Perrot e Woolf Profissões Para Mulheres
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Transcript of Perrot e Woolf Profissões Para Mulheres
Dia 03 de dezembro de 2014
O trabalho e a função intelectual das mulheres
Minha história das mulheres – Michele Perrot
No capítulo “O trabalho das mulheres”, ela faz um apanhado geral do trabalho das
mulheres do século XVI ou início do século XX. O trabalho das mulheres, longe da apuração da
técnica, pouco formalizado, sempre foi desvalorizado. A desvalorização do trabalho doméstico
se estendia às demais funções assumidas por elas. Esperava-se da secretária que enfeitasse o
ambiente de trabalho e cuidasse do seu patrão.
Na transição do século XIX para o século XX, Perrot cita a trajetória de trabalho da
minha mãe. Fala de mulheres que se extenuavam com o trabalho doméstico e que
esporadicamente trabalhavam para fora, lavando roupa para vizinhas, por exemplo. Segundo
ela, essa ajuda que as mulheres davam ao orçamento familiar dava-lhes certo orgulho. Em
seguida, essas mulheres adquiriram máquinas Singer para costurar para fora, prática
favorecida pelo desenvolvimento da moda nas grandes cidades francesas, da demanda pelo
luxo e pela exclusividade. O sweating system dessas mulheres ajudava a vestir as damas da
sociedade e a movimentar o mercado da moda.
Em primeiro lugar, as mulheres trabalhavam no campo. Eram mulheres jovens,
enviadas para trabalhar nas fazendas de primos ou de desconhecidos. Enfrentavam uma
jornada dura de trabalho, cuidavam dos bichos e dormiam em quartinhos mal aquecidos,
sendo vítimas fáceis para a tuberculose. Com o desenvolvimento das cidades, as mulheres
também foram trabalhar nas cidades, como empregadas domésticas. Sua jornada de trabalho
era infinita e quase sempre eram metidas em assuntos pessoais de família, não tendo direito a
descanso nem no domingo. Não recebiam salário; apenas “contribuições”, que eram
descontadas se elas quebrassem algum objeto da casa. Estavam suscetíveis a assédios sexuais
e quando engravidavam eram despedidas.
A primeira oportunidade longe das casas de família foram as fábricas. Muitos homens
defendiam que as mulheres deveriam ficar em casa e ao homem caberia assumir a
competência de manter a casa. O ambiente das fábricas, com sua sujeira, desorganização e
promiscuidade era considerado impróprio para mulheres. Àquelas que permaneciam nas
fábricas, era orientado que arrumassem um protetor (Os miseráveis). Durante as guerras
surgiram as munitionettes, que trabalhavam na confecção de armamentos (Nós que aqui
estamos por vós esperamos).
Século XVII: as camponesas costuram para fora, suprindo a demanda por luxo surgida
nessa época na corte e na cidade.
Virgínia Woolf
Troca de escritos entre V. W. e Falcão Afável, sobre texto de Arnold Bennet sobre as
mulheres e a sua inferioridade intelectual com relação aos homens. Falcão Afável defende a
inferioridade intelectual das mulheres, que lhes seria inerente, não poderia ser aplacada com a
igualdade de oportunidades e que estaria comprovada na total ausência de nomes femininos
entre grandes nomes da arte e da intelectualidade. Virgínia Woolf cita nomes importantes de
mulheres na literatura, que comumente são esquecidos, afirma que o desenvolvimento
intelectualidade das mulheres se desenvolveu até o século XIX e iria desenvolver-se ainda
mais, admite que há uma ausência de grandes nomes femininos, mas atribui isso tanto a falta
de acesso à educação quanto à ausência de liberdade para as vivências no espaço público
(favorecidas, por exemplo, pelo modo de vida da ilha de Lesbos).
“Não existem grandes pintoras, diz Falcão Afável, embora a pintura esteja agora ao
alcance das mulheres. Ao alcance delas – só se isso significar que, depois que os filhos
receberam educação, ainda restou dinheiro suficiente para tintas e estúdios para as filhas e
nenhuma razão doméstica exigindo a presença delas em casa” (p. 48).
“Mas o que é necessário não é apenas a educação. É que as mulheres tenham
liberdade de experiência, possam divergir dos homens sem receio e expressar claramente
suas diferenças (pois não concordo com Falcão Afável que homens e mulheres sejam iguais);
que todas as atividades mentais sejam incentivadas para que sempre exista um núcleo de
mulheres que pensem, inventem, imaginem e criem com a mesma liberdade dos homens e,
como eles, não precisem recear o ridículo e a condescendência” (p. 50-51).
WOOLF, Virgínia. Profissões para mulheres e outros artigos feministas. Porto Alegre:
L&PM, 2013.
Coisas que os textos chamam
Finita, Maria Gabriela Llansol, p. 22.
10 de janeiro de 2014
Argumentos de Woolf
O fato de não haver de nenhuma outra poetisa considerada genial desde Safo não
justifica a inferioridade intelectual das mulheres: a ausência de poetisas de nível mediano
nesse período também deixa ver a ausência de escritoras medíocres.
Não há outra explicação para a ausência de escritoras geniais ou medíocres até aquele
período senão a influência de fatores exteriores a elas: o cuidado com a casa, a restrição da
família, o fator econômico, a negligência da educação das mulheres em favor da educação dos
homens dentro da família.
É difícil citar nomes de grandes escritoras assim como é difícil citar nomes de grandes
artistas entre povos oprimidos como os judeus ou os irlandeses;
Não haveria um grande Newton se não houvesse possibilidades para criar centenas de
pequenos Newtons.
Mulheres romancistas
Afirma que muitas escritoras tiveram de lidar ao escrever, com a ideia de que o público
esperava determinada coisa de uma mulher e lembra que Geoge Eliot foi considerada imoral e
grosseira por tentar familiarizar as moças de família com temas considerados inadequados
para elas.
Argumenta que a caracterização de uma heroína por homem ou de um herói por uma
mulher pode se tornar caricato e restrito, porque cada sexo, ao descrever um personagem,
descreve a si mesmo e um homem julga melhor a um homem do que uma mulher e vice versa.
Admite, entre os escritos de homens e mulheres, diferenças na escolha de um tema,
na seleção, no método e num estilo.