta e Seus Espelhos(101 Poemas em 90 Dias)Luiz Carlos Barata CichettoAno: 2013Edição: 1ªFormato: 14 X 21Gênero: PoesiaPáginas: 168Editor'A Barata Artesanalhttp://www.abarata.com.br/livros.asp?secao=L&registro=1

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LIVROS DE BARATA CICHETTOPEDIDOS: www.abarata.com.br/livros.asp

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